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Ana Marcela Monografia Final
Ana Marcela Monografia Final
30 de Abril de 2017
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Obra síntese apresentada à Escola de Biodanza Sistema Rolando Toro Rio-
Barra e aprovada pela seguinte comissão julgadora:
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Eliana Almeida
Diretora Escola de Biodanza Sistema Rolando Toro Rio-Barra International
Biocentric Foudantion
Reg. RJ, nº 9717
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Agradecimentos
Aos meus pais que sempre me apoiaram mesmo quando acharam em seu íntimo
que minhas escolhas não iam dar em nada – mas deram, graças a Deus – e
estenderam as mãos e o coração em todos os momentos em que precisei de um
colo pra chorar, de um lar pra retornar e de um amor pra me nutrir e eu poder seguir
a diante.
Agradeço a mim mesma, por minha resiliência, força, coragem, determinação e por
toda a fé, bom humor e alegria de viver, que trago dentro de mim. Herdei dos
ancestrais aos quais dedico toda gratidão e amor por mais uma conquista. Eu sei
que eles estavam comigo e sempre estarão. Gratidão por cada dom cedido e
confiado a mim, os quais passo a diante com humildade e alegria.
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RESUMO
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ABSTRACT
This study aims to reaffirm the great personal benefit and the potentialization of the
human development provided by the Biodanza System. Because its progressive
work, at the level of human integration, it is essential to reaffirm the importance of
the weekly group as an experience of self-transformation, since it is a fundamental
device, a powerful catalyst for the process of awareness and personal evolution. The
experiential experience within a group, mobilizes the necessary energy to strengthen
the identity of the person, since it is known that no identity is established or
strengthened outside of relationships and every relationship, with them, is the
necessary ecofactors for the construction of an authentic and healthy identity.
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SUMARIO
Introdução ................................................................................................... 08
CAPÍTULO 2 – EVOLUÇÃO
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3.4. Importância do vínculo grupal como catalisador do processo de evolução
e desenvolvimento humano no Sistema Biodanza.............................................. 37
CONCLUSÃO ............................................................................................... 54
ANEXOS ........................................................................................................ 57
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INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, pude observar que na maioria das vezes, o processo de
evolução só avança quando o ser humano percebe conscientemente a estagnação
na qual se encontra. Isto pode se dar de várias maneiras durante a vida, através de
doenças, perdas e outros conflitos que nós mesmos criamos, a partir de nossas
dissociações. A Biodanza, porém, funciona como um Ecofator positivo, profilático,
que nos desperta, conscientiza e apresenta recursos para reverter padrões
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dissociativos, entrando como uma possibilidade de nos conduzir a uma ação efetiva,
de investigação das raízes, no recinto onde residem as respostas e as resoluções.
Quando isto acontece, então é dado o start no processo de crescimento pessoal. É
angustiante e amedrontador não saber o que vem pela frente, mas instintivamente o
Humano segue, pois a vida é um rio que flui e pede passagem para se manifestar
em sua plenitude.
Até o fim deste trabalho, teremos tido a deliciosa alegria de descobrir que a
cada passo progressivo entre integração motora e afetivo-motora, bem como
exercícios de comunhão, essas pessoas - em menor ou maior grau - redescobriram
novas formas de conduzir suas vidas, ganharam novo ânimo e se depararam com
os seres incríveis e potentes que são.
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potencialização de um sorriso, um arrepio e um prazer que redefinem o campo onde
se cultivam todas as nossas emoções.
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poderíamos compreender melhor a potência da experiência de vida segundo a ótica
das cosmologias ameríndias, (CASTRO, 2014), ou das contemporâneas filosofias e
epistemologias que nos asseguram diferentes topografias vivenciais (ROLNIK,
2000).
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estado plural de conexão que todavia transcende à capacidade científica de
compreensão.
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CAPÍTULO 1
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE BIODANZA
Neste capítulo, serão abordados alguns dos pontos essenciais deste Sistema,
para trazer a compreensão de que a Biodanza foi desenvolvida com base teórica de
riqueza inestimável e com o cuidado que se tem ao se propor qualquer processo
sério de desenvolvimento humano. Apresentarei a definição clássica da Biodanza e
seus componentes, apresentarei o Modelo teórico do Sistema Biodanza e seus
componentes, apresentarei a linhas de vivências, ou potencias humanos
trabalhados no sistema, e por fim apresentarei o conceito do Princípio Biocêntrico,
o novo paradigma no qual é baseado todo o trabalho vivencial da Biodanza.
A BIODANZA é, antes de mais nada, um conceito aberto (cf. ECO, 1990). Quer
dizer, um conceito essencialmente vivo, mutante, que se descobre na medida em
que é experienciado. Segundo seu criador,
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organismo, animal, por não temer mais seus instintos, senão que justamente, se
orienta por eles.
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Antropologia Médica, Filosofia e Psicologia. Este centro tinha por objetivo humanizar
a medicina.
Foi assim, então, que Rolando Toro pôde estruturar seu trabalho, de modo a
relacionar música, movimento e situações de encontro e de continente afetivo
formando uma unicidade. Rolando, então, criou algumas danças e exercícios a
partir de gestos naturais do ser humano, com finalidades precisas, a fim de
estimular os potenciais de vitalidade, prazer, criatividade, afetividade,
transcendência. Tanto no Chile como em Buenos Aires, para onde se mudou aos 47
anos, o trabalho de Rolando Toro esteve voltado para as artes: pintura, poesia,
fotografia, dança e teatro.
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exercícios promoviam uma ação reguladora no sistema nervoso. Observou-se,
também, que outros exercícios "estimulavam emoções específicas que produziam
efeitos altamente significativos sobre a percepção de si mesmo e do próprio estilo
de comunicação afetiva com as outras pessoas". Com o desenvolvimento de seus
estudos Rolando Toro se deu conta de que sua estrutura poderia encontrar seus
fundamentos nas ciências que tratam a vida.
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• Exercícios de regressão, de desaceleração e interiorização, estimulavam o
sistema autônomo parassimpático, gerando respostas parassimpático-colinérgicas
(liberação de acetilcolina).
IDENTIDADE REGRESSÃO
TRANSE
Categorias Categorias
Percepção realista
O modelo teórico detalhado será exposto mais adiante neste trabalho para
demonstrar a evolução que ocorre dentro do processo de Biodanza, em uma pessoa
que tenha frequência no grupo regular semanal.
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1.3. Linhas de vivência
Quando assimilamos que somos seres sagrados e em sintonia plena com tudo
ao nosso redor, passamos a reverenciar a vida e adotamos uma postura que nos
conduz à sua preservação sob qualquer circunstância. Esta conscientização é
possível através de uma conexão profunda com nossa identidade essencial, onde
reside todo o potencial genético latente, aguardando para se manifestar. O rico
ambiente proporcionado pela Biodanza, formado por um grupo afetivo que dá
passagem e confiança, chance de entrega e portanto, vínculo, se apresenta como
um ecofator (estímulo) positivo, que favorece a expressão da identidade verdadeira
do sujeito, sua autenticidade e serve de gatilho para a manifestação dos potenciais
genéticos, classificados por R. Toro em cinco linhas de vivência, que são:
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pelo movimento. Este princípio, há séculos desenvolvido no campo da Filosofia e da
Antropologia, diz respeito a uma renovada superação das rígidas estruturações
modernas, de construções ontológicas derivadas a partir de uma axiomática
condição epistêmica centrada na culturalidade humana, em oposição a sua
natureza, e que forma a visão contemporânea de um mundo no qual mente e corpo
andam desconectados, bem como o indivíduo de seu meio, o espírito da matéria, a
Natureza da Cultura, a Animalidade da Humanidade e tantas outras dicotomias que,
em matéria de Antropologia, estruturam o espírito humano. No Sistema Biodanza,
através do princípio Biocêntrico, o ser humano é convidado a reintegrar-se, pois que
o Biocentrismo propõe geração de vida, e não há vida integral, dissociada da
totalidade.
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O Princípio Biocêntrico – como um paradigma do Sistema Biodanza - propõe
uma aproximação ontológica do ser humano junto da natureza; num movimento de
reconhecimento profundo, de aceitação e compreensão de nossa interioridade
através da experimentação de nossos potenciais genéticos. Tal religamento da
matéria humana com sua natureza, aponta a imediata denúncia da episteme
moderna, há muito desligada de suas fontes de inspiração, de potência e vitalidade.
A ciência cartesiana, racionalista enrijeceu a subjetividade, a qualidade, a
sensibilidade, a sensação, a impressão, o desejo, o afeto, culminando na
construção de um forte individualismo entre as pessoas, e o desrespeito às demais
formas de expressão de vida. A prevalência do antropocentrismo é ponto chave
para a compreensão da proposta biocêntrica, baseada nos encontros e na
complexidade de uma nova visão de mundo que descortina a realidade como
inacabada, incerta, instável e incompleta, sendo compreendida como um tecido
urdido pelo emaranhado de interconexões que se estabelecem entre tudo que
existe, formando uma complexa “teia da vida”, da qual o ser humano se constitui de
um simples fio.
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CAPÍTULO 2
EVOLUÇÃO
Por ser o tema deste trabalho, “O processo evolutivo facilitado pela Biodanza”,
é de grande relevância que se compreenda a EVOLUÇÃO em suas várias nuances,
até que cheguemos ao desenvolvimento humano como ápice desta trajetória de
aperfeiçoamento. Apresentarei nesse capitulo o conceito de Evolução, abordarei um
pouco mais a fundo a Evolução Biológica e Cognitiva e por fim narrarei sobre a
Evolução do sistema Biodanza, pois trata-se de um sistema vivo em permanente
desde a sua criação.
2.1. Conceito
O que é Evolução?
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2.2. Evolução Biológica
De forma mais atual possível, definiríamos que o termo evolução diz respeito,
simplesmente, à ação do tempo sobre a origem e transformação das formas
orgânicas. É possível dizer que o Princípio Biocêntrico atualiza positivamente os
sentidos de evolução no campo de discussão das ciências. São ações ou
agenciamentos, endógenos ou exógenos ao corpo, que modulam a matéria (forma e
essência) esteja ela associada a organismos ou coisas. Vale lembrar, a vida é
anterior à razão ontológica a qual modernamente estamos acostumados. Assim, é
possível conceituar a evolução como um processo universal, contínuo e
heterogêneo: existe, sempre, uma infinidade de caminhos evolutivos sobre os quais
se lançam os movimentos de vida.
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descendentes, geneticamente adaptados ao ambiente (apresentam as variações
vantajosas de seus pais). Assim, ao longo das gerações, a atuação da seleção
natural sobre os indivíduos mantém ou melhora o grau de adaptação destes ao
meio.
O Princípio Biocêntrico proposto por R. Toro aponta para uma síntese entre
potencial genético e ecofatores. Teóricos como John Lovelock (Teoria Gaia) e Lynn
Margulis (Simbiogênese) crescentemente ganham força com suas teorias que muito
veem ao encontro deste princípio teorizado por Toro: a tomada de consciência de
habitarmos um ‘planeta vivo’, no qual a vida é caráter de unidade, e não de
distinção, entre os muitos seres vivos inseridos no mesmo sistema ecológico,
reescreve o mito de criação de toda a humanidade, esquecendo um pouco sua
especificidade ligada ao paraíso e comungando de uma existência compartilhada
acompanhada até os tempos do dilúvio da criação.
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operado mais rapidamente, e em um tempo cronologicamente mais curto do que a
seleção natural. Não sendo esse o problema do Sistema Biodanza, por acreditar na
potência, como mecanismo de evolução e transcendência, e não da seleção natural,
como modelo de desenvolvimento e passagem de informação entre os organismos.
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2.4. Evolução do sistema Biodanza
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ser. Criou algumas danças e exercícios também a partir de gestos naturais do ser
humano, com finalidades precisas, a fim de estimular a vitalidade, a criatividade, o
erotismo, a comunicação afetiva entre as pessoas e o sentimento de pertença ao
universo, à totalidade.
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CAPÍTULO 3
BIODANZA E EVOLUÇÃO
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consciência alcançado. As vivências tem um poder de integração em si mesmas e
não necessitam de elaboração consciente, pois são um modo de cognição puro,
quer dizer, atuam diretamente em nível inconsciente.
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A carícia é uma ferramenta de conexão imprescindível para que haja
comunicação afetiva entre as pessoas. O Vínculo tem o poder de cura, logrado
através do carinho paulatinamente constituído dentre os membros do grupo. Ele
permeia a identidade numa via de mão dupla, como podemos acompanhar nos
exercícios de “Eutonia”, “caricias sensíveis de cabelos em pares”, etc.
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existenciais, em busca da harmonização dos estados de inquietude, de baixa
afetividade e estagnação energética.
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uma textura do mundo na fenomenologia do deslocamento dos corpos (INGOLD,
2011).
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espontânea, traduzindo as sensações e emoções experimentadas pela pessoa. A
dança é o próprio movimento, expressão máxima do conjunto de reações
emocionais em contato com o meio, em contínua interação existencial, para além de
uma coreografada raciocinada:
Nos povos primitivos, a dança sempre foi um meio essencial de participar das
manifestações sociais e rituais da tribo, onde a expressão do corpo é um perfeito
veículo de manifestação dos afetos vividos em comum. Foi um instrumento utilitário
da sociedade para celebrações, para pedir a chuva, a cura das doenças, agradecer
pela fecundidade da terra, a proteção contra os ataques, a vitória nos combates
entre tribos e outros. As danças possuem sempre o caráter de mimese, isto é, de
imitação da vida cotidiana, simbolizando e codificando a vida através do movimento
no qual os dançarinos simulavam as situações que desejavam materializar ou
comunicar. O papel assumido pelo dançarino através da dança é tomado por um
poder emocional enorme. Em Biodanza, ao dançarmos, revivemos nosso espírito
ancestral, dançamos como dançávamos há milênios, na imitação das figuras
animais (bio-mimese), despertando nossa própria animalidade. Na dança nos
convertemos em animais (felinos, répteis ou anfíbios): sentimos sua força,
determinação, agilidade e sinergismo. Vivemos nosso animal interior e tomamos
consciência dele, reconhecendo-o como sacralidade poderosa, vigilante, atenta e
dona de si mesma.
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podemos dançar infinitas vezes uma prática qualquer em Biodanza jamais uma
vivência será igual à outra.
MUDANÇAS
MUDANÇAS MUDANÇAS
3° ORDEM
1° ORDEM 2° ORDEM
LINHAS DE
VIVÊNCIA Felicidade amorosa e
Sobrevivência Liberação
criativa
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1 - Aumento da 1 - Forte motivação 1 - Renovação
VITALIDADE energia vital para a vida biológica
2 - Integração motora 2 - Autorregulação (rejuvenescimento,
3 - Integração ao sistêmica (eliminação diminuição das
corpo (superação da de sintomas enfermidades)
fronteira corpo-alma) psicossomáticos) 2 - Atitude mais
4 -Transformação das 3 - Aumento da entusiástica
defesas musculares autoestima e da auto 3 - Orientação
5 - Autorregulação e confiança. existencial afetivo-
homeostase 4 - Eliminação da cognitiva (refinamento
discriminação seletivo)
(patologia do Ego)
5 - Ímpeto vital
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Mudanças de primeira ordem são as mudanças percebidas pelo participante
logo no início do processo terapêutico. Frequentemente associadas ao aumento da
energia vital, da integração motora, do despertar do desejo e da criação de relações
nutritivas.
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Assim, o grupo é o caminho, condição sine qua non para o fortalecimento da
identidade do indivíduo, através de sua integração e consequente desenvolvimento
de suas potencialidades. Não existe uma prática individualizada de Biodanza, pois
as vivências são marcadas pela presença do outro. O objetivo do grupo é funcionar
como uma matriz de renascimento, onde a vida e o cuidado recíproco são
constantemente valorizados. É um espaço puramente Biocêntrico, biogerador e de
florescimento da personalidade.
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qual os indivíduos têm a oportunidade de conhecer a si mesmos e serem si
mesmos”.
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um dos integrantes do grupo e busca seu próprio desenvolvimento e integração.
Participa das vivências, propicia ao grupo o clima de confiança e tece a si mesmo
em meio as demais individualidades. É de sua responsabilidade promover
segurança e conforto ao grupo para que cada indivíduo sinta o valor de si na
constituição do grupo. O facilitador deve ser um catalisador das relações
experienciadas pelos participantes, no sentido de promover o crescimento coletivo e
gerar mudanças internas em cada um deles.
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O vínculo com a totalidade se dá através do restabelecimento da conexão com
a espécie humana, enquanto totalidade biológica, com a natureza, incluindo o reino
animal e vegetal e com o Universo como um todo. Neste nível, são vivenciados os
sentimentos de pertencimento, de inclusão, de epifania, de ressonância e de
unidade com o todo. “A certeza de que somos um”, segundo R. Toro. Quando é
possível sentir-se vinculado nesses três níveis, pode-se dizer que a capacidade de
vínculo é muito boa e revela a saúde afetiva do indivíduo e sua evolução como Ser.
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desenvolvimento dos Potenciais de Vitalidade, Sexualidade, Criatividade,
Afetividade e Transcendência de cada um.
Para que isto aconteça, o grupo deve assumir funções distintas segundo a
fase do desenvolvimento em sessão (que mobiliza forças indutoras através da
música e de uma sequência própria de movimentos. O encontro “consigo mesmo” a
todo o momento flui para o “encontro com o outro” ao mesmo tempo em que o
“encontro com o outro” revela-se um espelho, da relação “consigo mesmo”.
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o fluir da vida. Nas palavras de Rolando Toro, portanto, “Vínculo é a disposição de
pura ternura e a disposição para dar e receber afeto”.
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CAPÍTULO 4
O PROCESSO EVOLUTIVO FACILITADO PELA BIODANZA NO GRUPO
REGULAR
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acabar e eu cessar o choro. Simplesmente não vi ninguém ao meu redor, não me
importei absolutamente com nada, nem mesmo se estava me expondo. Minhas
amigas – que já sabiam tudo que eu vinha passando – se aproximaram e também
me abraçaram. Me senti muito acolhida e depois da aula o procurei para saber do
que se tratava aquele trabalho tão integrador, quando então ele me contou sobre a
Biodanza. Depois que o ouvi, simplesmente olhei pra ele e disse: “Um dia serei
professora de Biodanza.” Ele me explicou como era o processo de formação e
daquele dia em diante, eu passei a pesquisar tudo que podia, e claro, meu estado
de ânimo, depois daquela vivência, havia se transformado e eu já me sentia mais
serena e consequentemente, mais feliz. Foi depois daquela vivência, que tive
vitalidade para procurar por uma psicóloga e iniciei um processo terapêutico que me
tirou completamente daquele estado. Hoje sei que o que recebi naquela aula, foi um
bálsamo de vitalidade e afeto, que me fiz retornar à vida.
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Meu processo de formação foi facilitado em todos os níveis pela graça de Deus
que sempre me acompanha, a força de vontade e persistência que me motivam
intrinsicamente e a resiliência, que me permite vivenciar desafios e continuar
confiando num momento melhor e em minha própria força interna. Não houve um só
dia, desde que cheguei no estado do Rio de Janeiro, que não tenha recebido apoio
e carinho. Só isso já me fez ter a certeza de que estava no caminho certo, na senda
do propósito da minha alma e nada iria então me impedir. Só Deus e alguns amigos
e familiares mais íntimos sabem quantos foram os desafios enfrentados, mas que
delícia saber que tudo está bem agora.
Na escola e no novo grupo regular, estava indo tudo bem, meu círculo de
amizades aumentava a cada dia e eu começava a ter mais intimidade com as
pessoas, me sentindo pertencente, me tornando uma com todos. Morava em um
quarto alugado no Largo do Machado, com uma senhora que foi mãe e amiga e
pessoalmente a vida estava fluindo e me fazendo feliz.
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Já profissionalmente, o trabalho era um desafio, pois eu estava em uma função
que não tinha absolutamente nada a ver com minha formação em Psicologia, porém
como secretária daquela empresa, eu tinha contato com todos e era muito querida
por lá, criando laços também importantes para mim. Algumas pessoas que
trabalhavam comigo também foram essenciais em momentos de muito sofrimento e
angustia, que vieram no segundo semestre de 2009, quando perdi minha avó
paterna e minha tia materna em apenas dois meses, duas pessoas que eu amava
muito, das quais eu não consegui me despedir. Sem poder estar perto da família e
me sentindo muito fragilizada e vulnerável, desenvolvi um estresse agudo que me
fazia desmaiar e acordar alguma vezes no setor de “primeiros socorros” do metrô,
ou perder totalmente a noção do tempo e desligar meu computador as 15h já
entendendo que estava no meu horário de saída, ou ainda, chegar a imaginar que
estava em Poços de Caldas e não saber pra que lado ir para chegar ao trabalho
quando descia do ônibus na Avenida das Américas. Foram tempos difíceis, mas eu
venci com a ajuda da Biodanza e de meus amigos queridos, do trabalho e do grupo
regular.
Um ano depois, quando estava já em uma fase diferente, feliz, depois de pedir
demissão do trabalho maçante na empresa, começando a viver mais tranquila como
autônoma, recebendo seguro, com tempo para fazer novas conexões profissionais,
meu pai foi internado em função de um abcesso cerebral que quase o levou a óbito,
tendo passado por uma neurocirurgia delicada e alguns meses de recuperação e
reabilitação física e emocional. Voltei pra Minas para ajudar nos cuidados com ele, o
que me fez particularmente feliz, porém, sentia uma saudade imensa da minha
família psíquica, a que eu conquistei no Rio e também da minha rotina, do grupo de
Biodanza, de tudo. Foi uma grande frustração pra mim. Mesmo assim, não esmoreci
e três meses depois, quando meu pai já estava bem melhor, e eu planejava voltar
pro Rio, me mudei para São Paulo/SP, convidada para um novo trabalho como
analista de Recursos Humanos, na empresa de uma amiga de infância e diferente
do que eu imaginava, foram seis meses muito complicados e solitários. Retomei o
grupo regular imediatamente na Escola Paulista com Angelina e Marlize, e continuei
minha formação no Rio. De certa forma eu acabei – mesmo que por seis meses –
frequentado a Escola Paulista como havia decretado naquele folheto pregado no
armário por quatro anos. Aprendi muito neste grupo e com as facilitadoras, e sei
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que, apesar de toda a dificuldade que eu sabia me aguardar se eu fosse embora de
São Paulo naquele momento, o princípio Biocêntrico norteou todas as minhas
decisões de sair daquela cidade e trabalho que destoavam tão completamente da
minha essência e promoveram em mim, um quadro de Síndrome do pânico. Voltei
para a casa dos meus pais em Minas e apesar da vergonha, do medo e da culpa em
abandonar um trabalho que sustentava não apenas a mim e aos meus sonhos, mas
também minha família, eu me orgulho de ter tido a coragem de recomeçar em um
contexto muito mais orgânico pra mim. Com esta ação Biocêntrica eu estava
literalmente salvando a minha vida.
No ano seguinte dei início ao meu primeiro grupo regular em Poços de Caldas,
recebendo supervisão de Angelina Pereira – à distância – por um período de seis
meses. Olha mais uma vez meu vínculo com a Escola Paulista. Este grupo regular
durou aproximadamente oito meses e eu tinha oito alunas assíduas. Senti que não
estava fluindo o bastante sem frequentar aulas de um grupo regular e resolvi
encerrar em respeito a essas alunas e sua confiança em mim. Em 2013 consegui
levar para Pouso Alegre uma facilitadora de Biodanza e neste ano apenas desfrutei
como aluna, me fortaleci para em 2014, formar um grupo que já tem três anos e
cresce e se fortalece a cada semana. Este grupo é um orgulho pra mim, pois
consegui ao longo desses anos, realizar um lindo e potente trabalho e ver muitas
pessoas se integrarem e fortalecerem suas identidades, se tornarem mais afetuosas
e Biocêntricas, e o principal de tudo isto: “nós somos um”. A unidade do nosso
grupo em nível afetivo e colaborativo é incrível e percebo que isto torna todo o
processo ainda mais potente e eficaz. Estamos sempre juntos, nos reunimos para
festejar a vida e nos apoiamos mutuamente. Eu me sinto não apenas uma
facilitadora, mas uma aprendiz que floresce a cada dia através dessas lindas
pessoas que Deus me trouxe de presente. Nosso grupo recebe esporadicamente
novos alunos e as energias se reciclam, trazendo mais e mais pessoas incríveis
com suas riquezas interiores e suas contribuições maravilhosas para a vida de
todos. Me sinto a pessoa mais realizada e feliz por ser facilitadora de um sistema
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tão integrador, fortalecedor e curativo. Me orgulho por ser Facilitadora de Biodanza
e sou grata a Deus e à vida por esta linda oportunidade. Para mim, Rolando é uma
personificação da Divindade e um canal de expressão desta energia na Terra. Deus
quis a Biodanza e presenteou Rolando através de sua genialidade e conexão.
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K. S. – Psicóloga – Faz Biodanza há 4 meses.
“Acredito que a Biodanza encurta caminhos. Sinto que através das aulas,
permito o encontro comigo mesmo, que encontro nos pequenos instantes de
reflexão, silenciosa, entre as vivências. Durante as vivências, quando sugerido de
se entregar a um determinado movimento, sinto-me mais próximo de minhas
emoções, que afloram espontaneamente. Gosto quando consigo me emocionar,
liberando sensações de angústia, ou ‘viajando’ num pensamento que aflora, e toma
conta de uma viagem, que excita todo o corpo, e então se dissipa, pelos pés, pelas
mãos, pelo olhar, e me proporcionam o reordenamento das energias internas.
Gosto dos exercícios que exigem mais vitalidade, gasto energético. Parecem
necessários para o corpo, que geralmente se encontra cansado da corporeidade
cotidiana. Sinto que preciso de bastante dispêndio de energia Yang, para atingir
níveis mais profundos de entrega. A energia parece endurecer o corpo, enquanto
que durante uma sessão de Biodanza, descarregamos os velhos padrões, e
buscamos incorporar novas opções, de disposição de nosso pensamento, e
sentimentos, no mundo.
Está sendo muito bom participar desse grupo de Biodanza, porque estou
conseguindo me soltar mais, apesar da minha timidez. Aprendi também a dar valor
aos amigos e querê-los sempre por perto.
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Gratidão a minha professora Ana Marcela Nadur Figueiredo que está sempre
por perto dando aquele suporte para todos os nossos sentimentos e a toda turma,
ou seja, a família da Biodanza.”
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brincando, sorrindo, vivendo de forma mais autêntica, com leveza, criando meu
ritmo e passo na SAGRADA DANÇA DA VIDA. A Biodanza me ajuda muito no meu
processo de crescimento. Gratidão!
Mas, falar sobre Biodanza é falar sobre transformação, sempre para melhor,
como ser humano, autêntico, seguro de si, mais amoroso e afetuoso e mais sincero
consigo mesmo. É se amar e amar o próximo, tudo isso, acontecendo
suavemente e às vezes nem tão suavemente, mas transformando para o melhor! A
Biodanza é isso e muito mais na minha vida! Gratidão a todos que se dedicam a
esse instrumento maravilhoso!
“Faço Biodanza com Marcela há três anos, sou professor. Relato que
a Biodanza veio para ficar na minha vida comigo, pois que é uma reunião onde,
além de você poder se enxergar de uma forma mais profunda e elevada, o mais
importante é que você vê os companheiros, ali, de uma forma similar a sua. Há três
grandes perguntas na Biodanza, e ela mesma conduz às respostas, com o passar
do tempo em que você continua na Biodanza; são elas: aço o que quero? Moro
onde quero? Moro com quem quero? À medida que você vai respondendo, você
também poderá tomar melhores decisões! “
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dificultava chegar no objetivo. As aulas, sempre colocando a falta de dinheiro e de
tempo na frente.
“Fiz Biodanza por dois anos, o que me ajudou em muitas coisas. Fui muito
feliz fazendo Biodanza. Um dia voltarei e a Marcela é maravilhosa.”
“Desde adolescente eu sempre fui muito apaixonada por dança, mas nunca
imaginei conhecer algo tão maravilhoso e profundo como a Biodanza. Antes eu me
sentia irritada, estressada, confusa comigo mesma, e através da Biodanza eu
passei a trabalhar com amor e acolhimento com certas questões internas, pois ela
te permite olhar para dentro de si e de uma forma amorosa, cuidar dessas
questões. Hoje eu atribuo muitas transformações ocorridas em minha vida à
Biodanza, pois foi através da expressão corporal nas vivências que eu pude me
libertar do que estava me deixando de certo modo travada na vida, não sabendo
qual caminho seguir. Hoje eu tenho mais confiança dos meus ideais e sei que tenho
potencial sim, mas que só foram trazidos á tona através da Biodanza. A Marcela é
muito especial, é minha inspiração. Que ela siga curando muitas pessoas assim
como eu com esta ferramenta potente que é a Biodanza.
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CONCLUSÃO
Eu poderia continuar este texto e ele seria infinito, se fosse para relatar os
inúmeros benefícios da Biodanza e sua contribuição para nossa evolução, porém
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deixo que os próprios relatos do capítulo anterior deponham a favor deste método
que para mim, foi uma bênção que, desde que chegou à minha vida, tem me
sustentando e me sustentará para sempre, pois foi um presente que recebi de Deus,
uma graça, uma herança vitalícia.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LOVELOCK, J.; BATESON, G.; MARGULIS, L.; ATLAN, H.; VARELA, F.;
MATURANA, H. et al. GAIA – inplicaciones de la nueva biologia. Barcelona, Ed.
Kairós, 1989.
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ANEXOS
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Confraternização Reveillon 2015 Confraternização
58