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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Disciplina: Paleontologia

Docente: Carolina Gusmão Souza

Discentes: Semaías Ribas e Camila Gomes Data: 05.06.2023

Relatório de aula de campo

Relatório a ser entregue a professora


Carolina Gusmão Souza para a obtenção de
créditos na disciplina de Paleontologia

Itapetinga-Ba

Junho, 2023
INTRODUÇÃO

A paleontologia é a ciência que estuda os seres vivos que habitaram o planeta


Terra ao longo de sua história geológica, por meio dos seus vestígios preservados nas
rochas, chamados de fósseis (Carvalho, 2012). Os fósseis são testemunhos da
evolução da vida e fornecem informações sobre a diversidade, a ecologia, o
comportamento e as relações filogenéticas dos organismos extintos. Além disso, os
fósseis também são importantes para a compreensão da estratigrafia, da
paleogeografia, da paleoclimatologia e da geocronologia.

Para que os fósseis possam ser estudados e utilizados como fontes de


conhecimento científico, é necessário que eles sejam coletados, preparados,
identificados, classificados e armazenados adequadamente. Essas atividades fazem
parte do que se denomina curadoria paleontológica, que é o conjunto de
procedimentos técnicos e administrativos que visam garantir a preservação, a
organização e a disponibilização dos fósseis para a pesquisa e a educação (Lima &
Carvalho, 2020).

A curadoria paleontológica envolve diversas etapas, desde o planejamento e a


execução das expedições de campo até o registro e a documentação dos espécimes
coletados. Além disso, a curadoria também abrange a manutenção e a conservação
dos fósseis em coleções científicas, que são conjuntos de espécimes organizados
segundo critérios taxonômicos, geológicos ou geográficos. As coleções
paleontológicas podem ser públicas ou privadas, mas devem seguir normas éticas e
legais de acesso e uso dos fósseis (Lima & Riff, 2018).

Uma das formas de armazenamento dos fósseis é a utilização de caixas ou


gavetas com divisórias internas, etiquetadas com os dados básicos dos espécimes,
como número de registro, localidade, idade e identificação taxonômica. Essas caixas
ou gavetas devem ser guardadas em armários ou estantes adequados ao tamanho e
ao peso dos fósseis, em ambientes com controle de temperatura, umidade e
iluminação. Outra forma de armazenamento é a exposição dos fósseis em vitrines ou
painéis, com fins educativos ou museológicos. Nesse caso, os fósseis devem estar
protegidos de agentes físicos ou biológicos que possam danificá-los.

A micropaleontologia é um ramo da paleontologia que se dedica ao estudo dos


microfósseis, que são fósseis com dimensões inferiores a 1 mm. Os microfósseis são
muito abundantes e diversificados nas rochas sedimentares e representam diversos
grupos de organismos, como algas, foraminíferos, radiolários, ostracodes,
conodontes, esporos e pólen. Os microfósseis têm grande importância para a
bioestratigrafia, pois permitem datar e correlacionar as rochas com base na sucessão
cronológica das formas fósseis. Além disso, os microfósseis também são úteis para a
paleoecologia, pois fornecem indícios sobre as condições ambientais do passado
(Carvalho et al., 2007).

Para estudar os microfósseis é necessário utilizar técnicas específicas de


preparação e análise das amostras. Uma das técnicas mais comuns é a dissolução
ácida das rochas carbonáticas ou siliciclásticas para liberar os microfósseis presentes
na matriz sedimentar. Outra técnica é a maceração térmica das rochas orgânicas para
extrair os microfósseis de origem vegetal. Após esses processos, os microfósseis são
separados por peneiramento ou flotação em líquidos densos e montados em lâminas
ou cubetas para observação ao microscópio óptico ou eletrônico.

O objetivo deste relatório é relatar os fósseis da curadoria da Universidade


Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus de Vitória da Conquista-Ba e trazer
informações sobre a localidade, o período geológico e a taxonomia dos mesmos, bem
como descrever sobre a paleontologia da Chapada do Araripe e os fósseis que são
encontrados no local, fazendo um link com os fósseis do acervo da universidade. Além
disso, o relatório também visa descrever a prática de micropaleontologia realizada em
laboratório e os principais organismos encontrados nas amostras analisadas.
METODOLOGIA

A aula de campo foi realizada no dia 8 de abril de 2023, no campus UESB em


Vitória da Conquista, onde fomos recebidos pela professora Maria Angélica de Lima
Tasso. Ela nos apresentou, em forma de slides, os conceitos paleontológicos,
abordando temas como a origem e a evolução da vida na Terra, os tipos e os
processos de fossilização, a classificação e a nomenclatura dos fósseis e a
importância dos fósseis para o estudo da história geológica e biológica do planeta.
Nesta apresentação, ela falou também sobre os microfósseis, que são restos ou
vestígios de organismos microscópicos preservados em rochas sedimentares ou em
sedimentos não consolidados.

Em seguida, nos mostrou alguns fósseis disponíveis no laboratório, como a


dentição de uma preguiça gigante (Eremotherium laurillardi), encontrada em um
afloramento em Vitória da Conquista, madeira fossilizada, réplicas de trilobitas, entre
outros. Ela explicou as características morfológicas e taxonômicas desses fósseis,
bem como o ambiente e o contexto geológico em que eles foram formados e
encontrados.

Fomos para a curadoria paleontológica da UESB, localizada no antigo Centro


Universitário de Atenção à Saúde (Ceuas), no campus de Vitória da Conquista, onde
foi apresentado os fósseis de diferentes datas geológicas, provenientes
principalmente da Bacia do Araripe, no Ceará. Essa bacia é considerada um dos mais
importantes sítios paleontológicos do Brasil e do mundo, por apresentar uma grande
diversidade e abundância de fósseis bem preservados, que permitem reconstruir os
ecossistemas do período Cretáceo (entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás).
Entre os fósseis da curadoria da UESB, destacam-se peixes, répteis, insetos e
plantas, que ilustram a riqueza e a complexidade da fauna e da flora dessa época.

Depois voltamos ao laboratório e visualizamos, com a ajuda de lupas de


laboratório, microfósseis retirados das praias Coroa de meio, em Sergipe, e
Plataforma Sul, em Alagoas. Esses microfósseis são principalmente foraminíferos
bentônicos e planctônicos, que são protistas unicelulares que possuem um esqueleto
calcário ou orgânico. Eles são amplamente utilizados como indicadores
paleoambientais e bioestratigráficos, pois refletem as condições físico-químicas do
ambiente marinho em que viveram e apresentam uma rápida evolução ao longo do
tempo geológico. Identificamos algumas espécies de foraminíferos com base em
chaves taxonômicas e observamos as diferenças morfológicas entre elas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O acervo de fósseis da curadoria da UESB de Vitória da Conquista é composto


por diversas peças, provenientes de algumas regiões do Brasil. A maioria dos fósseis
são de invertebrados marinhos, como moluscos, corais, equinodermos e trilobitas, que
viveram em diferentes períodos geológicos, desde o Pré-Cambriano até o Cenozoico.
Além disso, há também fósseis de vertebrados, como peixes, répteis e mamíferos,
que representam a fauna terrestre do Mesozoico e do Cenozoico. Entre os fósseis
mais raros e importantes do acervo estão o da preguiça gigante (Eremotherium
laurillardi), que habitaram a região Nordeste do Brasil, encontrada em um afloramento
em Vitória da Conquista.

A paleontologia da Chapada do Araripe é um dos temas de pesquisa


desenvolvidos pela UESB, em parceria com outras instituições nacionais. A Chapada
do Araripe é uma formação geológica localizada nos estados do Ceará, Pernambuco
e Piauí, que se destaca pela grande diversidade e preservação de fósseis do Cretáceo
Inferior, há cerca de 110 milhões de anos. Nessa época, a região era ocupada por um
grande lago salgado, cercado por florestas tropicais e vulcões ativos. Os fósseis
encontrados na Chapada do Araripe incluem plantas, algas, fungos, bactérias,
protozoários, esponjas, cnidários, vermes, moluscos, artrópodes, equinodermos,
peixes, anfíbios, répteis e aves. Entre os fósseis mais famosos estão os de
pterossauros, que foram os primeiros vertebrados voadores da história da vida.

Os fósseis do acervo da UESB de Vitória da Conquista têm uma relação com


os fósseis da Chapada do Araripe, pois ambos pertencem ao mesmo período
geológico: o Cretáceo. Além disso, alguns dos fósseis do acervo foram coletados na
própria Chapada do Araripe ou em regiões próximas, como o Vale do São Francisco
e o Recôncavo Baiano. Esses fósseis permitem comparar a biodiversidade e a
paleoecologia das diferentes áreas do Nordeste brasileiro no passado remoto. Por
outro lado, os fósseis do acervo também apresentam diferenças em relação aos
fósseis da Chapada do Araripe, pois refletem ambientes distintos: enquanto a
Chapada do Araripe era dominada por um ecossistema lacustre e florestal, outras
regiões eram influenciadas por ambientes marinhos ou desérticos. Esses contrastes
evidenciam a complexidade e a riqueza da paleontologia brasileira.

01 02

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Imagens 01 – 12: Fósseis da curadoria


paleontológica da UESB de Vitória da Conquista,
Bahia
13 14

15

Imagens 13 – 15: Fósseis a mostra no laboratório de geologia da UESB de Vitória da Conquista, Bahia. Na
imagem 13 e 14 é possível ver madeiras cristalizadas e na imagem 15 vários fósseis, dentre eles uma réplica
de um molde de um trilobita no canto superior esquerdo da imagem e um molde de uma concha espiralada
no meio da imagem.
16

Imagem 16: Fóssil da mandíbula de uma preguiça gigante (Eremotherium laurillardi), que habitaram a região
Nordeste do Brasil, encontrada em um afloramento em Vitória da Conquista, Bahia

A prática consistiu na visualização de microfósseis na lupa, com o objetivo de


conhecer alguns dos pequenos organismos que viveram no passado e que se
preservaram por processos geológicos. Os microfósseis são estudados pela
micropaleontologia e podem fornecer informações sobre o paleoclima, a salinidade, a
profundidade e a composição dos mares antigos. Os microfósseis observados na
prática foram:

Discoaster (Img 17 / Desenho representativo 01): são algas calcárias que viveram
no Cretáceo e formaram carapaças de carbonato de cálcio com forma de estrela.

Quinqueloculina (Img 18 / Desenho representativo 02): são foraminíferos que


viveram no Jurássico e formaram carapaças de carbonato de cálcio com forma de
espiral.

Bathysiphon (Img 19 / Desenho representativo 03): são foraminíferos que viveram


no Siluriano e formaram carapaças de carbonato de cálcio com forma de tubo.

Chrysalogonium (Img 20 / Desenho representativo 04): são radiolários que viveram


no Cretáceo e formaram carapaças de sílica com forma de esfera.
Dentes e espinhos de echinoidea (Img 21 / Desenhos representativos 05 e 06):
são equinodermos que viveram no período moderno e formaram estruturas duras de
carbonato de cálcio.

A prática foi realizada com a orientação da professora Maria Angélica de Lima


Tasso, que disponibilizou os fósseis citados, coletados das praias de Coroa de meio,
em Sergipe, e Plataforma Sul, em Alagoas. A prática permitiu reconhecer a diversidade
e a importância dos microfósseis para a compreensão da história da vida na Terra.

17 18 19 20

/
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23

Imagens 17 – 23: Microfósseis coletados nas praias de Coroa de meio, em Sergipe, e


Plataforma Sul, em Alagoas vistos em lupa. Img 17: Discoaster do Cretáceo; Img 18:
Quinqueloculina do Jurássico; Img 19: Bathysiphon do Siluriano; Img 20:
Chrysalogonium do Cretácio; Img 21: Dente de um echinoidea; Img 22: Não
identificado; Img 23: Não identificado
Desenho representativo Desenho representativo Desenho representativo
01 02 03
Discoaster – Cret. Quinqueloculina – Jur. Bathysiphon – Sil.

Desenho representativo Desenho representativo Desenho representativo


04 05 06

Chrysalogonium – U. Cret. Dente de um echinoidea – Moderno. Espinho de um echinoidea –


Moderno.

Desenho representativo Desenho representativo


07 08
Não identificado Não identificado
CONCLUSÃO

A aula prática de campo na UESB de Vitória da Conquista foi extremamente


gratificante e enriquecedora, proporcionando uma experiência única de imersão na
paleontologia e micropaleontologia. Durante a atividade, tivemos a oportunidade de
explorar o acervo de fósseis da curadoria da universidade, que possui uma variedade
impressionante de peças provenientes de diferentes regiões do Brasil.

Sob a orientação da professora Maria Angélica de Lima Tasso, fomos


conduzidos por uma visão abrangente da paleontologia, abrangendo desde os
conceitos fundamentais até a importância dos fósseis como registros da história
geológica e biológica do nosso planeta. Através de apresentações com slides
informativos, a professora abordou temas como a origem da vida, processos de
fossilização, classificação e nomenclatura dos fósseis.

Além disso, tivemos a oportunidade de examinar pessoalmente alguns


exemplares fascinantes de fósseis presentes no laboratório, como a dentição de uma
preguiça gigante, madeira fossilizada e réplicas de trilobitas. A professora nos guiou
através das características morfológicas e taxonômicas desses fósseis,
proporcionando insights valiosos sobre o ambiente e o contexto geológico em que
foram formados e encontrados.

A visita à curadoria paleontológica da UESB foi um dos momentos mais


destacados da aula prática. Lá, tivemos a oportunidade de conhecer uma ampla
variedade de fósseis, principalmente da Bacia do Araripe, considerada um dos sítios
paleontológicos mais importantes do Brasil e do mundo. Essa região é famosa por sua
riqueza e abundância de fósseis bem preservados, que fornecem uma visão detalhada
dos ecossistemas do período Cretáceo.

Durante a prática, pudemos identificar algumas espécies de foraminíferos com


base em chaves taxonômicas e observar suas diferenças morfológicas. Essa
experiência permitiu uma compreensão mais aprofundada da importância dos
microfósseis para o estudo da história da vida e dos ambientes antigos.

Em resumo, a aula prática de campo na UESB de Vitória da Conquista foi


extremamente gratificante e enriquecedora. Através da visita à curadoria
paleontológica e da prática de micropaleontologia, pudemos aprofundar nosso
conhecimento sobre os fósseis, sua taxonomia, a paleontologia da Chapada do
Araripe e a importância dos microfósseis como indicadores paleoambientais. Essa
experiência nos proporcionou uma visão mais completa e detalhada da história da
vida na Terra, despertando ainda mais nosso interesse pela paleontologia e suas
áreas correlatas.
REFERÊNCIAS

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Rodrigues, M. A. C., Carvalho, M. S. S., Arai, M., & Oliveira, E. V. (2007).
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Edusp; 2010.

Lima, J. S. M. & Riff, D. S. (2018). A Coleção Paleontológica do INBIO/UFU:


História, Curadoria e Acervo. Monografia de Graduação em Ciências Biológicas,
Universidade Federal de Uberlândia.

Lima, J. T. M. & Carvalho, I. S. (2020). Políticas de curadoria e preservação em


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