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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA VARA ÚNICA

DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ........................

NOME DO CLIENTE, naturalidade, estado civil, profissã o, portador do RG


nº ................................., SSP/...., inscrito no CPF sob o nº .................................., residente e
domiciliado na Rua ..................., n°......, Bairro ................., na cidade de ..................., Estado
do ............, CEP ....................., representado neste ato por seus advogados (procuraçã o em
anexo) infra-assinado, com escritó rio profissional na AV. ..................., n°......., Bairro.............,
na cidade de ....................................., Estado do ................. com CEP. ................, endereço
eletrô nico ......................................................., onde recebe intimaçõ es e notificaçõ es, vem,
perante Vossa Excelência, propor:

AÇÃO PARA CONCESSÃO DE


PENSÃO POR MORTE RURAL

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), Autarquia Federal, com


sede na Praça ...................................., n° ........., na cidade de ..............................., Estado do ...........,
com CEP. ........................., pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:
1. DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

O A parte Autora requereu, junto à Autarquia Previdenciá ria, a concessã o do


benefício de pensã o por morte, em razã o do falecimento de seu companheiro
............................................ pedido este que foi indeferido por Perda da qualidade de
segurado, conforme se vislumbra no documento anexo.

Dados do processo administrativo

1. Nú mero do benefício (NB): 21/....................................

2. Data do ó bito:

3. Data do requerimento (DER):

4. Razã o do indeferimento: Perda da qualidade de segurado

A Autora era companheira do de cujus ....................................,


desde....................................., conforme vasta documentaçã o de uniã o está vel em anexo.

O INSS indeferiu o processo pelo motivo que o de cujus recebia BPC Loas,
porém é notório e cristalizo o erro do INSS na concessão do benefício, pois o
falecido possui vasta documentação de atividade rural, devendo a Autarquia
previdenciária ter concedido o melhor benefício, nesse caso, o
auxílio-doença/aposentadoria por invalidez na condição de segurado especial.

Dessa forma, ante a negativa indevida do benefício de pensã o por morte na esfera
administrativa, a parte Autora ajuíza a presente demanda visando garantir o seu
benefício.

A Requerente e o falecido viveram em residência comum, por mais de 12 anos, e


neste tempo mantiveram uma relaçã o pú blica e duradoura, configurando uniã o está vel.

Estabelece a lei 8213/91, o seguinte:


“Art. 16. sã o beneficiá rios do Regime Geral de Previdência social, na
condiçã o de dependentes do segurado:

I – O cô njuge, a companheira, o companheiro e o filho nã o emancipado,


de qualquer condiçã o, menor de 21 (vinte e um) anos ou invá lido…

§ 4º A dependência econô mica das pessoas indicadas no inciso I é


presumida e a das demais deve ser comprovada.”

Conforme a legislaçã o em vigor, a esposa, a companheira e os filhos nã o precisam


comprovar a dependência econô mica tendo esta presumida.

A comprovaçã o de uniã o está vel do companheiro (a) dar-se-á pela apresentaçã o


de no mínimo dois dos documentos do artigo 22, § 3, do decreto 3048/99, atualizado
recentemente pelo Decreto n° 10.410/20, vejamos:

“Art. 22...

§ 3º Para comprovaçã o do vínculo e da dependência econô mica,


conforme o caso, deverã o ser apresentados, no mínimo, dois
documentos, observado o disposto nos § 6º-A e § 8º do art. 16, e
poderã o ser aceitos, dentre outros: (Redaçã o dada pelo Decreto nº
10.410, de 2020).

I - certidã o de nascimento de filho havido em comum;

II - certidã o de casamento religioso;

III - declaraçã o do imposto de renda do segurado, em que conste o


interessado como seu dependente;

IV - disposiçõ es testamentá rias;

V - anotaçã o constante na Carteira Profissional e/ou na Carteira de


Trabalho e Previdência Social, feita pelo ó rgã o competente; (Revogado
pelo Decreto nº 5.699, de 2006)

VI - declaraçã o especial feita perante tabeliã o;

VII - prova de mesmo domicílio;


VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade
ou comunhã o nos atos da vida civil;

IX - procuraçã o ou fiança reciprocamente outorgada;

X - conta bancá ria conjunta;

XI - registro em associaçã o de qualquer natureza, onde conste o


interessado como dependente do segurado;

XII - anotaçã o constante de ficha ou livro de registro de empregados;

XIII - apó lice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do


seguro e a pessoa interessada como sua beneficiá ria;

XIV - ficha de tratamento em instituiçã o de assistência médica, da qual


conste o segurado como responsá vel;

XV - escritura de compra e venda de imó vel pelo segurado em nome de


dependente;

XVI - declaraçã o de nã o emancipaçã o do dependente menor de vinte e u


um anos;

ou

XVII - quaisquer outros que possam levar à convicçã o do fato a


comprovar.

Verifica-se que o artigo nã o se trata de um rol taxativo de documentos, dessa


forma, qualquer outro documento apresentado nos autos do processo que possa levar a
convicçã o da uniã o está vel poderá ser aceito. A Autora apresentou como provas de uniã o
está vel os seguintes documentos:

a) DAP com o nome dos dois;


b) Declaração do óbito declarado pela Autora;
c) Certidão de nascimento do filho em comum
d) Casamento Religioso;
e) Registro de imóvel em nome dos dois
Dessa forma, o de cujus e a Autora conviviam juntos há
aproximadamente ......... anos, conforme documentos supramencionados, tempo
bem superior aos 2 anos necessários.

Além disso, mesmo que apresentasse apenas um documento de união estável, a


Autarquia nã o poderia indeferir o processo sem oportunizar a requerente o
processamento de Justificaçã o Administrativa, para oitiva de testemunhas, conforme
artigo 135 da Instruçã o Normativa INSS n° 77/2015:

“Art. 135...
§ 2º Caso o dependente possua apenas um ou dois dos documentos enumerados no caput,
deverá ser oportunizado o processamento de Justificaçã o Administrativa – JA”.

Pelo que se vê, a Autora apresentou provas suficientes, conforme requerido pela
Lei, para comprovaçã o de seu vínculo de uniã o está vel com o falecido.

Evidentemente, a Requerente apresenta provas relacionadas ao seu vínculo com


o de cujus, todavia, se por ventura o nobre julgador nã o seja convencido por elas, deve
observar o depoimento pessoal, testemunhais e até mesmo de familiares, na qualidade
de informante. Todo o esforço para que se alcance a verdade absoluta.

Em cotejo com o robusto conjunto probató rio acostado a esta exordial e em


consonâ ncia com a legislaçã o atinente, inafastá vel é o dever do Réu em conceder o
benefício pleiteado pela Autora.

2. DA COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL

Em relaçã o a comprovaçã o da atividade rural para a qualidade de segurado do


benefício pleiteado é realizada por meio de AUTODECLARAÇÃO ratificado por
entidades pú blicas, conforme Artigo 38-B da Lei n° 8.213/91, que foi alterado
recentemente pela Lei n° 13.846/19.

Art. 38-B...

§ 2º Para o período anterior a 1º de janeiro de 2023, o segurado especial


comprovará o tempo de exercício da atividade rural por meio de
autodeclaraçã o ratificada por entidades pú blicas credenciadas, nos termos do
art. 13 da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro de 2010, e por outros ó rgã os pú blicos,
na forma prevista no regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

Enquanto a autodeclaraçã o nã o for ratificada automaticamente será suprida


mediante a comprovaçã o de exercício da atividade rural, conforme artigo 106 da lei
8.213/91 e Artigos 47 e 54 da Instruçã o Normativa do INSS n° 77/2015.

Consta no processo os seguintes documentos que comprovam a atividade rurícola:

DOCUMENTO DATA DE EMISSÃO

Na via judicial temos os seguintes entendimentos que consolidam os documentos


já arrolados no processo:

Tema 2 TNU. No caso de aposentadoria por idade rural, a certidã o de casamento vale
como início de prova material, ainda que extemporâ nea.

Tema 18. TNU. A certidã o do INCRA ou outro documento que comprove propriedade de
imó vel em nome de integrantes do grupo familiar do segurado é razoá vel início de prova
material da condiçã o de segurado especial para fins de aposentadoria rural por idade,
inclusive dos períodos trabalhados a partir dos 12 anos de idade, antes da publicaçã o da
Lei n. 8.213/91. Desnecessidade de comprovaçã o de todo o período de carência.
Súmula 6 TNU. A certidã o de casamento ou outro documento idô neo que evidencie a
condiçã o de trabalhador rural do cô njuge constitui início razoá vel de prova material da
atividade rurícola.

Súmula 14 TNU. Para a concessã o de aposentadoria rural por idade, nã o se exige que o
início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do
benefício.

Súmula 73 TRF4. Admitem-se como início de prova material do efetivo exercício de


atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros, membros do
grupo parental.

Súmula 577 STJ. É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento
mais antigo apresentado desde que amparado em convincente prova testemunhal
colhida sob contraditó rio.

No caso em tela, todos os requisitos encontram-se presentes: UNIÃO ESTÁVEL e


COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL do falecido, dessa forma, a Autora adquiriu o
direito à pensã o por morte.

3. DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO

O Auxílio por incapacidade temporá ria é um benefício previdenciá rio pago pelo
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS à s pessoas que ficarem incapacitadas para o
trabalho ou atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Conforme já elucidado, o falecido preenchia todos os requisitos que autorizam a


concessã o de benefício por incapacidade na condiçã o de segurado especial, porquanto,
nã o possui condiçõ es de executar suas atividades laborativas, bem como, enquadra-se
de pleno nas regras impostas pelo art. 11, inciso VII, da Lei 8.213/91.

Além disso, devido a sua total e permanente incapacidade, era devido a conversã o
em aposentadoria por incapacidade permanente.

DO ERRO DO ATENDIMENTO PELO INSS


A Instruçã o Normativa do INSS n° 77/2015, é muito clara que o INSS deve
observar sempre preceitos que levem ao melhor atendimento ao segurado .

“Art. 659. Nos processos administrativos previdenciários


serão observados, entre outros, os seguintes preceitos:

VI - conduçã o do processo administrativo com a finalidade de


resguardar os direitos subjetivos dos segurados, dependentes e
demais interessados da Previdência Social, esclarecendo-se os
requisitos necessários ao benefício ou serviço mais
vantajoso;

VII - o dever de prestar ao interessado, em todas as fases do


processo, os esclarecimentos necessá rios para o exercício dos
seus direitos, tais como documentaçã o indispensá vel ao
requerimento administrativo, prazos para a prá tica de atos,
abrangência e limite dos recursos, nã o sendo necessá ria, para
tanto, a intermediaçã o de terceiros”.

Fato esse que não ocorreu, pois o segurado fazia jus ao benefício de auxílio
por incapacidade temporária ou aposentadoria permanente, pois possuía vasta
documentação de atividade rural, inclusive sua companheira já tinha recebido
três salários-maternidade.

DA CONCESSÃO DO MELHOR BENEFÍCIO QUE FAZ JUS

Cabe o INSS a aná lise da documentaçã o do segurado no momento que requer o


benefício e lhe comunicar do benefício mais vantajoso, conforme artigo 687 e seguintes
da Instruçã o Normativa INSS n° 77/2015.

“Art. 687. O INSS deve conceder o melhor benefício a que o


segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientar nesse sentido.
Art. 688. Quando, por ocasiã o da decisã o, for identificado que
estã o satisfeitos os requisitos para mais de um tipo de benefício,
cabe ao INSS oferecer ao segurado o direito de opçã o, mediante a
apresentaçã o dos demonstrativos financeiros de cada um deles”.

Infelizmente o INSS concedeu o BPC Loas ao falecido, ao invés do auxílio por


incapacidade temporária ou aposentadoria por incapacidade permanente que
fazia jus, prejudicando a concessão da pensão por morte na via administrativa.

4. TUTELA DE URGÊNCIA

O novo Có digo de Processo Civil estabeleceu em seu art. 300 que “A tutela de
urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”. Nesse sentido, o novo
diploma legal exige para a concessã o da tutela de urgência dois elementos, quais sejam o
fumus bonis iuris e o periculum in mora.

Ora, excelência, a parte Autora necessita da concessão do benefício em tela


para custear a sua vida, além disso, possui cinco filhos menores que ficaram
desamparados após o falecimento do pai.

O motivo alegado com o INSS é absurdo, a Autora está muito prejudicada,


comprovando assim o fumus bonis iuris. O periculum in mora se configura pelo fato de
que se continuar privada do recebimento do benefício, o Demandante terá seu sustento
prejudicado.

5. DOS PEDIDOS

FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural, bem como o deferimento


da gratuidade da justiça, pois a parte Autora nã o tem condiçõ es de arcar com as
custas processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;
2) A citaçã o do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo, apresentar
defesa;
3) A produçã o de todos os meios de prova, principalmente documental, testemunhal;
4) O deferimento da tutela de urgência, com a apreciaçã o do pedido de implantaçã o do
benefício em sentença;
5) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:
a) Julgar, afinal, PROCEDENTE a presente açã o, condenando a Ré, a Autarquia
Federal do Instituto Nacional do Seguro Social, ao pagamento à Autora e seus
filhos menores o benefício de PENSÃO POR MORTE, em virtude do falecimento
de seu companheiro, e ao pagamento dos benefícios retroativos ao ó bito, ou seja,
requer o pagamento do benefício desde ............

6) A parte Autora renuncia expressamente aos valores que excederem o limite de 60


(sessenta) salá rios mínimos, definidos como teto fixador da competência dos
Juizados Especiais Federais, nos termos do artigo 3º da Lei nº 10.259/01.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Dar-se-á causa o valor de R$ .........................

Cidade e Data

Advogado

OAB n°

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