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Poucas obras marcaram tanto a histéria da literatura politica. Ninguém nega que (O Conrato Socal etd entre 0s prncipais textos neste campo. ‘Todo empreendimento intelectual ou. artistio importante nasce ao mesmo tem- po de uma insatsfagzo e de um impulso de entusiasmo. Por mais que Rousseau seja diference de seus predecessores, neste axpecto esti em situasao semelhante, Em sua refleso politica, junto com uma pro: funda insatisfagio existe um entusiasmo ardoroso. Insatisfasio diante da socieds- de em que vive, cus insttuigbes considera absurdase perniciosss. Entusiamo dian- te da idéia de uma ordem social radical mente diferente, onde a obediéncia & ei farantiria, pelo acordo de todos, a liber- dade de cada um. Fsses dois sentimentos guiam seu pensa- mento regenda a prépria construgio de sua doutrinae ua arquitetura seeeta, Por outro lado, o sucesso do titulo leva-nos ‘com freqincia a esquecer o subttul Principio do Dircito Politico. Rowsseas coloca-se no plano daquilo que mais tarde se chamari 0 direto publico geral ‘ou ainda ateora gral do Estado, O pro- blema em tomo do qual Rousseau iri cordenar a sua refleio politica & precisz mente oda justificaczo do poder, ou me- thor, da autoridade suprema que se impoe 1 todos os membros da coletividade. O CONTRATO SOCIAL PRINCIPIOS DO DIREITO POLITICO J.-J. Rousseau Martins Fontes ‘So Pao 1999 ser abolido em decomréncia destas simples palavras de tum edito do rei: “Quanto aos que tém a covardia de corer a segundos." Esse julgamento, antecipando- do pilblico, determinou-o de um golpe. Mas, mesmos eos quiseram esabeleter que ig zombou dessa decisio, sobre a qual jé fogara seu juzo, J disse alhures* que, no estando fopiniao pablica ‘submetida a coagio, torna-se des tigio disso no tribunal instituido ‘ca admiraremos em demasia a g ‘curso, totalmente perdido ps do pelos romanos e mais 4 fm, que infamia para o outro, sem que Touvor nem censura a qualquer dos fados de Samos" profanaram o tribunal dos seguinte, por edito pili, os simios obti- Tinie ander nee cape 0 que tate ais eensmete 22 Loare at deb. * Bram led uta dha ull qu a dlcadenade nas soma pro ‘be nomear nese mimes (Nts aeecet 3 eto Se T72) 184 caviruto vu Da Religiao Civil (Os homens nao tiveram, no principio, outros reis além dos deuses, nem outro governo que niio 0 teocrati- ‘co”, Raciocinaram entéo como Caligula, ¢ era justo 0 seu ruciocinio. £ necessiria uma longa alteragdo de sentimen- tos ¢ idétas para que se possa resolver a tomar um seme- Thante como senhor € persuadirse de que isso constitui um bem. elo simples fato de se colocar Deus @ frente de ‘cada sociedade politica, ¢licto concluir que houve tan- tos deuses quantos foram os povas. Dois povos estra- rnhos um a0 outro, e quase sempre inimigos, no podem reconhecer por muito tempo um mesmo senhor, dois cexércitos em luta no podem obedecer 30 mesmo chefe. Assim, das divisbes nacionais resultou © politeismo, e deste a intolerancia teologica ¢ civil, que naturalmente & ‘2 mesma, como seri explicado mais adiante ‘A fantasia, acalentada pelos gregos, de reencontrar ‘seus deuses entre 0s povos barbaros veio daquela, que ‘também tinham, de se considerarem os soberanos natu- nals desses povos. Em nossos dias, contudo, € bem ridi- ‘ula a erudiglo que pretende identficar os deuses das diversas nagGes, como se Moloch, Saturno e Cronos pu-

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