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AAG (8 (0B eee assay : OWMAAAY DRA S S editora brasiliense Ww 7 UMA REVOLUCAO NO COTIDIANO ? OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMERICA DO SUL organizado por Ilse Scherer-Warren ¢ Paulo J. Krischke 3383853383823 YOowyywyre A YW dda ee 7 ysagsoy UMA REVOLUICAO NO COTIDIANO? Shere Wee Ise Scherer ~ Warren e Paulo J Krischke orgs.) SONIA ee at ton ge) = BoC te Bah crea i ete rnd kane + At St — nao or it «Pics Plier = De popu 8 ederocratnee ~ Seas hres «Raat Vi — Feld, nd eo — ‘eit cpr — Coes toni : oe 1 Aha faa cre” Bo, Uma Revolucao no Cotidiano? * fad Comon Cie ob acd, ae Os novos movimentos sociais ‘na América Latina CotegaePrimeros Pastor 2 O.queé Descbedncla Cha Evaldo Vivo 10 diese toed Prono — Damage Abe Dat) eee te, Seay eee San SELES er oe BETES Ses etme ES See Colagto Tudo & Miserio Copyright © Tse Schere-Warren¢ Paulo. Keschke cope: ‘Same! Ribeiro I Tela Nuns de Siguirs Sivia Aguiar Toro OSS otra trasionse 52 nnd rake, 287 {08- so pa. fone 1 240 batons: 1527 DLA indice Apresentagdo — Ike Scherer Warren ¢ Paulo Krichke 7 12 PARTE A UTOPIA DOS NOVOS MOVIMENTOS Movimentos socials: evolugdo no cotidiano — Hart mut Karmen . 9 © cariter dos noves movimentossociis~ Ite Sche- Ter Warren as ‘Movimentos sos: reflexoes sobre 2 experinia dos (@ Manos 70 Vera da Sia Teles s4 0s notes movimentos vocint: encontros ¢ desencon- © * tros com a cemocracia ~ Rafie! dela Cus 86 Novos movimentos socais: cultura politica © demo- oy catia: Bra e Argentina — Buduardo Viola e Sort ‘Marwaring. 102 28 PARTE A REVISAO DOS PARADIGMAS 0s movimentos sociais frente & crise — Fernando Cat devon Guteres 1 ‘Movimento soca: igus cues concsiiis ~~ ‘Daniel Comzho Giay Movimentos soca: iors ¢ pric em qistio = P= ‘to Roberto Jacobi 26 Movimentes soca aio politica contrbuies @ aa democraca de base Paulo J riche 276 Apresentacao Novos Movinentos Socias na América Latina: uma revolugdo no cotiliano? Desde o info dos anot 80 vie tos clentistas soci do noso continent tém se ocupado ‘om este tema. Este interese decorre de dois aspectos pit cipais Pineiro, existencia de uma nova resldade: a pro- literagdo de orgnicagdese de forgas socials de ase, Estas ‘organizagdes, debrgando-se mais sobre os problemas que afigem 0 cotidiano de seus parti p08 pre padas em interagir cont 0 Estado, politics, fm sentido amp) sejaatravts da 'd0 con. front; express i erse das formas tradictonas de fazer politica; crise das clissicas organizaptes centralizadoras (partidos © sindicitos) erie dos encanihatientos das esquerdas tradicioais (uta armada, agdes clandestinas, Aisputas eleitoras st) Surge, consequentemente, uma + rie de estudos que procuram interpretar a raato de sr 0 significado destas formas “microrrevolucionsri” de fazer politica na via eotidiana, ou sej, interpretam a wopia estes novos movinentos sociais Foram selecionados, para 4 primeira pate desta coletinea, etudos que express c= {% momento iil da eflxio sobre a“edscoberta oo Sse SCHERER WARREN PAULO RISC fm segundo pr, ocr um cgotamento (ou 20 i wamento) dos modelos tradicionais de ov sc com elo Ss iitlges Tiss olson Bs recentes interpreta sobe 8 Seaade os novos movimento soca © sa dot Trocenos de demerit America Eating, m tt Mion de ror © piticn, ao oem um importante Imomento do recinarse do pensamento das Clenciar So- Sab sue sf mesmo. Tato evs da fers move Stanton socais como dos camnhos sbertor 4 democrat ‘ean do Estado lo pare de ume saa geal do pe Spent socal latinosmerieno 90 prea ds exigency Face imposes pon histori recente. A sep pate Tots coletinesapeena diferentes verses eeapa este prowtao de avalagio.Poporcon, sim, ume compare fio ene vides eens no que dir spit 2 quso- nent dos pundigmas clio mosernos da democr {ne do ota intogar importantes indcaSes pare £ Sentutto de novos paraigmas emergent (ou, 90 e- fon emis © shmenton paras Jo que pode Wi acon Talos) nom fue proximo [A primeira parte da coletanea (“A Utopia dos Novos Movimentos. Sociais") compreende trabalhos produzkios to perfodo de 1982 a 1984, coos autores tiveram nenhum (ou quate nenhim) conhecimento reciproco no momento {de sua elaboracto. A sua eiculagfo no Brasil foi muito Ie Imitada, endo que r88delesaparecem aqui pela primeira ‘yer em nosso Moma, Mesmo asim, esses trbalhos pox acm mals de um ponto em comum, na tentativa que far em de interpretar 0 potencal de wansformagto do cot ‘iano, presente nos novos movimenios sociais. A posibilt- ‘dade de comparar uma varledade de erspectvasanafticas Sobre uma problemética comum emergente € o que esta parte da coletanea procura proporcionar. Questionadores {8 alienagdo, da opfessdo, do autoitarismo, 0s novos mo- ‘wur REvoLUGKO No COTIBIANG! . vimontos soca suscitam, sob vérios Angulo ¢abordagens, 2 admirago e a surpresa de muitos pesqusadores ~ que se interrogam sobre o significado, a ergens e objetivos dee ..L—rtr~—~—— ices, sto SAREE “Mor iene Sata rile sa aR eM ape Senta Svea comct get do vnc too Res eee ese oe Seema Stan ee crepe ee Se ec in a etn aoe fakes Se are ie ists oa See iano pan sen oe he tna he rammera e iaticmptchiceocannnses Seemeses a... = Road tani ant continu te wes ‘Silencio foment nen Setoetnora Ea snus, o texto de "OCs titer dos Novos Movimentos SoMais" ~ sugee que a iden tidade destes movimentos sera constituida a partir de do fatos: um, estrvual, ou sea, 0 reconbecimento pelo pov ‘num sentido mais abrangente que o das classes trabalhado- ras ou proetariado) das condigdes materials do capitaimo contemporineo ede suas variadas © sobrepostas formas de ‘presto (bem mais amplas do que os antagonismos que ‘correm no mundo das relagbes de produglo), O outio fe. {or curl expresando a intemsionalzaso de-ume “vuttorrertiesaohmas de Opressto c autora mo Réhlexto_do-capTaIEMeonrenporn vimentosatuais, fazem parte da constituiggo dessa cultura critic, tas conto: livre organiza, autogesso, democrs cia de base, direto a diversidade respeito 3 individualida © nogto de berdade indi rerdade coletiva,Portanto, uma vidual associada i de 10 SESCHERER-WARREN PAULO. KRISCHRE aordagem macrohistric permite reconstui 0 vine ios tano estrturas como Cllrs dos novos movimer- tos, com os seus antecedentes na tadiggo das hla popu Sederatedominlon siege an ‘rm tere aga, texto de Vera Sea Tells — "Mor sinenten Seats; Reto sin? Engen dos Anos JO" unos da “redescobeta dos rabalhadores,enguan {o setorpotcamente tivo no Bras cm contrasts com sb oncepyde lisa sobre a soedad cv enquanio ove edad recom, As "nvas om icpupdo" no clto dor momentos socials ranos, Sr intepretada come expres vray deaber {aes de nove dienes de socalzagao aclu dos trabahadores nor expagos costivos da vida coin, © Tonge dox marcos introns de erties consuls fos tabahadores fete a oercias pela intugoes Tadicional de representago, e- que Doguesvam 48a ‘Muaygoautonomay 6 finales, como desaberta de pr Ties inovadory que asuam o sgificado de una opt ‘nde (oda uma radio poten marcda por concedes ontants elite ecoportvan que 38 conceiam a0 {tabuthaores um eapag fede © mborinado. Venom, ‘sim, 2 revnca da tzalo de uma sbordagem histo get cata (oa linha de Eaward Thompson, C. Ca Tonatis © Lefort © outon na contacto ds expen {ir 'do movimento trabaador, nam context pete transit politi Em quarto lugar, Rafael dela Crux ~ em “Os Novos Movies Sota bneprivoss Dennsantros coms De rmocraca™ ~ verfica de que forma os virios movimentos ‘Ho uma resposta arises que vim ocorrendo em virios nf ‘eb: a quebra de padries culteras tradicionas, 0 questio- ‘amento do Estado populist e burocrdtico e do modelo de desenvolvimento. Nessa resposta, cada movimento, €om lass esperangas e relvindicapbes patcais, aponta para um "projet alterativo em construgSo". Assim, ruptura cu tural engendra rexposts cultural por parte dos movimen- {os feministase jwvenis, a ruptura do modelo esatal est ‘WA REVOLUGxO No comptanor " smula a purticpsso dos cidadios mas tas urbana, 0 {mento do moisio de desenvolvimento encontts Raper {as alternativas 0s movinentos ecologists Qutts a smentos de base (creios. = grupos etc. li) ~ontbuem famkém pura 6 rosea de formarsodema ‘Rota Lamas seared ve. Esa visto dos novos mo- ‘menfos como resposa crue da Ameria Latina, denne Gina llc ds vrs sDordagens olan c across truturis vientes nas adas passa, no apenas pa in Sorry nbn pars inept w ont Por lino, o texto de Edy -aning ~ "Noves Movinentos Sosa, sua polite © dlemocraia: rail e Argentina na dada de 80""~ conce te que as manifxtagbes doses movimentos no plano a cultura pottcaspontam na diteqto da contagao de una emocrci radial (entendds esta como a combinago de democrciapoitca com gualtarmo moi, Dispoem se 4 tlie ocltimo a ares Mrarulss, a valor 4 sliaredde,peferndorelagdes pessoas de coopers {8048 instruments ede competiao, ete Consign ay Sim, 2 um nivel elevodo de interecpo eres teria ea pritica dos ows movimentos, esa nerpreaggo fare Propor uma tipolgaselevante para estudoscomparatvos (cational ¢intemacionas), 3 mesmo tempo em qe nds 4 a8 poueis conseqiencis de cada. movimento, biz 40 seu propio conterto polio clfra A seeunda parte da coltines (‘Reislo dos Pare signa) reine tnbanor gue inteoqam seten dos a forages nos pragma de trea das nis o- cits, fete teins dos novos movimento sees ati, sae ma vl com 0 Ea oi of procrns Je democmatizagto dn natuoss poe {a ho etry nto, de entados abt de tor pola, nom meso (em sun uo) de popes a thadas de sistematizaio tsrca, mas de indagages sobre anafrmagoes hotorcratwalmente cm Caso ta por ites ltio-americana,e sobre o seu impacto nas Cienlas Soci E'siguicato ofato de ese abalhos rem su- fido em pee posterior (1985~1986) 40 primi pupode Seid que bse ext comet prtense {Conca da emergenia dos novos movimenos sia, tar to pure os procosos de democrataaglo em ros pafses da ‘Roca Latina, como para au relormulagoescorresponden {ino campo ds tora soil E crt, por so, ue todos ‘Siet‘catudossefltem tranaformagBestebicopaticas Que {ho esto consoliadas em nentum pfs em particular, rem fm quabqer das diplinasceatifias que estodam ees, ffnomenos: Eo significado de aun contibugdo€jstame- {code compara varias hipdtess enfoquesanaiticos com trastantes, ¢documentagso empiric diversifiada ~ acerca dio poste desenacese agnifeados dstas transforms espa as formas futures de democracia que estdosendo {Mitiuias (on deacjads) pelos novos movinentos soci ‘0 trabatho de ermando Cldern, que ina eta pa te dacletnes ~"Os Movimentos Soca frente Crise” *feaciona a emergénca Jos novos movimentos soca & Sate de aclonalidade do stems capitalists dos Estas fulonssltin-amerianos, bem com as tentatias de so- Tuggo questo sendo buscdas para esa cise. As anterio~ Te ditties mcionatas,industalstas © modernizantes ‘ho mas atacm base socal de leptimesfo, que suster {ow no pasado os regimes populist, ibe ou deseo: ‘iments As teon cisions etotalzantes, que jst {ram eovenavam ester regimes, ena também em cx seins impossigade de enquarar a reabdades “mali Scioridasy muliformes © heterogénas” dos nows move fnentos sodas. Diane 8 rasonaldade da dominasao, SS atontarmo, depen ed expo, ss mo ‘imentos pasar porum prineio momento formative, Ucrenperifacias purtclaristas,constifuindo novas emt {iden soltvas ~centadas a autogestso,soliaredade ‘er para poderem retorar a0 expo public, “reconst- ‘Ww REVOLUGAO No ConDLAKO? » tuindo © sistema de oposgbes e vibilzendo a reconstru- 80 de sujeitos hstoricos™. Reconstrugdo que surge apenas omo possibidale, na medida em que as intituigSes por Iitias ¢-0 sistema internacional retomem um m{nimo de normalieagdo insitucionl. Vése, pos, agi, um esforgo Aeliberado para reconhecere integrar at contribuigbes dos Novos Movimentos Sociais a uma reconstitugo da teoria, ger do Estado, como sistema poltico e cultural dotado fe raconaldade, especica& sua reaticulagfo contempo- +inea em escala mundial eno contexto da América Latina. ‘0 segundo atigo, de Daniel Camacho ~ Movimentos Sociais,Alpumas Discusses Concetuais~, demarca cule: proleariado € 0 de Ser produtor le maivali E evidente que 0 proceso de capitaieagfo cris no ‘mundo into clases oprimidase exporadss, que nfo $80 necesuiamente cracterizadss como eiadoras de maisva li. No-entanto, ses stores da populasfo.empobrecidos__ SApIOFRIOE so tandem realiada-de-capialsimo. Eses “Ghunns-ndo-chegazan.-er-exposados-©-opcinidos por “hia propria inlatva ou ateidage, mas. porque foram empreendidos” nese estado. Tal concelto de "empreen- smo, comin aos explonados.e pat 22 USESCHERER WARREN (PAULO. RRISCHKE etizados: so alienados de suas formas profundamente en faizadas de existencia, vida e trabalho, Proceso este de lenaglo que prowride incessintemente nos pases indus Imalizados'e-naqueles em via de desenvolvimento, ainda ‘que com intensidades diversas © apresentado sob formas Aierentes. A pias do conc de “ans, Sequndo Istin Mészaros? 0 conceito marxista de “alenagdo" tem os sepuintes aspectos principais: 1) 0 homer estéalienado da natureza; 2) es alienado de si proprio (de sua aiviade); 3) est aienado de sua especie (Ge sua participasso na espécie humans); 4) etd alcnado dos homens (de seu proximo). © ‘conceito: marxista de alienaggo compreende, por ‘um lado, © processo de allenagdo do homem frente 4 hats rera © a's proprio e, por outro lado, repercussfo esse processo na relagde homem-humanidadee nos lagos inter omanos. Mill Markovic constata que a tual stuagto do ho- ‘mem, apesar de todos os progresios da cignca eda tecno- Jogia,ndo € de nenhum modo satsatéria:"A maiona dos ‘spectos nepativos desta situsgfo. se podem considerat compreendidos sob o conceto de atienagto. Estar alienado Sgnfica a perda de co perda da possbiidade de live escotha de um tabatho erative; redugdo de todas 25 Fiegs formas vitas a mera satisfacto da necesidadeartify al da posse de objetos; alienagao dos outros homens ©, ‘em conseqiénca,relagdo de explorigo,invea e dio, em, lugar de onfang ¢tolidareade mtu (..)-0 valor ‘mais allo, de um ponto de vista humanists, é portant, 0 s sipressto da alenagzo, a emancipagto univeral de to. ‘das a8 formas de misénia ¢escrividdo: politica e econdim S& materiale espitual, externa cater esas vin Der Ethene bl Mar Mai, 170 ‘war nEvoLUGKO No ComDIANOY » A introduedo do conceto de alenagfo m0 conterto desta" aicundo ¢ importante, uma ver que a eaplorsgo ‘sonoma ndo ¢ sfiente nem eauss nea de expen ormoviments soca a Os movimentos sociais, tanto nos paises industrializa- dos come naghes em descvolvimento, 80 gE Tan. amentalmene de cause economicas Asin como a ne Siidsde ecnbmica sbslula Jos paisa em acess ‘Menlos to tiga mouinentos cas tampace tor mia expioreto (com posbligadr sfcenter de rodito) or pats tnlvatnalizsdor ovecan Sis. ur samen o'cater de movimento soca Mss po ‘Gise M demonstaram que a muna absolua, ou sa Daupettagso dos pats subdeservolios, conan ants & {pata ¢ ao indinualsno, que as formas de explora enya inunralizados prosem tts pare congutar Senor sla, mas no movin toxins. oe ne ‘hum modo movinentos que petecam a manga dos {ema A costataio de futon fen descnhest mento da ese masta de que a alenago tem sua orem 1 aprpriagao prada Devese nara espeito que Mars, Suando mencona 8 propredde privae come fonte da SHenago, nao pens apenas em sus forma economic, co- tno propriodae prada dos meios de produto, mas em {ia rego soc que confunde mtn oegmindo do homem das coms, em qe se cose home, tm quo objeto qi 0 posi eo manipulate 5 So (por exempl, se maquina mar amber ‘viper, oresningbee te) se sbjtvean Ou par Sam eaas seem fins em a mesmas, arastandoo homem M'sera ae sus dadmica propia A eens da anasto {std prectamente nesta confso ene 3 wbjtiviade ‘objet apropraro da sbjetvidae raver ds Cole smultancamentecotafcaro nomen’? ‘Vsando ums formula condewads, pode-s dzer que 2 aienaga aparece quando o homem s transforma de Jato om objeto, como produto de erutuasindesaves¢ ireconeetves Ea "manipulgao" tem momentos tre toics como pngucon, como fevea Conte de ile ro. ‘Quando 0 padecimento sob 0 “empreendimento™ adguie um nivel de concencs coltiva, © tudo Je diengto€recontecida, podem nascer momentos sos. Nese t,o movinentos vc ete co ‘no um procrno coltvo ecomtuniatvo de protest con dizo por indvos ona regoes soc exerts, ¢ fue afetam 4 um grands numero de esoas (qe nlo pre isan extarneseriamenteorpanieads)* ‘Conorme intenade ou et forma esp aue assume 0 proceso de senso, © potest nfo tem fue Se digit necesartamente conta 0 prop cavsante desu stag. Mes pode 0 sontin, initarse «pre: Bes paca © a determina fendmenos, No decuro de Sees sldaris, com aforg crescent do movment 3. al pode orinarse um peo Ge soiedade sera, zsemoWido pelo movimento como objetivo. endo ques stew impoe a areal. 4, Sobre a génese dos movimentos so ‘A composiego socal de um movimento & por certo, sempre especificamente de classe, ainda que nio represen. { uma Gnica classe homogénea. Tanto assim, que pode ‘chegat a ser um verdadeira movimento de massa. ‘Os movimentos socials ngo tem, necesariamente, a ‘mesma estrutura organizativa de um partido, ou set, 1 reeonhecem miltanet formal nem capacidade hierarquize- 44a de decisto. Podem, no entanto, no curso de seu frtale fimento, desenvolier uma institucionalizagdo minima. ¢ delegar a tomada de deesdes 2 um comite, sem que che- bem, por isso, ater uma institugdo formal ‘ta REVOLUGKO No COTIDLANO! Pa [As condig0es minimas necessirias para o surgimento ‘de um movimento socal fo a seguinte:primeio, dever. kite posbilidade de comunicagio e expr cole ‘as Quanto mais sam impedias esis possbilidades por “Ptruturs socastetalt4ras, tanto mats improvivel srs 0 Surgimento de wiowinentos socias. No ealanto, Odense flesenvolver em pevfodos de governo totalitério — como ‘ns ainis ditadat Iatinosamericanas—, em grau maior ou senor, certs esruutas subversivas bisicas, tis como a SocigGes de mocadoes ou comunidades saligiasas de bas, 5 quais, em tempos de eatvaiberalzasSo, adem shezat {lconstituir movimentos soca Pontos de partida dos movimentos sociis [Nos paises industriaisavangados, apesar da difusfo de ‘uma tradiego maresta yulgarizada,nio se criow uma clase Tevolciondria compacta, com claras perspectvas sciss, ‘que fost a ifciadora e portadora de movimentos socials facionas, Por outra lado, acumulam-se confitosreferentes 2 problemas especticos ¢ movimentos com caractristicas Tetlonais, que ndo podem sr eanalizados nem divigidos pe tos grupos de intertse tradiionais, como os patios pol ticose 08 sindieatos. Tao logo esses se buroeratizam, sua ‘ibordinagfo ao Esado debiita a capacidade de integragio tmaciga do sistema, criando com iso uma causa para a ape ‘iglo de formas extinsttucionas de defesa de interests, Atavés de incatvas ctveas, movimentos espontineos de protest eareves: “WC, -) Em cida caso se estabelece que, justamente ‘nas metrépotes capitalists desenvoWvida, a litas © os mo ‘imentos sociais mais importantes nfo partem (mais) do proletariado industrial como classe, e este a0 contério se ‘mantém A margem, dali exercendo sobre cles sua influén- Este & um proceso que pode ser observado muito eee sar nt te Sa cee soem tne smi tes Sem ere a ct oe am sane sr ceetpct as aa Baer aie comer Scat neice agar Segoe eee heme es arts Secon are ser Entacioanswet mus ies Se Ae pee feat tao a mt oop mae Ecce gotten rece Salat tm rte armnae misiteensnse inca © Seimei Roe cerita fect Rica. fadar ae iene scans unt res Ee a ro ‘emma ae See Sal eee eee eee eee SE St me emer ee soar est ape rote Shoat aca ar * Smarties Nat Karr, Heri [erode Pols BahonlCcamncncs Ase ‘oannevotgso no compunor » mena mane Os pores 0 iui mace de su ca ‘cidade comum de produggo, mas podem chegar a uma ‘Spinido unificadarediante um trabalho deconscientizagi0 Tmnais longo prazo através de experiencas comuns de ay- Tovorganingdo. Ese process € acompanhado da possbil- ade de desenvoWimento de um processo de pobiizaco, ‘gue permite revontecer 0 carder de classe dos Estados car Ditalistas.E que, a saris do campo da reprodugto, propor: ona uma compreensio do modo de funcionamento da producto capitalist ‘A busca de uma nova cancepséo politica —F Trt de echrecer problema dos momentos sociaisinvestigar su desenvolvimento e possves efeitos ‘Sgnfica quase ineilavelmente o abandono da teria poll- tiea tradicional e air em busca de uma nova concepgto politica Ese proceso iniiowse na esquerda latinoamericana, ‘como contequenca, antes de mais nada, de suas derrots fos anos 60 70, Na Europa Ocidenta,a busca de uma no- a concepeto da politica tem sido dicutida sob o titulo ‘nfo muito correto de "erse do marxismo"” Em ambos os flebates no we dsetiv muito acerca das posigdes marxi- ts, mas se citicam concetos que orientam os modelos es falinistas de organzagG0 ou, eno, © leninismo. Essa 6 a ‘concetuago comum, tanto quando s tata de um parthlo ‘de quadrox, pequend © disciplinado, como ao se refer. ‘tum grande partio de massas, com carateristicas de um Partido popular: 0 partido ¢ dominado por politics pro Fissionas, dotados da conscigncia corre, que conquistam ‘poder para ar masas alegam atuar em Seu nome “Tal concepeio politica predomina hi longo tempo nos partidos ragiconais de esquerda. Concep¢Zo da pol a qhe ess conjugida a um ideal de socialismo, em que es ‘st vanguardn que aus em nome das massassocaiza os ‘melos de produsso,tomando nas mos 4 economia central ‘mente planificada. Mas, uma época como s nossa, em que (© proprio capitalism soctalizou 9 processo produto, em 28 SESCURER-WARREN /PAULO 1 RISCHKE {que o controle efetivo de grandes setores dos meio de pro- ‘dugdo fo unificado ~ nas milos de uns pouosrepresentan- tes dos proprios Estados capitalists, ou nas do grande c= pital fortemente concentrago em dmbito nacional ou inter nacional ~ difiilmente pode ser considerado como tal um tocialismo que se manfeste somente no fato do plane ‘mento central da economia, 'A ese conceito de socialism — antiquaco, mas forte ‘mente enraizado — que se fundamenta,talvez, nas andlises 4do tempo do capitalismo competitivo, © economista basi leiro Paul Singer contrapte um ideal de socialism, que tende determinantemente 4 democratizagfo de fodot 0: fetore da exirtencia: "O socialsmo da nosta época exige lum conteddo mais amplo, poe menos énfase na ampliao do consumo material que na democratizagdo dos processos ‘ecisrios, nos Ambitos econémicos e soca e, de modo teal, na diminuio do autoritrismo em todos ot stores fa vids humana ~ da "fama, a escola a Fabrica, até at ‘randes instituigdes nacionais, como os partidos, 03 sind fatose as forgasarmadas (...) Por isto, o socialism si nifica hoje uma sociedade, onde a igualdade no dmbito ‘cconbmico ¢ social, e a democracia no Ambito politico, ef {ejam enraizados em maior grau que mas sociedad onde © capitalsmo progrediu mas amplamente, tanto n0 presen. fe quanto poss vir a ser no Futuro (dentro dos limites dos regimes atuais)"? 'Na mesma diregfo argumenta Fernando Mires, em sua anilise critica da exquerda chlena, da época do gover” ro da Unidade Popular (1970-1973) sob eatual ditadu- Fa mitt. Considers que no tempo da Unidade Populat 4 Parte mais importante do movimento trabalhador esteve Tepresentada no governo, mas 0 programa do governo det ‘ou de lado aproximadamente 60% dos que sfo explorados ro campo." + Sug eS eta Ande aaa nevorgko wo combuasot » ‘As minhas répris pesquiss também demonstraram ue of explorades ¢ indigentes das favels, que se encom {am 2 margem do movimento trbalhador tradicional, nZo Ho interiocutore: dos partidos de equerda. Com poucas txcegdes (provavemente come a desenvolvida pelo Partido {dos Trabalhadore no Brasil), os partidos de esquerda na ‘América Latina ~ $2 acaso colocados nas eondigbes vivr das pela Unidade Popular do Chile ~ deseavelveriam pro- |Jetossemelhantes repetindo com iso ot mesmos eros Mires considera um dos erros maiores da concepgs0 politica da equerda © suposto da uniformidade do proke- tariado © das clases oprimidas nos diferentes Estados na tonals ~ ey em conseqhénels, a "fcpdesideoldpicas” do Internacional proletiro, da revolugde mundial © do ‘movimento operiio internacional. Easas frequentemente ferviram apenas para satisfazer a8 exigéncias geopolitics dos interesses reionas ou internaionais da Unizo Sovie- ica. Ele afrma, 20 contrrio, a necesidade de voltarno- vamente as caracterfsicasnacionas de toda prética: "To {as as revolugbes do nosso tempo tiveram um carder na ‘Gonal, As cates socais nfo se articulam nunca de modo ‘Guimicamente puro, mas apenas mediante movimentos Sbciais heteropeneot e, quando estes movimentos logan fer a expresso ca majoria, adotam a forma de um movi ‘mento nacional. 0 prolelariado eas clases oprimidaspas- ‘sm a ser clases evoluciondris,principalmente no quacro ‘das tas democrdticasenacionais(.)”. ‘A hipétese da necessidade de Tutas naclonais nfo sige nifica, de nenkun medo, que se possarenunciar& solide Fedade internacional, ou negar que hi processs nacionais regionals que so, em fudo, compardveis a0 nivel nter- facional. Existe sempre, como ocorre hoje, em geral na ‘America Latina ama simultaneidade dos processos de ene ‘olvimento das economins nacionals no mercado capita: lista: mundial. Sé que "uma determinapao proveniente de a Fada id 129. 30 SESCHERERWARREN /PAULOJ.KRISCHKE um contexto mundial 80 pods, de modo slum, subst {ur una anise cometa da corsagf0 de forgas so nivel ‘icional. A revolugdo € um acontetimento nina, © Se Iie send ain por mato emp jmaandise correta da correo de ° sbandono de determinadastadigtis politica e, anes de tudo, sipde analsar se as formas orpanzativa trace tis “do 'aindasufcentemente was, Exige indo so 2 pretenses de peneralzaqao, centazaggo © represents tividade das orgniapoes politics até agora adiconas, omo, por exemplo, os partidos politcos.e as entrain ica, fo. significa, sob. determinadas cicunstancis, tua ‘desconsderafo inadmistvel das multiplidaes ¢ ontradijocs existentes essa sociedad, Reguer ainda # indaagto sobre a medida em Que © partido polfica ta Gicional ea formas de organizapdo indian sige ta pd de poslads de ao poli; mfr mat tradcionals de orgnizajdo. no representam pars Sande mau da populagt uns imposigo de atodesqes lcagto, capacidade, ais, que eas onpinizagocs nfo mas posuem, Folica de enquerds nasdo uestionr as oranzabes politics traticionsssni- fea, 20 mes tempo, ampli eed allenao tribe 2 esas formas de ornaztio. Sus pretense decent 2afdo «representative Conrbultams spores be Taimedi eatidade socal, no perntrun, spre ‘a ptetento de utr por um mundo melhor, contrugo ‘top corey omam obeul a dene. timento de formate. produgloalterativas © Je vas ‘modalidades de vida social. ad Frente th pretenses de geerlidade e is preter stes colts ds orestizsoes adic abe Pega {ar porunta que tamer ae pra ely de Pate potica bend deve smi nova iportinl sa aa nEvOLUGRO No COTDIAN? a” jetvidade, por exemplo, no sentido da autonomia ds in- {erewses patiais © dos grupos, em face da uniformidade ‘brigntria edo formato coletivo do sujeito revolucionsrio. "0. processo e a socalizacfo crescente dos meios de produgdo nio fromereram, a um rau mas elevado, a nive- Epto e coletvizato Jos rabalhadores. Antes, conduziam 2 novos procestos de alienapdo, to mais varados quanto nai fortemente experimentados pela sujetividade, Deen ‘over idéias sobre formas socais em que a allenacio possa ‘er eliminada significs desenvolver posibilidades de realize: fo. para 0 suelto. Tals formas soclas sto definidas por Situs Stink: "Que significa, realmente, construir uma verdadeira sociedade humana? Sinific, antes de mais nada, a cragg0 ‘de uma sociedade onde a subjetividade de cada um dos ‘membros individuais posa desenvolver a subjetiviade de ‘ada grupo humano, = por ultimo a subjtividade de toda a fociedade (...) Porque quando o significado do social. ‘mo ¢ a liberigao do homem, a regeneragto de sua substin- ‘a humana, de seus strbutos de auténtico ser livre, © ca ‘minho para esta libertad sb pode ser'0 do cukivo de sua fubjetividade, o caminho da formapto das condigbese pré- fequisitos para a sua zutorealizardoe desenvolvimento”. "Tal vido de ume sociedade futura nfo deve ser apenas ‘uma utopia fonginqua; antes, sua realizapo deve comegat fqui e agora, na patie diria eno apenas na pritica poll tiea ~ 0 que signifies 0 infcio da utopia concreta, em que cada pessoa revoluciona sua vida cotiiana: FEinquanto (-.) nos coloquemos a meta de realizar uma tal socledade desienada, nfo temos que tentar a el ‘minagfo da vida cotifana, mas formular a Weologia para a ‘construgso de uma ¥a cotiiana desalienada ~ end ape- ‘nas sua Tormulagdo ieologica, mas sob condigbes expec ‘as, caminhar paras realizagao". SS es opp 105, ae, Ape, “Dead Revo — ai an le Reads ‘os Magara cs we be Renin 189 18 52 USRSCHERER WARREN /PAUTO 1 XRISCHKE Exse modelo de sociedade,evjapedra angular € a sb- Jetividade," a eliminagdo da alienagdo e a autotealiagto, ‘Comecando pelo cotdiano,esté em contrarte com as com ‘epgdes cul visto da soeiedade Seremete melhor & Um fu thro distante. Sendo que, para alcangar esse Tuturo, ali ‘nagdo cotidiana pasa a ser entfo,conscientemente ace {al como € ~ 4 que apenas pela renincia,o softimento ea submissdo pode ser aquela meta alcangada, Mas, esas das Correspondem justameate 4 concepedo politica tradicio ral, que enuncia ser‘0 socialsmo aleangavel unicamente alraves da congusta do poder politic, E qu, par lograr tsse objetivo, se ecessitam estruturas organizativas dec ‘Séras vertieas hierarquizadas, as quaisrepresentam pre- ‘isumente 0 oposto do que se quer obter ~ ou sea, uma ‘sociedade horizontal eigualitéria, nfo hierdrquca, Ax orgs nizagdes patidriasesindicais dos pases industrializados © ddagueles em via de desenvolvimento correspondem a esse tipo de organizasto centralizada e autoritria. Na América Litina, Somase ainda o fato de que uma srie de patidor acredita poder conquistar 0 poder politico com o recurso txclusve dviolénca mits Tal Mdeologia do uso da vio- Tencia requer a militariaaplo de sins organizagbes. No en- tanto, cabe perguntar como poderia uma concepeto pol tea que aspire Iniciar a construgfo de uma sociedade lrze © humana” transformarse em politica conceta depois d ‘conquista do poder, se para tanto requer a centralizagg0.¢ a hlerarquizagfo de suas organizagoes? Movimentos socal utopia concreta Com 0 questionamento crescente dessa concepeso politic tradicional, surge a abertura de uma possbiidade Ristérica para os movimentorsociais emergentes. "mwas tnt gh gu mb a tm cm "Greta tai Foe pat arto cvanacs seman luanevoucho No COMDIANO? 2 Com uma nora concepeao politica, que nfo est ape- ras voltada para conguista de um futuro melhor tante ‘ms que levnta como meta areslizagio de wma existen- ia cotidiana digna de viver, que se val obtendo também a ada dia, comes a luta pela eliminacto da alienagio co- {idiana, Ese proctso inclu a possibiidade de ensao de formas de comportamento a longo prazo ~ e no apenas ‘num sentido econémico ~ e de desenvolver nels da exis {eacia, que emborz nfo reaizem ainda ideal de Umi 20- ciedade horizontal nfo-hirarquizada e igaltri, 0 tor- ‘nem mais proximo, sob condigges espectficas. No América Tatina hd exemplo: de movimentos sociais incipientes, em ‘que 0 habitantesdefavla bairros populares comegam 2 ‘elvindiar melhores condigbes de vida, Essa ita ndo fepre Senta, para 0 morator, a conquista do poder (estatal), nem $3 formagdo de um partido, a hierarquizaggo dos processos 4e decisto, ou a guemiha,o ful e violéncia heroics do Seldado, Mas signiica tratar de crar, de vver mais hums. ‘amente, nJo mais se delar alienat dos outros, realizar iariamente atos db solsaridade, pensar e se comportat como se estivéssemos vivendo numa verdadeira democra: ia, Para iso € nevessiro, antes de tudo, coragem ciica, Isso também se aplica aos movimentos socint dos pafses industriabzados, jague somente com uma grande dose de “armas de vida ¢ de produao. Definimos os movimentossocais, 20 inicar ert tra- batho, como procesos coletivos e de comunicaglo reaiza ‘dos por individuos, em protesto contra ae situagdes socials existentes. Os novos movimentos socials eanham forga € significagto contra formas de allenacdo e despersonaliza ‘fo crescentes,sobascondigbes socials do mundo content Porineo, Sua relevincia e possbilidade histrica estzo bs Seadas no fato de que, mesmo quando sob condigBes 30- Ciais diffeis podem contibuir com uma “mudanga de valores” para 2 sociedade. A "revelugao. do’ cotidiano”™ capacita uma parte essencal da sociedade para tar aber famente ede form deidida, mas ~ apoiada pelo processo ca de autosealzago ~ tm de modo reat, pe ‘Rpsrsto" das conigis pifcreconomies easaoras en SSeS om en porno inn 1 a Siminagio dn alent cotana no “ua ago ‘Rac a da manga da candies olticoecono- wet mas fnge do gues pode qualifier como no- Timento politico Tod mo entanto, chegar a ssi movimentos polices que fe Jeciarxdes progamdteas nas cua futur opi forte provareimene sete ‘orinentas soca e movimento pltcs podem, tambein sua de modo complomentt bto pode oorer srrmetian cm ques movimento poitin 3 deseo} ‘Rattberamens dost Amidanga polities 0 m0¥ Mie soc ct mat femementsestatrado; oi Into mar foro seu comers weal esa exe SSonpnatia minima O carater dos novos movimentos sociais* Mee Scherer-Warren** Este trabalho pretende encaminhar uma reflexo so- bre o carter dos chamados “novor movimentossoias” da Sociedade brasileira e buscar o significado destes no campo politic, 14 de imeciato algumas questdes se apresentar, “Novos” em mlaggo aqué? Ou mais precsamente:e= te cariter novo dot movimentos sociais estabelce¢& par tir de uma delimitiao temporahistérica ou teritoral™ ‘Mats adiante veremes que ot denominados “novos movi ‘menos socias™ tam um carter de modemidade, nfo po- ‘ém de nacionalidate. Com isto, todavia, no se pretend ‘egligenciar importincia de se pensar a especificidade desta moderndade 10 nivel nacional, em especial o nivel da Sociedade brasileira e de seu significado a0 nivel conjuntur ‘al O que se preterde ¢ jutamente buscar a particulat ‘Ginana Vi Eee anata ene Rae {$2'e Peoune om Cincy Sci ps Se PS Pel SLVR" threat eee Fiera do Prune de PisCratnt am Cinch Sx do UFSCaer dMermentr ttn Ena spss ‘tooigee USC bu 36 SE SCMERER-WARREN PAULO RISC dades dos novos movimentos soias, no Brasil confronts: ‘Sor com a expressio de sua atuaidade num sentido mais Sfrangente, mais interacionalzado. Em stese, que x busca ©0 contetido desta moder. nidade dentto do sistema pollico brasileiro e o potencia Politico estes "novos motimentos soca. Postule sobre peltienncaa deste potencial no momento em que, # mev Jer Chey monimertos estdo construindo © deseavolvendo lima nova cultura politica de base. ‘Os denominados “"movimentos socias tradicionis” surgem enquanto expresso tfpica da sociedade industrial (G'etsua constenca) dividida em classes socais, dts quais Gina dels proletriado ~ encontrava quase a totaliday {de de seu cotidiano submetido a0 mundo da produlo © fxploragao de sua forga de trabalho. Os movimentos so- cam em seu bojo 0 projeto de uma sociedade sm clases. ‘A itopla mals completa para esa futura sociedade foi de- RavoWida pelo marxismoteninismo. Assim sendo, 08 ca Iminhor indicados pelos marxismo-lninismo paraasaliza- ‘ao deisaufopia foram aquelesseguids principalmente pe- {5° movimentos proletsrios revoluciondros a meados do seul atu. "Porém, uma critica jé se fara presente, desde 0 secu to panado, ease modo de se encaminhar a transformagio wo Pao anarquismo, O anarquismo propriamente dito foi Timitado enquanto fendmeno politico ehistrico localize Jor Todaviasenguanto conjunto de iias © manifestagbes SSualsexpressava e continua expressando, através de ‘Siu: ramificayBes contempordnea, una das criicas mals SeBtundentes as prticas evoluciondrias antidemociticas Routines do markismoteninismo e suas ramifiagbes. ‘kinda que nem sempre explfcias,encontramse_no core Jie dolSyovos movimentos soci” essas manifestagdes ‘SShtaais cujaorigem remota a0 anarquismo. IE necesirio apresentar uma consderagdo de caster metodolopio antes de prossegir esta discussio ‘4 REvoLuGKO No CoMBLANO: a As conexes ene teria pdt ica nem sempre eee tuam deforma tio deta quanto dessjariamos sos defer der 8 necuidade da "unidade tnditolivel™ entre as Sides fa Todi sca onto ‘ines, em que ainformagd et comuncago de masa sf parte do cliiao das populagdes, diferentes nels dos Sere do fazer sabam se inferconccando. Pens nas co exten entre 0 Densmento Mossico © tebrico com 06 ‘movimentos ctr ¢ Moolgieose estes com os Morr esto oi preted ensamerto lostco «telco organiza stems tis, sb a formade conhesinent, ox pensamenton, od ‘sej0S, 0$ projetor e as utopias e préxis subseqiientes dos ‘movimento soci. Efetoa também uma refleso Ou an ‘se critica sobre estes. ‘Os movinenos cukuras © eoligicos divlgm ax sora tcc novos aepon. ee nel go fvarimento dr melon deform formes pai ‘Os movimertossocisispropriamente dtos sto 9 mo- imento de itegisto 8 prints com 0 projet atv de “uma organizagdo grupal." per Caro ques dvedo em tas niveiseststendendo igual iment eet de ey, pou eae oe ret tas ves encontam deform mas permedye! ‘Alem diso, se or dois primetos nies tendem, bretendem ssi reqientementey a tensor as fonts psc de nme, rane ou ane zandose, of movimento: soca propramente dios tals fegientemente 520 localzdos. Por fo mesmo, 30 argent nrg Shuomayeera ner area capeceae 30 SESCHERER-WARREN PAULO. KRISCHKE se tratar deste tercir nivel, 0 movimento somente poder Ser entendido em suas especifieiades quando contextual: ado estrtural © conjunturalmente.O pensamento terico os movimentos culturss também expressam, ou se rele fam eritcamente, sobre as stuagdesestruturais © conjun- furs, mas se orientam para generabizagdes, enquanto os ‘movimentos socais propriamente ditos voltanse normal inente problemas particularesimediatoseloclizados que lige dirctamente seus paticipantes. O problema social ‘Que 0 grupo enfrenta & 0 material concreto sobre o qual 0 fnovimento trabalha. Todava, 0 cardter do movimento, a forma de sua atusgio, poder incorporar em muito os mo- vimentoscultuais mais abranpentes, ‘© marxismo-leninismo, enquanto cortentefilosfica, teorica Meolopica, fio orentador fundamental dos prin ‘iis movimentos socais do fina do séeulo pasado © pr ineira metade deste século ~ agueles que traziam a clase ‘operdra como agente da tranformagdo. Nao hi dvida de fave 0 marcsmo, principalmente do ponto de vista de seu Inctodo 1 diaiguia e a concepgdo matrialst-istr {a realidade ~, contimaa tazendo a sua contsbuiggo ‘6s movimentos socias contemporancos. mas perde a sua ‘quase que exchisiidade anterior. Iguaimente, ee tense Constituido num terreno fer, tendo o anarquismo como Contraponto, pare correntesflosficas todricas conter pPordncat, Penso aqui, sobretudo nas novascorrentes (mo- ‘emidade e nova fiosfia), que vem reaizando a critica 20 tentralsmo burocrstico, 26 atoritarismo e ao dogmatismo Fevolucionirio pretentes nos movimentos sociaistradicio- has, contraponde a estes movimentos novos projets para ‘Conquistas de autonomiasindivduaisecoltivas eque per mnitam a diverskdade ‘O anarquismo, mals como movimento cultural © es: pontineo, da que tim corpo filosfico ou terieo sistem Tisado, farse-4 poi, presente no pensamento eritico om me oan emit etn ‘oma nevoLuGAo No coMDIANO? » temporineo, nas maniftagdes caltris, bem como na pric ds movirentos soci propramente dion, mesme ue ets ndo posam expla tltendencin O deen ‘oto do ec comunity fe mas ¢ ds mes Ar Tocomoyao tem contibtdo pars n destentorihanys des novos ods afr Inova a epiar © carter de desteitoriinago dos “novos movinentor sc" Por quem movies 4 trabahadores rus do Ocste catuinense vr Gefender Sa politen de oo ave poderd ser tanber eneotrads tus bac do mat dvcos movinentoy svat actonus¢ Intemacionai? Mea copa ou ern coinadenca devise 40 fato de toos sts responder vag ormas de ‘prio ede centango no capitalsme sontemport ‘co? Fo qu dr das tics snantes a0 socalome aliments extent De fat, 0 entra do poder, © dominio das tee nolo dui 0 yengo mca a dovastapo eegier © Entim, no centro cxts problems, o autotarame are Sratizad, so ques etre damental do munso Sontemporines, tino csptlsta. quanto. do Socalne Fel A desteritrsizngto do modo de produ Seminar ie ata! tar conigo tambem 2» internaconalizao dos tei de informa ed cltra de masa Asin sede, $e aes eur avn era ‘A identdade nestes “novos movinentos soca” se oni: pois spar de do fatan Prin, 0 ‘meonkecinento o_povo (num sentido mais abrangente do gut css proketi) das congo: tates do captaismo contemportnco de suas varadas &'obrepsts formas de opr, bem mss spas do auc ‘os antaonismos que comem no mundo dar rags de ‘roduo (se bem gue mundo dat relagoes de pra {ame st reese, sobretdo em feo retemento ‘ina ao que an a ede Rede Bae 40 SPSCHERERWARREN PAULO 1 KRISCHKE "), Eat fato poderd ser denomi- ‘Segundo, # intemacionalizaggo de uma cultura critica que vem penctrando os movimentos populares. Este pensa- ‘hento erftico esté sendo constrafdo a parti de uma iss {isfago quanto As formas de opressfo e autoritarismo, tare to do eapitalsmo quanto dat tentativas para asia spera- oS Socialiamo real Para esa eric a dias anarquis {tam sido valiosts. Prinefpios que remontam ao anarquis- mo, ais como democracia de base, live organizaso,auto- indo, decto & diveridade e fespeito 8 individualidade, renidade local ¢ regional e noggo de iberdade individual [ssociada de iberdade coletia,caracterizam as formas de ‘Organizagdo © de luta dos "novos movimentos soci. Es terato denominaei “cultural 10 fato “estutura™ € que estimula os objetivo, 05 projetos ou as merasreivindicapbes dos movimentos soca. Be paises do Tereero Mundo apresentam, todavia, suas pecilaridadesestrutrais em face do capitlismo mundial Contemporineo. Apresentam também situagSes conjuntir ‘us que estdo.no bojo das organizagbes populares, Porta fo, do ponto de vista dor projtos e dos tpos de reivindic- (bes, Md apenas uma identidade parcial entre 0s “novos fovimentos socait” dos palses do Tereeiro Mundo e dos patses desenvolvidos, Essa Kdentidade encontrase, sobretu 86, nos movimentos ecolbgicos,pacfstase feminists, Po- etm nos pafses da América Latina, encontram ainda nfo tendidas muitae dat necessidades bésicas dos individuos, ‘bem como os direitos minimos de cidadania, © 0s movi fmentos socials vollam-e 4 relvindiagBes dessa natureza, {que no mundo do capitalismo mals avangado poderiam set ‘onideradas como anties. (0 fato “cultural” € que dé a forma da organizagao € da prixis dos movimentos. E justamente af que se encon- TTinaioridentidade entre “novos movimentos scias™ stamente iso que da o cardter 20 que se denomind “novo” nesses movimentos ‘Procure, agora, exemplificar esse cardter a partir de ‘oa REvoLugHO No COTDIAN? 7 ‘extudos realizdos sobre movimentos socials contempord- feos, na sociedad: Brasilia ‘A pausa em termos de organizagSo da sociedad civil, ‘que ovorre imedatamente apos 1964, de forma mais ge: nt pode repreertar 0 marco de separacfo entre 0 que se {enomina movimentos socials tradicionas e o surgimento dd noras formas de organizagfo. ou 0 novo carter deal ffamas das antigas organzagbes populates, pois algumas ‘estas onganizagees continuam press a suas formas trad ‘ona de atuagio clientelisticas, assstencias e autorté fin), Sem divia, esta separagfo entre 0 “tradicional” « 0 novo” & uma construcdo que atende fin heuristicos. OS ‘movimentos socials concretor exprestam deforma variada, em maior of menor gu, continuiade ov descontinut- Gade em relago 3 cultura politica tradicional. Todavia, a pir do perlodo do mencionado, juntamente com a poli Feragto dos movinentos soins, muitos dent eses tar fontra as formas radicionals dese fazer politica neste pats © propdem novas formas de aczo politica ainda que sve fos com uma difculdade iniial em ultrapasar o nivel do ‘isco. Entre of movimentos que vém assumindo esse caré- ter novo em ss formas de stuagdo podese destacr © Brasil, parcela dos movimentossoeais urbanos propria: mente ditos as CEBS (Comunidades Eclesiais de Base org ‘izadas a partir de adeptos da Ipeia Catia), o novo sin dicalsmo urbano e, mals recentemente, também rural, 0 smovimento feminist, 0 movimento ecoldpco, © movimen {To pocfsta em fie de rganizagso, stores do movimento A ovent out, niiamente, of movimentos sociais urbanos, repre- sentadon ate 1964 pels AssociagSes de Amigos de Bairro © Sociedades de Amigos de Bairo (as SAB), se caractriza ‘vam pelo teu rerwtamento clientlistco, pela cooptacso ‘de suas lideranges pelo Estado Populist, pelo encaminha ‘mento de reivinicagoes segundo esquemas populstas¢ pr {emalistas. A partir de 1964, mesmo esas Formas de or sizagioviram sexs eanais de patiipapao reprimidos. Ape 62 Se SoERER WARREN PAULO. KRISOHKE as na década de 1970 novos movimentos de bairo come: {am a tomar forga, organizados em sua maoria como CEBs, Sinica forma de orgunizaggo possivel naquela conjunturs politica que via com suspeita os antigos canas de mobili ‘fo. Estes novos movimentos se caracterizam por suas hi= tas para romper com os esquemas populstas do passido, para a criaglo de formas comunitaras de partcipagdo dé Feta das bases 20 nivel da relexso, da decsto eda execu- {, diminaindo 20 minimo a dstincia entre direst0 e be- Sedo movimento. Defendem sua autonomia frente ao Ex {ado e Partidos, considerando edadania um diito do ovo, numa situagdo de um capitalismo partcularmente fexcludente A defes da autonomia nfo significa que 0 partido no podert ser utilzado como um canal de ence ‘inhamento das reivindiagBes dos movimentos soci. Signfica, sim, que esses novos movimentos recorrem 205, partidos de forina dstinta da habitual aos movimentos {radicionais, nos quais havia um nitido atrelamento do ‘movimento’ 20 partido e, freqUentemente, a0 Estado. Essa nova pritica, contudo, nfo ve encontraisenta de am: bighidade, na media em que freqlentemente o lider do Rov movimento social ¢ iualmente um lider patidaro, Por outro lado, iso tem trazido para os partidos a cons ‘Genca sobre 8 necesidade do respeito 4 autonomia das Instancis. ‘Quando as CEs, sia atuasSo nfo se restringe apenas sos movimentos que lta peas questGes urbana. Elaspe- fetram no now sndicalismo urbano, no. movimento das mulheres, no movimento dos jovens e outros. Apesar das (CEBs se organizarem a partir do estimuloiniial do elero © {4 protegto.insitucional ds IgrejaCatdlca, em principio, fdas "se constituem como uma unidade eclesil esencal- mente lela, cuja inspragdo central €estabelecer 0 relacio- {Sacre vata essen SN ‘uma REvOLUGAONO coMDIANDY ° ramento solidrie entre os homens, conforme un modelo flemocritico de autogesto."* Esse modelo alternativo ‘dentro dt Teri, todavia, freqdentemente vivenciado de forma ambsa, onde o "novo" se confronta com as tradi fier de dominagio hierirquica © patrarcalsta da lgrela rasta e mundal ‘As CEBs também tém sido cradas em areas ras. Tanto no bairro quanto no campo, as CEBs se orientam por um projeto bisico: Democracia e Socialismo. Pro Dem, porém, que estes passem 20 nivel da prética ime famente. Desenvovem, assim, formas de distribuigao do poder dentro do grupo e estimulam formas de vida socie- {ada tas como\os mutes, as canine comuitra, Em oposigao & tradcgo do sindicalsmo “de massa” ‘no Brasil" que e desenvolveu a partir dos anos 30, atre- Tado ao Estado crando a figura do dirigente“pelego ina década de 70,pasia se desenvoler também tm "novo ‘Sndiealismo”. O: focas de um sindicaismo mais combati- ‘yo e aulentico, que ja existiam antes de 1964, foram dure Imente reprimides nesse momento. Por volta de 1968 € ‘que im sindicalsmo de oposiczo comeca & tomar nove mente terreno politico. Ax greves de Contagem e Osseo fo a expressio mxima deste novo fat. Porém, seri na ‘decade de 1970, partir do organiza dos metaliricos {4 Sf Bernardo. que um movimento com este carter cul tural ¢ politica "novo" srg As segues orientagdes tem Sido atribuidas como norteadoras deste novo sindicalismo: ‘+ autonomia sindical frente 30 Estado; 1 independénca em rela aos partidos politicos ¢ lk ‘erdde de ecolha partici de seus participantes + nepociagbesdiretas entre empresados epatrOes, sem Intervenggo governamental Fr ies dete, Bt sag Omni) Sut Te ih Seaman Heese) (SE SCHERER.WARRIN / PALL J. KRISQIKE ‘+ motilizagdo pelas bases ¢ criaplo de uma democracia + nova forma de orpanizago, trazendo 0 sindicato 20, propio local de trabalho e 2 crigdo de comibses de Fabrica? E interesante observar que o sindicalismo camponés teve uma trajetoria semelhante aquela do urbano, quanto 48 suas formas de onganizaco Interna e suas relagoes com (© Estado, partido e trea. Até 1964, observase a historia {de uma uta pela tuteln politica do sindicato camponés ‘ainda incipient, entre 0 populism, o PCB e a Igreia Cx Talia, A partir de 1964, 0 sindicato se institucionaliza © passa 2 afvar nos moles do sindicaismo urbano atrela- {89 a0 Estado. No momento atual, depari-se com a form flo de um movimento sindical paraleto aquele do sindica amo offal no campo. Este novo movimento vem igual mente propondo autonomia frente a0 Estado, organizags0 elas bases, e que se constitua desde jem raes de una {ociedade mais democrtica esocalizada, Sindicatos de trabalhadoresruras da Regldo Sul (oes te de Santa Catarina, sudoeste do Parana e noroeste do Rio Grande do Sul) reuniramse em Chapecs/SC, em maio/8, forganizando formas de lua e propondo coordenagbes er taduis do que denominam “sindicato combativo"- No er- contro, 0s sndicalists defini 0 que entendem por esta nova organizagdo de base: “é uma estrutura sindical divers 4a atual, em pequenos grupos; engaja todos, homens, mu- Iheres Jovens, fax erescer a consiencia de clase; € mals, autentica que © proprio sindcato; € incompatvel com a futopromogio, at decibes do tabathador € que definem ‘% rumos da luta"® Este novo sindcaimno conjuga foreas 39 trabalho das CEBs, sendo que muitos dos participants, pertencer 3s duas organizaes. Estes dois movimentos es {io formando uma frente dnica de combate & construyio ‘de barragens na Bacia do Urugual. Pretendem e acreditam + Sead Mads 980 (980, i 988 Sa (98D, ‘vaanevoLgko no complawet 6 que 0 seu movimento conseguith impedir tas construgdes. Biterentemente. ds. outros movimentos semelhantes que fcortem em areas de construgso de barragens,e que seca ‘aceriaatam come meramente revindicativos de melhores indenizagbes © condigoes de reassentamento, este movi mento prope ler # populagdo a se tornar dona de seu propre destin, impondore contra 2 construgfo indevida ‘Se tals obras. “Quanto a0 rovimento de mulheres no Brasil, pode-se sistingur também um tradicional um com novo carter 3 partir da década ce 1970.0 primeiro caracterizase ora co. fo movimento de mulheres, ofa como feministarevind ‘tiv, o segundo como Teminista mais autOnomo. Tats: Se. pois, de um fominismo libertirio em contraposiclo a tin Teminismo itera em relagfo a transformagao da 30- ‘edage num sentido mais alobal Ha referéncas sobre o movimento de mulheres no rai, desde 0 infoio da segunda metade do século pasa. do, Sto inimeros os movimentos que surgem, desenvol- ‘ern edesnparecem, quando suas reivindicagbes sto ater Gidas ou 0 movimento desgastase (no perfodo que vai Jo Séeulo XIX a 1964). Ora caracteiza-se como um movimen- fo de mulheres, yeas luts gerais:ansta, democracia, esta, problemas de bars, ete Nesse cso, houve aqueles {que estimiram un carter reaciondrio, como 0 da marcha Dela tradigao,fanfia © propriedade, em 1968. Ora se car Ficteriza como mpvimento feminista era frente aos st tus quo, meramente reivindicatvo dos direitos femininos Alireito 20 voto, éreito por igtais saris 203 dos homens fe dirito a uma paricpapto politica mat ampli “Tanto of mavimentos de mulheres quanto os movi mentos feminstar liber continuam proiferando até 0 momento atual Porém, a partir da década de 1970, come- fam 2 se organi movimentos feministas com uh nove + Sten ie do nmi emt cot Obi (1976 Ss pi anager. Rom 4 SE SCHERER WARREN PAULO J RICHIE carder: Ubertrios. Esse: movimentos no almelam apenas Igualdade de condigdes femininas e masculinas no sistema aval. Latam por uma sociedade modificada, onde mulhe- res e homent serto diferentes. Entre eset, dois tipos de ‘rganizagoes surgem: grupos de reflexdo existencial (pe- ‘quenos grupos que encaminham formas de transformagio radical nas relapdesinterpessoais,cotiianas) e grupos an- Uicapitalistas(pretendemassociar a6 transformagoes rad ‘als dasrelapbes socials 20s movimentos das clases socias, ‘Que lutam por um novo sistema soca) Rubim sinttiza bem ease novo feminismo:“Um mo- ‘demo feminismo que reivindice uma igualdade, em certo Sentido, radical, do homem e da mulher pela tansforma- {40 dos paptissocais (masculinose femininos) constitu dos por ¢ com base numa socidade capitalistae patriaral, ‘Acredtamos que o avancar desta luta depende resumida. ‘mente (etalvez simplifcsdamente) da necessriaresoluglo Nistorica de duas questoesinterconectadas e fundamentai. ‘Uma, tlver mais tebrica: a articulagfo necessria entre 3 busca radical de igualdade entre o homem ea mulher (que lo implica identificagdo, mas na verdade diferencarzo), {busca de igualdade entre os homens (isto &, 0 socializmo) ‘€a democraia, Outratalvex mais pritica; como articular 0 ‘movimento (mais amplo) de mulheres (e também o movi mento mais geral de transformasdo social) no aqui © n0 ‘mais de uma tendéncia. Destacase uma ambientalista, que tealiza a critica aos impactos devastadores de certos mode: fos econdmicos, e outro tipo “eomunidade_alterativa’ {ue pretende desenvolver um novo modus viendi, quanto 40 modo de produsi, dese aimentar, de cuidados com 3 sate, ete ‘Denire uma varidade de tendéneiss, pode-se dizer ‘que os ecoloisas, no Bras, norteiam-se por determinados ‘vas nsvoLUGKo Wo ComDLANO? ° prinefpios comuas, ou sea, caracterizamse por suas orgs hizagoes de base, em pequenos prupos e com o sepuinte projto geral de socedade + descentralizggo da produgio © do poder politico, ‘tando regibesauténomas e autogestionives, + produgso baseada no cooperativismo ¢ orginizacio focal baseada na democracia dire + Gremecifcamente, 4 crtia deta a0 sistema c lista com sues teenologias dura, propondo a criagio nos efeitos devatadores {4 economia” canter. onsttuise, asim, numa ‘titica radical or modelos atuais de produpio capialistae Socialista, e 4s organizapbes politcas que as conduzem, Proper uma socedade alternativa, bastante ma linha dos prinepos anargustas mencionados: descentalizaedo com Fespeito 4 identidade locale epional, democracia de base © live organizagfo,aulogestio e desenvolvimento de auton miss O movimerfo ecologsta nase, pois, j8 como um mo- imentotipicamente "novo": Este models cultural erientador das formas de organi- acto e da prixls dos "novos movimentos socials" era inom problems inci, mas abre também um campo de Dossibiidadesfutrss De imediats, devese reconhecer que no interior de lum Estado auteritariofeentralizador. apesar de temeroso as possbilidads de organizacio politica contestatoria da Sociedade civil, eas organizaydes mais moleculres, como ‘rupos de refkxzo da Igreja, de mulheres e ecologist, yuderam multipicarse enormemente, devido as suas for a5 de atuacdo lcalzadas. Estes movimento estavam ane fs de tado chardo uma hova mentalidade, uma nova cu Te Big eames’ A'S 1, crete eee oes rant 415 SESCHERER WARREN PAULO FKRISCHKE tua politica, do que represntando um enftentamento 20 poder central ‘Colocase af um primeiro problema. Perguntase se 0 {ato destes movimentos voltaremse para questOes muito imediata ¢ locallzadas e apresentarem igualmente reivin- dicagdes parcais e locas, ndo impossbiltria a unidede hncional ¢ impediia qualquer projeto politico mais global fe transformagio stil. Isto estaria contribuindo. para lua situagio que alguns denominaram divércio ou desco- lamento entre sciedade civil eo Estado. Nao hi divida de que de imediato isto ocorre. Porém, eta crescente pro- Iiferagdo destes grupos de base vem criando wm lastro so- Cal muito importante, 0 qual teve uma primeira grande Ianifestagio, crio eu, na mobiliagSo plas elegBes di: Fetas. Por outro [ado, 0 istanciamento desas oganizagbes {de base em relagio a0 Fstado e 20s partidos politicos (prin- ‘Spalmente os tradicionas) também poderd ser tempordsio, fr medida em que estes atendam ou mo aos seus anselos ara que of partidos tenham respaldo popular. terZ0 cada tee mais de levar em conta 2s aspragbes desles novos mo- Ymentos socal, Portanto,eremos que este descolamento {Entre sociedade vl ¢ Estado ¢ apenas provisorio, ae que ‘of partidos (numa situajdo de normalsdade democritica) Sinfanrse compelidos ase modemnizarem da mesa forma ‘Que oF movimentos socais que Ihes darfo e buscardo seu poi. "A formagi0 de uma nova cultura politica parece-me sero valor fundamental destes novos movimentos soca FFendmenosestruturas que se tormam arquetipos politicos tn historia do Br, segundo Debrun, fais como 0 autor turismo desmobilizador 0 autortarismo mobilzador ‘SS poderfo ser superados através da formacio de uma nova futra politica de massas, qe vs 0s pouces conquistando "Stade gies mc mt eae Se ee ‘Bara’ cogomamente psn er "faa sscdade vic tro cum projet dei aon” ‘Ua REvOLUGAO No cOTIDIANO! ° espago no ceniri politico e se impondo enquanto nova lidade soc 'No mundo url, campo por excelncia do autortari- ro Bra, one hstoricamente tem reinado 0 que Pate rei denominou "a cultura do silencio", onde o six ber eo fazer sio ditados desde cima (pels classes domi antes) endo adnitem contestaglo, nem mesmo um esp {9 de reflexto, as CEBs, organizadas com apoio da lise, € {ambgm alguns novos sindicatos de trabalhadores, vém tere do uma atvagso que est permitindo a ruptura dessa "cul- tur do silenio”erlando novas formas de conscigaca e de tspiragdes de paticipagdo politica. Eses noves movime {of soca esto iberando no homem simples do campo 0 tleasjo de se tornar dono de tu destino pessoal. 80 pode: ‘ representar no futuro um eafraquecimento, ou quigs tuma superagdo, co coronelismo ou do "voto de cabresto™ [Alem diss, se ao nivel do poder central, no Bras erupo ditatoril n0 poder parece frequentemente ignorat Existencia dos movimentorsocais ou at presses da socie- ‘dade civil onganzada,caracterizando 0 denominado desco- lamento entre Eaado ¢ sociedade civil, o mesmo nem sem pre ocorre 20 nivel estadual ou municipal. Governadores, leitos pelos mai diversos partidos, tiveram que levar em fonsideragdo ess nova realidade que conta com a presen gar ativa de movimentos sociais (por exemplo, Brizola do PDT, Montoro d> PMDB e Amin do PDS). Ao nivel das prefeiturs, também tem havido pressio das organizacdes {ir rociedade civd no sentilo de sa participacso mals dire. tana gestto do wunicipio.® Finalizando, pode-se perceber que os novos movimen- ‘tos sociis est formando um last Social important pa fa construgto de uma nova cultura politica de base no conten Fs 972, Geeta pe pie siancaus pono: po tm 6 ‘et coms ptpn de ee ve Netererpta omar eb a 1985:48). $0 SESCHERERWARREN PAULO 3. KRISCHE Brasil Esta cultura estése construindo a partir de uma iWentidade em torno dos seguintes aspectosprincipas: 1) Reaglo as formas autoitrias ede repressio pol tica, propondo democracia drea sempre que possivel de ‘base Ou representativa em contextos mais gras, além de ‘qusstionar os propris eritéios de distribugto do poder. 2) Reapfo ds formas cenralizadoras do poder, defen. dendo autonomiaslcaise sistemas de autogetto 5) Reagdo a0 caster excludente do modelo econdmk- «0 adotado no pais, encaminhando novas formas de vida ‘mais comunitéra, ‘Os novos movimentos soca nfo spresentam projetos ‘bem definidos para o futuro, mas pareceme que estzocons- truindo at bases para uma vida mais democratica e mais soviaizad, BIBLOGRAFA roe urs i Sash e Ani Scone Rats Brad Sha beaten 8. usr, ui, 0 fei, Co." oo, Rat, Lema ew une et scone extent ele ent Pa ae 9. emt, Le Roe, “oe, Es, Scene: eo de tr apes 90 i Ens Aa x ANOS, eso Sibbeaatou 1. me Ss Sail Epa Blo Ss Pn 9, Se ee. Codey “Comsat Ei eH pts de ei", Pe ‘ng Von (Teor “im marzo’ Hlamante m Soctery. Caen peer ¢ er WSBivtcie Bopp DDS, ‘Uma REvOLUGAO No comANO? 1 camans pope uns, Ann sompun & se Coa A etl de ct tn optus tne ‘ita, Catlo Nines Edo, “Esk oi: Tiga & este, Sn Penh 209g pe POD beta, Mel A cis ¢ te aa, So Pa, Baton, ape, Jee, Irae oe de cl ple, Rls es, “gan, 150. Forma Sra. pr Br eS Mt THRE, Cun tn for Predom Ses, gn s1972 "Goh, Mai te Gin. Reiindcgde populares urbana, St Pu, EA tor hocsaner Te ents, Fa rnin mol, Pu, Un Gn ato al ie, 190, set ie se mt Saeco ose Mane A ea Cs fo pour Rs nan, tt Co Cebus Fer pn 168 Seer neo ae No En. "Mer Sa Un ne eee tra if res "it Encontro Arun de ANPOCS, At ae ig an od ane ela, a in sag Son, Or ompones yp oe Ree Mi on Aine, Lire fend opto aaa £2 “st setae ate Ta 8 __, 0 td, oar tana or moianton wc eae rm Rte ef te iA Dy Cn, Me 4 rm in rah ad Pao ee Sd foc Sana, on, Sea "0 mint de mers xcs pr gation ns on ee tr ser neo rte, Be hee Bere Teron 1984p. -205. ss gt Andean ¢ Buon Fo, Rae, “Denis ing oc: ne eat aan as 388 p28 eters, Monnet Scum ni mee > ‘Bac Sota Eo USC, Renae eater ‘UM REvOLUGRO No COTIANO: a sicang, Di, nie, ii FF a Oo mi 2 Sw ns Bt ne ia, fa en oie. ‘nc Tens Oe 8) es Toe, Alan rep Pas, Se 176 atmo, ao, tent 1 Movimentos sociais reflexdes sobre a experiéncia dos anos 70 Vera da Siva Telles* (0 tema dos movimentossociais¢relativamente roen te no pats! Foi a partir de 1978/1979 que surgiram os p= ‘DECK tote ovtus pubages sue. mer se ato ne cots rz. Bikers Manas oho "A wets igo semerimaraen mercer See Eine oh eencmaiemam eae ‘octane Sto Pin non anon 10" (Dierap de meade prvi faite tie Romine For meso i teal Sie Sign nanan rete 0 pa ee ee, ‘U1 REVOLUGAO NO COMDIAKO! ss eirostrabalhos tratando dos chamados “movimentos so- ais urbanos". Tratzse de uma producto intelectual em {gande medida daborada sob o signo da novidade que 2 femergéncia de priticas revindicatérias dos moradores da periferia da cidade pareca introduzir no momento de seu Sparecimento,j4na primeira metade da década pasada: rovidade de tina “Sociedade civil” que se movimentava ‘num momento an que pareciasubmersa numa normativi- ‘ya. vida socal da emergéncla de novos atores quando isso precia pouco provavel de acontecer, de prtics de uta e ‘Se orpanizagzo que se dexdobravam em espapos inusitados porque i marger dos canis thos como proprios para sua articulagio, de tnbalhadores que, por tudo iso, paeciam dotados de uma capacidade de auto-rganizagao e autor ‘leterminagdo qu questionara imagem de araso¢ impo téncia politica qe havi sido legada pela tradiqao de estu- dos sobre trabahadores urbanos no’ Brasil, e através da ‘al se interpretva sua historia num pasado ainda recente (© srepsto + a qualifcagdo daquilo que entdo foi to- ‘mado como uma novidade se dew atravér de alguns temas, ‘ue, de certo modo, delimitavam um campo de referéncia ‘omum a todos quantos se perguntavam entZo sobre o seu significado politeo: o tema da autonomia das clases po- pulares, das “nora formas de partiipagio™ articuladas no 56 USESCHERER WARREN /PAULO J. KRISOIKE {io Wefort expres tem en dscoberta da sciedade {funda disque "nor gueriamos tor uma sociedad ci [resumen Gea pars os defender do Estado mons. Sino rene so sgn qu, nfo existe, ret Samos iments, Se fone pequen, precerlarios andes" Invenio e engrinesimento que tar © ‘Endo desinave valores presents na ago pon eae ihe conferam stidoexatanente porque 80 petendia ‘WA REvOLUGHO No cOTIDANG? “ rnslos uma ralidade, Numa palavra, nos precsévamos Construr a sociedade cil porque queriamos a liberdade" (Wetter, 1984) ‘Ovtue se pode dizer € que nas condighes opresivas daqueles anos (Gecada de 70). 0s movimentos populares ho pomunia-em suas reivindiagoes, tinham um aleance eblico que uttapasiva o sentido imediato de confites Jocnis pata mobliar © articular como experiéncia compar {ithada as vir opressdes vivides em hugares diferencias. Davam, asim, projegdo politica e abriam novos horizontes Popreado.€ vblencia vindat do Estado. E possvel ainda ‘biney que, fazetdo aparecero mundo cotidiano da moradia ‘Somo lugar once se realaava a organizagdoefuta contra as ‘ondigbesvigentes, estes movimentos ganhavam significa ‘Sor de uma feabertura do social como alterativa poittica. Desa Forma, aenfase nos movimentos soca traalhava © Claborava os sinis de prticas que, ao abirem espasos nos ‘Gualso confito social ganhava vsblidede, tornavam, para {Sar ume expresdo. de Lefor, o soci Tetvel em seus “EOntecimentos reconhecivel pela dentincia nel inscrita Be opremdo exchisfovividas naqueles anos recoobectvl se.ak'nos nas de uma sciedade que nto hava sido inter TiMente submergda pela violencia e coersSo esata. Talvez To expigue, pelo menos em parte, a percepgio bastante ‘egdone acca deses movimentos enquanto expressdo ‘Be uma sociedade vista como “espago de iberdade”, pelo Polo contraporto ao Estado e como elemento portador de futur." De toda forma, a nova énfase na vciedade parece ter permiido a construgdo de novos crtéios para 0 recone Binuntos dos trabeihadores, para além dos sindicatos © ‘noe de ps” (Chas 1980. yartdos onde tradiconalmente se procuou identifica © [Wala aut preenganasocedade.” A moradi e seu mundo de sovabilades 0 baio ss “pequenos" dramas cot lanes montados em foro das condiges medias de ida Sar tomo das chamadascarensasrbonas ganar ua nova vabiade,armando 0 cenariorecoaectvel que f ti aareccrostaulhadres como sion de pics, cu jo sntno esteva na possblade que estas augeriam de tina revitalagdo da socidade conta instituconalidade ‘irene. Se eam sovos ov ertrioe que comandavam 8 bide Go soci era tambem nova a forma pea al Se tlaravasperepgio da propia poli, pasando-s a= Somiccer com tal agdes gue nlo necearamente lear Gavam expresso nattuionaliana 2 nivel das elapse Fler artzuindas em tomo do Estado. A descobert da {otkstide come loar da politica tai, portant, imple to tm deslocamento da clase questo da constuyso {os suetonpoftics,tadcionalmente subsuida al {io CasepanidoEsado, enquanto eapa0 que pede Mis oespago privegida cexclsivo de‘uma ago dotada te teptnidae, de teconhecimento eficcn polos. A SScisad, nu nova produgao, aparece como trama de 4 Chaidades ¢soidaredades, como tama de peti vi {ar como fondatento da consrugo. de idemiades €o- ‘mune e por eatin, com fundamento da constuleo Se ‘onossuetos. Em otras pla, no destcsmento da fase tadisional do Estado para aociedade, esa pares {onsirulds po terior de urna nora epresentagdo do soil Cipoitico, pela qual gana sentido enquanto espayo de “xpertneas signticatnase sbretado enguanto expo de Conti dnwen as Sl rptra som a formas tradicional de pensar a sociodadet' politica no alg, & prio sempre ena [eit Wel ae Stare Yee aR Pte e986 ‘uaa RevoLuGKo No coTIDANG? a ar, necessriamente expicitado pelos autores. E no campo ‘be debate montado pelos divers tabalhos que &possivel entfica e qualifctla. Por aso mesmo, € ainda impor tante friar que esa ruptura ndo € exchisiva dos autores ‘gue trataram dos movimentos populares. Marca boa parte AE produgdo acadimica recente sobre os tabalhadores ur bbanos? Tratando de temas t20 diversos como podem ser 0 mundo do tabalto.e também dos sindiatos” das formas {de cultura, de lazer ow de fligiosdade popular. do muse {do da familia com seu univers privado de sigifieagoes!™ Seus autores elaberaram a percepeao de formas de sociabil- ‘aden, de consragto de Mentidades e de expresso colet- ‘a aue escapam 208 gare instituldos da sciedade. Na “esengao de seus objetivos de estudos, pDem em cena ta bathadores sujitos de priticas cotidianas de ressténcia, ‘que elaboram seus proprios dios de auto-reconhecimen {ove identidade, que constroem seus paradigmas de dig ‘ade que os artcila num sentido comum dado 4 condigfo foperdra ou &vivencia da exclusto em seus locas de mors fn: que fazem eicolhas; que constroem projetos de vida; {que tocem represntagdes acerca do mundo em que vivem: {Que estabelecem sitrio pelos quais esse mundo se leit fa ou se constitu em alvo de contestgto, ele, O sentido ‘das moltplefigtragbes pelas quas 0s trabalhadores ura fos aparecem, nese campo de debate, € algo que se explt- ita no questionamento de algumas das premisas eerte fios pelos quas tadcionalmente se pensou a constituizio € presenga das css trabathadoras a sociedade. Para fi- far apenas nos eremplos mais evidentes, a énfase dada por Slguns autores > espago da fabrica como lugar politico "= oto ons, 1PE: Mag 193 (66 ASESCHERER WARREN PAULO. KRISCHKE ro qual 08 trabalhadores se constituem em suits de pré- ticas de fesitencia se qualia na critica (que 3 yezes des ‘obra em denancia) de uma tradigio de pensamento © de ‘pfo politica que tomou 0 sindicatoe os partidos como u- fates exclisivos da ato operdra e que, por iso mesmo, se fea coga ¢ impotente para dat conta de uma expeién ‘ue exite outros critérios de ineligibilidade pars seu de- framento, pois segue uma dindmica nfo redutivel & ago Sindical ov partir. Na énfase, por sua vez, dada as for ‘nas de cultura ou de lzer, os autores questionam a opo- ‘eGo tradicional entre o mundo pablo eo mundo priv 45, enquanto critério de efiicia politica leptimidade fcademica,oU entio entre o mundo do trabalho eo mundo do nfortrabalho, enquanto oposigo entre um espago no ‘qual se gesta 2 possbilidade de uma consciéncia de classe {0 espafo no qual corporific a alienagdo e pasividade, ‘de uma populaso intewamente indiferenciada na sua si. bordinagto. ‘Quanto aos traalhos que tratam da famfla, com seus valores, seus projetos de vida, sua escothase seus persona- ‘rene, os autores mostram os limites de um pensamento que {tadicionalmente tomou a assim chamada esfera da repro- daquilo que me ‘aprons ou ‘me fasta uma ou otras exgia tm outros que me Bor a daca ae icone sors Sonata um compo de reflex no gals emergtocs don moredoeshperfra engoanto metos ganar n- {ehebinage esinfido potico sngularzandose 20 mes tmotempo enqusto objeto da rex inset Enfim, nes reflexto em torno do tema dot movi meno va ror nda hom Fl at Consuls a percep Je uma noviade hstnca ma ptica eves movinen Ma sind, sige gic “descobera™ cede ot cay tne non ovineton lai, fara muda ¢ intl! se ndoindagssemos pina hte elaine. Fonte nin odes a futm perpunar sea novidade sribuids a ess movimen: Jo LSE SCHERER WARREN / PAULO. KRISCHKE tos € algo que se qualifca apenas no interior da construe {de novos crtérios de intelibilidade do social ou se, final ‘Se conts, hi de fato algo novo no plano da sua realidade ‘Soncreta, A resposta pode parecer insufciente e decepco~ Sane, pois eu diia que eses movimentos slo novos, como ‘Rows 260 os tempos vivdos no por64. Mudou a socieds- Bee mudou a economia, como mudou o Estado © muda: iin ar condigbes de uta social. Cetamente, compreender ‘ingnifieado aleance desas mudangas € importante para {8 Satendimento das huts soca recentes, Mas nem por is soe poderia derivar suas formas de expressfo, bem como ‘ danfiesdo que assumiram no tempo de seu aparccimen- {or de uma racionalidade inscrita nas mudancas estruturis hotties ocorridas no pats depois de 1964, [Ns vewdade, os experiéncias mais recentes (anos 80) mostram a vablsade dese procedimento ecolocam quer {bes que caio a exigir um repensar acerca dos movimentos (que surgiram not anos 70. De fato, pasados mais de dex ses de seu surgimento, hé wna mal dsfargada decepso feetnts ume’ promessa no realizada, num momento em Pee murgem evidencias da fragmentagdo e das dficudades ‘Be aticuagao de suas tutas, da desmobilizagso ou do dest fBiramentove desstculaglo de seus organisms. Em alguns Fatione artigos, os movimentos social iro aparecer numa Rois imagem: gupos de pressfo fragmentados que dispu- Thon entre si 08 recursos urbanos, que nfo fo espazcs de Mingir ‘0s centros decisbrios do Estado (Cardoso, 1983); Towimentos topos e fides que se perdem na estrilids- Te politica porgue insstem em "dar a costas 20 Estado” € Se Rogam a oma visio ttalzante que dé conta da questo ‘So pader (Cardoso, 1981); subcultures de guetos nos quais ‘Ge tabalhadores se isolam um basismo que se nega 3 tr: fe a questfo do Estado, mas que se abre as suas manipula: (bes populist (Oliveira, 1983)" > mparante psn ec qt rama a i Emp Fe Sanpete somes ein ‘oua REVOLUGHO NO.COTDIANO? n Para aim de dicordncis que fcado explctadas sis adant, & pes reconhecet que ces autor che tam atengo yarn questo Importnte, que tems tr Com o poder disiplnador de um Estado ca vea malt pre Seve tv ona ogc panne je mun arocrcis ara Segoe revindeagen, impte uma normativade que tends a dopoltzaro cor tho samp oparinnion tng icamenteaimiraos, toda a fers 3 ots wot fern da Quem quer que tena feito uma reconstugfo cuit oss dos movinentor socials dor anos 70 deve ser gic fey elementos como hee eslavam press, enqanto brits de pods isrta na dnimict mea dor ont {or em torno dos quai exes movimentos 3 srtialram Bi our ea, to dcr wenger ed mov mento especies que se derenvoveram em S00 Paulos furtrde 1974-1 tentel mst, por exempo, come ‘essaspriticas de poder se revelam na imposigio de um tem- po burocriico par oencaminhamentoe olugao de ser nda, al oa gon de moines Ita vere € condicionado pelos pasa posts ou pe toe procedimenis burcrtios exis pela admins ‘ie ie err conf mu rng nl ua {SEES Ee gerne emp ‘Sones bean sence Se puch ope SoS ems" a ee ee ee

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