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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES I (DIA)

- VERSÃO PRELIMINAR -

CAPÍTULOS I / II1

O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES / CONCEITO ESTRUTURA E MODALIDADES


DE OBRIGAÇÕES

Caso prático n.º 1


António enviou a Francisco uma carta com o seguinte conteúdo: “Proponho
prestar serviços de jardinagem na tua casa por 100 euros”. Francisco respondeu com
uma carta onde escreveu “Aceito”. No decurso dos meses seguintes a relação entre
António e Francisco deteriorou-se, nomeadamente porque António não avisou
Francisco quando, numa tarde, viu o cão deste fugir. Algumas semanas depois desse
acontecimento, Francisco resolveu o contrato e exigiu a António o pagamento de
uma indemnização.
Identifique as situações jurídicas referidas no enunciado e pronuncie-se sobre as
questões suscitadas pelo caso que considere relevantes no âmbito do Direito das
Obrigações.

Caso prático n.º 2


Carolina, ex-participante do concurso de televisão “Ídolos”, obriga-se perante o seu
vizinho de cima, Pedro, a não fazer sessões de karaoke em sua casa durante o período de
um mês, durante o qual Pedro deverá concluir um importante projecto de arquitectura.
Em contrapartida, Pedro obriga-se a não fazer festas em casa e, caso se cruze com
Carolina, a fazer-lhe uma vénia, dirigindo-lhe a saudação “Avé Carolina, Rainha do
Pop”.
Quid juris?

Caso prático n.º 3


Manuel, passageiro do comboio Alfa, viajando de Lisboa para Coimbra, combina
com Lourenço que este o despertará quando o comboio chegar à sua cidade de
destino. Contudo, Lourenço distraiu-se a olhar para a paisagem e apenas se
lembrou do que havia combinado com Manuel quando o comboio chegou ao Porto.
Manuel, revoltado, diz que Lourenço responderá por não ter “cumprido a sua
obrigação”.
Quid juris?

Caso prático n.º 4


Tristão pede a Isolda que o acompanhe ao baile de finalistas da faculdade
escrevendo-lhe uma carta com o seguinte teor: “Peço-te que me acompanhes ao baile de

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Escrito de acordo com a antiga ortografia.
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finalistas, devendo estar pronta à porta de tua casa às 20 horas do dia 25 de Maio
deste ano. Eu obrigo-me a comparecer pontualmente, levar um ramo de flores e ser
muito divertido ao longo de toda a festa”. Isolda enviou a Tristão uma missiva de
resposta dizendo apenas: “Aceito ir ao baile de finalistas nos termos que fixaste”.
No entanto, no dia indicado e à hora combinada, Isolda não compareceu, tendo
optado por ir ao baile de finalistas na companhia de Francisco. Tristão, em fúria,
afirma que Isolda violou o contrato que tinha sido celebrado.
Quid juris?

Caso prático n.º 5


João celebrou um contrato de compra e venda com Manuel, tendo sido
convencionado que João vende e Manuel compra “pelo preço de 2.000 euros todos as
coisas de que o vendedor seja titular relativas ao Corto Maltese, salvo aquelas que
tenham um valor unitário de mercado superior a 200 euros”.
Quid juris?

Caso prático n.º 6


Bernardo celebrou um contrato com Manuel, tendo sido convencionado que o
primeiro deverá nadar de Lisboa até Moledo, recebendo, em contrapartida, 5.000 euros.
Bernardo deverá realizar o percurso em menos de seis horas, mas terá direito a uma
pausa de uma hora e a uma garrafa de água quando chegar ao largo da Figueira da Foz.
Quid juris?

Caso prático n.º 7


Catarina celebrou um negócio jurídico com Francisco, tendo as partes estipulado
que Francisco deveria bater sem gravidade em António e destruir o seu automóvel.
Francisco, que era praticante de MMA, “entusiasmou-se” e matou António, tendo-se
esquecido de destruir o seu automóvel. Catarina afirma que Francisco responderá
civilmente pelo incumprimento das obrigações resultantes do negócio jurídico que
celebraram.
Quid juris?

Caso prático n.º 8


A Sociedade A, que se dedica à produção do vinho “ Encostas do Douro”,
celebra um negócio jurídico com a mercearia X, acordando as partes que esta mercearia
seria a distribuidora exclusiva daquela marca de vinho. A mercearia Y convence a
sociedade A a incumprir o negócio jurídico que tinha celebrado com a mercearia X
permitindo igualmente à mercearia Y a comercialização daquela marca de vinho. Para
esse efeito, a mercearia Y disponibilizou-se a pagar a indemnização que a Sociedade A
deverá pagar à mercearia X em virtude do incumprimento definitivo do contrato
celebrado entre essas entidades.
Quid juris?

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Caso prático n.º 9
António, bilionário, visitou um stand da Mercedes e, numa compra de impulso,
adquiriu um Mercedes AMG-GT antes mesmo de fazer um test drive. As partes
acordaram que o automóvel seria entregue em casa de António no dia 10 de Fevereiro.
Nesse dia, quando António saía de casa, ficou surpreendido por ver o carro à sua porta,
com as chaves na ignição e sem documentos.
António decidiu experimentá-lo, tendo conseguido destravar o carro e acelerar.
Todavia, como tinha pedido caixa automática e nunca tinha conduzido um carro com
557 CV teve, poucos segundos depois, um acidente.
Quid juris?

Caso prático n.º 10


Mariana, uma “socialite”, costuma mandar fazer os seus vestidos de noite numa
costureira em Campo de Ourique. O processo é sempre o mesmo: Mariana explica à
costureira o evento em causa, a sua ideia geral para o vestido e a costureira concretiza,
utilizando, para esse efeito, os seus conhecimentos técnicos e criatividade. Mariana
consegue, assim, assegurar que, nos encontros sociais a que vai, não encontra outra
convidada vestida do mesmo modo.
Sucede, porém, que, em determinada ocasião, a costureira foi também contactada
por Vera para fazer um vestido para a mesma festa que tinha motivado a elaboração do
vestido de Mariana. Como se tratou de um pedido de última hora e a costureira estava
com pouca “inspiração”, decidiu utilizar na preparação do vestido de Vera a maior parte
das suas ideias que anteriormente utilizara na preparação do vestido de Mariana. No
evento em causa, Mariana verificou, perplexa, que Vera comparera com um vestido
praticamente igual ao seu e pensa agora pedir uma indemnização à costureira.
Quid juris?

Caso prático n.º 11


Maria, atolada em dívidas, obteve alguma liquidez e pagou a Manuel, seu vizinho,
uma dívida que estava prescrita (tendo essa prescrição sido anteriormente invocada).
Posteriormente, Maria mudou de ideias e dirigiu-se a Manuel exigindo-lhe a devolução
do dinheiro, mas Manuel recusou. Entretanto, vários credores de Maria que continuam
sem receber já se pronunciaram sobre o caso, tendo declarado que pretendem impugnar
o pagamento e que a situação é particularmente escandalosa visto que Manuel deve
dinheiro a Maria e ainda não pagou. Em resposta a essas declarações dos credores de
Maria, Manuel afirmou que, para que não restassem dúvidas e para que pudesse dar-se o
caso como definitivamente encerrado, procederia à compensação da sua obrigação
perante Maria com o crédito de que entende ser titular sobre esta.

Quid juris?

Caso prático n.º 12

António, Francisco e Manuel comprometem-se perante Pedro a entregar-lhe uma


jóia, sem que tenha sido convencionado como responderiam. Pedro decide remitir a
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dívida de António mas exige de Francisco e de Manuel que lhe entreguem a jóia.

Quid juris?

Caso prático n.º 13

A sociedade “Carros antigos de luxo, S.A.” tem à venda vinte Porsches Carrera
911 do ano de 1975 para serem vendidos “as is” (nos diferentes estados de conservação
em que se encontrem). Francisco escreveu uma carta para a referida sociedade propondo
a compra de um Porsche Carrera 911 do ano de 1975, pelo preço de X euros, mas
sujeitou essa compra à realização prévia de reparações necessárias até ao valor de Y
destinadas a que o Porsche ficasse, tanto quanto o orçamento o permitisse, no estado
mais próximo possível de “mint condition”.
A sociedade “Carros antigos de luxo, S.A.” notificou Francisco de que aceitava a
proposta que este fizera e que, dentro de quinze dias, lhe entregaria o Porsche com a
matrícula AA-11-22, já devidamente reparado. No dia seguinte a Francisco ter recebido
a declaração enviada pela referida sociedade, o Porsche com a matrícula AA-11-22 foi
levado por uma enxurrada e ficou inutilizado.

Quid juris?

Caso prático n.º 14

Sabendo-se que um de dois pintores (Pedro Cabrita Reis ou Pedro Calapez) será
escolhido para representar Portugal numa feira de arte internacional, Manuel obriga-se a
entregar a Francisco uma obra do pintor que tiver sido escolhido. Pedro Cabrita Reis foi
escolhido, mas Francisco entende poder exigir a entrega de uma obra de Pedro Calapez.

Quid juris?

Caso prático n.º 15

João obrigou-se a entregar a Margarida uma de duas aguarelas da sua autoria.


Hipótese 1: As partes acordaram que a escolha competiria a João. João escolheu
entregar a aguarela “Reflexões estivais” e enviou um email a Margarida dizendo que a
entrega seria efectuada no dia seguinte. Durante a noite, “Brutus”, o temperamental
mastim napolitano de João, comeu a aguarela “Reflexões estivais”. No dia seguinte,
João compareceu em casa de Margarida com a outra aguarela. Margarida recusou-se a
receber a aguarela que lhe foi apresentada e disse que queria ser indemnizada.
Hipótese 2: As partes acordaram que a escolha da aguarela competiria a
Francesca, uma artista italiana que reside em Lisboa. Antes que Francesca tivesse
oportunidade de escolher a aguarela que lhe parecia melhor, “Brutus” comeu uma delas.
Francesca enviou um email a João e a Margarida dizendo que esta tem direito a ser
indemnizada, mas Margarida preferiria receber a outra aguarela.

Quid juris?

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Caso prático n.º 16

Carolina fez uma transferência bancária para Mariana no valor de 10.000 euros.
Dois meses depois, Carolina exige-lhe que entregue, para além do capital que diz estar
“em dívida”: (i) a quantia x, correspondente à desvalorização do Euro durante o período
do mútuo; (ii) a quantia y, a título de juros, que deverá ser paga a Ermelinda; e (iii) a
quantia z, a título de juros dos juros. Mariana diz que os 10.000 que lhe foram
transferidos correspondiam ao pagamento de uma dívida, mas Mariana defende que se
tratou de um contrato de mútuo.

Quid juris?

Caso prático n.º 17

António e Carolina estão solidariamente obrigados a entregar a Joaquim Euro


5.00. Joaquim exige a António que lhe pague a totalidade do seu valor, mas António
invoca a compensação de um crédito de Euro 5.000 que tem sobre Joaquim.

Quid juris?

Caso prático n.º 18


Bernardo, Lourenço e Rafael devem solidariamente a Mariana Euro 15.000.
Mariana exige a Bernardo que pague a totalidade da prestação. Bernardo demonstra que
estava completamente embriagado à data da celebração do negócio. Lourenço paga os
Euro 15.000 e exige a Bernardo e Rafael que lhe paguem Euro 5000 cada.

Quid juris?

Caso prático n.º 19

Catarina e Francisca devem solidariamente a Benedita Euro 10.000. Benedita


exige a Catarina o pagamento dos Euro 10.000 mas esta última invoca eficazmente a
prescrição da sua obrigação. Francisca paga a Benedita Euro 10.000.

Quid juris?

CAPÍTULO III
FONTES DAS OBRIGAÇÕES

SECÇÃO I - CONTRATOS

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Caso prático n.º 20

António celebra com Bernardo um contrato-promessa de compra e venda de um


livro de Manuel, acordando celebrar o contrato definitivo no dia 10 de Abril de 2017.
Nessa data, António, Promitente Vendedor, recusa-se a celebrar o contrato prometido e
afirma que Bernardo não tem direito a indemnização pois o que tinha sido prometido era
“legalmente impossível”.

Quid juris?

Caso prático n.º 21

Carolina celebrou com Mariana um contrato-promessa de compra e venda de um


apartamento que tem na Foz, no Porto. No entanto, apenas Carolina assinou o contrato.

Quid juris?

Caso prático n.º 22

Diogo celebrou, no dia 10 de Abril de 2014, um contrato-promessa de compra e


venda com Tito, tendo Diogo prometido vender e Tito prometido comprar uma casa de
que Diogo era proprietário em Cascais. O contrato-promessa foi celebrado por
documento assinado por ambas as partes, com reconhecimento presencial das
assinaturas, mas sem que houvesse certificação, pelo notário, da existência da licença de
utilização que, à data, não existia.
Imagine as seguintes hipóteses, independentes entre si: (i) Joaquim, credor de
Diogo, invocou a nulidade do contrato-promessa de compra e venda; (ii) a licença de
utilização foi concedida no dia 10 de Maio de 2014; (iii) estipulou-se no contrato-
promessa que Tito renunciava ao direito de invocar a invalidade decorrente da falta de
certificação, pelo notário, da existência da licença de utilização.

Quid juris?

Caso prático n.º 23

Ricardo celebrou um contrato-promessa com Matilde, tendo Ricardo ficado


obrigado a, durante o prazo de três anos, vender um apartamento de que é proprietário
na zona do Parque das Nações. Matilde, por sua vez, acordou em pagar a Ricardo uma
compensação de Euro 5000 por cada um desses três anos. O contrato-promessa consta
de um documento escrito que foi assinado apenas por Ricardo.

Quid juris?
Caso prático n.º 24

João e Madalena celebraram, no dia 1 de Maio de 2014, um contrato-promessa de


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compra e venda de um apartamento de que João é proprietário, pelo preço de Euro
200.000, a ser celebrado no dia 4 de Outubro desse mesmo ano. Madalena entregou a
João, à data do contrato promessa, Euro 30.000 e passou a habitar a casa. No dia 1 de
Outubro de 2014, João vendeu o apartamento a Francisco, por Euro 250.000, preço
considerado como sendo o valor de mercado desse bem. Madalena, indignada, pretende
reagir.

Quid juris?
Caso prático n.º 25

No dia 1 de Fevereiro de 2014, Catarina prometeu vender a Madalena, que


prometeu comprar, pelo preço de Euro 100.000, um terreno com laranjeiras de que a
primeira é proprietária, situado no Alentejo. À data da celebração do contrato-promessa,
Madalena entregou a Catarina Euro 10.000. As partes convencionaram que o contrato
prometido seria celebrado no dia 1 de Março de 2014 mas, nessa data, Catarina não
apareceu. Madalena ficou bastante perturbada porque há muito que gostaria de ter
iniciado uma plantação no terreno, esperando poder fazê-lo a partir do contrato
definitivo.

Quid juris?

Caso prático n.º 26

No dia 1 de Março de 2016, Gonçalo prometeu vender e Sofia prometeu comprar


um prédio, tendo as partes tomado todas as providências para conferir eficácia real ao
contrato-promessa que celebraram. No dia 15 de Março de 2016, Gonçalo vendeu o
prédio a Mariana.

Quid juris?

Caso prático n.º 27

Sara celebrou com Agostinho, no dia 10 de Janeiro de 2015, em papel de carta,


uma convenção em que Sara se obrigou a dar preferência a Agostinho em caso de
alienação a terceiro de um prédio de que é titular em Benfica. Apenas Sara assinou o
documento. No dia 10 de Março desse mesmo ano, Sara vendeu o referido prédio a
Clotilde, por Euro 500.000, sem dar conhecimento a Agostinho.

Quid juris?
Caso prático n.º 28

Luís celebrou com Jacinto um contrato nos termos do qual o primeiro se obrigou a
dar preferência ao segundo em caso de alienação de um apartamento de que é
proprietário na Rua de S. Bento. O pacto foi celebrado por escritura pública no dia 1 de
Fevereiro de 2014.

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No dia 5 de Fevereiro de 2014 Luís obrigou-se, também por escritura pública, a
dar preferência a Ricardo na venda do mesmo imóvel, pacto este que foi registado no
dia seguinte.
No dia 1 de Março de 2014 Luís vendeu o apartamento a Rafael, que pagou Euro
300.000, nada comunicando a Jacinto ou a Ricardo.

Quid juris?

Caso prático n.º 29

A sociedade X, que se dedica à produção e distribuição de cortiça, pretende


abandonar o sector da distribuição e dedicar-se apenas ao da produção. A actividade de
distribuição de cortiça é actualmente desenvolvida através de cinco sociedades
subsidiárias (controladas pela sociedade X) em que alguns accionistas minoritários têm
direito de preferência na transmissão de participações sociais.
A sociedade Y, potencial adquirente, só está interessada na compra unitária e
global das posições de controlo nas cinco sociedades distribuidoras pois entende que,
sob o ponto de vista económico-financeiro, a compra parcelar de apenas algumas dessas
participações não lhe assegura a posição no sector da distribuição que pretende ter e que
justifica o prémio que o preço reflecte.
As sociedades X e Y informaram os accionistas minoritários de que o negócio
seria realizado, mas comunicaram-lhes que não teriam direito de preferência. Os
accionistas minoritários discordam e dizem que vão reagir judicialmente.

Quid juris?

Caso prático n.º 30

António e Bernardo convencionaram que uma dívida de Catarina a Bernardo será


extinta por remissão.

Quid juris?

Caso prático n.º 31

Bernardo, celebrou um contrato com a sociedade “Flores do Dia” para que a


sociedade florista entregasse diariamente a Mariana (sua namorada), por um período de
6 meses, um ramo de flores silvestres, acompanhado de um cartão com os versos de
Vinicius: “Eu sei que vou te amar/Por toda a minha vida eu vou te amar/Em cada
despedida eu vou te amar/Desesperadamente/Eu sei que vou te amar”.

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Um mês depois, o namoro acabou. Bernardo ligou para a “Flores do Dia”
explicando a situação e solicitou que cessassem a entrega das flores. O gerente disse que
compreendia a situação e deu de imediato instruções para que não fossem entregues
mais flores a Mariana. Contudo, no dia seguinte, Mariana telefonou para a “Flores do
Dia” reclamando por não lhe ter sido entregue o ramo de flores silvestres que
diariamente recebia.

Quid juris?

Caso prático n.º 32

Bernardo arrenda uma casa em Lisboa a Miguel, convencionando as partes que as


rendas deverão ser pagas a Margarida, que fica autorizada a cobrá-las.

Quid juris?

Caso prático n.º 33

António doa a Rafael um relógio Patek Philippe, reservando-se este último a


faculdade de indicar um terceiro para assumir a sua posição no contrato.

Quid juris?

Caso prático n.º 34

No dia 1 de Fevereiro de 2014, Rafael vendeu a Jacinto um automóvel, ficando


este último com a faculdade de designar uma pessoa para assumir a sua posição
contratual. No dia 15 de Fevereiro de 2014, Jacinto conversou com Rafael e disse-lhe
que Manuel ocuparia o seu lugar no contrato.

Quid juris?

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SECÇÃO II - NEGÓCIOS UNILATERAIS

Caso prático n.º 35


Na sequência de um acidente de viação envolvendo diversas viaturas, Mariana
entrega a Francisca um documento com o seguinte teor: “Eu, Mariana, prometo reparar
o automóvel de Francisca”. Vem depois a apurar-se que Mariana, contrariamente ao
que julgara, não é responsável pelos danos provocados no automóvel de Francisca.
Quid juris?

Caso prático n.º 36


António, pessoa particularmente distraída e que passa pouco tempo em casa,
convence-se, após conversa com a sua mulher, de que deveria pagar à empregada
doméstica, Ermelinda, 500 euros relativos ao mês de Outubro. Nesse sentido, entrega a
Ermelinda um documento onde escreve: “Eu, António, reconheço que devo 500 euros à
Ermelinda”. Posteriormente António compreende que o contrato de trabalho de serviço
doméstico celebrado com Ermelinda tinha cessado os seus efeitos no final do mês de
Setembro e que a sua mulher se referia à nova empregada doméstica, Belinda, que tinha
começado a trabalhar na casa de ambos há duas semanas, sem que António tivesse
reparado.
Quid juris?

Caso prático n.º 37


Jacinto publica o seguinte anúncio no Diário de Notícias:
“Ofereço recompensa de 1000 euros a quem encontrar a minha ovelha de
estimação, que perdi quando a passeava na Avenida da Liberdade. É branca, tem um
sinal cinzento na orelha direita e é muito parecida com a Dolly”.
Isabel e Manuel descobrem a ovelha mas, quando a entregam a Jacinto e
reclamam o pagamento da recompensa, Jacinto afirma que nada lhes deve.
Quid juris?

Caso prático n.º 38


Gonçalo, professor do ensino secundário, anuncia numa aula que ofereceria uma
viagem às Maldivas ao seu aluno que obtivesse a melhor classificação nos exames
nacionais de 2013.
Após esse anúncio verificaram-se os seguintes acontecimentos:
(i) Joana, que não estava presente nessa aula, foi a primeira classificada nos
exames nacionais de 2013. No entanto, Gonçalo recusou-se a pagar-lhe a
viagem prometida. Segundo Gonçalo, a finalidade de oferecer a viagem era
motivar os seus alunos. Na medida em que Joana só tinha sabido da
existência do prémio depois do exame, Gonçalo considera que não tem a

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obrigação de pagar a alguém que não foi motivado pela obtenção da
recompensa;
(ii) Bernardo, aluno de Gonçalo, classificou-se em primeiro lugar nos exames
nacionais de 2014 e reclama que lhe seja oferecida uma viagem.
Quid juris?

Caso prático n.º 39


Marco Amado, cantor de baladas sentimentais, publica no jornal um anúncio com
o seguinte teor:
“Eu, Marco Amado, em defesa da canção portuguesa, venho por este meio lançar
o concurso intitulado - “Eu sou o melhor cantor da minha aldeia”. O concurso será
composto pelas seguintes regras: (i) cada cantor deverá enviar uma gravação cantando
um tema original; (ii) o júri será composto por mim, pelo Francisco Cantigas e pelo
Manuel Canto-Bem; (iii) o vencedor receberá um troféu de ouro com a inscrição “Esta
é a prova de que eu sou mesmo o melhor cantor da minha aldeia”.
Apenas Florentino e José enviaram gravações, mas o escolhido acabou por ser
Bernardino que, muito embora não tenha enviado uma gravação, impressionou os
jurados quando estes se encontravam a jantar numa casa de fados.
Quid juris?

Caso prático n.º 40


Gustavo foi ao concurso televisivo “Quem quer conhecido por querer ser
milionário” esperando receber 100.000 euros por cada resposta certa. Tendo
respondido a uma questão no sentido X, o júri considerou que a resposta era inválida.
Veio, no entanto, a demonstrar-se que a decisão do júri resultava de um erro grosseiro
pois a resposta X estava correcta. Gustavo pretende reagir judicialmente.
Quid juris?

SECÇÃO III – RESPONSABILIDADE CIVIL

Caso prático n.º 41


António, pedreiro de profissão, trabalhava na sociedade “Edifícios de Betão,
S.A.”, que se dedicava à construção civil.
Um dia, enquanto estava no andaime:
(i) António, distraído, chocou contra uma tábua solta que, por sua vez, caiu em
cima de um transeunte, João, provocando-lhe um traumatismo craniano. Duas
semanas mais tarde, na sequência dos graves ferimentos infligidos, João morreu. A
mulher de João, Catarina, reclamou o pagamento de uma indemnização.
(ii) Enquanto trabalhava, António atirou uma beata de um cigarro para a rua. A
beata caiu em cima de umas ervas secas que pegaram fogo, gerando-se um incêndio que
consumiu um carro que se encontrava estacionado num lugar proibido, ao lado de um
letreiro onde dizia “Não Estacionar. Perigo. Obras em Curso”. O carro, um Fiat
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127, de 1986, explodiu, ficando inteiramente destruído. Manuel, proprietário do carro,
exige que este, de estimação, seja reconstruído com peças originais e que lhe seja pago o
aluguer de um carro até que a situação esteja resolvida.
Quid juris?

Caso prático n.º 42


Manuel, carpinteiro, caminhando na Avenida de Roma por volta das 16:30, é
abordado por dois adolescentes de 14 anos (António e Francisco) que, acompanhados
por João, de 6 anos, agarram agressivamente Manuel (rasgando-lhe mesmo o casaco) e
exigem que este entregue tudo quanto tem, sob pena de “sofrer graves consequências”.
Em pânico, Manuel pega num martelo que transportava consigo e desfere um golpe
violento na cabeça de António, deixando-o imediatamente inconsciente. Em seguida,
Manuel levanta o braço para desferir um golpe semelhante em João. É nesse momento
que Francisco, utilizando uma arma de fogo que tinha escondida no bolso do casaco, dá
um tiro em Manuel e o mata.
Quid juris?

Caso prático n.º 43


Artur leva um coice de um cavalo enquanto faz jogging no Estádio Universitário.
Artur reclama uma indemnização de Francisco que, tendo sido pago por Bernardo,
proprietário do cavalo, para tomar conta dele durante uma hora, tinha adormecido e
deixado o cavalo solto. Francisco recusa-se a assumir qualquer responsabilidade,
afirmando que o cavalo só deu um coice em Artur porque se assustou com a buzina de
um carro que passava nas imediações do estádio e porque Artur se aproximou
demasiado do cavalo.
Quid juris?

Caso prático n.º 44


Maria, pobre imigrante oriunda do país “ABC”, casada com Rafael, é baby-sitter
de Lourenço, de 6 anos. Numa tarde, Maria foi encontrar-se com o seu amante (João) a
um centro comercial, levando Lourenço. Enquanto Maria falava com João, Lourenço,
que estava de patins, ganhou velocidade e destruiu uma montra onde se
encontravam expostas valiosas peças de cristal. Em consequência, Lourenço fracturou
um braço e cem peças de cristal (no valor de 5.000 euros) ficaram integralmente
destruídas.
Na sequência destes acontecimentos, Josefa, inimiga de Maria, descobrindo que
aquela tinha um amante, prepara-se para, daí a duas semanas, revelar a história de
adultério numa estação de rádio particularmente ouvida pela comunidade imigrante do
país “ABC”. Maria, sabendo disso, sequestra Josefa, impedindo-a de ir ao programa.
Quid juris?

Caso prático n.º 45


De acordo com as normas que regem o funcionamento das salas de espectáculo, as
cadeiras devem estar presas ao solo de modo a facilitar a circulação das pessoas nas
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salas, sobretudo considerando a possibilidade de estas não estarem iluminadas e de
poder haver um incêndio. João foi com um grupo de amigos assistir a um concerto de
Maria Rita na sala de espectáculos X. Tendo verificado que a sua cadeira estava
estragada, levantou-a de modo a trocá-la por outra. É então que João, fortemente
embriagado, deixa cair a cadeira, que viria a provocar graves lesões em Pedro, actor
consagrado, que assistia ao concerto no piso inferior.
Pedro pretende exigir uma indemnização a João e à sociedade que explora a sala
de espectáculos X. A companhia de teatro “Grandes Peças” pretende exigir uma
indemnização a João, invocando que as lesões em Pedro causaram graves prejuízos à
companhia, que se viu obrigada a contratar um actor substituto.
Quid juris?

Caso prático n.º 46


A sociedade “Escava Tudo”, realizando trabalhos de escavação, danifica um cabo
subterrâneo de alta tensão, determinando, assim, a interrupção do fornecimento de
energia eléctrica em “Vila Nova”. António, proprietário de uma fábrica localizada em
Vila Nova, exige uma indemnização da “Escava Tudo” por todos os danos que sofreu.
Quid juris?

SECÇÃO IV - GESTÃO DE NEGÓCIOS

Caso prático n.º 47


Helena, vendo que na casa da sua vizinha de cima, Sofia, se iniciou uma
inundação, contrata a sociedade “Chaves do Artilheiro” para arrombarem a porta de
casa de Sofia, permitindo assim a Helena pôr fim à inundação.
Quid juris?

Caso prático n.º 48


Bernardo, advogado de Francisco, tem procuração para celebrar em nome e por
conta de um seu cliente um negócio jurídico de mútuo, assumindo a posição de
mutuante. No entanto, estando já no cartório, telefona-lhe o seu cliente exigindo que o
devedor garanta o cumprimento do mútuo através da constituição de uma hipoteca sobre
um imóvel de que era titular. Tendo a contraparte concordado com a constituição da
hipoteca, Bernardo interroga-se como deverá proceder.
Questão adicional: A sua resposta ao caso prático seria idêntica caso não tivesse
ocorrido a conversa telefónica entre Bernardo e Francisco e Bernardo, ainda assim,
tivesse actuado?

Caso prático n.º 49


Francisco, pai de Mariana, sabendo que a sua filha, de 18 anos, se encontra de
férias nas Seychelles, pratica os seguintes actos. declarando o intuito de ajudá-la “a
realizar algumas tarefas que a própria há muito deveria ter realizado”:
(i) Celebra um contrato de empreitada para que seja arranjado o telhado da
casa de Mariana, como a mesma há muito projectara.
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(ii) Paga um imposto em atraso de Mariana, que esta se recusava a pagar.
(iii) Vende um quadro de Mariana na sequência de uma oferta claramente
superior ao valor de mercado da obra.
Mariana considera que:
(i) Não tendo o pai telefonado para as Seychelles a avisá-la de que iria praticar
os actos referidos, não se encontra obrigada a reembolsá-lo das despesas
que aquele efectuou;
(iii) Não tem de reembolsar o pai pelo pagamento do imposto porque não
tencionava pagá-lo.
Por seu turno, Francisco afirma que apenas entregará à filha o valor de mercado
do quadro, tendo direito ao remanescente.
Quid juris?

Caso prático n.º 50


No dia 1 de Março de 2006, João, gestor de conta do Banco Cash & Gold,
constatou que as acções representativas do capital social da sociedade KTL, que o seu
cliente, Francisco, lhe ordenara que adquirisse na semana anterior, desceram 20% em
apenas seis horas de negociação em bolsa, atingindo os 5 euros por título. Temendo que
o valor das acções descesse ainda mais, João deu ordem de venda.
No dia 3 de Março de 2006, foi lançada uma oferta pública de aquisição sobre as
acções representativas do capital social da sociedade KTL, com um prémio de 40%.
Francisco exige uma indemnização.
Quid juris?

Caso prático n.º 51

Manuel manda colher laranjas maduras de umas laranjeiras do seu vizinho,


Francisco, pensando, erroneamente, que as laranjeiras se encontravam no seu terreno.
Quid juris?

Caso prático n.º 52


Catarina é titular de um bar situado na praia do Guincho, que só explora durante o
verão. Matilde, sem autorização de Catarina, pensando que o bar poderá ser também
lucrativo durante o resto do ano, abre o bar, renova-o e explora-o com sucesso de
Outubro a Fevereiro, arrecadando 20.000 euros de lucros.
Quid juris?

SECÇÃO V - ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA

Caso prático n.º 53


Miguel compra a Maria um carro descapotável por 20.000 Euros. O preço de
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mercado situa-se, porém, nos 15.000 Euros.
Quid juris?

Caso prático n.º 54


Rafael vai passar férias a Vilar de Mouros por ocasião do festival de verão.
Pretendendo integrar-se numa recente renovação do movimento hippie, compra, por
1000 Euros, o que julga ser um colar de pedras recolhidas em Goa aquando de uma
festa de despedida do sol. Vem depois a descobrir que as pedras que compõem o colar
tinham sido afinal recolhidas em Cacia, nas margens do Rio Vouga. Furioso, Rafael
exige que o vendedor hippie restitua o dinheiro recebido.
Quid juris?

Caso prático n.º 55


Duarte vai à Fnac comprar presentes de Natal. Estando na fila para embrulhar os
presentes, vê que uma pessoa entrega uma nota de vinte Euros à funcionária que fazia os
embrulhos. Quando chegou a sua vez, recebeu os embrulhos e deixou vinte Euros em
cima do balcão, partindo logo de seguida. Duarte descobre posteriormente que a Fnac
não exige o pagamento adicional pelos embrulhos e que, na realidade, a pessoa que
tinha entregue a nota de vinte Euros à funcionária era uma sua amiga, que pagava uma
dívida.
Quid juris?
Questão adicional: qual seria a sua resposta caso a Fnac exigisse o pagamento
adicional de dez Euros pelos embrulhos?

Caso prático n.º 56


Bernardo deve entregar a Margarida 1 kg de laranjas e um selo de colecção. Por
erro, Bernardo entrega as laranjas e o selo a Maria, irmã gémea de Margarida. Maria
julga que a entrega das laranjas e do selo se deve a um gesto de amor por parte de
Bernardo, que Maria julga ser um seu apaixonado. Quando Bernardo explica a Maria
que as laranjas e o selo não eram para si, Maria, surpreendida, explica que comeu
praticamente todas as laranjas (só sobrou uma) e que ofereceu o selo ao seu primo
Rodrigo.
Quid juris?

Caso prático n.º 57


Manuel Silva, cliente da mercearia “Legumes do Dia”, na sequência de uma
conversa entre o merceeiro e um outro cliente em que o merceeiro tinha referido que até
havia pessoas como “um tal de Manuel Silva” que não pagavam as suas dívidas, paga à
mercearia uma dívida de 200 Euros, julgando que resultava de compras efectuadas por
si alguns meses antes. Na realidade, a dívida era de um seu homónimo.
Quid juris?

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Caso prático n.º 58
António celebra um contrato com João nos termos do qual este último deverá
pagar as dívidas de António às Joalharias da Rua Augusta. João paga uma dívida de
António (de 1250 Euros) à Joalharia “Ouro de Qualidade”, situada na Rua da Prata,
pensando que, segundo o contrato que tinha celebrado com António, estava vinculado
ao cumprimento dessa obrigação.
Quid juris?

Caso prático n.º 59


Manuel celebra um contrato-promessa com Frederico para compra de um imóvel
deste último, entregando, a título de sinal, 20.000 Euros. Dois meses depois, tendo
ambos mudado de opinião quanto à compra e venda do imóvel, decidem revogar, por
mútuo acordo, o contrato-promessa que tinham celebrado.
Quid juris?

Caso prático n.º 60


Joaquim costumava passar férias no parque de campismo do Guincho. No entanto,
desde o último incêndio no Guincho, que Joaquim se via impedido de fazer sardinhadas
no mato para os seus vizinhos, como fazia todos os verões. No último ano, porém,
Joaquim resolveu o problema utilizando por diversas vezes o jardim de uma casa com
excelente vista para a praia. Muito embora reconheça que os visitantes não destruíram
nada na casa e que durante esse tempo também não tencionava utilizar a casa para
qualquer fim, o seu proprietário, Luís, não gostou particularmente da ideia e pergunta-
lhe a si, enquanto advogado, se terá algum fundamento para reagir.
Quid juris?

Caso prático n.º 61


Bernardo arrenda uma casa a Francisco. Depois de alguns meses a viver na casa, e
constatando que era fria, Francisco instala um sistema de aquecimento central instalado
dentro das paredes. Quando termina o contrato de arrendamento, Francisco pretende
desmontar o sistema de aquecimento central mas os técnicos informam-no que tal obra
provocará sérios prejuízos ao imóvel de Bernardo.
Quid juris

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