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a.

PARÁFRASE DE TODOS OS POEMAS;

O poema a ser analisado é a Imaginária serenata da parte 4 do livro de Cecilia Meireles.

A obra se trata de uma possível serenata de Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão
para seu noivo exilado, Tomás António Gonzaga, que a autora idealizou a partir do
sofrimento real que a mulher teve diante o exilio dos inconfidentes, sendo um deles o seu
amado.

Cecilia evidencia bastante no poema como Maria se sentia de mãos atadas e sozinha, sem
poder fazer nada, com um sofrimento eterno, pois nunca mais veria aquele que mais
amava.

O eu-lírico mostra ao longo do texto inteiro como os pensamentos oriundos desse amor a
faz sofrer e ver coisas, e mesmo assim há uma contradição no final dizendo que o amor a
faz ter insônia, como também a faz dormir com a “imagem” de Tomás. Sendo assim, o
poema nos mostra que os sentimentos de Marilia por Dirceu são tão fortes, que ao mesmo
tempo que este lhe causa tanta dor, é o que a faz dormir no final do dia, pois sempre traz à
lembrança daquilo que ela mais precisa, a sua grande paixão.

b. ANÁLISE DETALHADA DOS POEMAS


O poema é composto por 4 estrofes, tendo cada uma delas 8 versos. Os versos, por sua vez,
estão organizados em uma redondilha menor, sendo divido por cinco silabas poéticas. Esse tipo
de métrica é de fácil memorização e simples, o que faz sentido nesse contexto, pois o poema
se remete às canções antigas, como as cantigas, já que se trata de uma serenata.

Em cada estrofe, ela utiliza o sistema de rima do tipo ABCDABCD, utilizando rimas ricas e dando
sonoridade ao poema nos versos 4º e 8º, que contém uma variedade de combinações de
classes gramaticais, como é no exemplo a seguir, onde é utilizado um substantivo e um verbo
para rimar:

Ah, quem põe cadeias (A)

também nos meus braços? (B)

Quem minha alma assombra (C)

com tanto perigo? (D)

Em sonho rodeias (A)

meus ocultos passos. (B)

Ouve a tua sombra (C)

o que, longe, digo? (D)

A forma como o poema é escrito difere-se um pouco dos outros, podendo ser uma forma que a
autora achou de demonstrar a particularidade na escrita de Maria Doroteia (diferenciando de
sua escrita própria), como também um caminho de demonstrar o protagonismo e autonomia
que Maria tinha, ainda mais num momento como esse no qual ela era submissa a família e
estava sozinha, já que Tomás havia sido mandado para Moçambique.

Diferente dos outros, o poema não se baseia nos eventos históricos, mas sim, na imaginação
de Cecilia sobre o que estaria pensando a Maria Doroteia, ou também conhecida como Marilia
de Dirceu, no seu momento de saudade e transtorno. Na Imaginária Serenata, é descrito um
ambiente encarcerado e sombrio, como se o que Gonzaga estivesse passado no exilo, fosse
sinônimo do que Doroteia estava experienciando inconformada e exilada de seu amor.

Na primeira estrofe, fica claro como Marilia estava refém da saudade, pois além de seu amado
estar na África, que era vista como um local inóspito e hostil, os Inconfidentes eram
considerados traidores pela nação. O que resta para ela é imaginá-lo por todos os lugares,
como quando ela diz que viu Tomás na rua com o seu amigo que encontraram morto, sendo
esse amigo o inconfidente Cláudio Manuel da Costa.

Nos versos seguintes, é possível ver como ela se sentia igualmente presa, sendo impedida de
ver e abraçar seu noivo quando diz "Ah, quem põe cadeias//também nos meus braços?". Ela
inclusive faz uma mistura de figuras de linguagem para desenvolver os seus sentimentos no
trecho “Ouve a tua sombra//o que, longe, digo?”, dando a entender que ela sempre o via nos
sonhos e na sua imaginação, mas será que ele escutava o que de longe, ela dizia? Há, portanto,
o uso da Personificação, quando ela atribui uma ação humana à sombra (quando ela pergunta
se a sombra, que não é um ser humano, ouve), e da Sinédoque (ela substitui a figura de
Gonzaga por apenas uma “parte” dele, a sua sombra).
Há o uso desta vez, de uma Anáfora na terceira estrofe, já que esta tem seus três primeiros
versos iniciados com o verbo “vejo”. A figura tem a finalidade de mostrar a melancolia de
Marília, que via Gonzaga a todo momento, e que seu maior castigo era ele que não estivesse a
vendo, ou pelo menos, que não estivesse se vendo com ela.

Por fim, percebe-se que mesmo a noite, quando o dia acaba, o sofrimento ainda continua e a
deixa com insônia. O amor se torna a causa de tudo, ele faz com que ela finalmente se deite
com a presença imaginária de seu noivo, que assim como todos os seus sentimentos descritos
no poema, tem um dono, sendo esse o próprio amor.

c. CONCLUSÃO DO GRUPO

O texto mostra uma percepção um pouco diferente de Cecília. Nesta obra, a autora demonstra
como o sofrimento que o exilio e morte dos inconfidentes afetaram não só aqueles que
apoiavam a causa, como também seus parceiros amorosos e famílias.

De certa forma, algumas angústias de Marília representavam a inconformidade das pessoas na


época e da própria Cecília, já que não havia esperança alguma de que alguém fosse à África
resgatá-los, ou de que eles voltassem nesse contexto no qual eles eram considerados traidores
e criminosos.

Mesmo diante dessa mensagem, Cecília não deixa de explorar seu lado poético e musical no
poema, utilizando recursos sonoros para construir uma serenata que fala, acima de tudo, sobre
esse amor tão forte de Maria e Tomás. Ela da voz a essa figura feminina e nos faz enxergar seu
ponto de vista que também é de muito sofrimento, incluindo mais uma versão da Inconfidência
Mineira.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://www.filateliaananias.com.br/wp-content/uploads/
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https://revistazunai.com.br/wp-content/uploads/2019/06/quem-foi-tomas-antonio-
gonzaga.jpg

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/
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https://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/5628/material/Cec
%C3%83%C2%ADlia%20Meireles%20-%20Romanceiro%20da%20Inconfid%C3%83%C2%AAncia
%20%5BRev%5D%5B1%5D.pdf

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