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ÉTICA E JUSTIÇA EM ARISTÓTELES E EM JOHN RAWLS

Trabalho Acadêmico apresentado ao


Curso de Direito da Universidade
Paulista, como requisito avaliativo.
Orientado pelo professor: Ricardo
Rosetti.

SÃO PAULO
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 4

1. Ética e Justiça por John Rawls.........................................................................5

1.1 A ideia de ética e justiça segundo Aristóteles...................................................9

CONCLUSÃO.........................................................................................................12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................13
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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade apresentar resumidamente a visão do


grande filósofo Aristóteles e John Rawls acerca da ética e da justiça, bem como
suas atribuições. Tais visões precederam de teorias criadas pelos mesmos, teorias
essas que ultrapassaram gerações, mas continuam a surtir efeito em nosso meio.
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ÉTICA E JUSTIÇA EM ARISTÓTELES E EM JHON RAWLS

Ética e justiça são temas sempre lembrados por estarem interligados ao que
corresponde ao Direito. Vê-las distintamente na visão de Aristóteles, e John Rawls,
nos dão uma visão ampla e completa sobre ambas. Discorremos então, a teoria
desses grandes homens que fizeram história, teorias essas que continuam sendo
objetos de estudos e referência em nossa atualidade.

ÉTICA E JUSTIÇA POR JHON RAWLS

Pelo Filósofo John Rawls, temos uma visão ampla sobre o conceito de justiça.
John nasceu em 21 de fevereiro de 1921, região nordeste dos Estados Unidos. Filho
de família influente na política acabou se rendendo a questão social ainda muito
jovem, pois percebia certa precariedade e desmerecimento em relação às pessoas
negras que habitavam sua cidade, pessoas essas que viviam em condições
inferiores em relação à população branca do local.
Partindo de seu pensamento, veio à famosa obra que lhe rendeu bons
resultados e abrilhantou sua trajetória acadêmica. “Uma Teoria de Justiça” trás
claramente a proposta de uma nova organização social que funcione de forma justa
e com objetivo final uma estrutura básica da sociedade e bem-estar dos indivíduos
que a compõem. Para Rawls pensar em justiça é pensar a respeito do justo e do
injusto de cada instituição, e a melhor forma de “cuidar” desse aspecto é através de
instituições sociais, não apenas visando cada pessoa em si, mas observando o todo.
Nessas condições, Rawls propõe dois princípios da justiça, tal ideia é
representada pela posição original de uma situação hipotética na qual as partes
contratantes representando o grupo de pessoas racionais, morais e livres escolhem
sob um “véu de ignorância”, os princípios de justiça que devem governar a estrutura
básica da sociedade. Ao que se refere estrutura básica, podemos entender pelo
modo que as instituições, tanto econômicas quanto políticas, se organizam para
atribuir corretamente os direitos e deveres aos cidadãos, determinando assim,
formas de vida.
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Os princípios da justiça são fundamentais nesta teoria, pois eles auxiliam


as ações de desenvolvimento, ações essas que motivam a vivência, os valores a
igualdade e liberdade , e com isso dão o suporte necessário que a justiça necessita.
Tais princípios visam sustentar a estrutura da sociedade, buscando uma ordenação
e até mesmo um sistema de cooperação.
Ou seja, eles devem atuar na distribuição, ou seja, atender os bens básicos de todas
as pessoas, sem qualquer distinção ou favorecimento.

Exige-se um conjunto de princípios para escolher entre várias formas de


ordenação social que determinam essa divisão de vantagens e para selar um
acordo sobre as partes distributivas adequadas. Esses princípios são os
princípios da justiça social: eles fornecem um modo de atribuir direitos e
deveres nas instituições básicas da sociedade e definem a distribuição
apropriada dos benefícios e encargos da cooperação social. (RAWLS, 1997,
p.5)

Sendo assim, temos como primeiro princípio da justiça:

1- “cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema de


liberdade para outras” (RAWLS, 1997).

Este princípio determina liberdade. Liberdade esta extremamente importante,


uma vez que assegura a igualdade e a equidade dos princípios originais.
Obviamente que Rawls ressaltou em sua teoria uma “lista” do que seria essa
liberdade, para que assim tivéssemos uma compreensão mais detalhada. Com isso
temos a Liberdade política (o direito de votar e ocupar um cargo público); e a
liberdade de expressão e reunião; a liberdade de consciência e de pensamento; as
liberdades da pessoa, que incluem a proteção contra opressão psicológica e a
agressão física (integridade da pessoa); o direito à propriedade privada e a proteção
contra a prisão e a detenção arbitrárias, de acordo com o conceito de estado e
direito. E segundo a este princípio essas liberdades devem ser iguais (RAWLS.
2000).
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Obviamente, tal princípio tem garantia pela Constituição e as leis que


garantem a função e o uso livre de tal liberdade. Esta que é um bem maior e que por
este motivo não deve ser objeto de negociação e partilhada por todos sem distinção.

2- “as desigualdades sociais e econômicas devem ser ordenadas de tal modo


que sejam ao mesmo tempo consideradas como vantajosas para todos
dentro dos limites do razoável, e vinculadas a posição e cargos acessíveis a
todos.” (RAWLS, 1997)

Este segundo princípio é condicionado à observância do primeiro, eles se


interligam, e visa trazer uma justiça distributiva, onde observamos o seguinte:
aqueles que ocupam uma posição melhor somente podem aumentar seus ganhos
se isso implicar em vantagem para os menos favoritos.
Com base nesses dois princípios colocados por Rawls, podemos observar
que ele buscou oferecer uma teoria capaz de unificar “os dois mundos”. Pois a
mesma busca identificar as desigualdades e corrigi-las. O primeiro visa estabelecer
a primazia da liberdade, onde só se admite restrições a liberdade para o bem da
própria liberdade. Quanto ao segundo, diz respeito ao maior benefício para os
menos favorecidos. Tais princípios devem obedecer a uma ordem, onde o primeiro
antecedendo o segundo, e com a aplicabilidade de ambos concretizam a justiça com
igualdade. Uma vez aplicando corretamente os princípios, cada um da sua forma,
um visando à igualdade através de liberdade e o outro fazendo com que o primeiro
ocorra, temos a justiça igualmente atribuída. As liberdades báscias a que Rawls dá
atenção são direitos civis e políticos reconhecidos nas democracias liberais, como
liberdade de expressão, como por exemplo, o direito à justiça, mobilidade, o direito
de votar e de ser candidato a cargos públicos.
A teoria de Rawls constitui, em grande parte ao utilitarismo, onde não importa
se a felicidade é distribuída de forma igual ou desigual. Mas na prática o utilitarismo
prefere uma distribuição igual. Onde podemos dizer que se uma família rica tem seu
rendimento maior do que a outra, certamente se esse o valor for transferido a família
menos favorecida, a outra não sentirá tanta diferença, porém a que recebe sentirá
uma mudança , pois sua renda aumentará substancialmente.
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É sobre esse exemplo que conhecemos a utilidade marginal, onde o valor pra
uns fazem uma enorme diferença e pra outros esse valor em nada acrescenta.
Dessa forma uma quantidade de riqueza trará mais felicidade do que infelicidade se
esta for tirada daqueles que a possuem em grande quantidade e for transferida para
a classe mais baixa.
Sendo assim, entendemos que o objetivo da teoria da justiça é conciliar a
igualdade e liberdade. Certamente em um mundo de diferenças, personalidades
distintas e pensamos contrário igualar classes sociais proporcionando igualdade
entre si, e trazendo liberdade é uma tarefa difícil.
Quanto a essa teoria há várias críticas, e uma das principais é a difícil
harmonização entre tais princípios. Pois afirmavam ser impossível ter igual liberdade
se não houver igual riqueza. E em segundo lugar, se uma pessoa possui igual
liberdade de adquirir bens e riquezas, limitar a quantidade de bens que uma pessoa
pode adquirir ou receber restringe a liberdade de cada indivíduo.
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A IDEIA DE ÉTICA E JUSTIÇA SEGUNDO ARISTÓTELES

Em relação ao posicionamento de Aristóteles a respeito da ética e da justiça,


temos uma certeza: tais ideias “atravessaram” o tempo, pois as mesmas ainda são
utilizadas em estudos, e são objetos de temas.
Aristóteles nasceu em 384 a.C, na Macedônia. Filho de Médico mudou-se
para Atenas aos dezoito anos de idade. Ingressou como discípulo na academia de
Platão, onde fica por vinte anos, até a morte do Mestre. Depois disso, suas
conquistas foram notórias, e mesmo depois de tanto tempo, ainda são lembradas e
posicionadas em nosso meio.
Quanto ao que se refere à ética, podemos dizer que Aristóteles partiu do
conceito de teleologia, onde defende que todas as formas existentes tendem a uma
finalidade, ou seja, todo propósito visa um bem. E trazendo para uma linguagem
mais real, imaginemos que as nossas ações como humanos sempre são voltadas a
uma razão, sempre objetivamos um fim, que nada mais é que uma busca em favor
do próprio “eu”.
Para Aristóteles o bem final era a felicidade, ou seja, não importa o quanto às
pessoas desejam um bem final diferente, ele considera felicidade o único bem pelo
qual vale a pena ter no final. E esse era o critério para caracterizar algo como justo
ou não. No que diz respeito a essa felicidade tomemos como um bem absoluto,
realizável. Consideramos bens aquelas atividades da alma, portanto a felicidade
pode ser entendida como uma virtude. Ainda há aqueles que questionam se essa
felicidade é advinda de uma dádiva divina ou tão somente de uma obra do acaso, e
para esse questionamento fica evidente que se a mesma é tão sublime, certamente
advém de algo grandioso e majestoso por isso seguramente é divino, pois se
pensarmos que algo tão puro é resultado apenas de uma coincidência, seria
imperfeito.
Vale ressaltar acerca do pensamento do filósofo, que o mesmo não
considera a virtude moral como um elemento natural do ser humano, ou seja, os
homens não têm dentro de si a ética, ela só vai surgir a partir dos seus hábitos.
Em uma de suas obras, “Ética e Nicômaco”, procura não se afastar da ideia
tradicional e seu conceito de justiça. E dentro desse parâmetro acaba elaborando
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assim a equidade que para ele é a melhor espécie de justiça. A equidade, segundo
Aristóteles, visa corrigir a lei quando esta se demonstra incompleta.

Aristóteles considera a Justiça como algo primordial, podemos intitulá-la,


como a “virtude ética” mais importante, pois visa não somente o bem próprio, como
também o bem do próximo. A justiça faz com que o indivíduo tenha desejo de fazer
o que é certo, faz com que suas atitudes sejam propensas a se direcionar a ações
corretas o que acarreta a formar um caráter da pessoa. Por sua vez, a injustiça atrai
indivíduos a agir injustamente e desejar o injusto.
Não é de hoje que a justiça é citada em nosso meio, desde o início da
humanidade há em cada homem sentimentos que clamam por meios justos, seja
qual for à situação, mesmo não tendo significado esclarecido, e mesmo ainda
quando não se falava com clareza, o homem já buscava por ela. E é nesse
momento que ela se “cruza” com a ética.
A justiça é uma disposição e não mera capacidade. Aquele que possui mera
capacidade pode ou não fazer aquilo que é capaz. Mas o indivíduo com uma
disposição para a justiça só não agirá com justiça se forças maiores o impedirem.
Ele jamais escolhe se vai ser justo ou não, e quanto a isso não se deve confundir a
disposição com uma simples inclinação. É pela justiça que os homens agem
justamente. E quem possui essa disposição para justiça deseja completamente o
que é justo, e não deseja aquilo que ultrapassa do direito de cada um.

“A justiça é a forma perfeita de excelência moral porque ela é a prática efetiva


da excelência moral perfeita. Ela é perfeita porque as pessoas que possuem
o sentimento de justiça podem praticá-la não somente a sim mesmas como
também em relação ao próximo”. (ARISTÓTELES, 1996, p. 195). 

Ele afirma ainda acerca da justiça, algumas classificações como dispostos


abaixo:
1. JUSTIÇA UNIVERSAL: A justiça universal, como o próprio nome já diz,
visa um todo. É regida pelo conjunto de leis justas para o cidadão,
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onde este cumprirá a mesma obedecendo ao ordenamento jurídico de


acordo com a organização da comunidade.

2. JUSTIÇA PARTICULAR: Corresponde apenas a uma parte da virtude e


não a virtude total. Ela promove igualdade que a lei, por ser destinada
à coletividade, não consegue resolver. Quanto à justiça particular, por
sua vez, foi divindade em distributiva e corretiva.

3. JUSTIÇA DISTRIBUTIVA: Diz respeito à igualdade pela proporção,


pela distribuição daquilo que é justo. O Estado é obrigado a distribuir
dentre os cidadãos conforme o mérito de cada um, uma proporção, na
qual os indivíduos recebem por seu merecimento, necessidade. Ou
seja, dá a cada um, o que é seu, conforme seus méritos.

4. JUSTIÇA CORRETIVA: Quanto à justiça corretiva, vai ocorrer quando


for necessário um terceiro para consertar a injustiça, ou seja, ela é
voltada para o Juiz. Ele será o mediador do processo, e assim julgará
da melhor forma, chegando assim ao que é justo.

Visto todas as divisões concernentes à justiça, entendemos, pois que


cada uma visa “cuidar” de um âmbito específico na sociedade, mas que todas
elas regem para a um convívio em harmonia, e a um bem comum.
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Conclusão

Por todo esse trabalho apresentado podemos compreender que tais teorias
contribuíram para nossa vivência em sociedade, pois as mesmas visam a ética em
todos os âmbitos e a justiça como algo primordial e de direito a todos os indivíduos.
Por Rwals, entendemos que todos são possuidores de liberdade, seja ela
referente à religião, política, expressão etc. Todos gozam desse direito, e merecem
ser respeitados por seus pensamentos. Tal liberdade vem seguida da igualdade, os
indivíduos precisam ser tratados em igualdade, deixando as questões econômicas
de lado, sempre evitando que uma sobressaia ao outro. Por tudo isso, vemos o
quanto Rwals lutou para unificar os dois lados da sociedade, sempre visando o bem-
estar de todos.
Com Aristóteles não foi diferente, o filósofo coloca a necessidade de termos
um bem final que realmente vale a pena. Em razão disso, nos trás seu
posicionamento, ao qual se refere que, todas as ações dos indivíduos são voltadas
por uma razão, tudo acontece porque há o desejo final por algo, e Aristóteles faz
questão de afirmar que embora tenhamos desejos diversos sobre nosso bem final, o
que devemos buscar como finalidade é a felicidade, pois esta deve ser ansiada em
todos os momentos. Também vale ressaltar que o mesmo pontuava a justiça como
algo principal, e que merecia destaque. Por isso deus várias classificações a elas,
tais como justiça universal, que é regida pelo conjunto de leis; justiça particular, que
se destina a uma parte da coletividade, e outras justiças, que regem sua teoria.
Sendo assim, tais teorias contribuíram em nosso âmbito jurídico, trouxeram
uma compreensão ampla e de grande utilidade e valores.
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Referências Bibliográficas

ARISTÓTELES. Ética e Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2006.

RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. Tradução. Almiro Pisetta – São Paulo:
Fontes, Martins – 1997.

Direito.net, CONCEITO DE JUSTIÇA POR JOHN RAWLS . Google. Disponível em:


<https://jus.com.br/artigos/46469/teorias-classicas-e-contemporaneas-da-justica>
Acesso em 2 de junho de 2017.

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