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ANTIGONA Epoca da agao: idade hersica da Grecia. Local: Tebas. Primeira representagio: 441 aC., em Atenas (data aproximad. PERSONAGENS ANTIGONA | has de dino e de Socata IsseNr CCREONTE, rei de Tebas como sucessor de Edipo, ¢irmao de docasta ‘GUARD HEMON, fitho de Creonte ¢ de Euridice TRESIAS,adivinho EuRIDICE, mulher de Creomte PRIMEIRO MENSAGEIRO SEGUNDO MENSAGEIRO Coro de ancidos tebanos FIGURANTES MUDOS CRiabos ChtaDAS GuaRDAS MENINO, euia de Tiesias CENARIO Eizo om cena ANTICONA e ISMENE ANTIGONA ha queria. Ismene, itm do mesmo sangue, 8 um s6 mal entre os herdados de Eaipo Zeus ndo jogue sobre nds enquanto vivas? hh, de fat, dor alguma, ou maldigzo, ia ou humithag2o que eu nlo esteja vendo rol das twas desventuras e das minhas. fens conhecimento do decreto novo ‘0 ri, segundo dizem, promulgou agora ISMENE ‘uv noticia slguma, Toss agradavel,fosse tise, “que nos levaram 0380s dois irmos ‘Bo mesmo dia um pela mio do outro. ddesapareceram os soldados de Argos a noite rectm-finda, e mais ndo si, ‘smo Se sou mais feliz ou infeliz. ANTIGONA 4a previa ete chamei aqui por isso: tw irés ouvirme e mais ninguem. 1 frome do poco real na dora de Tebas, ‘onde rina Cneowe, Nase 0 dia sega 4 lero‘a dos argivon comandadoe por POLINCES, ‘qe haviam nid a fuga oa note expan. ISMENE, (Que hi? Est inquieta com as més noticias? ANTIGONA Pois nao ditou Creonte que se desse @ honra a sepultura a um de nossos dois irmtos fenquanto a nega 20 outro? Dizem que mandou proporsionarem justos funerals a Etdocles fom a intengao de assegurarIhe no além-timulo 4 reverncia da legido dos mortos; dizem, também, que proclamou a todos os tebanos 4 interdigdo de seputtarem ou sequer horarem o desventurado Polinices: Sem uma Iégrima, o cadiver insepulto fra delciar as aves camiceiras que hio de banquetear-se no feliz ackado. Esse € 0 deereto imposto pelo bom Creonte a mim e a t (melhor dizendo: « mim somente), ‘Velo-is aparecer dentro de pouco tempo 2 fim de alardear 0 edito claramente ‘2 quem ainda o desconhece. Fle nao da povea importancia 20 caso: impde aos transgressores pena de apedrejamento até a morte Derante 0 povo todo. Agora sabes disso muito brew irds tu mesma demonstt Se'és bem nascida ou filha indigna de pais nobres. ISMENE ‘Mas, nessas circunstncias, infeliz ima, teria eu poderes para te ajudar 4 desfazer ou a fazer alguma coisa? |ANTIGONA Devide se me ajudards em meu esforso. ISMENE [Bm que temeridade? Qual «tua ida? ANTIGONA as minhas mos a euer 0 morta? « ISMENE centerré-lo contra interdiglo geral? ANTIGONA nda que no qucras ele & teu irmio f eu; € quanto.a mim, jamais o trate a ISMENE te a enfrentar as ondens de Creonte? ANTIGONA ino pode impor que eu abandone os meus. “ ISMENE 4e mim! Pensa primero em nosso pai, ? seu destino, abominado e desonrado, io os proprios olhos com as frementes maos ‘escobrit os seus pecados monstruosos; 3. valendorse de um lago retorcido, Cy & a mie « esposa dele — era uma sb um tereiro golpe,nosos dois irmios Tesmo dia entremataramse (cotades!), sf mAos em ato de extingdo reciproca, ‘Que restamos eu € 1, sozinhas, 6s int morte inda plor que nos aguarda contra a let desacatarmos a vontade fei ea sua forga. Endo nos esqueyamos -que somos mulheres e, por conseguinte, oderemos enfrentar, $6 nos, 06 homens. 0 somos mandadas por mais poderosos os resta obedecer a essas ordens ‘4 oulras inda mais desoladors indulgéncia aos nossos mortos enterrados ‘obedevo, constrangida, aos govermantes, DietensGes a0 impossivel & loucura ANTIGONA Nao mais te exorarei e, mesmo que depois ‘quisesses me ajudar, mio me satsfarias. rocede como te aprowver: de qualquer modo hei de enterrlo e sera belo para mim morrercumprindo esse dever repousaret ao lado dele, amada por quem tanto amei santo & 0 meu delto, pots terei de amar 205 mortos muito, muito tempo mais que aos vivos. Eu jazerei eternamente sob a tera tu, se queres, foge A ei mais cara aos deuss ISMENE io fujo a ela; sou assim por natureza; Bo quero opor-me a todos os concidadsos. ANTIGONA Alega esses pretexos, mas nao deixarei Sem sepultura 0 meu itmao muito querido, ISMENE [Ant Inflic! Quanta preocupagio me causas! ANTIGONA Nao deves recear por mim; cuida de ISMENE ‘Ao menos nto reveles a ninguém teus planos; ‘ocuka-os bem contigo © eu frei 0 mesmo. ANTIGONA [io fagas iso! Denuncia-ost Se calares, se ndo contares minhasintengdes a todos, ‘meu ddio contra ti sera maior ainda! ISMENE Ferve 0 teu coragdo pelo que faz gear? 0 ANTIGONA dou satisfasdo dqueles que, bem sei, ‘0 dever de, mais que a todos, agradar. 0 ISMENE ANTIGONA do semi falar-me a forca, paral ISMENE ‘0 impossivel no se deve nem tent ANTIGONA essa forma ganhnarés meu édio te exporis a ser odiada pelo morto 10s we justamente. Deina-me enfrenar, ata oucura apenas minha, eses perigos: assim me livro de morrer envergonhada ISMENE cris que deves, vai, mas parte com a certeza ‘ue apesar de apres insensatamente ww vetdadeira amiga para teus amigos, (Saem AriooNs e ISMENE em dreséesopostas. Ena 0 CoR0) ‘coro 4e sol, mais eta claridade vista em Tebas,a de sete portas, haste finalmente,otho do di ind sobre o manancial de Ditce* us fm fuga 0 llere guerrero fscudobranc, que viet de Argos sua presungdo marcial Bs conus noea persuadido pela fala ambigua de Polinices, como se guia fora precpicou-se em ditegdo a terra sritando forte e asutadoramente, oberto com plumagem cor de neve, profusamente armado ¢ procesido, Som o elmo ornado de ondulante rina, Sobrevoou hiante as nossas casas f corvejou no umbral das sete portas brandindo espadas avidas de morte, ‘mas teve de voltar sem que as mandibulas fatasse em nosso sangue © que os archotes resinosos de Hefesto consumissem © ‘a coroa de torres da cidade, {ao pavoroso foi em suas costas © estrondo de Ares,’ oponente invcto {dos inimigos do dragao tebana.* ‘Zeus, em verdade, odeia mais que tudo a presungdo das linguas atrevidas € 20 vélos vir, numa torrente imensa, rng ostentagdo de suas mits armas douradas, fulminou com labaredas aguele qe se imaginava prestes 4 proclamar vitoria em sua meta 0 topo das murathas da cidade. Golpeado, ie s projetou no eho estrepiosamente, segurando ainda a tocha acesa em sua mo, ele que havia pouco, delrante {de ardor insano se precipitars, petuosamente conta nds, ‘movido por seu ddio tormentoso. Seus golpes, todavia, nag trouseram, ‘0s resultados esperados; antes, ‘cada um dos outros inimigos deus da guerra, sempre 40 nosso lado, impos o seu destino, semeando fem forno deles todas o exterminio. Nas sete porta, enfentanido os nossos, seus sete chefes foram derrotados, deivando as armas de maciga bronze ‘como tributo a Zeus — bit unico parentesco proximo entre mime os morios jedetenho o tronoe suas regalia, possvelconhecer perfeitamente Thomem ¢o que vi no undo de sua alma, mw Sentimentose seus pensimentos mesmos, Antes deo vermos no eericio do poder, Senhor da es. Sealguém, sendo o supremo guia do Estado, nao se incina pelas decisOes melhores e, a0 contritio, por algum receio mantém certados os seus labios, considero-0 sempre o considerarei a mais ign6bil das ciaturas; ese qualquer um tier mais considerago por um de seus amigos que pela patria, esse homem eu desprezare. Pois eu —e sejatestemunha o grande Zeus conividente — no me calaria vendo fem ver da seguranga a ruina dominar © povo, e nunca tratara 0 inimigos to maravilhosa quanto 0 homer, Ele atravessa, ousado, omar grisalho, impulsionado pelo vento sul ‘empestuoso, indiferente is vagas {enormes na iminéncia de abst «© exaure a terra eterna, infatigive, ‘deusa suprema, abrindo-2 com o arado fem sua ida evoa, ano apos ano, Auxiliado pela especie equina Ele capturaa rel das aves lépidas as peragdes dos animals selvagens: « prende fauna dos profundos mares ras eedes envolventes que produ hhomem de engenbo e arte inesgotaves ‘Com suas armadilhas ele prende a bestaagreste nos caminhos ingremes; ‘edoma 0 poteo de abundante rina, pondo-the na cervie © mest juz0 ‘que amansa o fero touro das montanhas. Soube aprender sovinho a usa a fala ‘co pensumento mais veloz que 0 vento «a8 les que discipinam as cidades, a proteger-se das nevascas pi 20 0 ws de suportar acéu aberto, das adversaschuvasfustigantes; reslhe recursos para tudo nada 0 surpreende sem amparo; te contra a morte clamara Ho por um Socorro, emborasaiba ‘até de males intataves. il de certo modo na iventiva Jo que seria de esperar, na argia, que odesvia is veres ‘a maldade, as ezes para.o bem, reverent As leis de sua terra segue sempre os rumos da justiga jurada pelos deuses ele cleva maxima prandeza a sua patria. tsa tem aquele que, a0 contrrio, temerariamente 20 al; ais quem age assim sea acoThido “em minha casa e pense igual a mim! ‘awnicona) Deixa me pasmo este portento incrivel! nega, sea ve}o, que esta moga "4 propria Antigona? AW? Desventurada fiha de desventurado pai < de Eaipo! Que significa isso? rte por desprezo as les reals, rpreniiia em ato tresloucado? “Aqui esti a aucora da facanha; hi pouco sme-la enterrando-0. Onde est Creoate? GUARDA, CORIFEU ta voltando do palicio em boa hora. CREONTE (Percebendo 0 Guano, que volta conduzind 1 €s50? E por que meu rerresso oportuno? GUARDA [Nada devia ser jurado pelos homens, senor, pois basta refletir para notar “0 (que a idéia€ enganadora. Eu mesmo promet| ‘que no havia de volta tao cedo aqui, ‘depois de ouvir as tuas duras ameagas ‘de hd poueo, assustadoras; mas, considerando ‘que as alegrias, quando ndo as esperamos, us fos do maior contentamento,retornei, ‘embora contrariando um juramento meu, trazendo esta donzela, que surpreendemos ‘cuidando de tinalizar 0 Tuneral Nao houve, desta vez, sorteio, Nao! A mim 40 ‘eamnais ninguem fol concedida esa ventura, ‘Agora podes segura, interrogila, julgéla, meu senhor, u mesmo, como queirs E quanto a mim, tenho 0 diveito de estar livre as confusses que antes me assustaram tanto ws CREONTE ‘Onde prendeste, como, esta que venstrazend? GUARDA la coteraa o home: sabes tudo ago CREONTE, Peroebes 0 que dies? Faas com certeza? GUARDA Viea quando, apesar de tua proibicéo, cuidava ainda de enerrar melhor © moro, “0 ‘Sto clara eevidentes as minhas palavras? CREONTE como a viram ¢pitharam em delito? GUARDA, faro aconteceu assim: quando voltamos, faquelastuas ameagas horroros ado sobre nés, ramos toda a terra ecobria 0 corpo ecuidadosamente mos 0 cadaver meio decomposto; ds fs Sentamos no alto da colina, 2 favor o vento para que ofedor iesse contra nés. Estava cada um acordado e se esforeava por manter ao ses vizinho com descomposturas, Talguém se descuidava da tarefa dua im passou 0 tempo até que o sol brilhante ua meio céu em Sua caminhada scamesou 4 n0s queimar com seu ealor; momento um vento repentino e forte soprou em turbilhdg — celeste urbuléncia — ‘campina toda, desfolhando as érvores das redonderas. O ar em volta escureceu fepara suportar 0 Mage divino tivemos de fechar os olhos. Ao cessae Aguila, muito tempo apds, vimos a moga: ela gritava agudamente, como um pissaro famargurado a0 ver dserto 0 caro niho, ‘sem suas eras. Ela, vendo o corpo nu, {Bemendo proferi tereiveis maldigdes contra quem cometera # agi; amonioou fom as mos, de novo, a terra seca elevantando tum gracios jaro brOnze0 derramou Sobre o cadaver abundante ibasio. ‘Corremnos quando vimos aqueleespetdculo ‘todos juntos eguramo-la, mas ela ‘io demonstrou estar com med; ent pusemo-nos Ainerrogi-a sobre o seu procedimento Dasado e aval; para alegria minha, £6490 mesmo tempo, ela nada negou. Bom ivrarmo-nos de males mas riste ‘amigos nossos na infeicdade Mas, isso tudo para mim neste momento Jmporta menos do que a minha salvaeao. (pos leuns instants desiéncio seal.) centdo, que aixas 0 rorto para 0 cho, onfirmas a autora desse feito, ou nega? ANTIGONA Fui cu a autor; digo nunca negara. ‘CREONTE (Ditsindo-se 20 Gusson) 4H podes ie na directo que te aprouver, 0s alviado elie de suspeita grave. (S0i 9 GuaeDs. CREDNTE dirige se @ ANTICONAY ‘Agora, dize ripida e concsamente: sabias que um edito proibia aquilo? ANTIGONA Sabia. Como ignoraria? Era notsrio. ‘CREONTE Exe atreveste a desobedecer a leis? 0 ANTIGONA Mas Zeus no fi o arauto delas para mim, ‘em essa leis Ho as ditadas entre os homens pela Justia, companheira de morada fos deusesinferaas; eno me parece {que tuas determinacoes tivessem forca ss para impor aos moriais ate a obrigasa0 fe tanspredir noriasdivinas, nde escitas, inevitives: ado é de hoje, ndo &de ontem, desde os tempos mais remotes que cas vigem, Sem que ninguem possa dizer quando surgiram. eo E nio seria por temer homem algum, ‘nem 0 mais aerogante, que me arise ser punida pelos deuses por violé Eu ja sabia que teria de morrer (€ como ndo?} antes até deo proclamare, 3s mas, se me eva a morte prematuramente, igo que para mim so ha vantagem nisso. ‘Assim, cercada de infortinios como vivo, ‘a morte no seria entdo uma vantagen? Por sso, prever o destino que me espera “éuuma dor sem importincia, Se tivesse “de consent em que a0 cadiver de um dos filhos fe minha mae fosse nogada a sepultura, fenldo cu sofreria, mas ndo sof agor Sete parego hoje insensata por agit dessa maneira, € como se eu Tose acusada ie insensatez pelo maior dos insensatos. CORIFEU de pai ind6mito; ndo cede em no momento de enfentar a adversdade CREONTE (irisindo-se AvriconA) Fica sabendo que os espritos mais duros obram-se mutas vezes ferro mais slido fendurecidoe temperado pelo logo. Eo que se vé parti-se com maior frequénca, despedacando-se; sei de potos indoceis ‘que sio domados por um pequenino treo, ‘Quem deve obediéncia a0 proximo alo pode {er pensamentos arrogantes como os eus. (iicindose 0. CoR0) la se atrvers antes, insoléncias aptranspredit a ii apregoudas; hol, la sgtnda ver eel se nsoiente Ufanase do feltoe monra-se exact ois homem nig sre ~ cla serdo homer! — Seta wtria The coer sm punigto! EEnsborafosse minha rma sua mie mas proxima de mim, portant, peo sangue, ue todos cx parenes meus fit devotos do grande Zeus no samira demev lar — hema nem a ma cone vars ais ator destino, pois acso a outa Ae cimpice na rama dese funeral ea as E chamem-na;viaa la dentro ha pouco tempo; ‘tava tanstornada, como que ineapaz Ge dirigir a sua mente. Muitas vezes ‘intimo de quem ndo age retamente, ‘na Sombra, indica a tragao antes do feito. ‘Além do mais, odeto quem. pilhado em falta, procura dar ao crime lavos de heroismo. (acm os guards para buscar Ise.) ANTIGONA Prendeste-me; desejas mais que a minha morte? CREONTE Nao quero mais; étude quanto pretend |ANTIGONA Entio, por que demoras? Em tuas palavras rnio hd — e nunca haja! — nada de agradavel, Da mesma forma, as minhas dever ser-e odioss. E quanto gloria, poderiahaver maior ‘que dar ao meu irmao um Funeral condigno? (Designando 0 Coro com um gesto.) Eles me aprovariam, todos, se 0 temor rio thes rolhesse a lingua, mas a tirana, entre outros priviégis, dio de fazer 0 de dizer sem restrigdes 0 que se que. ‘CREONTE ‘50 entre 0s tebanos,vés dessa mancira ANTIGONA les também, mas silenciam quando surges. CREONTE io coras por pensar, s6 tu, divesamente? 90 ANTIGONA [Nao hi vergonha alguma em nos compadecermos dos que nasceram das entranhas de onde vemos. (CREONTE B aquele que morreu Iutando contra 0 outro também nao era teu iemao, do mesmo sangue? ANTIGONA ‘Do mesmo sangue, de um s6 pale uma sé mae. CREONTE Por que, endo, distingues impiamente 0 outro? ANTIGONA ‘© mont nao conirmard essas palaveas, ‘CREONTE Confiemaré, s€ distngdo 0 iguals a0 imp. ANTIGONA Foi como iemio que ele morrev, ndo como escravo. CREONTE Destruindo a cidade; 0 outro, defendendo-a. ANTIGONA ‘A morte 0s impde as suas proprias lets CREONTE Mas o homem bom néo quer ser igualado ao mau. an ANTIGONA. ‘Quem sabe s isso € consagtado no outro mundo? 9s CREONTE ‘Nem motto um inimigo passa a ser amigo, ANTIGONA 'Nasei para compartilhar amor, no 6dio. CREONTE Se tens de amar, entao vai para © outro mundo, ‘ama os de ld. Nao me governara jamais ‘mulher algama enquanto eu conservat@ Vidat «o (Aprocimase ene, vind do palicio enue uardas) ‘coRO Veio anspor a porta agora Ismene chorando lagrimas de rma e amiga: paira uma naver sobre sua fronte fescurecendo as cores de seu 100 ‘eumedecendo-Ihea formosa te, CREONTE ‘amos, tu que dssimalada como vibora ‘em minha propria casa insidiosamente ‘sugavaso med sangue, sem que eu percebesse ue alimentava duas pesteseconluios ‘ontra.o meu trone, dize-me: confirmaris «0 ‘ambeém a participacao naquele entero, ‘ou negars, jurando desconhecimento? ISMENE Bu pratique a aco, e cla! consent nisso; sou cimplice no crime e aceito as consequencias. ANTIGONA Mas nisso no terds 0 apoio da justiea, as pols em manifestasteaprovacao & idea fem cu te petmitiparticipar da agdo. \ ISMENE [Notando 0s sorimentos eus, ndo me envergonho de percorrer contigo 0 mar de tuas dors. ANTIGONA ‘0s mortos sabem quem agiu, e 0 deus dos mortos; ca fndo quero amiga que ama apenas em palavas, ISMENE [Nao me julgues indigna de morrer contigo, ima, e honrar 9 morto com os rtossagrados. ANTIGONA [Nao compartilhes minha morte, nem aspires 4 eitos que no foram tus; basta que eu morra es ISMENE (Que valeréa vida para mim sem ti? ANTIGONA (Com um srs saris) Indaga de Creonte, pois sé pensasnele! ISMENE Por que me afliges sem proveito para i? |ANTIGONA Se rio eo meu riso t faz softer, lstimo. aw ISMENE ‘Como te poder ser util, mesmo agora? ANTIGONA Salvacte, smene. Nao tinvejo por Fugies. ISMENE Pobre de mim! Nao partcipo de teu fim? ANTIGONA ‘A tua escola foi vida; a minha, a morte ISMENE Mas no ficaram por dizer minhas palavras. ANTIGONA ‘A.uns parecer Sensata; a outros, eu, ISMENE De qualquer modo, nossas falta si iguas. ANTIGONA Nao te preocupes ests viva, mas minha alma hi tempo jé morte, para que eu sirva 0s marcos, ‘CREONTE [Afirmo que uma destas mocas nest instante 1s revelou sua deméncia; a outa ¢insana, sabidamente, desde o dia em que nasceu ISMENE E, ei, masa razio inata em todos nds ‘std sujeita a mutagdes nos inflizes. CREONTE {Iso se deu com a tua, quando preerste ser mi em companiia de pessoas mis, es ISMENE. Sem ela, que prazer teria eu na vida? ‘CREONTE Nao digas "ela"; nd existe mais. ISMENE Teds mata, ento, a noiva de teu iho? CREONTE le pode lavrar outras terras mais fre. ISMENE Isso ndo foi o que ele e ela pactuaram, 60 (CREONTE Detesto, para os filhos meus, mulheres mis ANTIGONA ‘Como teu pal te avila, meu querido Hémon! CREONTE Motestas-me demais com esse casamento! ‘CORIFEU Vais mesmo arrebati-la de tu proprio filho? CREONTE ‘A morte impedita por mim o casamento. s a ‘CORIFEU Parece resolvide que ea ica morer (CREONTE Paree a tie a mim. Nao haja mais delongas: levaias para dentto, servos! Sao mulheres agora Serdo confinadas, como as ovtras. ‘Alem do mals, mesmo as pessoas corajosas tentam fugit se ameacadas pela morte {Sa0m os guardaslesando ANTIGONA e ISMENE, (Cneowre permanece cm een, madiaivo) ‘coRO Felizes so aquctes cuja vida ranscorre isenta de tados os males pois 0s mortals que um dia tém os lares Aesarvorados pelas divindades jamais se livrarao dos infortinios por todas as seguidas geragoes. a mesma forma a vagaintumescida, soprada pelo vento impetuoso, da Tracia, quando varre o mar profunde evolve em turbilhoes a areia negra a leva as praias onde a faz bramit entre gemidos, estrondosemente Nejo as antiga infelicidades dda casa dos labdacidas" juntarem-se as novas desventuras dos defuntos, as gragdes mais novasndo resgatam 8 gerapdes passadas. Um dos deuses agarra-se insacivel elas todas as aniquils;ndo ha salvacao. © palido tampejo de esperanca ‘que sobre o tltimo rebento de Edipo Sutra, esvai-se agora na poera dor deuses inferaas,ensanguenta pelo arrebatamento das pslavtas por coragdes ches de furor. Que orgulho humano, Zeus, seréeapaz de opor limites 30 poder $6 teu, ‘que nem © Sone precursor do fim de todos vence, nem 0 perpassar os infatigdvel do tempo divin? Governaso fulgor maravilhoso 449 Olimpo como saberano tnico, {mune ao tempo que envelhece tudo, E no porvir, tal como no passado le para 0s mortals seré mantd ‘nada havera de realmente grande ‘suas vidas sem desaracas juntas. E um conforto para muitos homens a instvelesperanea: para outros uma iusto de seus desejos frvolos Insinuando-se junto 40s ingénuos faté que aos pes Thes ches o Togo ardente, Pois com sabedoriaalguem falow as célebes palavras: "eedo ou tarde, ‘Omal parecerd um bem aquele ‘que os deuses resolveram deseray Esto momentos poucos efusazes, os que el vive livre da desdita, (Aprosimase HEMON) Mas, Hmon vem a, 0 iho teu mais novo estard ele angustiado ‘com o Tis de sua prometida, Antigons, ‘eamarpurado com as Teustradas nuplas? ‘CREONTE «melhor que por profes. ecido com teu pai, meu filho, ‘auando soubeste da sentengairevogsvel Immposta a tua noiva? Ou somos sempre amigos, sela qual for minha atitude quanto at? HEMON Sou tu, meu pai. Com tes consehos ites ragas ‘minha conduta cera: easamento algun Ime importa mais que tua feta orientagao. ‘CREONTE Deve ser esta, justamente, a ditetriz os mm inguebrantivel de tev coragio, meu filo: ‘er dBcil a vontade de teu pa em tudo, DDesejam paraiso os homens em seus lares sriangas obedientes que eles engendraram ara mais tarde devolver aos inimigos os pais © mal que hes fizeram, e também hhonrar, como seus pais honraram, os amigos. “Mas, de quem teve apenas filhosimprestvels, 6 poderlamos dizer que semcou muitos motivos de afligdo para sf mesmo ‘cmiuitas gargalhadas para os iniigos SJamais deves perder o senso, iho meu, pela volipia de prazeres, por mulheres, ente de que tl satisfagdoesfia ‘quando a muther com quem convives & perverse Existra entéo, frida mais pungente {que uma esposa m? Deves repudiéla ‘como inimiga;deina a moga desposae alguém ld no outro mundo. Ja que a surpreendi, 56 ela na cidade toda, em ostensva ‘oposigdo as minhas ordens, no seri lum mentiroso diante da cidade: mato-a! ‘Que invoque Zeus, 0 protetor do parentesco, se lhe aprouver, See for eriarparentes meus ra desobediéncia, ineitavelmente hei de enfrenta-a com maior razi0 nos outros, ‘Aquele que na propria easa & cumpridor de seus deveres, mostrar-se-iambem eorrero 0 a0 seu pais. Se alguem tansgride as les eas violenta, ou jul ser capaz ‘deasimpingir aos dteniores do poder, nfo ouviréem tempo algum meus elogios ‘muito a0 contario,aquele que entre os homens todos for escolhido por seu povo, deve ser ‘bedecido em tudo, nas pequenas coisas, nas coisas justas e nas que thes s40 opostas Estou seguro de que esse homem obediente seré bom governante como foi bom sidito na tormenta das batalhas ficard firme no post, agindo como companheiro ‘avo e lal, Masa anargula¢ 0 mal pir, € perdigao para a cidade e faz deserios ‘onde existiam lars; ela € causadora Ge deteegdes entre a filerasaliadas, 0 levando-as & derrota. A submissto, prem, a salva da maioria bem mandada. Devemos apoiar, portato, a boa ordem, ‘io permitindo que nos venga urna mulher Se fosseinevtivel, mal menor seria ‘air encido por um homem, eseapando Arise fama de mais fraco que as mulheres! ‘CORIFEU ‘Seo tempo jf vvido nao nos deixa errr, {as palavras nos parecem bem faladas. HEMON (0s deuss, pa, mmplantan no homem a azt0 Stem malor de todos. Se false certo {ceca dessa clas, no poss dst Gamats em minha vida eu ej capar so) ‘Mas ouron também poder ter boas ies Er dover notar por th naturalment, tudo que os outos dizer, faze ou censram, pois o teu cen imprador de medo impede {ehomen simples de promunciar pases Gue fra teusouvidos, Eu, porem, na sombre, tommy uc dade causa dessa og! "Neva mer Eomentam, "merece jamais menos que ela {ssa condenagao—nenhuma em empo algum, ter po eos ta plorosos quanto os dea, “sotido morte mais enabl ela gue, “quando em sangre ema seu fmgo more ‘0 0 dso sem sepultra, para past ‘de carniciros cies ou aes derapina, sii merece, 20 condi Suro galario?™ Este o rumor obscura ouido pel us. Co selagao a mim, meu pa, nena dos bens mals preciso que sain. iti par os fibos ornament rman enobecedo que fama slovosa Ae umn pa fel ou ara um pa a de seus hos? Nao tennas, pis, um sentiment 3, nom penses Queso Tua palsrse mais nenama out era, poise um ome juga que 50 ce 0 ‘ponderado e sem rival no pensamento |, €fas palavras em seu intimo é um fi | Néo ha vergonha alguma, mesmo sendo sibio, fem aprender cada vez mais, sem presungdes. [Nao vés, ao lado das torrentes engrossadas pelastormentas, como as arvores lexivels Salvam-se inter, € que nao podem dabrar-se ‘fo arrancadas com a raiz? Da mesma forma, ‘aguele que mantém as cordas do velame Sempre esticadas, sem as vezesaffouxslas, fav emborear a nau finaliza a Viagem a ‘comm quitha para cima, Exoeto-te: cua. fem tua irae deixa-e mudar! Ese eu, ‘embora jovem, posso da-teopinioes, ‘afirmo quelnos homens o ideal seria nascer ja saturados de toda a ciencia, mas, se no € assim, devemos aprender com qualquer um que fale para nosso bem: | ‘CORIFEU CConvém, senhor, que aprendas com as palavras dete uno; ety, tambem, (CREONTE Poss, na minha dade, eceberlicbes desensatez de alguém da natura dele? HEMON Se houverrazbes, Sou jovem? Otha mais, entdo, para os meus atos que para os meus poucos anos. CREONTE CCrés que exaltarrebeldes € ato louvavel? HEMON Eu ndo te exortara arespeitar 0s maus (CREONTE EE por acaso ela no sofre deste mal? HEMON [Nao falam deste modo os cidadios de Tebas, CREONTE Dita a cidade as ordens que me cabe dar? HEMON Falaste como se fosses jovem demais! ws CREONTE Devo mandar em Tehas com a vontade ales? HEMON [Nao hi cidade que pertensa a um homem so CREONTE [Nao devem as cidades ser de quem as rege? HEMON 'S6, mandarias bem apenas num deserto, CREONTE (@iriindo-se 20 Coso) le parece um aliado da mulher! 0 HEMON ‘Se és mulher, pois meus cuidados sio contig. (CREONTE Discutes com teu pa, pior das craturas? HEMON Porque agindo assim ofendes a justiga. ‘CREONTE ‘Ofendo-s por impor respeito 40 meu poder? HEMON “Tu mesmo o desespetasultrajando os deuses, ‘CREONTE Cariter sordid, submisso a uma mulher! HEMON [No me veris submisso diante de baixezas! ‘CREONTE ‘A tua fala toda, a0 menos, ¢ por ei HEMON = Por ti, por mim e pelos deuses dos finados! (CREONTE Jamais te casaris com ela ainda vival HEMON Pois ela morrerdlevando alguém na morte! (CREONTE (© atrevimento leva-e a tais ameacas? HEMON F atrevimento refuta ideias vis? ‘CREONTE ‘Chorando aprenderds que vio € teu saber! HEMON ‘Queres falar apenas, sem ouvir respostas? ss (CREONTE [Nao tagareles tanto, esravo de mulher HEMON Nao fosses tu meu pai, dit-eia um insensatot ‘CREONTE Isto € verdade? Pelos céus, fica sabendo: ‘essascensurastorpes nao te alegrardo! (Driindo-e 4 um era) ‘Vai jd buscar essa mulher insuportével oy para que morra logo a0 ado de seu noivo Aqui presente, diane de seus prépriasolhos! HEMON Nao deves esperar que ela morra a0 meu lado (nem penses ist!) nem me vers nunca mais. ~ ‘Guarda ess furia para tes doves amigos! us (teow sa preciitadamente) ‘CORIFEU A cdlera, senor, evouro em disparada, ‘A mente afta € perigosa nesa idade CREONTE Pode ele praticar em sua retrada ag6es alm da forga humana, ou meditélas; no salvard de seu destino as das mogas! 0 ‘corIFEU Pretendestealmenteexerminar as das? CREONTE ‘A.quenio 0 tacou mio morse, Lembrs bem. cORIFEU ‘a decidiste como bl de morrer a outra? (CREONTE Levando-a por deserta esrada he de enterr-la numa caverna pedregosa, ainda viva, ws deixando-ihe tanto alimento quanto baste para evar um sacrilégo; nao deselo ‘er a cidade maculada. Li, em prece a0 deus dos mortos — tnico que ela venera — falver obienna a praga de no perecer, 0 ‘ou Finalmente aprendera, embora tarde, ‘que cultuar os mortos¢ labor perdi, coro Amor, invicto no combate, Amor dissipador de todas as riquezas, ‘que apds vaguear nos mares e em reconditos as ‘Ssconderijosafinal repousas, ro doce rosto das mogas em flo! ‘Nenbim dos imortais pode evitarte enum dos homens de existneia ef2mera; « erde logo 0 senso quem te encontra 0 [ALE os justos forcas a injustiga, ‘esnorteando-thes 0 pensamenio, leas aessas tas pais filhos. Nenceu 0 claro olhar da noiva bela, inspirador desse deseo igual 9 AS majestosas leis da natuteza, Joguete de Afrodite iresstivel (aparece ANTICONA, conduzide por guards) Mas eu, diante do que vejo agora, sito que as leis tambem nao me reftelam {ndo consigo reprimir as lagrimas ao vislumbrar Antigona marchando para esse leito onde se acaba tudo, ANTIGONA ‘Concidadios de minha patria, véde-me ‘sepuindo 0 meu caminho derradcro, clhando o imo clarao do so, ‘Que nunca, nunca mals contemplate (0 deus dos mortos, "que adormece.a todos, levarme viva para os seus dominios ® sem que alguém cante 0 himenew por mim, Sem que na aleova nupeial me acolha lm tino, caso-me com o negro inferno, coRo Mas partes para 0 mundo tenebroso ‘dos moriosaloriosa e ealeada, Sem que as doengas aniguladoras {te houvessem atingido, sem que as armas Imortiferasferissem 0 teu corpo: por tua vontade e deisto {que tu, apenas 1 entre os moras, descerds viva regido das sombras. ANTIGONA Falaram-me de uma estrangeira, hdl muito, {ha de Tantalo,® da terra figia ‘ede seu triste fim no alto do Silo, 2? Aprisionada por muitos rochedos ‘ue em volta dela, como hera tenaz ‘resciam sempre; ¢ ainda hoje contam ‘que a chuva ago cesava de mothar-he ‘corpo agonizante, nem a neve, fenquanto as lagrimas que The desciam ‘dos olhos orvalhavam 0 seu colo. Preparacme o destino entero igual, coro Fa era deusa, nascida de deuss, ‘ends, mertas,nascidos de mortals Sera, porem, honroso para ‘que agora ches ao momento extremo, dizerem que o destino te igualou fos deuses, viva e mesmo apos a morte. ANTIGONA Abt Vosso escrmio jd me est ferindo! Pergunto, psios deuses padrocios: por que no experais que eu seja morta me insults assim perante todos? Minha cidade! Povo afortunado de minha terrat Ty, ronte Dieta, ‘echo sagrada da guercira Tebat! ‘Ao menos como testemunhas tomo-vos para que todos vejam de que modo, ‘em ser sequerchorada por amigos, condenada por que leis eu vou para ese carcere todo de pedas fae serd meu inslito separa! Como see! derventurada a rem pertencendo 30s vives, nem aos mortos! ‘coro “Ture langaste aos tims extremos de atevimento ete prevpitase {de encontro ao trono onde a justiga exces tem sede, minha fila; pode ser ‘que na presente provagto expies pesados cometidos por te pa ANTIGONA “Trouxeste-me A meméria o mais pungente dos fatos — 0 desing de meu pa, tres veres manifesto, 0 de nds todos, Tadacidas famosos. Abt Horvores do tilamo materno! Ah! Teus abragos inestuosos, minha mie, com o pat dde quem nasci! Como sou feliz! E para eles vou assim, maldita, am sem terchegado as bodas! Met irmio infortunado! Que unido a nossal ‘ransformas-me, mortendo, em morta vival ‘coro Inspiram piedade atos piedosos mas o poder, para seus dtentotes nde se sujita a transgressio algumnas Ss m0 perdeu-tea tua indole indomsvel ANTIGONA ‘Sem que me chorem, sem amigo algom, sem cantos de himeneu sou arrasada pobre de mim! — por sofrego caminho! ara desgraca minha nunca mais vs poder ver a santa luz do sll FE dos amigos nem um s6 lamenta ‘esse met doloroso fim sem lagrimas! (Reaparece CReoNTE.) CREONTE (os uardas que conduzem AvTiCONA,) ‘Acaso no sabeis que hinos e lamaias fa hora de morret Jamal acabarlam ‘ Se houvesse 0 minimo prowito em entod-los? Ides, ou mi levi-la imediatamente? EE quando a houverdes encerrado, como eu disse, fem sa cavernosa sepultura, $6, abandonada para se quiser, mocrer os fw enterar-se ainda viva em tal abrigo, ‘xtardo purasnossas mos: nio tocarae nesta donzela. Mas ha uma coisa cet cla sera prvada para todo o sempre {da convivencia com habitantes deste mundo, on ANTIGONA tem diregio aos meus que a morte # muitas vezes Jiacotheu entre os finados! Eu, a slkima ‘sem comparaedo a mais desventurada, ‘ou paral, antes de haver chegado ao termo de minha vida! Mas uma esperange eu tenho: ‘meu pai ha de gostar de ver‘me, ctu também {ostards muito, minha mie, egostarés também, irmdo quedo, pois quando morreste lavei-te te vest com minhas proprias mas cesobre tua sepultura eu esparg 835 santas ibagdes.F agora, Polinices, Somente por querer culdar de teu cadiver io-me esta recompensa! Mas na opiniao dda gente de bom senso todo 0 meu cuidado fo) just. Sim! Se houvera sido mae de filhos, fuse 0 esposo morto apodrecesse exposto, jamais enfrentaria ev tamanhas penas tendo de opor-me a todas 0s concidadaos! * (Que leis me fazem pronunciar estas palavras? Fosse eu casada e meu esposofalecesse, ‘bem poderia encontrar outro, ede outro esposo teria umn Filho se antes eu perdessealgum: ‘mas, morta minha me, morto meu pai, jamais ‘ato irmio meu vitia ao mondo, Obedeci 2 essas leis quando fe hontei mais que aninguém. ‘Creonte-acha, porém, que ere, que fui rebelde, lmao queridol Assim ele me leva a cativaem suas maos; um eto supeial jamais tere, nem ouvire hinos de Bodas, rem sentir as alegrias conjugas, nem flhos amamentare hoje, sozinha, Sem um amigo, parto — ail nfliz de mim! — ainda viva para onde os mortos moran! transpredi das dvindades? pobre de mim! —ergver ainda os olhos para os deuses? Que aliado sinda invocaret se, por ser piedosa, acusam-me de impiedade? Se sso agrada 0s deuses me conformo, embora sofra muito, om minlia culpa, mas se os outros sie culpados, {ue provem penas pelo menos to pesadas {Quanto as que injustamente me impuseram hoje! CORIFEU De novo os mesmos ventos violets vém vergastarihe a alma com sey sopra, ‘CREONTE ‘Seus condutores hdo de arvepender-se, cent, por demorarem alevaat ANTIGONA Ai Ai de mim! Depois desta palavras sinto-me ainda mais perto da morte! CREONTE Nao posso acalentar-te com ailusio de que no sera esse 0 desenace. ANTIGONA ‘Cidade de meus pais, solo de Tebas fe deusesancestrais de nossa raga! Levam-me agora, nfo hesitam mais! Vde-me,ilstes proceres de Tebas =a sltima princesa que restava —, ‘as minhas penas e quem as impoe apenas por meu culto piedade! (Sa! Arico, levada pelos puardas,) coro Desdia igual sofreu Danae formosa,?* forgada a permutaraluz celeste por brénzeo calabougo; numa alcove Drenderaryna, secreta como um timulo sua estrpe, fiha — minha filha! — ‘era das mais lustre ea semente ‘de Zeus, que Ihe vieraem urea chuva, la guardava e nela germinava, ‘A forga do destino, todavia, €formidavel as riquezas, gueras, ‘muralhas, nesrasnaus, alo The resister. 2 Gaithaes domaram 0 fog0s0filho {de Drias, * soberano dos edBnios: ‘le pagou, assim, por seus insultos Treneicos quando foi dominado « preso por DiGniso num cércere 4 pedras Ia, sua arrogdncla estpida ss poueos consumitse a foucura Ele aprendewa conhecer deus ‘que um delro insano provocara ‘Som a insoléncia de svat palavras, ‘quando quis extinguiro furor sgcro das mogas possuldas pelo deus 0 fogo diomsiaco iritando '& Musas, admiradoras das autas, junto as fundas dguas Cianias dos mares gémeos, nas praias do Bésforo, ra diego do Salmideso > trico, ‘Ares, vizio dacidade, iy ambos os filhos de Fineu feridos por gotpeinfame da Feroz mulher ‘que 0s tornou cegos la, por vingans arrancou thes das orbitas 0s olbos ‘com as préprias mis sangrentas, empunhando, fem verde facas,finas lancadei ‘Choravam na agonia os malsinados a triste sina de trem nancido {de mal casada mae, cujalinhagem Fectiava todavia aos Erecteidas de nobre rac; em cavernas remotas ‘riara-se enfentando as rempestades de Boreas, seu ai, correndo rapida ‘como um corcel plas alts moncanhas, essa filha de deuses; mas a Parcas fernas também a feriram, filha era Tanda. piado por um menino) TIRESIAS sind ‘Nosso caminho foi um s6, chefes de Tebas, dois vendo pelos olhos de um, pois quem &cego precisa, para caminhar, de alguém que o gue CREONTE Entdo, vetho Tiésias, quais as novidades? TIRESIAS, 4 vou dizt-as; quanto ad, eré no profeta CREONTE Nunca fui desatento suas advertncias. TIRESIAS Por isso tens guiado bem esa cidade, CREONTE ‘A minha experizncia atest ese prowito TIRESIAS ‘Ove: de novo est pendente ata sorte CREONTE (Que hi? Tuas palavrasfarem-me tremer TIRESIAS, Pelosindicios, que ouvir, de minha are, jdsaberds. Estava eu no antigo asento profetico onde as aves todas se reunem emtro do aleaice dos sents que me restam, ‘quando um clamor contuso ouv de aves esridulas srtando maus pressigios initcligives. E deduzi que umas as outras se feria com as garas, mortalmente (0 eseepto das asas ‘do me deixava dividas). De imediato feniei, amedrontado, recorrer 80 fog0 fem flamelante altar, ansioso por ausirios; as vitimas, porém, ndo se elevavam chamas: Tiquetaziase'a gordura sobreposta 1100 » fs conas ¢ mothava as brasas crepitantes, de onde saia 56 desagradavel fumo; © fel se evaporava, 0s 05s descobriam-se ras coxa, enchareadas por muita gordura, ‘Assim fiqul sabendo por este menino, ‘que os tus dvinatoros os presgios no se manifestavam, pos le € meu guia como eu sou gua de outros. Fé por tua caus, or tuas decisdes, que estéenferma Tebas. NNossos altares todas eo fogo sagrado «stdo poluidos por carniga do cadaver 4 deseitoso Filho de Edo, espalhada pelas aes pelos cles por 50 0s deuses ‘Hi escutam nossas preces nem acsitam (05 nossos sacrificios, nem sequet as chamas ‘das coxas; nem os passaros dao sinaisclaros ‘com seus gritos estridules, pois js provaram ‘ordara esangue de homer podre, Pensa, cnt fem tudo isso, lho. Os homens todos eam mas quem comete um erro mio €insensato, rem Softe pelo mal que fez, seo emedia fm verde prefer mostrar-se inabalavel, se fato, a intransigenca leva &estupidez (Cede 20 defunto,entao! Nao firas um cadver! Matar de novo um morte & prova de coragem? Pensei s6 no teu ber e€ por teu bem que fal, CConvém ouvir a fala do Bom conseletro Se seus conselhos sio para nosso proveto (CREONTE ‘Ty, anc, e todos v6s,fazeissme 0 alvo {e vossas fechas, como arqueitos; nio me poupa também, agora, 0 teu poder divinatéro. HE muito tempo a tua confraria explora-me «Taz de mimo seu negocio; prossenul, Turai; epociai, se for yossa vontade, ‘o electo Ia de Sardes "ou da India 0 oo, ‘mas aquele cadaver nio enterraeis; fem se quiserem as prOprias aguas de Zeus Tevar pedagos de carniga até seu trono, rem mesmo por temor de tal profanacio ‘oncordaria eu com o funeral, pois seh ‘que homem nenhum consegue profanar os deuss. a ns “Mostram sua vleza 0s homens mais astutos, 190 velho Tirsias, ao tentardissimolar [ensamentos indignos com belas plavras, preocupados tdo-somente com mais sro. TIRESIAS ‘An! Saberd aleuém, ou imaginara... ‘CREONTE Que dizes? Falas como se todos soubéssemos. is TIRESIAS ve 0 bom consetho ¢ a riqueza mais preciosa? ‘CREONTE ‘Tl como, pensoeu, a insinia €0 mal por TIRESIAS Esti enfermo, egravemente, desse mal (CREONTE Para no insutar um adivinho, calo-me. TIRESIAS Mas, jd disseste que menti nos vaticinios 0 ‘CREONTE Por ser gananciosa a raga dos prfetss. TIRESIAS .a dos tiranos ama s6 0 ganho sérdio, CREONTE Sabes que ests falando com teu proprio rei? a» TIRESIAS Sei, pois pracas a mim savas esta cidade, ‘CREONTE Es sibio, mas também amigo da inj ans TIRESIAS Forwas-me a revelar coisas ocultas na alma, CREONTE Revela, mas nao lucrards com ta TIRESIAS [Na parte que te cabe, também penso assim, ‘CREONTE is ndo barganhards com a minha decisao! TIRESIAS Entdo fica sabendo, bem, que no verés iso ‘rapido carro do sol dar muitas vollas antes de ofereceres um parente morta como resgate certo de mais gente morta, ois tu langaste &s profundezas um se vivo ignobilmente o sepultaste, enguanto aqui ws feténs um morto sem exéquias,insepulto, nnegado aos deuses infos. Nao tens, nem them mesmo 0s deuses das altura, tl dirt, 'ss0€ violencia tua ousada contra os céus! Estdo por isso tua espreita as vingativas, 190 ternves Frias dos infernos dos deuses, para que sejasvtima dos mesmos males. elem se ¢ por gandncla que digo esas coisas! [Num tempo no muito distante se ira. ‘Bemidos de homens e mulheres de tu lar. ss {Levantam-se como inimigas contra as feras todas cujos numerosos filhos 0 dlilacerados 56 tiveram funerais Feitos por edes, por fras ou por aves lepidas ‘que a cada uma das idades onde tinkam Seu Lares levaram sacilegas miasmas Ja que me provocast, vou dizer agora: ‘fechas dirigidas a0 tu coracao fui eu que as dsparei em minha indignagso, ‘certeiras como as de um arqueiro experienes ‘eda pungénciadelas nio eseaparis, (Driindo-e 30 menino queo wowera) Menino, leva-me de volta nossa casa; fance ele a sua célera contra os mals moces, ‘eaprenda a usar alingua com moderacio, ‘tra dentro de seu peito sentimentos melhores que os alardeados neste instante! (a Tees, pond pelo menina) CORIFEU terrivels profeciase desde que vi ‘0s meus cabelos, ants nesros, alvejarem, cle jamais previ mentiras& cidade, CREONTE ‘Sei disso, eu mesma, e tenho o coraco perplex. Ceder duro, mas 86 por itransigencia dia qu sclera me arin, €tambem ur CORIFEU Cuidado, Creone ho de Meneseu! CREONTE, ‘Que devo entéo fazer? Dize e obedecerei coRIFEU ‘Vai a caverna subterrneaesolta a moca. ras oo ara o cadiverinsepulto, faze um tml. ‘CREONTE E o teu conselho? Achas melhor que eu coda agora? cORIFEU E sem demora, rei a punigdo divina «amin por atalhos e com péswelozes as € logo aleanca os que praticam mas ages. CREONTE Pobre de mim! Penosamente renuncio ‘minha deciso e passe a proceder Segundo o teu conselho; no isistites ‘este combate vio contra o invite 0 ‘CORIFEU ‘Val jae age! Nao incumbas outros disso! CREONTE Ire\imediatament. E vés,criados, rmarchal. Marcha preseniese também ausentes, Hemon morte; matou-0 mio lead a ele 0 coRIFEU [A1mio paterna? Ou tra sido adele mesma? |e MENSAGEIRO Fo lem ria contra crime de seu pa coriFeu Ah! Advinho! Era verdad o que dis! 1 MENSAGEIRO Isso € pasado. Cumpre-nos pensar no resto, CORIFEU Mas, veo aproximar-se a ineliz Euridice, esposa de Creonte; ela vem do palcio para saber do filha, ou, talvez, por acaso. ene Evnioice) EURIDICE ‘Oui vossas palavas,cidados presents, ‘quando sala para reverenciar com oragaes a deusa Palas“! No momento ‘em que os errolhos do portao eu recolhia para poder passa, fervam-me os ouvidos noticias sts de tagédia na familia; 8 susto fez-me ecuar, cea de medo, ‘edesmaiel nos bragos de mints eriadas. Dizei-me novamente qual fol a mensagem; fe ndo a ougo como estranha a tis despracas. 1 MENSAGEIRO Falar-te-i na condigao de estemunta, minha cara Senhora, e ndo omitice, ‘Sequer uma para da verdade toda Porque haveria eu de te apradar agora ‘s¢ logo 0s fats poder ‘mina mentira? ret avin da verdade Segui com teu esposo, como guia, até 8 desolada elevacdo onde jazia. inda por sepultar, impiamente, 0 corpo 4e Polinices, pasto de saciados cies. ‘A deusa das encruzilhadas ea Plutio ® ‘ramos, pata suavizarasua cera; lavamos o cadaver com agua ustal {ecom recém-colhides gallos em seguida | Incineramos aquels estos mortas; \ ‘oma terra onde ele velo a0 mundo peeparamos lum sepulero salient para as suas cinzas. Encaminhamo-nos depois na dresio 4o leito nupcal de pedra onde estaria ‘a noiva prometida 2 Morte. Inda de longe ‘ouviualgum dos nossoso som de gemidos Pungentes, vindos daquela estranha alcova ‘onde no cram celebrados ritos finebres; ms ms «quem ouviu veio contr 20 rei Creonte ‘Quanto mais perto ele chevava do lusa, ‘mais 0 envolviam os confusos sons de gritos doridos,e ee disse entre solugos ligubres: “Como sou infliz! Sera que eu advinho? “Estarei indo agora plo mas funesto “de todos os caminhos jamais prsorridos? “Recebe-me a voz de meu filho? Ide depress, “aprosimai-vos, servos, ¢ quando chegardes “a tumba removel a lipide que a fecha, “passa pela abertura ide até a entrada “para verficar se é mesmo a voz de Hémon “que eseulo, ou se sou enganado pelos Jeuses! FForam cumpridas logo as ordens de nosso senhor desaleniado; no interior do calabouso vimos pendemte a moca, estrangulada em lago Jmprovisado com seu proprio veu de inho; Hemon, cingindo-a num desesperado abrago estreltamente, lamentavaa prometida ‘que vinha de perder, levada pela mort, 0s ats de seu pay eas malsinadas nupeias. ‘Quando este 0 vu, enite emidos horor0sos apvoimou-se dele e com vor compunsida, ‘hamou-o: “Ah? Inieliz! Que estas fazendo a? ‘Que idea te ocorreu? Qual acalamidade “que assim te faz perder o senso? Sai, meu filho! “Eu te suplico!Imploro!" O moco, todavia, colhando-o com expresso feroz, sem responder "uspiuthe em pleno rostoe 0 atacou sacando ‘espada de dois umes; mas 0 pai desviou-se € recuou, fazendo-o errr golpe;entd0, com raiva de i mesme, 0 desditoso Filho ‘Com todo 0 peso de seu corpo se ditou Sobre a apucada espada que Ihe traspassou © proprio flanco; no momento derradeito {Se lusder,inda enlacou a virsem morta rum languescenteabrago, e em goliadas sibitas Tangou em suas faces lividas um jato impetuoso e rubro de abundante sangue F jazem lado a lado agora morto e morta, ‘cumprindo 0 ritos nupeiais — ab! inflizest — no nesta vida, mas i na mansio da Mort, ‘mostrando aos homens ques dos defeitos humanos, Alreeflexdo ¢incontestavelmente 0 maximo, ms ‘Evnio1ce volta slencisamente 0 palicio) CORIFEU (Apes aleuns momentos de silencio gral.) ‘Que se hi de pensar disso? Ela se retrou bas sem proferir uma palavra, boa ov ms, 1 MENSAGEIRO ‘Tamm estou atdnito, porém espero ‘que, dante da noticia acerca de Se filho, no the pareca decoroso lamentarse {em publicge prefira prantear li dens fem seu palacio, out familiar com a Servas. Fla no hide ter fcado transtornada ‘8 ponto de cometeralsum desatino. CORIFEU [Nao sti. Siléncios excessivos me paresen {Wo graves quanto 0 eagerado, intl pranto, ns IF MENSAGEIRO| £E, mas entrando no palicio saberemos Se ela ndo dissimlaalgum plano secreto ‘em seu magoad coracao. Disseste bem; pode haver ameagas nos grandes siléncios. (Salo primero Mexsaceina. Entra CREONTE, Inazendo 0 corpo coberio de Hewioxs ‘CORIFEU Mas, eis alo proprio rei que chez 10 ttazendo em suas mas, revelador, ‘o testemunho nao de aela insdnia, ‘mas de eros que ele mesmo comete CREONTE a desalmadi ‘ede, mortis, 0 matador eo mort, tes do mesmo sangue! Ait Infeliz de mim por minhas decisoesirefeidas! ‘Ah! Filho meu! Levou-t,inda imaturo, i aide mim! — flexto, nao pela tual 0 ‘CORIFEU ‘Como tardaste a distinguir 0 que era justo! CREONTE Ab! Hoje ei quio inflizeu sou, ‘mas penso que algum deus, com muita fore, solpeou-me na cabesa e me imped para os eaminos da ferocidade vas pobre de mim? — calcando sob os pes { destruindo todo o meu prazer! [Ant Sofrimentos dos sofridos homens! (Sai do paticioo segundo Mensactizo, corenda) 2° MENSAGEIRO ‘Quantas desgracas tens de suportar, senhor! ‘Uma tzazes contig, nos teus propris bragos, 0 em tua casa ha outa, que logo veris! CREONTE [Ainda pode haver males piores que este? 2° MENSAGEIRO ‘Morreu tua mulher, mae infelz do mort, ha pouco, vitima de golpe bem recente CREONTE [Ant Boca inexoravel dos infernos! sas or que me estas matando? Sim! Por qué? Tu, mensageiro da calamidade teste até de nartar. que vais comtae-me? ‘Ai! Ai de mim! Matas ur homem morto! ‘Que dizes, meu rapar? Que ens ainda 100 fame falar? Ail Infeie de mim? Eo fim sangrento de minha mulher, calda nesta sucessdo de mortes? (Ares a porta do plico «aparece 0 cadiver de [Eusibier, cobert, azo por cadet) 2° MENSAGEIRO Ebta presente; jd dexou sua morada ‘CREONTE Al Aide mim! Contemplo nese instante tos foutra calamidade — € a segunda, pobre de mim! Qual o destino — qual! — fue inda me espera? Trouxe ha pouco tempo teu filho nos meus bragos — at de mim! — €vejo aqui em frente outro cadiver! 10 ‘A! Mie desventuradat Ab! Filho meu! 2° MENSAGEIRO Eta cerou as pilpebras, envolta em teas, ferindo:se com fina faca a0 pé do altar, depois de lamentar a morte gloriosa de Megareu,* primelto morto, e logo a dest, as lamaldigoando-fe nos ultimos momentos, i, ao assassino de seus proprio filhos. (CREONTE Ait Infelie de mim! Tremo de medo! Poe que alguém do me golpeia ‘no peito com uma espada de dois gumes? 160 Sou uim miserdvel — coitado de mn! — abismado em misérias hororosas! 2° MENSAGEIRO [A.morta que aqui vés te atribuiu a culpa ga desta calamidade eaté da anterior CREONTE violenta? 2° MENSAGEIRO ‘Com as proprias maos ela se apunhalow no figsdo logo que soube da desgraga atroz do fil, (CREONTE Ai! Ai de mim! O autor destas desgracas Sou eu e nunca as atriburao a qualquer outro entre os moras, pois eu, ‘6 eu as comet, pobre de mim? Ful eu,¢ falo apenas a verdade! Levai-me imediatamente, escravos, para bern Longe, pois nao sou mais nadat ‘coRIFEU E boa a ua sugestto, se pode haver Algo de bom entre to niumerosos males, Quanto mais breve foro mal, tanto melhor. (CREONTE Venha! Aconteca a lkima das mortes ~aminhat —e traga o meu dia final, ‘© mais feliz de todos! Venha! Venha, pols ndo quero viver nem mais um dia! ‘CORIFEU Isto ¢ futuro; antes, euidemos do presente; trate do resto quem tver essa incumbéncia, CREONTE Ja disse o meu desejo numa siplica CORIFEU Nada mais peeas, pos no podem os mortais livrar-se do destino a ces prefixade, CREONTE Levem para bem longe este demente {que sem querer te assassinou, meu fio, a também, mulher! Ail Ai de mim! Nao sei qual dos dois mortos devo ofhar 10 rem para onde devo encaminhar-met (Ponda as mios sobre o cadaver de HENON) Tudo perdi contigo, que ora sinto fem minhas mos, « com nova despraca inda mais dura esmaga-me o destino! (Creowre & leado lntamente paca 0 palicio ‘coro (Acompanhando 2 lta ttzada de CREONTE.) Destaca-s a prudéncia sobremodo vas omg anes coniie ra flidade, Nio se deve Pavofender 05 deuses em nada. A desinedidaempatia nas palavas reverie em deamedidos Bolpes 0 conta os soerbos gue jd a velhice, ‘aprenden anal prudéncia FIM NOTAS & ANTIGONA 1 Zu deus maior damit ea Jp oy ain, 2 Opec fans gor nor de Bap cS aca om a pare io fae Ret Ge ode tani = ‘rat in coxada de ral en nach ets ee ort no {gue orm a rorge aie pee ones ‘Cll te, ape Ax i ae es er cape i sata, Bh dame seenow nam sido aa mt. waa de msde Du aoe de Tt condo i Bini igen el a al Eps” Fe FltzaS tds ene os pers da lade era para prow ainosinsa de acusdou, 1 Botdeoconrat cram emedade Por Sloe, ene nd de Ca 6 ads i Roan eee, tana te an ‘emog Foy mann os ane rio 6s Antigua, pages ee ore i ‘ore Spt hae. ease pops, Were cyt. ds pase 8 ‘adicn Gromer volo co Miia osteo por St {eho pets nai. ation” como mera oa ms ann 48. baba ends 4 Ldbdaco aide Lai «a0 de Elio, 18.0 de tos moro: eralmente “Hater vind prisipal do rego das sonras fais ode am on mora por eet Se Props ada No oS ens ‘Bisomtat corponde tem + Hat nora, 18 seus domi eames pu are Se Aan serena er cats, nmr ae Nes see BA en aa An om eran can so hos la angrier par a aed Ande As Deetnnerr as waren monica eae B Samat aleyara sok SE Rtn te hse a i Ei Tiot Renin ene me de Mate ea ot move Shes ie eae Skeid 0 den Svat penn SEES Bec mh reeset as Sees Sark reeds: Tie Sirs ae mete neces ee PIRES SIE inode nore term em aes Seon ess fabee deseo Seem eenare cs SOR om hat np mel ono ‘bios, seus sUditos, por inspiragdo de Didniso. aaa 29 pe nana iin. exec a Se ence mygne nonin aaa point Seer ee re ru rginc rim se are Bey ors eines rs ate re Picket oy uae, I ee a Ra nc Seat Came: Sen, ue, amd por Zeus trmou mle de iG, ou Bac, Biter emcee ra a HS eee Shee ereernate Fe oi sn cpl oman nam ce Co ferris ar ca ee ee maine eee ee ina ro rata An ee tai ae rte Fe graeme cmesay semi seats ieee ea ae anew a SS a eine tet nips Ra eee eee ee sacar ate plea, que se juga a menor prova do ca "ater"popular’doteatro greg, erajustamon to, a permit o conte de um espetaculo “doado” pea elite, o que o caracterizava como tearo para 0 povo, mas no do pove, Uma obra de arte, no entanio, se compbe o elementos mais nmeroses e mais com ploxos que essas meras observacées fo mais Socildgicas. Com tudo isso (¢ tam bom por tudo isso), © dramaturgo grago, na busca de produzir0 maximo de efito © de impacto sobre seu pubic, aspirava sub ‘midade, a0 toque nas cordas mais fundas {do sentimento humano, que conduziria & csalarse © & Kalokagathia, ao bxtaso ostt- ‘odiante da beleza, que tanto flava a0 es Piro dos gregos antigos. Sects, 20 na "ar as tragedas que se abateram sobre a ‘asa real do Tebas, ating tamanha pert: {80 que continua tocando essas cords até Fe com um impacto nunca superado & que Se renova a cada letra de suas obras-p ‘mas, Para entender mais exatamente como le 0 faz, remetoo leitor primeito as notas este volume, elaboradas pelo tradutor, Mario de Gama Kury, nosso mais realizado helensia, «em seguida ao tundamental, 20s textos, aqui entregues ao publica Brasco fem desiumbrantes radu Eouanoo Fravessco Aves ‘Soroc.es nasoau em 496 a.C., om Colono, fas corcanias de Atenas, tendo Moeido no ano 406, com 80 anos portant, Amigo de Perici. fo! um dos mals proominentes c- dads do seu tempo. Sua fama comepou ‘408 28 anos, quando bateu o veterano Esqulo num coneurso de dramaturgia. O- se que venceu em sua vida outs 24 con cursos anuais dessa importéncia. Escreveu mais de 100 pecas, porém so sete raged ‘a chegaram até nos Ajax, Antigana Eaipo Fai, Electra, Ploctotes, As Traquinias © a péstuma Eaipo em Colono.

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