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Grupos Focais
Nota Técnica 2/20121
Nesta Nota, procuramos fazer um recorte do tema dos Grupos Focais. Técnica
bastante utilizada em diferentes cenários de investigação, tais como a pesquisa de
mercado, as pesquisas eleitorais e as pesquisas em saúde, educação e assistência social,
o trabalho com Grupos Focais apresenta desafios significativos para aqueles que deles
desejam fazer uso.
Quais são seus principais propósitos? Quais as suas principais limitações? Em que
circunstâncias serão mais proveitosos? Que tipo de preparo deve se exigir para um
coordenador de grupos focais? Que tipo de critério utilizar para selecionar participantes?
Esperamos que as questões que balizaram a produção desta nota ecoem em nossos
leitores e nutram diálogos que queremos fortalecer com cada um de vocês.
1 Esta Nota Técnica foi produzida com a preciosa colaboração de Gabriela Vieira. Graduada em administração
pela Fundação Getúlio Vargas e com ampla experiência em gestão de marketing e pesquisa de Mercado,
Gabriela é colaboradora da Move em diferentes processos de consultoria.
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Como os Grupos Focais não se ocupam destas questões, e não se constituem com
os mesmos critérios que outras grupalidades, além de serem encontros pontuais que
não irão se repetir, são particularmente úteis para a compreensão de percepções,
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Quanto a este último aspecto, deve-se destacar quão importantes são os contextos
culturais específicos, para se escolher a técnica adequada para o trabalho. Em uma
organização, por exemplo, misturar chefes e funcionários em um mesmo Grupo Focal,
pressupondo uma horizontalidade e uma abertura entre todos, pode ser bastante
frustrante, quando não, danoso. Da mesma forma, misturar pais e filhos, professores
e alunos, e assim por diante, lança por terra um dos pressupostos centrais da técnica
de Grupo Focal: a eleição dos participantes deve procurar minimizar os efeitos dos
laços externos entre eles, para que estes não balizem aquele grupo em particular. A
recomendação é que o principal elo entre os participantes seja a relação que se tem
com o objeto em estudo!
Os grupos focais devem ser compostos por pessoas que possuem características em
comum e que são de interesse da pesquisa. Por exemplo, suponha que um programa
de educação dirigido à 3ª idade em uma determinada comunidade, deseje saber
como melhor atingir aquelas pessoas que não têm participado de suas iniciativas. Os
membros dos grupos focais convidados podem variar em sexo, idade, ocupação, nível
sócio-econômico; porém devem possuir em comum o fato de serem classificados
como adultos em 3ª idade (acima de 60/65 anos), serem membros daquela
comunidade e não terem participado dos programas oferecidos.
De uma forma geral, trabalha-se com a ideia de grupos com 6 a 8 pessoas. Entende-
se que um grupo com mais de 8 pessoas não é capaz de sustentar a mesma qualidade
de diálogo entre os participantes. Neste caso, perde-se o ‘olho no olho’, a possibilidade
que todos possam se expressar, e fragiliza-se a interação entre os participantes, além
de tornar-se mais difícil para o moderador manejar o grupo de forma ativa.
O trabalho com Grupos Focais pressupõe que o número de grupos a serem realizados
depende do conteúdo que emerge dos mesmos. Ou seja, que a escuta deveria
prosseguir até que não fossem encontradas mais inconsistências. Porém, vale alertar
que o que ocorre muitas vezes é que a amostra é determinada de traz para frente,
ou seja, a partir dos recursos financeiros disponíveis para o estudo e não a partir do
processo com os participantes, o que é sempre um elemento a fragilizar o trabalho.
Sobre os pesquisadores
Introdução
Pressupõe a construção do clima e ambiente para o desenrolar do grupo, que deve ser
amigável, confiável e acolhedor.
Bem, vamos começar. Nós colocamos placas com nomes em frente de cada um, para
facilitar que todos possamos nos tratar pelos nomes. Vamos conhecer um pouco mais sobre
cada um, circulando pela mesa. Começando pela minha esquerda, por favor digam seu
nome e aonde vivem”
Exploração
Pressupõe a introdução e aproximação do tema/assunto de estudo bem como a
exploração das ideias e opiniões a respeito do mesmo:
Passos: desenvolver pergunta aberta que introduza o assunto para que o grupo se
conecte com o universo em que o objeto de estudo esteja inserido, explorar as
ideias e opiniões que emergirem do grupo cuidando para encadear as informações
e levantar as razões e associações que levam às afirmações apresentadas até que
chegue à questão investigativa central do estudo. É importante para criar e manter um
fio condutor de diálogo.
Validação e fechamento
Pressupõe a validação/espelhamento sobre os conteúdos e ideias trazidos pelos
participantes junto aos próprios participantes, o agradecimento pelo tempo e
contribuições, o esclarecimento dos encaminhamentos do estudo, a despedida e
eventual pagamento pela participação.
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Passos: sintetizar as principais ideias trazidas e questões levantadas, validar com grupo,
checar se algum outro insight ou questão surge, rever objetivos e roteiro e certificar
se algo está faltando.
5. Questão introdutória
Considerando seu dia-a-dia, suas tarefas na
sua organização, etc.Que tipo de mudanças
você reconhece em seu trabalho a partir da
participação no Curso? Vamos falar sobre
isso em termos gerais.
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Como conclusão, deve-se ter em mente que tanto os Grupos Focais, quanto
quaisquer outras técnicas de investigação da realidade, são melhor escolhidas em
razão da natureza do objeto de pesquisa ou avaliação, bem como em função da
natureza das perguntas que guiam o processo. Os recursos disponíveis são também
componentes importantes da decisão, e só então as preferencias do pesquisador
devem entrar no cálculo da escolha. As diferentes técnicas disponíveis para a pesquisa
qualitativa exigem cuidados no preparo do trabalho, preparo e concentração dos
pesquisadores, cuidado e respeito com os participantes, tempo de maturação para
as análises e produção de boas peças de comunicação. Sem estes cuidados, qualquer
técnica tende a produzir resultados ruins, inclusive os Grupos Focais.
Referências bibliográficas
Krueger, RA. (1988). Focus Groups – a practical guide for applied research. First Edition.
Thousand Oaks, California: Sage.
Krueger, RA.; Casey, M. A. (2000). Focus Groups – a practical guide for applied research.
Third Edition. Thousand Oaks, California: Sage.
Krueger, RA. Designing and conducting focus group interviews. Disponível na Internet
em http://www.eiu.edu/~ihec/Krueger-FocusGroupInterviews.pdf (acesso em 22 de
Outubro de 2012).
Neto, OC. Moreira, MR. Sucena, LFM. Grupos Focais e Pesquisa Social Qualitativa: o
debate orientado como técnica de investigação. Disponível na Internet em http://www.
abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/pdf/2002/Com_JUV_PO27_Neto_texto.pdf (acesso em
22 de Outubro de 2012).
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