You are on page 1of 14
PRODUCAO TEX TUAL na universidade Désirée Motta-Roth Graciela Rabuske Hendges EDITOR Marcos Marcionilo CONSELHO EDITORIAL: ‘Ana Stahl Zilles [Unisinos) [Angela Palva Dionisio (UFPE] Carlos Alberto Faraco [UFPR] Egon de Oliveira Rangel [PUC-SP] Henrique Monteagudo (Universidade de Santiago de Compostela] José Ribamar Lopes Batista Jr. (UFPUCTF/LPTI Kanavillil Rajagopalan [UNICAMP] Marcos Bagno [Un8] Maria Mara Perera Scherre (UFES) Rachel Gazolla de Andrade [PUC-SP] Roberto Mulinacei [Universidade de Bolonha] Roxane Rojo [UNICAMP] ‘Salma Tannus Mucha [PUC-SP] Siri Possenti [UNICAMP] Stella Maris Bortoni-Ricardo [Un8} Capa: ‘Aiea Cs1000 Projeto oafica: Taaa5.C. Ovens Imagem dacapa, soc Revisto: Marcos Bac in Mote eth, Obi Handges Grace Prodootertual a uniersdade/ sine Nota Roth: Graciela Hendoes abuse.” So Paul: Prdble Eto 2010. (Eaten 20) rca bieprata ISBN o7a.85 7930-0253, LUnguista. 2 Producto textual 3 Pogues LT 8 Peds textual na univesidage Sere yoase, cooss0so0 5003 Dieitos reservados 3 PARABOLA EDITORIAL ua Dr. Mati Vicente, 394 ~Ipranga (4270-000 Sio Paulo, SP pabx{11] 5061-9262 | 5061-8075 | fox [11] 2589-9263 home page: wirw.parabolaeditorialcom.br e-mail parabolaeparabolaeditoriaicom br Teo jeados. Nenhuma pare desta obra pode Set terest teneriica er eee tore clu uakoyer wes (eetrnico eu mecca lading feacelae gavaao) ou arguteds fem qualquer tems ou banca de dado tm parmio por eco de Paro Er do 15aN:970.85-7934-025-3 edicio,6'reimpressio: Fevereiro de 2017 © do texto: Déside Motta-Roth e Graciela Rabuske Hendges ‘© daedigio brasileira Parsbola Editorial, io Paulo, setembro de 2010 SUMARIO Nota do Editor. Apresentacio Publique ou perega, Resenha B Projeto de pesquisa. Artigo académico: introdugio evisio da literatura. Axigo académico: a Arrigo académico: metodologia ... Artigo académico: anilise e discussio dos resultados. B Abstract/Resumo académico 151 Referéncias dos exemplos .. 163 165 Bibliografia RESENHA pee _ RESENHAR OU — eit oa ( NAO RESENHAR, ORA, ORA re =~} Els A QUESTAO! © QUE SERIA UMA |< X RESENHA? SS Frangois-Auguste-René Rodin: “O pensader” (1880) 2.4 Qual é o objetivo de escrever uma resenha? omo o pensador na ilustragio acima, todos nés, em algum momento, ( durante nossa trajetdria na universidade, nos questionamos sobre 0 que é uma resenha. Esse género discursivo € usado na academia para avaliar — clogiar ou criticar— o resultado da produgio intelectual em uma area do conhe- sse produto intelectual pode tera forma, por exemplo, de um livro, um filme, uma exposisio de pinturas, um cp de mitsi cimento. um software de computador © €avaliado sob o ponto de vista da ciéneia naquela disciplina. Por meio da avaliagio de novas publicagées, o conhecimento na disciplina {as teotias ¢ os autores em voga, 0 saber partilhado entre os pares, as abordagens adotadas, os valores consagrados) se reorganiza e as relagées de poder, de status académico se reacomodam. A resenha é um género discursivo em que a pessoa que cae e re |) oo een eee aes 1é e aquela que escreve tém objetivos convergentes: uma busca e a outta fornece tuma opinio critica sobre determinado livro. Para atender ao leitor, 0 resenhador basicamente descreve e avalia uma dada obra a partir de um ponto de vista in- formado pelo conhecimento produzido anteriormente sobre aquele tema. Seus comentarios devem se conectar com a rea do saber em que a obra foi produzida ‘ou com outras disciplinas relevantes para olivro em questao. Assim, 0 ponto de referéncia no elogio ou na critica a uma obra literiria sobre ‘© Cinema Novo (Figueiroa, 2004), por exemplo, pode set 0 que se sabe sobre: (a) esse movimento cultural; (b) 0 livros anteriormente publicados pelo mesmo autor ou sobre o mesmo (©) 0 impacto do Cinema Novo em outras areas como a miisica ou as artes plisticas. E importante ressaltar que o género resenha poder ser usado com maior ou menor fiequéncia de acordo com os interesses de cada drea. Na érea de letras, a linguistica aplicada tem uma tradigao de resenhar livros significativamente maior do que outras éreas como, por exemplo, a fisica, tea em que o livro foi radical- mente substituido pelo artigo académico como forma de producio e divulgacio de conhecimento (Chen, 1976; Becher, 1987). No inicio da década de 1990, dos periédicos mais citados' em linguistica, 70% publicavam resenhas, enquan- {© acontecia o mesmo apenas em 35% dos periddicos em quimica ¢ 40% em economia (Motta-Roth, 1996, p. 114-115)?. Assim, para alunos de letras, saber resenhar livros talvez.seja uma habilidade fundamental. Para tentar auxiliar alu- nos universitérios a produzir textos com ma atengio na resenha académica de livros. seguranga, concentraremos nossa 2.2 Qual é a estrutura retérica basica de uma resenha? A anilise desse género nos indica que, ao resenhar um livro, desenvolvemos ‘quacto etapas em que realizamos as agoes de: (x psidcos mas cao si cence pl Sime Chaton Ide po Srl Senet Ide ona Cation ips Carl 19) pela rd impact cn nine repens ‘Boa eadca dos ingistas en pois ela em compe pel atc doer Fea free a um tio um lv et amo melhor que oa ar de bea rn quest fr cape de dfn emt ‘ecesdaes desc pblicoav (Mts Roth, 1995: 9.239, Em geral, essas ages rendem a aparecer nessa ordem © podem variar em extensio, de acordo com 0 qué eo quanto o resenhador deseja enfatizar em sua anilise do livro, ou podem variar em frequéncia, de acordo com as caracteristicas da obra ou o estilo do resenhador (se tende a ser mais descritivo ou mais avaliativo «em seu texto), Assim, se o autor do livro recebeu um prémio Nobel, o resenhador poderi dedicar maior espago no texto ao curriculo desse autor (atendendo assim a ‘um provivel interesse do piiblico) do que se estivesse apenas iniciando sua carreira académica, Por outro lado, dependendo do estilo do resenhador, a descrigio ¢ a avaliagio de partes especificas do livro aparece juntas, sintetizadas no mesmo trecho ¢, 3s vezes, na mesma sentenga. importante frisar que 0 uso dos quatro ‘estigios textuais, indicados acima, foi uma tendéncia verificada em pesquisa ante- rior, junto a cditores ¢ autores de resenhas em periddicos internacionais (Motta- -Roth, 1996). Portanto, a descrigio do género nesses termos deve ser tomada como uma constatagio* de como as pessoas escrevem resenhas em determinado \s internacionais em ingles) € espago geogrifico (resenhas publicadas em periédi temporal (década de 1990), e nfo uma norma a ser seguida cegamente. ‘Vejamos um exemplo de resenha, retirado da internet do site da Com.ciéncia , em que a rese- nhadora apresenta um livro sobre sociologia em uma perspectiva interdisciplinar: Exemplo 2.1 SH Emergéncia. A dindmica de rede em formigas, cérebros, cidades e softwares Steven Johnson Jorge Zahar Editor, 2003. Por Patricia Mariuzzo A gigante do comércio eletrénico Amazon.com en- via mensagens autométicas para os usuétios avisando seléico mae cae nase de read em um ea de 180 exo pubic ings 8 pe VROSULAS TERTENES EN veNevenae sobre novos langamentos que combinam com 0 perfil do usuario. O sistema consegue “acertar” nas dicas, pois usa informagoes de compras anteriores, que funcionam para tracar um perfil do ususrio e gerar um tipo de propaganda personalizada. Siste- ‘mas como 0 usado pela Amazon sio baseados em inteligéncia emergente. Emergéncia explica os fend- menos emergentes, como surgiram ¢ como podem transformar a televisio, a propaganda, o trabalho, a politica ¢, antes de tudo isso, 2 tecnologia. O autor mistura biologia, histéria, literatura ¢ matemética para explicar 0 que sio esses sistemas. Charles Dickens, ‘Marshall McLuhan; James Joyce; Femand Braudel © Charles Darwin séo algumas das referéncias usa- das por Johnson, cuja formacio é em semidtica e Ticeravura inglesa, (SGT «gcse rem > mum colénias de formigas, o cérebro humano, gran- des cidades ¢ software? ‘Todos usam, em menor ou maior grau, sistemas auto-organizados, nos quais 6 dispensada a presenga de controle centralizado. Nos sistemas emergentes, também chamados bottom-up (de baixo para cima), agentes que residem em uma escala comegam a produ cxjo padréo reside em uma escala acima deles: for- migas criam colénias, cidadéos criam comunidades, uum software simples de reconhecimento de padres aprende como recomendar novos livros. © movi- ‘mento das regras de nivel baixo para asofisticacao do Apresentar | nivel mais alto €0 queo autor chama de emergéncia. O sistema s6 é emergence quando todas as interagées locais resultam em algum tipo de macrocomporta- mento observivel. Deve ainda ter os seguintes com- ponentes: interacio entre vizinhos, reconhecimento de padroes, feedback e controle indireto. A existéncia desse mito explicaria a dificuldade que as pessoas tém em accitar a hipdtese bottom-up, um mundo sem lideres ou os fenémenos coletivos. O estudo das coldnias de formigas demonstra que nao ha nada de hierirquico na mancira como ela funciona. A rainha néo é uma figura de aucoridade, cla nao decide 0 que cada operitia faz. © compor- tamento das formigas — proteger a rainha, buscar | alimento etc. ~ proviria de uma instrugio genética, cujo objetivo & a preservacio da colénia. Nao é a ‘matriarca que treina as operas, a evolugao fez isso. Nas cidades, da mesma maneira, haveria um tipo de organizagio espontinea, independente de plane- jamento ou de uma lideranca, Isso conferiria a elas ‘uma “personalidade”, que se auto-organiza por meio de milhées de decisées individuais, uma ordem glo- bal construida a partir de uma intera¢ao local que 0 autor chama de “nivel da rua", O que ocorre é a re- petigio de padres que “ficam guardados na textura dos quarteides..” para usar as palavras de Johnson. Segundo ele, desse mecanismo viriam as separagées de bairros ricos ¢ pobres, comerciais ¢ residenciais etc. Prevendo a estranheza do leitor depois de tal afirmacao, admite que também padroes nas cidades ditados via top-down, como as comissGes de planejamento ou as leis de zonca- tem diversos mento. Porém, forcas bottom-up desempenhatiam ES a ke ‘um papel fundamental na formagio das cidades, criando comunidades distintas ¢ grupos demogré- ficos nio plancjados. Para isso, bastam milhares de individuos e regras siraples de interagio. tee modelos emergentes artifciais, A primeira descricao pritica cde um programa de software emergente data da dé- cada de 1940. 0 objetivo era ctiar processos capazes de aperfeicoarem-sea si mesmos eassim conseguirem reconhecer padrées que nao podiam ser determina dos por antecipagio. A partir dai, torna-se concreta a possibilidade de criar programas onde as intera- ‘gbes dos componentes desencadeiam consequéncias no sistema como um todo ao serem repetidas mi- Ihares de vezcs. Aqui o exemplo & SimCity (Simu- lation City, Cidade Simulada), jogo letronico cuja primeira versio, surgida em 1990, tornou-se campea de vendas. No jogo, 0 autor usa um truque de pro- gramagio que permite que a cidade evolua de forma semelhante a um ser vivo. Com a série SimCity, os sistemas bottom-up deixam de set objeto de estudo para se tornarem um produto comercializavel. Ape- nas dez. anos depois, 0 mundo dos sistemas emer- agentes estd em lojas on-line, que dele se uilizam para reconhecer gostos como no exemplo dado no inicio deste texto; em sites da web que ajustam comunida- des on-line; no marketing, que o utiliza para detectar padres demogrificos no piiblico ete. A ligio & que, ‘embora nossa primeira reagao seja procurar por lide- res, estamos aprendendo a pensar bottom-up. sobre como esses sistemas aprendem. As cidades aprendem, 0 corpo humano aprende, as formigas aprendem, sempre a partir da interagio com vizi- nnhos, por meio de feedbacks positivos © negativos, que determinam as modificacées © adaptacées no sistema. Mas, “a web também esti aprendendo?”, pergunta Johnson. Existe a chance de as grandes re- des de computadores se tornarem autoconscientes? A diferenga é que os sistemas emergenciais, na cidade e no cérebro, tém conexies e organizacio, gerando espontaneamente estruturas medida que aumentam de tamanho. A web, no entanto, néo esta se tornando organizada, a0 contritio, é um espaco em que a desordem cresce com o aumento do volu- me total. Yahoo ¢ Google sio sistemas criados pelo ‘homem para funcionar como um antidoto, para dar sentido a um sistema que nao gera organizagio por si mesmo. Uma tentativa de aperfeigoar esse modelo 0 Alexa, soffware que usa um tipo de tecnologia de fileragem colaborativa para construir conexées entre sites baseadas no tafego de usudtios, A ferramenta acompanha 0 usu: enquanto ele navega na inter net, aprendendo padroes de trifego. © mundo da programagio esti se tornando cada vex mais darwinista e menos criacionista, Se antes a boa programacio era aquela em que havia total controle do autor, hoje avanga de uma forma mai obliqua, na qual os desenvolvedores fazem 0 pro- grama amadurecer, um resgate dos conccitos da sclegio natural. Nos jogos baseados em inteligén- cia emergente, programar as regras faz parte do jogo tomaré um tempo considcrivel do jogador. Para ele, crian- «as familiarizadas com jogos emergentes podem se HOSUR AS VENTURE MW URIVERSTORUE’ tornar mais rolerantes com a fase exploratéria que precede 0 jogo em si, e na qual nem os objetivos nem as regras ainda esto claros. mas questées sobre o futuro da emergéncia artifi- cial. O que acontecer4 quando as experiéncias em midia € os movimentos politicos forem delineados por forgas bottom-up ¢ nao top-down? A emergéncia segue na diregio de melhorar cada ver mais aplic sées de sofware capares de desenvolver uma teoria sobre nossas mentes. Os programas que fazem um, levantamento dos nossos gostos ¢ interesses si0 0 ‘comeco de um mundo em que poderemos interagir mais regularmente com a midia, pois o sofituare re- conhecerd nossos habitos, anteciparé nossas neces- sidades e se adaptard as nossas mudancas de humor. O software, assim como o cérebro, sera capaz de re- construir estados mentais, quase leitores de mentes. SOREIRTOEE fica clara a visto otimista de Jonson e sua crenga em um mundo onde a légica bottom-up se espalha por todos os cantos. Algo que parece questionvel, pois se os sistemas emergentes estio presents na légica de desenvolvimento das ci- dades, com a eficiéncia para organizar ¢ estrucurar a vida dos homens no caos urbano, por que essas cida- des nunca abandonaram as formas top-down de orga~ ‘A propaganda, o trabalho e a politica ganham ‘outra face influenciados pelo modo bottom-up. Como nesse exemplo, resenhas, em geral, s4o textos mais curtos (comumen- te, no muito mais do que 1.500 palavras) se comparados com outros géneros como 0 artigo académico (comumente, até 10 mil palavras) ow a tese de doutora- do (que pode incluir mais do que 80 mil palavras). No exemplo 2.1, a resenhadora constrdi trés dos quatro estgios textuais an- teriormente mencionados. Em primeiro lugar, o livro é apresentado; em seguida, descrito ¢ avaliado. Nao ha uma recomendacio final clara para que 0 piblico compre o livro, mas como as avaliagées so positivas ¢ a resenhadora ressalta a cen- tralidade do tema do livro (“esta se expandindo pouco a pouco para ocupar varias, senio todas, as instincias das nossas vidas”), a recomendacio fica subentendida, Para construir, de modo persuasivo, cada um dos trés estdgios indicados no exemplo 2.1, a resenhadora avanga, passo a passo, utilizando estratégias variadas De inicio, estabelece um pano de fundo para sua discussao sobre o tema do livro, 20 chamar a atengio para o modo como a Amazon.com se utiliza de novos sistemas de informagio como o de inteligéncias emergentes. Ela utiliza esse recurso de exempli- ficagio para contextualizar o livro resenhado e definir de que manei nova contribuicdo para o “estado da arte”, isto é, 0 atual estado do conhecimento nos estudos das organizagées sociais. Esse estégio estabelece o cendtio contra o qual a resenhadora buscard descrever (as partes do livro) e avaliar (os melhores ou piores aspectos do mesmo). Ela conecta esse contexto ao livro pelo seu titulo: “Emergéncia explica os fendmenos emergentes, como surgiram ¢ como podem transformar a televisio, a propaganda, o trabalho, a politica e, ances de tudo isso, a tecnologia”. Na apresentagio da obra, so definidos os campos teéricos mobilizados para ex- plicar 0 tema do livro: “O autor mistura biologia, historia, literatura maremética para explicar 0 que sio esses sistemas”. Além disso, para situar leitor, a resenhadora apela para a fama de autores usados como referéncias na obra ¢ para as eredenciais do autor: “Charles Dickens; Marshall McLuhan; James Joyce; Fernand Braudel e Charles Darwin sio algumas das referéncias usadas por Johnson, cuja formacio é em semidxica ¢ literatura ingles”. O estigio seguinte serve tanto para dat uma visio geral do livro (cnumerando suas partes) como também para detalhar alguns pontos especifics. ele traz uma A resenhadora: (a) da uma visio geral do livro ~ Exemplo 2.2 /organiaagao (onexto ‘entre om cferentes elementos dotitulo pelo tem aglutinador: Emergencia) S#l O titulo & provocative: © que poderiam ter em co- mum coldnias de formigas, o cérebro humano, gran- des cidades ¢ softwares? Todos usam, em menor ou maior grau, sistemas auto-organizados, nos quais é dispensada a presenga de controle centralizado, (b) explica 0 t6pico de cada capitulo ~ Exemplo 2.3 See err © que chama de "mito da formiga rai- PRM re tec CM ce noha’. (..) SERED modelos emergentes artifiiais, Won ees YEE 0 fucuro da emergéncia artificial. (..) (0) avalia pontos especificos — Exemplo 2.4 C. yo] Pontos S#l ressaltados sobre como esses sistemas aprendem, (. oe a emergén- cia esté se expandindo pouco a pouco para ocupar varias, sendo todas, as instancias das nossas ‘Ao fazer comentétios avaliativos sobre os temas abordados no livro, a resenhadora chama para si o papel de especialista (autoridade) frente ao leitor que, por sua ver, se constitui como membro (aspirante ou especialista) de uma comunidade académica O estilo do texto é formal eo tom é persuasivo para influenciar o piblico a ler (ou nao ler) 0 livo, © objetivo da autora da resenha, portanto, parece ser demonstrar autori- dade dentro da disciplina, enquanto membro capaz de avaliar criticamente uma nova publicagio, rendo como pano de fundoa literatura prévia na disciplina; sua habilidade em fazer julgamentos plausiveis e coerentes, fornecendo evidéncias para tanto. Resenhas comumente trazem também descrigio de material extra que vai na forma de apéndices, anexos, , listas de referéncias e indices além do texto principal de cada capitulo do livr tabelas, gréficos, figuras, dados, exercicios, gloss remissivos. O tipo e a frequéncia desses materiais adicionais variam de érea para area e dentro de cada érea, dependendo do assunto tratado no livro. Serio men- cionados sempre que isso for relevante para a avaliacio do livro ou para as préticas de publicagao da disciplina. = Em determinadas areas, a qualidade da impressio das imagens ou a pre- cisio e extensio do favorivel da obra. dice remissivo podem ser lembradas numa avaliacéo Como vimos, no exemplo 2.1, a resenha se encerra com uma recomendagio final velada, mas de tom persuasivo, que ressalta a importincia e a atualidade do livro: “ -2 emergéncia esti se expandindo pouco a pouco para ocupar vitias, senao todas, as instncias das nossas vidas". No entanto, frequentemente, a0 recomen- dar uma obra, resenhadores aconselham explicitamente o leitor a ler (ou talver, ‘io ler) 0 livro, ressaltando o impacto significativo da obra (ou a falta dele) para a disciplina como um todo (Mocta-Roth, 1995, p. 45). ‘Vejamos outro exemplo de resenha retirado do site do periédico da rea de letras, Linguagem & Ensino : Exemplo 2.5 L#1 Linguagem & Ensino, Pelotas, vol. 11, n° 1, p. 237-261, jan./jun. 2008 Aratijo, Jilio César (org,). Internet & ensina: novos generos, outros desafis Rio de Janeiro: Lucerna, 2007, 288 p. Resenhado por Rogéria Lourengo dos Santos O uso de ferramentas tecnolégicas no ambito do ensino vem crescendo significativamente nos iiltimos anos. A internet é uma das ferramentas que mais se destaca nesse contexto, pri cipalmente no ensino de linguas, tuma vez que se configura por variados recursos mididticos, textos multi- modkis e géneros textuais, Com 0 intuito de abordar questées voltadas ao ensino de linguas materna © estrangeira no contexto virtual, o livro Internet & ensino ~ novos géneros, outros defies. organizado por Jélio César Araijoy traz sugestées de pri ticas pedagégicas que incluam o ambiente virtual, Professores de diversas instituig6es de ensino do Brasil apresentam suas pesquisas e propostas no livro que retine dezesseis capitulos, os quais tém como palavras-chave Séneros discursives, internet e ensinolaprendizagem de trangeina. a prin sio apresentados géneros como chat, homepage, weblog as em sala de aula © ¢ foruns, algumas propostas pedagégicas desenvol propostas mais tedricas, de andlise descritiva, ambas com 0 objetivo de explorar os géneros virtuais como objeto de ensino. A visio adotada pelos autores é a de que os géneros virtuais sio parte integrante dos eventos comunicativos sociais e que, por isso, mezecem tanta atengio quanto os sgeneros encontrados no meio nao digital Tr alunos ¢ leitores adotam no mundo virtual e sobre 0 uso dos recursos EE. si0 abordadas questées sobre os perfis que professores, oferecidos pela internet (letramento digital), tendo como foco propostas pedagégicas de mediacao de ensino-aprendizagem. O papel da escola en- quanto instituigso responsivel por essa mediagio € visto, pelos autores, como fundamental para possibilitar a socializacio, a construgéo ¢ 0 com- partilhamento do conhecimento. (SET lio César Araiijo e Nonato Costa apresentam a organizagio composicional do chat aberto, constatando a existéncia de cinco “movimentos interativos” nesse género digital, quais sejam, “marca automatica do provedor, indicando que o internauta entrou na sala’, “saudagao inicial”, “conversagio", “despedida” ¢ “marca automitica do provedor, indicando que o internauta saiu da sala” (p. 24). Tais movie mentos mostram que 0 género char apresenta uma organizagio estru- tural, embora 0s tépicos conversacionais possam variar no decorrer do bate-papo. Roberta Caiado, SRSMMMOREMGEE, clara uma pesquisa cujo género de estudo é 0 weblog. A autora traz uma discussio sobre as supostas influén- cias do internetés (nome dado & escrita utilizada na internet) na escrita escolar, O uso de abreviagoes, 0 alongamento de consoantes ¢ vogais ¢ as palavras nao acentuadas, caracteristicas comuns da escrita digital, so considerados, pela autora, como linguagem nao normativa e nio como “erro”, uma vez que poucas “transgressGes” foram, de fato, verficadas nos textos escolares analisados. Essa constatacio desmistifica a crenga de pro- fessores que acusam a internet como a responsével pelos erros ortogrificos dos alunos em redagées escolares. (RRS. Viviane Leal, coloca em discussio 0 bate-papo enquanto instrument pedagégico de ensino a distancia. Nesse contexto, © professor € visto como mediador que deve estimular ¢ permitir que 6s alunos interajam entre si de forma colaborativa (em busca de obje- tivos comuns ao grupo) e cooperativa (buscando objetivos pessoais). A utilizagao do bate-papo para fins pedagégicos, segundo a aurora, deve ser sempre planejada e, para tanto, requer propésitos pré-delineados pelo professor, para se evitar 0 uso inadequado da ferramenta. Maria do Carmo Fonces, SRM, «rata de um recurso tipico da comunicacio digital: 0 emorizon. O uso de caracteres que representam expres- ses facia € comportamentos emocionais como riso, piscadela ou tristeea foi frequente em aulas virtuais de lingua inglesa. A auséncia do contato visual centre 0s participantes foi compensada pelo uso dos emoticons, responsiveis por aunxiliar na construgio das relagées interpessoais no ambiente virtual. Retomando 0 género chat aberto, Jilio César Araijo ¢ Bernadete Biasi- Rodrigues propoem-sc, FE EREREERER, analisar os recursos est desse género digital. Entre tais recursos, destacam-se: sam expressar sentimentos; a repeticio de letras e sinais de pontuacio, cujo objetivo é marcar ou enfatizar a entonaco; 0 uso da letra k em substituicio 0 digrafo /qu/, letra “c" enquanto fonema /k/ e4 representacio de risada (kkkkckke); e marcas nasais como “aum’, tragos todos que aproximam a escrita digital da oralidade. Os autores apontam para a importincia de considerar a linguagem além do ambiente escolar ¢ todas as variagées que cla possui, sem preconceitos linguisticos, uma ver que a lingua é flexivel €, portanto, adapra-se a eventos comunicativos que The sejam peculiares icos 1s emoticons, que vi- QURETE dc Aurea Zavam, aborda os e-zines — edigoes eletrdni- cas informativas de carter independente, amador e alternativo ~ em sua forma discursiva como um meio de se manifestarem voz. sujeitas a instituigdes. Por isso, os e-zines tém seus textos discursivamente construidos de modo mais irreverente, sem sofrerem a censura da midia que nao estio normativa. Quanto ao ethos, os e-zines caracterizam-se por possuirem “um ethos jovem, contestador, revolucionario, livre das amarras sociais” (p. 105), Zavam sugere a inclusio de textos “marginais’, como os e-zines, nas priticas pedagégicas, por sua linguagem aproximar-se do discursa jovem, paginas www, a homepage. No sétimo capitulo, Benedito Gomes Bezerra pagi ‘page: Pi VOTES Ne va One Teen e len ae caracteriza a homepage como géneto introdutério e faz uma andlise de seus propésitos comunicativos, dos movimentos feitos para alcangar esses propésitos e das estratégias retéricas envolvidas nesses movimentos. O autor aponta a necessidade de a teoria de géneros passar por uma atual fo, de forma a atender ais necessidades de anilise dos géneros digitais. no oitavo capitulo, Désirée Motta-Roth, Susana dos Reis e Débora Mar- shall colocam em discussio uma proposta de ensino implementada em um curso de ILE (WebEnglish), desenvolvida com alunos de inglés como lingua estrangeira. Tal proposta uniu a produgio de paginas pessoais & aprendizagem da lingua inglesa, com o objetivo de trabalhar a construcio do género “pigina pessoal”, as estruturas do idioma estrangeiro e as ha- bilidades de escrita nesse idioma. As autoras acreditam que a pedagogia com géneros digitais possa contribuir para a transformacéo da internet em uma “midia realmente pluralistica e democratica” (p. 141). GEEEIEEI «2: 2 aplicacio de um conceito proposto por Goffman a0 género digital char. Vera Lticia Menezes de Oliveira e Paiva e Adail Se- bastido Rodrigues Junior analisam o footing, ou seja, a postura assumida por participances de um momento interativo, neste caso, usuarios de dois foruns educacionais on-line. Pela observagio dos tragos ret6ricos € dis- cursivos, os autores focalizam a atitude de uma professora enquanto mo- deradora da interagio. Mudancas de postura discursiva manifestaram-se, em diferentes momentos, como critica, elogic incentivo, avaliagio ete. A proposta de anilise mostrou que, mesmo no ambiente virtual, 0 foo ting adotado nas interagées configurou-se de modo que os part oo assumissem posturas adequadas a cada “evento social” on-line. SSMUPOMNTIN ou em periddicos como _ ou ainda entre no Google

You might also like