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Poetas Contemporâneos

Feito por: Sia, Predo, Babi


Apresentação do Autor
•Jorge de Sena nasceu a 2 de novembro de 1919 em Lisboa
•Foi poeta, ficcionista, dramartugo, ensaísta, crítico,
tradutor, professor universitário e engenheiro
•Infância solitária e infeliz, que influenciou a sua
personalidade e hobbies como, leitura e escrita de poemas
•Frequentou o colégio Vasco da Gama
•Ingressou na escola naval
•Formado em Engenharia Civil na Universidade do Porto
•Publicou as suas primeiras composições poéticas sob o
pseudónimo Teles de Abreu
Apresentação do Autor
•Exilado no Brasil, dava aulas de literatura portuguesa e
acabou por se doutorar em Letras
•Obra focada nos problemas sociopolíticos portugueses e
crítica ao Estado Novo que vigorava na época
•Vasta obra literária em diversos gêneros: poesia, prosa
ficcional, ensaios e crítica literária
•Principais obras: "Pedra Filosfal" (1950), "Poesia III"
(1981), "Os Grão-Capitães" (1962), "Sinais de Fogo" (1979)
•Estudos sobre autores como Camões, Pessoa e Saramago,
e reflexões sobre questões políticas e sociais do seu tempo
Apresentação do Autor
•Conquistou diversos prémios e ordens honoríficas,
entre eles:
Prémio Dom Dinis (1959)
Prémio Internacional de Poesia Etna-Taormina (1960)
Prémio Nacional de Poesia (1965)
Condecoração com o grau de Comendador da Ordem do
Infante D. Henrique (1977)
•Faleceu em 4 de junho de 1978, Santa Bárbara, Califórnia
•Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de
Portugal, recebida postumamente em 1978
Análise do Poema "Panfleto"
Tema:
Crítica social e política ao regime ditatorial que
regia na época. Apelo à resistência e esperança.

Linhas temáticas:
Representação do contemporâneo
Análise por Estrofes
Fere-me esta idolatria mais do que todos os crimes:
Tanto fervor desviado e perdido!
Tanta gente ajoelhando à passagem do tempo
e tão poucos lutando para lhe abrir caminho!

Há uma vida inteira a jogar e gastar


no pano verde imenso das



campinas do mundo.
Há desertos cativos de uma ausência dos povos.
Há uma guerra devastando a vida,
enquanto a supuserem redimida!

E em nós a redenção quase perdida!...


Análise por Estrofes
Vamos rasgar, ó poetas, esta mentira da alma,
vamos gritar aos homens que os enganam,
que não é a força, que não é a glória,
que não é o sol nem a lua nem as estrelas,

nem os lares nem os filhos, nem os mares floridos,


nem o prazer nem a


dor nem a amizade,
nem o indivíduo só compreendendo as causas,
nem os livros nem os poemas, nem as audácias heroicas,
— a redenção sou eu, se formos nós sem forma,
sem liberdade ou corpo, sem programas ou escolas!
Análise por Estrofes
Aqui está a redenção. Tomai-a toda.
E se é verdade a fome,
se é verdade o abismo,
se é verdade o pensamento

húmido
que pestaneja ansioso
nos cortejos públicos,

se são verdade as redenções que mentem:

Matem essa gente para salvar a Vida!


E matem-me com elas para que as queime ainda!
Recursos Expressivos
Metáfora Anáfora
«Vamos rasgar, ó poetas, «Tanto fervor... / Tanta gente...»
esta mentira da alma» «Há uma vida... / Há desertos.../
Há uma guerra...»

Perífrase Antítese
«...no pano verde imenso «Matem essa gente
das campinas do mundo.» para salvar a Vida!»
Quem a Tem Ser Metamorfose
Ao pé dos cardos sobre a areia fina
Não hei-de morrer sem saber qual a que o vento a pouco e pouco amontoara
Cansada expectativa tão ansiosa contra o seu corpo (mal se distinguia
cor da liberdade. que ser só eu na minha vida espalha!
tal como as plantas entre a areia arfando)
um deus dormia. Há quanto tempo? Há quanto?
Na longa noite em que se tece a malha E um deus ou deusa? Quantos sóis e chuvas,
Eu não posso senão ser desta terra do que não serei nunca, fervorosa
quantos luares nas águas ou nas nuvens,
tisnado haviam essa pele tão lisa
em que nasci: em que a penugem tinha areia esparsa?
minha presença rútila e curiosa Negros cabelos se espalhavam onde
Embora ao mundo pertença e sempre
arde sombria como um arder de palha, nos braços recruzados se escondia o rosto.
a verdade vença, qual será ser livre curiosa apenas de saber se goza
E os olhos? Abertos ou fechados? Verdes ou castanhos
no breve espaço em que o seu bafo ardia?
aqui, não hei-de morrer sem saber. o voar das cinzas quando o vento calha Mas respirava? Ou só uma luz difusa
se demorava no seu dorso ondeante
que de tão nu e antigo se vestia
lá onde o levantá-las é verdade.
Trocaram tudo em maldade, da confiada ausência em que dormia?
Inutilmente se mistura tudo, Mas dormiria? As pernas estendidas,
é quase um crime viver. com um pé sobre outro pé e os calcanhares
que a mesma ansiedade, já esquecida,
Mas, embora escondam tudo e me um pouco soerguidos na lembrança de asas;
as nádegas suaves, as espáduas curvas
queiram cego e mudo, não hei-de de novo recomeça. Mas quem há-de e na tão leve sombra das axilas

morrer sem saber qual a cor da contrariá-la? Eu não, que não me iludo: adivinhados pêlos... Deus ou deusa?
Há quanto tempo ali dormia? Há quanto?
Viver é isto, quando se é só vida.
liberdade. Ou não dormia? Ou não estaria ali?
Ao pé dos cardos, junto à solidão
que quase lhe tocava do areal imenso,
do imenso mundo, e as águas sussurrando -
-ou não estaria ali?... E um deus ou deusa?
Imagem, só lembrança, aspiração?
De perto ou longe não se distinguia.

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