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Universidade Estadual de Campinas

Caixa Postal 6122


Faculdade de Engenharia Mecânica 13081-970 Campinas, SP
Departamento de Mecânica Computacional Fax:(55) 0192 393722
E-Mail: pava@fem.unicamp.br

NOTAS DE AULA

INTRODUÇÃO AO MÉTODO DOS

ELEMENTOS FINITOS

CAMPINAS/SP
BRASIL
AGOSTO - 1997
Sumário

1 Introdução 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Breve histórico do Método . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Organização do Curso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2 Elementos Finitos na Análise Estrutural 8


2.1 Noções Básicas do Método dos Elementos Finitos . . . . . . . 8
2.2 Método direto para obtenção das Matrizes do Sistema . . . . . 14
2.2.1 Matriz e Rigidez de uma Barra . . . . . . . . . . . . . 15
2.2.2 Matriz de condutibilidade unidimensional . . . . . . . . 16
2.2.3 Matriz de um Resistor . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3 Técnicas de Montagem do sistema Global Método dos deslo-
camentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.4 Aplicação - Análise Estática de uma Treliça Plana. . . . . . . 23

3 Métodos de Resı́duos Ponderados 29


3.1 Notação e Definições preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2 Tipos de equações da fı́sica matemática. . . . . . . . . . . . . 33
3.3 Problema de Valor de Contorno - Definições . . . . . . . . . . 36
3.4 Métodos de Resı́duos Ponderados . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.4.1 Escolha de uma sequência de Funções Admissı́veis . . . 40
3.4.2 Montagem da Função Resı́duo . . . . . . . . . . . . . . 41
3.4.3 Escolha de uma sequência de Funções Ponderadoras . . 42
3.4.4 Montagem de n Resı́duos Ponderados . . . . . . . . . . 42
3.5 Classificação e tipos de Métodos de Resı́duos Ponderados . . . 44
3.5.1 Método da Colocação Pontual . . . . . . . . . . . . . . 45
3.5.2 Método da Colocação em Subdomı́nios . . . . . . . . . 46
3.5.3 Método dos Momentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.5.4 Método dos Mı́nimos Quadrados . . . . . . . . . . . . . 48
3.5.5 Método de Galerkin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.6 Aplicações dos Métodos de Resı́duos Ponderados . . . . . . . . 49

i
3.6.1 Definição do Resı́duo e Escolha das Funções Admissı́veis
51
3.6.2 Funções Ponderadoras - Colocação por Pontos. . . . . . 53
3.6.3 Funções Ponderadoras - Método de Galerkin. . . . . . . 56
3.6.4 Funções Ponderadoras - Método dos Mı́nimos Quadrados. 59
3.6.5 Comparação do s Resultados . . . . . . . . . . . . . . . 61

4 Forma Fraca do Método de Resı́duos Ponderados 63


4.1 Formulação Fraca do MRP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.1.1 Problema Unidimensional - Forma Forte . . . . . . . . 63
4.1.2 Problema Unidimensional - Forma Fraca . . . . . . . . 66
4.1.3 Forma Fraca ??Abstrata?? . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.1.4 Exemplo:Vibração de uma Barra . . . . . . . . . . . . 72
4.1.5 Exemplo: Placa Fina com Geraç ao interna de Calor . 72

5 Aproximação por Elementos Finitos. 73


5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.2 Técnicas de Aproximação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.2.1 Aproximação Nodal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.3 Definição da geometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
5.3.1 Utilizando Elemento de Referência (Isoparamétrico) . . 82
5.4 Aproximação no Elemento de Referência. Espaços Isoparamétricos 87
5.5 Construção das Funções N(ξ) e N̄(ξ) . . . . . . . . . . . . . . 88
5.6 Exemplo - Problema de ”a definir ”. . . . . . . . . . . . . . . . 102

6 Aproximações polinomiais de alta ordem 103

7 Aplicações em estruturas unidimensionais 104


7.1 Elementos Finitos para estruturas Unidimensionais de
Barra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.2 Introdução e Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.2.1 Formulação das Equações Diferenciais que Governam
o Problema de Equilı́brio Estático . . . . . . . . . . . . 105
7.2.2 Construção das Formas Integrais do Problema através
do Método dos Resı́duos Ponderados do Tipo Galerkin
e Aplicação do Método dos Elementos Finitos . . . . . 105
7.2.3 Obtenção das Matrizes Globais para Elementos Estru-
turais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
7.3 Modelagem do Elemento de Barra Submetida a Forças Axiais 107
7.4 Obtenção da Equação Diferencial do Elemento . . . . . . . . . 107
7.4.1 Modelo Geométrico para a Barra . . . . . . . . . . . . 107

ii
7.4.2 Modelo de Material, Escolha da Lei Constitutiva . . . . 108
7.4.3 Equações de Equilı́brio da Barra . . . . . . . . . . . . . 108
7.5 Condições de Contorno para o Caso da Barra . . . . . . . . . 110
7.6 Resumo das Equações da Barra em Movimentos Axiais . . . . 111
7.7 Obtenção da Equação Matricial para o Elemento de Barra . . 111
7.7.1 Aplicação do Método dos Resı́duos Ponderados . . . . 111
7.7.2 Aplicação do Método dos Elementos Finitos . . . . . . 113
7.7.3 Matriz de Rigidez e Vetor de Força Nodal Equivalente
para o Elemento Barra . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
7.8 Elementos Finitos para estruturas Unidimensionais de
Viga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
7.9 Obtenção da Equação Diferencial do Elemento . . . . . . . . . 117
7.9.1 Modelo Geométrico para a Viga . . . . . . . . . . . . . 117
7.9.2 Modelo de Material, Escolha da Lei Constitutiva . . . . 120
7.9.3 Equações de Equilı́brio da Viga . . . . . . . . . . . . . 121
7.10 Condições de Contorno para a Viga . . . . . . . . . . . . . . . 127
7.11 Resumo das Equações da Viga em Flexão . . . . . . . . . . . . 128
7.12 Obtenção da Equação Matricial para o Elemento de Viga . . . 128
7.12.1 Aplicação do Método dos Resı́duos Ponderados . . . . 128
7.12.2 Aplicação do Método dos Elementos Finitos . . . . . . 130
7.13 Elementos Finitos para estruturas Unidimensionais em
Torção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
7.14 Obtenção da Equação Diferencial do Elemento . . . . . . . . . 135
7.14.1 Modelo Geométrico para a Barra em Torção . . . . . . 135
7.14.2 Modelo de Material, Escolha da Lei constitutiva . . . . 138
7.14.3 Equações de Equilı́brio da Barra . . . . . . . . . . . . . 139
7.15 Condições de Contorno para a Barra . . . . . . . . . . . . . . 140
7.16 Resumo das Equações da Barra em Movimentos Axiais . . . . 141
7.17 Obtenção da Equação Matricial para o Elemento de Barra em
Torção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
7.17.1 Aplicação do Método dos Resı́duos Ponderados . . . . 141
7.17.2 Aplicação do Método dos Elementos Finitos . . . . . . 142
7.17.3 Matriz de Rigidez e Vetor de Força Nodal Equivalente
para o Elemento de Barra em Torção . . . . . . . . . . 144
7.18 Elementos Finitos para estruturas Reticuladas . . . . . 146
7.19 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
7.20 Obtenção da Matriz de Rigidez Global para o Elemento de
uma Treliça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
7.21 Obtenção da Matriz de Rigidez Global para o Elemento de um
Pórtico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
7.22 Pós-processamento para Elementos de Treliça . . . . . . . . . 156

iii
7.23 Pós-processamento para Elementos de Pórtico . . . . . . . . . 157

8 Aplicações em problemas de campo-Integração numérica 159

9 Aplicações em Elasticidade Plana 160


9.1 Definição de Estado Plano de Tensão . . . . . . . . . . . . . . 160
9.2 ESTADO PLANO DE TENSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . 162
9.2.1 Equações de Equilı́brio em termos de tensão . . . . . . 162
9.2.2 Relações de deformação-deslocamento . . . . . . . . . . 162
9.2.3 Equações Constitutivas do material (Lei de Hooke gen-
eralizada) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
9.2.4 Condições de Contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
9.2.5 Resumo das Equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
9.3 Método dos Resı́duos Ponderados . . . . . . . . . . . . . . . . 166
9.4 Resı́duos Ponderados a partir de PD . . . . . . . . . . . . . . 169
9.5 Escolha da Função Teste - Método de Galerkin . . . . . . . . . 173
9.6 Discretização do Problema - Elementos Triangulares Lineares . 174
9.7 Aproximação por Elementos Finitos . . . . . . . . . . . . . . . 174
9.7.1 Utilizando Coordenadas de Área . . . . . . . . . . . . . 176

10 Formulação via princı́pios variacionais 182

11 Elementos Finitos em Dinâmica e Vibrações 183

iv
Lista de Figuras

1.1 Esquema de um modelo genérico de Elementos Finitos . . . . 2


1.2 Modelo de Elementos Finitos para uma estrutura Reticulada . 3
1.3 Evolução estimada do número de publicações em Elementos
Finitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.1 Barra de seção Variável, discretização. . . . . . . . . . . . . . 9


2.2 Malha de Elementos Finitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3 Elemento Finito - Referencial Local . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4 Principais Etapas do MEF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.5 Elemento Finito de Barra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.6 Elemento Finito de Condução de Calor . . . . . . . . . . . . . 17
2.7 Elemento Finito de um Resistor . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.8 Malha tı́pica de Elementos Finitos . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.9 Treliça Plana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.10 Treliça Plana - Malha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.11 Condições de Contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.12 Deslocamentos e tensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.1 Representação do Domı́nio e do Contorno. . . . . . . . . . . . 30


3.2 Problema de Transmissão de Calor, Domı́nio e Contorno. . . . 37
3.3 Problema de Flexão de Vigas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.4 Função Resı́duo calculada pelo Método da Colocação Pontual. 45
3.5 FunḐelta de Dirac. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.6 Modelo de Barra Engastada-Livre . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.7 Primeiro Modo vibração de uma Barra Engastada-Livre . . . . 54
3.8 Modos de vibração do Problema PB1 . . . . . . . . . . . . . . 56

5.1 Aproximação polinomial convencional-Aproximação quadrática 76


5.2 Função de interpolação N1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
5.3 Aproximação linear por Elementos Finitos - 4 Elemetos . . . . 83
5.4 Exemplo de uma transformação entre elemento de referência
e elemento real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

v
5.5 Descrição da transformação entre espaço real e espaço de re-
ferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
5.6 Elemento triangular linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
5.7 Elemento triangular quadrático . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

7.1 Barra submetida a Tração / Compressão . . . . . . . . . . . . 107


7.2 Barra em corte - Equilı́brio entre tensões internas e Forças
externas concentradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
7.3 Barra sujeita a carga distribuı̀da . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7.4 Suporte Geométrico do Elemento de Barra Submetida a Forças
Axiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
7.5 Viga submetida a flexão pura . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
7.6 Vista lateral da viga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
7.7 Viga fletida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
7.8 Superfı́cie neutra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
7.9 Deformação de uma fibra genérica . . . . . . . . . . . . . . . . 121
7.10 Viga fletida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
7.11 Vista aumentada de A’B’C’D’ . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
7.12 Viga submetida a carregamento externo . . . . . . . . . . . . . 126
7.13 Forças atuantes em elemento dx . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
7.14 Suporte Geométrico de um Elemento de Viga . . . . . . . . . 131
7.15 Barra submetida a momentos torçores . . . . . . . . . . . . . . 136
7.16 Elementos consecutivos de uma barra torcida . . . . . . . . . . 136
7.17 Representação de linhas radiais de elementos deformados . . . 137
7.18 Elemento genérico deformado . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
7.19 Elemento de barra submetida a torque distrbuı́do . . . . . . . 140
7.20 Modelo Geométrico para Barra em Torção . . . . . . . . . . . 143
7.21 Representação dos Sistemas de Referência Global e Local . . . 147
7.22 Representação Genérica de Elemento de Treliça Espacial . . . 149
7.23 Configuração de Esforços para Elemento de Pórtico Plano . . 151
7.24 Configuração de Esforços para Elemento de Pórtico Espacial . 153
7.25 Representação do Ponto de Referência . . . . . . . . . . . . . 154

9.1 Modelo Fı́sico para problemas de Estado Plano de Tensões . . 161


9.2 Modelo Geométrico e Condições de Contorno . . . . . . . . . . 165
9.3 Discretização de um domı́nio genérico . . . . . . . . . . . . . . 174
9.4 Caracterização do elemento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
9.5 Sistema de Coordenadas de Área (L1, L2, L3) . . . . . . . . . 177

vi
Lista de Tabelas

2.1 Incidência Nodal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21


2.2 Material 1 - Carbon Steel - SI - Type ISOTROPIC . . . . . . 25
2.3 Property 1 - trelica - Type ROD . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1 Frequências da Barra - Galerkin . . . . . . . . . . . . . . . . . 59


3.2 Frequências da Barra Engastada-Livre . . . . . . . . . . . . . 62

5.1 Valores de temperaturas conhecidos . . . . . . . . . . . . . . . 75


5.2 Valores conhecidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

vii
Capı́tulo 1
Introdução

1.1 Introdução
Atualmente, motivados pela forte concorrência industrial os fabricantes de
máquinas e equipamentos tem buscado soluções cada vez mais otimizadas,
com o intuito de reduzir custos aumentando segurança, conforto e perfor-
mance.
Este desafio tem sido confiado as equipes de engenharia que tem se torna-
do cada vez mais multidisciplinares, sendo formadas não só por engenheiros
das diversas modalidades, mas também por economistas, fı́sicos, matemáticos
etc.
Dentre muitas ferramentas disponı́veis para o cálculo e análise de estru-
turas mecânicas e meios contı́nuos em geral, o Método dos Elementos Finitos
tem se destacado como sendo uma ferramenta de uso geral, eficaz e de alto
desempenho.
Nestas notas pretende-se abordar a utilização do Método dos Elemen-
tos Finitos aplicado principalmente ao cálculo estrutural. Todavia, sendo o
Método dos Elementos Finitos uma ferramenta geral utilizada para a solução
de Equações Diferencias, é natural que outras disciplinas também sejam
abordadas, caracterizando assim a multidisciplinaridade dos problemas de
mecânica.
Estas notas foram elaboradas para serem utilizadas em cursos de en-
genharia, resguardando-se um caráter mais aplicado. Em consequência será
dado um enfoque relativamente restrito no que se refere aos fundamentos
matemáticos do Método dos Elemetos Finitos, procurando ressaltar os con-
ceitos básicos e suas aplicações. Em todos os casos em que for conveniente
serão citadas referências bibliográficas mais especializadas.
Apresenta-se nas próximas seções uma descrição geral do Método dos

1
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 2

Elementos Finitos, um breve histórico, comentários acerca da bibliografia da


área, e finalmente o encadeamento e organização que serão adotados para a
apresentação destas notas de aula.
É com certeza uma tarefa difı́cil dar uma descrição simples e completa
para o Método dos Elementos Finitos. Diversos autores tem arriscado neste
sentido, e de acordo com suas especialidades pode-se encontrar diferentes
definições para o Método. Pode-se adotar uma descrição mais genérica que
enfatiza o aspecto computacional do método dada por [1]:

”O Método dos Elementos Finitos é um procedimento numérico para análise


de estruturas e meios contı́nuos”

Por outro lado pode-se enfatizar o aspecto matemático, dando-se


a seguinte definição [2]:

”O Método dos Elementos Finitos é uma técnica utilizada para a obtenção


de soluções aproximadas de equações diferenciais”

De uma forma global o Método dos Elementos Finitos foi criado com o
objetivo de se resolver os problemas de mecânica que não admitem soluções
fechadas (de forma analı́tica). Ele é baseado em aproximações do tipo polino-
mial nodal em subdomı́nios, o que implica em processos de discretização dos
domı́nios, que podem ter geometrias irregulares arbitrárias. Na Figura 1.1
pode ser visto de forma esquemática alguns elementos básicos de um modelo
de elementos finitos, e sua nomenclatura.

Figura 1.1: Esquema de um modelo genérico de Elementos Finitos


CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 3

Pode-se ver no esquema apresentado na Figura 1.1 que o domı́nio Ω foi dis-
cretizado em Elementos Finitos, de forma triangular ou quadrilateral. Neste
caso para cada ponto n, chamado de nós, estão associadas as incógnitas do
problema. Trata-se assim de uma discretização clássica de um meio contı́nuo.
Outra aplicação usual do conceito de Elementos Finitos aparece na análise de
estruturas, neste caso analisa-se estruturas reticuladas ou em placas e cascas,
sendo o domı́nio previamente discretizado, como pode ser visto na figura 1.2.

Figura 1.2: Modelo de Elementos Finitos para uma estrutura Reticulada

A utilização do Método dos Elementos Finitos tem se destacado nas áreas


onde a densidade tecnológica é alta. Pode-se citar projetos em: aerospacial,
aeronáutica, nucleares, controle de poluição, Vibroacústica, automobilistica,
bio-mecânica, etc.

1.2 Breve histórico do Método


Cristiano Moraes Pedreira
Engenharia Mecânica - 1996
Renato Pavanello
DMC-UNICAMP
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 4

Remontam a 1906 os primeiros princı́pios1 que posteriormente seriam


consolidados no Método dos Elementos Finitos. Nesta época, pesquisadores
propuseram um mecanismo de modelagem do contı́nuo por um modelo de
barras elásticas2 , de tal forma que os deslocamentos nos nós representassem
uma aproximação para os deslocamentos do contı́nuo3.
Courant parece ter sido o primeiro a propor o método dos elementos finitos
como é conhecido hoje. Em 1943, foi publicado um trabalho matemático
onde ele usou o princı́pio da energia potencial estacionária e a interpolação
polinomial por partes sobre subregiões triangulares para estudar o problema
de torsão de Saint-Venant4. O trabalho de Courant foi ignorado até que
engenheiros tivessem independentemente desenvolvido o método de Courant.
Um valor prático baixo era atribuı́do a estes trabalhos naquela época, pois
não haviam computadores capazes de generalizar e resolver grandes conjun-
tos de equações algébricas simultâneas. Assim, não é acidentalmente que
o desenvolvimento dos elementos finitos coincida com o maior avanço dos
computadores digitais e linguagens de programação.
Em 1953, engenheiros já haviam escrito equações de rigidez em forma
matricial, resolvendo-as em computadores5 . A maior parte deste trabalho
foi utilizado na indútria aeroespacial (na época um problema grande tinha
100 graus de liberdade[GDL]). Também neste ano, na Companhia de Aviação
Boeing, Turner sugeriu que elementos planos triangulares fossem usados para
modelar a fuselagem de aeronaves6. Este trabalho7 foi publicado quase si-
multâneamente a um trabalho similar publicado por Argyris e Kelsey 8 na
1
Cf. K. Wieghardt, ”Über einen Grenzübergang und seine Andwendung auf die Statik
hochgradig statisch unbestimmter Fachwerke”in Verhandlungen des Vereins z. Beförde-
gung des Gewerbefleisses, Abhandlungen, APUD Cook, Robert Davis, Concepts and ap-
plications of finite element analysis. John Wiley & Sons, Singapore, 1981, pp. 14-15.
2
Cf. W. Riedel, ”Beiträge zur Lösung des ebenen Problems eines elastichen Körpers
mittels der Airyschen Spannungsfunktion”in Zeitschrift für Angewandte Mathematik und
Mechanik, APUD Cook, OP CIT, pp. 14-15.
3
A. Hrennikoff, ”Solution of Problems in Elasticy by the Framework Method”in J.
Appl. Mech., APUD Cook, OP CIT, pp. 14-15.
4
R. Courant, ”Variational Methods for the Solution of Problems of Equilibrium and
Vibrations”in Bulletin of American Mathematical Society, APUD Cook, OP CIT, pp.
14-15.
5
S. Levy, ”Structural Analysis and Influence Coefficients for Delta-Wings”in J.Aero.
Sci., APUD Cook, OP CIT, pp. 14-15.
6
R. W. Clogh, ”The Finite Element Method After Twenty- Five Years: A Personal
View”in Computers & Structures, APUD Cook, OP CIT, pp. 14-15.
7
M. J. Turner, R. W. Clough, H. C. Martin, and L. J. Topp, ”Stiffness and Deflection
Analysis of Complex Structures”in J. Aero. Sci., APUD Cook, OP CIT, pp. 14-15.
8
J. H. Argyris and S. Kelsey, Energy Theorems and Structural Analysis, APUD Cook,
OP CIT, pp. 14-15.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 5

Inglaterra, que marcou o inı́cio da expansão do uso dos elementos finitos.


O nome bf elemento finito foi consolidado em 1960 por Clough. O valor
prático do método era óbvio. Novos elementos para aplicação em análise
de tensão foram desenvolvidos, muitas vezes, por intuição e argumentação
fı́sica. O método ganha credibilidade em 1963, quando foi reconhecido como
tendo uma forte base matemática: pôde-se considerá-lo como solução de um
problema variacional por minimização de um funcional. Então, o método
foi sendo aplicado em todos os problemas em que se podia obter uma forma
variacional. Artigos sobre aplicações de elementos finitos a problemas de
condução de calor aparecem em 1965.
Um grande número de programas de elementos finitos em computadores
emergiu no final das décadas de 60 e 70. Exemplos incluem ANSYS, AS-
KA e NASTRAN. Cada um desses programas inclui diversos tipos de el-
ementos, com potencial para análise estática, dinâmica e transferência de
calor. Capacidades adicionais podem ser citadas, como a presença de pré-
processadores (para os dados de entrada) e pós-processadores (para avaliação
dos resultados). Esses processadores tornam fácil, rápida e barata a análise
em elementos finitos.
Para se ter uma idéia do aumento do interesse neste campo de estudo
basta dizer que , em 1961, dez artigos sobre elementos finitos foram publi-
cados, 134 em 1966, 844 em 1971. Em 1976, duas décadas após o inı́cio das
aplicações em engenharia, o total acumulado de publicações sobre elementos
finitos havia excedido 7000, sendo que em 1986 o total era de aproximada-
mente 20000.
Na figura 1.3, mostra-se a evolução do número de publicações na área,
aplicadas em estruturas e mecânica dos sólidos [41].
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 6

3000

2500

2000

1500

1000

500

0
1965 1970 1975 1980 1985 1990

Figura 1.3: Evolução estimada do número de publicações em Elementos Fini-


tos

Atualmente, o método está totalmente consolidado como ferramenta para


soluções de problemas mecânicos, e é bastante difundido no meio acadêmico
e industrial.

1.3 Organização do Curso


Neste curso, pretende-se abordar o problema do ponto de vista da engen-
haria, procurando-se mostrar os conceitos principais do Método e apresentar
aplicações na área da Mecânica Estrural.
O texto é organizado da seguinte maneira:
No Capı́tulo 2 apresenta-se de uma forma genérica o Método dos deslo-
camentos, e sua utlização para a análise estrutural, usando-se apenas os
conceitos de equilı́brio.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 7

No Capı́tulo 3, apresenta-se o método dos Resı́duos Ponderados como fer-


ramenta básica utilizada para a modelagem de problemas da Meânica. Neste
capı́tulo de cunho mais fundamental são apresentados os tipos de equações
diferenciais que são comumente utilizadas na representação dos fenômenos
Fı́sicos, e sua resolução usando formas integrais.
No Capı́tulo 4, o Método dos Elementos Finitos é apresentado como uma
ferramenta para a aproximação de funções e de equações diferenciais. Uma
formulação isoparamétrica é apresentada através de exemplos.
Na sequência, apresenta-se nos Capı́tulo 5 até 8 aplicações do Método dos
Elementos Finitos em Estruturas Reticuladas.
No Capı́tulo 9 trata-se de modelos Bidimensionais para a Teoria da Elasti-
cidade, que são solucionados usando-se a teoria de Elementos Isoparamétricos
e usando-se coordenadas de área.
Capı́tulo 2
Elementos Finitos na Análise
Estrutural

Trata-se neste capı́tulo, de apresentar de uma forma simples o método dos


deslocamentos e sua aplicação na análise estrutural.
Aborda-se inicialmente de forma intuitiva o conceito de discretização, e
apresenta-se a nomenclatura básica usada.
Na sequência apresenta-se o método direto para a obtenção das matrizes
elementares de diferentes problemas e o método clássico dos deslocamentos
é mostrada com ênfase na resolução de problemas de equilı́brio.
Por último, um exemplo prático de uma análise de estrutura reticulada é
mostrado para ilustrar o uso do Método no âmbito de um pacote comercial,
o Programa MSC NASTRAN.

2.1 Noções Básicas do Método dos Elementos


Finitos
O Método dos Elementos Finitos é um procedimento numérico para a
análise de estruturas e meios contı́nuo, e é baseado no conceito de dis-
cretização. A idéia conciste em transformar um problema complexo na soma
de diversos problemas simples. É no entanto necessário buscar-se soluções
locais, cujas propriedades garantam uma convergência para os problemas
globais.
Seja por exemplo o caso de uma barra de seção variável engastada, sub-
metida a uma carga axial F em sua extremidade B conforme mostrado na
figura 2.1.
Considerando-se que o objetivo do problema é o de determinar o deslo-
camento da extremidade B da barra, pode-se observar da teoria básica da

8
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL 9

Figura 2.1: Barra de seção Variável, discretização.

resistência dos materiais, que a solução para o caso de barras de seções cons-
tantes é bem mais simples do que o caso de barras de seção variável.
Ou seja, considerando que uma barra em movimento axial é governada
pela seguinte equação diferencial [36]:

∂ 2u
EA =F (2.1)
∂x2
onde E é o Módulo de Elasticidade do material da barra, A é a área
da seção tranversal da barra, u é o deslocamento axial, e F a força exter-
na aplicada na face B. Supondo que a barra está engastada em uma de
suas extremidades, as condições de contorno necessárias para se posicionar
corretamente o problema são as seguintes:

u = 0 em x = 0 (2.2)

∂u F
= em x = L (2.3)
∂x EA
Resolvendo-se o sistema de equações 2.1 a 2.3, obtem-se uma solução
fechada - analı́tica - para o problema. No caso da seção constante tem-se:
FL
uB = (2.4)
EA
E para o caso da área variar linearmente, tem-se a equação da barra dada
por:
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL10

∂u F
= (2.5)
∂x AE
parametrizando a expresão da área, sendo A = A0 em x = L e A = 3A0
em x = 0 obtem-se:
∂u F
= (2.6)
∂x EA0(3 − 2x
L
)
Integrando-se no domı́nio [0, l], pode-se determinar o deslocamento da
extremidade B da seguinte maneira:
Z L F FL
uB = 2x dx = ln(3) (2.7)
0 EA0 (3 − L
) 2A0 E
Pode-se notar, que a solução para o caso onde a área varia é um pouco
mais complexa, sendo que para certos casos onde a geometria torna-se arbi-
trária é impossivel de ser obtida analı́ticamente.
Usando-se a idéia da discretização, pode-se então transformar um prob-
lema mais complexo, na soma de diversos problemas simples como se segue:

• Discretiza-se o sistema contı́nuo em N subdomı́nios, denominados El-


ementos Finitos, de seção constante. Neste caso usa-se 4 Elementos
Finitos.

Figura 2.2: Malha de Elementos Finitos


CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL11

• Dado um referencial fixo em cada elemento, (x̄, ȳ), supõe-se que para
cada Elemento o deslocamento axial u(x̄) varia linearmente. Define-se
também os nós de cada elemento i, j, conforme mostrado na Figura 2.1.

Figura 2.3: Elemento Finito - Referencial Local

• Como consequência das hipóteses acima adotadas, a aproximação para


o problema será linear por sub regiões, e o deslocamento de cada ele-
mento é calculado pela fórmula simples:

FL
uB = (2.8)
EA
• Finalmete, o deslocamento total é igual a soma dos deslocamentos de
cada elemento.

Nota 2.1 Quanto maior o número de Elementos a solução discretizada deve


convergir para a solução exata do modelo. Neste caso deve-se observar que o
modelo contı́nuo possue infinitos Graus de Liberdade.
A validade prática dos resultados obtidos, depende ainda da representa-
tividade do modelo escolhido, e das condições de contorno adotadas.

Nota 2.2 A idéia global do método consiste em substituir uma solução com-
plexa para todo o domı́nio pela superposição de soluções simples em sub-
domı́nios.
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL12

Nota 2.3 Após a discretização do problema, os únicos pontos onde se pode


aplicar as condições de contorno são os nós. Assim, as forças, e os desloca-
mentos impostos, devem ser aplicados nos nós. No caso de forças distribuidas
de área ou volume, deve-se calcular as forças nodais equivalentes.

Nota 2.4 Na construção das malhas, deve-se ter o cuidado para se evitar
”furos”ou ”interferência”entre os elementos, garantindo a compatibilidade
das variáveis que estão sendo aproximadas.

Nota 2.5 O comportamento de cada elemento é fundamental : poucos ele-


mentos de alta precisão podem fornecer melhores resultados que um grande
número de elementos pouco precisos. A precisão de cada elemento está asso-
ciada ao tipo de aproximação escilhida para cada subdomı́nio, bem como do
seu suporte geométrico. De uma forma geral as aproximações podem ser do
tipo polinomial representadas por:

• Suporte geométrico unidimensional.

I. Aproximação Linear

φ = a1 + a2 x (2.9)
II. Aproximação quadrática

φ = a 1 + a 2 x + a 3 x2 (2.10)

• Suporte geométrico triangular.

I. Aproximação Linear

φ = a1 + a2 x + a3 y (2.11)
II. Aproximação quadrática

φ = a1 + a2x + a3y + a4x2 + a5xy + a6 y 2 (2.12)

• Suporte geométrico quadrilateral.

I. Aproximação Bilinear

φ = a1 + a2 x + a3 y + a4 xy (2.13)
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL13

II. Aproximação quadrática

φ = a1 + a2x + a3y + a4x2 + a5 y 2 + a6xy + a7 x2y + a8xy 2 (2.14)

Assim quanto maior for o número de elementos, maior será a precisão sobre
o cálculo de φ. De uma forma global, para cada tipo de problema, existe um
elemento mais apropriado.

Nota 2.6 Os termos de cada Aproximação de base do tipo polinomial são


escolhidos a partir do triângulo de Pascal, que para o caso bidimensional é
dado por:

1
x y
2
x xy y2 (2.15)
3 2 2
x x y xy y3
. . . . .
Outros tipos de bases podem ser usadas mas não serão aqui descritas.

Nota 2.7 O conhecimento do problema e a visão do engenheiro são os pré


requisitos básicos para a definição de uma boa análise e para a interpretação
correta dos resultados. Neste contexto o Método dos Elementos Finitos e os
pacotes computacionais são apenas ferramentas de análise.

De uma forma global o método dos Elementos Finitos pode ser sistem-
atizado conforme o quadro mostrado na figura 2.4.
Nota-se que um passo fundamental do método, é a determinação de uma
relação matricial, entre as variáveis de estado, a nı́vel elementar (geração de
uma biblioteca de Elementos), que é realizado com base nas aproximações
locais definidas acima.
Outro ponto importante, refere-se a geração automática de malhas, que
pode ser realizada com base em um modelo geométrico prévio obtido em um
programa de CAD.
Ressalta-se também as etapas de resolução numérica (Algebra Computa-
cional) e pós processamento (visualização computacional).
Diversos métodos podem ser usados para a determinação das caracteristi-
cas locais de cada elemento. Na sequência apresentam-se algumas aplicações
do método direto, e ao longo do texto serão apresentados métodos mais
gerais, tais como o Método dos Resı́duos Ponderados.
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL14

Figura 2.4: Principais Etapas do MEF

2.2 Método direto para obtenção das Matrizes


do Sistema
Em alguns casos simples, é possı́vel se determinar uma relação entre as
variaveis de estado de um dado problema, usando-se apenas as equacões
básicas da mecânica. Embora este enfoque seja limitado, ele será aqui apre-
sentado, tendo em vista o seu apelo fı́sico, que facilita a compreenção global
da aplicação do Método dos Elementos Finitos.
Na prática existem basicamente três métodos para determinação das ma-
trizes elementares de elementos finitos:

• Método direto: é baseado na interpretação fı́sica do problema estuda-


do. É limitado a problemas simples e foram os primeiros procedimentos
empregados.
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL15

• Método Variacional: baseado em formulações integrais da mecânica


do contı́nuo com enfoque energético.
• Métodos residuais: processos de minimização formulados a partir da
equação diferencial que governa o problema.
Na sequência são apresentados alguns casos simples de aplicação do Método
direto [2].

2.2.1 Matriz e Rigidez de uma Barra


Considere o modelo da Barra mostrado na figura 2.2.1.

Figura 2.5: Elemento Finito de Barra

Desprezando-se os efeitos do peso próprio da barra, e considerando que


a área (A) da seção tranversal da barra é constante, sendo a mesma consti-
tuida de material linear elástico com Módulo de Elasticidade (E) constante,
procura-se determinar a força necessária para que um dado deslocamento
exista, isto é:
• supondo ui > 0 e uj = 0, para que o equilı́brio seja mantido tem-se :

EA
Fi = ui (2.16)
L

−EA
Fj = ui (2.17)
L
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL16

• Por outro lado supondo uj > 0 e ui = 0, para que o equilı́brio seja


mantido tem-se :

−EA
Fi = uj (2.18)
L

EA
Fj = uj (2.19)
L
Finalmente, considerando-se Fi e Fj , diferentes de zero, tem-se:
    
1 −1 
 ui 
 
 Fi 

EA  
  = (2.20)
L 
 
  

−1 1 uj FJ
ou seja,

[K e ]{ue} = {F e } (2.21)
onde [K e ] é a Matriz de Rigidez de um elemento, {ue } é o vetor dos
deslocamentos nodais, e {F e } é o vetor nas forças nodais do elemento.
A matriz [K e ] é simétrica, e representa uma relação linear entre esforços
e deslocamentos. Neste caso a solução obtida coincide com a solução exata
para barras de seção constante submetida a cargas puntuais. Caso a geometia
do sistema varie, os resultados obtidos com uma formulação deste tipo serão
aproximados devido aos erros de geometria e de modelagem.

2.2.2 Matriz de condutibilidade unidimensional


Considera-se neste caso o modelo unidmensional de condução de calor cor-
forme ilustradado na Figura 2.2.2.
Neste caso as variáveis de estado são as temperaturas T e os Fluxos por
unidade de área q, em cada nó. A equação diferencial que governa o problema
é:
∂T Tj − Ti
q = −k = −k (2.22)
∂x L
onde k é o coeficiente de condutividade térmica. Supondo que Ti e Tj
sejam simultaneamente diferentes de zero, tem-se:
    
1 −1 
 Ti 
 
 qi 

k 
  = (2.23)

  
Tj  
qJ 
L
−1 1
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL17

Figura 2.6: Elemento Finito de Condução de Calor

ou seja,

[KC e]{T e} = {Qe } (2.24)


onde [KC e] é a Matriz de Condutividade de um elemento, {T e } é o vetor
das temperaturas nodais, e {Qe } é o vetor dos Fluxos nodais do elemento.
Observa-se da equação 2.22, que uma aproximação linear é adotada para
o campo de temperaturas, e que os fluxos são medidos apenas nos nós.

2.2.3 Matriz de um Resistor


Considera-se neste caso o modelo unidimensional de condução de corrente
elétrica, conforme ilustradado na Figura 2.2.3.
Neste caso as veriáveis de estado são as voltagens V e as correntes elétricas
I, em cada nó. A equação que governa o problema é a lei de Ohm, dada por:

(Vi − Vj )
I= (2.25)
R
onde R é resistência elétrica. Supondo que Vi e Vj sejam simultaneamente
diferentes de zero, tem-se:
    
1 −1 
 Vi 
 
 Ii 

1 
  = (2.26)
R −1 
 
  

1 Vj IJ
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL18

Figura 2.7: Elemento Finito de um Resistor

ou seja,

[KRe ]{V e } = {I e } (2.27)


onde [KRe ] é a Matriz de Resistividade de um elemento, {V e } é o vetor
das voltagens nodais, e {I e } é o vetor das correntes nodais do elemento.
Além destes exemplos simples o método direto pode ser aplicado ao caso
de vigas em flexão e torção [2] [33], construindo-se desta maneira a teoria
básica de análise matricial de estruturas.

2.3 Técnicas de Montagem do sistema Global


Método dos deslocamentos
O Método dos deslocamentos consiste em escrever as equações de equilı́brio
globais, a partir das equações locais. O método é baseado no conceito de
continuidade dos deslocamentos e pode ser apresentado da seguinte maneira.
Supondo uma estrutura bidimensional discretizada em 5 elementos, que
estão conectados a partir de seus nós de acordo com o mostrado na Figura
2.3.
Inicialmente deve-se construir uma representação local para cada elemen-
to, que para o caso de problemas de equilı́brio estático, é dada por uma
expressão do seguinte tipo:
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL19

Figura 2.8: Malha tı́pica de Elementos Finitos

[K e ]{ue} = {F e } (2.28)
onde, considerando o problema plano com dois graus de liberdade por nó,
tem-se os seguintes vetores de estado locais para o elemento tı́pico 2:
   

 u1 
 
 fx1 


   
  

 
 
 


 
 
 


 v1 
 
 fy1 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 u2 
 
 fx2 

   
e e
u = ,F =  (2.29)
 
  

  v2 
  fy2 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 u3 
 
 fx3 


 
 
 


 
 
 


 
 
 

   
v3 fy3
sendo a numeração local dos nós (1,2,3) se realciona com a numeração
global (1,2,4). A relação local pode ser representada genericamente , por
uma forma matricial do seguinte tipo:
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL20

 
e
k1,1 e
k1,2 e
k1,3 e
k1,4 e
k1,5 e
k1,6    
  u1   fx1 
  
 
 

  
 
 

 e e e e e  
 
 

 k2,2 k2,3 k2,4 k2,5 k2,6  
 
 

  v1 
 
 fy1 

  
 
 

  
 
 

 e e e e  
 
 

 k3,3 k3,4 k3,5 k3,6 
 u2





 fx2



    
 
  = (2.30)
 e
k4,4 e
k4,5 e
k4,6  
 
 

    
 

v2 





fy2 


    
 e e 










 k5,5 k5,6    
  u3 
 
 fx3 

  
 
 

  
 
 

  
 
 

   
e
 SIM. k6,6    
v3 fy3

Observa-se que a construção destas matrizes locais depende de uma base


de dados que identifica o material e as propriedades de cada elemento, bem
como o seu tipo que está ligado a definição do problema que se deseja solu-
cionar. Isto é, cada matriz elementar, corresponde a uma dada equação
diferencial que se deseja resolver, que fica particularizada em função dos
parâmetros de cada elemento (propriedades e geometria).
O próximo passo refere-se à montagem da matriz de rigidez global do
sistema. Inicialmente deve-se escrever as equações locais em um mesmo refe-
rencial global para todos os elementos da malha. Assim, pode ser necessário
a realização de uma transformação dos eixos de referência, usando-se relações
do seguinte tipo:

{uLocal } = [T ]{uGlobal} (2.31)


onde [T ] é uma matriz de transformação de coordenadadas, geralmente
formada pelos cossenos diretores que relacionam os eixos locais do elemento
com os eixos globais da estrutura.
Para se montar o sistema global, usa-se os vetores de incidência para
definir a geometria do problema. No Exemplo da figura 2.3, tem-se a in-
cidência nodal mostrada na Tabela 2.1.
A partir da Incidência Nodal, pode-se construir um vetor identificador
({ID}), onde a cada nó está associado um número de equação. Considerando
que os nós 6, 7 e 8 estão totalmente bloqueados, e que o deslocamento na
diração x dos nós 3, 4 e 5 também estão restritos, tem-se
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL21

Tabela 2.1: Incidência Nodal

Elemento nó i nó j nó k nó l


1 1 3 4
2 1 4 2
3 2 5
4 3 6 7 4
5 4 7 8 5

 
nó 1 nó 2 nó 3 nó 4 nó 5 nó 6 nó 7 nó 8
 
 
 
ID =  GDL1 1 3 0 0 0 0 0 0  (2.32)
 
 
 
GDL2 2 4 5 6 7 0 0 0

Desta forma, pode-se finalmete montar a matriz global do sistema, que


terá ordem 7, como pode ser visto na equação 2.32. A Matriz Global é dada
por:
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL22

 
1 2 1 2 2 2 1 1 2
k1,1 + k1,1 k1,2 + k1,2 k1,5 k1,6 k1,4 k1,6 + k1,4
 
 
 
 1
k2,2 2
+ k2,2 2
k2,5 2
k2,6 1
k2,4 1
k2,6 2
+ k2,4 
 
 
 
 2 3 2 3 2 3 
 k5,5 + k1,1 k5,6 + k1,2 k4,5 k1,4 
 
 
 
 2
k6,6 3
+ k2,2 2
k4,6 3
k2,4 
 
 
 
 1 4 1 4 
 k4,4 + k2,2 k4,6 + k2,8 
 
 
 
 1
k6,6 2
+ k4,4 4
+ k8,8 5
+ k2,2 5
k2,8 
 
 
 
 3 5 
 SIM k4,4 + k8,8 

(2.33)
 
   fx1 
 u1  
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 fy1 


 v1 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 fx2 


 u2 
 
 


 
 
 


 
 
 

   fy2 
×  v2  =  (2.34)
   

     


 
 
 fy3 


 v3 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 fy4 


 v4 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 fy5 

v5 
 

O sistema final obtido pode ser resolvido usando-se os métodos de resolu-


ção clássicos de algebra computacional, tais como Método de Gauss , Choles-
ki, etc. Tendo em vista o grande número de equações tratadas nos programas
de elementos finitos, faz-se necessário o uso de ferramentas otimizadas de pro-
gramação, tais como as técnicas de armazenamento de matrizes em vetores
ou matrizes esparsas.
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL23

2.4 Aplicação - Análise Estática de uma Tre-


liça Plana.
O objetivo deste exemplo é o de ilustrar a aplicação do Método dos Elemen-
tos Finitos, para o caso simples de uma análise estática de uma estrutura
reticulada, que pode ser representada por barras. Assim, usam-se elemen-
tos unidimensionais de barra, cujas propriedades foram definidas nos itens
anteriores.
Considerando o problema de uma treliça plana, mostrada na figura abaixo:

Figura 2.9: Treliça Plana

Cujos dados são os seguintes:

• E = 1.99e11 N/m2

• ν = 0.3

• Área da secção de cada barra = 0.009 m2

Usando o programa MSC/NASTRAN, determinar os seguintes valores:

a. Deslocamentos do nós 1 e 3.

b. Tensão Normal nas barras.

c. Reações nos nós 2 e 5.


CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL24

Uma introdução ao pacote MSC/NASTRAN for Windows pode ser feita


usando-se a referência [25], que é apresentada na forma de tutoriais.
A resolução deste problema usando-se o MSC/NASTRAN for Windows,
pode ser feita de acordo com as seguintes etapas:

Definição da geometria do sistema


Neste ı́tem são definidos os modelos geométricos, dos domı́nios a serem
analisados. Parte-se normalmente de entidades de base do tipo:

I. Pontos

II. Linhas

III. Áreas

IV. Volumes

que podem ser geradas de diversas formas, que serão exploradas ao longo
destas notas.
As entidades geométricas geradas, servem de base para a construção das
malhas de Elementos Finitos, bem como para a definição das condições de
contorno e dos carregamentos de uma análise.
Neste caso especı́fico da análise de uma estrutura reticulada, não se faz
necessário a geração de uma geometria, usando-se o que é denominado de
geração direta de malha. Isto é, define-se diretamente, nós e elementos.

Definição do tipo de Material


Aqui, deve-se definir as propriedades dos materias usadas, que são re-
unidas em grupos identificados por um número ID e um Tı́tulo. Pode-se
usar neste caso, a biblioteca de materiais pre-definida no programa. Esta
biblioteca pode ser atualizada com dados de novos materias. No caso em
questão usaram-se os dados mostrados na Tabela 2.2:

Definição do tipo de Elemento


Neste etapa, define-se o tipo de elemento a ser usado, e suas propiedades
geométricas quando for o caso. Esta etapa é de fundamental importância,
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL25

Tabela 2.2: Material 1 - Carbon Steel - SI - Type ISOTROPIC


Módulo de Elasticidade mN2 E 1.9995E+11
N
Módulo de Cisalhamento m2 G 75842000000.
Coeficiente de Poisson Nu 0.32
kg
Massa Especı́fica m3 Density 7862.3

devendo-se conhecer a priori as hipóteses teóricas adotadas para o equaciona-


mento de cada elemento a ser usado.
No problema em questão , usa-se a teoria de barras submetidas a esforços
axiais, que para o caso plano, corresponde a uma treliça bidimensional.
As caracteristicas escolhidas neste caso são mostradas na Tabela 2.3.

Tabela 2.3: Property 1 - trelica - Type ROD


Area m2 0.009

Observa-se neste caso, que todas as barras possuem a mesma área de


seção transversal.

Geração da Malha
Faz-se então a geração da malha de Elementos Finitos. Neste caso usa-se
a geração direta, definindo-se nós e elementos diretamente. A malha adotada
neste caso é mostrada na Figura 2.10.
Esta etapa é feita pela definição de cada ponto da malha e normalmente
é a parte mais onerosa das análises industriais.

Geração dos Carregamentos e condições de Contorno


Baseando-se nas hipótese fı́sicas adotadas para a análise, impõe-se as con-
dições de contorno e as cargas nodais pontuais. Neste caso deve-se inicial-
mente criar um conjunto de esforços e restrições. Cada conjunto é definido
por um Nome, e pode conter várias solicitações e restrições. No caso da
treliça, adotou-se as Forças e resytrições mostradas na Figura 2.11.
Os números mostrados na Figura 2.11 indicam os graus de libedade que
foram bloqueados, sendo adotada a seguinte nomenclatura:

• tx - indica translação na direção x (GDL 1)


CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL26

Figura 2.10: Treliça Plana - Malha

• ty - indica translação na direção y (GDL 2)

• tz - indica translação na direção x (GDL 3)

• rx - indica rotação em torno do eixo x (GDL 4)

• ry - indica rotação em torno do eixo y (GDL 5)

• rz - indica rotação em torno do eixo z (GDL 6)

Observa-se que a treliça só se movimenta no plano, isto é somente os


graus de liberdade 1 e 2 estão liberados.
Quanto as forças, a representação da Figura 2.11 é auto explicativa.

Análise e Pós processamento


Concluido o modelo, passa-se a etapa de análise, onde é definido o método
de resolução (Static Analisys), sendo estabelicida a conecção com o solver do
MSC/NASTRAN, que devolverá os resultados em deslocamentos e tensões.
Na Figura 2.12, mostra-se a estrutura em sua posição deformada, e os valores
das tensões axiais em cada barra.
Tendo em vista o enunciado do problema, tem-se os seguintes resultados
:
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL27

Figura 2.11: Condições de Contorno

a. Deslocamentos do nó 1 , ux = .749 e-4 m , uy= -1.087 e-4 m

Deslocamentos do nó 3 , ux = -.155 e-4 m , uy= -1.633 e-4 m

b. As tensões normais nas barras são apresentadas na Figura 2.12, em [Pa]

c. Reação no nó 2, ty= 8000 N

Reação no nó 5, tx= 0 N ,ty= -5500 N


CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL28

Figura 2.12: Deslocamentos e tensões


Capı́tulo 3
Métodos de Resı́duos
Ponderados

Neste capı́tulo são abordados problemas de Mecânica do Contı́nuo gover-


nados por equações diferenciais parciais locais, usando-se diversos Métodos
de Resı́duos Ponderados. Esta metodologia permite construir uma forma in-
tegral para a equação diferencial no domı́nio do problema. Esse domı́nio é
então discretizado usando-se a técnica de Elementos Finitos.
Inicialmente são apresentadas a nomenclatura e as definições matemáticas
usadas, passando-se a uma breve descrição dos tipos de equações diferenciais
mais encontradas na Fı́sica matemática e, finalmente, mostram-se os diversos
Métodos de Resı́duos Ponderados, aplicados a problemas modelo.

3.1 Notação e Definições preliminares


Considere o Espaço Euclidiano E 3 definido na Figura 3.1 e um sistema de
referência (x, y, z) num domı́nio D ⊂ E 3, com contorno C, onde são definidas
funções f(x, y, z), g(x, y, z), w(x, y, z), ψ(x, y, z), u(x, y, z), T (x, y, z), etc ,
que por simplicidade podem ser denotadas como f, g, w, ψ, u, T , etc.
Baseando-se nesta notação pode-se colocar as seguintes definições básicas:

Def. 1 Sejam f(x, y, z) e g(x, y, z) funções contı́nuas por partes em D, o pro-


duto interno de f e g é definido como,
Z
< g, f >=< f, g >= f(x, y, z).g(x, y, z)dD (3.1)
D

Def. 2 A norma Euclidiana de uma função f(x, y, z), denotada de


k f(x, y, z) k é expressa por:

29
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 30

Figura 3.1: Representação do Domı́nio e do Contorno.

Z
1 1
k f(x, y, z) k=< f, f > = (2 f 2 dD) 2 , (3.2)
D

e como consequência pode-se escrever, k f k≥ 0.

Def. 3 Uma função é chamada de definida positiva se k f k≥ 0 em qualquer


domı́nio D não vazio onde a função é definida. Caso contrário a função
é semi-positivo-definida.

Def. 4 A norma ponderada de uma função f(x, y, z), denotada por k f kw , é


dada por:

Z
1 1
k f(x, y, z) kw =< f, wf > = (
2 w(x, y, z)f(x, y, z)2dD) 2 (3.3)
D

onde w(x, y, z) é uma função quadraticamente integrável, real, não ne-


gativa, o que implica em:

k f(x, y, z) kw ≥ 0 (3.4)

Def. 5 Uma função f(x, y, z) é normalizável se k f kw existe, e é não nula em


D.
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 31

Def. 6 Uma função f(x, y, z) é quadraticamente integrável se:


Z
|f|2 dD (3.5)
D

existe no sentido de Lebesgue.

Def. 7 Seja L2 a classe de funções quadraticamente integráveis. Um conjunto


de funções {f1, f2 , f3, ....fn} do L2 é linearmente independente (LI) se
o determinante de Gram de ordem n é não nulo, isto é,


< f1 , f1 > < f1, f2 > . . . < f1, fn >




< f2, f2 > . . . < f2, fn >



| < fi , fj > | =



6= 0 (3.6)
... ...



Sim. < fn, fn >

Outras notações importantes referem-se a operadores diferenciais da


forma L2m ( ) e Bi ( ). Considere uma função u(x, y, z) diferenciável até ordem
2m no mı́nimo, o operador L2m (u(x, y, z)) denota um conjunto de termos
combinados contendo derivadas de u(x, y, z) de ordem 0 até 2m.
Dada esta notação, pode-se expressar de forma genérica o operador de
Laplace como se segue:

∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
L2 (u) ⇒ ∇2u = + + , (3.7)
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
onde o operador L2( ) é definido genericamente por:

∂ 2( ) ∂ 2( ) ∂ 2( )
L2m ( ) ⇒ ∇2( ) = + + . (3.8)
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
Outro operador bastante utilizado é o operador bi-harmônico, que para
o caso de um espaço 2D pode ser escrito como:

∂ 4( ) ∂ 4( ) ∂ 4( )
∇2 (∇2( )) = + 2 + . (3.9)
∂x4 ∂x2∂y 2 ∂y 4
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 32

Def. 8 Um Operador diferencial L2m ( ) é Linear se forem válidas as seguintes


relações:

L2m (u + v) = L2m (u) + L2m (v), (3.10)

L2m (αu) = αL2m (u), (3.11)

onde α é um escalar.

Def. 9 Um Operador diferencial L2m ( ) é dito Quase-linear quando seus termos


de ordem 2m são lineares. Por exemplo:

d2 u
L2 (u) = 2 + u + εu3 = sin(ωt) (3.12)
dt
Observa-se na equação (3.12) que termos de ordem inferior podem ser
não lineares.

Def. 10 Um operador diferencial linear é simétrico em D, se para qualquer


u(x, y, z) e v(x, y, z) não nulas, diferenciáveis 2m vezes e satisfazendo
idênticamnete as condições de contorno homogêneas,
Z Z
uL2m (v)dD = vL2m(u)dD (3.13)
D D

Este operedor é também denomidado de Auto-Adjunto.

Def. 11 Um operador diferencial Linear é positivo definido em D não vazio se:


Z
uL(u)dD > 0 (3.14)
D

para qualquer u(x, y, z) não nula que satisfaça a forma homogênea das
condições de contorno em C do domı́nio D.

Os operadores acima definidos estão relacionados com diversos proble-


mas encontrados na Engenharia, e podem ser classificados de acordo com o
proposto na próxima seção.
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 33

3.2 Tipos de equações da fı́sica matemática.


As equações básicas da fı́sica matemática podem ser classificadas da seguinte
forma; utilizando exemplos uni e bidimensionais:

I. Equações Hiperbólicas:

∂ 2u 2
2∂ u
=a (3.15)
∂t2 ∂x2
Esta equação é usada no estudo de vibrações transversais de uma
corda, vibrações longitudinais de uma barra, oscilações elétricas,
vibração torcional de eixos, acústica de gases perfeitos etc. Esta
equação é conhecida como Equação da Onda.
II. Equações Parabólicas:

∂u ∂ 2u
= a2 2 (3.16)
∂t ∂x
Esta equacão é usada no estudo de propagação de calor, proble-
mas de difusão, difusão de fluidos miscı́veis em meios porosos, em
problemas de probabilidade, etc. Esta equação é a Equação de
Fourier ou de transmissão de Calor em regima transiente.
III. Equações Elı́pticas:

∂ 2u ∂ 2u
+ =0 (3.17)
∂x2 ∂y 2
Neste caso a equação pode representar os problemas de condução
de calor estacionário, campos magnéticos, hidrodinâmica, etc. Es-
ta equação é a Equação de Laplace. Este tipo de equação
está associado a problemas de Valor de Contorno em regime esta-
cionário ou seja , a problemas de equilı́brio.

A classificação acima é baseada no estudo dos Operadores quase-lineares


que governam o problema. Assim, seja um sistema geral de operadores quase-
lineares dado por:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 34



 a1 ∂u(x,y) + b1 ∂u(x,y) c1 ∂v(x,y) + d1 ∂v(x,y) = 0

 ∂x ∂y ∂x ∂y







 a2 ∂u(x,y) + b2 ∂u(x,y) c2 ∂v(x,y) + d2 ∂v(x,y) = 0

 ∂x ∂y ∂x ∂y


(3.18)


∂u(x,y)
dx + ∂u(x,y)
dy = du

 ∂x ∂y







 ∂v(x,y)
dx + ∂v(x,y)
dy = dv




∂x ∂y

onde as constantes a1, b1 , c1, d1 , a2, b2 , c2, d2 são funções de u(x, y) e v(x, y)
diferenciáveis em D e não são diretamente dependentes de x e y.
Escrevendo o sistema acima em uma forma matricial tem-se:
    
a1 b1 c1 d1 

∂u 
  0 
   
   
∂x
    
  
 
 

  
 
 

  ∂u 
 
 

 a2 b2 c2 d2  ∂y 
 
 0 

  
 
 

 
  = (3.19)
 dx dy 0 0  ∂v  du 
  
 
 

   
∂x
    
  
 
 

  
 
 

 0 0 dx dy 

∂v 




 dv 



 ∂y 
 
 

 

ou em forma compacta,

[A]{x} = {b} (3.20)


A análise das soluções do sistema (3.20) leva ao estudo do determinante
da matriz [A] e são considerados os seguintes casos:

• Determinante não nulo

|[A]| =
6 0 (3.21)

o sistema possui solução única e o operador é do tipo Elı́ptico.

• Determinante nulo
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 35

 
a1 b1 c1 d1
 
 
 
 a2 b2 c2 d2 
 
 
det  
|[A]| =   =0 (3.22)
 dx dy 0 0 
 
 
 
 
 0 0 dx dy 

o que implica que não existe uma solução única para ∂u , ∂u , ∂v e ∂v


∂x ∂y ∂x ∂y
.
Neste caso faz-se necessário o estudo do polinômio caracterı́stico da
equação (3.22) que pode ser escrito da seguinte maneira:

(a1c2 − a2c1 ) dy 2−(a1d2 − a2 d1 + b1c2 − b2c1 ) dxdy+(b1 d2 − b2d1 ) dx2 = 0


| {z } | {z } | {z }
a b c
(3.23)
que em forma compacta é:

dy 2 dy
) −b +c=0
a( (3.24)
dx dx
admitindo raizes da seguinte forma:

dy b± b2 − 4ac
= (3.25)
dx 2a
onde ,

∆ = b2−4ac = (a1d2 − a2d1 + b1 c2 − b2 c1 )2−4(a1 c2 − a2 c1)(b1 d2 − b2d1 )


(3.26)
neste caso, tem-se as seguintes condições;



 ∆ = 0 1 raiz real - Equação Diferencial Parabólica






 ∆ > 0 2 raizes reais - Equação Diferencial Hiperbólica





 ∆ < 0 2 raizes complexas - Equação Diferencial Elı́ptica


(3.27)
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 36

Esta classificação engloba grande parte das equações que governam os


problemas de Engenharia tratados nestas notas. No próximo item é apresen-
tado um problema padrão de uma equação Elı́ptica, definindo-se os elementos
essenciais para aplicação do Método dos Resı́duos Ponderados.

3.3 Problema de Valor de Contorno - Defi-


nições
Dado um operador Diferencial L2m ( ) válido em D e outro operador Bi ( )
válido no contorno C de D. Determinar a função ψ(x, y, z) que satisfaça as
equações:



 L2m (ψ(x, y, z)) = f(x, y, z) em D

(3.28)

Bi (ψ(x, y, z)) = gi (x, y, z) em C i = 1, 2, · · · , m

onde Bi ( ) é um operador diferencial de ordem até (2m − 1), e as funções


f(x, y, z) e gi (x, y, z) são conhecidas em D e C respectivamente.
Vários exemplos podem ser dados:

Exemplo 3.1 (Problema Padrão - PP1) Supondo uma equação diferen-


cial de ordem 2 , onde 2m = 2 e por consequência 2m − 1 = 1 tem-se:


 L2 (u(x, y)) = f(x, y) em D
(3.29)


B1 (u(x, y)) = g1 (x, y) em C
onde B1 ( ) envolve derivadas de ordem 0 até 1 , o que implica que em
cada ponto (x, y) ∈ C deve haver m = 1 condição de contorno imposta. Essa
condição pode envolver derivadas de ordem 0 isto é termos em u(x, y), ou
ordem 1 com termos em ∂u(x,y)
∂x
, ∂u(x,y)
∂y
ou ainda uma combinação dos termos
anteriores. Neste contexto definem-se dois tipos de condições de contorno:

I. Condições de Contorno Essenciais: são aquelas que envolvem as


derivadas de ordem 0 até (m − 1).

II. Condições de Contorno Naturais: São aquelas que envolvem derivadas


de ordem m até (2m − 1) no máximo.
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 37

Figura 3.2: Problema de Transmissão de Calor, Domı́nio e Contorno.

Exemplo 3.2 (Problema de Transmissão de Calor - Condução) Este


problema de valor de contorno pode ser expresso pela equação de Fourier mais
condições de contorno apropriadas, conforme mostrado na Figura 3.2 e como
se segue:




 ∇ · k∇T (x, y) = f(x, y) em D







 T (x, y) = T0(x, y) em C1

(3.30)



 k∇T (x, y) · n(x, y) = q0 (x, y) em C2







 k∇T (x, y) · n(x, y) + h(T − T0) = 0 em C3

onde n(x, y) é um vetor unitário normal ao contorno C2 ou C3 , T0(x, y) é


a temperatura imposta em C1 , q0(x, y) é o fluxo de calor imposto no contorno
C2 e h(T − T0) é o fluxo de calor por convecção em C3 . Neste caso o contorno
C foi subdividido em três regioes C1 , C2 e C3.

Exemplo 3.3 (Flexão de Vigas) Neste caso o problema envolve um oper-


ador diferencial de quarta ordem, sendo que as condições de contorno Essen-
ciais envolvem derivadas até ordem 1 , e as naturais de ordem 2 e 3. O
problema é governado pelo seguinte sistema de equações diferenciais, e cor-
responde ao modelo representado na Figura 3.3:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 38

Figura 3.3: Problema de Flexão de Vigas.

 4

 EI d dx
v(x)
= q(x) → x ∈ [0, L]

 4








 v(0) = 0 → deslocamento restrito







 v(L) = 0 → deslocamento restrito




(3.31)



dv(0)
dx
= 0 → Deslocamento Angular restrito








2

 EI d dx
v(L)
= 0 → Momento Fletor imposto

2







3

 EI d dx
v(L)
= −P → Força Cortante imposta


3

A solução de problemas governados por sistema de equações diferenciais,


em muitos casos, pode ser feita transformando-se o problema em sua forma
integral. Tal procedimento implica no uso de algumas definições matemáticas
que são apresentadas na sequência.

Def.12 Funções Admissı́veis - Funções Teste.


Seja o problema de contorno padrão (PP1):
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 39



 L2m (ψ(x, y, z)) = f(x, y, z) em D
PP1 

Bi (ψ(x, y, z)) = gi (x, y, z) em C i = 1, 2, · · · , m
(3.32)
Uma função ψ(x, y, z) é Admissı́vel para o problema se satisfizer to-
das as condições de diferenciabilidade relacionadas com o operador
L2m ( ) e se ψ(x, y, z) satisfizer idênticamente as condições de contorno,
Bi (ψ(x, y, z)) = gi (x, y, z) , no contorno C.
Se ψ(x, y, z) satisfizer todas as condições de diferenciabilidade/continuidade
relacionadas com o operador L2m ( ) e se todas as condições de contorno
são satisfeitas, a formulação para o Método dos Resı́duos Ponderados
é chamada de Forte.
Se ψ(x, y, z) tiver condições de diferenciabilidade/continuidade rela-
xadas em relação ao operador L2m ( ) e se ψ(x, y, z) satisfizer aproxi-
madamente as condições de contorno naturais, a formulação para o
Método dos Resı́duos Ponderados é chamada de Fraca. Observa-se
neste caso que as condições de contorno essenciais devem ser satisfeitas
identicamente.
Uma sequência de funções admissı́veis {ψ1, ψ2, · · · , ψM } linearmente in-
dependentes em D é dita completa, se para um problema padrão PP1,
onde u(x, y, z) é solução exata vale a seguinte relação:

Z X
M 2

( [u(x, y, z) − αi ψ(x, y, z)] dD ≤ β (3.33)


D 1

para β pequeno, desde que M seja suficientemente grande.


Def.13 Função Resı́duo.
dado o problema Padrão PP1



 L2m (u(x, y, z)) = f(x, y, z) em D
PP1  (3.34)

Bi (u(x, y, z)) = gi (x, y, z) em C i = 1, m

onde u(x, y, z) é solução de PP1.


Supondo uma função admissı́vel ψ(x, y, z) para o problema PP1, definem-
se as funções resı́duo R(x, y, z) e Rc (x, y, z) como sendo:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 40

R(x, y, z) = L2m (ψ(x, y, z)) − f(x, y, z) em D


(3.35)
Pm
Rc (x, y, z) = i=1 [Bi (ψ(x, y, z)) − gi (x, y, z)] em C

se a formulação for forte Rc (x, y, z) = 0 em C, e se ψ(x, y, z) é a solução


exata do PP1 então R(x, y, z) = 0 em D.
Def.14 Norma da função Resı́duo.
Define-se a norma da função resı́duo ||R|| da seguinte maneira:

Z 1
1 2
||R|| = < R, R > 2 = ( R2 (x, y, z)dD) (3.36)
D

Def.15 Resı́duo Ponderado.


Define-se Resı́duo Ponderado como sendo:
Z
< R, Wi > = R(x, y, z)Wi (x, y, z)dD (3.37)
D

onde Wi (x, y, z) é uma função ponderadora, que não precisa respeitar


os requisitos de continuidade em D.

3.4 Métodos de Resı́duos Ponderados


O processo básico do Método dos Resı́duos Ponderados é desenvolvido a
partir de um problema padrão PP1;


 L2m (u(x, y, z)) = f(x, y, z) em D
PP1 (3.38)


Bi (u(x, y, z)) = gi (x, y, z) em C
onde L2m ( ) e Bi ( ) são operadores conhecidos, f(x, y, z) , gi (x, y, z), D e
C são dados do problema e u(x, y, z) é a função a ser determinada.

3.4.1 Escolha de uma sequência de Funções Admissı́veis


Inicialmente deve-se escolher uma sequência de funções admissı́veis para
PP1, denotada:

{ϕ0(x, y, z), ϕ1(x, y, z), · · · , ϕj (x, y, z), · · · , ϕn (x, y, z)} (3.39)


sujeito as seguintes restrições:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 41

I. ϕj (x, y, z) (j = 0, n) devem ser contı́nuas e diferenciáveis até ordem


2m. As derivadas de ordem 2m devem ser contı́nuas por partes no
mı́nimo.

II. ϕ0(x, y, z) deve satisfazer todas as condições e contorno Bi (ϕ0 ) = gi i =


1, 2, · · · , m em C.

III. ϕj (x, y, z) deve satisfazer todas as condições de contorno homogêneas


associadas Bi (ϕj (x, y, z)) = 0 com i = 1, 2, · · · , m e j = 1, 2, · · · , n.

Por construção uma função admissível ϕ(x, y, z) pode ser expressa por:
X
n
ϕ(x, y, z) = ϕ0(x, y, z) + αj ϕj (x, y, z) (3.40)
j=1

que no caso de operadores Bi ( ) lineares é uma função admissı́vel, pois


resulta de uma combinação linear de funções admissı́veis.

3.4.2 Montagem da Função Resı́duo


A função resı́duo pode ser montada substituindo a função admissı́vel (3.40)
na equação diferencial de PP1, obtendo-se:

R(x, y, z) = L2m (ϕ(x, y, z)) − f(x, y, z) em D (3.41)


isto é,
X
n
R(x, y, z) = L2m (ϕ0 + αj ϕj ) − f(x, y, z) (3.42)
j=1

onde para o caso de operadores lineares pode ser escrito da seguinte forma:
X
n
R(x, y, z) = L2m (ϕ0 ) + L2m ( αj ϕj ) − f em D (3.43)
j=1

Substituindo a função admissı́vel nas equações impostas no contorno


obtém-se a função resı́duo no contorno C,
X
m
Rc (x, y, z) = (Bi (ϕ) − gi ) em C (3.44)
i=1

isto é,
X
m X
n
Rc (x, y, z) = (Bi (ϕ0 + αj ϕj ) − gi ) (3.45)
i=1 j=1
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 42

Como geralmente o operador do contorno é linear, então:


X
m X
m X
n
Rc (x, y, z) = (Bi (ϕ0) + [Bi ( αj ϕj ) − gi ] (3.46)
i=1 i=1 j=1

o que conduz à:


X
m X
m X
n
Rc (x, y, z) = { (Bi (ϕ0) − gi } + Bi ( αj ϕj ) = 0 (3.47)
i=1 i=1 j=1
| {z } | {z }
=0 =0

As igualdades acima são verdadeiras pois ϕ0 (x, y, z) satisfaz as condições


de contorno e ϕj (x, y, z) satisfaz as condições de contorno homogêneas asso-
ciadas, como foi definido.

3.4.3 Escolha de uma sequência de Funções Ponder-


adoras
Determina-se um conjunto de funções ponderadoras LI,

{W1 (x, y, z), W2(x, y, z), · · · , Wn (x, y, z)} (3.48)


onde Wi (x, y, z) deve ser quadraticamente integrável em D.

3.4.4 Montagem de n Resı́duos Ponderados


Pode-se então, para cada função Ponderadora montar-se uma equação in-
tegral para o Resı́duo Ponderado no domı́nio e no contorno:

Z
< R(x, y, z), Wi(x, y, z) >= R(x, y, z)Wi (x, y, z)dD = 0 i = 1, n (3.49)
D

Z
< Rc (x, y, z), Wi(x, y, z) >= Rc (x, y, z)Wi(x, y, z)dC = 0 i = 1, n ,
C
(3.50)
para o caso onde o resı́duo Rc não é nulo.
No caso do problema PP1 tem-se:

Z X
n
< R, Wi >= [L2m(ϕ0 + αj ϕj ) − f]Wi D = 0 i = 1, n (3.51)
D j=1
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 43

que pode ser escrito como:

Z X
n Z
< R, Wi >= L2m (ϕ0 + αj ϕj )Wi D − Wi fdD = 0 (3.52)
D j=1 | D {z }
| {z } bi
Fi (αi)

o que corresponde a escrever o seguinte sistema de equações:


 



F1(α1 , α2 , · · · , αn ) 

  

 
  b1 

 
 
 


 
 
 


 F2(α1 , α2 , · · · , αn ) 
 
 


 
 
 


 
 
 b2 


 
 
 


 
 
 

···
=  ..  (3.53)

 
  . 

 
 
 


 ··· 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 bn 


 
 
 


 Fn(α1 , α2, · · · , αn) 
  

 

 

resolvendo-se o sistema (3.53) obtem-se os valores de αi , e por conseguinte


uma solução aproximada para o problema PP1 do tipo ,
X
n
ϕ(x, y, z) = ϕ0(x, y, z) + αj ϕj (x, y, z) , (3.54)
j=1

sendo que a função resı́duo R(x, y, z) e sua norma ||R|| , fornecem indi-
cadores da precisão da solução aproximada obtida.

Nota 3.1 Para o caso de operadores Lineares, tem-se:

Z X
n Z
< R, Wi >= L2m (ϕ0 + αj ϕj )Wi D − Wi fdD = 0 (3.55)
D j=1 D

isto é:

Z X
n Z Z
< R, Wi >= L2m ( αj ϕj )Wi dD + L2m (ϕ0)Wi dD − Wi fdD = 0
D j=1 D D
(3.56)
que pode ser escrito como sendo:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 44

 Z
 P R


 αi L2m (ϕi W1 )dD = − (L2m (ϕ0 ) − f)W1 dD

 | {z }






b1



 Z

 P R

 αi L2m (ϕi W2 )dD = − (L2m (ϕ0 ) − f)W2 dD



 | {z }


 b2
(3.57)



 .. ..

 . .





 Z

 P R





αi L2m (ϕi Wn )dD = − (L2m (ϕ0 ) − f)Wn dD

 | {z }






bn

que em forma matricial é dado por:

[A]{α} = {b} (3.58)


onde,
Z
ai,j = L2m (ϕj )Wi dD (3.59)
Z
bi = L2m (ϕ0 − f)Wi dD (3.60)

se o operador é não-linear, normalmente o sistema de equações algébricas


resultante é também não-linear,

[A(α1, α2, · · · , αn )]{α} = {b} (3.61)

O procedimento padrão para o método dos resı́duos ponderados é definido


pelo critério de escolha das funções de ponderação.

3.5 Classificação e tipos de Métodos de Resı́duos


Ponderados
Considerem-se os resı́duos, R(x, y, z) e Rc (x, y, z) definidos em (3.47) e
(3.48).
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 45

Se R = 0 e Rc 6= 0 em pontos de C tem-se os chamados métodos de


contorno tais como: Elementos de Contorno, Integrais de Contorno, Método
das Singularidades, Métodos dos Painéis, e Métodos de Resı́duos Ponderados.
Se por outro lado, R 6= 0 em pontos de D e Rc = 0 tem-se os métodos
interiores, tais como: Método dos Elementos Finitos, Método de Diferenças
Finitas, e Métodos de Resı́duos Ponderados.
Finalmente existem também os métodos mistos onde, R 6= 0 e Rc 6= 0 dos
quais pode-se citar: Elementos Finitos, Métodos de Resı́duos Ponderados e
Método de Diferenças Finitas.
Diversos Métodos de Resı́duos Ponderados são gerados a partir de escolha
adotada para as funções de Ponderação Wi . Dentre outros pode-se citar os
métodos de colocação, método de Galerkin, método de mı́nimos quadrados,
etc. Nos próximos itens são apresentados alguns dos métodos mais usuais.

3.5.1 Método da Colocação Pontual


Dado um problema PP1 padrão, escolhe-se um conjunto de pontos xi = ξi
com i = 1, 2, · · · , n do domı́nio D = [a, b], e impõe-se que a função resı́duo
R(x) seja nula nos n pontos ξi , conforma mostrado na Figura 3.5.1, o que
resulta em :

Figura 3.4: Função Resı́duo calculada pelo Método da Colocação Pontual.

R(ξi ) = 0 i = 1, 2, · · · , n (3.62)
ou seja para uma famı́lia de funções admissı́veis definida por:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 46

X
n
ϕ(x) = ϕ0(x) + αj ϕj (x) , (3.63)
j=1

tem-se o seguinte sistema de n equações e n incógnitas αi :

 Pn



R(ξ1 ) = L2m (ϕ0 (ξ1 ) + j=1 αj ϕj (ξ1 ) − f(ξ1 )) = 0





 Pn

 R(ξ2 ) = L2m (ϕ0 (ξ2 ) + αj ϕj (ξ2 ) − f(ξ2 )) = 0

 j=1


 .. (3.64)

 .





 Pn



 R(ξn ) = L2m (ϕ0 (ξn ) + αj ϕj (ξn) − f(ξn )) = 0


j=1

Nota 3.2 O Método da colocação pontual é um Método de Resı́duo Ponde-


rado, onde a função ponderadora é o Delta de Dirac. Assim, seja δ(x − ξi )
a representação do Delta de Dirac é dada por:


 δ(x − ξi ) = 0 x 6= ξi


(3.65)


 δ(x − ξi ) = ∞ x = ξi

A representação gráfica que pode ser dada conforme a Figura 3.2 , e por
definição da função δ(x − ξi ) tem-se:
Z ξi +ε
δ(x − ξi )dx = 1 (3.66)
ξi −ε

Isto é, se Wi (x) = δ(x − ξi ) para i = 1, · · · , n, o Resı́duo Ponderado pode


ser calculado por:

Z b
< R(x), Wi (x) >=< R(x), δ(x − ξi ) >= R(x)δ(x − ξi )dx = R(ξi ) = 0
a
(3.67)

3.5.2 Método da Colocação em Subdomı́nios


Neste método divide-se o domı́nio D = [a, b] em n subdomı́nios dados por:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 47

Figura 3.5: FunḐelta de Dirac.





D1 = [a, x1]







 D2 = [x1, x2]




.. (3.68)

 .









 Dn = [xn−1 , b]


A função ponderadora Wi (x) = 1 para cada subdomı́nio Di e nula para


os demais o que conduz ao seguinte sistema de equações:
 R x1

 < R(x), W1 (x) > = R(x)dx = 0


a



 R x2

 < R(x), W2 (x) > = R(x)dx = 0

 x1



.. (3.69)

 .







 Rb

 < R(x), Wn (x) > = R(x)dx = 0

 xn−1

A partir deste sistema de equações pode-se determinar as incógnitas αi


das funções de aproximação obtendo-se uma solução aproximada para o prob-
lema.
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 48

3.5.3 Método dos Momentos


Este método foi proposto por Yamada,1947 , e consiste em se considerar o
domı́nio completo, e como funções de ponderação uma famı́lia de funções do
seguinte tipo:


 W1 = 1









 W2 = x







 W3 = x2
(3.70)





 W4 = x 3







 ..



 .

sendo que o Resı́duo é calculado da forma padrão:


Z b
< R(x), Wi (x) >= R(x)Wi (x)dx = 0 (3.71)
a

3.5.4 Método dos Mı́nimos Quadrados


Este método foi desenvolvido por Gauss,1795 e Legendre,1806 e consiste
em adotar como funções de ponderação a variação do Resı́duo com respeito
aos parâmetros da aproximação, ou seja:

∂R(αi )
Wi (x) = , (3.72)
∂αi
o que corresponde a escrever,

Z b ∂R(x, α1, α2...αn)


< R(x), Wi (x) >= R(x, α1 , α2 ...αn) dx = 0 (3.73)
a ∂αi
Nesse caso a norma do resı́duo R(x) é mı́nima para a solução admissı́vel
ϕ(x) obtida, o que permite escrever:

Minimizar α1 ,α2 ...αn kR(α1 , α2 ...αn)k2 (3.74)


onde,
Z b
kR(α1 , α2...αn)k = 2
R2 (α1 , α2...αn)dx (3.75)
a
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 49

e a partir da condição de mı́nimo tem-se:

∂kRk2 Z b ∂R2
= dx = 0 (3.76)
∂αi a ∂αi

resolvendo-se o sistema acima chega-se a:


Z Z b
b ∂R2 ∂R
dx = 2R dx = 0 (3.77)
a ∂αi a ∂α i
| {z }
Wi (x)

que é a própria definição do método dos mı́nimos quadrados.

3.5.5 Método de Galerkin


O método de Galerkin,1915 é um dos mais utilizados no contexto de aprox-
imações de Elementos Finitos. Dado um problema padrão PP1 considera-se
a função admissı́vel ϕ(x),
X
n
ϕ(x) = ϕ0(x) + αj ϕj (x) (3.78)
j=1

e a função resı́duo é obtida de,


X
n
R(x) = L2m (ϕ0 + αj ϕj (x)) − f (3.79)
j=1

adota-se Wi (x) = ϕi (x) isto é as funções ponderadoras são as funções


admissı́veis, o que implica em especificar o processo do método de Galerkin
como sendo:

Rb Pn
< R(x), Wi (x) >=< R(x), ϕi (x) >= a L2m [ϕ0(x) j=1 αj ϕj (x)]ϕi(x)dx+
Rb
a −fϕi (x)dx i=1,2,· · ·,n
(3.80)

3.6 Aplicações dos Métodos de Resı́duos Pon-


derados
Apresenta-se na sequência, um exemplo de Vibrações Livres de uma barra
engastada-livre conforme mostrado na Figura 3.6. A barra é constituı́da de
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 50

Figura 3.6: Modelo de Barra Engastada-Livre

material considerado linear Elástico cujo Módulo de Elasticidade é E, e a


massa especı́fica é ρ.
O problema, em sua forma diferencial, para os movimentos longitudinais
livres da barra (PB1) pode ser escrito da seguinte maneira:

 ∂ 2 u(x,t) 1 ∂ 2 u(x,t)

 − = 0 x ∈ [0, 1]


∂x2 a2 ∂t2





 sujeito a:

P B1 (3.81)



 u(0) = 0







 ∂u
∂x
(1) =0
q
onde a = Eρ . Observa-se que as condições de contorno restringem as
soluções do problema aos modos de vibração simétricos. A solução da Ho-
mogênea do problema PB1 , é do tipo:

u(x, t) = ū(x)eiωt (3.82)


o que implica que,

∂ 2u(x, t) ∂ 2 ū(x) iωt


= e (3.83)
∂x2 ∂x2
∂ 2u(x, t)
2
= −ω 2 ū(x)eiωt (3.84)
∂t
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 51

e substituindo (3.83) e (3.84) no problema PB1, tem-se :



 ∂ 2 ū(x)

 + λū(x) = 0 x ∈ [0, 1]


∂x2





 sujeito a:

P B1 (3.85)



 ū(0) = 0







 ∂ ū
∂x
(1) =0
onde λ = ( ωa )2 . Nesta forma o problema PB1 admite solução analı́tica
que é dada por pares de soluções como se segue:

ūi (x) = A sin ( iπx ) 
2L 


i = 1, 3, 5, · · · (3.86)
iπ 
ωi = ( 2L )a
O problema PB1 admite também soluções aproximadas. Usando o pro-
cedimento padrão do método dos Resı́duos Ponderados pode-se obter dife-
rentes soluções para PB1.

3.6.1 Definição do Resı́duo e Escolha das Funções Ad-


missı́veis
A escolha das funções admissı́veis ϕ(x), como na equação (3.40) e de acordo
com a definição Def. 12, é baseada nos seguintes critérios:

• As funções ϕi devem satisfazer as condições de contorno homogêneas


associadas.

• ϕ0 deve satisfazer as condições de contorno não homogêneas.

No caso de PB1 só existem condições de contorno Homogêneas, logo


ϕ0(x) = 0 e as funções admissı́veis são escritas da seguinte maneira:
X
n
ϕ(x) = αi ϕi (x) (3.87)
i=1

Várias famı́lias de Funções são candidatas ao problema PB1, e a sua


definição depende do sistema de coordenadas adotado. Usando-se o sistema
de coordenadas definido na Figura 3.6 tem-se:

ϕ(x) = α1ϕ1 (x) + α2 ϕ2(x) (3.88)


CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 52

onde:

ϕ1 (x) = x(1 − x2 )
(3.89)
ϕ2(x) = x(1 − x)2

e as derivadas destas funções são:


∂ϕ1 (x)
∂x
= (1 − x)

∂ 2 ϕ1 (x)
∂x2
= −1
(3.90)
∂ϕ2 (x)
∂x
= (3x2 − 4x + 1)

∂ 2 ϕ2 (x)
∂x2
= (6x − 4)

que satisfazem as condições de contorno de PB1. Caso o sistema de coor-


denadas seja adotado no sentido contrário, partindo-se da extremidade livre
da barra, as funções admissı́veis podem ser definidas da seguinte maneira:

ϕ1 (x) = (x2 − x3)


(3.91)
ϕ2 (x) = (x3 − x4)

e as derivadas destas funções são:


∂ϕ1 (x)
∂x
= 2x − 3x2

∂ 2 ϕ1 (x)
∂x2
= 2 − 6x
(3.92)
∂ϕ2 (x)
∂x
= 3x2 − 4x3

∂ 2 ϕ2 (x)
∂x2
= 6x − 12x2

Nota 3.3 Nesse caso necessita-se de polinômios com ordem superior em


relação ao sistema de coordenadas proposto anteriormente.
Definidas as funções admissı́veis pode-se calcular as parcelas do Resı́duo.
Para o sistema de coordenadas definido na Figura 3.6 e escritas em (3.89)
tem-se:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 53

∂ 2ϕ1 (x) ω 2
R1 (x) = α1( + ( ) ϕ1(x)) (3.93)
∂x2 a
e tendo em vista (3.90) chega-se a:

ω 2 x2
R1 (x) = α1 (−1 + ( ) (x − )) , (3.94)
a 2
e o resı́duo R2 (x) devido a α2 ϕ2(x) é:

∂ 2ϕ2 (x) ω 2
R2 (x) = α2( 2
+ ( ) ϕ2(x)) (3.95)
∂x a
e tendo em vista (3.90) chega-se a:
ω 2
R2 (x) = α2 ((6x − 4) + ( ) x(1 − x2)) , (3.96)
a
Sendo o Resı́duo total dado por:

R(x) = R1 (x) + R2(x) (3.97)

3.6.2 Funções Ponderadoras - Colocação por Pontos.


Usando o método da Colocação Pontual, onde Wi (x) = δ(x − ξi ), obtém-se:

• Considerando um ponto de colocação ξ1 = 12 , e a função ϕ1 (x),

1 ω2 1 1
R1 (ξ1 ) = R1 ( ) = α1(−1 + ( − )) = 0 (3.98)
2 a 2 8
o que implica em:

ω 2 3 ω 2 8
α1 (−1 + ( ) ( )) = 0 ⇒ ( ) = ⇒ ω1 = 1.6333a (3.99)
a 8 a 3
A solução exata deste problema é dada por ωexato = 1.571a o que
implica em um erro de aproximadamente 4%. O Modo de vibração
correpondente ao autovalor ω1 pode ser calculado voltando-se em (3.88)
2
, o que permite escrever os modo como sendo ϕ(x) = α1 (x − x2 ) que é
representado conforme mostrado na Figura 3.6.2. Nesse caso o modo é
definido independentemente da constante α1
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 54

Figura 3.7: Primeiro Modo vibração de uma Barra Engastada-Livre

• Considerando um ponto de colocação ξ1 = 1, e a função ϕ1(x),

ω 2 1
R1 (ξ1 ) = R1 (1) = α1 (−1 + ( ) (1 − )) = 0 (3.100)
a 2
o que implica em:

ω 21 ω 2
−1 + ( ) = 0 ⇒ ( ) = 2 ⇒ ω1 = 1.414a (3.101)
a 2 a
O erro é neste caso de aproximadamente 10%. O Modo de vibração cor-
repondente ao autovalor ω1 pode ser calculado voltando-se em (3.88).
Nota-se neste caso que a precisão obtida nos resultados é função do
ponto de colocação escolhido.

• Considerando dois pontos de colocação ξ1 = 1


2
e ξ = 1, o resı́duo total
será:

ω 2 x2 ω 2
R(x) = R1 (x)+R2 (x) = α1 (−1+( ) (x− ))+α2 (6x−4+( ) x((1 − x)2 ))
a 2 a
(3.102)
nesse caso tem-se duas constantes α1 e α2 a serem determinadas a partir
de duas equações definidas a partir dos dois pontos de colocação ξ1 e
ξ2 . Ou seja, a partir de (3.102) tém-se:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 55



 R(ξ1 ) = R( 12 ) = α1 (−1 + 38 ( ωa )2) + α2(−1 + 18 ( ωa )2 ) = 0


R(ξ2 ) = R(1) = α1 (−1 + 12 ( ωa )2 ) + α2(6 − 4 + ( ωa )2 1.(1 − 1)) = 0
(3.103)
o que em forma matricial corresponde a:
   
(−1 + 38 λ) (−1 + 18 λ)    0 
 
  α1 
 
  
 
  = (3.104)
 (−1 + 1
λ) 2   0 
2 α2  



 

onde λ = ( ωa )2 . O sistema de equações lineares homogêneas tem solução


não trivial se o determinante da matriz do sistema (3.104) for igual a
zero, o que conduz a:

3 1 1
2(−1 + λ) − (−1 + λ)(−1 + λ) = 0 (3.105)
8 8 2

λ2 11
− λ+3 =0 (3.106)
16 8
que admite duas soluções :


λ1 = 2.456 ⇒ ω1 = 1.567a



1√ 2 
λ = 11 ± 22 − 192 =  (3.107)
2  λ2 = 19.544 ⇒ ω2 = 4.421a

Nesse caso o erro em ω1 é de 0.25% e o erro em ω2 é de 6.2% sendo a


solução exata ω2 = 4.712a.
A determinação dos modos é feita substituindo-se os valores de λi da
equação (3.107) no sistema (3.104). Por exemplo para o primeiro modo
λ = 2.456 tem-se:
   
(−1 + .921) (−1 + .307)    0 
 
  α1 
 
  
 
  = (3.108)
 (−1 + 1.288) 2  
  0 

α2 
  
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 56

o que permite escrever,

α2 = −.114α1 , (3.109)

e assim determinar o primeiro modo próprio de vibração:

ϕ1 (x) = α1ϕ1 (x) + α2 ϕ2(x) =

= α1 ϕ1(x) − 0.114α1 ϕ2(x) =

x2 (3.110)
= α1 (x − 2
− 0.114x(1 − x)2) =

= α1(0.866x − 0.272x2 − 0.114x3 )

O modo calculado é um polinômio do terceiro grau e satisfaz as con-


dições de contorno do problema PB1. A determinação do segundo
modo é feita de maneira análoga, usando-se o autovalor λ2 . A forma
genérica dos três primeiros modos pode ser vista na Figura 3.6.2.

Figura 3.8: Modos de vibração do Problema PB1

3.6.3 Funções Ponderadoras - Método de Galerkin.


No Método de Galerkin, escolhem-se as funções Ponderadoras idênticas
as funções Teste ou Admissı́veis, isto é Wi = ϕi , o que permite escrever
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 57

para o problema PB1 tendo em vista somente a primeira função estudada


anteriormente,

Z
ω 2
1 x2 x2
< R(x), Wi (x) >=< R(x), ϕ1(x) >= α1 [−1+( ) (x− )](x− )dx = 0
0 a 2 2
(3.111)
A expressão (3.111) pode ser resolvida determinando-se o valor de ω.
Chamando-se λ = ( ωa )2 tem-se:

R1 x2 x2
< R(x), ϕ1 (x) > = α1 0 [−1 + λ(x − 2
)](x − 2
)dx =0
R1 x2 x2 2
α1 0 [−x + 2
+ λ(x − 2
) dx =0
(3.112)
α1{ 15
2
λ − 1
3
} =0

λ = 2.5

Tal resultado conduz a ω1 = 1.581a cujo erro em relação a solução exata


é de 0.64%. O modo próprio correspondente a ω1 é ϕ(x) ajustado:

x2
ϕ(x) = α1 ϕ1 = α1 (x − ) (3.113)
2
Nota 3.4 Dispõe-se até o momento de quatro solucões do problema PB1,
que podem ser comparadas entre si. Verifique a precisão de cada uma delas
e verifique também que tipo de soluções são encontradas para os modos.

Usando-se o mesmo método, Galerkin, faz-se o cálculo considerando duas


funções admissı́veis. São usadas:
 x2

 ϕ1(x) = (x − 2
)
(3.114)

 x3
ϕ2(x) = (x − 3
)
cujas derivadas são dadas por:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 58





∂ϕ1 (x)
= (1 − x)


∂x





 ∂ 2 ϕ1 (x)

 = (−1)


∂x2

(3.115)


∂ϕ2 (x)
= (1 − x2)

 ∂x








∂ 2 ϕ2 (x)
= (−2x)

 ∂x2

Pode-se ver em (3.114) e (3.115) que as condições de derivabilidade im-


postas e as condições de contorno de PB1 são satisfeitas.
A partir destas funções o resı́duo do problema é:

x2 x3
R(x) = α1[−1 + λ(x − )] + α2 [−2x + λ(x − )] (3.116)
2 3
onde λ = ( ωa )2 . Nesse caso o resı́duo ponderado envolve duas parcelas:

R1 x2 x3 x2
< R(x), ϕ1 >= 0 {α1 [−1 + λ(x − )] +α2 [−2x + λ(x − )]}(x − 2
)dx =0
| {z 2 } | {z 3 }
c11 c12

R1 x2 x3 x3
< R(x), ϕ2 >= 0 {α1 [−1 + λ(x − )] +α2 [−2x + λ(x − )]}(x − 3
)dx =0
| {z 2 } | {z 3 }
c21 c22
(3.117)
sendo que cada termo de (3.117) é calculado como se segue:

R1 x2 x2
c11 = 0 {[−1 + λ(x − 2
)](x − 2
)dx = [ 13 + 2
15
λ]
R1 x3 x2
c12 = 0 {[−2x + λ(x − 3
)](x − 2
)dx 5
= [− 12 + 0.16944λ]
R1 x2 x3 (3.118)
c21 = 0 {[−1 + λ(x − 2
)](x − 3
)dx 5
= [− 12 + 0.16944λ]
R1 x3 x3
c22 = 0 {[−2x + λ(x − 3
)](x − 3
)dx = [−0.53333 + 0.21587λ]

o que pode ser escrito em forma matricial, resultando em um sistema


simétrico:
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 59

   
( 13 + 2
λ) 5
(− 12 + 0.16944λ) ( ) 
 0 


15
 
 
  α1
 . = (3.119)
 5
(− 12 + 0.16944λ) (−0.53333 + 0.21587λ)  α2 
 0 


 

A solução não trivial do (3.119) conduz aos resultados mostrados na


Tabela 3.1.

Tabela 3.1: Frequências da Barra - Galerkin

Modo λ ω erro %
1 2.46806 1.571 a 0
2 23.5609 4.854 a 3

Os modos de vibração são determinados substituindo-se os valores de λi


da tabela 3.1 na equação (3.119), o que fornece para o primeiro modo:

1 2 5
( + × 2.4681)α1 + (− + 0.16944 × 2.4681)α2 = 0 (3.120)
3 15 12
o que leva a:
α2
= −2.763 (3.121)
α1
e o modo 1 pode ser definido por:

ϕ1 (x) = α1 ϕ1 − 2.763α1 ϕ2

x2 x3
ϕ1 (x) = α1 [(x − 2
) − 2.763(x − 3
)] (3.122)

x2 3
ϕ1(x) = α1[−1.763x − 2
+ 0.9211 x3 ]
Para o segundo modo o procedimento é análogo, usando o valor λ2 .

3.6.4 Funções Ponderadoras - Método dos Mı́nimos


Quadrados.
O Método dos Mı́nimos Quadrados consiste em usar a derivada do Resı́duo
como função ponderadora,
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 60

∂R(x)
Wi (x) = (3.123)
∂αi
Esse procedimento se aplicado para apenas uma função admissı́vel, cor-
responde a:

x2
ϕ(x) = α1 ϕ1(x) = α1(x − 2
) Função admissı́vel

x2
R(x) = R1 (x) = α1 [−1 + (x − 2
)λ] Resı́duo (3.124)

x2
W1 (x) = ∂R(x)
∂α1
= [−1 + (x − 2
)λ] Função Ponderadora

Seguindo o procedimento padrão do Método dos Resı́duos Ponderados,


tem-se a expressão desenvolvida abaixo:

Z 1 x2 x2
< R(x), W1 (x) >= α1[−1 + (x − )λ][−1 + (x − )λ]dx = 0 (3.125)
0 2 2
o que leva a:
R1 x4
α1 0 [−1 + (2x − x2)λ + (x2 + 4
− x3 )λ2 ]dx = 0
(3.126)
α1[λ2 − 5λ + 7.5] = 0
Quando n = 1 nota-se da equação (3.126) que o mı́nimo de kR(x)k2
só depende de λ sendo independente de α1 . Tal procedimento implica em
determinar λ a partir da seguinte expressão:
∂ 2
[λ − 5λ + 7.5] = 0 (3.127)
∂λ
O que nos leva a λ = 2.5 e por conseguinte ω1 = 1.581a. Observa-se neste
caso que o resultado obtido é idêntico ao obtido com o método de Galerkin
com uma função. A fim de verificar o que ocorre para o caso de mais de
uma função admissı́vel, adotou-se as mesmas funções do exemplo anterior,
definidas em (3.114) calculando-se o resı́duo conforme (3.116), e as funções
de ponderação são dadas por:
x2
W1 = ∂R(x)
∂α1
= (−1 + λ(x − 2
))

x3 (3.128)
W2 = ∂R(x)
∂α2
= (−2x + λ(x − 3
))
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 61

novamente usando-se o procedimento padrão do Método dos Resı́duos


Ponderados calcula-se:

R1 x2 x3 x2
< R(x), ∂R(x)
∂α1
>= 0 {α1(−1 + λ(x − 2
)) + α2(−2x + λ(x − 3
))}(−1 + λ(x − 2
))dx =0
R1 x2 x3 x3
< R(x), ∂R(x)
∂α2
>= 0 {α1(−1 + λ(x − 2
)) + α2 (−2x + λ(x − 3
))}(−2x + λ(x − 3
))dx =0
(3.129)
o que leva ao seguinte sistema de equações:

α1(1 − 0.66667λ + 0.13333λ2 ) + α2 (1 − 0.83333λ + 0.16944λ2 ) = 0

α1 (1 − 0.83333λ + 0.16944λ2 ) + α2 (1.3333 − 1.06666λ + 0.215873λ2 ) = 0


(3.130)
derivando-se as expressões (3.130) com respeito a λ, tem-se um sistema
matricial também simétrico,

   
(−.66667 + 0.26666λ) (−0.83333 + 0.33888λ) ( ) 
 0 

  
 
  α1
 . =
 (−0.83333 + 0.33888λ) (−1.0666 + 0.43174603λ)  α2 
 0 


 

(3.131)
cuja solução não trivial implica na solução de uma equação caracterı́stica,
que conduz a raizes idênticas às mostradas na Tabela 3.1.

3.6.5 Comparação do s Resultados


Para o problema PB1, foram realizadas nos itens anteriores algumas esti-
mativas para as primeiras Frequências Naturais e Modos de vibração usando-
se diferentes métodos de Resı́duos Ponderados. Com objetivo de se ter uma
visão geral destas estimativas, apresenta-se na Tabela 3.2 um resumo dos
resultados encontrados.
Em todos os casos pode-se notar que o uso de bases polinomiais mais
”ricas”leva a resultados normalmente mais precisos, assim como o uso de um
número maior de pontos para o caso do método de colocação conduz a erros
menores. Nota-se também , que o método dos mı́nimos quadrados não pode
ser aplicado de acordo com o procedimento padrão, no entanto, resulta em
aproximações idênticas às aproximações do método de Galerkin. Outro ponto
importante, refere-se a simetria dos dois últimos métodos, caracteristica que
pode ser explorada quando da programação destes procedimentos.
CAPÍTULO 3. MÉTODOS DE RESÍDUOS PONDERADOS 62

Tabela 3.2: Frequências da Barra Engastada-Livre

Modo 1 erro % Modo 2 erro %


ω - Exato 1.571 a — 4.712 a —
ω - Colocação 1 Ponto 1.414 a 10 — —
ω - Colocação 2 Pontos 1.567 a 0.25 4.421 a 6.2
ω - Galerkin 1 Função 1.581 a 0.64 — —
ω - Galerkin 2 Funções 1.571 a 0.0 4.854 a 3.0
ω - Mı́nimos Quad. 1 Função 1.581 a 0.64 — —
ω - Mı́nimos Quad. 2 Funções 1.571 a 0.0 4.854 a 3.0
Capı́tulo 5
Aproximação por Elementos
Finitos.

5.1 Introdução
Trata-se neste capı́tulo, do aspecto numérico envolvido nas técnicas de
aproximação que visam, a partir de uma discretização, determinar as soluções
de sistemas contı́nuos.
Iremos abordar o problema inicialmente da aproximação do tipo nodal
de um domı́nio Ω, para em seguida aplicar este tipo de aproximação em sub-
domı́nios. A aproximação nodal em sub-domı́nios é chamada de aproximação
por Elementos Finitos.
O uso do conceito de sub-domı́nios, ou elementos, será estudado em um
espaço de referência, o que introduz os conceitos de transformação geométrica
de um elemento do espaço real para o espaço de referência, e a construção
da Matriz Jacobiana da transformação.
Exemplos Práticos serão apresentados, para ilustrar a precisão das aprox-
imações obtidas.

5.2 Técnicas de Aproximação


5.2.1 Aproximação Nodal
Em geral, nos modelos matemáticos de um sistema físico as grandezas
do tipo temperaturas, deslocamnetos, espessuras etc, são representadas por
variáveis ou funções chamadas de exatas uex (x).
Quando não é possı́vel encontrarmos uma solução exata para o proble-
ma (casos ondes as condições de contorno são complicadas, a geometria é

73
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 74

irregular , etc.), procura-se soluções aproximadas do tipo u(x).


Para que a qualidade da aproximação seja boa, tem-se:

e(x) = u(x) − uex (x) (5.1)


onde e(x) é definido como erro na aproximação e deve ser o menor possı́vel.
Para a construção das funções aproximadas, procede-se da seguinte forma:

• Escolhe-se um conjunto finito de funções, dependente de n parâmetros


ai

u(x, a1, a2, ..., an) (5.2)

• Determina-se a1 , a2, ..., an satisfazendo:

e(x) = u(x) − uex (x) com e(x)suficientementepequeno (5.3)

Nota 5.1 Pode-se por Exemplo calcular e(x) = 0 em n pontos x1 , x2, ..., xn,
determinando-se desta forma os parâmetros ai .

Em geral escolhe-se estas funções aproximadas simples, para que as operações


de diferenciação e integração sejam simplificadas, e que sejam facilmente uti-
lizáveis em computadores.
Uma vez determinada a função aproximada, pode-se obter:

• uma solução aproximada de uma função difı́cil de ser avaliada, para


qualquer ponto do domı́nio.

• uma solução aproximada de uma equação diferencial ou uma equação


em derivadas parciais.

Exemplo 5.1 Aproximação de ux , grandeza fı́sica.


Suponha que ux seja um campo de temperaturas, que só pode ser medido
em 3 pontos conforme mostrado na Tabela 5.1.
Deseja-se obter pontos em outras posições xi , e também que a aproxi-
mação coincida com uex (x), nos pontos medidos. Um procedimento que pode
ser adotado é o seguinte:

• Escolhendo-se uma aproximação quadrática, temos:

uex (x) ∼
= u(x, a1, a2, a3) = a1 + a2 x + a3 x2 (5.4)
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 75

Tabela 5.1: Valores de temperaturas conhecidos

x uex (x)
0,0 20 ◦C
0,5 25 ◦C
1,0 22 ◦C

• Substituindo os valores conhecidos dados na Tabela 5.1, tem-se:

a1 + a2 0 + a3 02 = 20
a1 + a2 , 5 + a3 , 52 = 25 (5.5)
a1 + a2 1 + a3 12 = 22

• Resolvendo-se o sistema linear associado as equações 5.5, obtem-se os


seguintes valores para os parâmetors da aproximação:

a1 = 20
a2 = 18 (5.6)
a3 = −16

• Assim pode-se definir a função aproximada da seguinte forma:

u(x) = 20 + 18x − 16x2 (5.7)

que pode ser visualizada na Figura 5.1:

• Pode-se então determinar, em qualquer ponto o valor da função, como


por exemplo para x = 0, 7 :

u(x) = 20 + 18 . 0, 7 − 16 . 0, 72 = 24, 76 (5.8)

Exemplo 5.2 Aproximação de Equações de Equações diferenciais.


CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 76

30

25

20

15

10

-5

-10

-15
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2

Figura 5.1: Aproximação polinomial convencional-Aproximação quadrática

• O Problema consiste em :


 Achar uex tal que :







 d2 uex (x)


 dx2
= f(x) 0≤ x ≤1






uex (x) = 0 para x = 0 e x = 1
P1  (5.9)





 f(x) = 1 Termo fonte emx = 0, 25









 f(x) = 0, 25 Termo fonte em x = 0, 75

• Escolhendo uma aproximação que satifaça as condições de contorno


temos:

uex (x) ∼
= u(x) = a1 sen(πx) + a2sen(2πx) (5.10)

• Considerando que a função aproximada deve satisfzer a equação difer-


encial nos pontos conhecidos, temos:

d2 u
( )x = −a1π 2sen(πxi) − a2 4 π 2 sen(2πxi) = f(xi ) (5.11)
dx2 i
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 77

• Assim, a partir dos pontos conhecidos x = 0, 25 e X = 0, 75, pode-se


construir a forma discretizada da equação diferencial do problema P1 ,
na forma de um conjunto de duas equações algébricas, como se segue:

−a1π 2sen(0, 25π) − a2 4 π 2 sen(0, 5π) = 1


(5.12)
−a1π sen(0, 75π) − a2 4 π sen(1, 5π) = 0, 25
2 2

Resolvendo-se o sistema de equações 5.12 , obtem-se os valores dos


parâmetros da aproximação ai , ou seja:

5 1

a1 = 4 2 π2
(5.13)
3 1
a2 = 32 π2

• E a solução do problema P1 é dada em qualquer ponto por:

5 1 3 1
uex (x) ∼
= u(x) = √ 2 sen(πx) + sen(2πx) (5.14)
4 2π 32 π 2

Observe que as funçòes aproximadas, são geralmente lineares em ai , o


que permite escrever a aproximação não Nodal como sendo:

u(x) = P1 (x)a1 + P2 (x)a2 + .... + Pn (x)an (5.15)


ou ainda usando uma notação do tipo matricial:
 

 a1 


 


 a2 


 

 . 
u(x) = {P1 (x) P2 (x) ... Pn (x)} = {P }T {a} (5.16)

 . 


 


 . 


 

 
an
onde:

• Pi (x) - São as funções interpoladoras, que devem ser Linearmente In-


dependents (LI), e independentes de ai. São geralmente polinômios,
funções trigonométricas, etc. Estas funções são também chamadas de
funções de base.

• ai - São os paraâmetros da aproximação ou parâmetros gerais.


CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 78

Supondo que os parâmetros da aproximação, são os valores da função


exata em n pontos dados, ou seja:


 u(x1 ) = uex (x1 ) = u1



 u(x2 ) = uex (x2 ) = u2


 .
(5.17)

 .



 .



u(xn ) = uex (xn ) = un
É importante observar que neste caso ui são os parâmetros da aproxi-
mação, e que a função aproximada ux coincide com a solução exata em xi .
Este tipo de aproximação é dita do tipo Nodal e escreve-se:

u(x) = N1 (x) u1 + N2 (x) u2 + . . . + Nn(x) un (5.18)


Passando a expperssão 5.18 para a forma matricial, e escrevendo-se em
notação mais compacta, tem-se:
 

 u1 


 


 u2 


 

 . 
u(x) = {N1 (x) N2 (x) ... Nn (x)}  = {N}T {u} (5.19)
 . 


 


 . 


 

 
un
onde:
• ui - Parâmetros nodais ouvariáveis nodais.
• Ni (x) - Funçõesde interpolação.
Levando-se em conta Eq. 5.17 e Eq.5.19, que definem a aproximação
Nodal, observa-se as seguintes propriedades:

Prop. 5.1 PR1- Como u(xi) = ui as funções Ni (x) verificam as seguintes


condições:


 0 se i 6= j
Nj (xi ) =  (5.20)

1 se i = j

Prop. 5.2 O erro da aproximação é nulo nos nós xi , ou seja:

e(x) = u(x) − uex (x) = u(xi) − uex (xi ) = ui − ui = 0 (5.21)


CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 79

Apresenta-se na sequência um exemplo de aproximação Nodal do tipo


Lagrange para ilustrar este tipo de procedimento de aproximação.
Exemplo 5.3 Aproximação nodal do tipo Lagrange em 4 Pontos:
Considera-se neste caso, que os valores da função uex genérica, é con-
hecida em apenas 4 pontos. Usando-se uma aproximação Nodal dada por:

u(x) = N1(x) u1 + N2 (x) u2 + N3 (x) u3 + N4 (x) u4 (5.22)


Escolhendo-se polinômios de Lagrange de grau 3, tem-se:

Y
4
x − xj
Ni = (5.23)
x − xj
j=1 j6=i i
Observa-se que os polinômios gerados pela expressão 5.23, satisfazem a
propriedade PR1. As funções correspondentes são dadas por:
x−x2 x−x3 x−x4
N1 = x1 −x2 x1 −x3 x1 −x4

x−x1 x−x3 x−x4


N2 = x2 −x1 x2 −x3 x2 −x4

x−x1 x−x2 x−x4 (5.24)


N3 = x3 −x1 x3 −x2 x3 −x4

x−x1 x−x2 x−x3


N4 = x4 −x1 x4 −x2 x4 −x3

Os pontos onde são conhecidos os valores da função exata uex (x) são
apresentados na tabela 5.2

Tabela 5.2: Valores conhecidos

x1 x2 x3 x4
1.0 2.0 5.0 7.0

Sendo assim, as funções de interpolação ficam definidas da segunte forma:

N1 = x−2 x−5 x−7


−1 −4 −6
= − 24
1
(x − 2)(x − 5)(x − 7)

N2 = x−1 x−2 x−7


1 −3 −5
= 1
15
(x − 1)(x − 2)(x − 7)
(5.25)
N3 = x−1 x−2 x−7
4 3 −2
= − 24
1
(x − 1)(x − 2)((x − 7)

N4 = x−1 x−2 x−5


6 5 2
= 1
60
(x − 1)(x − 2)(x − 5)
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 80

Estudando-se cada função de interpolação, nota-se que as mesmas tem


um comportamento semelhante. Na figura 5.2 , apresenta-se a função N1 .
Vê-se neste caso, que a propriedade PR1 é respeitada.

2.5

1.5
N1

0.5

-0.5

-1
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Figura 5.2: Função de interpolação N1

A aproximação global pode ser obtida pela superposição das quatro funções
Ni definidas na Eq. 5.25.

Nota 5.2 Este problema pode ser facilmente generalizado, para funções de
várias variáveis,
uex (x, y, z) = uex (x) (5.26)
onde x = {xyz}, é o vetor das coordenadas definindo um domı́nio R3 , tridi-
mensional. Neste caso a aproximação pode ser escrita da seguinte forma:
 
u1 
 


 

u2  
u(x, y, z) = u(x) = {N1 (x) N2 (x) · · · Nn(x)}  .. (5.27)
 

 .  

 
un
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 81

sabendo-se que nos nós tem-se:

u(xi ) = uex (xi = ui (5.28)

Uma aproximação conforme definido no exemplo 5.3 para todo o domı́nio,


nem sempre é facilmente obtida. Nos casos onde o número de nós é elevado, a
geometria do domı́nio é complexa, e ainda as funções u(x) devem satisfazer as
condições de contorno do problema, faz-se necessário definir novas estratégias
para a obtenção de soluções aproximadas.
Uma opção para solucionar estes problemas, consiste em utilizar uma
aproximação nodal por sub-domı́nios, considerando as seguintes particulari-
dades:

• O domı́nio Ω é inicilamente discretizado em elementos, que correspon-


dem aos sub-domı́nios Ωe .

• Define-se uma aproximação Nodal em cada Ωe , denominada de ue (x),


que é função somente de variáveis nodais pertencentes à Ωe e sua fron-
teira.

• As funções ue (x) de cada elemento são contı́nuas em Ωe , e satisfazem


a continuidade entre elementos vizinhos.

A aproximação que satisfaz as condições acima definidas, é denominada


de aproximação por Elementos Finitos, e a seguinte nomenclatura é utilizada:

• Sub-domı́nios Ωe → Elementos

• Pontos onde ue (x) = uex (x) → Pontos nodais

• Coordenadas xi dos pontos nodais → coordenadas nodais

• Valores ui = ue (xi ) = uex (xi) → variáveis nodais

No processo de aproximação por elementos finitos, duas etapas podem ser


claramente definidas: definição analı́tica da geometria dos elementos e con-
strução das funções de interpolação de cada elemento. No exemplo a seguir
apresenta-se graficamente uma aproximação tı́pica de elementos finitos.

Exemplo 5.4 Aproximação em uma dimensão usando Elementos Finitos


Inicialmente define-se a gemetria, dividindo-se o domı́nio Ω em Sub-
domı́nios denomidados de Elementos, conforme o esquema abaixo:
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 82

Ω1 ; x1 ≤ x ≤ x2

Ω2 ; x2 ≤ x ≤ x3
(5.29)
Ω3 ; x3 ≤ x ≤ x4

onde x1, x2 , x3, x4 são as cordenadas nodais.


Na sequência define-se as funções aproximadas que interpolem as soluções
ue (x). Adotando-se uma aproximação linear tem-se:

Ω1 ; u1(x) = N1u1 + N2 u2

Ω2 ; u2(x) = N1u2 + N2 u3
(5.30)
Ω3 ; u3(x) = N1u3 + N2 u4

e a aproximação sobre todo o volume é definida por:

u(x) = u1(x) + u2 (x) + u3 (x) (5.31)


Na Figura 5.3 apresenta-se um esquema da aproximação global adotada:

5.3 Definição da geometria


5.3.1 Utilizando Elemento de Referência (Isoparamétrico)
Além da aproximação das incógnitas do problema, pode-se estabelecer aprox-
imações para a geometria que são definidas a partir das coordenadas dos
nós. Neste caso pode-se usar um sistema de coordenadas local baseado em
um elemento de referência, chamado sistema isoparamétrico. As funções da
transformação geométrica são idênticas às funções de interpolação [1] [31].

Elementos de Referência
Para simplificar a expressão analı́tica para elementos de forma complexa um
elemento de referência é introduzido. Seja o elemento então definido em um
espaço não dimensional abstrato com uma forma geométrica muito simples.
A geometria do elemento de referência é então mapeada a partir da geometria
do elemento real usando expressões de transformação geométricas. Para o
caso de uma região triangular, tem-se:
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 83

2.5

1.5

0.5

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Aproximacao global - linear por elementos

Figura 5.3: Aproximação linear por Elementos Finitos - 4 Elemetos

A transformação τ e define a coordenada de cada ponto do elemento real x


em termos das coordenadas abstratas ξ do ponto correspondente do elemento
de referência.

τ e : ξ → xe = xe (ξ) (5.32)
A transformação τ e depende da forma e localização do elemento real.
Assim há uma transfomação τ e diferente para cada elemento real:

τ e : ξ → xe = xe (ξ, xi , xj , xk ) (5.33)
Cada transformação τ e é escolhida para ter as seguintes propriedades:
• O mapeamento deve ser feito um a um, ou seja, para qualquer ponto do
elemento de referência, há um e somente um ponto do elemento real;
• Os nós geométricos do elemento de referência correspondem aos nós
geométricos do elemento real;
• Qualquer porção do contorno do elemento de referência, definido pe-
los nós geométricos deste contorno, correspondem a uma porção do
contorno do elemento real definido pelos nós correspondentes.
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 84

η τ y xk

0,1
3 1 -> x i
2 -> x j xi Ω

Ωr 3 -> x k

1 2 xj

0,0 1,0 ξ x
ξ=<ξ η> xi x=<x y>
Elemento de Referencia Elemento Real

Figura 5.4: Exemplo de uma transformação entre elemento de referência e


elemento real

Note que um elemento de referência de um tipo particular mapea todos


os elementos de mesmo tipo usando diferentes transformações τ e . No caso
dos elementos triangulares de três nós usa-se uma transformação linear τ
referente às coordenadas geométricas do elemento real.

τ : ξ → x(ξ = [N̄(ξ)]xn (5.34)


Além disso, funções de transformação idênticas são usadas para todas as
três coordenadas.

x(ξ) = [N̄(ξ)]xn (5.35)


y(ξ) = [N̄(ξ)]yn (5.36)
z(ξ) = [N̄(ξ)]zn (5.37)
Logo, para o triângulo de três nós (xi , xj , xk ),

 
xi 
 

x(ξ, η) = N̄1(ξ, η)xi + N̄2(ξ, η)xj + N̄3 (ξ, η)xk = {N̄}  xj
T
(5.38)
 

xk
 
yi 
 

y(ξ, η) = N̄1 (ξ, η)yi + N̄2 (ξ, η)yj + N̄3(ξ, η)yk = {N̄}  yj
T
(5.39)
 

yk
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 85

y
x
x 2
τ1 1

Ω1

Ω2
τ2
η x3
x5
0,1
τ3 Ω3
3

Ωr

1 2 x4

0,0 1,0 ξ x
ξ=<ξ η> x=<x y>
Elemento de Referencia Elemento Real

Figura 5.5: Descrição da transformação entre espaço real e espaço de re-


ferência

As funções Ni , normalmente expressas como polinômios em ξ, são chamadas


funções de transformação geométricas. Considera-se (5.34) como uma aprox-
imação nodal por sub-domı́nios para as funções x(ξ) e y(ξ).
Com a transformação geométrica τ é agora possı́vel colocar a definição
analı́tica de cada elemento real em termos das coordenadas x pela definição
analı́tica simples de seus elementos de referência em função das coordenadas
não dimensionais ξ. Assim, para o elemento triangular de três nós, pode-se
obter sua expressão analı́tica como se verá a seguir.
O elemento de referência é definido como:

ξ+η ≤ 1 (5.40)
ξ ≤ 0 (5.41)
η ≤ 0 (5.42)

Considere a transformação linear τ abaixo:


 
n o
 xi 

x(ξ, η) = 1−ξ−η ξ η xj  (5.43)


xk 
 
n o
 yi 

y(ξ, η) = 1−ξ−η ξ η yj (5.44)

 

yk
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 86

Tal que satisfaça as seguintes propriedades:

• Os nós geométricos do elemento de referência com coordenadas h0, 0i,


{1, 0}, {0, 1} transformam-se nos nós geométricos do elemento real xi ,
xj , xk . Por exemplo,
 
n o
 xi 

x(ξ = 0, η = 0) = 1 0 0 xj = xi (5.45)

 

xk

• Cada contorno do elemento de referência transforma-se no contorno


correspondente do elemento real. Por exemplo, o contorno passando
através dos nós {1, 0} e {0, 1} que é descrito pela equação

1−ξ−η =0 (5.46)

transforma-se no contorno do elemento real passando através de xi e


xj , para os quais a equação paramétrica é:
 
n o
xi 

x= 0 ξ 1−ξ 
xj 
= ξ xj + (1 − ξ) xk (5.47)
 
xk
 
n o
 yi 

y= 0 ξ 1−ξ y = ξ yj + (1 − ξ) yk (5.48)
 j 
 
yk

Nota-se que a equação acima é linear em ξ e η, e depende apenas das


coordenadas xi e xk dos nós pertencentes a este contorno.
Sendo a matriz Jacobiana de transformação não singular, a transformação
deve uma a uma ser avaliada.
( ∂x ∂y ) " #
∂ξ ∂ξ x j − x i yj − yi
[J] = = (5.49)
∂x
∂η
∂y
∂η
x k − x i yk − yi

det(J) = (xj − xi )(yk − yi ) − (xk − xi )(yj − yi ) (5.50)


O determinante da matriz Jacobiana é igual ao dobro da área do triângulo.
Este pode anular-se apenas quando os três nós estão na mesma linha.
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 87

5.4 Aproximação no Elemento de Referência.


Espaços Isoparamétricos

Forma Algébrica da Função de Aproximação u(x)

Escolhe-se um conjunto de nós interpolados de coordenadas xi em um


domı́nio Ω. Esses nós não precisam coincidir com os nós geométricos. Para
cada elemento real usa-se uma aproximação nodal, como na eq.(9.95).

 

 u1 


 

 
( ) " #


v1 


u(x, y) N1 0 N2 0 N3 0  u2 
u= = {N(x)}T {q}
v(x, y) 0 N1 0 N2 0 N3 
 v2 


 


 u3 


 

 
v3
(5.51)
Agora, substituindo a aproximação no elemento real pela aproximação
correspondente no elemento de referência tem-se

u(ξ) = {N(ξ)}T q (5.52)


onde {N(ξ)}T são as funções de interpolação para o elemento de referência.

Vale lembrar que nas funções {N(ξ)}T , x e ξ são relacionados pela função
de transformação definida na eq.(5.34).

Na expressão (5.51) as funções N(x) dependem das coordenadas de cada


elemento e então são diferentes para cada elemento. Por outro lado, na
expressão (5.52) as funções N(ξ) são independentes da geometria do elemento
real. Um único conjunto de funções N(ξ) pode então ser usado para todos
os elementos que têm a mesma referência ou pertencem a mesma famı́lia de
elementos. Uma famı́lia de elementos é caracterizado pela:

• sua forma;

• seus nós geométricos;

• seus nós de interpolação.

Para o caso de elemento triangular de três nós a interpolação no elemento


de referência é dada por:
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 88

 

ui 

u(ξ, η) = hN1 (ξ, η) N2 (ξ, η) N3 (ξ, η)i uj (5.53)

 
uk 

N1 (ξ, η) = 1 − ξ − η (5.54)
N1 (ξ, η) = ξ (5.55)
N1 (ξ, η) = η (5.56)

A expressão u(ξ, η) obtida pela interpolação no elemento de referência é


idêntica à expressão 9.79 de u(x,y) obtida para o elemento real desde que os
pontos (ξ, η) e (x,y) sejam relacionados pela seguinte transformação τ :
 

 xi 

x(ξ, η) = hN̄1 N̄2 N̄3 i  xj  (5.57)

xk 
 

 yi 

y(ξ, η) = hN̄1 N̄2 N̄3 i  yj  (5.58)

yk 
onde N̄1 ≡ N1 , N̄2 ≡ N2 , N̄3 ≡ N3 .

É fácil mostrar que u(ξ0, η0 ) ≡ u(x0, y0 ) se o ponto (ξ0 , η0 ) corresponde


ao (x0, y0) na transformação τ .

5.5 Construção das Funções N(ξ) e N̄ (ξ)


As transformações geométricas N̄ (ξ) e as funções de interpolação N(ξ) pos-
suem propriedades idênticas. Eles podem algumas vezes ser construı́dos com
polinômios. Tais polinômios são sempre polinômios de Lagrange ou de Her-
mite; contudo um método sistemático tem sido encontrado para todos os
casos. Um número bem conhecido de fórmulas tem sido encontrado para os
elementos clássicos.
Seguindo o procedimento descrito por Dhatt e Touzot [1], serão con-
struı́das as funções de interpolação para o elemento isoparamétrico triangular
de três nós e de seis nós.

I. Escolha da base polinomial

Pode-se escrever u(ξ), o elemento de referência, na forma de uma com-


binação linear de funções independentes conhecidas P1 (ξ), P2 (ξ), ...
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 89

cuja maioria são monômios independentes. A escolha das funções Pi (ξ)


é uma das mais importantes operações no método de elementos finitos.

Considerando-se o caso de uma aproximação linear, tem-se:


 

a1 
 
u(ξ) = hP1 (ξ) P2 (ξ) P3 (ξ)i a2 (5.59)

 
a3 
n o
Com {P } = 1 ξ η

Já para o caso de uma aproximação quadrática, pode-se escrever:

 

 a1 


 


 a2 


 

n o a3 
u(ξ) = P1 (ξ) P2 (ξ) P3 (ξ) P4 (ξ) P5 (ξ) P6 (ξ)

 a4 


 


 a5 


 

 
a6
n o (5.60)
Com {P } = 1 ξ η ξ 2
ξη η 2

Ou seja, usando-se uma aproximação linear para u(ξ, η) e v(ξ, η), no


domı́nio elementar, tem-se

u(ξ, η) ≈ ũ(ξ, η) = α1 + α2 ξ + α3 η (5.61)


v(ξ, η) ≈ ṽ(ξ, η) = α4 + α5 ξ + α6 η (5.62)
onde ũ e ṽ são aproximações lineares para u e v.
Pode-se, portanto, reescrever esta expressão matricialmente, de tal for-
ma que

 

 α1 


 

 
( ) " #


α2 


ũ(ξ, η) 1 ξ η 0 0 0  α3 
u= = = PTα (5.63)
ṽ(ξ, η) 0 0 0 1 ξ η 
 α4 


 


 α5 


 

 
α6
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 90

Ou ainda, usando-se uma aproximação quadrática para u(ξ, η) e v(ξ, η),


no domı́nio elementar, tem-se

u(ξ, η) ≈ ũ(ξ, η) = α1 + α2 ξ + α3η + α4 ξ 2 + α5 ξη + α6 η 2 (5.64)


v(ξ, η) ≈ ṽ(ξ, η) = α7 + α8ξ + α9 η + α10ξ 2 + α11ξη + α12η(5.65)
2

onde ũ e ṽ são aproximações lineares para u e v.


Pode-se, portanto, reescrever esta expressão matricialmente, de tal for-
ma que

 

 α1 


 


 α2 


 


 


 α3 


 


 α4 


 


 

( ) " #


α5 


ũ(ξ, η) 1 ξ η ξ 2 ξη η 2 0 0 0 0 0 0  α6 
u= =
ṽ(ξ, η) 0 0 0 0 0 0 1 ξ η ξ2 ξη η 2 
 α7 



 


 α8 


 


 α9 


 


 


 α10 


 


 α1 1 


 

 α 2 
1
(5.66)

= PTα (5.67)

O conjunto de funções P (ξ) constitui a base polinomial da interpolação.


O número de termos na base deve ser igual ao número de graus de
liberdade do elemento. Assim, como se verifica nas eqs.(5.59) e (5.60),
o elemento linear possui três graus de liberdade (GDL), enquanto o
quadrático possui seis graus de liberdade, em cada direção. Uma base
polinomial completa é sempre preferı́vel, todavia isto nem sempre é
possı́vel de ser obtido.

Para construir as funções de transformação geométricas N̄, seleciona-se


expressões de mesma forma para x, y.
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 91

η y u
3
3 u
u t n
3 2 2
3

1
u
1 2 1
u u ξ x
1 2

Figura 5.6: Elemento triangular linear


η y u u
u 5 4
5 5
t n 4 3 u
5 u 3
6 6 2
u u
6 6 4 4 u
2
u 1
3 u
1 2 3 1
u u u ξ x
1 2 3

Figura 5.7: Elemento triangular quadrático

x(ξ) = {P̄ (ξ)}T {ax } (5.68)


y(ξ) = {P̄ (ξ)}T {ay } (5.69)

O número de funções P̄ (ξ e coeficientes ax , ay e αi é igual ao número


de nós geométricos do elemento.

Pode-se definir então que:

• Os coeficientes a e α são chamados variáveis generalizadas do


elemento para distingui-las das variáveis q;
• A expressão u(ξ) = {P (ξ)}T {a} define um aproximação general-
izada para ser distinta da aproximação nodal u(ξ) = {N(ξ)}T {q};
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 92

II. Relação entre variáveis nodais e generalizadas

Para cada nó de interpolação das coordenadas ξi , a função u(ξ) avalia


seu valor nodal ui = u(ξ):

Para o triângulo de três nós:

   

 
~u1  hP1 (ξ 1 ) P2 (ξ 1 ) P3 (ξ1 )
~u2 = q =  
 hP1 (ξ 2 ) P2 (ξ 2 ) P3 (ξ2 )  {a} (5.70)

 
~u3  hP1 (ξ 3 ) P2 (ξ 3 ) P3 (ξ3 )
q = [Pn ]{a} (5.71)

A relação expressa por eq.(5.70) pode ser escrita como

    

 u1 
 1 ξ1 η1 0 0 0   α1 


 
   


 v1 

  0 0 0 1 ξ1 η1  

 α 


 
2

 
  
 

u2  1 ξ2 η2 0 0 0  α
q= =   3
= P nα (5.72)
  1 ξ2 η2 


v2 
  0 0 0 


α4 


 
   



u3 


 1 ξ3 η3 0 0 0  


α5 



   
v3 0 0 0 1 ξ3 η3 α6

Substituindo-se os valores nos nós i,j,k do triângulo de referência (fig.5.6),


tem-se [17]:

u(0, 0) = u1 = α1
u(1, 0) = u2 = α1 + α2ξ (5.73)
u(0, 1) = u3 = α1 + α3η

Obtendo-se então que:


    

 u1 
 1 0 0   α1 

 
u2 =  1 1 0   α2 = P nu α (5.74)

 
 
u3 1 0 1  α3 

Tem-se então para ui que,


CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 93

α = P −1
n q (5.75)

ou seja,
    

 α1 
 1 0 0   u1 

 
α2 =  −1 1 0   u2 (5.76)

 
 
α3 −1 0 1  u3 

As expressões para vi são obtidas de forma análoga.

Para o triângulo de seis nós

   

 ~u1 
 P1 (ξ 1 ) P2 (ξ 1 ) P3 (ξ 1 ) P4 (ξ1 ) P5 (ξ1 ) P6 (ξ 1)

 
 


 ~u2 

  P1 (ξ 2 ) P2 (ξ 2 ) P3 (ξ 2 ) P4 (ξ2 ) P5 (ξ2 ) P6 (ξ 2) 


 
  
~u3  P1 (ξ 3 ) P2 (ξ 3 ) P3 (ξ 3 ) P4 (ξ3 ) P5 (ξ3 ) P6 (ξ 3) 
=q=   {a}
 ~u4   P1 (ξ 4 ) P2 (ξ 4 ) P3 (ξ 4 ) P4 (ξ4 ) P5 (ξ4 ) P6 (ξ 4) 

 
  

 
  

 ~u5 
  P1 (ξ 5 ) P2 (ξ 5 ) P3 (ξ 5 ) P4 (ξ5 ) P5 (ξ5 ) P6 (ξ 5) 

 

~u6 P1 (ξ 6 ) P2 (ξ 6 ) P3 (ξ 6 ) P4 (ξ6 ) P5 (ξ6 ) P6 (ξ 6)
(5.77)
= [Pn ]{a} (5.78)

Assim, para ui pode-se reescrever a expressão acima como:


 

 α1 


 


 α2 

 
n o
 α3


~u(ξ, η) = 1 ξ η ξ 2 ξη η 2 (5.79)

 α4 


 


 α5 


 

 
α6

Substituindo-se os valores nos nós i,j,k do triângulo de referência (fig.5.7),


tem-se:

u(0, 0) = u1 = α1
1 1 1
u( , 0) = u2 = α1 + α2 ξ + α4 ξ 2
2 2 4
u(1, 0) = u2 = α1 + α2 ξ + α4 ξ 4 (5.80)
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 94

1 1 1 1 1 1 1
u( , ) = u2 = α1 + α2 + α3 + α4ξ 2 + α5 ξη + α6 η 2
2 2 2 2 4 4 4
u(0, 1) = u3 = α1 + α3 + α6η 2 η
1 1 1 1
u( , ) = u2 = α1 + α3 + α6 η 2
2 2 2 4

Obtendo-se:

    

 u1 
 1 0 0 0 0 0 
 α1 


 
   


 u2 
  1 0.5 0 0.25 0 0  α2 


 
   

 u3   1 1. 0 1 0 0  α3 
=   = P nu α (5.81)
 u4   1 0.5 0.5 0.25 0.25 0.25  α4 

 
   

 
   


 u5 
  1 0 1 0 0 1 
 α5 



 
 
 

u6 1 0 0.5 0 0 0.25 α6

Tem-se então para ui ,

α = P −1
n q (5.82)

ou seja,
    

 α1 
 1 0 0 0 0 0 
 u1 


 
   


 α2 
  −3 4 −1 0 0 0  u2 


 
   

 α3   −3 0 0 0 −1 4  u3 
=   (5.83)
 α4   2 −4 2 0 0 0  u4 

 
   

 
   


 α5 
  4 −4 0 4 0 −4 
 u5 



 
 
 

α6 2 0 0 0 2 −4 u6

As expressões para vi são obtidas de forma análoga.

III. Expressão analı́tica para N e N̄

Para o triângulo de três nós

Substituindo-se 5.59 em 5.70,

u(ξ) = {P (ξ)}T [Pn ]−1q (5.84)


CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 95

ou

u(ξ) = {N(ξ)}T q (5.85)


onde
N(ξ) = {P (ξ)}T [Pn]−1 (5.86)

Da mesma forma, tem-se

x(ξ) = {N̄ (ξ)}T xi (5.87)


y(ξ) = {N̄ (ξ)}T yi (5.88)

onde
N̄(ξ) = {P (ξ)}T [Pn]−1 (5.89)

sendo

N̄ (ξ) = N(ξ) (5.90)

Para este elemento as funções de forma são definidas como sendo:

N1 = 1 − ξ − η (5.91)
N2 = ξ (5.92)
N3 = η (5.93)

e finalmente pode-se definir a matriz de funções de forma como:


n o
{N}T = N1 N2 N3 (5.94)

Desta maneira a interpolação da geometria é escrita por:

X
3
x(ξ, η) = N̄1 x1 + N̄2 x2 + N̄3x3 = N̄i xi (5.95)
i=1
X3
y(ξ, η) = N̄1 y1 + N̄2 y2 + N̄3 y3 = N̄i yi (5.96)
i=1
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 96

onde x(ξ, η) e y(ξ, η) são as coordenadas dos pontos em relação a um


sistema local de referência, e xn e yn são as coordenadas cartesianas
globais dos nós do elemento triangular linear.
E os deslocamentos, analogamente:

X
3
u(ξ, η) = N1 u1 + N2u2 + N3 u3 = Ni ui (5.97)
i=1
X3
v(ξ, η) = N1 v1 + N2 v2 + N3v3 = Ni vi (5.98)
i=1

Para o triângulo de seis nós

Substituindo-se 5.60 em 5.77,

u(ξ) = {P (ξ)}T [Pn ]−1q (5.99)

ou

u(ξ) = {N(ξ)}T q (5.100)


onde
N(ξ) = {P (ξ)}T [Pn]−1 (5.101)

Da mesma forma, tem-se

x(ξ) = {N̄ (ξ)}T xi (5.102)


y(ξ) = {N̄ (ξ)}T yi (5.103)

onde
N̄(ξ) = {P (ξ)}T [Pn]−1 (5.104)

sendo

N̄ (ξ) = N(ξ) (5.105)

Para este elemento as funções de forma são definidas como sendo:


CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 97

N1 = 1 − 3η + 2η 2 − 3ξ + 4ηξ + 2ξ 2 (5.106)
N2 = 4ξ − 4ηξ − 4ξ 2 (5.107)
N3 = −ξ + 2ξ 2 (5.108)
N4 = 4ηξ (5.109)
N5 = −η + 2η 2 (5.110)
N6 = 4η − 4η 2 − 4ηξ (5.111)

e finalmente pode-se definir a matriz de funções de forma como:


n o
{N}T = N1 N2 N3 N4 N5 N6 (5.112)

Deste modo a interpolação da geometria é escrita por:

x(ξ, η) = N̄1 x1 + N̄2x2 + N̄3 x3 + N̄4 x4 + N̄5 x5 + N̄6 x7


X
6
= N̄i xi (5.113)
i=1
y(ξ, η) = N̄1 y1 + N̄2y2 + N̄3 y3 + N̄4 y4 + N̄5y5 + N̄6 y6
X
6
= N̄i yi (5.114)
i=1

onde x(ξ, η) e y(ξ, η) são as coordenadas dos pontos em relação a um


sistema local de referência, e xn e yn são as coordenadas cartesianas
globais dos nós do elemento triangular linear.
E os deslocamentos, analogamente:

u(ξ, η) = N1 u1 + N2u2 + N3 u3 + N4 u4 + N5u5 + N6 u6


X
6
= Ni ui (5.115)
i=1
v(ξ, η) = N1 v1 + N2 v2 + N3 v3 + N4v4 + N5 v5 + N6 v6
X
6
= Ni vi (5.116)
i=1
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 98

Transformação dos Operadores Diferenciais

Generalidades

As equações que governam o problema fı́sico são escritas no domı́nio real


e involvem funções desconhecidas de u e suas derivadas: ∂u , ∂u . Considerando
∂x ∂y
que a aproximação no espaço do elemento real é sempre mais complicada, é
mais conveniente trabalhar no espaço do elemento de referência

u ≈ u(ξ) = {N(ξ)}T q (5.117)


juntamente com a transformação τ definida da seguinte forma:

τ : ξ → x = x(ξ) = [N̄(ξ)]{(xi )} (5.118)


Ou ainda,

τ −1 : x → ξ = ξ(x) (5.119)
Desde que o inverso da transformação τ −1 é geralmente muito difı́cil de
construir, exceto para os elementos mais simples, é mais conveniente avaliar
todos os operadores no espaço do elemento de referência. Para expressões
contendo derivadas referentes ao espaço real (x,y) é necessário obter as ex-
pressões equivalentes no espaço do elemento de referência (ξ, η). Tais ex-
pressões dependem da matriz Jacobiana de transformação.

Derivadas Primeira

Usando a regra da cadeia do cálculo, obtem-se as seguintes expressões:


( ∂
) " ∂x ∂y #( ∂
)
∂ξ ∂ξ ∂ξ ∂x
∂ = ∂x ∂y ∂ (5.120)
∂η ∂η ∂η ∂y
ou

{∂ξ } = [J]{∂x} (5.121)


onde [J] é a matriz Jacobiana da transformação geométrica. Uma ex-
pressão similar é obtida trocando-se as derivadas do espaço real pelas do
espaço de referência.
( ∂
) " ∂ξ ∂ξ #( ∂
)
∂x ∂x ∂y ∂ξ
∂ = ∂η ∂η ∂ (5.122)
∂y ∂x ∂y ∂η
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 99

ou

{∂x} = [j]{∂ξ } (5.123)


Sendo,
[j] = [J]−1 (5.124)
Pode-se notar que, na prática, é a matriz [J] que é explicitamente defini-
da, sendo a matriz [j] obtida numericamente a partir de [J]−1 .
Assim, para o caso bidimensional define-se que:
" # " #
J11 J12 −1 1 J22 −J12
[J] = ; [J] = (5.125)
J21 J22 det(J ) −J21 J11

Avaliação dos termos de [J]

Os vários termos de [J] são obtidos diretamente da expressão (5.34) ree-


scrita como a seguir:
n oT h i
x y = {N̄(ξ)}T xi yi (5.126)
sendo xi e yi as coordenadas dos nós geométricos. Logo, a matriz Jacobiana
será dada por:
( ) " #
∂ n oT hN̄,ξ i h i
∂ξ
[J] = x y = xi y i (5.127)

∂η
hN̄,η i
O Jacobiano é obtido como o produto de duas matrizes, uma contendo as
derivadas das funções de transformação geométrica com respeito ao espaço
do elemento de referência, e outra contendo as coordenadas reais dos nós
geométricos do elemento.

Assim, para o elemento triangular linear (três nós) tem-se:


 
−1 
 

∂N
{ }= 1  (5.128)

0 
∂ξ
e
 
−1 
 

∂N
{ }= 0  (5.129)

1 
∂η

Logo,
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 100

" #
x2 − x1 y2 − y1
[J] = (5.130)
x3 − x1 y3 − y1
sendo

det(J ) = 2A = (x2 − x1 )(y3 − y1) − (x3 − x1)(y2 − y1 ) (5.131)

Já para o elemento triangular quadrático (seis nós) tem-se:


 

 −3 + 4η + 4ξ 


 


 4 − 4η − 8ξ 


 

∂N  −1 + 4ξ 
{ }= 
(5.132)
∂ξ 
 4η 


 


 0 


 

−4η
e
 

 −3 + 4η + 4ξ 


 


 −4ξ 


 

∂N  0 
{ }= (5.133)
∂ξ 
 4ξ 

  


 0 


 

 
4 − 8η − 4ξ
Logo,

J 11 = −3x1 + 4x2 − x3 + ξ(4x1 − 8x2 + 4x3 )


+η(4x1 − 4x2 + 4x4 − 4x6 ) (5.134)
J 12 = −3y1 + 4y2 − y3 + ξ(4y1 − 8y2 + 4y3 )
+η(4y1 − 4y2 + 4y4 − 4y6 ) (5.135)
J 21 = −3x1 + η(4x1 − 8x6 ) + ξ(4x1 − 4x2 + 4x4 − 4x6 ) + 4x6(5.136)
J 22 = −3y1 + η(4y1 − 8y6 ) + ξ(4y1 − 4y2 + 4y4 − 4y6 ) + 4y6 (5.137)

Usando-se as definições (5.120) e (5.121), e as expressões dos Jacobianos


dos elementos triangulares linear e quadrático, obtem-se uma relação entre
as operações de derivação, definidas no espaço real ou de referência.

Transformação de uma Integral


CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 101

A mudança de variáveis dada por (5.118) permite mudar o domı́nio de


integração da função f no domı́nio real Ω para uma integração mais simples
no espaço do elemento de referência Ωr .
Z Z
f(x)dxdydz = f(x(ξ)) det(J )dξdηdζ (5.138)
Ω Ωr
sendo det(boldmath J) o determinante da matriz Jacobiana [J]. O vol-
ume elementar é definido por um produto misto

dV = (d~x × d~y ).d~z (5.139)


Em um sistema cartesiano pode-se escrever
d~x = dx.~i; d~y = dy~j ; d~z = dz~k (5.140)

onde ~i, ~j, ~k são vetores unitários.


Isto conduz a:
dV = dx dy dz. (5.141)
No espaço do elemento de referência
dV = (dξ~ × d~η ).dζ~ (5.142)
onde

dξ~ = (J11~i + J21~j + J31~k)dξ (5.143)


d~η = (J12~i + J22~j + J32~k)dη (5.144)
dζ~ = (J13~i + J23~j + J33~k)dζ (5.145)
Portanto,

dV = det(J)dξdηdζ (5.146)
Após a obtensão da forma analı́tica, deve-se então resolver a integração
numérica do domínio elementar usando-se, por exemplo, o esquema de pontos
de Hammer. Pode-se também definir o elemento triangular de três nós por
um referêncial local em coordenadas de área, avaliando as expressões através
de manipulação simbólica, evitando-se assim a integração numérica.

Vale lembrar que uma formulação isoparamétrica é mais geral que uma
formulação geométrica de referência local. Logo, tendo-se o procedimen-
to geral dominado, não só os elementos triangulares lineares e quadráticos
podem ser desenvolvidos sem muito custo, mas toda família de elementos
quadrilineares.
CAPÍTULO 5. APROXIMAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS. 102

5.6 Exemplo - Problema de ”a definir ”.


Capı́tulo 7
Aplicações em estruturas
unidimensionais

7.1 Elementos Finitos para estruturas Unidi-


mensionais de Barra
Fabiano Assis Rodrigues
Engenharia Mecânica - 1996
Renato Pavanello
DMC-UNICAMP

7.2 Introdução e Metodologia


No que se refere a parte teórica, a qual envolve a obtenção das equações
clássicas de análise matricial de estruturas e a aproximação de Elementos
Finitos, a metodologia adotada pode ser dividida em duas etapas:

• Formulação das equações diferenciais que governam o problema de


equilı́brio estático

• Construção das formas integrais do problema através do Métado dos


Resı́duos Ponderados do tipo Galerkin, e aplicação do Método dos El-
ementos Finitos

104
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS105

7.2.1 Formulação das Equações Diferenciais que Gov-


ernam o Problema de Equilı́brio Estático
Este estágio tem o objetivo de sistematizar a aplicação dos conceitos gerais
da Mecânica dos Sólidos deformáveis, procurando-se sintetizar suas equações
básicas, de forma a se obter as equações diferenciais que governam os movi-
mentos de estruturas simples [36] [39].
Serão abordados inicialmente os problemas de equilı́brio estático, de es-
truturas deformáveis sujeitas a cargas externas. A aplicação aos casos de
elementos estruturais unidimensionais, tais como barras submetidas a forças
axiais é feita procurando-se deixar claro em que medida este equacionamento
é um caso particular da teoria geral da elasticidade.
A sitemática básica a ser utilizada para as aplicações explicitadas será a
seguinte:

• Definição do Modelo geométrico a partir das hipóteses cinemáticas


básicas.

• Escolha de um modelo constitutivo, baseado nas caracterı́sticas dos


materiais.

• Aplicação das equações de equilı́brio para obtenção das equações difer-


encias que governam o problema.

• Discussão das condições de contorno do problema.

A partir desta metodologia, será criada uma rotina não somente para o
tratamento de problemas triviais da mecânica, como também para problemas
mais complexos de placas e cascas, com não linearidade geométrica ou de
material, e no futuro para problemas de vibrações e dinâmica.

7.2.2 Construção das Formas Integrais do Problema


através do Método dos Resı́duos Ponderados do
Tipo Galerkin e Aplicação do Método dos Ele-
mentos Finitos
A sistematização de um procedimento para se chegar às formas integrais que
governam os problemas de equilı́brio estático baseado nas equações diferen-
ciais permite, na nossa opinião, uma melhor uniformização na formulação
de problemas da mecânica em geral, de maneira a tornar-se possı́vel poste-
riormente a ampliação deste escopo a assuntos relacionados a Elasticidade,
Transferência de Calor e Mecânica dos Fluidos.
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS106

Com este objetivo, a partir da metodologia adotada na seção anteri-


or, estabelecem-se as equações diferenciais que governam os problemas da
seguinte maneira:

L(u) − f = 0 no domı́nio Ω (7.1)

C(u) − g = 0 na fronteira Γ (7.2)


onde L e C são operadores diferenciais, u são as variáveis do problema, f e
g são funções conhecidas.
O Método dos Resı́duos Ponderados permitirá a transformação destes
problemas em formas integrais [35] [?], as quais assumem a seguinte forma
genérica inicial:
Z
W (L(u) − f)dΩ = 0 (7.3)

onde W são funções de ponderação. A aplicação do Método Galerkin e
de técnicas de integração por partes permitem escrever o problema em sua
forma Fraca [35] [2] , a qual pode ser usada para a aproximação de Elementos
Finitos [2] [37] [8] :

u∼
= ũ = [N]{ū} (7.4)
onde ũ são as soluções aproximadas, [N] é a matriz das funções de forma e
{ū} são as variáveis nodais descritas num sistema de coordenadas elementar,
definidas por uma dada discretização. A partir desta aproximação, con-
strõem-se as matrizes de rigidez e os vetores de força nodal equivalente no
sistema de coordenadas elementar.

7.2.3 Obtenção das Matrizes Globais para Elementos


Estruturais
Chegando-se às equações de análise matricial de estruturas através do
Método dos Resı́duos ponderados e após a aproximação de Elementos Finitos,
dentro desta etapa, modelam-se os elementos estruturais pela superposição
das matrizes calculadas, levando-se em consideração os esforços aos quais po-
dem estar submetidos tais elementos, e, faz-se a montagem do sistema global
passando-se os elementos estruturais do referencial local para o global [33]
[34], de maneira a generalizar a sua aplicação em problemas planos e espacias
e permitir a posterior implementação computacional.
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS107

7.3 Modelagem do Elemento de Barra Sub-


metida a Forças Axiais
Neste capítulo tem-se o problema de uma barra sujeita a forças axiais,
cuja dimensão principal, o seu comprimento L, é bem maior que as outras
de forma a permitir a redução do problema ao caso unidimensional.

7.4 Obtenção da Equação Diferencial do El-


emento
7.4.1 Modelo Geométrico para a Barra
Considera-se a barra da figura 7.1, sujeita ao carregamento externo F , e
com comprimento L, e de seção transversal de área A.

Figura 7.1: Barra submetida a Tração / Compressão

A hipótese cinemática básica consiste em supor que, após a aplicação da


carga, todas as seções que eram inicialmente retas, permanecem retas. Assim
a deformação na direção do eixo longitudinal da barra é dado por:

• Elemento diferencial da Barra Indeformada é ∆x.

• Após a aplicação da carga o novo comprimento é dado por:


∂u
∆x + ( ∆x) (7.5)
∂x
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS108

• E a deformação de uma fibra, a qual é constante para toda a seção, é


dada pela relação entre a posição deformada e a indeformada, ou seja:

[∆x + ( ∂u
∂x
)∆x] − ∆x]
εxx = (7.6)
∆x
ou seja para toda a seção, tem-se:

∂u
εxx = (7.7)
∂x

7.4.2 Modelo de Material, Escolha da Lei Constitutiva


Esta etapa consiste em, à partir do tipo de material da barra, definir-se uma
lei de comportamento, que relacione as tensões internas e as deformações
da estrutura. Considera-se em um primeiro tempo, que o material da barra
é homogêneo, isotrópico e tem comportamento linear elástico. Nestas con-
dições uma lei constitutiva que pode ser adotada é a Lei de Hooke, que para
o caso unidimensional pode ser escrita da seguinte forma:

σxx = Eεxx (7.8)


onde
• σxx são as tensões na direção longitudinal ba barra

• E é o módulo de elasticidade do material


• εxx é a deformação na direção longitudinal da barra

7.4.3 Equações de Equilı́brio da Barra


Aqui o objetivo é definir as equações diferenciais de equilı́brio à partir das
Leis de Newton.
Considera-se inicialmente a barra submetida a força F de tração mostrada
na Figura 7.2, e assume-se que a seção reta permanece plana após a defor-
mação (hipótese cinemática), e que a distribuição de esforços internos ,σxx,
também é constante. Logo, aplicando a condição de equilı́brio para a direção
x tem-se:
Z Z
F = σxxdA = σxx dA = σxx A (7.9)
A A
Onde σxx é a tensão normal de tração ou compressão e A é a área da
seção transversal da barra.
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS109

Figura 7.2: Barra em corte - Equilı́brio entre tensões internas e Forças ex-
ternas concentradas

Substituindo as expressões 7.7 e 7.8 na expressão 7.9 tem-se a primeira


equação de equilı́brio dada por:
∂u
F = σxx A = Eεxx A = EA (7.10)
∂x
A segunda equação de equilı́brio do sistema, que é de certa forma mais
geral que a equação 9.7, considera o fato que a barra esteja submetida a uma
carga distribuı́da de valor p(x), conforme mostrado na figura 7.3.
Nesta configuração a aplicação da condição de equilı́brio na direção x é
dada por:

−Fx + p(x)dx + Fx + dFx = 0 (7.11)


o que conduz imediatamente a:
dFx
p(x) = − (7.12)
dx
substituindo a Eq. 9.7 na Eq. 9.9 tem-se finalmente:
d du
p(x) = − (EA ) (7.13)
dx dx
ou ainda na forma padrão da equação diferencial de uma barra, dada por:

d2u
EA + p(x) = 0 (7.14)
dx2
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS110

Figura 7.3: Barra sujeita a carga distribuı̀da

A equação 7.14 governa o problema analisado, e é válida em todo o


domínio da barra.

7.5 Condições de Contorno para o Caso da


Barra
A fim de se completar o conjunto de equações que governam o problema de
equilı́brio estático de uma barra deformável, deve-se indicar as condições de
contorno possı́veis para o problema.
Dois tipos de condições de contorno clássicas podem ser usados:

• Condições de contorno essenciais, definidas como:

u = ū em Γ1 (7.15)

que corresponde a condição de apoio restrito ou de deslocamentos im-


postos.
• Condições de contorno Naturais, definidas como:

∂u F
= em Γ2 (7.16)
∂x EA
onde F = 0 para extremidades livres, e F = F̄ nos pontos onde há carga
pontual aplicada. Esta condição garante a continuidade das tensões
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS111

internas com as trações externas nas fronteiras. As cargas distribuı́das


p(x̄) encontram-se incluı́das na formulação do domı́nio, equação 7.14.

7.6 Resumo das Equações da Barra em Movi-


mentos Axiais
O problema acima descrito na sua forma diferencial pode ser enunciado da
seguinte forma:
Achar u que satisfaça:



2
EA ddxu2 + p(x) = 0 no domı́nio Ω



sujeito a:
(7.17)

 u = ū em Γ1


 ∂u
= F
em Γ2
∂x EA
O problema diferencial deve então ser passado para a forma integral
usando-se o Método dos Resı́duos Ponderados para posterior aproximação
por Elementos Finitos, e consequente obtenção das equações de análise ma-
tricial.

7.7 Obtenção da Equação Matricial para o


Elemento de Barra
7.7.1 Aplicação do Método dos Resı́duos Ponderados
Para a resolução da equação diferencial 7.14, utiliza-se a teoria do Método
dos Resı́duos Ponderados que induz à obtenção de uma aproximação de tal
equação. Nesta aproximação deve-se minimizar o erro, ou resı́duo R, que é
uma função em Ω = [Γ1 , Γ2 ] e pode ser escrita da seguinte forma:

RΩ = L(u) − f (7.18)
onde

• L é um operador diferencial linear

• f independe de u

Para a minimização deste resı́duo, requere-se que um número apropriado


de integrais do erro em Ω, ponderado de diferentes maneiras (neste caso será
usada a ponderação do tipo Galerkin), seja zero. Matematicamente:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS112

Z
Wl RΩ dΩ = 0 l = 1, 2, 3, ..., M (7.19)

onde Wl (l = 1, 2, 3, ..., M) são um conjunto de funções de ponderação.
Para o caso da barra, a equação 7.19 fica:
Z ! !
d du
k + p(x) Wl dΩ = 0 (7.20)
Ω dx dx
onde K = EA
Resolvendo-se esta integral por partes, com base no Teorema de Green,
obtém-se a Forma Fraca de 7.20:

Z !Z Z Z
dWl du du du
k dx − Wl p(x)dx − k Wl dΓ − k Wl dΓ = 0 (7.21)
Ω dx dx Ω Γ1 dx Γ2 dx

Esta equação pode ainda ser escrita da seguinte forma:

Z ! Z " # " #
dWl du du du
k dx − Wl p(x)dx − k Wl − k Wl =0 (7.22)
Ω dx dx Ω dx Γ1
dx Γ2

que corresponde a forma integral do problema, obtida pelo Método dos


Resı́duos Ponderados. O próximo passo é então a escolha das funções de
ponderação, que, como proposto para este projeto, será baseada no Método
Galerkin.

Escolha das funções de ponderação : Método Galerkin


A escolha das funções de ponderação será baseada, como previamente propos-
to, no Método Galerkin, no qual estas são escolhidas como sendo as funções
de forma Nl (l = 1, 2, 3, ..., M), que são parâmetros utilizados na aproximação
e que serão obtidas posteriormente na aplicação do Método dos Elementos
Finitos. Dessa forma, tem-se:

Wl = Nl l = 1, 2, 3, ..., M (7.23)
E a equação 7.22 fica da seguinte forma:

Z Z " # " #
dNl du du du
k dx = Nl p(x)dx + k Nl + k Nl (7.24)
Ω dx dx Ω dx Γ1
dx Γ2

Uma vez escolhido o tipo de ponderação, deve-se aplicar o Método dos


Elementos Finitos.
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS113

7.7.2 Aplicação do Método dos Elementos Finitos


Discretização
De uma forma geral, a aplicação do Método dos Elementos Finitos corre-
sponde a subdividir, ou seja discretizar, um domı́nio qualquer Ω, onde uma
função é definida, em vários subdomı́nios Ωe e construir uma aproximação em
cada subdomı́nio. Neste caso, as integrais definidas existentes nas equações
de aproximação podem ser obtidas simplesmente somando-se as contribuições
em cada subdomı́nio:
Z E Z
X
Wl RΩ dΩ = Wl RΩe dΩe (7.25)
Ω e=1 Ωe

onde

• E corresponde ao número total de subdivisões

A principal vantagem deste procedimento está no fato de tornar possı́vel


a aproximação a curvas relativamente complexas de maneira mais fácil ao
subdividı́-la em curvas simples.
A análise do elemento estrutural barra como vem sendo desenvolvida
neste texto é um caso do Método dos Elementos Finitos no qual apenas um
subdomı́nio é utilizado. Portanto, o domínio Ω = [Γ1, Γ2 ] considerado até
então corresponde a apenas um elemento, e a fronteira do problema, Γ1 e Γ2 ,
corresponde às extremidades da barra.

Aproximação: Escolha das Funções de Forma


A aplicação do M.E.F. induz a obtenção de uma aproximação ũ, válida no
domı́nio Ω = 0 ≤ x̄ ≤ L do elemento, que possui a seguinte forma:

X
M
u∼
= ũ = um Nm (7.26)
m=1

onde

• um (m = 1, 2, 3, ..., M) são parâmetros utilizados na aproximação

• Nm (m = 1, 2, 3, ..., M) são funções de forma

Os parâmetros um e as funções de forma devem garantir uma aproximação


de maneira que ũ → u quando M → ∞. Para um valor finito de M, a equação
7.24 pode ser representada matricialmente por:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS114

ũ = [N]{u} (7.27)
A escolha das funções de forma segue uma maneira geral desenvolvida
quando é aplicado o Método dos Elementos Finitos. Esta escolha é baseada
no suporte geométrico adotado, que para o caso da barra é mostrado na
figura 7.4

Figura 7.4: Suporte Geométrico do Elemento de Barra Submetida a Forças


Axiais

No caso da barra, a variável primária da equação diferencial 7.14 que


resume seu problema de equilı́brio estático, corresponde ao deslocamento
nodal u, o qual, à partir das condições de contorno do problema, baseadas
no suporte geométrico adotado, pode ser aproximado da seguinte maneira:

u(x̄) ∼
= ũ(x̄) = α1 + α2x̄ (7.28)
que também pode ser escrito:
( )
n o α1
u(x̄) ∼
= ũ(x̄) = 1 x̄ (7.29)
α2
onde x̄ representa um referencial local do elemento, mostrado na figura 7.4.
Esta aproximação pode ser avaliada em x̄ = 0 e x̄ = L, pontos que
correspondem aos nós da barra, e, conseqüentemente à fronteira do problema.
Tem-se portanto:

ũ(0) = α1 + α2 0 = ui (7.30)
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS115

ũ(L) = α1 + α2 L = uj (7.31)
Este sistema de equações pode ser representado:
( ) " #( )
ui 1 0 α1
= (7.32)
uj 1 L α2
o que leva à:
( ) " #( )
α1 1 0 ui
= (7.33)
α2 −1/L 1/L uj
Substituindo a equação acima na equação 7.29, chega-se à:
( )
n o ui
ũ(x̄) = 1− x̄
L

L (7.34)
uj
Tem-se então que as funções de forma correspondem à:

• Ni = 1 − x̄
L

• Nj = x̄
L

7.7.3 Matriz de Rigidez e Vetor de Força Nodal Equiv-


alente para o Elemento Barra
Inserindo-se a aproximação ũ, e considerando-se a análise no referencial local
do elemento (ver figura 7.4), chega-se a um sistema de equações lineares que
leva a equação 7.24 à seguinte forma:

2 Z Z L " # " #
X L dNm dNl dũ dũ
k dx̄um = Nl p(x̄)dx̄ + k Nl + k Nl
m,l=1 0 dx̄ dx̄ 0 dx̄ x̄=0
dx̄ x̄=L
(7.35)
Levando-se em consideração a notação indicial, matricialmente a equação
7.35 pode ser escrita da seguinte maneira:

" # ( )
RL dN1 dN1 dN2 dN1
u1
k dx̄ dx̄ dx̄ dx̄ dx̄ =
0 dN1 dN2 dN2 dN2
( dx̄ dx̄ ) dx̄ dx̄ (
u2 ) ( ) (7.36)
RL p(x̄)N1 dũ
dx̄
| x̄=0 N1
dũ
|
dx̄ x̄=L
N1
dx̄ + k +k
0
p(x̄)N2 dũ
|
dx̄ x̄=0
N2 dũ
|
dx̄ x̄=L
N2
ou:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS116

[K]{u} = {RT } + {RB } (7.37)


É possı́vel, para o caso de elementos estruturais, associar-se à equação
7.37 uma analogia fı́sica. No caso da barra, [K] corresponde a matriz de
rigidez deste elemento, u são os deslocamentos nodais, e R = {RT } + {RB }
representa o vetor de carregamento, todos representados num sistema de
coordenadas local
Sabendo-se os valores das funções de forma, calculadas na seção anterior,
tem-se:
dN1 1 dN2 1
=− e = (7.38)
dx̄ L dx̄ L
e cada termo da matriz de rigidez [K] pode ser calculado da seguinte maneira:
Z   
1 L 1 1 k
K11 = k − − dx̄ = k 2 [x̄] |L0 = (7.39)
0 L L L L
Seguindo um raciocı́nio análogo para o cálculo dos outros elementos de
[K], e sabendo que k = EA, chega-se a seguinte matriz de rigidez:
" #
AE 1 −1
K= (7.40)
L −1 1
Já em relação ao lado direito da equação 7.37, tem-se que o seu primeiro
termo denota:
Z ( )
L p(x̄)N1
RT = dx̄ (7.41)
0 p(x̄)N2
o que corresponde a contribuição de um carregamento p(x), o qual tendo sua
distribuição ao longo de x̄ conhecida permite a avaliação das integrais acima.
Por exemplo, se esta distribuição for constante e de valor Q tem-se:
( ) ( R   )
Z L QN1 Q 0L 1 − x̄
L
dx̄
dx̄ = R (7.42)
0 QN2 Q 0L Lx̄ dx̄
e ao resolver estas integrais obtem-se:
( )
QL
RT = 2 (7.43)
QL
2
o que mostra que este tipo de carregamento equivale a aplicação de metade
de sua carga total QL em cada nó da barra.
O segundo termo da direita da equação 7.37 denota essencialmente con-
dições de contorno do problema, pois seus termos são avaliados em Γ1 e Γ2 .
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS117

Em Γ1 , que corresponde a x̄ = 0, as funções de forma N1 e N2 assumem


valores 1 e 0 respectivamente, e, em Γ2 , que corresponde a x̄ = L, ocorre o
inverso, o que leva a:
( ) ( ) ( )
dũ
dx̄
|x̄=0 0 dũ
dx̄
|x̄=0
RB = k +k =k (7.44)
0 dũ
dx̄
|x̄=L dũ
dx̄
|x̄=L
Esta equação representa condições de contorno naturais definidas através de
valores prescritos de derivadas de deslocamento. O termo k(dũ/dx̄) = AEε =
Aσ denota força, e portanto:
( )

RB = (7.45)

corresponde as forças aplicadas nos nós da barra.
É importante lembrar que, caso o vetor de deslocamento u tenha algum
valor pré-definido, como por exemplo u1 = 0, ocorre que o valor F1 assume
inicialmente valor nulo, e, após os cálculos, esta força passa a representar a
reação no ponto Γ1 . Isto quer dizer que as condições de contorno naturais
num ponto não influenciarão o resultado final se, neste mesmo ponto, existir
uma condição de contorno essencial pré-definida.

7.8 Elementos Finitos para estruturas Unidi-


mensionais de Viga
Considera-se neste capítulo o problema de uma viga em equilı́brio, sob a
ação de apenas momentos fletores, ou seja, submetida a flexão pura. Assim
como no caso da barra, a viga a ser considerada possui um comprimento
L que, hipoteticamente, é bem maior que as dimensões que definem sua
seção transversal, permitindo-se desta forma, reduzir o problema ao caso
unidimensional.

7.9 Obtenção da Equação Diferencial do El-


emento
7.9.1 Modelo Geométrico para a Viga
Considera-se a viga de comprimento L da figura 7.5, sujeita a aplicação de
um momento fletor M, e cuja seção transversal de área A possui um eixo
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS118

Figura 7.5: Viga submetida a flexão pura

vertical de simetria. Seja a linha que passa pelo centróide de todas as seções
coincidente com o eixo da viga.
Para se definir a hipótese cinemática básica, deve-se imaginar vários
planos cortando a viga, perpendicularmente ao seu eixo, e vários planos hor-
izontais, de forma a se configurar uma grade na vista lateral da viga (figura
7.6).
Ao submeter a viga a momentos de flexão positivos M em suas extremi-
dades, a viga flexiona de modo que os planos perpendiculares ao eixo da viga
giram ligeiramente, e os planos horizontais se curvam (figura 7.7).
O fato de linhas como AB e CD permanecerem retas, permite a su-
posição de que as seções planas de uma viga, tomadas normalmente ao seu
eixo, permanecem planas após a viga ser fletida, o que corresponde à hipótese
cinemática básica para este problema de flexão. Tal hipótese despreza a defor-
mação de cisalhamneto da viga, de maneira que suas fibras são consideradas
ou tracionadas ou comprimidas após a deformação.
Assim, verifica-se que as fibras da parte de baixo da viga sofreram alonga-
mento, enquanto que as da parte de cima sofreram encurtamento. Esta
observação permite a suposição de que há no interior da viga uma fibra in-
deformada, a qual é chamada de superfı́cie neutra, e dista ρ do centro de
curvatura da curva elástica da viga (figura 7.8).
A localização da linha neutra e a determinação de seu raio ρ serão feitos
posteriormente, por exigirem consideração das relações de tensão-deformação
do material e dos requisitos de equilı́brio do membro todo.
A obtenção da deformação linear εxx de uma fibra genérica ab, distante y
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS119

Figura 7.6: Vista lateral da viga

Figura 7.7: Viga fletida


CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS120

Figura 7.8: Superfı́cie neutra

da linha neutra, é feita considerando-se um aumento ∆u desta fibra (figura


7.9).
Se este alongamento ∆u é dividido pelo comprimento inicial ∆x da fibra,
obtém-se então a deformação linear εxx :
∆u du
εxx = lim∆x→0 = (7.46)
∆x dx
Observa-se, entretanto, que as fibras possuem alongamentos ou encurta-
mentos diferentes, de forma que a deformação especı́fica varia linearmente
com a distância em relação a linha neutra. Matematicamente:

εxx = by (7.47)
onde b é uma constante.

7.9.2 Modelo de Material, Escolha da Lei Constitutiva


Esta etapa consiste em, à partir do tipo de material da viga, definir-se uma
lei de comportamento, que relacione as tensões internas e as deformações da
estrutura. Considera-se primeiramente, que o material da viga é homogêneo,
isotrópico e tem comportamento linear elástico. Nestas condições uma lei
constitutiva que pode ser adotada é a Lei de Hooke, que para o caso unidi-
mensional pode ser escrita da seguinte forma:

σxx = Eεxx (7.48)


CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS121

Figura 7.9: Deformação de uma fibra genérica

onde

• σxx são as tensões na direção longitudinal ba barra

• E é o módulo de elasticidade do material

• εxx é a deformação na direção longitudinal da barra

7.9.3 Equações de Equilı́brio da Viga


Mais uma vez serão usadas as Leis de Newton para se obter as equações
diferenciais de equilı́brio que governam o problema de uma viga em flexão.

Tensão em uma Fibra Genérica


Para se determinar a tensão atuante em uma fibra genérica ab (figura 7.8),
basta usar a Lei de Hooke:

σxx = Eεxx (7.49)


sabendo-se que

(ab)f inal − (ab)inicial


εxx = (7.50)
(ab)inicial
o que, a partir da geometria da figura 7.8, corresponde a:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS122

(ρ + y)θ − ρθ y
εxx = = (7.51)
ρθ ρ
o que, finalmente, leva a:
E
σ= y (7.52)
ρ

Determinação de ρ e da Origem de y, através das Condições de


Equilı́brio
Deve-se agora determinar o valor de ρ e a origem de y, termos que ainda são
incógnitas na equação 7.52. Eles serão calculados a partir das condições de
equilı́brio do problema, as quais podem ser resumidas em:
P
• Fx = 0
P
• M =0

Para a utilização da primeira condição, deve ser calculada a resultante


das forças internas na seção transversal na direção x. Resultante que, por
estar a viga submetida somente a momentos fletores, deve ser nula. Assim:
E
dFx = σxxdA = ydA (7.53)
ρ
integrando na área A:
EZ
Fx = ydA = 0 (7.54)
ρ A
Como E e ρ não podem ser nulos,
Z
ydA = 0 (7.55)
A
Esta integral denota o momento estático da seção transversal com relação
ao eixo que contém a linha neutra, a qual corresponde à interseção desta seção
com a superfı́cie neutra. Uma vez que seu valor é zero, conclue-se que a linha
neutra passa pelo centro de gravidade, ou centróide, da seção transversal.
Aplicando-se agora a segunda condição de equilı́brio:
X Z
M =0 ⇒ − ydFx + M = 0 (7.56)
A
Substituindo o valor de dFx dado pela equação 7.53:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS123

Figura 7.10: Viga fletida

Z
E 2 EZ 2
y dA = M ⇒ y dA = M (7.57)
A ρ ρ A
R
Como a integral A y 2dA corresponde ao momento de inércia I da seção
transversal da viga com relação ao eixo que contém a linha neutra, chega-se
a:
EI
ρ= (7.58)
M
Substituindo a expressão acima na equação 7.52, chega-se a:
M
σ= y (7.59)
I

Relações entre Deformação-Curvatura e Momento-Curvatura


O próximo passo corresponde a definição das relações entre deformação-
curvatura e momento-curvatura. Para isso deve-se observar as figuras 7.10 e
7.11, que representam a viga fletida, e são análogas as figuras 7.8 e 7.9.
Nota-se na vista aumentada do elemento A0B 0C 0D0 , que o ângulo definido
pelas duas seções adjacentes é ∆θ. Dessa forma, a deformação ∆u de qual-
quer fibra pode ser expressa por:

∆u = y∆θ (7.60)
Como a fibra ff 0 , a qual caracteriza a superfı́cie neutra, não se deforma,
tem-se que seu comprimento ∆s corresponde ao comprimento inicial de todas
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS124

Figura 7.11: Vista aumentada de A’B’C’D’

as fibras compreendidas entre as seções A0B 0 e C 0D0 . Dividindo-se então a


equação 7.60 por ∆s, formam-se as seguintes relações:
∆u ∆θ
lim∆s→0 = ylim∆s→0 (7.61)
∆s ∆s
ou
du dθ
=y (7.62)
ds ds
O termo du/ds corresponde a deformação linear,
du
= εxx (7.63)
ds
enquanto que o termo dθ/ds tem um significado geométrico. Pela figura 7.11,
observa-se que:

∆s = ρ∆θ (7.64)
o que leva a:
∆θ dθ 1
lim∆s→0 = = (7.65)
∆s ds ρ
que é a definição de curvatura.
Substituindo as equações 7.63 e 7.65 em 7.62, pode-se exprimir a relação
fundamental entre a curvatura da linha elástica e a deformação linear, por:
1 εxx
= (7.66)
ρ y
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS125

Como esta abordagem trata de problemas elásticos, pode-se utilizar a Lei


de Hooke εxx = σxx/E, e, o valor de σ calculado analiticamente e explicitado
pela equação 7.59, para, ao substituir no valor de ε na equação 7.66, obter:
1 M
= (7.67)
ρ EI
Esta equação relaciona o momento fletor M, em uma dada seção de uma
viga elástica de momento de inércia I, em relação a linha neutra, com a
curvatura 1/ρ da curva elástica.

Equação Diferencial para Flexão de Vigas


A partir dos conceitos de Geometria Analı́tica, mostra-se que, em coorde-
nadas cartesianas, a curvatura de uma linha é definida por:

1 d2 v/dx2
=  2 3/2 (7.68)
ρ dv
1 + dx

onde x e v são as coordenadas de um ponto sobre a curva, as quais, associadas


ao problema considerado, representam a distância de um ponto sobre a linha
elástica de uma viga fletida, e a deflexão do mesmo ponto em relação a sua
posição inicial, respectivamente.
Por tratar esta análise de deformações pequenas, ou seja, flexões peque-
nas, a inclinação dv/dx também é pequena, de forma que seu quadrado é
desprezı́vel em relação a unidade. Tal consideração, permite a simplificação
da equação 7.68 para:

1 d2 v
= 2 (7.69)
ρ dx
Com base nesta relação e na equação 7.67, obtém-se a equação diferencial
para a flexão de uma viga elástica, denotada por:

d2 v M
2
= (7.70)
dx EI
Pode-se obter, ainda, uma equação mais geral que esta, caso seja con-
siderada a possibilidade de existir um carregamento p(x) ao longo da viga,
como está representado na figura 7.12:
Nesta configuração, as forças atuantes em um elemento dx podem ser
representadas conforme mostrado na figura 7.13:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS126

Figura 7.12: Viga submetida a carregamento externo

Figura 7.13: Forças atuantes em elemento dx


CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS127

Observa-se que, devido a possı́veis variações de força cortante Q e mo-


mento fletor M, convenciona-se indicar as respectivas quantidades do lado
direito do elemento por Q + dQ e M + dM.
Pela condição de equilı́brio de forças cortantes tem-se:
dQ
−Q − pdx + (Q + dQ) = 0 ⇒ =p (7.71)
dx
Já pela condição de equilı́brio de momentos, e, considerando (dx)2 de-
sprezı́vel:

dM
−(M + dM) + Qdx + M + (pdx)(dx/2) ⇒ =Q (7.72)
dx
Substiutindo a equação 7.72 em 7.71, obtém-se a relação entre momento
fletor e carga distribuı́da:

d2 M
= p(x) (7.73)
dx2
Com base nesta relação, define-se a equação diferencial da viga num con-
texto mais geral, da seguinte maneira. Pela equação 7.70:

d2 v
M = EI (7.74)
dx2
Substituindo este valor de M na equação 7.73, chega-se a:
!
d2 d2 v d4 v
EI = p(x) ⇒ EI = p(x) (7.75)
dx2 dx2 dx4
que corresponde a equação diferencial para o problema de flexão de uma viga
em sua forma mais usual.

7.10 Condições de Contorno para a Viga


A prescrição de condições de contorno finalizam o conjunto de equações
necessárias, para uma análise completa do problema de flexão de vigas.
Os dois tipos de condições de contorno clássicas que podem ser usados
são:

• Condições de Contorno Essenciais, definidas por exemplo em Γ1 , como:


CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS128

v = v̄
dv (7.76)
γ = dx = γ̄
que correspondem a condição de apoio restrito, ou de deflexões e rotações
impostas.

• Condições de Contorno Naturais, definidas por exemplo em Γ2 , como:

∂ 3v Q
∂x3
= EI
∂ 2v M (7.77)
∂x2
= EI
onde, para extremidades livres, M e Q são nulos, e, para extremidades com
força cortante e momento fletor aplicados M = M̄ e Q = Q̄.

7.11 Resumo das Equações da Viga em Flexão


O problema acima descrito na sua forma diferencial pode ser enunciado da
seguinte forma:
Achar v que satisfaça:
 4


d v
EI dx 4 = p(x) no domı́nio Ω


 sujeito a:
(7.78)

 v = v̄; dv
γ = dx = γ̄ em Γ1


 3
∂ v Q ∂ 2v M
∂x3
= EI ; ∂x2
= EI em Γ2
O problema diferencial deve então ser passado para a forma integral
usando-se o Método dos Resı́duos Ponderados para posterior aproximação
por Elementos Finitos, e consequente obtenção das equações de análise ma-
tricial.

7.12 Obtenção da Equação Matricial para o


Elemento de Viga
7.12.1 Aplicação do Método dos Resı́duos Ponderados
Para a resolução da equação diferencial 7.75, utiliza-se a teoria do Método
dos Resı́duos Ponderados que induz à obtenção de uma aproximação para tal
equação. Nesta aproximação, a minimização do resı́duo R em Ω = [Γ1 , Γ2 ]
implica em, matematicamente:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS129

Z
Wl RΩ dΩ = 0 l = 1, 2, 3, ..., M (7.79)

onde Wl (l = 1, 2, 3, ..., M) são um conjunto de funções de ponderação.


Para o caso da viga, a equação 7.79 fica:
Z !
d4 v
EI 4 − p(x) Wl dΩ = 0 (7.80)
Ω dx
Integrando esta equação por partes duas vezes, com base no Teorema de
Green, obtém-se a Forma Fraca de 7.80:

R  2 2
 R
Ω EI
d Wl d v
dx − Ω Wl p(x)dx+
R   R  
dx2 dx2
d3 v 2 d3 v dWl d2 v
(7.81)
−EI Γ1 Wl dx3 − dW l d v
dx dx2
dx − EI Γ2 Wl dx3 − dx dx2
dx = 0

Esta equação pode ainda ser escrita da seguinte forma:

Z Z ! " #
d2 Wl d2 v d3 v dWl d2 v Γ2
EI dx− Wl p(x)dx−EI Wl 3 − | = 0 (7.82)
Ω dx2 dx2 Ω dx dx dx2 Γ1

que corresponde a forma integral do problema, obtida pelo Método dos


Resı́duos Ponderados. O próximo passo é então a escolha das funções de
ponderação, que, como proposto para este projeto, será baseada no Método
Galerkin.

Escolha das Funções de Ponderação : Método Galerkin


A escolha das funções de ponderação será baseada, novamente, no Método
Galerkin, no qual estas são escolhidas como sendo as funções de forma, as
quais serão definidas posteriormente. Tem-se portanto:

Wl = Nl ; l = 1, 2, 3, ..., M (7.83)
E a equação 7.82 fica da seguinte forma:

Z !
Z " #
d2 Nl d2 v d3 v dNl d2 v Γ2
EI dx − Nl p(x)dx − EI Nl − | = 0 (7.84)
Ω dx2 dx2 Ω dx3 dx dx2 Γ1

Após a escolha do tipo de ponderação, o próximo passo é a aplicação do


Método dos Elementos Finitos.
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS130

7.12.2 Aplicação do Método dos Elementos Finitos


Discretização
A análise do elemento estrutural viga, da maneira como proposta, similar-
mente à do elemento barra, é um caso do Método dos Elementos Finitos no
qual apenas um subdomı́nio é utilizado. Portanto, o domínio Ω = [Γ1 , Γ2 ]
considerado até então corresponde a apenas um elemento, e a fronteira do
problema, Γ1 e Γ2 , corresponde às extremidades da viga.

Aproximação: Escolha das Funções de Forma


A aplicação do M.E.F. induz a obtenção de uma aproximação ṽ, válida no
domı́nio Ω = 0 ≤ x̄ ≤ L, que possui a seguinte forma:

X
M
v∼
= ṽ = vm Nm (7.85)
m=1

onde

• vm(m = 1, 2, 3, ..., M) são parâmetros utilizados para se obter uma boa


aproximação

• Nm (m = 1, 2, 3, ..., M) são funções de forma

Como já foi dito na análise do elemento barra, os parâmetros vm e as


funções de forma devem garantir uma aproximação de maneira que ṽ → v
quando M → ∞. Para um valor finito de M, a equação 7.85 pode ser escrita
na forma matricial:

ṽ = [N]{v} (7.86)
As funções de forma são calculadas, mais uma vez, à partir das condições
de contorno do problema, as quais estão baseadas no suporte geométrico do
elemento, que neste caso está mostrado na figura 7.14.
No caso da viga, a variável primária da equação diferencial 7.75, que
resume seu problema de equilı́brio estático, corresponde a deflexão v, a qual
pode ser aproximada por uma função cúbica da seguinte maneira:

v(x̄) ∼
= ṽ(x̄) = α1 + α2 x̄ + α3x̄2 + α4 x̄3 (7.87)
que também pode ser escrito:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS131

Figura 7.14: Suporte Geométrico de um Elemento de Viga

 

α1 

n o
α2


v(x̄) ∼
= ṽ(x̄) = 1 x̄ x̄2 x̄3 
(7.88)
 α3 


 

α4
Esta aproximação pode ser avaliada em x̄ = 0 e x̄ = L, pontos que
correspondem aos nós da viga, e, conseqüentemente ao contorno do problema.
Porém, a avaliação desta aproximação nestes dois pontos não são suficientes
para se determinar as quatro incógnitas α1, α2 , α3 e α4 do problema.
Dessa maneira, deve-se utilizar ainda a derivada desta aproximação, a
qual corresponde a uma rotação γ:
dṽ
= γ̃(x̄) = α2 + 2α3 x̄ + 3α4 x̄2 (7.89)
dx̄
Estas funções (equações 7.87 e 7.89) valem no contorno:

ṽi = α1
em x̄ = 0 (7.90)
γ̃i = α2

ṽj = α1 + α2 L + α3 L2 + α4 L3
em x̄ = L (7.91)
γ̃j = α2 + 2α3 L + 3α4 L2

Este sistema de equações pode ser representado na forma matricial:


CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS132

    

 ṽi 
 1 0 0 0 
 α1 


 
   

γ̃i 0 1 0 0 α2
=


 (7.92)

 ṽj 
  1 L L2
L3  α3 


 
 
 

γ̃j 0 1 2L 3L2 α4
o que leva a:
    

 α1 
 1 0 0 0 
 ṽi 


 
   

α2  0 1 0 0  γ̃i
=  (7.93)


 α3 


 −3/L −2/L 3/L
2 2
−1/L 
 ṽj 


   
α4 2/L3
1/L −2/L
2 3
1/L2 γ̃j
Substituindo a equação acima na equação 7.87, chega-se à:

  
1 0 0 0 
 ṽi 

o  
n
 0 1 0 0  γ̃i 
v(x̄) ∼
= ṽ(x̄) = 1 x̄ x̄2 x̄3  
 −3/L2 −2/L 3/L2 −1/L 
 ṽj 


 
2/L3 1/L2 −2/L3 1/L2 γ̃j
(7.94)
Tem-se então que as funções de forma correspondem à:
2 3
• N1 = 1 − 3 Lx̄ 2 + 2 Lx̄ 3
2 x̄3
• N2 = x̄ − 2 x̄L + L2
2 3
• N3 = 3 Lx̄ 2 − 2 Lx̄ 3
2 x̄3
• N4 = − x̄L + L2

Matriz de Rigidez e Vetor de Carga Nodal Equivalente para o El-


emento Viga
Inserindo-se a aproximação ṽ, e considerando-se a análise no referencial local
do elemento (ver figura 7.14), chega-se a um sistema de equações lineares que
leva a equação 7.84 à seguinte forma:

4 Z Z L ! " #
X L d2 Nl d2 Nm d3 ṽ dNl d2 ṽ L
EI EI 2 dx̄2
dx̄v m = N l p(x̄)dx̄+EI N l 3
− 2
|0 = 0
m,l=1 0 dx̄ 0 dx̄ dx̄ dx̄
(7.95)
Levando-se em consideração a notação indicial, matricialmente a equação
7.95 pode ser escrita da seguinte maneira:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS133

 d2 N1 d2 N1 d2 N2 d2 N1 d2 N3 d2 N1 d2 N4 d2 N1
  
dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 
ṽ1
 

 d2 N1 d2 N2 d2 N2 d2 N2 d2 N3 d2 N2 d2 N4 d2 N2  
 

RL   γ̃1
EI 0 

dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2  dx̄
 =

d2 N1 d2 N3 d2 N2 d2 N3 d2 N3 d2 N3 d2 N4 d2 N3
 
 ṽ2 

dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 
 

d2 N1 d2 N4 d2 N2 d2 N4 d2 N3 d2 N4 d2 N4 d2 N4 γ̃2
dx̄2 dx̄2 dx̄2 2 h
dx̄ dx̄2 idx̄2  dx̄2 dx̄
2 h i 
  

3
N d ṽ |L 
 
 dN1 d2 ṽ
| L 
 (7.96)
 p(x̄)N1  
 h 1 dx̄3 3 i 0 
 
 h dx̄ dx̄2 i
2 0 


 
 
 
 
 L 

RL p(x̄)N2   N d ṽ |L   dN2 d ṽ
| 
dx̄ + EI  h 2 dx̄3 3 i 0 − EI  h dx̄ dx̄ 2
i 0
0   

 p(x̄)N3 
 
 N d ṽ |L 
 

dN3 d2 ṽ
|L  
  
 h 3 dx̄3 3 i 0 
 
 h dx̄ dx̄2 2 i 0  

p(x̄)N4 
 
 
 L 
d ṽ
N4 dx̄ 3 |L0 dN4 d ṽ
dx̄ dx̄ 2 0|

ou:

[K]{v} = {RT } + {RB } (7.97)


Assim como no caso da barra, associa-se à equação 7.97 uma analogia
fı́sica. No caso da viga, [K] corresponde a matriz de rigidez deste elemento,
v são as deflexões nodais e rotações, e f = {RT } + {RB } representa o vetor
de carregamento.
Sabendo-se os valores das funções de forma, obtidos na seção anterior,
tem-se:
d2 N1
dx̄2
= − L62 + 12x̄
L3
d2 N2
dx̄2
= − L4 + L6x̄2
d2 N3 (7.98)
dx̄2
= L62 − 12x̄
L3
d2 N4
dx̄2
= − L2 + L6x̄2
e a matriz de rigidez K é calculada integrando-se entre 0 e L os produtos
obtidos a partir dos termos acima. Com este procedimento chega-se a:
 
12 6L −12 6L
EI  6L 4L −6L 2L2
2 
 
K=   (7.99)
L3  −12 −6L 12 −6L 
6L 2L2 −6L 4L2
Já em relação ao lado direito da equação 7.97, tem-se que o seu primeiro
termo denota:
 
 p(x̄)N1 
Z L





p(x̄)N2
RT = dx̄ (7.100)

 p(x̄)N3 

0 
 

p(x̄)N4
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS134

o que corresponde a contribuição de um carregamento p(x̄), o qual tendo sua


distribuição ao longo de x̄ conhecida permite a avaliação das integrais acima.
Por exemplo, se esta distribuição for constante e de valor P tem-se:
 2 3 

 1 − 3x̄ + 2x̄ 

Z L


L2
2x̄2
L3
x̄3



x̄ − L + L
RT = P dx̄ (7.101)
 2x̄2 
3
0 
 − 2x̄ 



L2
2
L3
3 

− x̄L + Lx̄ 2
e ao resolver estas integrais obtem-se:
 


PL 


 2 

 P L2 
RT =  12 (7.102)

PL 

  2 

 P L2 
12

o que mostra que este tipo de carregamento equivale a aplicação de metade


de sua carga, P L/2, e de momentos de magnitude P L2 /12 em cada nó da
viga.
O segundo termo da direita da equação 7.97 exprime essencialmente con-
dições de contorno do problema, pois seus termos são avaliados em Γ1 e Γ2 .
Especificando-se que o contorno Γ1 corresponde ao ponto x̄ = 0, e Γ2 ao
ponto x̄ = L, tem-se:

• N1(x̄ = 0) = 1 ; N1 (x̄ = L) = 0 ; dN1


dx̄
(x̄ = 0) = 0 ; dN1
dx̄
(x̄ = L) = 0

• N2(x̄ = 0) = 0 e N2 (x̄ = L) = 0 ; dN2


dx̄
(x̄ = 0) = 1 ; dN2
dx̄
(x̄ = L) = 0

• N3(x̄ = 0) = 0 e N3 (x̄ = L) = 1 ; dN3


dx̄
(x̄ = 0) = 0 ; dN3
dx̄
(x̄ = L) = 0

• N4(x̄ = 0) = 0 e N4 (x̄ = L) = 0 ; dN4


dx̄
(x̄ = 0) = 0 ; dN4
dx̄
(x̄ = L) = 1

o que leva a:
   
 −d3 ṽ   0 

 
 
 



dx̄3 
 
 d2 ṽ 

0
RB = EI  − EI  dx̄2 (7.103)

d3 ṽ 
  0 


 dx̄3 
 
 

   d2 ṽ 
0 dx̄2
Esta equação representa condições de contorno naturais definidas através
de valores prescritos de derivadas de deflexão. O termo EI(d2 ṽ/dx̄2 ) = M
denota momento, enquanto que o termo EI(d3ṽ/dx̄3 ) = Q denota força.
Considerando-se a convenção de sentido de forças e momentos (figura 7.12),
tem-se então:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS135

 

 Q 


 

M
RB =  (7.104)
 Q 

  

M
corresponde aos momentos aplicados nos nós da barra.
Assim como no caso da barra, as condições de contorno naturais num
ponto não influenciarão o resultado final se, neste mesmo ponto, existir uma
condição de contorno essencial pré-definida.

7.13 Elementos Finitos para estruturas Uni-


dimensionais em Torção
Considera-se neste capı́tulo o problema de uma barra submetida a momentos
torçores. Assim como nos casos analisados anteriormente, a barra a ser con-
siderada possui um comprimento L que, hipoteticamente, é bem maior que
as dimensões que definem sua seção transversal, permitindo-se desta forma,
reduzir o problema ao caso unidimensional.

7.14 Obtenção da Equação Diferencial do El-


emento
7.14.1 Modelo Geométrico para a Barra em Torção
Considere-se a barra circular da figura 7.15 de comprimento L submetida,
em suas extremidades, a momentos torçores.
Através de cortes perpendiculares ao seu eixo, esta barra pode ser dividida
em vários elementos. Tomando-se dois elementos consecutivos de tamanho
genérico ∆x, observa-se a configuração de esforços mostrada na figura 7.16:
Nota-se que estes elementos, em virtude da simetria axial da geometria
original, e, por estarem submetidos aos mesmos esforços de torção, deverão
apresentar a mesma deformação. Esta consideração prova, por absurdo, que
as superfı́cies de suas extremidades não afundam ou abaulam, ou seja, per-
manecem planas e circulares de forma que elementos adjacentes, como os da
figura 7.16, possam se ”encaixar”de maneira a se configurar um eixo contı́nuo
após a deformação. Esta prova só é aceitável neste caso especı́fico de torção,
onde existe uma simetria axial antes e após a deformação.
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS136

Figura 7.15: Barra submetida a momentos torçores

Figura 7.16: Elementos consecutivos de uma barra torcida


CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS137

Figura 7.17: Representação de linhas radiais de elementos deformados

À partir da mesma consideração de que os elementos adjacentes devem


formar um eixo contı́nuo, pode-se ainda obter conclusões referentes a con-
figuração das linhas radiais de uma seção plana da barra. Ao se supor que
diferentes diâmetros da seção sofram deformações angulares diferentes após
a aplicação dos momentos, os elementos da figura 7.16 passam a apresentar o
aspecto de linhas radiais, as quais antes da deformação eram retas, conforme
indicado na figura 7.17:
Pela representação gráfica da figura 7.17, percebe-se que a seção direita
Sd1 do elemento 1 não é compatı́vel com a seção esquerda Se2 do elemento
2, com a qual deve se ”encaixar”. Assim, a única configuração cinemática
compatı́vel é a de que as linhas radiais de uma seção transversal de uma bar-
ra circular giram simplesmente, permanecendo portanto retas, quando ocorre
uma deformação de torção. Isso significa que, como consequencia da geome-
tria axial, os diâmetros da seção transversal giram de um mesmo ângulo. À
partir desta prova por absurdo, tem-se que as deformações angulares variam
linearmente desde o eixo central.
A simetria da deformação não leva, no entanto, a nenhuma conclusão no
que diz respeito a expansão ou contração da seção circular, ou, alongamento
ou encurtamento da barra. Entretanto, não parece plausı́vel admitir que
estas deformações sejam relevantes em virtude da aplicação de momentos
torsores. Dessa forma, assume-se que:

εr = ε θ = ε z = 0 (7.105)
Considerando-se então um sistema de coordenadas cilı́ndricas, com o eixo
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS138

Figura 7.18: Elemento genérico deformado

x̄ coincidente com o eixo da barra, tem-se que γrx é zero, já que segmentos de
linha infinitesimais nas direções r e x em um ponto permanecem ortogonais
durante a deformação. De maneira análoga, tem-se que γrθ também é nula,
já que segmentos de linha infinitesimais nas direções r e θ não apresentam
variações de ângulo entre eles, uma vez que as seções transversais apenas
giram. Portanto, conclue-se que a única deformação diferente de zero, cor-
responde a uma deformação angular (distorção) γxθ , a qual está associada a
uma tensão de cisalhamento τxθ .
A figura 7.18 esquematiza um elemento da barra submetida a torção, de
comprimento genérico ∆x e raio genérico r. Sendo φ o ângulo de torção,
tem-se que seu lado esquerdo tem um deslocamento angular φ, enquanto deu
lado direito tem um deslocamento angular φ +∆φ. Nota-se por este esquema
que:
  !
BC r∆φ dφ
γxθ = lim∆x→0 = lim∆x→0 =r (7.106)
∆x ∆x dx
onde dφ/dx é designada razão de torção, representando a rotação por unidade
de comprimento da barra ao longo de seu eixo; esta razão, dada esta definição,
corresponde a um valor constante.

7.14.2 Modelo de Material, Escolha da Lei constitutiva


Esta etapa consiste em, à partir do tipo de material da barra, definir-se uma
lei de comportamento, que relacione as tensões internas e as deformações
da estrutura. Considera-se em um primeiro tempo, que o material da barra
é homogêneo, isotrópico e tem comportamento linear elástico. Nestas con-
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS139

dições uma lei constitutiva que pode ser adotada é a Lei de Hooke, que para
o caso unidimensional pode ser escrita da seguinte forma:

τxθ = Gγxθ (7.107)


onde
• G corresponde ao módulo de elasticidade transversal

• τxθ é a tensão de cisalhamento

7.14.3 Equações de Equilı́brio da Barra


Mais uma vez serão usadas as Leis de Newton para se obter as equações
diferenciais de equilı́brio que governam o problema de uma barra em torção.
Para o equilı́brio da barra em relação a somatória de momentos, a dis-
tribuição das tensões de cisalhamento deve ter como resultante o momento
torçor M na seção. Matematicamente:
Z
M= τxθ rdA (7.108)
A
Substituindo o valor de τxθ dado pela equação 7.106:
Z Z
dφ dφ
M= Gr2 dA = G r2 dA (7.109)
A dx dx A
R
Sabendo-se que o termo r2 dA da equação acima corresponde ao momen-
to de inércia polar J da seção transversal em relação ao seu centro, pode-se
exprimir a seguinte relação:
dφ M
= (7.110)
dx GJ
Considerando ainda que a barra analisada pode estar submetida a um
torque distribuı́do mx , é possı́vel se obter uma forma mais geral da equação
acima. Neste caso, para um elemento infinitesimal dx, analisa-se a solicitação
de momentos torçores apresentada na figura 7.19:
Nota-se pela figura 7.19 que o equilı́brio deste elemento leva a seguinte
relação:

dM
mxdx + dM = 0 ⇒ = −mx (7.111)
dx
Diferenciando-se agora a equação 7.110 em relação a x, consideranco-se
GJ constante:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS140

Figura 7.19: Elemento de barra submetida a torque distrbuı́do

d2 φ dM
GJ 2
= (7.112)
dx dx
Finalmente, substituindo-se o valor de dM/dx dado pela equação 7.111
na expressão acima, obtém-se a equação diferencial que governa o problema
de barras submetidas a torção:

d2 φ
GJ + mx = 0 (7.113)
dx2

7.15 Condições de Contorno para a Barra


Para a resolução adequada da equação 7.113, deve-se especificar as seguintes
condições de contorno:
• Condições de Contorno Essenciais, definidas, em Γ1 , como:

φ = φ̄ em Γ1 (7.114)
que correspondem a condição de apoio restrito, ou de deformações angulares
impostas.
• Condições de Contorno Naturais, definidas, em Γ2 , como:

dφ M
= em Γ2 (7.115)
dx GJ
onde, para extremidades livres, M é nulo, e, para extremidades com momento
torçor aplicados M = M̄.
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS141

7.16 Resumo das Equações da Barra em Movi-


mentos Axiais
O problema acima descrito na sua forma diferencial pode ser enunciado da
seguinte forma:
Achar φ que satisfaça:


2

 GJ ddxφ2 + mx = 0 no domı́nio Ω


sujeito a:

(7.116)

 φ = φ̄ em Γ1

 ∂φ M
∂x
= GJ em Γ2
O problema diferencial deve então ser passado para a forma integral
usando-se o Método dos Resı́duos Ponderados para posterior aproximação
por Elementos Finitos, e consequente obtenção das equações de análise ma-
tricial.

7.17 Obtenção da Equação Matricial para o


Elemento de Barra em Torção
7.17.1 Aplicação do Método dos Resı́duos Ponderados
Utiliza-se a teoria do Método dos Resı́duos Ponderados para a resolução
da equação diferencial 7.113. Nota-se que este problema é extremamente
parecido com o de barra submetida a esforços axiais. A minimização do
resı́duo R em Ω implica em, matematicamente:
Z
Wl RΩ dΩ = 0 l = 1, 2, 3, ..., M (7.117)

onde Wl (l = 1, 2, 3, ..., M) é o conjunto das funções de ponderação.


Para o caso da barra em torção, a equação 7.117 fica:
Z !
d2 φ
GJ 2 + mx Wl dΩ = 0 (7.118)
Ω dx
Integrando esta equação por partes com base no Teorema de Green,
obtém-se a Forma Fraca de 7.118:

Z ! Z Z Z
dWl dφ dφ dφ
GJ dx − Wl mx dx − GJ Wl dΓ − GJ Wl dΓ = 0
Ω dx dx Ω Γ1 dx Γ2 dx
(7.119)
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS142

Esta equação pode ainda ser escrita da seguinte forma:

Z ! Z " # " #
dWl dφ dφ dφ
GJ dx − Wl mx dx − GJ Wl − GJ Wl =0
Ω dx dx Ω dx Γ1
dx Γ2
(7.120)
que corresponde a forma integral do problema, obtida pelo Método dos
Resı́duos Ponderados. O próximo passo é então a escolha das funções de
ponderação, que, como proposto para este projeto, será baseada no Método
Galerkin.

Escolha das Funções de Ponderação : Método Galerkin


Mais uma vez o Método Galerkin se constituirá na base da escolha das funções
de ponderação. Dessa forma tem-se:

Wl = Nl l = 1, 2, 3, ..., M (7.121)
e a equação 7.120 fica da seguinte maneira:

Z Z " # " #
dNl dφ dφ dφ
GJ dx = Nl mxdx + GJ Nl + GJ Nl (7.122)
Ω dx dx Ω dx Γ1
dx Γ2

Deve-se, agora, aplicar o Método dos Elementos Finitos.

7.17.2 Aplicação do Método dos Elementos Finitos


Discretização
A análise do elemento estrutural barra em torção, assim como no caso dos
demais elementos estudados até agora, também é um caso do Método dos
Elementos Finitos no qual apenas um subdomı́nio é utilizado. Portanto, o
domínio Ω = [Γ1 , Γ2 ] considerado até então corresponde a apenas um ele-
mento, e a fronteira do problema, Γ1 e Γ2 , corresponde às extremidades da
barra.

Aproximação: Escolha das Funções de Forma


A aplicação do M.E.F. leva a obtenção de uma aproximação φ̄, válida no
domı́nio Ω = 0 ≤ x̄ ≥ L do elemento, que possui a seguinte forma:

X
M
φ∼
= φ̃ = φm Nm (7.123)
m=1
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS143

Figura 7.20: Modelo Geométrico para Barra em Torção

onde

• φm (m = 1, 2, 3, ..., M) são parâmetros utilizados para se obter uma boa


aproximação

• Nm (m = 1, 2, 3, ..., M) são funções de forma

Como já foi dito em análises anteriores, os parâmetros φm e as funções


de forma devem garantir uma aproximação de maneira que φ̃ → φ quando
M → ∞. Para um valor finito de M, tem-se o seguinte sistema:

φ̃ = [N]{φ} (7.124)
As funções de forma são calculadas, mais uma vez, à partir das condições
de contorno do problema, a partir do modelo geométrico adotado, o qual é
apresentado na figura 7.20.
No caso da barra em torção, a variável primária da equação diferencial
7.113, que resume seu problema de equilı́brio estático, corresponde a defor-
mação angular φ, a qual pode ser aproximada pela seguite função:

φ(x̄) ∼
= φ̃(x̄) = α1 + α2 x̄ (7.125)
que também pode ser escrito:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS144

( )
n o α1
φ(x̄) ∼
= φ̃(x̄) = 1 x̄ (7.126)
α2
onde x̄ representa um referencial local do elemento, mostrado na figura 7.20.
Esta aproximação pode ser avaliada em x̄ = 0 e x̄ = L, pontos que
correspondem aos nós da barra, e, consequentemente à fronteira do problema.
Tem-se portanto:

φ̃(0) = α1 + α2 0 = φi (7.127)

φ̃(L) = α1 + α2 L = φj (7.128)
Este sistema de equações pode ser representado:
( ) " #( )
φi 1 0 α1
= (7.129)
φj 1 L α2
o que leva à:
( ) " #( )
α1 1 0 φi
= (7.130)
α2 −1/L 1/L φj
Substituindo a equação acima na equação 7.126, chega-se à:
( )
n o φi
φ̃(x̄) = 1− x̄
L

L
(7.131)
φj
Tem-se então que as funções de forma correspondem à:

• N1 = 1 − x̄
L

• N2 = x̄
L

7.17.3 Matriz de Rigidez e Vetor de Força Nodal Equiv-


alente para o Elemento de Barra em Torção
Inserindo-se a aproximação φ̃, e considerando-se a análise no referencial local
do elemento, chega-se a um sistema de equações lineares que leva a equação
7.122 à seguinte forma:

2 Z Z L " # " #
X L dNm dNl dφ̃ dφ̃
GJ dx̄φm = Nl mx̄ dx̄ + GJ Nl + GJ Nl
m,l=1 0
dx̄ dx̄ 0 dx̄ x̄=0
dx̄ x̄=L
(7.132)
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS145

Levando-se em consideração a notação indicial, matricialmente, a equação


7.132 pode ser escrita da seguinte maneira:

" # ( )
RL dN1 dN1 dN2 dN1
φ1
GJ dx̄ dx̄ dx̄ dx̄ dx̄ =
0 dN1 dN2 dN2 dN2
dx̄
φ2   
( dx̄ )
dx̄ dx̄
(7.133)
RL mx̄ N1  dφ̃
| N1   dφ̃
| N1 
dx̄ + GJ  dx̄ x̄=0 + GJ dx̄ x̄=L
N2   N2 
0
mx̄ N2 dφ̃
|
dx̄ x̄=0
dφ̃
|
dx̄ x̄=L

ou:

[K]{φ} = {RT } + {RB } (7.134)


Associa-se à equação 7.134 uma analogia fı́sica, sendo então [K] corre-
spondente a matriz de rigidez deste elemento para o problema de torção, φ
os deslocamentos angulares nodais, e f = {RT } + {RB } o vetor de carrega-
mento.
Sabendo-se os valores das funções de forma, obtidos na seção anterior,
tem-se:
dN1 1 dN2 1
=− e = (7.135)
dx̄ L dx̄ L
Dessa forma, chega-se a seguinte matriz de rigidez :
" #
GJ 1 −1
K= (7.136)
L −1 1
Já em relação ao lado direito da equação 7.134, tem-se que o seu primeiro
termo denota:
Z ( )
L mx̄N1
RT = dx̄ (7.137)
0 mx̄N2
o que corresponde a contribuição de um torque distribuı́do mx̄ , o qual tendo
sua distribuição ao longo de x̄ conhecida permite a avaliação das integrais
acima. Por exemplo, se esta distribuição for constante e de valor T tem-se:
( ) ( R   )
Z L T N1 T 0L 1 − x̄
L
dx̄
dx̄ = R (7.138)
0 T N2 T 0L Lx̄ dx̄
e ao resolver estas integrais obtem-se:
( )
TL
RT = 2 (7.139)
TL
2
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS146

o que mostra que à esta distribuição de torque, equivale a aplicação de metade


de seu torque total T L em cada nó da barra.
O segundo termo da direita da equação 7.134 denota essencialmente con-
dições de contorno do problema, pois seus termos são avaliados em Γ1 e Γ2 .
Em Γ1 , que corresponde a x̄ = 0, as funções de forma N1 e N2 assumem
valores 1 e 0 respectivamente, e, em Γ2 , que corresponde a x̄ = L, ocorre o
inverso, o que leva a:

( ) ( )  
 dφ̃
| 
dφ̃
|
dx̄ x̄=0
0 dx̄ x̄=0
RB = GJ + GJ = GJ  (7.140)
0 dφ̃
| dφ̃
| 
dx̄ x̄=L dx̄ x̄=L

Esta equação representa condições de contorno naturais definidas através de


valores prescritos de derivadas de deslocamento. O termo GJ(dφ̃/dx) = M
denota momento torçor, e portanto:
( )
M
RB = (7.141)
M
corresponde aos momentos torçores aplicados nos nós da barra.

7.18 Elementos Finitos para estruturas Retic-


uladas
7.19 Introdução
Em se tratando de estruturas reticuladas, a aplicação do Método dos Ele-
mentos Finitos, no que se refere a discretização, consiste em fazer a análise da
estrutura inteira levando-se em consideração a influência de cada elemento.
No caso da treliça, um elemento cuja deformacão restrige-se a deslocamentos
nodais, e, no caso do pórtico um elemento cuja deformação envolve desloca-
mentos nodais, torção e flexão, ou seja, sua matriz de rigidez corresponde a
uma superposição das matrizes obtidas para os casos especı́ficos estudados
nos capı́tulos anteriores.
Além de superpor estas matrizes, para se tornar possı́vel a análise de
estruturas planas e espaciais, os elementos devem ser descritos num sistema
de referência global, e não no sistema de referência local do elemento.
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS147

7.20 Obtenção da Matriz de Rigidez Global


para o Elemento de uma Treliça
Será analisado primeiramente o caso de uma treliça plana. Para um elemento
plano, a representação dos sistemas de referência local (x̄, ȳ) e global (x, y)
está representado na figura 7.21.

Figura 7.21: Representação dos Sistemas de Referência Global e Local

Pela figura 7.21 obtém-se a seguinte relação entre os dois sistemas de


coordenadas:

x̄ = xcosθi + ysenθj
(7.142)
ȳ = −xsenθi + ycosθj
onde i e j indicam as direções globais x e y, respectivamente.
Tem-se então que a matriz de transformação de coordenadas T corre-
sponde a:
" #
cosθ senθ
T = (7.143)
−senθ cosθ
Dos capı́tulos anteriores, tem-se que para um elemento sujeito somente
a forças axiais (elemento barra) a equação matricial que relaciona as forças
aplicadas com os deslocamentos nodais é:
" #( ) ( )
AE 1 −1 u1 F1u
= (7.144)
L −1 1 u2 F2u
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS148

Introduzindo v1, v2, deslocamentos nodais na direção ȳ, F1v e F2v , forças
na direção ȳ, a equação acima fica:
    
1 0 −1 0  u1 
 
F1u
 

    
AE  0 0 0 0 

 v
1
 
F1v 
  = (7.145)
L  −1 0 1 0  u2




 F2u





   
0 0 0 0 v2 F2v
A forma compacta desta equação é:

[K̄]{ū} = {F̄ } (7.146)


A barra colocada sobre as letras significa que estão representadas no sis-
tema de referência local. Para passar o vetor de deslocamento ū e o de forças
F̄ para o sistema de referência global, basta fazer:

{F } = [Tg ]−1{F̄ }
(7.147)
{u} = [Tg ]−1 {ū}
onde
" #
T 0
[Tg ] = (7.148)
0 T
Uma das propriedades da matriz [Tg ] é que sua inversa é igual a sua
transposta. Com base neste fato e nas equações 7.147, pode-se reescrever a
equação 7.146 da seguinte forma:

[Tg ]{F } = [K̄]{Tg }{u} ⇒ {F } = [Tg ]‘ [K̄][Tg ]{u} = [K]{u}


(7.149)
Nota-se poratanto que:

[K] = [Tg ]‘ [K̄][Tg] (7.150)


Conhecendo-se da equação 7.145 [K̄] e da equação 7.148 [Tg ], e represen-
tando cosθ = λ e senθ = µ, chega-se a:
 
λ2 Sim.
AE  λµ µ2 
 
K=   (7.151)
L  −λ2 −λµ λ2 
−λµ −µ λµ
2
µ2

que corresponde a matriz de rigidez global de um elemento de treliça plana.


O vetor de forças F denotará:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS149

 

 F1x 


 

F1y
F = (7.152)
 F2x 

  

F2y
forças segundo o sistema de referência global (x,y) aplicadas nos nós 1 e 2.
O vetor de deslocamentos u denotará:
 

 x1 


 

y1
u= (7.153)
 x2 


 

y2
deslocamentos segundo o sistema de referência global (x,y) aplicadas nos nós
1 e 2.

A generalização para a treliça espacial não envolve conceitos novos.

Figura 7.22: Representação Genérica de Elemento de Treliça Espacial

Da figura 7.22, pode-se escrever:

x̄ = cosθxx̄ i + cosθyx̄ j + cosθzx̄ k


ȳ = cosθxȳ i + cosθyȳ j + cosθzȳ k (7.154)
z̄ = cosθxz̄ i + cosθyz̄ j + cosθzz̄ k
onde, representando de uma maneira geral, θab é o ângulo entre os eixos a e
b.
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS150

Adotando a notação:

λu = cosθxx̄ λv = cosθxȳ λw = cosθxz̄


µu = cosθyx̄ µv = cosθyȳ µw = cosθyz̄ (7.155)
νu = cosθzx̄ νv = cosθzȳ νw = cosθzz̄
tem-se que a matriz de transformação de coordenadas, formada pelos cossenos
diretores, corresponde ent ao a:
 
λu µu νu
 
T =  λv µv νv  (7.156)
λw µw νw
Introduzindo na equação 7.145, referente ao elemento de treliça plana,
w1, w2 , F1w e F2w , deslocamentos e forças, respectivamente, em z̄, tem-se:
    
1 0 0 −1 0 0  u1  
 F1u 

    
 0 0 0 0 0 0 



 v 


1 



 F1v 



  
 
 

AE  0 0 
0 0 0 0  w1 F1w
 = (7.157)
 −1 
0 1 0 0 
L  0  u2  
 F2u 

 










 0 0 0 0 0 0 

v 2 





F2v 


   
0 0 0 0 0 0 w2 F2w
A definição de [Tg ] é exatamente a mesma da treliça plana. Note, no
entanto, que as matrizes de transformação de coordenadas [T ] são diferentes
para cada caso. Assim como para [Tg ], a definição de [K] também é similar,
sendo tal matriz definida pela equação 7.150. Portanto, conhecida da equação
7.157 [K̄], chega-se a:
 
λ2 Sim.
 
 λµ µ2 
 
AE  λν µν ν2 
K=   (7.158)
 −λ −λµ −λν λ
2 2 
L  
 
 −λµ −µ −µν λµ µ
2 2

−λν −µν −ν λν µν
2
ν 2

onde

λ = λu
µ = µu (7.159)
ν = νu
Esta matriz corresponde à matriz de rigidez global de um elemento de
treliça espacial.
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS151

Os vetores de força F e deslocamento u são análogos aos definidos para


treliça plana, porém com acréscimo de forças e deslocamentos em z referentes
aos nós 1 e 2.

7.21 Obtenção da Matriz de Rigidez Global


para o Elemento de um Pórtico
Primeiramente será analisado o caso de um elemento de pórtico plano. Por
ser considerado num plano, este tipo de elemento pode estar submetido a
dois esforços simultaneamente, que correspondem a momentos de flexão e
cargas axiais, como mostra a figura 7.23.

Figura 7.23: Configuração de Esforços para Elemento de Pórtico Plano

Para obter a matriz de rigidez para esta configuração de esforços, basta


superpor as matrizes obtidas para cada caso especı́fico de carregamento: axial
e de flexão. A superposição leva ao seguinte resultado:

u1 v1 γw1 u2 v2 γw2
AE
L
SIM.
12EI
0 L3
[K̄] = 0 − 6EI
L2
4EI
L (7.160)
− AE
L
0 0 AE
L
0 − 12EI
L3
6EI
L2
0 12EI
L3
0 − 6EI
L2
2EI
L
0 6EI
L2
4EI
L
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS152

Esta matriz, porém, ainda esta representada no sistema de coordenadas


local do elemento. O próximo passo é então representá-la no sistema de
referência global. Em se tratando de um problema plano, a matriz de trans-
formação de coordenadas [T ] é similar ao caso de elemento de treliça plana
(equação 7.143). No entanto, uma vez que a rotação γ é representada no
eixo z, deve-se acrescentar a esta matriz, linha e coluna referentes a este
eixo. Como, neste caso, o eixo z é coincidente com o eixo z̄, a matriz de
transformação de coordenadas [T ] fica:
 
cosθ senθ 0
[T ] =  −senθ cosθ 0 

 (7.161)
0 0 1
Tendo-se a matriz [Tg ] dada pela equação 7.148, e a matriz de rigidez [K̄]
explicitada anteriormente, aplicando-se a equação 7.150, chega-se a:

x1 y1 γz1 x2 y2 γz2
2 2 12I
Aλ + µ  L2
A − 12I
L2
λµ Aµ2 + λ2 12I
L2
E
[K] =  µL6I
  −λ L 
6I
4I
L
− Aλ + L2 µ
2 12I 2
−A + L2 λµ − 6I
12I
µ Aλ2 + 12I 2 µ
2
    L  L
− A − 12IL2
λµ − Aµ2 + 12I L2
λ2 λ 6I
L
A − 12I
L2
λµ Aµ2 + 12IL2
λ2
µ 6I
L
−λ 6IL
2I −µ 6I
L
λ 6I
L
4I
(7.162)
que corresponde a matriz de rigidez descrita no sistema de referêcia global
para o caso de um elemento de pórtico plano.

O caso mais geral de configuração de esforços ocorre quando se analisa um


elemento de pórtico espacial. Este elemento pode estar submetido a forças
axiais, flexão oblı́qua (momentos fletores em dois eixos) e torção, como mostra
a figura 7.24.
Para obter a matriz de rigidez para esta configuração de esforços, basta
superpor as matrizes obtidas para cada caso especı́fico de carregamento: ax-
ial, flexão e torção. Estas matrizes correspondem às obtidas nos capı́tulos
anteriores. Cabe aqui uma pequena observação: para melhor uniformização
no uso das variáveis, o ângulo de torção φ está aqui representado por γu . A
superposição leva ao seguinte resultado:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS153

Figura 7.24: Configuração de Esforços para Elemento de Pórtico Espacial

u1 v1 w1 γu1 γv1 γw1 u2 v2 w2 γu2 γv2 γw2


AE
L
Sim.
12EIw
0 L3
12EIv
0 0 L3
GJ
0 0 0 L
0 0 − 6EI
L2
v
0 4EIv
L
6EIw 4EIw
K̄ = 0 L2
0 0 0 L
− AE
L
0 0 0 0 0 AE
L
0 − 12EI
L3
w
0 0 0 − 6EI
L2
w
0 12EIw
L3
0 0 − L3
12EIv
0 6EIv
L2
0 0 0 12EIv
L3
0 0 0 − GJ
L
0 0 0 0 0 GJ
L
0 0 − 6EI
L2
v
0 2EIv
L
0 0 0 6EIv
L2
0 4EIv
L
0 − 6EI
L2
w
0 0 0 2EIw
L
0 − 6EI
L2
w
0 0 0 4EIw
L
(7.163)
onde
A = área da seção transversal
L = comprimento do elemento
E = módulo de elasticidade do material
G = módulo de elasticidade transversal (7.164)
J = momento de inércia polar
Iv = momento de inércia da seção transversal com relação a ȳ
Iw = momento de inércia da seção transversal com relação a z̄
Esta matriz está representada no sistema local. Em relação a este sistema,
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS154

é importante observar como devem ser definidos os eixos que o descrevem,


de forma a se obter os elementos da matriz de transformação de coordenadas
[T ] de maneira correta, posteriormente.
O eixo x̄ positivo deve ser sempre considerado do nó 1 para o 2, ou, de
maneira genérica, de i para j. O eixo ȳ deve coincidir com uma direção
principal de inércia da seção do elemento. Neste plano x̄ȳ define-se então um
ponto de referência R(figura 7.25), o qual, juntamente com as coordenadas
dos nós do elemento, descrevem a posição deste no espaço. Este ponto é
necessário uma vez que uma rotação em torno do eixo x̄, no caso de elementos
com seção assimétrica, pode alterar as matrizes elementares.

Figura 7.25: Representação do Ponto de Referência

Tendo-se as coordenadas dos nós i e j no referencial global, (xi , yi, zi ) e


(xj , yj , zj ) respectivamente, tem-se que os cossenos diretores do eixo x̄ em
relação aos eixos xyz globais são definidos por:
xj −xi yi −yu zj −zi
λu = L
µu = L
νu = L
(7.165)
1
onde L = ((xj − xi )2 + (yj − yi )2 + (zj − zi)2 ) 2
Definindo no sistema de referência global as coordenadas do ponto de
~Ox̄ e V
referência R como (xr , yr , zr ) , pode-se determinar as direções V ~OR da
seguinte forma:

   

 xj − xi 
 
xr − xi 

~Ou
V =  yj − yi  e V~OR =  yr − yi  (7.166)

zj − zi  
zr − zi 
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS155

onde O indica a origem do referencial elementar, neste caso o nó 1.


Supondo-se que o ponto de referência está no plano x̄ȳ local, pode-se
calcular o eixo V~Oz̄ utilizando-se da definição de produto vetorial:

V~Oz̄ = V~Ox̄ × V~OR (7.167)


Efetuando este produto vetorial, chega-se a:

   

 (yj − yi )(zr − zi ) − (zj − zi )(yr − yi ) 
 
 a 

V~Oz̄ =  (zj − zi)(xr − xi ) − (xj − xi )(zr − zi)  =  b  (7.168)

(xj − xi)(yr − yi ) − (yj − yi)(xr − xi )   c 

Assim, pode-se definir os cossenos diretores dos ângulos formados entre o


eixo local z̄ e os globais xyz:
(y −y )(z −z )−(z −z )(y −y )
λw = j i r i Lz j i r i
µw = (zj −zi )(xr −xi )−(x
Lz
j −xi )(zr −zi )
(7.169)
νw = (xj −xi )(yr −yi )−(y
Lz
j −yi )(xr −xi )

1
onde Lz = (a2 + b2 + c2) 2
Ainda resta, para a determinação dos componentes da matriz de transfor-
mação de coordenadas, a determinação dos cossenos diretores do eixo ȳ em
relação aos globais. Para isso, utiliza-se novamente da definição de produto
vetorial para se determinar a direção V~Oȳ :

~Oz̄ × V
V~Oȳ = V ~Ox̄ (7.170)
Efetuando este produto, pode-se finalmente definir estes cossenos dire-
tores através das seguintes expressões:
b(zj −zi )−c(yj −yi )
λv = Ly
c(xj −xi )−a(zj −zi )
µv = Ly (7.171)
a(yj −yi )−b(xj −xi )
νv = Ly

onde Ly = {[b(zj − zi ) − c(yj − yi )]2 + [c(xj − xi ) − a(zj − zi )]2 + [a(yj − yi) −


1
b(xj − xi )]2} 2
A partir das expressões 7.165, 7.169 e 7.171, obtém-se a matriz de trans-
formação de coordenadas [T ] definida pela equação 7.156 desenvolvida na
seção de análise de treliça espacial.
A matriz [Tg ] que passa a matriz de rigidez do referencial local para o
global é então definida por:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS156

 
T 0
 T 
[Tg ] = 


 (7.172)
 T 
0 T
Com auxı́lio da equação 7.150, tendo [Tg ] definida acima e [K̄] definida
por 7.163, obtém-se a matriz de rigidez [K] descrita no sistema de referência
global.

7.22 Pós-processamento para Elementos de


Treliça
Para elementos de treliça, seja ela plana ou espacial, as variáveis relevantes
que podem ser achadas a partir dos deslocamentos já calculados são as tensões
internas de cada elemento e as reações dos apoios.
As tensões internas são obtidas através da Lei de Hooke:

σxx = Eεxx (7.173)


O módulo de elasticidade E é sempre um dado de entrada do problema. A
deformação εxx é calculada a partir dos deslocamentos nodais nas direções x,
y e z, que são os eixos que descrevem o referencial global. Estes deslocamentos
são armazenados na matriz de resultados durante a operação de execução.
Sabendo-se o valor dos cossenos diretores entre os eixos xyz globais e o eixo
x̄ local do elemento, cuja direção coincide com o mesmo, pode-se obter as
componentes dos deslocamentos nesta direção, apenas multiplicando-os por
seus respectivos cossenos diretores. Assim, define-se εxx como:
 
h i
x2 − x1  
1
εxx = λ µ ν y 2 − y 1 (7.174)

 
z2 − z1 
L

E chega-se, portanto, ao valor das tensões internas através da seguinte


expressão, válida tanto para o caso de treliças planas quanto para espaciais:
 
i
 x2 − x1  
Eh
σxx = λ µ ν y 2 − y 1 (7.175)

 
z2 − z1 
L

Uma vez calculadas as tensões internas, multiplicando seus valores pelas


respectivas áreas de seção transversal de cada elemento, otém-se as forças in-
ternas. Tendo-se as forças internas, para os nós onde há condições de desloca-
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS157

mento restrito, ou seja, apoios, as reações podem ser achadas simplesmente


utilizando-se o Método dos Nós. Para isso, foi criado um alogorı́timo que
decompõe as forças internas de cada elemento que tenha alguma de suas ex-
tremidades apoiada, nas direções x e y. Após este procedimento, basta somar
a contribuição de cada elemento, para achar as reações nos apoios.

7.23 Pós-processamento para Elementos de


Pórtico
Para elementos de pórtico, apresentam-se como variáveis relevantes no pós-
processamento as forças e momentos associados aos elementos da estrutura,
uma vez que estes permitem o cálculo da distribuição de tensão dentro dos
mesmos. Este cálculo é feito a partir da equação de equilı́brio estático da
estrutura:

[K]{u} = {F } (7.176)
Esta equação pode ser utilizada separadamente para cada elemento. No
caso de pórticos planos são calculadas forças em x e y e momentos em z, e,
no caso de espaciais forças e momentos em todas as direções que descrevem
o referencial global.
As equações utilizadas para o cálculo da distribuição de tensão normal
para os elementos de pórtico plano são dadas por:

1 εxx 1 d2 v
= e = 2 (7.177)
ρ y ρ dx
desenvolvidas na seção de obtenção da equação diferencial da viga, chega-se
a:

d2 v
εxx = y (7.178)
dx̄2
onde a origem de y representa a linha neutra, que é uma propriedade ge-
ométrica definida pelo usuário.
A variável v por sua vez foi aproximada por:
n oT
v = [N] vi γzi vj γzj (7.179)
onde [N] são as funções de forma, já obtidas.
Utilizando-se então a Lei de Hooke, chega-se a seguinte expressão para o
cálculo da distribuição de tensão normal σ:
CAPÍTULO 7. APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS UNIDIMENSIONAIS158

 

 vi 

h i
 γzi


d2 N1 d2 N2 d2 N3 d2 N4
σxx = Ey (7.180)
dx̄2 dx̄2 dx̄2 dx̄2 
 vj 


 

γzj
É importante notar que os deslocamentos devem estar representados no
referencial local.
Capı́tulo 9
Aplicações em Elasticidade
Plana

O problema de análise de tensões em sólidos de geometria arbitrária pode


também ser resolvido utilizando-se a técnica de Elementos Finitos.
Em muitos casos, a abstração do problema fı́sico pode levar a análises
bidimensionais, onde as variações das tensões na direção ortogonal ao plano
analisado são pouco significativas (estado plano de tensões), ou podem ser
determinadas a partir das tensões calculadas no plano (estado plano de de-
formações).

9.1 Definição de Estado Plano de Tensão


Para elucidar a definição, considera-se um sólido de espessura uniforme h
(na direção z) contornada por dois planos z = −h/2 e z = h/2 e um contorno
qualquer Γ, conforme mostra a figura 9.1
Assim, quando a espessura h é muito grande, o problema é considerado
um problema de Estado Plano de Deformação, e quando a espessura é muito
pequena comparada às dimensões laterais (x e y no caso), o problema é con-
siderado um problema de Estado Plano de Tensão. Ambos são simplificações
de problemas de elasticidade tridimensional sob as seguintes hipóteses no
carregamento:

I. As forças de volume e as forças aplicadas ao contorno, se existirem, não


possuem componentes na direção normal ao plano da estrutura.

II. As forças de volume não dependem da coordenada da espessura, e as


forças aplicadas no contorno são uniformemente distribuı́das através da
espessura.

160
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 161

z ny
y F1
^n
ds
F1

dy nx
-dx
h

nx
x

ny
^n

Figura 9.1: Modelo Fı́sico para problemas de Estado Plano de Tensões

III. Não são aplicados carregamentos nos planos paralelos ao contorno das
superfı́cies do topo e da base.

A hipótese de que as forças são nulas nos planos paralelos implicam no


fato das tensões associadas à direção z serem extremamente pequenas para
o problema de Estado Plano de Tensão [19], logo

σzz = σyz = σxz = 0 (9.1)


Para o problema de Estado Plano de Deformação, a hipótese é que as
deformações associadas à direção z são nulas [19], deste modo

εzz = εyz = εxz = 0 (9.2)


Um exemplo que ilustra a diferença entre problemas de Estado Plano de
Tensão e Estado Plano de Deformação é fornecido pelo contorno de uma viga
de secção retangular. Se a viga é muito curta, considera-se um problema de
estado plano de tensão; se a viga é muito longa, considera-se um problema
de estado plano de deformação. Outros exemplos podem ser citados, como
uma placa submetida a forças coplanares, ou um cilindro longo, preso entre
dois blocos rı́gidos e lisos, submetido a uma pressão interna e/ou externa
uniforme.
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 162

9.2 ESTADO PLANO DE TENSÃO


O problema de Estado Plano de Tensão será analisado a partir das equações
que governam o problema de elasticidade tridimensional, simplificadas através
da hipótese descrita na eq.(9.1). Serão apresentadas a seguir as equações de
equilı́brio, as relações tensão -deformação, as leis constitutivas e uma dis-
cussão das condições de contorno do problema.

9.2.1 Equações de Equilı́brio em termos de tensão


Supondo um corpo em repouso ou em movimento retilı́neo uniforme, podem-
se escrever as equações de equilı́brio, em termos de tensões, da seguinte
maneira [2] [31]:

∂σxx
∂x
+ ∂σxy
∂y
+ fx = 0 



em Ω ∈ <2 (9.3)
∂σyx ∂σyy 

∂x
+ ∂y
+ fy = 0
Sendo que fx e fy denotam as forças de volume através das direções
x e y, respectivamente, e Ω representa um domı́nio pertencente ao espaço
<2. Estas equações são determinadas fazendo-se o equilı́brio de um elemento
infinitesimal de lados dx e dy.

9.2.2 Relações de deformação-deslocamento


O modelo cinemático que pode ser adotado neste caso é uma simplificação
de um modelo cinemático tridimensional. As equações (9.4), (9.5) e (9.6)
definem relações de deformação - deslocamento para o estado plano de tensões
[2] [31].

∂u
εxx = (9.4)
∂x

∂v
εyy = (9.5)
∂y

∂u ∂v
εxy = + (9.6)
∂y ∂x
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 163

9.2.3 Equações Constitutivas do material (Lei de Hooke


generalizada)
As leis que definem o comportamento do material são denominadas Equações
Constitutivas. Considerando-se o caso de materiais homogêneos, isotrópicos
e com comportamento linear elástico, a lei constitutiva que pode ser adotada
é a Lei de Hooke generalizada. Para o caso bidimensional, a Lei de Hooke
tem a seguinte forma:

1
εxx = (σxx − νσyy ) (9.7)
E
1
εyy = (σyy − νσxx) (9.8)
E
ν
εzz = − (σxx + σyy ) (9.9)
E
1
εxy = σxy (9.10)
G
εxz = 0 (9.11)
Onde E é o módulo de Young, ν é o coeficiente de Poison e G é o módulo
de cisalhamento, sendo
E
G=
2(1 + ν)
Substituindo as equações (9.7) e (9.8) na equação (9.9) tem-se
−ν
εzz = (εxx + εyy ) (9.12)
1−ν
indicando que a deformação normal εzz é linearmente dependente das defor-
mações εxx e εyy .

Logo, conclui-se que a deformação não depende de z , apenas de x e y.


Contudo, encontrou-se uma deformação não nula na direção z, mostrando que
o estado plano de tensão não implica em um correspondente estado plano de
deformação.

Explicitando agora a Lei de Hooke em termos de tensão e reagrupando


as constantes nela presentes temos,

σxx = c1 εxx + c2 εyy (9.13)


σyy = c2 εxx + c1 εyy (9.14)
σxy = 2c3 εxy (9.15)
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 164

Sendo,

E
c1 = (9.16)
1 − ν2
νE
c2 = (9.17)
1 − ν2
E
c3 = (9.18)
2(1 + ν)

9.2.4 Condições de Contorno


Considerando-se um problema de equı́librio, tem-se as seguintes condições de
contorno:



Condição de contorno natural : σxx nx + σxy ny = t̂x 
(Fórmula de Cauchy) em Γ1 (9.19)


σxy nx + σyy ny = t̂y
)
Condição de contorno essencial : u = û
em Γ2 (9.20)
v = v̂
onde n̂ = (nx , ny ) denota uma normal unitária ao contorno Γ; Γ1 e Γ2
são porções do contorno Γ, t̂x e t̂y denotam as forças de contorno (trações)
especificadas, e û e v̂ são os deslocamentos especificados, conforme esquema
da figura 9.2.

9.2.5 Resumo das Equações


As equações (9.3) e (9.19) podem ser expressas em termos dos deslocamentos
u e v substituindo-se as eqs.(9.4), (9.5) e (9.6) na eq.(9.13), e o resultado nas
eqs.(9.3) e (9.19).

Obtemos, então, as equações de equı́librio (Forma Forte) em função dos


deslocamentos u e v, bem como as equações de contorno Γ1 , sendo que o
problema em deslocamento (PD) apresenta a seguinte forma:
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 165

^t
y
^n

^t
^v x

^u

Γ
2

Γ
1

Figura 9.2: Modelo Geométrico e Condições de Contorno



 Achar u e v, tal que:





 

 ∂
(c ∂u + c2 ∂v ∂ ∂u
) + c3 ∂y ( ∂y + ∂v
) = fx 

 ∂x 1 ∂x ∂y ∂x 




 em Ω ∈ <2

 



∂ ∂u
c3 ∂x ( ∂y + ∂v
) + ∂
(c ∂u + c1 ∂v ) = fy
 ∂x ∂y 2 ∂x ∂y
PD   (9.21)



 (c1 ∂u + c2 ∂v )nx + c3 ( ∂u + ∂v
)ny = t̂x 




∂x ∂y ∂y ∂x

 em Γ1

 

 




c3( ∂u
∂y
+ ∂v
∂x
)nx + (c2 ∂u
∂x
+ c1 ∂v
∂y
)ny = t̂y






Sujeito a u = û e v =v̂ em Γ2

Este mesmo problema pode ser escrito em função de suas componentes


de tensão (Pσ), e assume a seguinte forma:
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 166



 Achar σxx , σyy e, σxy tal que:





 




∂σxx
+ ∂σxy
+ fx = 0 




∂x ∂y

 em Ω ∈ <2

 

 ∂σyx ∂σyy 


 + + fy = 0
∂x ∂y
Pσ (9.22)

 

 σxx nx + σxy ny = t̂x 

 



 em Γ1

 


 σxy nx + σyy ny = t̂y








Sujeito a u = û e v = v̂ em Γ2

Na sequência, os problemas PD e (Pσ) serão escritos em uma forma


integral, usando-se para isto o Método de Resı́duos Ponderados.

9.3 Método dos Resı́duos Ponderados


Aplica-se o método dos Resı́duos Ponderados para a determinação da Forma
Fraca parte-se das equações diferenciais que descrevem o Problema de Estado
Plano de Tensão, que foram expressas em termos da tensão, Problema (Pσ),
e em termos do deslocamento, Problema (PD).
Na formulação em tensão tem-se a seguinte forma diferencial:



 Achar σxx , σyy e, σxy tal que:





 




∂σxx
+ ∂σxy
+ fx = 0 




∂x ∂y

 em Ω ∈ <2

 

 ∂σyx ∂σyy 


 + + fy = 0
∂x ∂y
Pσ  (9.23)

 

 σxx nx + σxy ny = t̂x 




 em Γ1

 

 

 σxy nx + σyy ny = t̂y







Sujeito a u = û e v = v̂ em Γ2

Utilizando-se uma formulação do tipo Resı́duos Ponderados para encon-


trar as condições de equilı́brio do problema tem-se [31] [2]:
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 167

Z Z
∂σxx ∂σxy
( + )ψ(x, y)dxdy = − fx ψ(x, y)dxdy (9.24)
Ω ∂x ∂y Ω
Z Z
∂σyx ∂σyy
( + )ψ(x, y)dxdy = − fy ψ(x, y)dxdy (9.25)
Ω ∂x ∂y Ω

onde ψ(x, y) são funções de ponderação que inicialmente não estão sujeitas
a nenhum tipo de restrição.

Aplicando-se o Teorema de Green, ou seja, a integração por partes, a


ordem das derivadas sobre σij será reduzida, procurando-se desta forma con-
dições mais favoráveis para a escolha das funções de aproximação do proble-
ma. Pode-se então reescrever a equação 9.24 da seguinte forma:

Z Z Z
∂σxx ∂σxy ∂σxx ∂σxy
( + )ψ(x, y)dxdy = ψ(x, y)dxdy + ψ(x, y)dxdy
Ω ∂x ∂y | Ω ∂x {z } Ω ∂y
| {z }
I II
(9.26)
sendo que,

dy = nx dΓ (9.27)
dx = ny dΓ (9.28)

Integrando-se por partes cada termo de (I) tem-se,

∂ψ(x, y)
u = ψ(x, y) ⇒ du = dx (9.29)
∂x
I I
∂σxx
dv = dxdy ⇒ v = σxx dy = σxxnx dΓ (9.30)
∂x Γ Γ
Logo,

Z I Z
∂σxx ∂ψ(x, y)
ψ(x, y)dxdy = ψ(x, y)σxxnx dΓ − σxx dxdy (9.31)
Ω ∂x Γ Ω ∂x
De (II) tem-se,

∂ψ(x, y)
u = ψ(x, y) ⇒ du = dy (9.32)
∂y
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 168

I I
∂σxy
dv = dxdy ⇒ v = σxy dx = σxy ny dΓ (9.33)
∂y Γ Γ

Logo,

Z I Z
∂σxy ∂ψ(x, y)
ψ(x, y)dxdy = ψ(x, y)σxy ny dΓ − σxy dxdy (9.34)
Ω ∂y Γ Ω ∂y
Assim, a integração por partes da equação (9.26) conduz a:

Z
∂σxx ∂σxy
( + )ψ(x, y)dxdy =
Ω ∂x ∂y

I Z I Z
∂ψ(x, y) ∂ψ(x, y)
= ψ(x, y)σxxnx dΓ − σxxdxdy + ψ(x, y)σxy ny dΓ − σxy dxdy =
Γ Ω ∂x Γ Ω ∂y

Z I
∂ψ(x, y) ∂ψ(x, y)
=− ( σxx + σxy )dxdy + ψ(x, y)(σxxnx + σxy ny )dΓ
(9.35)
Ω ∂x ∂y Γ

Da equação 9.23 obtem-se

Z Z I
∂σxx ∂σxy ∂ψ(x, y) ∂ψ(x, y)
+ ψ(x, y)dxdy = − ( σxx + σxy )dxdy+ ψ(x, y)tˆx)dΓ
Ω ∂x ∂y Ω ∂x ∂y Γ
(9.36)
Analogamente para equação 9.25,

Z Z I
∂σyx ∂σyy ∂ψ(x, y) ∂ψ(x, y)
+ ψ(x, y)dxdy = − ( σyx + σyy )dxdy+ ψ(x, y)t̂y dΓ
Ω ∂x ∂y Ω ∂x ∂y Γ
(9.37)
Portanto, a Forma Fraca expressa em tensão (Pσf raco ), sabendo que
Ψ(x, y) = 0 em Γ2 , é dada por



 Achar σxx , σyy e, σxy tal que:





 R ∂ψ(x,y) R H

 ∂ψ(x,y)
Ω ( ∂x σxx + ∂y
σxy )dxdy = Ω fx ψ(x, y)dxdy + Γ ψ(x, y)tˆxdΓ
Pσf raco R ∂ψ(x,y) R H


∂ψ(x,y)
( ∂x σyx + ∂y σyy )dxdy = Ω fy ψ(x, y)dxdy + Γ ψ(x, y)t̂y dΓ

 Ω






Sujeito a u = û e v = v̂ em Γ2
(9.38)
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 169

ou ainda, em notação indicial,




 Achar σij tal que:




 R R H
 Ω σij ψi,j dΩ = Ω fi ψi dΩ + Γ ψi t̂idΓ em Γ1 (9.39)






Sujeito a u = û e v = v̂ em Γ2

Uma discussão mais detalhada da implementação da formulação Pσf raca


não é apresentada, uma vez que será dada ênfase à formulação em desloca-
mento, apresentada a seguir.

9.4 Resı́duos Ponderados a partir de PD


Na formulação em deslocamento tem-se a seguinte forma diferencial:



 Achar u e v, tal que:





 

 ∂
(c ∂u + c2 ∂v ∂ ∂u
) + c3 ∂y ( ∂y + ∂v
) = fx 

 ∂x 1 ∂x ∂y ∂x 




 em Ω ∈ <2

 



∂ ∂u
c3 ∂x ( ∂y + ∂v
) + ∂
(c ∂u + c1 ∂v ) = fy
 ∂x ∂y 2 ∂x ∂y
PD  (9.40)



 (c1 ∂u + c2 ∂v )nx + c3 ( ∂u + ∂v
)ny = t̂x 


 ∂x ∂y ∂y ∂x 



 em Γ1

 




c3( ∂u
∂y
+ ∂v
∂x
)nx + (c2 ∂u
∂x
+ c1 ∂v
∂y
)ny = t̂y 







Sujeito a u = û e v =v̂ em Γ2

Rearranjando a expressão na direção x da equação 9.40 obtem-se

∂ 2u ∂ 2v ∂ 2u ∂ 2v
c1 2 + c2 + c3 2 + c3 = fx (9.41)
∂x ∂x∂y ∂y ∂y∂x
Utilizando-se uma formulação do tipo Resı́duos Ponderados para deter-
minar as posições de equilı́brio estático do problema tem-se:
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 170

Z Z
∂ 2u ∂ 2v ∂ 2u ∂ 2v
(c1+ c2 + c3 + c3 )ψ(x, y)dxdy = fx ψ(x, y)dxdy
Ω ∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂y∂x Ω
(9.42)
Que pode ser reescrita em quatro termos, da seguinte forma:

Z Z Z
∂ 2u ∂ 2v ∂ 2u
c1 ψ(x, y)dxdy +c2 ψ(x, y)dxdy +c3 ψ(x, y)dxdy +
Ω ∂x2 Ω ∂x∂y Ω ∂y 2
| {z } | {z } | {z }
I II III

Z Z
∂ 2v
c3 )ψ(x, y)dxdy = fx ψ(x, y)dxdy (9.43)
Ω ∂y∂x Ω
| {z }
IV

Aplicando-se o Teorema de Green, ou seja, realizando uma integração


por partes, a ordem das derivadas sobre u e v serão reduzidas, procurando-se
assim condições mais favoráveis para a escolha das funções de aproximação
do problema. Em consequência de (I), tem-se:

∂ψ(x, y)
u = ψ(x, y) ⇒ du = dx (9.44)
∂x
I I
∂ 2u ∂u ∂u
dv = 2
dxdy ⇒ v = dy = nx dΓ (9.45)
∂x Γ ∂x Γ ∂x
Logo,

Z I Z
∂ 2u ∂u ∂u ∂ψ(x, y)
2
ψ(x, y)dxdy = ψ(x, y) nx dΓ − dxdy (9.46)
Ω ∂x Γ ∂x Ω ∂x ∂x
De (II) tem-se,

∂ψ(x, y)
u = ψ(x, y) ⇒ du = dx (9.47)
∂x
I I
∂ 2v ∂v ∂v
dv = dxdy ⇒ v = dy = nx dΓ (9.48)
∂x∂y Γ ∂y Γ ∂y

Logo,

Z I Z
∂ 2v ∂v ∂v ∂ψ(x, y)
ψ(x, y)dxdy = ψ(x, y) nx dΓ − dxdy (9.49)
Ω ∂x∂y Γ ∂y Ω ∂y ∂x
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 171

De (III) tem-se,

∂ψ(x, y)
u = ψ(x, y) ⇒ du = dy (9.50)
∂y
I I
∂ 2u ∂u ∂u
dv = 2 dxdy ⇒ v = dx = ny dΓ (9.51)
∂y Γ ∂y Γ ∂y

Logo,

Z I Z
∂ 2u ∂u ∂u ∂ψ(x, y)
ψ(x, y)dxdy = ψ(x, y) ny dΓ − dxdy (9.52)
Ω ∂y 2 Γ ∂y Ω ∂y ∂y

De (IV ) tem-se,

∂ψ(x, y)
u = ψ(x, y) ⇒ du = dy (9.53)
∂y
I I
∂ 2v ∂v ∂v
dv = dxdy ⇒ v = dx = ny dΓ (9.54)
∂x∂y Γ ∂x Γ ∂x

Logo,

Z I Z
∂ 2v ∂v ∂v ∂ψ(x, y)
ψ(x, y)dxdy = ψ(x, y) ny dΓ − dxdy (9.55)
Ω ∂x∂y Γ ∂x Ω ∂x ∂y
Assim, da integração por partes da equação 9.42 obtem-se

Z
∂ 2u ∂ 2v ∂ 2u ∂ 2v
(c1 2 + c2 ) + c3 2 + c3 )ψ(x, y)dxdy
Ω ∂x ∂x∂y ∂y ∂y∂x

I Z I
∂u ∂u ∂ψ(x, y) ∂v
= ψ(x, y)c1 nx dΓ − c1 dxdy + ψ(x, y)c2 nx dΓ
Γ ∂x Ω ∂x ∂x Γ ∂y

Z I Z
∂v ∂ψ(x, y) ∂u ∂u ∂ψ(x, y)
− c2 dxdy + ψ(x, y)c3 ny dΓ − c3 dxdy
Ω ∂y ∂x Γ ∂y Ω ∂y ∂y

I Z I
∂v ∂v ∂ψ(x, y) ∂u
+ ψ(x, y)c3 ny dΓ − c3 dxdy = ψ(x, y)[(c1
Γ ∂x Ω ∂x ∂y Γ ∂x
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 172

Z
∂v ∂u ∂v ∂ψ(x, y) ∂u
+c2 )nx + c3 ( + ny )]dΓ − [ (c1
∂y ∂y ∂x Ω ∂x ∂x

∂v ∂u ∂v
) + c3( + +c2
)]dΓ (9.56)
∂y ∂y ∂x
Da equação 9.40 obtem-se

Z
∂ 2u ∂ 2v ∂ 2u ∂ 2v
(c1 + c2 ) + c3 + c3 )ψ(x, y)dxdy
Ω ∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂y∂x

I Z
∂ψ(x, y) ∂u ∂v ∂ψ(x, y) ∂u ∂v
= ψ(x, y)txdΓ − (c1 [
+ c2 ) + c3 ( + )]dΓ
Γ Ω ∂x ∂x ∂y ∂y ∂y ∂x
(9.57)
Analogamente, para expressão de fy da equação 9.40 tem-se:

Z
∂ ∂u ∂v ∂ ∂u ∂v
[c3 ( + ) + (c2 + c1 )]ψ(x, y)dxdy
Ω ∂y ∂y ∂x ∂y ∂x ∂y

I Z
∂u ∂v ∂ψ(x, y) ∂u ∂v
= ψ(x, y)txdΓ − [c3( + ) (c2 + c1 )]dΓ (9.58)
Γ Ω ∂y ∂x ∂x ∂x ∂y
Portanto, a Forma Fraca expressa em deslocamento é dada por

Z
∂ψ(x, y) ∂u ∂v ∂u ∂v ∂ψ(x, y) ∂u ∂v ∂u ∂v
{ [c1 + c2 + c3 ( + )] + [c2 + c1 + c3 ( + )]}dxdy
Ω ∂x ∂x ∂v ∂y ∂x ∂x ∂x ∂v ∂y ∂x
Z I
= (fx + fy )ψ(x, y)dxdy + ψ(x, y)(tx + ty )dΓ (9.59)
Ω Γ
Porém, a fim de facilitar uma posterior implementação computacional, o
problema em deslocamento (PD) será expresso em forma matricial, de tal
modo que fazendo
 ∂u 

 ∂x 

∂v
Op(u) = {Op(u)} =  (9.60)
 ∂u
∂y
∂v 

∂y
+ ∂x
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 173

 ∂ψ(x,y)


 

 ∂x 
∂ψ(x,y)
Op(ψ) = {Op(ψ)} =  (9.61)

∂y 

 ∂ψ(x,y)
+ ∂ψ(x,y) 
∂y ∂x
 
D11 D12 D13

D= D22 D23 
 (9.62)
simétrico D33
sendo D a matriz de elasticidade (de propriedades do material).

Tem-se que a forma fraca de P Df raco é dada por,



 Achar u tal que:




 R R H

T
Ω Op(ψ) DOp(u)dΩ = Ω ψT fdΩ + Γψ
T
t̂dΓ em Γ1 (9.63)






Sujeito a u = û e v = v̂, e ψ(x, y) = 0 em Γ2

onde,
( )
u(x, y)
u= (9.64)
v(x, y)
( )
fx
f= (9.65)
fy
n o
ψ= ψ (9.66)

9.5 Escolha da Função Teste - Método de Galerkin


A fim de resolver o problema P Df raco , adotou-se o Método de Galerkin
para escolha das Funções Ponderadoras ψ.
O Método de Galerkin consiste em adotar-se as funções ponderadoras ψ
idênticas às variações virtuais da função incógnita ui . Assim,

ψi = δui (9.67)
Substituindo no problema P Df raco , tem-se
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 174



 Achar u tal que:




 R R H

T
Ω Op(δu) DOp(u)dΩ = Ω δuT fdΩ + T
Γ δu t̂dΓ em Γ1 (9.68)






Sujeito a u = û e v = v̂ em Γ2

Uma vez definidas as Funções de Ponderação, pode-se passar finalmente


à etapa de discretização e aproximação por Elementos Finitos propriamente
dita.

9.6 Discretização do Problema - Elementos


Triangulares Lineares
Considerando a triangularização de um domı́nio qualquer bidimensional,
conforme mostrado na figura 9.3, pode-se definir cada elemento.
y,v
v

3 u

v(x,y)

u(x,y) v
v
y,v 2 u f Γx
1 u

x,u f Γy

x,u

Figura 9.3: Discretização de um domı́nio genérico

Observa-se que o elemento triangular linear possui 2 graus de liberdade


por nó, ao longo dos seus três nós, e as forças de superfı́cie fΓy , fΓx atuam
nos lados dos elementos que possuem espessura unitária para referência.

9.7 Aproximação por Elementos Finitos


Usando uma aproximação linear para u(x,y) e v(x,y), no domı́nio elementar,
tem-se,
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 175

u(x, y) ≈ ũ(x,y) = α1 + α2 x + α3 y (9.69)


v(x, y) ≈ ṽ(x,y) = α4 + α5 x + α6 y (9.70)

onde ũ e ṽ são aproximações lineares para u e v.


Pode-se ,portanto, reescrever esta expressão matricialmente, de tal forma
que

 

 α1 


 

 
( ) " #


α2 


ũ(x,y) 1 x y 0 0 0  α3 
u= = = PTα (9.71)
ṽ(x,y) 0 0 0 1 x y 
 α4 


 


 α5 


 

 
α6

Expressando esta aproximação em função das variáveis nodais, tem-se

    

 u1 
 1 x 1 y1 0 0 0   α1 


 
   


 v1 

  0 0 0 1 x1 y1 



 α2 




 
   

u2  1 x 2 y2 0 0 0  α
q= =   3
= P nα (9.72)
  1 x2 y2 
  v2 
  0 0 0 
 α4 



 
   



u3 


 1 x 3 y3 0 0 0  


α5 



   
v3 0 0 0 1 x3 y3 α6

Uma abordagem geral do problema conduziria à procura de uma solução


geral da seguinte forma:

u = P T α (aproximação de base) (9.73)

q = P n α (aproximação nodal) (9.74)


Logo,

α = P −1
n q (9.75)
Então,

u = P T P −1
n q (9.76)
u = Nq (9.77)
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 176

onde,
N - Funções de Forma
Porém, nem sempre é trivial a inversão de P n . Logo, uma forma prática
de solucionar este problema consiste em usar coordenadas de área para ex-
pressá-lo. Na figura 9.4, define-se a notação a ser usada na formulação em
coordenadas de área.

9.7.1 Utilizando Coordenadas de Área

y,v

a 2= x 1- x 3
a 1= x 3- x 2

b 2= y 3- y b 1= y 2- y 3
1

b 3= y 1- y 2
1
a 3= x 2- x 1

x,u

Figura 9.4: Caracterização do elemento

Para um elemento triangular, coordenadas locais (de área) podem ser definidas
em termos das componentes de área A1 , A2 e A3 (figura 9.5). Então, na forma
adimensional, as coordenadas locais L1 , L2 e L3 são definidas como
Ai
Li =; i = 1, 2, 3 (9.78)
A
Existe uma relação entre o sistema local de área (L1 , L2 , L3 ) e o sistema
global (x,y), que é explicitada da seguinte forma:
    

 1 
 1 1 1   L1 

 
x =  x1 x2 x3  L (9.79)

   2 
y  y1 y2 y3  L3 
ou ainda,
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 177

( x3, y3)
y
3 (0,0,1)

x L1

L2

P 2
(0,1,0) Em coordenadas de area
( x2, y2)

L3

1
(1,0,0)
( x1, y1)

Figura 9.5: Sistema de Coordenadas de Área (L1, L2, L3)

X
3
x = L1 x1 + L2 x2 + L3 x3 = Li xi (9.80)
i=1
X3
y = L1 y1 + L2 y2 + L3 y3 = Li yi (9.81)
i=1

Desde que L1 + L2 + L3 = 1, há apenas duas coordenadas locais indepen-


dentes correspondentes às duas coordenadas do sistema global x, y.

Finalmente, pode-se obter a relação inversa Li → x, y, correspondente à


eq.(9.79), o que permite escrever,
    

 
L1  2A23 b1 a1   1 

1  
L2 =  2A31 b2 a2  x (9.82)

   
L3  2A12 b3 a3  y 
2A

ou ainda,

1
L1 = (A23 + b1x + a1 y) (9.83)
2A
1
L2 = (A31 + b2x + a2 y) (9.84)
2A
1
L3 = (A22 + b3x + a3 y) (9.85)
2A
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 178

onde,
Aij é a área do triângulo formado pelos nós (i, j, P), sendo P o nó
interior geral (fig.9.5), ou seja:

2A23 = x2 y3 − x3 y2 (9.86)
2A31 = x3 y1 − x1 y3 (9.87)
2A12 = x1 y2 − x2 y1 (9.88)

2A = a3b2 − a2b3 = a1b3 − a3b1 = a2 b1 − a1 b2, sendo A a área total do


triângulo;

e ai e bi são dados como a diferença entre várias coordenadas nodais.


De tal forma que,

a1 = x3 − x2 (9.89)
b1 = y2 − y3 (9.90)
a2 = x1 − x3 (9.91)
b2 = y3 − y1 (9.92)
a3 = x2 − x1 (9.93)
b3 = y1 − y2 (9.94)

conforme explicitado na fig.9.4.


Sendo assim, o modelo para a interpolação no elemento fica definido da
seguinte forma,

 

 u1 


 

 
( ) ( ) " #


v1 


u(x, y) u1 N1 0 N2 0 N3 0  u2 
u= = =  
v(x, y) u2 0 N1 0 N2 0 N3 
 v2 


 


 u3 


 

v3
(9.95)
de tal modo que,

δu = N δq (9.96)
Portanto, para cada elemento,

u = Nq (9.97)
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 179

δu = N δq (9.98)
Tem-se que Ni corresponde às funções de interpolação tı́picas do Método
de Elementos Finitos. Estas funções são chamadas de suporte compacto ou
funções de quadrado integrável. Em função da aproximação adotada, elas
possuem a seguinte propriedade:

Ni (xj ) = δij (9.99)


ou seja, são nulas em todos os nós, exceto quando i=j.

Reescrevendo agora a forma fraca para o problema PD, obtem-se que:

Achar u, tal que

Z Z I
T T T T T
δu Op(N ) DOp(N )dΩu = δu δuN f dΩ + δu N T t̂dΓ
Ω Ω Γ
(9.100)
Este resultado deve ser verificado para qualquer variação virtual arbitrária
δu, logo,
Z Z I
T T
Op(N ) DOp(N )dΩ u = N f dΩ + N t̂dΓ (9.101)
Ω Ω Γ
de tal forma que

Z
K = Op(N )T DOp(N )dΩ (9.102)

Z
FV = N T f dΩ (9.103)
IΩ
FN = N T t̂dΓ (9.104)
Γ

que corresponde a,

Ku = FV + FN = F (9.105)
onde,
K = matriz de rigidez ;

u = vetor de deslocamentos;

FV = Termo fonte devido à força de volume f ;


CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 180

FN = Termo fonte devido às condições de contorno naturais de Neu-


mann ou Forças de superfı́cie.

A equação 9.102 (matriz de rigidez) pode ser escrita de forma mais ex-
plı́cita, notando que (veja eqs.(9.60) e (9.61))

Op(N ) = B (9.106)
onde,
 ∂N1 ∂N2 ∂N3 
x
0 x
0 x
0
B= ∂N1 ∂N2 ∂N3 
 0 y
0 y
0 y  (9.107)
∂N1 ∂N1 ∂N2 ∂N2 ∂N3 ∂N3
y x y x y x

Com isso, 9.102 torna-se


Z
K= B T DBdΩ (9.108)

Integrando-se no domı́nio Ω, tem-se

K = B T DBA (9.109)
Já para FV , termo fonte devido à força de volume f , tem-se a expressão
dada na eq.9.103, que pode ser explicitada, a fim de obter-se o equivalente
nodal, da seguinte forma:
Partindo de f i definido por,
( )
fx
fi = (9.110)
fy
onde i = 1, 2, 3.
Então, considerando-se fx e fy forças de volume constantes,
Z Z
FV i = N Ti f i dΩ = fi N Ti dΩ (9.111)
Ω Ω

Como N Ti não é constante no domı́nio Ω, este termo deve permanecer no


integrando, quando avaliada a integral.

Sabe-se que para um sistema de coordenadas alocado no centróide do


elemento triangular, derivam-se as seguintes relações:

x 1 + x 2 + x 3 = y1 + y2 + y3 = 0 (9.112)
CAPÍTULO 9. APLICAÇÕES EM ELASTICIDADE PLANA 181

2A
Aij = (9.113)
3
Aplicando-se tais relações no caso estudado, simplifica-se o cálculo das
integrais, uma vez que:
Z Z
xdxdy = ydxdy = 0 (9.114)
Assim, usando a eqs.9.83, 9.84 e 9.85
( )Z ( ) ( )
fx Aij fx Aij fx A
FV i = dxdy = = (9.115)
fy 2A fy 2 fy 3
Logo, para FV escrita para o elemento, tem-se
 

 fx 


 

  
 fy 


FV 1  
 

   fx  A
FV =  FV 2 = (9.116)
 
  fy 

FV 3 
  3


 fx 


 

 
fy
Conclui-se , então, que a força de volume corresponde a três forças iguais,
aplicadas nos nós do elemento analisado.

Sendo que, para um elemento triangular linear plano,


" #
N1 0 N2 0 N3 0
N= (9.117)
0 N1 0 N2 0 N3
 
b 0 b2 0 b3 0
1  1 
B=  0 a1 0 a2 0 a3  (9.118)
2A
a 1 b1 a 2 b2 a 3 b3
 
1 ν 0
E 
D=  ν 1 0 
 (9.119)
1 − ν2 1−ν
0 0 2

a 3 b2 − a 2 b3
A= (9.120)
2
Os termos definidos de (9.117) a (9.120) permitem o cálculo explı́cito da
Matriz de Rigidez (9.109) e dos Vetores de Carga (9.103) e (9.104), e podem
ser usados diretamente na implementação computacional.
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Faculdade de Engenharia Mec^anica 13081-970 Campinas, SP
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Programa de Pos-graduaca~o em Engenharia Mec^anica


Introduc~ao ao Metodo dos Elementos Finitos Aplicado a Mec^anica das
Estruturas

1 Forma Fraca e Aproxima


c~ao via MEF

Seja a seguinte Equac~ao Diferencial:

@u @ @u
k + Q = 0 em

@t @x @x
sujeito a:
u = g em 1
@u
= u + h em 2
@n
Pede-se:
 a)Formulaca~o Fraca do problema.
 b) Supondo uma aproximac~ao geral de Elementos Finitos do tipo Galerkin,
sem particularizar para um dado elemento, indique a forma matricial as-
sociada a cada termo da Forma Fraca calculada no item anterior, especi-
cando se os mesmos s~ao calculados no domnio ou no contorno de um
dado elemento.

2 Res
duos Ponderados e M
nimos Quadrados

Seja a equac~ao diferencial com as condic~oes de contorno dadas abaixo:

d2 u du
x2 + 2x + 2u = 0 em 1<x<4 (1)
dx2 dx
u(1) = 0 (2)
u(4) = 12 (3)

1
e considerando uma aproximaca~o polinomial quadratica, determine usando
o metodo de mnimos quadrados uma soluc~ao aproximada para o problema.

3 Aproxima
c~
ao Isoparam
etrica

Para se estudar o comportamento em trac~ao-compress~ao de uma Viga- Coluna


(governada pela equac~ao diferencial da Barra), deseja-se construir um elemento
nito unidimensional de tr^es nos. Considerando, que o mesmo sera escrito em
um espaco isoparametrico  que varia de (-1,1), Pede-se:
 Determine as tr^es funco~es de forma do problema, no referencial  .
 Calcule o Determinante do Jacobiano da transformac~ao, supondo que
no referencial global, o elemento possue o seguinte vetor de coordenadas
nodais (xi ; xj ; xk ).
 Determine o comprimento do elemento, usando a aproximac~ao geometrica
de nida anteriormente.
 Supondo que a Viga-Coluna estara sujeita a uma carga distribuda uni-
forme q0 , calcule o vetor de carga nodal equivalente.
 Determine a express~ao para o calculo dos deslocamnetos u, situados a
 = 13 , supondo-se conhecidos os valores nodais ui ; uj ; uk .
 Determine a express~ao para o calculo das tens~oes em cada elemento,
supondo-se conhecidos os valores nodais ui ; uj ; uk , e o Modulo de Elas-
ticidade E.

4 Problema de Condu
c~ao de Calor

Seja o problema de Conduc~ao de calor Bidimensional, de nido de acordo com o


esquema abaixo:

2
onde a equac~ao que governa o problema e:

@2 @2
+ = 2 em

@x2 @y2
sujeito a:
(0; y) = 0
(2; y) = 0
(x; 0) = 0
(x; 3) = 0

Pede-se:
 a)Achar a Forma Fraca do Problema
 b)Aplicar o Metodo dos Elementos Finitos, usando uma formulac~ao do
tipo Galerkin, e elementos triangulares lineares.
 c)Calcular a Matriz de Conduividade Termica para um elemento generico,
usando o espaco isoparametrico.
 ) Resolver o problema acima, considerando a malha mostrada na Figura,
e as condic~oes de contorno impostas.

5 Problema de tor
c~ao

Seja o problema de torc~ao de estruturas de seca~o arbitraria, de nido de acordo


com o esquema abaixo:

3
Figura 1: Torc~ao Elastoestatica

onde a equac~ao que governa o problema e:

1 @2 @2
[ + ] + 2 = 0 em
(4)
G @x2 @y2
=0 em (5)
e considerando,

N
G=1 (6)
cm2
H =1 cm (7)
rd
=1 (8)
cm
a=2 cm (9)
(10)
Determinar:

4
 A) Usando um esquema de Resduos Ponderados e o Metodo de Galerkin
calcular:
a1) O valor de (x; y) em (0; 0) e (1; 1)
a2) O momento M na sec~ao , sabendo que:
Z
M =2 dxdy (11)
secao

a3) A constante Torcional J = G


M

NOTA: Utilizar simetria. Utilizar aproximac~ao polinomial n~ao nodal,


bilinear.
 B) Utilizando o MEF, e baseando-se em um modelo bidimensional, calcu-
lar:
b1) A forma Fraca do problema.
b2) Dado um suporte geometrico triangular linear, escrever a matriz de
rigidez e o vetor de carga nodal equivalente do problema.
b3) Dada a malha abaixo, montar a matriz global do problema e resolver
para o carregamento de nido (observe as condic~oes de simetria):

Figura 2: Malha de Elementos Finitos

5
b4) As tens~oes de cisalhamento para cada elemento, sabendo-se que:

@
xz = (12)
@y
@
yz = (13)
@x

6 Problema de Viga

Considere a equac~ao diferencial;


d2 y M
= (14)
dx2 EI
que fornece a de ex~ao y de uma viga submetida a um momento M (x). I e o
momento de inercia, E o Modulo de elasticidade do material da viga. Suponha
a funca~o M (x) conhecida.

Figura 3: Viga Cantilever

 a)Escrever por Resduos Ponderados a forma de Galerkin do problema.

6
 b)Divida a viga em N elementos nitos de 2 nos, use uma interpolac~ao
linear para y. Considere tambem que o momento varia linearmente no
elemento, e despreze o valor de dx
dy
nos nos. Nestas condic~oes escrever o
problema discreto e determinar a express~ao da Matriz de Rigidez e do
vetor de carga nodal equivalente.
 c) Aplicac~ao: A viga engastada livre, de comprimento l=150 cm, submeti-
da a uma carga vertical de 4500 N na extremidade livre. EI = 8:5e6Ncm2.
Comparar asoluc~ao obtida para os deslocamentos na extremidade, para
uma malha de 4 elementos, a soluc~ao analtica da resist^encia dos Materi-
ais.

7 Equa
c~ao de Laplace

Deseja-se resolver o seguinte problema:

u + (x; y)u = F (x; y) em


(15)
u=g em 1 (fronteira de
) (16)
du
+ u = h em 2 (fronteira de
) (17)
dn
Pede-se:
 a)Formulaca~o Fraca do problema(Resduos Ponderados + Galerkin)
 b) Resolver o problema acima, usando elementos nitos triangulares lin-
eares, considerando o caso de = 0; f = 1; g = 1 e h = 0, e a malha
mostrada abaixo.

7
Figura 4: Domnio do Problema - Equac~ao de Laplace

8 Cabos submetidos a tra


c~
ao T

considerando um cabo de comprimento L, apoiado em uma fundac~ao exivel de


rigidez constante k , sujeita a uma carga distribuida transversal f o que conduz
a uma trac~ao axial T constante no cabo, com extremidades xas v(0) = 0 e
v(L) = 0, pede-se:
 Determinar a equaca~o diferencial que governa o problema, que e dada por:

d2 v(x; t)
T kv(x) = f (18)
dx2
 Encontrar uma soluc~ao analtica para o problema.
 Aplicando Residuos Ponderados e o metodo de Galerkin, achar a Forma
fraca do problema.

8
 Usando elemntos de dois nos, e uma aproximac~ao linear determinar as
matrizes de rigidez elementares.
 Usando uma malha de 5 elementos, compare os resultados numericos, com
os obtidos analicamente, para o seguinte caso: v1 = v6 = 0; T = 600lb; L =
120in; k = 0:5lb 22 ef = 2lb=in.

9 Barra de se
c~ao vari
avel

Desenvolver uma elemento de barra de seca~o varavel (variac~ao linear) com aprox-
imac~ao linear (dois nos). Determinar as matrizes de massa, rigidez e vetor de
carga devido ao peso proprio.

10 Elementos Quadrilaterais

Um elemento nito retangular, com dimens~oes a  b, de nido em um plano xy


conforme mostrado na Figura ??, pode ser aproximado por:
 = A + Bx + Cy + Dxy (19)

Figura 5: Elemento Quadrilateral

9
 Considerando uma aproximaca~o polinomial nodal , escreva as funco~es de
forma do elemento N1 ; N2; N3 ; N4 .
 Sabendo-se ainda, que para um elemento espec co, de coordenadas mostradas
na Figura ??, obt^eve-se as seguintes soluc~oes nodais:

1 = 100; 2 = 60; 3 = 50; 4 = 90 (20)


determine o valor da variavel  para o ponto interno (2:5; 2:5), consideran-
do a aproximaca~o obtida no item anterior.

Figura 6: Elemento Quadrilateral - Valores Nodais

 Se o elemnto for utilizado para solucionar a equaca~o de Laplace:

d2 
1=0 (21)
dx2
qual sera a express~ao da matriz de rigidez do elemento. Escrever os resul-
tados em func~ao de a e b.

10
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Introduc~ao ao Metodo dos Elementos Finitos
Primeira Lista de Exerccios.

1 Metodo dos Deslocamentos - Isostatico


Seja a trelica plana representada na Figura 1, pede-se:

Figura 1: Trelica Plana

 Formar o Vetor ID, com o mapeamento local/global para cada elemento.


 Calcular as Matrizes de cada Elemento, escritas no referencial global.
 Montar a matriz de rigidez do sistema e calcular os deslocamentos de cada
no.
 Calcular os esforcos internos em cada barra.
 Determinar as reac~oes de apoio da trelica.
Dados: A1 = 0:10m2 , A2 = 0:20m2 , A3 = 0:10m2 , P = 1000N , E1 = E2 =
E3 = 2E 10
N
m2

1
2 Metodo dos Deslocamentos- Hiperestatico
Considere a trelica plana representada na Figura 2, constituda de duas barras
de mesma sec~ao e de mesmo modulo de elasticidade:

Figura 2: Trelica Hiperestatica

Pede-se:
 Usando o metodo direto, achar a matriz de rigidez de um elemento.
 Calcular o sistema matricial global a ser resolvido.
 Calcular os deslocamentos do no 1.
 Determinar as tens~oes nas barras.
 Determinar as reac~oes de apoio.

2
3 Rede Hidraulica - Matriz Global
Considere uma rede hidraulica de acordo com a ilustrac~ao mostrada na gura
3.

Figura 3: Rede Hidraulica

Para cada elemento de tubo, tem-se:


Q
P1 P2 = (1)
k

onde P1 P2 e a queda de press~ao, Q e a vaz~ao e k e um coe ciente constante.


Pede-se:
 A matriz de cada elemento (usar o metodo direto).
 Sistema matricial global a ser resolvido.

3
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Introduc~ao ao Metodo dos Elementos Finitos
Segunda Lista de Exerccios.

1 Res
duos Ponderados / Galerkin

Seja a equac~ao diferencial com as condic~oes de contorno dadas abaixo:


dy
dx y =0 em 0x1
sujeito a:
y (0) = 1
Pede-se:
 Determine a soluca~o analtica do problema ya .
 Considerando uma aproximac~ao polinomial, determine usando o metodo
de Galerkin uma soluc~ao aproximada para o problema.Use uma base poli-
nomial completa do tipo (1; x; x2 ; x3 ; :::): Acrescente um termo de cada
vez, e avalie a soluc~ao para os pontos x = f0; 0:2; 0:4; 0:6; 0:8; 1:0g.
 Avalie o erro L2 na sua forma discretizada conforme a equaca~o abaixo:

ky ya k= [
X( L
y
1
ya )2l ] 2 (1)
l=1
Observe neste caso, que o erro deve ser avaliado em cada ponto l, de nido
no vetor x.
 Para cada aproximaca~o adotada, faca um gra co da soluc~ao aproximada
obtida, do Resduo calculado e do erro, considerando os pontos do vetor
x. Comente os resultados.
 Resolva todos os tens acima, adicionando-se mais uma condic~ao de con-
torno ao problema, da seguinte forma:

dy
=1 (2)
dx

1
2 Res
duos Ponderados

Seja a equac~ao diferencial com as condic~oes de contorno dadas abaixo:

d2 u du
x2 + 2x + 2u = 0 em 1<x<4 (3)
dx2 dx
u(1) = 0 (4)
u(4) = 12 (5)
e considerando uma aproximac~ao polinomial quadratica, determine:
 Usando o metodo de mnimos quadrados uma soluc~ao aproximada para o
problema.
 Usando o metodo de colocac~ao por pontos uma soluc~ao aproximada para
o problema. Use 1, 2 e 3 pontos de colocaca~o.
 Usando o metodo de Galerkin, com func~oes quadraticas, uma soluca~o
aproximada para o problema.
Compare as soluc~oes obtidas, fazendo um gra co das soluc~oes e uma tabela
contendo os resultados em 5 pontos igualmente espacados.

3 Problema de tor
c~ao

Seja o problema de torc~ao de estruturas de seca~o arbitraria, de nido de acordo


com o esquema mostrado na Figura 1:

2
Figura 1: Torc~ao Elastoestatica

onde a equac~ao que governa o problema e:

1@2 @2
[ + ] + 2 =0 em
(6)
G @x2 @y 2
=0 em (7)
e considerando,

N
G=1 (8)
cm2
H =1 cm (9)
rd
 =1 (10)
cm
a=2 cm (11)
(12)
Determinar:
 A) Usando um esquema de Resduos Ponderados e o Metodo de Galerkin
calcular:

3
a1) O valor de (x; y) em (0; 0) e (1; 1)

Z
a2) O momento M na sec~ao , sabendo que:

M =2 dxdy (13)
secao

a3) A constante Torcional J = G


M

NOTA: Utilizar simetria. Utilizar aproximac~ao polinomial n~ao nodal.

4
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Departamento de Mecânica Computacional Fax:(55) 0192 393722

Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica


Curso IM-143 - Método dos Elementos Finitos Aplicado a Mecânica das
Estruturas

1 Forma Fraca e Aproximação via MEF


Seja a seguinte Equação Diferencial:

∂u ∂ ∂u
− k + Q = 0 em Ω
∂t ∂x ∂x
sujeito a:
u = g em Γ1
∂u
= λu + h em Γ2
∂n
Pede-se:

• a)Formulação Fraca do problema.


• b) Supondo uma aproximação geral de Elementos Finitos do tipo Galerkin,
sem particularizar para um dado elemento, indique a forma matricial as-
sociada a cada termo da Forma Fraca calculada no item anterior, especi-
ficando se os mesmos são calculados no domı́nio ou no contorno de um
dado elemento.

2 Aproximação Isoparamétrica
Para se estudar o comportamento em tração-compressão de uma Viga- Coluna
(governada pela equação diferencial da Barra), deseja-se construir um elemento
finito unidimensional de três nós. Considerando, que o mesmo será escrito em
um espaço isoparamétrico ξ que varia de (-1,1), Pede-se:

• Determine as três funções de forma do problema, no referencial ξ.


• Calcule o Determinante do Jacobiano da transformação, supondo que
no referencial global, o elemento possue o seguinte vetor de coordenadas
nodais (xi, xj , xk ).
• Determine o comprimento do elemento, usando a aproximação geométrica
definida anteriormente.
• Supondo que a Viga-Coluna estará sujeita a uma carga distribuı́da uni-
forme q0 , calcule o vetor de carga nodal equivalente.
• Determine a expressão para o cálculo dos deslocamnetos u, situados a
ξ = 13 , supondo-se conhecidos os valores nodais ui , uj , uk .

1
• Determine a expressão para o cálculo das tensões em cada elemento,
supondo-se conhecidos os valores nodais ui, uj , uk , e o Módulo de Elas-
ticidade E.

3 Problema de Condução de Calor


Seja o problema de Condução de calor Bidimensional, definido de acordo com o
esquema abaixo:

onde a equação que governa o problema é:

∂2φ ∂2φ
+ 2 = 2 em Ω
∂x2 ∂y
sujeito a:
φ(0, y) = 0
φ(2, y) = 0
φ(x, 0) = 0
φ(x, 3) = 0

Pede-se:
• a)Achar a Forma Fraca do Problema
• b)Aplicar o MÚtodo dos Elementos Finitos, usando uma formulação do
tipo Galerkin, e elementos triangulares lineares.

2
• c)Calcular a Matriz de Conduividade TÚrmica para um elemento genÚrico,
usando o espaço isoparamÚtrico.
• ) Resolver o problema acima, considerando a malha mostrada na Figura,
e as condições de contorno impostas.

4 Problema de torção
Seja o problema de torção de estruturas de seção arbitrária, definido de acordo
com o esquema abaixo:

Figura 1: Torção Elastoestßtica

onde a equação que governa o problema é:

1 ∂2φ ∂2φ
[ + 2 ] + 2θ = 0 em Ω (1)
G ∂x2 ∂y
φ=0 em Γ (2)

3
e considerando,

N
G=1 (3)
cm2
H =1 cm (4)
rd
θ=1 (5)
cm
a=2 cm (6)
(7)

Determinar:

• A) Usando um esquema de Resı́duos Ponderados e o Método de Galerkin


calcular:

a1) O valor de φ(x, y) em (0, 0) e (1, 1)


a2) O momento M na seção , sabendo que:
Z
M =2 φdxdy (8)
secao
M
a3) A constante Torcional J = Gθ
NOTA: Utilizar simetria. Utilizar aproximação polinomial não nodal,
bilinear.

• B) Utilizando o MEF, e baseando-se em um modelo bidimensional, calcu-


lar:

b1) A forma Fraca do problema.


b2) Dado um suporte geométrico triangular linear, escrever a matriz de
rigidez e o vetor de carga nodal equivalente do problema.
b3) Dada a malha abaixo, montar a matriz global do problema e resolver
para o carregamento definido (observe as condições de simetria):

4
Figura 2: Malha de Elementos Finitos

b4) As tensões de cisalhamento para cada elemento, sabendo-se que:

∂φ
τxz = (9)
∂y
∂φ
τyz =− (10)
∂x

5 Problema de Viga
Considere a equação diferencial;

d2 y M
= (11)
dx2 EI
que fornece a deflexão y de uma viga submetida a um momento M (x). I é o
momento de inércia, E o Módulo de elasticidade do material da viga. Suponha
a função M (x) conhecida.

5
Figura 3: Viga Cantilever

• a)Escrever por Resı́duos Ponderados a forma de Galerkin do problema.


• b)Divida a viga em N elementos finitos de 2 nós, use uma interpolação
linear para y. Considere também que o momento varia linearmente no
elemento, e despreze o valor de dy
dx nos nós. Nestas condições escrever o
problema discreto e determinar a expressão da Matriz de Rigidez e do
vetor de carga nodal equivalente.
• c) Aplicação: A viga engastada livre, de comprimento l=150 cm, submeti-
da a uma carga vertical de 4500 N na extremidade livre. EI = 8.5e6N cm2 .
Comparar asolução obtida para os deslocamentos na extremidade, para
uma malha de 4 elementos, à solução analı́tica da resistência dos Materi-
ais.

6 Equação de Laplace
Deseja-se resolver o seguinte problema:

−∆u + α(x, y)u = F (x, y) em Ω (12)


u=g em Γ1 (fronteira de Ω) (13)
du
+ λu = h em Γ2 (fronteira de Ω) (14)
dn

6
Pede-se:

• a)Formulação Fraca do problema(Resı́duos Ponderados + Galerkin)


• b) Resolver o problema acima, usando elementos finitos triangulares lin-
eares, considerando o caso de α = 0; f = 1; g = 1 e h = 0, e a malha
mostrada abaixo.

Figura 4: Domı́nio do Problema - Equação de Laplace

7 Cabos submetidos a tração T


considerando um cabo de comprimento L, apoiado em uma fundação flexível de
rigidez constante k , sujeita a uma carga distribuída transversal f o que conduz
a uma tração axial T constante no cabo, com extremidades fixas v(0) = 0 e
v(L) = 0, pede-se:

• Determinar a equação diferencial que governa o problema, que Ú dada


por:

7
d2 v(x, t)
T − kv(x) = −f (15)
dx2
• Encontrar uma solução analı́tica para o problema.
• Aplicando Resíduos Ponderados e o método de Galerkin, achar a Forma
fraca do problema.
• Usando elemntos de dois nós, e uma aproximação linear determinar as
matrizes de rigidez elementares.
• Usando uma malha de 5 elementos, compare os resultados numéricos, com
os obtidos analicamente, para o seguinte caso: v1 = v6 = 0, T = 600lb, L =
120in, k = 0.5lb ∈2 ef = 2lb/in.

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