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Aulas de História do Brasil

Consequências da expansão marítima europeia

A expansão europeia abriu caminho para a colonização dos povos da África, da Ásia e
da América. Apresente as características da atuação dos Europeus em cada um destes
continentes. A colonização dos povos da África, da Ásia e da América pela Europa,
caracterizou-se pela exploração das riquezas desses continentes e pela submissão dos
povos não europeus ou pela sua redução à escravatura. A atuação dos europeus em
África, foi caracterizada pelo tráfico de escravos negros do século XVI ao século XIX.
Inicialmente, a captura de escravos era feita pelos próprios europeus, através de razias,
raptos, guerras de pilhagem. Posteriormente, os Europeus optaram pela instalação de
feitorias ao longo do litoral, com a permissão de chefes africanos, sendo a captura de
escravos feita pelos intermediários africanos. Os principais meios utilizados, nesse
período, foram a intriga, a exploração das rivalidades étnicas e dos antagonismos entre
as classes sociais. Na era do tráfico, a ocupação europeia em África apenas teve carácter
de colonização em algumas regiões de Angola, de Moçambique e da África do Sul. A
atuação dos Europeus na Ásia caracterizou-se pela força das armas e pela intriga
política para acabar com a concorrência muçulmana e com a resistência dos asiáticos à
intromissão estrangeira. A atuação dos europeus na América caracterizou-se pelo
genocídio dos ameríndios, pela escravatura dos negros e pela colonização.

1. A FORMAÇÃO DO MERCADO MUNDIAL

a) Explique como se formou o mercado mundial.

O mercado mundial formou-se com a deslocação para o oceano Atlântico e para o


oceano Índico das vias de comércio localizadas no Mediterrâneo, o que possibilitou o
acesso a vastas regiões do globo, tornando o comércio uma atividade à escala mundial.
A exploração da África, da América e da Ásia significou a maior diversificação dos
produtos comercializados e a expansão dos mercados consumidores e abastecedores. A
descoberta das jazidas minerais americanas assegurou o afluxo de grandes quantidades
de ouro e prata solucionando o problema da carência monetária na Europa.
2. ACUMULAÇÃO PRIMITIVA DO CAPITAL

a) O que entende por acumulação primitiva do capital?

A acumulação primitiva do capital é um conceito criado por Karl Marx para descrever
a génese histórica do capitalismo. A acumulação primitiva do capital foi um processo de
acumulação de riquezas, fundamentalmente de acumulação de metais preciosos (ouro e
prata) que aconteceu na Europa (sobretudo na Europa do Noroeste), a partir de meados
do século XVI e que abriu as portas para a revolução industrial. Segundo o filósofo
alemão Karl Marx (1818-1883), a origem do modo de produção capitalista está
ligada aos seguintes factos históricos:

1. A exploração económica das colónias ultramarinas europeias através de saques,


especulação comercial, tráfico de escravos e monopólios comerciais proporcionou
enormes oportunidades de enriquecimento para uma parcela da burguesia europeia que
concentrou grandes riquezas em ouro e prata (a moeda também era cunhada com esses
metais), terras e meios de produção.

2. A expropriação da produção familiar, artesanal, camponesa, corporativa etc., que


separou o produtor direto dos seus meios de produção e formou uma grande reserva de
força de trabalho livre e disponível para ser comprada, em troca de um baixo salário: o
proletariado.

Assim foram geradas as duas classes antagónicas da sociedade capitalista: a burguesia e


o proletariado.

Com a Revolução Industrial, a acumulação primitiva torna-se acumulação capitalista.

c) Identifique os principais factores que permitiram a acumulação primitiva


do capital na Europa (para além do conteúdo da pág. 409, tenha em atenção os
textos 1 e 2 de Karl Marx, na pág. 413).

Principais fatores da acumulação primitiva do capital:

1. A chegada à Europa de grandes quantidades de metais preciosos (ouro e prata),


sobretudo a partir da América.

2. Os lucros extraordinários do comércio triangular (com a venda de produtos


europeus, geralmente de pouco valor, em África; a venda de escravos africanos na
América; e com a venda de produtos das plantações e das minas americanas na Europa).
3. Os lucros do comércio de especiarias e de outros produtos orientais

4. Os lucros resultantes da instauração do sistema colonial (obtenção de matérias-


primas a baixo custo e a venda de produtos manufacturados a preços lucrativos.

5. Os lucros resultantes da exploração da força de trabalho dos trabalhadores


coloniais e não só

d) Portugal e Espanha tiveram o monopólio do comércio mundial durante a


primeira metade do século XVI, mas foram os comerciantes da Europa do
Noroeste que acumularam capitais. Como se explica isto?

Portugal e Espanha não acumularam capitais porque os metais preciosos, as especiarias


e os produtos coloniais eram encaminhados, fundamentalmente, para os mercados de
FLandres (Países Baixos) e da Itália onde se precedia à sua comercialização. Os Países
Ibéricos adquiriam nos mercados de Flandres, da Holanda, da França e da Inglaterra
muitas mercadorias que consumiam ou que enviavam para o Oriente e para a América,
fazendo com que as riquezas coloniais beneficiassem a burguesia dos países da Europa
do Noroeste. Por outro lado, o comércio colonial exigia grandes investimentos, levando
os comerciantes portugueses e espanhóis a recorrer, muitas vezes, aos empréstimos dos
grandes banqueiros alemães (como os Fugger e os Welser) e italianos (como os
Affaitadi). Com uma rede de sucursais nos principais países da Europa, os grandes
banqueiros tornaram-se os principais agentes do comércio internacional

Além de tudo isto, Portugal e Espanha não aproveitaram a sua parte dos lucros do
comércio colonial para desenvolver a agricultura e as manufacturas. Estes dois países
tiveram uma política económica de transporte em vez de uma economia de
desenvolvimento: os seus recursos eram provenientes do transporte das mercadorias
obtidas em África (escravos, ouro, peles de animais, goma e marfim), na Ásia
(especiarias - canela, cravinho, pimenta; outros produtos orientais como sedas,
porcelanas, tapetes, bálsamos, incenso, açúcar, etc.) e na América (ouro, prata,
diamantes, açúcar, café, algodão, tabaco, etc.) para os grandes centros comerciais
europeus, onde as vendiam aos grandes intermediários europeus. Ao mesmo tempo,
tinham de comprar no estrangeiro (Bélgica, Holanda, França e Inglaterra) grande parte
dos produtos de que necessitavam, fazendo com que as riquezas provenientes das
colónias enriquecessem fundamentalmente a burguesia dos países exportadores.
e) Identifique as actividades onde os comerciantes da Europa do Noroeste
investiram os seus capitais durante a segunda metade do século XVI e durante o
século XVII.

Durante a segunda metade do século XVI, os comerciantes da Europa do Noroeste


investiram os seus capitais no desenvolvimento da actividade manufactureira e da
actividade comercial. No século XVII, para além das actividades mencionadas,
desenvolveram a actividade bancária.

f) O que aconteceu a partir da segunda metade do século XVIII, como


resultado da acumulação primitiva de capital pela burguesia da Europa do
Noroeste?

A partir da segunda metade do século XVIII, como resultado da acumulação de capitais,


teve início a revolução industrial na Inglaterra, estendendo-se, mais tarde, a outros
países da Europa do Noroeste e aos Estados Unidos da América.

3. CONTRADIÇÕES ENTRE POTÊNCIAS COLONIAIS

a) Explique como é que a Inglaterra suplantou a Holanda na segunda metade


do século XVII.

A partir de meados do século XVII, a “política britânica é o comércio britânico” o que


significa que os governos ingleses vão procurar, por todos os meios, fazer triunfar os
interesses mercantis e coloniais do seu país, porque a burguesia inglesa tinha alcançado
um papel político e social preponderante. A Holanda, com as suas poderosas
Companhias Comerciais das Índias (Companhia das Índias Ocidentais, que fazia o
comércio triangular – comércio entre a Europa, a África e a América; e Companhia das
Índias Orientais, que fazia o comércio entre a Europa e o Oriente) acabou com o
monopólio hispano-português do comércio colonial e tornou-se a maior potência
comercial europeia no século XVII.

Para abater o prestígio da Holanda, o Parlamento britânico (a pedido do governante


Cromwell) decretou o Acto de Navegação de 1651, lei que proibia os navios
estrangeiros de abastecer a Inglaterra com mercadorias que não fossem produzidas no
seu próprio país. Com esta lei, os navios Holandeses só poderiam transportar, para a
Inglaterra, linho, carne, leite e seus derivados, ou seja, apenas aquilo que era produzido
na própria Holanda. Estavam proibidos de transportar, para a Inglaterra, escravos, peles
de animais selvagens, marfim, goma, especiarias e produtos orientais, ouro, prata,
diamantes, algodão, açúcar, café, tabaco etc. (todos os produtos coloniais) e produtos
adquiridos em outros países europeus. Para os holandeses que controlavam o mercado
inglês, inundando-o com produtos coloniais e europeus, de todas as proveniências, o
Acto de Navegação foi um rude golpe e o prestígio comercial da Holanda entrou em
declínio.

Assim, começou uma luta aberta entre a Inglaterra e a Holanda, tendo-se registado
várias batalhas navais e guerras de conquista de novos territórios na América e na Ásia.

O Acto de Navegação de 1651 (e outras leis semelhantes, posteriores) permitiram o


desenvolvimento extraordinário do comércio inglês. Os ingleses desenvolveram as suas
marinhas mercantes e de guerra. As companhias de comércio inglesas multiplicaram-se
e prosperaram (com destaque para a Companhia dos Aventureiros Reais da África, que
fazia o comércio triangular e a Companhia das Índias Orientais). Londres, em 1700,
suplantou Amsterdão e tornou-se o maior entreposto do comércio mundial.

b) Explique as causas e as consequências da Guerra dos Sete Anos (1756-


1763) entre a Inglaterra e a França.

As causas da guerra dos Sete Anos (1756- 1763), entre a Inglaterra e a França, foram os
conflitos entre os Franceses e os Ingleses na América do Norte e na Índia. Na América
do Norte, a França ocupava o Canadá e a Luisiana. A disputa entre os colonos ingleses e
franceses pela posse das ricas terras do Ohio, provocou confrontos armados. Na Índia, a
França possuía várias feitorias e a Companhia das Índias Orientais francesa enfrentava
os ataques da sua rival, a Companhia das Índias Orientais inglesa, que conseguiu
apoderar-se de Madrasta, Calcutá e outras dependências.

Segundo os autores MELLO, Leonel e COSTA, Luís (História Moderna e


Contemporânea, 5.ª edição, São Paulo, Editora Scipione, 2006, pág. 79, 80 ) o
mercantilismo europeu fundamentou-se, de maneira geral, em dois princípios: o
metalismo e a balança comercial favorável. O metalismo baseava-se na tese de que a
riqueza de um país dependeria da sua capacidade de acumular metais preciosos. Assim,
quanto mais ouro e prata possuísse um país, mais rico e poderoso seria. Os metais
preciosos permitiriam ao governo comprar armas, contratar soldados, construir navios,
pagar funcionários e custear as guerras.
A balança comercial favorável tornou-se o segundo princípio mais importante do
mercantilismo europeu. Como os metais preciosos constituíam o principal meio de
pagamento nas relações económicas internacionais, o incremento do comércio exterior
tornou-se a forma por excelência de acumulação de ouro e prata – cada país procurava
exportar o máximo e importar o mínimo para obter uma balança económica favorável.

Essa política de incremento unilateral do comércio exterior acabou gerando um


nacionalismo económico exacerbado, que se tornou uma das principais causas das
guerras entre as potências europeias na Idade Moderna.

As consequências da Guerra dos Sete Anos foram as seguintes:

a) Vitória esmagadora da Inglaterra.

b) Pelo tratado de Paris (1763) o Canadá e a margem esquerda do Mississípi


passaram da França para a Inglaterra, tendo esta dominado toda a América do Norte.

c) A França foi obrigada a desmantelar todas as feitorias que possuía na Índia, que
ficou em posse dos Ingleses.

d) A Inglaterra tornou-se a maior potência marítima europeia, controlando o


comércio mundial, o que permitiu à burguesia inglesa aumentar extraordinariamente o
seu capital e poder investi-lo na produção de máquinas que conduziriam à Revolução
Industrial.

4. ALARGAMENTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO E TÉCNICO

a) De que maneira a expansão marítima europeia contribuiu para o alargamento do


conhecimento científico e técnico na Europa?

A expansão marítima europeia deu um enorme contributo para o alargamento do


conhecimento do Mundo. Ao longo dos séculos XV e XVI, o horizonte intelectual dos
europeus foi consideravelmente alargado graças aos novos conhecimentos adquiridos
através das expedições marítimas. Podemos destacar os seguintes conhecimentos:

- Continentes antes mal conhecidos (como a África e a Ásia) e outros desconhecidos


(como a América e a Austrália) foram alcançados e cartografados com muito realismo.

- Confirmou-se a comunicabilidade entre todos os oceanos surgindo uma perspectiva


oceânica e pluricontinental da terra.
- Demonstrou-se a esfericidade da terra.

- Conheceram-se novos climas, correntes marítimas, regimes de ventos, movimento dos


astros.

- As latitudes foram determinadas.

- Foram conhecidos novos povos, novas civilizações, novas paisagens, novas plantas,
novos animais.

- Foram desfeitos muitos mitos (por exemplo, os mitos do “Mar Tenebroso” e do


“Gigante Adamastor”) e lendas sobre o mundo não europeu.

Os conhecimentos da Matemática estiveram intimamente ligados à expansão europeia e


foram-se desenvolvendo em resultado dela (a navegação astronómica não seria possível
sem os conhecimentos de Matemática para a utilização do astrolábio e do quadrante). À
medida que a expansão prosseguia, iam surgindo novos conhecimentos da natureza, o
que levou ao desenvolvimento da Geografia, da Cartografia e da Botânica. O
conhecimento de outros povos e de outras culturas, chegado à Europa através dos
relatos das viagens de navegação, estimulou a curiosidade de muitos intelectuais
europeus e influenciou a sua arte e a literatura.

Os novos conhecimentos abalaram os fundamentos do saber tradicional. Muitos


conhecimentos considerados até então como verdadeiros, inquestionáveis, foram
criticados e alguns foram considerados falsos. Aos poucos, surgiu um novo saber
resultante da observação empírica e da experiência casual. Esse novo saber é
denominado experiencialismo. O experiencialismo ainda não é considerado
conhecimento científico, mas constituiu um fundamento importante para a génese desse
conhecimento científico.

Os Humanistas do Renascimento, homens cultos dos séculos XV e XVI, geralmente de


origem burguesa, apaixonados pela cultura clássica, bons conhecedores do grego e do
latim, procuravam nos autores antigos (Platão, Aristóteles, Cícero, etc.) um melhor
conhecimento do Homem, com a preocupação dignificar a pessoa humana, na qual
depositavam uma confiança optimista. Com o contributo dos humanistas, a visão
teocêntrica do Mundo (Deus, a Providência Divina, no centro, como motor da evolução)
começou a ser substituída, paulatinamente, pela visão antropocêntrica (Homem, no
centro, como principal responsável pelo progresso da sociedade). A nova concepção do
Homem constituiu uma das principais conquistas da época.

Os Humanistas opunham-se à ideologia da Igreja Católica que pretendia fazer crer que a
ordem feudal era determinada pela vontade de Deus, sendo imutável (o clero e a
nobreza eram as classes dominantes por vontade divina e o povo devia aceitar
passivamente a exploração, mantendo-se submisso aos poderosos para alcançar o
Paraíso, depois da morte). Estas ideias já não correspondiam às necessidades da
burguesia mercantil europeia que considerava o Homem como o principal realizador
dos grandes empreendimentos da época (expansão marítima e comercial, novos
conhecimentos artísticos e científicos).

O Humanismo teve uma grande difusão na Europa e contribuiu para um maior


conhecimento do homem no aspecto físico e mental, com o desenvolvimento da
Anatomia e da Medicina. As novas necessidades da produção, do comércio e da
navegação colocavam novos problemas e faziam surgir dúvidas que estimulavam o
estudo e a observação. O espírito crítico dos Humanistas colocou em questão certos
textos e conhecimentos julgados definitivos e foram-se sucedendo surpreendentes
progressos nos domínios da Matemática, da Física e da Astronomia.

A partir do século XVI começaram a ser elaborados os fundamentos do conhecimento


científico moderno que é um conhecimento resultante da experimentação intencional de
hipóteses previamente formuladas, com o objectivo de se determinarem leis gerais
universalmente aceites. No século XVI teve início a revolução científica a partir da
revolução das concepções cosmológicas. O novo conhecimento do cosmos, do universo,
assente na teoria heliocêntrica do astrónomo e matemático polaco Nicolau Copérnico
(1473 – 1543) já é considerado conhecimento científico. Em 1531, Copérnico colocou
em dúvida o sistema geocêntrico de Ptolomeu (astrónomo grego, nascido no Egipto no
século II da nossa era), segundo o qual a terra era o centro do universo e os outros astros
giravam à sua volta. Depois de longas investigações, Copérnico concluiu e deu a
conhecer o seguinte:

O Sol é uma estrela fixa, rodeada de planetas que giram à sua volta e dos quais ela é o
centro. A terra é um planeta principal que gira à volta do Sol. O dia e a noite são o
resultado do movimento de rotação da terra em redor do seu eixo. As estações do ano
são o resultado do movimento periódico da terra em redor do Sol. O movimento
aparente das estrelas é uma ilusão de óptica produzida pelo movimento real a terra e
pelas oscilações do seu eixo.

A investigação científica sobre o universo prosseguiu nos séculos seguintes, com o


contributo de vários cientistas europeus, com destaque para Kepler, Galileu e Newton
que, através da utilização do telescópio e de novas leis da Física, confirmaram o sistema
heliocêntrico de Copérnico.

Galileu Galilei (1564 – 1642), notável cientista italiano do Renascimento, natural de


Florença, entusiasmado com os melhoramentos que tinha conseguido introduzir na
recém inventada “luneta” astronómica (um telescópio, segundo alguns autores)
confirmou o sistema heliocêntrico defendido por Copérnico, demonstrando a inexatidão
da doutrina oficial, que colocava a Terra imóvel no centro do Universo, enquanto o Sol
e os outros astros giravam à sua volta. Perseguido pela Igreja Católica por colocar em
causa os dogmas por ela defendidos, Galileu foi obrigado (em Roma, no Convento de
Minerva, a 22 de junho de 1663) a abjurar grande parte das suas ideias para evitar ser
condenado à morte (abjurar quer dizer, renunciar, em acto público às afirmações feitas).

Apesar disso, o conhecimento com base na razão, assente na experimentação e na


dedução lógica foi-se sobrepondo ao conhecimento baseado nos dogmas e na autoridade
da Igreja Católica e o sistema heliocêntrico de Copérnico voltaria a ser confirmado no
século XVIII por Newton (1642 – 1727), matemático, físico, astrónomo e filósofo
inglês.

b) Explique a seguinte afirmação: «A Igreja feudal era um entrave ao


progresso preconizado e defendido pela burguesia»

O movimento cultural e científico desencadeado pelos intelectuais humanistas, na


maioria de origem burguesa, era combatido de forma cruel pela Igreja Católica nos
países em que esta exercia o controlo ideológico da sociedade, com o apoio da nobreza
feudal. Através do Tribunal da Inquisição (Instituição da Igreja Católica que tinha como
função reprimir todos os que se opunham à ideologia da Igreja pelos seus actos e pelas
suas ideias) os intelectuais, os cientistas e os críticos da sociedade eram presos,
torturados e condenados à morte como criminosos. Assim a Igreja Católica travava o
desenvolvimento da ciência e o progresso preconizado pela burguesia, a classe
responsável pela expansão marítima europeia.
5. Aprofundamento do desenvolvimento desigual entre a Europa e o resto do
Mundo

a) Explique as razões do aprofundamento do desenvolvimento desigual entre a


Europa e o resto do Mundo, a partir do século XVI.

As razões do aprofundamento do desenvolvimento desigual entre a Europa e o


resto do Mundo, a partir do século XVI, foram as seguintes:

1. A expansão europeia representou para a Europa uma extraordinária acumulação


de capitais (volte a estudar os factores da acumulação primitiva de capitais), o
desenvolvimento do capitalismo (na fase do mercantilismo) e o desenvolvimento da
ciência e da técnica durante a Idade Moderna.

Nos séculos XV e XVI, existia em alguns países da Europa apenas uma ligeira
supremacia em relação a vários Estados da África, da América Central, da América do
Sul e da Ásia, onde Portugueses e Espanhóis encontraram algumas civilizações
desenvolvidas, com sistemas políticos bem organizados, mas com formas de
organização social e escalas de valores diferentes das dos países europeus. A ligeira
supremacia europeia estava relacionada com o domínio da produção de utensílios
aperfeiçoados, com uma organização eficiente do trabalho e com uma compreensão
científica do Mundo (recorde que no século XVI, na Europa, ocorreu uma Revolução
científica).

2. A expansão europeia para os povos do resto do Mundo significou saque,


desorganização das economias e das sociedades, a imposição aos asiáticos de um
comércio desvantajoso, o tráfico de escravos africanos para a América, o genocídio
dos ameríndios, a colonização.

Não existiu um desenvolvimento simultâneo da Europa e dos povos do resto do Mundo


porque os europeus apresentaram-se como conquistadores, dominadores e
colonizadores. Com os seus barcos munidos de canhões, com as suas armas de fogo,
com a intriga política, com uma falsa diplomacia, etc., os Europeus acabaram com o
monopólio dos Árabes no comércio através do oceano Índico, conquistaram mercados já
existentes de longa data na Ásia, impuseram o tráfico de escravos aos reis e chefes
africanos, praticaram o genocídio dos Ameríndios, o transporte massivo de escravos
africanos para a América e a implantação massiva de colonos europeus nas terras que,
anteriormente, pertenciam aos ameríndios.

Vastas regiões da África, da Ásia e da América foram transformadas em satélites


económicos da Europa, sendo obrigadas a produzir as matérias-primas e produtos de
interesse para a Europa e a consumir os produtos das manufacturas europeias.

A enorme acumulação de capitais realizada pela burguesia da Europa do Noroeste,


durante o período do mercantilismo, permitiu, a partir da segunda metade do século
XVIII, a realização da Revolução Industrial que acelerou, de forma rápida, o
desenvolvimento científico e tecnoló‘aqgico de vários países da Europa Ocidental.
Assim, esses países alcançaram a supremacia sobre o resto do Mundo e essa supremacia
fez surgir uma ideologia racista segundo a qual a Europa tinha o direito de dominar os
povos da África, da Ásia e da América porque o homem branco era superior em relação
aos demais povos do Mundo.

TEMA I: A ÁFRICA NA ERA DO TRÁFICO

QUESTÕES SOBRE O TRÁFICO DE ESCRAVOS AFRICANOS

1- Elabore um quadro comparativo com os dois tipos de escravatura que existiam em


África antes da chegada dos Europeus, no século XV (Ki-Zerbo, vol. 1, pág. 265, 266 e
outra bibliografia).

2- Explique os motivos que levaram navegadores portugueses a transportar escravos


africanos para a Europa em 1442, em 1444 e durante toda a segunda metade do século
XV (Ki-Zerbo, vol. 1, pág. 266).

3- Explique as relações existentes entre a colonização espanhola da América (América


Central e do Sul) e o tráfico de escravos africanos para a América (Ki-Zerbo, vol. 1,
pág. 266 – 268 e outra bibliografia).

4- Elabore uma cronologia do tráfico de escravos nos séculos XV e XVI (Ki-Zerbo, pág.
266 – 270 e outra bibliografia).

5- Descreva os métodos de acção utilizados pelos negreiros europeus para a obtenção de


escravos em África, as formas de organização do tráfico no interior do continente, o
tratamento dado aos escravos antes do embarque, as condições de transporte dos
escravos nos navios negreiros e a venda dos escravos na América (Ki-Zerbo, vol. 1, pág.
268 – 272 e outra bibliografia).

6- Explique o papel desempenhado pelas companhias comerciais no tráfico de escravos.


Mencione os nomes de uma companhia francesa, de uma companhia inglesa e de uma
companhia holandesa envolvidas no tráfico de escravos africanos (Ki-Zerbo, vol. 1, pág.
269, 270 e outra bibliografia).

7- Explique o papel das feitorias, instaladas ao longo da costa africana, no tráfico de


escravos. Identifique cinco dessas feitorias e localize-as no mapa de África (Ki-Zerbo,
vol. 1, pág. 271 e outra bibliografia).

8- Comércio Triangular (Ki- Zerbo, vol. 1, pág. 272 – 272 e outra bibliografia)

a) Defina comércio triangular.

b) Elabore um esquema sobre o comércio triangular.

c) Explique por que razões o comércio triangular foi uma das principais fontes de
acumulação primitiva do capital pela burguesia da Europa do Noroeste.

9- Elabore um pequeno texto sobre “As revoltas dos escravos” (razões das revoltas;
revoltas dos escravos nos navios negreiros e na América; consequências das revoltas
dos escravos). Consulte Ki-Zerbo, Vol.1, pág. 283 - 287 e outra bibliografia.

10- Explique as consequências demográficas, económicas, políticas, sociais e


psicológicas do tráfico de escravos para o continente africano (Ki-Zerbo, vol. 1, 278 -
282 e outra bibliografia).

11- Elabore um quadro comparativo com as consequências económicas do tráfico de


escravos para a África, para a Europa e para a América (Ki-Zerbo, vol. 1, pág. 279 - 287
e outra bibliografia).

12 – Faça uma avaliação do tráfico de escravos africanos para a América (isto é, faça
uma crítica historicamente fundamentada desse facto histórico).

13- Defina os seguintes conceitos: escravo, tráfico de escravos, escravatura, “asiento”,


companhias concessionárias ou monopolistas.

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