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10.

O SISTEMA DAS TRES UNIDADES FUNCIONAIS DE LURIA


RELACIONADO AO XADREZ

Para que podemos possamos entender como se processa a prática enxadrística de


um sujeito, ao nível dos processos mentais superiores; buscamos a este entendimento
em uma proposta teórica feita por psicólogos russos no início do século XX, mais
especificamente os trabalhos de Aleksander Romanovich Luria e os sistemas funcionais
complexos, nas três unidades funcionais de Luria.
O Sistema das Três Unidades Funcionais de Luria (1981) implica nos processos
mentais superiores complexos (aqui temos um problema, processos mentais superiores
são a linguagem, a atenção, a memória e a percepção. O sistema funcional é uma
proposta de funcionamento neurológico com correlatos em instância psicológica, mas
ele em si não implica em processos superiores, até porque a primeira unidade e as
zonas primárias não correspondem a funcionamento superior), cujo, resultado de
funcionamento ocorrem por meio da participação das estruturas funcionais do cérebro
que atuam em conjunto. Estas unidades têm como funcionalidade de atuarem
integradas, sendo que, a primeira unidade tem como função é regular o tono ou a
vigília, a segunda unidade tem como função para obter, processar e armazenar as
informações que chegam do mundo exterior e a terceira unidade tem como função para
programar, regular e verificar a atividade mental.
Ainda, porém, cabe a cada unidade (só a segunda e a terceira unidade tem zonas,
a primeira unidade não!) outra característica importante exibida por uma estrutura
hierarquizada que consiste em três zonas corticais construídas uma acima da outra: as
áreas primárias (de projeção) que recebem impulsos da periferia do sistema nervoso ou
os enviam para ela; as secundárias (de projeção/associação), aonde informações que
chegam, durante uma partida de xadrez são processadas ou programadas e preparadas.
Finalmente, as terciárias (zona de superposição), os últimos sistemas dos hemisférios
cerebrais a se desenvolverem e responsáveis, no homem, pelas formas mais complexas
de atividade mental que requerem uma participação harmoniosa integrada e sistêmica
com muitas áreas corticais.
Ainda mais, o mecanismo nervoso dos processos mentais esta está inserido na
formação reticular do qual constituída pelas estruturas ascendente e descendente estando
subordinada a organização vertical da estrutura do cérebro. (onde vcs viram isso? A
formação reticular não tem função psicológica, é um conjunto de feixes que coordenam
a entrada e saída de impulsos, logo não pode abrigar processos mentais. A mente é
produzida pelo córtex, e as outras áreas, mas intigas dão a sustentação metabólica e
biológica do processo, só isso)
As áreas somestésicas 1,2 e 3 projetam seus axônios para as áreas 4, 5 e MS
(áreas motoras suplementares), e também para área 7 onde terminam como fibras de
associação. Essa área 7, situada no lobo parietal, projeta-se no córtex pré-frontal, no
sulco temporal superior e no giro do cíngulo. Quando ocorre uma lesão nas áreas visuais
17,18 e 19, permite a localização de seus axônios e projeção nas áreas 46 e região
posterior do sulco temporal superior (STS, uma área polimodal). As projeções terciárias
são para as áreas paralímbicas 25 e 33. As conexões das áreas de associação com o
sistema límbico conferem um colorido emocional à percepção consciente. Deve ser
mencionado que também existem sistemas de transferência multi-sensorial entre o tato e
visão e outras experiências associadas ao cheiro, paladar, fome, sede, medo, raiva, sexo,
prazer etc. (GAZZANIGA, 2006).

Figura: Organização vertical da estrutura do cérebro.

Fonte:Jones&Powel,1970
Vocês só falaram em três áreas, mas na imagem aparecem quatro, melhor
explicar isso.
Comenta Luria (1981), que as diversas estruturas que compõe o cérebro podem
ser consideradas como partes constitutivas das três unidades funcionais principais do
cérebro e substratos neurofisiológicos do pensamento abstrato. Desta forma argumenta
Fonseca (1998) sobre as três unidades funcionais de Luria, apresentam aspecto relevante
no processo de aprendizagem, pois ambas reflete uma expansão organizada do cérebro e
todos eles têm em comum um processo neurológico entre suas inter-relações, na
eficiência bioquímica; na neuroendócrina e nas multiconexões entre os vários blocos
funcionais, sendo que a reestruturação do cérebro depende da sua estimulação da
motricidade. (????)
A primeira unidade funcional do cérebro: esta localizada no tronco cerebral e
particularmente na formação reticulada, no diencéfalo e nas regiões mediais do córtex,
desempenha um papel na regulação do estado de atividade cortical e do nível de
vigilância. Esta unidade se localiza nas regiões laterais do neocórtex sobre a superfície
convexa dos hemisférios, ocupa as regiões posteriores incluindo as regiões visual
(occipital), auditiva (temporal) e sensorial geral (parietal). Essa unidade funcional esta
adaptada para a recepção de estímulos que vão ter ao cérebro a partir de receptores
periféricos.
Segundo Luria (1981) para que os processos mentais humanos sigam o seu curso
correto, o estado de vigília é essencial para a sobrevivência do ser humano. Pois, ela é a
responsável por receber e analisar informações que os sistemas seletivos de conexões
possam ser trazidos à mente. Para que as atividades mentais sejam organizadas, o tono
cortical tem que estar constantemente estimulado, pois é sabido que a formação reticular
do tronco cerebral é um poderoso mecanismo para manter o tono cortical, a regulação
do estado funcional do cérebro e também como um fator determinante do nível de
vigília.
Na visão de Luria, a formação reticular ativadora é a parte mais importante da
primeira unidade funcional do cérebro, algumas fibras desta formação reticular correm
rostralmente para terminar em estruturas superiores, como o tálamo, o núcleo caudado,
o arquicórtex e finalmente as estruturas do neocórtex. Essas estruturas foram chamadas
de sistema reticular ascendente, o sistema desempenha um papel decisivo na ativação do
córtex e na regulação do estado de sua atividade.
O Sistema Reticular Ativador Ascendente recebe estímulos oriundo do meio
exterior, a sua função é selecionar e filtrar apenas os estímulos necessários que possam
atingir o hipotálamo; alem disso, fazem conexões através de fibras direcionadas à
estrutura nervosas superiores; como o tálamo (reorganiza os estímulos vindo da
periferia e distribui os estímulos vindos do sistema nervoso central), o núcleo caudado
(possui um papel importante no sistema de aprendizagem e memória do cérebro), o
arquicórtex aparece no giro do hipocampo (esta envolvido com os comportamentos
pensamentos instintivos, que são transmitidos geneticamente) e, finalmente, as estrutura
do neocórtex (lida essencialmente com as informações aprendidas). Assim, o sistema
reticular, o hipotálamo e córtex funcionam como controladores de todos os estímulos
recebidos e que por sua vez são armazenados nas nucleoproteínas.

Figura: Diagrama que mostra relações de sistemas corticais com estruturas do tronco
cerebral através da formação reticular ascendente (segundoMagoun); tratos ascendentes.

Fonte; Luria (1981:42)

Na interpretação de Luria (1981), as conexões descendentes também existem


entre o córtex e as formações inferiores: são essas conexões que transmitem a influência
regulatória do córtex sobre as estruturas mais baixas do tronco cerebral e que são o
mecanismo por meio do qual os fatores funcionais de excitação que surgem no córtex
recrutam os sistemas da formação reticular do cérebro e recebem deles sua carga de
energia.
O Sistema Reticular Inibidor Descendente parte do hipotálamo com a função de
inibir os estímulos excedente que não foram filtrados pelo sistema, as fibras do
(S.R.I.D) começam nas estruturas nervosas superiores do neocórtex (preenche as demais
regiões do cérebro, indo desde o giro do cíngulo (centro das emoções e comportamentos
cognitivos) até a zona cortical exterior, onde são comandados os sentidos), arquicórtex
(aparece no hipocampo), do núcleo caudado e dos núcleos talâmicos, e dirigem-se a
estrutura mais baixas no mesencéfalo, no hipotálamo e no tronco cerebral. (verificar
coerência do português e parênteses, ficou confuso)

Figura: Diagrama que mostra relações de sistemas corticais com estruturas do tronco
cerebral através da formação reticular descendente (segundoMagoun); tratos
descendentes.

Fonte; Luria (1981:42)

Segundo Luria (1981) as fibras descendentes do sistema reticular ativador (e


também do inibidor) têm uma organização cortical bem diferenciada. Enquanto que a
maioria dos feixes específicos dessas fibras (que elevam ou reduzem o tono dos
sistemas sensoriais e motores) se origina das zonas corticais primárias (e, até certo
ponto, das secundárias), as influências ativadoras mais gerais que operam sobre a
formação reticular do tronco cerebral se originam primeiramente da região frontal do
córtex. Essas fibras descendentes estendem-se do córtex pré-frontal (frontal orbital e
medial) até o núcleo do tálamo e do tronco cerebral, formam um sistema por meio do
qual os níveis superiores do córtex, participando diretamente na formação de intenções
e planos recrutam os sistemas inferiores da formação reticular do tálamo e do tronco
cerebral, modulando desse modo o seu funcionamento e tornando possíveis as formas
mais complexas de atividade consciente.
Luria argumenta que a principal função dessas zonas cerebrais não é a
comunicação com o mundo exterior (a recepção e a análise das informações, a
programação de ações), mas sim, a regulação do estado geral, a modificação do tono e o
controle das inclinações e emoções. Neste sentido as zonas mediais dos hemisférios
podem ser encaradas como um sistema superposto à estrutura da parte superior do
tronco cerebral e da formação reticular.

A segunda unidade funcional do cérebro: é formada pela área primária ou de


projeção do córtex, são circundadas por sistemas de zonas corticais secundárias ou
gnósticas a elas superpostas, nas quais a camada IV aferente cede sua posição
dominante às camadas celulares II e III, intimamente relacionadas com as primeiras e
constituídas principalmente pelos neurônios das camadas celulares II e III; dotados de
menor especificidade modal e cuja composição inclui um número muito maior de
neurônios associativos com axônios curtos; possibilitando que a excitação que chega
seja combinada nos necessários padrões funcionais, cumprindo assim uma função
sintética. A sua funcionalidade é de analisar e armazenar informações, constituídas por
regiões laterais do neocortex situadas na superfície convexa dos hemisférios cerebrais,
compreendendo as regiões occipital (visão), temporal (audição) e parietal (sensibilidade
geral).
No córtex visual (occipital), acima da área visual primária (área 17 de
Brodmann) há uma superestrutura de áreas visuais secundárias (áreas 18 e 19 de
Brodmann) que convertem a projeção somatotópica de partes individuais da retina em
sua organização funcional; elas retêm a sua especificidade modal (visual), mas
funcionam como um sistema organizando estímulos visuais que alcançam à área visual
primária.
O córtex auditivo (situado no lobo temporal) é constituído de acordo com o
mesmo princípio. Suas áreas primárias (de projeção) estão ocultas na profundidade do
córtex temporal nos giros transversos de Heschl (área 41 de Brodmann), cujos
neurônios possuem grande especificidade modal e respondem tão-somente às
propriedades altamente diferenciadas de estímulos acústicos. Já no córtex auditivo
secundário também convertem a projeção somatotópica dos impulsos auditivos em sua
organização funcional, esta localizado nas porções externas da região temporal sobre a
superfície convexa do hemisfério (área 22 de Brodmann e parte da área 21), e por ter
uma formação predominante por uma camada celular II bastante desenvolvida e pela
camada celular III.
O córtex sensorial geral (parietal) esta organizada (cuidado com os erros de
concordância verbal e nominal, há muitos!!) na zona primária ou de projeção (área 3 de
Brodmann), cuja substância também consiste principalmente em neurônios da camada
IV, possuidores de grande especificidade modal, enquanto que sua topografia se
distingue pela mesma projeção somatotópica precisando de segmentos individuais do
corpo; em virtude da qual a estimulação da parte superior desta zona, causa o
aparecimento de sensações nos membros inferiores contralaterais, a das porções médias
acarreta sensações nos membros superiores do lado contralateral e a de pontos na parte
inferior desta zona produz sensações correspondentes nas áreas contralaterais da face,
dos lábios e da língua. Na suas zonas secundárias (áreas 1, 2, 3 e 5 de Brodmann e parte
da área 40); como as zonas secundárias dos córtices visuais e auditivos, elas constituem
principalmente em neurônios associativos das camadas II e III, e sua estimulação leva
ao aparecimento de formas mais complexas de sensação cutânea e cinestésica.

TABELA - estrutura hierarquizada que consiste em três zonas corticais


Funcionamento Área de Brodmann
Primária 17
Visão visual
Segundaria 18 – 19 – 20 - 21 - 37

Primária 41
Auditivo
Segundaria 22 - 42

Primária 1–2-3
Sensorial
Segundaria 5-7

Terciário, Sensório 7 – 22 – 37 – 39 - 49

Primária 4
Motor Segundaria 6
Movimento ocular 8
Fala 44

Terciário, Motor 9 – 10 – 11 – 45 – 46 - 47
Fonte: Luria,1981

A Terceira Unidade Funcional do Cérebro: A terceira lei é fundamental que


governa o funcionamento do córtex como todo. Ela pode ser expressa como a lei da
lateralização progressiva de funções, implicando na sua transferência progressiva das
áreas corticais primárias para as secundárias e finalmente para as terciárias.
O hemisfério esquerdo (em pessoas destras) torna-se dominante; é este
hemisfério que começa a ser responsável por funções de fala, enquanto que o hemisfério
direito, não vinculado à atividade da mão direita ou a fala, permaneceu subdominante.
Este principio de lateralização de funções naturalmente se tornou um novo e decisivo
principio da organização funcional do córtex cerebral.
O hemisfério esquerdo (dominante em indivíduos destros) começa a
desempenhar um papel essencial não apenas na organização cerebral da fala, mas
também na organização cerebral de todas as formas superiores de atividade cognitiva
vinculada à fala, a percepção organizada em esquemas lógicos, memória verbal ativa,
pensamento lógico; enquanto que o hemisfério direito (não-dominante) ou começa a
desempenhar um papel subalterno na organização cerebral desses processos ou não
desempenha papel algum em seu curso.

Na maioria dos canhotos os hemisférios cerebrais funcionam da mesma forma


que os das pessoas que preferem o uso da mão direita. Somente 4% dos
canhotos têm as funções dos lobos cerebrais invertidas e menos de 1% dos
destros têm as posições do criar e do recordar invertidas.
(http://www.cerebromente.org.br/n15/mente/lateralidade.html)

Este princípio de lateralização de funções superiores no córtex cerebral começa


a operar apenas com a passagem as zonas secundárias e em particular as zonas
terciárias, que estão vinculadas principalmente a codificação (ou organização funcional)
de informações que chegam ao córtex, processo este que é realizado no homem com o
auxilio da fala. É por esta razão que as funções das zonas secundárias e terciárias do
hemisfério esquerdo dominante começam a diferir radicalmente das zonas secundárias e
terciárias do hemisfério direito não-dominante.
Explica Luria (1978), que as zonas terciárias são compostas por zonas de
superposição das terminações corticais dos vários analisadores, que são responsáveis
por possibilitar que grupos de vário analisadores funcionem em harmonia. Essas zonas
se situam na fronteira entre os córtices occipital, temporal e pós-central; a maior parte
delas é formada pela região parietal inferior. As zonas terciárias ou zonas de
superposição das regiões posteriores do cérebro consistem quase inteiramente em
células das camadas associativas II e III do córtex, e, relacionam quase exclusivamente
com a função de integração de excitação que chega de diferentes analisadores. Essas
estruturas das zonas posteriores do córtex incluem as áreas 5, 7, 39 e 40 de Brodmann
(as zonas superior e inferior da região parietal), a área 21 da região temporal e as áreas
37 e 39 da região têmporo-occipital.
Por estas razões, o xadrez traz uma contribuição relevante para o
desenvolvimento das áreas cognitivas é o aporte para o pensamento abstrato, pois, o
estímulo enxadrístico recebido a nível córtex cerebral resulta em modificações na
plasticidade neural, toda vez que houver uma nova jogada estrategicamente elaborada,
planificada, reflexiva e analítica, estará possibilitando para novas aquisições. Além
disso, estará contribuindo para uma ampliação de novas conexões neurais na região pré-
frontal do cérebro responsável pelo pensamento abstrato. Por sua vez, a região pré-
frontal apresenta uma característica peculiar, argumenta Luria, é que ela possui um
sistema muito rico em conexões tanto a níveis inferiores do cérebro (núcleos mediais,
ventrais e pulvinar do tálamo, e outras estruturas), como virtualmente todas as demais
partes do córtex (fig. 16). Essas conexões são de natureza bidirecional e colocam as
divisões pré-frontais do córtex em uma posição particularmente favorável tanto para a
recepção e síntese do complexo sistema de impulsos aferentes que chegam de toda, a
aparte do cérebro, como para a organização de impulsos eferentes, de forma que elas
podem regular todas essas estruturas. (LURIA, 1986, p.64).

Tabela – Resultados de investigação neuronográfica de conexões corticais da região pré-frontal


Conexões aferentes Conexões eferentes
da área com a área da área com a área
8 19, 22, 37, 41, 42 8 18
9 23 10 22
10 22, 37, 38 46 6, 37, 39
44 41, 42, 22, 37 47 38
47 36, 38 24 31, 32
Fonte: Luria (1978 :68)

De acordo com Luria (1981:55), este trabalho das zonas terciárias das regiões
corticais posteriores é de suma importância para a integração bem sucedida das
informações que atingem o homem por meio de seu sistema visual e também para a
transição de síntese direta; visualmente representada para o nível de processos
simbólicos, ou operações com significados de palavras, com complexas estruturas
gramaticais e lógicas, com sistemas de números e relações abstratas. Em virtude disso é
que as zonas terciárias da região cortical posterior desempenham um papel essencial na
conversão de percepção concreta a “pensamento abstrato”, que sempre ocorre sob a
forma de esquemas internos, na memorização, nas experiências anteriores, na
organização cerebral, na recepção e codificações de informações e no seu
armazenamento.
O jogo de xadrez é um excelente estimulador para as áreas cognitivas de quem à
prática, o enxadrista esta constantemente abstraindo a cada situação que as peças se
encontram no tabuleiro, desde um simples posicionamento ou a uma posição mais
complexa. Principalmente pela quantidade de variantes que o tabuleiro de xadrez
estabelece pelas suas coordenadas, das quais estas variantes estão diretamente
relacionadas aos movimentos específicos de todas as peças (torre, cavalo, bispo, dama,
rei e pião), pelas quais estas peças estão subordinadas às coordenadas do tabuleiro. È
bem sabido que a sua práxis é um ótimo estimulador nos processo mental superiores,
estimulando a capacidade imaginativa, perceptiva, atenção e a memorização. A sua
praticidade evolutiva depende da capacidade de associação de idéias abstrata e do
sentimento de cada sujeito. O pensamento abstrato integra a idéia e o sentimento, para
que a imaginação se concretize num todo, precisamos primeiro a conhecer a cada parte
deste todo, caso isso não ocorra, não haverá a conclusão do concreto.
Kandel (2003) ilustra com certa sensatez, a argumentação do neurologista
britânico John Hughlings Jackson, que o córtex é organizado hierarquicamente e que
algumas áreas corticais servem a funções integrativas de alta ordem que não são nem
puramente sensórias nem puramente motoras, mas associativas. Essas áreas do córtex de
alta ordem são chamadas de áreas associativas, servem para associar entrada de
informação sensória à resposta motora, e efetuar os processos mentais que intervém
entre a entrada de informação sensória e a saída de informação sensória, associação de
percepções com experiências prévias, focalização de atenção e exploração do ambiente.
Kandel (2003) explica que as áreas de associação são capazes de mediar processos
cognitivos complexos, pois recebem informações de diferentes áreas sensórias de alta
ordem e as transmitem para as áreas motoras de alta ordem, que, por sua vez, organizam
ações planejadas após processamento e transformação apropriados.

PRINCIPAIS ÁREAS FUNCIONAIS DO CÓRTEX CEREBRAL


Designação funcional Lobo Local específico
Córtex sensório primário
Somatossensório Parietal Giro pós-central
Visual Occipital Margem da fissura calcarina
Auditivo Temporal
Áreas de associação sensória unimodal
Somatossensório Parietal Parietal posterior
Visual Occipitptemporal Superfície inferolateral dos
lobos occipital e temporal
Auditivo Temporal Giro temporal superior
Áreas e associação sensória multimodal
Integração sensória multimodal posterior Parietotemporal Junção entre lobos
(inclui localização visuoespacial
linguagem, atenção)

Integração motora multimodal anterior Córtex pré-frontal, rostral às


(inclui planejamento motor, produção de Frontal áreas pré-motoras nas
linguagem, julgamento) superfícies dorsais e laterais

Límbico (emoção, memória)


Temporal, parietal, Giro cingulado, formação
frontal. hipocampal, amídala e giro
para-hipocampal
Córtex de associação motora
Pré-motor (preparação e programação Frontal Rostral ao córtex motor
motora) primário
Córtex motor primário
Córtex motor (movimento de uma Frontal Giro pré-central
articulação ao longo de um vetor)
Fonte: Kandel (2003:351)

Para Luria (1981) o homem não somente reage passivamente a informações que
chegam a ele, como também cria intenções; realizando planos complexos e programas
para suas ações; ele próprio inspeciona a sua realização e regula o seu comportamento
de acordo com seus planos e programas e assim, o homem verifica a sua atividade
consciente, comparando os efeitos de suas ações com as intenções originais e corrigindo
quaisquer erros que ele tenha cometido.
A funcionalidade dos estímulos enxadrísticos em nível de córtex cerebral ocorre
de forma sistêmica pelos processos da percepção, sendo proveniente dos meio externo e
interno, do meio externo é diretamente do foco do tabuleiro, a do meio interno são as
informações e as experiências anteriores; esses estímulos perceptivos permitem a
observar e captar tudo que ocorre em sua volta através do sistema sensorial, para poder
organizar e interpretar as informações para uma tomada de decisão. Luria (1981:79) diz
bem claro, que a percepção ocorre por meio da ação combinada de todas as três
unidades funcionais do cérebro; a primeira fornece o tono cortical necessário, a segunda
leva a cabo a análise e a síntese de informações que chegam e a terceira provê os
requeridos movimentos de busca controlados que conferem à atividade preceptiva o seu
caráter ativo.
Luria (1981) procurou enfatizar o papel dos mecanismos eferentes na estrutura
de movimentos; entretanto, Bernstein (1947) mostrou que os movimentos não podem
ser controlados apenas por impulsos eferentes, e que movimentos organizados requerem
um fluxo constante de impulsos aferentes que forneçam informações sobre o estado de
articulações e músculos, a posição dos segmentos do sistema que se move e as
coordenadas espaciais no quadro das quais o movimento ocorre.
No entanto, começa a ser mais esclarecedor a funcionalidade do jogo de xadrez
em nível de córtex cerebral. Os estímulos perceptivos abstraído da atenção seletiva de
uma determinada posição de peças no tabuleiro implicam nas três unidades funcionais
do cérebro que atuam de forma integrada. Essas unidades têm uma característica
importante, pôr, possui uma estrutura hierarquizada que consiste em três zonas corticais
construídas uma em cima da outra. Sendo que todas as informações obtidas das posições
das peças no tabuleiro, antes de serem analisados de forma reflexiva, esses estímulos
iniciais da atenção seletiva, passa pela formação reticular ativadora sendo a parte mais
importante da primeira unidade funcional do cérebro; algumas fibras desta formação
reticular correm rostralmente para terminar em estruturas superiores. Exerce uma
função de seleciona e filtrar as informações, do qual é constituída pelas estruturas
ascendente e descendente, sendo esta, subordinada a organização vertical da estrutura
do cérebro.
Esta é a razão que procuramos dar ênfase nas particularidades do jogo de xadrez,
por ser um estimulador para as áreas neurocerebral, além de contribuir para o
desenvolvimento do pensamento abstrato, a sua práxis exercem como uma ferramenta
pedagógica, auxiliando na intelectualidade da criança, além de integrar criança,
adolescente, as pessoas adultas e idosas de ambos os sexos de forma harmoniosa. Para
Goethe “O xadrez é a ginástica da inteligência”.

11. MEMÓRIA: FATORES QUE AJUDAM NA APRENDIZAGEM


O cérebro humano é formado por uma estrutura complexa funcional de redes
neurais, a finalidade dos neurônios é transmitir informações para outras células, esta, é
responsável pelo armazenamento e a constante reconstrução dos fatos e acontecimento,
e a isso chamamos memória. Entretanto, dependerá do sistema de conexões neurais
controlada pelo fator genético e também pela plasticidade neuroquímica das sinapses do
cérebro. A função da plasticidade neuronal é adaptar-se a novos estímulos receptivos
suscitando alterações nas estruturas funcionais no Sistema Nervoso Central. Pois, o ato
de aprender é proporcionado por algo novo e complexo, conseqüentemente coadjuvante
das modificações do comportamento de acordo com que foi aprendido; assim, no
processo de aprendizagem, haverá modificações nas estruturas e no funcionamento das
células neurais formando novas interconexões. Para que o processo de aprendizagem
estabeleça corretamente, é necessário que as interligações neuronais entre as diversas
áreas corticais estejam funcionando harmoniosamente, THOMPSON (2005); MORIN
(2005); FONSECA (1995); ROTTA (2000).
Segundo DR. Izquierdo (2001:32) o nosso cérebro possui milhões de memórias
e fragmentos de memória, é sobre esta base que formamos e evocamos memórias
constantemente. Temos mais memórias extintas ou quase-extintas no nosso cérebro do
que memórias inteiras e exatas. Talvez porque na maioria das memórias que fomos
juntando se perde por falta de reforço. Por esta razão que precisamos estimular o nosso
cérebro, com informações que venha salutar a nossa mente, quanto mais usamos a nossa
memória, menos a perdemos.
Antes de qualquer coisa, precisamos entender o que é a memória? Ela foi
conceituada por Dr. Izquierdo (2001:9) sendo, a aquisição, a formação, a conservação e
a evocação de informações. Desta forma compreendemos como aquisição -
aprendizagem: só se grava aquilo que for aprendido; a evocação como recordação,
lembrança, recuperação: só lembramos aquilo que gravamos e que foi aprendido.
Assim, somos aquilo que recordamos, não podemos fazer aquilo que não sabemos fazer,
e não podemos comunicar e criar se nada há em nossa memória.
Continuando nesse mesmo raciocínio a Drª. Khalsa (2005:146) comenta que, as
memórias não residem em uma única célula cerebral, e sim em enormes seqüências de
células cerebrais chamadas trilhas de memória, onde cada célula cerebral guarda apenas
uma pequena porção de uma memória inteira. Dr. Izquierdo (2001:12) argumenta que
elas são armazenadas em redes de neurônios e são evocadas pelas mesmas redes
neuronais, mas são moduladas pelas emoções e pelo nível de inteligência. Continua
Khalsa, a trilha de memória é criada quando um pensamento ou um fragmento de
atividades sensoriais altera fisicamente a estrutura do RNA das células cerebrais, ou
seja, o ácido ribonucléico. O RNA também ajuda o organismo a sintetizar as proteínas
de que precisa, do qual são armazenadas as lembranças de forma codificadas. Para que
as informações sejam codificadas como memória pelas células cerebrais, o cérebro tem
que receptar os estímulos oriundos da visão, da audição e da execução dos movimentos.
As maiorias das pessoas utilizam aproximadamente 65% da memória visual, 20% pela
memória auditiva e 15% pela memória cinestésica (segundo quem?)
Para sabermos o tipo de memória que uma pessoa mais utiliza, precisamos
escutar o modo como uma pessoa descreve as coisas. Se a pessoa usa rica imagem
visual, a sua propensão é ser assimiladora visual; caso for capaz de recordar conversas,
é provável ser ótima assimiladora auditiva e essa pessoa descrever uma experiência de
como sentiu os movimentos, a sua propensão pela memória cinestésica. Na concepção
da Drª Khalsa (2005:146) os assimiladores visuais captam as coisas com mais rapidez
do que os auditivos e os cinestésicos e normalmente são mais seguros no diz respeito a
se lembrarem do material que colheram. Os assimiladores auditivos em geral são
melhores em compartimentar um material complexo, mas muitas vezes não confiam em
suas memórias, mesmo quando estão corretas. O processo de assimilação cinestésica
não é muito eficaz para a maioria dos tipos dos processos acadêmicos, mas, é uma
memória mais duradoura, porque o cerebelo é menos vulnerável ao dano degenerativo
do que o neocórtex e o hipocampo, que processam tanto a assimilação visual e a
auditiva.
Vamos citar a experiência do lendário treinador de basquete, o professor Tex
Winter, ele tentava buscar quais de seus jogadores eram assimiladores visuais por
excelência, quais os auditivos e quais eram cinestésicos. Quando Tex Winter foi treinar
o Chicado Bulls, ele observou que seu jogador Horace Grant tinha como principal “a
memória” cinestésica, aprendia melhor as jogadas do basquete quando as executava. Por
outro lado, excelente atleta o John Paxon (o cérebro) não entendi?? era um assimilador
“visual” que gostava de aprender as jogadas através de diagramas. E de forma eficaz
Michael Jordan detinha os hábeis nos três estilos de memória, do qual originava da sua
elevada potência cognitiva. (KHALSA, 2005:147)
Krogius (1972:13) no seu livro “La psicologia en ajedrez” menciona que o
grande mestre do xadrez o alemão Emmanuel Lasker foi o primeiro apreciar que cada
jogador apresentava um estilo diferente de jogo e de comportamento, procurou elaborar
detalhadamente com suas observações uma classificação dos jogadores de xadrez em
relação aos seus estilos:
1) O estilo clássico: baseado em que o plano de jogo não é cegamente escolhido, mas
racionalmente e conforme os princípios do bom senso.
2) O estilo mecânico: é efetuado por movimentos de modos repetitivos e estereotipado.
3) O estilo sólido: é quando o enxadrista está numa posição sólida e é esperado que o
adversário cometa um erro.
4) O estilo cilada: é usado de artifícios para enganar o competidor.
5) O estilo combinatório: é quando o enxadrista utiliza de estratégia e tática para chegar
ao xeque-mate.
Baseado nestes estilos de classificação, que nos parece peculiar ao desempenho
do enxadrista quanto o funcionamento de sua memória na práxis do xadrez. Vamos
relacionar essa práxis com as memórias cinestésica, visual e auditiva. Quando uma
criança que desenvolve a sua prática enxadrística apena pela memória cinestésica,
geralmente os movimentos são executados de forma mecânica, movimentos repetitivos
e estereotipado, costuma utilizar ciladas; a criança que aprende pela assimilação da
memória visual, tem facilidade de assimilar as jogadas mais pelo diagrama, utiliza de
estratégica e tática para chegar ao xeque-mate e quando a criança se adapta em todos os
estilos mencionados por Lasker, a sua potencialidade cognitiva certamente será elevada.
Foi isso que imaginamos que ocorreu no caso de um aluno de 8 anos, que se adaptou a
essas habilidades e do qual possuía os três estilos de memória: cinestésica, visual e
auditivo, a sua percepção era muitíssimo aguçada, num mesmo ano foi campeão em
todas as competições que disputou, venceu o campeonato brasileiro com certa
facilidade; o seu desenvolvimento intelectual esta acima da média, no esporte e a nível
escolar. Essa informação pode ir para nota de rodapé
Agora podemos entender, porque as pessoas aprendem facilmente os
movimentos da peças do xadrez no tabuleiro; a memória cinestésica (cerebelo) funciona
sem ajuda das memórias associativas no caso do neocórtex e o hipocampo (sistema
límbico), a memória cinestésica é responsável pelo provérbio: “Depois de aprender a
andar de bicicleta, você nunca mais esquece”. O aprendiz enxadrista estará
desenvolvendo as suas habilidades cognitivas quando estiver interagindo na práxis do
xadrez com neocórtex, o sistema límbico o cinestésico.
A Drª. Khalsa comenta novamente, que a principal área do cérebro que
transporta as memórias recentes para um armazenamento a de longo prazo é o sistema
límbico, particularmente o hipocampo e a amígdala. Como é sabido o sistema límbico é
o “cérebro emocional”, e uma de suas maiores tarefas é decidirem se vale à pena
armazenar uma memória. Quando o sistema límbico recebe uma informação, ele
começa o “diálogo” com o neocórtex para determinar se a lembrança a ser gravada é
importante o suficiente para ser mandada para um armazenamento permanente no
neocórtex.
Para que haja uma boa memória na aprendizagem depende do nível da
capacidade inteligível do sujeito, da habilidade verbal e não verbal e do estimulo
adquiridos de seu interesse para aprender. Se esses estímulos não despertar interesses
não ficarão armazenados na sua memória.
A memória é à a base da aprendizagem, se não houvesse um armazenamento de
informações adquirida do meio externo e interno dos estímulos recebido anteriormente,
não teríamos a capacidade ou a competência para tirar proveito das experiências que
foram adquiridas, é isso que nos ajuda a nos situarmos o passado, o presente e
previrmos o futuro. Esta integrante capacidade de memória que nossas células têm de
armazenar as mais complexas variáveis das informações adquirida dos meios intrínsecos
e extrínsecos, é que nos leva as orientarmos no tempo, no espaço, nas habilidades
intelectuais e nas habilidades psicomotoras. Segundo Ivan Izquierdo (2002), a memória
envolve uma complexidade no mecanismo que abrange o arquivo e a recuperação de
experiências, dos quais estão intimamente associadas à aprendizagem e essas
habilidades é que nos faz com que mudemos nosso comportamento através das
experiências que foram armazenadas na memória. Conseqüentemente, aprendizagem é a
aquisição de novos conhecimentos e a memória é a retenção daqueles conhecimentos
aprendidos. Izquierdo complementa que a memória funciona por meio de diferentes
neurônios encarregados pela aquisição, armazenamento e a evocação de informações
que atuam em várias regiões do cérebro; quando uma célula de neurônio é ativada,
ocorre uma série de transformações bioquímicas, desencadeando substancias química
nas sinapses, chamadas neurotransmissores e tornando-as mais efetiva.
Comentando nesta linha Squire LR e Kandel explicitando que a formação de
memória acontece desde a aquisição dos estímulos recebidos, passando pela
consolidação das informações filtradas até chegar à evocação ou lembrança que foi
consolidada frase confusa. Esse processo ocorre pela transmissão de informações de
célula a célula por meio da ajuda de neurotransmissores ou moléculas, que agem no
espaço existente entre dois neurônios sinápticos.
Essas substâncias são responsáveis por ampliar a comunicação entre as células,
uma vez que permitem a ligação de receptores na membrana da célula. Assim que há
um desencadeamento das substancia químicas, os neurotransmissores (Acetilcolina,
adrenalina ou epinefrina, noradrenalina ou norepinefrina, dopamina e serotonina)
costumam ativar as enzimas para o interior do núcleo da célula, ativando genes que
sintetizam proteínas, essas proteínas estão envolvidas não apenas na formação inicial da
memória, mas também no momento de recrutá-las como lembranças, para serem
rearmazenadas. Assim para que as memórias sejam criadas, é preciso que as células
nervosas sejam estimuladas formando novas interconexões e novas moléculas de
proteína. (Izquierdo, 2004; Squire LR e Kandel, 2004).

a) Exercício Físico: Liberação de hormônio que ajuda no processo da memória e


aprendizagem.
O homem é o produto da evolução, nasce com muito menos conhecimento do
que muitos outros animais inferiores, o conhecimento é acumulado na mente humana,
baseado na experiência prévia, formada quase que exclusivamente de memórias, e não
em conexões neurais hereditárias. O paradoxo do seu sucesso adaptativo não esta numa
herança inata, mas sim numa herança adquirida, dado que as condutas são mais
condicionadas pelas respostas aprendidas por tradição, mediatização e memórias
acumuladas. Antes de iniciar a ontogênese da motricidade, convém não esquecer de que
ela decorre de um processo embrionário complexo, ou melhor, de um desenvolvimento
intra-uterino, os movimentos corporais iniciam muito antes de nascer, no ventre
materno ao anteceder o seu nascimento, a mãe percebe o funcionamento do movimento
do feto, realizando movimentos com os braços e pernas de maneira acentuada. A
criança faz-se entender por gestos nos primeiros dias de sua vida, e até o movimento da
linguagem o movimento constitui quase que a expressão global das suas necessidades.
O sistema nervoso, com as suas capacidades prodigiosas de crescimento e
aprendizagem, é o meio pelo qual a vida mental se organiza. O sistema nervoso elabora-
se e estrutura-se através do movimento como primeiro aspecto da relação da integração
humana com o mundo objetivo. (GUYTON, 1985; FONSECA, 1998).
A criança a partir dos seus três anos passa tanto por períodos transitórios na
estruturação do espaço-temporal quanto na estruturação do esquema corporal. O
desenvolvimento da imagem corporal da criança esta ligada a imagem que o corpo
representa na sua forma de equilibro exercida pelas funções psicomotoras e na sua
maturação. Os primeiros passos da aprendizagem são decisivos para a estruturação
cognitiva da criança, é neste momento que a criança começa a perceber o corpo através
dos estímulos: proprioceptivos (sensações cinestésicas), exterioceptivos (sensações do
mundo exterior) e interoceptivos (viceras). È a partir deste momento que o
desenvolvimento da imagem corporal, começa se estruturar num processo sistemático
funcional superior do córtex cerebral e novas aquisições vão se adequando de acordo
com o desenvolvimento maturacional; à medida que, adequação obtida melhora graças à
tomada de consciência, entre o corpo vivido (consciência de seus movimentos) e o
corpo representado (ingresso na escola), o equilíbrio geral do comportamento melhora.
Para Lê Bouch (1988), o bom ajustamento ao mundo passa pelo estabelecimento de
boas relações com o seu corpo físico. Pois fica claro que o desenvolvimento perceptivo-
motor é de fundamental importância para o desenvolvimento das funções cognitivas da
criança, sendo em todos os estímulos recebidos, novas aquisições estarão sendo
construída, pois este ato de aprender esta relacionada com atenção e memória na sua
relação nas modificações da plasticidade neuronal, a cada nova aquisição complexa
recebida. Toda a aprendizagem humana é o resultado de uma experiência motora que
posteriormente conservou-se no cérebro (analisada, conservada, reutilizada, programada
e processada). (Fonseca, 1998; Luria, 1987; Lê Bouch, 1988; Ajuriaquerra, 1998; Rotta,
2000).
O exercício físico exerce uma função de reequilibrar o nosso sistema
neurofisiopsicologico, ele auxilia na liberação de substâncias químicas produzidas pelo
nosso cérebro, que melhora: a) a nossa capacidade de raciocinar; b) o nosso estado de
humor; c) fornece uma sensação agradável do bem-estar; d) diminui a ansiedade; e)
ajuda as pessoas a lidar melhor com o estresse; f) melhora na qualidade do sono e na
depressão. Durante a atividade física o hipotálamo tem a função de liberar vários
hormônios e neurotransmissores que participam do processo de memória e
aprendizagem como: neurotransmissores a noradrenalina, a dopamina, a serotonina e a
acetilcolina, cada uma delas atuando sobre receptores bem diferentes espalhados por
todo o cérebro.

NEUROTRANSMISSORES FUNÇÃO E AÇÃO


ACETILCOLINA  Superstar da memória e do pensamento.
 Déficit de Acetilcolina – debilitação da memória.
 Carência – incapacidade de se concentrar.
 Ajuda as células nevorsas nos músculos a ativar a ação
muscular.
 A acetilcolina é produzida nos neurônios através de um
processo químico que requer oxigênio, glicose e colina
(Lecitina - Fosfatidilcolina)

NORADRENALINA  È um hormônio que também atua como neurotransmissor.


 È excitadora tornando o cérebro mais alerta.
 Transfere as memórias de um armazenamento temporário no
hipocampo para outro permanente no neocórtex.
 Controla nossos padrões de sono.
 Ajuda a equilibrar o impulso sexual.
 Em excesso tira o apetite.
 Ajuda a permanecer de bom humor.
 Material nutricional: L-fenilalanina e L-tirosina + vitaminas
C, B3 e B6 e o cobre.
DOPAMINA  Ajudar a controlar os movimentos físicos.
 Diminui com o avanço da idade (Parkinson).
 Altos níveis melhoram o humor. O impulso sexual e a
recuperação da memória.
 Mantêm a função apropriada do sistema imune.
 Estimula a glândula hipófise a secretar o hormônio do
crescimento, que queima gordura, forma a musculatura e
aumenta a mobilidade.
SEROTONINA  O bem-estar.
 Ajuda a controlar o sono e a controlar a dor
 Derivada do aminoácido L-triptofano.
L-GLUTAMATO  É armazenar novas memória e recordar as já existentes.
GABA  Tranqüilizante, necessário para o relaxamento e o sono.
 A falta do GABA, faz com que nossas mentes fiquem
superestimuladas e poderá haver um colapso nervoso devido
o esgotamento.

A hipófise é uma glândula situada na sela túrcica, que se liga ao hipotálamo


através do pedúnculo hipofisário, fisiológicamente divide em duas partes: hipófise
anterior – adenohipófise possui origem de células epiteliais e hipófise posterior
neurohipófise possui origem de células nervosas.

HIPÓFISE ANTERIOR FUNÇÃO


Hormônio do Crescimento (GH)  Regulação do crescimento, puberdade,
processos reprodutivos.
Hormônio Tiróide- estimulante (TSH)  Regula o crescimento e o metabolismo da
tireóide e a secreção dos seus hormônios:
Tiroxina (T4) e Triiodotironina (T3).

Hormônio Luteinizante (LH) e (FSH) -  Regulação do crescimento, puberdade,


gonadotropina processos reprodutivos.
 FSH estimula: Células de Sertoli nos testículos;
Células da granulosa no ovário.
LH estimula: Células de Leydig nos testículos;
Células intersticiais no ovário.
Adrnocorticotopina (ACTH)  Regula o crescimento e a secreção do córtex da
adrenal. - O hormônio mais importante da
glândula-alvo é o cortisol.
Prolactina (PRL)  Principalmente envolvida com a estimulação do
desenvolvimento mamário e a produção de leite.
Endorfina  Efeito analgésico; amplia a capacidade corporal
de lidar com os estressantes físicos e
psicológicos.

HIPÓFISE POSTERIOR FUNÇÃO


Oxitocina  Papel principal é ejetar leite da glândula
mamária lactante.
Hormônio antidiurético (ADH)  Papel principal é conservar a água corporal e
regular a osmolaridade dos fluidos corporais.

A endorfina é uma substância cerebral, que não atua como neurotransmissor,


mas seus efeitos são similares. Um dos objetivos práticos da endorfina é encorajar você
a continuar o que esta fazendo; a endorfina estimula o interesse, atenção e concentração;
protege dos efeitos psicológicos e físicos do estresse excessivo, sendo que, à medida
que o estresse aumenta as endorfinas neutralizam alguns dos efeitos da reação de
estresse; elas podem também regular a liberação de outros hormônios. O organismo
pode aumentar a produção de endorfina através de exercícios físicos.
É sabido, que a falta de exercícios físicos pode levar a sintomas que
presenciamos no dia-a-dia das pessoas, como: a insônia, a irritabilidade, a distração,
dores de cabeça freqüentes, a diminuição do desempenho profissional e de fazer
atividade do cotidiano; apresentam sensações de fraqueza corporal, dores musculares,
dificuldade para relaxar, muita ansiedade e estresse por qualquer coisa e entra em estado
de depressão com muita facilidade, como se pode observar a falta de exercícios físicos
pode levar a um estado de “Neurastenia” (Distúrbio mental caracterizado por astenia:
fraqueza orgânica; debilidade psíquica).
Espero que tenha ficado bem claro da importância das atividades físicas, e para o
enxadrista é essencial, pois a sua atividade se baseia a em utilizar mais a energia mental.
O nosso cérebro necessita de um bom fluxo sanguíneo, os hormônios têm que estar num
estado de equilíbrio e uma boa alimentação balanceada de proteínas para manter a
memória ativada. Assim poderá manter a cognição a em um nível maior de
concentração.

b) Emoção: fatores que ajudam e prejudicada na memória e na


aprendizagem.    
A emoção desencadeia de maneira excitante a afetividade, provocando reações
motoras e glandulares, por que contextualizamos num mundo globalizado, onde estamos
constantemente interagindo com as pessoas.
Na concepção de Damásio: “A emoção é um conjunto das alterações no estado
do corpo associados a certas imagens mentais que ativaram um sistema cerebral
específico, a essência do sentir de uma emoção é a experiência dessas alterações em
justaposição com as imagens mentais que iniciaram o ciclo”. Quer dizer, um
sentimento depende da justaposição de uma imagem do corpo propriamente dito com
uma imagem de alguma outra coisa, tal como a imagem visual de um rosto ou a auditiva
de uma melodia. O substrato de um sentimento completa-se com as alterações nos
processos cognitivos que são induzidos simultaneamente por substâncias
neuroquímicas. Daniel Goldeman diz que os centros das batalhas ocorrem entre a
cabeça e o coração, o pensamento e o sentimento. Esses circuitos explicam por que a
emoção é tão crucial para o pensamento efetivo, tanto no que diz respeito a tomar
decisões sensatas quanto simplesmente a permitir que pensemos com clareza.
Segundo Daniel Goldeman, as emoções têm um poder em perturbar o próprio
pensamento. O córtex pré-frontal é a região do cérebro responsável pela memória
funcional, suscita a capacidade de atenção que guarda na mente os fatos essenciais para
concluir uma determinada tarefa. Mas o circuito que vão do cérebro límbico aos lobos
pré-frontais significam que os sinais de fortes emoções como: ansiedade, pânico, medo
e ódio, podem criar um obstáculo no funcionamento neuronal, confundindo a
capacidade do lobo pré-frontal de manter a memória funcional. É por isso que, quando
estamos emocionalmente perturbados, dizemos: ”Simplesmente não consigo
raciocinar”; essas perturbações emocionais criada pelas fortes emoções podem
interferir na intelectualidade da criança, mutilando a capacidade de aprender.
Explica Daniel Goldeman, o que já é sabido, da estrutura límbica é responsável
por grande parte da aprendizagem e da memória do cérebro; pois a amígdala é
especialista em questões emocionais, caso for retirada do cérebro, o resultado é uma
incapacidade de avaliar o significado emocional dos fatos, esse mal às vezes chamado
de cegueira afetiva.
Uma pessoa que perde o significado emocional o seu relacionamento
interpessoal se torna insosso. Daniel Goldeman comenta de um rapaz que foi retirada a
sua amígdala, para controlar sérios ataques emocionais, apesar de ser capaz de
conversar com as pessoas. Ele acabou perdendo o desinteresse pelas pessoas; preferindo
o isolamento, sem qualquer contato com humano; não reconhecia mais amigos íntimos,
parentes e nem a própria mãe. Isso mostra a importância das amígdalas para discernir os
sentimentos e sem elas a nossa vida se torna sem significado e sem paixão.
A amígdala para Daniel Goldeamn funciona como um alarme da emoção, uma
espécie de um sistema de segurança interno que avisa quando esta num estado de
perigo. Quando ficamos com medo, é enviada uma mensagem para as principais partes
do cérebro, neste momento é disparada uma secreção dos hormônios orgânicos para
lutar-ou-fugir, mobiliza os centros de movimentos e ativa o sistema cardiovascular, os
músculos e os intestinos. Outros circuitos da amígdala enviam sinais para a secreção de
gotas de emergência do hormônio noradrenalina, para aumentar a reatividade das
principais áreas cerebrais, incluindo as que tornam os sentidos mais alertas, ou melhor,
o cérebro em prontidão. Outros sinais da amígdala dizem ao tronco cerebral para fixar
no rosto uma expressão de medo, paralisar os movimentos que os músculos estariam em
vias de executar, acelerar a pulsação cardíaca, aumenta a pressão sanguínea e reduzindo
o ritmo da respiração. Outros fixam a atenção na causa do medo e preparam os
músculos para reagir de acordo. Simultaneamente, sistemas da memória cortical são
vasculhados em busca de qualquer conhecimento relevante para a emergência em
questão passando por cima dos outros fios de pensamento. Assim esta extensa rede de
ligação da amídala permite que durante uma emergência emocional, ela assuma e dirija
grande parte do resto do cérebro.
Daniel Goldeman comenta que uma pesquisa realizada por Le Ledoux
mostrando que os sinais sensoriais do olho ou ouvido viajam no cérebro primeiro para o
tálamo e depois por uma única sinapse para a amígdala; segundo sinal do tálamo é
encaminhado para o neocórtex o chamado cérebro pensante. Essa ramificação permite
que a amígdala comece a responder antes que o neocórtex o faça, pois ele elabora a
informação em vários níveis dos circuitos cerebrais, antes de percebê-la plenamente e
por fim inicia a uma resposta mais elaborada.
Para Damásio (1996:173), todas as alterações que um observador externo pode
identificar, e muitas outras que podem ser identificadas, tal como a aceleração dos
batimentos cardíacos ou uma contração do intestino, foram percebidas interiormente por
você. Todas as alterações estão constantemente sendo sinalizadas para seu cérebro por
meio das terminações nervosas que levam aos impulsos da pele, dos vasos sanguíneos,
das vísceras, dos músculos voluntários, das articulações etc. Em termos neurais, a etapa
de regresso dessa viagem depende dos circuitos que têm origem na cabeça, pescoço,
tronco e membros, passam pela medula espinhal e pelo tronco cerebral em direção à
formação reticular e ao tálamo, e viajam até o hipotálamo, as estruturas límbicas e os
vários córtices somatossensoriais colocados nas regiões insular e parietal. Esses últimos,
em particular, recebem um relato do que está acontecendo no seu organismo a cada
momento, o que significa que obtêm uma “imagem” da paisagem do seu corpo no
decurso de uma emoção, a qual se encontra em incessante mutação.
Continuando nesse mesmo narrativo Damásio (1996:174), explicita que além da
viagem neural do estado emocional até o cérebro, seu organismo também fez uma
viagem química paralela. Os hormônios e os peptídeos liberados no corpo durante a
emoção alcançaram o cérebro por intermédio da corrente sanguínea e penetram nele
ativamente pela chamada barreira sangue cérebro ou ainda mais fácil, pelas regiões
cerebrais destituídas dessa barreira ou que possuem mecanismos de comunicação com
diversas partes do cérebro. Não só pode o cérebro construir, em alguns dos seus
sistemas, uma imagem neural múltipla da imagem do corpo, como a construção dessa
imagem e a sua utilização, podem ser também influenciadas diretamente pelo corpo.
Não é apenas um conjunto de sinais neurais que confere ao organismo seu caráter num
dado momento, mas também um conjunto de sinais químicos que alteram o modo como
os sinais neurais são processados. Essa é, sem dúvida, a razão por que determinadas
substancias químicas têm desempenhado uma função importantes em tantas culturas.

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