You are on page 1of 7
psico) 38, a2, pp. 152-158, abrjun. 2008 Anialise da produgao cientifica sobre a Sindrome de Burnout no Brasil Mary Sandra Carlotto Sheila Gongalves Camara uLaRACancae RESUMO (present estado objtivou analisar a produpto cientifia transi sbre a Sindrome de Bumout no Brasil. Para tanto, procedew-e a busca bishiogatice nas bases de dadossleioniess BVS, IndexPa e Pope em margo é2 2007. Foram uiondas a= palavrarchave Sindrome de Burnots, Burnous Sisdrome do esgotamero profisional Desea busca, foram exiaidos tesumios ¢cassificados be acordo coma categoriss revislotebnca,relao de pesquisa evaldarao de instrumento. Foram identfiados 27 artigos, sendo a metoiaperencente & catego reato dz pesquisa. As ceegonasprfissionas mais invetzadas eGo as de profesore eprofisionas ds sade, endo ax publiapdesreeizadss em revistat de ptcologiao os ance de mator produ foram op da 20028 2005, Palavras-chave: Sindroms de Bumout,avliago psoalSgicn ABSTRACT Analysis ofthe scientific production about the Burnout Syndrome in Br The following study stn to analyze the Branlan scenic production about Bumout Syndrome in Brazil For suc, a bibliosrapic search ‘was made i the BV electronic data bars, as wall ap, IndexPst and Popsic on March 2007. The key words Burnout Sinavome, Bumout, (profesional deity Syndvome wate used. From this snatch, simunaties td cava (adds) were exacted according Wilh the cateporee theorial review research report and isirument validation. 27 articles were identified, beina most of them belonging to the category research ‘eput The most vestigated calegoies are teaches and bealh protessouals, beng the accomplished publicelios in pschology masanines spd the most productive years ware 2002 and 2005. Keywords: Bumout Syndrome; Peychologic eveluation, RESUMEN Elance de la prodcciéncientfca braileia sobre el Sickome de Burnout en Braid El objetive del presente estudio fue analizar la producciéncientifcatraiea sobre el Sindrome de Burnout en Brasil Para ello realzaron-se Sounds iboats cans eis de datos letrnicas BUS, Inka v Pepi ea man de 2007 Fueron ulizadan como palates cle homed aursout dusout Sbivome do ergonamotto poftrcha’ Coa esa ssieds ve obhvieten los esinianes que ers clasfeados ‘et las categorae evan trea, prevention de informe yvalidacion de istrumentox Se an sentifeado 27 areal, seadola aor Date petenciente a a cateporia de relat de invesigcien. Las cotgornsprofeionales mi vestizndas son fa de pofeores pofesionles $e fx Salud! Las publicacionss mavontariamentc estan ea los priodicos de psicelogia la mayor producci fue entre ls aos de 2002 a 2008, Palabras clave: Sindrome de Burnout, evelvacién picldaice. INTRODUGAO © termo Burnout foi inicialmente utilizado em 1953 em uma publicagio de estudo de caso de Schwartz e Will. conhecido como “Miss Jones’. Nes- te, é descrita a problematica de uma enfermeira psi- quifitrica desiludida com o seu trabalho, Em 1960, ou- tra publicagdo foi realizada por Graham Greene, de- nominada de “A burn Out Case’, sendo relatado 0 caso de um arquiteto que abandow sua profissao devido a sentimentos de desilusao com a profissao. Os sinto- ‘mas e sentimentos descritos pelos dois profissionais sdo 0s que se conhece hoje como Bumout (Maslach e Schaufeli, 1993) ‘No entanto, foi somente em meados dos anos 70 que Bumout chamou a atengao do piblico e da comue nidade académica americana, Segundo Farber (1983), essa questo emergiu devido a um conjunto de fatores econdmicos, sociais ¢ histéricos. Trabalhadores ame- ricanos comegaram a buscar trabalhos mais promiisso- res distantes de suas cominidades na tentativa de con- quistar maior satisfagao e gratificagao no set traba- Iho. Nesses novos mercados, o trabalho geralmente era mais profissionalizado, burocratizado e isolado. A combinagtio desses fatores produziu tabalhadores com altas expectativas de satisfagaio e poucos recursos para lidar com fiustragdes. ou seja. a base propicia para desenvolver o Bumout, Segundo Chemiss (1980). outros fatores também contribniram para o aumento do Bumout, Um deles foi a tendéncia individualista da sociedade modema, que ocasionow o incremento da pressio nas profissdes de prestagao de servigos. A pressfio também ocorren devido A percepedo. nfo rae 1a vezes equivocada, dos usuétios dos servigos, que acreditavam que os profissionais de ajuda eram alta- mente treinados e competentes. posstiiam um alto nie Andlce da produgae cientfca sobre a Sindrome de Burnout no Brasil vel de autonomia e satisfagao no trabalho, e que traba- thavam movidos pelo sentimento de compaixio. A so- brecarga fimcional dos trabalhadores, resultante da re- dugio de quadro e de custos governamentais, & outro aspecto apontado pelo autor, Em 1974 0 temo Burnout foi retomado por Herbert Freudenberger, médico psicanalista, que des- creveu o fenémeno como um sentimento de fracasso & exatstio causado por um excessivo desgaste de ener gia e recursos. Complementou seus estudos entre 1975 ¢ 1977, incluindo em sua definigao comportamentos de fadiga, depressio, itritabilidade, aborrecimento, perda de motivacdo, sobrecarga de trabalho. rigidez ¢ inflexibilidade (Freudenberger, 1974: Franga, 1987: Perlman e Hartman, 1982), Freudenberger e Richelson (1980) referem que, ao examinarem pessoas com Bumout, percebiam que havia uma combinagao de nas escolhas ¢ boas intengdes As primeiras pesquisas sobre Bumout so resulta do de estuddos sobre as emogdes e formas de lidar com elas, Foram desenvolvidas com profissionais que. pela natureza de seu trabalho, necessitavam manter contato direto. freqilente e emocional com sua clientela, como 98 trabalhadores da area da saitde. servigos sociais ¢ educagiio, Verificava-se nessas profissdes, grande estresse emocional e sintomas fisicos. Os estudos ini- ciais foram realizados a partir de experiencias pesso- ais de alguns autores, estudos de casos, estudos exploratérios, observagdes, entrevistas ou narrativas baseadas em programas e populacdes especificas (Cordes e Dougherty, 1993: Leiter e Maslach, 1988; Maslach, Schaufeli e Leiter, 2001). Dos trabalhos pu- blicados entre 1974 e 1981, segundo Perlman ¢ Hartman (1982), apenas cinco tratavam do fenémeno com alguma evidéncia empitica, Foi somente a partit de 1976 que os estudos adquiriram wm carter cientifi- co, periodo no qual foram construidos modelos te6ri- cos ¢ instrumentos capazes de registrar e compreender este sentimento crénico de desinimo, apatia e des- personalizagao, Christina Maslach, psicéloga social, pesquisadora da Universidade da Califomia, foi quem entendeu pri- meiramente, atraves de estudos com profissionais de setvigos sociais e de satide, que as pessoas com Bumout apresentavam atitudes negativas e de distan- ciamento pessoal. Christina Maslach, Ayala Pine e Gary Chemiss foram os estudiosos que popularizaram 9 conceito de Burnout e o legitimaram como wna im- portante questo social (Farber, 1991). Nesta fase foi adotado o termo Sindrome de Bumout (SB). Sendo caracterizado nesse primeiro momento como uma res- posta inadequada frente ao estresse crdnico acompa- nhada de tédio ¢ aborrecimento (Maslach, 1978). Em. 1986, a autoras referiam-se ao Bumout como wm pro- 183 cesso de perda gradual de responsabilidade e desinte- resse que ocorria em trabalhadores de ajuda (Ortega e Lopez, 2004). O imteresse por Bumout cresceu devido a és fa- tores. O primeiro deles foram as modificagdes introduzidas no conceito de saiide e 0 destaque dado a melhoria da qualidade de vida pela OMS — Organiza- do Mundial da Saiide. © segundo foi o aumento da demanda e das exigéncias da populagao com relagio 08 servigos sociais, educativos e de satide. E por ilti- mo, a conscientizagdo de pesquisadores, érgios pibli- 0s € servigos clinicos com relagiio ao fendmeno, en- tendendo a necessidade de aprofundar os estudos € a prevengao da sua sintomatologia, pois a mesma se apresentava mais complexa e nociva do que se proje- tava nos estudos iniciais (Perlman e Hartman, 1982) Na década de 80, pesquisas apresentaram resulta- dos considerados alarmantes. Foram identificados sin- tomas em grupos profissionais que, até entao, nao etam percebidas como populagdes de risco: pelo con- trario, por se tratarem de profissdes denominadas “vocacionais’, acreditava-se que estes profissionais obtinham intimeras gratificagdes, pessoais e sociais Importantes perdas de recursos humanos ¢ econémi- cos foram detectadas pelas organizagdes, principal- mente edcativas ¢ de satide, cujos trabalhadores apre- sentavam altos niveis de Bumont, Este resultado asso- ciava-se, principalmente, a auséncias por doencas, fa- diga, desilusio, absenteismo e declinio da motivagao (Delgado et al.. 1993). Também foram encontrados re- sultados que mostravam a ocorréncia de Burnout em. ‘pessoas com personalidades aparentemente ajustadas € equilibradas até entrarem em contato com determi- nados ambientes de trabalho. Até 08 anos 80, Bumout foi investigado exclusiva mente nos EUA. Gradualmente, o fenémeno passou a despertar o interesse de outros paises de lingwa ingle- sa como Canada e Inglaterra. Em seguida, com a tra- dugio adaptagao do instrumento, outros paises euro- ‘peus passaram a desenvolver estudos sobre a sindrome (Maslach e Schaufeli, 1993) Os avangos nos estudos da SB tém ocorrido na medida em que as questdes metodoldgicas tém sido qualificadas desde a sua fase pioneira. Maslach & Schaufeli, (1993) observam que os progressos ocorre- ram devido a trés questdes: na medida adotada, uma vez que © MBI (Maslach Bumout Inventory) tem sido © instruments utilizado pela maiotia dos pesquisado- res: nos estudos transnacionais: ¢ nas investigagtes sobre o processo de desenvolvimento da sindrome. De acordo com Maslach, Schaufeli e Leiter (2001), o que tem emergido na maioria das investiga des € a definicao de Bumout como um fendmeno psicossocial que ocorre como uma resposta crénica -PSICO, Peto Alegre, PUCRS, » 3,2, pp 1524158, aes, 2008 1s4 ‘0s estressores interpessoais corridos ma situagao de trabalho. “Bumout nio é um problema do individuo, ‘mas do ambiente social no qual ele trabalha” (Maslach e Leiter, 1997. p. 18). A definicao mais aceita atualmente fundamenta-se na perspectiva social-psicolégica (Benevides-Pereita, 2002; Maslach e Jackson, 1981; Maslach ¢ Leiter, 1997; Maslach e Golberg, 1998). Esta considera a sindrome como uma reagio a tensio emocional créni- ca por lidar excessivamente com pessoas. E um construto formado por trés dimensdes relacionadas, ‘mas independentes. Exaustio Emocional, caracteriza- da pela falta ou caréncia de energia ¢ entusiasmo e sen- timento de esgotamento de recursos. A estes sentimen- 0s soma-se 0 de frustragao e tensto, pois os trabalha- dores passam a perceber que j4 nao possum condi- Ges de despender mais energia para o atendimento de seu cliente ou demais pessoas como faziam anterior ‘mente, A Despersonalizagio ocorre quando o profissi- onal passa a tratar os clientes, colegas e a organizacio de forma distante e impessoal. O trabalhadores pas- sam a desenvolver insensibilidade emocional frente as situagdes vivenciadas por sua clientela. A Baixa Rea- lizagao no Trabalho é caracterizada pela tendéncia do trabalhador em se auto-avaliar de forma negativa, Ele torma-se insatisfeito com sett desenvolvimento profis- sional © experimenta um declinio no sentimento de competéncia e éxito, Bumout, segundo Ortega e Lopez (2004), & um processo que se desenvolve sequen- cialmente, devendo suas trés dimens6es ser considera das para caracterizar a sindrome Maslach e Schaufeli (1993) pontuam que nas defi- nigdes ja propostas para a SB, embora com algumas questdes divergentes, todas ressaltam, no minimo, cin- co elementos comuns: (a) a predominaneia de sinto- ‘mas relacionados exaustao mental e emocional, fadi- ga e depressio; (b) énfase nos sintomas compor- tamentais e mentais e no nos sintomas fisicos: (¢) 0s sintomas so relacionados ao trabalho: (d) manifes- tagdio em pessoas que no softiam de distirbios psicopatolégicos antes do surgimento da sindrome: (©) diminuicao da efetividade e do desempenho no tra- balho decorrente de atitudes e comportamentos nega- tivos. A SB tem sido considerada um problema social de grande relevancia e vem sendo investigada em diver- 0s paises, tima vez que se encontra vinculada a gran- des custos organizacionais. Alguns destes custos de- vem-se a rotatividade de pessoal, absenteismo, proble- mas de produtividade e qualidade e também por asso- ciat-se a varios tipos de disfungdes pessoais. como o surgimento de graves problemas psicologicos e fisicos podendo levar 0 trabalhador a incapacidade total para o trabalho. PSICO, Poco Alegre, PUCRS,v 38,1. 2 7p. 8, abr jn 2008 Caslotto, M8. & Camas, $. 6. Asleis brasileiras de auxilio ao trabalhador jé con- templam a SB. No Anexo IT — que trata dos Agentes Patogénicos causadores de Doencas Profissionais — do Decreto n°3048/99 de 6 de maio de 1996 — que dispde sobre a Regulamentagto da Previdéncia Social -, con- forme previsto no Art.20 da Lei n® 8.213/91, a0 se re- ferir aos transtomnos mentais e do comportamento re- lacionado com o trabalho (Grupo V da CID-10). 0 inciso XII aponta a Sensagio de Estar Acabado (Sindrome de Bum-Out, Sindrome do Esgotamento Profissional) (273.0) (Ministério da Saiide. (1999), Embora pesquisas sobre Bumout tenham uma lon ga tradigao na América do Norte e Europa, no Brasil ainda encontramos poucos estudos sobre essa te mitica, Segundo Benevides-Pereira (2003), encon- tra-se varias comnnicagtes cientificas ¢ alguns artigos publicados sobre Bumout no Brasil, mas a produgao nacional ainda é incipiente comparada com a interna- cional. A autora refere que a primeira publicagao na- ional sobre o tema foi realizada pelo médico cardio ogista Hudson Hubner Franga em 1987, na Revista Brasileira de Medicina, ‘Na década de 90 surgem as primeiras teses e dis- sertagdes sobre o tema, assim como grupos de pesqui- sa no meio académico, sendo que sua intensificagio ‘ocorren apés o ano de 2001. Atualmente existem 11 grupos de pesquisa sobre a SB cadastrados no CNPq, (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnolégico) © 36 tesesidissertagdes cadastradas no banco da Capes (Coordenacio de Aperfeigoamento de Pessoal de Nivel Superior), elo exposto, esse estudo buscou vetificar. consi- derando a produgao cientifica nacional de publicagdes em periddicos, qual 0 estagio de conhecimento de Bumout no Brasil, As pesqttisas denominadas ‘estado da arte’ sto de- finidas como de cardter bibliografico e trazem em co- mum o desafio de mapear e de discutir a produgio cientifica em diferentes campos do conhecimento. Buscam responder que aspectos e dimensdes vém sen- do destacados e privilegiados em diferentes épocas & Tugares. de que formas e em que condigdes tém sido produzidas. Também sto reconhecidas por realizarem, uma metodologia de cariter inventariante e descritivo da produgao cientifica sobre o tema que busca investi- gar, & Inz de categorias e facetas que se caracterizam, enqquanto tais em cada trabalho (Ferrreira, 2002). METODO 0 processo de busca bibliogrifica de publicacdes brasileiras foi realizado em margo de 2007 nas bases de dados eletonicas BVS, IndexPsi e Pepsic. As ba- ses foram selecionadas de acordo com os critérios de Andlce da produgae cientfca sobre a Sindrome de Burnout no Brasil abrangéncia e acessibilidade. Foram utilizados os ter ‘mos Sindrome de Bumout, Bumout e Sindrome do Esgotamento Profissional como palavras-chave para busca. Nio foi estabelecido periodo, uma vez que a SB é um fenémeno de estudo recente no Brasil, po- dendo ser identificada na sta totalidade, Somente fo- ram ineluidos artigos publicados com amostras nacio- ais. A partir do levantamento realizado, foram extrai- dos 08 resumos e posteriomente a busca do artigo am texto integral, segundo orientagao de Megid, (in Ferreira, 2002). Para o autor, os restimos ampliann vm potico mais as informacdes disponiveis, porém, por serem muito sucintos e, em muitos casos, mal elabora- dos ot equivocados, no sto suficientes para @ divul- 2agao dos resultados e das possiveis contribuicdes des- sa produgao, Assim, apés a identificagao dos artigos, leitura e anilise, foram estabelecidas como categorias: relato de pesquisa, revisto tedrica e validacdo de instrumento. ‘Também se buscow classificar a produto de acordo com 0 ano de publicagdo, populagao investigada ou abordada nas revisdes teéricas e tipo de revista publicada, se especifica da psicologia ou de areas afins. As categorias foram compostas por meio da and- lise categorial (Clemente-Diaz, 1992) RESULTADOS A busca na base de dados permitiu recuperar 40, artigos com as palavras-chave descritas no método. No entanto, apés anélise detalhada do coutetide do resu- ‘mo e/0t artigo, foram excluidos 8 destes, pois no ca racterizavam estudos sobre o tema, Destes, 0$ apenas utilizavam 0 termo em outra tematica e 03 usavam 0 termo como sinénimo de estresse. Também foram ex- luidos 05 outros estudos publicados em revistas bra- sileiras, mas com autores © populagdes estrangeitas. Assim, a totalidade da produgio nacional levantada foi de 28 artigos, sendo a maior parte de relatos de pes- quisa (Tabela 1), TABELA | Distribuigao da produgao por categoria Categorias Relate de pesquisa Revisio teerica ‘aldapio de nstrmento Com relagao a populagao alvo dos relatos de pes- quisa, verifica-se uma maior concentractio em profis- 185 siouais da saiide, seguida pela categoria de professo- res, Jé na categoria revisao tedrica, professores so os mais estudados (Tabela 2). TABELA2 Distribuicao da categoria relato de pesquisa segundo populagao estudada Categorias Relate ds pesquisa: rofasions dare da sade os Professors 07s Estudantes oT Bombeiros m1 36 Polis 38 Seine publics a 36 Revito wdc: Profsscss as Profssionaie da dre da sade o 4 Geral oT Paiclogos a 36 Validogo de instramentos Professors os 8 A maioria das publicagdes estio localizadas em re- vistas da érea da psicologia e um menor percentual em, eas afins, conforme demonstrado na Tabela 3. TABELA 3 Distribuigao da produgio segundo tipo de revista Tipo de revista no Expcifce de pscologe: Pricolgia em Estado Althea Psicologia Arsument Pricologia Reflaxo e Critica Psicologia Escolar « Educacional Estudos de Psicologia (Carpinss) Piscologia Cikncia eProfissto Revista da Soe. Bras. de Psicologia Hospitalar Psico USF rico -PUCRS Estudos « Beguies em Peicologia Psicologia Corporal Encontro Revista da Sociadade de Psicologia do RS ‘Ares afi ‘Revels Latino americana ds Enemas CCaderacs de Suid Piblica ‘Revista Brasilia de Suikde Matron Revista de Psguiatia do Rio Grand do Sl Revista da Associagdo Médica Brasileira Brazilian Journal of Mesa! and Biological ‘Revearh 107 107 Ma 36 36 36 36 a6 SIC, Poco Alegre, PUCRS, 39,2, pp 58, abun. 2008 156 Com relagio a0 periodo de publicagao, os resulta- dos evidenciam a primeira publicaciio em 1999 e os anos de 2002 ¢ 2005 como os de maior volume de tra- balhos (Tabela 4) TABELA 4 Distribuigao da produsao segundo ano de publicago “ano de pableasio as 2006 oS. 2008 7 250 2008 of 143 2008 of 143 2002 07 250 1999 OL 36 DISCUSSAO A compreensio do estado de conhecimento sobre um tema, em determinado momento, € necesséria no processo de evolucio da ciéncia, a fim de que se orde- ne periodicamente o conjunto de informagdes e resul- tados ja obtidos. Ordenagto esta que permita indica 40 das possibilidades de integragao de diferentes perspectivas, aparentemente auténomas: a identifica ao de duplicagoes ot contradigoes; e, a determinagao de lacunas e vieses (Soares, in Ferreira, 2002) A partir dos dados obtidos verifica-se ainda ser incipiente a produeao cientifica sobre a SB no Brasil, tanto em quantidade como nos resultados ja obtidos. Esse resultado corrobora a afirmagao de Benevides- Pereira (2003). Das publicacdes identificadas, perce- bese a tendéncia inicial das pesquisas intemacionais, de estudos com categorias pertencentes a area da sati- de e educagao. Hoje, sabe-se jé ser mais ampla a com- preensio do fenémeno, Na década de 90, Maslach & Leiter (1997) alertaram que a SB ndo tem mais se res- tringido a profissdes ligadas & satide e A educagao. Burnout, a partir de entao, passava a ser considerado um fenémeno que afetava praticamente todas as pro- fissdes, tendo em vista que quase todas possuem al- ‘gum tipo de contato interpessoal, Este pode acorrer na forma de atendimento de clientes, consumidores, co- legas © também supervisores. Segundo os autores, & importante considerar também que a modalidade de trabalho atual, em amapo e equipes, também tem ex do contatos mais freqiientes e intensos. Assim, hoje percebe-se que, pela pripria natureza e fincionalida- de do cargo, ha profissdes de risco e de alto risco, sen- do poucas as néo suscetiveis a ocorréncia de Burnout. A comunidade cientifica internacional jé desenvolve estudos com advogados, juizes, auditores, vendedores, teligiosos, executives, atletas, imisicos, taxistas, den- PSICO, Poco Alegre, PUCRS,v 38,1. 2 7p. 8, abr jn 2008 Caslotto, M8. & Camas, $. 6. tre outras (Babakus, Cravens, Jolnston ¢ Moncrief, 1999; Dahlqvist. 2006; Fender. 1989: Kallbers e Fo- garty, 2005: Pines e Aronson, 1988: Randall, 2007). Cabe, no entanto, destacar uma tendéneia, mesmo qe em poucos artigos, de abertura, na medida em que foram localizados estudos com policiais, bombeiros & estudantes, Predominam os relatos de pesquisa, na busca de identificagaio de fatores de risco. Os estudos descriti- vos ¢ correlacionais entre Bumout e variaveis, princi- palmente sociodemogrificas, se repetem em quase to- dos 0s paises (Elvira e Cabreita, 2004: Heméndez, Olmedo e Ibanez, 2004), Essa questo ¢ importante no contexto brasileiro, uma vez que ainda nao esto con- solidados os resultados sobre as varifveis que se rela- cionam a SB. No entanto, é preciso avangar. Esse ou tro momento, sem abandonar 0 anterior, deve incluir novas variiveis e delineamentos Com relagio as variiveis, os autores sugerem a incluso de fatores de desempenho, rotatividade & absenteismo e varidveis de comprometimento de sai de, ou seja, variaveis que nao sio auto-informadas & que podem estabelecer outro tipo de resultado basea- do em evidéncias organizacionais. ‘Uma vez ctiadas as condigdes de pesquisa, ha uma diversidade de variaveis que levaria 0 conhecimento sobre Burnout para wm outro patamar. Ji hd consenso entre a maioria dos investigadores na comunidade cientifica internacional, com relagio 4 definigdo, avaliacdio e modelo teérico de Bumout, conforme 0 proposto por Maslach e Jackson (1981). Nesse sentido, utilizar uma linguagem comum pos- sibilita uma melhor delimitagao conceitual sobre 0 objeto de estudo e uma qualificagao nos delineamen- tos metodologicos, permitindo a comparagiio de resul- tados e estudos transculmurais, sendo essa questao tam- bem abordada por Schaufeli, Maslach e Marek (1993). ‘Nao foram identificados estudos longitudinais e expe- rimentais, resultando em um outro ponto a ser consi- derado para o aprofundamento da evolusio € causas de Burmout em nosso contexto. Outro ponto de destaque identificado nos artigos & com relagio as amostras, geralmente nao probabi- listicas, o que dificulta a generalizacao dos resultados. Schaufeli, Maslach ¢ Marek (1993) nao descartam a importincia desses resultados, mas enfatizam suas limitagdes. Essa questao precisa de atengao especial para que se possa pensar agdes de prevengao e inter vengao em satide do trabalhador de forma mais ampla. Estudos epidemiolégicos devem estar na pauta das investigagbes de Bumout. De acordo com Pereira (1999), a epidemiologia social tem procurado investi- gar 0 processo saiide-doenga como produto resultante dos diferentes modos de vida das pessoas em socieda- Andlce da produgae cientfca sobre a Sindrome de Burnout no Brasil de, O autor destaca a importincia de estudos que foca- lizam a influéncia dos fatores comportamentais na etiologia dos danos a saiide, o que inclui as pesquisas sobre estresse e estilos de vida em contextos especifi- cos. O trabalho pode ser fonte de adoecimento quando contém fatores de risco para a satide e 0 trabalhador nao dispoe de instrumental suficiente para se proteger destes riscos (Murta e Trécolli, 2004). Também se apresenta de forma embrionéria a questo da validacao do instrumento (MBI) para uso no Brasil. Foram localizados dois estudos que avaliam sas propriedades psicometricas com resultados que apontam para a adequagao de seu uso. No entanto, nto ha, ainda, uma padronizagio (pontos de corte) para a populagto brasileira, o que permitiria classificar a sindrome em niveis (baixo, médio, alto). de acordo com a versao original americana (Maslach e Jackson, 1981, 1986). Essa classificacdo & necessiria para estu- dos de prevaléncia da sindrome, considerando a ad- verténcia de Gil-Monte (2005) acerca de seu carter epidemiolégico na atualidade. Shaufeli, Malasch © Marek (1993) enfatizam a importincia desse tipo de estudos para um mapeamento maior da sindrome & possibilidades de intervensao. Bumout é um fendmeno psicossocial e vem sendo publicado, na maioria dos casos, em periédicos da érea da psicologia. No entanto, verificam-se estudos tam- ‘bém em revistas de dreas afins. Esse resultado demons- tra uma ampliagao do interesse em outros campos de conhecimento como a satide coletiva, que se volta, cada vez mais, para os aspectos psicossociais envolvie dos no processo satide-doenca, Hoje, é evidente a constatagao de que 0 trabalho, sob determinadas con- digdes, provoca desgaste ¢ adoecimento (Jacques & Codo, 2002). Quanto A distribuigao das publicagdes por ano. per~ cebe-se certa irtegularidade, demonstrando ser neces- sirio maior investimento e estabilidade dos pesquisa dores e grupos que se dedicam ao estudo da sindrome. E importante destacar que esse estudo nfo retrata ‘o universo de pesquisas realizadas, pois se sabe de vie rios trabalhos que tem sido realizados e apresentados em congressos ot mesmo publicacdes em revistas nao indexadas. Trata-se aqui de um panorama das publica Ges em bases de amplo acesso, portanto, estudos que podem ser identificados para elaboragao de novos estudos com outros delineamentos e comparagao de resultados. Optou-se somente por publicagoes em pe- 1iddicos e nao livros ou dissertacdes, devido & equipa- ragao de critérios, em termos rigor cientifico e meto- dolégico, exigidos pelos periddicos que pertencem a esas bases de dados. Conhecer 0 ja constnuido ¢ mais que um desatio, & uma necessidade para o preenchimento de lacunas na 187 consolidagdo de um conhecimento que, cada vez mais, se faz presente em termos de repercussdes psicossociais no campo do trabalho. A SB, como fe- n6meno, tem sido observavel nas manifestagdes de tra- balhadores através dos tempos. Atualmente, seu incre- mento em fungao das mudangas tecnolégicas ot de organizagao do trabalho tem se evidenciado. Isso tam- bém em fingao de que os estudos na érea, de alguma forma, trazem a tona possibilidade de reflexao sobre a existéncia de um fenémeno conceitualizado e mensurivel. No entanto, o até agora produzido ainda parece incipiente e deve servir como base em diego atm conhecimento sélido e equilibrado cujo objetivo € retomar para a sociedade seus resultados apontando agbes preventivas e curativas. 3s resultados desse estudo revelam a necessidade de construgao de uma agenda de pesquisa sobre Burnout, conferindo maior relevancia ao tema, j4 que este é um campo potco explorado em termos de inves- tigagdes e, mesmo assim, j4 se apresenta como de im- portante repercussao social. Embora a SB ja seja con- templada pelo Ministério da Saitde, sua dimensio ¢ caracterizagio especifica & pouco conhecida, especi- almente em uma sociedade onde as relagdes de traba- Iho sao pautadas pela necessidade de sobrevivéncia, Embora ambos, empresirios ¢ trabalhadores pudessem, beneficiar-se de ages que prevenissem ou tratassem 0 problema, parece que essa frea da vida & pouco pensa- da, © a5 dificuldades que emergem do trabalho sao naturalizadas como se fossem parte inerente das ativie dades de produgio. © parco conhecimento dos profissionais da saitde diretamente envolvidos com a temética, medicina ¢ psicologia, também dificulta seu diagndstico e possi- bilidades de intervengdo em nivel local e global. So- mente o avango da cigncia nesse campo, que envolve mais que a manifestago de uma doenga ocupacional, refletindo-se em um contexto mais amplo, de relagies de trabalho, satide e produgao, pode conferir a ere- dibilidade para que se possa, em um futuro préximo, influir sobre as politicas piblicas de trabalho no plano nacional. REFERENCIAS Babakus, E., Cravens, D. W,, Johnston, M., & Monerief, W. C. (1999). The sole of emotional in sales force attitude and behavior relationship. Journal of Academy of Marketing Science, 27, 1, 38-70, Benevides-Percira, A. M. T. (2002). Bumout O processo de ado- ever pelo trabalho. In A.M. T. Henevides-Pereira (Org.) Burnout: Quando o trabatho ameaga o bem estar do trabatha- ‘dor (pp. 21-92), Sao Paulo: Casa do Psicdlogo. Benevides-Pereira, A.M-T. (2003). O Estado da Arte do Burnout no Brasil. Revista Eletronica Intergdo Pay, 1,1, 4-11 -PSICO, Peto Alegre, PUCRS, » 3,2, pp 1524158, aes, 2008 158 Chemiss C. (1980). Professional burnout in human service ‘organizations, New York: Praeger. (Clemente-Diaz, M. (1992). Métodos » t8entcas de investigacin. ‘Madris Eudema, Cordes C. L., & Dougherty, T. W, & Blum, M. (1997), Patterns of burnout among managers and professionals: a comparison of models. Journal of Organizational Behavior, 18, 665-701 Dablgvist,R. (2006). Mm framtids dag ar fs och ling —Musier ‘och musitlavare berattar om utbrandt. Disponivel em http! ‘ese ub lu se/archive/2007/02/28/1172673632-22214-325) ‘Acessado em: 02.02.07. Delgado, A. C., Fuentes, J. M. B., Quevedo, M, P, A, Salgado, AVR, Sancliez, A. C., Sanliez, T. S, Velasco, C. A. & Yela, 3B” B. (1903). Revision tedrica del burnout o desgaste ‘profesional en trabajadores dela doceneia. Caesura, 2, 47-65. Elvira, J. A.M, & Cabrera, J. H. (2004). Estrés y burnout en. profesores. International Journal of Clinical’ and Health Peychology, 4,3, 597-621 Farber, B. A. (1983). Dysfunetional aspects of the psycho- therapeutic role, In B. Farber (Org). Stress and burnout im the human service professions (pp. 1-22). New York: Pergamon Press. Farber, B. A. (1901). Crisis in education. Stress and burnout in the american teacher. Sto Francisco: Jossey-Bass lc. Fender, L. K. (1989). Athlete Bumout: potential for research and, intervention strategies. The Sport Psychologist, 3 1, 63-71. ranga, HH. (1987). A Sindrome de Burnout. Revista Brasileira de Medicina, 44,8, 197-199, Freudenberger, H. J. (1974). Staff bumout. Journal of Social Issues, 30, 189-165 Freudenberger, H. I, & Richenson, G, (1980). Burn out: How to ‘beat the high cost of suecest. New York: Bantam Books. Perreim, N.S. de A. (2002). As pesquisas denominadas “Estado a Arte”, Educagdo & Sociedade, 79, 257-272. Gil-Monte, P. R (2008). El syndrome de quemarse por el ira- bajo (burnout). Una enfermidad laboral en ta sociedad det Dienestar. Madrid: Pirkmide Hemindez, Z.GL., Olmedo, C. E., & ible, 1 (2004). Estar ‘quemado (Burnout) y su relacién eon ef afrontamiento. Inter- nacional Journal of Clinical and Health Psychology, 4, 2, 323 336. Jacques, M. G. & Codo, W. (2002). Saude mental e rabalhe: let tras. Petrdpolis: Vozes. Kallbers, L. P, & Fogarty, T J. (2005). Antecedents to Internal ‘Auditor Burnout. Journal of managerial Issues, 17, 1, 101 11s. Leite, M.P, & Maslach, C. (1988). The impact of interpersonal environment on bumout and organizational commitment. Journal of Organizational Behavior, 8, 297-308. Maslach, C. (1978). Job burnout: How people cope. Public welfare, 8, 56-8. PSICO, Porto Alege, PUCRS,» 39,1. 2, 9p. 152-158, abe jum 2008, Caslotto, M8. & Camas, $. 6. Maslach, C., & Goldberg J (1998). Prevention of bumout: News perspectives. Applied & Preventive Psychology, 7, 63-74 Maslach, C., & Jackson, S. E, (1981). The measurement of experienced bumout. Journal of Ocuppational Behavior, 2, 50-113, Mastach, C., & Leiter, M. P. (1997). The truth about burnout, How organization cause. personal stress and what to do about 1 San Francisca: Jossey-Bass. Maslach, C., Schaufeli, W. B.. & Leiter, M. P. (2001). Job Durnout. Annual Review Psychology, 52, 397-422. Maslach, C.,& Schaufeli, W. B. (1993). Historical and conceptual development of burnout, In W.B.Schaufeli, C, Maslach & T. ‘Marek (Orgs.), Professional burnout: Recent developments in theory and research (pp.1-16). New York: Taylor & Francis. Maslach, C., & Schaufeli, W. B. (1993). The future of Burnout In WB Schaufeli, C, Maslach & T. Marek (Orgs. Professional burnout: Recent developments in theory ard ‘research (pp.23-259). New York: Taylor & Francis. Ministerio da Saixle (1999), Portaria n° 1.339/GM, de 18 de no- ‘verbro de 1999: disp6e sobre lista de doengas relacionadas 20 trabalho. Didrio Oficial da Unido, Brasilia. Murta, 8. G., & Tréecoli, B. T. 2004). Avaliagto de intervene em estresse ocupacional, Psicologia Tearia e Pesquisa. 20, 1, 59-47 Ortegs, R.C., & Lépez, R. F, (2004). El bumout o sindrome de estar quemado en los profesionsles sanitarios: revision y pers pectivas. Jownal of Clinical and Heath Psychology, 4 1,13 160, Pereira, MG. (1999), Epidemiologia ~ Teoria e Pratica. Rio de “aneiro: Guanabara Koogan, Perlman, B., & Hartman A. E, (1982), Bumouts Sumary and future research. Human Relations, 33,4, 283-305, Pines, A., & Aronson, E, (1988), Career burnout Causes and ‘cures, New York: Free Press Randall J. (2007). Examining the relationship between burnout and age among Anglican clergy in England and Wales. Mencal Health, Religion & Culture, 10, 1, 39-46. Recebido ex: 12092007. Acsito em: 300052008, Mary Sada Carlota ~Paicsloga, Meste em Sais Coletiva (ULBRA RS), Dutra om Pecos Sonal USC ES) Droferor = Pesunadars do Labo grt de Ensinoe Peaqusa em Psicologia do Cuso de Patclopia, ULBRA! Croce Shea Goncalies mara ~Pszslo, Mes em Psicolopn Social eda Pe solidade e Doctors er Pacologsa (PUCRS),Profrsora« Pengusader do Eatoratoro de Ensin e Pesquisa em Piclopia do Curso de Poicoogs, ULBRA‘Canoas Endorego para correspon! Many Siwoea CARUOTTO 2s Maus 845 apro S04 ~ Cento (CEP 9810-320, Sse Leopoldo BS, Bron Erma mscarioned/gmall com

You might also like