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Direito Do Ambiente 2023
Direito Do Ambiente 2023
DIREITO DO AMBIENTE
Noção de Ambiente
1. Ecocêntrica tem como principal suporte a Natureza como um bem em si mesmo, que
como tal, é merecedor de tutela, independentemente e para além da sua capacidade
para satisfazer as necessidades do homem. O homem é, nesta concepção, valorado
enquanto parte integrante da natureza, devendo os bens naturais serem por ele
respeitados e conservados, independentemente da sua mediata utilidade para o
homem.
2. Antropocêntrica tem como valor essencial o homem e, parte-se da consideração que,
os bens da natureza têm essencialmente sentido enquanto meios de o homem satisfazer
as suas necessidades vitais e de lhe proporcionar conforto e bem-estar. Nessa
perspectiva interessará ao Direito do Ambiente criar normativos que regulem as
condições em que o homem pode aproveitar os bens ambientais, sendo, o valor desses,
proporcional à utilização que os mesmos podem proporcionar ao homem.
Há, porém, que ter presente que, consoante a concepção que o legislador abraçar, diferem
forçosamente os elementos que, integrando a natureza, merecem a tutela do Direito do
Ambiente. No caso de se entender que o que interessa é tutelar o ambiente enquanto
proporcionador de utilidades para o homem, então, merecem a tutela do Direito todos os bens
naturais que gozam desse atributo. Pelo contrário, se o entendimento de ambiente for o de que
este é um bem em si mesmo, interessar-nos-á apenas reger juridicamente os bens ambientais
em si mesmo (independentemente de satisfazerem ou não as necessidades do homem), isto é,
todos os componentes do ecossistema.
1. Ampla, que considera nele, ambiente, incluídos, não só os bens da natureza, como a
fauna, a flora, a água e o ar, mas também os bens culturais, como o património
monumental e natural e a paisagem. A definição do ambiente é, nesta posição,
coincidente com a concepção antropocêntrica.
2. Restrita, o ambiente reduz-se ao conjunto de recursos naturais renováveis e não
renováveis e as suas interdependências. Nesta vertente o ambiente reduz-se aos
componentes ambientais naturais, isto é, a todos os de cuja existência depende, em
última análise, a subsistência de formas de vida humana. O homem deixa de constituir
o núcleo central do ambiente e, pelo contrário, este vale por si mesmo e, por isso, é
merecedor de tutela jurídica autónoma e independente da sua utilidade para o homem.
Esta posição constitui uma emanação da concepção ecocêntrica.
3. Mista, considera que o conceito de ambiente é variável, mutável e relativamente
indeterminado. Os seus contornos definem-se em cada época consoante os factores de
ordem científica, física, cultural e económica do momento. Esta posição abrange e não
afasta as duas anteriores sendo compatível com as concepções antropocêntricas e
ecocêntricas.
exploração”. Relevante ainda para esta problemática é o que dispõe o art.39º, cujos nºs 1, 2 e
3 referem: “todos têm o direito de viver num ambiente sadio e não poluído, bem como o dever
de o defender e preservar”; “o Estado adopta as medidas necessárias à protecção do ambiente
e das espécies da flora e da fauna em todo o território nacional, à manutenção do equilíbrio
ecológico, à correta localização das actividades económicas e à exploração e utilização
racional de todos os recursos naturais, no quadro de um desenvolvimento sustentável e do
respeito pelos direitos das gerações futuras e da preservação das diferentes espécies; a Lei
pune os actos que ponham em perigo ou lesem a preservação do ambiente”. Por último e no
que concerne ao texto constitucional, refere-se que é da competência da Assembleia Nacional
legislar, com reserva relativa da competência legislativa, salvo autorização concedida ao
Executivo (Presidente da República) sobre as bases da concessão de exploração dos recursos
naturais e da alienação do património do Estado e, sobre as bases do sistema de protecção da
natureza, do equilíbrio ambiental e ecológico e do património cultural, como dispõem as
alíneas l) e q) do nº1 do art.165º.
A Lei de Bases do Ambiente (LBA) constitui hoje a Lei nº5/98 de 19 de Junho, tendo
sido aprovada pela Assembleia Nacional (AN) para execução dos normativos constitucionais
anteriormente mencionados. Pretendeu o legislador consagrar um quadro jurídico que
definisse de modo global as responsabilidade de cada um dos intervenientes no processo
ambiente, estabelecendo os direitos, deveres e garantias quer do Estado quer dos particulares,
definindo, ainda, os correspondentes princípios gerais e específicos e, bem assim, os
objectivos da política ambiental.
O nº2 do Anexo à LBA define o ambiente como o conjunto dos sistemas físicos,
químicos, biológicos e suas relações e dos factores económicos, sociais e culturais com
efeitos directo ou indirecto, mediato ou imediato, sobre os seres vivos e a qualidade de vida
dos seres humanos.
2. Princípio da participação
3. Princípio da prevenção
4. Princípio do equilíbrio
7. Princípio da responsabilização
Confere responsabilidades a todos os agentes que como resultado das suas acções
provoquem prejuízos ao ambiente, degradação, destruição ou delapidação de recursos
naturais, atribuindo-lhes a obrigatoriedade da recuperação e/ou indemnização dos danos
causados.
O Estado tem a responsabilidade de defesa dos recursos genéticos nacionais em todas as suas
vertentes, incluindo a sua preservação dentro do espaço nacional.
Pra tal entendeu-se ser necessário que as medidas de protecção ambiental terão de
visar os seguintes objectivos:
É ainda uma medida de protecção ambiental, nos termos do art.15º da LBA, a prévia
necessidade e obrigatoriedade de sujeitar a um processo de avaliação do impacto ambiental de
toda e qualquer acção susceptível de implicar com o equilíbrio e harmonia ambiental e social,
designadamente a implantação de infra-estruturas que pela sua dimensão, natureza e ou
localização gozem da eventualidade de poder causar impacto negativo. Tais acções estão
sujeitas a licenciamento e registo específicos, dependendo a concessão da respectiva licença
ambiental do resultado da referida avaliação, a qual condiciona a emissão de qualquer licença
legalmente exigida para a actividade em concreto que se pretende levar a cabo (art.17º da
LBA).
Para que seja mais seguro o sucesso de qualquer política ambiental é indispensável
que a população tenha sensibilidade e conhecimentos sobre o fenómeno ecológico, social e
económico. Assim é que a LBA inclui entre as medidas de protecção ambiental a educação
ambiental, cuja organização deve ser permanente e em campanhas sucessivas, seja no sistema
formal de ensino, seja através do sistema da comunicação social, tendo em vista atingir todas
as camadas da população (art.20º).
- O Direito de acesso à justiça, de qualquer cidadão que considere terem sido violados
ou estar em vista de violação os direitos que lhes são conferidos, para pedir, nos termos gerais
do direito, a cessação das causas de violação e a respectiva indemnização (art.23º), sendo até
admitidos embargos destinados a obter decisão judicial que determine a suspensão imediata
da actividade violadora (art.24º).
Fiscalização Ambiental