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UUNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS error Jaime Aro Ramee VieeRerona Sanda Regia Goular Almeida EDITORA UEMG Dinrtox Fave de Lemos Casslade WieeDinston Roberto Alerandce do Carmo Said CONSELHO EDITORIAL Pv Laos Carle rasioea) ele Cardoso de Menezes lear de Campos Valadaes Sousa Pana Henri LEFEBVRE ESPACO E POLITICA 0 direito a cidade MARrcariDA MARIA DE ANDRADE. PEDRO HENRIQUE DENSKI SéRG1o Martins | Teadugio 2 ediglo revista e ampliada Belo Horizonte Editora UFMG 2016 Las9dPa Séqpo Martins. = 2 ed. exe ampl.— UEMG, 2016 “Tiadusio de: Espace et politique: le droit la Incl ibigri Db: 101 cou 1 bora pla Boca Pofsso Anno Luis Pao - AFICH-UFMG. DIRETORA DA COLEGO His Mara Mage! Sali CCOORDENACKO EDITORIAL Mel Gamma ASSSTENCIA EDITORIAL Fiat Sos DIRENOS AUTORAS Sara argue de Lima e PREPARACAO DE TEXTOS ec Rondon eta Femander ImOJETO CRC ci eels de Mio Clu Carp FORMATACIO Eon parr de Gliria Campos — Manga IMAGEN DN can Daren DE CAPA ED. Rafal China PRODUCAO GRAFICA Warren Marlac EDITORA UENG ReAmino Clon 6627 1 cap rps Panpula 3127050 95531 3405-4650 | fag o55 wweedoriulgcombe | 3409-47 editors@ulmg be SUMARIO PREFACIO A TRADUGAO BRASILEIRA NOTA A SEGUNDA EDIGAO INTRODUGAO OESPAGO REFLEXOES SOBRE A POLTICA DO ESPACO A CIDADE E O URBANO ENGELS E A UTOPIA AS INSTITUIGOES DA SOCIEDADE “POS-TECNOLOGICA” ABBURGUESIA E © ESPAGO. A CLASSE OPERARIA E © ESPACO- NOTAS ANexo HENRI LEFEBVRE E © PROJETO UNIVERSITAS 21 37 7 75 83 7 133 149 161 173, sda, vmado em rod 2s amplituds, apy ae aropiano (para nao dizer pejorativament; no se deve incui-lo nos imperativos, A Jos lanes, ptojetos OBAMAS? Os Custos po, come se ym rbitantes, sobretudo se contabilizados nos dem pare gistrativos ¢ burocraticos atuais, colocandovos, imate pl, nas contas das “comunidades locals”, Sbvg er que rofundss modiicagbes mas PrOprias relagbes so- vary tuo modo de producio), pode permitir a entrada, na pri. sn do dircito& cidade ede alguns outros direitos do cidadio cdo homem, Um tal desenvolvimento supde uma orientacio do crescimento econdmico, que nio mais conteria em si sua fnalidade”, nem visaria mais a acumulagio (exponencial) O direito rece hoje £0! ‘topista E enteetant Or por si mesma, mas serviria a “fins” superiores. Enquanto se espera pelo melhor, pode-se supor que os custos soxiais da negagio do direito & cidade (e de alguns outros), admitindo-se que se possa contabilizé-los, serio muito mais elevados que os de sua realizacio. Estimar a proclamagio do dircito cidade mais “realista” que seu abandono nio é um paradoxo. E certo que (implicitamente) este pequeno livro, € os que 0 :companham ov o sucedem, nao anula os precedentes, sno de forma diléica: ele os retoma tentando situd-los num nivel mais elevado, Discursos de um certo tipo (analitico) se transforma aqui em discursos de um outro tipo, presumidamente superior Os conceitos, outrora situados nos espagos abstratos, POray® Imerias, se stuam agora nos espacos sociais e em relasio ‘stratégias que se desenvolvem e se confrontam planetarit mente. mental nio pode se separar do social, ¢ 56 0 foi Cae eas Na lost cise, ove oat, less aneciam fora um do outro, uM Be dade juntavam nos abismos do Absoluto, da | Sriginal ou termi ve ree" ontram na pritica; inal. Hoje, © mental e o social 10 espago concebido e vivido. % aia 0 ESPACO 1. O que sera exposto situa-se no nivel te6rico. Vai na di- regio da filosofia, embora nao da filosofia especulativa, dog- mitica e sistematizada. Dessa filosofia classica, mantém-se a preocupagio de definir perspectivas ¢ conhecimentos a escala global. Como esses conhecimentos no se encontram mais se- parados da pritica, trata-se de metafilosofia. Poder-se-ia dizer que esta exposigio é “interdisciplinar”, no sentido de uma critica das disciplinas parcelares. Ela evita co empirismo descritivo, mas nao recusa conceito operacional. Ao contrério, tentaré mostrar como determinado conceito operatério coloca questdes: “por qué? para quem? no inte- resse de quem?” 2. Existem varios métodos, virias abordagens no que con- cerne a0 espago, ¢ isso a diferentes niveis, de reflexcio, de re- corte da realidade objetiva. Por exemplo, pode-se estudar 0 ‘que alguns denominam biétopo; pode-se estudar 0 espaco per- cebido, a saber, o da percepgio comum a escala do individuo de seu grupo, a familia, a vizinhanga, ai compreendendo o que se chama “o ambiente” (Umuvelt'), Esse estudo psicolégico e sociolégico pode se apoiar no, corpo € nos gestos, na imagem do corpo e no espago da vizi- rhanga. Alguns desses aspectos, como, por exemplo, as questes concernentes & lateralizagio do espago, interessariam & arqui- tetura e a urbanistica. Como af distinguir ou indicar simetrias, constrvir uma esquerda € uma dieia, 52 Como af eta erespondendo a0s gestOs, 20s movi. dissin 7 ym alto eum baixo, Pp imos do corpo? eer emantica dos discursos sobre oes Posies cabot We também uma semiologia do espago, pac. Poder seis ty geal. Todo espaco € significante? Em pare deo “aud? Mais pessamente, odo espaco ou fag. seria um texto soca erp con evento especfins sto 6 eseritos: inscrigbes atincios wows De sorte que € preciso ou Feencontrat, OW CONStEUi oF Saigo dessas diversas mensagens para decifré-lns. ‘Nowa perspectiva, 0 xpago aparentemente insignificant, cou sia, neuto, no sigificaria de inicio sua insignificancia, seu anit, vazo, em seguida, através dessa neutralidade, desse avi aarene alguna coisa no nivel da sociedade intra, isto é,da sociedad neocapitalista? Nesse nivel, nto seria a propria | tunidade dessa sociedade, sua globalidade, que apareceriam no | seio de tal “realidade” espacial aparentemente disjunta € sepa-| ada, por exemplo, uma cidade nova? 3. 0 interesse teérico geral dessas pesquisas, a gestual € a lateralizagio do espago, a semiologia ¢ a leitura dos espa- 605, €0 de mostrar como e por que, hoje e agora, os sentidos tornam-se imediata e diretamente tedricos, como disse Marx (Manuscritos de 1844) Ns Perspectiva, a relagao da teoria com a pratica 130 ic uma abstragio transcendente a uma imediatidade 04 4 um “conereto” antes fin “conerero” anterior. A abstragio tedrica jé esta no Com eto. E preciso af reve er la. No seio do espaco percebide |88e encontra 0 espago tedrico e a teoria do esas?” 4. Um mé im método preter v - i eo sapor OdoPretensamentecenifico consist em Por tum sistema e uma légi 5 afirma qu ma € uma ldgica preexistentes; tal métod? 0 objeto ex tudado deve situar- io de uma trie Pressupostn, uar-se no seio nia setem odirto — um stema yoy de postular um sistema j exstet® } OU um sistema espacial, ou um sistem u uurbano, por exemplo ~ para nele inserit elementos parciais ‘cui racionalidade (ou irracionalidade) derivaria dessa suposi- ‘gio, seria deduzida do conjunto, Nao se tem mais o direito de pressupor um sistema social ou politico, tedrico ou ideolbgico, assim como nio se pode pressupor uma légica preexistente. Com efeito, isso significaria atribuir a esta sociedade, a socie- dade neocapitalista, uma coeréncia ja alcangada, uma coesio jf eferuada. Se ha sistema, € preciso descobri-lo e mostré-to, a0 | invés de parti dele. Se partirmos de tal hipétese, instalamo-nos ‘numa tautologia dissimulada, pois nao faremos mais que de- duzir as consequéncias da pressuposicZo. Assim também para 1 l6gica. Se em alguma parte existe uma légica, e mesmo uma logica concreta (por exemplo, a de uma estratégia), também & preciso descobri-la, especifici-la no que difere desta ou da- quela outra légica concreta. Supé-la, admitindo, por exemplo, tuma légica do capitalismo, uma légica da mercadoria, uma légica da sobrevivéncia, é raciocinar por analogia com tal dé- ‘marche jé efetuada, visando a coesio e supondo té-la atingido. Por que este preimbulo? Porque é pos que 0 espago desempenhe um papel ou uma fungio decisiva no estabeleci- ‘mento de uma totalidade, de uma I6gica, de um sistema, pre- cisamente por isso nao se pode deduzi-lo desse sistema, dessa Logica, dessa toralidade. E preciso, ao contritio, mostrar sua fungio nesta perspectiva (pratica e estratégica). 5. Do mesmo modo, se ha um “ponto de vista de classe”, € impossivel metodologicamente partir dele; é preciso chegar a ele. Partir do “ponto de vista de classe” e pressupd-lo, a maneica de um sistema oposto ao sistema existente, é rejeitar © saber existente como integrante do sistema ¢ construir um outro “sistema” sobre a recusa dese saber, e, nio obstante, utilizando seus elementos, seus fragmentos, sua terminologia, suas palavras e seus conceitos. Aqui ha um dilema: se estamos encarcerados num certo sistema, nossas palavras e nossos conceitos fazem parte dele. © projeto de quebré-lo teérica praticamente é vo. Se houvesse um tal sistema, tio forte, t3o » pe ans supser, 0 ProtestOC1 CONEMAGIg esaie de um sistema de classe ara. um ae ica a ideia de polar de um dog. Jasse, ele impli se salto verdadeiramente prodigioso, es to, de uma problemi our m0 pare portant Se a saa nao parte de uma definigio particular, nig pee itica indefinida e muito geral que se ‘mais que de uma problems sei problema do espaco, Contudo, nose Pde a questo: segue oespago?™ Qustao que se colocaria a0 matemitico ou ralver, a0 merafisico. Que nao paire mal-entendido a este sepa, Non, rate do espago vvido,vineulado 8 pra tie social, A problematica que se coloca a partir desse espago ‘compreende um conjunto de problemas parciais que tem um “espacialidade”. ica de- 4. qual éoestatutote6rico da nogZo de espago? Qual éa relacio entre 0 espago mental (percebido, concebido, representado) e 0 espaco social (construido, produzido, projetado, portanto, notadamente o espago urbano), isto entre o espago da representagio e a representagio do espago? . qual é a insergio do espaco (representado, elaborado, Construido) na pritica social, econdmica ou politica industrial ou urbana? Onde e quando a concep¢io 40 Fee, ti? Quando cla se mostra efieaz € em au limites? sia 50 Se quiseselevar a andlise 20 limite, u™ 08 fandaments gn Hsia e iquela da reflextio SOO 0 pesquisa woheg "atematica. Toda definigao do esP3s° 0 minimo, pang wn PSs implica um conceito de esPa6" “sunclar e classficar as proposigdes. Nes problematica, oespago é um "puro” objeto de cigneia. No que concerne ao “vivid”, 0 espago nunca é neutto e “puro”. O {que jd coloca uma distincia entre a problemitica do espago vivido ea do espago epistemolégico, posto como neutro. tia do espago vivido & um aspecto impor- de um conhecimento da tealidade ur- Desse modo, a problematica do espago pertence & teoria do urbano e & sua ciéncia e, por conseguinte, a uma problem tica ainda mais vasta, a da soviedade global. Para n6s, aqui, tum viés ou um front pelo qual se pode abordar um conjunto de questbes, Entre essas questées encontram-se as colocadas mais acima estas: 4. encontramo-nos num conjunto fechado, num sistema estabelecido, de tal modo que sua forga recuperadora sejairresistivel até seu desmoronamento em bloco? Se é que ele pode desmoronar de fato. b. existe saida, abertura, passagem, possibilidade de uma transigao, seja pela ago, seja pelo pensamento e imagi- nagio, seja por ambos? 8. Primeira tese ou hipstese. O espago &a forma pura, a transparéncia, a inteligibilidade. Seu conceito exclui a ideo- logia, a interpretagio, o nio saber. Nessa hipétese, a forma pura do espago, desembaragada de todo contetido, (sensivel, material, vivido, pritico) é uma esséncia, uma ideia absoluta analoga a0 niimero platdnico. A filosofia cartesiana, ¢ mesmo a critica filoséfica kantiana, conservam essa nogio. Consi- derando que a légica constréi espagos de atributos, que os cientistas consteoem espagos de configuragdes com um certo inimero de variveis e parimetros, o espago se apresenta como coeréncia e modelo de coeréncia. Ele articula social eo mental, © tedrico € pratico, o ideal eo real. a 0s conceitos se localizam, situam-se com seu encadea. ss no seio do espaco intelectual, do mesmo modo que ment fcr individuos no espago efetivo, so. (08 objetos, 05 grupos; o $F ‘Galmente realizado. O que permite a redugao prévia do caos fenroménico. "A matemstica de um lado, e do outro a filosofia (a feome- nologia e,sobretudo, a epistemologia),resgatam essa essencia- lidade, ou, mais exatamente, a estabelecem ¢ a constituem. A coeréncia do discurso se desenvolve no espago mental, que a garante. A epistemologia define uma topia (ou se define por ela),a saber, um conjunto de lugares ¢ de percursos, topologia abstrata e geral completada por uma topologia de existéncias cconeretas. Eis alguns exemplos. A lingufstica de Chomsky implica um conceito do espago. Assim, quando ele declara que existe um nivel linguistico no qual nao se pode representar cada frase simplesmente como a sequéncia finita de elementos de um certo tipo, engendrada da esquerda para a direita por algum mecanismo simples, mas que é preciso descobrir um conjunto finito de niveis ordenados de alto a baixo.? Sabe-se que a psicanilise define um ou varios t6picos, por ‘exemplo, 0 “id”, 0 “ego”, 0 “superego”. Procurando 0 ser tido do discurso filos6fico, J.-M. Rey escreveu: 0 sentido se dé como o poder legal de substtuir os significados a cadeia horizontal, no espago de uma cocréncia regulada ulada de antemao.F ness espago centrado, teoldgico, onde @ umplicidade do significado jd se encontrava estabelecida, é ai que © sentido sempre precede a si préprio Corpus, recorte, montagem, esses termos espaci ‘ou metaféricos, epistemologia.® agrupamento, localizagio, ', considerados nao como metafisicos ‘mas como rigorosos, si '2s como rigorosos, so de uso corrente na 2 Objecdes: esa hipstese implica a liquidagio do tempo his- t6rico, como do tempo vivido e, aliss, de uma maneira dk gual (muito mais em M. Foucault que em G. Gusdorf, por fexemplo). Ela comporta igualmente uma tendéncia para a “cientficidade” abstrata, para o saber “absoluto” constituido por um inventirio do passado (filosofia, ideologias, literatura exc.) e inscrito no espaco atual. Essa teoria do espaco nao fica s6 no terreno epistemo- légico; ela 0 ultrapassa de uma maneira que merece ser men cionada. Alguns arquitetos ainda se veem como os senhores do espago que concebem e realizam. Eles se vem ou se fazem ver como os demiurgos capazes de operar, na sociedade, sua concepgio e sta definigdo de espaco. O demiurgo platdnico fencarnou, na matéria, os niimeros € as proporgdes, as ideali- dades transcendentes. Esse espago tem as seguintes caracteris~ ticas: vazio e puro, lugar dos niimeros ¢ das proporgdes, por exemplo, do ntimero de ouro; ele é visual, por conseguinte, desenhado, espetacular; ele se povoa tardiamente de coisas, “ na medida em que esse espago demitirgico tem uma justificagao, ele se avizinha do espago abstrato dos filésofos, dos epistemslogos. Sua confusio nio ‘ocorre sem riscos, Repitamos que 0 maior perigo ¢ a maior (0 6 evacuago do tempo concomitantemente histérico 9, Segunda hipstese. O espago social & um produto da so- ciedade, constarivel e dependente, antes de tudo, da cons- tatagio, portanto, da descrigdo empitiea antes de qualquer teorizagio. De que ele resulta? Para uns, de uma certa histéria, de um passado, geral ou particularizado, Para outros, de diversas ati- vidades, por exemplo, agricola, artesanal, industrial ete. Em ‘outras palavras, o espago resulta do trabalho e da divisio do trabalhos a esse titulo, ele € lugar geral dos objetos produzidos, © conjunto das coisas que 0 ocupam ¢ de seus su efetuado, objetivado, portanto, “funcional”, 4a aque se tire dessa hipstese, vo, ou melhor, a objetivagao do social e, ido mental. Para conhecé-lo, é imprescin- jescritiva, Uma forma se desprende ou se mento descobre qualquer que seia a conclusio fo espaco é 0 objet consequentemente, divel a démarche d ‘constrdi a partir dos contetidos que o conheci aarecorta, Ele €conhecido ao ser reconhecido, seja de uma raneira experimental, ja pela abstracao cientifica metodo- logicamente elaborada. "A maioria das descrig&es analiticas ou criticas, sobretudo do espaco urbano, dependem dessa hipétese, mal esclarecida ‘como tal esobretudo mal confrontada com as outras hipéteses, te6ricas. 10, Terceira hipétese. O espaco nao seria nem um ponto de ppartida (ao mesmo tempo mental ¢ social, como na hipérese filosofica), nem um ponto de chegada (um produto social ou ‘0 lugar dos produtos), mas um intermedidrio em todos os sentidos desse termo, ou seja, um meio € um instrumento, um ambiente e uma mediago, Nessa hipétese, 0 espago é um instrumento politico intencionalmente manipulado, mesmo se a intengio se dissimula sob as aparéncias coerentes da fi- sgura espacial. E um meio nas maos de “alguém”, individual 01 coletivo, isto é, de um poder (por exemplo, um Estado), de uma classe dominante (a burguesia) ou de um grupo que tanto pode representar a sociedade global, quanto ter seus r6prios objetivos, como os tecnocratas, por exemplo. Dai as saat = clocam nest potest: “Quem poss al Poser cee ease? E por qut?™ Nessa hips, a te dora bef sempre serviaa una eat sendo oa e concreta, pensada e desejada, isto ‘Um tal espa enquanto instrumento, ele pode reagit sobre 0s pov. voamentos pre histricos, Preexistentes, a saber, os povoamentos “4 Enquanto mediagao, um tal espaco instrumental permite tanto impor uma certa coesio (pela violéncia), quanto diss mula as contradigGes da realidade (sob uma aparente coeréncia racional ¢ objetiva). Aqui, 0s termos “coesio” e “coeréncia” significam regulacio buscada, pretendida, projetada, o que nio ‘quer dizer obtida ‘Aeesse titulo, essa hipétese implica uma ambiguidade, uma inclusio dissimulada do saber no ideoldgico € da ideologia no saber. O espago, assim definido, serve de mediagao entre esses termos, ‘Um tal espago é a0 mesmo tempo ideol6gico (porque poli- tico) e saber (pois comporta representagdes elaboradas). Pode- “se, por conseguinte, denominé-lo racional-funcional, sem que tais termos possam separar-se, e funcional-instrumental, pois a fungao, no quadro global da sociedade neocapitalista, im- plica o projeto, a estratégia. [Nessa hipétese, repitamos, o espago, ao mesmo tempo fun- cional e instrumental, vincula-se 4 reprodugio da forga de trabalho pelo consumo. Pode-se dizer que ele € 0 ambiente € ‘0 meio, a0 mesmo tempo, de uma organizagao do consumo no quadro da sociedade neocapitalista, isto é, da sociedade burocritica de consumo dirigido. Em verdade, a aparente fi- nalidade da sociedade, 0 consumo, se define pela reprodu- io da forga de trabalho, ou seja, das condiges do trabalho produtivo. ‘As cidades seriam tio somente unidades de consumo corre- latas as grandes unidades de produgio. Pode-se dizer que essa hipétese reencontra, & sua maneira, a teoria da falsa consci- ncia, ja mencionada, a propésito da segunda hipétese. De acordo com ela, haveria: a. uma consciéncia verdadeira, a da classe operdria, a0 ‘menos como consciéncia possivel, representada pela filosofia (cf. 0 pensamento bem conhecido de G. Lukas}; 45 , aessa conscié almente verdadeira dla totalidade, ncia, total a i ora consciéncia falsa, a da DUTEUsia, 4 as ressuposig des, Joseph Gabel” desenvolvey are eee segundo a qual aespacializagio caractetizaq vTalsconsciéncia”, uma falsaconsciéncia mérbida, ado “Tenado(esquizoide caso-limite da representagio fala, ss espago sera o lugar da reifcagio, um lugar fora do tempo fora da vida eda praxis, Nessa perspectiva, por onsepuinte, 0 espago instrumental teria uma “fungio specifica". No lugar de definir a inteligibilidade (pri- teia hipétese), ele definiria a realizagio-reificagdo das selagde soca, 2 mesmo tempo que a falsa consciéncia dessas relagSes. Ateoria do espaco mental inteligivel se opde a do espago social como cilada. A teoria do espaco inteligivel e do primado (filos6fico) do espago se opde 0 primado do tempo. Acilada na qual a burguesia eaptura a classe operiria acaba sendo, no limite, sua prépria armadilha: espaco doentio ou ‘espaco de doenga social. De todo modo, nessa hipétese 0 es ago nio seria uma representacZo inocente, mas veicularia as rotmas ¢0s valores da sociedade burguesa ¢, de inicio, o valor de troca e a mercadoria, isto 6, o fetichismo, e No limite, no ‘hd mais exatamente ideologia, mas somente falsa consciéncia, ‘com os discursos que ela engendra, Objegdes: essa vinculagao & eu iets: 89 vinculagdo& producto, do espago em geral eso 80 utbano em particular abrange somente a tepro- teaballa atts dt produ, dos quais faz pare a forga de HI coat hipéteseconvém a0 capitalism do século 7 so cpialimo onsorrencial, exjo problema principal ir materialmente seus meios de produgio (ma- auinas e forsa os — or e trabalho) ¢ permite @ consumo dos pro- Sacer otha to meteado. Sistema contraual (0 digo penal quae 4 ico (0 cédigo civil e 9 cO- ‘vam para assegurar, com a venda da “ afd forca de trabalho, essa re-produgao dos meios de produgio. £ claro que nessas condigdes 0 espago era, entio, simplesmente funcional e instrumental. A cidade tradicional tinha, entre ou- tras, essa fungio de consumo, complementar & produsio. Mas ‘a situagio mudou: o modo de produgio capitalista deve se de- fender num front muito mais amplo, mais diversificado e mais, complexo, a saber: a re-producio das relagdes de produc Essa re-produgao das relagdes de producio nao coincide mais coma reproducio dos meios de produgio; ela se efetua através da cotidianidade, através dos lazeres € da cultura, através da escola e da universidade, através das extensdes ¢ proliferagies da cidade antiga, ou seja, através do espago inteiro. 11. Quarta hipstese. Nao se pode dizer que 0 espago seja um: produto como um outro, objeto ou soma de objetos, coisa 01 colegio de coisas, mercadoria ou conjunto de mercadorias. Nio se pode dizer que se trata simplesmente de um instru- mento, 0 mais importante dos instrumentos, 0 pré-suposto de toda producio e de toda troca. © espago estaria essencial- mente ligado & reprodugio das relagoes (sociais) de produ- <0. Noutras palavras, essa teoria envolve a terceira hipétese levando a anilise mais longe, modificando-a um pouco. Para compreendé-la, € preciso tomar como referéncia a reprodu- io das relagdes de producio, e no a produgio no sentido restrito dos economistas, isto é, o processo da produgio das coisas ¢ de seu consumo. Portanto, 0 espago da produgio, nesse sentido amplo, implicaria e conteria em si a finalidade ‘getal, a orientagio comum a todas as atividades na sociedade neocapitalista. © espago seria, desse modo, uma espécie de esquema num sentido dinamico comum 3s atividades diversas, as trabalhos divididos, a cotidianidade, as artes, aos espagos efetuados pelos arquitetos e pelos urbanistas. Seria uma re- lagio e um suporte de ineréncias na dissociagio, de inclusio ha separacio. Seria, portanto, um espago a0 mesmo tempo abstrato-con- creto, homogéneo ¢ desarticulado, que se deveria reencontrar ” as cidades novas,_ na pinturay Ma escultura e na arquitetura, ce também no saber. cisemos bem ¢ inst papecoee ¢ desarticulado. Trata-se da produgao no vendo amplo: producio de relagdes sociais e re-producio de deerminadas rlagoes. E nesse sentido que 0 espago inteiro orna-se o lugar dessa reprodugio, af incluidos 0 espago ur- tpano, os espagos de lazeres, 0s espagos ditos educativos, os da cotidianidade ete. Essa reprodugao se realiza através de um esquema relativo & sociedade existente, cujo carter essencial & ser conjunta-disjunta, dissociada mantendo uma unidade, a do poder, na fragmentagio. Esse espago homogeneo-fraturado io é somente o espaco global do planejamento ou 0 espaco parcelar do arquiteto e dos promotores imobilidrios, é também 6 espago das obras de arte, por exemplo, 0 do mobilidrio e do design. Eo estetismo que unifica os fragmentos funcionais de um espago deslocado, realizando assim seu carter homogéneo e fraturado. Esse espago, homogéneo e contudo deslocado, recortado € entretanro ordenado, desarticulado e todavia conservado, é 0 espago onde o centro, explodindo, se enrijece, por exemplo, ‘nos centros comerciais, lugares onde o monofuncional perma- rece a regra, mas com um cendrio e um estetismo no funcio- nais, com simulacros de festas e uma simulagao do hidico. & ‘© espaco onde a conexio coercitiva se efetua por meio de um eae ‘is partes deslocadas: 0 espaco, ao mesmo. Telomere onstrangedor das penis os » onde os cortigos, as favelas, as cidades de ur ‘completam os subiirbios residenciaiss cong esidenciais; onde istamos sobre essa andilise de um es. spago toda espécie de discursos, 4 Stine valores “culturais”, ‘i Os lugares de lazer i min pee : assim como as cidades novas, sio dis- malho © “livres”, Mas eles encontram-se imterpretagdes, ideologias € isticos ete, “ _ fa ligados aos setores do trabalho no consumo organizado, no consumo dominado. Esses espacos separados da produgio, ‘como se fosse possivel ai ignorar o trabalho produtivo, sie os lugares da recuperagio. Tais lugares, aos quais se procura dar um ar de liberdade e de festa, que se povoa de signos que iio tém a produgio e o trabalho por significados, encontram- “se precisamente ligados ao trabalho produtivo, E um tipico exemplo do espago a0 mesmo tempo deslocado ¢ unificado. Sio precisamente lugares nos quais se reproduzem as relacbes de produgio, 0 que nao exclui, mas inclui, a reprodugio pura ‘esimples da forca de trabalho, Tudo isso se Ié nesses espacos, emba- mas com dificuldades, pois 0 texto € 0 contexto est ralhados (como num rascunho). O que se Ié com dificuldades se concebe claramente se se parte do conceito do espago, de tum lado desarticulado e separado, ¢ de outro organizado € re-unido pelo poder. ‘A esse espaco, cujas “propriedades” situam-se na articulagio da forma e do contetido, corresponde um tempo que tem as :mesmas “ propriedades”. O tempo, bem supremo, mercadoria suprema, se vende e se compra: tempo de trabalho, tempo de consumo, de lazer, de percurso ete. Ele se organiza em fungi do trabalho produtivo e da reprodugio das relagies de produgio na cotidianidade. © tempo “perdido” nao o para todo mundo, pois € preciso pagar caro por ele. O pretenso “tempo livre” apenas o tempo separado € mantido como tal nos quadros gerais. Quanto ao tempo imposto, aquele dos transportes ¢ das formalidades, jd se sabe como ele se vincula de maneira deslo- ‘ada ao tempo do trabalho. (© tempo homogéneo enquanto tempo manipulado, ongani- zado em quadros definidos, é ao mesmo tempo deslocado, sepa- ado, tempo de trabalho, tempo dito livre, tempo impasto ete, Para compreender esse esquema do tempo ¢ do espago, € preciso retornar ao capitulo mal conhecide de Marx, a0 final dO capital intitulado “A férmula trinitaria”, Nesse di capitulo, Marx explica a sociedade burguesa, a saber, a 9 HeMON Os H e sous elementos, Rete co atisjng to ae seus ¢ ‘ Fe cmt ato, 01 Seid, 1 produ on dr amaise, Ha, at sociedad oslucto alo empreendedor, isto 6s da b a. capitate b. apropriodledo solo, com as rena mnitplass do su. solo, da sgt, do sole editicado etes cs o trabalho, como sakirio destinado 2 chasse op. ses trés elementos, uniddos na Sociedade em ato, sio re ido. objetivo, pois cada grupo parece reveber uma parte determi- nada do “rendi aparéneia alienada das relagdes sociais, senta um papel “real” da separag ada dominagio, do poder econdmico ¢ politico da burg. Asepat. Os ‘ments que aparecem separados aparecem como fontes dist tas da riqueza ¢ da produgio, ao passo que ¢ somente st comum que produz essa riqueza, Enquanto fontes distintas da riqueza social, os elementos parecem receber a parte que thes cabe do “rendimento” nacional, 0 que mascara o fato da Tiqueza social coincidir com a mais-valia global, Esse capitulo decisive d°O capital se encontra no livro Ill, seco 7, cap. 48.* Nessa hipdtese, a ideologia coincide com a pritica: a se= Paracio na sociedade burguesa. A ideologia é aceitar a dis- sociagio ¢ consideri-la real. Abandona-se, assim, a unidade a = ‘onstitui a sociedade burguesa e aceita-se a ilusio teoria do rend et Hue" (20 invés da mais-valia global a mento nacional ~ do PNB ~ ¢ de suas diversas eparagio tem unt presentadtos como separados, e st ato” global da sociedade. Hi, portanto, aren a que repre- ilu > numa unidade, sia, 0 € ao mesmo tempo falsa e verdade so i _ | | j | | | | Nossa hipotese sobre o espage coniunte ahsjunto se it esquema teapaetite ow trimitirto da cola, pois, diretamente ae nal Maes. Basa hipotese sittna-se centre a dda talsa conseieneta, que evelun a idlealog ragio do verdadeiro edo talso, © Sociedade capitalista, ver que cere ech a falsa conseiénets 1 tanto representadas atraves na sua disso iaclasy mnantidas, pors went os elementos Jha & precisa 1 alo espago, esa dor ligade a ina. na verdade nos limites desta salidade © consequentemente, de ideotogia ligadla nto nos limites de u prixis, a uma acum certo conheci Essa representagio é a0 me a cncontrantse ligados, € real, porque la peopicia mo tempo aparente, pois os el entos que ela disse sntos que ela mantém esto dissociados. ‘ou menos aberrantes, cuja rela nhecimento ou 0 erro variam, conforme se tome como rete~ ncia a prixis burgue ‘outea prixis (separagio € dissociagio) oa uma possivel. Oespago arquitetdnico e urbanistico, enquanto espago, fem essa dupla caracteristica: desarticulado e ate estilhagado sob a coeréncia ficticia do olhar, espago de coagdes ¢ de normas di seminadas, Ele tem esse caniter paradoxal que se tenta definir aqui junto e separado. E dessa maneira que ele € concomi- tantemente dominado (pela técnica) e niio apropriado (para e pelo uso). Ele é imediaro € mediato, ou seja, pertence a uma ccerta ordem préxima, a ordem da vizinhanga, ea uma ordem distante, a sociedade, o Estado. A ordem proxima e a distante 86 tém uma coeréncia aparente que de modo algum impede a desarticulagio, Esse espago depende de interesses divengentes e de grupos di: ‘Yersos que, no entanto, encontram uma unidade no Estado. Ele depende de um comando e de uma demanda que podem nio ter renhuma relagio e que, conrudo, encontram um denominador su comum sob a predominincia deste ov daqucle interes Quanto Sivisio do trabalho entre os que intervém no eSPAGO, a ae ber, o arquiteto, o promotor imobilidrio, © urbanista, o em- nde alho realiza esse misto de preendedor etc, essa divisio do trab: vifcagdo imposta e de desarticulagio que e procura analisar, oder-se-ia mostrar que 0 espaco da pintura e da escultura constitu! precsamente ess espago retalhado, dividido em pe- ddagos e, nio obstante, determinado globalmente. "12. Repitamos que 0 espaco inteiro torna-se © lugar da reprodugio das relages de produgio. 1a, a luz ¢ o calor eram dons da natu- reza, direta ou indiretamente. Esses valores de uso entraram nos valores de troca; seu uso e seu valor de uso, com os pra- eres naturais ligados a0 uso, se esfumam; a0 mesmo tempo ‘em que eles se compram e se vendem, tornam-se rarefeitos. A Outrora, 0 ar ea 4 natureza, como 0 espago, com o espaco, é simultaneamente posta em pedagos, fragmentada, vendida por fragmentos € ‘ocupada globalmente. E destruida como tal e remanejada se- sgundo as exigéncias da sociedade neocapitalista. As exigéncias da recondugio das relagdes sociais envolvem, assim, a vena- lidade generalizada da prépria natureza, Em contrapartida, a raridade do espago, nas zonas industrializadas e urbanizadas, contrasta com o vazio dos espagos ainda desocupados, os de- sertos terrestres e os espacos interplanetirios; a carestia do espaco assim ocupado e rarefeito é um fendmeno recente, com conseauéncas cadaver mas grave. adenine epee a ago} asinala os ses limites SOE AE PHO” ambiente ou das contaminagdes; eles podem procurar, cons cientemente ou nao, deslocar nesse sentido os objetivos, as lu- tas politicas; eles podem apresenti-las como simples etapas para uma realidade mais elevada com ou sem a ajuda das ciéncias humanas. Eles podem pretender que os problemas urbanos, desde ja, sio de todos, ou, a0 contrario, que 0s téenicos ¢ os teenocratas podem resolvé-los. Esta sociedade nao pode sair de seu espago. Supondo que este ou aquele o proponha, ela io pode supera-lo. Ela s6 pode render para a sistematizagio ddesse espago, ou seja, para uma ldgica que nunca pode efetuar até o limite. Falamos de “producao do espago”. Essa expressio indica ‘um passo adiante na reflexdo arquitetOnica ¢ urbanistica, ultra- passando esses setores e referindo-se ao conjunto da sociedade. Ela quer dizer que nio consideramos espago como um dado «a priori, seia do pensamento (Kant), seja do mundo (posi vvismo). Vemos no espago 0 desenvolvimento de uma ati dade social. Distinguimos, portanto, 0 espaco social do espago geométrico, isto é, mental. Contudo, a expressio permanece ambigua. De fato, toda sociedade produz “seu” espago, oy caso se prefira, toda sociedade produz “um” espaco. O que ha de novo na sociedade na qual a manutengio das relagdes de produgio torna-se determinant, na qual, porém, as técnicas ‘eas forgas produtivas alcangaram um nivel desconcertante? 0 que significa a palavra produzir? Significa “coisas”, objetos, mercadorias? Em termos marxistas, esse espaco seria uma superestrutura da sociedade dita industrial (capitalista ou no), como sugere a hipétese da falsa consciéncia? Seria somente uma representago mais prdxima da pritica que as outras? Sera necessario, portanto, precisar estes termos ¢ este con- ceito: a produgao do espaco. 13. Espago e logica. Uma semelhante ambiguidade se re- encontra. Onde se situa a légica (posta, suposta, imposta)? Hoje ha um abuso curioso da nogio (mal elucidada) de logica. Ao longo dos discursos, descreve-se a “légica do vivente”, a 33 ja)ya “logica da sobrevivéncia”, “ogiea do saber” 0 es da tmereadoria”, a “I6gica a “ogica do uranim coincide com o do sistema (ou das ete. Esse abuso coine 5 do Estado” ee 4 implicam). Esse abuso € so- Seremaizacbes com 2 Topica | See absiot Gia ou politico, ideolgico 04 pratico, imple 0 Logica preexstente, superior ¢ absoluta, quase teolégica, ora dee a propria lgica, o sistema da coeréncia, ora, enfim, cle permite a coerénca autorizando a lgica da agio (praxiologia ey estratégia). Reencontramse aqui as diversas teses sobre 0 tspaco,tomado ora como modelo, ora como instrumento, ora como mediagao. Proposcaest Nao tendo uma l6gica interna e propria, 0 es- | paco remete&logica formal e & metodologia eral. O espago | ‘comum as atividades diversas e parcelares, no quadro imposto | dda sociedade burguesa, é um esquema do qual essa sociedade | se serve para tentar consttuir-e em sistema, para atingir a | coeréncia. Como? Mascarando suas contradigles, inclui- das as do proprio espago, esse cardter ao mesmo tempo glo- bal e pulverizado, conjunto e disjunto, A estratégia de classes tenta assegurar a reprodugdo das relacdes essenciais através do espaco inteiro, Nessa hipétese, nao ha espago absoluto, seiavazio, seja pleno, a nio ser para o pensamento filos6fico- ~-matemitico, © espago mental e social é um espago especifico, Portanto, qualificado, mesmo se no percebido como tal. £ wna odaldade da producto numa sociedade determinada, fe. da qual conradigdese confltos se manifestam. Faistem, portant, contradiaes do espago, tmuladas ou massaradas, Nessa sociedade 0 eins inten nS: essa mancira, ele engloba o que s¢ agua goede os Poess0s itepradores. Ele engloba aes wir, af compreendido o imaginai #2 sociedad nfo obedece a ume loging eetio™ 'gica. Repitamos: ela mesmo se dissi- “real” encontra-se 4 ee tende para isso. la nio é sistema, Ela se esforga para isso, reunindo a coagio eo emprego das representagics. ‘As contradigoes do espago nao advém de sua forma ra cional, tal como ela se revela na matematica. Elas advém do contetido pratico e social e, especificamente, do contetido capitalista. Com efeito, 0 espago da sociedade capitalista pretende-se racional quando, na pratica, é comercializado, des- pedacado, vendido em parcelas. Assim, ele é simultaneamente global e pulverizado. Ele parece l6gico ¢ é absurdamente re- cortado. Essas contradigées explodem no plano institucional. Nesse plano, percebe-se que a burguesia, classe dominante, dispde de um duplo poder sobre 0 espaco; primeiro, pela pro- priedade privada do solo, que se generaliza por todo o espago, com excesio dos direitos das coletividades e do Estado. Em segundo lugar, pela globalidade, a saber, o conhecimento, a estratégia, a ago do proprio Estado. Existem conflitos inevi- tiveis entre esses dois aspectos, e notadamente entre 0 espago abstrato (concebido ou conceitual, global e estratégico) € 0 espago imediato, percebido, vivido, despedacado e vendido. No plano institucional, essas contradigdes aparecem entre os planos gerais de ordenamento e os projetos parciais dos mer- cadores de espaco. (Semindrios sobre o espaco, realizado em Nanterre, Oxford ete.,em 1972.) ss

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