You are on page 1of 18

RESUMO CRIMES EM

ESPÉCIE

ART. 129 | LESÃO CORPORAL

Os delitos de lesões corporais compreendem seis figuras delitivas: a lesão


corporal de natureza leve, as lesões corporais de natureza grave, as lesões
corporais de natureza gravíssima, as lesões corporais seguidas de morte, a lesão
corporal culposa e a lesão corporal cometida no âmbito da violência domésicca
e familiar.

O delito de lesão corporal compreende toda e qualquer ofensa ocasionada à


normalidade funcional do corpo ou organismo humano, seja do ponto de vista
anatômico, seja do ponto de visa fisiológico ou psíquico. Dessa forma, o tipo
penal exige a ocorrência de resultado naturalísico para sua consumação, qual
seja o dano ao corpo humano, interna ou externamente, não se perfazendo com a
simples ocorrência de ofensa moral.

No contexto dos delitos de lesão corporal, deve-se destacar que o exame pericial
assume especial relevo probante, sendo necessário para identificar a extensão do
resultado da lesão corporal para melhor enquadramento típico. Entretanto, nor
termos do que prevê o art. 167 do Código de Processo Penal, nada impede que,
diante da impossibolidade de realização do exame outros meios de prova sejam
uilizados para auferir a materialidade delitiva.

Nos termos do §7º do art. 129 do Código Penal, aplicam-se aos delitos de lesão
corporal as causas de aumento de pena previstas para o delito de homicídio. No
caso de lesão dolosa a pena é exasperada de ⅓, se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos, ou aumentada de ⅓ até a metade se o
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço
de segurança, ou por grupo de extermínio.
No mesmo sentido, o art. 129, prevê que se a lesão for praticada contra
autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição, a pena é aumentada de um a dois terços.

LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE

A lesão corporal de natureza leve é punida com a pena de detenção de três


meses a um ano. A conduta típica consiste em ofender a integridade corporal ou
a saúde de outrem.

Significa lesar ou fazer mal a alguém ou alguma coisa. A lesão corporal de


natureza leve ou simples é delito comum, por não exigir do sujeio passivo e
ativo qualquer característica especial. Também não exige dolo específico.

LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE

A lesão corporal de natureza grave tem a sanção de reclusão de um a cinco


anos. Neste caso, a ofensa à integridade física de alguém é qualificada pelo
resultado. Dessa forma, considera-se ocorrida lesão de natureza grave quando
resultar em:
I - incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias.
II - perigo de vida.
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função.
IV - aceleração de parto.

A incapacidade para as ocupações habituais deve ser entendida como a


ineptidão da vítima para desempenhar qualquer uma de suas ocupações
habituais por mais de 30 dias, o que abrange tanto a rotina laborativa, quanto às
atividades domésticas, de lazer, e qualquer outra atividade lícita.

A lesão também será agravada pelo resultado quando dela resultar perigo de
vida para o ofendido. Não bastam conjecturas, mas um fator real de risco
inerente ao ferimento causado. Segundo a doutrina e jurisprudência majoritária
o perigo de vida deve ser ocasionado a título de culpa, pois se causado a tíulo de
dolo estaríamos diante de uma tentativa de homicídio.

Se da lesão resulta debilidade permanente de membro (parte integrante do corpo


humano), sentido (visão, olfato, audição, paladar e tato) ou função (ação própria
do ser humano), a lesão também será reputada grave. Deve-se esclarecer que
não é necessário que a debilidade seja eterna, mas tão somente de longa
duração.

Por fim, quando da lesão resultar aceleração de parto a pena também será
agravada. Trata-se, em verdade, de delito próprio nesta modalidade, pois é
exigível que a vítima seja gestante. Neste caso, o sujeito ativo deve ter
conhecimento da gravidez da vítima.

LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVÍSSIMA

A lesão corporal de natureza gravíssima é outra espécie de lesão cuja pena é


agravada pelo resultado. Nesse caso, se da lesão resulta incapacidade
permanente para o trabalho, enfermidade incurável, perda ou inutilização do
membro, sentido ou função, deformidade permanente ou aborto, a conduta será
apenada com reclusão, de dois a oito anos.

Diferente do que ocorre com a lesão grave, a incapacidade resultado da lesão


gravíssima, deve ocasionar inaptidão laborativa, ocasionando prejuízo ao
ofendido.

A enfermidade incurável se refere a doença irremediável de acordo com os


recursos da medicina na época do resultado. Caso a medicina encontre cura para
a doença, não caberá revisão criminal.

Por fim, a lesão também se qualifica como gravíssima se dela decorre a morte
do feto. Mais uma vez, trata-se de delito próprio nesta modalidade, pois exige
que a vítima seja gestante, sendo também necessário que o resultado mais
gravoso ocorra a título de culpa.

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE


A lesão corporal seguida de morte se trata de crime preterdoloso, em que o
agente tem o dolo de lesionar, mas, por culpa, acaba ocasionando a morte da
vítima. Por se tratar de delito com culpa no consequente o delito não admite
tentativa, sendo apenado com reclusão, de quatro a doze anos.

LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA

No caso de lesão grave, gravíssima ou seguida de morte, a pena será reduzida de


um sexto a um terço, quando o agente comete o crime for impelido por motivo
de relevante valor social ou moral ou sob domínio de violenta emoção, logo em
seguida à injusta provocação da vítima.

No caso da lesão leve, nessas mesmas circunstâncias, o juiz poderá substituir a


pena de detenção pela de multa. Essa substituição também será possível quando
as lesões leves forem recíprocas, o que ocorre quando as duas pastes entratam
em luta injustamenta, não se aplicando aos casos em que a vítima, na tentativa
de repelir injusta agressão ofende a integridade física de seu agressor, pois,
nesse caso, ela estaria agindo em legítima defesa.

LESÃO CORPORAL CULPOSA

A lesão corporal culposa tipifica a conduta daquele que, por negligência,


imprudência ou imperícia, ofende a integridade física da vítima, sendo
cominada pela pena de detenção, de dois meses a um ano.

Aplica-se a lesão corporal culposa a causa de extinção da punibilidade


consistente no perdão judicial, quando o juiz entender que as consequências do
delito já atingiram a vida do autor de forma grave, tornando desnecessária a
sanção penal. Por fim, aplica-se ao delito de lesão culposa a causa de aumento
exasperando a sanção em ⅓, se o crime resultar em inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar socorro à
vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar
prisão em flagrante.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A violência doméstica é punida com pena de detenção de três meses a três anos.
É a lesão praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade.

A pena ainda é majorada em ⅓, se da ofensa resultar lesão grave, gravíssima, ou


morte, ou se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.

ART. 130 | PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO

O delito de perigo de contágio venéreo é previsto no artigo 130 do Código


Penal, nos seguintes termos: expor alguém, por meio de relações sexuais ou
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve
saber que está contaminado: pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Deve-se destacar que, se a conduta do agente é intencionada, a pena será de


reclusão, de um a quatro anos, e multa, nos termos do art. 130.

Dessa forma, tipifica-se a conduta de quem, conhecendo estar acometido de


doença venérea, expõe a vítima a perigo de contágio, mediante a prática de
relações sexuais ou qualquer ato de libidinagem, assim entendidos como atos
que decorrem de contato pessoal com fins de deixar aflorar a libido, o desejo
sexual do agente.

A expressão “doença venérea” trata-se de norma penal em branco, pois exige


que sua complementação seja feita por outro ato normativo. Dessa forma, cabe
ao Ministério da Saúde elencar as doenças reputadas “moléstias venéreas”;
O delito, por se tratar de crime de perigo concreto, é consumado quando, “por
meio de relação sexual ou qualquer ato libidinoso, a vítima tenha se encontrado
numa situação de possível contaminação da doença venérea da qual o agente era
portador”. A tentativa também é admissível.

Se da conduta do agente decorrer dano, isto é, lesões corporais leves, prevalece


crime do art. 130. Porém, se dela resultar lesão corporal grave ou gravíssima,
responderá o agente pelo crime do art. 129, respectivamente e se resultar morte,
responderá por lesão corporal seguido de morte.

ART. 131 | PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE

Por outro lado, o delito previsto no art. 131 tipifica a conduta de praticar, com o
fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
produzir o contágio, apenado-a com reclusão de um a quatr anos e multa. Se a
ação do agente resultar em lesão ou morte, ele responderá pelo resultado.

Neste caso, o delito de perigo de contágio de moléstia grave trata-se de delito de


dano que se consuma com a exteriorização do comportamento dirigido a esse
fim, independentemente da contaminação da vítima, sendo, portanto, crime
formal. É, neste caso, também, admissível a tentativa.

O delito tem forma livre, sendo praticado independentemente de qualquer


contato sexual, de forma direta, ou indireta. O conceito de moléstia grave
também depende de definição pelo Ministério da Saúde.

ART 132 | PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM

Por fim, o delito de perigo para a vida ou saúde de outrem tipifica a conduta de
expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente. Trata-se de delito
subsidiário (apenas se configura quando não se consuma delito mais grave), de
perigo concreto e que possui vítima individualizada ou individualizável, não se
confundido o crime em questão com os de perigo comum ou contra a
incolumidade pública.

Deve-se ressaltar que, para a configuração do delito, é necessário que o agente


não tenha o dolo de causar dano, mas tão somente a vontade dirigida a criar a
situação de perigo. Porém, se da conduta decorrer dano, o agente responderá
pelo ato.

Deve-se ainda registrar que o tipo penal descrito no art. 132 contém, em seu
parágrafo único, causa especial de aumento de pena quando a probabilidade de
dano decorrer do “transporte de pessoas para a prestação de serviços em
estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais”. A
norma visou coibir o “transporte clandestino e perigoso de trabalhadores, a
exemplo do que ocorre, inclusive, em propriedades privadas, com os chamados
boias-frias”.

ART. 133 | ABANDONO DE INCAPAZ

A conduta de abandonar incapaz caracteriza-se quando o agente abandona


pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade e, por
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono.
Para a configuração do delito o abandono deve ser real, ou seja, depende de
separação física, distanciamento entre o responsável e o incapaz, não sendo
punível quando é o incapaz quem abandona seu protetor.

Cuidado significa a assistência a pessoas que, de regra, são capazes de valer a si


mesmas, mas que, acidentalmente, venham a perder essa capacidade (ex: o
marido é obrigado a cuidar da esposa enferma, e vice-versa). Guarda é a
assistência a pessoas que não prescindem dela, e compreende necessariamente a
vigilância. Esta importa em zelo pela segurança pessoal, mas sem o rigor que
caracteriza a guarda, a que pode ser alheia (ex: o guia alpino vigia pela
segurança de seus companheiros de ascensão, mas não os tem sob sua guarda).
Finalmente, a assistência decorrente da ação de autoridade é a inerente ao
vínculo de poder de uma pessoa sobre outra, que a protestas seja de direito
público, quer de direito privado. Se a violação do dever de assistência é
praticada por ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador, dá-se
uma agravante especial.

Por sua vez, o sujeito passivo será aquele que se encontra sob os cuidados,
guarda, vigilância ou autoridade do sujeito ativo. O delito pode ser praticado de
forma omissiva, ou comissiva, admitindo-se a tentativa, mas não a modalidade
culposa, por ausência de previsão.

Se do abandono resultar lesão corporal de natureza grave ou morte, a pena


imputada ganhará novos contornos, sendo de reclusão - de um a cinco anos, no
primeiro caso e de reclusão, de quatro a doze anos, no segundo. Essas figuras
são consideradas crimes preterdolosos, em que o resultado morte ou lesão não é
desejado pelo agente.

A pena será majorada em até um terço, se o abandono ocorre em lugar ermo, se


o agente é ascendente ou descendente da vítima, cônjuge (não se admite a
majoração quando se tratar de companheiro, haja vista entender de que outra
forma seria analogia in malam partem), irmão, tutor ou curador da vítima ou
ainda se a vítima é maior de 60 anos.

ART. 134 | EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DO RECÉM


NASCIDO

Por outro lado, o delito descrito no art. 134 do Código Penal consiste em expor
ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria. Para este caso,
primeiramente, exige-se que a vítima seja recém-nascida. Aquele que acabou de
nascer ou aquele que possui poucas horas ou mesmo alguns dias de vida,
punindo-se tanto a conduta de quem expõe a risco ou abandona, o que, no
entender da doutrina são conceitos sinônimos.

Por fim, exige-se também que o agente tenha o dolo específico de buscar, com o
seu comportamento, ocultar desonra própria, isto é, para que sua honra não seja
maculada. Disso decorre o fato de se tratar de um delito de mão própria, pois
somente pode ser cometido pela mãe do recém-nascido, pois a mácula à honra
que pretende ser ocultada é a honra daquela mãe. Nesse caso, o delito é
consumado quando a vida do neonato é exposta a risco.

O artigo 134 do CP, também traz hipóteses de abandono de recém nascido


qualificadas pelo resultado. Assim, se do fato resulta lesão corporal de natureza
grave, a pena será de detenção, de um a três anos, e, se resultar em morte, a
pena será de detenção, de dois a seis anos. Novamente, são crimes
preterdolosos, em que o resultado não é desejado pelo agente.

ART 135 | OMISSÃO DE SOCORRO


O delito previsto no artigo 135 do Código Penal descreve a conduta de “deixar
de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo em
grave e iminente perigo ou não pedir nesses casos o socorro da autoridade
pública”, sendo cominada pena de detenção, de um a seis meses ou multa.A
pena ainda poderá ser aumentada de metade, se da omissão resulta lesão
corporal de natureza grave, e triplicada se resulta a morte.

O sujeito passivo do delito refere-se a: por criança abandonada ou extraviada


devemos entender aquela que não tenha ainda completado 12 anos de idade e
que tenha, por algum motivo, sido abandonada à própria sorte por aqueles que
eram seus responsáveis, no caso da criança extraviada, que tenha com eles
perdido o contato ou a vigilância, não sabendo retornar ao seu encontro. Pessoa
inválida é toda aquela que entregue a si mesma, não pode prover a própria
segurança, seja isto por suas próprias condições normais ou por acidente
(velhos, enfermos, ajeijados, paralíticos, cegos, etc). Pessoa ferida é aquela que
teve ofendida sua integridade corporal ou saúde, seja por ação de terceiros, caso
fortuito ou até mesmo por vontade própria, como no caso daquele que tentou
contra a própria vida e conseguiu sobreviver, sendo incapaz de, por si mesmo,
buscar auxílio a fim de evitar produção de um dano maior à sua pessoa. Em
ambas as hipóteses, ou seja, pessoa inválida ou ferida, a vítima deve
encontrar-se em desamparo, isto é, abandonada, sem os cuidados exigidos à
manutenção de sua integridade corporal ou saúde, bem como da sua vida.

Dessa forma, o crime se consuma quando o agente omitir-se frente à situação


em que deveria prestar socorro direto em razão da vítima encontrar-se em grave
e iminente o perigo que ameaça atualmente a vida da pessoa ou, de modo
notável, a sua incolumidade física ou fisiológica.

Também se consuma o delito quando o autor omitir-se a prestar socorro


indireto, ao não solicitar soccorro à autoridade pública, sendo certo ainda que o
recurso à autoridade pública é subsidiário, ou seja, cabível apenas quando se
revelar capaz de arrostar tempestividade o perigo ou quando a assistência direta
oferecer riscos à incolumidade do agente.

O delito em análise não admite a tentativa, se consumado quando o iminente


deixar passar a última oportunidade de realizar a ação de salvamento esperada
antes que ocorra o aumento do perigo, a diminuição das chances de salvamento
ou a ocorrência do dano.

Deve-se ressaltar que o delito impõe um dever de solidariedade e, dessa forma,


caso alguém tenha prestado socorro de forma eficiênte, não se pode imputar aos
que se quedaram intertes o delito do art. 135 do Código Penal.

ART. 135-A | CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO


MÉDICO-HOSPITALAR EMERGENCIAL

Sanciona-se com pena de detenção, de três meses a um ano, e multa a conduta


daquele que exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem
como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição
para o atendimento médico-hospitalar emergencial.

Dessa forma, proíbe-se a conduta de condicionar o atendimento


médico-hospitalar emergencial a qualquer procedimento burocrático, entendido
este como a exigência de prévia garantia ou de formulários administrativos.

O delito em análise é consumado quando a situação da vítima é agravada em


razão da exigência da condicionante burocrática, dessa forma, como a conduta
de exigir não admite fracionamento, o tipo penal não admite a tentativa.

Pode ser sujeito ativo qualquer pessoa que realiza o atendimento


médico-hospitalar emergencial. Entendendo também que normalmente, quem
estipula essas condições para efeitos de atendimento é o diretor do
estabelecimento de saúde ou qualquer outro gestor que esteja à frente da
administração. O problema surge quando o empregado, que trabalha no setor de
admissão de pacientes, cumpre as ordens emanadas da direção e não permite o
atendimento daquele que se encontrava em situação de emergência. Nesse caso,
entendemos que haverá o concurso de pessoas, devendo ambos (diretor e
empregado) responderem pela infração penal em estudo.

A pena do mencionado delito ainda é majorada se da exigência resultar morte


ou lesão grave.
ART 136 | MAU TRATOS

O delito de maus tratos é descrito como: expor a perigo a vida ou a saúde de


pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a trabalho excessivo ou inadequado, quer
abusando de meios de correção ou disciplina, apenado-a com pena de detenção
de dois meses a um ano ou multa. A pena ainda é aumentada de um terço se o
crime é praticado contra vítima menor de 14 anos.

Nessa perspectiva, trata-se de delito próprio, pois somente pode ser cometido
por quem possui autoridade, guarda ou vigilância da vítima. É exigível também
que o agente atue com especial fim de agir, ou seja, busque com sua conduta
educar, fornecer tratamento ou custódia.

O tipo penal em análise também descreve os meios que caracterizam os maus


tratos:
I. através da privação de alimentação.
II. privação dos cuidados indispensáveis (cuidados relativos ao vestuário,
acomodação, higiene, assistência médica e odontológica.
III. sujeição da vítima a trabalhos excessivos (grande carga horária) ou
inadequados (incompatíveis com a idade e condição da vítima)
IV. abusos nos meios de correção ou disciplina (agente atua com o chamado
animus corrigendi ou disciplinandi, contudo, abusa do seu direito de
corrigir ou disciplinar).

Antes que realizadas as condutas típicas, o delito somente se consuma com a


concreta exposição da vida ou saúde da vítima a perigo. É admissível a
tentativa, bem como a prática do delito de forma comissiva e omissiva.

O delito prevê as formas qualificadas, sendo a pena de reclusão de um a quatro


anos se dos maus-tratos resulta lesão grave, e de quatro a doze anos se resulta
morte. Os delitos são preterdolosos nessa modalidade.

ART. 137 | RIXA

Participar de rixa, salvo para separar os contendores


Pena - detenção de 15 dias a 2 meses ou multa.

Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se pelo fato da


participação na rixa, a pena de detenção de 6 meses a 2 anos.

ART 138 | CALÚNIA

É descrito como o ato de imputar falsamente a alguém fato definido como


crime, sendo a conduta sancionada com pena de detenção de seis meses a dois
anos e multa. Incorre nas mesmas penas quem, sabendo ser falsa a imputação, a
propala ou a divulga.

Dessa forma, trata-se de um crime de mera conduta, que se consuma quando o


agente imputa fato definido como crime a alguém, sabendo que o fato é falso,
ou ainda que verdadeiro o fato, a vítima não é a autora daquele crime. O fato
deve ser ainda determinado, sendo necessário particularizar as circunst~çancias
bastantes para identificar o acontecido, embora sem as precisões e minúcias que,
muitas vezes, só poderiam resultar de investigações que não estariam no alcance
do acusador realizar. Deve-se ainda registrar que se o fato imputado for uma
contravenção penal, não haverá o crime de calúnia.

É importante frisar que se o agente acreditar que a vítima realmente cometeu


aquele delito, ele atuará em erro de tipo (hipótese conhecida como “exceção de
notoriedade”).

A consumação do direito de calúnia ocorre quando um terceiro, que não vítima,


toma conhecimento dos fatos criminosos ofensivos à reputação da vítima.
Admite-se, neste tipo de crime, a tentativa a depender do meio utilizado para
caluniar.

Está tipificado, ainda, no art. 134, a calúnia contra os mortos, o que ocorre
quando a vítima já faleceu. Esse caso ocorre quando os parentes do ofendido
são, mesmo que indiretamente, atingidos pela força da falsidade do fato definido
como crime que lhe é imputado.

A exceção da verdade se trata do momento processual em que o autor,


supostamente acusado de caluniar alguém, demonstra que os fatos narrados por
ele são verdadeiros. Essa possibilidade não existirá, porém, em determinadas
hipóteses. A primeira delas ocorre quando o fato imputado como crime se
processar mediante ação privada e o ofendido não for processado ou condenado
por sentença irrecorrível.

Caso exista uma ação penal em curso, visando à apuração de um delito que se
atribui à suposta vítima da calúnia, deverá o julgador suspender o curso da ação
penal que apura o delito de calúnia, aguardando a confirmação da existência ou
não do fato, que se entende como falso, definido como crime. O que não se
pode, contudo, é simplesmente impedir a defesa do querelado, ou seja, daquele
que está sendo submetido a um processo penal, simplesmente pelo fato de não
ter havido ainda trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Seria um
enorme contrassenso impedir a sua defesa, condenando-o pela prática do delito
de calúnia, para no final, quando já estivesse transitado a sentença penal
condenatória que teve o condão de apontar a prática do delito que se atribui à
suposta vítima, obrigá-lo a ingressar novamente em juízo com um ação de
revisão criminal, uma vez que, sendo comprovado o cometimento do delito que
imputou a suposta vítima, afastada estará a elementar falsamente, exigida pelo
tipo penal do art. 138 do Código Penal.

Também não será possível a exceção da verdade quando o fato é imputado a


qualquer das pessoas indicadas no n. I do artigo 141 (presidente da república ou
chefe de governo estrangeiro), ou ainda, quando o ofendido for absolvido por
sentença irrecorrível em delitos processados mediante ação penal pública. No
primeiro caso, comprovada a prática do delito, o agente deverá ser absolvido na
ação penal relativa ao crime de calúnia, não tendo sucesso nessa comprovação,
a condenação deverá ser imposta.

ART 139 | DIFAMAÇÃO

É descrito como a conduta de imputar a alguém fato ofensivo à sua reputação,


sendo a pena de detenção de três meses a um ano e multa.

Para configuração do delito, é indiferente que os fatos imputados sejam


verdadeiros ou falsos, bastando que sejam lesivos à reputação de alguém (honra
objetiva). O crime se consuma, assim como no caso da calúnia, quando um
terceiro, que não a vítima, toma conhecimento dos fatos ofensivos à reputação
da tal vítima, admitindo-se a tentativa a depender do meio utilizado para a
prática delitiva.

Diferentemente da calúnia, podem ser vítimas do delito as pessoas jurídicas,


sem maiores controvérsias. O sujeito ativo também não exige nenhuma
qualificação especial. Embora inexista previsão específica, o agente que
propaga ou divulga o fato desabonador também deve responder como incurso
no art. 139 do CP, haja vista que com sua conta também imputa a alguém fato
ofensivo à sua reputação.

O parágrafo único do art. 139 também prevê a possibilidade de exceção da


verdade quando o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao
exercício da sua função e quando o ofendido ainda desempenha função pública.

ART. 140 | INJÚRIA

Consiste em ofender a dignidade ou o decoro de alguém, sendo a conduta


apenada com pena de detenção de um a seis meses ou multa. Ao contrário dos
delitos de calúnia e difamação, o delito de injúria busca tutelar a honra subjetiva
do ofendido.

A ofensa ao decoro ou dignidade de alguém pode ser assim explicada: a


diferença entre esses dois elementos do tipo é tênue e imprecisa, o termo
dignidade podendo compreender o decoro. Entre nós costumava-se definir a
dignidade como o sentimento que tem o indivíduo do seu próprio valor social e
moral; o decoro como a sua respeitabilidade. Naquela estaria contidos os
valores morais que integram a personalidade do indivíduo; neste as qualidades
de ordem física e social que conduzem o indivíduo a estima de si mesmo e o
impõem ao respeito dos que com ele convivem. Dizer que um sujeito é
trapaceiro seria ofender a sua dignidade. Chamá-lo de burro, ou de frouxo, seria
atingir o seu decoro.

Dessa forma, no delito de injúria não se imputam os fatos, mas atributos


negativos à pessoa. Consumado-se a injúria quando a vítima toma conhecimento
das palavras ofensivas à sua dignidade ou decoro.
Como o bem tutelado é a honra subjetiva, o sujeito do crime não poderá ser
pessoa morta ou pessoa jurídica, pois estas não possuem a capacidade para o
sentimento da própria honorabilidade ou respeitabilidade. Admite-se a tentativa,
a depender do meio utilizado,

A figura qualificada, chamada de injúria real, requer que a injúria consista em


violência ou vias de fato, ou ainda, que por sua natureza ou pelo meio
empregado, se considerem aviltantes. Nesse caso, é apenada com detenção de
três meses a um ano e multa, além da pena correspondente à violência.

Há a previsão da injúria preconceituosa, que consiste na ofensa com utilização


de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição da
pessoa idosa ou portadora de deficiência, sancionada com reclusão de um a três
anos e multa.

O juiz poderá deixar de aplicar a pena (perdão judicial) quando o ofendido de


forma reprovável provocou diretamente a injúria, ou no caso da retorsão
imediata, que consista em outra injúria.

ART. 141 | DISPOSIÇÕES COMUNS

As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de ⅓, se qualquer dos crimes


é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os
Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo
Tribunal Federal
III - na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, da difamação ou da injúria
IV - contra pessoa maior de sessenta anos ou portadora de deficiência, exceto
no caso de injúria

§1º Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se


a pena em dobro.

§2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes


sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena.
ART. 142 | EXCLUSÃO DO CRIME

Não constituem injúria ou difamação punível:


I - ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa ou por seu procurador.
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo
quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar.
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.

Nos casos dos ms. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá
publicidade.

ART. 143 | RETRATAÇÃO

O querelado que, antes da sentença, se tratata cabalmente da calúnia ou da


difamação fica isento de pena.

Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação


utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o
ofendido, pelos mesmos meios em que se praicou a ofensa.

ART. 144

Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria,


quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a
dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.

ART. 145

Nos crimes previstos neste capítulo somente se procede mediante queixa, salvo
quando, no caso do artigo 140, §2º, da violência resulta lesão corporal.
Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do
caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso
do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso §3º do art. 140 deste Código.

ART. 146 |

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe


haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Aumento de pena

§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a


execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.

§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.

§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de


seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;

II - a coação exercida para impedir suicídio.

ART 147
Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

Perseguição

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio,


ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade
de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de
liberdade ou privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 14.132, de 2021)

§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: (Incluído


pela Lei nº 14.132, de 2021)

I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído pela Lei nº 14.132,


de 2021)

II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do §


2º-A do art. 121 deste Código; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)

III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de


arma. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)

§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes


à violência. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)

§ 3º Somente se procede mediante representação.

Violência psicológica contra a mulher (Incluído pela Lei nº 14.188,


de 2021)

Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e


perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar
suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem,
ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que
cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação: (Incluído
pela Lei nº 14.188, de 2021)

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta


não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)

You might also like