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Filme e Processamento
Filme e Processamento
FILME RADIOGRÁFICO
e PROCESSAMENTO
CURSO TÉCNICO DE RADIOLOGIA
Edição 2001
Revisada e Atualizada
SINE /SC – SISTEMA NACIONAL DE EMPREGO
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA
FUNDAÇÃO DO ENSINO TÉCNICO DE SANTA CATARINA
DIRETORIA DE RELAÇÕES EMPRESARIAIS
NÚCLEO DE TECNOLOGIA CLÍNICA
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
1. FILME RADIOGRÁFICO 5
1.1 HISTÓRICO 5
1.1.1. Placa fotográfica 5
1.1.2. Filme radiográfico 2
1.2 ESTRUTURA DO FILME 4
1.2.1. Base 4
1.2.2. Substrato 4
1.2.3. Gelatina 4
1.2.4. Elemento sensível à radiação 5
1.2.5. Capa protetora 5
1.2.6. Corante anti-halo 6
1.3 PROCESSO DE SENSIBILIZAÇÃO 6
1.4 IMAGEM LATENTE 7
1.5 TAMANHOS DE FILME 7
1.6 EXERCÍCOS 7
2. TELAS INTENSIFICADORAS 9
2.1 INTRODUÇÃO 9
2.2 CHASSI 9
2.3 ESTRUTURA FÍSICA 10
2.4 PROCESSO DE INTENSIFICAÇÃO 11
2.5 CARACTERÍSTICAS DO FÓSFORO 11
2.5.1. Ècrans de luz verde 12
2.6 FATORES DE DESEMPENHO 12
2.6.1. Absorção da radiação 12
2.6.2. Tamanho das partículas de fósforo 12
2.6.3. Camadas absorventes ou refletoras de luz 12
2.6.4. Pigmentos corantes na camada de fósforo 12
2.7 EXERCÍCIOS 12
3. CARACTERÍSTICAS DO FILME 15
3.1 INTRODUÇÃO 15
3.2 EXPOSIÇÃO 15
3.3 DENSIDADE FOTOGRÁFICA 15
3.3.1. Sensibilidade do filme radiográfico 16
3.4 MEDIÇÃO DO CONTRASTE 17
3.5 CONTRASTE RADIOGRÁFICO 17
3.6 FATORES INFLUENTES NO CONTRASTE 18
3.6.1. Tipo de filme 18
3.6.2. Condições de revelação 18
3.6.3. Densidade fotográfica 18
3.6.4. Véu 18
3.6.5. Tipo de exposição 18
3.6.6. Técnica 18
3.7 LATITUDE 18
3.8 EXERCÍCIOS 19
4. CÂMARA ESCURA 21
4.1 INTRODUÇÃO 21
4.2 OPERAÇÕES REALIZADAS 21
4.3 ORGANIZAÇÃO 21
4.4 EXERCÍCIOS 22
5. PROCESSAMENTO DO FILME 23
5.1 PRODUTOS QUÍMICOS 23
5.1.1. Revelação 23
5.1.2. Fixação 24
5.1.3. Lavagem 24
5.1.4. Secagem 24
5.2 EXERCÍCIOS 25
6. PROCESSAMENTO MANUAL 27
6.1 INTRODUÇÃO 27
6.2 PROCESSAMENTO DOS FILMES 27
6.3 REVELAÇÃO 27
6.4 BANHO INTERRUPTOR 28
6.5 FIXAÇÃO 29
6.6 LAVAGEM 29
6.7 SECAGEM 29
6.8 TEMPERATURA X TEMPO 30
6.9 AGITAÇÃO 30
6.10 PREPARO DAS SOLUÇÕES 31
6.10.1. Revelador 31
6.10.2. Preparação da Solução Reveladora 31
6.10.3. Fixador 31
6.10.4. Preparação da Solução Fixadora 31
6.10.5. Agitação no preparo 31
6.11 REFORÇO 31
6.12 EXERCÍCIOS 32
6.13 PROCESSAMENTO PASSO A PASSO 32
7. PROCESSAMENTO AUTOMÁTICO 33
7.1 INTRODUÇÃO 33
7.1.1. Vantagens do processo automático 33
7.1.2. Cuidados com o processo automático 34
7.2 PROCESSADORA AUTOMÁTICA 34
7.2.1. Secador 35
7.3 ALIMENTAÇÃO DO FILME 36
7.4 PREPARO DE SOLUÇÕES 36
7.4.1. Preparação da Solução Reveladora 36
7.4.2. Preparação da Solução Fixadora 37
7.4.3. Agitação no preparo 37
8. BIBLIOGRAFIA 39
seria muito sensível à radiação, e vice-versa, mesmo nóstico do cálculo renal, afirmou:
quando a convicção na época era a de que emulsões “Eu ainda não encontrei um fabricante de placas
rápidas (sensíveis) para luz, também seriam rápidas cujos produtos não tenham qualquer defeito. Após o nega-
para os raios X. tivo ser processado, nós encontramos manchas em todo
Os tipos predominantes de emulsões reco- lugar. As pedras mais difíceis de se localizar são as meno-
mendadas e utilizadas nos primórdios da radiografia res. As grandes você as vê à distância. Pegue uma pedra
eram as ortocromáticas, úteis por causa da sua sensi- muito pequena, por exemplo, nesta radiografia. Você pode
bilidade a fluorescência verde-amarelada da tela de ver nitidamente o contorno do rim e a sombra mais escura
platino-cianureto de bário; o colódio, uma emulsão no centro, com muitas manchas mais escuras espalhadas.
úmida, que era pouco afetado pelos raios X; misturas Elas são visíveis até pelo paciente e isto não é bom. Eu
normalmente uso duas placas, uma em cima da outra, e
de emulsões gelatinosas de brometo de prata com
exponho-as ao mesmo tempo com o envelope envolta de-
pequenas quantidades de cloreto ou iodeto de prata; e las. Desta forma, embora as manchas (artefatos) ainda
emulsões puras de cloreto de prata, sem utilidade. O irão aparecer na placa, mesmo assim as manchas não
único consenso que havia na época era que a espes- estão no mesmo lugar em ambas as placas. Desse jeito,
sura da emulsão, independente da cor que era sensí- você pode superar as dificuldades dos defeitos das placas.
vel, deveria ser mais grossa que a utilizada em foto- Eu já falei com fabricantes de placas experientes sobre
grafia e conter mais prata. isto e eles reconhecem isto; eles tentam remediar o pro-
O maior problema no processamento da pla- blema, mas não conseguiram, pelos menos ainda, superá-
ca ou filme exposto era obter uma adequada densida- lo.”
de ótica. As radiografias naquele tempo eram finas e As placas fotográficas para radiologia inici-
com pouco contraste. Para superar esta dificuldade e almente eram inseridas em envelopes a prova de luz
diminuir o tempo de exposição, para tornar esta “no- e seladas. No entanto, descobriu-se que as placas se
va fotografia” de valor prático, placas e gelatinas ou deterioravam pela interação entre os químicos do pa-
filmes celulóides eram cobertos com várias emul- pel e da emulsão. Isto levou ao desenvolvimento de
sões. Esta técnica permitia aumentar o nível de deta- envelopes duplos separados, com o operador carre-
lhamento e contraste da imagem em relação ao filme gando a placa radiográfica de acordo com a necessi-
ou placa de emulsão simples. Algumas placas e fil- dade, primeiro num envelope preto e depois num en-
mes eram manufaturados com emulsão nos dois la- velope de cor laranja ou vermelha para proteção.
dos da base. Os raios passavam através da base e, no Na realidade, a qualidade diagnóstica da
caso dos filmes, afetavam a emulsão em ambos os maioria destas radiografias era simplesmente confi-
lados com a mesma intensidade de forma que a ima- nada a descrição de aparências grosseiras. A presença
gem de um lado era “reforçada” pela imagem do ou- do borramento devido a radiação secundária e a gra-
tro lado. Assim, a densidade da imagem era dobrada nulariedade da imagem quando as telas intensificado-
e melhorava o valor diagnóstico da radiografia. No ras eram utilizadas sempre desencorajaram o registro
entanto, com as placas, a absorção dos raios X pelo fotográfico das imagens radiográficas. Isto resultou
vidro produzia uma densidade menor no lado oposto na crescente aceitação da fluoroscopia e influenciou
ao tubo, se comparada com a maior densidade do la- muito no atraso da produção de materiais fotográfi-
do que recebia primeiro a radiação. cos mais sensíveis. Já em 1901, algo como 3 milhões
Apesar de todos os problemas, as placas de de placas foram utilizadas para radiografias, porém, a
vidro eram muito populares. A própria fragilidade do produção de placas especialmente manufaturadas pa-
vidro dificultava o manejo, empacotamento e trans- ra o radiodiagnóstico era limitada e cerca de 75% do
porte, além do seu peso. Uma placa de 14” x 17” volume de radiografias foram realizadas com placas
(35,56 cm x 43,18 cm) pesava quase 1 Kg. Compara- fotográficas comuns.
do com um filme atual de mesmo tamanho, cerca de
43 gramas, houve uma redução de mais de 20 vezes. 1.1.2. Filme radiográfico
O preço das placas também não era barato. Uma pla-
ca com estas dimensões custava na época US$ 1,00 Quando Roentgen escreveu seu artigo des-
(mais de US$ 100,00 nos dias de hoje), um bom ter- crevendo a descoberto dos raios X, já citou a utiliza-
no masculino custava US$ 7,00, um par de sapatos ção de placas ou filmes para o registro das imagens
saia por US$3,00 e a carne era vendida a US$ 0,33 o produzidas pela radiação. No entanto, inicialmente o
kilo. filme radiográfico foi muito pouco utilizado. Em
Os defeitos durante a manufatura das placas 1896, o “Transparent Film - New Formula” da East-
também eram um problema crítico porque afetavam man (Kodak) com base celulósica ainda era fabricado
o diagnóstico médico. Durante um encontro da Soci- e ocasionalmente utilizado na radiografia. Na Ingla-
edade Americana dos Raios Roentgen, em 1902, o terra, outro fabricante de filmes radiográficos, San-
médico Wolfram Fuchs, discursando sobre o diag- dell Plate Company desenvolveu dois filmes cuja ba-
se era gelatinosa, ao invés de usar celulóide. Eles e- as outras formas de registro da imagem radiográfica
ram feitos com duas camadas de emulsão, uma rápi- obsoletas da noite para o dia. Apesar disso, a intro-
da e outra de velocidade normal, que eram deposita- dução do filme não era tarefa fácil, pois havia anos
das sobre vidro e depois retiradas. Os filmes eram de preconceito a ser superado. Os radiografistas esta-
fornecidos em pacotes de envelopes escuros, difíceis vam tão acostumados as placas de vidro que levou
de processar e muito lentos (sensibilidade) se compa- tempo para convencê-los que o filme oferecia algu-
rado às placas rápidas. mas vantagens significativas. Novos chassis e outros
Nem o filme à base de gelatina quanto o de tipos de acessórios tiveram que ser inventados. A
celulóide eram aceitos por causa de suas tendências prática corrente de processamento em bandejas era
em enrolar e riscar, porém tinham a vantagem de se- um empecilho a rápida adoção dos filmes de dupla-
rem finos e poderem ser utilizados com uma ou duas face. Poucos laboratórios usavam tanques profundos
telas intensificadoras, com a conseqüente redução na para o processamento vertical de placas e estavam
exposição. Deve-se lembrar que os filmes não que- habilitados a mudar rapidamente logo que se tornasse
bravam como as placas de vidro. disponível presilhas para os filmes.
Antes da I Guerra Mundial, o vidro utilizado Em 1923, um filme radiográfico mais rápido
nas placas fotográficas era obtido da Bélgica. O ata- (sensível) foi desenvolvido. Ele permitia a redução
que alemão a marinha mercante Aliada e a invasão da radical do tempo de exposição ou a diminuição da
Bélgica logo cortaram esta fonte. A procura por vidro tensão com conseqüente desgaste menor e fissuras
para os propósitos fotográficos tornou-se um proble- nos tubos e demais acessórios. A base deste filme,
ma sério. A demanda por placas radiográficas nos como seus predecessores, era o nitrato celulósico.
hospitais do Exército tornou-se tão grande que era Contudo, o nitrato celulósico era uma base de filme
impossível atendê-los. Mesmo quando se conseguiam que sempre apresentava um grande risco de incêndio.
as placas, seu tamanho e fragilidade faziam-nas de Os próprios hospitais e laboratórios reconheciam o
difícil transporte sem quebra. Com este cenário a perigo devido aos vários incêndios causados pelo
frente, fez-se necessário obter uma solução que utili- manejo descuidado e armazenagem incorreta dos
zasse outra base para a emulsão em substituição ao filmes. Apesar de esforços intensos, a pesquisa por
vidro. um material menos inflamável foi infrutífera até
A nova base deveria suportar a película de 1906, quando foi descoberto que o acetato celulósico
emulsão sem deformar e ser flexível e transparente poderia servir como base para “filmes seguros”, es-
como o vidro. A única solução era adaptar a base de pecialmente para uso no cinema. O valor de se fabri-
nitrato celulósico utilizado na manufatura de filmes car filmes radiográficos a partir desta substância não
fotográficos. Conseqüentemente, em 1914, a empresa foi considerado seriamente naquele tempo devido ao
Kodak lançou um filme radiográfico de face simples uso universal das placas de vidro.
com uma sensibilidade maior que qualquer outro fil- A produção real da base de acetato celulósico
me ou placa radiográfica até então disponível. Entre- útil requeria muitos anos de pesquisa e desenvolvi-
tanto, este filme não era ainda o ideal, pois facilmen- mento. Problemas que tinham de ser solucionados
te enrolava-se e era difícil de ser processado em ban- incluíam a eliminação de impurezas, redução da fra-
dejas. gilidade, melhoria da claridade e aumento da resis-
O uso de equipamentos radiográficos portá- tência. Grandes passos foram dados no processo de
teis em campo durante a I Guerra Mundial demandou recuperação dos subprodutos gerados pela reação
uma grande eficiência e velocidade dos filmes radio- química de produção do acetato celulósico, o que
gráficos. Esta necessidade acelerou o trabalho de permitiu que o preço se mantivesse baixo. Além dis-
pesquisa de um filme com emulsão em ambos os la- so, a I Guerra Mundial providenciou um grande in-
dos e de base transparente que tornasse possível o centivo para a produção de acetato celulósico para
uso da técnica de duas telas intensificadoras. Final- usos além dos propósitos fotográficos. Este grande
mente, em 1918, o filme radiográfico “Dupli-Tized” consumo tornou possível o aumento acentuado do
(dupla emulsão) da Kodak estava disponível. A téc- conhecimento em relação a manufatura eficiente do
nica da tela dupla usando filmes com dupla emulsão acetato celulósico. Finalmente, um filme radiográfico
resultou um aumento enorme na velocidade e tornou em base segura de acetato celulósico foi produzido e
possível o uso do diafragma de Potter-Bucky no con- vendido pela Kodak em 1924. No entanto, por que
trole da radiação espalhada. A melhoria na qualidade este novo filme ainda tinha tendências de enrugar-se
diagnóstica das radiografias resultantes foi um fator e mofar, além do preço maior, os filmes inflamáveis
significante no crescimento da radiologia neste perí- continuaram a ser amplamente utilizados e acumu-
odo. lando-se em grandes quantidades nos hospitais e clí-
Os filmes radiográficos cobertos em ambos nicas radiológicas. Em 1929, um desastre ocorreu
os lados de uma base transparente transformou todas com o incêndio nos filmes da Clínica Cleveland onde
1.2.4. Elemento sensível à radiação do bromo e do iodo pela incidência do fóton, dando
início à formação da imagem.
Este é o elemento principal, pois é o que ab-
sorve a radiação e a converte em imagem, constituída
de uma gama de tons escuros e claros que contêm
informação útil para diagnóstico. Os haletos de prata
mais utilizado são os brometos. Eles são depositados
em forma de microcristais (da ordem de 1 µm de di-
âmetro) sobre a base, misturados à gelatina que os
mantém em suas posições relativas. Aos microcris-
tais de brometo de prata é adicionada uma pequena Fig. 1.4. Cristal de haleto de prata com destaque
quantidade de iodeto de prata (até 10%), o que serve para a impureza e carga superficial negativa.
para aumentar a sensibilidade em relação ao uso de
qualquer uma das duas substâncias puras. A figura Existem algumas teorias sobre como o fóton
1.3 ilustra a forma dos átomos dentro dos microcris- é capturado e como a informação da radiação é trans-
tais. formada em imagem. A teoria de Gurney-Mott se
baseia na retirada dos elétrons da estrutura atômica
dos cristais pelos fótons incidentes e conseqüente
absorção desses elétrons pelos íons livres de prata no
cristal. Esta teoria será melhor descrita no próximo
ítem.
sado pela manipulação do técnico ou quando em con- livre, poderá circular pelas moléculas dos haletos e,
tato com os rolos da processadora automática, além então se ligar a qualquer outro átomo. Porém, a in-
de evitar o grudamento entre as folhas dentro da cai- clusão da impureza tem justamente o objetivo de a-
xa de filmes. trair este elétron livre. Em sua trajetória, o elétron
livre poderá colidir com outros átomos e criar outros
1.2.6. Corante anti-halo elétrons livres. Ao chegarem próximos da impureza,
os elétrons livres acabam criando uma região negati-
Nos filmes de dupla camada de emulsão, é va dentro do microcristal. O bromo ou iodo, que ce-
utilizado um corante especial na base do filme para deu seu elétron extra, volta a ser um átomo neutro.
evitar o efeito halo. O efeito halo ocorre quando um Como a ligação iônica que existia entre a prata e o
fóton de luz além de interagir com os haletos de prata bromo, ou iodo, deixou de existir, este átomo, Br ou
na camada anterior do filme, também interage com a I, está livre para deixar a estrutura do haleto de prata
camada posterior. Ou seja, há uma duplicação da i- e se misturar com a gelatina.
magem. Com o corante misturado a base, após o fó-
ton de luz interagir, ou não com uma camada de e- fóton
mulsão do filme, este não atingirá a camada oposta,
pois o corante irá absorvê-lo.
fóton -
Br
tela
emulsão
(a) (b)
base fóton
celulósica
0
emulsão Br
tela
0
I
(a) (b)
+ +
Ag Ag
Figura 1.6. O corante anti-halo (b) evita que um
mesmo fóton interaja nas duas camadas de e-
(c) (d)
mulsão do filme (a).
Quando o feixe de radiação emerge do paci- Os filmes são vendidos em caixas de papelão
ente e interage com os elementos sensíveis presentes com 100 folhas. O custa varia de US$ 30,00 para os
no filme ocorre um fenômeno físico que faz com que filmes de menor tamanho, até US$ 250,00 para os
a estrutura física dos microcristais de haletos de prata maiores. No entanto, por dificuldade de manipulação
seja modificada, formando o que se conhece como durante a fabricação (realizada totalmente no escuro),
IMAGEM LATENTE. A visualização somente será pos- o fabricante pesa a caixa para ter certeza de que ela
sível pelo processo de revelação, que fará com que contém o número certo de folhas. Por isso, é comum
aqueles microcristais que foram sensibilizados so- entre os fabricantes, já que todos os filmes são iguais,
fram uma redução de maneira a se transformarem em independente do tamanho, se referir ao custo de fa-
prata metálica enegrecida. É importante lembrar que bricação por peso de filme radiográfico, ou por valor
a imagem já está formada, porém não pode ser visua- de área, ao invés do valor unitário por folha ou por
lizada, por isso deve-se ter cuidado na sua manipula- caixa.
ção.
Apenas quando a prata for enegrecida, sus-
pensa na gelatina, é que se terá a imagem visível na
radiografia e que se supõe conter as informações a- 1.6 EXERCÍCOS
cerca das estruturas irradiadas.
• lâmina de chumbo, para absorção de radiação à maior capacidade de absorção da luz visível, po-
que passa pela estrutura chassis-ècran-filme e demos concluir que, para produzir o mesmo grau de
que não deve prosseguir. enegrecimento do filme em dispositivos com e sem
ècran, seria necessário um aumento substancial na
dose de radiação no paciente (quando não se usa
ècran), coisa que deve ser evitada ao máximo. Uma
2.4 PROCESSO DE INTENSIFICAÇÃO maneira de medirmos a relação entre exposições com
e sem ècran é calcularmos o quociente entre a expo-
sição sem ècran (EXPs) pela exposição com ècran
O processo de intensificação, ou seja, a con- (EXPc), que fornece o chamado fator de intensifica-
versão da radiação X em luz visível, ocorre quando ção (f), que depende do ècran e do tipo de filme utili-
um cristal de fósforo, ao absorver um fóton de radia- zado, além da técnica e tensão aplicadas.
ção, emite um feixe de luz. O brilho emitido pelo
cristal é proporcional à energia do fóton incidente.
Quando um feixe de radiação interage com o
fósforo do ècran, a superfície do mesmo mostra in- 2.5 CARACTERÍSTICAS DO FÓSFORO
tensidades luminosas diferenciadas de acordo com a
energia dos fótons que irão sensibilizar mais ou me-
nos o filme, correspondendo à sombra do objeto irra- Quando o fósforo utilizado em ècrans recebe
diado. Isto se dá porque os fótons gerados pela radia- a radiação X, ele a absorve e emite uma radiação lu-
ção visível são mais facilmente absorvidos pelo filme minosa, de características tais que pode ser percebida
dos que os fótons de alta energia da radiação X. pelo olho humano, ou seja, está na faixa visível do
espectro.
fóton fóton Para que um determinado fósforo possa ser
usado em ècrans, ele deve possuir algumas
tela características definidas que o tornem útil na
sensibilização do filme. Abaixo, estão listadas
++
emulsão
algumas dessas características:
base + a) alta capacidade de absorção de raios X, o
celulósica
que permite que o rendimento da produção luminosa
(a) (b) seja alto, proporcional à absorção dos raios pelo ma-
terial
elétron b) espectro de emissão adequado, signifi-
cando que a luz emitida pelo fósforo esteja dentro da
região sensível do filme
++ ++ c) Resistência às condições ambientais, pois
+ +
o fósforo deve suportar condições de calor e umida-
de, sem alterar suas características.
(c) (d) d) Pouca luminescência residual ou demora
de resposta; este fator afeta a resposta do ècran à ab-
luz sorção dos raios X e sua conseqüente emissão lumi-
nosa, principalmente em exames com pequenos tem-
++ pos de exposição.
+
Os ècrans de terras raras, feitos de oxisulfuro
(e) (f) de gadolínio, possuem um desempenho de forma a
absorver 50% mais fótons de raios X do que o feito
Figura 2.5. Processo de reconversão da freqüên- de tungstato (CaWO3) de cálcio de mesma espessu-
cia: a) o fóton incide no ècran; b) o fóton interage ra, produzindo 5 vezes mais quantidade de luz para
com o elétron da última camada do fósforo; c) cada fóton absorvido. Dessa forma, pode-se alterar o
com a energia recebida, o elétron escapa do á- regime de exposição (técnica) de maneira a diminuir
tomo; d) em seguida, o elétron é capturado por
outro átomo; e) ao voltar para sua órbita, o elé-
a dose sobre o paciente, porque o ècran permite um
tron libera a energia extra na forma de luz visível; rendimento maior no processo de sensibilização do
f) a luz emitida interage com a emulsão do filme. filme.
2.5.1. Ècrans de luz verde ècrans são assimétricos, para que seja compensada a
absorção de energia do feixe pelos ècrans superior e
• São fabricados com elementos do grupo das ter- inferior. Quando os ècrans são projetados para terem
ras raras, sendo que alguns emitem luz na faixa uma alta absorção de radiação torna-se necessária
do verde; esta assimetria, para tornar mais efetivo o rendimento
• Devem ser usados associados a filmes ortocro- do acessório.
máticos (sensíveis ao verde, azul ou ultravioleta);
• Para esses ècrans necessita-se da seleção de fil-
2.6.2. Tamanho das partículas de fósforo
tros de segurança adequados.
Um cristal de fósforo maior tem mais capa-
cidade de absorver radiação do feixe incidente. Cris-
tais menores tendem a produzir fluorescência que
2.6 FATORES DE DESEMPENHO será absorvida pelo próprio material, devido à disper-
são luminosa.