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Índice
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substitutivo em lugar de Isaque, é "O Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo", cordeiro que vencerá e abrirá os selos que
colocará em ação os eventos finais da história humana.
Aquele que em companhia de dois anjos visitou
Abraão em Manre e ordenou a destruição das cidades de Sodoma
e Gomorra, salvando Ló e suas filhas, é o mesmo, em meio a
inumeráveis hostes de anjos, ordenará as pragas e castigos que
destruirão os rebeldes ao acontecerem os castigos dos selos, das
trombetas e das taças da ira.
Deus estava no topo da escada que ia da terra
ao céu e anjos subiam e desciam por ela, é o mesmo que disse a
Natanael que no futuro ele veria o céu aberto e os anjos de Deus
subindo e descendo sobre o Filho do Homem (Jo 1.51).
Aos judeus do Concilio afirmou em ser o Filho
do Deus Bendito e disse que haveriam de ver o Filho do Homem
assentado à direita do Todo- Poderoso, vindo sobre as nuvens do
céu (Mc 14.62).
Ele que um dia veremos sobre o trono
excelso1, com milhões e milhões de anjos e de remidos ao Seu
redor, adorando-o, e Ele mesmo ordenará o desenvolvimento dos
acontecimentos finais.
O Apocalipse é o último livro do Novo Testamento,
singular entre os demais. Ele é, ao mesmo tempo: s Uma
revelação do futuro (Ap 1.1,19); S Uma profecia (1.3;
22.7,10,18,19); e S Um conjunto de sete cartas (1.4,11; 2.1-
3.22).
Apocalipse deriva da palavra grega
'apocalupsis', traduzida por revelação em Apocalipse 1. 1. É uma
revelação divina quanto à natureza do seu conteúdo, uma
profecia quanto à sua mensagem e uma epístola quanto aos seus
destinatários.
Cinco fatos importantes no tocante ao contexto
deste livro são revelados no capítulo 1.
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2. Essa revelação foi dada ao autor sobrenaturalmente, por Cristo
glorificado através do seu anjo (Ap 1.1,1018).
O Propósito
O Apocalipse tem por finalidade dar ao mundo uma
última declaração divina de que Jesus é o Filho de Deus e há de
triunfar sobre todo inimigo e será o Governador do Universo
durante a eternidade.
O Apocalipse anunciao últimoconvite escrito por
inspiração divina, chamando aos pecadores a
reconciliarem-se com Deus pormeio da fé em Jesus Cristo.
A admoestação é feita às nações e seus reis: "Beijai o
Filho" (SI 2.10-12). Neste convite de graça (Ap
22.17), há também o aviso da mais triste
e irrevogável sentença: "Quanto,porém, aos covardes, incrédulos,
abomináveis1, assassinos, impuros, feiticeiros, idólatras e todos os
mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo
e enxofre, a saber, a segunda morte" (Ap 21.8).
A escolha será: "Venha... receba de graça" (Ap
22.17) ou "será lançado para dentro do lago de fogo" (Ap
20.15).
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Na presença de Cristo não entra nenhuma
cousa imunda, ou seja, é preciso lavar nossas vestes no sangue do
Cordeiro (Ap 22.14; 12.11; 7.9-17). Ficarão de fora os que têm
prazer nos deleites carnais.
Aos crentes, esta profecia tem um propósito duplo de
admoestação e de alento. Repreende e anima, esquadrinha e
exorta. Incentivando e estimulando a serem santos e ativos diante
de Deus, gratos pela salvação e a bem-aventurada esperança. Não
apóia a idéia errônea de que a salvação eternadas almas é determi
pelas obras feitas pelo indivíduo. A sua relação com o Cordeiro de
Deus é indispensável.
A maneira de ensinar os cristãos é por
meio dejuízos diretosrelacionados com as sete igrejas da Ásia; o
Senhor Jesus Cristo elogiando ou censurando, os ensinamentos
proféticos do futuro, findando com a descrição do Juízo Final e
visão da Cidade Eterna, a Nova Jerusalém, com seu divino Rei.
Todas as divisões do livro têm suas lições para o salvo
hodierno1. Observando o que o Senhor Jesus Cristo elogia ou
censura nas igrejas, notamos o que lhe agrada ou não.
Reconhecendo a parte que teremos nos eventos
celestiais como remidos, veremos que convém aprender agora a
louvar ao Senhor Jesus e dar-lhe glória.
Aqui mesmo nos entregamos à tarefa de aprender
como viver devidamente na presença de Deus, sabendo que os
Seus olhos vêem a todos os nossos atos. Desta forma saberemos
viver naquela cidade onde não há necessidade de sol, lua ou
lâmpada, pois a glória de Deus a ilumina (Ap 21.23). O Cristo, Juiz
do capítulo 1, é o Cordeiro iluminador do capítulo 21!
Quando habitarmos a Nova Jerusalém, teremos
deixado para trás tudo o que é mau e indigno. O Espírito Santo
nos revela o futuro neste livro, ao mesmo tempo Ele opera em
nossas mentes produzindo os resultados que deseja. O cristão
deve pensar que nessa ocasião ele é um santo preparado para
habitar as mansões celestiais. Esta é outra prova da graça divina e
que o Espírito Santo mora no crente.
Outra maneira que este último livro da Bíblia
1 Relativo aos dias de hoje; atual.
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ajuda o cristão é revelando minúcias acerca do futuro. Apresenta
um panorama ou perspectiva dos eventos do fim da História que,
de outro modo, o estudante da Palavra não teria.
Embora ele faça uso de uma linguagem figurada e de
símbolos, em sua maioria são explicados aqui mesmo e nas
Escrituras Sagradas.
Uma verdade de importância sem igual se destaca
entre as coisas simbólicas e figuradas, impressionando a pessoa
cada vez que lê o Apocalipse, é esta: Jesus Cristo é o Vencedor!
Vencerá todos os inimigos! Levará o plano divino à sua apoteose 1
triunfante!
A presença deste livro no cânon do Novo Testamento
é justificada pela mensagem que anuncia. O Evangelho de João
14.1-3 diz que o Salvador prometeu aos Seus voltar para levá-los,
a estarem com Ele no lugar que Ele mesmo prepararia.
Exortou-lhes ter nEle a mesma fé que tinham
em Deus, evitando a perturbação que estava sujeita. Nos últimos
capítulos do Apocalipse, lemos sobre o lugar que o Redentor está
preparando para os Seus. Que gloriosa cidade! Ler sobre a Nova
Jerusalém é desejar alcançá-la.
O mesmo autor diz que ainda não se manifestou o que
nós, filhos de Deus, havemos de ser, mas sabemos que quando
Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos
tal como Ele é (lJo 3.2).
No Apocalipse, João descreve a maneira como Cristo
há de manifestar em forma visível e gloriosa. Que satisfação deve
ter sentido o apóstolo do Senhor ao receber esta revelação mais
plena e ser comissionado a escrevê-la para torná-la conhecida das
igrejas da Ásia Menor.
Há outras declarações no Evangelho de João
acerca do futuro e este livro propõe a ampliar. Exemplo: João 3.16
fala da maneira de receber a vida eterna, e não perecer. Que quer
dizer essas frases? No Apocalipse há mais detalhes acerca desta
vida perene ou perdição.
João 11.25-26 ensina o mesmo acerca da ressurreição
ou do arrebatamento, Paulo em I
1 Conjunto de honras ou homenagens tributadas a alguém. Glorificação; esplendor.
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Tessalonicenses 4 e 5 confirma, e está de acordo com este último
livro profético, isto é, que só os crentes terão parte na felicidade
eterna. Também Cristo mencionou a Sua volta em João 14.28.
Veja-se João 6.40,44,54.
O aspecto mais amplo do futuro que é mencionado no
Quarto Evangelho que ocupa a maior
parte deste livro final é o juízo em relação a Jesus Cristo. É
verdade que o Senhor não veio para condenar (ou julgar, que é a
palavra original), mas para salvar o mundo (Jo 3.17). Ele disse em
João 8.15: "Eu a ninguém julgo". Mas, diz em João 5.21- 22 e 26-
29 que o Pai entregou ao Filho toda autoridade divina para julgar.
Virá o tempo em que Ele chamará a juízo todos os
seres humanos e separará os salvos dos condenados. Em João
8.26 o Senhor diz: "Muitas coisas tenho para dizer a vosso
respeito e vos julgar".
A maior parte do Apocalipse mostra Jesus Cristo
entronizado e julgando os habitantes deste mundo. No primeiro
sermão que fez na sinagoga de Nazaré, Jesus disse que havia
vindo para "apregoar o ano aceitável do Senhor" citando Isaías
61.2 (Lc 4.19). E no Apocalipse vemos que chegou o tempo a que
se refere o resto de Isaías 61.2 "o dia da vingança do nosso
Deus".
Em Amós 5.18-20 diz "Ai de vós que desejais o
dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do Senhor? Trevas
será e não luz". Veja Sofonias
1. 14; 2.2.
Nos capítulos 2 e 3 do Apocalipse o juízo começa com
a casa de Deus (lPe 4.17-18). Mas, de Apocalipse 6.1 até 19.21
lemos sobre um juízo após outro, um castigo, uma praga, uma
dor, uma pestilência, etc, cada vez mais severos, até que os
homens busquem a morte, mas esta se distancia deles. Além
disto, virá após o reino milenar, o tempo do juízo final, Cristo
assentado sobre o Grande Trono Branco, todo o mundo diante
dEle, para o juízo definitivo.
Por esta razão o Apocalipse é chamado de livro de
juízo, de vingança, de terror. Muitos não enxergam nele mais que
castigos, pragas e têm idéia
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que Deus dará um fim à história humana, fazendo que todo o
mundo sofra grandes penas.
O evento descrito no capítulo 19 mostra os
santos e os seres celestiais alegres ao ver o julgamento da grande
prostituta dizendo: Aleluia... Verdadeiros e justos são os seus
juízos, pois julgou...
O objetivo deste livro é dar ao mundo a mensagem
divina de que o fim de todas as coisas se aproxima. As condições
atuais não continuarão sempre assim. A paciência de Deus não
durará eternamente. O dia do juízo é inevitável.
O diabo e os seus perderão a batalha e
sofrerão eterna perdição. Jesus Cristo gozará a vitória que obteve
na cruz e com os Seus reinará eternamente.
Está decidido, que é o Cordeiro e não a besta ou
dragão que será coroado Vitorioso e Vencedor. A santidade
dominará o Reino perene1, enquanto a maldade deixará de existir.
Que propósito digno para este importante livro final!
Autor
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imperecível, imperecedouro, eterno. escrevendo o Apocalipse perto do fim
16
João era "o discípulo que Jesus amava". O
Evangelho e as suas Epístolas falam do amor como tema
predileto. Um homem ideal para transmitir a revelação que o
Senhor deu a ele em Patmos.
A idéia que havia outro ancião chamado João
que escreveu o Apocalipse parece-nos fantasiosa. Dizer que algum
anônimo o fez e atribuiu ao apóstolo a fim de assegurar a sua
aceitação é uma conjectura.
Por que não crer na declaração do próprio
livro? A lógica é aceitar que o autor é o mesmo apóstolo e, por
conseguinte, crer também que ele foi inspirado, como afirmou.
João não pretende que a obra seja produto da
sua própria sabedoria. Afirma ter recebido a revelação de Jesus
Cristo. Escreveu o que lhe foi ordenado. Temos aqui, portanto, a
"Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu... notificou ao seu
servo João" (Ap 1.1). "E eu, João" (Ap 22.8).
A referência histórica mais recente
ao Apocalipse encontra-se nas obras de Justino Mártir (135
d.C.), por volta da metade do século II. Ele citou que foi escrito
por João, apóstolo de Jesus Cristo (Diálogo com Trifon, pág. 81 -
Citado por Tenny Interpreting Revelation, pág. 16).
Irineu cita cinco passagens e declara que João foi o
autor. Também, Pápias, Clemente de Alexandria, Teófilo de
Antioquia, Pastor de Hermas, O Cânon
Muratório, provando que nos fins do século II, o Apocalipse de
João era aceito como livro apostólico, como parte legítima do
cânon do NT.
Os outros livros apocalípticos foram rejeitados. As
igrejas orientais não aceitaram o Apocalipse no cânon até o quarto
século, isto é, não todas as igrejas desde o princípio. Mas, a
decisão final foi favorável ao Apocalipse e contra os escritos em
estilo similar.
Um mesmo autor pode usar estilos diferentes
quando escreve. E é certo que a
linguagem é a da época da Igreja Primitiva, pois não durou muito
a influência do aramaico sobre ela. E há críticos que alegam que o
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grego do Apocalipse prova que ele foi escrito antes da queda de
Jerusalém no ano 70.
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1.
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Data
0 livro em si não oferece muita evidência acerca da data exata
em que foi escrito. (A idéia que Apocalipse 13.18 se refere a Nero, porque o
seu nome Neron Kesar em hebraico pode ser escrito de tal maneira que o
valor numérico das letras seja 666, não é razoável).
Tampouco é certo que as referências ao templo como se ainda
estivesse de pé sejam prova de que o livro foi terminado antes da destruição
de Jerusalém. Pode referir-se a outro templo futuro.
A favor da data comumente aceita pelos
evangélicos de teologia conservadora, ao redor do ano 90 ou um pouco mais
tarde, há várias considerações. O próprio texto oferece um testemunho que
merece séria atenção, ao procurarmos descobrir a data da sua origem.
Os dois capítulos em que constam as cartas às
igrejas, o segundo e o terceiro, descrevem uma condição de decadência que
viria após um período de desenvolvimento e maturidade.
Este estado de cousas não podia ter prevalecido durante o
Império de Nero. Não havia transcorrido tempo suficiente depois do
estabelecimento daquelas igrejas, pelo apóstolo Paulo. Além disto, a evidência
externa é a favor de uma data posterior, na última década do primeiro século.
Irineu diz especificamente que o Apocalipse foi
escrito durante o reinado do Imperador Domiciano (81 a 96 depois de Cristo).
Este último dos Césares podia muito bem ter sido o que desterrou 1 o velho
apóstolo João para a ilha de
Patmos. Vitoriano, Eusébio e Jerônimo estão de acordo com Irineu.
Não há dúvidas de que o autor do Apocalipse estava familiarizado
com o Antigo Testamento, as Escrituras Sagradas do judaísmo. Considerando
a existência de muitos escritos neste estilo, como o chamado Apocalipse de
Pedro, outro de Paulo, de Esdras, de Elias, de Zacarias, etc, destaca-se que o
livro do Apocalipse foi realmente escrito pelo apóstolo João, o discípulo
amado.
É lógico deduzir que o Apocalipse foi escrito quando começaram
as perseguições em todo o Império Romano.
Havendo em circulação várias obras de cunho apocalíptico, não é
estranho que em tempos de perseguição, esta mensagem às igrejas tomasse
este estilo de comunicação, embora seja uma literatura diferente e empregue
um vocabulário distinto, especial.
O apóstolo João conhecia bem as igrejas da Ásia Menor. Sabia
da preocupação dos irmãos, especialmente dos pastores, ao
ver o princípio da perseguição imperial.
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A esperança que tem fortalecido os santos durante os milênios,
tem sido a confiança que Deus cumprirá o que prometeu ao primeiro homem
pecador. No último livro da Bíblia deve haver o desenvolvimento da história
humana, ver o homem cumprindo, por fim, o propósito divino para o qual foi
criado.
Veremos a solução justa e eterna do problema do mal, veremos o
bem triunfante para sempre sem possibilidade de mais luta.
Os salvos deverão estar gozando de todos os benefícios da
redenção, porquanto o Redentor venceu e foi glorificado como Rei do
universo, devido à eficácia1 da Sua obra salvadora.
Cristo ocupa essa posição suprema e sublime;
não só agora, por ser o criador de tudo,
mas também por tê-lo merecido e pelo que fez; não unicamente como Filho
de Deus, mas por ser o Filho do homem; não só como a Segunda Pessoa da
Trindade, mas porque é o que veio em carne, foi morto, sepultado,
corporalmente ressuscitado, e em corpo glorificado ascendeu ao Pai.
Por toda eternidade Ele será o Deus revelado, o Deus visível, o
Cordeiro de Deus que foi morto, mas não pode morrer mais, porém antes,
venceu a morte.
Vive Eternamente. É o Cristo porque é Jesus e é Deus.
A exaltação de Jesus Cristo que esvaziou a Si mesmo é a
mensagem principal deste precioso livro que encerra o cânon da Palavra de
Deus.
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Menor. Todavia, por m ais representativas que possam ter sido, as sete igrejas eram
igrejas que conheciam João, e este, instruído pelo Senhor ressurreto escreveu essas
palavras de advertêhcia e de esperança.
Alguns comentaristas referem-se às sete igrejas como sete épocas da
história do mundo, mas não há o mínimo indício no texto que as sete igrejas devem ser
entendidas dessa forma. Trata-se, na verdade, uma maneira errada de ver a história da
Igreja; o propósito é fazer as cartas às sete igrejas parecerem profecias de sete épocas
da história do mundo.
Não há nenhum indício no texto de que João queria que entendêssemos as
sete cartas dessa maneira. É notório que as cartas foram escritas e enviadas às igrejas
locais, estabelecidas e envolvidas em lutas, tribulações, demonstrando a fé e
perseverança em meio à perseguição.
Apocalipse: 2a Parte
Os Sete Selos
(Ap 6.1-8.5)
A abertura dos primeiros quatro selos mostra
quatro cavaleiros de diferentes cores (Ap
6.1- 8). Esses cavaleiros, no mesmo espírito do caos predito em
Marcos 13, representam os juízos de Deus por meio de guerras
(Ap 6.2) e conseqüências sociais devastadoras, a saber: violência
(Ap 6.3-4), fome (Ap 6.5-6), epidemias e morte (Ap 6.7-8).
O quinto selo (Ap 6.9-11) fala do clamor por justiça
dos santos martirizados em relação aos
opressores. Recebem a resposta de que, por enquanto, precisam
esperar, pois o número de mártires do povo de Deus ainda não
está completo.
Uma análise atenta do sexto selo (Ap 6.12) é
importante para compreender a estrutura literária e a seqüência
de episódios do Apocalipse.
Ao ser aberto, o sexto selo faz surgir os sinais
do fim: um grande terremoto, escurecimento do sol, lua que se
torna avermelhada ("como sangue") e a queda das estrelas do
céu (Mt 24.29- 31; Mc 13.24-27).
1 Que subsegue no tempo ou no lugar; imediato, seguinte:
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Ao ler poucos capítulos do Apocalipse e já somos
levados aos acontecimentos finais. O Céu é enrolado como um
pergaminho; montanhas e ilhas são abaladas. Os poderosos e os
insignificantes da terra percebem que chegou o grande dia da ira
de Deus (e do Cordeiro) e que nada pode salvá-los (Ap 6.14-17).
O terremoto neste livro é um sinal que sempre indica
a destruição que precede imediatamente o fim (veja Ap 8.5;
11.13,19; 16.18- 19) da história e a manifestação do Senhor.
Referências a terremotos em lugares
estratégicos de Apocalipse não significam que a história em si
chega várias vezes ao fim, mas que João empregou a conhecida
técnica literária da "recapitulação" (veja Gn 1-2), isto é, contar de
novo a mesma história por "ângulos" diferentes, focalizando
outras dimensões e personagens da mesma história. Desta forma
somos levados, repetidas vezes em Apocalipse ao fim da história e
à época da volta de Cristo.
João, porém, guardou sua última descrição (e mais
completa) do fim do mundo até a última parte do seu livro (Ap
19.1-22.5). Usou a técnica literária da repetição (entre outras) a
fim de preparar seus leitores para os traumas e esperanças da
história humana, para o julgamento que viria pelas mãos do
Cordeiro de Deus entronizado (Ap 6.1 -17, pensando na proteção
do se povo I Ap 7.1-17;11.1)
e na responsabilidade que tinha de dar testemunho sobre ele na
terra (Ap 10.1-11.13), no propósito redentor do julgamento (Ap
8.6-9.21), na perseguição futura (Ap 11.7; 12.1-13.18)e no
caráter definitivo do juízo de Deus (Ap 15.1-18.24).
João tinha muito a explicar a respeito do sofrimento
dos santos e do triunfo aparente do mal, que parecem negar a
confissão do cristão de que Cristo foi ressuscitado e entronizado
como Senhor.
Será que ele protege mesmo o seu povo? Será que
voltará realmente? Por que temos de sofrer, e "até quando, ó
Soberano Senhor" (Ap6.10), temos de esperar?
Os caminhos misericordiosos e misteriosos de Deus
para a raça humana exigem que se conte a história humana sob
vários pontos de vista. Para certeza que a condenação ou salvação
vem e é por meio de Jesus
Cristo.
A descrição dos juízos iniciados com a abertura dos
primeiros seis selos certamente deixou atônitos 1 os leitores de
João, mas a ira final não é o destino do povo de Deus (veja Rm
8.35,39; lTs 5.9). João interrompendo a seqüência de juízos que
levavam ao sétimo selo nos lembra de que o povo de Deus não
precisa entrar em desespero, pois "os servos do nosso Deus'' (Ap
7.3) têm por promessa: o Céu.
As Sete Trombetas
(Ap 8.6-11.19)
Os sete selos foram divididos entre os quatro
cavaleiros e os três selos restantes, com uma interrupção
narrativa entre o sexto e sétimo selos, para lembrar ao povo de
Deus da promessa do Senhor sobre proteção final e sobre sua
esperança de glória eterna. Um padrão semelhante se vê com as
sete trombetas (Ap 8.7-11.19).
As quatro trombetas iniciais relatam juízos parciais,
"a terça parte", (Ap 8.7) que caem sobre a vegetação da terra, os
oceanos, a água fresca e as luzes celestes.
As últimas três trombetas são tratadas em conjunto
como três "desgraças" que atingem a terra, destacando o juízo de
Deus para a raça humana.
A quinta trombeta (primeira desgraça) libera
gafanhotos infernais que ferroam os que não têm o selo de Deus
(Ap 9.1-12).
A sexta trombeta (segunda desgraça) traz um
poderoso exército de cavaleiros do inferno, que matam um terço
da raça humana (Ap 9.13-19).
Todos os juízos não têm efeito redentor,
pois orestante da raça humana que
foi morto pelas epidemias recusa-se a se arrepender das suas
Imoralidades (Ap 9.20-21). As advertências caíam em ouvidos
surdos.
Assim como o interlúdio1 entre o sexto e o
sétimo selo garantiu aos destinatários de Apocalipse que os que
são de Deus estão protegidos dos efeitos eternamente destrutivos
da ira divina, também entre a sexta e sétima trombetas somos
lembrados da mão protetora de Deus sobre o seu povo (Ap 10.1-
11.14).
No interlúdio das trombetas, porém, também ficamos
sabendo que a proteção de Deus durante os dias de tribulação
não significa Isolamento, pois o povo de Deus (os judeus) precisa
dar testemunho profético ao mundo.
Em Apocalipse 10.1-11 o chamado de João (pelo
padrão de Ez 2.1-3.11) é reafirmado. Ele recebe a ordem de
comer um livro agridoce2 e "profetizar a respeito de muitos povos,
nações, línguas e reis" (Ap
10.11).
A nota de proteção e testemunho é tocada
novamente em Apocalipse 11.1-13, onde a medição do templo de
Deus alude à mão protetora de Deus sobre seu povo na hora do
caos.
As perseguições durarão quarenta e dois meses, mas
seu povo, a "cidade santa" (Ap 11.2), não será nem destruído
nem silenciado.
As "duas testemunhas" (Ap 11.3) darão testemunho
nesse período, também chamado de 1260 dias, da misericórdia e
do julgamento de Deus.
Veja bem: os 42 meses e os 1260 dias referem-se ao
mesmo período de tempo de perspectivas diferentes, porque os
1 Intermédio.
2 Agro (azedo) e doce ao mesmo tempo; agro-doce, acre-doce.
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38
dias de testemunho também são dias de oposição (Ap 11.2- 7;
12.6, 13-17). Referências negativas à perseguição e à atividade
de Satanás e das bestas são sempre feitas em termos de "42
meses" (Ap 11.2; 13.5), enquanto asreferênciaspositivas à mão
sustentadora de Deus ou ao testemunho profético das suas duas
testemunhas são feitascomo "um tempo, tempose metade de um
tempo" (Ap12.14) ou "1260 dias" (Ap 11.3; 12.6).
A sétima trombeta (terceira desgraça)
novamente traz terremoto, relâmpagos e
trovões (Ap11.15-19. O fim da história chegou, é a hora
dos mortos serem julgados e dos santos serem
recompensados (Ap 11.18).
Sem dúvida o fim chegou de fato, porque o
coro celeste agora fala da vinda do Reino de Deus (e de Cristo),
assim como do dia do julgamento, como fatos do passado (Ap
11.17-18). O coro canta: "O reino do mundo se tornou do nosso
Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos"
(Ap 11.15).
As Duas Testemunhas
As duas testemunhas evidentemente são homens.
Alguns crêem que sejam Enoque (Gn 5.24) e
Elias (2Reis 2.11), porque estes nunca morreram,
i
Outros têm sugerido Moisés e Elias, representando a lei e os
profetas. Porém, não o sabemos o certo.
O objetivo deles é chamar a atenção do
mundo, e especialmente dos líderes do mundo,, para as
reivindicações do Deus do céu, em meio a um período em
que o mundo está seguindo loucamente as maquinações
diabolicamente falsas do homem do pecado. Nenhuma
arma prosperará contra elas até que a sua obra esteja
realizada.
A nota trágica é a louca alegria do mundo
por causa da morte violenta das testemunhas (Ap 11.9,10)
. Aqui se manifesta a impiedade do coração humano, no
que ele tem de pior. Mas a sua alegria frenética1 tem curta
duração. Depois de três dias, os corpos ultrajados recebem
nova vida, e são arrebatados visivelmente para o céu.
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2 Terminante, categórico, decisivo. Muito importante; capital.
3 Pôr em segundo plano; desprezar.
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inquestionavelmente liga seu início à ascensão e entronização de
Cristo (Ap
12. 5).
Quando o descendente da mulher (de Israel) é
"arrebatado para Deus até ao seu trono" (Ap 12.5), há guerra no
céu e o dragão é lançado na terra. O céu se alegra porque o
adversário (Satanás) foi vencido (Ap
12.10-12), mas para a terra é hora de lamentar (Ap
12.12) porque o mal foi lançado a
terra, e sua ira é muito grande. Satanás sabe que foi derrotado
pela entronização de Cristo e que lhe resta pouco tempo (Ap
12.12).
A mulher (Israel) que gerou Cristo (Ap
12.1- 2) e também outros descendentes (aqueles que mantêm o
testemunho de Jesus) agora recebem todo o ímpeto da ira
frustrada do dragão. Mas quando o furioso dragão for para
descarregar seu furor contra a mulher, ela será alimentada e
protegida por "1260 dias" (Ap 12.6), ou seja, por "um tempo,
tempos e metade de um tempo" (Ap 12.14).
A descrição muito breve que João faz da vida de
Cristo (apenas seu nascimento e entronização são
especificamente mencionados) não deve induzir ao leitor a pensar
que o menino é "arrebatado para Deus até ao seu trono" (Ap
12.5).
Essa passagem não tem como propósito
principal narrar a vida de Cristo, pois João sabia que seus leitores
estavam familiarizados com os fatos decisivos da história de
Cristo. Antes, a passagem quer mostrar a continuidade da
perseguição iniciada por Satanás contra a mulher (Israel) e seu
filho (Cristo) e continuada contra a mulher e o restante dos seus
descendentes (os cristãos).
Naturalmente, é o Senhor crucificado e ressurreto que
é entronizado e cuja ascensão ao trono traz consigo a derrota das
trevas (Ef 1.19-23; lPe 3.22; compare Rm 1.4; lTm 3.16).
O relato da derrota do dragão no céu e sua expulsão
dali começam claramente com a entronização do descendente da
mulher e é causada por ela. Do mesmo modo, veja bem que a
história de Apocalipse 12.6, em que a mulher foge para o deserto
e é protegida por Deus por "1260 dias” tem dois "ganchos"
inconfundíveis que a inserem na história do capítulo 12.
42
Em primeiro lugar, a fuga da mulher e os "1260 dias"
de proteção em Apocalipse 12.6 começam claramente com a
entronização de Apocalipse 12.5. Mas em Apocalipse 12.14-17 é a
perseguição do dragão, que agora foi lançado do céu para a terra,
que motiva a mulher a fugir para o deserto. Por isso, o que temos
em Apocalipse 12.14- 17 é a retomada e ampliação da história da
mulher começada em Apocalipse 12.6.
Observe as referências paralelas em
Apocalipse 12.6 e 12.14 a "deserto", alimentação e "um tempo,
tempos e metade de um tempo" (Ap 12.14) ou a seu equivalente
"1260 dias" (Ap 12.6).
Esse elo na história em que dois
acontecimentos são vistos com a fuga da mulher entre a
entronização do descendente da mulher (Cristo) e a perseguição da
mulher pelo dragão não é, nem estranha nem surpreendente. É a
entronização que (praticamente ao mesmo tempo) causa a guerra
no céu, que resulta na expulsão do dragão e
depois imediatamente leva o dragão agora furioso a
perseguir a mulher e "os restantes da sua descendência" (Ap
12.17).
Não apenas fica claro que os "1260 dias" de Apocalipse
12.6 eqüivalem a "um tempo, tempos e metade de um tempo" de
Apocalipse 12.14.
Depois o dragão levanta dois carrascos1 (Ap 13) para
ajudá-lo a perseguir aqueles que crêem em Jesus. Um deles é
apersonificação de Satanás em um líder político, a besta do mar
(Ap 13.1), chamado "o homem do pecado" ou "anticristo" (2Ts
2.3,4; lJo 2.18), que falará blasfêmias durante "quarenta e dois
meses" (Ap 13.5) e "pelejará contra os santos" (Ap
13.7), enquanto a segunda besta (ou "falso profeta", Ap
19.20), que procede da terra (Ap
13.11) , procura enganar a terra de modo que seus habitantes
adorem a primeira besta, o anticristo.
Portanto, os capítulos 12-13, é mais uma forma de se
referir aos três anos e meio, indicando o mesmo período de tempo.
43
(Ap 14.1-20)
Após entregar mensagens de constantes perseguições
ao povo de Deus pela trindade do mal, os leitores de João carecem
de outra palavra de ânimo e advertência. Por isso o capítulo 14 usa
sete "vozes" para relacionar mais uma vez as advertências e
promessas do céu.
Há mais uma visão dos 144 mil, que "foram
redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o
Cordeiro" (Ap 14.4). Isentos da imoralidade sexual como figura da
idolatria, João disse que esses seguidores do Cordeiro eram "sem
mácula" (Ap 14.5).
Em outras palavras, não tinham se
"prostituído" com a besta. São os homens e mulheres que foram
fiéis na adoração ao único Deus verdadeiro por meio de Jesus
Cristo, e não foram seduzidos pelos enganos satânicos da primeira
besta e do seu aliado, o falso profeta.
Eles serão resgatados e levados ao trono no céu, onde
em uma só voz cantarão um novo cântico de salvação (Ap 14.1-5).
Ouve-se outra voz (Ap 14.6-7), de um anjo
anunciando o evangelho eterno e avisando a terra do juízo
iminente1. As "vozes" (ou declarações) restantes seguem em rápida
sucessão.
A queda da "grande Babilônia" (Ap 14.8), símbolo
veterotestamentário de uma nação inimiga do povo de Deus é
anunciado. Depois o povo de Deus é advertido para não seguir a
besta, e aqueles que a seguem são advertidos dos futuros
tormentos da separação de Deus (Ap 14.9-12).
Em seguida uma bênção é pronunciada aos que
permanecem fiéis (Ap 14.13). Por fim, duas vozes convocam para
a colheita. Uma chama o Filho do Homem para colher a terra
como se fosse uma gigantesca plantação de trigo (Ap 14.14-16),
enquanto a última voz compara a colheita da terra a uma
vindima, pois a vinda do Senhor equivalerá a pisar o lagar 2 da
terrível ira do Deus Todo-poderoso (Ap 14.17-20).
1 Que ameaça acontecer breve; que está sobranceiro; que está em via de efetivação
imediata; impendente.
2 Espécie de tanque onde se espremem e se reduzem a líquidos certos frutos,
especialmente as uvas.
44
As Sete Taças (Ap 15.1-16.21)
Assim como os sete selos e as sete trombetas
mostram aspectos diferentes do julgamento de Deus efetuado
por Cristo, agora mais uma dimensão do seu juízo é revelada.
As sete taças da ira são semelhantes às sete
trombetas e aos sete selos, mas também são diferentes; pois
vem o tempo em que à ira de Deus não será mais parcial ou
temporária, mas completa e permanente.
45
A ira causa tristeza até mesmo no coração de Deus,
mas Ele não nos obriga a amá-lo. Ele deu liberdade aos seus filhos
e não destruirá a humanidade deles tirando-lhes essa liberdade,
mesmo se seus filhos insistem com teimosia em usar
46
da liberdade para rebelar-se contra Ele. É incrível que,
apesar da imensa misericórdia de Deus revelada [em Jesus Cristo,
existem pessoas que rejeitam sua misericórdia. Nesses casos, o
Deus fiel da criação e da redenção responderá fielmente de acordo
com sua própria natureza e palavra, dando aos seus filhos e: filhas
rebeldes aquilo em que insistiram com teimosia, isto é, a separação
eterna dEle.
Certamente, enquanto a ira de Deus, este é o ponto
alto do tormento e da desgraça: estar separado daquele que é a
verdadeira fonte de vida, ser separado do seu Criador compassivo
e, assim, experimentar para sempre a morte eterna que resulta da
rejeição daquele que é a fonte da vida eterna. Todavia, não
devemos negar nem lamentar a sabedoria de Deus em suas
manifestações passadas ou futuras de ira.
Nosso Deus evidentemente ama a retidão, a
justiça e a misericórdia a tal ponto que não tolera nossa tolerância
covarde do mal. Não podemos descartar como insignificante o fato
que o céu não está em silêncio nem embaraçado quando o mal é
punido. O céu festeja com a justiça e com o juízo de Deus (Ap
19.1-6).
55
Júbilo no Céu e a Revelação do Cordeiro (Ap 19.1-
22.5)
O céu festeja porque a grande Babilônia caiu e
está na hora de aparecer a noiva do Cordeiro. O grande banquete da
salvação está pronto para começar. Depois de ter evitado a
descrição da vinda do Senhor em pelo menos três ocasiões
anteriores, João agora está preparado para descrever as glórias da
manifestação do Senhor.
Todo o céu festeja com a gloriosa punição do mal por
Deus (Ap 19.1-6). A noiva do Cordeiro, o povo de Deus, preparou-se
com sua fidelidade para seu Senhor por meio do sofrimento. Por isso
"lhe foi dado" (a salvação é sempre uma dádiva de Deus) vestir-se
de linho fino, "porque são chegadas as bodas do Cordeiro" (Ap 19.7-
8).
O céu está aberto, e aquele cuja vinda foi fielmente
pedida desde os tempos antigos, o Verbo de Deus, Rei dos reis e
Senhor dos senhores, surge para combater os inimigos de Deus em
um conflito sobre cujos resultados não restam dúvidas (Ap
19.11-16).
Quando o Cordeiro vir com seus exércitos
celestes, as duas bestas serão lançadas no lago de fogo (Ap 19.20).
O dragão, a antiga serpente, Diabo e Satanás são lançados em um
abismo, que é fechado e lacrado por mil anos (Ap 20.1-3).
Os poderes do mal reinarão por "três anos e meio",
mas, Cristo reinará por "mil anos". Os que morreram em Cristo
serão ressuscitados para governar com Ele (Ap 20.4-6), e o governo
do direito de Deus sobre a terra é vindicado.
O reino de mil anos é chamado milênio. O
termo vem do latim (mille, mil, e annum, ano) e significa período de
mil anos.
A palavra "mil" na Bíblia é eleph em hebraico e chilioi
em grego. Em muitas passagens do AT o termo é usado em
contagens, assim como no NT (veja Gn 24.60; Lc 14.31). Às vezes é
usado para referir-se a um grande número, sem a pretensão de ser
exato (veja Mq 5.2; 6.7; Ap 5.11). A referência específica usada
48
para criar a doutrina do reinado de mil anos ligado à última vinda de
Cristo que se encontra em Apocalipse 20.2-7.
O material bíblico não apresenta uma
escatologia sistemática em que todas essas diferentes referências ao
tempo do fim são organizadas em um só ensino. Por isso, na história
cristã, surgiram diferentes tipos de interpretação.
Os estudiosos cristãos que querem elaborar uma
doutrina sistemática coerente dos últimos acontecimentos
relacionam:
Os trechos apocalípticos das profecias do AT (Vide o livro de
Daniel);
Os trechos apocalípticos do NT (Ver Mt 24-25;
Mc 13; 2Pe; Jd; Ap);
Os escritos de Paulo sobre a última vinda (lTs 4.1318; 2Ts 2.1-
11 - o homem da iniquidade); As opiniões de Paulo sobre o
relacionamento entre judeus e gentios (Rm 9-11); e
49
A interpretação sobre o reino de mil anos com a volta de
Cristo dada no comentário acima poderá ser mais bem entendida na
lição 3.
Logo após o término dos "mil anos" (Ap 20.7, o dragão
deverá ser solto. Permite-se a ele mais um tempo para enganar as
pessoas, mas de curta duração.
Depois desse episódio de engano, no fim dos
mil anos, o dragão é recapturado e dessa vez lançado no lago de
fogo e enxofre, "onde já se encontram não só a besta como também
o falso profeta" (Ap 20.10).
O destino reservado para a besta e para o
falso profeta na volta de Cristo é estendido também ao dragão, no
fim do reinado de Cristo. Então ocorre o julgamento final, e os que
não estiverem incluídos no livro da vida serão lançados no lago de
fogo (Ap 20.1115).
Com frequência pensa-se que o capítulo 21 refere-se ao
período que segue o reinado de mil anos, mas ele está mais
provavelmente recontando a volta de Cristo do ponto de vista da
noiva.
Aqui temos indicações claras de uma
"repetição" literária. Assim como o capítulo 17 é uma recapitulação
da sétima taça e da queda da meretriz, a grande Babilônia (compare
a linguagem de
Apocalipse 17.1-3, que apresenta claramente uma "narrativa
repetida", com a linguagem de Apocalipse 21.9-10), o capítulo 21
recapitula a glorificação da noiva do Cordeiro (Ap 22.1-22.5).
Aqui a revelação é contada da perspectiva da
noiva. Ser a noiva significa ser a cidade santa, a nova Jerusalém,
viver na presença de Deus e do Cordeiro, e ter proteção, alegria, luz
eterna e vivificadora de Deus (Ap 21.9-27).
A árvore da vida cresce ali, onde também flui o rio da
água da vida. Ali não haverá mais noite; não haverá mais nenhuma
maldição, pois o trono de Deus e do Cordeiro está presente. Ali seus
servos o servirão e reinarão com ele para todo o sempre (Ap 21.1-
5).
50
Conclusão
(Ap 22.6-21)
João conclui sua narrativa declarando a fidelidade de
suas palavras. Os que ouvirem a sua profecia se beneficiarão das
bênçãos de Deus. Os que desprezarem suas advertências serão
deixados do lado de fora das portas que dão acesso à presença de
Deus (Ap 22.6-15).
João encerra seu livro orando pela volta do Senhor (Ap
22.17,20). As igrejas devem dar ouvidos ao que o Espírito diz (Ap
22.16-17).
Sob a ameaça de maldição eterna, os leitores são
advertidos a proteger o texto sagrado de João: não devem
acrescentar nem tirar nada das palavras de sua profecia (Ap 22.18-
19).
O povo de Deus precisa, pela graça divina, perseverar
na hora da tribulação, sabendo que seu Senhor entronizado logo
voltará em triunfo.
51
Capítulo 3
Escatologia: 1a Parte
56
6. As promessas; e por fim
7. Israel rejeitou o próprio Cristo que nós consideramos o
"privilégio dos privilégios" (Rm
9.5).
66
Deus a Abraão e à nação de Israel poderiam permanecer válidas,
quando a ação de Israel, como um todo, não parece ter parte no
Evangelho?
O presente estudo resume o argumento de Paulo. Há três
elementos distintos no exame que Paulo faz de Israel no plano divino
da salvação.
58
3. Deus transformou a transgressão de Israel (i.e., a crucificação de
Cristo) numa oportunidade de proclamar a salvação a todo o
mundo
(Rm11.11,12,15).
4. Durante esse tempo presente da incredulidade nacional de Israel,
a salvação de indivíduos, tanto os judeus como os gentios (Rm
10.12,13) dependem da fé em Jesus Cristo (Rm 11.13-24).
5. A fé em Jesus Cristo, por uma parte do Israel nacional,
acontecerá no futuro (Rm 11.25-29).
6. O propósito sincero de Deus é misericórdia, tanto dos judeus
como dos gentios, e incluí-los em seu reino todas as pessoas que
crêem em Cristo (Rm
1.30-36; 10.12,13; 11.20-24).
1.
60
As Setenta Semanas de Daniel (Dn 9.24-27)
O Início da Contagem
Ascensão de Artaxerxes
61
Portanto a data determinada para o início da contagem é
14 de março de 445 a.C.
As duas primeiras divisões: 7 + 62 = 69. Para um cálculo
real, devemos reduzir as semanas em dias. Temos 69 semanas de 7
anos cada uma, e cada ano têm 3601 dias, façamos então a equação:
Cálculo
1 Conforme o calendário egípcio na sua versão mais primitiva, que serviu de base para o
calendário gregoriano, o ano tinha 12 meses de 30 dias, totalizando 360 dias divididos em
três quadrimestres correspondentes às três estações regidas pelo Nilo: Cheia, Plantio e
Colheita.
2 O que tem 366 dias, sendo que a introdução de um dia
extra no mês de fevereiro compensa a incomensurabilidade
entre os períodos de translação e rotação da Terra.
62
Dedução: 7 semanas + 62 semanas = 69 semanas... 49 anos +
434 anos = 483 anos
A Igreja.
O cumprimento da 70a semana será no
futuro. A contagem das semanas proféticas parou na 69 a com a
mortedo Messias e a destruição de Jerusalém. Pelo contexto dos
versículos 26 e 27 do capítulo 9 do livro de Daniel podemos afirmar
que
entre um e outro existe um intervalo, o qual denomina hoje como
"dispensação da graça", o período do surgimento da Igreja.
A Bíblia se refere à Igreja como o "mistério"
que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações e
que agora foi manifestado aos seus santos (Cl 1.26; ICo 2.7; Rm
16.25; Ef 3.9). O intervalo entre a 69 a e a 70a semana já alcança mais
de 1.900 anos, sendo que neste período os gentios foram beneficiados
por Deus com a grande oportunidade de salvação pela graça (Ef 2.8,9;
Rm 1.16,17).
64
Fatos marcantes no decorrer das semanas (Dn
9.24).
Extinguir a transgressão de Israel. Daniel confessou a
transgressão do seu povo em oração (Dn 9.11);
Dar fim aos pecados. Por fim aos pecados de Israel.
Acontecerá antes do reinado milenial de Cristo na terra (Ez
37.22-28);
Expiar a iniqüidade. Expiação em favor de Israel que
rejeitou o sacrifício vicário de Jesus no Calvário
(Jo 1.11; Rm 11.25-27);
Trazer a justiça eterna. Trata-se da justiça de
Cristo, adquirida na cruz do Calvário (Is
9.6,7);
Selar a visão e a profecia. É óbvio que se trata da profecia
das setenta semanas. A profecia será selada quando o povo
andar em retidão, deixando suas práticas abomináveis1;
Ungir o Santo dos Santos. Refere-se à purificação do
Templo de Jerusalém que foi profanado2 pela abominação
desoladora, mencionada por Daniel
11.31 e por Jesus (Mt
24.15).
A morte.
É um inimigo (ICo 15.26, Ap 21.4), que entrou no
mundo através do pecado (Rm 5.12). A Bíblia nos revela três
tipos de morte:
Morte física. Separação entre o corpo, a alma e o
espírito (Gn 3.19; Jo 11-14; Lc 16.19-31);
Morte espiritual. Separação entre Deus, a alma e
o espírito (Gn 2.17; 3.6,7; Ef 2.1);
O Estado Intermediário.
Os primeiros cristãos não
tinham uma concepção clara sobre esse assunto. Como
aguardavam a vinda de Cristo para aqueles dias, acreditavam que
os justos, tão logo morriam, eram recolhidos por Deus ao paraíso,
enquanto que os ímpios, de imediato, eram lançados ao inferno.
Frustrados em sua espera puseram-se a
estudar com mais serenidade as profecias. Daí Justino, o Mártir,
(100 a 165 d.C.) haver concluído: "As almas dos piedosos estão
num lugar melhor, e as dos injustos num lugar pior, aguardando
o tempo do juízo".
Se o dogma1 do Estado Intermediário ainda não
estava esboçado, a concepção já era clara. A doutrina seria
desenvolvida por Irineu, Hilário, Ambrósio e Agostinho.
Acreditavam que Deus conduzia os mortos ao Hades, onde, nas
várias seções desse cárcere extradimensional, permaneceriam até
ao Dia do Juízo. Mas os mártires, segundo Tertuliano (155-222
d.C.), não tinham necessidade de passar por tal processo; seu
sofrimento garantia-lhes acesso direto aos céus.
A mente de Agostinho avançou no Estado
Intermediário, extra biblicamente, avançou e concluiu que, no
Hades, as almas eram submetidas a um processo de amorosa
purificação para, em seguida, serem recolhidas pelo Senhor ao
paraíso. Concebia-se, assim, o embrião do Purgatório que tantos
malefícios trouxeram ao cristianismo.
Se o purgatório foi concebido por Agostinho, viria à
luz através de Gregório, o Grande: "Deve ser crido que existe, por
1 Ponto fundamental e indiscutível duma doutrina religiosa.
77
66
causa das pequenas falhas, um fogo purgatorial antes do juízo".
Em conseqüência de semelhante alocução 1, esse papa entrou para
a história como o pai do purgatório, cuja doutrina seria redefinida
e dogmatizada pelo Concilio de Trento em 1563.
Tártaro
Temos através de John Davids as seguintes
colocações a respeito destes termos:
68
palavra. Sheol tem o sentido de insaciável em Provérbios 27.20 e
30.15,16. Hades pronunciado sem aspiração, significa invisível.
Tanto um como outro termo denotam o lugar dos mortos.
Não existe evidência quanto ao verdadeiro sentido,
pode afirmar-se, porém, que durante alguns séculos, os hebreus
partilharam a idéia semítica a respeito de Sheol.
Era uma concepção vaga e indefinida, e, portanto,
abria caminho para a imaginação, que inventava pormenores
fantásticos para descrever o Sheol. É preciso muito cuidado para
não confundir os frutos da imaginação com a fé.
Os antigos hebreus, semelhantes a outras raças
semíticas, imaginavam o Sheol embaixo da terra (Nm 16.30,33;
Ez 31.17; Am 9.2). Pintavam-no como tendo portas (Is 38.10),
região tenebrosa e melancólica, onde se passa uma existência
consciente, porém triste e inativa (2Sm 22.6; SI 6.6; Ec 9.10).
Imaginavam o Sheol como sendo o lugar para onde
vão as almas de todos os homens, sem distinção alguma (Gn
37.35;SI 31.17; Is 38.10), onde os ímpios sofriam e os justos
gozavam. Pensavam também que havia possibilidade de virem à
terra (ISm 28.8-19; Hb 11.19).
É importante notar que a doutrina autorizada dos
hebreus sobre Sheol, dizia que só Deus era conhecido, e que
estava na sua presença (Pv 15.11; Jó 26.6); que Deus estava
presente a ele (SI 139.8); e que os espíritos de seu povo e as
suas condições naquela habitação, estavam sob a vigilância de
seu olhar.
Esta doutrina inclui a grande bênção de Deus para
com o seu povo depois da morte, gozando da sua presença e de
seu constante amor, e, ao mesmo tempo, a miséria dos ímpios.
Dois lugares de habitação para os mortos: um
para os justos com Deus, e outro para os ímpios, banidos para
sempre da sua presença. Esta doutrina subjaz à doutrina da
ressurreição eventual do corpo para a vida eterna.
A doutrina a respeito da glória futura e da
ressurreição do corpo, já era confortadora aos crentes do AT (Jó
19.25-27; SI 16.8-10; 17.15; 49.14,15; 73.24; Dn 12.2,3). Uma
base para esta doutrina encontra-se no exemplo de Enoque e de
69
Elias que foram arrebatados, e também na crença dos egípcios
com que se relacionaram, durante séculos, os hebreus.
70
3. Seio de Abraão.
Conforme o teólogo Claudinor C. de Andrade, o termo
vem do gr. kólpon Abraám, e é a designação que os judeus do
tempo de Cristo davam ao lugar, provavelmente no centro da
terra, para onde eram enviadas as almas dos justos (Lc
16.22,23).
Nesse local de delícias, separado do Hades por um
grande abismo, ficariam até a ressurreição de Cristo. Nessa
ocasião, o paraíso foi esvaziado, sendo seus habitantes
transferidos, pelo Senhor, à destra de Deus, onde permanecerão
até o arrebatamento (Ef 4.810), quando voltarão gloriosa e
incorruptivelmente aos seus corpos para unir-se à Igreja numa
santa e eterna assembléia.
71
Estado dos Mortos
*" Antes da ressurreição de Cristo.
No AT todos os mortos justos e ímpios iam para o
Hades (palavra grega equivalente a Sheol no hebraico).
Havia, porém uma separação entre os justos e os maus.
Os justos ficavam no "Seio de Abraão" (chamado também de
paraíso), os ímpios iam para o sofrimento, um lugar medonho, de
dores (Lc
16.19-31).
Vale-se dizer, que todos os mortos, justos e
ímpios, ficavam conscientes no Estado Intermediário.
72
ressuscitarão primeiro, e nós seremos
transformados".
"Porque convém que isto que é corruptível se
revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da
imortalidade".
Depois que Cristo ascendeu ao Céu, a Bíblia nunca mais se
refere ao Paraíso como estando "em baixo". Desse ponto em
diante todas as referências no NT sobre o assunto, falam da
localização do Paraíso como estando "em cima" ou "no alto".
73
O Céu
A Bíblia e a doutrina cristã define o "Céu"
como o destino final e eterno da Igreja, e sua habitação na eterna
presença de Deus. Em João 14.2,3 vemos que por duas vezes
Jesus chama o "Céu" de lugar.
Realmente o "Céu" é um lugar real, literal e físico. É um lugar na
presença de Deus, um lugar que
Cristo está nos preparando.
Fica em cima (At 1.9; Ap 21.3,4; 22.3-5; Pv
15.24).
É um lugar espaçoso (Ap 7.9).
É um lugar que não se pode descrever.
74
que há no "Céu" seconstitui num dos seus mais poderosos
atrativos.
É um local onde os salvos viverão para sempre nos
domínios da pureza perfeita. Um lugar de "Amor Santo”. Todos os
santos daquele mundo amam a Deus no sentido mais elevado. É
um reino repleto de santo amor.
O Inferno
A existência do homem não termina com a morte, mas
continua para sempre; na presença de Deus, ou em lugar de
tormento. A respeito do estado dos perdidos, devemos notar o
seguinte.
Jesus ensinou.
Que há um lugar de castigo eterno para aqueles que são
condenados por rejeitarem a salvação (Mt
5.22,29,30; 10.28; 18.9;
23.15,33; Mc 9.43,45,47; Lc 10.16; 12.5).
Trata-se da realidade do inferno, como o lugar onde o fogo
nunca se apaga (Mc 9.43);
Um local com fogo eterno, preparado para o diabo e seus
anjos (Mt 25.41);
Lugar de pranto e ranger de dentes (Mt 13.42,50);
Onde os perdidos ficarão aprisionados nas trevas (Mt
22.13);
Lugar de tormento e angústia e de separação do céu (Lc
16.23).
As Epístolas ensinam.
Fala de um julgamento vindouro da parte de Deus;
Da sua vingança sobre os que desobedecem ao Evangelho
(2Ts 1.5-9);
De uma separação da presença e da glória do Senhor (2Ts
1.9);
Da destruição dos inimigos de Deus (Fp
3.18,19; ver Rm 9.22; ICo 16.22; Gl 1.9; Hb 10.27; Jd
7; 2Pe 2.4; Ap 14.10; 19.20;
75
20.10,14).
Um alerta.
Devemos sempre ter em mente que Deus
enviou seu Filho para morrer por nós, para que ninguém pereça (Jo
3.16).
É intenção e desejo de Deus que ninguém vá
para o inferno! Quem for para o inferno é porque rejeitou a
salvação provida por Deus (Rm 1.16;2.10). O fato e a realidade do
inferno devem levar todo o povo de Deus a aborrecer e repelir o
pecado com toda veemência1; a buscar continuamente a salvação
dos perdidos, e a advertir todos os homens a respeito do futuro e
justo juízo de Deus.
76
77
capítulo 4
a
Escatologia: 2 Parte
1) Primeira fase:
Jesus virá para a Igreja (lTs 4.16,17);
Será uma surpresa, pois Jesus virá secretamente (Mt 24.39-
41; ICo 15.52, lTs 5.2);
Como um acontecimento profético-histórico o arrebatamento
tem como centro de atenção a Igreja triunfante que velando
aguarda o Salvador.
2) Segunda fase:
Jesus virá para livrar Israel (Zc 1.17; Rm
11.25-29);
Virá publicamente, todo olho o verá (Ap 1.7).
Tomará vingança contra os rebeldes (Ap
19.11-21);
Estabelecerá o Trono de Davi (Is 9.6,7);
Estabelecerá um governo teocrático1 (SI 2.1-9; Dn
2.44,45).
0 Arrebatamento da Igreja
80
4.17) para encontrar-se com Cristo nos ares, ou seja: na atmosfera
entre a terra e o céu.
Estarão unidos com Cristo (l Ts 4.16,17),
levados à casa do Pai, no céu (Jo 14.2,3; l Ts 4.13- 18). Estarão
livres de todas as aflições (2Co 5.2,4; Fp 3.21), de toda perseguição
e opressão (ver Ap
3.9) , de todo domínio do pecado e da morte (I Co 15.51-56); o
arrebatamento os livra da "ira futura" (ver l Ts 1.10; 5.9), ou seja:
da Grande Tribulação.
A esperança que Cristo logo voltará para nos arrebatar e
estarmos "sempre com o Senhor" (l Ts 4.17) é a bem-aventurada
esperança de todos os redimidos (Tt 2.13). É fonte principal de
consolo para os crentes que sofrem (lTs 4.17,18; 5.10).
Paulo emprega o pronome "nós" em I
Tessalonicenses 4.17. A Bíblia insiste que anelemos 1 e esperemos
confiantemente à volta do nosso Senhor (cf.
Rm 13.11; ICo 15.51,52; Ap 22 . 12 , 20 ) .
Os infiéis não terão parte no arrebatamento (Mt 25.1-
13; Lc 12.45). Os tais ficarão neste mundo e farão parte da igreja
apóstata2 (ver Ap 17.1), sujeitos à ira de Deus.
Após o arrebatamento, virá o Dia do Senhor, um tempo
de sofrimento e ira sobre os ímpios (lTs 5.210). Seguir-se-á a
segunda fase da vinda de Cristo, quando, Ele virá para julgar os
ímpios e reinar sobre a terra (Mt 24.42,44).
81
Segundo: para Israel. Jesus virá como seu Messias e
Libertador após prová-lo e expurgá-lo, mediante a Grande
Tribulação (Rm 11.26; Mt 23.39;
26. 64).
Terceiro: para os gentios. São as nações em geral. Jesus virá
como Rei dos Reis, e Senhor dos Senhores e juiz, para julgá-las
e após, reinar sobre elas com vara de ferro, isto é, com justiça e
paz (Mt 25.31-36; SI 96.13; Ap 19.11-15; 20.1-4).
82
O aumento da ciência (Dn 12.4); automóvel (Na
2.4) ; avião (SI 55.6; Is 60.8); o homem na lua (Jr
51.53; Ob 4);
Propagação do ocultismo e satanismo (2Co 4.4; lTm 4.1);
Indiferentismo, tempos trabalhosos (2Tm 3.1,6; Jd 18);
O derramamento do Espírito Santo (Jl 2.28,29; At
2.1-18);
A Igreja morna (Ap 3.15,16);
Restauração de Israel como nação (Is 66.8; Ez
36.33,35; Mt 24.32,33);
Apostasia (Mt 24.11; 2Ts 2.3; 2Tm 4.3,4; Jd 4).
Propósitos do Arrebatamento
Há duas ressurreições.
A dos justos e a dos injustos, havendo um
intervalo de mil anos entre elas (Jo 5.28,29; Ap 20.5; Dn
12.2).
A expressão "ressurreição dentre os mortos"
em Lucas 20.35 e Filipenses 3.11, implica
84
foi o cumprimento da profecia típica de Levítico 23.10,12, referente
à ressurreição de Jesus.
3) Os rabiscos da colheita:
É composto pelos gentios e judeus salvos e
martirizados durante a Grande Tribulação, os quais (com o grupo
anterior) ressuscitarão à revelação de Cristo, logo antes do Milênio
(Ap 6.9-11; 7.9-14; 15.2; 20.4 - Compare com Lv 23.22; Rt 1.15-
17).
85
Quanto a segunda ressurreição, ela abrange todos os
ímpios mortos, e ocorrerá ao findar o Milênio (Ap 20.5,6; Jo
5.28,29; Dn 12.2).
A palavra ressurreição implica em ressurreição num
corpo glorioso em vários sentidos (ICo 15), e os ímpios, num
corpo ignominioso1, em que sofrerão pela eternidade (Mt 10.28).
O Tribunal de Cristo
"Porque todos devem comparecer ante o tribunal de
Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por
meio do corpo, ou bem, ou mal” (2Co 5.10).
O Tribunal de Cristo nada tem a ver com o Grande
Trono Branco, que ocorrerá após a segunda ressurreição, mas sim
com todos os fiéis de todas as épocas, em que receberão as
recompensas pelos trabalhos prestados ao Senhor da seara (Is
40.10; Ap 22.12).
O crente foi julgado como pecador através da
pessoa de Cristo, como o Cordeiro de Deus sacrificado em seu
lugar. Foi julgado como filho de Deus durante a sua vida. Agora
no Tribunal de Cristo, será julgado como servo, isto é, quanto ao
serviço prestado a Deus, e seu testemunho.
Considerações sobre o Tribunal.
Será um julgamento dos crentes em Jesus Cristo (Ap
22.12; ICo 3.13-15);
Ocorrerá logo após o arrebatamento da Igreja (2Tm
4.8; lPe 5.4);
86
O juiz será o Senhor Jesus Cristo (2Tm 4.7,8; Jo 5.22; 2Co
5.10);
O instrumento de juízo será o fogo (Ap 1.14). O juízo pelo
fogo mostra a grande seriedade do tribunal de Cristo, e nos
revela a ação disciplinadora de Deus sobre nossos atos;
A base do julgamento será a fidelidade dos crentes (ICo
4.2; Ef 1.1; Mt 24.45);
O Tribunal de Cristo terá lugar nas regiões celestiais (lTs
4.17). Paulo ao escrever, usou a expressão grega, "Bema"
que originalmente quer dizer "uma plataforma elevada, ao
ar livre, com acesso por meio de degraus". O termo técnico
conhecido pelos leitores a quem o apóstolo falava era
empregado com relação aos jogos olímpicos, quando o juiz
recebia na plataforma o vencedor da justiça atlética e lhe
entrega como recompensa uma coroa de louros 1 (ICo 9.24;
2Tm 4.8);
O seu propósito é galardoar os servos que foram achados
fiéis (Ap 22.12; Mt 25.21).
99
Prata: Símbolo de redenção, e tudo que se relaciona com
sacrifício e resgate - A redenção de Cristo (Êx 30.11-16;
ICo 1.23); Pedras preciosas:
Simboliza tudo que se faz através do Espírito Santo
(Fp 3.3; Cl 1.29; Rm 15.18-20; Ez 16.11-14; ICo 12.4-6);
Madeira: Representa a natureza humana (ICo 3.3; Gl 6.8;
Lc 6.33,34);
Feno: Representa aquilo que é seco, sem renovação (Jr
23.28; Is 15-16);
Palha: Representa a ausência de estabilidade (Ef 4.14) e
servidão (Êx 5.7). A palha também não tem sabor, isto fala
de crentes que não alcançam expressão no trabalho cristão.
88
A coroa da alegria (lTs 2.19,20; Fp 4.1), para os ganhadores
de almas;
A coroa incorruptível (ICo 9.25-27), para aqueles que
venceram a própria carne, sujeitando-se a Deus.
As Bodas do Cordeiro
"Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-
lhe glória porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua
esposa se aprontou" (Ap 19.7).
A Bíblia tem início com o casamento de Adão e Eva (Gn
2.18) e termina com o casamento de Cristo (o segundo Adão) e a
noiva (Igreja).
Após termos recebidos a salvação pela fé, no sangue
do Cordeiro, e os galardões pela fidelidade e trabalhos prestados a
Deus, entraremos nas Bodas do Cordeiro para a grande festa.
89
A Grande Tribulação
"Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como
desde o princípio do mundo até agora não tem havido" (Mt 24.21).
A Grande Tribulação também e chamada na Bíblia de
outros nomes, como se vê abaixo:
O dia do Senhor (Jl 3.14);
O tempo da angústia de Jacó (Jr 30.7);
O dia de trevas (Am 5.18,20; Jl 2.2);
O dia da vingança de nosso Deus (Is 34.8);
Dia da ira (Sf 2.3);
O grande dia (Jr 30.7);
Ira (Rm 5.9; lTs 5.9);
Ira vindoura ou futura (lTs 1.10; Lc 3.7).
O Anticristo
O anticristo será o maior líder de toda a história.
Personificando o diabo, será portador de faculdades sobrenaturais
90
como: oratória, sabedoria, intelectualidade, estratégia,
liderança, carisma, popularidade, e uma personalidade
irresistível.
A Bíblia o chama ainda de:
Homem do pecado (2Ts 2.3);
Filho da perdição (2Ts 2.3);
O iníquo (2Ts 2.3);
A besta (Dn 7.11; Ap 13);
O ímpio (Is 11.4);
O príncipe que há de vir (Dn 9.26,27);
O chifre pequeno (Dn 7); O
assírio (Mq 5.5).
A Grande Tribulação está intimamente
relacionada com o anticristo. A terra estará sob seu total controle;
os homens sujeitos às suas normas e subordinações.
Seu poderio será total, controlará o mundo em
seus aspectos variados:
A Trindade Satânica
O diabo procura imitar a Deus, é o que a Bíblia nos
revela. Também dentro do aspecto glorioso da Trindade ele faz sua
imitação.
O dragão.
É o próprio diabo (Ap 13.1-3). Imitará a Deus.
O anticristo.
É a besta que subiu do mar (significa as
nações - Is 17.12,13; Ap 17.15).
91
A palavra "besta" no original "therion", que significa
uma fera, revela a verdadeira identidade do anticristo. Imitará a
Cristo.
O falso profeta.
A segunda besta que subiu da terra. Imitará o
Espírito Santo. As atividades do falso profeta serão:
Será o secretário particular do anticristo;
Na figura da segunda besta terá dois
chifres: poder político e religioso (Ap 13.11);
Terá a figura de um cordeiro (Ap 13.11). Terá um
aspecto de docilidade e mansidão, logo revelará a
personalidade do dragão, o diabo;
Operará sinais e milagres (Ap 13.13) - fará fogo
descer do céu, imitação dos verdadeiros profetas do
Senhor do Velho Testamento;
Edificará uma imagem da primeira besta
(anticristo), para ser adorada;
Dará espírito à imagem da besta para que fale; vale
dizer que a imagem terá somente movimento e não
vida (Ap 13.14-16).
92
4. A derrota de Gogue (Ez 38.1-6; 19-22; 39.4-6). Os mortos
serão tantos, que o enterro durará sete meses (Ez 39.12).
Primeiro selo.
Aparece o cavalo branco (Ap 6.1,2). Período de falsa
paz, o anticristo arranca para a conquista sobre as nações.
O branco fala da falsa paz (lTs 5.3). O arco fala do
alcance (extensão do domínio do anticristo). A coroa é para o
vencedor.
Nesse período o mundo terá
grande prosperidade (Dn 11.36), porém, todo esse
progresso será falso, posteriormente a besta revelará seu caráter
diabólico.
Segundo selo.
Guerra e carnificina (Ap 6.3,4). O cavalo vermelho
figura o horror da Grande Tribulação.
Nesse período o acordo com os judeus será quebrado
(Dn 9.27), e tanto a igreja apóstata como os judeus serão
perseguidos (Ap 17.16; Jr 30.7).
Terceiro selo.
Fome e carestia1 (Ap 6.5-6). Fome causada pela
guerra, a balança fala de racionamento. O cavalo preto.
Quarto selo.
Morte (Ap 6.7,8). O cavalo amarelo. A morte
será em decorrência de quatro fatores:
1. Espada: O anticristo estará dominado amplamente a terra. A
igreja apóstata sofrerá nesse tempo, tendo seu sangue
derramado.
2. Fome: É o que está incluso no terceiro selo.
Quinto selo.
O clamor dos mártires (Ap 6.9-11). Judeus e gentios
que morreram pela fé, mesmo tendo seu próprio sangue
derramado estarão debaixo do altar de Deus (Ap 6.9; 7.14).
Cremos assim, que haverá salvação durante a Grande Tribulação.
Sexto selo.
Sinais no céu e angústia na terra (Ap 6.12,17).
Houve um grande tremor de terra (Ap 6.12);
O sol tornou-se negro (Ap 6.12);
A lua tornou-se como sangue (Ap 6.12);
=>As estrelas caíram do céu (Ap 6.13);
=>O céu retirou-se como um livro (Ap 6.14);
=>Todos os montes e ilhas foram removidos (Ap 6.14,15);
=>Conforme Apocalipse 6.17, Deus respondeu ao clamor dos
mártires, sua ira manifestou-se.
Sétimo selo.
Surpresas evidentes (Ap 8.1-21). Primeiro
houve silêncio no céu por quase meia hora, em atitude de respeito
ao que sucederia (Ap 8.1).
Sete anjos aparecem com sete trombetas (Ap 8.2). O
sétimo selo engloba as quatro primeiras trombetas.
1ª Trombeta: Saraiva, fogo e sangue (Ap 8.7). A terceira
parte da terra morre.
2 Trombeta: Algo como um incandescente1!
a
95
6a Taça: a seca do rio Eufrates (Ap 16.12); 7a Taça: terremoto
e chuvas de pedras (Ap 16.1721).
96
A Revelação de Jesus Cristo (Zc 14,4; Cl 3.4)
110
A Batalha do Armagedom
Influenciados por Satanás e sob os efeitos da
"mentira", os exércitos de todas as nações se reúnem em
"Armagedom", na Palestina, com o objetivo de guerrear contra Deus.
Em sua fúria, eles atacam principalmente Jerusalém, e
grande parte da população de Israel (Ap 16.14,16; Zc 12.3; 13.8,9;
14.1,2).
Nessa altura dos acontecimentos, os céus se
abrem e Cristo se manifesta juntamente com seu exército de santos.
Cristo executará juízo e vingança contra seus inimigos.
O anticristo e o falso profeta são lançados no lago de
fogo (Ap 19.20). Satanás, o dragão, é acorrentado pelo Arcanjo e
lançado no abismo, onde ficará durante mil anos (Ap 20.1,3).
Israel se converterá, e dirá que feridas são
essas entre as tuas mãos? Dirá Ele: são as feridas com que fui ferido
em casa dos meus amigos (Zc
13.6).
"Armagedom" significa "Montanha de Megido". Local
onde se travará a terrível batalha entre as nações e o grande Deus.
Situado ao norte de Israel, este local tornou-se famoso campo de
batalha.
O anticristo envolverá as nações num grande ataque
contra Israel e contra Deus. Acampados no Armagedom, as tropas do
anticristo caminharão contra
Jerusalém, os judeus lutarão como verdadeiros heróis (Zc 14.14).
Cumprir-se-ão os textos proféticos de Joel 3.2,14 e Zacarias 12.3.
Assim será a terrível batalha:
O anticristo tomará Jerusalém (Zc 14.2);
Os judeus lutarão heroicamente (Zc 14.14);
Parte de Israel fugirá para Edom, no deserto, ao sul
de Israel (Is 63.1-7);
111
Jesus virá em glória para livrar Israel (Ap 19.11-16).
Todo olho o verá (Ap 1.7); pisará o monte das
Oliveiras, e este se fenderá ao meio (Zc 14.3,4);
Haverá a conversão dos judeus (Zc 12.10-
14; Os 3.5; Is 4.3; 60.21; Rm 9.27; 11.2527);
O Senhor sairá contra o anticristo como um fogo, e os
seus carros como uma tempestade (Is 66.15,16).
Segurará a sua espada e brandirá 1 sua foice (Jl 3.13;
Ap 14.17,18);
As forças do anticristo se desorganizarão ante a glória
do Senhor, e voltarão suas espadas uns contra os
outros (Zc 14.13);
O morticínio será incalculável (Ap 19.21);
O sangue chegará até aos freios dos cavalos (Ap
14.20);
Formar-se-á um rio de sangue, cuja torrente chegará
até 30km aproximadamente;
Gases mortíferos apodrecerão os olhos dos homens
(Zc 14.12);
O anticristo e o falso profeta serão lançados no lago
de fogo e enxofre (Ap 19.20);
Os abutres2 se ajuntarão para comer a carne dos
mortos (Ap 19.17,18).
112
As nações que estiverem contra Israel, os bodes, serão
lançadas no inferno (Mt 25.41,46). As nações protetoras de Israel, as
ovelhas, participarão do Milênio (Mt 25.34).
Escatologia: 3a Parte
O Milênio
O Milênio significa uma era de justiça e paz, de retidão e
abundância (Ver Is 2.1,4; 65.20,22; Mq
4.1,5).
Em Apocalipse 20.1,7 é dito que esse período de tempo
será de mil anos. O vocábulo milênio dos termos latinos mille (mil) e
annus (ano) podendo ser entendidos simplesmente, como "mil anos".
Propósitos do Milênio
Primeiro: no princípio, Deus estabeleceu uma ordem moral
sujeita às tentações de Satanás e a terra caiu sob a servidão.
Quando os efeitos da maldição tiverem sido anulados e Satanás
tiver sido amarrado, então os homens serão livres para observar
o amor, a justiça e a sabedoria do Senhor, pois Ele mesmo estará
governando o mundo com equidade1 e verdade.
Características do Milênio
115
O governo pessoal de Cristo na terra (Jr
23.5);
A regeneração final da terra (Mt 19.28);
A expressão final e mundial da glória e grandeza de Israel (Is
60.22; Am 9.1);
A prisão pessoal do Diabo (Ap 20.1,2);
Israel se converterá a Cristo e o reconhecerá como seu Messias
(Zc 12.10,12);
Jerusalém será a capital do mundo (Sf 3.20; Is
2.3);
Será um reino literal neste mundo (Zc 14.9); Incluirá os povos
que permanecerem vivos no mundo (SI 72.8,1; Dn 7.14 e Ml
25.31,32); Uma vez removidos os efeitos da maldição, o solo
produzirá alimentos em grande abundância. Não haverá mais
escassez de alimentos e nem fome (Is 35.1; Mq 4.1,4);
A Lei do Senhor será obedecida por todos os povos. Essa
legislação, apesar de ser bondosa e gentil, também será firme. O
resultado disso serão julgamentos perfeitos e perfeita justiça.
Todo aquele que se recusar obedecer será punido (SI
2.9; Is 11.4; 65.20; Zc 14.16,19);
116
Os súditos1 do Rei nesse reino terrestre, ao que parece serão
os sobreviventes da Grande
Tribulação;
A paz será uma das características fundamentais desse reino
milenar, porquanto, o governante será o Príncipe da Paz.
Sem a maligna influência de Satanás, não haverá mais
guerras (Is 11.6,7); Aparentemente, os crentes remidos 2
O Milênio e Jesus
Jesus governará todo o mundo (Fp 2.9-11; Zc 14.9; Jr 30.9);
Ele reinará de Jerusalém (SI 72.8,9; Is 2.1-5); Jesus
cumprirá seu ministério de Rei (Mt 3.1- 3; Is
11.1-10);
A glória do Senhor encherá toda a terra (SI
72.19).
0 Milênio e a Igreja
A Igreja terá sido glorificada (Ap 20.4-6;
5.9,10);
A Igreja estará na Jerusalém celeste (Cl 3.4; Rm 8.17-18). A
Jerusalém celeste pairará1 sobre a terrestre (Is 2.2; Mq 4.1)
e quando os santos quiserem descer à Jerusalém terrestre
isto será possível - compare com Gênesis 28.12.
O Milênio e Israel
Israel se alegrará (Is 25.9);
Israel terá sido totalmente ajuntado e purificado (Zc 8.1-3;
13.1);
118
Israel terá possuído toda terra prometida (Gn
15.18; 17.8; Êx 23.31);
O Templo estará reconstruído (Ez 48-8-12; Ap 11.1.2) . Os
sacrifícios oferecidos em harmonia com os gentios não terão
o mesmo caráter do AT, serão sem "Memórias". Algumas
festas como a dos Tabernáculos, Páscoa, serão reeditadas
também; Jerusalém será a sede do governo milenial e
mundial de Cristo (Is 2.3; 60-3; 66.20; Zc 8.3,
22,23; 14.16; Jr 3.17);
Todas as leis sairão de Jerusalém (Is 2.2; Mq 4.2);
Um rio fluirá do Templo milenial (Jl 3.18; Zc14.8); As águas
do mar Morto serão transformadas e darão muitos peixes (Ez
47.8-12).
0 Milênio e a Terra
A terra será elevada (Rm 8.19-22, Zc
14.9,10) . Pela mudança no relevo do solo, dificilmente se
saberá onde ficava determinado país;
Haverá grande fertilidade (Am 9.13,14);
Os desertos desaparecerão (Is 35.1,6;
41.19,20);
Haverá abundância de água (Is 30.25; Jl 3.18);
Animais voltarão a ser dóceis (Is 65.25; 11.6- 9); Somente a
serpente não terá sua natureza removida como os demais
animais, ela comerá o pó da terra (Is 65.25);
As armas se converterão em objetos de lavoura (Is
2.4).
Os Pregadores no Milênio
Os judeus serão os mensageiros do Rei (Is 14.1,2; 66.6;
Zc 8.17; Mq 4.1-3);
Os judeus realizarão um grande movimento missionário (Is
52.7).
106
morais e espirituais do Milênio o homem ainda terá a audácia
de se juntar a Satanás para lutar contra Cristo e os santos.
3. Satanás é incorrigível. Isto é o que Deus também provará ao
soltá-lo da prisão.
4. Satanás sairá a enganar as nações para lutarem contra
Deus; a ação será dupla: cercarão o arraial dos santos (os
judeus) e assolarão a cidade amada (Jerusalém). Cristo só
intervém depois de se completar o cerco à nação de Israel;
de Deus desce fogo dos céus e os devora (Ap 20.9). E o
diabo será lançado no lago de fogo e enxofre, preparado
para ele e seus anjos (Mt 25.41). A besta e o falso profeta
estarão ali desde o início do Milênio, entregues ao seu eterno
destino.
5. Com o ato de lançar Satanás no lago de fogo, findará toda
rebelião do povo da terra - findará todo pecado e toda morte
no planeta.
1
Os Pais da Igreja e a Parousia
Os Pais da Igreja não tinham uma clara concepção
quanto às Últimas Coisas. Pouco havia assimilado da ciência de
Paulo. Na elaboração de sua escatologia, sugeriam declarações
como que
proferidas pelo Cristo. Haja vista este pequeno discurso que,
segundo Papias, teria emanado dos lábios do Senhor:
"D/as virão quando as vinhas terão cada uma,
mil varas, e cada vara dez mil ramos, cada ramo dez mil hastes,
cada haste dez mil cachos, e cada cacho dez mil bagos, e cada
bago, quando espremido, dará quatro barris de vinho".
Teria os fragmentos das explicações sobre as
sentenças de Jesus sofrido alguma interpolação? De qualquer
forma, Jesus jamais se perderia em algo tão simplório.
107
Para justificar tal declaração, Papias, que fora bispo de
Hierápolis e reclamado discípulo de João, ajuntou esta explicação
bizarra: "Isto é crível1 aos cristãos, pois se o leão vai se alimentar
da palha, qual não será a qualidade do próprio trigo, se a palha
serve de alimento a leões?".
As perseguições romanas redimensionaram a
escatologia da Igreja. No tempo de Severo, apareceu um peregrino
chamado Judas dando a entender que o Cristo viria no final do
reinado desse Imperador. Como teria o místico chegado a
semelhante conclusão? Através de um estudo arbitrário das
Setenta Semanas de Daniel. Já forçando os algarismos e já
tratando aleatoriamente as profecias, o falso profeta infere 2: a
parousia dar-se-ia no último ano de Severo - 203 d.C.
O presbítero Hipólito de Roma, martirizado em 235
d.C., informa em sua Tradição Apostólica que certa vez um bispo
sírio retirou-se para o deserto com toda a sua igreja para
recepcionar o Cristo. Mas retornaram tristemente aos seus lares. E
não foram poucos os que naufragaram na fé.
Eusébio de Cesaréia (263-340), cognominado o
pai da História da Igreja, acreditava que o anticristo surgiria ainda
naquela geração. Foi graças a Eusébio que tivemos acesso a
muitos documentos valiosíssimos dos primeiros séculos do
cristianismo. Suas predições, contudo, não tinham a mesma
precisão de suas crônicas.
Dos relatos acima, denota-se: os primeiros
cristãos tinham uma idéia quase que distorcida da vinda do Cristo.
Todavia, acreditavam que viria o Senhor arrebatar a sua Igreja.
Em momento algum, eles deixaram de crer no glorioso retorno do
Filho de Deus.
108
representativa figura, realçava ainda a atualidade do batismo no
Espírito Santo e a dos dons espirituais. Os montanistas
aguardavam a manifestação literal do Reino de Deus.
Tertuliano, o grande doutrinador da Igreja Ocidental,
foi um dos mais insignes1 representantes deste movimento.
Desaprovando o montanismo, Jerônimo (350410)
apregoava que os crentes terão de fato um reino, mas, neste
mundo e antes do retorno do Cristo. Segundo ele, este império
tinha nada a ver com o Milênio; seria factível 2 somente através da
Igreja.
Esforçando-se por viver de acordo com a sua
doutrina, o intransigente tradutor de A Vulgata
despendeu3 os seus dias como monge em Belém de Judá.
O que pensavam os contemporâneos de Jerônimo
acerca do Milênio? Se o assunto era tratado oficialmente, não o
sabemos. Nos cânones, nenhuma menção era feita ao reinado
literal de Cristo neste mundo. Mas a situação mudaria
drasticamente com a ascensão4 de Constantino.
109
doutor de Hipona iria ampliar ainda mais os conceitos de Ticônio.
Quanto aos eventos futuros, Agostinho mostrou-se preterista,
amilenista e simbolista.
Na leitura das obras do grande teólogo, há que se
levar em conta ter sido ele sempre marcado por um forte
existencialismo.
Acredita-se que Agostinho haja sido milenista
no início de sua fé. Se realmente o foi,
mudou de idéia com o passar dos tempos. Lendo
Apocalipse 20.5, aplicou de imediato o texto à Igreja. Na Cidade de
Deus, mostra que o Milênio referia-se à Igreja Cristã.
Tal interpretação condicionou os fiéis a pensarem que
o mundo acabaria no ano mil. Ao chegar o ano mil, nada
aconteceu.
Forçando um casuísmo1 e tratando a
Escatologia Bíblica de maneira artificiosa, as autoridades
eclesiásticas resolveram alterar os cálculos. Tomando por base,
agora, não o nascimento, mas a crucificação do Cristo, concluíram
que o mundo acabaria em 1030. Como nada acontecesse
novamente, acharam por bem dar uma interpretação mais
alegórica aos versículos que tratam do reinado do Messias.
Por causa desse falso anúncio, muita gente
deixou-se prostrar. Não foram poucos os que doaram suas
propriedades à Igreja de Roma, tornando-a ainda mais rica e
poderosa. Enquanto isso, o povo mantinha-se na miséria e já em
densas trevas espirituais.
110
justificação pela fé, Martinho Lutero deixa-se influenciar por
Agostinho. Ele chegou, inclusive, a
acreditar que o mundo teria uma duração de seis mil anos. Logo,
já estavam vivendo o início do fim. Foi por causa dessa
interpretação de Lutero que a igreja evangélica pouco avançou nas
missões.
O reformador sugeria que, como Cristo estava às
portas, não havia porquê dedicar-se à salvação das almas. Iam os
católicos, enquanto isto, conquistando os mais distantes lugares:
dominaram o Novo Mundo, chegaram ao Oriente Longínquo 1, e
ainda barraram a Reforma no Sul da Europa.
Os reformadores, de um modo geral, acreditavam ser
a Igreja Católica a Babilônia do Apocalipse, e o Papa, o homem do
pecado referido por
Paulo. Todos pareciam estar de acordo: Tyndale, Bulinger, Knox,
Melanchton, Zwínglio, Calvino etc.
Eles achavam ainda que as
agitações decorrentes da Reforma fossem os feitos da
soltura de Satanás de que falara o Apocalipse. Ou seja: o Milênio
da Igreja terminara, e todos deveriam suportar o diabo até que
fosse definitivamente lançado às trevas exteriores.
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0 Juízo Final
1 Que tem má fama. Que pratica atos vis, abjetos; torpe, baixo. Próprio de indivíduo
infame; odioso, indigno.
"Fugiu a terra e o céu" (Ap 20.11). A glória de Jesus
em seu aspecto mais maravilhoso fará recuar a terra e o céu
(2Pe 3.10,12).
Outros Julgamentos
A Bíblia fala de outros julgamentos, mas sem
dar maior detalhes relacionados a tempo ou lugar. Paulo
mencionou que os santos (todos os verdadeiros crentes, pois eles
serão consagrados à adoração e ao serviço do Senhor) julgarão o
mundo e aos anjos, em contraste com o julgamento desta vida
(ICo 6.2,3). Pode ser que isso aconteça durante o Milênio.
Outros consideram Mateus 25.31-46 - a separação
dos povos "uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as
ovelhas" (Mt 25.32) - um julgamento especial das nações no
princípio do Milênio. Trata-se de um julgamento das obras, em
reconhecimento de que aquilo que é ou que deixa de ser feito
para os outros é ou deixa de ser feito para Jesus.
O que quer que façamos, estamos fazendo
como ao Senhor (Cl 3.23). A palavra "nações" significa povos, e
não estados nacionais - o conjunto dos poderes políticos de uma
nação.
As obras são aqueles feitos por indivíduos que
se importa com os irmãos (e irmãs) de Cristo ou que os
desprezam. O resultado é herança para aqueles que são benditos
e fogo eterno para os que não são, um fogo preparado para o
diabo e seus
anjos, ou seja, é o estado final, e não o Milênio, que está em
apreço nesta descrição.
James Oliver Buswell faz uma interessante sugestão.
Visto que a cena é "de uma vasta e cósmica perspectiva", pode
ser que Jesus tenha colocado tanto o julgamento do Tribunal de
Cristo quanto o do Grande Trono Branco em um só quadro, em
prol da lição de que "julgamento" significa separação uns dos
outros bem como separação de Deus. Então, assim como os
profetas do AT não mostraram a diferença de tempo entre a
primeira e a segunda vinda de Jesus, este, da mesma forma, não
indica a diferença de tempo entre os dois grandes julgamentos.
Os cristãos devem levar esses julgamentos a sério:
"Se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o
pecador?" (lPe 4.18).
"Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de
termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais
sacrifício pelos pecados, mas certa expectação 1 horrível de juízo
e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrando
alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra
de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais
vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e
tiver por profano o sangue do testamento, com que foi
santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque bem
conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a
recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu
povo. Horrenda coisa é cair nas mãos de Deus vivo" (Hb 10.26-
31).
Existe a possibilidade de que aqueles que uma
vez foram salvos se retirem para a perdição (Hb
10.39), embora o escritor de Hebreus nos encoraje a não
rejeitarmos a nossa confiança, a perseverarmos e continuarmos
firmes, sendo um daqueles que crêem e são salvos (Hb
10.35,36,38,39).
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HALLEY, Manual Bíblico de Halley. São Paulo: Ed Vida, 2000.