You are on page 1of 146

José Wellington

Capítulo I
Daniel 1
COMO ENFRENTARMOS OS GRANDES PROBLEMAS
SEM PERDER A FÉ

É um grande desejo estudar o livro do profeta


Daniel. Isso por algumas razões extremamente
importantes. O livro de Daniel nos mostra (1) como
enfrentarmos grandes problemas na vida sem perdermos
a fé e a esperança, (2) como também nos ensina a nos
contextualizarmos sem nos afastar de Deus, (3) como
Deus Absoluto

também a continuar crendo na sua promessa, mesmo


quando tudo parece estar fora dela; mais ainda, (4) nos
ensina que Deus continua a nos guardar, mesmo que
aparentemente estejamos sendo dominados ou
guardados por outros, (5) e ainda nos ensina que por
mais fortes que pareçam aqueles que estão acima de
nós, mesmo assim eles são governados por Deus. (6)
Também nos ensina que Deus usa de várias formas e
maneiras, como também pessoas estranhas a Ele para
realizar seus planos e (7) que nada foge do seu controle e
domínio.

Problemas existem!

Como alguém já disse, nos preparamos para tudo,


menos para morte. Na verdade o propósito original da
vida, que era de prazer e longevidade, está sempre tão
presente dentro de nós que jamais nos preparamos ou
nos tranqüilizamos diante da existência dos grandes
problemas. Para Israel problemas dessa magnitude eram
totalmente inesperados. Serem dominados e
conquistados por um povo estranho era algo que

8
acontecia apenas nos relatos do Pentateuco, no livro de
Êxodo propriamente dito. Todavia, um dia aconteceu algo
terrível: “Contra ele subiu Nabucodonosor, rei de
Babilônia, e o amarrou com cadeias a fim de o levar para
Babilônia. Também levou alguns dos vasos da casa do
Senhor levou Nabucodonosor para Babilônia, e pô-los no
seu templo em Babilônia“ (2 Cr 36.6,7). A primeira coisa
que Israel precisava saber é que se existem problemas
pequenos, também podem existir grandes. Não podemos
admitir a falsa pregação de que não podemos sofrer, isso
é mentira e ilusão de falsos profetas desde muito tempo
conforme o texto: “Assim fala o Senhor dos exércitos, o
Deus de Israel, dizendo: Eu quebrarei o jugo do rei de
Babilônia. Dentro de dois anos, eu tornarei a trazer a este
lugar todos os utensílios da casa do Senhor, que deste
lugar tomou Nabucodonosor, rei de Babilônia, levando-os
para Babilônia” (Jer 28.2,3). Para não perdermos a fé é
preciso que aprendamos que problemas existem sejam
de que tamanho for.

E o Deus que nos tirou do Egito?

9
Deus Absoluto

O que os estudiosos comentam sempre é que após


Nabucodonosor levar o povo cativo para a Babilônia, algo
parecido com o que aconteceu no Egito, alguns judeus
começaram a questionar o poder de Deus diante do poder
dos deuses babilônicos. Questionamentos que podem
nos levar a entender isso, embora, saibamos que Daniel
jamais duvidou do poder de Deus, estão no capitulo 9
desse mesmo livro, quando Daniel diz que entendeu não
apenas porque estavam ali, como também o tempo que
permaneceriam lá: “No ano primeiro de Dario, filho de
Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído
rei sobre o reino dos caldeus. No ano primeiro do seu
reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de
anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que
haviam de durar as desolações de Jerusalém, era de
setenta anos” (Dn 9.1,2). O Deus que os havia tirado do
Egito ainda era o mesmo, o povo é que havia mudado
muito em seus delitos e pecados, adorando e servindo a
outros deuses. Deus continuava forte e poderoso como
sempre foi e há de ser. Em tempos de grandes problemas
a única coisa que não devíamos fazer era questionar o

10
poder de Deus, mas, sim questionarmos o nosso estado
de obediência diante dele para assim não perdermos a fé.

A visão errada de Deus e de suas promessas

Para não perdermos a fé também, precisamos


aprender com Daniel e seus amigos que mudanças
podem acontecer em nossas vidas que embora
aparentemente sejam inaceitáveis, ao final entenderemos
o agir de Deus. O povo de Israel, e claro Daniel e seus
amigos, aprenderam desde muito tempo que o Senhor os
havia tirado do Egito, da escravidão para o servirem a
principio no deserto e depois na terra de Canaã. Isso é o
que todo mundo aprendeu dentro de casa, andando pelo
caminho, a toda hora e lugar: “e as ensinarás a teus
filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando
pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te“ (Dt 6.7). Israel
não entendeu que para Deus realizar seus planos e
cumprir seus propósitos Ele poderia usar a maneira que
quisesse. As promessas de um reino eterno não
sucumbiriam diante de um exílio, afinal de contas Deus é
ou não é Deus? Os judeus interpretaram erroneamente as

11
Deus Absoluto

Escritura de tal maneira que se fecharam para o mundo,


sem contato ou comunicação com nação alguma.
Poderemos ver mais tarde que o exílio foi uma bênção
tanto para Israel quanto para a própria Babilônia.
Adiantemos pelos menos o fato de Nabucodonosor ter se
tornado mais tarde um grande adorador de Deus: “Agora,
pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalto, e glorifico ao
Rei do céu; porque todas as suas obras são retas, e os
seus caminhos justos, e ele pode humilhar aos que
andam na soberba“ (Dn 4.37).

Porque deus permitiu tal calamidade?

Como sabemos nada acontece por acaso. O


mundo que Deus criou não é um mundo onde coisas
aconteçam sem um fim especifico ou sem uma razão
exata. Muitas coisas que nos acontece e que achamos
ruim é na verdade um remédio para alguma dor que, às
vezes, nós mesmos desconhecemos. Israel precisava
sarar de sua enfermidade espiritual antes que essa viesse
a matá-lo. Muitos reis tanto do reino de Judá quanto do
reino de Israel, não apenas foram idólatras como levaram

12
a nação a perdição. No reino de Judá foram menos, mas,
não faltou quem servisse a deus estranho também. Esse
tipo de pecado abominável despertou a ira de Deus que
os havia tirado do Egito. O senhor enviara muitos profetas
para falar do pecado do povo, mas, esses foram
desprezados, humilhados, feridos e mortos. O exílio era
uma excelente maneira aos olhos de Deus de poupar a
Israel da perdição. No exílio se lembrariam de seus
pecados, e seriam bênção para os babilônios. Porque
Deus quis assim é algo que só pertence a Ele. O bom é
sabermos que seus métodos jamais falham. Assim Daniel
e seus amigos, como todos os desterrados não perderam
a fé, porque descobriram que todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28).
Também em nossa vida hoje somos, às vezes
transportados para situações onde questionamos nossa
fé. Vivemos em nossa terra que mana leite e mel e
esquecemos de agradecer a Deus que nos tirou do Egito.
Passamos a deixá-lo em segundo lugar até que ele
permite sermos desterrados dessa vida de apatia para
uma realidade mais dura mediante o sofrimento para
assim acordarmos para Ele.

13
Deus Absoluto

O exílio como meio de correção

Assim o exílio se tornou um excelente meio de


correção para a salvação do povo de Israel. Ficaram
desolados quando viram Nabucodonosor entrar em sua
terra e destruir seu templo, sua cidade, seus muros e
levar os objetos sagrados para templos pagãos na
Babilônia. Essa desolação, contudo, não sinalizava
arrependimento, pois, o templo já não era para eles sinal
da presença de Deus. A ida ao templo se tornou algo
vazio, assim como os sacrifícios, oferendas, festas e
outras coisas (Is 1.1-18 e Jer 7.4). Não havia mais
mudança de vida ou compromisso. Tudo isso mudou
quando Israel foi para o Egito. O salmo 137 diz: “1 Junto
aos rios de Babilônia, ali nos assentamos e nos pusemos
a chorar, recordando-nos de Sião. 2 Nos salgueiros que
há no meio dela penduramos as nossas harpas, 3 pois ali
aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções; e
os que nos atormentavam, que os alegrássemos,
dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. 4 Mas
como entoaremos o cântico do Senhor em terra

14
estrangeira?“ Não perderemos a fé quando entendermos
que o Senhor nos está corrigindo ao nos depararmos com
situações difíceis. Assim Daniel e seus amigos não
perderam a fé, ao contrário, se questionaram, se
examinaram e chegaram a conclusão que eram culpados
e que Israel havia pecado, e que tudo ali redundou em
fortalecimento da fé da cada um.

15
Deus Absoluto

Capítulo II
Daniel 1.1-20
TUDO ESTÁ SOBRE O CONTROLE DE DEUS

Desejo iniciar esse capítulo falando daquilo que


está claramente exposto em todo livro de Daniel, como
em toda a Bíblia: Tudo está sob o controle de nosso
Deus. Ele não é apenas o criador e mantenedor, mas,
aquele que governa e controla tudo e todos que existem.
Também podemos crer nessa verdade para as nossas
vidas. Podemos crer que da mesma forma nada foge da

16
administração de nosso Deus. Os momentos de
contrariedades que, às vezes vivemos os dissabores
pelos quais, às vezes, passamos as calamidades que, às
vezes recaem sobre nossas cabeças, como também as
alegrias e os momentos de gozo indizível que muitas das
vezes sentimos estão sob o controle de nosso bom Deus.
Nada foge ao seu olhar, nada impede o seu agir, nada o
surpreende, ou o impossibilita de realizar seus planos. O
Deus de Daniel é o nosso Deus também. É o Deus que
ama a seus escolhidos, que os guarda, disciplina, corrige,
abençoa e promove a edificação e a oportunidade de
arrependimento.
 
Nabucodonosor: um grande governador, mas governado
por deus 1,2

O reinado de Nabucodonosor foi um dos maiores


da terra, e ele também um dos maiores soberanos. Seu
reinado naquele ano de 586 a.C. substituiu o reinado dos
Caldeus e Nabucodonosor passou a reinar desde o Egito
até a palestina quando após ter sitiado Jerusalém desde
607 a.C. a tomou em 586. Seu poder era imbatível, era

17
Deus Absoluto

tirano e cruel, destruindo tudo que encontrava. Sua


política de conquista era devastadora. Ele destruía as
principais forças da nação. Destruía o lugar de culto, as
muralhas e aprisionava os magistrados e governadores,
como carregava os jovens, deixando o país sem nenhuma
condição de recomeço e crescimento de novo. Apesar de
tudo isso e se achando como o senhor dos senhores da
terra, veremos mais adiante e de forma mais detalhada,
que ele não passava apenas de alguém que obedecia às
ordens de outro alguém, Deus, cujo poder é
incomparável. Por enquanto basta observar o que diz o
verso 1º e 2º. O primeiro trata da narrativa da invasão de
Nabucodonosor a cidade de Judá e o segundo diz que ele
não invadiu de fato, mas que Deus entregou tanto a
cidade, o povo, como o próprio rei em suas mãos. Assim
vemos primeiramente que mesmo aquele poderoso rei
pensando que era tudo devido a sua grande capacidade
de conquista, na verdade, não era, e sim que o Deus que
governa tudo e todas as coisas estava permitindo todo
esse domínio. Sejam quais forem também às autoridades
que nos governam hoje, ou quais forem os problemas e
dificuldades porque passamos, é importantíssimo

18
lembrarmos que o Deus todo poderoso o qual servimos
está no controle de nossas vidas.
 
O Deus fiel em todas as suas promessas, 2

Aqui no livro de Daniel como em todo resto da


Escritura vemos a fidelidade de Deus em todas as suas
promessas. Deus sempre prometeu coisas boas, tempos
bons, e bênçãos aos que perseverassem em santidade e
obediência, mas também prometeu o contrário disso tudo,
ou seja, também prometeu dor, sofrimento e maldição aos
insubmissos e infiéis. Assim o que acontece aqui em
Daniel é o cumprimento das promessas de Deus,
conquanto relacionadas ao mau comportamento do povo.
Veja o que Deus disse para o povo ainda quando estava
para entrar na terra prometida: “O Senhor te levará a ti e
a teu rei, que tiveres posto sobre ti, a uma nação que
não conheceste, nem tu nem teus pais; e ali servirás a
outros deuses, ao pau e à pedra. E virás a ser por
pasmo, provérbio e ludíbrio entre todos os povos a
que o Senhor te levar” (Dt 28.36-37). Essa mesma
promessa é relembrada ao povo também na época do rei

19
Deus Absoluto

Salomão, tempo de glória e sucesso da nação, como


você pode ver: “Mas se vos desviardes, e deixardes os
meus estatutos e os meus mandamentos, que vos
tenho proposto, e fordes, e servirdes a outros deuses,
e os adorardes, então vos arrancarei da minha terra
que vos dei; e esta casa que consagrei ao meu nome,
lançá-la-ei da minha presença, e farei com que ela
seja por provérbio e motejo entre todos os povos. E
desta casa, que é tão exaltada, se espantará qualquer
que por ela passar, e dirá: Por que fez o Senhor assim
a esta terra e a esta casa. E lhe responderão:
Porquanto deixaram ao Senhor Deus de seus pais,
que os tirou da terra do Egito, e se apegaram a outros
deuses, e os adoraram e os serviram; por isso trouxe
sobre eles todo este mal” (2 Cr 7.19-22). Assim
podemos aprender que Deus não apenas governa tudo
como é fiel também para cumprir tudo que prometeu,
mesmo que sejam coisas ruins devido a nossa
desobediência.

A oportunidade de Daniel e de seus amigos de serem fiéis


a Deus, 3,4

20
Podemos ver também nesse livro de Daniel que
Deus nos prova ao mesmo tempo em que nos corrige.
Deus não tinha levado a Daniel, seus amigos e muitos
outros habitantes de Jerusalém apenas para corrigí-los,
mas, também para prová-los. Nabucodonosor era além de
tirano, um homem sagaz e inteligente, que deseja
melhorar em tudo seu reino e sua cultura. Ele traz
aqueles jovens israelitas para o seu palácio para que
esses pudessem acrescentar no desenvolvimento da
nação babilônica. Queiramos ou não, precisamos
entender que o mundo ao nosso redor nos percebe e
desejará muito ter-nos como seus cooperadores, pois,
sabem que acima de tudo gostamos e primamos pela
honestidade, respeito, ordem e compromisso (não
levemos em conta os que enfeiam o evangelho nos
últimos tempos). Contudo para Daniel se abria a
oportunidade também de demonstrar fidelidade a seu
Deus. Foi-lhes dada à chance de resplandecer diante dos
estranhos, em como fazer seu Deus conhecido diante dos
que não criam nele. A nós, em vários lugares, empresas,
repartições públicas, dentre outros, nos é dado também à

21
Deus Absoluto

oportunidade de brilharmos diante de pessoas as quais o


Senhor nos levou até elas para melhorarmos suas vidas e
ajudarmos na busca da fé para a salvação delas. Certo
empresário culpado, ao ter sua proposta recusada por um
advogado crente, não hesitou em recorrer a esse mesmo
advogado para defendê-lo em uma causa honesta.
 
Sem cidade, sem templo, sem objetos de culto, mas
dispostos a permanecer fiéis, 2b; 7

Para muitos morar longe da igreja, viajar para uma


cidade, para alguma atividade, e que lá não tenha igreja,
ou por esquecimento deixar a Bíblia em casa, ou estar
distante da vista dos irmãos ou pastor da igreja é a
melhor e mais excelente oportunidade para se fazer e
praticar o que é de mais detestável aos olhos de Deus.
Para Daniel e para os outros, como para muitos e não
para todos os exilados, estar distante de Jerusalém, sem
o templo ou sacerdote, não significava estar longe de
Deus. Deus estava dentro deles, fora deles, ao lado
deles, ao se levantarem ou deitarem. Daniel não tinha a fé
limitada a pessoas, cidades, ou paredes. Para ele Deus

22
era onipresente e sua fé estava firmada Nele mesmo
estando eles no lugar mais longe da terra. Eles estavam
rodeados de deuses estranhos, vendo cultos e práticas
estranhas, e tendo a oportunidade, caso quisessem de
abraçar tudo, provar de tudo, experimentar as iguarias e
de tudo o mais que lhes estava sendo oferecido, porém, o
Deus a quem serviam não lhes era estranho e estavam
dispostos a permanecerem fiéis em toda e qualquer
circunstância. Se cremos desse jeito em nosso Deus que
é o mesmo de Daniel, estaremos firmes também seja qual
for a promessa e as iguarias que o mundo nos ofereça.
Glória a Deus.
 
Em uma terra estranha, de deuses estranhos, pessoas
estranhas, mas, firmes na fé e esperançosos na
misericórdia de Deus, 9
Vemos, todavia, aqui nesse capítulo e em todo o
livro, que Deus não é apenas o governador de tudo, que é
fiel até no cumprimento das suas promessas punitivas,
que prova enquanto corrige. Vemos também que Deus é
misericordioso e compassivo para com seus filhos, seu
povo. O rei queria agradar a Daniel e seus amigos com

23
Deus Absoluto

sua comida e seu vinho, o melhor que havia, naquele


país, contudo, Daniel não achou ser isso correto. Ele não
via porque comer melhor do que seus milhares de irmãos
cativos ou porque fazer parte de banquetes se sua
posição ali era de exilado. Não podia ser ludibriado em
sua consciência por causa de comida. Ele sabia não ser
parte do circulo de amizade real. Muitos pensam que é
porque a comida era oferecida aos deuses da Babilônia,
mas, os legumes e as verduras não eram por quê? Ora se
estavam ali, tudo ali era consagrado. Contudo, os
legumes e as verduras estavam bem para a realidade
deles do que a comida e o vinho com que o rei se
banqueteava com seus mais chegados. Deus concedeu
graça e misericórdia a todos eles, fazendo com que o
chefe dos eunucos, o compreendesse e se arriscasse por
eles. Ao fim de tudo e pela fé que tiveram, bem como pela
disposição em se manter longe da opulência e altivez
social própria das classes altas e bajuladoras da coorte,
eles, simples servos e cativos, suplantaram a todos em
saúde, vigor, e sabedoria. A fé que depositavam em Deus
não era falsa. O Deus que servimos sendo o mesmo,
também é misericordioso ao ver em nós uma disposição

24
contrária ao mundo, aos seus prazeres e suas fanfarras.
Deus também terá misericórdia de você quando vir que o
que você mais deseja é agradá-lo e ser-lhe fiel em tudo.

Capítulo III
Daniel 2.1-18
DEUS GOVERNA TUDO

25
Deus Absoluto

Deus governa tudo e tudo é governado por Deus.


Até aqueles que não crêem em Deus, que não se
submetem conscientemente a sua vontade, terminam, se
inclinando diante da força de Deus sobre suas vidas e
destinos. Nem os antigos faraós do Egito, que dominaram
o velho mundo, nem as tribos, Cananéias, nem o
poderoso reino dos Caldeus, ou o de Nabucodonosor na
Babilônia, ou os medos e persas, após, ou os macedônios
na pessoa de Alexandre O grande, ou os Selêucidas e
depois a dinastia dos Césares, ou mesmo em nosso
tempo onde diversas nações mantêm domínio por sua
riqueza ou poder bélico, desconheceram o poder do Deus
todo-poderoso. O que vemos em toda a história é que
Deus governa todos os reinos e domínios e todos só
existem até o dia que Deus determinou que existissem.
Vamos ver agora que o mais poderoso rei da terra no ano
607 chegou a temer por sua vida e chegou a reconhecer
quem era Deus.
 
Por que Nabucodonosor sonhou?

26
Vers. 1 - No segundo ano do reinado de Nabucodonosor,
teve este um sonho; o seu espírito se perturbou, e
passou-se-lhe o sono.

Deus não fala apenas com aqueles que já o


servem, como fala também com aqueles, que deseja que
lhe sirvam. Nabucodonosor era a mais proeminente figura
em toda a terra, o mais poderoso rei daquele século, o
mais rico e possuidor do mais forte exército. Contudo o
seu reino não era eterno e ele não era Deus. Como todo
mundo ele era governado por Deus e iria saber disso,
como iria servi-lo conforme a vontade de Deus, aliás, já
estava servindo desde o momento que resolveu invadir
Judá e Jerusalém, cumprindo assim as promessas de
Deus. Porque Nabucodonosor sonhou? Ele sonhou
porque Deus quis mostrar a ele quem realmente
governava e qual reino realmente era eterno (próximo
estudo). Ele sonhou porque o Senhor queria mostrar para
ele que existem muito mais coisas do que a vista dele
conseguia ver e sua mente compreender. Que existem
muito mais coisas além do seu mundo e seu reino e que

27
Deus Absoluto

ele jamais poderia dominar. O sonho de Nabucodonosor


não era resultado dos trabalhos do dia, mas, uma pura
manifestação da vontade de Deus. Faraó também teve de
Deus o aviso do que iria acontecer em seu reino. Isso
tudo prova que Deus governa os grandes reis e
governadores da terra. Não precisamos sonhar, porque
para nós a própria realidade diz que somos dependentes
e que Deus governa nossas vidas.
 
O rei mais poderoso na terra se sente pequeno e inseguro

Vers. 2 - Disse-lhes o rei: Tive um sonho, e para sabê-lo


está perturbado o meu espírito.  

Porque esse rei tão poderoso perdeu o sono com o


sonho? Porque teve medo do que sonhou? Se ele era o
homem mais poderoso dentre todos os reis, se tinha o
mais bem preparado e armado dos exércitos, se tinha
guarda em todo o palácio e se tinha a maior das riquezas
porque se sentia tão inseguro com o sonho? Isso prova
que riqueza e poder não dá segurança nem paz a
ninguém. Deus sim, nos dá segurança, pois, Gideão

28
enfrentou milhares com apenas trezentos homens,
Sansão com um pedaço de osso matou mil, Davi com
uma funda e uma pedra enfrentou Golias que tinha 2,92m
de altura. Nabucodonosor acordava todos os dias
perturbado, não se alimentava mais direito, passava o dia
preocupado porque algo, mesmo tendo sido abstrato lhe
tirava agora o sossego. O seu poder real, sua segurança
real e sua riqueza real concreta não lhe davam segurança
diante do abstrato. O rei se sentia pequeno apesar de
tanta grandeza. Sentia-se tal qual um pobre e desvalido
se sente diante dos desafios da vida. Sentia-se como
qualquer de nós se sente diante dos problemas e
dificuldades que enfrentamos até nos agarrarmos com o
Senhor. Sentia-se como qualquer pai de família se sente
diante das mudanças da vida e da sociedade, da
instabilidade financeira e da precariedade da saúde
humana. O rei via agora sua finitude apesar de tanta
grandeza.
 
O rei mais rico da terra não conseguia comprar a paz para
seu espírito

29
Deus Absoluto

Vers. 3 - Então, o rei mandou chamar os magos, os


encantadores, os feiticeiros e os caldeus, para que
declarassem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles
vieram e se apresentaram diante do rei.  

Diante dessa crise psicológica e espiritual, diante


da inquietação e do medo, diante da desconfiança e do
sentimento de insegurança o rei se lembra que paga por
alguns serviços e que agora é hora de cobrar de seus
empregados. Ele chama todos os seus empregados que
são pagos para resolver assuntos religiosos, de âmbito
natural e sobrenatural, desse mundo e do além, sobre
encantos, feitiços e magias, para que façam jus ao que
ganham. Contudo o rei pede mais do que realmente eles
podiam dar. O rei pensava que podia ao empregar todas
essas pessoas comprar sua paz e sossego perdidos com
o sonho. Ele queria que dissessem não apenas o
significado, como o que ele mesmo havia sonhado. Isso
prova duas coisas: a primeira é que o rei realmente
pensava que governava tudo e a segunda é que somente
Deus de fato é que governa todas as coisas, situações e
pessoas. Deus governa nesse mundo e fora dele, no

30
mundo físico, material e também no mundo espiritual.
Todas as forças sejam daqui sejam do além, todas as
hostes sejam do bem, sejam do mal, todos são
governados pelo Senhor. Não existe principado,
potestade ou demônios, homens, mulheres, jovens e
crianças, ou reis, governadores, autoridades de qualquer
natureza que não estejam debaixo do poder e do governo
de Deus. Para tudo na vida, seja físico ou material
precisamos em primeira mão buscar o auxilio de Deus.
Seja na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza,
no emprego ou desemprego, Deus manda em tudo.
 
A infalibilidade do conhecimento humano

Vers. 4 - Os caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei,


vive eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos
a interpretação.  

Os empregados do rei sobre assuntos religiosos e


sobrenaturais pediram-lhe que dissesse o sonho para que
pudessem mediante seus conhecimentos lhe falarem o
significado. O orgulho e a soberba humana levam o ser

31
Deus Absoluto

humano a se achar capaz de saber de tudo. Esses


homens queriam da própria matéria e conhecimento
natural extrair capacidade para entender o que é
sobrenatural. Não sabiam que sonho era, de onde havia
vindo, nem para onde iria. Surge daqui por diante uma
verdadeira batalha de ambas as partes. O rei querendo
que eles dissessem o que ele sonhou na sua cama real,
no quarto real e eles querendo que o rei dissesse primeiro
o sonho real que havia sonhado. Veremos o sonho na
próxima lição, mas aqui já cabe dizermos não porque
conhecemos a história e que é Daniel que vai interpretar
esse sonho, que o ser humano não sabe nada das coisas
de Deus e nem pode conhecer a Deus a não ser que Ele
deseje se mostrar para ele através de Jesus Cristo.
 
O medo de perder o poder

Vers. 5 - Respondeu o rei e disse aos caldeus: Uma coisa


é certa: se não me fizerdes saber o sonho e a sua
interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas
serão feitas monturo; mas, se me declarardes o sonho e a
sua interpretação, recebereis de mim dádivas, prêmios e

32
grandes honras; portanto, declarai-me o sonho e a sua
interpretação. 6. Responderam segunda vez e disseram:
Diga o rei o sonho a seus servos, e lhe daremos a
interpretação.
Tudo isso estava acontecendo pela estranheza
com que o sonho se apresentava. O rei não sabia ainda o
significado, mas tinha a intuição que se relacionava com o
seu reino. Apesar de todo o poder e domínio, no intimo o
rei se sentia como os grandes de hoje ainda se sentem
quando estão no poder, que é o medo de serem
destronados, de perderem o governo para outro. Ele
temia que aquele sonho significasse uma revolução, que
alguém iria insurgir contra ele, sublevando o seu reino.
Isso tudo prova que até aqueles que abraçam os mais
altos postos sentem medo de serem depostos de seus
cargos. Deus governa tudo e somente o seu reino é
inabalável.
 
O rei mais poderoso da terra com medo de ser enganado

33
Deus Absoluto

Vers. 7 - Tornou o rei e disse: Bem percebo que quereis


ganhar tempo, porque vedes que o que eu disse está
resolvido,

O rei também não confiava naqueles que pagava


para lhe auxiliarem nessas questões tempestuosas. O rei
não se sentia seguro de revelar o que sonhou para seus
magos, encantadores ou feiticeiros. Ele não acreditava
que lhe fossem dizer a verdade sobre o que significava
realmente o sonho perturbador. O rei não se sentia
seguro no seu poder, nem em relação a outras pessoas
de fora, como também em relação aos de casa. Já
pensou que vida infeliz a desse rei? Na sua consciência
sentia-se ameaçado pelos de fora e pelos de dentro. Não
podia olhar para ninguém que já imaginava que estivesse
forjando algo contra ele. Não falava o sonho porque
imaginava que iriam inventar palavras e significados que
não condiziam com a realidade. O rei Nabucodonosor era
realmente um homem sem paz, sem prazer e sem alegria
apesar de tão poderoso.
 

34
O rei se enfurece e a fé de Daniel é provada mais uma
vez

Vers. 8 - isto é: se não me fazeis saber o sonho, uma só


sentença será a vossa; pois combinastes palavras
mentirosas e perversas para as proferirdes na minha
presença, até que se mude a situação; portanto, dizei-me
o sonho, e saberei que me podeis dar-lhe a interpretação.
9 Responderam os caldeus na presença do rei e
disseram: Não há mortal sobre a terra que possa revelar o
que o rei exige; pois jamais houve rei, por grande e
poderoso que tivesse sido, que exigisse semelhante coisa
de algum mago, encantador ou caldeu. 10 A coisa que o
rei exige é difícil, e ninguém há que a possa revelar diante
do rei, senão os deuses, e estes não moram com os
homens. 11 Então, o rei muito se irou e enfureceu; e
ordenou que matassem a todos os sábios da Babilônia.  

Toda essa situação causa angústia e desespero no


coração de Nabucodonosor. Já se passaram muitos dias
e o terrível sonho não lhe sai da memória. O stress lhe
consome as forças e o ânimo. Seus nervos ficam à flor da

35
Deus Absoluto

pele e uma explosão de ira e insatisfação, de medo e de


desconfiança, faz com que surja do mais profundo do ser
o tirano cruel que deseja a morte para todos quantos não
lhe promovam a paz de seu espírito. Se não lhe servem
os que deviam servir, que morram, pois. Nesse ínterim,
nem Daniel, nem seus amigos estão livres de morrerem
também. Agora mais uma vez a fé deles é provada e da
forma mais letal possível. O rei quer que lhe digam o que
se passou em sua cabeça, como também o significado do
seu sonho. Mesmo Daniel e seus amigos tendo sido
achados como os mais sábios dentre os sábios da
Babilônia, dizer o que o rei havia sonhado e interpretar
esse sonho era algo impossível para eles. Daniel,
contudo, não se desespera porque conhecia alguém que
sabia tudo e governa tudo e nele encontrão a saída para
essa calamidade. É hora de exercitar a fé mais uma vez e
de provar para o rei o Senhor é rei de toda a terra.

36
Capítulo IV
Daniel 2.19-49

37
Deus Absoluto

DEUS GOVERNA TUDO


 

No capítulo três vimos como o rei Nabucodonosor


ficou apavorado após ter sonhado determinado sonho.
Vimos como ele se sentiu inseguro mesmo sendo o rei
mais poderoso da terra, como ficou desconfiado de que
pessoas de fora quisessem atentar contra seu domínio e
como perdeu a total confiança nas pessoas do seu
próprio palácio, seus empregados, que foram contratados
para lhes dá conselhos e orientações concernentes a tudo
que envolvia sua vida pessoal, como administrativa do
reino. Vimos como o rei tentou premiar, comprar a paz e o
sossego perdidos com o sonho. Vimos ainda, os magos,
encantadores e feiticeiros, também apavorados por suas
vidas, uma vez que o rei ameaçou executá-los, caso não
lhe dissessem o sonho que havia sonhado, como a
interpretação do mesmo, e ao fim vimos Daniel, cuja vida
e a de seus amigos também foi ameaçada, juntar-se aos

38
mesmos, para todos suplicarem a graça de Deus naquele
terrível momento de agonia e desespero. Vejamos hoje
qual foi o terrível sonho, seu significado e sua aplicação
para os nossos dias.
 
Deus dá a Daniel o conhecimento do sonho de
Nabucodonosor (19-23)

O que é impossível aos homens não o é para


Deus. O Senhor ouviu o clamor de Daniel e seus amigos,
para que lhes desse o tal sonho e o que ele significava.
Deus revelou a Daniel e fê-lo sonhar o mesmo sonho que
o rei havia sonhado em sua cama real. O terrível e
apavorante sonho que perturbara tao profundamente o
coração de Nabucodonosor estava agora revelado a
Daniel. O sonho que se tornou também sinal de moléstia
para Daniel, seus amigos e todos os magos a serviço do
monarca, está agora explicitamente conhecido pelo servo
de Deus. Daniel exalta e glorifica a Deus por tão grande
livramento. Ele diz claramente que Deus governa todas as
coisas, a natureza, os homens, o mundo e a história.
Ninguém sabe nada se Deus não der o conhecimento,

39
Deus Absoluto

assim ninguém governa se de Deus não vier a aprovação.


Como Davi no salmo 139, Daniel afirma a onisciência de
Deus. Ele diz que o Senhor é aquele que conhece o que
está escondido nas trevas, enquanto vive rodeado pela
luz. Daniel dar graças a Deus porque Ele lhe concede a
oportunidade de testificar de seu poder, ao mesmo tempo
em que, fica feliz por passar pela prova da fé. Quando
Deus nos dá a conhecer das coisas ocultas é para que
testifiquemos de seu poder e de sua graça. Se Deus e
Cristo, O Espírito Santo e sua palavra são hoje
conhecidos de nós, assim como o sonho passou a ser
conhecido de Daniel, é certamente para que louvemos a
Deus por sua graça em nossas vidas.
 
Daniel exalta deus na presença do rei (26-28)

Conhecer o que se passa ou se passou na cabeça de


qualquer pessoa não é apenas difícil, como é realmente
impossível seja para o homem mais sábio da Babilônia
como Daniel. Ele mesmo orou nos versos anteriores
dizendo que é Deus quem dá sabedoria aos sábios e
entendimento aos entendidos. Não há força nesse

40
mundo, nem além deste, sejam anjos bons ou maus,
sejam principados ou potestades, que possa saber o que
uma pessoa pensa. Esse conhecimento é um atributo
exclusivo de Deus. É por isso que Deus é Deus. Daniel,
pois, confirma diante do rei essa verdade e diz que nem
sábios, encantadores, magos ou adivinhadores poderiam
fazer conhecido tal sonho ao rei. Somente Deus que
conhece o passado, o presente e o futuro é que poderia
revelar o que o rei pedia. Daniel diz que o sonho do rei diz
respeito ao futuro. Deus tem planos e decisões para o
futuro, que envolveria também o rei Nabucodonosor e por
isso havia dado semelhante sonho ao rei. Em outras
palavras Daniel diz para o rei que mesmo ele sendo rei e
esteja sentado no trono do reino mais poderoso da terra,
há alguém ainda que pode mais do que ele, alguém que
governa tudo e todos e essa pessoa era Deus e era isso
que Ele estava dizendo através desse sonho.
 
O sonho de Nabucodonosor (29-35)
O sonho de Nabucodonosor não era o tipo de
sonho que uma pessoa sonha após um dia cansativo,
onde imagens e reminiscências perambulam por sua

41
Deus Absoluto

cabeça e a faz reviver os momentos daquele dia, ou


cenas terríveis de agonia que voltam a nossa mente após
termos vistos cenas chocantes ou ouvido histórias
mirabolantes e pavorosas. Ou como diz Eclesiastes 5.3:
“Porque dos muitos trabalhos vem os sonhos”. Não, o
sonho do rei era mais que isso, aliás, é dado o nome de
sonho o que na verdade pode ser chamado de uma
“revelação a respeito do futuro”. Daniel diz que o sonho
do rei havia sido uma revelação de Deus a respeito do
que havia de vir. Isso pode, o que não pode é contar
como revelação o que foi apenas sonho: “O profeta que
tem um sonho conte-o como sonho; e aquele que tem a
minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a
palha com o trigo? diz o Senhor” (Jr 23.28). Assim o rei
viu uma esplendorosa e bela estátua de grande estatura,
formada das mais diversas e valiosas matérias. Era uma
bela e robusta figura de homem, porém, sustentada pela
mais fraca da matéria: o barro. Cabeça de ouro fino,
membros superiores de prata, membros inferiores de
bronze e ferro, pés, todavia de ferro e barro. Ou seja, era
algo muito grande para se suster apenas pela força do
barro. Assim uma pedra que se despenca do monte

42
destrói toda aquela beleza e fulgor. Realmente não era
um sonho normal, e por isso o rei se assusta de maneira
pavorosa.
 
A interpretação do sonho (36-43)

Se tal sonho era uma revelação, assim como era o


sonho de faraó no tempo de José (Gn 41.1), então para
semelhante sonho também haveria de ter uma
interpretação. Precisamos entender quando falamos de
sonho, que nem tudo é revelação de Deus. Os sonhos
narrados nas Escrituras como os de José, faraó, dos dois
guardas no tempo de Gideão (Jz 7.13), e o próprio Daniel
(7), são sonhos revelacionais que dizem respeito a
história da redenção do povo de Deus e não são como os
sonhos que sonhamos todas as noites que não tem nada
a ver nem com a revelação das Escrituras e nem com a
história do povo do Senhor. Pois, bem o sonho de
Nabucodonosor tinha o seguinte significado: a) os quatro
metais indicavam quatros tipos de reinos diferentes em
força e poder que viriam em seqüência logo após o seu
reino. b) esses reinos seriam o Babilônico, que reinava no

43
Deus Absoluto

presente momento, depois o reino dos medos-persas (Dn


6), depois o reino da Macedônia (grego) de Alexandre O
grande, e depois o reino de Roma, no qual Cristo
nasceria, morreria e ressuscitaria. A mistura do ferro com
o barro nos pés da estátua significava a mistura dos
povos, que enfraqueceria esses reinos tornando-os
vulneráveis de forma a sempre serem suplantados por
outro. O próprio barro em si, demonstrava também que
todos esses reinos muito embora fossem fortes e
poderosos como o reino de Nabucodonosor, não passava
de reinos dirigidos por homens, pessoas fracas e fáceis
de serem vencidas.
 
O reino de Cristo e a continuação da interpretação (44-45)

A Pedra que voa e se desprende do monte sem


que ninguém a corte, e que se dá contra a estátua e a
destrói diz respeito ao reino de Deus instaurado por Cristo
Jesus no reinado de César. Essa pedra, mais forte que
todos esses reinos, diz do reino eterno de Deus, que
jamais será destruído por outro reino qualquer. Esse reino
representado por essa pedra ultrapassaria esses reinos

44
em todos os sentidos, governaria as pessoas, sem que
força humana pudesse impedir. A pedra que despenca do
monte é a pedra de ofensa, pedra de tropeço (1º Pe. 2.6-
8), pedra preciosa, angular (Is 28.16) que deveria
preencher o lugar supremo dentro de toda a edificação
dos impérios terrestres. Ou seja, Deus estava dizendo
para Nabucodonosor que ele precisava aprender e
entender que existe uma reino superior ao seu, como a
qualquer outro e que estava para chegar. Que embora ele
fosse um rei poderoso, não era tao poderoso como
pensava ser. Deus queria dizer para ele e para todos os
reis que apesar, da riqueza (ouro, prata, bronze), que
apesar da força e do poder bélico de seus exércitos
(ferro), uma simples pedra solta da montanha destruiria
uma estátua tão bela, ou reinos tao poderosos. Para nós,
isso nos diz que além de Cristo governar sobre nós, os
reinos atuais ainda são vulneráveis, assim como os
sistemas políticos, financeiros e de defesa. Que nós,
também somos fracos, nossas vidas e “reinados” também
são fracos e passarão.
 
Deus é reconhecido pelo rei (46-47)

45
Deus Absoluto

Diante de tudo, o rei apenas reconhece a


existência de Deus e certo governo dele. Não há uma
conversão realmente da parte desse monarca. O rei se
inclina perante Daniel e além de afirmar a veracidade do
Deus de Daniel, afirma ainda a existência de outros
deuses. Ele diz que o Deus que revelou o sonho a Daniel
é Deus dos deuses. Que pena que esse rei não se
convertera ao Deus eterno, cujo reino transpassaria o seu
próprio. Como faraó no tempo de Moisés, que se
impressionou com o poder de Deus diante de todos os
sinais e prodígios, sem, contudo, ter fé, assim acontece
com Nabucodonosor. Ele pede que lhe revelem o que se
passou em sua cabeça e depois interpretem e quando
Deus faz isso, ele é tomado apenas de admiração e
vislumbre. A fé não nasce em seu coração e ele continua
na sua incredulidade. Todavia, tudo bem, uma vez que
Paulo diz em Efésios 2.10 que a fé, “isso é dom de
Deus”. Realmente se Deus não concedeu a esse rei ou
ao faraó que crescem, ele não poderia ter crido. Deus tem
misericórdia de quem quer.
 

46
A exaltação de Daniel, 48-49

Por fim vemos o rei exaltando a Daniel e esses aos


seus amigos. Daniel já havia sido humilhado juntamente
com seus irmãos e os magos. Buscou a misericórdia e
graça de Deus, foi-lhe fiel e buscou auxilio nele. Na
verdade não foi o rei Nabucodonosor que o exaltou, mas
o próprio Deus, porque GOVERNA TUDO. A Bíblia diz
que os humilhados serão exaltados.                                                    

47
Deus Absoluto

Capítulo V
Daniel 3
A CONVERSÃO DE NABUCODONOSOR

Pois, bem, irmãos, o capítulo 2 terminou com todo


mundo numa boa. O rei ficou tranqüilo ao saber do sonho
e de seu significado, cessou sua ira e sua insônia. Daniel
e seus amigos provaram mais uma vez da graça e do
amor de Deus, ao serem atendido em seu pedido. Os
magos e encantadores pegaram carona nas bênçãos de
Deus concedidas a Daniel através da revelação e também
ficaram vivos. O rei não deu o braço a torcer, apenas
balançou-se para o lado de Deus, mas não foi. Nesse
capítulo 3, todavia, ele não escapará de se render aos
pés do Senhor, pois, se o sonho era algo apenas de sua

48
mente, abstrato e ocorrido apenas no campo da
imaginação, o que ele verá agora será real e concreto.
Deus não apenas governa tudo, mas converte a quem
quer. Esse capítulo, contudo, não começa bem como
você vê, uma vez que o rei o inicia fazendo o que Deus
mais detesta. Mas, Deus sendo o governador de tudo e
todos e estando no controle da vida, triunfará mais uma
vez.
 
A idolatria de Nabucodonosor

Vers. 1 - O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, a


altura da qual era de sessenta côvados, e a sua largura
de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na
província de Babilônia.

Percebemos ao olharmos esse verso que


Nabucodonosor entender tudo errado com respeito a
revelação do capítulo 2. Inspirou-se ao avesso, pois, a
intenção de Deus não era a de que ele fizesse
literalmente uma estátua sua de ouro. O Senhor havia dito
que no sonho a cabeça de ouro da estátua o

49
Deus Absoluto

representava, mas, não disse que ele devia literalmente


construir uma figura sua. Contudo, o rei despreza a parte
principal da mensagem, o reino eterno de Deus,
representado pela pedra, que suplantaria todo e qualquer
reino. O rei se empolga, e lembra apenas da parte do
sonho em que ele é representado. Que lástima, pois o rei
comete com isso o pecado que Deus mais abomina que é
a idolatria. O texto não diz claramente que a estátua era
sua, mas, segundo os estudiosos, não seria a de mais
ninguém. Certamente dizem que também não era muito
bonita uma vez que trinta metros de altura e apenas três
metros de largura o que demonstra uma desproporção
significante. É possível que tivesse uma base muito forte,
mas que certamente não era de barro, como no sonho.
 
Novo plano de Nabucodonosor

Vers. 2 - Então o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os


sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros,
os tesoureiros, os juízes, os magistrados, e todos os
oficiais das províncias, para que viessem à dedicação da
estátua que ele fizera levantar.

50
Após a revelação do sonho e do seu significado, o
rei Nabucodonosor apressou-se em fazer uma reforma no
seu reino. Já que ele era a cabeça de ouro da estátua no
sonho, então de imediato resolveu dá uma sacudida e
uma organizada nas coisas. O rei pensou em dar mais
sustentação ao seu governo usando aquilo que os
estudiosos tem como sendo o elo mais forte entre as
culturas: a religião. Dessa forma o rei pensa em dar mais
unidade ao seu reino e governo mediante culto a si
mesmo através de uma grande estátua. Ele convoca toda
coorte na pessoa dos políticos em todas as esferas de
seu reino. Tendo todos os seus governantes de todas as
províncias, dos pequenos povoados até as grandes
cidades, como também os que lidavam com a riqueza do
país, e os que lidavam com exercício da lei, ninguém mais
ousaria enfrentá-lo ou rebelar-se contra ele. Se todos o
reconhecerem, admitirem essa nova forma de
religiosidade o progresso e o sucesso do seu reino estão
garantidos. Tendo toda essa liderança sido avisada e
convocada, faltavam apenas os finais. Mandou que os
músicos ensaiassem e afinassem os instrumentos para o

51
Deus Absoluto

grande dia. Pelos músicos e instrumentos seria dado o


sinal do grande momento de reverência para que enfim o
plano se concretizasse.
A punição para quem insurgir contra os planos do rei

Vers. 6 - E qualquer que não se prostrar e não a adorar,


será na mesma hora lançado dentro duma fornalha de
fogo ardente.

Durante toda a organização para a grande festa


real não ficou esquecido da parte do rei a possibilidade de
alguém, um louco, talvez não aceitar seu novo plano e
não se coadunar a essa nova religiosidade. Diante desse
possível fato, foi mandado construir um lugar de punição,
não que o rei quisesse ser adorado ou reverenciado pela
força. Não era seu plano o de que todos viessem a se
inclinar perante a estátua por medo da morte na fornalha
de fogo, mas caso isso fosse necessário, o que não seria
bom para o Grand Finale de seu plano, que se
executassem pois, suas ordens. A fornalha era a forma
que o rei encontrou de precaver-se de problemas ou de
oposição ao seu novo modo de governar e manter seu

52
cetro perante todos seus súditos de todas as províncias.
Ele havia sonhado como sendo a cabeça de ouro. Sendo
assim nada melhor para ele do que trazer para a
realidade, conforme seus pensamentos, sua gloria e
esplendor real.
 
A Fidelidade de Sadraque, Mesaque e Abednego para
com Deus

Vers. 12 - Há uns homens judeus, que tu constituíste


sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque,
Mesaque e Abednego; estes homens, ó rei, não fizeram
caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a
estátua de ouro que levantaste.

Na sua pressa, na sua contextualização


equivocada do sonho, esqueceu-se o rei dos que tinham
alcançado a revelação e a interpretação do sonho. De
que havia no seu palácio pessoas que serviam aquele
que lhe havia dado o temeroso sonho e que foi o único
capaz de revelar-lhe tudo. Que desvendou o que esteve
em sua própria cabeça. O capítulo três se cala a respeito

53
Deus Absoluto

de Daniel e não sabemos aonde ele se encontrava. Se


havia viajado, se estava doente, nada na verdade se sabe
a seu respeito. Seus três amigos, todavia, estão
presentes para provar ao rei que ele está errado, e que há
um Deus no céu a quem a fidelidade não tem preço e
nem encontra barreira. Quando o rei organizou tudo,
colocou pessoas de plantão para que observassem se
haveria alguém, algum louco que abraçaria seu plano
mesmo diante da possibilidade de ser lançado no fogo.
Esses homens judeus, não eram loucos, ou
revolucionários, estavam ali apenas porque foram
ordenados que estivessem, mas, sem tumulto ou alarde
não se dobrariam jamais diante da estatua do rei. Deus
era grande demais e maravilhoso demais para ser traído
e negado.
 
A disposição de Sadraque, Mesaque e Abednego à
vontade de deus, 16-18

O rei questiona-os sobre a não terem obedecido e


lhes propõem uma nova oportunidade, apenas para eles
de se corrigirem publicamente. Eles dizem ser necessário

54
qualquer resposta a respeito desse assunto. Afirmam que
estão nas mãos de Deus e sob seus cuidados. Não seria
o rei, ou a fornalha que lhes moveriam de sua
determinação. Se alguém podia fazer algo por eles, essa
pessoa era Deus e se quisesse. Que fé a desses homens,
que convicção e que amor para com Deus. Estavam ali
tao somente a mercê da vontade suprema daquele que a
tudo governa. O que seria o fogo para aquele que criou
céus, terras, mares e tudo o mais que existe? Porque
negar aquele que lhes havia atendido com respeito ao
sonho? Mais uma vez sem tumulto e sem confusão
disseram que se manteriam fiéis a Deus e não adorariam
nem aos deuses de lá, nem a própria estátua do rei. Essa
entrega total aos cuidados de Deus não era cega, ele nos
livrará. Tamanha foi a fé que tiveram que o autor aos
hebreus muitos anos mais tarde diria “apagaram a força
do fogo” (Hb 11.34).
 
A intervenção de Deus na história

Vers. 24 - Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se


levantou depressa; falou, e disse aos seus conselheiros:

55
Deus Absoluto

Não lançamos nós dentro do fogo três homens atados?


Responderam ao rei: É VERDADE, Ó REI).

Mais uma vez o soberano cheio de arrogância se


ira contra pessoas inocentes. O que ele previu a respeito
da possibilidade de aparecer alguém que não se inclinaria
aconteceu e a fornalha para o propósito que foi criada
também seria usada. Tamanha foi a ira do rei
Nabucodonosor que ele mandou setuplicar a capacidade
de aquecimento da fornalha. O rei ainda imaginava-se
governador de tudo conquanto no sonho lhe tivesse sido
informado que não era. Os homens fiéis e entregues aos
cuidados de Deus e que haviam rejeitado a oportunidade
do rei são enfim lançados na fornalha. Tamanha a ira,
tamanha a urgência, tamanha as chamas que chegou a
matar os próprios homens que os carregavam para lançá-
los dentro, maior, porém foi a misericórdia de Deus sobre
a vida deles. O Senhor os poupou da morte e anulou o
efeito do fogo sobre eles. O Senhor mesmo se
transfigurou no meio da fornalha e teofanicamente surgiu
diante dos olhos de todos. O que seria um massacre foi

56
na verdade um momento de lazer e caminhada ao lado de
Deus.
 
A conversão de Nabucodonosor

Chegou o momento enfim de Nabucodonosor


reconhecer a divindade e soberania de Deus de forma
única. Deus livro seus servos das chamas do fogo e da
ingerência do rei. O verso 24 diz que o rei se espantou
não porque os homens não estivessem mortos, não
porque não foram consumidos pelo fogo, mas porque
havia mais um vivo com eles. Porque apareceu uma outra
pessoa que não havia sido lançada na fornalha e porque
essa pessoa era de aparência estranha, porque tinha a
aparência de um Deus verdadeiro. O rei sabia que os
homens que foram lançados no fogo eram homens de
verdade, seres humanos, mas o que estava com eles,
não era desse mundo, não era humano como todos ali. O
rei viu que o fogo não causava dano a nenhum deles,
mas o aspecto do quarto homem era de alguém de outro
mundo, a de um filho dos deuses em sua linguagem.
Diante desse grande acontecimento o rei enfim se dobra

57
Deus Absoluto

diante de Deus. Chega a porta da fornalha e chama


aqueles que queria que fossem seus servos inclinando-se
diante de sua estátua de servos do Deus altíssimo. Todos
viram que saíram ileso de tudo, até do próprio cheiro da
fumaça. O rei bendiz a Deus porque viu o anjo de Deus
na fornalha. Não era mais um sonho, mas, uma realidade
concreta o que aconteceu ali. O rei se sente agora feliz
por eles terem frustrado suas ordens devido a fidelidade a
Deus. O rei decreta que ninguém em seu reino venha
blasfemar de Deus porque não outro deus que possa dar
tal livramento. Para Nabucodonosor Deus agora se tornou
único.
O que essa historia nos ensina? Que exemplo de fé esses
jovens nos dá?
Que lição tiramos da vida e prática de Nabucodonosor?
Que observação podemos fazer em nossa própria vida
mediante o estudo desse capítulo 3 de Daniel?

58
Capitulo VI
Daniel 4
DEUS PROVA NABUCODONOSOR

Esse capítulo 4 é um testemunho do próprio


Nabucodonosor sobre sua vida e a transformação porque
passou para ter sua fé mais refinada e seu conhecimento
de Deus mais apurado.
Vimos no capítulo 2 o sonho-revelação sobre o
futuro, sobre a vinda do reino de Deus que o Senhor

59
Deus Absoluto

havia dado a Nabucodonosor, a interpretação dele, mas,


que ao fim esse rei não teve a mínima manifestação de
fé. Vimos, todavia, no capítulo 3, esse rei se exaltando
acima de todos, buscando, mais domínio via adoração de
uma estátua sua. Porém, ao ter a visão da intervenção de
Deus em seu ato de destruição de três homens
inocentes, lançados na fornalha de fogo, vendo um
quarto personagem passeando com os demais dentro do
fogo como se estivessem em um jardim, espantou-se e
enfim rendeu-se a fé no Deus de Daniel e de seus
amigos. A fé, contudo, e não apenas a dele, necessita de
ser testada e trabalhada.

Quem tem fé precisa provar que tem e precisa que essa


fé seja polida

Assim Deus nesse capítulo 4 vai ajudar a


Nabucodonosor a crescer e a mudar mais de vida.
 
Nabucodonosor sonha novamente

60
(vers. 4 - Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em
minha casa, e próspero no meu palácio. 5 - Tive um
sonho que me espantou; e estando eu na minha cama,
os pensamentos e as visões da minha cabeça me
perturbaram.

A vida de Nabucodonosor se encontrava entre


momentos de paz e de inquietação, de sossego e de
perturbação. Desde o capítulo 2 que o rei não conseguia
viver em paz perene. Deus tinha em seus planos eternos
se comunicar com ele e trazê-lo para junto de si. Deus
havia começado a boa obra nele e haveria de terminar. É
assim, pois, que encontramos esse rei sonhando mais
uma vez. Deus novamente lhe dá uma visão do futuro em
seus sonhos. Mais uma vez a beleza se confunde com a
tragédia, mais uma vez ele vê algo maravilhoso, que,
porém se desfaz e se torna em nada no final. O rei agora
sonha com uma gigantesca árvore no meio da terra,
frondosa, copa magnífica, caule forte e robusto. A árvore
crescia tanto que de todos os lugares da terra podia ser
vista. Nela todos achavam descanso e sustento. Animais
da terra se aglomeravam debaixo de sua sombra e se

61
Deus Absoluto

alimentavam dela, e as aves do céu faziam dela sua


morada. Todos dependiam dela e encontravam nela
sustento para vida e sobrevivência. A visão era bela em
todos os sentidos, até o ponto de se ouvir uma voz
dizendo que cortassem essa árvore de propósito
extraordinário e a pessoa que ordenava era alguém muito
poderoso. Outra vez, o sonho, como o da estátua,
termina em tragédia. O rei se apavora mais uma vez, e
mais uma vez manda chamar seus sábios e conselheiros
que não lhe dizem nada, porque é Deus falando com o
rei, e só Daniel que é o enviado de Deus lhe poderá dizer
o que significa.
 
A INTERPRETAÇÃO DO SONHO (Vers. 18-27)
 
a) A GRANDEZA DO REI

20 A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja


altura chegava até o céu, e que era vista por toda a terra;
21 cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante,
e em que para todos havia sustento, debaixo da qual os
animais do campo achavam sombra, e em cujos ramos

62
habitavam as aves do céu; 22 és ,tu, ó rei, que cresceste,
e te fizeste forte; pois a tua grandeza cresceu, e chegou
até o céu, e o teu domínio até a extremidade da terra.

Em primeiro lugar a gigantesca árvore no meio da


terra e que podia ser vista de lugares longínquos se
referia a grandeza e a majestade do rei Nabucodonosor
que realmente era conhecida em toda a terra. Esse rei
conseguiu estender o reino dos caldeus ou babilônio até
os lugares mais remotos do planeta. Nem mesmo Israel
escapou ao seu domínio. Em segundo por seu reino ter
se estendido a lugares tão distantes, assim também as
pessoas de todos esses lugares passaram a depender
dele. Seus súditos dependiam de sua palavra, de sua
sabedoria, de sua misericórdia, de seu veredicto.
Viveriam ou morreriam dependendo do que o rei
Nabucodonosor dissesse. Morreriam de fome se ele
suspendesse a assistência, morreriam de sede se lhes
proibisse o acesso a água. Morreriam exterminados se
ele retirassem sua proteção contra conquistadores
sanguinários. O rei era realmente grande.
 

63
Deus Absoluto

b) Deus é maior

24 - esta é a interpretação, ó rei é o decreto do Altíssimo,


que é vindo sobre o rei, meu senhor:

Apesar de toda a grandeza de Nabucodonosor,


maior era Deus que o tinha em suas mãos. Ele dominava
sobre muitas nações, mas Deus havia criado a terra, dele
dependia muitos povos para comer, beber e ficarem
livres de exploradores, mas, a vida de todos e a sua
própria dependia da vontade de Deus de deixá-los viver
ou não. Apesar de todo o poder e grandeza de
Nabucodonosor, cuja palavra e ordem eram
imediatamente cumpridas, havia alguém maior que ele,
que mandava e ordenava sobre ele e o rei precisava
saber disso e era isso que Deus queria que ele
entendesse. Nabucodonosor era respeitado por pessoas,
Deus por anjos, por pessoa e depois pelo próprio rei.
Maior que Deus não há ninguém. Havia um decreto de
Deus sobre o rei. Deus havia criado os céus e a terra, o
mar, os animais dos campos, as aves do céus, o próprio
homem. Esses agora, uma pequena parcela deles

64
dependia de Nabucodonosor, mas, tudo dependeu de
que Deus os houvesse criado.
 
c) Deus governa na terra
23 E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que
descia do céu, e que dizia: Cortai a árvore, e destruí-a;
contudo deixai na terra o tronco com as suas raízes,
numa cinta de ferro e de bronze, no meio da tenra relva
do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e seja a
sua porção com os animais do campo, até que passem
sobre ele sete tempos;

Um dos conhecimentos mais maravilhosos que


podemos ter nessa vida é sabermos que DEUS
GOVERNA NA TERRA, que governa os próprios
governadores que se acham acima de tudo e de todos,
que governa e julga os próprios juízes, que tem em suas
mãos a vida dos médicos que cuidam de nossa saúde.
Nabucodonosor havia tido uma forte experiência com
Deus no capítulo 3, havia confessado a Ele e dado sinal
de conversão, mas, ainda precisava aprender muitas
outras coisas, pois, a vida de qualquer pessoa não pára

65
Deus Absoluto

na conversão, mas, segue adiante e muitas milhas tem


para se andar ainda, até adquirir-se certa maturidade.
Assim uma voz foi ouvida do céu, mas, cuja ordem devia
ser executada na terra, e melhor dizendo, na vida de uma
pessoa que estava acostumado a dar ordens que de
imediato eram obedecidas, essa pessoa era o rei
Nabucodonosor. Deus vive e governa nos céus, porém,
governa na terra também: “Como corrente de águas é
o coração do rei na mão do Senhor; ele o inclina para
onde quer” (Pv 21.1). Nabucodonosor decidia a vida das
pessoas e até das nações, Deus, todavia, decide não
apenas a vida das nações, como a dele mesmo. Vimos
em Daniel 1.2, que Deus havia entregue Israel e não
Nabucodonosor é que a tinha tomado por ser grande.
Deus usou de sua grandeza para realizar seus juízos em
Israel, e em outros lugares e com outros reis. Deus usou
faraós, usou os reis Cananeus, usou Saul, Davi,
Salomão, Nabucodonosor, Dário, Xerxes, Artaxerxes,
Assuero, Ciro, Alexandre, Antíoco Epifãnio, Cleópatra,
Otávio, Marco Antônio, Cesar Augusto e os demais,
Pilatos, Nero, Domiciano,Tito, Constantino e ainda hoje
usa como quer e para o que quiser os governantes do

66
mundo, porque Ele governa os governadores da terra. E
essa é uma das maiores lições desse livro do profeta
Daniel.
 
O conselho de Daniel para o rei com respeito ao sonho, a
continuação da interpretação

27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos


teus pecados, praticando a justiça, e às tuas iniqüidades,
usando de misericórdia com os pobres, se, porventura,
se prolongar a tua tranqüilidade).

Deus tinha um propósito na vida de


Nabucodonosor e para isso colocou a seu lado um servo
fiel e prudente em todos os sentidos. Daniel sabia o que
Deus queria dele quando o colocou para servir a
Nabucodonosor. Na verdade Daniel estava ali para servir
a Deus através do serviço ao rei. Desde o inicio do livro
Daniel ainda não havia encontrado uma tarefa tão difícil
de cumprir. Esse último sonho do rei requeria dele muita
coragem, fé em Deus e lealdade para com o rei. Já não
era mais o sonho da estátua que predizia o futuro

67
Deus Absoluto

distante, mas, algo que viria sobre a vida do rei já. Daniel
sabia o que significava o sonho e precisava mais uma
vez como sempre ser fiel ao rei e a Deus primeiramente.
Uma tragédia iria acontecer com o rei conforme o sonho,
mas, não estava distante e nisso estava o grande dilema
do profeta. Ele tinha que dizer a verdade ao rei sobre sua
vida e que essa verdade iria se cumprir já. Deus tinha
algo a acertar com o rei e prevendo Daniel tudo isso,
aconselha ao rei que conserte sua vida, que considere
todos os seus caminhos. O rei precisava rever seus
conceitos e fazer uma auto reflexão já, sobre todas as
suas obras.
 
Nabucodonosor era um vazo que precisava ser quebrado

28 Tudo isso veio sobre o rei Nabucodonosor.

Nabucodonosor ainda guardava soberba no seu


coração. O primeiro sonho não abriu seus olhos para sua
realidade em relação a Deus. O segundo sonho o
despertou para a fé em Deus, e muito embora fosse
suficiente para lhe mostrar a verdadeira grandeza, não

68
teve o efeito de fazer o rei mais humilde. Nabucodonosor
era um vazo, mas, que precisava voltar às mãos do oleiro
para ser quebrado e refeito. A maneira que o Senhor viu
ser eficaz foi lhe tirando o reino, o poder e o domínio de
que se orgulhava e a saúde de que gozava para
governar. Do dia do sonho até o momento de ser
quebrado não passaram mais de doze meses. Quando
contemplava seu reino, sua cidade e sua glória, veio uma
voz lhe dizendo que sua hora havia chegado e seu reino
havia passado. O momento de passar pela prensa
chegou e o trabalho do oleiro iria começar. Ele iria voltar
e ter o reino de volta, mas, quando tivesse pronto,
quando fosse uma nova pessoa, após sete anos. Foi
terrivelmente humilhado para poder entender a grandeza
de Deus.
 
A restauração da saúde do rei e do seu reino

34 Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor,


levantei ao céu os meus olhos, e voltou a mim o meu
entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e
glorifiquei ao que vive para sempre; porque o seu

69
Deus Absoluto

domínio é um domínio sempiterno, e o seu reino é de


geração em geração.

A vida é para a glória de Deus. Todos vivemos


para o seu louvor e se não vivermos assim ele nos
quebrará e nos fará de novo para entendermos o
propósito de nossas vidas. Dará-nos e tomará de volta
tudo quanto deu até que aprendamos que somos dele e
tudo o que temos lhe pertence. Ele é Deus e quem tentar
contrariá-lo jamais terá sucesso.
 
O ser humano não é nada diante da grandeza de Deus e
Deus é infalível em seu domínio

35 E todos os moradores da terra são reputados em


nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do
céu e entre os moradores da terra; não há quem lhe
possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?)

O grande Nabucodonosor entendeu que não era


ninguém, muito embora fosse o rei mais poderoso da
terra. É Deus que governa e quem domina a vida dos

70
homens. É Ele que manda lá em cima e quem determina
a vida aqui em baixo. Ele é alguém que não pode ser
detido em seus planos e propósitos. Ninguém pode
impedi-lo de operar na terra. Quando Nabucodonosor
entendeu essas verdades ele disse: 37 Agora, pois, eu,
Nabucodonosor, louvo, e exalto, e glorifico ao Rei do céu;
porque todas as suas obras são retas, e os seus
caminhos justos, e ele pode humilhar aos que andam na
soberba.

71
Deus Absoluto

Capítulo VII
Daniel 5
A BALANÇA DE DEUS
 

Algumas considerações devem ser feitas antes de


estudarmos esse capitulo 5. Primeiro os historiadores
afirmam que Belsazar não era filho de Nabucodonosor,
pois, esse ao morrer não deixou sucessor. Que Belsazar
era filho de um homem chamado Nabonido, oficial de

72
Nabucodonosor, mas, por enfermidade não pode reinar
em seu lugar. Que o termo “pai” não se aplica a
paternidade familiar, mas um termo de respeito como o
termo “pai” referente a Davi, nos anos que sucederam a
sua morte, “teu pai Davi”. Assim, o registro é feito não
para mostrar uma sucessão histórica e cronológica, mas,
para mostrar fatos e ações notáveis de Deus, no período
em que Daniel esteve no reino da Babilônia. Deus é
importante, a ação e intervenção de Deus são
importantes, não a cronologia exata dos acontecimentos.
Se Belsazar era ou não era filho de Nabucodonosor isso
não é muito importante, mas, o fato de Deus intervir na
história com feitos maravilhosos, isso não pode ser
deixado de lado. Deus governa os reis da terra e os pesa,
a eles e a todos em balança.
 
A soberba do rei Belsazar

1 O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus


grandes, e bebeu vinho na presença dos mil. 2 Havendo
Belsazar provado o vinho, mandou trazer os vasos de
ouro e de prata que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado

73
Deus Absoluto

do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem


por eles o rei, e os seus grandes, as suas mulheres e
concubinas. 4 Beberam vinho, e deram louvores aos
deuses de ouro, e de prata, de bronze, de ferro, de
madeira, e de pedra.

A história começa no capitulo 6 mostrando


claramente que os tempos de Nabucodonosor, a
mudança ocorrida em sua vida e na sociedade babilônica,
seus decretos em relação a Deus anos atrás foram
totalmente deixados de lado. Daniel e seus amigos foram
afastados da presença do novo rei como podemos ver no
verso 11 mais adiante. Os tempos bons de renovo e de
justiça não subsistiram diante do novo soberano. Ao invés
disso, o novo rei é daqueles que não estão interessados
em serviço a Deus, justiça e sobriedade. O vemos ao
iniciar o curto relato de seu reinado, que era um rei cheio
de presunção e soberba, adepto dos momentos de farra e
embriaguês. Vemos que os grandes, muitos que
presenciaram a vida de Nabucodonosor, cairem no
modelo do novo monarca sem a mínima resistência ou
peso da memória. O Deus a quem Nabucodonosor havia

74
entregue sua vida e decretado reverência em todas as
províncias da Babilônia, foi agora substituído por deuses
de farras, representados pelos metais das quais as taças
eram fabricadas. A esses deuses que promoviam esses
momentos de falsos enlevos era a quem o rei achava
propício dar louvores.
 
A resposta imediata de Deus

5 Na mesma hora apareceram uns dedos de mão de


homem, e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da
parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que
estava escrevendo. 6 Mudou-se, então, o semblante do
rei, e os seus pensamentos o perturbaram; as juntas dos
seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um
no outro.

A esses atos sacrílegos, a essas profanações e a


essas demonstrações de soberba, Deus responde de
imediato. E não através de sonhos como fizera com
Nabucodonosor, mas, diretamente e em língua e escrita
humana. O vinho ainda escorria pelo canto da boca, as

75
Deus Absoluto

pessoas ainda enchiam as taças, ainda se ouvia a


glorificação dos falsos deuses quando o Senhor, único e
soberano Deus registra na parede do palácio, defronte do
lugar onde eles eram consumidos de prazeres, sua
indignação, como sua reprovação e sentença com
respeito aqueles atos. Eram os dedos de Deus intervindo
na história e dizendo mais uma vez ao homem soberbo e
corrupto que ele não passa de criatura, impotente e fraca
diante do Deus todo poderoso a quem pensa não existir.
Por que Deus age depressa na vida de alguns e parece
não agir assim na vida de outros? Tal resposta está na
sua vontade soberana. Ele faz o que bem quer e julga a
quem quiser no seu determinado tempo. Ele é perfeito em
seus atos e justo em seu julgamento (Sl 51.1-5)

A TENTATIVA DO REI EM COMPRAR SUA PAZ

7 E ordenou o rei em alta voz, que se introduzissem os


encantadores, os caldeus e os adivinhadores; e falou o
rei, e disse aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler esta
escritura, e me declarar a sua interpretação, será vestido
de púrpura, e trará uma cadeia de ouro ao pescoço, e no

76
reino será o terceiro governante. 8 Então entraram todos
os sábios do rei; mas não puderam ler o escrito, nem
fazer saber ao rei a sua interpretação. 9 Nisto ficou o rei
Belsazar muito perturbado, e se lhe mudou o semblante;
e os seus grandes estavam perplexos.

O rei não se perturbava em pegar as taças


consagradas a Deus e usar para a embriaguês, não se
perturbava em dar louvores a falsos deuses. Se perturbou
quando viu que algo estranho aconteceu ali, o que todavia
não teve o efeito de fazê-lo arrepender-se de seus atos,
de voltar para a história e saber que existe Deus. Mais
uma vez, como Nabucodonosor no tempo em que não
conhecia a Deus de fato, esse novo rei tentar resolver as
coisas de modo errado. Não procura o ofensor que é só
quem pode resolver seu problema. Ao invés disso, chama
o próprio homem e lhe oferece recompensa, na tentativa
de através do dinheiro comprar seu sossego e reaver sua
paz.
 
Daniel aparece de novo

77
Deus Absoluto

10 Ó rei, vive para sempre; não te perturbem os teus


pensamentos, nem se mude o teu semblante. 11 Há no
teu reino um homem que tem o espírito dos deuses
santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e
inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e
teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o
constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos
caldeus, e dos adivinhadores; 12 porquanto se achou
neste Daniel um espírito excelente

Até o presente momento na vida e no reino de


Belsazar, nem Daniel, nem seus amigos, que foram
achados sábios no período de Nabucodonosor, haviam
tido oportunidade. O novo rei os escanteou, o os relegou
ao esquecimento. Não eram bem vindos, ou de alguma
utilidade. Contudo, mas, uma vez, Daniel está ali a
serviço de Deus e do rei. Está ali a espera que a
oportunidade apareça para que Deus seja mais uma vez
glorificado e para que uma reforma seja mais uma vez
iniciada. Era o momento de começar novamente aquilo
que havia sido realizado no reino anterior, mas, que agora
foi desfeito pelo novo soberano. Era hora de retomar as

78
mudanças que haviam cessado com o novo governo.
Mais uma vez os sábios não sabem de nada, porque a
Escritura era de Deus e Ele não tinha relação alguma com
aqueles adivinhadores. A rainha, preocupada com o
marido, e sendo mais diligente que ele, logo descobre
sobre Daniel e aonde este estava, como o que Deus
fizera através dele, sendo possível ainda usá-lo para
ajudar seu marido. Daniel que havia liderado todo o grupo
dos sábios e que agora não era mais ninguém para o
novo rei, é chamado de volta para solucionar mais um
problema real.
 
O pecado de Belsazar ao desprezar a história

E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu


coração, ainda que soubeste tudo isso;

Não havia uma pessoa na Babilônia que não ficou


sabendo dos fatos acontecidos no reino anterior. Todos
estavam presentes no dia em se iria prestar adoração a
estátua que Nabucodonosor tinha mandado construir.
Muitos que estavam ali com o rei Belsazar dando louvores

79
Deus Absoluto

aos deuses de farras, presenciaram o momento em que o


Deus verdadeiro, o Deus de Daniel e que Nabucodonosor
havia se convertido, quando este enviou seu anjo e
anulou o efeito do fogo sobre os amigos de Daniel. Todos
sabiam e a rainha encontrou com essas pessoas, que
disseram que Daniel era uma pessoa que Deus usava e a
quem revelava o significado dos sonhos mais terríveis
que Nabucodonosor havia sonhado, como no capitulo 2 e
4. Daniel afirma que esses fatos históricos não eram
desconhecidos do rei e que mesmo sabendo de tudo isso
decidiu perseverar pelo caminho da injustiça e do erro,
dando louvor a quem não devia. Desprezou a história e o
exemplo de Nabucodonosor, como os seus decretos.
Sabia de toda a história do antigo rei, sua glória, sua
humilhação e sua ascensão novamente ao trono. Sabia
que mesmo o antigo rei, cujo poder decidia a vida e a
morte das pessoas, não tinha glória como a de Deus e
que o mesmo o adorou. Desprezar tudo isso consistiu no
pecado e na derrota do novo monarca.
 
O pecado de Belsazar ao desprezar o próprio Deus

80
23 porém te elevaste contra o Senhor do céu; pois foram
trazidos a tua presença os vasos da casa dele, e tu, os
teus grandes, as tua mulheres e as tuas concubinas,
bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos
deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira
e de pedra, que não vêem, não ouvem, nem sabem; mas
a Deus, em cuja mão está a tua vida, e de quem são
todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.

Talvez o rei quisesse demonstrar sua glória e seu


poder fazendo a farra com os objetos sagrados de Deus,
de forma a que todos vissem sua ousadia, sua coragem e
destemor. O que levou de fato ao rei a cometer tal deslize
não se sabe ao certo, sabe-se todavia, que tudo
transmitia seu orgulho e soberba. A maneira como usou e
o propósito com que o fez, com as taças de prata, ouro,
bronze e madeira, que Nabucodonosor havia trazido de
Israel, sob o mandado de Deus, revelou tão somente, na
maneira e na intensidade, como ele desprezava a Deus.
Ao fazer isso, ele não apenas profanou o sagrado, tentou
conforme Daniel, se elevar contra o Senhor do céu. Os
vasos ou taças eram de Deus e de uso exclusivo para o

81
Deus Absoluto

culto e adoração a Deus na sua casa. Mesmo, que uma


pessoa pensasse que eram apenas taças, eram, portanto,
taças de Deus, pertenciam a Ele e ninguém tinha o direito
da fazer outro uso senão aquele que Ele havia
determinado. As taças não apenas representavam a
Deus, como seu nome, seu povo, seu templo e toda a
santidade envolvida nisso. Ao desprezar a Deus e ainda
sabendo o que aconteceu com Nabucodonosor era algo
que não passaria escondido aos olhos de Deus.
 
O julgamento de a Belsazar

24 Então dele foi enviada aquela parte da mão que traçou


o escrito 25 Esta, pois, é a escritura que foi traçada:
MENE, MENE, TEQUEL, UFARSlM. 26 Esta é a
interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino, e
o acabou 27 TEQUEL: Pesado foste na balança, e foste
achado em falta 28 PERES: Dividido está o teu reino, e
entregue aos medos e persas 30 Naquela mesma noite
Belsazar, o rei dos caldeus, foi morto.

82
Na época do profeta Amós, quando Israel andava
por caminhos que não agradava a Deus, Ele um prumo,
objeto usado para saber se uma parede está torta ou reta.
Mas, Deus não apenas usa prumo, como também
balança para pesar pessoas e nações. Jó pede que Deus
pesasse seu sofrimento (Jó 6.2); o salmista diz que os
filhos de Adão se postos em balanças são mais leves que
o vento. Deus usa uma balança para pesar esse novo rei
e se encontrar fora do peso ideal, foi julgado indigno de
continuar no trono. Seu reinado foi tão curto quanto sua
glória, seu castigo foi do tamanho de sua soberba, seu
julgamento foi de acordo com seus atos.
Nenhum de nós seja rei ou vassalo, governador ou
cidadão, está livre de ser pesado na balança de Deus,
que, aliás, é justa, fiel e precisa. O Senhor nos pesa e
seremos achados pesados se além de nossos atos, ainda
formos do tipo que despreza a história e os feitos de
Deus, como o culto, e tudo o mais que Ele considera
como Santo.

83
Deus Absoluto

Capítulo VIII
Daniel 6
SER DIFERENTE FAZ DIFERENÇA

Ser diferente no bom sentido, ser diferente


concernente as coisas certas e corretas, ser diferente
com respeito a vida e a piedade é algo que realmente
sempre fez diferença nesse mundo. Vemos, portanto, no
livro de Daniel o quanto ser diferente faz diferença. Desde
o inicio do livro sempre o vemos juntamente com seus

84
amigos fazendo diferença em todas as áreas do reino da
babilônia. Demonstravam sempre que eram diferentes
não apenas de boca, mas de fato e de verdade. Não
tinham a diferença ou o ser diferente apenas nos lábios e
na cobrança com relação aos outros. Não vinham a
necessidade de ser diferente apenas para a vida dos
outros. Eles próprios eram realmente diferentes e isso
demonstravam na prática. Não tinham inimigos, eram
vistos assim por quem não os tolerava. Não eram brigões
ou se opunham as coisas porque gostassem de
contendas, mas sim porque eram diferentes com respeito
a fé em Deus. Não eram homens de duas posturas. A
postura que tinham no quarto quando oravam, a tinham
na rua, ou no meio das autoridades e do próprio rei. Eles
provam que não apenas ser diferente faz diferença, como
realmente é indispensável que aqueles que dizem crer em
Deus ser assim aonde vivem e com quem convivem.

Um espírito diferente
A excelência de Daniel
1 Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino cento e
vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino; 3 Então o

85
Deus Absoluto

mesmo Daniel sobrepujava a estes presidentes e aos


sátrapas; porque nele havia um espírito excelente; e o rei
pensava constituí-lo sobre todo o reino:

Dario e o rei Nabucodonosor, tinham bom gosto na


hora de escolher a quem devia servir-lhes, ou pelo menos
passaram a ter a partir do momento que conheceram a
Daniel e seus amigos. Eles sabiam que ter pessoas
capazes, sérias e compromissadas com o que é justo, era
de primordial importância para o sucesso do reino.
Contudo, nem por isso estavam livres de serem
enganados. Apesar de todo esse risco, acertaram quando
cada um deles observou bem a vida de Daniel e seus
amigos. O rei Dario não agiu diferente e nem teve menos
visão. Observou que de todos os seus servos Daniel era a
pessoa mais indicada para ficar apenas abaixo de si e
sobre todos os demais. Dos três presidentes escolhidos
para gerir sobre todas as satrapias, Daniel destacou-se
como sendo alguém que o rei poderia colocar sobre todo
o reino. Porque isso? Era porque Daniel tinha algo que
faltava nos outros. Um carisma diferente, um revestimento
do Espírito de Deus que o capacitava a fazer um trabalho

86
diferente dos demais. Ele tinha um espírito excelente. Ou
seja, Daniel era uma pessoa cujas ações eram típicas de
sua natureza de servo de Deus. Manifestava práticas que
só poderiam ser esperadas de alguém que tinha uma
profunda relação de comunhão com o Deus cheio de
bondade e amor. A excelência de Daniel era ser bom,
fazer as coisas de forma correta e que agradasse
primeiramente a Deus. A excelência é aquilo que se
espera de algo ou de alguém que nasceu para ser e fazer
conforme sua natureza. Assim como a excelência de uma
faca é cortar, de uma cadeira é servir de acento, de uma
cama é servir como lugar de descanso, a excelência de
um servo de Deus é servir a Deus em graça e bondade.

O ódio dos sátrapas e presidentes em relação a Daniel

4 Nisso os presidentes e os sátrapas procuravam achar


ocasião contra Daniel a respeito do reino, mas não
podiam achar ocasião ou falta alguma; porque ele era fiel,
e não se achava nele nenhum erro nem falta.

87
Deus Absoluto

Os demais homens políticos que serviam ao rei


Dario eram diferentes de Daniel, ou melhor, não tinham
diferença alguma do resto de toda a massa que não cria
em Deus. Sentiam ódio por Daniel, inveja de sua relação
com o rei. Ao saberem dos planos do rei, elevar Daniel
acima de todos eles, passaram a ter desejos malignos, de
morte com respeito ao profeta Daniel. Esse ódio os
diferenciava de forma negativa. Eles não tinham o que
Daniel tinha, não criam em que ele tinha fé, não tinha a
sua excelência, e nem gozavam da admiração real, como
por isso não podiam ver-se na mesma posição dele. O
ódio de todos eles cresceu mais a partir do instante que
procuraram uma falta, um erro, ou qualquer coisa que
desabonasse a pessoa de Daniel e não encontraram.
Tentaram de todas a formas e maneiras acharem algo
justo que pudesse ser usado contra ele, mas não
conseguiram. Daniel era de uma postura ilibada, de uma
vida irrepreensível e de um comportamento admirável.
Foi por esse caminho que Caim passou a odiar a Abel, os
filhos de Jacó passaram a odiar a José, os judeus
passaram a odiar os profetas e os fariseus passaram a
odiar a Cristo. O ódio quando não leva uma pessoa a

88
matar outro de fato, o faz pelo menos no coração, o que
para Cristo já é pecado.

Daniel era justo e reto no reino da Babilônia


5 Pelo que estes homens disseram: Nunca acharemos
ocasião alguma contra este Daniel, a menos que a
procuremos no que diz respeito a lei do seu Deus.

Aqueles homens estavam quase desistindo de


perseguir a Daniel se não tivessem lembrado que ele
também era exemplar na sua fé e devoção a Deus. Eles
sabiam que Daniel era fiel ao país que agora era sua
pátria e mais ainda em relação a sua religião. Assim
tentar criar uma forma em que possa existir um conflito
entre essa fé e outra, seria uma boa maneira de levá-lo
ao “erro”. Na verdade eles não encontrariam erro em
Daniel na lei do seu Deus. Encontrariam sim mais
firmeza, mais fé e mais lealdade. Daniel era realmente
diferente e isso tudo fazia a diferença. Esse servo de
Deus estava sendo perseguido justamente porque era
diferente daqueles que eram iguais a todo o resto que
formavam o grupo dos que não criam em Deus na

89
Deus Absoluto

Babilônia. Daniel não era corrupto em suas atribuições,


desonesto em seus negócios, falso em sua aparência,
trapaceiro em seus relacionamentos, injusto com o rei ou
ingrato para com seu país por habitação. Daniel não
odiava o rei ou a nação porque estava exilado ali. Não era
menos esforçado e leal no que fazia só porque não servia
em Israel, a nação israelita ou a um rei descendente de
Davi. Ao contrário, era justamente porque vivia em um
país estranho, no meio de um povo estranho, que serviam
a deuses estranhos e que ele servia a um rei que não era
de Israel que ele procurava ser o melhor possível, uma
vez que agindo assim, engrandeceria o nome de Deus ali
e poderia dessa forma ganhar muitos para Ele. A
perseguição estava vindo, mas não porque ele era
diferente de todos, mas, sim porque os demais não eram
iguais a ele.

As falsas estimas dos sátrapas e dos presidentes para


com o rei Dario
6 Então os presidentes e os sátrapas foram juntos ao rei,
e disseram-lhe assim: Ó rei Dario, vive para sempre..

90
O rei Dario foi muito prudente em procurar ter
Daniel ao seu lado, lhe servindo, porém, muito inocente
em não procurar saber mais sobre os outros a quem deu
poder de estar sobre seu povo e suas províncias. O rei
devia ter olhado para eles assim como olhou para Daniel
e percebeu a excelência que esse transparecia na sua
vida e prática. Não encontrada nada, pois de que acusar
Daniel, resolveram forjar uma forma de alcançar. E para
isso era necessário enganar o monarca que como todo
ser humano tem a soberba e o orgulho como sua maior
fraqueza. Resolveram, pois, empreender uma maratona
de falsas bajulações e criar uma falsa visão de deus para
o rei. O rei se tornaria um deus de certa forma, a medida
que as pessoas ficassem proibidas de manifestar
qualquer espécie de religiosidade através de petições ou
pedidos por meio de orações aos deuses de sua
credulidade. Com isso encontrariam realmente uma falta,
que mesmo não sendo falta daria ocasião oportuna para
prenderem Daniel em um laço. Na verdade não estavam
nem ai para o rei, muito menos pensavam que esse
pudesse ser deus. O que eles realmente pensavam do rei
pode ser facilmente percebido na ação deles de

91
Deus Absoluto

fabricarem um engodo em que o rei cairia facilmente. Eles


não tinham o mínimo de respeito pelo monarca. A inveja
os cegava e o ódio os consumia. Se havia alguém ali
verdadeiro e sincero para com tudo e com todos, esse
alguém era Daniel. O rei sem perceber a sagacidade com
que lhe propuseram o decreto, o assina e sem querer e
saber, os ajuda a condenarem Daniel a morte.

Um testemunho diferente
Uma piedade diferente

10 Quando Daniel soube que o edital estava assinado,


entrou em sua casa, no seu quarto em cima, onde
estavam abertas as janelas que davam para o lado de
Jerusalém; e três vezes no dia se punha de joelhos e
orava, e dava graças diante do seu Deus, como também
antes costumava fazer.

Nem a expectativa dos seus algozes e nem a


realidade do novo decreto mexeram com a fé e a devoção
de Daniel. Ele permaneceu com a rotina inalterada
mesmo diante de tão destruidora ameaça. Para Daniel a

92
vida não se tornou menos importante ou mais perigosa, o
céu não ficou menos azul ou o sol perdeu de seu fulgor. O
texto diz que ele continuou a sua vida fazendo orações e
buscando ao Senhor em fé como era de seu costume
fazer. O que ele orava? Não podemos dizer ao fato. O
que ele orou naquele dia, além de dar graças? Não
sabemos com certeza. Se ele se referiu em suas orações,
além de dizer muito obrigado por tudo a Deus, aos
problemas que por hora estava enfrentando e pediu que
fosse guardado pelos santos anjos em sua determinação
de continuar buscando, o que é provável, uma vez que os
santos sempre contam a Deus ou que se passa em sua
vida e corações, isso apenas comprova que Daniel era
uma pessoa que realmente fazia diferença, porque era
diferente. Mas, diferente em que ou em relação a que?
Com respeito ao episódio em si, o vemos diferente de
muitos israelitas e muitos cristãos hoje, uma vez que
Israel e alguns crentes de nossa época são mais
inclinados a buscar a Deus em fervente oração apenas
quando estão em terror profundo ou em aflições
desconcertantes. Daniel fazia o que normalmente lhe era

93
Deus Absoluto

peculiar e de sua excelência. Daniel orava antes e depois


de ser afligido. Sua piedade era diferente.

Um Deus diferente

16 Então o rei deu ordem, e trouxeram Daniel, e o


lançaram na cova dos leões. Ora, disse o rei a Daniel: O
teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará.

Não era apenas Daniel que era diferente daqueles


sátrapas e presidentes, o Deus a quem servia, o Deus de
Israel também era diferente dos demais deuses e ele
sabia disso. Ele sabia que seu Deus o estava vendo,
contemplando-o todos os dias, nos momentos de oração
de joelhos, quando estava na presença do rei
trabalhando, e quando aqueles homens forjavam contra
sua vida. Seus acusadores de tocaia ao verem orando o
que certamente não deixaria de fazê-lo diante de lei
alguma, vão de imediato ao rei e o denuncia como
infringente da nova lei. Nem nessa hora o rei se
apercebeu sobre a qualidade daqueles homens ou do
grau de maldade que havia em seus corações. O rei

94
ainda pensava que a lei havia sido feita para que ele
fosse servido como deus. Contudo, o Deus de Daniel é
diferente, porque ninguém viveu ou morre sem que Ele o
saiba e queira que assim aconteça. Tudo havia sido
criado por Ele e estava sob sua palavra. Leões ou
qualquer outro animal e mesmo o homem só come
quando Ele diz que hora de comer. Naquele dia o rei fez
de tudo para livrar a Daniel, mas, pode, e tornou-se vítima
se seu próprio poder. O rei triste por Daniel apela para
que o Deus a quem ele servia pudesse livrá-lo. E é
justamente isso que Ele fará.

Um decreto diferente

26 Com isto faço um decreto, pelo qual em todo o


domínio do meu reino os homens tremam e temam
perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo, e
permanece para sempre; e o seu reino nunca será
destruído; o seu domínio durará até o fim. 27 Ele livra e
salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; foi
ele quem livrou Daniel do poder dos leões.

95
Deus Absoluto

O rei jamais passara noite tão angustiante em toda


a sua vida de 60 anos de idade. Foi uma noite diferente
de todas. Daí porque tanta alegria no dia seguinte ao ver
Daniel vivo, diferente do que imaginava. Viu a grandeza
de Deus e faz um decreto diferente do que havia feito.
Descobre que Daniel e seu Deus são diferentes e que
isso fazia toda a diferença de maneira a que todos deviam
temer e tremer diante dEle. Seu reino era diferente por
ano ter fim. Aquele Deus livrava e salvava, operava na
terra e no céu.

96
Capítulo IX
Daniel 7
REIS GOVERNAM, MAS DEUS É SOBERANO

A primeira parte do livro de Daniel (1-6) terminou e


a segunda parte começa (7-12). A primeira parte foi
dedicada a relatar os feitos de Deus nos reinados dos reis
mais poderosos daquele tempo (605-538), período em
que Nabucodonosor começa suas conquistas, levando o
povo de Israel para o exílio na Babilônia e o ano em que o
povo sai do exílio com o reinado de Ciro. A primeira parte
tem o fim de mostrar como Deus governa sobre tudo,
mesmo que todos pensem que aqueles reis é que

97
Deus Absoluto

mandam no mundo. São os servos de Deus, exilados e


de certa forma impedidos de viverem suas vidas em Israel
que se destacam e que ajudam nas mudanças naqueles
reinados. São os exilados e o Deus dos exilados que
operam para a melhoria da vida dos que os conquistaram.
São os fracos ajudando os fortes. A cada linha nessa
primeira parte do livro vemos vez após vez a prova que
Deus governa os reis e sua vontade soberana é feita.
Vemos reis se inclinando diante dos planos e propósitos
divinos, cooperando para que seja realizado tudo que
Deus planejou. A primeira parte são relatos históricos que
se sucedem um após outro. São fatos concretos e
experimentados por Daniel e seus amigos. A segunda
parte são visões, realidades do mundo abstrato, mas que
seguem uma certa cronologia. Contudo, podemos ver que
a mesma mensagem, a de que Deus continua
governando a vida dos homens, mesmo que as vezes
pareça ser diferente, é que prevalece. Vejamos, pois,
quais lições podemos extrair desse capitulo 7.

Os animais e os reinos

98
7 Depois disto, eu continuava olhando, em visões
noturnas, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso,
e muito forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele
devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que
sobejava; era diferente de todos os animais que
apareceram antes dele, e tinha dez chifres. 8 Eu
considerava os chifres, e eis que entre eles subiu outro
chifre, pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres
foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos,
como os de homem, e uma boca que falava grandes
coisas.

Conforme o primeiro verso podemos ver de


antemão que todas as visões que Daniel teve, ocorreram
durante o reinado de Belsazar, ou seja, entre os três anos
do seu reinado que estão registrados entre os capítulos 4
e 5. Muito embora essas visões estejam à frente dos
primeiros capítulos, elas têm, todavia uma relação direta
com os fatos narrados ali. Esses animais se referem
também a Nabucodonosor. O primeiro animal figura sua
pessoa e reino. Nabucodonosor foi um rei que muito
embora a princípio, demonstrou ser uma pessoa feroz,

99
Deus Absoluto

terminou ao fim, entregando sua vida a Deus e


reconhecendo seu poder e soberania. Mas, o propósito de
Daniel não relatar e decifrar cada figura, e sim mostrar a
sucessão de reinos, que demonstram a fraqueza e a
falibilidade do governo humano. Não podemos e não
devemos estar procurando significados nas aparências
desses animais com cada rei, porque não seria certo nem
confiável, muito embora, varias pessoas queiram fazer
isso. Toda essa visão atordoou a pessoa de Daniel, e
quando viu o ultimo animal, ficou espantado, tanto pelo
poder, como pela maldade que exalava dele. Daniel ficou
tão aterrorizado o ultimo animal, que não mais se refere
aos primeiros, e passa a se dar conta apenas desse
ultimo. O quarto animal era disforme, mais, que os outros.
Tinha dez chifres e do meio desses saiu um que derrubou
três do total de dez. esse ultimo chifre, tinhas olhos e uma
boca que falava muitas coisas. Muito embora o quarto
animal seja apavorante em aparência e em maldade, ele,
todavia, não passa também de um rei, que é governado
também pela economia divina e fará tudo para o que
Deus soberanamente o designou. No capitulo dois vimos
quatro reis ou quatro reinos representados na estátua

100
com a qual Nabucodonosor sonhou. Naquela visão o
ultimo rei era representado pelo ferro e pelo barro. O ferro
representava sua força e seu poder, mas o barro sua
fraqueza. Esse último animal é o mais feroz de todos e
ainda mais por ter dez chifres e por que um pequeno
chifre que sai no meio deles ainda consegue destronar
três.

O poder dos homens e a soberania de Deus em justiça ou


misericórdia

9 Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos,


e um ancião de dias se assentou; o seu vestido era
branco como a neve, e o cabelo da sua cabeça como lã
puríssima; o seu trono era de chamas de fogo, e as rodas
dele eram fogo ardente. 10 Um rio de fogo manava e saía
de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades
de miríades assistiam diante dele. Assentou-se para o
juízo, e os livros foram abertos. 11 Então estive olhando,
por causa da voz das grandes palavras que o chifre
proferia; estive olhando até que o animal foi morto, e o
seu corpo destruído; pois ele foi entregue para ser

101
Deus Absoluto

queimado pelo fogo. 12 Quanto aos outros animais, foi-


lhes tirado o domínio; todavia foi-lhes concedida
prolongação de vida por um prazo e mais um tempo.

De forma súbita e instantânea a visão muda para


uma outra completamente diferente em todos os sentidos.
Por um momento o mar e os animais que representavam
reis desaparecem para que novas figuras tomem seus
lugares. Daniel ver agora algo diferente. A visão dos
animais é substituída por visões de tronos e terror que
eles representavam pela figura de um homem cuja
aparência expressava paz, sabedoria, justiça e santidade
plena. Ele se sentava em um trono de fogo, sobre rodas
de fogo e dele e diante dele corria um caudaloso rio de
fogo. Aquele quarto animal, embora fosse terrível
conforme sua aparência e poderoso na sua
representação não subsiste, todavia, diante desse ancião.
Esse homem é servido de forma ininterrupta e leal por
milhares e miríades de pessoas. Ele era rei e juiz e senta-
se para julgamento. Ele era servido como rei, mas se
assenta como juiz para julgar os quatro animais. O
pequeno chifre do quarto animal não cessava de falar

102
indecências mesmo diante desse ser supremo. O
julgamento, porém, começa. A misericórdia do juiz o faz
determinar que os três primeiros animais, reis, vivam mais
um pouco, mas, sem mais dominarem. Quanto ao quarto
animal, por sua insolência e maldade, é julgado sem
misericórdia e compaixão. Aquele animal é morto, e seu
corpo destruído pelo fogo. Deus reina, governa e é
soberano nos céus e na terra e foi isso que tanto
Nabucodonosor, como Dario reconheceram em seu
tempo. Não importa se os lideres mundiais sejam
poderosos ou repassem sentimento de terror para as
pessoas devido ao poder que ostentam, pois, todos são
governados por Deus e sempre se submeterão aos
desígnios daquele que é eterno e soberano.

O reino eterno de Deus

13 Eu estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis


que vinha com as nuvens do céu um como filho de
homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e foi apresentado
diante dele. 14 E foi-lhe dado domínio, e glória, e um
reino, para que todos os povos, nações e línguas o

103
Deus Absoluto

servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não


passará, e o seu reino tal, que não será destruído. 15
Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro
do corpo, e as visões da minha cabeça me perturbavam.

A visão de Daniel toma nova figura e muda


novamente. Agora ele vê algo diferente de tudo que já
havia visto. Ele vê uma nuvem vindo e sobre ela um como
filho do homem. A esse é dado todo o poder neste mundo
para governar sobre tudo e sobre todos e seu reino não
será jamais destruído como acontecera com os reinos
representados pelos quatro animais. A visão é tão
extraordinária que Daniel mesmo sendo profeta e homem
de Deus, tendo plena comunhão com Deus e tendo sido
intérprete de todos os sonhos e visões nos reinados de
Nabucodonosor e Belsazar, ainda assim se abala e se
perturba. As demais visões foram dadas aos reis, essas
agora, ele mesmo as tem e ainda não sabe o significado
delas. Daniel já estava na Babilônia a bastante tempo e
trabalhou em várias monarquias. Viu passar uma a uma
apesar de toda beleza, poder e magnitude que
ostentavam. Viu reis subirem e descerem, viverem e

104
morrerem, se elevarem e caírem, todavia, ainda não tinha
tido uma visão como essa e de um rei também humano a
quem seria dado poder sobre todos os reis da terra, a
quem todos serviriam e que seu reino não findasse como
todos que já tinha visto. Daniel via agora o reino de Cristo,
governado pelo Deus-homem, que mantinha domínio
sobre todos pelo amor e não pelas armas como até então
tinha acontecido. Via o reino de Cristo com inicio mais
sem fim. Era a eternidade tomando de conta de tudo que
até então teve fim e sobre todos os reinos e reis que não
puderam subsistir diante do tempo.

A oposição ao povo de Deus e a supremacia de Deus


sobre os reinos da terra

Estamos chegando ao fim do capítulo e Daniel


deseja saber da verdadeira interpretação de tudo aquilo.
A ele é dito apenas que cada animal se refere a um reino.
Daniel, todavia, se impressionou com o quarto animal. É
esse animal que o preocupa (19). Não podemos cair na
tentação de tentar relacionar cada animal com esse ou
aquele reino da terra, o governante atual. Os tempos

105
Deus Absoluto

mudam e novos governantes sobem no poder que


também trazem consigo essa e aquela característica. Os
quatros reinos são fáceis de ser identificados, como
também o pequeno chifre que derrubou três dos dez. O
reino Babilônico, o medo, o persa e o grego, são
facilmente relacionado com os quatro animais, assim
como o pequeno chifre pode sem dúvida alguma ser
relacionado com Antíoco Epifânio, que para ser rei e um
dos maiores perseguidores dos judeus nos dias que
antecederam a primeira vinda de Cristo, assassinou três
reis, dois Selêucidas e dois Ptolomeus. Mesmo assim fica
ainda o enigma sobre quem eram os demais chifres ou
reinos. Assim devemos concluir que tudo isso pode se
referir tanto aquela era, como a eras vindouras. Reinos,
governantes, associações, mercados internacionais e
semelhantes poderão surgir com as mesmas
características, uma das quais será a de ser perseguidor
da igreja do Senhor (21) como fez Antíoco e como farão
outros segundo Apocalipse 13; 17.19 e 2 Tessalonicenses
2.3-9. Devemos, pois, estar atentos a esses
acontecimentos uma vez que todos eles, assim como a
visão de Daniel apontam para o fim. O fim está próximo e

106
uma grande perseguição se levantará contra a igreja
conforme a Bíblia mostra. Os acontecimentos ou sinais
que nos avisam desse tempo vem ocorrendo no decorrer
da história se intensificando cada vez mais. Fiquem
atento ao que a Bíblia diz e não a bobagens inventadas
pelo povo inculto.

107
Deus Absoluto

Capítulo X
Daniel 8
O FIM DOS TEMPOS, O ANTICRISTO E SUA
DERROTA

Vimos no capítulo anterior que Daniel ficou muito


perturbado com as visões dos quatros animais. Neste
capitulo 8 ele continua a receber visões de Deus e ainda
mais perturbadoras. Dessa vez ele chega até mesmo a

108
ficar doente por alguns dias (27). Tudo isso o levará a
fazer uma busca desesperada no capítulo nove para
entender tudo quanto está acontecendo. Nesse capítulo
oito a visão de Daniel se refere a vários e importantes
acontecimentos da história da revelação de Deus que
precedem a vinda de Cristo e do seu reino, mas também
aponta para momentos da história do mundo que
precederão o retorno final de Cristo em glória para
resgate de sua igreja e julgamento do Anticristo e suas
ordens. Por várias vezes na Bíblia é relatado o
aparecimento desse ser maligno e terrível opositor de
Deus. Tipificações dele se apresentam em todo o
decorrer da história tanto do mundo quanto da igreja.
Diversos homens na história surgiram dominados por seu
espírito maligno que apontam para sua aparição real no
mundo, e cujas vidas e feitos dizem muito como será sua
atuação no meio da humanidade. Aqui em Daniel oito e já
no capítulo anterior vimos os primeiros apontamentos. Em
Mateus 24.15, o próprio Senhor Jesus se refere ao que
escreve Daniel aqui e já prenuncia um fato semelhante,
como também a um novo tipo dele surgido nos anos
setenta na pessoa do então general Tito filho do

109
Deus Absoluto

imperador romano Vespasiano sucessor de Nero César


Augustus. Tito entrou em Jerusalém no dia 21 de
dezembro do ano 69 d.C e quase que destruiu totalmente
as pessoas e a cidade. O apóstolo Paulo também vai se
referir a esse homem da iniqüidade e a sua aparição real
e final na sua carta aos 2 Tessalonicenses.

O carneiro que é derrotado pelo bode

1 No ano terceiro do reinado do rei Belsazar apareceu-me


uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me
apareceu no princípio.2 E na visão que tive, parecia-me
que eu estava na cidadela de Susã, na província de Elão;
e conforme a visão, eu estava junto ao rio Ulai.

O que perturba Daniel e o transtorna é que ele vê


um bode e não mais que um bode e com apenas um
chifre derrubar um carneiro com dois chifres e que este
era muito valente. O carneiro que na realidade jamais
perderia para um bode na sua visão na resiste ao
confronto. O carneiro era forte e dava marradas para
todas as direções sem que ninguém pudesse resistir a

110
ele. O que atemoriza Daniel é a visão de algo ao
contrário, anormal e bizarro. É um bode vencendo um
carneiro. É um bode com um chifre apenas vencer um
animal mais forte que ele ainda com um chifre a menos.
Para Daniel e para qualquer outra pessoa isso é
realmente assombroso. Quando faraó viu as vacas
magras comerem as gordas e ainda permanecer magras
assim como as espigas ele ficou aterrorizado e quem não
ficaria com algo assim tão anormal e tão ao contrário?
Assim também Nabucodonosor não poderia ter ficado
tranqüilo após contemplar em sonho de uma estátua tão
grande e bela que logo após foi destruída por uma pedra
que veio de uma montanha sem ninguém saber como e
fazendo da estátua um monte de pó. Daniel viu o carneiro
de dois chifres perder para o bode de um chifre só, mas
depois vê aquele chifre tão forte ser quebrado e
substituído por quatro que depois é substituído por um
menor que todos e depois vê esse se tornar mais forte do
que todos os outros. Era muita coisa estranha e difícil
para entender.

O reino dos medos e dos persas, o carneiro

111
Deus Absoluto

3 Levantei os olhos, e olhei, e eis que estava em pé


diante do rio um carneiro, que tinha dois chifres; e os dois
chifres eram altos; mas um era mais alto do que o outro, e
o mais alto subiu por último. 4 Vi que o carneiro dava
marradas para o ocidente, e para o norte e para o sul; e
nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem
pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia
conforme a sua vontade, e se engrandecia. 20 Aquele
carneiro que viste, o qual tinha dois chifres, são estes os
reis da Média e da Pérsia.

No capítulo anterior não era necessário esmiuçar


em detalhes toda a visão de Daniel. Aqui, porém
precisamos abrir um espaço e olharmos um pouco para
história e encontrarmos as informações necessárias
aludidas por Daniel no verso 20. É o próprio anjo que diz
para Daniel que o carneiro se referia ao reino dos medos
e dos persas. Esse reino representado pelo carneiro
valente e que dava marradas para todo lado
representava, pois, esse reino já bastante cansado pelos
longos anos de existência, muito embora ainda estivesse

112
forte. Conforme André Paul, em seu livro O JUDAÍMO
TARDIO, História Política, O reino medo-persa estava em
um estado de exaustão quando o reino representado pelo
bode vem sobre ele. Os medos-persas reinaram desde
560 a.C, começando com Ciro até o ano 334 quando
surge o Bode. Antes, os medos era um reino e os persas
era outro, até que Ciro formou um único império
denominado de Império Persa. Esse império foi um dos
maiores que o mundo há viu. Esse reino atingiu seu auge
quando ao atingir um território que ia desde a Trácia até a
Índia, incluindo o Egito, parte da Etiópia passando por
todo o planalto iraniano. Atualmente muitas cidades
ocupam a regiam que foi sede desse glorioso império,
como a cidade de Istambul. A expansão do império persa
se deu com Dario um que formou um dos maiores e mais
fortes exércitos de infantaria e cavalaria. Com o decorrer
dos anos, porém, esse reino, embora grande, foi ficando
sem resistência até ser conquistado pelo império
macedônio.

O reino da macedônia ou grego, o bode, Alexandre


Magno o chifre grande

113
Deus Absoluto

5 E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do


ocidente sobre a face de toda a terra, mas sem tocar no
chão; e aquele bode tinha um chifre notável entre os
olhos. 6 E dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres,
ao qual eu tinha visto em pé diante do rio, e correu contra
ele no furor da sua força. 7 Vi-o chegar perto do carneiro;
e, movido de cólera contra ele, o feriu, e lhe quebrou os
dois chifres; não havia força no carneiro para lhe resistir,
e o bode o lançou por terra, e o pisou aos pés; também
não havia quem pudesse livrar o carneiro do seu poder.
21 Mas o bode peludo é o reino da Grécia; e o grande
chifre que tinha entre os olhos é o primeiro rei.

Sobre a quem se refere o Bode dos versos 5-7, o


anjo também esclarece e diz ser o reino da Grécia e o
grande chifre diz respeito ao primeiro rei. O primeiro rei
grego foi Alexandre Magno, também conhecido como
Alexandre O Grande. Alexandre tinha apenas vinte anos
de idade quando partiu para guerrear contra os persas no
ano de 334 e não se contentando se empenhou na
conquista do Oriente. Esse rei tão jovem conquistou uma

114
a uma todas as províncias ou satrapias dos persas.
Alexandre demonstrou tanta força e poder de conquista
que a Ásia menor, hoje Turquia, hoje Líbano, também
conquistou a Palestina, o Egito, o Irã, parte da Índia e a
Mesopotâmia, hoje Iraque e golfo pérsico e tudo isso em
apenas nove anos de empreitada. Reino de 336 a.C até
323 aos 33 anos de idade. Seus métodos de conquista
mantinham as ordens administrativas e religiosas
entocáveis, mas não abria mão de impor a cultura e a
língua grega aos seus conquistados. Muitos não o tiveram
como conquistador e sim como um libertador como os
egípcios e os judeus. Ninguém sabe ao certo a razão de
sua morte. Na visão de Daniel, o chifre que o representa
após derrotar repentinamente o carneiro, logo se quebra e
quatros outros tomam seu lugar. Uns dizem que foi
envenenado, outros que morreu de malária e outros
dizem que bebia muito. Especula-se que se não tivesse
morrido tão jovem, toda a Europa hoje teria uma história
diferente. A cultura grega imposta por Alexandre legou
enormes contribuições ao mundo e a própria história do
Cristianismo. Foi pela disseminação da língua grega pelo
vasto império macedônio, mais tarde o berço da igreja

115
Deus Absoluto

cristã, que o evangelho correu de forma célere pelos


cantos do império romano. Todo o Novo Testamento foi
escrito na língua grega chamada de koiné, que significa
comum. Ou seja, a língua comum falada por todas a
pessoas até a época em que Jesus encarna e que os
apóstolos escrevem seus evangelhos e cartas, dando a
possibilidade a que todos que formavam o império
romano, mas falavam grego pudessem conhecer e ouvir o
evangelho.

Os quatros chifres, os quatros generais de Alexandre

8 O bode, pois, se engrandeceu sobremaneira; e estando


ele forte, aquele grande chifre foi quebrado, e no seu
lugar outros quatro também notáveis nasceram para os
quatro ventos do céu. 22 O ter sido quebrado, levantando-
se quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se
levantarão da mesma nação, porém não com a força dele.
Na visão de Daniel o Bode se engrandece de forma
espantosa. Todavia, depois desse crescimento e da
vitória sobre o carneiro o chifre é quebrado sem
explicação alguma nascendo em seu lugar abruptamente

116
quatro outros chifres. O anjo diz a Daniel que esses são
quatro reis que se levantarão no lugar daquele, porém,
muito fracos. Historicamente é realmente isso que
acontece. Após, nove anos de empreitadas no oriente,
conquistando vastas terras e antigos reinos, Alexandre
morre e quatro de seus generais dividem o reino. Com a
morte de Alexandre diversas guerras são travadas entre
eles com o objetivo de sucedê-lo. Tão vasto era seu
império, que um homem só teria grandes dificuldades de
administrar. O reino de Alexandre foi organizado em
quatro distritos e satrapias. Grande foi a carnificina para
que alguém pudesse ocupar o lugar do grande rei.
Mataram sua esposa Roxana e seu filho, como também a
um irmão dele e também o primeiro ministro que havia
ficado como regente. Assim os quatro generais dividiram
o império em quatro. O Egito ficou com Ptolomeu I
Soter, um dos generais mais brilhantes de Alexandre, a
Trácia ficou com Lisímaco, a Ásia Menor ficou com
Antígono, o Vesgo e mais forte de todos os seus
sucessores, e a Babilônia ficou para Seleuco I Nicanor.

O chifre pequeno que cresceu, Antíoco IV Epifânio

117
Deus Absoluto

9 Ainda de um deles saiu um chifre pequeno, o qual


cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra
formosa; 23 Mas, no fim do reinado deles, quando os
transgressores tiverem chegado ao cúmulo, levantar-se-á
um rei, feroz de semblante e que entende enigmas. 24
Grande será o seu poder, mas não de si mesmo; e
destruirá terrivelmente, e prosperará, e fará o que lhe
aprouver; e destruirá os poderosos e o povo santo. Daniel
vê ainda abismado que de um dos quatro chifres surge
um outro pequeno, mas que cresce após para os lados do
sul e do oriente e para terra formosa. O anjo diz a Daniel
que pequeno chifre será um rei que se tornará poderoso
tanto em termos de destruição quanto de prosperidade,
mas que perseguirá o povo santo. A história cristã e a
história secular não apontam para outra pessoa senão
para Antíoco IV Epifânio (“que se manifesta com
resplendor”). Antíoco IV Epifânio descende justamente de
Seleuco I Nicanor, um dos generais de Alexandre que
fundou a dinastia dos Selêucidas na Síria. Seu pai se
chamava Antíoco III Magno e foi derrotado pelos
Romanos na Batalha de Magnésia em 189 a.C deixando

118
o reino endividado, sendo o pequeno Antíoco IV Epifânio
levado refém para Roma com 14 anos de idade. Seu
irmão Seleuco IV tentou governar em lugar do pai
tentando tomar o ouro do templo de Jerusalém, mas foi
assassinado. É então que Roma faz um acordo com
Antíoco IV Epifânio e o envia de volta a Síria como rei.
Antíoco Epifânio consegue sozinho fundar mais cidades e
fazer prosperar o seu reino mais do que todos aqueles
que o precedeu juntos. Promoveu um intensa expansão
da cultura helênica (grega). Ele foi responsável pela VI
guerra Síria tornando-se senhor do Egito, menos de
Alexandria. Resumindo, Jerusalém em 167 entrou em um
período de guerra civil. Judeus simpatizantes dos gregos
e judeus nacionalistas marginalizados pelo governo
entram em conflitos. Os privilegiados querem os gregos,
mas o marginalizados querem liberdade.

A perseguição aos judeus antes de cristo

10 e se engrandeceu até o exército do céu; e lançou por


terra algumas das estrelas desse exército, e as pisou. 11
Sim, ele se engrandeceu até o príncipe do exército; e lhe

119
Deus Absoluto

tirou o holocausto contínuo, e o lugar do seu santuário foi


deitado abaixo. 12 E o exército lhe foi entregue,
juntamente com o holocausto contínuo, por causa da
transgressão; lançou a verdade por terra; e fez o que era
do seu agrado, e prosperou. Após vários anos em que
Antíoco IV Epifânio governa todo o planto da Síria de
Israel até ao Egito, volta os olhos para a Judéia e entra
em Jerusalém derrubando sua muralha, matando e
vendendo milhares de judeus como escravos. Proibiu a
circuncisão e a observância do sábado. Ordenou
sacrifícios pagãos e ergueu um altar a Zeus dentro do
santuário. Perseguiu sacerdotes e descendentes de Davi
como o príncipe Zorobabel. A visão de Daniel se cumpria
e pela primeira vez na história foi proibido aos judeus não
apenas professar a fé como praticá-la com a punição de
pena de morte para os desobedientes. Conforme o verso
13 é perguntando até quando essa calamidade duraria
em Israel ao que é respondido que durará duas mil e
trezentas tardes e manhãs. Sem tentar decifrar esses
números como muitos fazem o importante é saber que
esse momento de tragédia passou e ficou como uma

120
prefiguração do que de forma cada vez mais intensa
acontecerá até o grande dia da vinda do Senhor.

A derrota do anticristo

25 Pela sua sutileza fará prosperar o engano na sua mão;


no seu coração se engrandecerá, e destruirá a muitos que
vivem em segurança; e se levantará contra o príncipe dos
príncipes; mas será quebrado sem intervir mão de
homem. 26 E a visão da tarde e da manhã, que foi dita, é
verdadeira. Tu, porém, cerra a visão, porque se refere a
dias mui distantes. 27 E eu, Daniel, desmaiei, e estive
enfermo alguns dias; então me levantei e tratei dos
negócios do rei. E espantei-me acerca da visão, pois não
havia quem a entendesse. Não dá para detalhar aquilo
que na verdade forma milhares de páginas da história
interbíblica. Na visão de Daniel é dito não apenas a
respeito do poder de Antíoco IV Epifânio, de sua
sagacidade, prosperidade, como também de que o
mesmo seria derrotado por mãos não humanas. Ou seja,
em seu tempo os judeus não puderam destruir sua vida,
muito embora na revolução dos Macabeus suas tropas

121
Deus Absoluto

tenham sido derrotadas. Não se sabe ao fim como essa


figura do Anticristo morreu, apenas que morreu e
certamente foi Deus quem o fez. É dito a Daniel que
essas coisas se referiam ao tempo do fim ou as dias
muito distantes (26). Foram dias distantes para Daniel,
enquanto também prefigura dias distantes para o povo de
Deus hoje. Em 2 Tessalonicenses 2.5, o homem da
iniqüidade se levantará a tudo que se refere a Deus, mas
que será destruído pelo sopro de Cristo por ocasião de
sua vinda. Assim tudo está planejado por Deus. Todos se
submetem aos seus planos. Ele governa tudo e nada foge
de seu controle. Ele é Senhor.

Capítulo XI

122
Daniel 9
DEUS OUVE E ATENDE A SÚPLICA DE SEUS
SERVOS

O que pensamos quando acontecem coisas ruins


conosco? O que pensamos quando nos sentimos
assolados? E quando tragédias acontecem? E quando o
mundo parece desabar sobre nossa cabeça? O que
deveríamos pensar nesses momentos de grandes
transtornos? Seria Deus culpado pelo que passamos?
Teria Ele feito algum julgamento injusto a nosso respeito?
Neste mundo estamos sujeitos a passar por qualquer
dissabor, mas sejam quais forem as intempéries que
passarmos, tudo isso deve nos levar a um momento de
avaliação pessoal com respeito ao nosso culto e com
respeito aquele que é o alvo de nossa adoração.

123
Deus Absoluto

Devemos repensar a nossa aliança, o caráter de Deus,


como também o nosso estado diante dele.

Para agente lembrar

As terríveis visões despertaram em Daniel muitas


perguntas que precisavam de respostas urgentes. Tudo
que ele havia visto o levou a buscar a Deus de forma
desesperada para que tudo fosse esclarecido. Daniel já
estava a bastante tempo distante de sua pátria. Ele fora
exilado ainda moço com um grande número de israelitas
para a Babilônia. Ficaram tristes por muitos anos e nunca
entenderam porque aconteceu aquilo com eles. Deus era
o Deus todo poderoso, criador e Senhor de tudo, eles
eram seu povo e mesmo assim foram assolados
terrivelmente. Jerusalém era a cidade do grande Deus e
mesmo assim foi quase que totalmente destruída. O
templo onde eles ofereciam cultos a Deus foi derrubado.
Porque tudo isso havia acontecido, aqueles moços que
foram deportados nunca compreenderam. Porém nunca
desistiram de encontrar uma resposta. Foi assim que
Daniel chegou aquele lugar. Disposto a não pecar,

124
disposto a se santificar e também a compreender o
porquê de tudo.

Daniel, o homem dos livros, 2

Esse Dario aqui não é o mesmo do capítulo 6,


dizem os estudiosos que esse diz respeito a Ciro que
usou o nome Dario como uma espécie de título. Daniel
não era apenas o homem de oração, era acima de tudo o
“homem dos livros”. Essa é a primeira expressão
referente a Bíblia no Velho Testamento. Vemos por meio
dessa afirmação que Daniel era um homem de incessante
oração, mas também uma pessoa voltada e dedicada ao
exame da palavra de Deus. Esses livros certamente eram
pergaminhos que trouxeram de Jerusalém para o exílio.
Daniel e o povo os liam diariamente e podemos pensar
que os liam mais de uma vez por dia. Daniel entendia que
na palavra de Deus havia a resposta para todas as
calamidades pelas quais passava juntamente com a sua
gente. Como tem sido diferente em nossos dias. Como as
pessoas tem lido pouco a palavra de Deus. Como se
distanciam do caminho correto, caminho da paz e do

125
Deus Absoluto

entendimento. Hoje há pouca oração e pouco


conhecimento da palavra de Deus.

Daniel, o homem consagrado, 3-6

Nesses versos podemos entender de certa forma


como Daniel levava uma vida consagrada a Deus. Não
podemos supor que fosse dedicado apenas a oração
conforme consta no capítulo 6, precisamos acreditar que
era dedicado na leitura, mas, também a um propósito de
humilhação constante mediante, a oração, o jejum e o uso
do pano de saco e cinza. Daniel entendia a necessidade
de alimentar sua alma enquanto quebrantava sua própria
carne. Entendia que para buscar a Deus o espírito
humano precisa está preparado e isso se dava à medida
que ele suprimia os desejos de sua carne. Sua vida era
puramente espiritual, onde a matéria não tinha tanto
importância. Sua mente estava sempre no céu, não nas
coisas da terra. Era uma pessoa preocupada em entender
as coisas celestiais, assim como os planos de Deus que
se cumpria na história humana. Ele sabia que para buscar
e achar a Deus ele precisava se perder em relação as

126
coisas da terra. Como as pessoas hoje têm perdido o
ideal cristão de busca e consagração ao Senhor. Como
as coisas físicas e materiais têm atraído e fisgado a
atenção das pessoas para aquilo que é passageiro e
secundário em nossas vidas. Qualquer motivo é suficiente
para a rebelião e desobediência aos princípios da palavra
de Deus. Que Ele nos ajude.

Daniel, um homem consciente do seu pecado e da justiça


de deus, 7-16

Daniel ainda por cima era um homem justo em


relação ao seu próprio estado e em relação a própria
justiça de Deus. Apesar de tanta dedicação, consagração
e piedade, não se via mais que um mero pecador que
estava no exílio porque merecia estar assim. Era
consciente que não tinha do que se orgulhar diante do
altíssimo. Como Davi certamente entendia que o Senhor
era puro no seu julgar e justo no seu falar. Ele sabia e se
incluía no meio dos culpados, dos rebeldes, dos
insubordinados, de todos quanto se sublevaram com
respeito aos mandamentos de Deus. Ele era tão

127
Deus Absoluto

consciente do seu estado de pecado que afirma ser a


vergonha algo próprio deles, mas a justiça a Deus. Ele via
todos culpados diante de Deus. Reis, príncipes, pais, sem
exceção. Como a inconsciência tem tomado conta de
nossas mentes hoje. Como temos nos mantido
endurecidos, não aceitando o nosso erro e nossa culpa.
Como insistimos em procurar culpados para os nossos
erros também. Como o pecado tem tomado conta de
nossa vida a ponto de nos acostumarmos com ele e
querermos até justificá-los e convencermos outros de que
não estamos errados. Como temos andado de mãos
dadas com o pecado de maneira inseparável. Que o
Senhor nos ajude.

Daniel, um homem que esperava pela misericórdia e


compaixão de Deus, 18,19

Daniel, todavia somava as suas virtudes outras de


igual excelência não apenas no que concerne a qualidade
como também ao propósito. Ele cria piamente no amor de
Deus e na disposição do Criador em cumprir suas
promessas, mesmo para aqueles que pecaram

128
abundantemente. Daniel acreditava no amor resgatador e
perdoador de Deus. Ele cria não apenas em um Deus
justo a ponto de enviar Ele próprio seu povo para lugares
ermos, como também para reavê-lo, devolvendo-o para
sua terra. Daniel acreditava que Deus era fiel a suas
promessas e que o povo passaria apenas setenta anos
de cativeiro. Deus não iria castigá-lo para sempre, sua ira
não duraria a vida toda. Deus era compassivo e Daniel
não confiava em suplicar o seu favor fiado na sua própria
justiça e sim na misericórdia de Deus. Ele cria que Deus o
ouviria e perdoaria o povo. Daniel apela para o amor de
Deus para com seu próprio nome, para com o seu povo,
para com a cidade de Jerusalém. Deus é justo, sente ira,
mas também sabe amar e é pela sua graça imerecida que
vivemos. Nada que temos de bom é fruto de nossa
justiça, e sim da misericórdia de Deus. Precisamos
esperar no amor de Deus. Precisamos ser justos e ver
nossos erros, precisamos entender que sua justiça é
inviolável, mas que seu amor é também infinito.

Daniel, o homem amado por Deus, 20-23

129
Deus Absoluto

Daniel ainda orava e suplicava a Deus, quando o


Senhor envia seu anjo Gabriel levando para ele a
resposta de suas súplicas. Deus ouviu e atendeu suas
orações. Viu sua consagração e piedade, viu sua
consciência e sinceridade com respeito ao seu estado de
pecado, como do seu povo. O anjo se dirige a Daniel, o
mesmo das visões anteriores. Ele diz que assim que
Daniel começou a orar, o Senhor já havia escutado e já
havia expedido uma ordem para que Daniel fosse
esclarecido de tudo. O anjo se dirige a ele e o chama de
amado. Deus o amava, pela sua vida, pelo seu
testemunho, mas também por sua graça. Você tem
demonstrado com sua vida que é amado ou amada de
Deus.

Capítulo XI

130
Daniel 10
O MUNDO VISÍVEL E INVISÍVEL

Vivemos entre o visível e o invisível, entre o mundo


espiritual e o material. Vivemos rodeados por anjos de
Deus e por seres angelicais do mal. Os fatos terrenos tem
toda uma ligação com as ações desses seres no reino
invisível. Deus envia anjos para guardar e proteger os que
crêem nele (Sl 34.7). Somos impotentes diante de toda
obra que o maligno intenta contra nós nesse mundo,
porém, adquirimos força e resistência até a vitória
mediante uma vida de fé, busca e oração ao Senhor que
sempre nos guarda de todo o mal. Os governos terrenos,
as guerras mundiais, a mudança de sistemas, a ascensão
e a queda dos grandes impérios no passado como de
grandes governos no presente tem tudo a ver com as
interferências de forças superiores em nossa esfera.

131
Deus Absoluto

Existem dois mundos e duas forças agindo nesse e no


outro mundo. Essas forças, porém não estão empatadas.
O bem e o mal não estão empatados em poder e Deus e
o diabo não são duas pessoas que vivem a se digladiar
ganhando e perdendo cada um vez por outra. Deus e
apenas Ele é sempre vitorioso. O bem e somente ele
prevalece porque tudo coopera para que os planos de
Deus se cumpram nesse mundo e no outro. A vontade de
Deus é feita no céu e na terra. Apesar de tudo, existem
muitos que parecem não se aperceber dessa realidade.
Vivem uma vida cristã mesquinha, pobre, sem novidade
de vida, sem prudência e sem vigilância. Não se
permitindo progredir no evangelho.

A última visão de Daniel

1 No ano terceiro de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma


palavra a Daniel, cujo nome se chama Beltessazar, uma
palavra verdadeira concernente a um grande conflito; e
ele entendeu esta palavra, e teve entendimento da visão.
2 Naqueles dias eu, Daniel, estava pranteando por três
semanas inteiras. 3 Nenhuma coisa desejável comi, nem

132
carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi
com ungüento, até que se cumpriram as três semanas
completas.

Daniel já está velho, os anos passaram por sobre


ele, sobre as dinastias, e sobre os reis a quem serviu. Ele
cumpriu seu dever de zelar pelo nome de Deus em todo
esse tempo. Deus falou com ele sobre tudo o que iria
acontecer em seu tempo e em tempos que ainda não
vivemos. Deus se revelou a ele maravilhosamente através
de sonhos e visões. Agora o Senhor lhe dar uma última
visão no tempo de Ciro, último rei a quem Daniel serve.
Mais uma vez Daniel se prepara e quebranta seu espírito
em busca de uma resposta de Deus. Daniel se abstém de
comidas deliciosas como carne e vinho, se mantendo
apenas com o necessário e ainda derrama pranto por três
semanas. Daniel entendia que coisas espirituais
necessitavam de maior dedicação e consagração.
Entendia que o mundo espiritual tem forte gerência nesse
mundo e que para entender esse mundo imaterial é
preciso agir espiritualmente. Precisamos ficar atentos
para o fim de nossa vida, a respeito de como vivemos e o

133
Deus Absoluto

que fizemos em termos de nosso dever para com Deus


nesse mundo. Não é bom alguém chegar no fim da vida e
perceber que nada fez para o Senhor, nada fez para o
louvor de Deus e nada fez de forma recíproca em relação
as bênçãos de Deus.

CRISTO APARECE PARA DANIEL

4 No dia vinte e quatro do primeiro mês, estava eu à


borda do grande rio, o Tigre; 5 levantei os meus olhos, e
olhei, e eis um homem vestido de linho e os seus lombos
cingidos com ouro fino de Ufaz; 6 o seu corpo era como o
berilo, e o seu rosto como um relâmpago; os seus olhos
eram como tochas de fogo, e os seus braços e os seus
pés como o brilho de bronze polido; e a voz das suas
palavras como a voz duma multidão.

Veja o que diz Apocalipse 1.12-15 “E voltei-me


para ver quem falava comigo. E, ao voltar-me, vi sete
candeeiros de ouro, e no meio dos candeeiros um
semelhante a filho de homem, vestido de uma roupa talar,
e cingido à altura do peito com um cinto de ouro; e a sua

134
cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a
neve; e os seus olhos como chama de fogo; e os seus
pés, semelhantes a latão reluzente que fora refinado
numa fornalha; e a sua voz como a voz de muitas águas”.
Veja a semelhança de termos com Daniel 10.4-6. Esse
texto de Daniel é apenas um dos vários que traz uma
revelação da pessoa de Cristo no Velho Testamento.
Cristo apareceu muitas vezes ao povo de Deus no Antigo
Testamento, mas não como o Cristo encarnado no Novo
Testamento, nem com a missão de expiação. A aparência
semelhante dessas duas personagens não é
coincidência, mas algo real e proposital. Cristo esteve na
terra muito antes de Abraão. Esteve no principio, criando
todas as coisas e em conselho na trindade decidiu fazer o
homem a imagem e semelhança de Deus. Cristo esteve
no Antigo Testamento assim como o Espírito Santo.
Cristo sempre esteve com o seu povo, com seus
escolhidos em todo o tempo desse mundo. Esteve
encarnado apenas no período da plenitude dos tempos,
que era o momento no tempo de Deus escolhido para a
redenção de seu povo. Cristo sempre foi e é presente na
vida dos que temem e amam a Deus.

135
Deus Absoluto

Enfraquecido e fortalecido

7 Ora, só eu, Daniel, vi aquela visão; pois os homens que


estavam comigo não a viram: não obstante, caiu sobre
eles um grande temor, e fugiram para se esconder. 8
Fiquei pois eu só a contemplar a grande visão, e não ficou
força em mim; desfigurou-se a feição do meu rosto, e não
retive força alguma. 9 Contudo, ouvi a voz das suas
palavras; e, ouvindo o som das suas palavras, eu caí num
profundo sono, com o rosto em terra. 10 E eis que uma
mão me tocou, e fez com que me levantasse, tremendo,
sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas
mãos. 11 E me disse: Daniel, homem muito amado,
entende as palavras que te vou dizer, e levanta-te sobre
os teus pés; pois agora te sou enviado. Ao falar ele
comigo esta palavra, pus-me em pé tremendo.

A fragilidade humana é percebida quando do


contato e da aproximação da divindade. Quando Paulo
teve um encontro com Cristo na estrada de Damasco, tão
intensa foi a luz do fulgor da glória do Senhor que Paulo

136
ficou cego por vários dias. Os homens que estavam com
Paulo ouviram, mas nada viram, apenas Paulo viu e
ouviu. Aqui também acontece de forma parecida. Eles
não viram, mas, temeram e fugiram para tentar escapar.
Como Paulo Daniel também sentiu as conseqüências em
seu próprio corpo. Por alguma razão sobrenatural e
inexplicável a não ser pela incapacidade do corpo
humano de subsistir diante do que é santo e perfeito, não
se pode entender porque as forças fugiram de seu corpo
deixando-o quase moribundo. No verso 17 ele disse que
lhe faltou até o fôlego. Mas, a vida começou a surgir
novamente a partir do momento em é tocado por esse ser
celestial. No verso 18,19, apenas a voz desse ser já o
fortalece e lhe renova a vida. Na verdade a vinda desse
ser não é enfraquecê-lo, e sim fortalecê-lo, trazer-lhe a
resposta que seu coração almejou. Seu propósito era lhe
trazer o consolo e fazê-lo sabedor de que era amado por
Deus. Ao vir Deus a nós nunca traz em sua vinda o
propósito de nos destruir, mas dar-nos vida, todavia, não
subsistimos diante de sua glória e poder, daí, portanto,
necessitarmos de que nos fortaleça. Não devemos jamais
desejar ver a Deus ou ouvi-lo com nossos órgãos físicos,

137
Deus Absoluto

pois, não suportaremos e por essa razão nos deu a fé e


sua palavra.

Não é vã a vida de oração e consagração

12 Então me disse: Não temas, Daniel; porque desde o


primeiro dia em que aplicaste o teu coração a
compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são
ouvidas as tuas palavras, e por causa das tuas palavras
eu vim.

Já vimos em estudos anteriores que Daniel era


uma pessoa que priorizava a vida de oração e
consagração, o que deixa claro o entendimento de que
Deus tinha a primazia em sua vida em toda e qualquer
situação. Mais uma vez podemos perceber que Daniel
levava muito sério esse compromisso e que entendia que
questões materiais e espirituais devem tratadas mediante
uma busca espiritual através da devoção incessante. O
anjo lhe diz que desde o primeiro instante em que Daniel
resolveu buscar a Deus através da procura do
entendimento, através da humildade, suas palavras foram

138
de imediato percebidas e por elas o anjo havia vindo.
Muitos de nós não temos vida de oração vigorosa ou
fervorosa. Muitos de nós sequer entendemos a
necessidade de orar. Muitos podem até pensar que é
inútil orar e que Deus não está aí muito atento ao que
falamos. Precisamos entender, todavia, que Deus leva
muito a sério a vida de oração e consagração que um
servo ou serva sua tem como prioridade em sua vida. Em
Apocalipse no capitulo 5.8, é dito que João ver taças de
ouro cheias de incenso que são as orações dos santos.
Deus nos ouve e nos atende, considera seriamente a vida
consagrada de uma pessoa que vive vida séria e
compromissada com Ele.

A batalha existente além da nossa realidade

13 Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte


e um dias; e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes,
veio para ajudar-me, e eu o deixei ali com os reis da
Pérsia.

139
Deus Absoluto

Pelo relato do livro de Daniel percebemos que


muitas coisas acontecem distante de nossa realidade.
Que não estamos sozinhos e outros que não vemos e
nem podemos ouvir estão em nosso meio, no nosso
mundo e muito interessados em nossa vida. Essas
pessoas são anjos. São anjos de Deus que estão aqui
para nos guardar e abençoar, mas também anjos do mal,
que andam pela terra para espalhar terror e tentar destruir
a vida humana, afastarem-nos de Deus e nos levar para a
condenação eterna. Pelo relato do texto durante vinte e
um dias um anjo do mal que atuava no reino da Pérsia
resistiu, lutou de forma a atrasar a vinda do anjo até
Daniel. Como esses anjos lutam, resistem um ao outro,
não temos capacidade de explicar, mas algo sobremodo
elevado acontece de forma a serem travadas verdadeiras
batalhas. Também não temos entendimento claro para
concluirmos que existe um anjo do mal que reina sobre as
diversas regiões, países ou continentes do mundo.
Podemos apenas entender que existem anjos sim, uns do
bem, outro do mal, uns a serviço de Deus, outros a
serviço do diabo, mas que Deus sempre prevalece e
sempre vence.

140
Daniel é consolado

18 Então tornou a tocar-me um que tinha a semelhança


dum homem, e me consolou. 19 E disse: Não temas,
homem muito amado; paz seja contigo; sê forte, e tem
bom ânimo. E quando ele falou comigo, fiquei fortalecido,
e disse: Fala, meu senhor, pois me fortaleceste. 20 Ainda
disse ele: Sabes por que eu vim a ti? Agora tornarei a
pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que
virá o príncipe da Grécia. 21 Contudo eu te declararei o
que está gravado na escritura da verdade; e ninguém há
que se esforce comigo contra aqueles, senão Miguel,
vosso príncipe.

O anjo vem e sua vinda como suas palavras, são


um consolo e um bálsamo para Daniel. É dito a Daniel
que pela boca do anjo que Deus o ama, se importa com
ele e vê sua vida e sua luta na terra para que Deus seja
glorificado. Só a voz do anjo já o fortalece e ao ser tocado
por esse ainda mais se anima. O anjo veio a Daniel,
enfrentou oposição para que isso acontecesse, lutou para

141
Deus Absoluto

que isso fosse impedido, e diz ainda que vai enfrentar o


mesmo anjo da Pérsia na volta, mas, que sua vinda para
trazer a resposta de Deus era inadiável. Saber desse
esforço e dessa luta é algo consolador. Saber que Deus
envia anjos ainda hoje que nos guarda e nos consola
diante das mais diversas situações, como prova de que o
Senhor se importa conosco é algo maravilhoso, que
produz grande paz em nossa alma e traz grande
segurança em nossa vida. Pr Wellington

Capítulo XII

142
Daniel 11 e 12
O FIM ESTÁ COMEÇANDO

O Senhor revelou a Daniel não apenas aquilo que


estava para acontecer imediatamente após aqueles dias,
como também aquilo que apontava para tempos
distantes, para o período de perseguição aos judeus
alguns anos antes da vinda de Cristo, como para o
próprio fim desse sistema. Precisamos entender que tudo
que tem início com certeza terá um fim, e que são bem
vindos todos os esforços por retardar agora a
transformação do planeta em um lugar inabitável devido a
todas as transformações climáticas, na fauna, na flora, no
próprio solo e na própria vida. O fim virá porque Deus já
determinou isso e todo mal que se instalou nesse mundo,
e vitupera a vida dos que crêem em Deus precisa ser
destruído juntamente com os que o fazem. O fim virá e

143
Deus Absoluto

isso é inevitável, tornando totalmente diferente para


melhor a vida do povo de Deus. É o mal que será
destruído, é o pecado, e tudo que diz respeito a ele que
será aniquilado. O bem continuará e tudo o mais de bom
aos olhos de Deus. Precisamos esperar sem
especulações o que Deus fará ao fim. Precisamos confiar
e nos preparar para esse glorioso dia sem preocupações
com o que é efêmero, passageiro e por isso desprezível.
Nesses últimos capítulos de Daniel vemos a anunciação
de que o fim começou a acontecer e já faz bastante
tempo.

Conflitos entre os reinos dos homens, 11.1-45

Nós não pularemos o capítulo 11, mas faremos


apenas algumas considerações sobre ele. O capítulo 11 é
uma retomada, uma recapitulação mais detalhada de tudo
quando foi dito nos capítulos 7 e 8, já estudados por nós.
A diferença é que nesse capitulo 11 as palavras
substituem as figuras naqueles capítulos anteriores. Aqui
se fala mais e de forma mais clara o que iria suceder
naqueles dias em que impérios cairiam diante de outros

144
sucessivamente até a vinda de Cristo e a instauração de
seu Reino Eterno. Nesse capítulo vemos de forma mais
detalhadas todos os conflitos entres os diversos reinos,
com suas tramas, conspirações, onde vidas não valem
nada diante da ganância pelo poder, pela riqueza e pela
realização de projetos humanos. Vemos aqui o conflito
entre a Grécia e a Pérsia (11.1-4), de Ciro até a vitória da
Grécia com Alexandre O Grande. Vemos após a morte
desse a divisão do reino e novo conflito entre a Síria e o
Egito (11.5-19). Ptolomeus e Selêucidas se digladiam
incessantemente dizimando vidas sem nenhum pesar.
Vemos ainda a ascensão de Antíoco Epifânio (11.20-35),
que atormentará a vida do povo judeu nos anos 169-167
a.C e que prefigurará o Anticristo no Novo Testamento.
Por fim vemos a ascensão do Império Romano (11.36-45)
que dominará quase o mundo todo por muito tempo. Tudo
isso faz parte da história que aponta para o fim dos
tempos.

Tribulação, um sinal de que o fim está começando

145
Deus Absoluto

1 Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe,


que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá
um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que
existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo
livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito
no livro.

A tribulação é uma característica indelével na vida


e história do povo de Deus, seja na vida de Israel nação,
seja na vida do Israel de Deus (todos de todas as nações
convertidos a Cristo, incluindo judeus). Daniel vê essa
tribulação como sendo um sinal que o fim está
começando. Esse texto aponta não apenas para o fim do
período intertestamentário, que compreende o período
que vai de 400 até 1. A tribulação foi também a
característica da Igreja Cristã nos 4 primeiros séculos
depois de Cristo, cumprindo o que Ele já havia dito em
João 16.33. a razão de toda essa tribulação se encontra
no fato de o mundo não o aceitá-lo, por ser Ele alvo de
seu ódio, a sua Igreja também o seria. É dessa forma que
no capítulo 24 de Mateus Ele fala da perseguição e
tribulação judaica do ano 169-167 com Antíoco Epifânio

146
de maneira concomitante, incluindo nisso o fim dos
tempos que nos engloba hoje. Daniel vê o começo do fim,
talvez não tenha entendido claramente, mas vê, contudo
e apesar de toda a tribulação prevista, ainda vê auxilio e
salvação para o povo de Deus nesse período de
sofrimento. Cristo em Mateus 24, também nos consola
dizendo que esses dias serão abreviados por causa dos
eleitos, embora também nos advirta de que falsos
profetas, falsos mestres, operadores do engano surgirão
aos milhares nesse período da história do mundo. A
tribulação tem, todavia uma relação intrínseca ao homem
da iniqüidade assim como em Daniel, em Mateus 24, em
II Tessalonicenses 2 em Apocalipse 19 e é só após isso
que Cristo virá. Assim a Bíblia aponta para uma vinda de
Cristo pós-tribulacionista e não pré-tribulacionista como
muitos crêem erroneamente.

A ressurreição dos mortos, algo que só acontecerá no fim


2 E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão,
uns para a vida eterna, e outros para vergonha e
desprezo eterno.

147
Deus Absoluto

Daniel ainda contempla aquilo que é a maior


esperança da Igreja, porém o pior acontecimento para os
incrédulos vivos ou mortos. Daniel ainda observa que os
mortos retornarão à vida, mas isso só no fim de tudo.
Quando os planos de Deus se cumprirem e os dias de
existência que Ele deu a esse mundo se completarem,
então o dia da ressurreição chegará. Todos verão que
não foi vão crer na verdade da palavra de Deus e esperar
pelas suas ricas promessas. Adjetivar tais momentos fica
impossível para qualquer um de nós. Serão momentos
inefáveis, gozos indizíveis, sentimentos inexplicáveis e
um estado inexpressível através de palavras. Com a
ressurreição advirá o último julgamento para todos. É por
isso que Daniel é bem claro ao dizer que para uns a
vergonha e o desprezo será a única herança que obterão.
A mesma coisa Jesus diz em João: “5.29 os que tiverem
feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem
praticado o mal, para a ressurreição do juízo“ e João
também vê esse momento: “Ap 20.13 O mar entregou os
mortos que nele havia; e a morte e o hades entregaram
os mortos que neles havia; e foram julgados, cada um
segundo as suas obras”. É essa ressurreição que faz

148
valer a pena seguir ao Senhor apesar de toda a tribulação
prevista e anunciada nas Escrituras, sendo por isso digno
de toda ojeriza aqueles que dizem que ela não existirá (I
Cor 15).

Os sábios serão os que no fim serão salvos

3 Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o


fulgor do firmamento; e os que converterem a muitos para
a justiça, como as estrelas sempre e eternamente.

Quem será salvo? É nessa pergunta que milhares


de milhões vêm tropeçando no decorrer dos tempos. Uns
não conseguem ver do que ou de quem precisam ser
salvos, outros não conseguem enxergar que são
incapacitados de salvarem a si mesmos, e recusando o
evangelho, vão tentando por si só chegar ao céu e
quando acordam se vêem no inferno em chamas. Daniel
via que muitos serão salvos e como eles chegariam a ser
assim. Ele via que os sábios resplandeceriam na sua
salvação como o fulgor do firmamento. Esses sábios são
aqueles que crêem em Deus, no evangelho, na justiça de

149
Deus Absoluto

Deus mediante a morte de Cristo, na suficiência de Cristo


para perdoar seus pecados e na incapacidade humana de
salvar-se. Os sábios são os que temem a Deus (Pv1.7).
Algo, porém tremendo é dito nesse texto sobre os salvos:
eles converterão muitos a justiça. Os salvos precisam
levar outros a salvação e segundo Daniel e isso é uma
característica deles, é o resplendor que os envolve
porque eles se preocupam com a salvação de outros
também. Você já pensou nisso? Que são os salvos e não
outros, os que se preocupam com os que ainda não são?

A perseverança dos salvos em continuar fiéis e a


obstinação dos ímpios em permanecer no erro, 4-12

4 Tu, porém, Daniel, cerra as palavras e sela o livro, até o


fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e
a ciência se multiplicará. 10 Muitos se purificarão, e se
embranquecerão, e serão acrisolados; mas os ímpios
procederão impiamente; e nenhum deles entenderá; mas
os sábios entenderão. 11 E desde o tempo em que o
holocausto contínuo for tirado, e estabelecida a
abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa

150
dias. 12 Bem-aventurado é o que espera e chega aos mil
trezentos e trinta e cinco dias.
O anjo ordena a que Daniel encerre o registro
dessas revelações, acabou, nada mais há para ser
revelado, é o fim. Daniel fica perplexo e não entende
ainda tudo quando está acontecendo. O ser humano
ainda estará em plena atividade e a ciência se
multiplicando quando o fim chegar. O sistema humano
estará em perfeita atuação, mas, sem atentar para o
momento final de todas as coisas. Daniel pergunta ao
anjo quando isso vai acontecer e a resposta do anjo não
nos deixa indícios para uma conta exata, através da qual
se possa datar o fim de tudo. Dois tempos, um tempo e
metade de um tempo, interpretados por muitos hereges
como tendo sido encontrado anos no século XIX e outros
chegaram a somas de anos no XX. Todavia não nos
compete saber datas ou anos que Deus reservou pela
sua exclusiva autoridade. Calvino interpreta esses termos
como se referindo assim: “o significado é muito simples.
Um tempo significa um período longo, dois tempos, um
período mais longo ainda, e metade de um tempo
significa o fim, ou o período final. A soma de tudo isso é

151
Deus Absoluto

que muitos anos devem decorrer antes de Deus cumprir o


que o profeta declarou...” (João Calvino, comentário de
Daniel). Durante esse tempo e é por causa desse tempo
que o povo de Deus terá a oportunidade de se purificar
mais, de serem embranquecidos e provados. Esse templo
é para o povo e por causa do povo de Deus. Eles
pacientemente esperarão por esse grandioso dia. Se
necessário mais dias serão acrescentados até que se
cumpra a palavra de Deus através do seu servo.
Enquanto mais tempo melhor será para os santos e pior
para os ímpios. Todo esse tempo será para os perdidos a
oportunidade de se perderem ainda mais e de
continuarem sem suas obras más e reprováveis por Deus.
Entenda que a aparente demora da vinda de Cristo e da
consumação de todas as coisas, não é para
esmorecimento da igreja, mas, para ânimo, consolo e
oportunidade dela se santificar mais para o seu Senhor.
Que Deus nos abençoe nesses tempos finais da história
humana.

152

You might also like