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A INVESTIGAÇÃO SOBRE

HERÁLDICA E SIGILOGRAFIA
NA PENÍNSULA IBÉRICA:
ENTRE A TRADIÇÃO
E A INOVAÇÃO
A INVESTIGAÇÃO SOBRE
HERÁLDICA E SIGILOGRAFIA
NA PENÍNSULA IBÉRICA:
ENTRE A TRADIÇÃO
E A INOVAÇÃO

DIRETORES

MARIA DO ROSÁRIO BARBOSA MORUJÃO


MANUEL JOAQUÍN SALAMANCA LÓPEZ

Coimbra
2018
© Maria do Rosário Barbosa Morujão, da edição, 2018
© Manuel Joaquín Salamanca López, da edição, 2018
© De cada capítulo su autor, da edição, 2018
© Centro de História da Sociedade e da Cultura, da edição, 2018

Edição:

CHSC - Centro de História da Sociedade e da Cultura


Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Largo da Porta Férrea
3004-530 Coimbra / Portugal
Tel. (+351) 239 859 900
Website: http://chsc.uc.pt/

ISBN: 978-989-8155-07-8
Depósito Legal: 450422/18

Capa: Imágenes de ANTT, Libro del Armero-mor, fl. 9v y 10r

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proprietários da propriedade. intelectual
ÍNDICE

págs.

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11

IDADE MÉDIA ................................................................................................ 13

Francisco Antonio Chacón Gómez-Monedero | La validación en documentos


capitulares de Cuenca en el siglo XIII. El sello y las cláusulas de su anuncio ..... 15

Jean-Luc Chassel | Le rayonnement des armoiries de Blanche de Castille,


reine de France (†1252) .................................................................................... 41

Cristina Tuimil Fernández | Armas elocuentes: la recuperación de un linaje


olvidado a través de su representación heráldica ............................................. 59

ÉPOCA MODERNA......................................................................................... 79

Ramón Baldaquí Escandell | Mentalidad barroca y heráldica local: algunos


ejemplos valencianos ......................................................................................... 81

Lorena C. Barco Cebrián | La heráldica y la sigilografía nobiliarias en una


carta ejecutoria de hidalguía inédita: Pedro y Juan Pérez de la Torre (1694) ..... 101

Domingo Beltrán Corbalán, Francisco Precioso Izquierdo | Apuntes sobre


la representación de la memoria nobiliaria en la España del siglo XVII: una
genealogía de la casa ducal de Montalto .......................................................... 115

Yolanda Isabel Bustamante Sampedro, José María de Francisco Olmos,


Antonio Carpallo Bautista | Las encuadernaciones con superlibros heráldicos
españoles de la Casa Velázquez ......................................................................... 133

Francisco Glicerio Conde Mora, José María Montero Carmona | Testimonios


heráldicos del antiguo Hospital Real de Cádiz en los siglos XVII y XVIII .......... 149

Mayte Contreras Mira | Heráldica en la biblioteca de la Casa de Alba ........ 169

7
págs.

Alícia Duhá Lose | Um heraldista alemão em terras brasileiras: a arte


documentos do Arquivo Histórico do Mosteiro de São Bento da Bahia do
Ir. Paulo Lachenmayer OSB através dos documentos do Arquivo Histórico
do Mosteiro de São Bento da Bahia ................................................................... 191

Miriam Fernández Pérez | La colección de sellos en tinta en la antigua


provincia de Santander en el Archivo Histórico Nacional ................................ 205

José María de Francisco Olmos | Los sellos de Carlos III de Austria


como Hispaniarum rex: Imagen y evolución .................................................... 227

José María de Francisco Olmos, Yohana Yessica Flores Hernández,


Antonio Carpallo Bautista | Los exlibris en las encuadernaciones de la Real
Academia de Bellas Artes de San Fernando: escudos heráldicos y marcas de
propiedad ........................................................................................................... 251

José Luis Gonzalo Sánchez-Molero | Mateo Vázquez de Leca: la construcción


heráldica de una discutida identidad noble en la corte de Felipe II .................... 265

María Herranz Pinacho, Alberto Corada Alonso | La heráldica como


simbología de poder de los marqueses “ausentes” de Aguilar de Campoo ...... 283

Alicia Marchant Rivera | Motivos escudiformes en las cartas de profesión del


Císter malagueño (s. XVII): una aproximación ................................................. 303

Cristóvão Mata | As armas da Casa de Aveiro como representação da sua


identidade narrativa ........................................................................................... 319

Fernando Rodríguez Ramos | Aproximación al estudio de la heráldica en la


arquitectura civil de la ciudad de Burgos .......................................................... 335

Miguel Metelo de Seixas | Armes politiques : fluctuations héraldiques pour la


joyeuse entrée de Philippe III à Lisbonne en 1619 ............................................ 355

ÉPOCA CONTEMPORÂNEA ....................................................................... 381

Paulo Jorge Morais Alexandre | Um armorial de domínio da primeira


República Portuguesa: O Armorial da Escola Superior de Educação de
Lisboa ................................................................................................................. 383

8
págs.

Carmen María Alonso Riva, Virginia María Cuñat Ciscar | La heráldica


municipal en las filigranas papeleras (siglos XIX-XX) ...................................... 395

Emanuelle Querino A. de Aviz | Elementos simbólicos do brasão do município


de Imbituba: análise do imaginário das crianças das escolas municipais ....... 413

Diogo Teixeira Dias | A preservação iconográfica da História Militar –


A heráldica como meio ...................................................................................... 427

Gerard Marí i Brull | La cancelación de la heráldica napoleónica del Govern


de Catalunya (1810-14): el notario Antonio Ubach en 1815 ............................ 441

ABORDAGENS TRANSVERSAIS E INTERDISCIPLINARES ............... 471

Filipa Marisa Gonçalves Medeiros Araújo | Letras e cimeiras: emblemática


e literatura em diálogo no século XVI ............................................................... 473

Marcos Fernández Gómez | El Escudo de Sevilla y los símbolos de la ciudad.


Tradición y Renovación de la Heráldica Municipal .......................................... 489

Ernesto Fernández-Xesta y Vázquez | La búsqueda de la unidad y de la


unificación no implica uniformidad ni pérdida de autonomía ........................... 511

Saul António Gomes | Sigilografia em Portugal: alguns desafios e problemas 525

Catarina Santos, Teresa M. V. D. Pinho e Melo | Haverá Química na


Sigilografia?........................................................................................................ 539

Juan Antonio Yeves Andrés | La heráldica en la encuadernación de libros y


documentos ........................................................................................................ 549

9
INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, as chamadas ciências históricas têm conhecido um forte


desenvolvimento, que lhes tem permitido reclamar uma autonomia de que não goza-
vam ainda, libertando-se cada vez mais do estigma de subordinação à História que
as menorizava desde séculos.
Entre essas ciências contam-se a Heráldica e a Sigilografia, cuja alforria se deve,
em boa medida, aos trabalhos inspiradores levados a cabo por Michel Pastoureau,
que ajudou ambas a ultrapassar esse estatuto de menoridade que mantinha a pri-
meira demasiado presa aos estudos genealógicos e ao universo estrito das famílias
nobres, e a segunda à mera categoria de processo de validação documental.
Tanto a Heráldica como a Sigilografia passam hoje em dia por uma fase de reno-
vação, pois, que coincide com um interesse crescente a seu respeito e com o reco-
nhecimento, também, de que símbolos heráldicos e selos continuam a fazer parte do
nosso quotidiano.
De facto, pode-se afirmar que a vida de hoje se mantém salpicada de momentos
de carácter ou sabor heráldico. Esta afirmação comprova-se quando verificamos a
simbologia que utilizam, entre outras, entidades como as equipas de futebol, empre-
sas, universidades e câmaras municipais. Em todos estes casos, o seu objetivo é o
mesmo: servir de imagem visível para uma fácil identificação e atribuição a quem
de direito. A sua função em pouco ou nada se alterou ao longo dos séculos, tendo
em conta os escudos de armas que encontramos em fachadas de palácios ou casas
solarengas, alertando-nos para a linhagem que detinha a sua propriedade.
Estes mesmos códigos, com idêntica finalidade, podiam ser também incluídos
em matrizes que, apostas sobre um suporte, davam lugar a uma impressão a que
chamamos selo. Os selos, cujos elementos figurativos ou afigurativos excedem lar-
gamente o campo da Heráldica, são anteriores a esta, servindo desde a Antiguidade
até aos nossos dias para autenticar, identificar e manter cerrados os mais variados
objetos, em especial documentos. A Sigilografia estuda-os do ponto de vista artísti-
co, iconográfico, jurídico, diplomático, assim como no domínio do simbólico.
O bom estado de saúde de que gozam de momento estas duas disciplinas tanto
em Espanha como em Portugal, com o multiplicar de publicações e pesquisas, con-
duziu-nos à ideia de pôr em comum os trabalhos ou investigações que, indepen-
dentemente da sua cronologia ou enfoque, têm sido levados a cabo em torno destas
temáticas. Dessa ideia surgiu o volume atual, que congrega investigadores das duas
disciplinas e oferece ou permite um espaço de diálogo e reflexão sobre as iniciati-
vas que, nestes campos, estão a ser levadas a cabo em Espanha e Portugal, e sobre
futuras linhas de investigação conjuntas. Um livro que possa mostrar aos investi-

11
gadores, mas também ao público em geral, o que se faz e tem feito no campo das
duas disciplinas na Península Ibérica, entre a tradição e a inovação. Esperamos que
ele possa vir a servir de catalisador para o desenvolvimento de novas investigações
sobre a Heráldica e a Sigilografia nos territórios peninsulares ou sob domínio das
monarquias ibéricas.

Dra. Maria do Rosário Barbosa Morujão


Universidade de Coimbra
Dr. Manuel Joaquín Salamanca López
Universidad Complutense de Madrid

12
Idade Média
LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN
EL SIGLO XIII. EL SELLO Y LAS CLÁUSULAS DE SU ANUNCIO

FRANCISCO ANTONIO CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO


Archivo de la Catedral de Cuenca
archicatedral@gmail.com

Resumen: El Cabildo de la catedral de Cuenca tiene su origen en los años finales


del siglo XII, mediante el Acta fundacional del aún electo obispo don Juan Yáñez
y previa autorización del papa Lucio III. Entre los primeros miembros del nacien-
te Cabildo creemos que se encontraba ya la dignidad de magisterescolarum, res-
ponsable de todo lo relacionado con las funciones culturales y “burocráticas” de la
Institución, entre las que se encontraba la custodia y “aposición” del sello. Pensamos
que desde sus orígenes el Cabildo validó sus documentos con sello propio, del que
tenemos constancia ya en 1201. Durante el siglo XIII tuvo, que sepamos, al menos
tres matrices: la primera de tipología heráldica y las otras dos hagiográfica, repre-
sentando a la Virgen María en posición sedente.

Palabras clave: Siglo XIII, Cuenca, Cabildo, sellos.

Résumé: Le Cabildo de la cathédrale de Cuenca, a son origine dans les dernières


années du XIIe siècle, grâce à l’acte fondateur de l’évêque encore élu don Juan
Yáñez et l’autorisation préalable du pape Lucio III. Parmi les premiers membres
du Cabildo naissant, nous croyons que c’était déjà la dignité de magisterescolarum,
responsable de tout ce qui concerne les fonctions culturelles et “bureaucratiques”
de l’Institution, dont la garde et “l’apposition” du sceau. Nous pensons que dès ses
origines, le Cabildo a validé ses documents avec son propre sceau, dont nous avons
des preuves déjà en 1201. Au cours du XIIIe siècle, il avait, à notre connaissance, au
moins trois matrices : la première de typologie héraldique et les deux autres hagio-
graphiques, représentant la Vierge Marie en position assise.

Mots-clés : XIIIe siècle, Cuenca, Cabildo, phoques.

15
FRANCISCO ANTONIO CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO
LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

I.- INTRODUCCIÓN

No voy a entretenerme en dar una definición de “sello”, puesto que es de todos


conocida la promulgada por el Comité Internacional de Sigilografía1, semejante a
la sencilla definición que ya había dado nuestro rey Alfonso X en las Partidas2, y
que nosotros seguimos al definir el sello como el “signo”, ( la marca del propietario
o titular), elemento “visible”, que confiere a la “actio”, contenido “invisible” del
documento, garantía de validez y autenticidad3, a la vez que realza la autoridad y
personalidad de su propietario o emitente4.
En las páginas que siguen pretendemos hacer una descripción de esos elementos
visibles, los sellos, empleados por el Cabildo de la Catedral de Cuenca, cuya apo-
sición era anunciada, generalmente, por una “cláusula corroborativa”: dos “seña-
les”, interna y externa, de una misma actuación jurídica, entre las distintas fórmulas
que conferían validez a los documentos capitulares. Nos hemos centrado en el siglo
XIII, pues no nos ha quedado ningún testigo de aquellas primeras actuaciones capi-
tulares que se iniciaban a la par del nuevo Obispado, y que tuvieron lugar en la
década de los años ochenta del siglo XII5, aunque no dudamos que el Cabildo pudo
disponer de “sello” para validar los documentos que, presumiblemente, emitía desde
el mismo momento de su fundación, pues quedaba inscrito dentro de esas corpora-
ciones, o colegios de clérigos, que desde los finales del siglo XI se asociaban a una
iglesia catedral y dotadas de personalidad jurídica propia distinta de la episcopal6.
La ciudad de Cuenca fue conquistada en 1177 por el rey Alfonso VIII de Castilla,
ayudado por otros reyes y caballeros hispanos y de más allá de las fronteras penin-
sulares. El asedio a la ciudad musulmana duró nueve meses, desde enero hasta sep-
tiembre, tiempo suficiente para que se fuese fraguando la idea de crear un nuevo
obispado en la ciudad que cada vez estaba más cerca de caer en manos cristianas.
1
“Una impronta obtenida sobre un soporte por la aposición de una matriz presentando signos propios de una auto-
ridad o de persona física o moral”. “TRAVAUX du Comité Internationale de Sigillographie”, en Diplomática et
Sigillografica, Folia Caesaraugustana, 1. Zaragoza: Instituto Fernando el Católico (CSIC), 1894, pp. 177-178.
2
Partidas, 3. Tit. 20. Ley 1. “Es señal que el rey, u otro ome qualquier manda facer en metal, o en piedra para firmar
sus cartas con él”.
3
CARRASCO LAZARENO, María Teresa - El sello real en Castilla: tipos y usos del sellado en la legislación y
en la práctica documental (siglos XII al XV), en De sellos y blasones: miscelánea científica, Madrid: Universidad
Complutense de Madrid – Asociación de Genealogía, Heráldica y Nobiliaria, 2012, pp. 63-64.
4
RIESCO TERREO, Ángel - Introducción a la Sigilografía, Madrid: Hidalguía, 1978, pp. 13-14.
5
Sobre la fundación del nuevo obispado, véase CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO, Francisco Antonio - “Las bulas
de fundación del obispado de Cuenca”, en Cuenca. Revista de la Excma. Diputación Provincial, 25/26 (1985), pp.
101-115.
6
Capacidad autonormativa reconocida a los municipios, es decir, la “potestad de ordenanzas” que parte de Federico
I Barbarroja, 1152-1190, al aceptar las normas municipales como Derecho alegable en el nivel de la jurisdicción
imperial. A partir de aquí los juristas realizarán un esfuerzo de ampliación en beneficio de las ciudades y de las cor-
poraciones mercantiles y académicas que se extenderá con rapidez hacia las otras entidades colegiadas del tránsito
hacia la modernidad. Según ellos, la potestad de dictar estatutos y ordenanzas por parte de los entes afirmados como
universitas (potestas condendi statuta) radica en el Derecho de gentes, y cada universitas la posee por sí y no preci-
sa para ejercerla concesión ni autorización de autoridad superior alguna.

16
FRANCISCO ANTONIO CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO
LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

Era este un proyecto compartido por el rey castellano y el arzobispo de Toledo.


Al rey le convenía delimitar su área de influencia territorial, situando una sede
episcopal en las proximidades de la frontera con Aragón; mientras que para el pri-
mado, don Cerebruno, era una buena ocasión para extender su autoridad median-
te la creación de un sufragáneo en el espacio eclesiásticamente vacío entre Toledo
y Albarracín, que había sido fundada en 11727, cinco años antes de que lo fuera
Cuenca.
En efecto, en esos momentos, se pusieron los pilares que sustentarían la estructu-
ra de esa nueva Iglesia local que se “reiniciaba” tras la conquista de las tropas cas-
tellanas. En primer lugar el nombramiento del Obispo, como cabeza de la Diócesis,
que ya estaba “de facto” en la mente del metropolitano de Toledo8 antes de que la
ciudad musulmana cayera en manos del rey cristiano Alfonso VIII, e inmediata-
mente, la fundación y constitución del primer Cabildo de canónigos9, instituciones
ambas indispensables para la plena configuración del nuevo Obispado10.

II.- EL CABILDO DE LA CATEDRAL

Como hemos señalado, inmediatamente después de conquistada Cuenca y antes


de que se erigiese canónicamente la nueva diócesis en 118211, ya estaba nombrado
para organizarla eclesiásticamente un hombre de la total confianza del arzobispo
toledano, pues se trataba del arcediano de Calatrava, Juan Yáñez, quien al menos ya
en abril de 1178 figura como obispo electo de la futura nueva diócesis12.
En junio de 1182 se recibieron en la Corte y en Cuenca las cartas del papa Lucio
III, remitidas desde la ciudad de Velletri, aceptando integrar los antiguos obispados
visigodos de Ercávica y Valeria en una nueva diócesis13, cuyo centro administrativo
7
DÍAZ IBÁÑEZ, Jorge - Iglesia, sociedad y poder en Castilla. El obispado de Cuenca en la Edad Media (siglos
XII-XV), Cuenca: Editorial Alfonsípolis, 2003, p. 28.
8
Le venía esta situación privilegiada de época visigoda cuando en el Concilio XII de Toledo, celebrado en el año
681, se le concede autoridad para ordenar obispos incluso de otras provincias eclesiásticas. Por eso, desde la con-
quista de Toledo, su arzobispo, el cluniacense don Bernardo, no cejará hasta volver a recuperar esa prerrogativa de
la que habían gozado sus antecesores, consiguiendo de Urbano II, por privilegio otorgado en Anagni en octubre
de 1088, el privilegio de primacía eclesiástica sobre todos los obispos hispánicos, extendiendo su jurisdicción, al
compás de la reconquista, sobre las mismas diócesis que tuvo en época visigoda. Véase RIVERA RECIO, Juan
Francisco - “Encumbramiento de la Sede Toledana durante la dominación visigótica”, Hispania Sacra, 8 (1955), pp.
3-32; La Iglesia de Toledo en el siglo XII, I. Roma: Iglesia Nacional de España, 1966, pp. 248 y ss. DÍAZ IBÁÑEZ,
Jorge - Iglesia, sociedad y poder, pp. 28-29.
9
Que llevó a cabo el aún electo obispo don Juan, mediante documento emitido, presumiblemente, en Toledo, el 28
de julio de 1183, con el asentimiento del primado arzobispo de Toledo. ACC. I. Caj. 1, n. 4.
10
“Pues un obispado no se consideraba canónicamente completo hasta que el obispo no contase con su propio
cabildo”, según RUBIO MERINO, Pedro - Archivística eclesiástica. Nociones básicas, Sevilla: Guadalquivir S.L.
Ediciones, 1998, p. 84
11
CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO, Francisco Antonio - “Las bulas de fundación”.
GONZÁLEZ GONZÁLEZ, Julio - El reino de Castilla en la época de Alfonso VIII, Madrid: Escuela de Estudios
12

Medievales, 1960, p. 403.


13
Archivo Catedral de Cuenca (ACC) I. Caj. 1, nº 2 y nº 3. Los documentos papales, “litterae gratiosae”, están

17
FRANCISCO ANTONIO CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO
LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

estaría, precisamente, en la ciudad recién conquistada por Alfonso VIII, promotor,


junto con el arzobispo de Toledo, de esa nueva circunscripción eclesial, así como
del nombramiento de su primer obispo. No tardó el aún obispo electo en solicitar los
permisos oportunos a la Santa Sede para crear su cabildo, pues sabía perfectamente
que era una institución imprescindible para la plena configuración de un nuevo obis-
pado, sobre todo, desde que Gregorio VII (1073-1085) introdujo una fundamental
perspectiva en la organización canonical, al convertir a estas comunidades de cléri-
gos, que se creaban en torno al obispo, en una corporación, un colegio de clérigos
adscritos a una iglesia catedral y dotado de personalidad jurídica propia distinta de
la episcopal14.
La respuesta a la solicitud del electo obispo para instituir su primer cabildo no se
hizo esperar. En los “idus maii” de 118315, el papa Lucio III, desde la misma ciudad
suburbicaria de Roma, envió su autorización al electo conquense, quien apenas un
mes después ya tenía lista la configuración de la Institución capitular, pues el día 28
de julio la hizo efectiva, no sólo con el nombramiento de los 16 primeros canónigos,
sino también con la concesión de las primeras rentas que serían la base económica
de su mantenimiento, ya que desde el punto de vista puramente canónico se trataba
de un convento de canónigos regulares, aunque, ciertamente que no tardaron mucho
en secularizarse.
En el documento de creación, no se hace ninguna distinción entre los primeros
componentes del cabildo, aunque está clara la intención pontificia de autorizar al
obispo electo a que hiciera las distinciones pertinentes mediante el nombramiento de
las oportunas “dignidades” capitulares, si bien no aparecen documentalmente hasta
los inicios del siglo XIII. De esta forma, podemos asegurar que la configuración del
primer cabildo catedralicio era de ocho dignidades. Un prior, que será sustituido
posteriormente por el tradicional deán; cuatro arcedianatos: los de Cuenca, Alarcón,
Huete, que ya existía antes de la conquista de Cuenca, aunque dependiente de la
diócesis de Toledo, y el de Cañete, que al menos desde abril de 1215 ya había sido
sustituido por el de Moya. Junto a los arcedianos, hemos de situar las dignidades del
chantre, el maestrescuela y el tesorero. Las dignidades, dada su importancia, disfru-
taban de mayores rentas capitulares, ocupando, además, los asientos más preemi-
nentes en el coro de la catedral. Tras las dignidades seguía en importancia el cabildo
de canónigos, corporación catedralicia por excelencia, al que también pertenecían
las propias dignidades en función de la posesión de alguna canonjía. Inicialmente el
número de canónigos fue de 16, pero más tarde aumentó hasta quedar establecido
en 26. Por último estaban los llamados racioneros y mediorracioneros o compañe-
ros, cuyo número, tras las importantes reformas que llevó a cabo el cardenal Gil de

emitidos desde el mismo lugar y con la misma fecha, el primero dirigido al rey Alfonso VIII, “Karissimo in Cristo
filio A. illustri regi Castelle, salutem et apostolicam benedictionem”; y el segundo al aún electo obispo, don Juan
Yáñez, “Dilecto filio Iohanni, concensis electo, salutem et apostolicam benedictionem”. Ver nota 5.
14
Véase PÉREZ-PRENDES, José Manuel- Instituciones medievales, Madrid: Editorial Síntesis, 1997, p. 174.
15
ACC. I. Caj. 1, nº 3.

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FRANCISCO ANTONIO CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO
LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

Torres, legado pontificio, quedó establecido en 10 y 12 respectivamente16. Durante


el tiempo que dedicaremos a nuestro estudio sigilar, el Cabildo no volvió a sufrió
ninguna modificación en su estructura nuclear17.

1.- Sellos capitulares

De los primeros años de la andadura capitular, que coinciden con los últimos
del siglo XII, no nos ha llegado ningún testimonio sigilar del Cabildo conquense,
aunque creemos que pudo tener sello y, por lo tanto lo pudo utilizar para validar los
documentos que emitía, pues, en la incipiente estructura y organigrama del primer
Cabildo aparecerá muy pronto la figura del “magisterescolarum” 18, recogida por
Alfonso X en Las Partidas19 adjudicándole todo lo relacionado con el mundo cultu-
ral, y “burocrático” de la institución, pues lo asemeja con el “chanceller”, custodio
del sello y supervisor de su “puesta” en los documentos.
Aunque parezca una digresión en el tema, me permito hacer referencia al sello
que valida el Acta fundacional de este primer Cabildo, toda vez que está íntimamen-
te relacionado con nuestro estudio y no se trata, “stricto sensu”, de un sello episco-
pal, pues su poseedor e impositor, aún no está consagrado obispo. Nos referimos al
sello de don Juan Yáñez, por entonces arcediano de Calatrava y obispo electo, y lo
traemos a colación para conocer uno de los primeros sellos pendientes, no reales,
que se emplearon en Castilla para validar documentos20, que tiene, junto a su inne-
gable interés jurídico-diplomático, suma importancia para la historia de la catedral y
de la iglesia conquense, además de un interesante valor en todos los otros aspectos
en los que es susceptible de ser analizada una impronta sigilar, como describiremos
a continuación.
El sello al que nos referimos (Fig.1), y único conservado del electo, y posterior-
mente consagrado obispo, don Juan Yáñez, pende de este documento fundacional
16
ACC. I. Caj. 5, nº 7. En 1251, el legado pontificio Gil, cardenal de san Cosme y san Damián, y legado pontificio,
estableció que las raciones de la iglesia de Cuenca quedasen establecidas en 10 racioneros y 12 mediorracioneros.
Estos miembros capitulares, de menor categoría, aparecen ya mencionados en el Estatuto elaborado por el obispo
don Julián en 1201, al establecer cómo se han de distribuir las rentas entre los miembros capitulares que asistan a
los actos litúrgicos que se celebrasen en la catedral (ACC. I. Caj. 2, nº 6), pero es probable que su creación hubiera
sido también obra del primer obispo. Los datos referentes a los primeros miembros capitulares han sido tomados,
básicamente, de DÍAZ IBÁÑEZ, Jorge - Iglesia, sociedad y poder, p. 30.
17
A principio del siglo XV se instituyeron dos nuevas dignidades, cuya titularidad se puso en las abadías de Santia-
go y de la Sey
18
DÍAZ IBÁÑEZ, Jorge - Iglesia, sociedad y poder, p. 30.
19
Según determina Alfonso X en Las Partidas (I, tit. 6, ley 7), el maestrescuela es el canciller del cabildo y debe
guardar el sello del mismo, que no puede dejar a nadie estando él presente. Si se ausenta, entonces tiene la obliga-
ción de dejarlo a otro canónigo o racionero, debiendo dársele en Cabildo, y lo tendrá hasta que regrese. Debe dictar,
revisar y autenticar cuantos documentos se expidan por el cabildo, y sellarlos después que sean leídos y aprobados
en cabildo.
20
Véase MENÉNDEZ PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino - Apuntes de Sigilografía española, Guadalajara:
AACHE Ediciones, 1993, p. 62, que recoge la más antigua impronta conservada de 1146, pendiente de un docu-
mento de Alfonso VII.

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FRANCISCO ANTONIO CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO
LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

(Fig. 2) en el que deja claro, en la intitulatio, su categoría: “Ego, Iohanes, Dei gra-
tia Conchensis electus”, y datado, según hemos dicho, del día 28 de julio de 1183,
“Facta carta mense iulio, V Kalendas augusti, Era M. CC. XXI”21. Se vincula al
documento por un elegante lemnisco de cordoncillo de lana roja que se enhebra por
tres “oculi” en la plica en aposición triangular.
Es de cera oscura, perfectamente conservado, de una sola impronta circular de 30
mm de diámetro que está incrustada en un trozo de cera ligeramente oblongo de 50
X 40 mm con la parte posterior convexa. Ocupa el campo la efigie del busto de un
eclesiástico con capa pluvial y estola cruzada sobre el pecho, de izquierda a derecha,
a la manera como la llevan los diáconos; la cabeza descubierta y el pelo rizado en
forma de cerquillo, al estilo de los patricios romanos. Presenta la mano izquierda
abierta al frente, en una composición típicamente románica, que recuerda a la ima-
gen del pantocrátor, mientras que con la derecha sujeta el libro de los Evangelios a
la altura del pecho, sin portar ningún atributo de dignidad episcopal22, que junto a la
colocación de la estola, nos informan del cargo que en ese momento desempeñaba
de arcediano, “archidiácono”, de Calatrava.
Todo el conjunto está realizado con gran delicadeza, como si fuera debido a la
impronta de algún camafeo paleocristiano que hubiera sido acoplado como “annu-
los” y convertido en “signo” personal por el arcediano. La figura está enmarcada
por una línea continua y orlada por una leyenda de carácter religioso, tomada de
la primera carta que el apóstol san Pablo dirigió a los cristianos de Corinto23, en
letras capitales, con la introducción de la uncial “M” en el verbo final “SVM”, sin
aludir a su condición de obispo electo. Es, además, la misma leyenda utilizada por el
arzobispo de Toledo en el reverso del sello que acompaña, en el documento, al que
estudiamos, respaldando el hecho jurídico del sufragáneo conquense.
La leyenda, que se inicia partiendo de una cruz patada, dice así:

21
ACC. I. Caj. 1, nº 4.
22
Como recoge RIESCO TERRERO, Ángel - Introducción, pp. 60-61.
23
1 Cor. 15, 10. “Por la gracia de Dios soy lo que soy”.

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FRANCISCO ANTONIO CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO
LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

“GRA[TIA] DEI SVM ID QVOD SVM”.




Fig. 1. Sello del obispo electo, Juan Yáñez. 1183

El sello se anuncia mediante la siguiente cláusula corroborativa: “


Ut autem donatio mea valeat et firmitatem obtineat, sigilli mei munimine eam roboro et
confirmo”.

Esta validatio está refrendada por el arzobispo toledano, quien la asume anun-
ciando personalmente la aposición de su sello de forma manuscrita, al pie del tenor:
“Ego, G[undisaluus], toletanus archiepiscopus et Yspaniarum primas, confirmo et sigillum
meun appono”.

Encontramos, además, otra diferencia en la forma y aposición de ambos sellos.


El del arzobispo es biojival y de doble impronta. En la cara principal, la imagen de
un obispo revestido de los atributos de su dignidad episcopal y gesto pastoral; mien-
tras que en el reverso se representa a la Virgen “sedente” y con el Niño en el regazo
sobre su rodilla derecha. Todo el sello está realizado con suma delicadeza, lo mismo
en lo tocante a las iconografías que reproduce ambas figuras con todo lujo de deta-
lles, en vestidos y rostros, como en la materia que las acoge, que es de cera ámbar
y de poco grosor, sin nada de rebordes. Está situado en el centro del documento y
pende de una correílla de badana de dos “oculi” romboidales en la plica, mientras
que el sello del electo conquense pende de un largo cordoncillo de lana roja, de dos
orificios desplazados hacia la izquierda del sello arzobispal.

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Fig. 2. Institución del Cabildo de Cuenca. 1183.

Para terminar esta breve digresión, digamos que de don Juan Yáñez, ya como
obispo consagrado y cabeza de la iglesia conquense, nos han llegado otros cuatro
documentos. Dos en su traditio original24, pero que no conservan el sello, y otros
dos en copias públicas25, realizadas por el benedictino Domingo de Ibarreta en su
calidad de “notario del Cabildo”, cuya fe le fue otorgada por la institución capitular
“ad casum”, es decir, únicamente para certificar las copias de los documentos que
copiaba en el “Becerro” que el Cabildo le había encomendado realizar, y durante el
tiempo que emplease en llevar a cabo dicha confección26.
Volviendo al objetivo de estas páginas, tenemos constancia de que el Cabildo
conquense utilizó tres tipos de matriz a lo largo del siglo XIII, reflejadas en las
improntas que se conservan pendientes de los documentos que validó. La primera es
de tipología heráldica, reproduciendo un castillo, símbolo del reino al que pertenece,
y las otras dos de tipología iconográfica, representando imágenes diferentes de la
Virgen María.

1.1.- El primer sello capitular: símbolo heráldico de Castilla

De 1215 es la primera impronta original que conservamos del sello capitu-


lar, “Data apud Concha, XX. III die mensis iulii, sub era M. CC. L. III”27. Como
veremos en su momento, representa en su campo un castillo, símbolo heráldico de
24
ACC. I. Caj. 1, n. 7 y n. 23.
25
ACC. III. Lib. 748, ff. 9r y 13r, respectivamente.
26
CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO, Francisco Antonio - “Dos supernumerarios de la Real Academia de la Histo-
ria `archiveros´ de la catedral de Cuenca a finales del siglo XVIII”, en Boletín de la Real Academia de la Historia,
204, II (2007), pp. 276-279.
27
ACC. I. Caj. 2, nº 16.

22
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Castilla28, y parece ser la matriz que vendría utilizando el Cabildo desde los prime-
ros momentos de su fundación. Ya Mártir Rizo en su Historia de Cuenca29, habla
de las “armas” que dio el primer obispo, Juan Yáñez, a la catedral, las mismas que
había tomado para él30: “Tomó nuestro obispo don Juan Yáñez por armas un castillo,
y estas también dio por armas a la santa Iglesia de Cuenca, como consta de algu-
nas escrituras del archivo de la misma Iglesia”. Efectivamente, como hemos dicho,
la primera impronta que conservamos del Cabildo es un castillo, del que tenemos
constancia gráfica, antes de que nos encontremos con su original, gracias a la copia
que en el siglo XVIII se hizo del documento que validaba en 1201.
Mientras tanto, y a la espera de ese documento original, digamos que nuestro
Cabildo, desde los primeros momentos de andadura como institución independiente
y autónoma del Obispo, emitió sus propios documentos que, sin duda, validó con su
propio sello31. El primer documento en el que interviene el Cabildo en la “actio” es
una “concordia” realizada con el Obispo, datada en 118532, escriturada como carta
partida por a.b.c. y que ha llegado a nosotros en pésimas condiciones de conser-
vación, pues ha perdido toda la parte inferior del tenor, lo que hace imposible ver
si llevaba “fórmula corroborativa de anuncio sigilar”, y, lógicamente, también ha
desaparecido la plica, donde penderían los sellos que presumiblemente tendría. Hay
otros documentos en los que interviene el Cabildo como actuante y que, igualmen-
te, pudo validar con su sello. Una nueva “concordia”, entre los mismos autores, se
llevó a cabo en 1194. En esta ocasión intervienen el rey y el arzobispo de Toledo,
otorgando su respaldo y autorización a la “actio” llevada a cabo por las instituciones
eclesiásticas conquenses. Este documento se ha conservado únicamente como copia
en el Libro Becerro33, gracias a ella sabemos que no faltó esta formalidad validativa,
aunque en el tenor no se incluye ninguna fórmula de anuncio sigilar, pues, aunque
el copista no dibujó los sellos, como en otras ocasiones hizo, sí puso una “nota” al

28
GONZÁLEZ GONZÁLEZ, Julio - “Los sellos concejiles de España en la Edad Media”, Hispania, 20 (1945), p.
347. Este autor opina que la utilización por los concejos del símbolo heráldico de Castilla, un castillo, habría que
ponerlo en relación con la concesión y derecho a usar este símbolo que hacen los reyes a algunos concejos en los
primeros momentos de su andadura, como es el caso, por ejemplo de Cuenca. No creemos que haya ninguna difi-
cultad en extrapolar estas concesiones a los cabildos catedralicios en la misma situación histórica. A este respecto,
puede verse CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO, Francisco Antonio - “Sellos reales y del Concejo en el Archivo
Municipal”, en Ciudad de Cuenca, 89 (julio-septiembre 1987), pp. 57-58.
29
MÁRTIR RIZO, Juan Pablo - Historia de la muy noble y leal ciudad de Cuenca, Madrid: por los herederos de la
viuda de Pedro de Madrigal, 1629, p. 144.
30
Aunque pudiéramos pensar que tomó como “armas” el castillo una vez consagrado obispo, pues ya hemos visto el
sello de su etapa de electo, que es “figurativo”, con la efigie de un clérigo, un “archidiácono”, cargo que desempe-
ñaba en la iglesia de Toledo antes de su elección episcopal, creemos que no fue así, pues ya veremos la descripción
que del sello episcopal hace Ibarreta, que es el clásico figurativo de un clérigo de pie.
31
CARRASCO LAZARENO, María Teresa - “El sello real en Castilla”, p. 64.
ACC. I. Caj. 1, nº 7. Es el primer testimonio que ha llegado hasta nosotros de un documento en el que aparece el
32

Cabildo interviniendo en la “actio” junto con el Obispo. No está copiado en el Libro Becerro.
33
ACC. III. Lib. 748, f. 13r-v. Es una “composición” entre el obispo Juan Yáñez y el cabildo, asignando las tercias
de algunos lugares a la fábrica de la catedral, hecha con consentimiento del rey y del arzobispo de Toledo.

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final de su copia, dando detalles concretos de los sellos que pendían de los docu-
mentos originales que copiaba. Así sabemos que este documento en cuestión llevaba
los correspondientes sellos para validar su acción jurídica:
“Nota: De dos sellos que tenía, se conserva el primero, ovalado de cera pendiente de dos
correas de gamuza, y en él se representa la figura de un hombre en pie, ropa talar, y en la orla
se lee “ S…COnChEnSIS. EPISCOPI”, de el otro se conservan enlazados en el pergamino los
hilos de seda floja encarnado de que estaba pendiente”

Por lo que describe el benedictino, los restos mejor conservados pertenecían al


sello del obispo don Juan34, mientras que “los hilos de seda floja encarnado” parecen
indicar que de ellos pendería el sello del rey, pues la seda es propia de la realeza.
Al no hacer mención a los otros dos sellos que sin duda llevaría la “concordia”, el
del Cabildo, como parte activa de la “actio”, y al del arzobispo de Toledo, quien
junto con el rey había supervisado la “concordia”, nos hace suponer que ya en ese
momento no se conservaba de ellos nada más que los respectivos óculos en la plica.
Otro dato importante que nos aporta es el sistema gráfico que se utilizó en la leyen-
da, pues el dibujante es meticuloso en transmitir su “modelo”. Se utilizó, básica-
mente el alfabeto capital, con las intromisiones de la gótica minúscula en la “n” y
“h”, y un guiño a la uncial en la “€”.
En este momento, del heráldico castillo, como “armas” del Cabildo, únicamente
tenemos la referencia literaria que nos ha dado Mártir Rizo35, suponemos que basa-
da en la visión directa de los documentos custodiados en el Archivo de la catedral.
No podemos saber, porque nada nos dice, de qué documento pendía el primero de
sus sellos, quizá de alguno de los datados en el siglo XII, pues no creemos que a
principios del siglo XVII, cuando los pudo ver el autor, ya estuvieran en las mis-
mas deterioradas condiciones en las que nosotros los vemos ahora. Tampoco es tar-
día la primera descripción visual del sello capitular, pues validando el “Estatuto”36
hecho por el obispo don Julián, con “consentimiento” del Cabildo, datado en 1201,
el padre Ibarreta en el “Becerro”37, en la habitual “nota” al pie de la transcripción,
escribió:
“Nota: En el primer sello de cera ovalado pendiente con correas, de el copiado original, se
representa un obispo sedente, con mitra puesta y báculo pastoral en la siniestra mano, la diestra
lebantada en ademán de bendición, y en la orla alrededor se lee: + Sigillum Juliani Conchensis
episcopu (de letras monachales)38.

34
No hace ninguna referencia “al castillo”, que según Mártir Rizo el obispo había tomado como “armas”, y lo que
describe es la iconografía de un sello episcopal.
35
Ver nota 31.
36
ACC. I. Caj. 2, nº 6.
37
ACC. III. Lib. 748, ff. 22v-25r. No dibujó ninguno de los dos sellos que describe.
38
El padre Ibarreta emplea la nomenclatura preferida por sus coetáneos paleógrafos españoles, para denominar a
la escritura “gótica” que se extendió por toda Europa en el siglos XII, como escritura para libros. Ver MILLARES
CARLO, Agustín - Tratado de Paleografía, I, Madrid: Ed. Espasa-Calpe, 1983, p. 112.

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Y en el segundo, circular, también de cera y pendiente de correas del mismo original, en su


centro se representa un castillo de tres torres, la del medio más alta, y de cada lado las picas
levantadas, y en su orla se lee: + Sigillum Conchensis capituli”.

El documento que comentamos (Fig. 3), aún conserva el sello del obispo don
Julián, no así el del Cabildo, pero su descripción está basada en la visión directa del
original, que en aquellos momentos aún existía, por lo tanto es de todo punto acep-
table como testimonio. Pero, además de esta descripción literaria, junto al original
se conserva una copia realizada años después del Libro Becerro, que es una transli-
teración del documento, tanto de su tenor como de la sencilla greca en líneas curvas,
en tinta azul y roja, que lo enmarca, y, por supuesto, no olvidó dibujar los sellos de
su validación. Es en esta copia, por desgracia, muy deteriorada y dificultosa para ver
algunos detalles del texto y de los sellos, donde tenemos la primera prueba visual
del sello del Cabildo conquense, que, en efecto, es el símbolo heráldico de Castilla
(Fig.4). Podemos observar, además, las gruesas correas de badana que enhebradas a
tres orificios romboidales, en aposición triangular, vinculan ambos sellos a la plica
(Fig. 5).


Fig. 3. Sello del Obispo don Julián. 1201. Fig. 4. Dibujo del primer sello del
Cabildo. S. XVIII.

Fig. 5. Dibujo de los sellos del obispo don Julián y del Cabildo. S. XVIII.

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El anuncio del sellado aparece en una cláusula corroborativa y manuscrita del


propio obispo, donde hace constar de forma directa que la validación es compartida
con el cabildo, “consensu capituli”, aunque nada diga de la aposición del sello capi-
tular, que parece darse “por hecho”:
“Ego, Iulianus, Dei gratia Conchensis episcopus, hac instruccionem de mandato meo et
consensu capituli, factam confirmo et manu propia subscribo et sigillo meo munio”.

Con posterioridad a este documento, el cabildo siguió escriturando sus negocios


y validándolos con su sello, que sin duda es el mismo comentado, pues aunque no se
hayan conservado ninguna impronta, sí tenemos los testimonios, óculos y restos de
los vínculos que les unían a las plicas. Por ejemplo, testigos de lo que decimos son
dos “concordias” datadas ambas en el mes de marzo de 1207, con tres días de dife-
rencia. La primera se escrituró en Guadalajara el día 639 (Figs. 6 y 7). Intervienen
como autores el cabildo y el concejo de Cuenca, como mediadores, supervisores, el
arzobispo de Toledo y el obispo de Cuenca, además del aval regio. Lo que resulta
curioso es que en la fórmula del anuncio sigilar no aparecen para nada los autores,

“Et ut presens pagina firmius robur obtineat, dominus Aldefonsus, Dei gratia rex Castelle, et
domnus Martinus, Toletanus archiepiscopus, et Julianus, Conchensis episcopus, sigilla sua
huic carte preceperunt apponi”.

mientras que en la plica, aunque está muy deteriorada, se observan perfectamente


los testigos de cinco sellos. En el centro persiste un torzal de hilos de seda amarillos
enhebrados en dos óculos, para mejor soportar el peso del sello de plomo regio, en
aposición horizontal y ligeramente en línea superior al resto. Los otros cuatro sellos,
que serían de cera y de menor peso, disponen de un solo orificio, situados dos a cada
lado del regio, hechos con punzón que no produce ninguna forma concreta. En los
de la izquierda también se conservan algunos restos de hilos de seda amarillos entre-
lazados. No cabe duda que a los sellos de los tres sigilantes anunciados en la cláusu-
la se añadieron los sellos de los autores directos de la concordia, el del Cabildo y el
del Concejo, apuestos en los extremos de la plica.

Figs. 6 y 7. Anverso y reverso de la plica de la concordia de 6 de marzo de 1207.

La otra “concordia”, se fechó el día 9 en Pinilla de Jadraque, aldea de Atienza40


(Figs. 8 y 9). Es un documento restaurado por el mal estado en que se encontraba,
39
ACC. I. Caj. 2, nº 8. Concordia entre el cabildo y el concejo de Cuenca, acerca de las instancias judiciales a que se
deberían someter los criados de los clérigos.
40
ACC. I. Caj. 2, nº 9. Concordia entre el Cabildo y los clérigos de las parroquias de la ciudad de Cuenca sobre el

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recuperándose la lectura de casi todo el tenor, aunque ha sido imposible hacerlo con
su final, donde se encontraría la mención a la imposición de los sellos, no obstante
podemos leer lo siguiente:
“Omnia autem que predicta fuerunt, siue inter episcopum et clericos parroquiles, siue inter
canónicos et eosdem clericos parroquiales, facta et roborata sunt consensu et auctoritate
predicti episcopi Conchensis domini Iuliani et canonicorum conchensium et clericorum
parrochialium siue uille siue aldearum, ita quod nec ipsi nec eorum successores co[ntra] ista
que dicta sunt aliquid facere uel inmutare (…) magis sit confirmata, corroborata et plus habeat
auctoritatis ita quod non possit infringi, apposita (…[aquí se mencionaría la aposición de los
sellos]) Iuliani, Conchensis episcopi, et eorundem canonicorum conchensium”

En la plica es previsible que se realizaran óculos para otros cinco sellos. En el


centro restan lemniscos de una trencilla de hilos de lino rojo, de donde pendería el
sello del obispo don Julián que ejerce de mediador entre el Cabildo y los clérigos
autores de la concordia. El sello del Obispo parece haber estado vinculado por la
trencilla a dos óculos en horizontal. Se observan otros dos orificios a la derecha que
tendrían su correspondencia con otros dos a la izquierda. Es de señalar que los orifi-
cios parece que se han realizado desde el reverso con una especie de punzón angular
que en el anverso produce óculos rasgados.

Figs. 8 y 9. Anverso y reverso de la concordia de 9 de marzo de 1207.

Esta matriz, que sabemos utilizada ya al menos desde el año el año 1201, es la
misma que encontramos catorce años después. De ello tenemos constancia en un
“acuerdo” pactado entre el obispo, don García, y los clérigos de las aldeas de la tie-
rra de Huete, fechada en abril de 121541, y apareciendo como avalista el Cabildo. El
original, escriturado como carta partida, llevaba tres sellos pendientes, de los que se
conserva únicamente restos del capitular, aunque, al parecer, en perfecto estado de
conservación cuando Ibarreta lo trasladó al “Becerro”42 (Fig. 10). En esta ocasión,
el benedictino tuvo el acierto de dibujar los lemniscos de los perdidos y la impronta
del capitular que, como decimos, en aquel momento aún se conservaba íntegra43.
reparto de algunas rentas eclesiásticas.
41
ACC. I. Caj. 2, nº 15. En carta partida se redactó un acuerdo por el que los clérigos de estas aldeas pagasen 7
mencales (moneda de vellón usual durante el siglo XIII en Castilla equivalente a 18 pepiones) en concepto del
“catedrático”, impuesto anual y forzoso que los clérigos pagaban el día de san Miguel al obispo en reconocimiento
del señorío que ejercía sobre ellos.
42
ACC. III. Lib. 748, ff. 38r-40v.
43
Es de suma importancia el poder disponer de estos “instrumentos descriptivos” que nos informan de sellos y de
otros aspectos de documentos perdidos, proporcionando datos con los que poder recuperar tipos sigilográficos, que

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Del dibujo, muy detallado, está claro que el Cabildo seguía utilizando la misma
matriz, descrita por el padre Ibarreta en los siguientes términos:
“Nota: En el tercer sello de cera pendiente de correas se representa un castillo de tres torres, y
en la orla se lee + : S : canonicorum Conchensis capituli.
De los otros dos sólo han quedado vestigios de las correas de que pendían.”

Fig. 10. Dibujo del sello del Cabildo y restos de lemnisco. S. XVIII.

De la cláusula del anuncio sigilar, redactada en los térrminos que inmediatmen-


te veremos, se deduce que los dos sellos hoy perdidos, pertenecían al obispo de
Cuenca y al abad de Monsalud, quien fue invitado a poner su sello porque los “clé-
rigos de las aldeas no disponían de sello propio”.
“ Ut autem hec compositio inter nos rata firma et stabilis in perpetuum habeatur canonicorum
suscriptionibus et sigilli nostri munimine atque capituli iam dictam compositionen curauimus
confirmari, et ad maiorem cautelam susbscriptiones similiter clericorum earumdem
ecclesiarum apponi convenimus, et cum prefati clerici aldearum proprium sigillum
non habeant, domini abbatis Bonihominis Montis Salutis, sigillo nobis et ipsis eamdem
compositionem placuit communiri”.

Apenas tres meses después, hay otra “concordia” (Fig. 11), realizada el 23 de
julio44, entre el Obispo y, en esta ocasión, los clérigos de las parroquias de la villa
de Huete45, con la mediación del Cabildo, como avalista el arbitraje del arzobispo
de Toledo junto con el abad de Monsalud, y la “invitación” hecha al arcediano de
Huete ante la falta de sello propio de los párrocos de la villa. Junto al sello del
arcediano, es una suerte que se haya conservado el sello capitular, pues los otros
dos se han perdido, aunque cuando Ibarreta46 realizó su copia aún persistía el sello

de otra forma sería más imprecisa su reconstrucción. Véase SANZ FUENTES, María José - “La recuperación de
tipos sigilográficos y modos de aposición a través de las fórmulas documentales”, en Actas del Primer Coloquio de
Sigilografía (Madrid, 2 al 4 de abril de 1987), Madrid: Dirección General de Archivos Estatales, 1990, pp.145-153,
que recoge la “valiosa” opinión, a este respecto, de PASTOUREAU, Michel - Les sceaux, Turnhout: Brepols, 1981.
44
ACC. I. caj. 2, nº 16.
45
Escriturada como carta partida por a. b. c., el acuerdo es parecido al anterior, aunque en esta ocasión el impuesto
quedó fijado en 5 mencales anules.
46
ACC. III. Lib. 748, ff. 40r-42v.

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arzobispal. Los cuatro se vinculan a la plica de correas de badana y de un solo óculo


romboidal (Fig. 12).

Fig. 11. Concordia de 23 de julio de 1215.

Fig. 12. Dibujos de los sellos de la concordia de 23 de julio de 1215. S. XVIII.

Es una suerte que podamos contemplar el único sello original del Cabildo, sin
duda el utilizado desde los inicios de su fundación (Fig. 13). Esta primera impronta
original es de cera oscura, normal en el reino de Castilla, de una sola faz circular
de 60 mm de diámetro, con la cara posterior convexa y grandes rebordes que le fal-
tan en su parte izquierda. Pende, según la praxis de la época, de correas de badana
de un solo orificio romboidal en la plica. El campo está totalmente ocupado por el
emblema heráldico de Castilla, reino al que pertenece el cabildo: un castillo de tres
torres coronadas por picas, la del centro doble de ancha y alta que las laterales, con
ventanas y puerta en el centro. Es el mismo símbolo heráldico que usaba por aque-
llos años, y a lo largo de toda la Edad Media, el concejo de Cuenca47, aunque con
la diferencia, nada desdeñable, de que el cabildo no pone en el reverso el “cuenco”,
símbolo parlante de la ciudad48.
47
En el Archivo de la Catedral de Cuenca se conserva el sello más antiguo del Concejo conquense, fechado en
1225 (ACC. I. Caj. 4, nº 3) que puede ser el sello municipal más antiguo del reino de Castilla, además, de no estar
recogido en el exhaustivo estudio sobre los sellos concejiles de GONZÁLEZ GONZÁLEZ, Julio - “Los sellos con-
cejiles”, pp. 372-374, cuando describe el sello del Concejo de Cuenca.
48
CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO, Francisco Antonio - “Sellos reales”, pp. 57-58. Sobre los sellos de los con-
cejos es imprescindible consultar a GONZÁLEZ GONZÁLEZ, Julio - “Los sellos concejiles”, pp. 339-385; “Pro-
blemas de los sellos concejiles”, en Actas del primer coloquio de Sigilografía (Madrid, 2 al 4 de abril de 1987),
Madrid: Dirección de los Archivos Estatales, 1990, pp. 269-274. En estos trabajos Julio González habla de cómo
en el siglo XIII se creía que el topónimo “Cuenca” significaba “cuenco”, y por eso se adoptó como tipo del sello un

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LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

Partiendo de una cruz ligeramente patada, y bordeando el castillo, entre gráfi-


las, de cordón la exterior y de puntos la interna, se encuentra la leyenda en capi-
tales “mistificadas”49, de módulo algo más grande de lo que parece normal en este
tipo “epigráfico” y gruesos trazos, separada cada palabra por tres puntos verticales.
Tengamos en cuenta que se ha empleado el signo especial de “Ɔ” al principio de
palabra, para expresar la sílaba “CON”, que según Millares “parece” la forma más
antigua para representar este sonido50.

“+ S[IGILLVM] CANONICORVM Ɔ[CON]CHENSIS CAPITULI ”

Fig. 13. Primer sello del Cabildo de Cuenca. 1215

El anuncio de aposición de los cuatro sellos se realiza mediante la siguiente fór-


mula corroborativa:
“Ut autem hec compositio et institutio inter nos facta firma et stabilis in perpetuum habeatur
mediante uenerabili R. Dei gratia, Toletane sedis archiepiscopo Hispaniarum primate, et B.
abbate Montis Salutis, et L. Optensi archidiacono, qui ab utraque parte fuerunt electi iudices
arbitrari canonicorum subscriptionibus et sigilli nostri munimine atque capituli Conchensis
presens instrumentum curauimus confirmare, et ad maiorem cautelam subscriptiones
similiter clericorum optensium apponi conuenimus et cum prefati clerici proprium sigillum

cuenco sin pie, o como una copa a la que siglos posteriores agregaron un pie, resultando así un cáliz. Eso explica
que no sabían que conca o concha, palatalizando por tendencia castellana la segunda C, significaba un camino tor-
tuoso al lado de rocas o muros. Este “cuenco” de original símbolo parlante, pasará a partir de los Reyes Católicos,
a constituir la representación heráldica de la ciudad: Una copa con pie, “cáliz”. Véase como estos cambios son algo
normal en las representaciones de las ciudades y villas, como, por ejemplo, en las valencianas, según CABANES
CATALÁ, María Luisa y BALDAQUÍ ESCANDELL, Ramón - “Sellos municipales valencianos del siglo XV”, en
José Pradell Nadal y José Ramón Hinojosa Montalvo (coords.), 1490: En el umbral de la modernidad. El Medi-
terráneo europeo y las ciudades en el tránsito de los siglos XV-XVI, I, Valencia: Generalitat Valenciana, 1994, pp.
283-300.
49
RIESCO TERRERO, Ángel - Introducción, p. 18.
50
MILLARES CARLO, Agustín - Tratado, I, p. 112.

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non habeant, uenerabilis dicti archiepiscopi et L. Optensis archidiaconi sigillo nobis et ipsis
dictam compostionem placuit communire. Et ut presens scriptum inter nos maioris roboris
firmitatem obtineat illud per alphabetum diuisimus”.

1.2.- Segundo sello capitular: iconografía de la Virgen María.

La devoción a la Virgen María, tan viva en la época medieval y que por influen-
cia bizantina se difundió en las distintas representaciones artísticas, pictóricas y
escultóricas, llegó también al arte sigilográfico, informando la iconografía de gran
número de sellos eclesiásticos del occidente cristiano. Al igual que por otros cabil-
dos peninsulares51 sería adoptada por el conquense cuando a principios del siglo
XIII consagró su templo catedralicio52, poniéndolo bajo la protección de Santa
María.
Con la iconografía de la Virgen María nos han llegado dos modelos de impronta,
que creemos que fueron los únicos empleados por el Cabildo durante la decimo-
tercera centuria, a pesar de las opiniones que divulgaron los autores conquenses
del siglo XVII, partiendo de la idea de Mártir Rizo, quien después de describir las
“armas” del primer sello que según él les había dadas el obispo don Juan Yañez,
sigue diciendo, “pero luego se mudaron en las que antes auemos manifestado”53.
Si retrocedemos en su Historia encontramos la descripción del sello que según él
usó el Cabildo después del heráldico castillo: “Las armas de la santa iglesia son una
jarra de açucenas, y en medio una imagen de Nuestra Señora, como aquí se miran”54
(Fig. 15). Idéntica descripción hizo años después Bartolomé Alcázar, en su Vida de
san Julián, aunque añade que la “imagen es de Nuestra Señora de la Concepción
en escudo coronado55”. Nos parece que ambos autores asemejan el sello con el que
valida los documentos el Cabildo y el escudo que aparecía en diferentes lugares de
la catedral, por otra parte, equiparable al idealizado escudo que por entonces empe-
zaba a utilizar como “armas” el Concejo conquense (Fig. 14).

51
FUENTES ISLA, Benito - “La imagen de la Virgen de los sellos”, Revista de Archivos, Bibliotecas y Museos, 10
(1922), pp. 495-526; 11 (1923), pp. 320-340.
52
PALOMO FERNÁNDEZ, Gema - La catedral de Cuenca en el contexto de las grandes canterías catedralicias
castellanas en la baja Edad Media, I, Cuenca. Excma. Diputación Provincial, 2002, pp. 143-145.
53
MÁRTIR RIZO, Juan Pablo - Historia, p. 144.
54
MÁRTIR RIZO, Juan Pablo - Historia, p. 112.
55
ALCÁZAR, Bartolomé - Vida y milagros de san Julián, segundo obispo de Cuenca, Madrid: Juan Gómez Infan-
zón, 1692, p. 160.

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FRANCISCO ANTONIO CHACÓN GÓMEZ-MONEDERO
LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII


Fig. 14. Escudo de la ciudad de Cuenca. S. XVII. Fig. 15. Sello idealizado del Cabildo. S. XVII.

Un tercer autor, ya del siglo XVIII, normalmente bien documentado, es Mateo


López56, quien recoge la misma descripción, “una jarra de azucenas con la ima-
gen de Nuestra Señora”, y sigue diciendo que en 1630 el Cabildo cambió este sello
por otro que representa “la imagen de Nuestra Señora entregando una palma a san
Julián, que está vestido de pontifical, que son las armas que hoy se usan” (Fig. 17).
En efecto, así fue, pero si nuestro historiador hubiera seguido leyendo el acta capi-
tular se habría dado cuenta del sello que hasta el momento del cambio venía usando
el Cabildo, pues allí se dice “…y que la mudanza del sello es solo en poner al santo
desta suerte, pues el antiguo que tiene es la imagen de Nuestra Señora sentada en
una silla”57 (Fig. 16).


Fig. 16. Sello del Cabildo. 1616. Fig. 17. Sello del Cabildo. 1633

56
LÓPEZ Y BAENA, Mateo - Memorias históricas de Cuenca y su obispado [1787]. I. Ed. de Ángel González
Palencia, Cuenca: CSIC y Ayuntamiento de Cuenca, 1949, p. 190.
57
ACC. III. Lib. 118, f. 57v. Acta capitular de 6 de Julio de 1630.

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LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

Ante esta realidad no caben las idealizaciones de los autores barrocos, y nosotros
tenemos la constancia de la continuidad en la iconografía mariana desde los comien-
zos del siglo XIII que veremos a continuación, con los cambios de estilos artísticos
que el lógico devenir de modas y gustos temporales acercaba hasta nuestra ciudad.

1.2.1.- Primer modelo

Del primer tipo iconográfico con la imagen de la Virgen María tenemos dos ejem-
plares que validan el mismo instrumento jurídico, ya que se trata de una “concordia”
habida entre el Cabildo y una mujer llamada “dona Ouenna”, que se escrituró como
carta partida por a.b.c. El documento está datado en 122558 y, presumiblemente en
Cuenca, “VII calendas marcii, et era día domingo, sub era M. CC. LXIII”.
Ambos están bien conservados, y la única diferencia que encontramos es su colo-
ración, pues, mientras que uno de ellos es de cera clara, el otro ha tomado un color
amielado oscuro (Figs. 18 y 19) . Su forma es de doble ojiva y una sola impronta de
85 X 45 mm. La cara posterior convexa. El de color más claro está protegido por
una especie de saquito de tela de lino59, que quizá al otro no se le puso, y de ahí su
color más parduzco60. Ambos se vinculan a la plica mediante lemniscos de correas
de gamuza enhebrados a tres óculos en aposición triangular que descienden por una
abertura en el doblez del pergamino.
Ocupa el campo la imagen de la Virgen, sentada, con las piernas juntas y los pies
apoyados en un escabel. El sitial es de talla, con los brazos terminados en bolas.
Es una imagen hierática, donde la rigidez propia de la época se refleja en un rostro
inexpresivo, de ojos saltones, y en la poca amplitud del vestido, una túnica estrecha
de rígidos y escasos pliegues que se pega a las piernas, en los que se descubren
influencias bizantinas en la franja bordada que lleva por debajo de las rodillas. El
manto superior es una “pénula” ricamente bordada, que deja ver la mano derecha
sujetando un cetro rematado en tres florones, mientras que con la mano izquierda
sujeta al hijo por la espalda. Se cubre la cabeza con un velo que se ciñe al rostro,
como una toca, para cerrarse en el cuello, sobre la que lleva una sencilla corona
imperial de tres picos y nimbo
De pie, sobre la rodilla izquierda descansa el Niño, cuya figura no es tan rígida
como la de la Madre, denotando mayor movimiento. Está vestido con una sencilla
túnica, que deja al descubierto ambas manos. Con la izquierda sujeta el libro de las
Sagradas Escrituras, mientras que extiende la derecha en actitud de bendecir. Lleva
58
ACC. I. Caj. 4, nº 3 y nº 4.
59
ACC. I. CAJ. 4, nº 3. Sabemos que era normal proteger los sellos desde el momento de su aposición, pero esta
clase de elemento protector que vemos en uno estos sellos, y que no es una excepción entre los custodiados en el
Archivo Capitular, con este o con otros “más agresivos” para los propios documentos, no cabe la menor duda que
son sistemas implantados por el propio archivo, coincidiendo con la opinión de CARMONA DE LOS SANTOS,
María - “Metodología de la descripción de sellos”, en Actas del Primer Coloquio de Sigilografía. Madrid, 2 al 4 de
abril de 1987, Madrid: Dirección de los Archivos Estatales, 1990, p. 260.
60
ACC. I. Caj. 4, nº 4.

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LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

en la cabeza idéntica corona a la de la Madre y nimbo, emblemas de su majestad y


divinidad.
Partiendo de una cruz patada se inicia la leyenda bordeando la imagen entre grá-
filas y en un particular e incipiente alfabeto gótico mayúsculo que redobla los trazos
de sus letras, el minúsculo para “h” y “n”, reservando el uncial para “M”. También
emplea el signo especial para el sonido “CON”, como hemos visto en el sello ante-
rior, aunque ahora más parecido al “9 asentado sobre la línea del renglón”61, que es
el mismo signo usado frecuentemente por el amanuense a lo largo del tenor docu-
mental.
La cláusula que anuncia su aposición dice así:
“ E por mayor firmedumne pusiemos el nuestro seyello del cabildo (…)”62.

“ + S[IGILLVM] CAnOnICORVM 9[Con]ChEnSIS CAPITVLI”.

Figs. 18 y 19. Improntas de la primera matriz de iconografía mariana. 1225.

1.2.2.- Segundo modelo

No sabemos hasta cuando se utilizó la matriz anterior, pero la que nos volvemos
a encontrar, pasados treinta años, es otra distinta, con la que el Cabildo validó sus
documentos al menos desde 1255 hasta 1281, última de las iconografías marianas
que podemos contemplar en este siglo XIII, y de la que ha llegado hasta nosotros 19
ejemplares63, todos pendientes de lemniscos de lino o de lana, confeccionados como

61
MILLARES CARLO, Agustín - Tratado, I, p. 112.
62
En ninguno de los dos se puede leer la continuación de la fórmula, pues está oculta por una mancha ferruginosa.
63
ACC. I. Caj. 5, nº 14, 16, 18, 19, 20, 21; Caj. 7, nº 2, 3, 9, 11, 12, 16, 21; Caj. 8, nº 3, 6; Caj. 9, nº 10, 11, 15; Caj.

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LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

pequeñas cintas, cordoncillos o trencillas, de un solo color o mezclados, blancos,


rojos, verdes, azules, sepias, ocres, aunque hemos de decir que todos los colores
están muy desvaídos. La mayoría de los sellos se conservan en un buen estado.
En nuestro estudio analizaremos, cotejándolas, en el caso que fuere necesario,
la primera y la última de las improntas de este segundo modelo mariano (Figs. 20
y 21). La más antigua valida un “acuerdo”, escriturado como carta partida, entre el
Cabildo y una mujer llamada Justa, datado, pensamos que en Cuenca, “Facta carta
mense februarii, duodeçimo kalendas marcii, era Mª CCª LXXXª IIIª”64.
Pende de una trencilla de lino, de colores sepia y rojo que se enhebra en la plica
por dos orificios romboidales. Es de cera oscura, de doble ojiva de 65 X 40 mm
y rebordes, con la cara posterior convexa. Excepto el ligero deterioro del borde
izquierdo, que dificulta la lectura de la leyenda y “aplana” el relieve de la parte
inferior de la imagen, se puede ver en su conjunto para extraer los siguientes datos:
La Virgen se sienta en silla curul, sobre los cuerpos de dos leones que extienden
las cabezas hacia el exterior, mientras que las patas de la silla parecen garras de
águila. En la cabeza se ciñe una corona de tres florones sobre un velo que le cae por
encima de los hombros y de la que ha desparecido el nimbo. La imagen separa las
piernas y apoya sus pies en sendos escabeles sostenidos por una ménsula decorada
con una flor de dos hojas. Se viste con amplia túnica de pliegues elegantes y anchos
que caen por entre las piernas remarcándolas. Asoma la mano derecha para sujetar
un cetro flordelisado, pasando la izquierda por la espalda del Niño, que descansa
sobre la rodilla izquierda de la Madre y se viste con una transparente túnica, mien-
tras sujeta con la mano izquierda lo que puede ser una “esfera mundi”, y levanta la
derecha en señal de bendecir. De su cabeza ha desaparecido la corona, pero no el
nimbo65. La imagen de la Virgen ha perdido ya la rigidez de la anterior y, aunque
conserva cierto hieratismo, emana de ella mayor sensación de vida y humanidad66,
sobre todo el rostro, que con inmensa ternura, se inclina hacia la, izquierda para
contemplar al Hijo, convertida en “Odigitria”, que señala a los fieles al que es el
“Camino de la salvación”, según la representan los iconos orientales.
Partiendo de una cruz potenzada, y separando las palabras por tres puntos sobre-
puestos, bordeando el campo, entre gráfilas de puntos la externa y de cordoncillo la
interior, se desarrolla una leyenda en la que se ha adecuado al espacio y materia el
alfabeto epigráfico de la capital clásica, que modula en espátula los extremos de las
astas verticales y oblicuas, y sobre los trazos de unión de la “A”; sigue el empleo
de la minúscula gótica para “h” y “n”, y la uncial para “Є” y “M”. Se emplea una
curiosa “I” formada por dos arcos contrapuestos nexados. Por primera vez hemos

10, nº 12.
64
ACC. I. Caj. 5, nº 14.
65
Un sello semejante a este fue descrito por FUENTE ISLA, Benito - “La imagen”, 10 (1922), pp. 512-513.
66
RUBIN, Miri - “Imágenes de la Virgen María”, Anales de Historia del Arte, 2010 (Volumen Extraordinario), pp.
122-123.

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LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

visto usar en estas leyendas la rayita horizontal para señalar elisión de las nasales
“M” final y “n” en situación intermedia.
La cláusula corroborativa que anuncia el sello, dice así:
“Et porque esta carta sea más firme e más creyda, fiziemos dos cartas partidas por a.b.c.,
sehelladas con el seyello del Cabildo”

“ + S[IGILLVM] CAPITVLI CAnOnICORV[M] CO[n]ChЄnSIVM ”

Fig. 20. Impronta de la segunda matriz de Fig. 21. Impronta de la segunda matriz de
iconografía mariana. 1255. iconografía mariana. 1281.

III.- CONCLUSIONES

Recogemos, como punto final y a modo de conclusión, algunos aspectos sigilo-


gráficos que hemos desarrollado hasta aquí.
Todos los sellos estudiados son monofaces. El más antiguo conservado en el
Archivo de la Catedral de Cuenca, data de 1183, y aunque no es capitular, lo hemos
comentado teniendo en cuenta su singularidad y porque valida el acta fundacional
del Cabildo. Es una impronta circular incrustada como un “camafeo” en un trozo de
cera ligeramente oblongo y pendiente de un largo y bien conservado cordoncillo de
lino color granate.
Coetáneo con el sello del electo don Juan, pudo ser el capitular, del que tenemos
testigos gráficos de un documento de 1201 en copia del siglo XVIII, aunque será
en 1215 cuando veamos su impronta original. En contra de lo que será habitual, es
de forma circular y de tipo heráldico y monofaz. En 1225 encontramos ya el tipo

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LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

figurativo iconográfico con la Virgen María sentada sobre silla curul y el Niño en
su rodilla izquierda. El primer modelo es hierático, propio del románico, con poco
movimiento en rostros y vestidos, mientras que el segundo modelo, que vemos uti-
lizado desde 1255, ha perdido el hieratismo y ganado en humanidad, con vestidos
más sueltos y amplios, que caen en pliegues por entre las piernas, mostrando ya las
innovaciones propias del gótico coetáneo de las esculturas. Ambos modelos son del
tipo “Sede Sapiente”, “Trono de la Sabiduría”, una iconografía de origen oriental,
que solemos conocer como “bizantino”, muy difundida en Occidente en los siglos
de transición del románico al gótico, precisamente en los que se elaboraron nuestros
sellos, con la característica en el segundo modelo de asumir un rasgo característi-
co de las vírgenes representadas en los iconos orientales como “Odigitria”, ya que
vuelve el rostro hacia su Hijo, señalando al que es el “Camino de la salvación”.
Los primeros sellos penden de lemniscos realizados con correas de badana o
tiritas de pergamino, de tres óculos hechos en la plica, generalmente de forma rom-
boidal y en aposición triangular, pero a partir de los años cincuenta, que coincide
con el cambio de modelo iconográfico, no hemos vuelto a ver ya este material en
los lemniscos, apareciendo el lino, cáñamo o lana, de un solo color o, más habitual
sea confeccionarse mezclados, rojo, azul, sepia, bien como cordoncillo, trencilla, en
algunas ocasiones una estrecha cinta y, curiosamente, desde ahora enhebrados, nor-
malmente, de un solo orificio romboidal en la plica, aunque se podamos ver alguno
de dos orificios.
Las leyendas, siempre en latín, se inician partiendo de la clave de la ojiva supe-
rior, a partir de una cruz patada o potenzada. En lo referente al sistema paleográfico,
se utiliza el capital, en el primer sello. Un particular e inicial alfabeto gótico mayús-
culo de doble trazo en los sellos de 1225, y desde mediados del siglo el capital clási-
co que modula en espátula los extremos de las astas. En todas las leyendas, excepto
en la del sello heráldico, se introducen algún ejemplo del alfabeto uncial, “M” y
“Є”; así como del alfabeto gótico minúsculo en sus letras “h” y “n”. Apenas se hace
uso del sistema abreviativo, únicamente la habitual sigla “S” para “S[IGILLVM]”,
el signo especial de “Ɔ” en el sello heráldico de 1215, y el de forma de “9” en los
de 1225, para el sonido “CON”, “Ɔ[CON]ChEnSIS”, “9[CON]ChEnSIS”, que no lo
vemos usado ya en las leyendas desde mediados de la centuria, introduciendo ahora
elisión de nasal “M”, en posición final, y “n”, intermedia, señalada con una rayita
sobrepuesta.
Con respecto a las cláusulas corroborativas que anuncian la aposición del sello,
hemos transcrito únicamente aquellas que acompañan al sello analizado, pues el
espacio de que disponemos para esta ponencia hace imposible mayor incorporación
de estas fórmulas diplomáticas, no obstante ser un veraz testigo del uso sigilar y, en
muchas ocasiones, el único testimonio que poseemos del sentido jurídico de su apo-
sición67. Podemos decir, no obstante que, con variantes en sus expresiones jurídico-

67
MENÉNDEZ PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino - Apuntes, p. 84.

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LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

literarias, todas hacen relación a la aposición del “sigillum” como un elemento de


prueba y veracidad del documento.
Por ultimo haré una breve referencia al sistema de protección que se conserva en
la mayoría de nuestros sellos. Ya hicimos el pertinente comentario a la protección
que aún se puede ver en uno de los sellos de 1225, consistente en una especie de
saquito de tela de lino, pero que no es el único que conserva algún resto de esta tela,
que suponemos se les puso en el siglo XVI y que no es nada perjudicial para la cera;
sin embargo, durante el siglo XVIII, se implantó otro sistema que sí ha supuesto
gravedad, no tanto para el sello, cuanto para el documento en su materialidad y en
su tener textual. Se trata de una especie de envoltorio con tiritas de pergamino que
se cosen con hilos bramante, ocultando la cara del sello contra la espalda del perga-
mino, pasando de un lado a otro como si se tratara de “coser un botón” (Figs. 22 y
23). La primera razón, proteger el sello, se logra, pero, además de que el sello, suje-
to a la espalda, oculta su cara principal, impidiendo ver la representación del campo,
frecuentemente impide la lectura, total o parcial, de las notas dorsales que tanta
información proporciona, al archivero y al investigador; pero, lo más grave es que
cuando se quita esta “protección” las rasgaduras que se producen al pasar los hilos
de una parte a otra del pergamino, por pequeñas que sean, han ocasionado pérdidas
irrecuperables, normalmente del escatocolo y dorsales, donde se escrituran datos
muy importantes para la datación y validación documental.

Figs. 22 y 23. Anverso y reverso de una “protección” de sellos del cabildo. 1246 (ACC.I. Caj. 7, nº 4)

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LA VALIDACIÓN EN DOCUMENTOS CAPITULARES DE CUENCA EN EL SIGLO XIII

BIBLIOGRAFÍA

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40
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE
CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

JEAN-LUC CHASSEL
Maître de conférences à l’université Paris-Nanterre
Président de la Société française d’héraldique et de sigillographie
chassel@laposte.net

Resumo: Blanche de Castille (1188-1252), femme du roi de France Louis VIII, est
célèbre pour avoir exercé deux fois la régence du royaume. Elle transmet le nom
d’Alphonse à l’un de ses fils et c’est par elle que le nom de Blanche se répand
dans les familles royales et princières d’Europe. Ses fils utilisent également ses
armoiries. Louis IX, l’aîné, incorpore l’héraldique maternelle dans le décor de la
Sainte-Chapelle de Paris; les trois autres en les associant aux lys capétiens dans
leurs propres emblèmes. Ce phénomène doit être compris au regard des crises et des
rivalités politiques de l’Europe occidentale au XIIIe siècle mais aussi par rapport à
la notion de lignage.

Palavras-chave: sceaux, armoiries, emblèmes, héraldique des femmes, lignage,


matrilinéarité, dynasties royales, Europe médiévale.

Il est regrettable que l’histoire des femmes et l’histoire des genres, qui ont donné
lieu depuis quelques décennies à des développements considérables, aient mis si
peu à profit les sources héraldiques, sigillographiques et, plus largement, embléma-
tiques1. Ces sources sont, en effet, au cœur de la question des identités, de la place
respective des femmes et des hommes dans la société et la famille. Elles offrent
à l’historien des informations primordiales sur les représentations de la parenté et
notamment, à l’époque médiévale, sur la construction des lignages.
Dans quelques études récentes, nous avons tenté de mettre en évidence un certain
nombre de cas de transmission des emblèmes par les femmes entre le XIIe et le XIVe
siècle2. Loin d’être marginal, ce phénomène remet en cause la conception agnatique
1
Pour un bilan récent des recherches sur l’emblématique sigillaire des femmes au Moyen Âge, voir Bedos-Rezak
(2011).
2
Chassel (2012), (2017) et (2018, à paraître).

41
JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

du lignage médiéval qui s’est imposée dans l’historiographie et qui n’est sans doute
pas étrangère à l’esprit du Code civil des Français de 1804, dont on connaît l’in-
fluence sur les mentalités non seulement en France mais aussi dans bon nombre de
pays d’Europe et du monde... Selon nous, le lignage médiéval est “opportuniste”: il
se construit indifféremment à partir de la ligne paternelle ou de la ligne maternelle,
selon l’importance des héritages matériels ou symboliques qu’il recueille d’un côté
ou de l’autre.
Nous avons choisi de revenir ici sur l’exemple de de Blanche3 de Castille
(† 1252), femme du roi de France Louis VIII. Cette reine est célèbre dans l’histoire
de France pour avoir deux fois exercé la régence du royaume: la première fois à la
mort de son mari en 1226 et pendant la minorité de son fils Louis IX; la seconde
fois, au départ de ce dernier en Egypte, pour la VIIe croisade, en 1248. Mais elle est
également remarquable parce qu’elle a transmis l’usage ses emblèmes à ses fils ainsi
qu’à son neveu, le roi Afonso III du Portugal.
Ces pages veulent rendre hommage à M. Faustino Menéndez Pidal de Navascués,
dont les travaux ont une si grande autorité en héraldique et en sigillographie: il a
déjà étudié la transmission des armoiries de Blanche de Castille4, nous sommes très
tributaire de ce qu’il a écrit sur cette question, et notre seul dessein est d’appor-
ter à son études quelques documents et quelques réflexions supplémentaires. Nous
limiterons cependant notre étude à la transmission des emblèmes de Blanche à sa
postérité capétienne, dans l’attente de l’étude que notre collègue Rosário Morujão a
consacrée aux armoiries des rois du Portugal et qui doit bientôt paraître5.
Rappelons quelques repères biographiques utiles à la compréhension du propos.
Blanche, née en 1188, est la troisième fille du roi de Castille Alfonso VIII et d’Alié-
nor d’Angleterre6. Cette dernière étant fille d’Henri II, roi d’Angleterre, et d’Aliénor,
duchesse d’Aquitaine, Blanche est la nièce des deux rois Richard Coeur-de-Lion
(† 1199) et Jean sans Terre († 1216). Ses sœurs aînées sont également mariées à
des rois: Berenguela († 1246) à Alfonso IX du Leon, et Urraca († 1210) à Afonso II
du Portugal; une sœur cadette, Leonor († 1244), épouse Jaume Ier d’Aragon. Son
propre mariage (alors qu’elle n’a que 12 ans) avec Louis de France (qui n’en a que
13), fils du roi Philippe II Auguste, est célébré en Normandie le 23 mai 1200, dans
le contexte d’une trève dans la guerre que se livrent les rois de France et d’Angle-
terre (traité du Goulet, 22 mai 1200). Jean sans Terre étant alors sans héritier de sa
femme, la comtesse de Gloucester, dont il vit séparé, ayant été aussi engagé dans
une promesse de mariage non accomplie avec Adèle de France (sœur de Philippe
Auguste)7, c’est lui qui constitue la dot de la jeune mariée (dont deux importantes
3
Dans ces pages, nous adoptons la forme française du nom de cette reine. En revanche, les noms des autres person-
nages sont laissés dans leur forme autochtone.
4
Menéndez Pidal (1982), p. 55-69.
5
Morujão (2018).
6
Sivéry (1990); Grant (2016); Voir aussi: Richard (1983); Le Goff (1996).
7
Kerrebrouck (2000), p. 97.

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

seigneuries du Berry occidental); sans doute se profile également l’éventualité


que Blanche soit l’héritière de son oncle pour la couronne d’Angleterre... Dans les
années qui suivent sa majorité et son adoubement en 1209, le prince Louis, époux
de Blanche, profite à plusieurs reprises de la crise politique de la couronne anglaise
(déchéance de fiefs prononcée en France contre Jean sans Terre, excommunication
de ce dernier par la papauté, révolte des barons et des élites urbaines) pour revendi-
quer “l’héritage” de sa femme et tenter avec elle de s’en emparer8.
Devenue reine de France en 1223 à la mort de Philippe Auguste, puis régente
du royaume à la mort de son mari (1226), pendant la minorité de son fils Louis IX,
Blanche manifeste ses impressionnantes qualités de chef d’État. Même après la
majorité de Louis IX (1234), elle reste une conseillère influente du roi. C’est à elle
que ce dernier confie la présidence de l’administration du royaume en 1248, lors de
son départ à la VIIe croisade. Elle meurt en 1252, dans l’exercice de sa fonction et,
selon ses volontés, est inhumée dans l’abbatiale des cisterciennes de Maubuisson
(Notre-Dame-la-Royale), près de Pontoise, un des nombreux établissements monas-
tiques qu’elle a fondés ou soutenus pendant son existence.
La transmission matrilinéaire des noms familiaux est un phénomène partout
attesté au Moyen Âge. En revanche, dans les dynasties régnantes, celle des armoi-
ries ne s’opère normalement que si la mère est l’héritière de la couronne. Blanche
n’est pas, et n’a jamais prétendu être, l’héritière de la Castille, mais elle apporte à
ses descendants capétiens à la fois l’usage de ses noms et de ses armoiries dynas-
tiques. Ces deux aspects du dossier, anthroponymique et héraldique, doivents être
étudiés parallèlement

1. LA TRANSMISSION PAR BLANCHE DES NOMS CASTILLANS

Les noms sont les premiers des emblèmes. Pendant le Moyen Âge, en Occident,
comme dans la plupart des autres civilisations, ils marquent les filiations, les
alliances, les succcessions et les parentés. La dynastie capétienne est bien connue
pour l’usage qu’elle a fait de l’anthroponymie dans l’affirmation de sa légitimité9.
Le nom Philippe, apporté par Anne de Kiev et transmis à des fils aînés, est resté
un cas isolé; Pierre, qui exprime la fidélité à l’autorité spirituelle de Rome,vient
d’Adélaïde de Maurienne, mais n’a été donné qu’à des cadets. Ces deux reines
sont connues pour le rôle politique important qu’elles ont joué dans l’histoire du
royaume.
Blanche, pour sa part, obtient de nommer en 1220 un de ses fils Alphonse, ce
qui marque chez les Capétiens une révérence particulière envers Alfonso VIII de
Castille († 1214), le père de la reine, le héros de la bataille de Las Navas de Tolosa.
Toutefois ce nom n’est pas entièrement dépourvu de sous-entendu politique face

8
Sivéry (1990), p. 45-65.
9
Lewis (1986).

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

au problème successoral de la dynastie castillane. En effet, à la mort du jeune


Enrique en 1217, la soeur aînée de Blanche, Berenguela, femme d’Alfonso IX de
Leon, est devenue reine de Castille et a immédiatement décerné le titre royal à son
fils Fernando (Fernando III)10. Mais le pape avait annulé dès 1204 le mariage de
Berenguela et d’Alfonso IX pour cause de consanguinité, ce qui n’a pas manqué
d’alimententer les spéculations sur la légitimité des enfants nés de cette union et de
favoriser les vélléités de rébellion d’une partie de la noblesse. Quoi qu’il en soit,
Alphonse de France, comte de Poitiers, dont nous allons reparler, n’a pas eu d’en-
fant et son nom est resté sans suite dans la dynastie capétienne.
Il n’en va pas de même du nom même de Blanche, qui connaît dans la descen-
dance de la reine un succès prodigieux. Elle-même l’a reçu en mémoire de sa grand-
mère, Blanca de Navarre, fille de Garcia VI et de Marguerite de L’Aigle, femme de
Sancho III de Castille. Ce nom nouveau dans l’anthroponymie occidentale au XIIe
siècle paraît au départ comme un surnom plus qu’un véritable nom de baptême. Une
autre princesse de la maison de Navarre l’a reçu à la génération suivante: la fille
de Sancho VI, mariée au comte de Champagne Thibaut III. On sait que leur fils,
Thibaud IV de Chamagne, accède à la couronne de Navarre en 1234 comme neveu
de Sancho VII et qu’il avait déjà nommé Blanche son premier enfant11.
Cependant, la transmission du nom Blanca par la couronne de Navarre est restée
limitée. Et c’est par Blanche de Castille que commence son extraordinaire diffusion.
En effet, tous les fils engendrés par Louis VIII s’attachent à conférer le nom de leur
mère à la première née de leurs filles. Le roi Louis IX donne l’exemple en 1240 pour
le premier enfant né de Marguerite de Provence; la petite fille étant morte dans l’en-
fance, le nom est donné une seconde fois à Blanche de France (mariée par la suite
à l’infant de Castille Fernando de La Cerda). Vient ensuite Blanche d’Artois, pre-
mier enfant (1248) de Robert de France, comte d’Artois, et de Mahaut de Brabant.
Enfin, quelques années plus tard, naît Blanche d’Anjou, première fille de Charles de
France, comte d’Anjou, et de Béatrice, comtesse de Provence12. Nul doute qu’Al-
phonse de France, comte de Poitiers, et sa femme Jeanne, comtesse de Toulouse, ne
l’eussent donnée à une fille s’ils avaient eu une postérité.
Aux générations suivantes, les Capétiens de la branche aînée comme des
branches cadette restent fidèles à la mémoire de Blanche de Castille. On ne peut
recenser dans le cadre de ces pages le nombre des Blanches issues des descendants
patrilinéaires ou matrilinéaires de la dynastie, que ce soit chez les Capétiens directs,
les ducs de Bourgogne, les comtes d’Artois, les comtes de Clermont, futurs ducs
de Bourbon, ou les comtes de Valois qui deviennent rois à partir de 1328. Au XIVe

10
González Jiménez (2006).
11
Voir en dernier lieu Baudin (2012).
12
Pour ces considérations généalogiques, comme pour les suivantes, nous renvoyons à Isenburg, Freytag von Lorin-
ghoven et Schwennicke (dir.), Europäische Stammtafeln, (depuis 1935), ainsi qu’à l’impressionnante compilation
de Charles Cawley, Medieval Lands, sur le site internet de la Foundation for medieval genealogy. Voir aussi Kerre-
brouck (2000).

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

siècle, il n’y a guère de maison royale ou princière d’Europe qui ne compte au


moins une Blanche parmi ses membres!
Les fondations d’établissements religieux de Blanche de Castille comme celles
de son fils Louis IX ont beaucoup contribué à entretenir sa mémoire. Parmi ces
abbayes, Notre-Dame-la-Royale de Maubuisson, près de Pontoise, est le lieu qu’elle
choisit pour sa sépulture et devient une seconde nécropole de la famille capétienne13,
parallèlement à Saint-Denis. Dès 1644, l’historiographie moderne relève l’impor-
tance de son rôle dans l’histoire dynastique française, sous la plume de Charles de
Combault d’Auteuil14.

2. LE SCEAU ET LES ARMOIRIES DE BLANCHE

L’usage par un mari des armes de sa femme n’est pas exceptionnel au Moyen
Âge. Il revient à Michel Nassiet d’avoir donné son sens à une pratique que Max
Prinet avait aperçue mais qui est restée généralement ignorée des historiens et qui
exprime le statut d’héritière de l’épouse15. De même, la transmission matrilinéaire
des armoiries est un phénomène d’une relative fréquence qui, comme l’héraldique
des femmes en général, apellerait un développement de la recherche.
Comme Faustino Menéndez Pidal de Navascués l’a déjà montré, Blanche de
Castille n’a pas seulement conservé ses armoiries dynastiques mais elle les a trans-
mises à ses descendants, bien qu’elle ne fût pas matériellement héritière de la cou-
ronne de Castille.
Le grand sceau de Blanche et son contre-sceau ont certainement été gravés en
1223, lorsque Louis VIII succède à Philippe Auguste et qu’elle-même devient reine
de France16. Cependant, ils ne sont connus que par des mentions et des empreintes
tardives. Le fait n’a rien d’anormal: Blanche n’a guère eu l’occasion de sceller des
actes propres pendant son mariage et, devenue veuve et régente du royaume en
1226, tous les actes qu’elle commande sont intitulés du nom de son fils et scellés
du sceau de ce dernier17. Il faut attendre l’époque à laquelle elle est est retirée des
affaires publiques pour qu’elle émette des chartes en son nom validées de son sceau,
notamment pour la gestion de son douaire et ses donnations pieuses. Seul un très
petit nombre de ces actes ont conservé leur sceau: la plus ancienne mention de scel-
lement repérée date de 1239 et la première empreinte conservée de 124218.
Sur le grand sceau en forme de navette, de grande dimension (90 mm de hau-
teur), la reine est représentée en pied, couronnée, tenant une fleur de lys dans la
main droite, la gauche portée à l’attache du manteau. Elle est entourée de 5 fleurs de
13
Depoin et Dutilleux (1882).
14
Combault d’Auteil (1644).
15
Nassiet (1994, 1995, 2000) et Prinet (1909).
16
Bony (2002), p. 92.
17
Dalas (1991), n° 76 (première empreinte connue en décembre 1226).
18
Nielen (2011), n° 15-15bis et p. 303.

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

lys. Au pourtour, est inscrite la légende: /  SIGILLV(m) : BLA(n)CHE : DEI : GRA/TIA :


FRANCORVM : REGIN[E] /.
Si l’ensemble des éléments de ce grand sceau est très conventionnel et marque
l’imprégnation capétienne, il n’en va pas de même pour le sceau du revers. Celui-
ci est rond (35 mm) et comporte comme décor un grand château à trois tours, d’un
type courant dans l’art sigillaire mais qui, ici, est un emprunt aux armes de Castille.
La légende ne permet pas d’en douter puisqu’elle énonce: / (une fleur de lis) BLA(n)
CHA FILIA REGIS CASTELLE /. Seules deux petites fleurs de lys placées de part et d’autre
du château et celle qui marque le début de la légende rappellent l’appartenance de
la reine à la maison de France19. Toute comparaison avec les reines antérieures étant
impossible (nous ne savons pas même si elles ont possédé un contre-sceau), il nous
reste seulement à remarquer que la reine suivante, Marguerite de Provence, femme
de Louis IX, orne son contre-sceau d’une grande fleur de lys accompagnée de la for-
mule Ave Maria gracia plena; que, si le sceau d’Isabelle d’Aragon, première femme
de Philippe III, n’a pas été retrouvé, celui de Marie de Brabant, deuxième femme
de ce roi, met clairement les armoiries capétiennes à l’honneur dans un écu parti
de France et de Brabant, à nouveau accompagné de la salutation angélique20. Mais
Marguerite de Provence et Marie de Brabant ne sont pas filles de rois. Or, la légende
des sceaux des enfants royaux de France, dès le siècle précédent, mentionne fré-
quemment leur qualité de fils, de fille ou de frère de roi21: c’est peut-être ce modèle
qui a influencé Blanche dans le choix de son contre-sceau.

3. LA TRANSMISSION AUX CAPÉTIENS DES ARMES DE CASTILLE

A. Louis IX et les armoiries maternelles


Louis IX ne pouvait, comme roi de France, déroger à la tradition de ses prédé-
cesseurs et faire apparaître sur ses sceaux d’autre signe héraldique que la fleur de
lys22. En revanche, il associe systématiquement les armes de sa mère à la décoration
somptueuse de la Sainte-Chapelle du palais de la Cité, à Paris, construite à partir
de 1241 pour servir de réceptacle à la Couronne d’Épine et aux autres reliques du
Christ que le roi a acquises depuis 1239. L’étage inférieur de l’édifice est largement
orné de peintures alternant un semis de fleurs de lys sur champ d’azur et un semis de
château d’or sur champ de gueules.On retouve cette alternance sur les piliers de la
chapelle haute et sur l’immense surface des verrières de la nef, où elle sert de décor
de fond aux scènes illustrant l’Ancien Testament, la vie du Christ et l’Apocalypse23.
Grâce à l’héraldique, Blanche de Castille est donc véritablement honorée, par la

19
Nolan (2009), p. 152-157.
20
Marguerite de Povence et Marie de Brabant: Nielen (2011), n° 16-16bis et 17-17bis.
21
Nielen (2011), N° 52, 53, 56, 57, 59, 60-62, 63. Voir aussi Allirot (2010).
22
Dalas (1991), n° 76-77.
23
Leniaud et Perrot (2007). En dépit des restaurations, ces décors sont bien ceux d’origine.

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

volonté de son fils, comme la co-fondatrice de l’édifice, bien qu’elle ne le fût pas
juridiquement.

B. Les autres fils de la reine


Les frères puînés du roi ont tous incorporé les armes maternelles dans celles
issues de leur père24. La plus durable des combinaisons des armes de France et de
Castille a pour auteur Robert de France, né en 1216, deux ans après Louis IX, créé
comte d’Artois en 1237. Son grand sceau a été gravée à cette occasion25. L’avers
comporte une grande figure équestre tournée à droite, sur laquelle l’écu comme la
housse portent un semis de fleurs de lys au lambel chargé sur chaque pendant de
trois châteaux. Associé au titre de “fils du roi de France” énoncé par la légende, un
lambel simple aurait dû suffire à signaler que Robert avait le statut de premier cadet,
selon les usages héraldiques de l’époque26. En chargeant les pendant de châteaux,
le jeune comte rappelle avec insistance le prestige, voire les droits, qu’il tire de son
ascendance maternelle. Le contre-sceau, sans légende adopte une décoration esthéti-
quement très réussie, avec une grande fleur de lys entourée de quatre petits châteaux
Le monnayage du comte d’Artois27 est frappé de mêmes armes.
Robert est mort au cours de la VIIe croisade, à la bataille de Mansourah en 1250.
Sa descendance directe reste fidèle aux armoiries issues de France et marquées de
Castille, que les armoriaux enregistrent de manière régulière. Ces armoiries suivent
la dévolution successorale du comté d’Artois aux comtes de Flandre, aux ducs de
Bourgogne de la maison de Valois puis aux Habsbourg28.

Alphonse de France, mort sans enfants, comme nous l’avons déjà dit, n’a pu ins-
crire ses armes aussi longuement dans l’Histoire. Mais il est celui des fils de Blanche
qui va le plus loin dans l’association des armes paternelles et maternelles. Né en 1220,
il reçoit de son frère les comtés de Poitiers et d’Auvergne, et devient en 1249 comte
de Toulouse et marquis de Provence du chef de sa femme, Jeanne, fille héritière de
Raymond VII de Toulouse. Ses deux grands sceaux successifs, d’abord comme “fils
du roi de France, comte de Poitiers”, puis “fils du roi de France, comte de Poitiers et
de Toulouse”, sont connus respectivement depuis 1243 et depuis 125429, et sont de
type équestre, allant vers la droite. Les armoiries représentées comportent une ambi-
guïté qui ne saurait être une simple licence esthétique. De l’écu, présenté de profil, on
24
Quatre enfants sont nés avant Louis IX et trois autres après lui, mais sont morts en bas âge ou avant la majorité
sans avoir laissé de témoignage d’emblématique personnelle. Quant à la seule soeur de Louis IX ayant atteint l’âge
adulte, la bienheureuse Isabelle de France (1224-1270), elle choisit de vivre comme une moniale, sans toutefois
prononcer de vœu religieux. Elle est la fondatrice du couvent des clarisses de Longchamp, près de Paris, mais nous
ne possédons plus son sceau. Sur sa vie: Allirot (2005 et 2010).
25
Nielen (2011), n° 65-65bis.
26
Pastoureau (1993), p. 83
27
Richebé (1963).
28
Chassel (2018); Laurent (1993). Voir aussi Pinoteau et Le Gallo (1966).
29
Nielen (2011), n° 66, 67 et p. 308

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

ne voit que la partie dexte, ornée d’un semi de châteaux (issu de Castille); quant à la
housse du cheval, elle montre à l’avant un semé de fleurs de lys (France) et à l’arrière
un semé de châteaux. Il y a donc une inversion des rapports entre les armes du père
et celles de la mère. Sur l’écu, la place d’honneur (la dextre) est donnée à la Castille,
mais sur la housse, c’est la France qui a le premier rang (correspondant à la partie la
plus noble de l’animal, c’est-à-dire sa tête). Les héraldistes, parfois trop absorbés par
l’étude des armoriaux et trop peu connaisseurs des sources sigillaires, n’ont jamais
noté cette particularité, pourtant régulière, de la composition des armoiries, propres
aux représentations équestres orientées vers la droite: il est inconcevable pour les gra-
veurs et pour leurs commanditaires de placer la partie la plus noble des armes à l’ar-
rière du cheval. Le problème ne se pose pas, en revanche, dans les représentations
équestres orientées vers la gauche, dans lesquelles la hiérarchie des quartiers est la
même sur l’écu et sur la housse. Les ateliers parisiens qui ont réalisé les matrices d’Al-
phonse ne pouvaient pas ignorer cette convention.
Il est donc loisible de penser que le prince a joué volontairement sur cette inver-
sion de la hiérachies des armes pour souligner son ascendance maternelle, déjà hau-
tement célébrée par son nom, celui de son grand-père maternel, Alfonso VIII, roi
de Castille. Veut-il laisser entendre qu’il est le successeur de sa mère pour les cou-
ronnes auxquelles celle-ci pouvait ou avait pu prétendre?
D’autres sources emblématiques laissées par le comte de Poitiers et de Toulouse
donnent à la Castille le premier rang devant les lys. Ainsi quelques monnaies en
circulation dans ses domaines comportent un revers frappé d’un demi-château à
gauche et d’une demi-fleur de lis à droite30. On trouve également la même hiérarchie
sur certains éléments des verrières de l’église Sainte-Radegonde de Poitiers qu’Al-
phonse a commandées au plus tard en 126931. On doit noter enfin que, sur le grand
sceau de Jeanne de Toulouse, femme d’Alphonse, l’effigie centrale est entourée de
deux châteaux et de deux fleurs de lis, dans la position d’un écartelé héraldique, et
que ce sont les châteaux qui ont la place d’honneur32Cependant, la préséance des
armes issues de Castille n’est pas systématique dans l’héraldique du prince. Ainsi
les contre-sceaux dont il fait usage au revers de son premier grand sceau lèvent
l’ambiguïté de l’avers et mettent clairement l’héraldique capétienne à l’honneur. Le
premier, dont la date n’est pas connue mais qui est une réplique de celui de son
frère Robert d’Artois, reprend la belle composition que nous avons décrite plus haut
(une grande fleur de lys encadrée par quatre petits châteaux), le tout sans légende33.

30
Tébouli, Bompaire et Barrandon (2008). Les monnaies concernées sont un denier et une obole de Poitou et une
obole de Toulouse. Cependant, la plus grande partie des monnaies d’Alphonse reproduisent le type du denier tour-
nois des ateliers royaux.
31
Favreau (1999).
32
Douët d’Arcq (1863-1868), t. 3, n° 1079. Macé (1994), vol. 2, p. 313-319.
33
Nielen (2011), n° 66ter. Ce contre-sceau, provenant d’une collection privée, est conçu sur le même modèle que
celui de Robert d’Artois (ibidem, n° 65bis) attesté en 1237. En raison de cette analogie, nous le supposons antérieur
à l’autre contre-sceau (voir la note suivante).

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

L’autre contre-sceau, connu par des empreintes entre 1243 et 1249 est également
sans légende et montre un écu parti de France et d’un semi de châteaux34. Si le
contre-sceau du second grand sceau, orné de la croix de Toulouse, n’offre pas d’élé-
ment utile à notre propos, les bulles de juridiction qu’Alphonse utilise dans le Midi
sont de deux types. Les unes comportent une figure équeste orientée vers la gauche,
l’écu comme la housse du cheval concordant cette fois pour placer la France avant
la Castille dans le parti héraldique35. Les autres (dont certaines sont des bulles com-
munes avec son frère Charles d’Anjou, comte de Provence) ont un écu parti de
France et d’un semé de châteaux36.

Le dernier des frères est Charles de France, né en 1227, quelques mois après
la mort de son père. Il est investi des comtés d’Anjou et du Maine par son frère en
1246. Il est aussi comte de Provence (Forcalquier) du chef de sa femme, Béatrice,
sœur cadette de la reine Marguerite, femme Louis IX, et héritière testamentaire de
Raymond-Béranger IV de Provence. Charles suit d’abord l’exemple de ses frères en
brisant les armes de France avec un signe indiquant sa filiation maternelle: une bor-
dure de gueules chargée de châteaux d’or. En témoignent ses deux premiers grands
sceaux, de type équestre, en usage au moins jusqu’en 1261-1262 et d’une manière
concomittente pendant un temps. Les contre-sceaux sont ornés d’un écu à quatre
pals qui sont les armoiries qu’il tient de sa femme37. On conserve également une
bulle de juridiction commune d’Alphonse de Poitiers et de Charles d’Anjou pour
la Provence qui comporte ces premières armes à la bordure “castillée”, comme ont
coutume de dire les héraldiste français38.
Toutefois, la marque matrilinéaire disparaît des sceaux postérieurs de Charles,
où la bordure castillée est remplacée par un lambel simple. Puisque Charles fait
encore usage en 1262 des grands sceaux décrits ci-dessus, il faut renoncer à croire
que ce changement soit antérieur à cette date. Nous supposons que Charles l’a opéré
en 1265 (année de son investiture au trône de Sicile) ou 1266 (année de son sacre à
Rome par le pape Clément IV)39. Son grand sceau de roi de Sicile, sans doute gravé

34
Nielen (2011), n° 66bis.
35
Nielen (2011), n° 68 et 69. Macé (2014), t. 2, p. 328-329.
36
Nielen (2011), n° 77-79. Macé (2014), t. 2, p. 328-329.
37
Nielen (2011), n° 70-70bis et 71-71bis. Les deux sceaux sont utilisés simultanément au moins entre 1254 et 1261.
Sur le plan iconographique et stylistique, le 71 peut paraître postérieur au 70. A-t-il été gravé au retour de la VIIe
croisade?
38
Nielen (2011), n° 79-79bis. Cette bulle détachée, donc non datée, appartient à la collection de sceaux détachés des
Archives générales du Royaume, à Bruxelles (n° 570-571). Voir Laurent (1977), n° 32. Les Archives nationales à
Paris en possèdent deux moulages (ANF, sc/St2110-2110bis et sc/St6371-6371bis); l’un a été pris sur l’exemplaire de
Bruxelles, l’autre sur un exemplaire également détaché conservé dans une collection privée.
39
La date de 1246 a été attribuée arbitrairement à une bulle détachée du musée du Louvre, recensée et moulée par
Douët d’Arcq (1863-1868), t. 2, n° 4518; Nielen (1991), n° 75-75bis. Cette bulle, qui comporte à l’avers l’écu au
lambel simple, est destinée à la juridiction exerce en Avignon. Une bulle semblable, dessinée par Blancard (1860),
t. 1, p. 24-25, n° 13, et t. 2, pl. XIII, n° 3, date de 1303 et appartient donc à son fils Charles II de Sicile.

49
JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

lors de ces événements mais connu par des empreintes de 1272-1273, est biface:
l’avers est au type de majesté et le revers équestre montre les armes au lambel
simple40. Un autre grand sceau de Charles en tant que “fils du roi de France, comte
d’Anjou, du Maine, marquis de Provence et comte de Forcalquier”, dont l’usage a
peut-être été limité aux affaires de France et de Provence, atteste aussi de ce chan-
gement41. Les bulles de juridiction destinées aux domaines provençaux de Charles
enregistrent l’adoption du lambel depuis 1266. Il s’agit tantôt de bulles propres,
tantôt de bulles communes avec son frère Alphonse puis avec son neveu le roi
Philippe III (qui partagent avec lui les droits du marquisat de Provence). Elles sont
toutes ornées des nouvelles armes42, que l’on trouve parallèlement sur une petite
partie de son monnayage43. L’écu de France au lambel de gueules, qu’on devrait
nommer “premier Anjou-Sicile” – mais que les héraldistes, en oubliant la première
version des armes de Charles Ier, appellent “Anjou ancien”, pour le distinguer de
l’écu à la bordure de gueules, dit “Anjou moderne”, inauguré par la deuxième mai-
son d’Anjou – est transmis à sa postérité44.
Quelle que soit sa date précise, l’adoption de ce lambel simple pose un problème
dynastique sérieux. Le lambel simple constitue habituellement la brisure des pre-
miers cadets, comme on l’a dit. Charles néglige donc les armoiries de la branche
d’Artois, antérieurement formée. Il profite sans doute de la minorité de son neveu
Robert II d’Artois (né en 1250) pour s’attribuer une préséance héraldique et, en
même temps, abandonner toute référence à sa mère et à la Castille. On ne saurait
expliquer cette attitude autrement que par le nouveau destin du personnage, qui
le porte sur le trône de Sicile et le conduit à prendre plus tard le titre de roi de
Jérusalem45. Ce destin était suffisamment glorieux pour effacer tout rêve de “châ-
teaux en Espagne”, selon l’expression française familière! Du côté de l’Espagne,
d’ailleurs, l’enjeu sera finalement pour Charles de gagner sa guerre contre Pierre III
d’Aragon qui revendique le royaume de Sicile (1182-1185).

4. EMBLÉMATIQUE ET POLITIQUE

L’attachement des fils à une mère sans doute très aimante, parfois autoritaire et
possessive, la force de caractère exceptionnelle de celle-ci, le rôle éminent qu’elle
a joué dans le gouvernement du royaume à des époques difficiles sont-ils les seuls
facteurs de la présence de la Castille dans l’emblématique de ses descendants? Les

40
Nielen (2011), n° 73-73bis..
41
Nielen (2011), n° 72. Ce sceau n’est connu que par des empreintes de 1275 et 1277.
42
Nielen (2011), n° 75-78.
43
Rolland (1956).
44
Mérindol (2003).
45
Sur un petit sceau de Charles comme roi de Sicile et de Jérusalem (représentant un écu parti de la croix de Jéru-
salem et de France au lambel) : Nielen (2011), n° 74. Hélas, ce sceau a été moulé sur une empreinte détachée, sans
date, dans une collection privée.

50
JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

aspects psychologiques du dossier ne peuvent être tenus pour négligeables, mais


ils ne fournissent pas toutes les clés du problème. L’emblématique publique, de
laquelle relèvent les noms, les sceaux et les armoiries, est toujours l’expression de
droits, de revendications tangibles ou latentes, éphémères parfois mais souvent héré-
ditaires.
Modèle de reine médiévale, Blanche de Castille ne l’est pas seulement pour les
vertus dont elle a fait preuve. Elle l’est aussi par les virtualités qu’elle a concentrées
sur sa personne, à la fois par sa naissance et par son action, qui ont contribué au
prestige de la dynastie capétienne et qui ont pu alimenter aussi les ambitions de ses
enfants. Deux couronnes autres que celle de France ont fait partie de cette nébuleuse
d’aspirations politiques: celle d’Angleterre et celle de Castille. Pour la première, on
a déjà fait allusion aux entreprises du mari de Blanche pour conquérir “l’héritage”
de sa femme: il y eut des opérations militaires sur terre et sur mer, des victoires et
des défaites, des serments de vassaux, des trahisons, et le sacre du jeune Henri III
Plantagenêt n’a certainement pas mis fin à tous les rêves.
Pour la seconde, il n’y eut jamais de passage à l’acte. Cependant, à une époque
qu’il est difficile de préciser, entre 1217 et 1226, un groupe de barons castillans
attestèrent que, à ses derniers moments, le roi Alfonso VIII, avait souhaité qu’un fils
de Blanche succède au trône de Castille si son propre fils Enrique venait à mourir
sans descendance... Blanche ne donna pas suite à ces ouvertures. Mais le souvenir
de l’affaire perdura assez longtemps pour que le troubadour italo-provençal Sordel,
familier de la cour de Charles d’Anjou, se fasse l’écho des reproches adressés à la
reine à ce sujet46. Les fils de Blanche en ont-ils éprouvé quelque nostalgie? Ont-
ils conçu quelque ressentiment envers leur mère d’avoir négligé l’offre d’une cou-
ronne qu’ils auraient pu porter? Alphonse de Poitiers, que son nom inscrivait dans
la lignée Castillanne, a-t-il pour cela joué volontairement sur la place du semé de
châteaux par rapport à ses lys paternels? Un élément au moins paraît évident: aucun
des fils de Blanche n’inclut dans ses emblème l’écu “de gueules au château d’or”
qui sont les armes pleines des rois de Castille, auxquelles Blanche a droit et qu’elle
fait figurer sur son contre-sceau en les accompagnant de fleurs de lys; ils adoptent
un semé de châteaux, “issu de Castille”, qui n’exprime pas positivement un droit
successoral fondé sur l’hérédité.
À titre de comparaison, Afonso du Portugal, fils d’Urraca de Castille et neveu de
Blanche, devenu avec le soutien de sa tante comte de Boulogne et de Dammartin,
adopte lui-aussi des armoiries parties où la préséance est donnée à la Castille,
mais sous la forme d’un semé de châteaux. Devenu roi du Portugal après son frère
Sancho II († 1248), il modifie les armes royales en leur ajoutant une bordure “cas-
tillée”, sans avoir jamais revendiqué, à notre connaissance, la couronne de Castille.
Le nom de son premier enfant est Blanche, qui peut venir de sa bisaïeule maternelle,
fille du roi de Navarre, mais qui évoque irrésistiblement sa tante, au point qu’on

46
Sivéry (1990), p. 77-78, et p. 263, n. 19-19. Sur Sordel: Anglade (1919), p. 235-241.

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

puisse se demander si la reine de France n’était pas sa marraine. Son troisième


enfant s’appelle Denis, nom totalement nouveau dans l’anthroponymie des dynas-
ties régnantes d’Europe, et qui ne peut s’expliquer que par une dévotion particulière
envers le saint protecteur des Capétiens...
La sémantique politique des emblèmes est d’une subtilité dont certains traits
ne se laissent pas aisément décrypter. Mais l’historien, qui déplore les lacunes des
sources écrites, ne peut négliger ce langage ni l’attribuer à la seule fantaisie. Il ne
saurait davantage négliger de prendre en compte le rôle des femmes, ascendantes ou
alliées, dans l’interprétation de ces signes.

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LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

ILLUSTRAÇAO

1. Grand sceau de Blanche de Castille en 1248


Paris, Archives nationales, sc/St3035 (Nielen, n° 15)

2. Contre-sceau de Blanche de Castille en 1248


Paris, Archives nationales, sc/St3035bis (Nielen, n° 15bis)

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

3. Grand sceau de Robert d’Artois en 1237


Paris, Archives nationales, sc/D355 (Nielen, n° 65)

4. Contre-sceau de Robert d’Artois en 1237


Paris, Archives nationales, sc/D355bis (Nielen, n° 65bis)

5. Deuxième grand sceau d’Alphonse de Poitiers, comte de Toulouse, en 1254


Paris, Archives nationales, sc/D1078 (Nielen, n° 67)

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JEAN-LUC CHASSEL
LE RAYONNEMENT DU NOM ET DES ARMES DE BLANCHE DE CASTILLE, REINE DE FRANCE († 1252)

6. Premier grand sceau de Charles d’Anjou en 1248


Paris, Archives nationales, sc/St5310 (Nielen, n° 71)

7a. Bulle commune d’Alphonse de Poitiers et de Charles d’Anjou pour la Provence en 1266 –
Avers (Alphonse de Poitiers)
Paris, Archives nationales, sc/D4519 (Nielen, n° 77)

7b. Bulle commune d’Alphonse de Poitiers et de Charles d’Anjou pour la Provence en 1266 –
Revers (Charles d’Anjou)
Paris, Archives nationales, sc/D4519bis (Nielen, n° 77bis)

PHOTOS: Archives nationales, Paris.

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ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE
OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

CRISTINA TUIMIL FERNÁNDEZ*


Universidade de Santiago de Compostela
cristina.tuimil@usc.es
orcid.org/0000-0002-6112-239X

Resumen: A lo largo de estas páginas se intentará demostrar cómo el estudio de la


heráldica presente en el conjunto burgalés de Santa María de Sasamón ha sido clave
para la recuperación del olvidado linaje de los Sasamón. Asimismo, se pretende evi-
denciar cómo el descubrimiento de esta familia -que vive fundamentalmente durante
la primera mitad del siglo XIV- ha sido fundamental en la datación del claustro de
Sasamón.

Palabras clave: Linaje Sasamón, claustro, heráldica, siglo XIV.

Abstract: Throughout these pages I will try to prove how the study of heraldry
present in Santa María de Sasamón (Burgos) has been the key to the recovery of the
forgotten lineage Sasamón. Likewise, I will intend to attest how the discovery of
this family -which lived mainly during the first half of the 14th Century- has been
fundamental in the dating of the cloister of Sasamón.

Keywords: Lineage Sasamon, cloister, heraldry, 14th century.

* Contratada predoctoral del Programa de Formación de Profesorado Universitario (FPU) del Ministerio de Educa-
ción, Cultura y Deporte e Investigadora en Formación y Perfeccionamiento en el Grupo de Investigación GI-1919
Síncrisis: investigación en formas culturais, de la Universidad de Santiago de Compostela. Este trabajo se enmarca
dentro de la realización de la tesis doctoral Santa María de Sasamón: fragmentos para la historia de una colegiata
olvidada, dirigida por Rocío Sánchez Ameijeiras.

59
CRISTINA TUIMIL FERNÁNDEZ
ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

CRUCES Y CALDERAS

En la conocida hoy como capilla de los Santos Juanes1, situada al norte del pri-
mer tramo de la nave de la iglesia de Santa María de Sasamón (Fig. 1) se encuen-
tra, apoyada en el suelo y totalmente descontextualizada, una memoria funeraria de
50x61 centímetros que presenta la siguiente inscripción:
AQ(u)I YAZE HERNAND(o) ALFONSO DE SAS/AMON QUE DIOS PERDONE QUE
HIZO/ HAZER ESTA CAPIELLA A SEVICIO/ DE DIOS ET DE SANTA MARIA ET AL/
LOOR ET ONRA DE SENOR SANT FRAN/CISCO LA QUAL CAPIELLA SE COM/ENCO
A HACER EL ANO DE LA ERA DE/ MIL ET CCCC ET XVII ANOS PATER N/OSTER
POR SU ALMA2 (Fig. 2).

Sus cuatro ángulos se decoran con las imágenes de los cuatro evangelistas y entre
ellos se disponen escudos blasonados y esmaltados, todos ellos cuartelados en cruz:
primero y cuarto de oro (¿o quizá gules?), una cruz flordelisada de sable; segundo
y tercero de plata, una caldera de sable (¿o azur?)3. Cruces y calderas, las mismas
figuras que conforman los escudos que adornan el frente de los sarcófagos de cuatro
de los arcosolios que ocupan las paredes del claustro de este mismo templo (Fig. 3).
El paso del tiempo -y de los sucesivos contratiempos4- ha provocado la pérdida de
la policromía de estos escudos, lo que impide conocer las similitudes o diferencias
que guardaban a este respecto con los escudos presentes en la mentada lauda. Con
todo, en una de las labras mejor conservadas pueden apreciarse todavía restos de
pintura oscura sobre las superficies de ambos muebles. Además, la superficie de la
caldera presenta tres incisiones que la recorren en sentido horizontal, lo que pare-
ce significar que originalmente se encontraba esmaltada de azur5 (Fig. 4). Por otro
lado, es posible observar con claridad que se trata de una cruz flordelisada vaciada,
algo que también se puede apreciar en algunos de los escudos mejor conservados
de la memoria funeraria. De este modo, parece adecuado proponer que estas armas

1
Originalmente conocida como capilla de las Ánimas, recibe hoy ese nombre debido a un retablo colocado en
época moderna y dedicado a los Santos Juanes. A través de esta capilla se accede hoy al claustro.
2
Transcripción de la autora. Para otra versión véase CRISTÓBAL VILLANUEVA, Eduardo - Informe arqueológico
preliminar sobre los arcosolios y sepulcros del claustro de la iglesia de Santa María la Real, en Sasamón. Burgos,
1996, p. 74.
3
El mal estado de conservación en el que se encuentra actualmente la pintura no permite apreciar los esmaltes con
total seguridad.
4
Un incendio sufrido en 1812 durante la Guerra de la Independencia a raíz de la ocupación de esta villa por parte
del ejército francés provocó la destrucción de gran parte del edificio -especialmente de su parte noroeste-, así como
la perdida de toda la documentación que en él se custodiaba. De ello se da cuenta en un documento conservado en
el Archivo Diocesano de Burgos fechado en 1816. Libro de Fábrica y cuentas de la iglesia de Sasamón: 1789-1850.
Archivo Diocesano de Burgos, armario 43, sig. 8, s.p. El claustro fue la parte más afectada en ese incendio.
5
Las paredes este, sur y oeste del claustro están horadadas por arcosolios funerarios. Las medidas de esta placa
rectangular coinciden quizá no por caso con el hueco que presenta en su fondo uno de los arcosolios del claustro
que cuenta, además, con escudos cuartelados en el frente del sarcófago que alberga. CRISTÓBAL VILLANUEVA,
E. - Informe arqueológico…, pp. 21-22.

60
CRISTINA TUIMIL FERNÁNDEZ
ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

sepulcrales fueran en su origen idénticas a las que decoran la memoria funeraria de


Hernando Alfonso de Sasamón.
Esta lauda será, por tanto, la pieza en torno a la que gire toda esta investigación
por ser la prueba que permite identificar los escudos presentes en el claustro como
propios de la familia Sasamón. A pesar de lo evidente que puede parecer esta cues-
tión, en el próximo apartado podrá comprobarse que resultó muy complejo llegar a
esa conclusión, pues el apellido de Hernando Alfonso no cobró sentido hasta que
otros Sasamón hicieron su aparición.

EN BUSCA DE UN LINAJE OLVIDADO

Es importante hacer hincapié en el hecho de que no había hasta el momen-


to ningún registro de la existencia de una familia que respondiese al apellido
Sasamón. Así, Hernando Alfonso no era en un principio más que un personaje
aislado cuyo renombre, aunque elocuente, no sugería ni implicaba la existencia de
ningún pariente.
Ninguno de los escasos autores que han dedicado atención a Sasamón se ha dete-
nido en el estudio de su claustro y, mucho menos, en el de la heráldica allí presente.
Solo Francisco Oñate en su monografía sobre los Blasones y linajes de la provincia
de Burgos ha prestado atención a los distintos escudos ubicados en la iglesia y la
villa de Sasamón6. Sin embargo, tampoco él sugiere ninguna filiación para las armas
aquí tratadas “por carecer de información al respecto”7.
Esta falta de interés despojó a esta lauda y, especialmente, al personaje que con-
memora, de la trascendencia que realmente tuvo. En consecuencia, hasta la fecha
no se había barajado la posibilidad de que su (re)nombre implicase una relación con
la villa más allá de haber elegido su templo como lugar de enterramiento y, menos
aún, que el estudio de sus armas podía resultar esencial para la interpretación de este
conjunto.
Lo cierto es que no parece quedar rastro de ningún dato relativo a la vida -o
muerte- de Hernando Alfonso de Sasamón. Sin embargo, aunque habían permane-
cido ocultos hasta el momento, sus lazos parentales no solo resultaron ser enorme-
mente extensos, sino que, afortunadamente, la memoria de algunos de sus parientes
ha conocido mejor fortuna.
No fue sino la lectura de la Crónica de Alfonso XI la que dio un vuelco a esta
investigación. En ella se narra cómo el rey Fernando IV cayó gravemente enfermo
en 1308 mientras se encontraba en Palencia y cómo, por esta razón, pidió alojarse
en las casas que Ruy Pérez de Sasamón tenía en esta ciudad8. La identificación de
6
OÑATE GÓMEZ, Francisco - Partido Judicial de Castrojeriz. En Blasones y linajes de la provincia de Burgos.
Burgos: Rico Adrados, 2017, pp. 127-146. Identifica principalmente los escudos de las familias Corral, Barba, Val-
tierra, Villegas y Cartagena
7
Ibíd., p. 146.
8
CERDÁ Y RICO, Francisco - Crónica de D. Alfonso el onceno de este nombre, de los reyes que reinaron en Cas-

61
CRISTINA TUIMIL FERNÁNDEZ
ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

Ruy Pérez supuso un punto de inflexión: fue a partir de su descubrimiento cuando el


hallazgo fortuito se convirtió en búsqueda intencionada, pues su figura demostraba
no sólo la existencia de esta familia de los Sasamón, sino también su pertenencia
a la alta nobleza de la Castilla bajomedieval. Así, Ruy Pérez parece haber sido el
miembro más activo de este linaje desde finales del siglo XIII -ya en 1285 y 1291
aparece como testigo en dos documentos expedidos por Sancho IV9- y especialmen-
te durante las primeras décadas del siglo XIV. De él se dice que llego a ser, entre
otras cosas, notario de Fernando IV10, ome de María de Molina –como ella misma
lo denomina en un documento de 131611- y despensero mayor del rey Alfonso XI
en 132712. Ruy estuvo casado con Urraca Fernández quien, tras enviudar, fundó un
monasterio de dominicas en Palencia, aunque más tarde la oposición del cabildo
llevó a Clemente VI a ordenar su supresión13. Ruy Pérez y Urraca Fernández pare-
cen haber sido los padres de otro de los personajes más destacados de esta fami-
lia: Rodrigo Rodríguez de Sasamón14. Hombre de iglesia, Rodrigo fue canónigo de
Covarrubias15, canónigo de Palencia16 y abad de Valladolid entre 1324 y 1358 -año
en el que falleció17-, y hombre de iglesia letrado como demuestra su presencia en el
estudio de Toulouse en el año 132818.
Pero el paso definitivo para la recuperación de este linaje lo supuso el descubri-
miento de los testamentos -todavía inéditos- de Martín Ibáñez de Sasamón (1333)
y Juan Rodríguez de Sasamón (1354)19. Juan -quien, por semejanza de fechas y

tilla y en León. Madrid: Imprenta de D. Antonio de Sancha, 1787, t. I, p. 5.


9
RILOVA PÉREZ, Isaac y SIMÓN REY, Jesús – Sasamón: historia y guía artística. Burgos: Editorial Dossoles,
1995, pp. 119-120.
10
BENAVIDES, ANTONIO - Memorias de don Fernando IV de Castilla. Madrid: Real Academia de la Historia,
1860, t. I, p. 203.
11
GONZÁLEZ CRESPO, Esther - Colección documental de Alfonso XI: diplomas reales conservados en el Archivo
Histórico Nacional. Madrid: Universidad Complutense, 1985, p. 97.
12
Ibíd., p. 224.
13
REGLERO DE LA FUENTE, Carlos - La iglesia catedral de Palencia en el siglo XIV (1313-1397): crisis y refor-
mas. Edad Media, Revista de Historia. Vol. 7 (2005-2006), p. 142. La fundación tuvo lugar en 1331, por lo que es
posible deducir que Ruy Pérez habría fallecido, como muy tarde en ese mismo año.
14
SANGRADOR VÍTORES, Matías - Historia de la muy noble y leal ciudad de Valladolid desde su más remota
antigüedad hasta la muerte de Fernando VII (1851-1854). Valladolid: Imprenta de D. M. Aparicio, Valladolid,
1854, p. 82.
15
SERRANO, Luciano – Cartulario del Infantado de Covarrubias. En Fuentes para la Historia de Castilla. Valla-
dolid: Cuesta, 1907. Vol. II, p. 200.
16
REGLERO DE LA FUENTE, C. - La iglesia catedral..., p. 141.
17
BELTRÁN DE HEREDIA, Vicente - Bulario de la Universidad de Salamanca (1219-1549). Salamanca: Univer-
sidad, 1966, t. I, p. 247.
18
FOURNIER, Marcel - Les statuts et privileges des univesites francoises depuis leur fundation jusqu’au 1789.
París: L. Larose et Forcel, 1890, n. 554.
19
La transcripción de estos dos testamentos, todavía inéditos, ha sido realizada por Susana Guijarro González. Son
los testamentos de Martín Ibáñez, prior de catedral de Burgos hasta su fallecimiento en 1333 (testamento con fecha
30/07/1333. ACB, vol. 48, fol. 319) y Juan Rodríguez, canónigo de la catedral de Burgos hasta su fallecimiento en
1354 (testamento con fecha 08/03/1354. ACB, vol. 18, fol. 507), ambos conservados en el Archivo Catedralicio de

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ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

denominación, podría ser hermano de Rodrigo- fue canónigo de Burgos y Valladolid


hasta su muerte acaecida en 135420, habiendo ejercido el cargo de despensero mayor
de Alfonso XI en 133021 (¿siguiendo los pasos del que quizá fue su padre, Ruy Pérez
de Sasamón?). Recibe, además, la denominación de clérigo regio22, y a él se alude
en una bula del papa Benedicto XII como familiar del rey Alfonso XI23 -familiar,
por supuesto, en el sentido de familia cortesana y no de sangre-. Martín Ibáñez de
Sasamón, canónigo y prior de Burgos hasta su muerte en 1333, fue su tío24.
La vinculación de estos personajes con la villa de Sasamón queda perfectamente
reflejada en sus mandas testamentarias. Juan Rodríguez, entre otras cosas, dona 300
maravedíes “a la Iglesia. de Sa. Ma. de Sasamón por las animas de mis padres e de
los hombres buenas y buenas dueñas que me criaron e por la mia” y 200 maravedíes
más “a los clérigos de Sasamón”. Martín Ibáñez, por su parte, además de la dona-
ción de 100 maravedíes a la fábrica de la iglesia de Sasamón y 50 maravedíes a los
clérigos de su cofradía -de la que él mismo dice ser miembro-, funda una suerte de
cofradía en unas casas que él posee en la villa para que “bivan para siempre quatro
clerigos de mis parientes, los mas propinquos (sic) de mi linaje”, que sirvan y ayu-
den a aquellos que lo precisen. Designa como “mayor en dicha casa” a su sobrino
y compañero Juan Rodríguez de Sasamón, y ordena que tras su muerte sea él quien
elija a un sucesor “que sea apto para serviçio de Dios e de la dicha casas so peligro
de su alma”25.
Pero el estudio de estos documentos no sólo confirmó la existencia de un vínculo
real con Sasamón, sino que también propició una profundización en el conocimiento
de esta familia, habiendo podido rescatar ya a más de cincuenta miembros. Citarlos
a todos excedería los límites de este trabajo, pero sí es posible exponer que del
estudio de todas sus personalidades se puede deducir que esta familia desempeñó,

Burgos. Su estudio forma parte del libro de GUIJARRO GONZÁLEZ, Susana - El bien façer, el buen morir y la
remembranza en la sociedad medieval burgalesa (siglos XIII-XV). Santander: Editorial de la Universidad de Can-
tabria, Santander, 2016; así como de un Proyecto en curso titulado Cultura, poder y redes sociales en la Castilla
medieval: el clero de la diócesis de Burgos y Sigüenza en la Baja Edad Media (MINECO, Plan Nacional I+D+i,
HAR2016-79265-P). Quiero aprovechar la ocasión para agradecer a Susana su gran ayuda y amabilidad al haberme
proporcionado el acceso a estos documentos.
20
GUIJARRO GONZÁLEZ, Susana - Religiosidad y muerte en el Burgos medieval (siglos XIII-XIV). Codex Aqui-
larensis, Palencia: Fundación Santa María la Real. Nº 22 (2006), p. 47.
GONZÁLEZ CRESPO, Esther - Un documento para el estudio de la Audiencia Real en el reinado de Alfonso XI.
21

En la España medieval. Madrid: Universidad Complutense. Nº 4 (1984), p. 399.


22
DIAZ IBÁÑEZ, Jorge - La Iglesia de Castilla y León y el papado de Aviñon. Súplicas beneficiales, prosopografía
y clientelismo eclesiástico en época de Urbano V. En LUCAS ALVAREZ, Manuel - El Reino de León en la Alta
Edad Media, Vol. X. León, Centro de Estudios e Investigación San Isidoro, 2003, vol. X, p. 491.
23
KELLY, Henry - Canon law and the archpriest of Hita. Binghamton: Center for Medieval & Early Renaissance
Studies, 1984, p. 118.
24
GUIJARRO GONZÁLEZ, S. - Religiosidad y muerte…, p. 59.
25
Todos estos datos están extraídos de los citados testamentos que, como se ha dicho, están todavía sin editar y por
lo tanto también sin paginar.

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ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

sin duda, un papel destacado en la vida política y religiosa de -al menos- el final del
siglo XIII y la primera mitad del XIV en Castilla.
El testamento de Juan Rodríguez permitió también ratificar la pertenencia de
Hernando Alfonso a esta familia Sasamón. Juan Rodríguez se refiere a él como su
sobrino en sucesivas ocasiones y lo designa como uno de sus principales herede-
ros. Lo deja, además, a cargo de esa casa-hospital que había fundado su tío Martín
Ibáñez, un acto del que se deduce que por aquel entonces debía de ser uno de los
miembros más destacados de la familia26.
En conclusión, la confirmación de esta vinculación entre Hernando Alfonso y el
linaje Sasamón y de sus miembros con la población de la que han tomado el nombre
ha permitido afirmar que las armas ubicadas en el claustro segisamonense, y por
consiguiente los monumentos funerarios que estas decoran, pertenecen a miembros
de esta familia. Así, al menos cuatro de ellos descansan en aquellos arcosolios en los
que han dejado una huella pétrea como testimonio de su memoria perpetua.

CALDERAS Y CASTILLOS

Pero además de la de Hernando Alfonso, hay en el claustro de Sasamón otras dos


memorias funerarias que presentan escudos cuartelados. Una de ellas se encuentra
en la parte superior del tímpano de uno de los arcosolios que, como se ha dicho,
alberga este recinto. Sin embargo, a juzgar por lo descuidado de su colocación
actual, parece evidente que esta no fue su ubicación original. Muy similar en su
diseño a la anterior, esta lauda rectangular de 48x35,8 centímetros presenta también
una inscripción que reza:
AQI YAZE PERO GONZALEZ QUE D/IOS PERDONE CLERIGO SERVIDO/R DESTA
IGLESIA ET ARCIPREST/E DE PRADO ET CAPELLAN DEL/A IGLESIA DE SANTA
MARIA DE B/URGOS ET FINO A DIAS D/EL MES DE ¿ERA? DE/ MILL ET
CCCC ET XX ANOS27. (Fig. 5)

En los cuatro ángulos aparecen de nuevo las representaciones de los cuatro evan-
gelistas y entre ellas, en los lados superior e inferior, cuatro escudos cuartelados en
cruz: primero y cuarto de plata, una caldera en sable; segundo y tercero de gules, un
castillo en plata.
Gracias de nuevo a los testamentos citados, es posible identificar al destinata-
rio de esta lauda como Pedro González de Sasamón, uno de los principales here-
deros de Juan Rodríguez de Sasamón. Este se refiere a él como “Pedro González,

26
Recordemos que Martín Ibáñez había reservado la dirección de esta casa a los más célebres de su linaje.
27
Los huecos del epígrafe, como indica Cristóbal Villanueva partiendo de los estudios de Gómez Bárcena, pueden
ser producidos por el hecho de que no se grabó la fecha sino que se pintó, y esta ha sido borrada por el paso del
tiempo. Parece que en la catedral de Burgos se dan más casos como este. CRISTÓBAL VILLANUEVA, E. - Infor-
me arqueológico…, p. 17. Cabe también la posibilidad de que el propietario la encargase en vida, teniendo que
grabar únicamente la fecha tras su muerte, y que esta acción no se llevase a cabo.

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cura de Sasamón”, ocupación que corrobora su memoria funeraria: “Aqi yaze Pero
Gonzalez que dios perdone clerigo servidor desta iglesia”. Solo la fecha de defun-
ción podría generar dudas en cuanto a la identidad de este personaje ya que el único
año que figura en la memoria es 1420, una fecha demasiado tardía para tratarse de la
misma persona que aparece en el testamento de 1354. A este respecto, es importante
apuntar que lo más probable es que 1420 no sea el año sino la “era” de su muerte.
Justo después del segundo espacio, precediendo a las palabras “de mil”, se conser-
va la huella de otra palabra que hoy resulta ilegible pero cuya primera letra parece
haber sido una “E”. Por su tamaño y posición es más que posible que se tratase del
vocablo “era”. Pedro González habría muerto, entonces, treinta y ocho años antes.
Es decir, alrededor de 1385.
El diseño de la tercera y última de las memorias funerarias aquí tratadas difiere
ligeramente de las anteriores. En esta ocasión se trata de una pequeña placa, de
40x30 centímetros, situada en la parte inferior de otro de los arcosolios del claustro
que, al igual que en el caso anterior, no se encuentra en su destino original. Esta
lauda también alberga una inscripción en que dice:
AQ I IAZE P(er)O Gº(¿onsale?)S CRIADO DE ROY P(ere)S/ E FINO XXI DIAS DE
DIZIEMBRE ERA/ DE MIL E CCCLXXI ANNO E SU MU/GIER MARIA G(¿onsale?)S
Q(ue) DIOS LOS/ P(er)DONE AMEN PATER NOSTER/ POR SUS ALMAS28 (Fig. 6).

Bajo el texto se extiende una franja en relieve decorada con una figura seden-
te –muy probablemente una Virgen-, flanqueada a izquierda y derecha por sendos
escudos. El de su izquierda ha sido destruido, pero el de su derecha muestra un cuar-
telado en cruz: primero y cuarto una caldera; segundo y tercero un castillo. Debido a
su mal estado no se conservan restos de policromía que permitan intuir sus esmaltes.
Sin embargo, es más que probable que trate de las mismas armas que decoraban la
memoria funeraria de Pedro González de Sasamón.
Atendiendo a la inscripción, es posible que el “ROY P S” al que hace referencia
no sea otro que Roy Pérez de Sasamón y, teniendo en cuenta los mecanismos de
escritura de la época, también lo es que las siglas “PO G S” constituyan la abre-
viatura de Pedro González. Un nuevo Pedro González que habría muerto en 1333,
cincuenta y dos años antes que el anterior. ¿Serían padre e hijo? ¿o quizá abue-
lo y nieto?29. Calderas y castillos. ¿Podrían ser estas las armas de los González de
Sasamón? De lo que no cabe duda es de que estos dos personajes forman también
parte de esta familia Sasamón, por lo que este segundo cuartelado no sería más que
28
CRISTÓBAL VILLANUEVA, E. - Informe arqueológico…, pp. 26-27.
29
Según lo que se puede extraer de los testamentos de Juan Rodríguez y Martín Ibáñez parece haber existido un
Pedro llamado “el alcalde” que habría sido hermano de Martín Ibáñez. Este Pedro -que en lo que fechas respecta
podría haber sido el PO GS de la inscripción, pues según la lauda muere en 1333, mismo año en el que muere
Martín Ibáñez- tuvo un hijo llamado Pedro Royz, sobrino de Martín Ibáñez y primo de Juan Rodríguez. Este Pedro
Royz tiene, a su vez, un hijo llamado Pedro, que podría ser, aunque no hay ninguna certeza de ello, ese segundo
Pedro González. Soy consciente de lo aventurado que resulta establecer esta relación debido a la falta de documen-
tación al respecto y a la arbitrariedad con la que nombres y patronímicos eran puestos por aquel entonces.

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ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

una variante de las armas de este linaje diseñado para diferenciarse del resto de sus
ramas30.
Además, no es esta la única brisura que he podido advertir en los escudos de los
Sasamón. Cuesta apreciar, entre el conjunto de escudos que decoran los sarcófagos
del claustro, una variación que está presente en dos de estas labras. En lugar del
cuartelado en cruz: primero y cuarto una cruz flordelisada vaciada; segundo y terce-
ro una caldera, estos dos escudos presentan un cuartelado en cruz: primero y cuarto
una caldera; segundo y tercero una cruz flordelisada vaciada (Fig. 7). Es decir, los
mismos muebles dispuestos a la inversa.
La idea de que todo un árbol integrado por sus distintas ramas esté presente en
el claustro segisamonense resulta demasiado atractiva para ser ignorada. Aunque los
datos que he recabado hasta el momento no permiten encajar todas las piezas de este
puzle genealógico, la reiteración de estas armas en laudas y sarcófagos blasonados
sugieren que la familia de los Sasamón debió de haber jugado un papel activo en la
fábrica de este templo. Fuesen o no sus comitentes, un hecho ha quedado demos-
trado gracias a la heráldica: la presencia en el claustro de las armas de este linaje,
cuya vida se desarrolló fundamentalmente durante la primera mitad del siglo XIV,
ha permitido probar la temprana existencia de este recinto y con ello adelantar una
datación que hasta el momento se había fijado de forma reiterada hacia finales del
siglo XV31.

LAS RAÍCES OCULTAS DEL LINAJE SASAMÓN

Pese a haber constatado que las armas presentes en el templo segisamonense per-
tenecen a la olvidada familia Sasamón y demostrado con ello la existencia de este
claustro al menos en el siglo XIV, hay un enigma que todavía no he sido capaz de
resolver: la procedencia -o ascendencia- de este linaje.
Tomando los muebles que componen las armas de los Sasamón como punto de
partida -ante la imposibilidad de encontrar la respuesta a través de la documenta-
ción-, he podido hallar, hasta el momento, tres posibles vínculos o paralelos entre
los que podría encontrarse el camino para su interpretación.
Una primera concordancia resulta evidente: las calderas son las armas por exce-
lencia de los Lara, una de las familias más destacadas de la Edad Media castellana.
Calderas similares a las que adornan los sarcófagos del claustro segisamonense se
encuentran, por ejemplo, en la tumba de la condesa doña Mencía de Lara, situada
en el centro de la sala capitular del monasterio de San Andrés de Arroyo del que fue

30
Solían hacerse estas modificaciones en algunos detalles (el cuartelado, las figuras, los esmaltes, etc.) cuando una
rama de una familia quería diferenciarse de la principal. VAQUERIZO ROMERO, Félix - Manual de heráldica
española. Madrid: Trigo D.L., 2000, p. 87.
31
Tradicionalmente, y sin base documental alguna, el claustro de Santa María de Sasamón ha sido datado entre fina-
les del siglo XV y principios del XVI y adscrito a la autoría de Juan de Colonia de forma reiterada por los escasos
autores que le han dedicado atención.

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abadesa hasta su muerte en 122732. Este sepulcro -aunque labrado en el siglo XIII y
por tanto anterior a los aquí estudiados-, se encuentra adornado por escudos blaso-
nados consistentes en dos calderas superpuestas que presentan bandas horizontales a
lo largo de su superficie y cabezas de ofidios con las fauces abiertas en los extremos
de sus asas33. Quizá no sea casualidad que el propio Juan Rodríguez de Sasamón se
designe en su testamento como “familiar” del convento de San Andrés, al que hace
una donación de 100 mrs34 -misma cantidad que previamente les había otorgado
su tío Martín Ibáñez-. Además, el propio Juan Rodríguez nombra a varias de sus
parientes como “freyras en San Andrés de Arroyo”. ¿Algún lazo familiar justificaría
el que estas “Sasamonas” eligiesen profesar en el monasterio palentino?
Lo cierto es que los Lara han detentado el dominio de gran parte del territorio
burgalés durante toda la Edad Media. De su poder sobre Sasamón existe constancia
documental: la venta que Doña Sancha Fernández35, hija del Conde don Fernando, y
sus primos Doña Teresa González36 y Nuño González, hijos del conde Don Gonzalo
y la Condesa Doña María, realizan en favor del obispo de Burgos Don Juan de Osma
en 1243, 1244 y 1246 respectivamente. Los tres documentos siguen una estructura
similar, siendo el más completo el de Nuño González, que relata:
“Yo Don Nuño Gonzalvez, hijo del conde Don Gonzalo y de la Condesa Doña Maria, vendo e
robro a vos don Joan, Obispo de Burgos, y Chanciller del Rey, toda quanta devisa è en Santa
María de Sasamon, señorío, divisa, vasallos, tierras, viñas, casas, solares, populatos e non
populatos, ortos, molinos, prados, pastos, aguas, arboles, montes, fuentes, entradas, exidas. E
recibo de vos en precio 500 mrs. bonos directos y un manto en robora”37.

Si bien se podría pensar que esta venta podría implicar una cierta desvincula-
ción de los Lara con el territorio de Sasamón, el Becerro de las Behetrías revela
que estos no debían ser los únicos miembros de este linaje con derechos naturales
32
La identidad de doña Mencía ha sido muy discutida por los investigadores. Finalmente se ha llegado a la conclu-
sión de que, aunque descendía del linaje de los Haro -era hija de don Lope Díaz de Haro y Aldonza Ruiz de Castro-,
estuvo casada durante un breve periodo de tiempo con Álvaro Pérez de Lara, hijo de Pedro González de Lara, del
que habría obtenido el título de condesa. Tras el fallecimiento de este hacia 1173, doña Mencía decidió consagrarse
a Dios durante el resto de sus días. Este vínculo matrimonial explicaría la presencia en su sepulcro de las armas de
los Lara pese a ser descendiente de los Haro. CANAL SÁNCHEZ-PAGÍN, José Mª - La casa de Haro en León y
Castilla durante el siglo XIII. Nuevas conclusiones. Anuario de Estudios Medievales. Barcelona: Consejo Superior
de Investigaciones Científicas. Vol. 25/1 (1995), pp. 22-25.
33
FERNÁNDEZ GONZÁLEZ, Etelvina – Los sepulcros de la sala capitular del Monasterio de San Andrés del
Arroyo (Palencia). Estudios Humanísticos. León: Colegio Universitario de León, Filosofía y Letras. Vol. 1 (1979),
p. 87. Mencía de Lara murió hacia 1227.
34
“Mando al convento de S. Andres de Arroyo cuyo familiar yo so por que rueguen a dios por mi alma çien mrs
para pitanza e mando que non demanden a las abadesas deste monasterio dosçientos mrs que me deven e mando
que den en vianda a los que an raçion en el monasterio el dia que el monasterio oviere la pitanza quarenta mrs e
mando a los capellanes deste monasterio para pitanza sesenta mrs”. Testamento de Juan Rodríguez de Sasamón, s.p.
35
SALAZAR Y CASTRO, Luis – Pruebas de la historia de la casa de Lara. Madrid: Imprenta Real de Mateo de
Llanos y Guzmán, 1694. Vol. IV, p. 626.
36
Ibíd., p. 632.
37
Ibíd., p. 635.

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ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

sobre este territorio. Así, en este documento se registra que Sasamón es “logar de
behetría e son deviseros naturales don Nunno e don Pedro e non an otro natural
nin devisero”38. ¿Podrían ser los Sasamón una rama menor de loResta por analizar
el otro de los muebles que muestran las memorias y las laudas segisamonenses: la
cruz flordelisada, que es especialmente característica de la orden de Calatrava. Un
indicio de que este podría ser el origen de este cuartel en el blasón de los Sasamón
lo proporciona un documento que custodia el acuerdo establecido en 1269 entre la
Orden de Calatrava y el Infante Don Felipe, Doña Leonor de Castro y don Fernán
Ruiz de Castro sobre Paredes de Nava39. De este documento penden ocho sellos que
han sido reproducidos por Salazar en sus Pruebas de la historia de la casa de Lara.
Si bien al ser reproducidos en blanco y negro no es posible saber si contaba con los
mismos esmaltes, uno de ellos presenta idénticas armas que los escudos presentes
en el claustro segisamonense (Fig. 8). Desgraciadamente, este sello ha perdido la
bordura exterior en la que estaba inscrito el nombre de su propietario, un hecho que
dificulta enormemente su identificación. A pesar de ello, quizá sea posible descifrar
su procedencia atendiendo a los personajes que se citan en el documento.
De los ocho sellos que pendían del documento, dos pertenecen al Infante Don
Felipe y a Fernán Ruiz de Castro como sus propias inscripciones indican. Otros dos,
que presentan efigies de mujeres, corresponden con toda probabilidad a Urraca Díaz
y Leonor de Ruiz de Castro. Los cuatro restantes parecen pertenecer a miembros de
la Orden pues todos ellos presentan cruces de Calatrava solas o combinadas. Si bien
dos de estos están demasiado dañados como para reconocer en ellos apenas más que
las cruces, los dos restantes sí se han conservado: uno pertenece a un Frey de nom-
bre Ramiro; y el último presenta el cuartelado aquí tratado. Y sólo resta buscar entre
los otorgantes y confirmantes del documento a quien pudiera pertenecer.
Este se inicia del siguiente modo “Conoszida cosa sea a quantos esta carta vieren,
como yo Frey Espinel, y yo Alfonso García, y yo Frey Ramiro, y yo Gonçalo Romo
y yo Frey Gonçalo, Freyres de Calatrava, por mandado de nuestro Maestro”. A 13 de
mayo de 1269, fecha en la que se expide el documento, era Maestre de la Orden Juan
González de Roa (1267-1284)40. Si damos crédito a la Historia de la casa de Lara de
Luis Salazar y Castro, Juan González de Roa sería hijo de Gonzalo Gómez de Roa,
señor de Roa y Aza, cuyas armas estaban formadas por una cruz en gules -tomada
tras su papel en la batalla de las Navas de Tolosa- sobre campo de oro orlada de cal-
deras de Lara41. Gonzalo tuvo por hijo primogénito a Gómez González de Roa, quien
38
MARTÍNEZ DÍEZ, Gonzálo - Libro Becerro de las Behetrías. León: Centro de Estudios e Investigación “San
Isidoro”, 1981, t. II, p. 250. Este don Nuño se refiere a Nuño señor de Vizcaya (1348-1352), hijo de Juan Nuñez de
Lara IV y María Díaz de Haro.
39
SALAZAR Y CASTRO, L. - Pruebas de la…, p. 632. Cita original en pergamino, Archivo del S. C. de Calatrava,
cajón 14.
40
CIUDAD RUIZ, Manuel – Catálogo provisional de dignidades de la Orden de Calatrava (Edad Media). Cuadernos
de estudios manchegos. Ciudad Real: Instituto de Estudios Manchegos. ISSN 0526-2623. Nº 25-26 (2003), p. 220.
41
SALAZAR Y CASTRO, Luis - Historia genealógica de la casa de Lara. Madrid: Imprenta Real de Mateo de
Llanos y Guzmán, 1697. Vol. III, p. 328

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ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

continúa la línea sucesoria y, por tanto, adopta el escudo de su padre. Juan González,
como segundogénito, tendría que haber variado sus armas, pudiendo haber tomado ese
cuartelado que presenta en el sello citado. Se dice que este personaje fallece sin dejar
descendencia, pero ¿y si esto no es del todo correcto? Soy consciente de lo aventurado
y hasta cierto punto infundado que resulta proponer esta relación, pero no se trata de
una afirmación sino de una de las múltiples opciones que es posible barajar dentro de
este análisis comparativo de las armas de los Sasamón.
En este intento de esclarecer paralelos y vínculos con las armas de los Sasamón
acabé por traspasar los límites de la Edad Media. Así, se hace necesario citar a un
linaje que podría encontrarse conectado con los “Sasamones” medievales y cuyas
armas presentan, quizá no por caso, amplias similitudes con las que ocupan este
estudio. Como ya he apuntado, en su obra Blasones y linajes de la provincia de
Burgos Francisco Oñate trata con detenimiento los escudos de varias familias pre-
sentes en Sasamón. Entre ellos llama especial atención el que preside la fachada de
la una casa solariega ubicada en el centro de villa. Su campo es cortado y medio
partido: primero, una cruz vacía floreteada de sable sobre fondo de plata, con una
bordura componada de dieciséis compones: ocho de gules, con un castillo de oro,
alternados con ocho de plata con una caldera de sable; segundo y tercero, alian-
zas que no tiene por caso describir42. Estas son las armas de los Villegas (Fig. 9).
Dicho autor hace asimismo referencia a otra variante que corresponde a un escudo
de armas de los Ruiz de Villegas presente en los protocolos notariales del escribano
Marín Ramírez, con fecha de 1613. Este se compone de un campo cortado y medio
partido: primero, de gules, un castillo de oro; segundo, de plata, una cruz flordelisa-
da vacía, de sable. Ambos rodeados por una bordura componada de dieciséis com-
ponentes: ocho de gules con un castillo de oro, alternados con ocho de plata con una
caldera de sable43. Aunque a veces presentaban distinta combinación, las armas de
los Villegas constaban siempre de una cruz flordelisada vaciada con bordura cargada
de castillos y/o calderas44.
Los orígenes de esta familia parecen encontrarse en territorio cántabro, en con-
creto en el llamado valle de Toranzo45. A mediados del siglo XIV se habían expandi-
do enormemente y habían adquirido un notable poder en el ámbito castellano de la
mano de algunos de sus parientes más ilustres entre los que destaca Pedro Ruiz de
Villegas, que llegó a ser Adelantado mayor de Castilla y Merino Mayor de Burgos
durante el reinado de Alfonso XI46. Poseían, así, numerosos señoríos de behetría en
regiones burgalesas entre los que cabe destacar -además de la propia Villegas-, las

42
OÑATE GÓMEZ, F. - Partido Judicial…, p. 134.
43
Ibíd., p. 135.
44
GONZÁLEZ ECHEGARAY, Mª del Carmen – Escudos de Cantabria. Santander: Institución Cultural de Can-
tabria, 1976, t. III.
45
SÁNCHEZ DE LEÓN COTONER, Antonio - La casa de Villegas y el privilegio de los halcones de la costa del
Cantábrico. Anales del cincuentenario II. Madrid: Elece Industria Gráfica. Vol. II (2005-2006), p. 227.
46
Ibíd., p. 229.

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ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

villas de Carabeo, Pedrosa del Páramo o Villadiego, por estar ubicadas todas ellas
en las inmediaciones de Sasamón47. Villegas limita al sur con Sasamón, por lo que
en este intento de conexión no sólo hay que tener en cuenta la identidad de las armas
sino también la afinidad geográfica. No existen, desgraciadamente, demasiados
datos acerca de la presencia de los Villegas en Sasamón durante la Edad Media, sin
embargo, sí parece existir constancia de la existencia de una rama de la casa y solar
de los Villegas en la villa de Sasamón durante la Edad Moderna, de la que todavía se
conserva la casa solariega llamada de los Villegas de Sasamón48. Aunque no tenían,
como había demostrado el Becerro, ningún derecho sobre Sasamón, la presencia de
los Villegas en la villa queda demostrada a través de la heráldica.
Cruces, calderas y castillos. Si bien no es posible establecer por el momento
ningún tipo de vinculación, parece innegable que estas armas guardan algún tipo de
relación con las del linaje Sasamón. Quizá estas no sean sino una variación de las de
la familia Villegas, en la que podría encontrarse su verdadera cuna.
Sea como fuere, las raíces de la familia Sasamón permanecen todavía bajo tierra.
Aunque las posibles filiaciones que aquí he intentado apuntar no son más que hipó-
tesis aún por demostrar, confío en que algún día sea capaz de encontrar las armas
necesarias para desenterrar el verdadero origen de este linaje, cuya memoria merece
ser recuperada.
Con este trabajo espero haber sido capaz de poner de manifiesto su verdadera
importancia y, al tiempo, la importancia que sus armas han tenido a la hora de poder
fechar el claustro que aloja sus sepulcros. Los viejos escudos empolvados lograron
iluminar un conjunto arquitectónico que había estado sumido en la oscuridad duran-
te siglos.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Libro de Fábrica y cuentas de la iglesia de Sasamón: 1789-1850. Archivo Diocesano


de Burgos, armario 43, sig. 8, s.p.

Testamentos de Martín Ibáñez (testamento con fecha 30/07/1333. ACB, vol. 48,
fol. 319) y Juan Rodríguez (testamento con fecha 08/03/1354. ACB, vol. 18, fol.
507). Archivo Catedralicio de Burgos.

BELTRÁN DE HEREDIA, Vicente - Bulario de la Universidad de Salamanca


(1219-1549). Salamanca: Universidad de Salamanca, 1966. 300 p.
BENAVIDES, ANTONIO - Memorias de don Fernando IV de Castilla. Madrid:
Real Academia de la Historia, 1860. 696 p. t. I.

47
Véase “Villegas” en el índice de MARTÍNEZ DÍEZ, Gonzalo - Libro Becerro…, v.p.
48
En ella se encuentra el escudo descrito anteriormente. OÑATE GÓMEZ, F. - Partido Judicial…, p. 130.

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CRISTINA TUIMIL FERNÁNDEZ
ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

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CRISTINA TUIMIL FERNÁNDEZ
ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

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SANGRADOR VÍTORES, Matías - Historia de la muy noble y leal ciudad de
Valladolid desde su más remota antigüedad hasta la muerte de Fernando VII
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SERRANO, Luciano – Cartulario del Infantado de Covarrubias. En Fuentes para la
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VICENCIO DE VIDANIA, Diego - Al Rey nuestro Señor Don Francisco de
Benavides. Nápoles: Antonio Parrino, 1696. 490 p.

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CRISTINA TUIMIL FERNÁNDEZ
ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

ANEXO FOTOGRÁFICO

Fig. 1. Santa María de Sasamón (Burgos). Planta. Extraída de OROÑO DÍAZ, Andrés y LÓPEZ
MIGUEL, Miguel A. - Santa María la Real de Sasamón (Burgos): estudio técnico, p. 18.

Fig. 2. Santa María de Sasamón. Lauda sepulcral de Hernando Alfonso de Sasamón. Siglo XIV.
Fotografía de la autora.

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ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

Fig. 3. Santa María de Sasamón. Claustro. Detalle de un arcosolio que alberga en su frente los
escudos de la familia Sasamón. Fotografía de la autora.

Fig. 4. Santa María de Sasamón. Claustro. Detalle de los escudos de la familia Sasamón que decoran
el frente de un arcosolio. Fotografía de la autora.

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ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

Fig. 5. Santa María de Sasamón. Claustro. Lauda sepulcral de Pedro González de Sasamón.
Siglo XIV. Fotografía de la autora.

Fig. 6. Santa María de Sasamón. Claustro. Lauda sepulcral ¿de Pedro González? Año 1333.
Fotografía de la autora.

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ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

Fig. 7. Santa María de Sasamón. Claustro. Detalle de los escudos que decoran el frente de un
arcosolio con la brisura de las armas del linaje Sasamón. Fotografía de la autora.

Fig. 8. Sello con las armas de ¿Juan González de Roa? Año 1269. Reproducción extraída de
SALAZAR Y CASTRO, Luis - Pruebas de la historia de la casa de Lara, p. 632.

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CRISTINA TUIMIL FERNÁNDEZ
ARMAS ELOCUENTES: LA RECUPERACIÓN DE UN LINAJE OLVIDADO A TRAVÉS DE SU REPRESENTACIÓN HERÁLDICA

Fig. 9. Villa de Sasamón. Fachada de una casa solariega. Escudo de la familia Villegas.
Fotografía de la autora.

77
Época Moderna
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL.
ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
Universidad de Alicante.
ramon.baldaqui@ua.es
orcid.org/0000-0002-3458-9058

Resumen: Estudio de ciertas variaciones introducidas en los emblemas heráldicos


de cuatro ciudades y villas valencianas durante el periodo del Barroco, como reflejo
de la mentalidad de la época.

Palabras clave: Barroco (cultura y sociedad), Heráldica local.

Abstract: Analysis about different changes in Arms in four Valencian cities and
boroughs during the Baroque period, as a consequence of the mentality in that time.

Keywords: Baroque (culture and society), Municipal Heraldry.

Los emblemas heráldicos valencianos, como la generalidad de los hispanos,


tienen con mucha frecuencia su origen en las representaciones sigilares, como ya
advirtió en 1945 el gran medievalista castellano Julio González1 y con mayores
y mejores argumentos Faustino Menéndez-Pidal de Navascués, quien señala que
la transferencia de las representaciones sigilares a la heráldica municipal es un
hecho tardío, que se da en la Península entre los siglos XIV-XV2, cronología ple-
namente aceptable para el caso valenciano, como señalamos en algún trabajo ante-

1
GONZÁLEZ, Julio, “Los sellos concejiles de España en la Edad Media”, tirada aparte de la revista Hispania,
XX (1945), pp. 37-38. En estas páginas se ocupa el autor de los sellos de tipo heráldico. Sin embargo, en el mismo
lugar, pp. 36 y 37 y hablando de los sellos hagiográficos, se ocupa de las representaciones de los de Sevilla y Cádiz,
que coinciden con el escudo de ambas ciudades. Los ejemplos en este sentido podrían multiplicarse.
2
MENÉNDEZ-PIDAL DE NAVASCUÉS,Faustino: Los emblemas heráldicos. Una interpretación histórica.
Madrid, 1993, p. 72 y notas 11 a 13.

81
RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

rior3, indicando el predominio casi absoluto de las representaciones monumentales


y parlantes.
Sin embargo, a pesar de la estabilidad que por su origen y función cabe atribuir
a dichas representaciones, éstas conocen cambios y variaciones no solamente por
lo que hace a su aspecto formal, sino también por lo tocante a su contenido. En las
notas que siguen intentaremos señalar los cambios que se producen en los escudos
de algunas villas y ciudades valencianas entre fines del siglo XVI y el XVII y que
son atribuibles, según creemos, a la mentalidad de la época en que se producen, que
coincide con el periodo del Barroco.
Como es cosa sabida, el Barroco es un periodo de límites difusos, cuya cro-
nología no es fácil de establecer. En su clásico libro sobre el tema, José Antonio
Maravall hace coincidir su duración con la de la crisis del siglo XVII que, cen-
trándose especialmente en España, sitúa entre 1590 y 1680, siendo a su juicio los
años más plenamente barrocos los que van de 1605 a 16504. Otros autores lo pro-
longan en el tiempo, aunque no con la plenitud que en el periodo señalado5. Dos
de las características de este periodo nos interesa resaltar: el alza del papel social
de la nobleza, en un contexto de cierre y exclusión estamental y la irracionalidad
y exaltación religiosas. Todo ello en un ambiente de conservadurismo social y
cultural.
Todos los estudiosos del periodo señalan el predominio social y político de la
nobleza en el periodo barroco y cómo se elabora una ideología que intenta justificar
de modo más o menos racional el orden social estamental6. Esta ideología puede
rastrearse incluso al nivel de las oligarquías locales y durante la práctica totalidad
del Antiguo Régimen y sitúa como elementos clave en la justificación de la nobleza
la antigüedad del linaje y la reputación y fama inmemorial7, sin que las obras de
los tratadistas que se ocuparon del tema hicieran cambiar esta opinión ampliamente
difundida8, que puede rastrearse con facilidad en las exposiciones de motivos de
los documentos notariales, especialmente en los testamentos y en las instituciones
de mayorazgos9. Estas preocupaciones y la vanagloria consiguiente dieron lugar a
3
CABANES CATALÁ, María Luisa y BALDAQUÍ ESCANDELL, Ramon, “Los sellos municipales valencianos
del siglo XV”, en 1490: En el umbral de la modernidad. El Mediterráneo europeo y las ciudades en el tránsito de
los siglos XV-XVI. Valencia, 1990, I, pp. 298-300
4
MARAVALL, José Antonio, La cultura del Barroco. Barcelona, 19802, pp. 24, 63.
5
Así RODRÍGUEZ-SAN PEDRO BEZARES, Luis Enrique, Lo barroco: la cultura de un conflicto. Salamanca,
1988, p. 11, indica un periodo de “inercias y lenta desintegración” entre 1680 y 1750,
6
Cfr. MARAVALL, op. cit., pp. 73-74, 77.
7
DOMINGUEZ ORTIZ, Antonio: Las clases privilegiadas en el Antiguo Régimen, pp. 21, 30-31, 39.
8
DOMÍNGUEZ ORTIZ, Antonio, op. cit., dedica el capítulo 7, “El pensamiento coetáneo sobre la nobleza” (pp.
185-197) a esta cuestión.
9
ARAGÓN MATEOS, Santiago: “La nobleza narcisista. Ideología nobiliaria en la España de la Ilustración” en
Mélanges de la Casa de Velázquez, XXV (1989), pp. 283-292. Un ejemplo de la villa de Elche en nuestro trabajo
BALDAQUÍ ESCANDELL, Ramon: “Mentalitat i forma de vida d’un llinatge d’Elx al segle XVIII: els Soler de
Cornellà”, en Quaderns de Migjorn. Revista d’estudis comarcals del Sud del País Valencià, 2 (1994-1995), pp.
64-67.

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RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

árboles genealógicos más o menos fantásticos, en los que los falsarios autores de
los cronicones espúreos que entonces se difundieron hallaron amplio campo para
actuar10. Por otra parte, el cultivo de la historia local conoce una amplia floración de
trabajos de desigual valor que, con frecuencia, se tornan en escritos celebrativos del
lugar del que hablan y de las élites que lo gobiernan, que son las que con frecuencia
patrocinan la publicación11
Es en este contexto que hemos de situar una serie de cambios que se operan
en las armerías locales de la ciudad de Alicante y la villa de Elche a lo largo del
siglo XVII. Comenzaremos por esta última. Pero antes y para contextualizar nuestra
exposición, hemos de indicar que en la época y por causa del absoluto predominio
que para el estudio de la Antigüedad se concedía a las fuentes literarias, la Epigrafía
y la Numismática, la ubicación de la antigua colonia romana de Illici, que había sido
la ciudad más importante de la época romana en el sur del Reino de Valencia y más
adelante sede episcopal en época paleocristiana y visigoda, era incierta y los estu-
diosos no se decidían entre las ciudades de Alicante y Elche, que por esta causa se
disputaban la gloria de ser sus sucesoras12.
El escudo bajomedieval de la ciudad de Elche llevaba una fortaleza constituída
por dos torres almenadas de desigual altura, unidas por un fragmento de muralla que
presentaba una puerta en arco de medio punto o bién, en ejemplos tardíos, tres puer-
tas. La disposición de las torres varia, siendo a veces más alta la del costado siniestro,
como puede verse en la cruz de término del camino de Alicante, erigida hacia 1400,
en un sello de 1458 publicado por Antonio de la Torre (en la que se le añaden mata-
canes), en el estampado en la campana del Consell de 1572 o en un sello de 1628,
publicado por Cabanes y Baldaquí13; en ocasiones, en cambio, lo es la del diestro,
10
GODOY ALCÁNTARA, José: Historia crítica de los falsos cronicones. Madrid, 1868, pp. 214-216, 282-284.
11
En este sentido fue el concejo de Murcia quien encargó al humanista Francisco Cascales sus Discursos históricos
(vid. MAS GALVAÑ, Cayetano: “Aproximación a un hombre del Barroco. Notas en torno a Francisco Cascales”,
en Revista de Historia Moderna. Anales de la Universidad de Alicante, 3 (1983), p. 197). También nosotros mismos
señalamos el patronazgo de la ciudad de Valencia en la publicación de obras históricas o jurídicas de tema local:
vid. BALDAQUÍ ESCANDELL, Ramon, “Introducción” en Furs nous del regne de Valencia e capitols ordenades
per lo rey don Fernando II en la Cort general de Oriola XXXI de juliol de Any de la natiuitat de nostre senyor ...
M.cccc.lxxxvIII. Valencia, 1493. Ed. facsímil, Valencia, 1993, p. 15.
12
Sobre esta cuestión, que aún coleaba a fines del siglo XIX, vid. IBARRA MANZONI, Aureliano: llici. Su situa-
ción y antigüedades. Alicante, 1879, quien dedica enteramente el capítulo V (pp.55 a 131) a dilucidar esta cuestión,
con abundantes citas. La relación de fuentes que hablan de Illici y de los estudiosos que se habían ocupado de la
colonia hasta su época puede verse con mayor amplitud en MAYANS Y SISCAR, Juan Antonio: Ilici, hoi la villa
de Elche, ilustrada con varios discursos. Valencia, 1771, quien, a pesar de situar la colonia Illici en el solar de la
actual ciudad y no en el paraje de La Alcudia, dejó prácticamente zanjada la cuestión en el campo de la erudición.
13
TORRE Y DEL CERRO, Antonio de la: La colección sigilográfica del archivo de la catedral de Valencia. Valen-
cia, s/a (circa 1925), p. 99. CABANES CATALÁ, María Luisa y BALDAQUÍ ESCANDELL, Ramon: Catálogo
de sellos del archivo histórico municipal de Elche. Alicante, 1995, pp. 80-81, número 50. La cruz, actualmente,
en el Museo Arqueológico y de Historia de Elche, la campana, in situ. No obstante, este escudo habría que datarlo
con posterioridad a la incorporación de Elche al Reino de Valencia, puesto que el sello más antiguo que se conoce,
datable durante el tiempo en que la villa formó parte del apanage creado por Fernando III para su hijo don Manuel,
presenta una torre flanqueada por las armas del infante (un león a diestra y una mano alada a siniestra): CABA-
NES CATALÁ, María Luisa, y MARSILLA DE PASCUAL, Francisco Reyes: “Un sello medieval desconocido de

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RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

como parece que era la que podía verse en la cruz de término del camino de Orihuela,
hecha hacia 1348 y renovada en 1472, y en una información testifical de 164814.
No obstante, a partir del siglo XVII se opera sobre estas armas originales una
notable modificación: el campo del escudo queda fijado desde entonces en forma
ovalada, propia de las modas heráldicas de la época , cortado, ocupando el primer
cuartel las armas de origen medieval, mientras que en el segundo se situa un ara
romana cargada con la inscripció SAL·/AVG· en dos líneas, flanqueada por las
letras C· I· puestas en palo a diestra y I· A· a siniestra, igualmente en palo. Al escu-
do así configurado se le añade una bordura cargada con la inscripción COLONIA
IMMVNIS ILLICE AVGVSTA y encima, a modo de timbre, una figura femenina
vestida a la romana con una palma en la mano derecha y una divisa con la ins-
cripción ILLICE VICTRIX. Este escudo resulta de añadir al blasón medieval los
motivos e inscripciones que figuran en las dos monedas de época romana que el
arzobispo de Tarragona Antonio Agustín atribuyó a la colonia Illice en sus Diálogos
de las medallas, publicados póstumamente en 1587.
Este escudo lo vemos por vez primera en la portada del original autógrafo de la
obra del historiador local Cristóbal Sanz titulada Recopilación en que se da qüenta
de las cosas ancí antiguas como modernas de la ínclita villa de Elche15, datado en
1621. El siguiente testimonio conservado del nuevo escudo de Elche (si obviamos
una alusión datable en 1625 sin representación gráfica) es una pintura hecha para
la sala de la villa la que, según una inscripción al pie, “se bolvió a delinear año
1683”, en la que figuran en las esquinas del cuadro el anverso y reverso de las dos
monedas romanas estudiadas por el arzobispo Agustín16. Desde entonces las armas
de Elche se generalizaron en esta forma y así figuran en los casilicios del puente que
se comenzó a construír en 1705 para salvar el río Vinalopó y en el arranque de la
escalera que se acordó construír en 1719 en la torre del ayuntamiento.
De modo que todo indica que la nueva forma del escudo debió componerse
en el primer cuarto del siglo XVII, llegando a ser utilizado por la villa de forma

Elche”, en Estudios en memoria del profesor Dr. Carlos Sáez. Alcalá de Henares, 2007, pp. 157-166.
14
IBARRA MANZONI, Aureliano, op. cit, pp. 286 y 288. En opinión de Ibarra, repetida por autores posteriores,
esta fortaleza ha de identificarse con la conocida por La Calaforra, antigua puerta y parte principal de las defensas
del Elche medieval, que actualment aún se conserva en buen estado, aunque solamente la torre mayor modificada
por restauraciones decimonónicas y por el derrumbre parcial que sufrió a consecuencia del terremoto de 1829. La
cruz se conserva igualmente en el museo citado en la nota anterior, pero ha perdido la parte inferior, en la que figu-
raba el escudo. VIRAVENS PASTOR, Rafael, Crónica de la muy ilustre y siempre fiel ciudad de Alicante. Alicante,
1876, p. 9, cita la información de 1648, si bien da el documento que la contenía por perdido.
15
SANZ, Cristóbal Recopilación en que se da qüenta de las cosas ancí antiguas como modernas de la ínclita villa
de Elche. Ed. facsímil del manuscrito. Elche, 2000. Esta obra fue publicada por primera vez con el título Excelen-
cias de la villa de Elche en 1954 por la librería Atenea de Elche, con prólogo de Juan Gómez Brufal.
16
El cuadro se conserva in situ en el actualmente llamado “salón de sesiones”. Pedro Ibarra, hermano de Aureliano
y notable archivero e historiador de su villa natal publicó una transcripción del Consueta o guión de la fiesta asun-
cionista o Misteri que se celebra en la ciudad todos los años, copiada en 1625 por Gaspar Soler Chacón, manuscrito
actualmente perdido, en la que se contendría la segunda descripción más antigua del escudo en esta nueva forma, a
la que hemos aludido más arriba.

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RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

oficial a partir de una data indeterminada entre la segunda mitad del Seiscientos
y los primeros años del XVIII. Por otra parte, las referencias eruditas que en él se
encuentran delatan su origen entre los elementos cultivados de la villa y muestran
a las claras su intencionalidad polémica de reivindicar para Elche la gloria de
sucesora de la antigua colonia Illici frente a las aspiraciones de Alicante, mate-
ria ésta a la que se dedica buena parte del capítulo primero de la obra citada de
Cristóbal Sanz17.
Por lo que toca al escudo heráldico de la ciudad de Alicante, la representación
más antigua que conocemos actualmente con data cierta la encontramos en un sello
estampado el 16 de marzo de 145618, que representa un recinto murado de sillería
con tres torres, almenas en punta de diamante, puerta en arco de medio punto y
en cuya parte interior pueden apreciarse otras tres torres con ventanas, la central
ligeramente más alta, el todo sobre cuatro órdenes de ondas y en la parte superior
un escusón apuntado y timbrado de corona de cuatro florones con las armas reales
(en este caso, tres palos). Por orden cronológico la siguiente representación, data-
da por el cronista Figueras Pacheco a fines del siglo XV o principios del XVI19, la
encontramos en una de las claves de la bóveda gótica del presbiterio de la iglesia
de Santa Maria, en talla de madera: inscrito en un losanje encontramos un castillo
gótico sobre tres órdenes de ondas, sin escusón (que no cabe en el campo) ni timbre.
De modo que los elementos que integran las representaciones heráldicas alicantinas
más antiguas conocidas son un castillo o ciudad sobre ondas –en representación de
la ubicación litoral de la ciudad- y ocasionalmente con un escusón palado y timbra-
do en jefe, que denotaba su pertenencia al brazo real.
No conservamos otras representaciones del escudo y sello de Alicante datables
en el siglo XVI, si bien las descripciones que conocemos nos llevan a pensar que
estaban constituidas por los elementos descritos anteriormente20. Por otra parte,

17
SANZ, Cristóbal: Excelencias de la villa de Elche, cap. I, especialmente pp. 23-25 y 28-30. Es posible, en nuestra
opinión, que fuera el propio Sanz el autor del nuevo escudo, tomando los datos no directamente de Antonio Agustín,
sino de Gaspar Escolano, que cita cuanto dice Agustín sobre las monedas de Illice. También lo cree FIGUERAS
PACHECO, Francisco: El nuevo escudo de la ciudad de Alicante. Valencia, 1944, p. 105, aunque sin argumentar.
El escudo fue nuevamente modificado hacia 1908, por iniciativa de Pedro Ibarra, para rectificar ciertos errores que,
desde el punto de vista histórico, contenía.
18
CABANES CATALÁ, María Luisa y BALDAQUÍ ESCANDELL, Ramon: “Los sellos municipales valencianos
del siglo XV”, en 1490: en el umbral de la modernidad. El Mediterráneo europeo y las ciudades en el tránsito de
los siglos XV-XVI. Valencia, 1994, I, p. 291 y fotografía 1.
19
FIGUERAS PACHECO, Francisco: El nuevo escudo de la ciudad de Alicante, p. 58, nota 13 y lám. I Eso por
considerarlo posterior al incendio de la iglesia de Santa Maria ocurrido el 31 de agosto de 1484. Los trabajos de
restauración llevados en la iglesia citada hace algunos años retrasaron la data de la reconstrucción hasta los inicios
del siglo XVI, a partir del análisis de los materiales constructivos.
20
Las referencias de que nos hemos valido son las que ofrece Aureliano Ibarra a partir del manuscrito inédito (en
curso de publicación por la Dra. Dª Susana Llorens Ortuño, directora del archivo de la ciudad) de Jaime Bendicho
Fragmentos nuevos de los linajes viejos y nuevos de la ciudad de Alicante, datable hacia 1650 y conservado en
el archivo municipal de Alicante, en el que este autor describe los que se pusieron en las murallas de Alicante en
tiempo del virrey duque de Calabria (IBARRA MANZONI, Aureliano: Illici. Su situación y antigüedades, p. 306).
Así mismo, de 1604, conocemos un sello que, a lo que parece, encontró en el Archivo de la Corona de Aragón el

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RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

resulta muy probable que hacia esta época o los principios del siglo XVII la heráldi-
ca de la ciudad de Alicante evolucionara en sentido paisajístico, integrando en este
primitivo núcleo la representación del monte Benacantil –sobre el que se encuentra
el castillo de la ciudad y su núcleo más antiguo, la Vilavella- como una peña carga-
da con el rostro de un hombre, tal como lo muestra la vista de la ciudad que incluye
en su obra el cronista Martín de Viciana en el folio CLXVI verso de su Libro terce-
ro de la chrónyca de la ínclita y coronada ciudad de Valencia y de su reyno21. Así
mismo se añadiría en orla el collar de la orden del Toisón, supuestamente concesión
de Carlos I en 1524, de la que no se conserva testimonio documental pero cuyo uso
es constante en las representaciones heráldicas alicantinas desde mediados del siglo
XVII. De este modo, la Chrónica de la muy ilustre, noble y leal ciudad de Alicante
del deán Vicente Bendicho, la que en esta parte hay que datar hacia 1640, describe
así el escudo:

“Encima de la portada de esta principal casa de la ciudad y entre dos de sus ventanas ay un
escudo de armas labrado de relieve sobre mármol, que son un escudo de un campo y en medio
de él un castillo sobre rocas y olas de mar, el castillo ha de ser de oro y en el campo colorado
peñas pardas, olas blancas y azules; debajo de la portada de este castillo está asentada una
cabeza de hombre sobre quien está fundado el castillo. Lleva este castillo la puerta cerrada, a
diferencia de las más villas y ciudades del Reyno que tienen castillo por armas que la llevan
abierta, honrándose aquesta ciudad de título que le dieron sus reyes de puerta y llave de sus
reynos, concediéndole estas armas por propias para sus sellos, timbres y pendones, como
assí lo mandó el señor rey don Alfonso X con sus palabras de su real privilegio, dado en
Sevilla a 15 de octubre del año 1252: «mando y atorgo al consejo de Alicante que aya sello
conocido común e seña a que guarden por sus apellidos e para sus ayuntamientos y para sus
cavalgaduras, e póngansele en mano de juez y, después, el sello de la villa e las claus tenga
siempre el juez».

“Esta seña que el rey dice es el pendón en quien están las armas de la ciudad y lleva el justicia
en tiempos de paz y guerra, como alférez real. Sobre la tarja del escudo se forma otra tarja de
escudo menor, en quien están las armas reales de Aragón de sus colores, aunque aquí como las
demás de mármol blanco. Adornan los escudos de estas armas las cadenas Austrial de Tuisón
por orla, con el Tuisón de oro pendiente, y por timbre y remate un coronel abierto, en la forma
que los señores de título lo llevan en sus escudos y armas, significando en esto el título de
Ciudad y la igualdad y paridad con las grandes y otras excelencias de que goza. Ha usado la
Ciudad de aqueste sello y armas contínuamente desde el año de su restauración, sin mudarlas
en cosa alguna, concedidas por el rey don Alfonso X y aprovadas por sus successores y es en
esta forma que va aquí pintado”22.

señor Ricardo Garcia Moya y del cual dio una noticia en el diario Información de Alicante el 16 de septiembre de
1990. De su descripción, bastante confusa, parece deducirse que estaba constituído por los mismos elementos que
los anteriormente descritos para el sello medieval.
VICIANA, Rafael Martí: Libro tercero de la chrónyca de la ínclita y coronada ciudad de Valencia y de su reyno.
21

Valencia, 1563. Ed. facsímil, Valencia, 1972, p. 348.


22
BENDICHO, Vicente: Chrónica de la muy ilustre, noble y leal ciudad de Alicante. Alicante, 1991, I, pp. 97-98 y
lámina 15. La Chrónica, que escribió Vicente Bendicho a partir de los borradores de su hermano Jaime, se dice ter-
minada en 1640, pero incluye datos hasta 1667, atribuídos por los estudiosos a Jaime Bendicho, puesto que Vicente
falleció en 1642. La copia que conserva el archivo municipal de Alicante, única íntegra de la obra, fue encargada

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RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

A este escudo se añadió en 1648 y por obra de Jaime Bendicho, según la cita-
da Chrónica, las letras C I I A puestas en dos palos a ambos lados del castillo,
tomadas de las monedas acuñadas en Illici, con el fin de relacionar la ciudad de
Alicante con la antigua colonia, la cual, como hemos visto, algunos autores situa-
ban en Alicante23. Leyenda que tomaría la forma desarrollada ILICEN AVGVSTA
COLONIA IMMVNIS que encontramos en un sello de la ciudad que valida un
documento de 18 de enero de 168424, rodeando la representación heráldica. No
obstante, la forma más regular de incluír en el escudo de la ciudad el testimonio de
su pretendida vinculación con la colonia Illici fue situar sobre el campo las letras
citadas. Su disposición puede variar, siendo la más antigua y frecuente la que pone
a diestra en palo las letra I A y a siniestra también en palo C I, en posición espe-
cular respecto de su lógica ubicación, con probabilidad por haberse desarrollado
la leyenda en la forma que muestra el sello de 1684 citado (aunque se encuen-
tra alguna representación que invierte este orden) pero sin que las explicaciones
dadas por los cronistas locales a este hecho resulten enteramente satisfactorias25.
Aparentemente perdido el lienzo de San Cristóbal en que se habría plasmado esta
novedad por vez primera, la más antigua representación del escudo de la ciudad
en esta forma es la que encontramos en el folio 145 (antiguo 155) del manuscrito
inédito de Jaime Bendicho Fragmentos nuevos de los linajes viejos y nuevos de la
ciudad de Alicante26, datable hacia 1650. Esta adición al escudo tomó enseguida
valor de oficialidad, quizá por haberse puesto en un lienzo destinado al municipio,
y así se encuentra ya en el sello citado, en el escudo que campea en la fachada
de la llamada “Casa de la Asegurada” (actual Museo de Arte Contemporáneo de

por el consistorio al calígrafo Pedro Paredes hacia 1775, por lo que las ilustraciones que presenta, incluído el escudo
de la ciudad, hay que datarlas en esa fecha.
23
BENDICHO, Vicente: Chrónica de la muy ilustre, noble y leal ciudad de Alicante, III, p. 45: “…y assí con gran
acuerdo Jayme Bendicho, hermano del autor, mandó poner aquel escudo de armas el año 1648 el pie del quadro
de San Christóval que se puso allí en hacimiento del gracias de la peste que el santo libró a esta ciudad y en su día
no murió ninguno.” La cita va en contexto polémico, defendiendo la ubicación de “Yllisen” en Alicante y habiendo
citado previamente el“escrito de sus armas” (sic: las letras del escudo).
24
CABANES CATALÁ, María Luisa y BALDAQUÍ ESCANDELL, Ramon: Catálogo de sellos del archivo histó-
rico municipal de Elche, p. 79, nº 47.
25
Cfr. VIRAVENS PASTOR, Rafael: Crónica de la muy ilustre y siempre fiel ciudad de Alicante. Alicante, 1876,
pp 28-29.
26
Archivo Municipal de Alicante, manuscritos, número 12. Como ya hemos indicado, el manuscrito está en proceso
de estudio por la archivera, Dra. Dª Susana Llorens Ortuño, que nos ha facilitado gentilmente fotografía del folio
y del escudo citados. Esta representación del escudo es también la más antigua que conocemos en la que el castillo
aparece sobre peñas cargadas con un rostro humano, en representación del monte Benacantil.En el resumen de la
obra que publicó José Martínez Aloy se describe bajo el número 190: “Castillo de plata sostenido de rocas bañadas
del mar y cargadas de una cabeza de hombre; superado de un escudete con las armas de Aragón y acompañado de
la divisa “Colonia victrix et immunis Illici augusta”, en campo de gules”. Cfr. MARTÍNEZ ALOY, José: Blasones
de los linajes viejos y nuevos de la ciudad de Alicante y de varios títulos, villas y ciudades de España, recopilados
por Jaime Bendicho. Publícalos ordenados y corregidos, con grabados intercalados en el texto, José Martínez Aloy.
Valencia, 1890, p. 24. Esta publicación, como anuncia su título, es un resumen de la obra de Bendicho, sin que
sepamos exactamente si, aparte del resumir y ordenar por figuras heráldicas, el autor tuvo otra intervención, como
parece indicar el título.

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MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

Alicante), construída por la ciudad para pósito y finalizada en 1685, según inscrip-
ción que acompaña al escudo, y en otras muchas representaciones en documentos
y edificios municipales hasta mediados del siglo XX27.
La causa de los cambios introducidos de forma prácticamente contemporánea en
la heráldica de ambas ciudades vecinas es, a nuestro juicio, el deseo de emulación.
Si un linaje es tanto más noble cuanto más antiguo y más ilustres son sus antepasa-
dos, también una ciudad es tanto más noble cuanto más antiguas e ilustres son sus
raíces. De este modo, la vanidad nacional, que estuvo en la raíz de la aceptación
y difusión general, en esta misma época, de los falsos cronicones28, junto con un
concepto de la Historia en el que el discurso político prima sobre el análisis crítico29
llevan a que una y otra ciudad, deseosas de vestirse con el lustre de sucesoras de la
antigua colonia Illici, modifiquen sus representaciones heráldicas para arrogarse el
honor de ser “descendientes” de la colonia, al modo en que los linajes plasmaban
en sus escudos sus ilustres enlaces. Paladinamente lo dirá el propio deán Vicente
Bendicho:
“ Parecióle [a su hermano Jaime Bendicho]…que hallava mucho que poder decir de su patria
Alicante, de su antigüedad, que es parte de su nobleza, que como la cenectud (sic) y canas en
el hombre muestran y arguyen su autoridad…y como la corona real que la cabeza del rey, la
tiara en la del Pontífice y el cónsul, sobre el escudo de armas, ostentan y muestran la dignidad
pontificia, o real, o la nobleza de aquél, cuyas son las armas del escudo, assí la senectud
y las canas denotan y significan dignidad en la persona que las tiene, pues lo que son las
canas y senectud en el ombre, es la antigüedad en las ciudades. Como a sagrada la estimavan
los antiguos españoles. Muchos pueblos suyos la tuvieron por diosa, altares le erigieron y

27
Así por ejemplo en la fachada del actual ayuntamiento, obra de medidados del siglo XVIII, o en las iglesias de la
ciudad, singularmente en la placa del mármol que conmemora el patronazgo de la ciudad sobre el monasterio de la
Santa Verónica en el presbiterio de su iglesia, donde se conserva el lienzo de la Santa Faz, o también en la patente
de sanidad grabada hacia 1700, conservada en el Museo de Bellas Artes de la Diputación de Alicante y estudiada
por el autor de estas líneas (BALDAQUÍ ESCANDELL, Ramon: “Patente de sanidad del puerto de Alicante”, ficha
124 del catálogo de la exposición La luz de las imágenes. La Faz de la Eternidad”. Valencia, 2006, pp. 398-401)
o en la bandera bordada en seda sobre tisú de plata en 1789 para la proclamación de Carlos IV, conservada en una
vitrina a la entrada del salón azul del ayuntamiento alicantino. También describe el escudo en esta forma, aunque
sin representación gráfica, el conde de Lumiares a fines del siglo XVIII: vid. VALCÁRCEL PIO DE SABOYA,
Antonio: Carta crítica de don Álvaro Gil de la Sierpe al autor de la obra intitulada Atlante Español. Valencia,
1787, pp. 132-133. Abundante aparato gráfico en FIGUERAS PACHECO, Francisco: El nuevo escudo de la ciudad
de Alicante, passim, y ORTIZ CASTRILLO, Félix: El escudo heráldico de la ciudad de Alicante. Alicante, 1990,
passim. También ha variado la interpretación dada a las letras la cual, desde la época de Juan Bautista Maltés y
Lorenzo López S.I., autores de la crónica significativamente titulada Ilice ilustrada. Historia de la muy noble, leal
y fidelísima ciudad de Alicante (finalizada hacia mediados del siglo XVIII) fue interpretada como «Colonia Ivlia
Illice Alone», fundándose en la inscripción de una moneda batida en Illici que se quiso interpretar como alusiva
a una pretendida confederaciónde las colonias Illici y Alona, con la finalidad de asociar los orígenes de la ciudad
también con esta última, que algunos autores situaban en la zona del llamado Illicitanus Sinus. Cfr. MALTÉS, Juan
Bautista: Ilice ilustrada. Historia de la muy noble, leal y fidelísima ciudad de Alicante. Alicante, 1991, pp. 62 y 84.
28
Así lo dice paladinamente GODOY ALCÁNTARA, José: Historia crítica de los falsos cronicones, p. 155.
29
MAS GALVAÑ, Cayetano: “Introducción”, en BENDICHO, Vicente: Chrónica de la muy ilustre, noble y leal
ciudad de Alicante, III3, p. 914-15. Del mismo autor, “Aproximación a un hombre del Barroco. Notas en torno a
Francisco Cascales”, p. 203.

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MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

ofrecieron inciensos. Y assí quan más antigua es una ciudad en su fundación es más estimada
y digna de mayores encomios, por ser esa la mayor parte de su nobleza”30

Es significativo que las modificaciones introducidas en ambos escudos sean obra


de historiadores pertenecientes a las clases dirigentes locales y vinculados al gobier-
no de ambas ciudades, pues Cristóbal Sanz fue jurado y justicia en Elche31 y Jaime
Bendicho jurado y justicia en Alicante32. Son, pues, las élites locales, vinculadas al
gobierno de las ciudades, las que promueven este ennoblecimiento de las mismas,
en plena sintonía con la ideología dominante en la época.
Los cambios que acabamos de ver se sitúan en el contexto de una evolución de la
heráldica, propia de esta época, tendente a una mayor complicación y a la acumula-
ción de elementos así como también a dotar de explicaciones alegóricas las figuras
y los esmaltes33. Esta tendencia van a propiciar también que aparezcan a partir de
este momento más figuras religiosas en los escudos. Su mayor profusión hay que
entenderla en un contexto de religiosidad barroca, no tan solo como ostentación
pública de fe cristiana (con lo que esto conllevaba en una sociedad estamental regi-
da por los valores nobiliarios) sino también como elemento de prestigio34: en este
sentido en 1683 la ciudad de Valencia señalaba que la de Alicante tenía pocos santos
entre sus hijos y pocos conventos en su término como para merecer los dictados de
Muy Noble e Ilustre35. Y así, en efecto, la aparición de símbolos o figuras de santos
patronos aludiendo a milagros o a manifestaciones del favor divino serán un ele-
mento que exhibirán las poblaciones para resaltar su prestigio, presentándose de este
modo como escogidas por el Cielo para hacerlas objeto de su especial preferencia.
Ya hemos visto también cómo este deseo de vanagloria religiosa favoreció la apa-
rición y difusión de los falsos cronicones, que repartieron a manos llenas santos y
30
BENDICHO, Vicente: Chrónica de la muy ilustre, noble y leal ciudad de Alicante, III, Prefacio, p. 14.
Cfr. GÓMEZ BRUFAL, Juan “Cristóbal Sanz”, en SANZ, Cristóbal: Excelencias de la villa de Elche, pp. VI-
31

VIII.
32
MAS GALVAÑ, Cayetano: “Introducción”, en BENDICHO, Vicente: Chrónica de la muy ilustre, noble y leal
ciudad de Alicante, III3, p. 935, nota 2. Y el propio BENDICHO, op. cit., p. 14, en donde afirma que su hermano
y sus antepasados habían estado vinculados a la clase de ciudadanos de mano mayor. Gómez Brufal, en cambio,
afirma que Sanz era caballero y emparentado con la nobleza local.
33
Cfr. PARDO DE GUEVARA Y VALDÉS, Eduardo: Manual de heráldica española. Madrid, 1987, pp. 70-72, si
bien aparece evidente en los tratados de la época, como los de Aldazábal o Garma. Como muestra de lo dicho valga
la interpretación de Bendicho sobre el significado de la forma del castillo “cerrado” en el escudo de Alicante, en el
texto citado arriba, o la interpretación del significado de las alas en el escudo de Alcoy de que nos ocupamos más
abajo.
34
En este sentido, Ángela Atienza señala cómo la fundación de conventos en ciudades y pueblos se vio favorecida
por considerarlos un elemento de prestigio para la villa y por ser también elemento de prestigio y poder para las
élites locales: vid. ATIENZA, Ángela: Tiempo de conventos. Una historia social de las fundaciones en la España
moderna. Madrid, 2008, pp. 387-400.
35
ATIENZA, Ángela, op. cit., pp. 388-387, citando a CUTILLAS BERNAL, Enrique: El monasterio de la Santa
Faz. El patronato de la ciudad. Alicante, 1996. Este autor, en sus libros dedicados a este monasterio, ha señalado
cómo las élites de la ciudad terminaron apropiándose del culto de la santa reliquia de la Faz de Cristo, desplazando,
por ejemplo, a las clases humildes de los lugares preferentes que en otro tiempo habían ocupado en las procesiones
y terminando por monopolizar su fiesta.

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MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

mártires por toda la geografía de España, la que además obligaron a recorrer entera
a Santiago y sus supuestos discípulos. Veamos algunas de estas tardías inclusiones.
El primer ejemplo que veremos es el de Alcoy. El primer sello que conocemos
de esta población, del año 1411 lleva simplemente un castillo y armas de difícil
identificación, que creemos reales dimidiadas (quizá las del conde de Luna, que por
entonces era señor de la población). Pero ya en 1449 se nos muestra en el sello de la
villa el germen del que va a ser su escudo: representa este sello una ciudad sobre un
semicírculo de peñas -adaptación a la forma redonda y alusión a las que rodean a la
ciudad.- surmontada de dos pequeñas alas, conjugando de este modo la representa-
ción topográfica y la parlante: las alas36. Tras pasar definitivamente la villa al patri-
monio real en 1447 se le añadiría el escusón coronado con las armas reales y más
adelante, pero no antes de fines del siglo XVI, la cruz de San Jorge. Esto según el
historiador local Josep Tormo Colomina, quien ha estudiado detenidamente el tema
con abundancia de documentos37. Según este autor, el monumento más antiguo que
la contiene (aunque se trata de una cruz latina y no de brazos iguales) es el escudo
puesto al frente de la Casa de les Corts o antiguo ayuntamiento, terminada en 1584,
aunque en nuestra opinión los caracteres estilísticos de esta pieza aconsejarían retra-
sar en bastantes años esa data.
Por esto creemos que la primera aparición de la cruz de San Jorge –ahora sí una
cruz griega- en el escudo de Alcoy datable con seguridad sería en la portada grabada
de la obra de Vicente Carbonell Célebre centuria, editada en Valencia en 167238.
Esta obra es una relación de las fiestas celebradas con motivo del centenario del
milagroso hallazgo del Santísimo Sacramento, objeto de un robo sacrílego en 1568,
en la cual además se incluye una relación de hijos ilustres de la villa, el relato de la
milagrosa aparición de san Jorge con motivo de la rebelión mudéjar de 1276 – que
dio lugar a su patronazgo sobre ella- y de los terremotos de 2 de diciembre de 1620
y 6 de enero siguiente, causa del voto hecho por la ciudad a san Mauro. Así mismo
el grabado de la portada, un altar en el que san Jorge y san Mauro,el primero armado
como caballero y con el dragón a sus pies y el segundo con la palma del martirio y
36
CABANES CATALÁ, María Luisa y BALDAQUÍ ESCANDELL, Ramon, “Los sellos municipales valencianos
del siglo XV”, p. 291. En el siglo XVIII se forjó una leyenda que atribuyó la presencia de estas alas y de las armas
reales en el escudo a la celeridad con que los alcoyanos auxiliaron a Jaime I en el sitio de Jijona. Cfr. Rogelio
SANCHIS LLORENS, Rogelio: Memorias sobre antigüedades del Alcoy. Alcoy, 1986, p. 52, recogiendo la noticia
de un manuscrito atribuido al Padre Picher. Sobre el hecho, sucedido realmente en época de Pedro IV, vid. DIAGO,
Francisco: Apuntamientos recogidos por Fr. Francisco Diago, para continuar los anales del reyno de Valencia
desde el Rey Pedro III hasta Felipe II. Valencia, 1936-1946, I, pp. 171-173. A Diago se atribuye falsamente, en
alguna ocasión, el origen de esta leyenda.
37
TORMO COLOMINA, Josep, La bandera gran de Sant Jordi. L’estendard de la ciutat d’Alcoi i l’escut heràldic
municipal a través de la Història. Alcoy, 2012, pp. 54-58. A pesar de que disentimos de este estudioso en el punto
que luego citamos, es necesario resaltar que sus juicios son siempre ponderados y bien documentados y fundamen-
tados y en consecuencia siempre es necesario tenerlos en cuenta.
38
Citamos por la edición facsímil: Alicante, 1976. Analizamos la portada someramente en BALDAQUÍ ESCAN-
DELL, Ramon: “Célebre centuria que consagró la ilustre y real villa de Alcoy a honor y culto del soberano Sacra-
mento del Altar”, ficha 143 del catálogo de la exposición La luz de las imágenes. La Faz de la Eternidad. Valencia,
2006, pp. 440-441

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MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

en traje militar romano, custodian ambos el escudo de Alcoy mientras contemplan


el triunfo del Santísimo Sacramento, se prestaría a dicha representación. No obs-
tante el autor que venimos citando-el señor Josep Tormo Colomina- observa que ya
en 1519 aparece la figura de San Jorge coronando el asta de la bandera local, pero
también que la representación de los ríos Riquer y Molinar, presente en la portada
que nos ocupa, no se introducirá hasta el siglo XVII.Como en los casos anteriores,
también Vicente Carbonell, doctor en ambos derechos, pertenecía a una familia de
ciudadanos vinculada al gobierno de la villa y él mismo tuvo cargos como asesor y
síndico del Consell alcoyano39. Ahora bien, tanto si se acepta la fecha de 1584 como
la de 1672, de lo que no cabe duda es de que la introducción de la cruz símbolo de
San Jorge, patrono local y milagroso salvador de la ciudad frente a los sarracenos a
poco de su fundación, se adscribe al periodo que nos ocupa y responde claramente a
la mentalidad de la época. Y así mismo que, ya sea en una como en otra fecha, son
los miembros las élites locales, en cuyas manos está el gobierno de la villa, las res-
ponsables de esta introducción.
El siguiente caso que vamos a analizar es Segorbe. El sello de la ciudad en 1298
presenta un castillo con un escudete con las armas reales40. En 1454 continúa usan-
do el mismo tipo: un castillo41 y este mismo tipo continuaba usándose en el siglo
XVI. Más adelante el escudo, constituído sobre la base de la representación sigi-
lar, incorpora la figura del Ángel Custodio, el cual, según la tradición que relata
Bernardo Espinalt42, se apareció sobre la muralla para defender la ciudad frente a los
musulmanes a poco de su repoblación. No hemos podido precisar en qué momento
se añadió la representación del Santo Ángel, el cual, por otra parte, aparece con los
atributos tradicionales del Ángel Custodio de la Ciudad y Reino de Valencia, patro-
no del brazo real. Según parece debió de incorporarse hacia el siglo XVII, siendo la
primera representación conocida por nosotros del escudo de la ciudad con el ángel
sobre la torre la que encontramos en la portada de la obra Verdadera Relacion de la
entrega qve se hizo en la Civdad de Segorve de las santas Reliqvias del Cuerpo del
Presbítero y Mártir San Gabino, y de las grandes Fiestas que aquella Ciudad hizo
el año 164943, libro publicado en Valencia en ese mismo año. Pero creemos que su
39
Sobre la familia, vida y obras de Vicente Carbonell, vid. Rafael Coloma Payá, “Presentación” en CARBONELL,
Vicente: Célebre centuria que consagró la ilustre y real villa de Alcoy a honor y culto del soberano Sacramento del
Altar. Valencia, 1672. Ed. facsímil, Alicante, 1976, pp. 12-20.
40
Se encuentra en el Archivo Catedralicio de Albarracín, pergaminos, nº 3.
41
Archivo General del Reino de Valencia, sellos de placa, número 83.
42
ESPINALT, Bernardo: Atlante español o descripción general del todo el Reyno de España. Tomo VIII. Descrip-
ción del Reyno de Valencia, parte I. Madrid, 1784. Ed. facsímil, Valencia, 1988, p. 76: “Tiene por armas en escudo
un castillo a manera de torre, que representa su magestuoso alcázar, y sobre él el santo Ángel Custodio con una
espada en la mano derecha y una corona en la izquierda, por haber tradición que estando esta ciudad recién pobla-
da de christianos vinieron los moros sobre ella y se apareció el santo Ángel encima de sus murallas, que visto por
los moros levantaron el cerco vergonzosamente, por cuyo favor el ayuntamiento le votó por patrono, como queda
dicho”.
43
VERDADERA Relacion de la entrega qve se hizo en la Civdad de Segorve de las santas Reliqvias del Cuerpo
del... Presbitero y Martir San Gabino, y de las grandes Fiestas que aquella Ciudad hizo el año 1649.Valencia,

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MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

generalización en las representaciones heráldicas segorbinas sería posterior, quizá


hacia la mitad del siglo XVIII, ya que Jaime Bendicho, a mediados del XVII, no
indica la presencia del ángel, limitándose a describir y a representar gráficamen-
te el escudo como un castillo con una cruz en su torre central44. Más adelante, el
Rasgo heroyco de Antonio de Moya, publicado en 1756, describe las armas de la
ciudad como “un castillo a manera de torre, que señala su magestuoso alcázar”45,
sin precisar más, mientras que el Atlante Español de Bernardo Espinalt, publicado
en esta parte en 1784, a pesar de que cita a Moya como fuente, ya dice que “Tiene
por armas en escudo un castillo a manera de torre, que representa su magestuoso
alcázar, y sobre él el santo Ángel Custodio con una espada en la mano derecha y
una corona en la izquierda”46 . Esta última descripción se ve completada con una
representación gráfica del escudo al pie de la vista más o menos fiel de Segorbe que
ofrece en dicha obra la “Estampa 4”, entre las pp. 70 y 71. Más adelante, en 1860,
Francisco Piferrer lo describe de forma muy parecida a como lo hace Espinalt47.
En consecuencia, no parece que la figura del Ángel Custodio se introdujera en
el escudo de Segorbe antes de mediados del siglo XVII, generalizándose en época
posterior. Como en el caso de Alcoy arriba visto, su aparición se da en un libro que
es una relación de fiestas religiosas que redundan en prestigio para la ciudad, en el
caso de Alcoy ligadas a la celebración de hechos milagrosos ocurridos en la villa, en
el de Segorbe, a la adquisición para culto en la ciudad de las reliquias de un mártir,
elemento de prestigio para ella y por ende para sus gobernantes48.
Otros casos podríamos mostrar de evolución de emblemas heráldicos en un sen-
tido más o menos similar a los estudiados. De alguno nos hemos ocupado en otro
lugar49, pero se podrían aducir más ejemplos50. Todo lo cual muestra que, según
1649. Biblioteca Municipal de Valencia, fondo Serrano Morales, signatura SM 10/204. Se indica el lugar en que se
conserva el libro porque no se encuentra otro ejemplar ni en la Biblioteca Valenciana ni en el catálogo colectivo del
patrimonio bibliográfico valenciano, ni en la Biblioteca Nacional de España, ni aparece en el CCPBE, ni en el de
bibliotecas universitarias, ni en la Real Biblioteca.
44
BENDICHO, Jaime: Fragmentos nuevos de los linajes viejos y nuevos de la ciudad de Alicante, fol. 146r (156 de
la foliación antigua). Vid. también MARTÍNEZ ALOY, JOSÉ, op. cit., p. 23.
45
MOYA, Antonio de, Rasgo heroyco. Declaración de las empressas, armas y blasones con que se ilustran y cono-
cen los principales reynos, provincias, ciudades y villas de España. Madrid, 1756, p. 295.
46
ESPINALT, Bernardo, Atlante español o descripción general del todo el Reyno de España., tomo VIII, p. 76
47
PIFERRER, Francisco: Nobiliario de los reinos y señoríos de España. Madrid, 1860, VI, p. 210, número 2750:
“Tiene por armas un castillo, y sobre él el santo Ángel Custodio con una espada en la mano derecha y una corona
en la izquierda”.
48
También la llegada de los restos de san Fulgencio y santa Florentina a Murcia mereció unas sonadas fiestas con
su correspondiente relación escrita por el humanista Francisco Cascales. Vid. MAS GALVAÑ, Cayetano, op. cit.
p. 201.
49
Nos referimos al escudo de Ayora, que incorpora también en época tardía una alusión a un milagro acaecido en
ella supuestamente en 1392: vid. BALDAQUÍ ESCANDELL, Ramon: “Símbolos cristianos en la heráldica local
valenciana”, en CARDELLS-MARTÍ, Francisco A. (coord.): Espiritualidad y territorio. Valencia, 2017, pp. 185-
204.
50
En otro sentido, el escudo de Orihuela (emblema parlante, un oriol u oropéndola) experimenta una evolución en
sentido “ennoblecedor”, de modo que al ave que en origen era un simple pájaro posado en una rama se le añade,

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MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

creemos, las representaciones heráldicas no son algo ajeno a la mentalidad de su


época, sino que están fuertemente incardinadas en su tiempo. El ambiente social
fuertemente conservador y aristocratizante del barroco, unido a la exaltación reli-
giosa, entendida como elemento de prestigio, no podían dejar de influír en todas las
manifestaciones de la cultura de este tiempo, de la cual son una parcela las repre-
sentaciones heráldicas, como esperamos haber mostrado en las líneas precedentes.

primero, un nimbo ya en el siglo XV, a partir del siglo XVII una corona y ya desde principios del XVIII una espada.
Vid. GONZÁLEZ GONZÁLEZ, Julio: “Los sellos concejiles de España en la Edad Media”, pp. 33, 50, años 1270 y
1458.. TORRE Y DEL CERRO, Antonio de la: “La colección sigilográfica del archivo de la catedral de Valencia”,
pp. 100-101, año 1458. GALIANO PÉREZ, Antonio Luis: “Herodii domus dux est eorum. Semper prevaluit ensis
vester”, en Revista de investigación y ensayos del Instituto de Estudios Alicantinos, II época, nº 34 (septiembre-
diciembre 1981), pp. 39-62, con abundante aparato gráfico.

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MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

1.- Sello de Elche en 1458. Tomado de Antonio de la Torre y del Cerro La colección sigilográfica del
archivo de la catedral de Valencia. Valencia, sd., p. 99

2.- Escudo de Elche en la portada del manuscrito Recopilación en que se da qüenta de las cosas ancí
antiguas como modernas de la ínclita villa de Elche de Cristóbal Sanz 1621 Ed. facsímil: Elche, 2000

94
RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

3.- Sello de Alicante en 1458 Tomado de María Luisa Cabanes y Ramon Baldaquí
Los sellos municipales valencianos del siglo XV, pp. 291 y 293-294 y fotografía 1.

4.- Escudo de Alicante. Clave de bóveda en el presbiterio de la iglesia de Santa Maria. Fines del siglo
XV o principios del XVI. Tomado de Francisco Figueras Pacheco, El nuevo escudo de la ciudad de
Alicante. Valencia, 1944, lám. 1.

95
RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

5.- Folio 145 (antes 155) del manuscrito de Jaime Bendicho Fragmentos nuevos de los linajes viejos y
nuevos de la ciudad de Alicante, c. 1650 Fotografía de la Dra. Dª Susana Llorens Ortuño.

6.- Escudo de Alicante Detalle del folio 145 del manuscrito de Jaime Bendicho.

96
RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

7.- Sello de Alcoy en 1449. Tomado de Josep Tormo Colomina,


La bandera gran de Sant Jordi, p. 77.

8.- Escudo de Alcoy en la fachada de la Casa del Consell, 1584. Tomado de Josep Tormo Colomina,
La bandera gran de Sant Jordi, pp. 55 y 85.

97
RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

9.- Armas de Alcoy en la portada del libro de Vicente Carbonell Célebre Centuria . Valencia, 1672.
Ed. facsímil: Alicante, 1976.

10.- Escudo de Alcoy en la estampa 2, nº 4, del libro de Bernardo Espinalt, Atlante Español ,
tomo VIII. Madrid, 1784. Ed.facsímil, Valencia, 1988.

98
RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

11.- Sello de Segorbe en 1454. Archivo del Reino de Valencia, Sellos de placa, nº 83.
Fotografía del autor.

12.- Folio 146 (antes 156) del manuscrito de Jaime Bendicho, Fragmentos nuevos de los linajes viejos
y nuevos de la ciudad de Alicante, c. 1650. Fotografía de la Dra. Dª Susana Llorens Ortuño.

99
RAMON BALDAQUÍ-ESCANDELL
MENTALIDAD BARROCA Y HERÁLDICA LOCAL. ALGUNOS EJEMPLOS VALENCIANOS

13.- Escudo de Segorbe. Detalle del folio 146 del manuscrito de Jaime Bendicho.

14.- Escudo de Segorbe en la estampa 4 del libro de Bernardo Espinalt, Atlante Español , tomo VIII.
Madrid, 1784. Ed.facsímil, Valencia, 1988.

100
LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN
UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA:
PEDRO Y JUAN PÉREZ DE LA TORRE (1694)1

LORENA C. BARCO CEBRIÁN


Universidad de Málaga
lbarco@uma.es

Resumen: En el presente trabajo se pretende abordar desde una perspectiva históri-


co-social el análisis de los emblemas heráldicos y la sigilografía, como parte de un
ceremonial nobiliario, que acompañan a un modelo documental característico de la
Edad Moderna como es la carta ejecutoria de hidalguía. Para ello, nos acercamos
a dicho objetivo a través de un ejemplo concreto como es el caso de los hermanos
Pérez de la Torre.

Palabras clave: heráldica, sigilografía, Edad Moderna, carta ejecutoria de hidal-


guía, nobleza.

Abstract: In the present work it is tried to approach from a historical-social per-


spective the analysis of the heraldic emblems and the sigillography that accompany
a documentary model characteristic of to Modern Age as it is the executory letter of
nobility. To do this, we approach this objective through a concrete example such as
the Pérez de la Torre brothers.

Keywords: heraldic, sigillography, Modern Age, executory letter of nobility,


nobility.

1
El presente estudio se ha llevado a cabo dentro del PIE 17-056: Estrategias canónicas y anticanónicas en la docen-
cia de la Historia de la Cultura: Identidad y pedagogía ciudadana I+D HAR2015-65912: Poder, identidades e imá-
genes de ciudad: música y libros de ceremonial religioso en la España meridional (siglos XVI-XIX).

101
LORENA C. BARCO CEBRIÁN
LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

1. INTRODUCCIÓN

El presente trabajo tiene como objetivo primordial introducirse en el mundo del


emblema y la sigilografía a través de un modelo documental característico de la
Edad Moderna dentro del ámbito nobiliario. Nos referimos a la carta ejecutoria de
hidalguía. Esta es una fuente primordial para el estudio de los emblemas nobiliarios
de la época moderna en nuestro país, ya que los nobles que pleiteaban o deseaban un
ascenso social y un reconocimiento de hijodalgo o hidalgo, plasmaban su condición
a través del emblema correspondiente como muestra externa de dicho privilegio.
Además, el emblema heráldico se sitúa también como un signo más dentro del cere-
monial que engloba a todo linaje,2 ya que blasón y nobleza van de la mano.
Este estudio se inserta dentro de la corriente historiográfica, ya propuesta por
Don Faustino Ménendez Pidal de Navascués, donde se sobrepasa el análisis super-
ficial y cuantitativo de los emblemas heráldicos, para pasar a un análisis históri-
co-social de los mismos. Insertar el estudio de aquellos dentro un panorama más
amplio, socio-cultural, donde se analizan los emblemas dentro de su sociedad, su
contexto cultural y político, el linaje que lo ostenta, el porqué de ellos y cuál es su
finalidad dentro del propio linaje o familia.
Antes de pasar a desarrollar el estudio llevado a término a través de una carta
ejecutoria de hidalguía concreta, debemos apuntar que no somos especialistas en
heráldica, pero que su estudio nos permite avanzar y profundicar en el análisis de la
nobleza moderna, tan descuidada por la historiografía hasta el momento. También
queremos apuntar que este trabajo ve la luz gracias a una estancia de investigación
llevada a cabo en la Houghton Library de la Universidad de Harvard, donde se con-
serva y custodia el original objeto de nuestro análisis.
Por último, solo apuntar el hecho de que la comunidad científica española debe-
ría reflexionar sobre la cantidad de documentación original que está fuera de nues-
tras fronteras en instituciones punteras mundialmente, como puede ser el caso de la
propia Universidad de Harvard, Yale, Oxford, Cambridge, solo por apuntar algunas
de ellas. Documentación que en la mayoría de los casos ni siquiera sabemos de su
existencia, pero que su análisis nos puede revelar multitud de información básica
para los estudios que desde esta parte del océano Atlántico se realizan en torno a
una gran variedad de asuntos. En este caso, la nobleza de la Edad Moderna; por otro
lado, bastante oscurecida por los grandes estudios muy meritorios que han visto la
luz sobre la nobleza en la etapa medieval.3

2
Ejemplo de ello se puede ver en el estudio de ARIAS NEVADO, Javier – El papel de los emblemas heráldicos en
las ceremonias funerarias de la Edad Media (siglos XIII-XVI). En la España Medieval, nº Extra 1, 2006, pp. 49-80,
ISBN: 84-95215-29-2.
3
VALLE PORRAS, José Manuel – La investigación sobre heráldica española, con especial atención a la Edad
Moderna. Estado de la cuestión. Revista de historiografía, nº 27 (2017), pp. 315-340, EISSN: 2445-0057, p. 315.

102
LORENA C. BARCO CEBRIÁN
LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

2. LA HERÁLDICA: BREVE ACERCAMIENTO

El objetivo prinpical de nuestro estudio no es el repaso de la ciencia heráldica o


del blasón en nuestro país, sin embargo, creemos necesario explicitar, aunque sea de
forma somera, su devenir, para poder ubicar historiográficamente nuestra contribu-
ción. Es harto conocido que el emblema, escudo de armas, o cualquier otra nomen-
clatura utilizada para designar nuestro objeto de análisis, tiene su origen en la Edad
Media de la mano de los soldados, quienes utilizaban una señal distintiva exterior en
su escudo para poder ser identificado tanto por sus enemigos como por sus amigos.4
Desde esta función original, el escudo de armas o emblema ha ido evolucionando
a lo largo de los siglos hacia funciones y características que nada tienen que ver ya
con la de los soldados primigenios. Su asimilación par parte de nobles y reyes como
distintivo personal y del linaje hizo que el emblema heráldico pasara a ostentar una
categoría diferente. Se convirtió en la muestra exterior de una familia en concreto,
llegando a representar a linajes completos y antiquísimos. Por ello, los miembros de
los linajes empezaron a utilizar sus escudos de armas no solo para mostrar antes sus
conciudadanos su condición de noble y todo lo que ello llevaba aparejado, sino que
dentro de esta finalidad el emblema se utilizó como ostentación de poder del linaje
utilizándose en fachadas de bienes muebles, e incluso como mero objeto de decora-
ción exterior, ya fuera en la propia ropa personal o en la ropa de casa, etc.5
Todo ello también ha favorecido a una evolución dentro de los estudios del
emblema a lo largo de los siglos. Para España imprescindibles son los trabajos de
Don Faustino Menéndez Pidal de Navascués, donde expone de forma metódica y
exhaustiva el devenir de esta ciencia a lo largo de los siglos en nuestro país y su
evolución en tanto que ciencia histórica también. De ahí que sigamos su propuesta
en la evolución del estudio del emblema heráldico, introduciendo nuestro trabajo
en la corriente historiográfica nacida en el último cuarto del siglo pasado,6 donde
surge una nueva corriente influenciada por la historia social y los enfoques históri-
co-antropológicos,7 donde se pretende analizar el emblema dentro de su evolución
social y cultural.8

4
MARTÍNEZ LLORENTE, Félix – Del sello al escudo de armas: aproximación a la génesis de la heráldica institu-
cional. El Escudo de Gipuzkoa. Una aproximación a la Heráldica Institucional de los territorios de lengua vasca,
Donostia-San Sebastián, ISBN: 978-84-8419-208-4, 2010, pp. 151-166, p. 153.
5
MARTÍNEZ LLORENTE, Félix – Del sello al escudo de armas: aproximación a la génesis de la heráldica institu-
cional. El Escudo de Gipuzkoa. Una aproximación a la Heráldica Institucional de los territorios de lengua vasca,
Donostia-San Sebastián, ISBN: 978-84-8419-208-4, 2010, pp. 151-166, p. 154.
6
VALLE PORRAS, José Manuel – La investigación sobre heráldica española, con especial atención a la Edad
Moderna. Estado de la cuestión. Revista de historiografía, nº 27 (2017), pp. 315-340, EISSN: 2445-0057, p. 323.
7
MENÉNDEZ PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino – Panorama heráldico español. Épocas y regiones en el período
medieval. Príncipe de Viana, Año nº 68, nº 241 (2017), pp. 533-553, ISSN: 0032-8472.
8
FERNÁNDEZ GÓMEZ VOZMEDIANO, Miguel – La heráldica del poder: los emblemas de la nobleza española.
Realidad y ficción. Memoria y civilización, 20 (2017): 111-146, ISSN: 1139-0107, p. 115.

103
LORENA C. BARCO CEBRIÁN
LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

3. LA HERÁLDICA NOBILIARIA

Dentro de la ciencia del blasón existen numerosas subcategorías tales como la


heráldica pontificia, real, eclesiástica, institucional, municipal, y un largo etcéte-
ra. Nosotros incluimos nuestro trabajo en la denominada como heráldica nocilia-
ria, cuya característica principal es que el emblema es signo y simbolo de una casa
familiar de la nobleza y se eleva como distintivo del linaje9 al que se pertenece.
Efectivamente, y tal y como dice Menéndez Pidal de Navascués “los emblemas
heráldicos se crean por y para el hombre y se re-crean cada vez que se utilizan...”,10
efectivamente el emblema es una creación del hombre y para el hombre. Lo que
habría que preguntarse es para qué lo crea, con qué fin. En el caso de la nobleza su
fin está claro, se trata de un signo externo de poder y ostentación del mismo. Se con-
vierte en un signo externo de todo el ceremonial11 que engloba a la Casa y al linaje.
A través de él el linaje, sea cual sea su integrante a lo largo de los años, tiene un
distintivo frente a los demás. La nobleza a lo largo de los siglos utilizó el escudo de
armas para numerosas representaciones, tanto en la documentación que elaboraba
o en la que tomaba parte, como en las fachadas de sus casas e inmuebles, así como
decoración en numerosos ajuares de hogar, ropa de vestir, y un largo etcétera. Todo
ello muestra el grado elevado de importancia que tenían los escudos de armas o
emblemas para una casa o linaje nobiliario desde la Edad Media hasta prácticamente
finales del Antiguo Régimen. Una de esas muestras en los que la nobleza hacía uso
de sus emblemas heráldicos para mostrar su preponderancia y privilegio distintinvos
del resto de la sociedad o estamentos, es precisamente la carta ejecutoria de hidal-
guía que analizaremos a continuación.

4. LA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA COMO FUENTE PARA EL ESTUDIO DEL EMBLEMA


HERÁLDICO

La carta ejecutoria de hidalguía es un modelo documental de vital importancia


para entender y estudiar la nobleza, sobre todo, de la Edad Moderna. Tal y como dice
Menéndez Pidal “En la edad moderna, la concreción más generalizada del patrimo-
nio de valores que acumula un linaje es la hidalguía, infanzonía o nobleza”.12 Es por
ello que a través de dicho tipo documental diferentes personajes, quienes querían
hacerse un hueco entre la nutrida masa que integraba el estamento social nobiliario
9
SÁNCHEZ SAUS, Rafael – De armerías, apellidos y estructuras de linaje. En la España Medieval, nº 17 (1994),
pp. 9-17, ISSN: 0214-3038.
10
MENÉNDEZ PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino – Panorama heráldico español. Épocas y regiones en el perío-
do medieval. Príncipe de Viana, Año nº 68, nº 241 (2017), pp. 533-553, ISSN: 0032-8472, p. 535.
11
VALVERDE OGALLAR, Pedro Blas – Tesis doctoral Manuscritos y heráldica en el tránsito a la modernidad:
el libro de armería de Diego Hernández de Mendoza, dirigida por Elisa Ruiz García, Universidad Complutense de
Madrid, 2002, p. 415.
12
MENÉNDEZ PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino – El linaje y sus signos de identidad. En la España Medieval,
nº Extra 1, 2006, pp. 11-28, ISBN: 84-95215-29-2, p. 11.

104
LORENA C. BARCO CEBRIÁN
LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

pretendían, beneficiarse de todos los privilegios asociados al hecho de ser hijodalgo.


De ahí con el devenir de los años cada vez más fueran más numerosas, encontrando
también diferentes tipologías tales como las de hidalgo de sangre, la de ejecutoria, la
de gotera, y un largo etcétera; dependiendo de las intenciones de cada uno de estos
personajes. Su máximo exponente llega de la mano de Enrique IV, momento históri-
co, en el que se produce una gran extensión de esta tipología documental, resultado
de los numerosos privilegios que este monarca concedió.13 El caso que a nosotros
nos interesa dentro del privilegio de hidalguía es, precisamente, el de ejecutoria,
donde el hidalgo ha litigado y ha probado su hidalguía de sangre.

5. LA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA DE LOS HERMANOS PÉREZ DE LA TORRE:


ANÁLISIS

La carta ejecutoria de hidalguía que aquí nos compete tiene las características prin-
cipales de este tipo documental. El documento que nosotros hemos utilizado se trata
de uno ejecutado en el año 1694 sobre un pleito que tuvo lugar en el año 1691 y que
está actualmente en el Archivo de la Real Chacillería de Valladolid. El documento
utilizado en nuestro caso se custodia en la Houghton Library de la Universidad de
Harvard.14 Se trata de una unidad codicológica compuesta por 91 hojas de pergamino,
encuadernadas y cosidas. La encuadernación está realizada en tapas de madera forra-
das en terciopelo marrón. El estado de conservación es buena. La carta ejecutoria de
hidalguía contiene, asimismo, un sello pendienten en piedra de 90 mm. de diámetro y
6mm. de grosor. La aposición al documento se hace a través de hilo de seda trenzado
en colores verde, amarillo y beige. Dicho sello tiene restos de un escudo de armas
totalmente ilegible y que por lo tanto no podemos analizar.
En cuanto a la encuadernación sus medidas son 315 mm. de largo por 209 mm.
de ancho y 40 mm. de grosor en su lomo. La materia sustentante de la escritura, es
decir, el pergamino utilizado tiene unas medidas de 303 mm. de largo por 210 mm.
de ancho; y, la caja de escritura mide 224 mm. de largo por 132 mm. de ancho. En
cuanto a la tipología gráfica, se trata de una humanística usual, muy clara y con
pocas abreviaturas.
En cuanto a la iluminación de la carta no es muy abundante, sin embargo, si es
sobresaliente. La primera iluminación que nos encontramos se trata de una referen-
cia al monarca, Carlos II (ver figura 1). La segunda iluminación que encontramos
en el manuscrito, y que a nosotros más nos interesa, es el escudo de la familia Pérez
de la Torre (ver figura 2). La tercera iluminación se trata de un retrato del rey Carlos
II, que se encuentra en la parte final del documento (ver figura 3). Además de estas,
también encontramos a lo largo de la ejecución de la carta una serie de letras capita-
les iniciales iluminadas (ver figuras 4, 5 y 6).
BARRIONUEVO SERRANO, Mª del Rosario – Los expedientes de Hidalguía del Archivo Municipal de Málaga.
13

Péndulo: revista de ingeniería y humanidades, nº 20 (2009), pp. 146-165, ISSN: 1132-1245, p. 148.
14
MS TYP 451, Houghton Library, Universidad de Harvard.

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LORENA C. BARCO CEBRIÁN
LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

Figura 1

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LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

Figura 2

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LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

Figura 3

Figura 4

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LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

Figura 5

Figura 6

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LORENA C. BARCO CEBRIÁN
LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

Atendiendo ahora al tenor de la carta, se trata de una carta de ejecutoria de hidal-


guía de sangre por parte de los hermanos Pérez de la Torre, ella se desarrolla sin
ninguna excepcionalidad al resto de esta tipología documental. Precisamente esa
hidalguía de santre o nobleza de sangre es la que se puede transmitir por herencia,15
de ahí la importancia de que quede constrancia de ella a través de este tipo docu-
mental.
Los implicados en la ejecutoria hacen referencia su linaje de sangre rememoran-
do a sus antepasandos “im memoriam”. Así dice:
...todos ellos han sido libres y exemplos, gozando todas las honrras y franquezas y libertades y
de los ofiçios honorificos de los hijos dalgo en cuya posesion, reputaçion, fama y opinion han
estado dichos mis partes y sus antepasados de tiempo im memorial...16

El porqué de la carta de ejecutoria de hidalguía tampoco es extraño a otros casos


semejantes de la época. Se trata de que los hermanos implicados en ella trasladan su
vecindad y necesitan que en la villa a donde van a instalarse como nuevos vecinos
se les reconozca que son hidalgos. El motivo primordial es que les habían incluido
en la lista de pecheros, y ellos interponen pleito para no tener que pagar dichos
pechos por su condición de hidalgo. Como vemos, se trata de un motivo económico
el que lleva a estos hermanos a incoar dicho pleito y carta de ejecutoria.
El escudo que acompaña a la carta ejecutoria es síntoma de que este linaje tenía
antepasados hidalgos como demuestrasn a través de la exposición del emblema
familiar. Acomentiendo ahora su análisis, podemos decir que se trata de un escudo
español en su forma, partido, con burelas en la parte izquierda del mismo, con fran-
jas en plata y gules. En la parte derecha del escudo se encuentra la parte parlante del
escudo, una torre, que hace referencia al propio apellido del linaje, compañado de
cuatro soldados, que hacen referencia a los antepasados a los que se retrotraen los
pleiteantes. Los adornos externos del escudo son el yelmo o celada, característico
de los escudos de los hidalgos. El yelmo es de acero bruñido, puesto terciado, con
cinco rejillas en la visera y con un brulete de plumas en azur y gules. También apre-
ciamos lambrequines en oro y plata alrededor del escudo. Y, por último, nos encon-
tramos un tenante, en forma de ángel, con la leyenda “por la gracia”.17

15
MENÉNDEZ PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino – El linaje y sus signos de identidad. En la España Medieval,
nº Extra 1, 2006, pp. 11-28, ISBN: 84-95215-29-2, p. 12.
16
MS TYP 451, Houghton Library, Universidad de Harvard, s.f.
17
Para la descripción hemos seguido los trabajos de GONZÁLEZ-DORIA, Fernando – Diccionario heráldico y
nobiliario de los Reinos de España, Ed. Bitacora, S.A., Madrid, 1987, ISBN: 84-86832-00-4, y CADENAS Y
VICENT, Vicente de – Fundamentos de Heráldica (Ciencia del Blasón), Hidalguía, Madrid, 1975, ISBN: 84-00-
04183-6.

110
LORENA C. BARCO CEBRIÁN
LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

Figura 7

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LORENA C. BARCO CEBRIÁN
LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

6. CONCLUSIONES

Como hemos podido apreciar a lo largo de las páginas precedentes el esudio de


los emblemas heráldicos es una fuente básica para entender el devenir y la evolu-
ción del estamento nobiliario, no solo en la Edad Media, sino también a lo largo
de las centurias que integran la Modernidad, no tratado por la historiografía hasta
etapas muy recientes. Existe un tipo documental valiosísimo para el análisis de estos
emblemas en la horquilla cronológica aducida, como son las cartas ejecutorias de
hidalguía, donde se funden la exteriorización del poder de un hidalgo y sus privi-
legios, con la visibilización de su linaje y poderío a través de su ascendencia y sus
emblemas heráldicos, introduciéndose en el ceremonial que engloba a todo linaje
e hidalgo. Por ello, la heráldica y la genealogía, en este caso, se dan la mano y
estrechan lazos en pos de un bien común: el estudiar los entornos socio-culturales
que envuelven a un linaje y que comparten espacios dentro del ceremonial que lo
identifica.
A través del análisis de los emblemas heráldicos podemos extraer información
muy valiosa sobre apellidos, patronímicos e, incluso, sobre la exteriorización a tra-
vés del arte de los diferentes linajes nobiliarios.
Sabemos que este estudio es un primer acercamiento a esta disciplina y al análi-
sis de este linaje en concreto, el de los Pérez de la Torre, que esperamos desarrollar
de forma más profunda en futuras investigaciones y publicaciones.

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIAS NEVADO, Javier – El papel de los emblemas heráldicos en las ceremonias


funerarias de la Edad Media (siglos XIII-XVI). En la España Medieval, nº Extra
1, 2006, pp. 49-80, ISBN: 84-95215-29-2.
BARRIONUEVO SERRANO, Mª del Rosario – Los expedientes de Hidalguía del
Archivo Municipal de Málaga. Péndulo: revista de ingeniería y humanidades, nº
20 (2009), pp. 146-165, ISSN: 1132-1245.
CADENAS Y VICENT, Vicente de – Fundamentos de Heráldica (Ciencia del
Blasón), Hidalguía, Madrid, 1975, ISBN: 84-00-04183-6.
FERNÁNDEZ GÓMEZ VOZMEDIANO, Miguel – La heráldica del poder: los
emblemas de la nobleza española. Realidad y ficción. Memoria y civilización, 20
(2017): 111-146, ISSN: 1139-0107.
GONZÁLEZ-DORIA, Fernando – Diccionario heráldico y nobiliario de los Reinos
de España, Ed. Bitacora, S.A., Madrid, 1987, ISBN: 84-86832-00-4.
MARTÍNEZ LLORENTE, Félix – Del sello al escudo de armas: aproximación a la
génesis de la heráldica institucional. El Escudo de Gipuzkoa. Una aproximación
a la Heráldica Institucional de los territorios de lengua vasca, Donostia-San
Sebastián, ISBN: 978-84-8419-208-4, 2010, pp. 151-166.

112
LORENA C. BARCO CEBRIÁN
LA HERÁLDICA Y LA SIGILOGRAFÍA NOBILIARIAS EN UNA CARTA EJECUTORIA DE HIDALGUÍA INÉDITA

MENÉNDEZ PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino – Panorama heráldico español.


Épocas y regiones en el período medieval. Príncipe de Viana, Año nº 68, nº 241
(2017), pp. 533-553, ISSN: 0032-8472.
SÁNCHEZ SAUS, Rafael – De armerías, apellidos y estructuras de linaje. En la
España Medieval, nº 17 (1994), pp. 9-17, ISSN: 0214-3038.
VALLE PORRAS, José Manuel – La investigación sobre heráldica española, con
especial atención a la Edad Moderna. Estado de la cuestión. Revista de historio-
grafía, nº 27 (2017), pp. 315-340, EISSN: 2445-0057.
VALVERDE OGALLAR, Pedro Blas – Tesis doctoral Manuscritos y heráldica en el
tránsito a la modernidad: el libro de armería de Diego Hernández de Mendoza,
dirigida por Elisa Ruiz García, Universidad Complutense de Madrid, 2002.

113
APUNTES SOBRE LA REPRESENTACIÓN DE LA MEMORIA
NOBILIARIA EN LA ESPAÑA DEL SIGLO XVII: UNA GENEALOGÍA DE
LA CASA DUCAL DE MONTALTO*

DOMINGO BELTRÁN CORBALÁN


orcid.org/0000-0002-2429-3691

FRANCISCO PRECIOSO IZQUIERDO


Universidad de Murcia
orcid.org/0000-0003-1136-5155
dbeltran@um.es f.precioso@gmail.com

Resumen: Este trabajo tiene como objetivo fundamental analizar un manuscrito


inédito conservado en el Archivo General de la Fundación Casa Medina Sidonia,
al que hemos denominado Memorias de las casas de los duques de Montalto. El
manuscrito contiene todo un relato genealógico de las casas nobiliarias asociadas a
los Montalto, un repertorio bastante exhaustivo de nombres, fechas, enlaces y bata-
llas a los que acompaña una representación de las armas propias de cada uno de los
ascendientes de la familia. Confeccionado en tiempos del VII duque de Montalto,
Luis Guillén de Moncada y Aragón (1614-1672), nuestro análisis trata de estudiar,
por un lado, el discurso genealógico, y por otro lado, las características codicológi-
cas del documento para comprender la formulación de estas memorias en el contex-
to de la «fiebre genealógica» del VII duque y su «obsesión» por la construcción del
glorioso pasado familiar de los Moncada.

Palabras clave: Genealogía; Heráldica; Nobleza; Memoria; Luis Guillén de


Moncada y Aragón; Duques de Montalto.

Abstract: This work has as its fundamental objective to analyze an unpub-


lished manuscript preserved in the General Archive of the Casa Medina Sidonia
Foundation, which we are entitled as Memorias de las casas de los duques de
Montalto. The manuscript contains a genealogical related of the noble houses asso-

* Este trabajo forma parte del proyecto de investigación: “Nobilitas II- Estudios y base documental de la nobleza
del Reino de Murcia, siglos XV-XIX. Segunda fase: análisis comparativos”, financiado por la Fundación Séneca,
Agencia de Ciencia y Tecnología de la Región de Murcia (15300/PHC/10).

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DOMINGO BELTRÁN CORBALÁN Y FRANCISCO PRECIOSO IZQUIERDO
APUNTES SOBRE LA REPRESENTACIÓN DE LA MEMORIA NOBILIARIA EN LA ESPAÑA DEL SIGLO XVII

ciated with the Montalto with information on names, dates, links and battles that are
accompanied by a representation of the weapons of each of the ascendants of the
family. The manuscript was drawn up during the live of the VII Duke of Montalto,
Luis Guillén de Moncada y Aragón (1614-1672). Our analysis tries to study, on the
one hand, the genealogical literature, and on the other, the codicological characteris-
tics of the document to understand the formulation of these memories in the context
of the «genealogical fever» of the VII Duke and his «obsession» with the construc-
tion of the glorious family past of the Moncada.

Keywords: Genealogy; Heraldry; Nobility; Memory; Luis Guillén de Moncada y


Aragón; Dukes of Montalto.

INTRODUCCIÓN

En la sociedad hispánica del Antiguo Régimen la posición de una familia noble


era una cuestión que, lejos de quedar reducida al interior de palacios y casas, se
encontraba sometida al escrutinio público cotidiano1. Ser noble, esto es, serlo en
una comunidad determinada, no consistía solamente en probar un privilegio o estar
en posesión de un título; antes bien, exigía la posibilidad de poder exhibir ante el
común todo aquello que les confería esa condición diferente. Escudos, armas y bla-
sones no solo decoraban paredes y fachadas de casas solariegas sino que mostra-
ban –más bien lucían– los elementos privativos de una identidad cuidadosamente
diferenciada del resto. Todo ello, como apunta Carrasco Martínez, formaba parte de
un sistema de comunicación, un lenguaje propio que contribuía a definir los límites
de una cultura nobiliaria exitosamente adoptada como ideal por el conjunto de la
sociedad, nobles y no nobles: unos como forma de reconcerse entre sí y otros como
fuente de imitación2.
Si lo visual constituía una parte –quizá la más espectacular y llamativa– de esa
cultura de la nobleza, otro tanto ocurría con lo escrito, es decir, cuando lo que se
cincelaba no era la piedra sino el papel y las palabras se tornaban en testigos de un
glorioso pasado familiar hábilmente conectado con el presente. En la mayoría de
ocasiones el individuo se naturalizaba en una larga cadena de ascendientes cuyo
origen parecía perderse en «la noche de los tiempos», evidenciando mediante la
conservación del apellido común la antigüedad y el conocimiento de los antepasa-
dos más remotos, la comunidad de valores, honra, prestigio y mérito de los que se
participaba como miembro, precisamente, de su propio linaje3.
1
CARRASCO MARTÍNEZ, Adolfo- Sangre, honor y privilegio. La nobleza española bajo los Austria. Barcelona:
Ariel, 2000, pp. 11-13.
2
Ibíd, p. 73.
3
HERNÁNDEZ FRANCO, Juan- Consideraciones y propuestas sobre linaje y parentesco, en CASEY, James y

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La literatura genealógica se concebía así como un medio útil de representación


del poder y estatus de un individuo, una forma de «perdurar en el aprecio de los
siglos venideros», como recordaba el genealogista Pedro Scotti a comienzos del
siglo XVIII4. Pero además, todo relato genealógico reflejaba –como indica Guillén
Berrendero– un «discurso social organizado en torno a valores como la preeminen-
cia, el honor, la fidelidad, la familia y el perfecto servidor»5, es decir, contenía un
retrato de la sociedad y al mismo tiempo un alegato a favor de quien quería enca-
ramarse a lo alto de aquella. Por esa razón, poco importaban las imprecisiones y
tampoco las invenciones u ocultaciones, evidentes en muchos casos6, ya que lo sus-
tancial era hacer ver la pertenencia de uno a su linaje a través de la serie de argu-
mentos con los que se trataba de ligar a una persona –por encima de mitificaciones
o hechos legendarios– con categorías relativas al éxito, el protagonismo y el privi-
legio.
El fin último de toda esa literatura (entre la que podemos incluir genealogías,
nobiliarios, libros de armas, memoriales y hasta corografías) se cifraba en la crea-
ción de un registro que contribuyera a configurar la imagen de una familia distingui-
da por la posesión in tempore de ciertas prendas y virtudes, una meta que también
perseguía y reforzaba con sus armas y emblemas la heráldica, símbolo inequívoco
del linaje y expresión social del noble7.
Familia y memoria, genealogía y armas. Estos dos binomios podrían resumir
bien la idea de la distinción por encima de las vicisitudes de la coyuntura como argu-
mento que parece presidir el documento que analizamos: Memorias de las casas de
los duques de Montalto. Se trata de un manuscrito perteneciente al fondo Montalto
conservado en el Archivo General de la Fundación Casa Medina Sidonia (Sanlúcar
de Barrameda, Cádiz; en adelante AGFCMS).8 Elaborado en tiempos del VII duque

HERNÁNDEZ FRANCO, Juan (dirs.), Familia, Parentesco y Linaje Murcia: Universidad de Murcia, 1997, pp. 19-29.
4
PRECIOSO IZQUIERDO, Francisco- Un problema académico: la idea de nobleza en la primera mitad del siglo
XVIII. Los discursos de Pedro Scotti y José de Abreu en la Real Academia Española, Hispanic Research Journal,
vol. 19, nº4 [2018], pp. 395-416.
5
Nobiliario. Sancho Busto de Villegas [edición y estudio a cargo de GUILLÉN BERRENDERO, José Antonio;
edición y transcripción a cargo de GONZÁLEZ FUERTES, Manuel Amador]. Murcia: Universidad de Murcia,
2014, p. 23.
6
SORIA MESA, Enrique- Genealogía y poder: invención de la memoria y ascenso social en la España Moderna,
Estudis. Revista de historia moderna, nº 30 [2004], pp. 21-56; La nobleza en la España moderna. Cambio y conti-
nuidad. Madrid: Marcial Pons, 2007, pp. 300-317.
7
MENÉNDEZ PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino- El linaje y sus signos de identidad, En la España Medieval, nº
1, Anejos [2006], pp. 11-28.
8
AGFCMS, leg. 4507. El título exacto y completo del manuscrito es el siguiente: Algvnas memorias de las Casas
de Moncada, Esclafana y Peralta, Russos, Aragón y Cardona que posseen los príncipes de Paternó, condes de
Calatanixeta y Adernó, Esclafana, duques de Bibona, condes de Calatabelota, duques de Montalto, condes de
Colisano y de los príncipes de Sabionara y Calvaruso, para quien uviere de escriuir la historia desta casa y sus
árboles. Para abreviar esta extensa intitulación hemos optado, como título atribuido, por Memorias de las casas de
los duques de Montalto, siguiendo un doble criterio. Por un lado, reconocer en el título el fondo al que pertenece el
volumen en el archivo que lo conserva; y por otro, resaltar el título de duque de Montalto, que es el que prevaleció
y ostentaron los titulares de las casas relacionadas en el texto.

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de Montalto, Luis Guillén de Moncada y Aragón (1614-1672), estas «memorias»


forman parte del amplio dispositivo publicitario puesto en marcha por el «Cardenal
Moncada» para comunicar y exaltar su pasado familiar allá donde hubiera ocasión.
Sin embargo, poco más sabemos de un documento que sin firma ni fecha ha perma-
necido inédito a pesar de ser conocido por una parte de los historiadores dedicados
al estudio de la rica y compleja trayectoria del duque.

Imagen 1. Portada del manuscrito.

Nuestro objetivo es analizar el contenido de la fuente como medio para estu-


diar su naturaleza, razón y tiempo. En primer lugar, trataremos de profundizar en el
contexto en el que tiene lugar para comprender los puntos fundamentales del relato
genealógico; en segundo lugar, examinaremos las características codicológicas más
sobresalientes para proponer, en tercer lugar, unas conclusiones que nos permitan
situarlo de manera precisa en el orden material que ocupó en la llamada «fiebre
genealógica» de Luis Guillén de Moncada.

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EN LA NOBILISIMA PROSAPIA DE QUIEN DECIENDE VUESTRA EXCELENCIA. LAS EMPRESAS


GENEALÓGICAS DE LUIS GUILLÉN DE MOCANDA

En 1658 quien así se refería a la familia del VII duque no era otro que el jurista
y escritor valenciano Lorenzo Matheu y Sanz, a quien el propio Moncada, virrey en
ese momento del reino de Valencia, había encargado la traducción al castellano de la
obra de Juan de Solórzano, Emblemata centum regio-politica, escrita en latín cinco
años antes9. Entre las muchas loas y elogios proemiales dedicados a su patrocinador,
Matheu y Sanz no podía olvidarse de la ascendencia del virrey, «cuya Real grandeza
no repito, por averlo tocado en otra parte, y aver tantos libros que la pregonan, de
cuyo argumento modernamente se ha dado a la estampa mas de un volumen, deli-
neado por el pincel primoroso del padre dõ Iuan Agustin de Lenguella»10.
No le faltaba razón al autor valenciano cuando aludía a la existencia de «tan-
tos libros» escritos con el único objetivo de glosar la genealogía de Luis Guillén
de Moncada. De hecho, la obra de Giovanni Agostino della Lengueglia (el
«Lenguella» a que se refería el traductor) era solo la última de las impresas en vida
del poderoso virrey Moncada. El trabajo del clérigo y teólogo italiano, I ritratti
della prosapia, et heroi Moncadi, publicado en la capital virreinal en 1657 con
ilustraciones en láminas del grabador flamenco Juan Felipe Jansen, terminaba de
apuntalar el edificio de la memoria familiar que se había iniciado mucho tiempo
antes en Italia. La mayoría de historadores coinciden en señalar que la gran empre-
sa genealógica de Luis Guillén arrancó a su llegada a la plaza virreinal de Sicilia
en 163511. El objetivo de exaltación del pasado familiar le llevó inicialmente a con-
fiar en el cronista regio y canónigo de la capilla palatina de San Pedro, Antonino
Collurafi, la ordenación de sus papeles y archivo con vistas a la elaboración de
una obra escrita con los hechos «gloriosos» de sus antepasados, trabajo concluido
a mediados de la década siguiente y que vio la luz bajo el título Dapifero. Primo
heroe dell’Ecc.ma Casa Moncada12.

9
ALDAMA, Ana María y ANTÓN, Beatriz- De symbolis et Emblematibus. Las Symbolicae Quaestiones (Bolonia,
1555) de A. Bocchi, fuente de los Emblemata centum regio politica (Madrid, 1653) de Juan de Solórzano, Humani-
tas, nº 62 [2010], pp. 261-282; ANTÓN, Beatriz, Los Emblemata Centum Regio Politica (Madrid, 1653) de Juan de
Solórzano, en GARCÍA MAHÍQUES y ZURIAGA SENENT, Vicente F. (eds.)- Imagen y Cultura: la interpretación
de las imágenes como historia cultural, vol. I. Valencia: Generalidat Valenciana, 2008, pp. 249-267; GARCÍA
HERNÁN, Enrique- Consejero de ambos mundos. Vida y obra de Juan de Solórzano Pereira (1575-1655). Madrid:
Fundación Mapfre, 2007.
10
Biblioteca Nacional de España, U/1187, Emblemas regio politicos de don Juan de Solorçano Pereyra... distri-
buidos en decadas. Década primera. Traducidos por el dotor Lorenço Matheu y Sanz..., en Valencia, por Bernardo
Noguès, junto al molino de Rovella, 1658, s/f.
11
Para este periodo remitimos a la historiadora que mejor conoce la Sicilia de los Moncada, vid. SCALISI, Lina- La
Sicilia dei Moncada. Le corti, l’arte e la cultura nei secoli XVI-XVII. Catania: Domenico Sanfilippo Editore, 2007;
La Sicilia degli Heroi. Storie d’arte e di potere tra Sicilia e Spagna. Catania: Domenico Sanfilippo Editore, 2008.
12
La obra, manuscrita e inédita, ha sido estudiada por la profesora Scalisi, quien anuncia una próxima edición de la
misma, SCALISI, Lina- Il Dapifero di Antonino Collurafi. Storia di un’opera perduta (1639-1644), Mediterranea-
ricerche storiche, Anno XIV, nº 40 [Agosto 2017], pp. 295-314.

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Junto a la literatura, Luis Guillén potenció otros medios artísticos que utilizó
igualmente en su camino de representación y enardecimiento familiar como la pin-
tura. La reforma del Palazzo dei Normanni fue aprovechada para colocar escenas
que recreaban los orígenes históricos de la vinculación de su familia con Sicilia, una
práctica que intentó también a su vuelta a España cuando hizo dibujar las armas de
su linaje en uno de los palacios sevillanos heredados por su hermana tras la muerte
del III duque de Alcalá13.
Su llegada a Valencia como virrey en 1652 no hizo sino avivar aún más el inte-
rés de Moncada por la exhibición de su pasado. Sin olvidar el trabajo ya conocido
de Lengueglia, la memoria visual –a través de las artes plásticas– continuó siendo
privilegiada como mecanismo de comunicación genealógica, una labor en la que
se empleó a fondo el pintor Giuseppe Faciponte, quien estuvo al frente de la con-
fección de una serie de lienzos con representaciones imaginarias de los Moncada
y Aragón14. De igual forma invirtió grandes sumas de dinero en la elaboración de
un conjunto de retratos al óleo en formato pequeño y de temática familiar, empre-
sa que pudo correr a cargo del pintor valenciano Juan de Ayerbe entre los años
1654 y 165715. Tampoco la escultura escapó a los objetivos del VII duque. Gracias
a los trabajos de Halcón y Herrera García, hoy sabemos que durante su empleo
de virrey en Valencia, Luis Guillén encargó al escultor italiano Giovanni Battista
Morelli la elaboración de una colección de pequeños bustos en bronce con la efi-
gie de algunos de sus antepasados16.
Tras dejar atrás la ciudad valenciana y llegar a la corte madrileña como caba-
llerizo mayor en 1659 y mayordomo mayor de la reina cuatro años después, el VII
duque continuó su política de recreación del pasado familiar con encargos como la
pintura de su propio árbol genealógico, trabajo que fue encomendado al pintor de
origen flamenco Andrés de Smidt17. En Madrid, muy probablemente, Luis Guillén
llevará a cabo una de las iniciativas que de manera más clara y evidente revela su
“obsesión” por la representación familiar. Nos referimos a la confección de una serie
de tapices reposteros con la historia de la casa de Moncada, última de las ambiciosas
empresas genealógicas en las que se embarcó el VII duque y que no pudo ver con-
cluida por alcanzarle la muerte en 1672, siendo su único hijo, Fernando de Aragón y
Moncada, VIII duque, quien retomará el proyecto a finales del siglo XVII18.
13
Para la relación de los principales hitos en la construcción de la memoria genealógica de Moncada hemos utili-
zado (y a él nos remitimos) el exhaustivo trabajo de HALCÓN, Fátima y HERRERA GARCÍA, Francisco Javier-
Entre Sicilia y España: Nuevas aportaciones a la colección artística de Luis Guillermo de Moncada, duque de
Montalto (1614-1672), Anuario del Departamento de Historia y Teoría del Arte, nº 28 [2016], pp. 113-139.
14
Ibíd, p.118.
15
Ibíd, pp. 123-127.
16
Ibíd, pp. 128-130.
17
Ibíd., p. 134.
18
DEMARCEL, Guy, GARCÍA CALVO, Margarita y BROSENS, Koenraad- Spanish Family Pride in Flemish
Wool and Silk: The Moncada Family and Its Baroque Tapestry Collection, en CAMPBELL, T. P. (ed.)- Tapestry in
the Baroque. Threads of Splendor.New York: Metpublications, 2007, pp. 284-315; GARCÍA CALVO, Margarita-

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FUENTES PARA LA GENEALOGÍA DEL VII DUQUE. SOBRE LA AUTORÍA DE LAS MEMORIAS
DE LAS CASAS DE LOS DUQUES DE MONTALTO.

La proyección de la memoria visual de sus antepasados ocupó y preocupó


sobremanera a Luis Guillén de Moncada. Prácticamente a lo largo de toda su vida
pública mantuvo constante el deseo de exhibición de un pasado familiar para el que
tanto la pintura, como la escultura y los tapices sirvieron eficazmente a su progra-
ma de representación y legitimación linajística. Sin embargo, tal y como recordaba
Matheu y Sanz, esa misma memoria había hecho correr la tinta en numerosas oca-
siones a través de no pocas genealogías19. A la de Lengueglia, impresa en 1657,
se sumaban las de otros eruditos de la época implicados en la empresa genealó-
gica del VII duque, como el propio Collurafi, y más tarde el religioso Giovanni
Battista Chiavetta. Este último logró publicar su Geneologia della Nobilisissima
famiglia Moncada dei Principe di Paternò, e Duchi di Montalto tiempo antes de que
Lengueglia estampase su obra sobre los «eroi» Moncada, esto es, a lo largo de los
primeros años de la década de los cincuenta20.
El trabajo del religioso –estudiado en profundidad por Scalisi21– reunía en una
misma obra la historia familiar de los Moncada con abundante información sobre
sus posesiones, cargos, títulos, matrimonios y descedencia. A la hora de llevar a
cabo su genealogía, Chiavetta no solo se había nutrido de la documentación reco-
pilada en diversos archivos italianos sino que también siguió las indicaciones de
muchos amigos y personas de confianza del propio Moncada, entre los que desta-
có su cuñado Manuel de Moura, II marqués de Castel Rodrigo22. Al parecer tanto
uno como otro compartían un interés manifiesto en la genealogía de Luis Guillén,
una afición que Chiavetta terminó plasmando en una obra en la que Moura tuvo
cierta influencia.
Esa relación nos lleva a plantearnos una serie de cuestiones sobre el origen y
la autoría de nuestro propio manuscrito. En las notas finales, en una hoja suelta,

Correspondencia entre Fernando de Aragón (1644-1713), 8º duque de Montalto y su agente en Bruselas sobre la
realización de la tapicería de la «Historia de la Casa de los Moncada, Archivo Español de Arte, t. 84, nº 335 [2011],
pp. 283-294; FERRERAS ROMERO, Gabriel, et alii- Los tapices del ducado de Montalto en la Fundación Casa
de Medina Sidonia. Investigación y tratamiento, PH: Boletín del Instituto Andaluz del Patrimonio Histórico, nº 74
[2010], pp. 94-109.
19
Un panorama general, SCALISI, Lina- In omnibus ego. Luigi Guglielmo Moncada (1614-1672), Rivista storica
italiana, vol. 120, nº. 2 [2008], pp. 503-568.
20
SCALISI, Lina- «Dietro à tal Colombo». Essere nobili tra Sicilia e Spagna storie di conflitti e nobiltà, en HER-
NÁNDEZ FRANCO, Juan, GUILLÉN BERRENDERO, José Antonio y MARTÍNEZ HERNÁNDEZ, Santiago
(dirs.)- Nobilitas: estudios sobre la nobleza y lo nobiliario en la Europa Moderna. Madrid: Doce Calles, 2014, pp.
113-135.
SCALISI, Lina- Le catene della gloria. L’uso politico della genealogia di Luigi Guglielmo Moncada (1643-1667),
21

Magallánica. Revista de Historia Moderna, 3/6 [2017], pp. 64-85.


22
Sobre la relación entre Moncada y Moura, además de la bibliografía ya citada de Scalisi, vid. PILO, Rafaella- El
negro, el rojo y… el gris. Nota biográfico-política sobre el duque de Montalto-Cardenal Moncada (1614-1672),
Librosdelacorte.es, nº 1, año 6 [2014], pp. 214-227.

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se registra la siguiente información: «A 28 de septiembre 1650: Se lleuó el canó-


nigo don Juan Battista Chiaueta la Genealogía de la casa de su excelencia, por
Castelrodrigo. Palermo»23. Según la nota transcrita, las Memorias de las casas de
los duques de Montalto, eran atribuidas en su tiempo al marqués de Castel Rodrigo,
un trabajo que a su vez habría servido de fuente a Chiavetta para la elabroación de
su genealogía.
La posible autoría de Moura viene avalada por su intensa correspondencia man-
tenida sobre asuntos genealógicos de los Moncada, una documentación que todavía
hoy se conserva en el AGFCMS24. Que de su interés por los ascendientes de su
cuñado y amigo pasara a elaborar unas «memorias» sobre su casa no es descartable,
más aún si tenemos en cuenta la erudición de Castel Rodrigo y su afición por la
colección de papeles de contenido histórico y genealógico25.
En cualquier caso, el objetivo del autor de nuestro manuscrito no era escribir
una historia de la familia como la elaborada por Chiavetta, sino simplemente reunir
informacion ordenada y coherente que sirviera a otro que –como en el mismo título
se indica– «uviere de escriuir la historia desta casa y sus árboles». En la introduc-
ción el autor lo dejaba bien claro:
[...] hame parecido poner en orden [las noticias] que yo he hallado para que siruan de estímulo
al Príncipe para mandar hazer historia de su Casa, pues hallará pocas en que se ayan juntado
tantas de tanta calidad y seruicios tan particulares. Y es justo que, pues ellas se han hundido en
la suya, no suceda lo mismo a su memoria26.

EL MANUSCRITO CONSERVADO EN EL AGFCMS

El fondo de la casa ducal de Montalto corresponde a una de las seis secciones


en que actualmente se estructura el AGFCMS. Su volumen estimado está en torno
a quinientos legajos de documentación relativa a los señoríos italianos de esa casa
ducal entre los siglos XIV al XVIII.27 Además de la documentación propia y carac-
terística de los fondos generados por una casa nobiliaria (privilegios, corresponden-
cia, instrumentos para la administración señorial, etcétera), en este caso destaca la
de índole genealógica, en especial la formada entre los siglos XVII y XVIII. Entre

También se hace alusión a Castelrodrigo en el lomo de la encuadernación del manuscrito en el que se puede leer:
23

«Genealo[…]s S. Exª por Castel Rodrigo».


24
En parte estudiada y aprovechada por SCALISI, Lina-Le catene, pp. 64-85.
25
MARTÍNEZ HERNÁNDEZ, Santiago- Ya no hay Rey sin Privado: Cristóbal de Moura, un modelo de privanza
en el Siglo de los Validos, Libros de la Corte.es, nº. 2 [2010], pp. 21-37.
26
Memorias de las casas de los duques de Montalto, s.f.
27
BELTRÁN CORBALÁN, Domingo- El archivo de la casa de los Vélez: historia, estructura y organización. Tesis
doctoral. Universidad de Murcia, 2014, pp. 26-28. Para una panorámica general del AGFCMS y de la casa de Mon-
talto, vid. ÁLVAREZ DE TOLEDO Y MAURA, Luisa Isabel- Archivo. Sanlúcar de Barrameda: Fundación Casa de
Medina Sidonia, 2003; Las casas incorporadas. Sanlúcar de Barrameda: Fundación Casa de Medina Sidonia, 2003.

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esos papeles genealógicos se encuentra el manuscrito objeto de nuestro estudio:


Memorias de las casas de los duques de Montalto.28
Sin embargo, el volumen que se conserva en el archivo ducal de Sanlúcar de
Barrameda no es el único que existe. Conocemos otro ejemplar de similares caracte-
rísticas que en la actualidad pertenece al Arxiu Nacional de Catalunya (en adelante
ANC) 29. Esto redunda en la idea anteriormente expuesta de la necesidad de Luis
Guillén de Moncada de disponer de instrumentos suficientes con los que construir
su «gloriosa» historia familiar.
En 1777 estos dos ejemplares de la misma obra formaban parte de la bibliote-
ca de José Álvarez de Toledo, XI marqués de Villafranca y Vélez y XII duque de
Montalto, como demuestra el asiento del índice de libros de su biblioteca30 y el ex
libris que aparece en el reverso de la cubierta del volumen del AGFCMS. Bajo el
epígrafe Historia de la casa de Moncada y sus genealogías, las Memorias de Castel
Rodrigo estaban incluidas en un conjunto de seis obras donde se intentaba recons-
truir la historia y la genealogía de los Moncada y sus casas agregadas:
Historia de la Casa de Moncada y sus genealogías. Son 8 tomos mui apreciables con los títulos
siguientes. Primer tomo: Cataluña ilustrada, por Estevan de Corbera, ciudadano honrrado de
Cataluña. Segundo y tercero: Genealogía de la casa de los Moncadas, por Castel Rodrigo,
que se intitula Algunas memorias de las casas de Moncada para quien huviere de escrivir
la historia de esta casa (está duplicado). Quarto: Historia genealógica de los príncipes de
Moncada, general de toda su generosa estirpe y especial de la excelentísima casa de los
príncipes de Paternó, duques de Montalto y de Bibona, condes de Colisano, por el doctor
don Estevan de Aguilar, Golor y Zúñiga, primera parte y no tiene segunda. Quinto y sexto:
Historia de la casa de Moncada, su origen, prerrogativas y grandes estados, por el marqués
de Mondéjar, tomo segundo, primera y segunda parte. Séptimo: Genealogía y succesión de las
genealogías del linaje de Moncada desde el año 734 hasta 1620, no se save su autor. Octavo
tomo: Inscripciones de los quadros de la genealogía de Moncada31.

Ambos manuscritos de las Memorias de Castel Rodrigo son una amalgama entre
libro genealógico –con relación cronológica y expresa de hazañas y méritos de los
personajes relacionados– y armorial, por la interrelación de las representaciones
heráldicas que complementan el texto. Su contenido aborda las vicisitudes y ava-
tares de los personajes más relevantes de las siete casas que conforman el linaje
de los príncipes de Paternó, duques de Montalto: las casas catalanas de Moncada y
28
AGFCMS, leg. 4507. Para el fondo Montalto hemos utilizado los inventarios del archivo elaborados por Luisa
Isabel Álvarez de Toledo, XXI duquesa de Medina Sidonia.
29
ANC 1-25-T-21. Este manuscrito, denominado Armorials de la casa de Montcada de Sicilia, fue adquirido en
1992 y en la actualidad forma parte del fondo Col.lecció de manuscrits i document textuals solts de l´Arxiu Nacional
de Catalunya. Responde a la misma estructura de forma y contenido que el volumen del AGFCMS, es igualmente
anónimo y sin data, y parece que tiene un grado parecido de imperfección en el texto y en las ilustraciones. Vid.
<http://www.culturaipaisatge.cat/2217/un-armorial-de-larxiu-nacional-de-catalunya/> [consultado 09/10/2018)]. En
la actualidad estamos analizando ambas obras para concluir un estudio comparativo que aparecerá próximamente.
30
AGFCMS, leg. 2148: Índice de la librería del excelentísimo señor duque de Alba, marqués de Villafranca. Año
M.DCC.LXX.VII,
s.f.
31
Idem.

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Cardona; las aragonesas de Peralta, Luna y Aragón; y los linajes italianos de Russo
y Esclafana.
Desde el punto de vista codicológico, las Memorias de las casas de los duques
de Montalto conforman un volumen, encuadernado en pergamino, de 118 hojas en
soporte papel cuyas dimensiones máximas son de 310 x 200 mm. De ellas, las tres
primeras y las tres últimas son de guarda. Presentan foliación arábiga, situada en
los ángulos superior izquierdo y derecho para las páginas pares e impares respec-
tivamente, aunque la formación final del volumen y su posterior encuadernación
propició que se incluyeran una serie de hojas que carecen de numeración, como por
ejemplo el índice (hoja número 5) y la introducción (hojas 6 y 7). La hoja donde se
inicia la foliación es la número 9 y desde ahí se sucede una numeración correlativa
que va del 1 al 192, con la salvedad de que se repite el 41. A partir de este error los
números pares encabezarán la página derecha o impar. En total, el manuscrito tiene
97 hojas numeradas y 21 sin foliar.32
El texto se distribuye a línea tirada, con pocas fluctuaciones en cuanto al número
de líneas que aparecen en cada página, que oscila habitualmente entre las 18 y 22.
Asimismo, la caja de escritura tiene unas dimensiones regulares que podemos esta-
blecer en 215 x 140 mm.
La tinta usada para el cuerpo central de la escritura ha sido la del tipo ferrogálica,
con una tonalidad marrón oscuro. Y la misma para las ilustraciones, con las tinturas
típicas de los esmaltes y metales heráldicos: ocres, bermellones, negros, azules, ver-
des, etcétera.
El texto presenta reclamos de forma regular a lo largo de toda la obra, situa-
dos en el ángulo inferior derecho del reverso de cada hoja. Como norma general
anticipan las dos palabras iniciales del folio siguiente, aunque también es frecuente
encontrar las tres primeras palabras o solo la primera.
La escritura utilizada para el texto principal ha sido la bastarda o bastardilla cas-
tellana que mantiene bastantes rasgos de la humanística cancilleresca. Las grafías
están ejecutadas de forma reposada, presentando en general un aspecto caligráfico y
pausado, producto del equilibrio y uniformidad de la escritura, de la buena separa-
ción entre palabras y de la tendencia de las letras a mantenerse aisladas. En las notas
marginales se utiliza la humanística redonda y la escritura bastardilla para aquellas
anotaciones añadidas a la redacción original. Finalmente, en el índice y en el árbol
genealógico del final de la obra el escribano ha utilizado la humanística redonda.
La escritura de notoriedad ha sido utilizada en la portada y en cada arranque de
capítulo. El autor emplea una doble jerarquización de escrituras publicitarias. Por un
lado, para el texto que aparece en la primera línea de la portada y para el nombre de
cada una de las casas que inician cada apartado interior utiliza la escritura capital de

32
Entre las páginas numeradas 69 y 70 se insertan cinco hojas sin foliar, la primera en blanco y las demás con ano-
taciones y aclaraciones posteriores al texto. Entre la 103 y la 104, otras dos hojas en blanco. Después de la 127, se
insertan dos hojas, y otra en blanco después de la 133. Finalmente, después de la última página numerada –la 192–
se incluyen las últimas 4 hojas sin foliar, las tres últimas en blanco.

124
DOMINGO BELTRÁN CORBALÁN Y FRANCISCO PRECIOSO IZQUIERDO
APUNTES SOBRE LA REPRESENTACIÓN DE LA MEMORIA NOBILIARIA EN LA ESPAÑA DEL SIGLO XVII

módulo grande, seguida de la humanística redonda de módulo menor para el resto


del texto introductorio, que forma un caligrama con forma de triángulo.33 Por otro
lado, para la primera línea del texto de cada capítulo y para los nombres de los per-
sonajes que aparecen en la genealogía utiliza la misma escritura bastarda que en el
resto del texto pero de módulo grande.
En cuanto a la estructura del contenido, el orden de las Memorias es el siguiente:
– Portada (1 hoja s.f.).34
– Índice (1 hoja s.f.).
– Introducción (2 hojas s.f.).
– MONCADAS (1 hoja s.f., pp. 1-69, 5 hojas s.f.).35
– PERALTAS (pp. 70-103, 2 hojas s.f.).36
– LUNAS (pp. 104-127, 2 hojas insertas s.f. con árbol genealógico, pp. 128-139, 1
hoja sin foliar).37
– ESCLAFANAS (pp. 134-139).38
– RUSSOS (pp. 140-147).39
– ARAGONES (pp. 148-157).40
– CARDONAS (158-192, 1 hoja desplegable s.f. con árbol genealógico).41

33
En la página 72 utiliza la escritura capital para el título de la casa Peralta y la humanística redonda de módulo
grande en la primera línea del texto, seguida de la escritura bastarda habitual.
34
Vid. supra el título completo de la obra.
35
MONCADAS, que en Sicilia fueron condes de Agosta, marqueses de Malta, condes de Calatanixeta, príncipes de
Paternò y los de Sabionara y Calvvaruso, y condes de Adernò por casamiento con los de Esclafana, condes de
Calatabelota y duques de Bibona, y Grandes de España por casamiento con los Lunas, sucesores de los Peraltas,
y por el mismo condes de Esclafana, que auían adquirido por otro con los Russos, y duques de Montalto, también
Grandes por casamiento con los Aragones, y por este mismo condes de Colisano y señores de las Petrerías Alta y
Baxa, que ellos auían juntado así por casamiento con los de Cardona.
36
PERALTAS, que en Sicilia fueron condes de Calatabelota y señores de la Mota de Santa Anastasia y de Bibona, que
en los Lunas, sus sucesores, alcançó título de ducado y tratamiento de Grandes de España, cuya casa pasó a los
Lunas y dellos a los Moncadas por casamiento de doña Luisa de Peralta con don César de Moncada, I príncipe de
Paternò.
37
LVNAS.
ESCLAFANAS, cuyo fue el condado de Adernó, Esclafana, Sant Orbe y Clusa,que todo pasó por casamiento a los
38

Moncadas y Peraltas y se vino a juntar en los Moncadas, príncipe de Paternò por el casamiento del príncipe don
César, folio 48, número 20..
39
RVSSOS, cuyo fue Aydon y por compra el de Esclafana, que boluió a los Lunas, Peraltas con Caltavulture por
casamiento y dellos con lo restante de su casa a los Moncadas, príncipes de Paternò. Ponenle algunas memorias
de los Russos sacados de Çurita para que quien se hallan con más noticia se sirua dellos para hacer lalínea de los
antecesores delconde Antonio, suegro de don Sigismundo de Luna y Peralta, etcétera.
40
ARAGONES, duques de Montalto, cuya casa con la de Colisano, que tenía ya vnida como se veerá en ella, passó
a la de los príncipes de Paternò y familia de Moncada por casamiento de doña María, vltima duquesa, con don
Francisco de Moncada, príncipe de Paternò.
41
CARDONAS, condes de Colisano y señores de las Petrerías Alta y Baxa,siguiendo la línea dellos hasta don Antonio
por vn árbol del duque de Sesa hecha por Raphael de Ceruera, cauallero catalán, y de allí abaxo por los papeles y
escrituras de su casa, que se juntó a la de los duques de Montalto por casamiento de lacondesa doña Antonia con
el duque don Antonio de Aragón y pasó a la de Moncada, príncipes de Paternò, por el de su hija con el príncipe
don Francisco.

125
DOMINGO BELTRÁN CORBALÁN Y FRANCISCO PRECIOSO IZQUIERDO
APUNTES SOBRE LA REPRESENTACIÓN DE LA MEMORIA NOBILIARIA EN LA ESPAÑA DEL SIGLO XVII

Imagen 2. Inicio del capítulo dedicado a la casa de Aragón

La estructura interna de los capítulos viene determinada por una relación nume-
rada de los personajes y hechos históricos más relevantes de cada una de las casas,
complementados en la mayoría de casos por blasones y armas heráldicas. En oca-
siones hay espacios en blanco en la caja de escritura. En estos casos sólo aparece
el nombre de la persona y se dejó un hueco para completar sus datos biográficos o
realizar su escudo que no llegó a rellenarse nunca.42
En este sentido, la obra está profusamente ilustrada. Presenta ciento cuarenta y
cuatro escudos de tipo cuadrilongo con punta redondeada, sin timbre, veintidós de
ellos en blanco43 y otros con diverso grado de perfección, más dos insertos con pos-
terioridad. Los escudos dispuestos a lo largo del texto principal son de factura regu-
lar, realizados a carboncillo y plumilla e iluminados conforme al dictado de metales
y esmaltes heráldicos. Sus medidas son 55 x 45 mm.
42
A modo de ejemplo pueden verse, entre otras, las páginas 53, 54 y 60.
43
Vid., entre otras, las páginas 60, 61 o 113.

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DOMINGO BELTRÁN CORBALÁN Y FRANCISCO PRECIOSO IZQUIERDO
APUNTES SOBRE LA REPRESENTACIÓN DE LA MEMORIA NOBILIARIA EN LA ESPAÑA DEL SIGLO XVII

Imagen 3. Ejemplo de una página del manuscrito con el texto ilustrado.

En la obra hay siete escudos de especial relevancia, que son los de la portada y
los de arranque de cada capítulo. Son de mayor tamaño que los realizados en el inte-
rior y a diferencia de estos aparecen timbrados. Son los siguientes:
1. Moncada. Escudo cuadrilongo con punta redondeada de130 x 90 mm. En
campo de gules, seis bezantes y dos medios de oro puestos en palo. Timbrado de
corona ducal.44
2. Peralta. Escudo cuadrilongo con base redondeada y punta de 125 x 95 mm.
Campo de plata y el jefe de azur. Timbrado de corona ducal.45 Las armas dibujadas
en este escudo no son las tradicionales de la casa de Peralta, cuya figura principal
y más representativa de su blasón es un grifo alado y armado. Según se lee en una
hoja inserta en el libro inmediatamente antes de iniciar la genealogía de los Peralta,
pertenecen a don Felipe de Saluces y las ostentaron los marqueses de Saluces anti-

44
Memorias, s.f.
45
Ibíd., p. 70.

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DOMINGO BELTRÁN CORBALÁN Y FRANCISCO PRECIOSO IZQUIERDO
APUNTES SOBRE LA REPRESENTACIÓN DE LA MEMORIA NOBILIARIA EN LA ESPAÑA DEL SIGLO XVII

guos, por lo que en el escudo de Luis Guillén de Moncada –según la nota aclarato-
ria– no hay representadas armas de Peralta.46
3. Esclafana. Escudo cuadrilongo con base redondeada y punta de 100 x 70 mm.
Partido: primero, en campo de plata una garza de sable; segundo, en campo de sable,
una garza de plata. Timbrado de corona condal.47
4. Russo. Escudo cuadrilongo con base redondeada y punta de 100 x 68 mm. En
campo de gules, un cometa de oro. Timbrado de corona condal. Del mismo modo
que en el escudo de los Peralta, en este hay una anotación marginal que pone en
duda las armas representadas en el escudo. Y también en este caso se da una expli-
cación de porqué son correctas, esta vez a cargo de Chiavetta, quien firma otra nota
junto al escudo remitiéndose al uso que han hecho de esas armas los señores de la
casa en los sellos antiguos.48
5. Aragón. Escudo cuadrilongo con base redondeada y punta de 123 x 80 mm.
Cuartelado: primero y cuarto, en campo de oro, cuatro palos de gules; segundo y
tercero, terciado en palo: primero, en campo de plata, cuatro fajas de gules; segun-
do, en campo de azur, sembrado de lises de oro; tercero, en campo de plata, una cruz
potenzada de oro y cantonada de cuatro crucetes del mismo metal, de Jerusalén.
Timbrado de corona ducal.49
6. Cardona. Escudo cuadrilongo con base redondeada y punta de 100 x 68 mm.
En campo de gules, tres cardos de oro bien ordenados. Timbrado de corona condal.50

46
Ibíd., s.f. El exçelentísimo señor príncipe duque de Montalto no trae en su escudo armas ningunas de Peralta,
porque el que haçe de plata con la cabeca o punta superior açul no son armas de Peralta sino de don Felipe de
Saluces, que dio varonía a la casa de Peralta de Sicilia i Aragón y que son las armas de los marqueses de Saluces
antiguos. Y estas usaron a quarteles los Peraltas de Aragón, como se lee en Blancas, folio 139.
47
Ibíd., p. 134.
48
Ibíd., p. 140. Estas son las uerdaderas armas de las russos [...] y ansí siempre las han usado, como se uee en
sellos antiguos de los señores desta casa. Y las de los dentellones negros son de los rufos, que no es la misma casa
con la russa.
49
Ibíd., p. 150.
50
Ibíd., p. 158.

128
DOMINGO BELTRÁN CORBALÁN Y FRANCISCO PRECIOSO IZQUIERDO
APUNTES SOBRE LA REPRESENTACIÓN DE LA MEMORIA NOBILIARIA EN LA ESPAÑA DEL SIGLO XVII

Imagen 4. Escudo de Luis Guillén de Moncada consignado en la portada del manuscrito.

7. Finalmente, el escudo principal y más grande de toda la obra es el de Luis


Guillén de Moncada. Aparece en la portada y resume en sus cuarteles las armas titu-
lares de cada una de las casas tratadas en el manuscrito. Tiene unas dimensiones de
145 x 105 mm (100 x 85 mm de campo).
La descripción de este escudo es compleja no tanto por la identificación de las
armas sino por sus particiones.51 En nuestra opinión se han privilegiado las casas
representadas en la parte superior del escudo: Aragón y Cardona por un lado y
Moncada por otro. Frente a ellas, la parte inferior del escudo tiene una partición
poco habitual en cinco cuarteles que disminuye la representación de esas casas.
Atendiendo a estas consideraciones proponemos la siguiente descripción. Escudo
cuadrilongo con punta redondeada. Cortado. Primero: partido, 1: cuartelado con las

51
Una descripción de un escudo muy parecido la encontramos en FERRERAS ROMERO, Gabriel, et alii- Los
tapices del, p. 98.

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DOMINGO BELTRÁN CORBALÁN Y FRANCISCO PRECIOSO IZQUIERDO
APUNTES SOBRE LA REPRESENTACIÓN DE LA MEMORIA NOBILIARIA EN LA ESPAÑA DEL SIGLO XVII

armas de los Aragón.52 Sobre el todo, escusón con las armas de Cardona;53 2: cuar-
telado con las armas de Baviera y Bravante.54 Sobre el todo, escusón con las armas
de Moncada.55 Segundo: partido en cinco cuarteles, 1: cuartelado en sotuer con las
armas de Aragón y Sicilia;56 2: armas de Peralta;57 3: armas de Luna;58 4: armas de
Esclafana;59 5: armas de Russo.60 Timbrado de corona ducal.

A MODO DE CONSLUSIÓN

El estudio que acabamos de realizar no agota las posibildiades de la fuente. Al


contrario. En esta ocasión el trabajo se ha limitado a la presentación de la docu-
mentación y a la descripción de sus principales características, tratando de situar
las Memorias de las casas de los duques de Montalto en el contexto socio-cultural
creado por su impulsor, Luis Guillén de Moncada, en el camino de construcción de
su propio pasado familiar.
En el futuro inmediato se proyecta un estudio más profundo que pasa por la
comparación de su contenido con el resto de las herramientas genealógicas de su
entorno, en especial, con la genealogía elaborada por el religioso Chiavetta. De
igual modo, resulta indispensable la consulta de los borradores y la correspondencia
mantenida por el marqués de Castelrodrigo, su más que posible autor, con el fin de
comprender en su totalidad los porqués de su composición y la forma de trabajar
empleada por su autor para dar satisfacción a los anhelos del VII duque de Montalto.

52
Vid. supra escudo número 5, Memorias, p. 150.
53
Vid. supra escudo número 6, Memorias, p. 158.
54
Baviera: losanjados en banda de plata y azur. Bravante: en campo de sable, un león rampante de oro, coronado,
armado y lampasado de gules.
55
Vid. supra escudo número 1, Memorias, s.f.
56
Aragón: en campo de oro, cuatro palos de gules. Sicilia: en campo de plata, un águila de sable.
57
Vid. supra escudo número 2, Memorias, p. 70.
58
Jaquelado de nueve piezas de oro y sable. Jefe de plata con un creciente ranversado de jaqueles de oro y sable.
59
Vid. supra escudo número 3, Memorias, p. 134.
60
Vid. supra escudo número 4, Memorias, p. 140.

130
DOMINGO BELTRÁN CORBALÁN Y FRANCISCO PRECIOSO IZQUIERDO
APUNTES SOBRE LA REPRESENTACIÓN DE LA MEMORIA NOBILIARIA EN LA ESPAÑA DEL SIGLO XVII

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social en la España Moderna, Estudis. Revista de historia moderna, nº 30 [2004],
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132
LAS ENCUADERNACIONES CON SUPERLIBROS HERÁLDICOS
ESPAÑOLES DE LA CASA VELÁZQUEZ

YOLANDA ISABEL BUSTAMANTE SAMPEDRO


Máster Universitario en Patrimonio Histórico Escrito de la Universidad
Complutense de Madrid
orcid.org/0000-0002-0996-2244
ybustama@ucm.es

JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS


Universidad Complutense de Madrid-Grupo Numisdoc
orcid.org/0000-0002-6353-6406
josemafr@pdi.ucm.es

ANTONIO CARPALLO BAUTISTA


Universidad Complutense de Madrid-Grupo Bibliopegia
orcid.org/0000-0001-7382-0649
acarpall@ucm.es

Resumen: Las encuadernaciones con superlibros heráldicos se caracterizan por


tener como principal motivo decorativo el escudo de armas de sus antiguos posee-
dores, lo que las convierte en uno de los mejores ejemplos del potencial de las
encuadernaciones como fuente documental. A este valor como documento histórico
debe unirse la enorme variedad de técnicas decorativas y constructivas, así como de
materiales, que componen estas encuadernaciones y que las convierten en auténticas
obras de arte funcionales.
Las encuadernaciones heráldicas son un testimonio de las vidas de sus propie-
tarios y en ellas se reflejan las distinciones que se les van otorgando, órdenes y
condecoraciones, además de observarse los gustos estéticos y las técnicas disponi-
bles en el momento de su ejecución. Son, por tanto, patrimonio histórico, artístico y
tecnológico.
En este trabajo se estudian las encuadernaciones con superlibros heráldicos espa-
ñoles depositados en las colecciones de la Biblioteca de la Casa Velázquez.

133
YOLANDA ISABEL BUSTAMANTE SAMPEDRO, JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LAS ENCUADERNACIONES CON SUPERLIBROS HERÁLDICOS ESPAÑOLES DE LA CASA VELÁZQUEZ

Palabras clave: superlibros, Heráldica, encuadernaciones, Casa Velázquez, marcas


de propiedad.

Abstract: Bindings with heraldic superlibros are characterised by the main decora-
tive motif of the coat of arms of their former holders, making them one of the best
examples of the potential of bindings as a documentary source. To this value as a
historical document must be added the enormous variety of decorative and construc-
tive techniques, as well as materials, that make up these bindings and that make
them authentic functional works of art.
Heraldic bindings are a testimony to the lives of their owners and reflect the dis-
tinctions that are awarded, orders and decorations, as well as the aesthetic tastes and
techniques available at the time of their execution. They are, therefore, historical,
artistic and technological heritage.
This work studies the bindings with Spanish heraldic superlibros deposited in the
collections of the Casa Velázquez Library.

Keywords: superlibros, Heraldry, bindings, Casa Velázquez (Spain).

INTRODUCCIÓN

Desde su creación a principios del siglo XX, la Casa Velázquez ha sido un centro
de referencia en la investigación artística y la formación de jóvenes intelectuales
franceses, así como símbolo de las relaciones entre el país galo y España. Reflejo de
la excelencia académica de la institución es su biblioteca, especializada en el área
cultural hispánica e ibérica y que alberga más de 120.000 volúmenes de consulta,
además de fondos especiales y donaciones de personajes ilustres como las de don
Ignacio Olagüe y el Marqués de Saltillo (precisamente buena parte del grupo de
obras seleccionado para el presente estudio pertenece a esta donación).
Dentro del Fondo de Reserva se encuentra un relevante grupo de encuadernacio-
nes heráldicas, protagonistas de este trabajo, que a través de su decoración cuentan
la historia de su vida y la de sus propietarios.
Este estudio forma parte de un convenio de colaboración, firmado en 2016, entre
la Casa Velázquez y el grupo Bibliopegia, grupo de investigación sobre encuader-
nación y el libro antiguo de la UCM, para el estudio, identificación y catalogación
automatizada de las encuadernaciones heráldicas de la colección de la Casa de
Velázquez de Madrid1.

1
Mediante la firma de convenio se realizó el Trabajo Fin de Máster titulado “Las encuadernaciones heráldicas de la
Casa Velázquez” en el año 2018, dentro del Máster en Patrimonio Histórico Escrito de la Universidad Complutense
de Madrid, tutorizado por los profesores José María de Francisco Olmos y Antonio Carpallo Bautista.

134
YOLANDA ISABEL BUSTAMANTE SAMPEDRO, JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LAS ENCUADERNACIONES CON SUPERLIBROS HERÁLDICOS ESPAÑOLES DE LA CASA VELÁZQUEZ

OBJETIVOS

El principal objetivo del presente trabajo es el estudio, descripción, catalogación


e identificación de doce superlibros españoles que se muestran en las encuaderna-
ciones heráldicas que forman parte de las colecciones de la Casa Velázquez.
Entre otros objetivos pretendemos profundizar en la información que puede
extraerse de este tipo de encuadernaciones y darla a conocer, así como poner de
manifiesto las características particulares de las encuadernaciones heráldicas como
tipología propia dentro de las encuadernaciones históricas y/o artísticas.

ESTADO DE LA CUESTIÓN

Durante la elaboración de esta investigación se ha observado que la mayoría de


los estudios que se han realizado sobre encuadernaciones son de carácter general,
visiones panorámicas de aspectos concretos de la encuadernación. Ha sido difícil,
por tanto, encontrar bibliografía específica que realizara un análisis pormenorizado
y detallado de las encuadernaciones heráldicas.
A pesar de esto, destaca la labor de Juan Antonio Yeves Andrés, autor del capí-
tulo La heráldica en la encuadernación2 y de su artículo La heráldica en los libros,
encuadernaciones heráldicas3, presentado este último en el primer encuentro de
la Asociación de Genealogía Hispana de 2003. En esta publicación se centra en
las características de las encuadernaciones heráldicas y, además, supone el único
“manual” de heráldica especialmente orientado a bibliógrafos y bibliófilos, lo que es
de gran utilidad para una investigación con las características que presentamos. El
mismo autor, en 2008, publicó una obra centrada en las encuadernaciones heráldicas
de la Biblioteca Lázaro Galdiano4, en el que realizó un estudio de las tipologías de
este grupo. Otros autores que también han estudiado los superlibros de las encuader-
naciones son Francisco Olmos5, Carpallo Bautista y Sánchez Mariana6, entre otros.
Aunque al nivel más específico Yeves sea, hasta el momento, la figura de mayor
producción ciéntifica, no puede dejarse de lado la visión más general de la inves-

2
YEVES ANDRÉS, Juan Antonio – La heráldica en la encuadernación. En La encuadernación: historia y arte I
curso El documento hispánico: Enrique IV-Fernando VII. Madrid: AFEDA, 2001. p. 233-278.
3
YEVES ANDRÉS, Juan Antonio – La heráldica en los libros: encuadernaciones heráldicas [En línea]. [Recu-
perado el 30 de septiembre de 2018]. Disponible en Internet: http://hispagen.es/encuentro1/encuadernaciones.pdf
4
YEVES ANDRÉS, Juan Antonio - Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano. Madrid: Olle-
ro y Ramos y Fundación Lázaro Galdiano, 2008. 462 p.
5
CARPALLO BAUTISTA, Antonio y FRANCISCO OLMOS, J. M. de - Estudio de las encuadernaciones de Char-
les Joachim Colbert de Croissy depositadas en la Biblioteca Complutense. Revista General de Información y Docu-
mentación. Madrid: UCM. Vol. 22, nº 2 (2016). p. 523-553.FRANCISCO OLMOS, José María y CARPALLO
BAUTISTA, Antonio – Estudio de las encuadernaciones de Jacques-Nicolas Colbert en la Biblioteca Complutense.
Revista General de Información y Documentación. Madrid: UCM. Vol. 27, nº 2 (2017). p. 551-571.
6
CARPALLO BAUTISTA, Antonio y SÁNCHEZ MARIANA, Manuel - Encuadernaciones Heráldicas en la
Biblioteca de la Universidad Complutense. Madrid: AFEDA. Encuadernación de Arte. Nº 24 (2004). p. 72-81.

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LAS ENCUADERNACIONES CON SUPERLIBROS HERÁLDICOS ESPAÑOLES DE LA CASA VELÁZQUEZ

tigación en encuadernación tradicional, bastante más esperanzadora, especialmen-


te en los últimos tiempos. Es por tanto necesario mencionar los trabajos de Checa
Cremades7 en materia de estilos de encuadernación, el de Velez Celemín8 en el
campo de los papeles decorados y el de Carpallo Bautista9 en el arte de la encuader-
nación y, especialmente, en su descripción.

METODOLOGÍA

La primera etapa de nuestra investigación consistió en la realización de un inven-


tario de los ejemplares con encuadernaciones de tipo heráldico. A continuación, se
procedió a digitalizar cada una de las ellas, fotografiando tapas, lomos, cantos, cabe-
zadas, cortes, guardas, portadas y los detalles relevantes de las decoraciones.
La siguiente fase fue la catalogación de cada una de las encuadernaciones herál-
dicas, empezando por recoger su descripción bibliográfica, el estilo decorativo, la
datación del ejemplar, sus dimensiones expresadas en milímetros (alto x ancho x
grosor), su procedencia, cuando ha sido posible identificarla, y su signatura. Para la
descripción de la encuadernación se atendió a los siguientes aspectos: los materia-
les, las técnicas de construcción, la decoración, la heráldica (superlibros) y el estado
de conservación. En todos ellos se realizó una descripción detallada teniendo en
cuenta todas las partes conforman el libro y su encuadernación.

SUPERLIBROS DE LAS ENCUADERNACIONES HISPANAS

Las encuadernaciones heráldicas con superlibros son aquellas caracterizadas por


contar entre su decoración con un escudo de armas u otro tipo de elemento heráldi-
co indicativo de la propiedad del volumen. Estos motivos, por lo general, se sitúan
en el centro de la tapa anterior, aunque pueden repetirse en la posterior e incluso
ubicarse en el lomo y guardas. La costumbre de los propietarios de personalizar
las encuadernaciones de sus colecciones con sus escudos de armas no está ligada a
un estilo concreto de encuadernación. Los motivos heráldicos pueden aparecen en
cubiertas de cualquier estilo decorativo y período histórico.
Son encuadernaciones muy valiosas por su carácter combinado de valor histórico
y artístico. Desde la perspectiva estética son una muestra de la maestría alcanzada
por los grabadores, doradores y encuadernadores, que da lugar a encuadernaciones
de gran elegancia. Desde la histórica, las encuadernaciones heráldicas permiten la
reconstrucción de bibliotecas, lo que acerca a los investigadores a un conocimien-
to más profundo de personajes de gran relevancia al poder conocer sus inclinacio-
7
CHECA CREMADES, José Luis - Los estilos de encuadernación (siglos III d.J.C.-XIX). Madrid: Ollero y Ramos,
1998. 517 p. CHECA CREMADES, José Luis - El libro antiguo. Madrid: Acento, 1999. 247 p.
8
VÉLEZ CELEMÍN, Antonio – El papel decorado. Técnicas tradicionales del libro. Madrid: el autor, 2017. 369 p.
9
CARPALLO BAUTISTA, Antonio. Identificación, estudio y descripción de encuadernaciones artísticas. México
D.F: Secretaria de Educación del Gobierno del Estado de México, 2015. 322 p.

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nes y, también, ayudan a datar obras cuya cronología es confusa o desconocida.


Especialmente desde el punto de vista de la heráldica, este tipo de encuadernaciones
tiene un gran valor como fuente documental por permitir observar la evolución del
cursus honorum de los propietarios al reflejar las modificaciones que se van produ-
ciendo a lo largo del tiempo en los escudos de armas. La preservación y difusión de
estas encuadernaciones es por tanto fundamental. Su estudio es, además, particular-
mente interesante por aunar el arte y la tradición de la encuadernación con la ciencia
de la heráldica.
El análisis de las encuadernaciones con superlibros hispanos que se muestra a
continuación, está ordenado cronólogicamente y comienza con encuadernaciones y
marcas de propiedad a partir del siglo XVII.
En cuanto a otras marcas de propiedad, en la guarda de la tapa anterior de todas
las encuadernaciones, excepto las signaturas Rés. 268 POR cat, Rés. F-0008, Rés.
8-0055 y Rés. M 336 CAN 1 y 2, estas últimas de la Colección Olagüe, aparece una
etiqueta indicando que la obra fue donada a la Casa Velázquez por el Marqués de
Saltillo en marzo de 1957.
El primero de los ejemplares10(Fig. 1) contiene, en su encuadernación, el superli-
bros de Luis de Francisco de Benavides y Carrillo de Toledo, marqués de Caracena
(1608-1668). Este personaje, hijo del Marqués de Frómista y de la Marquesa de
Caracena y Condesa de Pinto, fue un distinguido militar que llegó a ser Consejero de
Guerra (1635), Gobernador del Estado de Milán (1648-1656), Consejero de Estado
(1659) y Gobernador de los Países Bajos (1659-1664), pasando luego a España
como Capitán general de la Artillería de España, gobernador de Extremadura y
Capitán general de las Armadas y Flotas de la Carrera de Indias, con la misión de
liderar un último intento militar para reconquistar Portugal, sublevado desde 1640,
pero fue derrotado (1665), volviendo a Madrid para ser nombrado Presidente del
Consejo de Flandes (1667) poco antes de su muerte, siendo también Caballero y
Trece de la Orden de Santiago, no habiendo conseguido su gran deseo, obtener la
Grandeza de España11.

10
Sig.: Rés. M 949.4 SPA. Le Mercure suisse / Frédéric Spanheim. -- [S.l.] : [s.n.], 1634. Encuadernación realizada
durante el segundo tercio del siglo XVII. Sus dimensiones son 155 x 100 x 37 mm.
11
Caracena, Luis de Benavides Carrillo de Toledo, Marqués de (1608-1668). [En linea]. [Recuperado el 30 de sep-
tiembre de 2018]. Disponible en Internet: http://datos.bne.es/persona/XX1506280.html

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Fig. 1. Ejemplar Rés. M 949.4 SPA y detalle de su superlibros

Durante su vida tuvo intensas relaciones con importantes mecenas del Siglo de
Oro como el conde de Lemos o los duques de Sesa y de Osuna, realizando él mismo
su propia labor como mecenas. Fue también un destacado bibliófilo, afición here-
dada de su padre, especialmente en los campos de las obras militares, clásicas y de
Historia.
Su superlibros heráldico está compuesto por un escudo cuartelado donde se
encuentran las armas de los Benavides (1º y 4º) y de los Carrillo (2º y 4º), al que se
añade un escusón con las armas de los Toledo. Encima corona de Marqués y acolada
la Cruz de Santiago, de la que era caballero desde 1621 .
Se trata de un volumen encuadernado en piel marrón jaspeada sobre tapas de car-
tón con broches de tela verde oliva. Las cabezadas son artesanales y los cortes están
jaspeados. La costura es a punto alterno, tiene cuatro nervios naturales y las guardas
son de papel liso verjurado. La decoración es muy sencilla y está realizada mediante
dorado. En el centro de los planos se encuentra el superlibros, recuadrado por una
rueda de un hilo simple. El lomo está decorado mediante hilos y motivos vegetales.
El estado de conservación del ejemplar es regular, con daños puntuales propios del
tiempo.
El superlibros del segundo ejemplar12 (Fig. 2) corresponde a Manuel Isidro de
Orozco y Manrique de Lara (1681-1745). Hijo de los marqueses de Olías y Mortara,

12
Sig.: 8-0028. Officium in epiphania domini et per totam octavam : Juxta missale & Breviarium Romanum Pii V.
Pontif. Max.[..] auctoritate recognitum. / Breviario romano. – Amberes: Tipografía platiniana, 1718. Encuaderna-
ción realizada durante la primera mitad del siglo XVIII con unas dimensiones de 153 x 94 x 28 mm.

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recibió una esmerada educación en la Facultad de Leyes de Alcalá. A lo largo de


su vida desempeñó varios cargos eclesiásticos: comenzó como deán y canónigo de
la santa iglesia de Toledo, fue obispo de Jaén (1732-1738), arzobispo de Santiago
de Compostela (1738-1745) y nombrado por el pontífice Benedicto XIV inquisidor
general (1742), cargo que retuvo hasta su muerte. También desempeñó las funciones
de capellán y limosnero de Felipe V, Sumiller de Cortina de S.M. y consejero del
Estado (1743); esta cercanía al monarca puede ser el motivo por el que Felipe V le
autorizara a usar el escusón de las flores de lis en su escudo13.

Fig. 2. Ejemplar Rés. 8-0028 e imagen de su superlibros

El superlibros heráldico, realizado de forma manual, está compuesto por un escu-


do dividido en seis cuarteles con las armas de los Orozco (1º), los Manrique de Lara
(2º), los Mendoza (3º), los Zapata (4º), los Ribera (5º) y los Enriquez (6º). Al centro
lleva un escusón con lo que podrían ser las flores de lis de los Borbones. Además,
por detrás aparece la cruz arzobispal y el escudo está timbrado por la corona de
marqués y por el capelo y las diez borlas correspondientes al cargo de arzobispo de
Santiago.
El volumen cuenta con una encuadernación a plena piel granate con tapas tam-
bién encartonadas. En este caso carece de cabezadas y los cantos están dorados. La
costura es a punto seguido con cuatro nervios naturales. El papel de guardas está
decorado al baño, de la familia peines. En este caso la decoración es más suntuo-
sa, aunque mantiene la técnica y la colocación del superlibros. Se combinan varias
ruedas de hilos y arcos con florones vegetales para enmarcarlo. El lomo aparece sin
decorar. El estado de conservación es regular/bajo, ya que buena parte del dorado

13
PÉREZ VILLANUEVA, Joaquín – Historia de la Inquisición en España y América. Madrid: Biblioteca de Auto-
res Cristianos, Centro de Estudios Inquisitoriales, 1984. p. 260.

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de la decoración se ha perdido y aparecen también otros desgastes propios del uso,


así como señales de una antigua intervención de refuerzo en las zonas de mayor
impacto.
El siguiente ejemplar14 (Fig. 3) es un caso de superlibros real, identifiicado como
el de Carlos III (1716-1788) por la cronología del volumen. Primogénito de Felipe
V e Isabel de Farnesio, heredó el trono de su padre en 1759 tras el fallecimiento de
sus dos hermanos mayores. Fue un hombre culto, de lo que es señal su mecenaz-
go de las excavaciones de Pompeya y Herculano. Carlos III es uno de los mejores
ejemplos de la aplicación del despotismo ilustrado en el gobierno15.

Fig. 3. Ejemplar Rés. 268 POR cat y detalle de su superlibros

El superlibros heráldico está compuesto por las Grandes Armas de la Monarquía.


Aparecen por tanto las armas de Aragón (1º), Aragón-Sicilia (2º), Austria (3º),
Borgoña moderna (4º), Parma-Farnesio (5º), Toscana-Médici (6º), Borgoña antigua
(7º), Flandes (8º) Tirol (9º) y Brabante (10º). Sobre todo esto, un escusón con las
armas de Castilla (1º y 3º), León (2º y 4º), Granada en punta y, en el centro, un
escudete con las armas de Borbón-Anjou. El escudo está timbrado por la corona real
cerrada y rodeado por el collar de la orden del Toisón de Oro.
El volumen está encuadernado en plena piel verde botella sobre tapas de cartón.
Las cabezadas son artesanales, de tela azul. Los cantos están dorados. La costura es
14
Sig. Rés. 268 POR cat. Cathecismo ó exposicion de la doctrina christiana. / Pedro Joseph Portillo. – Madrid:
Imprenta de D. Gabriel Ramirez, 1769. Encuadernación realizada durante el último tercio del sgilo XVIII por el
encuadernador madrileño Bartolomé Ulloa, con unas dimensiones de 151 x 110 x 24 mm.
15
FERNÁNDEZ DÍAZ, Roberto – Los Borbones: Carlos III. [En línea]. [Recuperado el 30 de septiembre de 2018].
Disponible en Internet: http://www.cervantesvirtual.com/bib/historia/monarquia/carlos3.html

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a punto seguido y el lomo, redondeado, no tiene nervios. Las guardas son de papel
marmoleado del tipo gotas. La decoración es al dorado y ofrece todo el protagonis-
mo al superlibros, que rodea con un hilo doble. En el lomo se repite esta rueda doble
y se combina con flores en los entrenervios. El estado de conservación es regular,
con desgastes normales por el uso pero con una falta de estabilidad en la costura que
afecta a la guarda volante anterior y al primer cuadernillo.
El superlibros del cuarto ejemplar16 (Fig. 4) no es personal, como los anterio-
res, sino que pertenece a una institución: el Ilustre Colegio de Abogados de la Real
Chancillería de Granada, que aún pervive. La primera evidencia documental que se
conserva de los orígenes de esta organización data de 1692, pero, a pesar de esto, el
Colegio no se constituyó formalmente hasta el siglo XVIII, celebrando su primera
junta general oficial el 19 de septiembre de 1726. De esta reunión se conserva hoy
en día, en copia posterior, el primer acta17.
En el escudo del Colegio de Abogados aparece la fruta de la granada de las armas
de esta ciudad, sobre la que se presentan una flor y una cruz y la rodean dos motivos
vegetales. La corona que timbra el escudo también está extraída de las armas del
escudo de la ciudad de Granada. Alrededor del escudo aparece la leyenda “PARA
EL YLUSTRE COLEGIO DE ABOGADOS DE GRANADA”.

Fig. 4. Ejemplar Rés. F-0008 y detalle de su superlibros

16
Sig.: Rés. F-0008. Desempeño el mas honroso de la obligacion mas fina … / Alonso Parra y Cote. – Madrid:
Imprenta de Francisco Xavier Garcia, 1759. Encuadernación realizada en el siglo XVIII con unas dimensiones de
304 x 215 x 51 mm.
17
PRESA MOLINA, Eladio de la – Historia del Ilustre Colegio de Abogados de Granada: 1726-1850. Granada:
Ilustre Colegio de Abogados, 1976. 341 p.

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De nuevo, el ejemplar tiene una encuadernación a plena piel, en este caso piel
marrón jaspeada, con tapas unidas mediante encartonado. Las cabezadas son artesa-
nales y los cortes están dorados. La costura es de punto alterno y el lomo tiene seis
nervios naturales y dos falsos. Las guardas son al baño, de tipo peines. La decora-
ción, también dorada, es en este caso es algo más suntuosa, empleando para rodear
al superlibros varias ruedas hasta formar unas decoraciones de estilo Derome, de
encajes o dentellé. El lomo sigue la estética decorativa marcada por los planos. El
estado de conservación es medio, con desgastes propios del paso del tiempo, espe-
cialmente acusados en el lomo.
El superlibros de los siguientes ejemplares18, seis nada más y nada menos,
corresponde a Joaquín Gómez de la Cortina (Fig. 5). Este grupo es el más numeroso
atribuído a un mismo poseedor de entre todas las encuadernaciones heráldicas de la
Casa Velázquez.

Fig. 5. Ejemplares Rés. 8-0055 y detalle del superlibros (Rés. 8-0041)

18
Sig.: Rés. 8-0004. Aulica vita, et opposita huic vita privata… /Antonio de Guevara. -- Fráncfort del Meno, 1578.
Dimensiones: 159 x 103 x 35 mm.Sig.: Rés. 871.04 HOR. Opus plane nouum... / Sebastian Hornmolt. – Spira:
Typis Melchioris Hartmanni sumptibus Simonis Guntheri,1605. 167 x 101 x 22 mm.
Sig.: Rés. 8-0055. Dialogue de l’Aretin ou Les vies et faits de Lais et Lamia Courtisanes de Roma sont deduites. /
Pietro Aretino. -- [s.l. : s.n., XVIII]. 132 x 80 x 16 mm.
Sig.: Rés. 879 HOF. Friderici Hofmanni silesii gymnasii elbingensis quondam conrectoris lusuum epigrammati-
corum centuriae: accedit fasciculus epigrammatarum selectissimorum Joco-seriorum trecentorum / Friedrich Hof-
mann. – Bremen: J. Wesselii, 1703. 165 x 104 x 27 mm.
Sig.: Rés. 8-0041. Ger. Nicolai Heerkens complurium academiarum socii, Empedocles. Sive physicorum epigram-
matum libri septem. /Gerard Nicolaas Heerkens. – Groninga: Viuda de Henrici Vechneri, 1798. 185 x 118 x 28 mm.
Sig.: Rés. M 870 ORO. De Orosii Vita; eiusque historiarum libris septem adversus paganos. / Theodoro de Mörner.
-- Berlín, 1884. 219 x 134 x 15 mm.

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Hijo de Vicente Gómez de la Cortina y Salceda y de Ana Gómez de la Cortina y


Rodríguez de Pedrozo, condesa de la Cortina, Joaquín Gómez de la Cortina, mar-
qués de Morante (1805-1868), nació en México, pero durante su adolescencia se
trasladó a Madrid. Estudió leyes en la Universidad de Alcalá de Henares, de la que
llegó a catedrático. Desempeñó una importante labor tanto en el ámbito académico,
siendo rector (1840) e impulsor de la Universidad de Madrid, como en el jurídico,
habiendo sido magistrado del Supremo Tribunal de Justicia (1849), senador vitali-
cio (1861) y presidente de la Academia de Jurisprudencia y Legislación (1851). En
1849 Isabel II le concedió los títulos de marqués de Morante y el vizcondado previo
de Salceda; se le otorgó, además, el título de caballero de la Orden de Santiago,
me. De la Cortina fue un hombre de gran cultura, escritor e importante bibliófilo.
El marqués de Morante reunió una de las bibliotecas privadas más sobresalientes
de su época, compuesta por más de 100.000 volúmenes y de la que se publicó el
Catalogus Librorum (Madrid: Eusebio Aguado, 1854-1870)19.
El superlibros compuesto, estampado mediante una placa azurada, está formado
por seis cuarteles. Cortina, como ya se expuso, recibió multitud de honores durante
su vida, que se aprecian en el escudo: caballero de la orden de Santiago, obtuvo mer-
ced de título de Castilla, con la denominación de marqués de Morante con el viz-
conde previo de Salceda, la Gran Cruz de la Real y Distinguida Orden Americana de
Isabel la Católica y, posteriromente, recibió la llave de gentilhombre de cámara de
S.M., con ejercicio e ingresó en la orden de Carlos III. Además de estos honores, en
el escudo las armas de los diversos linajes que concurren en su persona. El motivo
heráldico está dentro de un óvalo con las leyendas “J. GOMEZ DE LA CORTINA
ET AMICORUM” y “FALLITUR HORA LEGENDO”, emblema del marqués de
Morante. Está, además, timbrado con la corona de marqués.
Respecto a otras marcas de propiedad, los volúmenes tienen una pequeña etique-
ta en el interior que los identifica de nuevo como parte de la Biblioteca Cortiniana.
Los ejemplares de Gómez de la Cortina presentan características muy similares,
tanto a nivel material como técnico, y todas fueron realizadas en el siglo XIX. Son
encuadernaciones a plena piel con las tapas unidas mediante encartonado, costuras
tanto a la francesa como a la española y cuatro nervios falsos. La piel más utiliza-
da es la verde botella, con una excepción marrón (Rés. 8-0004) y otra negra (Rés.
871.04 HOR). Las cabezadas son artesanales, los cortes están dorados y las guar-
das con marmoleadas, conviviendo varias tipologías (imperio, peine, ojo de perdiz,
gotas). La decoración, dorada, es en todos los casos minimalista, con el superlibros
en el centro rodeado por ruedas de varios hilos; el ejemplar Rés. 871.04 HOR añade
en las esquinas un florón de arcos entrelazados. Los lomos siguen la misma tónica,
con paletas de varios hilos adornando los nervios. El estado de conservación del
grupo es, por lo general, de bueno a muy bueno, salvo el caso de la signatura Rés.

19
MARTÍNEZ NEIRA, Manuel y ARAQUE HONTANGAS, Natividad – El Marqués de Morante y la Universidad
de Madrid. Madrid: Universidad Carlos III, 2011. 277 p.

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879 HOF que tiene la tapa delantera desprendida y se conserva con un balduque de
cinta de algodón.
El último de los superlibros hispano trabajado se encuentra en dos ejemplares,
una obra en dos volúmenes20 (Fig. 6). Se trata, de nuevo, de un superlibros real.
Acorde a la cronología de los ejemplares, en este caso corresponde al monarca
Fernando VII (1784-1833), que alcanzó el poder en 1808, exceptuando el período
del “rey intruso” José I Bonaparte (1808-1814) y un breve episodio en 1823 en el
que fue destituído por el Consejo de Regencia. Conocido como “el Deseado” o “el
rey felón”, fue el heredero de Carlo IV y María Luisa de Parma. Pronto se reveló
como un monarca absolutista ajeno a las necesidades de su pueblo, lo que hecho que
haya sido uno de los personajes más odiados de la historia contemporánea, aunque
también se le ha considerado el más inteligente de los Borbones21.
El superlibros está formado por las Grandes Armas de la Monarquía, ya descritas
en el estudio del tercer ejemplar. En este caso el escudo está rodeado, además de por
el Toisón de oro, por el collar de la Orden de Carlos III.

Fig. 6. Ejemplares Rés. M 336 CAN 1 y 2 y detalle de su superlibros

Sig.: Rés. M 336 CAN 1 y 2. Diccionario de hacienda con aplicación a España, tomos primero y segundo / José
20

Canga Argüelles. – Madrid: Impresor Marcelino Calero y Portocarrero, 1833-1834. Encuadernación realizada a
mediados de la década de 1830, con unas dimensiones de 313 x 212 x 45 mm (Vol. 1) y 311 x 213 x 52 mm (Vol. 2).
21
Fernando VII. En Diccionario Bibliográfico Español [En línea]. Madrid: Real Academia de la Historia, 2009-
2013. [Recuperado el 30 de septiembre de 2018]. Disponible en Internet: http://dbe.rah.es/biografias/10096/fernan-
do-vii

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Como es la tónica general, son encuadernaciones a plena piel, en este caso de


color verde oliva, con las tapas de cartón. Las cabezadas son artesanales y los cortes
están dorados. Las guardas son mamoleadas, del tipo plegado español. Las costuras
son a la francesa y tienen cinco nervios falsos. A diferencia de todos los casos ante-
riores, en estos volúmenes la decoración combina el pan de oro con el gofrado del
superlibros y de los motivos vegetales de las esquinas de los planos. Lo rodea a todo
una rueda de un hilo, motivo que se repite en los lomos junto a una ornamentada
composición de florones vegetales en los espacios entre nervios y grecas geométri-
cas sobre estos. El estado de conservación es muy bueno.

CONCLUSIONES

Las encuadernaciones heráldicas, además de su interés como muestra de los


avances técnicos, materiales y estéticos de un determinado momento, suponen una
auténtica ventana a la vida de sus poseedores a través de los superlibros permitiendo
seguir la evolución de sus armas, datos de enorme utilidad.
Es posible encontrar esta tipología en bibliotecas de diversa naturaleza: biblio-
tecas de personajes eclesiásticos como Manuel Isidro de Orozco y Manrique de
Lara; nobles como Luis de Francisco de Benavides y Carrillo de Toledo, marqués
de Caracena, o Joaquín Gómez de la Cortina, maqués de Morante; monarcas como
Carlos III y Fernando VII; o, incluso, bibliotecas institucionales como la del Ilustre
Colegio de Abogados de Granada.
Se ha visto además como este tipo de encuadernaciones son frecuentes en
España a partir del siglo XVIII, concentrándose el mayor número precisamente en
esos años, y compartiendo una serie de características muy similares, tanto a nivel
material (plena piel) como técnico (encartonado) y decorativo (la decoración dorada
que se mantiene sutil para darle todo el protagonismo a la marca de propiedad).
Para finalizar, a través del análisis de este grupo de encuadernaciones proceden-
tes de los fondos de la Casa Velazquéz, correspondientes a los ejemplares con super-
libros hispanos, ha sido posible ver el enorme valor documental que encierran estos
objetos.

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147
TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE
CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

FRANCISCO GLICERIO CONDE MORA


Profesor de Hª del CUE SalusInfirmorum
(Adscrito a la Universidad de Cádiz)

JOSÉ MARÍA MONTERO CARMONA


Doctorando UCA. Capitán del Cuerpo de Sanidad.

Resumen: En el presente trabajo analizaremos los testimonios heráldicos del


Hospital Real de Cádiz. La historia de este nosocomio, luego conocido como
Hospital Militar, comienza en el reinado de Carlos II (1665-1700), concretamente
en 1667, año en que se fundó dicho hospital siendo obispo de Cádiz Fray Alonso
Vázquez de Toledo (1663-1672). En sus antiguos muros podemos encontrar las
armas de Carlos II el Hechizado (1665-1700), de los Duques de Alburquerque.
Analizaremos las razones por las que estos testimonios heráldicos se encuen-
tran presentes en este antiguo establecimiento tan importante para la Sanidad y la
Armada Española. En la actualidad el edificio pertenece a la Universidad de Cádiz.

Palabras clave: Hospital, Heráldica, Sanidad.

Abstract: In the present work we will analyze the heraldic testimonies of the Real
Hospital of Cádiz. The history of this hospital, later known as Military Hospital,
begins in the reign of Charles II (1665-1700), specifically in 1667, the year in which
our hospital was found by the Bishop of Cádiz Fray Alonso Vázquez de Toledo
(1663-1672). In its old walls we can find the arms of Carlos II the Bewitched (1665-
1700), of the Dukes of Alburquerque, and Gabriel Andrés de Carvajal.
We will analyze the reasons, that explain us why these heraldic testimonies are in
this old establishment that is so important for Health and Spanish Navy. At present,
the building belongs to the University of Cádiz.

Keywords: Hospital, Heraldy, Health.

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DR. FRANCISCO GLICERIO CONDE MORA, D. JOSÉ MARÍA MONTERO CARMONA
TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Ancha cedida por la Marina Española a la Facultad de Medicina de la Universidad de Cádiz


en recuerdo de la vinculación del Real Colegio de Cirujanos con la Armada

1. INTRODUCCIÓN

El Hospital Real de Cádiz, conocido también como “Hospital Militar”, comien-


za su actividad asistencial en el reinado de CarlosII El Hechizado (1665-1700),
concretamente en 1667, siendo obispo de Cádiz Fray Alonso Vázquez de Toledo
(1663-1672).1.
Aunque el origen del primer Hospital Real puede remontarse a 1636, en el reina-
do de Felipe IV (1621-1665), debemos puntualizar que este nosocomio no tenía la
misma ubicación del Hospital Real en el que intervinieron Lacomba y Virgili. Será
en el reinado de Carlos II El Hechizado (1665-1700), cuando en 1668, el Duque de
Veragua propuso la construcción de un Hospital del Rey para albergar a tropas de la
Armada:
“(...)A la parte de Poniente y no lejos del Castillo de Santa Catalina está el sitio que llaman del
Camposanto que por los años de 1648 sirvió a más de 12.000 personas de aquel contagio cruel
que fatigó Cádiz. En este sitio, determinó la Cofradía del Santo Ángel de la Guarda edificar
una ermita; la carestía de sitio oportuno en que erigir un Hospital Real para curación de los
soldados de la Armada, traen a esta obra pía muy desconsolada en Cádiz …) y pareciéndole
bien y a propósito el de la ermita del Ángel, eligió el sitio que con ella linda para hospital”2.

1
Para el conocimiento del Hospital recomendamos los trabajos de FERRER, Diego- Historia abreviada del Real
Colegio de Cirugía de Cádiz, 1748-1834. Cádiz: Imp. Rubiales. 2ª Edición, 1960. 73 p.
2
FERRER, Diego-Historia del Real Colegio de cirugía de Cádiz. Universidad de Cádiz, 1983, p. 34.ISBN

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DR. FRANCISCO GLICERIO CONDE MORA, D. JOSÉ MARÍA MONTERO CARMONA
TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Retrato de D. Pedro Nuño Colón de Portugal,


VI Duque de Veragua, Capitán General del Mar Oceano
Salón de los Virreyes de Nueva España
Museo Nacional de Historia de México

Una fuente documental muy vinculada a la puesta en marcha de este nosocomio


es la obra Emporio del Orbe Cádiz Ilustrada del religioso carmelita Fray Jerónimo
de la Concepción (1690):
“La carestia de sitio oportuno, en que erigir un Hospital Real para curacion de los soldados de
la Armada traen esta obra pia muy desacomodada en Cadiz, y siendo tan necessaria, abrió los
ojos al zelo de el Marques de Trozifal , (que a negocios graves de la Señora Reyna Governadora
se hallaba al presente en Cadiz) y pareciendole bien, y a proposito el de la Hermitade el Angel,
eligió el sitio que con ella alinda, para Hospital. Pidiose el referido suelo a la Ciudad (cuyo era)
por medio de el R.P. Magallanes Comissario General, la cual no solo le concedio libremente,
sino que ayudó con 2. mil ducados de sus propios para la fabrica como consta de su acuerdo.
Con ellos pues, y con 4 mil ducados, con que a la sazon se hallava de un descamino, comenzó
la obra el Veedor General Lorenzo Andres Garcia, a que tambien ayudó Su Magestad con 500.
ducados, y con ellos se pusso la primera piedra el año de 1667. Prosiguio la fabrica por muerte
de el Veedor Lorenzo AndresGarcia, el Capitan Alonso Gil, y despues el Veedor General D.
Gabriel Andres de Carvajal hasta el año de 1680. que passó a Madrid. Por cuya ausencia el
Veedor General D. JaymeAleman que le sucedio en el Oficio, continua al presente los cuartos
altos de la Enfermeria, con que se va perfeccionando una excelente obra, muy capaz, y
necessaria donde se curan todos los soldados enfermos”3.

Entre los años 1674 y 1718 el Hospital Real se encomendó a los hermanos de
la Orden Hospitalaria de San Juan de Dios encargados de regir el Hospital de la
Misericordia, para en el siglo XVIII. Tras este período, en 1718 Juan Lacomba se
hizo cargo de la dirección del nosocomio.4.
3
CONCEPCIÓN, Jerónimo- Emporio del Orbe Cádiz Ilustrada . Amsterdam (1690)fº600.
4
CLAVIJO, Salvador-La trayectoria hospitalaria de la Armada Española . Instituto Histórico de Marina. 1944.

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DR. FRANCISCO GLICERIO CONDE MORA, D. JOSÉ MARÍA MONTERO CARMONA
TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Plano Aramburu. Museo Cortes de Cádiz Detalle del plano donde puede verse el
Hospital Real
En el reinado de Fernando VI (1746-1759), en 1748, fue creado el Real Colegio
de Cirugía de la Armada próximo a este Hospital, en el que los Colegiales de este
centro hospitalario castrense realizaban prácticas y se formaban para su servi-
cio en la Real Armada. Existe un importante trabajoque menciona el Hospital del
Catedrático de Historia Moderna de la UCA Dr. Manuel Bustos Rodríguez, Los
Cirujanos del Real Colegio de Cádiz en la Encrucijada de la Ilustración (1748-
1796), publicado en 19835.
Además se disponen de estudios más recientes como los de Rosario Gil, La aten-
ción sanitaria en Cádiz y provincia durante los siglos XVI y XVII: cuidados, cuida-
dores y organización, del año 19956.
Del año 1794 se debe mencionar a Ponz, que en los apartados 17, 18 y 27 de la
carta primera de su obra “Viage de España, en que se da noticia de las cosas mas
apreciables, y dignas de saberse, que hay en ella”, realiza un tratado de Cádiz,
Málaga y otros pueblos de Andalucía citando al Hospital Real7.
Pascual Madoz (1849) en su obra Diccionario geográfico-estadístico-histórico
de España y sus posesiones de Ultramar publicaba sobre este vetusto hospital lo
siguiente:
“Se halla contiguo a la Facultad de Medicina, formando parte del mismo edificio: tiene todas
las dependencias necesarias, inclusa la igl. o capilla castrense, y es suficientemente espacioso
para admitir un número muy crecido de enfermos, los cuales son asistidos por los Catedráticos
de la Facultad, sirviéndoles, como se dirá al tratar de esta, para la enseñanza de la clínica a los
alumnos. Sus empleados son, un ministro inspector, un contralor, un comisario de entradas,
5
BUSTOS, Manuel-Los cirujanos en la encrucijada de la Ilustración. El Real Colegio de Cirugía (1748-1796).
Cádiz, Servicio de Publicaciones de la Universidad de Cádiz, 1983. 191 p. ISBN. 8460031969
6
GIL, Rosario. -La atención sanitaria en Cádiz y provincia durante los siglos XVI y XVII: cuidados, cuidadores y
organización. In Híades: Revista de historia de la enfermería, ISSN 1134-5160, Nº. 2, 1995 (Ejemplar dedicado a:
V centenario del nacimiento de San Juan de Dios), p. 113-128
7
PONZ, Antonio-Viage de España. Tomo XVIII Madrid, 1972. Edit. Atlas. Edición facsímil de la obra de 1792

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DR. FRANCISCO GLICERIO CONDE MORA, D. JOSÉ MARÍA MONTERO CARMONA
TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

inspector de la botica y dirección farmacéutica, escribiente, capellán mayor, segundo capellán


y asentista”8.

Se debe reflejar que en los siglos XIX y XX dependiendo ya del Ejército, rea-
lizó una gran labor en la asistencia de heridos de las Guerras de Cuba, Marruecos,
Civil Española así como los secundariosa la trágica explosión de Cádiz de
1947. Permaneció en actividad hasta el año 1984. Actualmente engloba oficinas de
la Universidad y de la Diputación Provincial de Cádiz.

2. TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL HOSPITAL REAL

Analizaremos en el presente estudio los testimonios heráldicos del antiguo esta-


blecimiento sanitario. En la fachada del antiguo Hospital Real encontramos las
armas del rey Carlos II el Hechizado (1665-1700)

Portada del antiguo Hospital Real de Cádiz.

Detalle de las armas de Carlos II El Hechizado

8
MADOZ, Pascual- Diccionario geográfico estadístico-histórico de España y sus posesiones de ultramar. Vallado-
lid, 1.986. Ambito y Editoriales Andaluzas Reunidas.. Edición facsímil de la obra de 1.850, p. 166

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Lo describimos: Castilla, León, Aragón, Dos Sicilias y Granada, presen-


tes en el escudo anterior, las de Austria (de gules y una faja de plata), Borgoña
antiguo (bandado de oro y de azur con bordura de gules) Borgoña moderno(de
azur, sembrado de flores de lis de oro y bordura camponada, cantonada de plata
y gules), Brabante (de sable y un león de oro, coronado de lo mismo, lenguado
y armado de gules),Flandes (de oro y un león de sable, lenguado y armado de
gules) y Tirol (partido de plata y un águila de gules, coronada, picada y membrada
de oro, cargado el pecho de un creciente trebolado de lo mismo).
En esta mismo acceso al antiguo Hospital encontramos las Armas del Duque
Alburquerque D. Francisco Fernández de la Cueva Enríquez, VIII conde de
Ledesma y Huelma, VI marqués de Cuéllar. Casado con Juana Francisca de Díez
de Aux Arizmendi, II marquesa de Cadreita, siendo su única hija Ana Rosalía, que
no pudo heredar. Le sucede en el ducado su hermano Melchor, IX Duque que casará
con su sobrina, hija de su hermano Francisco, VIII Duque 9.

Retrato del VIII duque de Alburquerque.


Museo Nacional de Historia de México

9
CONDE, Francisco Glicerio- Los Duques de Alburquerque. In Revista Historia 16, n.º 341, año XXVIII (septiem-
bre de 2004),págs. 96-105 y CONDE, Francisco Glicerio- Fernández de la Cueva y Enríquez de Cabrera, Melchor,
IX Duque de Alburquerque. In Diccionario Biográfico Español. tomo XIX. ISBN: 978-84-96849-75-4

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DR. FRANCISCO GLICERIO CONDE MORA, D. JOSÉ MARÍA MONTERO CARMONA
TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Armas del Duque de Alburquerque en la fachada de acceso


del antiguo Hospital Real

El VII, VIII y IX Duques de Medina Sidonia ostentaron la Capitanía General del


Mar Oceano y Costas de Andalucía. Posteriormente tras la rebelión de 1640 fueron
destituidos pasando esta al Duque de Medinaceli


Armas del VIII Duque de Alburquerque

Su descripción es la siguiente: Partido: 1º De la CUEVA: Cuatro barras rojas


en campo de oro y debajo de ellas un dragón que asoma por una cueva, orlado con
ocho aspas. 2º Enríquez: Mantelado: 1.° y 2.°, en gules, un castillo, de oro, aclarado
de azur; mantel de plata con un león rampante, de gules o púrpura. Se timbra con la
corona ducal.

3
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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Una descripción de las armas de los Duques de Alburquerque nos la aporta


Gonzalo Fernández de Oviedo en su obra Batallas y quinquagenas, el cuál describe
también los orígenes de este linaje y su heráldica:
“(…)Pero el duque de Alburquerque e los señores desta casa e linaxe traen sus armas de
otra manera; conviene saber: un escudo partido en mantel; en la parte inferior e principal
un dragón con armas de sinople (o verde) matiçado de oro, parado a una cueva, e parescedel la
mitad adelante con los braços, e muy feroz, e la cola e lo restante dentro de la cueva que no se
parece; e el campo es blanco vel argénteo.

En los dos quartos superiores traen los bastones : quatro de goles vel sanguinos en campo de
oro (así como las traenlos condes antiguos de Barcelona e reyes de Aragón). Verdad es que en
algunos libros de armas ponen el quarto derecho superior lleno de flores de lis de oro en campo
de azul; el quarto siniestro superior con los bastones de sangre en campo de oro”10.

En el Libro de armería de Diego Hernández de Mendoza se describe así las


armas del linaje de D. Beltrán de la Cueva y sus descendientes: “(…)Trae este
duque un escudo de armas muy ponposo, la rrazón por qué, no lo sé, pero diré el
blasón d’él, que es un escudo a mantel, en la parte de suso, en la derecha, flores de
lys de oro en canpo azul, e en la otra parte los bastones d’Aragón con sus propias
colores, y en lo baxo es una cueva donde sale un drago el medyo cuerpo verde y el
canpo es blanco.»11.

Armas de los Duques de Alburquerque

10
FERNÁNDEZ DE OVIEDO, Gonzalo- Batallas y quinquagenas. Real Academia de la Historia, 2002 - 145 p.
ISBN: 848951299X
11
VALVERDE, Pedro Blas-Manuscritos y heráldica en el tránsito a la Modernidad: el Libro de armería de Diego
Hernández de Mendoza, Madrid, 2005, p. 1010. ISBN: 84-669-1987-2.

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Armas en el patio del antiguo Real Colegio de Cirugía de la Armada


Anexo al Hospital Real se encontraba el Real Colegio de Cirugía de la Armada,
origen de la actual Facultad de Medicina de la Universidad de Cádiz (UCA). Este
institución formadora tuvo como uno de sus grandes impulsores a D. Pedro Virgili.
Podemos contemplar sus armas en una de las puertas de acceso al patio interior de
la Facultad de Medicina.

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Las armas de D. Pedro Virgili en uno de los accesos al patio12.

Armas de Pedro Virgili


(Archivo de la Universidad de Cádiz)

En el patio de la Facultad de Medicina podemos encontrar una campana datada


en el reinado de Fernando VI, en 1758. En esta campana puede verse el cuartelado
real con las lises en escusón.

12
BECH, J. Sobre le privilegi de nosblesa de Castelà i” fuero de hijo dalgo” concedits per Ferran VI a Virgili i l’ús
d’aquests a Barcelona.In Gimbernat: revista catalana d’història de la medicina i de la ciència, 14, (1990)49-60.

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Detalle del Cuartelado Real en bronce en la campana. Nótese las anclas, símbolo de pertenencia del
Hospital y del Real Colegio a la Armada Española


Detalle de la campana donde figura el nombre del Intendente Juan Gerbaut

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Detalle de la campana donde figura la fecha de fundición

En otra de las puertas de acceso al patio de la actual Facultad de Medicina encon-


tramos un cuartelado real en mármol con las flores de lis en el escusón y la Orden
del Espíritu Santo, orden fundada en Francia en 1578 por el rey francés Enrique III
(1574-1589), quien la designó por haber nacido el día de Pentecostés (o Pascua del
Espíritu Santo), coincidiendo esta fecha con su elección como Rey de Polonia y la
sucesión al reino de Francia.

Acceso al patio interior de la Facultad de Medicina de la Universidad de Cádiz

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Cuartelado real. Obsérvese las lises en el escusón y el collar de la Orden del Espíritu Santo

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Detalle del collar de la Orden del Espíritu Santo

EL CUARTELADO REAL EN UN BROCAL DEL HOSPITAL

Por último, en la Residencia Militar de Cortadura, construída en 1978,encon-


tramos un brocal del siglo XVII, con un cuartelado real. Dicho brocal fue traslada-
do desde su antiguo emplazamiento del Hospital Real hasta la moderna Residencia
militar.

Residencia Militar de Cortadura (Cádiz) donde se halla el brocal


del antiguo Hospital Real de Cádiz

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Las armas de Castilla y León que encontramos en el brocal de la Residencia


Militar de Cortadura son del siglo XVII, correspondiendo al último de los
Habsburgo, además de por su tipología y forma, por no portar en su escusón las flo-
res de lis de la Casa de Borbón entronizada en España en 170013.
La presencia de pozos en el Hospital Real es consecuencia lógica de la necesi-
dad de agua para las operaciones y las diversas necesidades de enfermos y perso-
nal sanitario. Analizamos estas armas y la inscripción presente en el brocal. Es un
cuartelado real, un cuartelado en Cruz con las armas de Castilla y León. 1º y 4º de
gules, castillo de oro mazenado de sable y aclarado de azur. 2º y 3º de plata, león de
gules, coronado armado y linguado. Estas armas tuvieron sus orígenes en las unio-
nes medievales de las coronas de Castilla y León, la última y definitiva en 1230 en
la testa de Fernando III el Santo (1217/1230-1252). Sabemos que estas armas son
de la Casa de Austria, concretamente del reinado Carlos II en que fue inaugurado el
Hospital Real. El mismo cuartelado real podemos verlo en la entrada del Castillo de
Santa Catalina, armas que datan de finales del siglo XVI, del reinado de Felipe III
(1598-1621). Rodeando el cuartelado tenemos el collar de la Orden del Toisón de
Oro. Las armas aparecen timbradas con la corona real, sumada de una Cruz de Oro.

La inscripción que encontramos en bronce sobre el brocal a estudio, en


Cortadura, es de época posterior a los mármoles, como pone de relieve otro pequeño
cuartelado real ya desgastado (pero donde puede observarse en escusón las lises
borbónicas) que dice “Jvan GerBaut año de 1758”.
13
MENÉNDEZ-PIDAL, Faustino-Leones y castillos: emblemas heráldicos en España (Vol. 21). Real Academia de
la Historia.1999

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

Por documentación que se conserva en el Archivo Histórico Nacional de Madrid,


sabemos que este Juan Gerbaut, que aparece en el epígrafe, nació en Livorno, puerto
de la Toscana (Italia), el 19 de diciembre de 1694. Sabemos que casó en Cádiz en
1725 con la señora granadina Dª Josefa Pedecina de la que tuvo dos hijas, Ana y
Juana. Como dice en la inscripción del pozo fue “Yntendente”, Intendente General
de Marina durante el reinado de Fernando VI (1746-1759) y Carlos III (1759-1788).

Cuartelado Real -siglo XVII-en el brocal de la Residencia Militar de Cortadura de Cádiz

En cuanto al brocal donde están insertas dichas armas antes descritas, debemos
decir que es de mármol, probablemente de origen ligur. Los mármoles genoveses
eran muy comunes en el Cádiz del siglo XVII y XVIII. Recordemos que no será
hasta el año 1797 en que la Academia de Artes de Cádiz prohibiera la importación
de mármoles de Génova para favorecer a los talleres locales.
Gracias al Dr. Juan Ramón Ramírez, Director del Museo de las Cortes, encon-
tramos en una planimetría de 1724 los primitivos brocales del Hospital Real. En
estos planos pueden verse cómo los dos brocales primitivos (uno de ellos sería el
de Cortadura) se ampliaron a cuatro en sucesivas ampliaciones del centro sanita-
rio durante los reinado de Felipe V (1700/1724/1746), Fernando VI (1746-1759)
y Carlos III (1759-1788).Tras el desmantelamiento del Hospital Real, el brocal fue
trasladado a la Residencia Militar de Cortadura donde actualmente se encuentra.

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

3. CONCLUSIONES

A través de los testimonios heráldicos presentes en el antiguo nosocomio cas-


trense podemos ver su vinculación orgánica a la armada, así como datar sus sucesi-
vas obras y ampliaciones.
Los testimonios heráldicos de los siglos XVII y XVIII se revelan como una fuen-
te de gran utilidad que contribuyen a profundizar en la historia del Hospital Real de
Cádiz.

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TESTIMONIOS HERÁLDICOS DEL ANTIGUO HOSPITAL REAL DE CÁDIZ EN LOS SIGLOS XVII Y XVIII

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167
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

MAYTE CONTRERAS MIRA


Universidad Complutense de Madrid
mconmira@yahoo.es

Resumen: La biblioteca de la Casa de Alba pertenece a una casa nobiliaria de las


más antiguas de España cuyo ducado se remonta a 1472. Cuenta con más de diecio-
cho mil volúmenes que se conservan en el palacio de Liria, en Madrid. Se trata de
una biblioteca fosilizada en la que abundan obras de los siglos XIX y XX, además
de libros únicos, como el códice de la Biblia de Arragel, conocida como Biblia de la
Casa de Alba; o raros e incunables.
Son muchos los volúmenes que conservan marcas de antiguos posesores, bien
como ex libris o super libris, con escudos heráldicos en sus cubiertas. Estamos ante
una de las bibliotecas privadas españolas más interesante que podemos encontrar
para el estudio de la utilización que se ha hecho de la heráldica como signo distinti-
vo en las encuadernaciones de los libros.

Palabras Clave: Biblioteca nobiliaria, Casa de Alba, Jacobo Fitz-James Stuart y


Falcó, XVII Duque de Alba, Vicente Castañeda, heráldica, encuadernación.

Abstract: The Casa de Alba’s library belongs to one of the oldest noble houses in
Spain, whose duchy dates back to 1472. It has more than eighteen thousand volumes
that are conserved in the palace of Liria, in Madrid. It is a “fossilised library” that
abounds with works from the 19th and 20th centuries, as well as unique books such
as the codex of the Arragel Bible, known as the Bible of the House of Alba; or rare
and incunabula.
There are many volumes that preserve the marks of ancient possessors, either as
ex libris or super libris, with heraldic shields on their covers. This is one of the most
interesting private Spanish libraries that can be found for the study of the use that
has been made of heraldry as a distinctive sign in book bindings.

Keywords: Noble library, House of Alba, Jacobo Fitz-James Stuart y Falcó, 17th
Duke of Alba, Vicente Castañeda, bookbinding, heraldry.

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MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

UNA BIBLIOTECA DE 18.000 VOLÚMENES

Al hablar de la biblioteca de la Casa de Alba1 siempre se piensa en la Biblia de


Arragel, el bellísimo códice miniado que recoge una de las primeras traducciones
del venerado texto del hebreo al romance, al castellano; o en los documentos autó-
grafos de Colón. Pero no se repara en el medio centenar de incunables2que con-
servan en sus anaqueles, ni en las magníficas encuadernaciones de decenas de sus
libros3. Siempre el archivo es el gran protagonista.
La biblioteca, a pesar de pertenecer a una de las casas nobiliarias españolas más
antiguas, el ducado de Alba se remonta a 1472 , conserva mayoritariamente obras de
los tres últimos siglos. Y es que ha sufrido los avatares de la propia historia de los
posesores de los títulos, de los distintos linajes, que la fueron formando; así como
varios incendios: dos en el siglo XVIII, otros tantos en el XIX y el último, en 1936,
durante la Guerra Civil española. El 17 de noviembre, cuatro meses después de ini-
ciada la contienda, la aviación facciosa atacó con bombas incendiarias el palacio de
Liria -el día anterior habían bombardeado también el Museo del Prado4- provocando
un incendio que duró ocho días y solo dejó en pie las paredes5.
Fue el XVII Duque de Alba, Jacobo Fitz-James Stuart y Falcó (1878-1953),
padre de la famosa duquesa Cayetana (1926-2014), fallecida hace cuatro años, el
verdadero artífice de la actual biblioteca. Gran amante de los libros, fue miembro
del exclusivo Roxburghe Club de Londres, la más antigua y afamada asociación
de bibliófilos del mundo. Durante toda su vida las adquisiciones de libros fueron
constantes e incluso, en el año 1941, compró una biblioteca casi completa: la de
su colaborador y amigo el bibliófilo Vicente Castañeda y Alcover (1884-1958)6,
secretario perpetuo de la Real Academia de la Historia, y dueño de una exquisita
biblioteca, que no sufrió pérdidas en la Guerra Civil7, y en la que destacan las
encuadernaciones.
Actualmente, la biblioteca, conservada en el reconstruido palacio de Liria, en
Madrid, cuenta con más de dieciocho mil volúmenes pero no está registrada en el

1
Agradezco al curador de la Casa de Alba, José Manuel Calderón, y a sus colaboradores, J. González y A. Romero,
las facilidades dadas para realizar este trabajo.
2
Sí fueron catalogados por García Craviotto. GARCÍA CRAVIOTTO, Francisco - Catálogo general de incunables
de bibliotecas españolas. Madrid: Dirección General del Libro y Bibliotecas. Ministerio de Cultura, 1989-1990.
3
Estudiadas por mí: La Colección Castañeda, en la Biblioteca de la Casa de Alba. Madrid, junio de 2014, no
publicado.
4
VAAMONDE VALENCIA, José Lino - Salvamento y protección del tesoro artístico español durante la guerra,
1936-1939. Caracas: Cromotip, 1973. p. 35 y 43.
5
MUÑOZ RUBIO, Mª del Valme - La historia recuperada. Vicisitudes del Palacio de Liria durante la Guerra Civil
española. AZCUE BREA, Leticia - Colección Casa de Alba: Museo de Bellas Artes de Sevilla, del 16 de octubre de
2009 al 10 de enero de 2010. [Sevilla]: Consejería de Cultura, 2009. p.136.
6
Autor, entre casi dos centenares de publicaciones, de Arte del blasón: Manual de heráldica, 1954.
7
RODRÍGUEZ-MOÑINO SORIANO, Rafael - La vida y la obra del bibliófilo y bibliógrafo extremeño D. Antonio
Rodríguez-Moñino. Madrid: Editora Regional de Extremadura, 2000. p.66.

170
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

Catálogo Colectivo del Patrimonio Bibliográfico Español, CCPB8, ni tiene catálogo


en línea.
Sus ricos fondos, a veces nos hablan de la historia de esos libros. Encontramos
ex libris o super libris heráldicos u otros signos de posesión que nos remiten a sus
antiguos dueños: reyes, infantas, nobles, eclesiásticos… que hicieron estampar
sus blasones en la cubierta de las obras que les pertenecieron. Esas marcas se han
demostrado una ayuda inestimable para trazar la vida del libro e incluso para descu-
brir manipulaciones o reutilización de encuadernaciones en algunas obras.

Ex libris del XVII duque de Alba, Jacobo Fitz-James Stuart

El ex libris del principal artífice de la actual biblioteca, Jacobo Fitz-James Stuart,


XVII duque de Alba, figura en la mayoría de los volúmenes. Reproduce su escudo,
que sostienen un león rampante -Inglaterra- y un unicornio -Escocia-, y la leyenda
“Biblioteca del duque de Berwick y de Alba”. El ex libris, del que no siempre se
cuida su colocación en los libros, está firmado por “Stern Gr. París”9, afamada casa
8
Este Catálogo tiene como objetivo la descripción y localización de los libros y otros fondos bibliográficos pertene-
cientes a bibliotecas españolas, públicas o privadas, que por su antigüedad, singularidad o riqueza forman parte del
Patrimonio Histórico Español. Recoge Obras impresas de los siglos XV-XX (hasta 1958) y materiales especiales,
de 836 bibliotecas públicas y privadas españolas. A 9 de febrero de 2018, incluye 1.227.949 registros, de 3.303.944
ejemplares. http://www.mecd.gob.es/cultura/areas/bibliotecas/mc/ccpb/proyecto.html [consultado 26 septiembre de
2018].
9
Firmados por Stern es frecuente encontrar en bibliotecas españolas ex libris de personas destacadas como el duque
de Medinaceli y Santisteban o el de T’Serclaes Tilly. La casa Stern, de París, fundada en 1863, sigue actualmente en
activo realizando grabados de todo tipo. Entre sus clientes se encuentra el Eliseo.

171
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

de grabados francesa que, entre otros de personajes españoles, también firma el ex


libris de la Reina María Cristina, esposa de Alfonso XII.
Otro símbolo de posesión con el que se distinguen los libros del palacio de Liria
es un sello que reproduce el ángel custodio de la cimera del escudo, con el lema de
la Casa, “Tu in ea et ego pro ea” [Tú en ella y yo por ella], sobre la corona ducal
con grandeza de España y rodeado por el collar de la orden del Toisón, que aparece
estampado en tinta en casi todas las portadas de las obras.
Sin embargo, casi no se utiliza el escudo como super libris. Sólo en volúmenes
que parece que han sido un regalo.

EL PRIMER Y EL ÚLTIMO ESCUDO DE ALBA

El primer blasón de lo que sería la Casa de Alba se puede ver en la tabla “La
Anunciación con el I duque de Alba”, expuesto en el salón Gran Duque del palacio
de Liria10. Se trata de la Anunciación a la Virgen en el que aparece una figura orante,
testigo del acontecimiento, que se identifica como Don García Álvarez de Toledo, I
duque de Alba. Sobre él, figura el escudo de los Alba, jaquelado de quince piezas de
plata y azur; al timbre, corona ducal.
Aunque se ha cuestionado si el emblema es coetáneo a la obra o se pintó más
tarde, ese sería el primer escudo de la Casa de Alba.


Tapa anterior de la obra Elogio de don Antonio Álvarez de
Toledo y Beaumont, ... y detalle del escudo de Antonio Álvarez de Toledo y
Beaumont, V duque de Alba. Manuscrito ADA, C.159, N.6.

10
https://fundacioncasadealba.com/coleccion/ficha_c.php?bjdi=38 [consultado 18/IX/2018].

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MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

Y es el que vemos en la cubierta que protege el manuscrito ADA, C.159,N.6 del


Archivo de la Casa de Alba11, fechado en 1625, Elogio de don Antonio Álvarez de
Toledo y Beaumont, V duque de Alba, dedicado a su hijo, D. Fernando, VI duque de
Alba, según reza manuscrito a lápiz, en la hoja de guarda.
Vemos que al escudo de los Alba lo rodea el collar de la Orden del Toisón de
oro, distinción concedida al V duque de Alba por el rey Felipe III, en 159912 -ya su
abuelo, el gran duque de Alba, Fernando Álvarez de Toledo, estaba en posesión del
collar-. La inclusión del Toisón en el escudo nos desvela que la encuadernación la
había mandado hacer el V duque de Alba, pues a su hijo no se le concedió ese honor
y por tanto no podía añadirlo a sus armas. En este blasón se incluye, en el timbre,
la cabeza de un querubín que se transformará, con el transcurrir de la historia de la
casa, en un ángel, con la túnica jaquelada de azur y plata de los Alba, empuñando
una espada en la mano derecha y orbe en la izquierda -igual que se representa al rey
Fernando III el Santo (1217-1252), con su espada Lobera en una mano, y el orbe en
lugar del cetro, en la otra - ángel elegido, como se ha dicho, marca de posesión de
los libros de la Casa de Alba.
Uno de los pocos libros en los que en época contemporánea se emplea el escudo
de la Casa como super libris es en una impresión del Quijote, realizada por el editor
Saturnino Calleja, en 1927. La obra imita a la primera edición de Juan de la Cuesta,
pero impresa en buen papel, tipos sin fatiga y en dos tomos.

Encuadernación con super libris de la Casa de Alba. La corona del ángel se interpreta como real;
es ducal con grandeza de España.

11
Agradezco a mi colega Ignacio Rodulfo que me facilitara la signatura de la obra.
12
PINEDO Y SALAZAR, Julián de - Historia de la insigne orden del Toyson de oro, dedicada al Rey nuestro señor,
xefe soberano, y gran maestre della. Madrid: Imprenta Real, 1787, t.I, p.276.

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MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

La sencilla pero exquisita encuadernación parece encargada ex profeso para el


XVII duque y lleva estampado su escudo en la tapa. Es un elemento que se intro-
duce en el blasón lo que nos hace pensar que no hubo intervención de Jacobo Fitz-
James Stuart en su factura y que se trata de un obsequio. En la cimera, sobre el
ángel, se incluye una corona real, que no hemos visto en ninguna otra interpretación
de ese escudo13. Además, precisamente de solo dos años antes, 1925, es un retrato de
Jacobo Fitz-James Stuart14, como vocal del Museo del Prado, pintado por Maurice
Fromkes, y en el ángulo superior izquierdo figuran las armas de la Casa de Alba,
pero el ángel no está coronado.

LA BIBLIA DEL OSO

Si la Biblia de Arragel o de Alba es la estrella de la biblioteca, también conservan


otras importantes traducciones de las Sagradas Escrituras, como la Biblia Políglota
Complutense, encargada por el cardenal Cisneros y concluida en 1520, o la conoci-
da como del Oso, llamada así popularmente, por el oso, a modo de marca de impre-
sor, que figura en la portada, pero cuyo título es La Biblia, que es, los sacros libros
del viejo y nuevo testamento. Trasladada en español15. Se trata de una edición de
1622, según figura en la portada de la obra, sin lugar ni datos de impresor, pero hoy
sabemos que fue estampada en la ciudad suiza de Basilea, por Thomas Guarin; en
el colofón aparece otra fecha “año del Señor 1569 mes de septiembre”, data que se
corresponde con la de la primera impresión de la obra. Está encuadernada en piel
blanca, adornos de rueda y florones en oro, y al centro, el super libris de J. W. Kress
of Kressenstein, sus iniciales: H W K V K S, y la fecha 164016.

13
Suponemos que la corona que se quiso representar era la de duque con grandeza de España.
14
La obra se conserva en el Museo del Prado, número de catálogo P008087.
15
Se trata de la primera traducción completa de la Biblia al castellano. Aunque no lleva firma, solo las iniciales
C.R. al final de la “Amonestación del intérprete de los sacros libros al lector”, la realizó Casiodoro de Reina (1520-
1594), monje jerónimo español que se convirtió al protestantismo y tuvo que abandonar España perseguido por la
Inquisición. Se publicó por primera vez en Basilea, en 1569. Esta Biblia figura en el Índice de libros prohibidos.
16
La fecha podría hacer referencia al año de compra de la obra. En otro libro conservado en la British Library [En
línea], en la tapa anterior además de las iniciales de Kress y super libris, también se estampa una fecha diferente de
la de edición de la obra lo que hace suponer que puede tratarse del año de compra. https://www.bl.uk/catalogues/
bookbindings/Results.aspx?SearchType=AlphabeticSearch&ListType=Bookbinder&Value=4309 [consultado 3 de
oct. 2018]. En otras bibliotecas también se localizan libros que pertenecieron a Kress, con sus marcas de posesión, y
la misma incongruencia entre la fecha de impresión de la obra y la que figura en la tapa; véase: https://catalog.prin-
ceton.edu/catalog/4287430 [consultado 3 de oct. 2018]. Hemos localizado libros pertenecientes a otros miembros
de los Kress of Kressenstein con el mismo diseño en la encuadernación: iniciales, super libris, fecha, posterior a la
impresión; por ejemplo se puede ver en: http://www.kettererkunst.com/details-e.php?obnr=410903294&anummer=
359&detail=1 [consultado 3 de oct. 2018].

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MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA



Biblia del Oso. Conserva marcas de posesión de cuatro personas diferentes.


En el lomo figura la fecha del colofón, 1569.

En el lomo, profusamente decorado con pequeños florones, también figura otra


fecha y un título diferente, Biblia española, y Basle 156917, además de la etiqueta
con el número de registro de la biblioteca de Alba, el 334. El volumen conserva
adherido el recorte con la referencia del catálogo de venta, aunque no la firma que
lo comerciaba o subastaba18. Aporta datos muy interesantes. Además del precio de
salida, 15,15 libras, identifica la procedencia del volumen, las particularidades de la

17
Basle es el nombre antiguo, en francés, de Basilea, lugar de impresión de la Biblia, y 1569 el año de la primera
edición.
18
Es habitual encontrar este tipo de recortes de catálogo, adheridos a los libros de la biblioteca de la Casa de Alba.
Pensamos que son obras adquiridas por el XVII duque, la mayoría en Inglaterra. Sabemos que fue cliente de la
prestigiosa librería londinense Maggs Books, especializada en libro antiguo y fundada en 1853 por Uriah Maggs.

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MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

obra y las distintas impresiones de la misma; así como referencias a las otras marcas
de posesión de los Kress que incluye el ejemplar.

Ex libris de J.W. Kress of Kressenstein, firmado por H.T. scu. 1619 Hh.

Retrato de Hieronuymus Kress.

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MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

El primero, el ex libris de 135 X 85 mm, de J.W. Kress of Kressenstein, firmado


por H.T. scu. 1619 Hh., que la cartela de venta sugiere como obra de Hans Troschel,
grabador alemán (1585-1628), y añade que es un “ex libris extremadamente raro” y
un “magnífico ejemplar de la heráldica alemana”.
También se incluye el grabado, 158 X 123 mm., de un retrato de otro miembro
de esta importante familia de comerciantes de Nuremberg, Hieronymus Kress of
Kressenstein, datado el 18 de julio de 1596, a los 50 años de edad.
La historia de este ejemplar de la Biblia del Oso nos la sigue contando el propio
volumen que nos habla de otras manos por las que también pasó antes de llegar a la
librería del palacio de Liria.
En la primera hoja de guarda, centrado, figura el ex libris de Henry White
(falleció antes de enero de 1901)19, un triángulo curvilíneo con sus armas, coro-
nado por un grifo rampante y el motto: Praesto et persto, que proponemos tradu-
cir por “Preparado y dispuesto”; debajo del nombre figuran los acrósticos J.P. D.L.
F.S.A. que al interpretarlos, vemos que casi constituyen su curriculum vitae y nos
aproximan a la personalidad de White. J.P., según el Cambridge Dictionary20, es
abreviatura de “Justice of the Peace”, que define como “una persona que no es un
abogado pero puede actuar como juez a nivel local”21. D.L. , significaría “Deputy
Lieutenant”, es decir, asistente del “lord-lieutenant” que era el representante perso-
nal del monarca británico en cada condado del Reino Unido22. Por último, F. S. A.
significa, según el Collins Dictionary23, “fellow of the Society of Antiquaries”, es
decir, miembro de la Society of Antiquaries of London, a cuyos miembros se permi-
te añadir las iniciales FSA, a continuación de su nombre.
Su biblioteca contaba al menos con 2.347 títulos, según el catálogo que se con-
feccionó para su venta en 1902. Sotheby, Wilkinson & Hodgen se encargaron de
organizar la subasta, para la que se hicieron once lotes. Comenzó el 21 de abril y se
prolongó hasta el 2 de mayo. La Biblia del Oso figuraba en el catálogo con el núme-
ro de orden 192, y se incluía en el lote número 1. Precisamente el catálogo destaca
el gran número de códices sobre el Antiguo y Nuevo Testamento, así como de estu-
pendas ediciones de la Biblia24.

19
En algunas ocasiones se le ha confundido con el reverendo Henry White (1761-1836) de Lichfield, Inglaterra.
20
Se puede consultar en línea: https://dictionary.cambridge.org/dictionary/english/justice-of-the-peace [consultado
1 de oct. 2018].
21
Sin embargo, tenemos una carta de Henry White, publicada en el Times, el 2 octubre de 1888, en la que afirma
que es magistrado desde hace más de 30 años con experiencia en la población criminal de Londres, y se firma
“Magistrate of Middlesex”. La carta tiene como fin sugerir la creación de un fondo de 1.000 libras para recompen-
sar a los que ayuden a descubrir crímenes atroces; él se ofrece a aportar 50 libras. La carta incluye su dirección,
la misma en la que falleció, según los catálogos de subastas. Ese año, 1888, el conocido como Jack el destripador,
inició sus asesinatos de mujeres en Londres.
22
Para mayor información sobre el particular, ver en línea: https://merseysidelieutenancy.weebly.com/ [consultado
el 1 de oct. 2018].
23
https://www.collinsdictionary.com/dictionary/english/fsa [consultado el 1 de oct. 2018].
24
Un año antes, en enero de 1901, otra importante casa de subastas londinense, Christie, Manson & Woods, en una

177
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA


Ex libris de Henry White. Ex libris de Jacob P. R. Lyell.

En esa venta pudo adquirir esta Biblia Jacob Patrick Ronaldson Lyell (1871-
1948) a quien pertenece el otro ex libris que también encontramos en este volumen.
Se trata de un grabado en oro, sobre fondo azul marino, de un brazo armado, con
el motte Viam auto inveniam aut faciam, que interpretamos como “Encontrar un
camino o hacerlo”, y su nombre abreviado, Jacoby P. R. Lyell. Abogado y bibliófilo
británico interesado en los libros y la cultura española, su colección de manuscritos
incluyó, entre otros, la Relación Verdadera de las cosas del Reino de Taibín por
otro nombre China… de Pedro de Rada. Un centenar de los 250 manuscrito que
tenía los legó a la Biblioteca Bodleiana que hoy conserva casi toda esta parte de su
biblioteca.25 En 1926 escribió Early book illustration in Spain26, con introducción
de Konrad Haebler. Además, publicó un estudio sobre el Cardenal Cisneros27 y la
Biblia Políglota Complutense, que también tuvo en su biblioteca.

MARCA DE LOS PINTO PORTUGUESES

Distintas fuentes atribuyen al portugués Emanuel Pinto de Fonseca (1681-1773)


el escudo ovalado con cinco lunas crecientes, de azur, puestas en aspa, que figura en
la tapa de la obra de Gerónimo Gudiel, Compendio de algunas historias de España
donde se tratan muchas antigüedades dignas de memoria… Alcalá, 1577. La más
subasta colectiva, sacaba a la venta la colección de pintura de Henry White, y otros propietarios; en el catálogo,
aunque no como propiedad de White, figura un Velázquez, dos Rembrand, Canalettos...
MARE, de la Albinia - Catalogue of the collection of medieval manuscripts bequeathed to the bodleian library
25

Oxford by James P.R. Lyell. Oxford : Clarendon, 1971. 466 p.


26
Obra considerada de referencia sobre la ilustración del libro antiguo español, fue publicada en castellano, en
1997, traducida por Héctor Silva; la edición, prólogo y notas corrieron a cargo de Julián Martín Abad.
27
Cardinal Ximenes Statesman, eclesiastic, soldier and man of Letters. London, 1927.

178
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

significativa es la del armorial de Guigard28, y en este ejemplar del palacio de Liria


está adherida una cartela, que procede de un catálogo inglés de venta de libros, en
el que se especifica que la encuadernación lleva el escudo de “Emanuel Pinto de
Fonseca, Gran Maestre de la Orden de Malta”.
En todos los retratos que se conservan de Pinto de Fonseca se le representa siem-
pre con la Cruz de Malta, por lo general en el pectoral, sea de la armadura o del
hábito que viste. Incluso en alguno, figura su escudo, cuartelado dos a dos de la Cruz
de Malta, antigua plana -la propia de la orden de los caballeros de San Juan-, y sus
armas propias, las de Pinto29, cinco lunas crecientes de gules pues bien, en el super
libris de este volumen no existe ninguna alegoría a la orden maltesa. Además, según
la descripción de Guigard, las lunas serían de azur, no de gules como se muestran en
los retratos, por lo que parece evidente que la encuadernación no pertenecería a este
gran maestre de la Orden de Malta.

El super libris pertenece a algún miembro de la familia Pinto


pero no se ha podido determinar a cuál.

28
GUIGARD, Joannis - Nouvel armorial du bibliophile, T.II. París: Emile Rondeau, 1890 p.400.
29
FERNANÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ, Ernesto - La Orden de Malta y sus sellos. ALVARADO PLANAS, J.;
SALAZAR ACHA, J. de. La Orden de Malta en España (1113-2013): Volumen II. Madrid: Sanz y Torres, 2015.
p.778-779.

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MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

Es a otro miembro de la familia Pinto al que Mathias Lima30 atribuye este super
libris31. Se trata de Luis Pinto de Sousa Coutinho32 (1735-1804), primer vizconde de
Balsemao (1801)33. Importante estadista y diplomático portugués, con una larga carre-
ra de servicios al Estado. Poseía las cruces de las órdenes, portuguesa, de S. Bento de
Aviz y, española, del Toisón (1796). Hace referencia Lima a que el escudo lleva en la
cimera la corona de marqués, que le correspondía como Consejero de Estado. Pero en
este escudo que reproduce Lima en su estudio34, no se incluye y tampoco podría figu-
rar la medalla del Toisón, si la encuadernación es coetánea a la obra, ya que se trata
de un impreso de 1785, anterior por tanto a la concesión de la orden del Toisón. En el
super libris del volumen que estudiamos, tampoco aparecen estas medallas. Podemos
aventurar que las cubiertas se realizaron antes de obtener las distinciones. Ahora bien,
según el interesante estudio de la biblioteca del primer vizconde de Balsemao realiza-
do por Rodrígues Costa35, los libros impresos de Pinto de Sousa Coutinho no tienen
marcas de posesión. Por tanto, cuestionamos también que este volumen provenga de
la biblioteca de Balsemao. De lo único que sí podemos estar seguros es de que perte-
neció a algún miembro de la familia Pinto y por el tipo de encuadernación, se podría
datar entre los siglos XVIII y XIX36.
Este volumen llegó a la biblioteca de la Casa de Alba posiblemente por compra del
XVII duque. En la guarda tiene una anotación manuscrita, a lápiz, en inglés, que dice
que se trata de una buena impresión de una importante historia de España y genealo-
gía de la famosa familia Girón. También incluye una referencia al lugar de impresión:
“Complutum press” y a los catálogos de Salvá, Heredia y García; éste último debe ser
García Rico, importante librero madrileño de principios del siglo XX.
En la biblioteca Lázaro Galdiano ,en Madrid, se conserva otro volumen con el
mismo super libris y encuadernación que el de Alba, Tácito español ilustrado con
Aforismos, por Baltasar Alamos de Barrientos; Madrid, 161437.

30
LIMA, Mathias-Super-libros portuguezes ineditos. Porto: Fernando Machado, 1927. p. 5-8.
31
Agradezco a los profesores Avelar, Metelo y Portugal su ayuda para intentar la atribución de este escudo.
32
Se puede ver un retrato suyo, de 1797, en la Biblioteca Nacional de Portugal [en línea], [consultado 14 de octubre
2018] [http://purl.pt/11848].
33
Título que se le otorga después de la firma con el primer ministro español, Manuel Godoy, del Tratado de Bada-
joz, que puso fin a la llamada “Guerra de las Naranjas”.
34
El super libris sobre el que hace el estudio figura en la obra Sistema ou collecçao dos regimentos reaes, por José
Monteiro de Campos. Lisboa, 1785, según indica Lima en su estudio, en nota al pie.
35
RODRIGUES COSTA, Julio Manuel- Alguns livros científicos (sécs. XVI e XVII) no “Inventário” da Livraria
dos Viscondes de Balsemão. Ágora. Estudos Clássicos em debate [en línea] 14.1, (2012), p. 131-158 [consultado 15
de oct. 2018] diponible en internet: http://revistas.ua.pt/index.php/agora/article/view/2271. Agradezco al profesor
Rodrígues Costa su interés por mi trabajo y sus comentarios sobre la biblioteca del vizconde Balsemao. Ha cotejado
para nosotros el inventario de la biblioteca, realizado entre 1832-33, y no figura nuestra título. Al mismo tiempo nos
indica que aunque él no encontró ningún escudo en los libros que cotejó de visu, más de un centenar, no descarta
que puedan existir otros volúmenes en los que sí esté estampado el super libris.
36
Agradezco a los bibliotecarios de la Universidad de Coimbra, en especial a Antonio Eugenio Maia Amaral y Hele-
na Sousa, su dedicación e interés para intentar ayudarme en este trabajo.
37
También el super libris de ese volumen está atribuido al Gran Maestre de la Orden de Malta Pinto de Fonseca,

180
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

EL BARÓN ROTHESAY Y EL EMPRESARIO COSENS

Encontrar distintas marcas de posesión en un mismo libro es, como hemos visto,
una suerte para reconstruir la vida de esa obra. Así ocurre también con Crónica
de los señores reyes de Castilla, don Sancho el Deseado, don Alonso el Octavo y
don Enrique el Primero... por Alonso Núñez de Castro. Madrid, 1665. La encua-
dernación lleva el super libris de Charles Stuart de Rothesay (1779 -1845), barón
de Rothesay. Diplomático británico, con misiones en España, en apoyo a los suble-
vados contra la invasión napoleónica de 1808, así como en Portugal, donde se hizo
imprescindible para Wellington en su lucha contra Napoleón, y fue fundamental su
intervención en el tratado por el cual Brasil se independizó de Portugal38. En 1812
se le armó caballero de la Gran Cruz de la Orden de Bath o del Baño, y en 1828 se
le otorgó el título de barón, que se extinguió con él al no tener hijos varones.
Se conocen cinco super libris diferentes de Stuart de Rothesay39 y sobre algunos,
surgen dudas acerca de su autenticidad. No hemos localizado ninguno solo con su bla-
són, todos tienen alguno de sus atributos -corona de barón o collar de Bath- o ambos.

Imagen A Imagen B Imagen C

Así, con el escudo de Rothesay coronado de barón [Imagen A], se describen


22 ejemplares, conservados en distintas bibliotecas. Son ediciones comprendidas
entre los años 1637 y 1809; entre ellos, una traducción al inglés de la Historia de
Portugal, de Manuel Faria de Sousa, Londres, 1698. Llama la atención que Stuart
de Rothesay, que antes que ostentar el título de barón (1828), fue distinguido con la
Orden de Bath, o del Baño (1812), no incluya su collar en el escudo.
según la identificación de Guigard. YEVES ANDRÉS, Juan Antonio - Encuadernaciones heráldicas de la bibliote-
ca Lázaro Galdiano. Madrid: Ollero y Ramos/Fundación Lázaro Galdiano, 2008. p. 330.
38
Datos biográficos recogidos del Online Archive of California [en línea], dependiente de las Universidades de
California, que conservan correspondencia relativa a la carrera diplomática de Charles Stuart de Rothesay. [Consul-
tado el 2 oct. 2018] https://oac.cdlib.org/findaid/ark:/13030/tf3p300592/ .
39
Según se recoge en el British Armorial Bindings, creado por la Bibliographical Society of London en colabo-
ración con la biblioteca de la Universidad de Toronto. [consultado el 2 oct. 2018]. Accesible en internet: https://
armorial.library.utoronto.ca/stamp-owners/STU002.

181
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

Sólo con el collar de la Orden de Bath, [Imagen B] se localizan 25 volúmenes


con pie de imprenta fechados, el más antiguo, en 1511, y 1806 el más próximo.
¿Haría estampar sus armas en los libros que ya tenía, después de obtener la distin-
ción?, hasta entonces su biblioteca ¿no había tenido marca de posesión?, incógnitas
que no hemos podido resolver.
En la biblioteca del Grolier Club de New York se conservan dos obras,
Catalogue of the manuscripts preserved in the British Museum hitherto undescri-
bed, London, 1782; y Nouvelle bibliothèque de litterature, d’histoire, &c., ou Choix
des meilleurs morceaux tirés des Ana,Lille, 1765 en los que sus tapas se adornan
con el super libris que vemos [Imagen C], incluyendo tanto el collar de la orden de
Baht, como la corona de barón.

Imagen D Imagen E

Se puede ver otro escudo con los mismos atributos, aunque solo se registra una
obra que lo incluye [Imagen D]. Se trata de Mémoires relatifs à l’expédition anglai-
se partie du Bengale en 1800 pour aller combattre en Egypte l’Armée d’Orient,
París, 1826. Si lo compró el año de su publicación, Rothesay todavía no era barón.
Y todavía se encuentra un quinto super libris [Imagen E] que es precisamente el
que figura en las tapas del ejemplar nº 7271 de la Casa de Alba.
Solo lleva el escudo, rodeado por el collar de la orden de Bath con su medalla
pendiente. Con esta versión es con la que se localizan más libros. Setenta y un títu-
los figuran en el Online Archive of California, varios de ellos obras españolas, como
Historia de las cosas…, de Bernardo Pérez; La biografía de Felipe II por Cabrera de
Córdoba; o la de Gonzalo de Céspedes sobre Felipe III.
¿Todos estos super libris fueron utilizados por el barón Stuart de Rothesay? No
hemos podido confirmarlo. Diez años después de su muerte, en 1855, la bibliote-
ca fue subastada en Londres por S. L. Sotheby & J. Wilkinson40. Buena parte de
40
Sobre la venta de la biblioteca hemos encontrado reiteradas referencias al estudio de Luís de Bivar Guerra (1904-
1979), A biblioteca de Lord Stuart de Rothesay nucleo de duas importantes livrarias portuguesas, que no hemos
localizado en bibliotecas españolas.

182
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

esos libros, al parecer, fueron adquiridos por los bibliófilos portugueses, Francisco
de Almeida Portugal (1796-1870), segundo conde de Lavradio; y Joao da Guerra
Rebelo Fontoura, comerciante de vinos en Londres.

Ex libris de Frederick William Cosens

Precisamente a otro comerciante británico, con importación de vinos de Oporto y


Jerez, a Inglaterra, Frederick William Cosens (1819-1889), pertenece el ex libris que
figura en la contracubierta anterior del volumen de la Casa de Alba. El motto “Sub
robore virtus” [Bajo la fuerza del poder] rodea a un león rampante y pende la cruz
de la orden de Carlos III. Fue amigo del gran intelectual, historiador y bibliófilo
español Pascual Gayangos; precisamente, en la Biblioteca Nacional de España, en
Madrid, se conservan que sepamos, veinte títulos, todos manuscritos, con el ex libris
de Cosens y el sello de Gayangos41. Otras 86 obras con su ex libris se encuentran en
la biblioteca del Patronato de la Alhambra y el Generalife, en Granada, procedentes
de la biblioteca del conde de Romanones42.
41
Más de la cuarta parte de la colección de manuscritos de Pascual Gayangos conservada en la Biblioteca Nacio-
nal procede de los fondos de Joaquín M. Bover, de Llaguno, de Armona, Cosens y de Gallardo, según Manuel
CARRIÓN GÚTIEZ - D. Pascual Gayangos y los libros. Documentación de las Ciencias de la Información [en
línea]. Universidad Complutense de Madrid. 1985-VIII. pp.71-90. https://revistas.ucm.es/index.php/DCIN/article/
download/DCIN8484110071A/20504[consultado 3 oct. 2018.]
GIL SERRA, María del Mar - Ex libris en la Biblioteca del Patronato de la Alhambra y el Generalife: El fondo
42

Conde de Romanones. [En línea]. Trabajo realizado para ser incluido en la publicación conmemorativa de los cien

183
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

La biblioteca del empresario, de 4.950 títulos, sobresalía entre las británicas de la


época, por las ediciones raras que tenía de los más destacados escritores españoles.
Su interés por la literatura española le llevó a traducir al inglés El cantar de mío
Cid43, aunque quedó inédito44. En 1890 fue también la casa Sotheby la encargada de
subastar su biblioteca.

LA BIBLIOTECA DE VICENTE CASTAÑEDA

A la biblioteca de Vicente Castañeda pertenecieron numerosas obras con super


libris que se conservan en el palacio de Liria. Muchos proceden de la Casa Real45
española, bibliotecas de nobles o ilustres personalidades. Nos daremos una idea
de su interés si repasamos el Catálogo de la Exposición de Encuadernaciones
Españolas, siglos XIII al XIX46, celebrada en Madrid en 193447. Se seleccionaron
libros de 83 bibliotecas de instituciones y particulares y de los 550 recogidos en el
catálogo, más de la mitad de las encuadernaciones expuestas, el 58 por ciento, pro-
cedían de solo tres bibliotecas:
- Biblioteca Nacional, 84 volúmenes
- Biblioteca de El Escorial, 76 volúmenes
- Biblioteca de Vicente Castañeda, 61 volúmenes
Solo este dato ya da idea de la categoría de la colección de este bibliófilo.
Vicente Castañeda, reunía la condición de estudioso de la encuadernación y de la
heráldica y sus libros son un fiel reflejo de esas pasiones.
La obra de Jorge Juan y Antonio de Ulloa, Relación histórica del viaje a la
América meridional hecho de orden de S. Mag. para medir algunos grados de meri-
diano terrestre… Madrid, 1748, es un bello ejemplo de los intereses de Castañeda.

años de la creación de la biblioteca del Patronato de la Alhambra, 2010. [consultado 2, oct. 2018] Accesible en
internet: http://hdl.handle.net/10760/14974.
43
Está considerada como la primera gran obra de la literatura en castellano. Narra las gestas del Rodrigo Díaz de
Vivar, el Cid Campeador, escrito hacia el año 1200. El original de esta obra se conserva en la caja de seguridad de
la Biblioteca Nacional de España.
44
Blog de la British Library de estudios sobre Europa. [En línea]. http://blogs.bl.uk/european/2016/10/frederick-
cosens-shakespeare-and-the-spanish-drama-of-the-golden-age.html. [consultado 2, oct. 2018]
45
No se ha hecho un estudio de cómo salieron de la biblioteca de Palacio tantos libros con super libris reales. En las
bibliotecas privadas con fondo antiguo abundan las obras con marcas de propiedad de escudos reales y no es posible
que todos fueran obsequios del monarca al que identifican, pues son muy numerosos. María Luisa López-Vidriero,
actual directora de la Real Biblioteca, sí ha documentado el robo que tuvo lugar a principios del siglo XX de varios
manuscritos, libros de horas, incunables, entre otros valiosos libros, y que fue denunciado por el conde de las Navas
y Ramón Menéndez Pidal, Bibliotecario Mayor y responsable de Manuscritos respectivamente; el librero Pedro
Vindel fue uno de los receptores de los robos, aunque siempre declaró que desconocía su procedencia.
46
HUESO ROLLAND, Francisco. Catálogo de la Exposición de Encuadernaciones Españolas, siglos XIII al XIX.
Madrid: Sociedad española de Amigos del Arte, 1934.
47
Fue la primera gran muestra de encuadernaciones realizada en España. Se exhibieron 534 ejemplares, aunque el
catálogo recogía 550 volúmenes, pero razones de espacio impidieron mostrarlos todos.

184
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

La Relación recoge el viaje para la medición del meridiano terrestre que fue
encomendada a Juan y a Ulloa por Felipe V, en una misión hispano-francesa que se
prolongó nueve años. Al regreso, ya reinaba su hijo, Fernando VI. Fue el marqués
de la Ensenada quien se ocupó de la publicación de la obra, que se editó en cuatro
tomos. En la Casa de Alba se conservan los dos primeros, signaturas 10048 y 10049.
La encuadernación de la obra, italiana, de estilo rococó, presenta el escudo de
Fernando VI (1746-1759), que mantuvo el de su padre, Felipe V, sin variación48.

Obsérvense los curiosos hierros del camello y de la araña utilizados para enriquecer
la encuadernación.

48
YEVES - Encuadernaciones heráldicas… p. 60-62.

185
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

En la Real Biblioteca49 se pueden ver cinco obras que pertenecieron a Fernando


VI y que tienen su super libris. En las que son de origen italiano, signaturas V/212 y
PAS/ARM4/140, se mantiene la misma interpretación del escudo que en ésta, inclu-
so diríamos que es obra salida del mismo taller de encuadernación; las demás, lle-
van el de estilo español, aunque todos lógicamente con el mismo cuartelado, pero en
el italiano, el collar de la Orden del Espíritu Santo50 destaca sobre la del Toisón; en
la española, al contrario.
Además de los ejemplares que se localizan en la biblioteca del palacio real de
Madrid, también en la Biblioteca Nacional, protegiendo un incunable, signatu-
ra INC/142751, encontramos la misma encuadernación rococó con el escudo de
Fernando VI, y una tercera en la biblioteca Lázaro Galdiano52, signatura 11086. En
todas destacan unos hierros singulares, el de un camello y de una araña, nota distin-
tiva de este anónimo encuadernador de obras del rey de España.
Y también de procedencia italiana fue la encuadernación original que llevaba el
elaborado super libris con el escudo de Carlos III, pero de la época en la que era rey
de Nápoles53 (1734-1759), que se ha “reutilizado” para esta obra.

Solo el recuadro central es original de Carlos III cuando rey de Nápoles.


El resto de la encuadernación es del siglo XX.

49
Desde la página web de la Real Biblioteca, www.realbiblioteca.es, se tiene acceso a una magnífica base de datos
de encuadernación histórica relacionada con los volúmenes de la biblioteca. http://encuadernacion.realbiblioteca.es/
libros/exlibris/1988 [consultado 27 de sept.2018].
50
Felipe V fue el primer rey de la dinastía borbónica, francesa como la Orden del Espíritu Santo.
51
Biblioteca Digital Hispánica http://bdh-rd.bne.es/viewer.vm?id=0000176990&page=1
52
YEVES.- Encuadernaciones heráldicas… p.60.
53
A la muerte de Fernando VI, sin descendencia, su hermanastro Carlos, que en aquel momento, 1759, era rey de
Nápoles y de Sicilia como Carlos VII, accede al trono de España y uno de sus hijos, Fernando, mantiene la corona
napolitana y de Sicilia.

186
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

Se trata de Recopilación del repertorio de las leyes del cuaderno de las


Alcabalas54, signatura de la biblioteca V-156. Tiene solo 8 hojas, impresas en
letra gótica, a dos columnas y cuatro capitulares xilográficas. En la portada, en la
esquina superior, está escrito: “Siglo XV/rarísimo”, con lápiz y parece de mano de
Castañeda. En la vuelta de la guarda volante también tiene adherida la hoja de un
catálogo de librero, encabezada por una dirección: Desengaño, 13, Madrid.7, en la
que dice:
RECOPILACIÓN DEL REPERTORIO, reproducción de la primera página que son solo dos
líneas, y del colofón que da instrucciones para buscar en la tabla […] Este repertorio debió
ser escrito por Alfonso Díaz de Montalvo. Incunable no citado hasta hoy.

En el margen, escrito con pluma y también parece de mano de Castañeda, se


lee: “La Librería” Boletín nº 16 de la de los Sres. García Rico y Compa. 1934.
Posiblemente fuera a García Rico55 a quien comprara el ejemplar.
Se conservan algunos ejemplares con encuadernación original y este super libris
del escudo de Carlos III como rey de Nápoles con los putti o amorcillos tan caracte-
rísticos italianos56, que sujetan la corona, una corona expresamente construida para
su reinado italiano hacia 173857.
El respeto por la preservación de la encuadernación original se comprueba que
es una concepción muy reciente. No solo esta obra, en la Colección Castañeda es
fácil encontrar encuadernaciones, llamemos contrahechas, utilizando el término
de la imprenta manual, en las que con la ayuda de la heráldica, en muchos casos,
se descubre que no se hicieron para la obra que protegen en la actualidad pero
nunca sabremos para qué libro fueron creadas ni a qué obra se despojó de ellas en
su origen.

54
El Cuaderno de Alcabalas recogía los impuestos establecidos desde época de Alfonso XI. Se imprimieron por
primera vez por los Reyes Católicos, en 1484.
55
Vicente Castañeda debió tener amistad con este librero al que ya nos hemos referido al hablar del libro que per-
teneció a Pinto de Fonseca. Precisamente en su establecimiento guardó Castañeda durante algunos años parte de
su biblioteca que fue trasladada directamente desde ese depósito al palacio de Liria, tras la compra por el duque de
Alba.
56
MORENO GALLEGO, V.- Claves evolutivas de la encuadernación heráldica de Patrimonio Nacional. LÓPEZ
-VIDRIERO, M.L. - Grandes encuadernaciones en las Bibliotecas Reales, siglos XV-XXI. Madrid: Patrimonio
Nacional, 2012. p. 75-77.
CEBALLOS-ESCALERA Y GILA, Alfonso - Descripción de emblemas heráldicos. CARPALLO BAUTISTA,
57

Antonio; SÁNCHEZ MARIANA, Manuel - Encuadernaciones en la Biblioteca Complutense. Madrid: Universidad


Complutense, 2005. p. 130-131.

187
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CEBALLOS-ESCALERA Y GILA, Alfonso - Descripción de emblemas herál-


dicos. CARPALLO BAUTISTA, Antonio; SÁNCHEZ MARIANA, Manuel
- Encuadernaciones en la Biblioteca Complutense. Madrid: Universidad
Complutense, 2005. 206 p. ISBN 84-95215-93-4.
CARRIÓN GÚTIEZ, Manuel - D. Pascual Gayangos y los libros. Documentación
de las Ciencias de la Información [en línea]. Universidad Complutense de
Madrid. 1985-VIII. pp.71-90. https://revistas.ucm.es/index.php/DCIN/article/
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ALVARADO PLANAS, J.; SALAZAR ACHA, J. de. La Orden de Malta en
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LÓPEZ - VIDRIERO, María Luisa - Naturalismo bibliófilo: El portentoso hurto de
la real biblioteca particular de su majestad. LÓPEZ - VIDRIERO, María Luisa
- Bibliofilia y nacionalismo. Nueve ensayos sobre coleccionismo y artes contem-
poráneas del libro. Salamanca: SEMYR, 2011. 337 p. ISBN 978-84-937765-1-0.
MARE, de la Albinia - Catalogue of the collection of medieval manuscripts bequea-
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1971. 466 p.
MORENO GALLEGO, V.- Claves evolutivas de la encuadernación heráldica de
Patrimonio Nacional. LÓPEZ -VIDRIERO, M.L. - Grandes encuadernaciones
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MUÑOZ RUBIO, Mª del Valme - La historia recuperada. Vicisitudes del Palacio de
Liria durante la Guerra Civil española. AZCUE BREA, Leticia - Colección Casa
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188
MAYTE CONTRERAS MIRA
HERÁLDICA EN LA BIBLIOTECA DE LA CASA DE ALBA

enero de 2010. [Sevilla]: Consejería de Cultura, D.L. 2009. 364 p. ISBN: 978-
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PINEDO Y SALAZAR, Julián de - Historia de la insigne orden del Toyson de oro,
dedicada al Rey nuestro señor, xefe soberano, y gran maestre della. Madrid:
Imprenta Real, 1787. t.1, 667 p.
RODRIGUES COSTA, Julio Manuel - Alguns livros científicos (sécs. XVI e
XVII) no “Inventário” da Livraria dos Viscondes de Balsemão. Ágora. Estudos
Clássicos em debate 14.1, (2012) p. 131-158. ISSN: 0874-5498.
RODRÍGUEZ-MOÑINO SORIANO, Rafael - La vida y la obra del bibliófilo y
bibliógrafo extremeño D. Antonio Rodríguez-Moñino. Madrid: Editora Regional
de Extremadura, 2000. 564 p. ISBN: 84-87311-16-4.
VAAMONDE VALENCIA, José Lino - Salvamento y protección del tesoro artístico
español durante la guerra, 1936-1939. Caracas: Cromotip, 1973. 165 p.
YEVES ANDRÉS, Juan Antonio - Encuadernaciones heráldicas de la biblioteca
Lázaro Galdiano. Madrid: Ollero y Ramos/Fundación Lázaro Galdiano, 2008.
462 p. ISBN: 978-84-7895-248-9.

189
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO
IR. PAULO LACHENMAYER OSB ATRAVÉS DOS DOCUMENTOS DO
ARQUIVO HISTÓRICO DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO DE BAHIA
BENTO DA BAHIA

ALÍCIA DUHÁ LOSE


Universidade Federal da Bahia (UFBA)
orcid.org/0000-0002-9114-3298
alicia.lose@ufba.br

Resumo: A presente comunicação pretender dar a conhecer o trabalho do Ir.


Paulo Lachenmayer, monge do Mosteiro de São Bento da Bahia, primeiro mos-
teiro da Ordem de São Bento fora da Europa, fundado em 1582. Nascido em 2
de Janeiro de 1903, em Langenangen, uma cidade no distrito de Bodensee em
Baden-Württemberg, Ernest Lachenmayer foi discípulo de Theodor Schnell. Com
19 anos de idade, seguiu para o Brasil para ingressar no Mosteiro de São Bento da
Bahia onde recebeu o novo nome de Paulo e onde passou a se dedicar aos estudos
de arte e heráldica e também à arquitetura, à escultura, às artes caligráficas e ao
desenho. Foi autor de muitos projetos arquitetônicos em várias cidades do Brasil,
sendo os mais renomados deles os projetos de decoração interna da Catedral
de Brasília e da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. Consagrou-se como
mestre da heráldica brasileira sendo reconhecido em todo país por seus brasões
que até hoje figuram em instituições como a Universidade Federal da Bahia, a
Escola de Belas Artes, o Museu de Arte Sacra da Bahia, o Colégio São Bento da
Bahia etc., tendo feito, ainda, brasões para todos os bispos e cardeais nomeados na
Bahia ao longo de seus anos de trabalho. Seus brasões são de um traçado singular.
Após muitos anos de intenso trabalho, faleceu em abril de 1990, com 87 anos de
idade. O Arquivo Histórico do Mosteiro de São Bento da Bahia possui hoje diver-
sos de seus desenhos e documentos que postos sob análise são capazes de contar a
história de seu legado.

Palavras-chave: Heráldica; Mosteiro de São Bento da Bahia, Brasil; Ir. Paulo


Lachenmayer.

191
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

Abstract: This communication intends to make known the work of Br. Paulo
Lachenmayer, monk of the Monastery of St. Benedict of Bahia, first of the Order of St.
Benedict outside Europe, founded in 1582. Born on January 2, 1903, in Langenangen,
a city in the district of Bodensee in Baden-Württemberg, Ernest Lachenmayer was
disciple of Theodor Schnell. At the age of 19, he went to Brazil to enter the Monastery
of São Bento da Bahia where he received the new name of Paulo and where he began
to study art and heraldry, as well as architecture, sculpture, calligraphy and to drawing.
He was the author of many architectural projects in several Brazilian cities, the most
renowned being the interior decoration projects of the Cathedral of Brasilia and the
Metropolitan Cathedral of Rio de Janeiro. He became a master of Brazilian heraldry
and is recognized throughout the country for his coats of arms that until now appear
in institutions such as the Federal University of Bahia, the School of Fine Arts, the
Museum of Sacred Art of Bahia, the São Bento College of Bahia etc. He also made
coats of arms for all the bishops and cardinals appointed in Bahia during his years of
work. Their coats of arms are of a singular stroke. After many years of intense work,
he died in April 1990, at the age of 87. The Historical Archive of the Monastery of São
Bento da Bahia has today several of his drawings and documents that put under analy-
sis are able to tell the story of his legacy. It is this work of exploring the collection of
the institution that will be presented in this communication.

Keywords: Heraldry; Monastery of São Bento da Bahia, Brazil; Br. Paulo


Lachenmayer.

INÍCIO DE UMA HISTÓRIA


Desde 1575, monges beneditinos portugueses foram enviados às terras brasileiras para avaliar
a possibilidade concreta da fundação de um mosteiro em terras d’além mar. O local indicado
seria a Cidade de São Salvador da Bahia, devido aos insistentes pedidos da população local.
Em 1580, o Capítulo Geral da Congregação Lusitana da Ordem de São Bento aprovou a
fundação de um Mosteiro de São Bento na Bahia, o qual viria a ser o primeiro de todo o Novo
Mundo e um dos primeiros fora da Europa.1

Assim, na Páscoa de 1582, chegam 9 monges do Mosteiro de Tibães para fun-


dação de um Mosteiro de São Bento nas terras do Brasil. Uma doação feita aos
monges beneditinos recém-chegados por Francisco Afonso, O Contestável, e sua
esposa dona Maria Carneiro possibilitou a construção do edifício monástico em
torno de onde havia uma pequena ermida dedicada a São Sebastião2. Assim, ficaram

1
LOSE et al. – Dietário do Mosteiro de São Bento da Bahia (1582-1815): edição diplomática. Salvador: Edufba,
2009. p. 19.
2
A Basílica da Abadia de São Bento da Bahia é dedicada a São Sebastião justamente por causa da preexistência
dessa ermida.

192
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

os monges habitando em casas no entorno da pequena capela enquanto davam início


à construção daquele que seria, provavelmente, o primeiro mosteiro beneditino fora
da Europa.
Já em 1584, a casa beneditina foi elevada à condição de Abadia, sendo elei-
to como seu primeiro Abade Frei Antonio de Latrão Ventura. No ano de 1596, o
Mosteiro da Bahia recebe o título de Arquicenóbio do Brasil. Cria-se a Província
Brasileira da Congregação Lusitana. Em 1827, a então Província Brasileira ganha
autonomia, tornando-se a Congregação Brasileira da Ordem de São Bento que teve
como Casa Geral a Abadia da Bahia.
A história do mosteiro baiano foi seguindo, e a instituição a cada dia se fortale-
cendo, apesar de diversos percalços pelos quais passou. No entanto, quando o mos-
teiro da Bahia já completava mais de 270 anos, um decreto do Governo Imperial do
Brasil, publicado em 1855, ordena o fechamento dos noviciados de todas as casas
religiosas. Com a proibição de entrada de jovens monges e o envelhecimento daque-
les que já estavam na vida religiosa, com o passar dos anos, a Ordem de São Bento
no Brasil foi envelhecendo e padeceu sem a tão necessária renovação. Assim, sem
noviços e sem renovação, com o passar dos anos, a Ordem acabaria extinta.
Mas ventos desfavoráveis vieram contra o Império do Brasil. E, na madrugada
de 15 de novembro 1889, cai à única monarquia das Américas e é proclamada a
República do Brasil. Com a instalação do novo governo republicano e a separação
entre a Igreja e o Estado através do Decreto nº. 119, art. 3º do Governo Provisório,
em 7 de Janeiro de 1890, as ordens religiosas brasileiras, que já amargavam a inevi-
tável falência, puderam começar a se reerguer.3
Para a Congregação Beneditina Brasileira, um sopro de vida surgiu. A Ordem
Monástica Brasileira, há época conduzida pelo Abade Geral Frei4 Domingos da
Transfiguração Machado, recorreu ao Mosteiro de Beuron, na Alemanha, para
enviar de lá noviços e monges com o intuito de auxiliar na tarefa de reerguimento da
instituição no Brasil.
Dentre os monges alemães vindos nessa época, destaca-se a figura do emblemá-
tico Ernest Lachenmayer, o personagem central do presente texto.

DE ERNEST A PAULO

Ernest Lachenmayer, nasceu a 2 de Janeiro de 1903, em Langenangen, uma cida-


de no distrito de Bodensee em Baden-Württemberg, na Alemanha. Terceiro filho de
Albert Lachenmayer e sua esposa Mathilde, tinha mais três irmãos. Filho de uma
família católica, recebeu o sacramento do Batismo em 4 de janeiro do mesmo ano
na igreja Matriz de Langenangen. Seu pai faleceu em 1908 e, passados dez anos,
veio a falecer sua mãe. Ao ficar órfão, o jovem Ernest foi “adotado” pelo seu mestre
3
LOSE et al. – Dietário do Mosteiro de São Bento da Bahia (1582-1815): edição diplomática. Salvador: Edufba,
2009.
4
Há época, os monges não eram chamados de Dom, pronome que ficou restrito à nobreza do Brasil.

193
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

de atelier, o escultor e professor Theodor Schnell5 com quem aprendeu parte da arte
que viria a exercer posteriormente.
Com o intuito de se tornar religioso, o jovem Ernest Lachenmayer chegou ao
Brasil em 13 de agosto de 1922, com apenas 19 anos de idade, para ingressar no
Mosteiro de São Bento da Bahia.
Recebeu o hábito monacal da Ordem em outubro de 1922 e começou o seu novi-
ciado em Novembro de 1923, como se lê no Livro das Crônicas do mosteiro dos
anos de 1920 a 1934: “Após as vésperas: vestição e entrada no noviciado do ir.
Lachenmayer”.
Dom Rupert, o abade da época, escolhe o nome de Paulo (como onomástico do
apóstolo São Paulo, Paulo de Tarso) para ser seu nome monástico, sua identidade
dali em diante, conforme a tradição beneditina.
De acordo com o Capítulo 57 da Regra de São Bento – Dos Artesãos do mos-
teiro: “Se há artistas no mosteiro, que executem suas artes com toda a humildade, se
o Abade o permitir.” Sendo assim, Ir. Paulo não se ordenou sacerdote, passou a se
dedicar aos estudos de arte e da heráldica e, para tal, voltou para a Europa a fim de
aperfeiçoar seus estudos em belas artes com o professor Maurus Kraus, OSB6.

O LEGADO

Ao longo da sua vida, Ir. Paulo Lachenmayer desempenhou diversas atividades


no mosteiro da Bahia e fora dele. Foi arquiteto, calígrafo, ilustrador, escultor, mas,
principalmente, foi heraldista.
“Embora sua formação artística tenha acontecido sob a tutela de escultores
sacros, a produção tridimensional de Irmão Paulo não é vasta. A sua obra está con-
centrada mais no plano bidimensional, gráfico, incluindo os desenhos arquitetônicos
e algumas telas pintadas a óleo sobre canvas” (VEIGA, 2012).
Conforme consta em seu necrológio no Dietário do Mosteiro de São Bento da
Bahia: “Trabalhando por gosto e vocação e não só pelo trabalho em si, trancava-se
em seu atelier, e daí só saia com uma obra prima na mão.”7
Sua obra pode ser didaticamente disposta em Arquitetura, Escultura, Heráldica,
Tipográfico, Caligráfica, Escultura.
No âmbito da Arquitetura, os trabalhos mais significativos são, sem dúvidas,
a parte interna da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro e a parte interna da
Catedral de Brasília que foi projetada pelo Arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer.

5
Theodor Schnell (1870-1938) era um escultor alemão que produziu vasta obra, ainda preservada em parte, em
diversas igrejas da Alemanha. Transitou entre o neoromânico, o neogótico e o Art Nouveau.
6
Valentin Kraus (Maurus Kraus, OSB) (1873-1941) era um escultor, professor e monge beneditino alemão. Entre
outras obras, participou da construção da Abadia de Münsterschwarzach. No município de Estenfeld, na Alemanha,
há uma rua com seu nome de batismo em reconhecimento a sua arte.
7
LIMA, Dom Tadeu Gomes – Dietário dos monges que faleceram no Arquicenóbio da Bahia: dietário unificado.
Vol. 31. Salvador: Arquivo Histórico do Mosteiro de São Bento da Bahia, 2001.

194
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

No seu acervo é possível encontrar ainda estudos para a parte interna da Basílica
de Nossa Sra. Aparecida, desenhos da fachada da Abadia do Mosteiro de São Bento
da Bahia. Do primeiro, no entanto, não parece ter havido execução.

Fig. 1 - Perspectiva do interior da Catedral de Brasília, objetivando o presbitério.


À direita, vê-se o monograma do Ir. Paulo Lachenmayer.

Entre seus trabalhos tipográficos encontram-se diversas capas de livros para


Thipografia Beneditina, inclusive a capa da 1ª edição do Livro Velho do Tombo,
publicado pela Thipografia Beneditina em 1945.8

Fig. 2 - Folha de rosto da 1ª edição do Livro Velho do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia,
publicado pela Tipografia Beneditina em 1945.
8
É, certamente, de autoria do Ir. Paulo Lachenmayer também o brasão desenhado sobre as capas das reencader-
nações dos Livros do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia que se encontram no Arquivo Histórico da insti-
tuição.

195
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

Seu trabalho caligráfico pode ser visto nas legendas de todas as suas plantas,
fachadas e perspectivas e em todos os seus brasões, ex-libris e trabalhos tipográfi-
cos.9
Em relação à produção de ex-libris, ao que parece, se concentrou entre as soli-
citações feitas por amigos, na cidade de Salvador. Como belos exemplos, encon-
tram-se o ex-libris do Prof. Claudio Veiga e do também monge beneditino alemão
e expoente na história da arte sacra na Bahia, Dom Clemente da Silva Nigra, OSB.

Fig. 3 - Ex-libris de Dom Clemente da Silva Nigra elaborado e esculpido em madeira pelo
Ir. Paulo Lachenmayer

Mas foi na arte da Heráldica, sem sombra de dúvidas, que Lachenmayer concen-
trou mais a sua atenção. Seus brasões circularam o Brasil e repousam até hoje sobre
bandeiras, flâmulas e insígnias de diversas cidades, instituições, personalidades e
famílias do país.
Entre os brasões acadêmicos, destaca-se o da Universidade Federal da Bahia10

9
Sobre o trabalho caligráfico do Ir. Paulo Lachenmayer recomendamos ver o trabalho “Beneditina: construção de
uma fonte digital baseada na caligrafia do monge beneditino Paulo Lachenmayer” de Adriana Valadares Sampaio.
Disponível em: <file:///C:/Users/Al%C3%ADcia%20Duh%C3%A1%20Lose/Downloads/Paleografia%20e%20
suas%20interfaces%20(1).pdf>. Acesso em: 04 out. 2018.
10
Maiores informações sobre o brasão da Universidade podem ser vistas no Manual de Identidade Visual. Brasão
da Universidade Federal da Bahia disponível no site da instituição através do endereço: <https://www.ufba.br/sites/

196
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

Fig. 4 - Brasão da Universidade Federal da Bahia produzido pelo Ir. Paulo Lachenmayer.

Entre os brasões de municípios, o Brasão da Cidade do Salvador, capital da


Bahia, no Brasil, é sem dúvidas o mais relevante11.

Fig. 5 - Brasão da Cidade do Salvador, Bahia, Brasil, elaborado por Paulo Lachenmayer.

portal.ufba.br/files/manual_brasaoufba-v2_0.pdf>. Acesso em: 05 out. 2018.


11
Mais informações sobre o uso do brasão da cidade do Salvador podem ser vistas através da Lei Nº
1495, de 24 de julho de 1963, disponível através do link: <https://leismunicipais.com.br/a/ba/s/salvador/
lei-ordinaria/1963/149/1495/lei-ordinaria-n-1495-1963-manda-repor-em-pintura-ou-em-alto-relevo-trabal-
ho-em-madeira-no-teto-da-sala-das-sessoes-o-brasao-de-armas-e-restaura-o-selo-o-pendao-e-a-bandeira-da-cidade-
do-salvador-cria-a-insignia-da-chefia-do-executivo-municipal-da-suas-caracteristicas-e-recomenda-sua-adocao-e-
cria-a-insignia-do-comando-do-corpo-de-bombeiros-e-vigilantes-da-cidade-do-salvador-recomenda-sua-doacao-e-
da-outras-providencias>. Acesso em: 05 out. 2018.

197
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

Irmão Paulo Lachenmayer também foi o autor de praticamente todos os brasões


eclesiásticos da Bahia, e alguns do exterior, enquanto esteve em atividade. No seu
acervo, encontram-se diversos exemplos de brasões produzidos por ele para os bis-
pos baianos. Entre os brasões eclesiásticos, destaca-se o de Dom Abade Timóteo
Amoroso Anastácio, abade de enorme relevância para a história do Mosteiro da
Bahia.12

Fig. 6 - Brasão do Abade Dom Timóteo Amoroso, OSB.

Mais informações sobre Dom Timóteo Amoroso Anastácio, OSB, podem ser encontradas no site dedicado à sua
12

memória, através do endereço: <www.saobento.org/domtimoteo>. Acesso em: 05 out. 2018.

198
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

Fig. 7 - Descrição do Brasão do Abade Dom Timóteo Amoroso, OSB feita pelo
Ir. Paulo Lachenmayer em 1965.

É dele também o aperfeiçoamento, de acordo com a heráldica, do emblema já


existente anteriormente da Academia de Letras da Bahia.

Fig. 8 - Emblema da Academia de Letras da Bahia e respectiva explicação.

199
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

Finalizam a significativa atividade heráldica do Ir. Paulo Lachenmayer, os diver-


sos brasões de Família que produziu.

Fig. 9 - Brasão da Família Góes, produzido por Paulo Lachenmayer em 1970.

A identificação de suas obras pode ser feita pelo reconhecimento do traço claro,
firme e inconfundível do artista e, mais ainda, pelo seu monograma (Frater Paulus
Lachenmayer) presente em todas elas, acompanhado ou não da data de confecção
de cada obra.

200
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

Fig. 10 - Monograma do Ir. Paulo Lachenmayer, utilizado como assinatura de suas obras.

MORTE

Ao analisarmos seu acervo, fica bastante evidente que o Irmão Paulo


Lachenmayer foi um religioso que entendeu a arte na sua amplitude e trabalhou em
especial a heráldica, ultrapassou os muros da casa monástica e teve reconhecimento
de seu talento em todo o país.
Após uma fratura no fêmur da perna esquerda “viveu com dificuldade e preso ao
leito de sua cela os seus últimos anos de vida”. Entregou sua alma de monge e artis-
ta ao Pai em 7 de abril de 1990, com 87 anos de idade, sendo sepultado do claustro
do Mosteiro de São Bento da Bahia, no lado da basílica.13
Deixou como discípulo o Capitão Victor Hugo Lopes que seguiu o seu trabalho
heráldico tão próximo ao traço do mestre que difícil fica ao leigo diferenciar, à pri-
meira vista, o que foi produzido pelo mestre ou pelo discípulo.

O ACERVO

Atualmente, o acervo do relevante e numeroso legado do Ir. Paulo Lachenmayer


encontra-se disperso em locais distintos, pois, ao que se sabe, era seu hábito, doar
algumas de suas obras. Assim, no acervo pessoal de Paulo Coelho da Veiga encon-
tram-se diversos originais dos trabalhos do Ir. Paulo Lachenmayer; parte do seu
acervo também, teria sido doada pelo próprio Ir. Paulo ao seu discípulo Victor Hugo
Lopes; outra parte teria sido levada para uma instituição na Alemanha (embora não
se tenha confirmação no acervo para essa informação).
O fundo documental referente a ele no Arquivo Histórico do Mosteiro de São
Bento da Bahia é constituído por trezes caixas onde estão guardados papéis e docu-
mentos armazenados pelo próprio Ir. Paulo. Lá se encontram cartas em português e

13
LIMA, Dom Tadeu Gomes – Dietário dos monges que faleceram no Arquicenóbio da Bahia: dietário unificado.
Vol. 31. Salvador: Arquivo Histórico do Mosteiro de São Bento da Bahia, 2001.

201
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

alemão, documentos pessoais, fotografias de familiares, plantas baixas de muitos de


seus projetos, originais de estudos tipográficos e heráldicos.
Seu acervo e sua obra têm sido objeto de reconhecimento e estudos no âmbito
acadêmico, pois é certamente, impensável, o desenvolvimento da arte heráldica no
Brasil sem passar pela numerosa e significativa obra desse monge que, de dentro das
quatro paredes de sua pequena cela, no Mosteiro de São Bento da Bahia, emanou a
beleza do seu traço firme, claro e elegante pelo país.

Fig.11 - Ir. Paulo Lachenmayer trabalhando as plantas da Abadia de São Sebastião da Bahia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, Dom Emanuel D Able do – Introdução à História Monástica. Salvador:


Edições São Bento, 2006.
BARBOSA, Aldacelis dos Santos Lima; OLIVEIRA, Anna Paulo Sandes –
Arquivo do Mosteiro de São Bento da Bahia: pressupostos teóricos. Seminário
Acadêmico da Faculdade São Bento Da Bahia,n. 3, 2009.
BELLOTTO, Heloísa Liberalli – Arquivos permanentes: tratamento documental. 4.
ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
BRESCIANI, Padre Carlos – A primeira evangelização das aldeias ao redor de
Salvador, Bahia 1549-1569. Salvador, Fundação Gregório de Mattos, 2000.
DOURADO, Joaquim Rodrigo – Irmão Paulo Lachenmayer, no arquivo do
Mosteiro de São Bento. 2011. 23 f. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso
de Pós-Graduação lato sensu em Arte e Patrimônio Cultural) – Faculdade São
Bento da Bahia, Mosteiro de São Bento da Bahia. Orientador: Alícia Duhá Lose.

202
ALÍCIA DUHÁ LOSE
UM HERALDISTA ALEMÃO EM TERRAS BRASILEIRAS: A ARTE DO IR. PAULO LACHENMAYER OSB

II, Dom Pedro. Viagens pelo Brasil: Bahia Sergipe e Alagoas-1859, Rio de Janeiro.
Bom Texto 2003.
LACHENMAYER. Irmão Paulo. Catalogo das Lapides Tumulares dos monges
deste mosteiro, que aqui esperam a sua ressurreição no ultimo dia dos Séculos.
Salvador. Arquivo Histórico do Mosteiro de São Bento (documento manuscrito),
1971.
LIMA, OSB. Dom Tadeu Gomes: Dietário dos monges que faleceram no
Arquicenobio da Bahia: dietario unificado. Vol. 31. Salvador: Arquivo Histórico
do Mosteiro de São Bento da Bahia, 2001.
LOSE, Alícia Duhá et alii – Dietario do Mosteiro de São Bento da Bahia: edição
diplomática. Salvador: Eudfba, 2009.
PAIXÃO, Dom Gregório (Org.) – O Mosteiro de São Bento da Bahia. São Paulo;
Rio de Janeiro: Versal; Odebrecht, 2011.
SÃO BENTO. A Regra de São Bento. Tradução dos monges beneditinos, OSB.
Salvador: Edições São Bento, 2002.
SCHERER, OSB, Michael Emilio – Frei Domingos da Transfiguração Machado.
Rio de Janeiro: Lumen Christi, 1980.
TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. 10. ed. Salvador; São Paulo:
EDUFBA; Editora UNESP, 2001.
VALADARES, Adriana Sampaio – Beneditina: construção de uma fonte digi-
tal baseada na caligrafia do monge beneditino Paulo Lachenmayer. In: LOSE,
Alícia Duhá; SOUZA, Arivaldo Sacramento de. Paleografia e suas interfaces.
Salvador: Memória e Arte, 2018. p. 10-23.
VALLADARES, Clarival et alii. – 400 anos do Mosteiro de São Bento da Bahia.
Brasil: Odebrecht, 1982.
VEIGA, Paulo C. – Irmão Paulo Lachnmayer, OSB: um artista alemão no Mosteiro
de São Bento (1922-1990). 2012. 179 f. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais)
– Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes, Universidade Federal
da Bahia. Orientador: Eugênio Lins.

203
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA
DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ


Universidad de Cantabria
miriamfernandezp@alumnos.unican.es
miriamfzperez@gmail.com

Resumen: Muchas veces parece que el ser humano no es capaz de asimilar la canti-
dad de simbología que rodea nuestra realidad, lo presentes que están en nuestro día
a día los escudos, los sellos... todos esos emblemas que parecen sencillamente sólo
eso: imágenes con un significado especial ya sea histórico, monumental, artístico,
etc., que pertenecen al pasado. Lo cierto es que todos estos códigos cumplen mucho
más que con una función estética y tienen un mayor peso en el presente, en la vida
cotidiana, de lo que podría imaginarse. Ahí recae la importancia de que los estudios
en torno a estos campos aumenten y aporten información que favorezca la compren-
sión y la difusión del conocimiento en torno a la Heráldica y a la Sigilografía.
Es por ello que este trabajo tiene como intención iniciar los estudios en torno a
la colección de sellos en tinta de lo que era la antigua provincia de Santander. Unos
estudios que se han dado intensamente en otras regiones de la geografía española al
albergar una gran importancia en lo relativo al estudio de la administración del siglo
XIX, la Sigilografía y muchas otras facetas que deben ser estudiadas de manera más
pormenorizada.

Palabras clave: Sellos en tinta, provincia de Santander, Cantabria (España), siglo


XIX.

Abstract: Plenty of times it seems like the human being is not able to assimilate
the amount of symbology that surrounds our reality, the present that are in our day
to day shields, seals... all those emblems that appear simply just that: pictures with
a special meaning either historical, monumental, artistic... that belong to the past.
The truth is that all these codes fulfill much more than with an aesthetic function
and have a greater weight in the present, in everyday life, than we could imagine.
Therein lies the importance that studies around these fields increase and provide

205
MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

information that favors the understanding and dissemination of knowledge arund


the Heraldry and the Sigillography.
That is why this work is intended to start studies around the colección de sellos
en tinta of what was the old province of Santander. Studies that have been given
intensely in other regions of the Spanish geography concerning their relevance in
relation of the study of the nineteenth century administration, the Sigillography, and
many other facets that should be studied in a more detailed way.

Keywords: Rubber stamping, Province of Santander, Cantabria (Spain), XIX


Century.

El objeto de estudio de este trabajo se centra en una fuente muy significativa


del siglo XIX en España. Esta es la “colección de sellos en tinta municipales” del
Archivo Histórico Nacional, concretamente de aquellos sellos municipales de la
antigua provincia de Santander.
Cabe destacar que el estudio de esta colección albergada en el Archivo
Histórico Nacional ha sido realizado por diversos especialistas muy recientemen-
te. De esta manera, podemos encontrarnos la obra de Clemente García y Blanco
Lalinde: “Los sellos municipales de tinta de la provincia de Teruel en el siglo
XIX”1, la obra de Andrés Nicás Moreno dedicada a la provincia de Jaén2 o la
de Juan José Sánchez Badiola3. Más recientes son los estudios dedicados a los
sellos en tinta riojanos, ambos redactados por Mario Ruiz Encinar y publicados
en 20154. También existe un estudio publicado en 2010 sobre los sellos en tinta
de las ciudades y los pueblos canarios5, así como uno dedicado en exclusiva al
estudio de los sellos en tinta del ayuntamiento de Montilla6, realizados ambos por
el mismo autor.

1
CLEMENTE GARCÍA, Enriqueta; BLANCO LALINDE, Leonardo - Los sellos municipales de tinta de la provin-
cia de Teruel en el siglo XIX. Zaragoza: Institución “Fernando el Católico”, 2002. 432 págs. ISBN: 978-84-7820-
675-9.
2
NICÁS MORENO, Andrés - “La provincia de Jaén en la colección sigilográfica de 1876 en el Archivo Histórico
Nacional”, Boletín del Instituto de Estudios Giennenses, ISSN: 0561-3590. Nº190 (2005), págs. 501-558.
3
SÁNCHEZ BADIOLA, Juan José - “Símbolos locales en los sellos de tinta palentinos durante el siglo XIX”,
Publicaciones de la Institución Tello Téllez de Meneses, ISSN: 0220-7317, Nº 79 (2008) págs. 375-393
4
RUIZ ENCINAR, Mario - “La <Colección de Sellos en tinta Municipales> riojanos del AHN”, Boletín A.R.G.H.,
ISSN-e: 1889-3503, Nº7 (2015), págs. 39-66; RUIZ ENCINAR, Mario - “Los emblemas municipales riojanos del
siglo XIX en la colección de sellos en tinta del Archivo Histórico Nacional”, Berceo, ISSN: 0210-8550, Nº168
(2015), págs. 231-288
5
TUBÍO ADAME, Francisco - “Colección de sellos de tinta de las ciudades y pueblos canarios de 1876”, Crónicas
de Canarias, ISSN: 1699-8669, Nº6 (2010), págs. 323-331
6
TUBÍO ADAME, Francisco - “Estudio de los sellos en tinta del ayuntamiento de montilla del año 1877”, Crónica
de Córdoba y sus pueblos, ISSN: 1577-3418, Nº23 (2016), Págs.. 23-34

206
MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

Así pues, no es difícil asegurar que el estudio de estos sellos es reciente y se


encuentra en pleno auge. Con todo, este trabajo sólo pretende ser una mera decla-
ración de intenciones, una vaga presentación que dé origen a un estudio o estudios
más pormenorizados en los que se analicen estos temas aquí tratados con mayor
exhaustividad y crítica.
Ahora bien, es necesario señalar a qué se hace referencia cuando se habla de
“colección de sellos en tinta municipales”. Lo cierto es que el momento en el que se
planteó la necesidad de crear esta colección es a finales del siglo XIX, concretamen-
te en el año 18767. En estos momentos, el director del Archivo Histórico Nacional,
Francisco González de Vera instaba a instituciones superiores con la necesidad acu-
ciante de aumentar los fondos del Archivo con la documentación dispersa en las
distintas dependencias de la Administración española. Es así como en agosto de ese
mismo año se formaba la Sección de Sigilografía a partir de una Real Orden, en
donde deberían estar integradas las improntas de los sellos en tinta municipales con
todos aquellos datos históricos que justificasen y diesen razón del uso de dichos
sellos8. Esa, al menos, era la intención que se tenía, si bien es cierto que dichas
explicaciones históricas en muchos casos se simplifican o directamente se omiten
como se podrá observar en algunos ejemplos de los sellos en tinta de la antigua
provincia de Santander. En cualquier caso el proceso de categorización de los sellos
por provincias en un único archivo no sería completado hasta 18799, momento en el
que exitosamente se consiguieron reunir alrededor de 15.000 sellos tanto concejiles
como de otras instituciones tanto civiles, como militares y eclesiásticas10.
En lo que se refiere a la provincia de Santander debemos señalar que fue una anti-
gua provincia española que tuvo vigencia legal entre el 30 de noviembre de 183311
y principios de 198212. Es decir, que la creación de la colección de sellos en tinta del
AHN se enmarca en un momento en el que dicha provincia existe como tal. Tras
1982, la provincia de Santander pasa a denominarse como provincia de Cantabria
coincidiendo con un momento en el que el territorio se desliga de Castilla la Vieja
(comunidad autónoma que también alberga las provincias de Burgos, Valladolid,

7
SÁNCHEZ BADIOLA, Juan José - Símbolos locales en los sellos de tinta... Op. Cit. pág. 375. Cabe destacar la
plausible diligencia por parte de los organismos de la antigua provincia de Santander, quienes culminaron la labor
de recolección de dichos sellos en cada uno de los municipios antes de que terminase el citado año de 1876.
8
NICÁS MORENO, Andrés - La provincia de Jaén... Op. Cit. pág. 502
9
SÁNCHEZ BADIOLA, Juan José - Símbolos locales en los sellos de tinta... Op. Cit. pág. 375
10
ADRADOS VILLAR, Esperanza - Los fondos sigilográficos del Archivo Histórico Nacional. En: GALENDE
DÍAZ, Juan Carlos (coord.): De sellos y blasones: miscelánea científica. Madrid: Universidad Complutense, Depar-
tamento de Ciencias y Técnicas Historiográficas: Asociación de Diplomados en Genealogía, Heráldica y Nobiliaria,
2012. ISBN: 978-84-695-4792-2. págs. 11-27 (pág. 17)
11
GARRIDO MARTÍN, Aurora; ESTRADA SÁNCHEZ, Manuel: La provincia de Santander y la Diputación
provincial de Santander 1833-1981. En MOURE ROMANILLO, Alfonso (ed.): Cantabria: historia e institucio-
nes. Santander: Parlamento de Cantabria: Servicio de Publicaciones de la Universidad de Cantabria, 2002. ISBN:
84-8102-317-5. págs. 220-239 (pág. 227)
12
Ibidem, pág. 238

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MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

Palencia, Ávila, Segovia, Soria y Logroño) para convertirse en la comunidad autó-


noma de Cantabria.
Este aspecto se debe tener en cuenta, puesto que no es de extrañar que los sellos
en tinta municipales en muchas ocasiones, en lugar de tener una simbología propia,
adapten los caracteres o la heráldica de una demarcación administrativa superior.
En este sentido, es esencialmente importante reseñar que existe un amplio grupo de
municipios en la provincia de Santander que carecen de emblemas propios como
símbolos de sus sellos en tinta ya sea de los pertenecientes al ayuntamiento, a la
alcaldía o a los juzgados. Cuando esto sucede, generalmente es porque el municipio
carecía de sello hasta el momento en el que se ordenó desde una instancia superior
que se adoptase alguno. Por supuesto, no todos los documentos, como cabría de
hecho esperar, dan parte de este motivo o de otro si lo hubiera. En estos casos lo que
se hace es adaptar el escudo de armas nacional al ayuntamiento en cuestión hacien-
do que en la leyenda figure el nombre del lugar13.
Este fenómeno no es nada extraño ni alejado de la realidad que compete a otras
regiones geopolíticas. De hecho, otros autores ya han remarcado la tendencia por
parte de los municipios españoles a utilizar el escudo real. Así pues, Juan José
Sánchez Badiola, señala que los motivos por los que los municipios pueden adoptar
este sistema son variados: poco conocimiento en torno a los emblemas, ausencia
de estos debido a que muchos de estos ayuntamientos son creados tras las reformas
liberales, o incluso una sensación de desapego o rechazo hacia los viejos emblemas
que, en algunos casos, se asociaban con el Antiguo Régimen14.
De igual forma explica que hay una diferencia relativa entre ciertas regiones en
cuanto a número de sellos originales en contraposición al escudo real, encontrando
similitudes entre provincias cercanas entre sí. Así pues, Jaén o Albacete registrarán
un total de 40’8% y 25% respectivamente de sellos propios o singulares, mientras
que zonas como Cantabria, León o Palencia (la región en la que se centra su estu-
dio) registrarán datos en torno al tres por ciento y el once por ciento15. De prime-
ras podría parecer que las regiones situadas más al norte son las que cuentan con
un menor porcentaje de símbolos propios en sus sellos. Sin embargo, Mario Ruiz
Encinar aporta datos que no parecen dejar clara esta tendencia afirmando que, por
ejemplo, Teruel cuenta con casi un setenta por ciento de emblemas propios, Logroño
con un 17’3% y ciudades como Almería cuentan con un cinco por ciento16. El estu-
dio de estos fenómenos en otras regiones geográficas atendiendo a los motivos pro-
pios que llevaron a cada provincia a optar por la utilización de emblemas antiguos o
del escudo real, podría ser la clave para la propuesta de nuevas hipótesis que ayuden

13
SÁNCHEZ BADIOLA, Juan José - Símbolos locales en los sellos de tinta... Op. Cit. pág. 376.
14
Ibidem, pág. 392
15
Idem
16
RUIZ ENCINAR, Mario - La “Colección de Sellos en tinta Municipales”... Op. Cit.pág. 242

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MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

a entender si este proceso se produjo en unas provincias y en otras de forma aleato-


ria o si hubo una tendencia en las regiones más cercanas entre sí.
Ahora bien, centrándonos en el tema que nos ocupa, debemos señalar que de los
97 municipios de la antigua provincia de Santander cuyos sellos en tinta han sido
albergados, son ochenta y ocho los ayuntamientos santanderinos que, como mínimo
cuentan con alguno de estos sellos nacionales. Se debe comprender que algunos de
estos ayuntamientos poseen más de un sello de manera que en algunas ocasiones se
puede dar el caso de que utilicen el escudo de España con cuartelado de Castilla-
León, la granada incidiendo en la parte inferior y el escusón dinástico de la familia
reinante junto a otro tipo de sello. Estudiar con detenimiento estos sellos sin “iden-
tidad” propia, aunque de primeras pueda parecer monótono y falto de información,
nos aporta grandes datos en diferentes campos de estudio. Son especialmente rele-
vantes a la hora de evaluar el conocimiento, la capacidad crítica y el comportamien-
to de los secretarios, alcaldes o personas que redactaron o que, al menos, se pusieron
a elaborar dichos documentos.

MÁS ALLÁ DEL ESCUDO REAL

Cabezón de la Sal (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº12)



 

Leyenda: ALCALDIA DE CABEZON DE LA SAL


Descripción: Únicamente posee un campo donde se inserta la leyenda.
El inicio y el final de la misma se separa por un rombo. El campo se
mantiene sin decoración alguna.


 
Leyenda: AYUNTAMIENTO CONSTIT(UCIONA)L DE CABEZON
Descripción: Campo decorado con escena marítima. Se puede observar
una nave, el mar y una torre. Dos cabezas en la zona superior del
escudo, juntos.

La descripción que se da de los sellos enviados es vaga. Aunque aquí se mues-


tran los dos sellos en tinta enviados y utilizados por el municipio de Cabezón de la
Sal, lo cierto es que se incluye uno más, aunque éste no es un sello en tinta -motivo
por el cual no se ha mostrado- sino un sello en seco con las armas reales.
En el caso del primer sello debemos señalar que la ausencia de decoración en el
campo es algo recurrente, al menos en los municipios de la provincia de Santander.

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MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

Por otro lado, el segundo que podemos observar es otro de los ejemplos que se van a
repetir (con algunas diferencias) a lo largo y ancho del territorio, pero especialmente
en las villas portuarias o de vocación marinera. Se trata de una escena que repre-
senta la toma de Sevilla realizada en 1248 por orden de Fernando III el Santo. La
relación que guarda este hecho con la zona del Cantábrico peninsular es que el almi-
rante Ramón de Bonifaz armó los barcos y consiguió tripulación en los puertos del
Cantábrico con la intención de romper el puente de barcas que impedía la conquista
de la ciudad17. Por ello, la provincia de Santander tiene como escudo una escena que
conmemora este hecho y muchos municipios plasman la misma imagen con ciertas
diferencias. Los dos rostros simbolizan a los Santos Mártires Emeterio y Celedonio,
patronos de la ciudad de Santander y, por ende, figuras presentes en el escudo de la
provincia.

Argoños (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº5)



 

Leyenda: JUZGADO DE PAZ DE ARGOÑOS


Descripción: Balanza abajo, dos manos sujetando la misma.

Aunque en el caso del municipio de Argoños se incluyan tres sellos, lo cierto


es que el del Juzgado de Paz es el único que podríamos catalogar como “propio” o
diferente. Los anteriores: el de la alcaldía constitucional y el del juzgado munici-
pal mantienen la simbología genérica del escudo cuartelado con escusón y granada,
ambos con la corona. Los Juzgados de Paz se implantaron en España a mediados
del siglo XIX, concretamente con el Real Decreto de 22 de octubre de 1855 y, poco
tiempo después, en una Real Orden de 31 de octubre de ese mismo año se seña-
ló: “verán ustedes igualmente, entre otras mejoras, la creación de Jueces de Paz en
todos los pueblos del Reino en que haya Ayuntamiento”18, dando constancia de que,
en teoría, aquellos lugares donde se encontrase el ayuntamiento debían contar con
un Juez de Paz.

17
CALDERÓN ORTEGA, José Manuel: “La intervención de marinos cántabros y vascos en la campaña naval de
1430 y los intentos por extender la jurisdicción del Almirantazgo de Castilla a los puertos del norte peninsular”,
Itsas Memoria. Revista de Estudios Marítimos del País Vasco, ISSN: 1136-4963. Nº 5, (2006) págs. 53-67
18
GARRIDO MITJAVILA, Alejandro: La Justicia de Paz en España; dirigido por la Profesora María Luisa
VILLAMARÍN LÓPEZ. Madrid: Facultad de Derecho, 2014. Trabajo de Fin de Máster. Pág. 11.

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Camaleño (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº15)



 

Leyenda: JUZGADO DE PAZ D(E) CAMALEÑO


Descripción: Balanza equilibrada y símbolo que representa una espada.

Al contemplar otros ejemplos de sellos de Juzgados de Paz (al menos en esta


colección) parece que lo más común es que se utilice la balanza equilibrada junto
con una espada (en este caso está tan simplificada que ni siquiera recuerda a ningún
arma) haciendo una clara alusión a los símbolos de la Dama de la Justicia: la balan-
za de la verdad y la espada de la razón.
En esta ocasión, la noticia escrita explica que este sello comenzó a usarse en el
año de 1849, al igual que el de la alcaldía. También señalan que no hay noticias de
que se utilizasen otros sellos con anterioridad.

Valle de Anievas (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº3)



 
Leyenda: A[YU(NTAMIE)]NTO CONS[TITUCIONAL] DEL
VALLE DE ANIEVAS
Descripción: Símbolo desconocido19

Lo cierto es que el sello de Anievas resulta críptico en cuanto a significado. En el


documento no aparece ningún texto que aporte un mínimo de información en torno
al mismo. Ni fecha de utilización, ni descripción del mismo, ni historia… ni siquie-
ra firma del alcalde o secretario. Cabe destacar que esta falta de información no
parece conjugar bien con la importancia del Valle de Anievas dentro de la historia
institucional del mismo y con el resto de los municipios cántabros, siendo un núcleo
altamente activo en lo referido a actividad administrativa.
En este sentido, el Valle de Anievas consigue tener cierta importancia y relevan-
cia entre las posiciones de la Casa Vega-Infantado ya a finales de la Edad Media
al ser uno de los últimos reductos señoriales de un país en el que la Corona esta-
ba absorbiendo la mayor parte de los territorios señoriales20. Esta titularidad, sin
19
A falta de estudios más pormenorizados.
20
En el caso de Cantabria, por ejemplo, en 1553 una sentencia de la Real Chanchillería de Valladolid, confirmada en

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MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

embargo, no impidió que este lugar tuviese “capacidad para la administración direc-
ta de sus bienes propios comunales, la elección de sus oficiales y la defensa de sus
intereses”21.

Cartes (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº18)



 

Leyenda: AYUNTAMIENTO CONSTITUCIONAL DE CARTES


Descripción: En el centro puerta amurallada.

En el caso de Cartes se decidió copiar dos veces el sello. Es interesante ver cómo
en algunos casos ni siquiera se incluyen todos los sellos y apenas se hace una des-
cripción de los mismos, y como en otros se incluyen dos o incluso tres copias del
mismo sello para garantizar la calidad del mismo.
Tanto el alcalde como el secretario firman este documento donde se intenta
explicar vagamente el motivo por el cual se muestra dicha imagen. De esta forma el
documento cita textualmente: “Representa un monumental castillo alme-/-nado, que
existe en esta villa, a la que / se cree haber dado el nombre, pues el / de Cartes debe
de proceder de la pala-/-bra latina Castrum”,
Además, nos aporta información muy interesante para otros campos como, por
ejemplo, la arqueología, al explicar también en el documento que las almenas desapa-
recieron apenas unos años antes.

Castro Urdiales (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº20)



 

Leyenda: AYUNTAMIENTO DE CASTRO-URDIALES


Descripción: Escena marítima donde se puede observar un puente, un castillo,
una nave y el mar.

1581, revierte a la corona los territorios de los Nueve Valles, Reocín, Cabezón, Alfoz de Lloredo, Cabuérniga, Pié-
lagos, Camargo, Villaescusa, Vayón y Penagos. SAN MIGUEL PÉREZ, Enrique - El valle de Anievas. El gobierno
de una jurisdicción de Cantabria a fines del Antiguo Régimen. En VV.AA. - I Jornadas de Historia del Valle de
Anievas. Ayuntamiento de Anievas, 1992. ISBN: 84-604-3994-.Págs. 18-34 (pág. 20)
21
Idem

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MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

En esta ocasión los datos que nos ofrece el documento son escasos. Señala que
dicho sello se lleva usando desde “hace muchos años” y, en el momento de realizar
la descripción del mismo, únicamente se encargan de enumerar los elementos que
forman parte del campo del sello. Estos son los siguientes: un castillo, el puente
de Sta. Ana, una nave, el mar y unas ballenas. Dichos símbolos son los propios del
escudo de armas de la villa de Castro-Urdiales.

Comillas (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº24)



 
Leyenda: AYUNTAMIENTO CONSTITU[CI]ONAL DE COMILLAS
Descripción: Campo decorado con escena marítima. Se puede observar una
nave, el mar y una torre.


 

Leyenda: ALCALDIA CONSTITUCIONAL DE COMILLAS


Descripción: Campo decorado con escena marítima. Se puede observar
una nave, el mar y una torre.

Como ya se ha señalado con anterioridad, el tema representado en el escudo


alude a la conquista de Sevilla. En el documento se explica brevemente el motivo
de su uso: “El origen de las armas contenidas en estos sellos, se supone procede
de la concesión / que en 1248 hizo el rey Don Fernando 3ª a las Cuatro Villas de
Santander, Laredo, / Castro y S(a)n Vicente de la Barquera, por el triunfo que su
escuadra obtuvo el 3 de Ma-/-yo de aquel año rescatando a Sevilla del dominio de
los moros, a virtud de haber / roto dos de sus naves, las cadenas del Puente de barcas
desde el castillo de Triana a la Torre del Oro.”
Además, también indica que el primero de los sellos fue utilizado desde 1836
hasta 1870, momento en el que éste diseño fue sustituido por el nuevo.
Lo cierto es que el documento enviado por el municipio de Comillas denota un
gran cuidado y una atención por los detalles que se da en pocas ocasiones, al menos,
en los papeles enviados por el resto de ayuntamientos de la antigua provincia de

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MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

Santander. De esta forma, por ejemplo, podemos constatar la rapidez administrativa


realizada por el ayuntamiento de Comillas en tanto que en el encabezado se dice:
“Copia de los sellos de todas clases que han existido en la municipalidad y esta usa
actualmente que con / arreglo a la circular num(er)o 128 de fecha 4 del actual se
dirige al s(eño)r gobernador civil de esta provincia.”, y el documento con la copia
de los sellos fue firmado el 15 de septiembre.

Escalante (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº29)


 

Leyenda: JUZGADO DE PAZ DE ESCALANTE


Descripción: Balanza equilibrada sujetada por una mano y espada abajo.

De nuevo en esta ocasión nos encontramos con la simbología típica de los


Juzgados de Paz: la balanza en equilibrio, la mano sujetando dicho objeto y la espa-
da. A diferencia del sello que se ha mostrado anteriormente, el de Camaleño, el arma
se muestra representada a la perfección, siendo posible distinguirla y diferenciarla.
Además, en este ejemplo es una única mano la que sujeta la mano, concretamente la
derecha, de la misma forma que la iconografía de la dama de la justicia.
En esta ocasión es importante señalar que el municipio envió dos sellos más.
Uno de ellos es el de la alcaldía y el del juzgado municipal, ambos con el sello típi-
co de tantos otros lugares de España.
Curiosamente se dice que este sello fue comprado a un catalán que pasaba por
dicho municipio.

Hazas de Cesto (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº31)


 

Leyenda: [AYUNTAMIE]NTO CONSTI[TUCIONAL D]E HAZAS [DE CES]


TO
Descripción: Únicamente posee un campo donde se inserta la leyenda. El
campo se mantiene sin decoración alguna.

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LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

Aunque en el documento se señala que existen dos sellos, lo cierto es que éste
es el único que presenta: “Copia de los sellos que existen en la Secretaria de este
Ayuntamiento y los que / actualmente se usan y son los que se expresan. / Uno que
dice Ayuntam(ien)to constitucional de Hazas Cesto / y otro que dice Alcaldia Co(ns)
t(itucional) de Hazas. / Son los unicos que hai en este distrito municipal.” El estado
de conservación de la copia es malo.

Laredo (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº34)



 

Como se puede observar en la imagen el municipio de Laredo optó por enviar, en


lugar de la muestra de su sello, un dibujo donde se muestra la imagen que muy pro-
bablemente adornaría el campo del sello. No existe ningún otro documento donde
especifique años en los que se ha utilizado dicho sello, origen, historia, etc… si bien
es cierto que el motivo representado es, como viene siendo costumbre en los puertos
cantábricos, el de la Toma de Sevilla, mostrándose, en este caso tres naves, el mar y
la Torre del Oro.

Limpias (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº37)



 

Leyenda: POLA DE LIMP(IA)S Y COL(INDRE)S CON FUER(O)S DE


VIZC(AY)A
Descripción: El exterior de la orla está decorado por cuatro flores, como
creando las esquinas de un cuadrado imaginario. El campo está decorado
por una imagen de un árbol al fondo y un animal al frente.

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LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

En este caso no nos encontramos con un sello que se utilizase en el momento en el


que se envió el documento respondiendo a la petición del Archivo Histórico Nacional.
Se debe señalar la magnífica labor y el conocimiento histórico realizado por el munici-
pio a la hora de explicar la situación con sus sellos: “El sello numero primero se vino
usando en / esta localidad desde el año 1399 en que el / rey Enrique 3ª dio a este pue-
blo la / Real Cédula de Privilegio de Vizcaya hasta el / de 1840 en que le quitaron los
fueros, y / desde entonces hasta la f(ec)ha, ha venido usan-/-dose y se usa en la actua-
lidad el sello nu-/-mero DOS./ En virtud de hallarse carcomida la espre-/-sada Real
Cédula de Privilegio, no puede / saberse el origen ó razones que pudo haber / para que
el referido rey concediese a este pue-/-blo los citados privilegios; pero segun informe /
de algunas personas de esta localidad, creen, / que la concesion de esto tuvo por origen
ó fué a / consecuencia de un préstamo que este pueblo hizo / al indicado rey, y para
pago de este fué por la / que concedió los referidos privilegios.”

Mazcuerras (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº39)



 

Leyenda: ALCALDIA CONSTITUCIONAL DE MAZCUERRAS


Descripción: Únicamente posee un campo con forma almendrada
donde se inserta la leyenda. Dos símbolos decorativos separan el
nombre de la institución del nombre del municipio. El campo se
mantiene sin decoración alguna.

El municipio de Mazcuerras no destaca por su orden y claridad a la hora de pre-


sentar los sellos municipales. Estos se amontonan en mitad del papel y dos textos
completan el documento. Uno en horizontal sobre un sello en seco: “Sello en seco
usado desde / el año de 1868 hasta el resta-/-blecim(ien)to de la Monarquia” y otro
en vertical que hace referencia al sello que aquí se muestra y otro (del ayuntamiento,
con emblema real): “Sellos usados desde el año de 1835 / epoca de la instalacion del
ayunt(amient)o. / Se siguen usando.”

Noja (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº45)


 

Leyenda: JUZGADO MUNICIPAL NOJA


Descripción: Escudo cuartelado con el blasón de cruz plana en la parte
central. En el primer cuartel aparece representado un castillo, en el segundo
un león, abajo a la izquierda las Barras de Aragón y, por último, unas cadenas
que une en el centro sus ocho brazos de eslabones.

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LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL


 
Leyenda: JUZGADO DE PAZ DE NOJA
Descripción: Balanza equilibrada sujetada por una mano y espada abajo.

De nuevo, en el caso de los Juzgados de Paz nos encontramos la simbología típi-


ca. Sin embargo, este sello en el momento del envío no se utilizaba. Fue comprado
en 1856 y dejó de usarse en 1870.
Por otro lado, el primer sello aquí presentado sí que se mantenía en uso siendo
utilizado, precisamente, desde 1870. Es curioso porque el escudo representado en
dicho sello real fue utilizado durante la etapa del reinado de Amadeo de Saboya
(1870-1873) que incorporó en el mismo el blasón de la Casa de Saboya que viene a
representarse con una cruz plana que está representada en el centro.
Existe otro sello, utilizado por el ayuntamiento que corresponde con el escudo
real borbónico con el cuartelado de leones y castillos.

Piélagos (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº50)



 

Leyenda: ALCALDIA CONSTITUCIONAL DE PIELAGOS


Descripción: Puente de piedra.

Piélagos es otro de los municipios que utilizan un sello propio con referentes a la
historia, cultura y arte de su territorio: “Copia del sello que se usa y ha usado / siem-
pre, tanto para los asuntos de la Corpo-/-racion como de las Alcaldias ó tenencias /
respectivas; el cual se remite en obser-/-vancia á lo prevenido por la circular / de 6
de setiembre último. / Este sello tiene su origen en hallarse la Casa / Consistorial,
situada en el mismo puente que / atraviesa el camino Real de Castilla, y divide al /
pueblo de Oruña con el de Arce uno y otro del / distrito municipal.”
Resulta incluso entrañable observar cómo en lugar de dar una fecha exacta o
aproximada del momento en el que se empezó a utilizar dicho sello, los representan-
tes del lugar afirman que dicho emblema ha estado ahí desde siempre.

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LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

Reinosa (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº57)



 

Leyenda: SECRETARIA DEL AYUN(TAMIEN)TO DE REINOSA


Descripción: Escudo en cuatro cuarteles con los siguientes símbolos:
guerrero armado con lanza, torre, águila explayada, flor. Sobre el escudo
un yelmo con lambrequines.

La imagen representada corresponde con el escudo señorial que poseía la villa


en la época. Este dato está afirmado por el propio redactor del documento: “Este
sello de secretaria tiene las armas de la villa; no se puede saber la noticia historica
de / las armas por haber quemado el archivo los franceses en el año 1808 y dichas
armas estaban en la an-/-tigua Casa del Ayunt(amien)to y en los bancos de la Iglesia
del municipio. Se dió principio á usar dicho / sello en 1854.” Si bien es cierto que,
por desgracia no contamos con los datos históricos que dan lugar a la utilización de
dicha simbología, sí que es cierto que se aportan datos bastante significativos de la
Historia del lugar como el momento en el que empezó a utilizarse el sello, los luga-
res en los que podían encontrarse las armas de la villa, o la destrucción del archivo a
manos, según testimonio del autor, de los franceses.
En cualquier caso en 1967 se pidió a Rafael Gil una descripción de dicho escudo y
lo que éste señaló fue lo siguiente: “Primer cuartel: trae un guerrero como recuerdo de
la Batalla de Aracilun dada contra los romanos, donde se puso de manifiesto el espíritu
guerrero y lo indomable de las tribus cántabras nativas de esta región. Segundo cuar-
tel: trae una torre que representa la torre de Reinosa alrededor de la cual se formó el
primitivo poblado. Tercer cuartel: Trae un águila como símbolo de las que señorean en
las cumbres de las sierras Isar, Pico Cordel y Pico Tres Mares que rodean Reinosa: es
asimismo símbolo de la libertad tan querida en estas tierras. Cuarto cuartel: Trae una
flor y alude a la abundancia de plantas y flores medicinales que la naturaleza ha creado
en medio de las fragosidades de sus montañas, figurando entre ellas muy destacada-
mente la flor de árnica montana descubierta por el eminente botánico de Reinosa don
Miguel de Camaleño en el siglo XVIII”22 En esta época también se cambia el yelmo
con lambrequines propio de los escudos señoriales por la corona real.
Se debe señalar que esta descripción de los símbolos que decoran el escudo
inserto en este sello en tinta y que forma parte del escudo de armas de Reinosa, es la
oficial que da el ayuntamiento del lugar23.

22
GÓNZALEZ ECHEGARAY, María del Carmen. Escudos de Cantabria, tomo VI, Campoo y Castro Urdiales.,
Madrid: Hidalguía, 1999, págs. 191. ISBN: 84-89851-21-2. pag. 16.
23
Ayuntamiento de Reinosa - Nuestros símbolos [En línea, accedido el 5 de octubre de 2018] Disponible en el

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LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

San Vicente de la Barquera (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15,


nº70)

 

Leyenda: ALCALDIA CON(S)T(ITUCIONA)L DE S(A)N VICENTE DE LA


BARQUERA
Descripción: Mar y barco.

La descripción que realiza la villa de San Vicente de la Barquera es bastante


completa, sobre todo si lo comparamos con otros municipios de la antigua provincia
de Santander: “[...] La nave del sello de la Alcaldia representa las armas particu-/-
lares de esta villa de San Vicente de la Barquera, que son un navio a toda / vela en
campo blanco y azul, sinbolo de la que el dia tres de mayo de / mil cuatrocientos
ochenta y dos y bajo el mando del General de la armada, / Bonifaz, rompió el puente
de barcas, que sugetas con cadenas de / hierro, cruzaban el rio Guadalquivir y cuyo
rompimiento facilito al Santo / rey d(on) Fernando la toma de Sevilla que ocupa-
ban los moros desde el año / de setecientos once. Dicha nave estaba tripulada por
marineros naturales / de esta villa y las de Santander, Laredo y Castro-Urdiales, y su
figura / no era como la que aparece del sello, pues el antiguo sello que desaparecio /
durante la guerra de los franceses representaba una galeota con un castillo / y cadena
y unos marineros con los remos tendidos en ademan de / bogar.”
De manera que de nuevo en este municipio portuario nos encontramos con una
representación de la toma de Sevilla pero con diferencias claras con las otras imá-
genes. La simplificación de la simbología ya no sólo en comparación a otros muni-
cipios sino también, y como dice el texto, al sello anterior que fue destruido (como
otros) por los franceses, es clara y no se llega a explicar. Bien pudo ser por una deci-
sión personal, estética, o puntual; quizás la rapidez por conseguir de nuevo un sello
les llevó a optar por la sencillez… Son varias las opciones que se pueden manejar
en este sentido.
Es interesante reseñar el error del redactor de dicho documento al señalar que
dicha conquista fue realizada en el año 1482, confundiendo claramente la fecha real
de este acontecimiento que acaeció en 1248.

siguiente enlace: https://www.aytoreinosa.es/nuestros-simbolos/

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LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

Santander (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº73)



 

Leyenda: AYUNTAMIENTO CONSTITUCIONAL DE SANTANDER


Descripción: Campo decorado con escena marítima. Se puede observar
una nave, el mar y una torre. Dos cabezas de ángeles con aureola en la
parte superior del escudo, cada uno en una esquina.


 

Leyenda: [AY]UNTAM(IENTO) CONS(TITU)C(IONAL) DE LA


M(UY) N(OBLE) S(IEMPRE) L(EAL) Y D(ECIDIDA) CIUDAD DE
SANTAND[ER]. ALCALDIA DE SANTANDER
Descripción: Campo decorado con escena marítima. Se puede observar
una nave, el mar y una torre. Dos cabezas de ángeles en la parte superior
del escudo, juntos.

La explicación que da del tema representado en el sello no varía con respecto a


los demás, si bien es cierto que quizás es más detallado al tratarse del municipio que
ocupa la capitalidad de la provincia: “Se constituyó el escudo / con posterioridad
á la con-/-quista de Sevilla por el // Rey d(o)n Fernando, y re-/-presenta aquel una
nave / con las velas desplega-/-das [...] simboliza la rup-/-tura del puente de bar-
/-cas que los moros ha-/-bían tendido [...] empresa que / facilito la conquista / de
aquella ciudad.” Con respecto a las cabezas señala lo siguiente: “ [...] Las cabezas
con / nimbo son las de los Santos / mártires Emeterio y Ce-/-ledonio, patronos de
esta / poblacion desde antiguo. “
Cabe destacar que también nos habla de la leyenda usada y de la forma en la que
la consiguieron de manera que no sólo da importancia a la representación icono-
gráfica sino también a otros elementos del sello: “[..] Los dictados de Muy / Noble
Siempre Leal, pro-/-ceden del tiempo de d(o)n / Enrique 4º que concedió / la enton-
ces villa de San-/-tander al Marques de / Santillana, y habiendose / resistido los
naturales / á esta donacion, vencieron / á la gente de armas del / Marques, y consi-
guieron // su independencia que / les declaró el rey, conce-/-diendo á la villa los /
titulos espresados. Le fué / concedido el de ciudad / por d(o)n Fernando el 6º / en
1755. La completa / derrota que causaron los / vecinos de esta ciudad / con escasas
fuerzas á los / carlistas que vinieron / sobre ella en 1833, he-/-cho de gran influencia

220
MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

/ en la Guerra Civil de los / siete años, fué causa de / que el Gobierno la otorga-/-se
añadir el de Decidida [...]”

Santillana (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº74)



  

Leyenda: AYUNTAMIENTO CONST(ITUCIONA)L DE SANTILLANA


Descripción: Rostro sumado por una corona. Dos querubines laterales la
sostienen. Abajo un demonio tumbado y encadenado.


 
Leyenda: ALACALDIA CONST(ITUCIONA)L DE SANTILLANA
Descripción: Rostro sumado por una corona. Dos querubines laterales la
sostienen. Abajo un demonio tumbado y encadenado.

“Ambos sellos contienen las armas / de la muy noble villa de Santillana con-/-
sistentes estas la parte superior en la corona / del rey, y en lo restante sigue la corona
de / Santa Juliana, patrona de esta villa, su ca-/-ra, un angelote a cada lado y en la
par-/-te inferior y debajo de la santa existe ten-/-dido la figura del Diablo pendiente
de / una cadena que tiene la santa.”

Santiurde de Toranzo (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº76)



 

Leyenda: ALCALDIA CONSTITUCIONAL DE SANTIURDE DE


TORANZO
Descripción: Únicamente posee un campo donde se inserta la
leyenda. El campo se mantiene sin decoración alguna.

221
MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

De nuevo nos encontramos ante un sello cuyo campo está vacío. En esta ocasión
se desconoce el año de inicio aunque, teóricamente al menos, este sello tendría que
haberse dejado de utilizar en 1863, momento en el que se dio la orden de creación
de dos sellos: uno para la alcaldía y otro para el ayuntamiento. Sin embargo el pro-
pio documento señala que en algunas ocasiones se utiliza uno y en otras los otros.

Santoña (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº77)



 

Leyenda: AYUNTAMIENTO CONSTITUCIONAL DE SANTOÑA


Descripción: Escudo con cinco cuarteles. Los cuatro cuarteles superiores
representan un león y un castillo duplicados. La parte inferior (quinto
cuartel) una escena marítima: nave, torre y mar.

El sello de Santoña utiliza como simbología el escudo del lugar, que a día de
hoy sigue siendo el utilizado. En cualquier caso, el documento no nos aporta más
información. Realiza tres copias de este sello “mixto” y otras tres copias del de la
alcaldía que representa el escudo dinástico que tantas veces viene ya dándose.
En este sentido Florentino Antón Reglero ha realizado un estudio en torno a la
heráldica de Santoña. En dicha obra señala que Don Vicente de Cadenas y Vicent,
Cronista Oficial de Armas tuvo como encargo el rehabilitar el escudo del municipio
en 1969. Para ello realizó una exhaustiva búsqueda que culminó en resultados poco
favorables. De hecho, lo único que encontró fue la impronta de este sello: “En la
descripción que nos hace indica que se trata de un escudo heráldicamente despro-
porcionado, cortado, y cuya primera partición se cuartela a su vez para mostrarnos
las armas de Castilla y de León en su forma habitual y que en la segunda, vemos, y
copio literalmente: <Sobre ondas de mar, una peña grande o montaña, y sobre ella
un castillo, y saliendo d ela peña una cadena que se hunde en el mar, y delante de
ella un barco de tres palos con las velas desplegadas>. El escudo, advierte, aparece
timbrado con la corona real cerrada”.
Como ya viene siendo costumbre, la escena naval corresponde con la toma de
Sevilla.

222
MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

Torrelavega (AHN, Sigil., Sellos en tinta-Santander, Caja nº 15, nº82)



 

Leyenda: AYUNTAMIENTO CONSTIT(UCIONA)L DE


TORRELAVEGA
Descripción: Campo decorado con escena marítima. Se puede observar
una nave, el mar y una torre. Dos cabezas de ángeles en la parte superior,
juntas.

A simple vista, podríamos pensar que la escena a la que hace referencia es la


de la toma de Sevilla, como viendo siendo costumbre, sin embargo el testimonio
del municipio es el siguiente: “Comenzó á usarse este sello en 1840: lle-/-va las
armas de la provincia, que consisten en la cabeza de los Santos Mártires Emeterio /
y Celedonio, el castillo de San Martín sobre la ba-/-hia y una corbeta. La corona que
falta al se-/-llo fue quitada despues de la renuncia de / d(on) Amadeo 1º y proclama-
cion de la Repúbli-/-ca.” Hacen aquí referencia a la fortificación situada en la Punta
de San Martín, en Santander lugar que, a día de hoy no puede ser contemplado24.

CONCLUSIONES

Como ya se ha señalado anteriormente y se ha podido comprobar al analizar muy


sucintamente los sellos en tinta de la provincia de Santander, este tema es extrema-
damente rico en una gran variedad de temas. No sólo en torno a la Sigilografía o a
la Heráldica. Gracias a estos sellos se puede estudiar cómo funcionaba el municipio.
Sus entresijos, cómo realizaban su trabajo, si eran rápidos burocráticamente hablan-
do, si entendían lo que se les pedía desde instancias superiores y si eran diligentes.
Nos permite, también, observar cuál era el grado de alfabetización y de conocimien-
to de los funcionarios, así como el bagaje cultural de los municipios, tanto en los
propios sellos (conociendo su función, épocas en las que fueron utilizados, situación
política en la que se desarrollaron, etc.) como en las explicaciones que dan de los
mismos y de las imágenes en ellos representados. Podemos conocer quiénes eran las
personas que estaban en el poder en ese momento, ya sean los alcaldes o los dele-
gados en el caso de que éstos otros no hubiesen firmado por unos u otros motivos.
También gracias al estudio de los sellos podemos descubrir aspectos relativos a la
historia local o regional, así como a leyendas, mitos, ideales o sociedad.

24
SÓLORZANO TELECHEA, Jesús Ángel - Santander en la Edad Media: Patrimonio, parentesco y poder.
Ayuntamiento de Torrelavega: Servicio de Publicaciones de la Universidad de Cantabria, 2002. págs. 497. ISBN:
84-8102-290-X. pág. 93

223
MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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miscelánea científica. Madrid: Universidad Complutense, Departamento de
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vascos en la campaña naval de 1430 y los intentos por extender la jurisdicción
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Revista de Estudios Marítimos del País Vasco, ISSN: 1136-4963. Nº 5, (2006)
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Institución “Fernando el Católico”, 2002. 432 págs. ISBN: 978-84-7820-675-9.
GARRIDO MARTÍN, Aurora; ESTRADA SÁNCHEZ, Manuel: La provincia de
Santander y la Diputación provincial de Santander 1833-1981. En MOURE
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Parlamento de Cantabria: Servicio de Publicaciones de la Universidad de
Cantabria, 2002. ISBN: 84-8102-317-5. págs. 220-239
GARRIDO MITJAVILA, Alejandro: La Justicia de Paz en España; dirigido por la
Profesora María Luisa VILLAMARÍN LÓPEZ. Madrid: Facultad de Derecho,
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SÁNCHEZ BADIOLA, Juan José - “Símbolos locales en los sellos de tinta palen-
tinos durante el siglo XIX”, Publicaciones de la Institución Tello Téllez de
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MIRIAM FERNÁNDEZ PÉREZ
LA COLECCIÓN DE SELLOS EN TINTA EN LA ANTIGUA PROVINCIA DE SANTANDER EN EL ARCHIVO HISTÓRICO NACIONAL

SÓLORZANO TELECHEA, Jesús Ángel - Santander en la Edad Media:


Patrimonio, parentesco y poder. Ayuntamiento de Torrelavega: Servicio de
Publicaciones de la Universidad de Cantabria, 2002. págs. 497. ISBN: 84-8102-
290-X. pág. 93
TUBÍO ADAME, Francisco - “Colección de sellos de tinta de las ciudades y pue-
blos canarios de 1876”, Crónicas de Canarias, ISSN: 1699-8669, Nº6 (2010),
págs. 323-331
TUBÍO ADAME, Francisco - “Estudio de los sellos en tinta del ayuntamiento de
montilla del año 1877”, Crónica de Córdoba y sus pueblos, ISSN: 1577-3418,
Nº23 (2016), Págs.. 23-34
Ayuntamiento de Reinosa - Nuestros símbolos [En línea, accedido el 5 de octubre
de 2018] Disponible en el siguiente enlace: https://www.aytoreinosa.es/nuestros-
simbolos/

225
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX:
IMAGEN Y EVOLUCIÓN

JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS


Universidad Complutense de Madrid
0000-0002-6353-6406
josemafr@ucm.es

Resumen: En este trabajo quiere mostrarse la diversidad de sellos utilizados por


Carlos III de Austria como pretendiente a la Corona española durante la Guerra
de Sucesión, así como el impacto que tuvo en ellos su ascenso al trono del Sacro
Imperio. Del mismo modo veremos el mantenimiento de la heráldica hispana en los
sellos usados por el ya emperador Carlos VI tras las paces de Utrecht y Rastadt, y
sobre todo de la de Viena (1725), para lo cual utilizaremos como fuente complemen-
taria las monedas, que nos mostrarán como la heráldica no es unívoca sino que se
adapta a las necesidades de cada momento.

Palavras-chave: Carlos III de Austria, Guerra de Sucesión, sigilografía, heráldica.

Abstract: In this work he wants to show the diversity of stamps used by Carlos
III of Austria as a pretender to the Spanish Crown during the War of Succession,
as well as the impact on them of his ascension to the throne of the Holy Roman
Empire. In the same way we will see the maintenance of the Spanish heraldry on
the stamps used by the emperor Charles VI after the treaties of Utrecht and Rastadt,
and especially of Vienna (1725), for which we will use coins as a complementary
source. They will show us how heraldry is not univocal but adapts to the needs of
each moment.

Keywords: Charles III of Austria, War of Succession, sigilography, heraldry.

227
JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

La Guerra de Sucesión española puede ser considerada como la primera Gran


Guerra de ámbito mundial e inició una importante serie de conflictos dinásticos en
Europa (sucesión de Polonia, de Austria, por Silesia…) que trastocaron comple-
tamente el mapa de Europa y modificaron alianzas seculares, lo cual afectó a la
heráldica de los contendientes. En este trabajo veremos cómo el Archiduque Carlos,
titulado como Carlos III Hispaniarum Rex fue uno de los principales protagonistas
del período y cómo fue usando diversos escudos heráldicos dependiendo de las cir-
cunstancias y soportes, centrándonos aquí especialmente en los sellos, aunque sin
olvidar otros documentos oficiales como las monedas1.

LA SUCESIÓN DE CARLOS II Y EL INICIO DE LA GUERRA

Tras numerosas intrigas en Madrid y en todas las Cortes de Europa, pactos secre-
tos y muertes inesperadas2, el rey Carlos II sorprendió a todos dejando como primer
heredero a su sobrino Felipe, duque de Anjou, nieto de Luis XIV, con la esperan-
za de que Francia garantizara la integridad territorial de la Monarquía Hispánica y
evitara una partición ya pactada por la mayor parte de los Estados Europeos, y en
principio lo consiguió3, pero el resto de Europa no tardó en reaccionar4 y poco des-
pués se firmó el Tratado de la Gran Alianza entre Inglaterra, las Provincias Unidas5

1
FRANCISCO OLMOS, José María de - La moneda como arma política en la Guerra de Sucesión Española
(1703-1713). El Numerario del Archiduque Carlos. Cuadernos de Investigación Histórica, Madrid, Revista de la
Fundación Universitaria Española, Seminario “Cisneros”, Vol. 24 (2007), p.177-231. Donde se tratan también los
antecedentes del conflicto y la bases legales y jurídicas de cada uno de los contendientes.
2
FRANCISCO OLMOS, José María de - La sucesión de Carlos II y la Archiduquesa María Antonia de Austria
(1669-1692): Una reina de España en potencia. Hidalguía, Madrid, Revista de la Asociación de Hidalgos de Espa-
ña, nº 354 (año LIX, sep-oct 2012), p.613-683.
3
Tras el impacto inicial Luis XIV decidió aceptar la totalidad del Testamento de Carlos II (que moría el 1 de
noviembre de 1700) e informó de ello a las potencias, siendo Felipe V de Anjou proclamado poco después rey en
Versalles (16 de noviembre) y poco después en Madrid (24 de noviembre), e inmediatamente en el resto de los terri-
torios de la Monarquía, en especial por los gobernadores de las sensibles zonas de los Países Bajos (Maximiliano II
de Baviera), y del Milanesado (Carlos Enrique de Lorena, príncipe de Vaudemont), mientras Europa guardaba silen-
cio, de hecho las Provincias Unidas e Inglaterra reconocieron oficialmente a Felipe V como rey de España (febrero
y abril de 1701), y nada se hizo incluso cuando Luis XIV declaró oficialmente que la Casa de Anjou conservaría sus
derechos de sucesión a la Corona de Francia, firmó acuerdos de alianza con Baviera, hizo que sus tropas entraran en
los Países Bajos, obligando a las guarniciones holandesas de la Barrera a retirarse, y consiguió que varios estados
italianos aceptaran la presencia de sus tropas (Milanesado, Mirándola, Mantua, Saboya) (primavera de 1701).
4
La diplomacia europea entretanto no permanece inactiva y se mueve con relativa rapidez, produciéndose un gran
cambio las alianzas, Guillermo III de Orange, gobernante de Inglaterra y Holanda, se siente profundamente enga-
ñado por Francia, ya que él había sido el autor de los tratados de reparto, y Luis XIV los había firmado e incluso
se había comprometido a defenderlos militarmente, ahora el rey de Francia había conseguido todos sus objetivos,
dominaba de hecho los Países Bajos españoles y trataba de mantener la paz basándose en que sus acciones benefi-
ciarían al comercio holandés e inglés en las colonias hispanas de América y en todo el Mediterráneo, presentando
siempre los hechos consumados. Pero al final la guerra parecía inevitable, aun cuando los enemigos de Luis XIV
tuvieran dificultades en ponerse de acuerdo en sus intenciones.
5
Su gobernante y el artífice de los pactos de reparto de la Monarquía Hispánica había sido Guillermo de Orange,
estatuder desde 1672, y rey de Inglaterra y Escocia junto a su mujer María II Estuardo desde 1689 hasta su muerte
en marzo de 1702. Su sucesora en Gran Bretaña fue su cuñada, Ana Estuardo (1702-1714) que siguó su política.

228
JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

y el Emperador (7 de septiembre de 1701), donde se declaraba que el emperador


Leopoldo debía recibir compensaciones por sus derechos a la herencia hispana (al
menos Nápoles, Sicilia y el Milanesado), las potencias marítimas podrían conservar
sus conquistas en las Indias españolas, los Países Bajos meridionales permanecerían
como barrera de las Provincias Unidas contra Francia y su soberanía quedaba pen-
diente de asignar, aunque nada se decía concretamente del trono español6.
Tras muchos preparativos y negociaciones el 15 de mayo de 1702, Inglaterra,
las Provincias Unidas y el Emperador Leopoldo declararon formalmente la Guerra
a Francia. Al iniciarse la Guerra hubo importantes cambios en las alianzas, así
Portugal, cambiaba de bando, y el 16 de mayo de 1703 se unió a la Gran Alianza,
reconoce los derechos de la Casa de Austria a la sucesión hispana y ofrece su terri-
torio como base militar para invadir Castilla7; lo mismo que el duque de Saboya,
que el 8 de septiembre de 1703 firmaba un acuerdo con el Emperador, aceptaba
subsidios de ayuda y recibía como compensación los territorios de Montferrato,
Alessandria, Valsesia, Valenza y Vigevano. Meses después y de forma solemne en el
palacio de La Favorita (Theresianum) de Viena, el emperador Leopoldo y su primo-
génito José renunciaban a todos sus derechos a la Corona de España en el archidu-
que Carlos, siendo éste proclamado oficialmente el 12 de septiembre de 1703 rey de
España con el nombre de Carlos III (figura nº 1).

Figura nº 1: Medalla de Proclamación de Carlos III

6
Poco después se unió a esta Alianza Prusia-Brandeburgo, y muchos príncipes de Alemania decidieron firmar
acuerdos con las potencias marítimas o con el Emperador, como Hesse-Cassel (primavera de 1701) y Sajonia (enero
de 1702), y poco después todos los Círculos imperiales, salvo el de Baviera (que era aliado de Francia), se unieron
a la Gran Alianza (marzo de 1702).
7
A cambio Castilla debía renunciar a sus reivindicaciones sobre el litoral norte del río de la Plata y ceder no sólo
las fortalezas extremeñas (Badajoz, Alburquerque y Valencia de Alcántara), sino también las ciudades gallegas de
Tuy, Bayona, La Guardia y Vigo. Por último Portugal recibiría subsidios para costear la guerra y el mando supremo
militar en la península, produciéndose el desembarco de las tropas aliadas en Lisboa en marzo 1704.

229
JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

CARLOS III HISPANIARUM REX. DE LA PROCLAMACIÓN A UTRECHT-RASTADT

De esta forma empezó la guerra, que duraría más de diez años. Este conflicto no
es el objeto de este trabajo, pero debemos indicar que durante el mismo se produjo
la muerte del emperador José (17 de abril de 1711) sin herederos varones, lo que
conllevó el acceso al trono imperial de su hermano, el titulado Carlos III de España,
con el nombre de Carlos VI (12 de octubre de 1711), lo cual complicó aún más la
solución del mismo. Ahora veremos las consecuencias heráldicas de este enfren-
tamiento en los cuatro grandes bloques territoriales que componían la Monarquía
Hispánica: la Península Ibérica, los Países Bajos, el Milanesado y las Dos Sicilias.

La Corona de Castilla

Espacio compuesto por tres Coronas, la de Castilla, que era la hegemónica, la


Corona de Aragón (cuyos territorios peninsulares eran Aragón, Cataluña, Valencia
y Baleares), y el Reino de Navarra. Aunque el Archiduque logró entrar en Madrid
en dos ocasiones, la ciudad y en general toda la Corona de Castilla y el Reino
de Navarra fueron siempre fieles a Felipe V. La ocupación temporal de la capi-
tal de la Monarquía8 por los austracistas debería haber conllevado el control de la
Administración y sus instrumentos, sellos y monedas, pero no fue así, los Consejos
acompañaron en su huida a Felipe V, así como muchos funcionarios y Carlos III
no dejó huella heráldica de su paso por Madrid, pero este hecho hay que matizarlo.
Dado que la acuñación de moneda era la más potente de las regalías como propa-
ganda política, el austriaco decidió hacer moneda castellana a su nombre, en con-
creto piezas de plata de reales de a dos (pesetas), que tuvieron que ser fabricados
en Barcelona entre 1707 y 1714 (donde a veces aparecen citados como pessas de
dos), tomando como modelo tipológico los acuñados por Carlos II en Segovia en
1682, que introducían como novedad el uso del nombre del rey como tipo principal
de reverso, colocando sobre él una corona y debajo su numeral, mientras el anverso
era ocupado por las tradicionales grandes armas de la Monarquía (ya sin el escusón
de Portugal) (Figura nº 2). Esta interesante moneda nos muestra que en lo heráldico
Carlos III de Austria se consideraba el legítimo heredero de su tío y empleaba en las
monedas castellanas el escudo oficial usado en las mismas desde que así lo ordenara
Felipe II en la llamada Pragmática de la Nueva Estampa.

8
El 25 de junio de 1706 las tropas angloportuguesas mandados por Lord Galloway y el Marqués de las Minas ocu-
pan el Alcázar madrileño, y el 6 de julio es proclamado Carlos III como rey de España desde un balcón de la Casa
de la Panadería, haciendo el monarca oficialmente su entrada en Madrid el 4 de agosto, pero la villa era partidaria
del Borbón (de hecho los madrileños que le aclamaban se dice que cantaban Viva Carlos tercero / mientras haya
dinero, dado que se repartía dinero entre la multitud que seguía el cortejo real) y ante las dificultades que encuentran
las tropas aliadas en la zona terminan por retirarse, volviendo Felipe V a Madrid el 10 de octubre de 1706, mientras
el pueblo lo festejaba y “desaclamaba” al austriaco, cuya efigie fue quemada entre la alegría de la muchedumbre.
Años después, el 28 de septiembre de 1710 el archiduque Carlos volvería a ocupar Madrid, pero de nuevo el austria-
co tuvo que abandonar pronto la capital, volviendo a ella Felipe V el 3 de diciembre siguiente.

230
JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

Figura nº 2: Real de a Dos castellano (Barcelona, 1711)

Pero qué ocurre con los sellos. En Castilla se utilizaban habitualmente por la
administración los sellos de plomo y de placa, así como el famoso papel sellado. De
todos ellos es bien conocido el sello de placa de Carlos III, que usó de forma fre-
cuente durante todo el conflicto, sea cual fuera el lugar de emisión del documento,
cuya única diferencia con la heráldica de la moneda es el llevar alrededor el Collar
del Toisón de Oro, orden cuyo maestrazgo estaba hasta entonces unido al monarca
hispano como heredero de sus fundadores, los Duques de Borgoña (Figura nº 3)9.

Figura nº 3: Sello de placa de Carlos III de Austria (1706)

Y este modelo del sello de placa es el que debemos considerar como el oficial de
Carlos III durante su gobierno en España, como podemos ver en estos documentos,
la proposición real leída en nombre del monarca ante las Cortes catalanas el 5 de
diciembre de 1705, y que luego fue publicada llevando al inicio este escudo (Figura

9
El sello que mostramos estaba en un documento fechado en Valencia el 1 de diciembre de 1706, por el que se
concedía a la ciudad de Zaragoza el privilegio de acuñar moneda, según los fueros y leyes del Reino de Aragón, a
cambio de costear los gastos de un regimiento de infantería (Colección particular).

231
JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

nº 4a), y lo mismo la ejecutoria concedida a Joseph Villalonga y Maresme (8 de


febrero de 1706) (Figura nº 4b)10

Figuras nº 4a y 4b: Armas de Carlos III de Austria (Impreso y Ejecutoria)

Sobre el papel sellado hay que decir que no he encontrado ningún ejemplar
a nombre de Carlos III de Austria, pero he recibido noticias de la existencia de
algunos a nombre de Felipe V reutilizados por los austracistas, usando la misma
fórmula que se hará durante el reinado de Luis I, y la Guerra de la Independencia,
que es colocar sobre el mismo una leyenda específica que cambiara su adscripción
y uso como puede verse en este montaje realizado sobre los datos que conocemos
(Figura nº 5).

Figura nº 5: Papel sellado de Felipe V validado para el reinado de Carlos III (1706)

En cuanto al famoso sello de plomo no se conocía hasta ahora ninguno a nombre


de Carlos III, pero los descendientes de una conocida familia austracista castellana
me informan de que en su archivo se encuentra un sello a nombre de este monarca,
y tuvieron la gentileza de mandarme una imagen del mismo (Figura nº 6), pero no

10
Lo mismo que otras ejecutorias de la misma época, como la de Antonio Armengol (6 de noviembre de 1706, con-
cediéndole el título de Conde de Montagut) o la de Salvador Feliu de la Penya (25 de octubre de 1708, dándole el
privilegio de ciudadano honrado). Todas ellas en la Exposición Cataluña y la Guerra de Sucesión (1702-1715), más
datos en http://1714.mhcat.cat/es/ambit03/galeria_austracisme_al_poder.html

232
JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

he podido estudiarlo en directo y por tanto no puedo garantizar su autenticidad, más


allá de decir que es el mismo tipo que usó Felipe V en sus primeros años de reinado,
y los tipos y leyendas son los que deberían ser y coinciden con los conservados en la
actualidad, y dada su rareza he querido mostrarlo a pesar de mis dudas.

Figura nº 6: Posible sello de plomo castellano de Carlos III

La Corona de Aragón

Son de sobra conocidas las tradicionales peculiaridades legales y administrativas


de la Corona de Aragón, que en realidad era una confederación de estados indepen-
dientes cuyo único vínculo era que tenían un monarca común, así las leyes y las
monedas eran distintas en cada territorio de la Corona, y Carlos III acuñó siguiendo
estas especificidades en Cataluña, Mallorca, Aragón y Valencia (Figura nº 7).



 
Figura nº 7: croat barcelonés (1706), doblón de oro de Mallorca (1707)
dinero de Aragón (1709) y dieciocheno de Valencia (1707)

233
JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

Ahora bien, desde hacía siglos los sellos reales estaban totalmente regulados,
y los documentos dirigidos por el monarca a estos territorios llevaban unos sellos
específicos, y dado que esta Corona fue el territorio más fiel a don Carlos III y
gobernó en él de forma efectiva durante varios años conservamos ejemplares de
varios de estos sellos, que obviamente apenas presentan diferencias con los de
Carlos II.
En primer lugar hay que hablar del gran sello de cera roja de más de 110 mm
de diámetro específico de los documentos destinados a la Corona de Aragón
(Figura nº 8)11.

Figura nº 8: Sello de cera (monofaz) de Carlos III propio de la Corona de Aragón

El rey, en tipo mayestático, aparece sentado en un gran trono sobre el que apa-
rece su escudo “oficial”, que ya hemos comentado, y el monarca aparece coronado,
con manto y collar del Toisón, tiene en su mano izquierda, y sobre la rodilla, un
globo crucífero, y en la derecha el cetro, alrededor aparecen los escudos corona-
dos de Castilla, León, Sicilia y Navarra a un lado, y al otro los escudos con las
barras de Aragón, Nápoles, Jerusalén y Granada, siendo la leyenda: CAROLVS.
III.D.G.CASTELLAE ARAGO(Escudo sin corona de Austria) VTRIVSQ. SICIL.
ET HIERVS. REX. La única diferencia con los conocidos de este tipo de Carlos II y
Felipe V es que en ellos a ambos lados del trono aparece el aspa de San Andrés (o de
Borgoña) con el eslabón y las chispas, y en el de Carlos III no.

11
POSSE, Otto - Die Siegel der deutschen Kaiser und Könige von 751 bis 1913, Dresden, Wilhelm und Bertha v.
Baensch Stiftung, 1909-1913, IV Band, Tafel 1/1; Para sellos similares de Carlos II ver GUGLIERI, Araceli - Catá-
logo de Sellos de la Sección de Sigilografía del Archivo Histórico Nacional. I. Sellos Reales, Madrid, Dirección
General de Archivos y Bibliotecas, 1974, nº 672 (año 1672), 681 (año 1675), 682 (año 1679), 683 (año 1687) y
684 (año 1688). Sello similar de Felipe V (igual al de Carlos II) en MENENDEZ PIDAL, Faustino - Los Sellos en
nuestra Historia, Madrid, Boletín Oficial del Estado y Real Academia de la Historia, 2018, p.326-327, ejemplares
de 1701 (imagen) y 1706.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

Un importante apunte sobre la ausencia de símbolos borgoñones relacionados


con el Toisón en este sello. Carlos III era caballero de la Orden desde 1697, y
siempre usó estas insignias dinásticas de su Casa con orgullo, tras ser proclamado
en Viena rey y sucesor de Carlos II no hizo ningún nombramiento de caballero de
esta orden, tal vez por considerar que él no era el Gran Maestre de dicha orden,
pensando que estaba ligada a la sucesión borgoñona y no a la de la Monarquía
Hispánica, y por tanto del maestrazgo del Toisón debería haber pasado en 1700 a
su padre, el emperador Leopoldo (m.1705), y luego a su hermano José I (m.1711).
Sólo tras ser elegido emperador y convertirse en el último heredero varón de la
Casa de Austria-Borgoña, reunió a los caballeros que le eran afines y celebró con
ellos una reunión actuando el ya Carlos VI como Gran Maestre de la Orden del
Toisón de Oro (Viena, 10 de noviembre de 1712), y procediendo a realizar sus pri-
meros nombramientos. De hecho conservamos un sello propio de la orden, cuyo
anverso muestra como heráldica la que el emperador usaba desde 1703 en España,
con un leve cambio, las armas de la Casa de Austria salen del cuartel donde esta-
ban, ahora solo ocupado por la Borgoña antigua, y se colocan en lugar de honor
como escusón central en la parte superior del escudo12

Figura nº 9: anverso del Sello de la orden del Toisón de Oro (Austria)

El otro gran sello propio de la Corona de Aragón es el de oro (en tipología simi-
lar a la tradicional bula de plomo), del que tenemos noticias de su uso desde al
menos 1305, durante el reinado de Jaime II13. Este sello muestra al rey sentado en
12
Sello similar en POSSE, op.cit, IV Band, Tafel 8/4 y 5 (documento del 24 de marzo de 1722) cuyo reverso mues-
tra las armas del fundador de la orden, el Duque Felipe el Bueño de Borgoña, indicando así la continuidad dinástica
y el incontrovertible derecho del emperador al Maestrazgo, negando su adscripción a la Corona de España.
13
Sabemos que Pedro IV usó mucho este sello, concesión del vizcondado de Bas a Bernat Cabrera (8 de febrero

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

su trono, con corona, manto y toisón, cetro en la mano derecha y orbe crucífero en
la izquierda, es decir en la típica representación mayestática, en reverso el escudo
del reino de Aragón, la cruz de San Jorge cantonada por cuatro cabezas de moro
con corona radiada (Figura nº 10)14. En cuanto a la leyenda, es la misma que la del
sello de Felipe II, dice: CAROLVS III D.G. REX CAST AR LEG VS HIER TOL
VAL GALL MA SAR / COMES BARC DNS VIZ ET MOL DVX ATH ET NEOP
COMES ROSS ET CER15

Figura nº 10: Sello de oro aragonés de Carlos III

de 1341); creación del ducado de Gerona (21 de enero de 1351) para su primogénito, el infante Juan, concesión al
mismo del condado de Cervera (1353); donación del condado de Borja a Bertrán de Claquí (1366); en algunos de
los privilegios y donaciones que el rey hizo a su hijo menor, el Infante Martín (1369). Posteriormente se conocen
bulas de oro medievales del rey Martín I (MENENDEZ PIDAL, Faustino - Sigilografía en la Fundación Lázaro
Galdiano, Madrid, 2002, sello nº 48, p.73) y de Alfonso V (1451), siempre con la tipología propia de las bulas de
plomo aragonesas (no contamos su sello de oro como rey de Nápoles). Ya en época de los Austrias lo usó Felipe
II (Tesoros del Gabinete Numismático. Las 100 mejores piezas del Monetario del Museo Arqueológico Nacional,
Madrid, 1999, nº 88, p. 187). De este sello no conocemos el documento al que estaba unido, pero de otros sí. En
el Archivo Histórico Nacional (AHN Sección Nobleza, Osuna, Carpeta 14 nº 1) hay un sello de oro de las mismas
características realizado por Felipe III, que está unido a un documento fechado en Lisboa el 27 de julio de 1619,
la concesión del título de Marqués de Terranova (título de los reinos italianos de la Corona de Aragón) a don Juan
Hurtado de Mendoza; y en el Archivo de los Duques de Medinaceli (PAZ Y MELIA, Antonio - Documentos del
Archivo y Biblioteca del Excmo Sr.Duque de Medinaceli, elegidos por su encargo y publicados a sus expensas,
Madrid, 1915, tabla 48b, pp 382-383) se encuentra otro sello de oro, esta vez de Felipe IV, datado el 20 de octubre
de 1621 y colocado en un Privilegio dado a los duques de Segorbe y Cardona. Todos estos sellos tienen las mismas
características que el de Felipe II y ni tan siquiera se ha colocado el numeral regio tras el nombre del rey. De Carlos
II no conocemos sellos de estas características, pero en el Museo Lázaro Galdiano (op.cit., nº 49, p.74) existe una
cajita para sello de cera realizada en oro que tiene la misma tipología que los sellos de oro antes descritos para los
monarcas de la Casa de Austria en su actuación como reyes de Aragón, lo cual nos hace suponer que si hubiera sello
de oro o plomo de este monarca para dicha Corona tendría las características que aparecen en esta cajita. Más datos
sobre estos sellos en FRANCISCO OLMOS, José María de y NOVOA PORTELA, Feliciano - Historia y evolución
del sello de plomo. La Colección sigilográfica del Museo Cerralbo, Madrid, Real Academia Matritense de Heráldi-
ca y Geneaología, 2008, pp.101, 103, 128-129.
14
POSSE, op.cit, IV Band, Tafel 2/2 y 3 (documento del 12 de agosto de 1707).
15
Carlos III, por la Gracia de Dios, Rey de Castilla, de Aragón, de León, de las Dos Sicilias y Jerusalén, de Toledo,
de Valencia, de Galicia, de Mallorca, de Cerdeña, Conde de Barcelona, Señor de Vizcaya y de Molina, Duque de
Atenas y Neopatria, Conde del Rosellón y la Cerdaña.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

LOS PAÍSES BAJOS

Uno de los territorios más complejos y de mayor significado para la Casa de


Austria, ya que allí se formó la unión Austria-Borgoña que le dio su grandeza.
Fue uno de los más importantes campos de batalla de la Guerra y al final quedó en
manos de los Aliados, acuñando moneda Carlos III con las mismas características
heráldicas que sus antecesores es decir con la Nueva Estampa sin ningún añadido,
como podemos ver en este Patagón (1710) (Figura nº 11). Tras su proclamación
como emperador el único cambio que introdujo fue añadir los símbolos imperiales
específicos: el águila bicéfala y la Corona, como vemos en este Doble Soberano
(1725) (figura nº 12)16

Figura nº 11: Patagón de plata (Amberes, 1710)


Figura nº 12: Doble soberano de oro (Amberes,1725)

Esta fidelidad al modelo de sus armas que utilizaba como rey de España en los
Países Bajos se puede ver en otras dos interesantes piezas, por una parte la meda-
lla conmemorativa de su coronación imperial (22 de diciembre de 1711) (figura nº
13)17, donde sólo sus armas hispánicas coronadas se colocan sobre el águila bicéfala,
en un escudo bajo la Corona imperial y rodeadas por el Toisón, sin ninguna refe-
16
Ambas monedas en VANHOUDT, Hugo - De Munten van de Bourgondische, Spaanse en Oostenrijkse Nederlan-
den en van de Franse en Hollandse periode (1434-1830), Heveerle, 2015, p.525 (nº 765) y p.543 (nº 798).
17
RAMÓN, Juan Claudio - Medallas de la Historia de España. Colección José María Ramón San Pedro, II. De
Carlos II a Carlos III, Madrid, Museo de la Casa de la Moneda, 2017, p.218 (nº 423). Medalla realizada por el gran
grabador Philippe Roettiers.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

rencia heráldica a sus otros territorios patrimoniales (Estados austriacos, Bohemia,


Hungría, etc.) y el sello específico que usó en estos territorios, donde aparece mayes-
tático entre dos escudos el imperial simple y el de la Nueva Estampa (figura nº 14)18


Figura nº 13: Medalla de la coronación imperial de Carlos VI

Figura nº 14: Sello de Carlos VI para los Países Bajos

El Ducado de Milán

Feudo Imperial, que gobernaban los reyes españoles desde que así lo decidiera
Carlos V tras la muerte del último duque Sforza, lugar estratégico, ya que unía las
posesiones de las dos ramas de la Casa de Austria y era punto clave del famoso
Camino Español. Sus grandes monedas de plata llevan una heráldica compleja, la
Nueva Estampa, con el escusón de Portugal desde época de Felipe II, con un escu-
són central con las armas propias del Estado (el cuartelado del águila y la bicha vis-
contea). Felipe V acuñó tras acceder al trono con la misma heráldica, sustituyendo
Portugal por el escusón de Borbón-Anjou, pero tras la conquista del territorio por

18
POSSE, op.cit, IV Band, Tafel 3/6 (documento del 1 de julio de 1730). Leyenda con títulos generales (Emperador
de los Romanos, Rey de las Españas y de las Dos Sicilias, etc.., Archiduque de Austria, Duque de Borgoña y de
Brabante, Conde de Flandes, etc.)

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

los Aliados, Carlos III acuñó con el mismo modelo anterior, manteniendo las armas
de Portugal, algo insólito, no sólo porque desde finales del reinado de Carlos II se
habían suprimido estas armas, a instancias de Portugal19, sino porque además los
monarcas lusitanos eran aliados de Carlos III, de hecho sus tropas habían desembar-
cado en Lisboa, y junto a las inglesas y a las portuguesas habían invadido Castilla,
lo cual hace todavía más extraño el mantenimiento del escusón Portugal en la mone-
da milanesa, que no fue un error o un descuido de las primeras acuñaciones de 1707
(figura nº 15) , sino que este modelo heráldico se mantuvo durante todo el reinado
del ya emperador como Carlos VI.

Figura nº 15: Filippo de plata (Milán, 1707)20

Nápoles

Feudo papal, heredero del antiguo reino normando de las Dos Sicilias, en manos
de la Casa de Austria desde época de Carlos I, en su calidad de monarca de la
Corona de Aragón. Los austracistas tomaron el control de este territorio en 170721,
y unos años después el ya emperador Carlos VI envió al papa Inocencio XIII su
preceptivo juramento de fidelidad (Laxenburg, 26 de mayo de 1723), validado con
19
Tras la Paz de Lisboa de 13 de febrero de 1668, las autoridades portuguesas protestaron por el mantenimiento de
las armas y titulación portuguesa en las monedas y documentos castellanos, por lo que por real decreto circular de
12 de noviembre de 1683, comunicado a todas las Casas de Moneda, se decía que en las nuevas acuñaciones “no
se pusiesen entre las armas de Su Majestad, las de la Corona de Portugal”. Esta disposición se reiteró en una orden
remitida al Presidente del Consejo de Castilla el 15 de julio de 1685, donde se decía que “estando resuelto que para
que los portugueses no tengan motivo de reparo ni quejan se quiten del escudo de mis armas las de aquella Corona,
y no se pongan en la nueva moneda segoviana que se está labrando, y que se prevenga a las Chancillerías y Audien-
cias de estos Reinos que en los instrumentos públicos no se nombre el título de Rey de Portugal, mando que se
repitan estas órdenes para su observancia, y que lo mismo se ejecute en las impresiones que se siguieren, así en esta
corte como en las demás partes del Reino”. DASI, Tomás - Estudio de los Reales de a ocho, Valencia, 1950, tomo
II, p.194, apéndice, documento nº 981 GARCIA-MERCADAL Y GARCIA-LOYGORRI, Fernando - Los Títulos y
la Heráldica de los Reyes de España, Barcelona, 1995, p.153.
20
Para todas las acuñaciones milanesas ver CRIPPA, Carlo - Le monete di Milano, dalla dominazione austriaca alla
chiusura della zecca dal 1706 al 1892, Milano, 1997.
21
VOLTES I BOU, Pedro - L`Arxiduc Carles D`Austria, rei dels catalans, Barcelona, 1967, pp. 31 y ss. Después de
unos años el Archiduque fue reconocido secretamente por el papa como Rey Católico en enero de 1709.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

un gran sello de oro, que imitaba el que los monarcas hispanos habían enviado en
este tipo de documentos desde época de Felipe II22, aunque con algunas diferencias.
La leyenda de anverso es imperial y denota lo acordado en las paces que acabaron
con la guerra23, donde este territorio se asignó al Emperador, pero en reverso hay
una leyenda que indica la antigua legitimidad hispana24 a la que nunca renunció
el monarca, por eso la doble titulación. En cuanto a la tipología en anverso el rey
aparece en su trono, con corona, armadura, manto y toisón, apoyado en el escudo
que lleva el águila imperial y el escusón coronado de Austria, mientras en reverso
aparece a caballo, coronado y con espada en alto, a su espalda el escudo de la Nueva
Estampa, pleno, sin añadidos, su marca hispana (Figura nº 16)

Figura nº 16: Sello de oro del juramento de fidelidad al papa (Nápoles,1723)

Llama poderosamente la atención la ausencia de todo tipo de referencia heráldica


al propio reino de Nápoles, acentuando en todo momento la hispanidad del mismo,
algo que se mantiene, aunque con matices, en las monedas25, así en las escasas piezas
acuñadas en 1707, se retocan los diseños del reinado anterior manteniendo en el carli-
no de plata (figura nº 17) un cuartelado de Castilla, León, Valois-Borgoña26 y Aragón-

22
Todos estos sellos en MARTINI, Aldo - I sigilli d`oro dell`Archivio Segreto Vaticano, Milano, 1984. Este tiene un
tamaño de 115 mm y pesa 410 gramos.
23
CAROLUS VI D(ei) G(ratia) ROMANORUM IMPERATOR SEMPER AUGUSTUS.
CAROLUS III HISP(aniarum) UTR(isque) SIC(iliae) HIERUS(alem) IND(iarum) REX ARCH(idux) AUST(riae)
24

DUX BURG(undiae) MED(iolani) MANT(uae) ETC COMES HABSPUR(gi) TYR(olis) ETC


25
CAGIATI, Memmo - Le monete del Reame delle Due Sicilie, Nápoles, 1916-1937; PANNUTI, Michele et RIC-
CIO, Vicenzo - Le Monete di Napoli, dalla caduta dell`Impero Romano alla chiusura della Zecca, Lugano, 1984.
26
En algunos escritos se dicen que son las armas de los Anjou, que fueron nombrados reyes de Sicilia en el siglo
XIII, pero éstas eran el sembrado de lises de la Francia antigua, con un lambel de gules de tres caídas como diferen-
cia, al que luego se añadió la Cruz del Reino de Jerusalén y por última las fajas del Reino de Hungría; y aquí vemos
el sembrado de lises con una bordura componada de gules y plata, que es la que adoptó Felipe el Atrevido, hijo del
rey Juan II de Francia, luego Duque de Borgoña y antepasado directo de María de Borgoña, esposa de Maximiliano
de Austria, y de sus descendientes.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

Sicilia, con un escusón central con las armas de Austria. Y en las piezas acuñadas con
posterioridad a su acceso al trono imperial se usa un escudo algo más complejo, pero
también siguiendo los diseños del reinado anterior, las piastras de los años 30 (Figura
nº 18) muestran un rediseño de la Nueva Estampa para añadir en un lugar bien visible
Jerusalén y Hungría como marcas heráldicas propias del Reino de Nápoles, mientras
el tradicional escusón de Flandes y Tirol es sustituido por el de la Casa de Austria.

Figura nº 17: Carlino de plata (Nápoles,1707)

Figura nº 18: Piastra de plata (Nápoles,1731)

Las Paces. No vamos a entrar aquí en detallarlas27, sólo decir que a pesar de
ellas el conflicto seguía vivo entre el Emperador Carlos VI y Felipe V, que además
deseaba reconquistar parte de lo perdido en Utrecht, en especial los territorios ita-
lianos28. Pero al final se produjo el acercamiento definitivo entre ambos que llevó
27
Las Paces generales que formalmente acabaron con la Guerra de Sucesión española fueron las de Utrecht, que en
realidad fueron tratados bilaterales firmados por Francia por una parte (sin que España pudiera negociar) y la mayor
parte de los Aliados por otra (1713), excepto el Emperador que se negó a ceder hasta unos meses después (Rastadt,
6 de marzo de 1714) y Baden (7 de septiembre de 1714). Al final Carlos VI consiguió aumentar sus territorios con
los antiguos Países Bajos Españoles, el Ducado de Milán, Cerdeña, los Presidios de Toscana y el Reino de Nápo-
les, mientras que el Duque de Saboya recibió el reino de Sicilia, todo a costa de la antigua Monarquía Hispánica,
además los Electores de Colonia y Baviera (aliados de Francia) fueron restaurados en sus dignidades y territorios.
28
Exitosos desembarcos en Cerdeña y Sicilia, pero las Potencias decidieron que lo más importante era mantener lo
pactado en los tratados que pusieron fin a la Guerra y por ello se firmó el Tratado de la Cuádruple Alianza (Londres,
2 de agosto de 1718, Gran Bretaña, Francia, Provincias Unidas y el Emperador). Poco después, a principios de 1720
(La Haya, 17 de febrero), el rey de España se adhirió al Tratado de la Cuádruple Alianza, y además se decidió que el
Duque de Saboya entregaría Sicilia al Emperador y recibiría a cambio Cerdeña, y se establecía que ambos monarcas
(Carlos VI y Felipe V) se reconocerían y harían cesión de sus derechos sobre los territorios que habían cambiado

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

el 30 de abril de 1725 a la firma de los llamados Tratados de Viena, que por una
parte indultaban a aquellos que habían apoyado las pretensiones del Emperador a la
Corona de España, se les devolverían sus bienes y se les reconocerían los honores,
mercedes, grados y títulos recibidos de manos de Carlos III de España, y por otra, en
lo protocolario, autorizaban a ambos soberanos a que pudieran “usar y usen durante
su vida de los títulos que el uno y el otro han tomado; pero sus herederos y suce-
sores habrán de usar de aquellos títulos solamente que correspondan a los Reynos
y Provincias en cuya posesión están, omitiendo todos los demás”. Por ello hasta su
muerte Carlos VI utilizó los títulos hispanos en sus diplomas, monedas y sellos29.
Y vamos a terminar este trabajo estudiando el gran sello heráldico de Carlos VI,
así como haciendo un comentario sobre el uso de unas armas específicas por parte
del Emperador.

LA HERÁLDICA DE CARLOS VI HASTA SU MUERTE (1740)

Tras estudiar los sellos imperiales (1711-1740) usados por Carlos VI30 hay que
decir que existe una gran diversidad de modelos, con una heráldica que muestra la
organización confederal de los estados. El escudo más complejo de la Cancillería
Imperial muestra todos los territorios gobernados por Carlos VI, incluidos muchos
de los de la antigua Monarquía Hispánica (Figura nº 19)31.

de soberano tras el fin de la Guerra, lo cual hicieron Carlos VI (Viena 16 de septiembre de 1718) y Felipe V (22 de
julio de 1720), pero la definitiva reconciliación entre ambas Cortes se produjo años después por intereses concretos,
Carlos VI tenía un grave problema sucesorio al tener como heredera únicamente a su hija, la luego famosa empera-
triz María Teresa, y promulgó una Pragmática Sanción (1713) para asegurar que ella recibiría íntegra la herencia de
la Casa de Austria, siendo desde entonces su política firmar numerosos tratados con distintos soberanos de Europa
que siempre incluían la cláusula de aceptación de esta Pragmática; del mismo modo Felipe V deseaba conseguir el
reconocimiento para el primogénito de su segundo matrimonio con Isabel de Farnesio, el Infante Carlos, los dere-
chos de sucesión sobre los ducados de Toscana, Parma y Plasencia, que el Emperador debía autorizar.
29
Caso aparte es el tema del Maestrazgo del Toisón, que Felipe V entendía unido a la Corona de España y Carlos
VI a la herencia dinástica de los Austra-Borgoña, por lo cual no se llegó a ningún acuerdo sobre el tema y se han
mantenido hasta hoy dos ramas de la Orden totalmente independientes.
30
POSSE, op.cit, IV Band, Tafel 3-12.
31
Escudo cuartelado. 1º Partido en dos y cortado en uno con las armas de Hungría (antigua y moderna), Bohemia,
Dalmacia, Croacia y Bosnia, sobre el todo el escusón de Austria; 2º Cuartelado con las armas de Castilla, León,
Aragón y Aragón-Sicilia, sobre el todo escusón de Habsburgo; 3º Cuartelado con las armas de Brabante, Suabia
(Hohenstaufen), Amberes (que a veces es sustituido por las armas del Principado de Transilvania) y Limburgo,
sobre el todo escusón de Borgoña antigua; 4º Cuartelado con las armas de Anjou, Jerusalén (que juntas hacen
Nápoles), Navarra y Flandes, sobre el todo un escusón con las armas de Cataluña. Entado en punta un partido de
Tirol y Milán. Todo bajo Corona Real cerrada y rodeado por el Collar del Toisón de Oro, y a su vez sobre águila
bicéfala que sostiene cetro y espada en una de sus garras y orbe cruciforme en la otra, todo bajo la Corona Imperial.
Con leyenda: Carolus VI Dei Gratia Romanorum Imperator, Semper Augustus, Germaniae, Hispaniae, Hungariae,
Bohemiae, utriusque Siciliae, Hyerosolymitanis, et Indiarum Rex, Archidux Austriae, Dux Burgundiae, Brabantiae,
Mediolani, Princeps Sueviae, Cataloniae, Marchio Sacri Romani Imperii, Comes Habsburgi, Flandriae, Tyrolis.
Un documento validado por este sello fue la concesión del título de Príncipe del Imperio (Reichsfürst) al entonces
Primado de Hungría (Arzobispo de Ezstergom, el Cardenal Christian Augusto de Sajonia-Zeist), fechado el 9 de
diciembre de 1714.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

Figura nº 19: Sello de la Cancillería Imperial32


Figura nº 20: Gran Sello33

Durante la Guerra de Sucesión el Sacro Imperio se dividió, y dos electo-


res, el Duque de Baviera y el Elector de Colonia, se aliaron con Francia contra el
Emperador, por los cual perdieron sus derechos electorales y no participaron en la
Elección de Carlos VI (1711), como puede verse en esta medalla que conmemora el
hecho (Figura nº 21), donde en el centro aparece el Emperador Electo (recordemos
que además era el Elector de Bohemia), rodeado de los otros Electores34.

32
POSSE, op.cit, IV Band, Modelo heráldico Tafel 4/3 (Reichshofkanzlei).
33
POSSE, op.cit, IV Band, Modelo heráldico Tafel 6/2 (Gran Sello de la Staatskanzlei). Misma leyenda que el sello
anterior, pero más desarrollada, por lo cual ocupa dos líneas.
34
Los arzobispos de Maguncia y Tréveris, y los Electores Palatino, de Sajonia, de Brandeburgo (Rey de Prusia) y
de Hannover (duque de Brunswick-Luneburg), mostrando en reverso los símbolos propios de sus cargos imperiales.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

Figura nº 21: Medalla Conmemorativa de la Elección Imperial de Carlos VI

Esta ruptura del Sacro Imperio, que se muestra en la medalla, sólo se cerró tras
la Paz de Baden (1714), donde los Electores de Baviera y Colonia recuperaron sus
derechos, volviendo el Colegio Electoral a completarse con nueve puestos, y esto
se verá de forma muy clara en la Bula de Oro de Carlos VI (Figura nº 22), cuyo
anverso muestra al rey mayestático en su trono, dentro de una gran arquitectura, que
está dominada por los escudos de todos los Príncipes Electores, en la parte superior,
los de los Arzobispos de Maguncia, Tréveris y Colonia; a uno de los lados los de
Bohemia, Sajonia y Palatinado, y al otro los de Baviera, Brandeburgo y Hannover,
mientras en reverso aparecen las grandes armas heráldicas antes comentadas, con el
Collar del Toisón, águila bicéfala, etc., siendo el único cambio alguna modificación
en la leyenda35.

Figura nº 22: Sello de Oro36

35
Carolus VI Dei Gratia Romanorum Imperator, Semper Augustus, Germaniae, Hispaniae, Hungariae, Bohe-
miae, Indiarum utriusque Siciliae, Dalmatiae, Croatiae, Sclavoniae, etc. Rex, Archidux Austriae, Dux Burgundiae,
Mediolani, Mantuae, etc, Princeps Belgiae, Sueviae, Wierthembergae, et Comes Tyrolis.
36
POSSE, op.cit, IV Band, Modelo heráldico Tafel 5/1-2 (Bula de oro), documento fechado el 1 de julio de 1715.
GLAFEY, Adam Friedrich - Specimen Decadem Sigillorum Complexum Quibus Historiam Italiae, Galliae Atque

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

Este gran sello heráldico es sólo un ejemplo, aunque el principal, de los muchos
modelos heráldicos usados por Carlos VI, y tras estudiar todos ellos debemos decir
que existe una especie de heráldica base, que se usa en todos los sellos, y que luego
destaca un elemento concreto, normalmente como escusón, si el sello pertenece
específicamente al Reino de Bohemia, al de Hungría, a los estados austriacos, etc...,
y esa heráldica base de los sellos del Emperador muestra de nuevo la primacía de la
herencia hispana (Figura nº 23)37.


Figura nº 23: Sello Secreto del Emperador38

Con las monedas existe un organización similar, hay acuñaciones específicas


de los grandes reinos (Bohemia, Hungria), de los estados patrimoniales de la Casa
de Austria (Tirol, Estiria) o de otros territorios de importancia estratégica (Silesia,
Transilvania), donde hay siempre una modificación heráldica que especifica y des-
taca esta diversidad, por tanto cada una de estas monedas muestra una heráldica
distinta en su anverso, pero estudiando todas ellas podemos también encontrar el
modelo básico de la heráldica monetaria de Carlos VI, que podemos ver en este
Reichsthaler (Figura nº 24)39.

Germaniae, Illustrat, Leipzig, Joseph Christopher Meisner, 1749, capítulo V, tabla IX, fig nº 36 y 37, p.40-41.
37
Escudo Partido. 1º Cortado de un cuartelado con las armas de Castilla y un partido con las de Aragón y Aragón-
Sicilia; 2º Cortado de Hungría y Bohemia, sobre el todo escusón de Austria.
38
POSSE, op.cit, IV Band, Tafel 7.
Escudo Cuartelado con las armas de Castilla, Hungría, Bohemia y Borgoña antigua y sobre el todo escusón de
39

Austria.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

Figura nº 24: Reichsthaler (1713)

Con esta base (Castilla, Hungría, Bohemia, Borgoña y Austria) se forman todos
los escudos monetarios antes mencionados40, pasando alguno a escusón destacado
(en el caso de Bohemia o Hungría, y entonces bajando Austria a ocupar su lugar en
el cuartelado), o bien uniéndose en un único cuartel Austria y Borgoña, para colocar
en escusón el territorio a destacar (Tirol, Estiria, Silesia...).

 


Figura nº 25: Heráldica básica y las específicas de Bohemia, Hungría, Tirol y Silesia

40
Todas las monedas de Carlos VI pueden verse en KRAUSE, Chester L, y MISHLER, Clifford - Standard catalo-
gue of world coins: Eighteenth century 1701-1800, Iola, Wisconsin, Krause Publicantions, 1997.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS
LOS SELLOS DE CARLOS III DE AUSTRIA COMO HISPANIARUM REX: IMAGEN Y EVOLUCIÓN

CONCLUSIÓN

Todo lo mencionado hasta ahora nos lleva a una reflexión clara, la heráldica no
es una ciencia exacta y unívoca, no existen unas únicas armas de Carlos de Austria,
sino que en cada momento y lugar utilizó uno u otro diseño, no de forma aleatoria,
sino por obligaciones políticas y administrativas. En cualquier caso siempre sintió
especial predilección por su herencia hispánica, de la que siempre se consideró legí-
timo propietario, por lo cual usó de forma habitual el modelo de la Nueva Estampa
(1566), ya fuera en forma tradicional o con ligeras modificaciones, como hemos
visto en sus sellos, incluso en territorios fuera de la Península Ibérica, como los
Países Bajos, Nápoles, Milán, las medallas de su elección imperial y por supuesto
el sello de la Orden del Toisón de Oro, de la que se consideraba Gran Maestre por
ser el único descendiente por línea de varón de Maximiliano de Austria y María de
Borgoña. Y por eso el modelo base de su heráldica sigilar posterior a la Guerra de
Sucesión pone en lugar de honor las armas de Castilla y León y las de Aragón y
Aragón-Sicilia, y lo mismo ocurre con sus monedas como Emperador, donde las que
acuña en los territorios que nunca tuvieron relación con la Monarquía Hispánica,
llevan de nuevo como base heráldica un escudo cuyo primer cuartel lo ocupan las
armas de Castilla.
Esta investigación, basada en los dos grandes documentos oficiales de cualquier
estado, los sellos y las monedas, nos lleva de nuevo a reivindicar el papel de los
modernos estudios heráldicos, que no buscan simplemente la descripción, sino sobre
todo la identificación, datación y explicación del uso de unas armas u otras en los
documentos de un monarca, y cómo cambian debido a la organización política de
sus estados (confederal, federal, centralizada), a una reivindicación política concreta
sobre un territorio o la plasmación de un derecho dinástico puesto en duda, etc...

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249
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL
ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO: ESCUDOS
HERÁLDICOS Y MARCAS DE PROPIEDAD

JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS


Universidad Complutense de Madrid-Grupo Numisdoc
orcid.org/0000-0002-6353-6406
josemafr@pdi.ucm.es

YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ


Universidad Complutense de Madrid-Grupo Bibliopegia
orcid.org/0000-0002-1876-4258
amoxtlan@gmail.com

ANTONIO CARPALLO BAUTISTA


Universidad Complutense de Madrid-Grupo Bibliopegia
orcid.org/0000-0001-7382-0649
acarpall@ucm.es

Resumen: Las encuadernaciones artísticas de la Real Academia de Bellas Artes de


San Fernando contienen, muchas de ellas, marcas de propiedad en forma de super-
libros, exlibris, exdonos, inscripciones manuscritas, etc. En el presente trabajo se
identifican y estudian los exlibris que contienen escudos heráldicos como los del
barón de Forna, Antoine de Mareste d`Algy, Jean Baptiste Michel, barón Michel
de Trétaigne, Antoine Trolliet o el del barrio parisino de Clignancourt. Además se
incluyen los sellos, inscripciones manuscritas y exlibris que nos indican la proce-
dencia o propiedad de las encuadernaciones. La identificación, estudio y descrip-
ción de estas marcas de propiedad nos ayuda a la identificación de quiénes fueron
los antiguos poseedores, desde los primeros propietarios hasta los que donaron sus
bibliotecas a la Real Academia, conociendo además mejor la historia de la propia
institución.

Palabras clave: exlibris, Heráldica, encuadernaciones, Real Academia de Bellas


Artes de San Fernando (España).

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

Abstract: The artistic bindings of the Royal Academy of San Fernando’s Fine arts
many of them contain, you mark of property in the shape of superlibros, exlibris,
exdonos, manuscript inscriptions, etc. In the present work there are identified and
study the exlibris who present heraldic shields as those of the baron of Forna,
Antoine de Mareste d`Algy, Jean Baptiste Michel, baron Michel de Trétaigne,
Antoine Trolliet or that of Clignancourt’s Parisian neighborhood. In addition the
stamps, manuscript inscriptions include and exlibris that indicated us the origin or
property of the bindings. The identification, study and description of these brands of
property helps us to the identification who were the former holders, from the first
owners up to those who donated his libraries to the Royal Academy, knowing in
addition better the history of the own institution.

Keywords: exlibris, Heraldry, bindings, Royal Academy of San Fernando’s Fine


arts (Spain).

INTRODUCCIÓN

La Real Academia de Bellas de San Fernando dispone de un biblioteca especia-


lizada en bellas artes como más de 60.000 libros, muchos de ellos pertenecientes a
legados y donaciones como los de José González de la Peña (Barón de Forna), José
Peñuelas, Bartolomé Pérez Casas, Román e Ildefonso Jimeno, Leopoldo Querol,
Ramón Stolz Viciano, Pedro Muguruza, Fernando Guitarte y García de la Torre y
Enrique Lafuente Ferrari, junto a los libros encuadernados que contienen la colec-
ción de grabados del monasterio de Valparaíso.
Muchas de esas obras, y más aún las que proceden de donaciones y legados, con-
tienen marcas de propiedad como inscripciones manuscritas, sellos y exlibris, varios
de los cuales contienen los escudos heráldicos de sus antiguos poseedores.
En la actualidad muchas bibliotecas con fondo histórico están realizando trabajos
de investigación para conocer cuáles fueron las procedencias de sus fondos y así
trabajar en la reconstrucción de las bibliotecas, que por diversas razones, fueron
disgregadas.
Este trabajo de investigación se inició con la firma de un convenio de colabora-
ción en 2012 entre la Real Academia de Bellas Artes de San Fernando y el grupo de
investigación Bibliopegia de la Universidad Complutense de Madrid1.
1
Mediante la firma de convenio se realizó el Trabajo Fin de Máster titulado “Estudio, catalogación y digitalización
de las encuadernaciones artísticas de la biblioteca de la Real Academia de Bellas Artes de san Fernando” en el año
2014, dentro del Máster en Gestión de la Documentación y Bibliotecas, especialidad en Patrimonio Bibliográfico,
impartido en la Facultad de Ciencias de la Documentación de la Universidad Complutense de Madrid y de la tesis
doctoral con el mismo título que el TFM, defendida en la misma Facultad de Ciencias de la Documentación, con
una calificación de Sobresaliente Cum Laude, Mención Internacional y Premio extraordinario, dirigida por el Dr.
Antonio Carpallo Bautista y tutorizada por el Dr. José María de Francisco Olmos.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

También se continuó con la investigación mediante el apoyo económico que


ofrecía el proyecto de investigación Santander/Complutense titulado “Las encua-
dernaciones de la Real Academia de Bellas Artes de San Fernando: estudio, digita-
lización, identificación y difusión” (PR26/16-20257) (2016-2017) y en la actualidad
con la ayuda del proyecto de Investigación I+D+i del Ministerio de Economía,
Industria y Competitividad 2018-2021 titulado “La Encuadernación Española en
las Reales Academias: encuadernadores, talleres y tipologías ligatorias (S. XVIII-
XX)”. (HAR2017-83387-P) (2018-2021).

OBJETIVOS

El trabajo que presentamos a continuación trata de estudiar identificar, poner el


valor y dar a conocer los antiguos poseedores de obras de la Real Academia de
Bellas Artes de San Fernando, en adelante RABASF, seleccionadas por su encuader-
nación artística, además de estudiar sus antiguos poseedores por medio de los exli-
bris que aparecen en el libro, y en particular los que contienen escudos heráldicos.
Además de los exlibris, encontramos otras marcas de propiedad como los super-
libros, exdonos y firmas de los antiguos poseedores, junto con otras como etiquetas
y sellos en tinta y en seco de librerías en donde se adquirieron las obras.

ESTADO DE LA CUESTIÓN

Sobre las marcas de propiedad y procedencias que aparecen en las encuaderna-


ciones de la RABASF se han realizado varios trabajos presentados en coloquios,
congresos y encuentros internacionales, como el del año 2015 con el título “Las
encuadernaciones y sus anotaciones manuscritas… Huellas y testimonios de sus
procedencias”, donde se estudian las obras que llevaba el navío Westmorland y que
se identificaban al llevar la anotación manuscrita de P.Y. (presa inglesa)2.
Ese mismo año se presentó otro trabajo titulado “Tipología de las marcas de
propiedad en las encuadernaciones de la biblioteca de la Real Academia de Bellas
Artes de San Fernando”, donde se identifican las marcas de propiedad de algunas
encuadernaciones de la RABASF como algunos superlibros, emblemas estampados,
exlibris adheridos en las guardas e inscripciones manuscritas que aparecen en las
guardas y portadas3.

2
La primera comunicación fue presentada por Yohana Yessica Flores Hernández en el II Coloquio “De la pluma a la
biblioteca: camino vital del libro manuscrito”, celebrado en la Universidad de Lleida, del 5 al 6 de Noviembre de 2015,
con el título “Las encuadernaciones y sus anotaciones manuscritas… Huellas y testimonios de sus procedencias”.
3
La segunda fue presentada por la misma autora y Antonio Carpallo Bautista en el VII Encuentro Ibérico EDICIC
2015: Desafíos y oportunidades de las Ciencias de la Información y la Documentación en la era digital, celebrado
en la Universidad Complutense de Madrid, del 16 al 17 de noviembre de 2015, con el título “Tipología de las mar-
cas de propiedad en las encuadernaciones de la biblioteca de la Real Academia de Bellas Artes de San Fernando”,
publicado en las actas del Encuentro
http://edicic2015.org.es/ucmdocs/actas/art/225-Flores_marcas-propiedad.pdf [consultado: 29-8-2018]

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

En 2016 se presentó la comunicación con el título “Desiderata de la encuaderna-


ción: las encuadernaciones de bibliófilo en la Real Academia de Bellas Artes de San
Fernando”, donde se estudiaban las encuadernaciones que pertenecieron a uno de
los más importantes donantes de la Real Academia como fue Antonio Correa4.
La última comunicación sobre marcas de propiedad se presentó en 2018 con
el título “Las marcas de propiedad en las encuadernaciones artísticas de la Real
Academia de Bellas Artes de San Fernando” donde se identificaban y describían los
superlibros de las encuadernaciones artísticas5.
También se han publicado en el Boletín de la Real Academia de Bellas Artes
algunos artículos sobre los donantes y antiguos poseedores, aunque no sobre sus
marcas de propiedad depositadas en las tapas, lomo, guardas y portadas6.

METODOLOGÍA

En cuanto al método de trabajo para realizar estos estudios, se comenzó con un


inventariado de todas las encuadernaciones artísticas depositadas en la Biblioteca,
Archivo, Museo, Archivo Calcográfico y el Fondo Ferrari, de las que se seleccio-
naron y estudiaron 658. De ellas se extrajeron las encuadernaciones con marcas de
propiedad como superlibros, exlibris, sellos de librerías e inscripciones manuscritas
de los antiguos poseedores. Te todas estas, para este trabajo, se han seleccionado los
exlibris que contienen escudos heráldicos, entre los que encontramos el del espa-
ñol barón de Forna, José González de la Peña, y los franceses como el de Antoine
de Mareste d`Algy, Antoine Trolliet, el barón Michel de Trétaigne, Jean Baptiste
Michel, y el de un barrio de París llamado Clignancourt.

EXLIBRIS CON ESCUDOS HERÁLDICOS

Antes de comenzar con el estudio de los exlibris con elementos heráldicos encon-
trados en las encuadernaciones artísticas de la Real Academia, vamos a realizar una
breve aproximación sobre los exlibris. Según el diccionario de la Real Academia de

4
La tercera comunicación lleva por título “Desiderata de la encuadernación: las encuadernaciones de bibliófilo en
la Real Academia de Bellas Artes de San Fernando” y fue presentada en el marco del II Congreso Internacional
sobre el libro Medieval y Moderno. La materialidad del libro, celebrado en Zaragoza los días 7, 8 y 9 de septiembre
de 2016 por Yohana Yessica Flores Hernández y publicada en la obra La materialidad del libro por Prensas Univer-
sitarias de Zaragoza en 2017.
5
III Congreso Internacional sobre Libro Medieval y Moderno. Leer la belleza: forma, estética y funcionalidad en el
libro medieval y moderno, celebrado en la Universidad de Zaragoza, de 12 al 14 de septiembre de 2018, con el título
“Las marcas de propiedad en las encuadernaciones artísticas de la Real Academia de Bellas Artes de San Fernando”
y realizado por Antonio Carpallo Bautista, José María Francisco Olmos y Yohana Yessica Flores Hernández.
6
Benedito, M. (1958) Necrología Ramón Stolz Viciano. Boletín de la Real Academia de Bellas Artes de San Fer-
nando, 7. Recuperado el 14 marzo 2014, file:///C:/Users/Yoy/Downloads/necrologia-don-ramon-stolz-viciano.pdf
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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

la Lengua nos idica que es un término latino que significa literalmente “de entre los
libros”, señalando que es una “etiqueta o sello grabado que se estampa en el reverso
de las tapas de los libros, en la cual consta el nombre del dueño o el de la biblioteca
a que pertenece el libro”.
Los exlibris los encontramos habitualmente, como indica la definición, en la
guarda anterior, aunque también se pueden encontrar en la posterior, y dispuestos
en la parte superior izquierda o en el centro, tal y como veremos en algunas de las
figuras a continuación.
Normalmente los exlibris suelen contener alguno de estos elementos:
a) Las palabras latinas ex libris u otro término semejante. En ocasiones podemos
encontrarnos términos como ex bibliotheca o ex museo, también para indicar
la procedencia mediante ex dono o ex haereditate cuando son donaciones tes-
tamentarias (Fig. 1).

Fig. 1. Ejemplos de Ex Bibliotheca, Ex Museo y Ex Dono

b) Otro de los tipos de exlibris son cuando se muestran las iniciales de los pro-
pietarios o el nombre completo, acompañado o no de la leyenda ex libris de
(Fig. 2).

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

Fig. 2. Exlibris con el nombre completo o las iniciales del propietario

c) También se pueden añadir leyendas, es decir lemas que complementan las ini-
ciales, figuras, escudos heráldicos, etc. (Fig. 3).

Fig. 3. Exlibris con lemas o leyendas acompañando a figuras

d) Por último, junto al nombre o iniciales, pueden aparecer algún tipo de figu-
ra relacionada con el mismo propietario e incluso se puede añadir su escudo
heráldico (Fig. 4).

Fig. 4. Exlibris con figuras y diseños

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

Sobre este último grupo de exlibris es sobre el que nos centramos en nuestro
trabajo, identificando, estudiando y describiendo los exlibris con escudos heráldicos
en su interior.
El primero de estos exlibris pertenece al barón de Forna, José González de la
Peña. Este personaje fue un pintor costumbrista y retratista. Nació en Madrid en
1887 y fue hijo uno de los hijos del barón de Forna, diplomático de la monarquía
española. Murió en Anglet (Francia) en 1961. Abandonó los estudios de Ingeniería
para formarse con el pintor Alejandro Ferrant y, antes de los veinte años, participó
con asiduidad en las exposiciones de caricaturas de la sala Iturrioz, donde demostró
un fino sentido del humor. Desempeñó el cargo de cónsul de Venezuela, colaboró
activamente en la fundación del Musée Basque et de l’Histoire de Bayonne junto
con Boissel, Veyrin, Nogaret, Daranatz, Aguirre, Urbero, Constantin y Apeceix.
Fue miembro corresponsal en Francia de la Real Academia de Bellas Artes de San
Fernando.
En vida dispuso la donación al Museo del Prado de varios cuadros de maestros
antiguos, por lo que, a petición del Patronato del Prado, le fue concedida por el
Gobierno la Gran Cruz de Alfonso X el Sabio. Fue también condecorado con la
Cruz de Caballero de la Legión de Honor de Francia, Caballero de la Orden de
Isabel La Católica y otras. No tuvo ningún discípulo. Fue un hombre de amplia
cultura y viajero infatigable, pronunció gran número de conferencias. Reunió en su
taller una espléndida colección de cuadros, estampas, esculturas, objetos artísticos y
curiosidades, así como una selecta biblioteca a la que él mismo llamaba Museo de
L’Atelier.
María Dolores Elizondo, esposa del pintor, dejó en su testamento un importante
legado a la Real Academia a su muerte en 1970, cumpliendo la voluntad de su mari-
do. La donación aceptada por la Real Academia el 21 de mayo de 1971, consistía en
un capital designado a ayudar a un Académico, a un pintor o aun escultor, que debía
ser designado por ella misma. Este premio tomó el nombre de José González de la
Peña por expreso deseo de la baronesa. No obstante, es preciso señalar que la idea
inicial de los donantes fue dejar a la Academia la residencia Fortuna-L’Atelier, con
todas sus posesiones, a la muerte de ambos conyuges. Finalmente, este propósito
se cambió por una suma de dinero cuya cuantía ascendió a setecientos veinte mil
francos7.

7
Foto y texto de: “Boletín de la Real Academia de Bellas Artes de San Fernando”, segundo semestre, Nº 71, 1990.
El legado “Barón de Forna”. Victoria Durá y Elena Rivera Navarro. Versión digital: http://www.cervantesvirtual.
com/obra-visor/el-legado-barn-de-forna-0/html/01497c3c-82b2-11df-acc7- 002185ce6064_48.htm [Consultado el
14 de marzo de 2014].

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

Fig. 5. Exlibris de José Antonio González de la Peña y Rodríguez de la Encina, barón de Forna (1887-
1961). Contiene la leyenda “lo que quiero puedo” (izquierda).
Exbris con el escudo de María Dolores Elizondo (†1970), mujer del barón. Contiene la leyenda en
una cartela MIRANDO SIEMPRE MAS ALTO Y MAS LEJOS (derecha)

Las encuadernaciones que contienen el exlibris del barón de Forna son las
siguientes: C 3/588; C 3/589; C-6957; C-6958; C-6959; C-7084; C-7173; C-7185;
C-7215; C-7218; C-7228; C-7934; C- 8265; C-8268; C-9988; C-9120; C-9731
(Fig. 5).
En estas encuadernaciones, además de los exlibris, encontramos diferentes tipos
de sellos, tres de ellos con el escudo heráldico y otro creado en la Real Academia
para indicar el legado del barón de Forna (Fig. 6).

Fig. 6. Sello de la Real Academia para identificar el legado del barón de Forna (izq.)
Pequeños exlibris como sellos que aparecen en las portadas de los libros mostrando las armas
principales del propietario

En la hoja de respeto de una de las encuadernaciones, aparece un exlibris pin-


tado del barón de Forna (1887-1961) y su mujer Dolores Elizondo (†1970) con la
leyenda en la parte superior “MONSTRANT REGIBUS ASTRA VIAM” (la estrella
muestra el camino a los reyes), lema del barón utilizado entre 1953 y 1961 y de
María Dolores Elizondo (Sig. 3/588) (Fig. 7).
En la parte inferior se muestran las leyendas:
“MIRANDO SIEMPRE MAS ALTO Y MAS LEJOS” y
“DON JOSE ANTONIO MARIA DE LAS NIEVES RAMON CAYETANO GARCIA DE LA
PEÑA Y RODRIGUEZ DE LA ENCINA… XXIV BARÓN DE FORNA”

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

Fig. 7. Exlibris pintado del barón de Forna y su mujer Dolores Elizondo

Aunque no es el objeto de estudio los superlibros, nos parece relevante incluir


una de las encuadernaciones en donde aparecen los escudos estampados en oro del
barón de Forna (tapa anterior) y de su mujer (tapa posterior) (sig. 3/588) (Fig. 8).

Fig. 8. Tapa posterior, lomo y tapa anterior

También añadimos la guarda anterior, ornamentaca con papel marmoleado,


donde se aprecian los dos exlibris, el del barón en la guarda y el de su mujer en la
guarda volante (Fig. 9).

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

Fig. 9. Guarda anterior con el escudo del barón y de su mujer

Otro de los exlibris que hemos encontrado, estudiado e identificado pertenece a


Jean Baptiste Michel, barón Michel de Trétaigne (1780-1869), aunque su hijo Leon
Jean-Baptiste Michel de Trétaigne8 y su nieto también podrían haberlo utilizado, a
excepción del título, porque en la III República ya no se reconocía, por esa razón
aparecen en todas las referencias como Monsieur Michel.
Este exlibris, diseñado por el grabador francés Provost-Blondel9 en el siglo XIX,
lo encontramos en una encuadernación tipo holandesa firmada por E. Vogel10 con la
sig. C-7048 (Fig. 10).

Fig. 10. Exlibris de Jean Baptiste Michel, barón Michel de Trétaigne (izquierda)
Enc. holandesa firmada por el encuadernador alemán E. Vogel (sig. C-7048) (derecha)
8
Leon Jean-Baptiste Michel de Trétaigne (1819-1876) y su mujer Anaïs Moureau d’Arembole (1824-1914).
9
Provost-Blondel. Diseñador francés del siglo XIX.
10
Nació en Dresde (Alemania), aunque todo su trabajó lo desarrolló en París donde estableció un taller sobre 1814,
donde se se encuadernaron obras para las bibliotecas reales, para nobles como el conde Etienne Méjan, además de
otros bibliófilos. Participó en la Exposición de Productos Industriales de 1823. Cambió en varias ocasiones de local
para su taller como el que tuvo, seguramente el primero, en el 24 rue Dauphine, y después cambió sobre 1835 al 78
rue du Four-Saint-Germain en París. Se cree que estuvo hasta aproximadamente hasta 1850.

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

En la guarda anterior de esta encuadernación encontramos también el exlibris del


barón de Forna y además el del barrio parisino de Clignancourt (Fig. 11).
Este últimno exlibris se refiere al barrio de París situado en Montmatre,
donde vivían los Michel, algunos de ellos alcaldes e historiadores. Muy posible-
mente el escudo de la izquierda pertenezca al hijo del barón Leon, Jean-Baptiste
Michel de Trétaigne (1819-1876), y el de la derecha al de su mujer Anaïs Moureau
D’Arembole (1824-1914) (sig. C-7048) (Fig. 11).

Fig. 11. Exlibris de Clignancourt (izquierda)


Guarda con los exlibris del barón de Forna, barón Michel de Trétaigne y Clignancourt en la parte
superior (derecha)

El estudio de los exlibris y otras marcas de propiedad nos ayudan a conocer la


historia de los poseedores de la obra y quienes fueron, cronológicamente, sus pro-
pietarios.
El siguiente exlibris, perteneciente a Antoine de Mareste d`Algy (†1672), lo
encontramos en una encuadernación con el supralibros de Luis XIV (B-3224)
(Fig. 12). La fecha que aparece en el exlibris corresponde con la fecha de su muer-
te por lo que es posible que la obra fuera adquirida por este personaje nada más
ser impresa en 1670 y encuadernada para él con su exlibris. Posteriormente el
hijo del propietario donó o vendió su biblioteca, que probablemente terminase
en la biblioteca real, y allí años después los reencuadernaran con el escudo real,
el mismo que el de la portada, y para mantener la procedencia pudieron despren-
der el exlibris de la encuadernación original y añadirlo en la reencuadernación de
principios del XVIII.

261
JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

Fig. 12. Exlibris de Antoine de Mareste d`Algy (†1672) (izquierda)


Suprarlibros de Luis XV (B-3224) (derecha)

El último de los exlibris que contienen un escudo heráldico pertenece a Antoine


Trolliet (1697-1759) (Fig. 13), que fue propietario de una gran biblioteca y una
colección de grabados, fue adquirida después de su muerte por el caballero de
Fleurieu.
Este exlibris lo encontramos en una encuadernación del siglo XVIII que contiene
en las esquinas de ambas tapas un león rampante dorado (sig. B-849).

Fig. 13. Exlibris de Antoine Trolliet (1697-1759) (izquierda)


Encuadernación francesa - Siglo XVIII (sig. B-849)

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JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

CONCLUSIONES

Uno de los objetivos de este estudio, y del proyecto que estamos llevando a cabo,
es la identificación de los antiguos poseedores de las encuadernaciones, algo necesa-
rio para la reconstrucción de las bibliotecas, y pensamos que con la identificación de
los escudos heráldicos que aparecen en los exlibris de estas encuadernaciones, este
objetivo se está logrando.
También de esta forma, conocemos mejor quienes fueron sus poseedores y cómo
acabaron en la Real Academia mediante donaciones y legados de otros bibliófilos,
no siendo algunos de ellos los primeros en la adquisición de la obra, conociendo a la
vez mejor la historia de las instituciones, en este caso de la Real Academia de Bellas
Artes de San Fernando.
Finalmente se han identificado y estudiado los diferentes exlibris de barón de
Forna, José González de la Peña y su mujer María Dolores Elizondo, y de los biblió-
filos franceses Jean Baptiste Michel, barón Michel de Trétaigne, el de Leon Jean-
Baptiste Michel de Trétaigne y el de su mujer Anaïs Moureau D’arembole, el de
Antoine de Mareste d`Algy, y por último el de Antoine Trolliet.

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263
JOSÉ MARÍA DE FRANCISCO OLMOS, YOHANA YESSICA FLORES HERNÁNDEZ, ANTONIO CARPALLO BAUTISTA
LOS EXLIBRIS EN LAS ENCUADERNACIONES DE LA REAL ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SAN FERNANDO

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264
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE
UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO


Universidad Complutense de Madrid
jlgonz01@pdi.ucm.es
orcid.org/0000-0002-5290-4859

Resumen: El secretario de Felipe II, Mateo Vázquez de Leca, se vio obligado


durante gran parte de su vida a desmentir los rumores sobre su oscura ascenden-
cia. Dedicó por un lado grandes esfuerzos a acreditar su descendencia de los Leca,
una noble familia de Córcega, y por otro lado, se esforzó por plasmar el diseño de
una heráldica propia que difundiera su nobleza, puesta en duda. Portadas de libros,
reposteros y, sobre todo, sellos de placa, le ayudaron en el propósito de difundir la
nobleza de su sangre. El análisis de la evolución de esta heráldica, así como de los
discursos emblemáticos y políticos que le acompañaron, según los ejemplos sigilo-
gráficos conservados, son el objeto de esta investigación.

Palabras clave: Mateo Vázquez de Leca, Sigilografía, Emblemática, España, Siglo


XVI.

Abstract: The secretary of Philip II, Mateo Vázquez de Leca, was forced for much
of his life to deny the rumors about his dark ancestry. On the one hand, he made
great efforts to credit his descendants of the Leca, a noble family from Corsica, and
on the other hand, he strove to embody the design of his own heraldry that would
spread his nobility, in doubt. Book covers, tapestries and, above all, plaque stamps,
helped him in the purpose of spreading the nobility of his blood. The analysis of the
evolution of this heraldry, as well as the emblematic and political discourses that
accompanied it, according to the stealthy examples conserved, are the object of this
investigation.

Keywords: Mateo Vázquez de Leca, Sigilography, Emblematic, Spain. 16th cen-


tury.

265
JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

En 1573 Felipe II nombró como su secretario particular a un laborioso sacerdote


sevillano, Mateo Vázquez (c. 1542-1591), que hasta entonces lo había sido del car-
denal Diego de Espinosa. A partir de este momento Vázquez emprendió una habili-
dosa estrategia para ganarse la confianza del rey y para consolidar su influencia en
la Corte. Con respecto a la primera cuestión, Felipe II le mostró su aprecio con la
concesión de nuevos oficios burocráticos y prebendas eclesiásticas. Y con respecto
a la segunda, es bien conocida su pugna con Antonio Pérez, el poderoso secreta-
rio de Estado. Es sabido que éste empleó para desacreditar a su rival las sombras
existentes sobre su origen familiar. Vázquez y su madre, originarios de Córcega,
habían sido cautivados por piratas berberiscos y rescatados en Argel hacia 1544.
Desembarcados en Sevilla, un canónigo de la catedral, Diego Vázquez de Alderete,
tomó a su servicio a la madre, Isabel de Luchiano, y acogió a su familia, toman-
do Mateo el apellido del clérigo.
Tan humildes y extraños orígenes ayudaron a Pérez en sus esfuerzos por des-
acreditar a Vázquez como posible hijo de un pirata berberisco o de un turco. Estos
rumores se extendieron en la corte de Felipe II con rapidez, lo que obligó al secre-
tario regio a desarrollar una amplia labor para desmentirlos. El secretario era cons-
ciente de que, para medrar en la Iglesia o al servicio de la Corona era necesario
disipar cualquier sombra sobre su limpieza de sangre o su legitimidad. Por ello, para
construir su genealogía y heráldica se sirvió de un extenso equipo de colaboradores,
quienes, desde 1579, recopilaron toda información susceptible de ser aprovecha-
da para argumentar a favor de su entronque con los linajes italianos de Lecca y
Colonna. El resultado final estableció una narración de los hechos un tanto inverosí-
mil a ojos del lector actual, de tal manera que tanto el Marqués de Cerralbo, Manuel
de Aguilera y Ligues, como después Patricia Marín, han definido la genealogía
de Mateo Vázquez como una “novela bizantina”1, llegando a calificarla Enrique
González como digna de las Novelas ejemplares de su amigo Miguel de Cervantes2.
Ahora bien, si fue una falsificación, entonces debemos preguntarnos por qué en la
época fue ampliamente aceptada y nunca fue puesta en duda, ni siquiera después de
la muerte del secretario (1591).
En nuestra opinión, esto se debió no sólo a la habilidad burocrática de Vázquez,
quien (como buen conocedor de los mecanismos administrativos de la época) logró
hacerse con suficientes testimonios legales para acreditar ante cualquier tribunal la
veracidad de su ascendencia, sino también a la verosimilitud de lo que se contaba,
pues en una época en la que el Mediterráneo era una extensa sociedad de fronte-
ra, entre la Cristiandad y el Islam, las historias de cautivos, tanto las reales como
las literarias, estaban completamente interiorizadas por la sociedad española de la

1
AGUILERA Y LIGUES, Manuel, marqués de Cerralbo – “El secretario Mateo Vázquez y la genealogía”, Hidal-
guía, 3 (1953), p. 621-628.
2
GONZÁLEZ GONZÁLEZ, Enrique – “Un espía en la universidad. Sancho Sánchez de Muñón, maestrescuela de
México (1560-1600)”, en Margarita MENEGUS (coord.), Saber y poder en México. Siglos XVI al XX. México D. F:
Centro de Estudios sobre la Universidad, UNAM, 1997, p. 105-169.

266
JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

época. En este contexto, el cautiverio de Mateo Vázquez y de su madre no eran tan


distintos de los sufridos por otros personajes no menos conocidos, como Miguel de
Cervantes o Jerónimo Gracián, sus contemporáneos. Es más, cuando se analizan
las informaciones de Vázquez sobre su ascendencia, no puede dejar de advertirse el
paralelismo existente con las que Cervantes también tuvo que recabar, una en 1569
sobre la limpieza de sangre, para acceder al oficio de Camarero del cardenal Giulio
Acquaviva, y otras en 1578 y 1580 (la famosa Información de Argel), compiladas
para dejar constancia de la heróica vida como cautivo del futuro autor del Quijote.

1. MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA ELABORACIÓN DE SU GENEALOGÍA

Entre los papeles sobre “Diversos de Curiosidad” que Vázquez reunió, sorprende
encontrar un pequeño billete en el que el propio secretario anotó su ascendencia, y
en el que se dice que su padre Santos era hijo de Ambrogino de Lecca, así como se
citan los hermanos, concluyendo: “Ha de irse a Ajacio a saberse”3. Quizás se trata
del primer apunte que el secretario logró obtener sobre su ascendencia, de aquí que
decidiera guardarlo como una prueba preciosa de su noble origen. Naturalmente,
este trozo de papel no tenía ninguna validez legal o pública, por lo que a lo largo
de su vida Vázquez se vio obligado a reunir una gran cantidad de probanzas, infor-
maciones y testimonios legales. Tal caudal de testimonios fue estudiado a fines del
siglo XIX por Gaspar Muro, Miguel de Bethencourt y por el conde de Valencia de
Don Juan, quienes se propusieron publicar una biografía del secretario4, y después
por el Marqués de Cerralbo (1953), Lovett (1977) y, más recientemente, por Macías
Rosendo (2008)5.
Entre el material recabado por Vázquez se pueden distinguir dos tipologías docu-
mentales: por un lado, tenemos las informaciones, en las que se recopilaban los
testimonios que acreditaban la ascendencia de Vázquez, y por otro lado, los textos
genealógicos, en los que (por medio de otras fuentes, históricas y literarias), se plas-
maba una historia familiar del secretario que se llegó a remontar hasta Constantino
el Grande. Con respecto a las informaciones, sabemos que las primeras experien-
cias negativas de Vázquez sobre su dudosa ascendencia se produjeron en Sevilla,
mucho antes de que llegara a Madrid. Recordaba hacia 1586 el obispo de Sigüenza,
Juan Manuel, en un testimonio sobre el que después volveremos, que visitando en
Sevilla al regente Pedro de Alderete en el ya lejano año de 1559, “heche de ver
que [éste] hazia extraordinario tratamiento a Matheo Vazquez, tratandole con más
3
Biblioteca Zabálburu (BZ a partir de ahora), Altamira, 154, Doc. 92.
4
Sobre esta cuestión, GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO, José Luis – La Epístola a Mateo Vázquez: historia de
una polémica literaria en torno a Cervantes. Alcalá de Henares: Centro de Estudios Cervantinos, 2010, p. 67-68,
notas 89 y 90.
5
AGUILERA, M – El secretario Mateo Vázquez..., p. 621-628; LOVETT, Albert W. – Philip II and Mateo Váz-
quez: the Governmente of Spain (1572-1592). Géneve: Librarie Droz, 1977; MACÍAS ROSENDO, Baldomero –
La correspondencia de Benito Arias Montano con el presidente de Indias Juan de Ovando. Huelva: Universidad de
Huelva, 2008, p. 69-80.

267
JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

demostración de fauor que si fuera deudo suyo, no faltando de ello embidia en algu-
nos que lo eran, y en su cassa asistían”6. La apreciación de Juan Manuel no estaba
errada, pues sabemos que poco tiempo después se realizó una probanza sobre el ori-
gen de Vázquez (1561), ante el teniente del Asistente en Sevilla, por Juan Álvarez
de Toledo y Andrés de Montoya7. El motivo no era otro que el propósito de que
Vázquez recibiera el canonicato que vacaba por la inminente muerte de su protector,
Pedro de Alderete. Para ello era necesario que el candidato cumpliera con los crite-
rios del Estatuto de la Catedral, es decir, que fuera legítimo y limpio de sangre. Los
testigos reconocieron haber conocido durante su tiempo de cautiverio a la madre de
Mateo Vázquez, y que iba acompañada de un niño8. Éste no lograría el canonicato,
pero la probanza pareció desmentir, al menos, que pudiera ser un hijo ilegítimo del
canónigo de la catedral, Diego Vázquez de Alderete, como se podía sospechar.
En 1564 ocurrió otro episodio que pone de manifiesto las dudas que la noble-
za del joven Vázquez suscitaba en Sevilla. De acuerdo una vez más con el testi-
monio del citado obispo de Sigüenza9, Vázquez se enemistó con don Alonso de
Arellano, alcalde de la justicia de Sevilla, quien se vio entorpecido por aquel en su
deseo de casarse con una cuñada de Juan Antonio Corzo Vicentelo. A tal matrimo-
nio también pretendía Arellano, pero Vázquez se interpuso y abogó por un secreta-
rio real, Antonio de Eraso, quien finalmente fue elegido como marido. El alcalde,
despechado, decidió vengarse, pero, según recordaba el obispo Juan Manuel, nada
pudo hallar en escarnio de los ancestros de Vázquez10. Para entonces éste ya había
emprendido el viaje a la Corte, como escribano al servicio de Juan de Ovando. En
octubre de 1564 estaba en Alcalá de Henares, acompañando a su señor, quien había
sido comisionado por Felipe II para que hiciera una visita a la universidad11.
Tras terminar la visita, Vázquez se asentó en Madrid, donde entró al servicio
del obispo Diego de Espinosa (1565). Eficaz y muy organizado, el joven sevillano
se ganó pronto el aprecio de su señor. En 1568, por ejemplo, éste logró para él una
secretaría del Consejo de la Inquisición, pero cuando en septiembre de 1572 falle-
ció el cardenal, Vázquez quedó desamparado. Afortunadamente, Felipe II le encar-
6
En Origen y descendencia de la Illma. y antigua familia y casa de Lecca. Biblioteca Nacional de España (BNE a
partir de ahora), Mss/ 9512. Le sigue: “Lo que supe y entendí, siendo Deán de Sevilla, en el particular del Secretario
Mateo Vázquez de Lecca”, fol. 65r y ss. En fol. 65v la cita.
7
“Lo que resulta de las informaciones sobre el nacimiento de Mateo Vázquez”. Instituto de Valencia de Don Juan
(IVDJ a partir de ahora), Envío 77, caja 102bis, fol. 608 y ss.
8
Una copia en IVDJ, Envío 54, tomo IV, ff. 367 y ss.
9
En Origen y descendencia, BNE, Mss/9512, fol. 65r y ss.
10
Recuerda Juan Manuel: “…De la qual [genealogía] resultaba por muchos testigos y muy fidedignos sin auer dis-
crepado ninguno, ansi de los naturales de Corçega que en Seuilla residian, como de todos los que se entendio que
desto podian tener particular noticia, ser tanta la nobleza del dicho [Vázquez] y tan conocida en su tierra que nin-
guno de todos los mayores personajes y de las casas de mayor antigüedad y mejor sangre podia presumir con raçon
de ser mejor que él, por ser de la es más conocida, y tiene su intención mejor fundada”. En Origen y descendencia,
BNE, Mss/9512… fol. 68r-v.
11
POOLE, Stafford – “Juan de Ovando’s Reform of the University of Alcalá de Henares, 1564-1566”, Sixteenth
Century Journal, 21 (1990), p. 575-606.

268
JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

gó que custodiara y conservara los papeles de Espinosa. Desde esta trascendental


posición, Vázquez se esmeró en dar a conocer sus aptitudes al monarca. Y el corso
salió triunfante en el intento, pues a mediados de marzo de 1573 el rey le nombró
como su secretario personal. No ha de sorprender que, tras las experiencias previas
en Sevilla, deseoso Vázquez de consolidar su nueva posición cortesana, solicitara
en ese mismo año una Información en Córcega sobre su ascendencia y cautiverio,
que se realizó ante el tribunal de la Inquisición en Cerdeña. Su propósito no era otro
que el de apuntalar la versión que sobre tales hechos había sido vertida por varios
testigos en Sevilla años atrás (1561)12. Doce testigos ratificaron las informaciones
existentes sobre el cautiverio de la madre de Mateo Vázquez y sobre su relación con
los Lecca, nobles señores de la isla de Córcega.
Una vez que el nuevo secretario de Felipe II logró ver confirmadas las circuntan-
cias de su nacimiento en Argel, que era nacido de un legítimo matrimonio y que su
familia gozaba de limpieza de sangre, su mayor ahinco se dedicó entonces a esta-
blecer la nobleza de su genealogía, y (como símbolo de la misma) la heráldica que
le correspondía portar públicamente, como testimonio de su condición nobiliaria. Es
verdad que, durante un tiempo, ésta no fue la principal prioridad del secretario, pues
sus esfuerzos se dirigieron a asegurarse la confianza del rey y a consolidarse como
el nuevo “patrón” de la clientela del fallecido cardenal Espinosa. Sin embargo, fue
inevitable que su éxito político le llevara al enfrentamiento con el secretario Antonio
Pérez, quien empezó a ver como su influencia en el monarca y en la Corte le era
disputada por Vázquez. En 1578, tras el asesinato de Juan Escobedo, Antonio Pérez
trató de desacreditar a su rival por todos los medios, pues Vázquez estaba empeñado
en demostrar la responsabilidad de Pérez en el crimen. Los orígenes oscuros del
corso le dieron un amplio margen para ello. Es conocido el exabrupto que la prince-
sa de Éboli lanzó contra Vázquez ante el propio Felipe II, al referirse a la “desver-
güenza de agora de ese perro moro que Vuestra Majestad tiene en su servicio”. La
frase es recogida por Pérez en sus Relaciones13. Al saber de esta injuria, la irritación
de Vázquez creció hasta el punto de que, abandonando su habitual mesura, remitió
a Pérez un billete acusándo a éste de no ser de “buena casta”, es decir, que descen-
día de judíos. Pérez protestó ante Felipe II, pero ya sin demasiado éxito. Su suerte
estaba echada.
Se comprende que fuera entonces cuando Vázquez decidió que era necesario des-
pejar todas las dudas sobre su genealogía. Para ello logró el inestimable apoyo del
conde de Barajas, Francisco Zapata de Cisneros, quien tomó a su cargo resolver la
cuestión. Se le remitieron copias de todos los informes y probanzas previos, y una
vez en sus manos puso especial cuidado en aclarar las contradicciones de algunos
de los testigos a los que se había tomado testimonio en Sevilla (1561) y en Cerdeña
12
Hay un resumen de la Información de Cerdeña en IVDJ, Envío 77, ff. 610r-611v. Y una versión oficial en Archivo
General de Simancas (AGS), Estado, legajo 1110, f. 3. Copia de la probanza sevillana (1561) en IVDJ, Envío 57,
caja 76, carpeta 3, fol. 125.
13
PÉREZ, Antonio – Relaciones y Cartas. Madrid: Turner, 1986, I, p. 115.

269
JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

(1573). Y es que muchos de los testigos sevillanos, corsos y sardos, interrogados


hasta entonces, carecían, en realidad, de información fidedigna sobre las cuestio-
nes abordadas. Por ello, y para ampliar los datos sobre su ascendencia en Córcega,
Vázquez decidió recurrir a sus amigos y clientes en Italia, en especial a Bartolomé de
Quesada, su agente en la corte pontificia. Sabemos que éste hizo algunas averiguacio-
nes sobre la genealogía de los Leca, localizando nueva documentación que le remitió
(en fecha desconocida, quizás también en 1579) bajo la denominación algo ampulosa
de “los papeles della grandeça de la illustrissima casa de Lecca”. Contactó también
con algunos parientes del secretario, como cierto capitán Ludovico de Lecca:
“Ya v. m. aura reçibido mis cartas con que fueron los papeles della grandeça de la illustrissima
casa de Lecca. Di la carta de v. m. al buen capitán Ludouico de Lecca, visité su mujer y su
vnica hija de cinco años, que me contentó el brío de la muchacha, que bien parece naçida de
gran casa. Creo yrá con esta respuesta dela de v. m. que se an regocijado en grande manera
con ella; y cierto veo la raçon que ay para estimar este hombre como abra v. m. visto por los
papeles que allá están”14.

Podría pensarse que, una vez caídos en desgracia Antonio Pérez y la princesa de
Éboli, apresados por orden regia el 28 de julio de 1579, a Vázquez dejó de intere-
sarle su ascendencia, pero no fue así. En otras cartas en las que Quesada narraba al
“archisecretario” regio los resultados de sus conversaciones con el capitán Luigi de
Lecca (1584), también le ponía al tanto de sus tratos con Anton Pietro Philippini,
arcediano del obispado de Marina en Cócega, quien estaba escribiendo una histo-
ria de la isla15. Se propuso que Vázquez financiara la edición, un mecenazgo que
evidentemente avalaría su noble ascendencia corsa. Los contactos con el cronista,
sin embargo, no llegaron a fructificar. El fallecimiento del secretario en 1591 se
produjo antes de que Philippini terminara su obra, de modo que cuando éste publicó
su Historia de Corsica (Turnon, 1594), apareció dedicada a otro personaje. En todo
caso, su interés en estas cuestiones explica que mucho más tarde se atribuyera a
Vázquez, con poco fundamento, la redacción de una Historia de Córcega16.
En su prurito nobiliario, descender de los Lecca no le pareció suficiente, sino que
también reunió pruebas de un parentesco más elevado, tanto con la gran familia de
los Colonna, como con los emperadores de Constantinopla. Con respecto a la pri-
mera cuestión, el secretario tenía a su favor la tradición que consideraba a todos los
cinarchesi como descendientes del príncipe Ugo Colonna, un noble italiano venido a
Córcega a petición del papa para expulsar a los sarracenos (816). Así pues, Vázquez,
sin necesidad de grandes investigaciones sobre su ascendencia, podía considerase
14
Carta de Bartolomé de Quesada a Mateo Vázquez (Roma, s.a.). IVDJ, Envío 12, caja 22, f. 393.
15
“En lo que toca a la Coronica de Corçega y quién y de qué autoridad es el que la hace y lo a ello anexo, va con
esta una inclusa breue, y en lo que a esto tocare haré yo los mejores oficios y diligençias que supiere para que aya-
mos nuestro intento”. Carta de Bartolomé de Quesada a Mateo Vázquez (Roma, 5-nov-1584). IVDJ, envío 12, caja
22, f. 394.”.
16
ROCCA, Cesari, Comte de Colonna – “Un ministre de Philippe II auteur d’une Histoire de la Corse (Matheo
Vazquez de Leca)“, Revue historique, 1917, vol. CXXVI, p. 61-70.

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JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

como un Colonna. Para el archisecretario real esta exhibición de su parentesco con


los Colonna, una familia que contaba con tres Papas en su árbol genealógico, no
debe interpretarse solo como un deseo de vanagloria personal. Tenía una importante
trascendencia política, ya que le permitía presentarse ante los potentados italianos
como uno de los suyos, al menos con respecto a la sangre compartida, desplazando
así a Antonio Pérez del control de las relaciones hispano-italianas.
La estrategia fue exitosa, pues la propia familia Colonna, cuyo cabeza era Marco
Antonio Colonna, virrey de Sicilia, abandonó el partido de Pérez, afanándose todos
sus miembros por agradar a Vázquez, aquel inesperado pariente sevillano. En reali-
dad, como señala Patricia Marín, fue el secretario quien propició este acercamiento,
aprovechando que Ascanio Colonna, hijo del virrey se encontraba estudiando en
Salamanca. En junio de 1583 le escribió para solicitarle una memoria sobre cómo
Ascanio tenía organizada su Casa, pues el secretario deseaba tomar dicha etique-
ta como modelo para su propio servicio doméstico. Era evidente su pretensión de
emular a los Colonna en esta cuestión17. Solo unos meses antes, en abril de 1583, el
pripio virrey Marco Antonio Colonna le había escrito a Vázquez ofreciéndole como
regalo el exquisito cuadro de La subida al Calvario, de Scipione Pulzone18. Se trata-
ba de un evidente gesto de reconocimiento político, pero también “familiar”.
Desde Italia también le llegó a Vázquez la “constatación” de que descendía de los
emperadores de Bizancio. Tal ascendencia era de difícil demostración documental,
pero el secretario real logró conseguir una declaración otorgada por cierto Nicolao
Cernovechio Angelo, supuesto heredero del trono de Bizancio, atestiguando que los
Lecca descendían de los emperadores bizantinos, a través de un prolijo documento
en latín, en el que, al final, se concedía a Vázquez el condado de Valona, o Bellona.
Firmado en Roma ante el notario público Jacob Grenierius el 17 de diciembre de
1583, se archivó con el siguiente marchamo: “Preuilegio de Conde de la Bellona
al Srio Mattheo Vazquez de Lecca mi Sr, con facultad de crear y hazer notarios y
tabelliones, legitimar todo género de Bastardos, no siendo Illres Principes Condes o
Barones”19. Para aquel antiguo paje sevillano, de padre desconocido durante mucho
tiempo, descender de Constantino el Grande y ser reconocido como conde (aunque
nuna empleara el título) no eran pequeños triunfos.
Tras las informaciones y certificaciones obtenidas, Vázquez propició la circu-
lación de varios textos para difundir su noble ascendencia. Uno era una “Memoria
(o relación) del origen y nobleça” (c. 1582), un texto que debía ser relativamen-
te extenso y que Vázquez hizo llegar a amigos y personajes relevantes. Otro era
el “Fragmento de la Ilustrísima Casa de Leca”, cuyo encabezado provoca cierta

17
Mateo Vázquez a Ascanio Colonna (San Lorenzo de El Escorial, 3 de junio de 1583). Archivio Colonna de Subia-
co, Cartegio di Ascanio Colonna cardinale. Citado en MARÍN CEPEDA, Patricia – Cervantes y la corte de Felipe
II. Escritores en el entorno de Ascanio Colonna. Madrid: Polifemo, 2015, p. 327, nota 65.
18
VANNUGLI, Antonio – “La Subida al Calvario de Scipione Pulzone para Marcantonio Colonna”, Archivo Espa-
ñol de Arte, LXXXV, 340 (2012), p. 303-328.
19
British Museum, Add MS 28.362, f. 151r-152r.

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JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

sorpresa, pero tal era su título20, y que puede describirse como un resumen (frag-
mento) de la “Memoria”. Un tercer texto fue el poema latino Corsica, que el huma-
nista Calvete de Estrella ya prometía en 1581 al secretario21, y que estaba basado
en una lectura no tanto de dicha Memoria, sino del “Fragmento”, al que Calvete
alude en 1584 como la fuente para su poema, atribuyendo a Fadrique Furió Ceriol
su redacción. Un último texto, bajo el título de El Origen y descendencia de la Casa
de Lecca, es un compendio de todo lo anterior y añade otros papeles reunidos, así
como una traducción al castellano del encomio Corsica, del propio Calvete22. Es
posible que se trate de la versión definitiva de la citada “Memoria (o relación) del
origen y nobleça”. Debió componerse hacia 1585, o al menos antes de febrero de
158623. En el ejemplar de la Biblioteca Nacional de España, el texto está anotado
por el propio Vázquez, con numerosas correcciones, quizás con vistas a elaborar
una copia mejor, o para su publicación o puesta en limpio. Sabemos de la existencia
de otra copia (datada en el siglo XVII), y que se conserva en la Bancroft Library, de
la Universidad de California24. No creemos que su autor fuera Juan Manuel, obispo
de Sigüenza, como se indica en el catálogo on line de la Biblioteca Nacional, pues
en el Origen solo se incluye su testimonio como un apéndice. El ejemplar califor-
niano aparece firmado por cierto “Salazar”. Sospechamos que se trata de Tomás de
Salazar, Comisario de la Cruzada y protegido de Vázquez en la Corte.
No ha de sorprender que después de tan laboriosa labor de propaganda, en 1587
Mateo Vázquez pudiera considerar plenamente consolidada su nobleza ante la opi-
nión pública de la Corte, pues escribe con rotundidad al propio Felipe II: “… y
no poder negar el [apellido] de Colonna pues averiguo la Inquisición ser yo revis-
nieto por linea derecha de varon del Conde Joan Paulo de Lecca q[ue] fue s[eñ]or
del rey[n]o de Córcega y descendiente del Conde Hugo Colonna q[ue] tambien lo
fue”25.

20
Se conservan al menos dos ejemplares manuscritos entre los papeles del propio Vázquez, “Fragmento de la IIma.
Casa de Lecca”. IVDJ, Envío 77, caja 102bis, fol. 140r-142v. Y en la Biblioteca Zabálburu, Altamira, 162, doc. 101
(7 hojas).
21
DÍAZ GITO, Manuel Antonio – “Un epigrama y una carta del humanista Calvete de Estrella”, en J. M.ª Maestre,
J. Pascual y L. Charlo (eds.). Humanismo y Pervivencia del Mundo Clásico II. Homenaje al Prof. Luis Gil. Cádiz:
Servicio de Publicaciones de la Universidad de Cádiz, 1997, 3 vols., II.3, p. 1335-1342.
22
Origen y Descendencia de la Illustrisima y Antigua familia y Casa de Lecca, Biblioteca Nacional, Madrid, Mss.
9512, fol. 33r. El texto latino de la Corsica, ff. 33r-43v, y el castellano, ff. 44r-63r.
23
Así se deduce que el obispo Juan Manuel, en su testimonio sobre “Lo que supe y entendí, siendo Deán de Sevilla,
en el particular del Secretario Mateo Vázquez de Lecea”, con que concluye el manuscrito del Origen y Descen-
dencia (fol. 65r y ss). Afirma, al referirse al matrimonio de Antonio de Eraso, “que oy viue” (fol. 67v). Se trata de
Antonio Gómez de Eraso, secretario del Consejo de Indias, quien falleció en Valencia el 10 de febrero de 1586.
24
Origen Y Desçendençia de la Yll[ustrissi]ma familia, y antiguissima Casa de Lecca, BANC MSS 75/114 z, [163]
pp. Quiero agradecer a la profesora Esther Burgos Bordonau la consulta de esta manuscrito, y la remisión de foto-
grafías que han sido de gran utlidad.
25
Carta de Mateo Vázquez a Felipe II (5-abr-1587). IVDJ, Envío 55, fol. 55.

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2. LA CONSTRUCIÓN DE LA EMBLEMÁTICA Y HERÁLDICA DEL SECRETARIO

No vamos a insistir aquí en la importancia que los lenguajes de la heráldica y de


la emblemática tuvieron en la Europa del Renacimiento y del Barroco. Sí diremos
que cuando Vázquez entró al servicio del cardenal Espinosa en la Corte, advirtió, sin
duda, que era costumbre en los secretarios reales emplear sellos con diversos divisas
y emblemas para cerrar sus cartas. Gonzalo Pérez (fallecido en 1566), y después su
hijo Antonio, empleban el emblema del laberinto, y Gabriel de Zayas, el carro del
Sol, por dar dos ejemplos bien conocidos. Disponer de un emblema era además una
cuestión de importancia en la tramitación burocrática de la época, ya que los secre-
tarios sellaban sus cartas con sellos de placa, labrados con sus emblemas o escudos,
para acreditar su procedencia. Por ello Vázquez, deseoso de emular a sus colegas,
utilizó varios sellos emblemáticos. Uno de los primeros, y el que más empleó, fue
el de un águila que alzaba el vuelo deshaciéndose de un lazo, que la mantenía atada.
Sabemos que ya en 1568 encargó la confección de una sortija “con diuisa de vna
aguila en azero”26, y que en el mismo año encargó a un artesano italiano una pluma
de plata con un sello de acero27. No se indica el motivo que figuraba en el sello, pero
sospechamos que se trataba también del águila. También aparecen citadas en un
inventario de joyas del secretario (1578) varias sortijas con su “empresa”28.
Hemos localizado algunos ejemplos de este sello
emblemático, datados entre 1574 y 1575, y empleados
en billetes intercambiados por el secretario con Felipe
II. Se trata de un pequeño sello octogonal, compatible
con la impronto dejada por un anillo. En él se muestra
un águila con las alas desplegadas, en vuelo, teniendo
las garras sujetas a un lazo, que se deshace ante el ímpe-
tu del ave, que vuela hacia una pequeña cruz, entre lla-
mas. Alrededor aparece el lema “IN DNO. LAVDABIT.
VR” (Fig. 1) 29. Sobre su interpretación, entre sus pape-
les de “Diversos de Curiosidad” Vázquez guardó un
texto manuscrito anónimo, en el que tras un breve resu-
men de su vida (donde solo se dice que era “de noble
Fig. 1 linage de la isla de Corçega de donde siendo pequeño
26
Recibo de Diego Rodríguez: “Digo yo Diº Rodriguez que reçebi del señor Matheo Vazquez çiento y cinco reales,
los quales son por la hechura de vna sortija que le hizo con diuisa de vna aguila en azero, y por la verdad lo firmé de
mi nombre en Madrid XIX de henero 1568. IVDJ, envío 55, caja 71, tomo 3, fol. 277.
27
Se conserva el recibo: “Digo yo Josephe Cerrenini que recibí del sº Matheo Vazquez, secretario del S. Presidente
çinco ducados, los quales son de plata y hechura de vna pluma con sello de azero que le hize, y por la verdad lo
firmé de mi nombre en Madrid, 23 de henero, 1568”. IVDJ, Envío 44, caja 57, fol. 194.
28
Inventario de joyas de Mateo Vázquez (c. 1578). IVDJ, Envío 55, caja 71, tomo 2, fol. 31 y ss.
29
Varios ejemplos en IVDJ, Envío 53, caja 69, carpeta 3, fol. 15 (Vázquez a Felipe II, Aranjuez, 23-feb-1574), ibí-
den, fol. 41 (Vázquez a Felipe II, 20-abr-1574). Se reproduce en la imagen (Fig. 1). Y en Envío 53, caja 69, carpeta
4, en varias cartas durante los meses de enero a junio.

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MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

fue lleuado captiuo por cosarios (sic) moros a Africa y alli rescatado por Contreras
famoso por su bondad”), se concluye: “Vsa por empresa vn Aguila que se suelta de
vn lazo con vn mote que dize In Domino laudabitur, cuya declaracion se reserua
para otro lugar”30. Se trata, evidentemente, del emblema que aparece en los sellos de
placa citados.
La prometida declaración de las letras o leyendas para la divisa del secretario
aparece a continuación en otro papel, de letra distinta. Los lemas se estaban mane-
jando como divisa para el secretario eran los siguientes: “Dominus adiutor foetis”,
“In Domino laudabitur”, “Domini certa salus”, “Inte cantatio mea semper” e “In
nomini Domini”. Distintos al anterior, todos los lemas aparecen acompañados de
eruditas anotaciones, pero a este último se añade el siguiente comentario: “Del
mismo argumento es que lo demás, porque hauiendo dicho que se había escapa-
do del lazo rompido…”31. Es decir, todo parece indicar que se trataba de leyendas
concebidas para acompañar al emblema del águila. Vázquez escogería como lema
el segundo, In Domino laudabitur. Creemos que la predilección de Mateo Vázquez
hacia esta divisa expresaba dos episodios fundamentales en su vida: su liberación
de Argel y su ascensión política. En ambos sucesos el águila del secretario se había
liberado de los lazos o servidumbres y enemistades que impedían su alto vuelo,
deseando llegar hasta Dios, a quien daba las gracias con el lema citado. En el mismo
legajo hallamos una carta de Mateo Vázquez a un “Muy magnifico señor”, agrade-
ciendo el discurso que sobre la divisa le había mandado:
“E visto el discurso que en nuestro propósito v. m. a hecho, que responde a la singular virtud,
sciencia y prudencia de v. m. con muy cumplida conformidad de my desseo. Sea Dios alabado
de cuya mano procede todo. Para la election de la letra van las propuestas con este [billete
o papel. i. e.], suplico a v, m. sea seruido de admitirme la razón y declaración de cada vna,
perdonando la pesadumbre que doy a las otras occupaçiones que por alla nunca faltan, con
seguridad que sin duda cabe todo en mi affiçion”32.

El interés personal del secretario por los emblemas puede rastrearse en su biblio-
teca, donde tenía un ejemplar del “Aquilabolante de Leonardo Aretino que trata de
historia y fabulas antiguas traducida en Venecia año de 1535 en 8° y cuero dorado”,
y otro de las “Las Empresas de Gironimo Ruscello en Venecia año de 1572 en 4° y
parg°”. Resulta inevitable relacionar ambas obras con el interés del secretario por
justificar la adopción de un águila como uno de sus emblemas sigilográficos. Esto
no le evitó seguir recibiendo memoriales eruditos, pues en 1578 se le remitió un
nuevo discurso sobre su divisa33. Quizás estuviera relacionado con la decoración de
su posada en Madrid, donde sabemos que Vázquez dispuso la colocación de un lien-

30
BZ, Altamira, 154, GD. 1, Doc. 114. Al verso pone “Diuisa”.
31
BZ, Altamira, 154, GD. 1, Doc. 114.
32
BZ, Altamira, 154, GD. 1, Doc. 114.
BZ, Altamira, 154, GD. 1, Doc. 80. El discurso se conserva en dos copias. Al verso del documento solo pone
33

“Madrid, 1578 / Para el señor Mateo Vazquez”, que permite datar el texto.

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MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

zo denominado como: “Otro de la empresa del Aguila”. No fue el único emblema


que Vázquez empleó. En algunos de sus billetes aparece un sello con el busto del
rey Felipe II (Fig. 2), práctica muy habitual entre varios secretarios del rey34.

Fig. 2.

Ahora bien, el uso de una empresa o de la efigie regia no atestiguaba nobleza. Y


para expresarla Vázquez decidió acudir al medio que era de mayor difusión, por su
labor como secretario: la correspondencia. Si atendemos a sus sellos de placa, no
fue hasta 1575 cuando se atrevió a dar a conocer de manera fehaciente y pública su
nobleza. Aunque en 1567 se cita el pago de un sello con las armas de Vázquez35, en
realidad creemos que tenía grabada la divisa del águila. Su primer sello heráldico
aparece en sus billetes a Felipe II desde agosto de 1575. En los meses anteriores se
comprueba que sigue usando el sello con el emblema del águila. A partir de agos-
to, en cambio, lo sustituye por este otro sello36. Se trata de una pieza semejante en
tamaño, pero esférica. Sin lema alguno, muestra un escudo partido de los Lecca,
águila sobre castillo en el cuartel superior, y un León en el inferior, al timbre figu-
ra un yelmo rodeado de lambrequines (Fig. 3). De la misma época parece ser una
lista de las cosas que el secretario llevaba al salir en compañía del Rey, en la que,
junto a una biblia, un breviario, un misal y una escribanía, figura ya “el sello de mis
armas”37.

34
Hemos localizado el uso de este mismo sello en cartas de Benito Arias Montano, Jerónimo Zurita y Antonio Gra-
cián Dantisco. En el caso de Vázquez, un ejemplo ya lo vemos en 1571, en una carta al Duque de Arcos (Madrid,
4-abr-1571). Archivo Histórico de la Nobleza, OSUNA, C. 1634, D. 261. En imagen (Fig. 2), sello en un billete a
Felipe II (San Lorenzo, 23-ago-1579). IVDJ, Envío 55, caja 72, fol 148.
35
Recibo del platero (Madrid, 4-feb-1567). IVDJ, Envío 55, caja 71, tomo 2, fol. 187.
36
Ejemplos en IVDJ, Envío 53, caja 69, carpeta 4. Con yelmo en fol. 149 (Vázquez a Felipe II, El Pardo, 4-ago-
1575) (Fig. 3), y fol. 198 (Vázquez a Felipe II, San Lorenzo del Escorial, 29-nov-1575).
37
IVDJ, Envío, 55, caja 71, fol. 371r.

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MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

Fig. 3.

El “archisecretario”, no obstante, tenía dudas sobre su auténtica heráldica, dudas


que se reflejan con claridad en el Fragmento sobre su ascendencia, redactado por
Furió Ceriol hacia 1583. En él se recoge una detallada descripción de los diferentes
blasones de los Lecca:

“La primera es:


De las mismas armas de Imperio de Constantinopla que son de golas al Aguila
descogida o abierta de oro coronada de lo mismo, el tiembre sobre hielmo abierto
corona de oro sobrepujada de vn Angel vestido de azur, a la a la estola de plata pas-
sada en aspa, y en la mano derecha cruz de golas bordada de oro.
La segunda
De golas quarteado de sinople sobre todo a la derecha Aguila de Constantinopla
el tiembre como el primero.
La tercera
De golas quarteado de sinople sobre todo al Castillo de plata sobrepujado de la
Aguila de Constantinopla el tiembre como el primero.

De poco tiempo a esta parte se han visto las armas de esta misma casa en otras
tres maneras y son:
La primera que es la quarta:
De golas quarteado de sinople sobre todo al Castillo de plata sobrepujado del
Aguila de Constantinopla y sostenido de vn leon de oro, el tiembre como el primero.
La segunda que es la quinta:
De golas a la Colunna de plata coronada de oro que son las armas de la Casa
Colonna Romana, partido de golas quarteado de sinople sobre todo al Castillo de
plata sobrepujado de la Aguila de Constantinopla y sostenido de vn leon de oro, el
timbre es de vna sirena del mar que es de la misma casa Colonna por el parentesco
tan estrecho que tienen entre sí las dichas casas de Lecca y Colonna.
La tercera que es sexta

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JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

De golas quarteado de sinople sobretod al Castillo de plata sobrepujado de la


Aguila de Constantinopla, y sostenido de un leon de oro a la bordadun (sic) de oro
cargada de cinco escudillos de casa Colonna, dos, dos y uno en punta el timbre
como el primero, que es del Imperio de Grecia.
La diuisa en general de todos los desta casa es esta letra, IN HOC SIGNO
VINCES”38.

Furió no cita las fuentes que empleaba para describir estas armerías, solo se
refiere para las tres primeras a la consulta de “libros de curiosos heraldos en Francia,
Flandes y Alemaña”, y para las otras tres omite toda referencia, que data con un
esquivo comentario sobre que las había recibido “de poco tiempo a esta parte”.
Sospechamos que los primeros escudos los halló en las bibliotecas de los reyes de
armas que estaban entonces al servicio de Felipe II, como Nicolás de Campis, rey
de armas de Borgoña, y Juan de España, o Jan van Späen, rey de armas de Flandes.
Los últimos modelos heráldicos, en cambio, debieron llegar desde Italia, gracias a
las pesquisas de Bartolomé de Quesada.
Atendiendo a estos modelos, Vázquez y sus colaboradores elaboraron un blasón
nuevo para uso del secretario, quien por entonces no usaba un solo sello, ni tampo-
co un único blasón en ellos. Entre 1580 y 1583 se observa que empleaba su sello
un escudo simplificado, partido en dos cuarteles, en el primero figura una columna
coronada (Colonna) y en el segundo cuartel un águila sobre un león (Lecca). Se trata
del quinto modelo que aparece en el Fragmento. Sin embargo, esta heráldica tenía
sus inconvenientes (quizás porque era un sello más propio de los Colonna). En octu-
bre de 1583 Calvete de Estrella, que estaba por entonces componiendo su poema
Corsica, advierte que para la descripción del blasón del secretario esperaría a recibir
instrucciones:

“En lo de la divisa y blason de las armas imperiales de la Il[ustrísi]ma casa de LECCA yo


aguardare como V[uestra] M[erced] lo manda hasta que venga el scudo de las armas como
ha de venir y si se huuieren de mudar los versos conforme a lo que viniere lo hare y en todo
seruire a V[uestra] M[erced] con toda aficion como lo deuo”39.

Y, en efecto, la adopción definitiva de un escudo se tomó entre 1583 y 1584,


inclinándose Vázquez por unir el primero y sexto de los modelos que aparece en el
Fragmento. Del primero escogió el timbre del ángel con una cruz, y del segundo, la
bordura de columnas en torno a las armas de los Lecca. El desarrollo de su diseño
se puede seguir gracias a la correspondencia que Vázquez sostuvo con varios de sus
amigos sobre el diseño de varias sortijas y sellos con motivos heráldicos y emble-
máticos. Almudena Pérez de Tudela ha dedicado algunos artículos a este tema40,
38
BZ, Altamira, 162, doc. 101, 3-5.
Carta de Juan Cristóbal Calvete de Estrella a Mateo Vázquez (Salamanca, 30-oct-1583). British Museum, Add.
39

MS 28362, f. 163r-164r.
40
PÉREZ DE TUDELA, Almudena – “Joyas personales con divisas y armas de los secretarios de Felipe II Gabriel de

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MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

que seguimos y ampliamos con algunas informaciones en este trabajo. Ya en 1583


Vázquez se puso en contacto con sus amigos en el cabildo catedralicio de Sevilla, el
capellán Juan de Coçar y Juan Bautista de Montoya, arcediano de Niebla, para que
se le labrara una sortija en piedra, de la que se mandó un “disigno”41, así como otras
dos sortijas suyas, una “chica” y otra de cristal. En febrero de 1584 se remitió al
secretario la sortija, obra de cierto Giles42. La labor no siempre gustó a Vázquez, de
lo que Montoya se lamenta en varias cartas, pero es a partir de 1584 cuando empieza
a sellar sus cartas con otro sello, en el que se sustituye el cuartel con la columna por
una bordura de cinco columnas coronadas alrededor, por los Colonna, sosteniendo
el escudo un ángel con una cruz en la mano, situado en el timbre43. Éste será ya el
modelo heraldico definitivo (Fig. 4). En 1587 uno de los sellos que tenía Mateo
Vázquez fue limado para que se volvieran a grabar sobre él las nuevas armas del
secretario, se entiende que porque las anteriores estaban anticuadas44.

Fig. 4.

Fue también en 1584 cuando Calvete de Estrella envió a Vázquez su Corsica. En


este poema hacía una descripción del escudo del secretario, al que se hizo alguna
erudita objeción. Se trataba de determinar si el águila del escudo había de ser negra
o dorada, y sobre el correcto término latino que debía utilizarse para describirla45.

Zayas y Mateo Vázquez”, en Lia LENTI. Gioielli in Italia: il gioiello e l’artefice: materiali, opere, committenze, atti
del convegno di studio. Materiali, opere, committenze. Atti del convegno di studi. Venezia: Marsilio, 2005, p. 153-168.
41
Montoya escribe a Vázquez (Sevilla, 20-sep-1583): “El capellán Coçar me dio el disigno para la sortija y entiendo
en que se haga como v. m. manda en otra piedra”. IVDJ, Envío 55, caja 71, fol. 74.
42
Juan Bautista Montoya a Mateo Vázquez (Sevilla, 20-feb-1584): “Oy ha partido Antonio Voto, al qual por mano
de Francisco de Chabez di la sortija nueva que v. m. mandó hazer, la qual holgaría mucho contentase. También lleua
la chica que vino para muestra y la grande de christal”. IVDJ, Envío, 96, caja 138, fol. 491.
43
Pueden verse ejemplos en IVDJ, Envío 55, caja 73, carpetilla 6, nº 3. Y en IVDJ, Envío 53, carpeta 7, fol. 116. O
en IVDJ, Envío 46, caja 60, doc. 26-27 (Se reproduce en imagen).
44
IVDJ, Envío 71, caja 97, fol. 25r.
45
Calvete de Estrella a Mateo Vázquez (Salamanca, 9-sep-1584). IVDJ, Envío 37, nº 204, fol. 1r. El águila imperial
bizantina era en oro, y la alemana, en negro o sable.

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JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

Estudiada esta correspondencia por Díaz Gito, remitimos a sus excelentes traba-
jos al respecto, solo destacaremos las excusas que Calvete dio para su error. Había
empleado como ejemplos el sello que aparecía en las cartas de Vázquez y un patrón
de los reposteros que para éste se bordaban en Salamanca:
“Quanto a esto no tube yo la culpa, que fulua tenia puesto de antes y no nigra, y tratando con
P[edr]º Gutierez, tapicero de su Majestad, de armas y insignias de escudos, bino a hablar de las
de V[uestra] M[erced] y que ponia el aguila negra y mostrome un padroncillo que V[uestra]
M[erced] le auia dado pintado de sus armas, en el qual está el aguila negra y, come le vi, puse
nigra aquila. La qual era de una cabeça, con una corona de oro y las piernas doradas. Estas
insignias son muy diferentes delas del sello de V[uestra] M[erced] del qual yo saqué lo que
escrebi en los versos. Pero ni nigra aquila ni fulua aquila sino es en el verso está bien”46.

Calvete decía la verdad. En enero de 1584 Zayas escribía a Vázquez comentán-


dole algunos pormenores del escudo que se tejería sobre unos reposteros, decididos
tras consultar con Furió Ceriol y con el “Rey de Armas”, quizás Diego de Urbina,
que era el de Castilla desde 158047. El patrón heráldico es definido por Zayas con
satisfacción como “bellissimo en todo para colgado”48. Unos meses después Zayas
mandaba a Vázquez dos de sus reposteros, para que viera su calidad, recomendan-
do que los del archisecretario se hicieran en Flandes, “de muy mejor estofa que los
míos, que todo lo demás es burla y no dura dos días”49. Sabemos que los reposte-
ros fueron finalmente tejidos en Salamanca, donde Calvete de Estrella pudo ver el
patrón enviado al tapicero Pedro Gutiérrez. Un conjunto de 12 reposteros y una
antepuerta fueron pagados en 158750.
La última etapa en la difusión pública de la herádica de Vázquez se realizó a tra-
vés de la imprenta. En 1583 el médico Fernando de Valdés dedicó a Mateo Vázquez
su Tratado de la vtilidad de la sangria en las Viruelas y otras enfermedades de los
Muchachos (Sevilla, 1583), así como la edición latina de la misma obra. Valdés, no
se olvida de explicar sucintamente el origen noble de su familia (con todos sus pro-
tagonistas: los emperadores de Constantinopla, además de Hugo Colonna y la fami-
lia Colonna, de un lado, y de otro, la casa Lecca con el conde Juan Pablo). Y, como
testimonio de tal genealogía noble, en portada el impresor estampó por vez primera
el escudo del secretario real, siguiendo el modelo de su sello heráldico. En 1586,
46
DÍAZ GITO, Manuel Antonio – “Encomio de Mateo Vázquez y Heráldica de los Lecca en la Corsica de Calvete
De Estrella”, Talia dixit, 9 (2014), p. 73-95. Vid también DÍAZ GITO, Manuel Antonio – “Encomio de Mateo Váz-
quez y Heráldica de los Lecca en la Corsica de Calvete De Estrella”, Talia dixit: revista interdisciplinar de retórica
e historiografía, 9 (2014), p. 73-95.
47
CEBALLOS-ESCALERA Y GILA, Alfonso, Marqués de la Floresta – Heraldos y Reyes de Armas en la Corte de
España. Madrid: Edic. Iberoamericanas, 1993, p. 105-106.
48
Gabriel de Zayas a Mateo Vázquez (S. l., 6-ene-1584). IVDJ, Envío 48, carpeta 59.
49
Gabriel de Zayas a Mateo Vázquez (S. l., 9-mar-1584). IVDJ, Envío 55, caja 71, fol. 53.
50
Recibo de 1.860 reales a don Francisco Gasca Salazar, maestrescuela de Salamanca, por 12 reposteros y una ante-
puerta que hizo Pedro Gutiérrez, maestro tapicero. (Madrid, 8-mar-1587). IVDJ, Envío 55, caja 71, fol. 333r. En
una Memoria de lo que había de llevar el secretario cuando oba de camino (c. 1587) se incluye: “La antepuerta que
vino de Salamanca”. IVDJ, Envío 71, caja 97, fol. 259.

279
JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

cuando Juan Pérez de Moya dedica a Vázquez sus Comparaciones. O Similes para
los Vicios y Virtudes (Alcalá de Henares), también se ilustró la portada con el escudo
del secretario, que sigue el modelo del sello de placa de 1583. En 1587, cuando se
publica en Madrid la Filosofía cortesana moralizada, que su autor Alonso de Barros
dedicó al secretario, encontramos en portada otro taco xilográfico con el escudo del
secretario, el partido de los Lecca con la bordura de los Colonna, sustentado (como
en los libros anteriores) por un ángel con una cruz.
En 1587 Vázquez recibía desde Italia varios objetos para decorar su despacho:
una mesa de jaspe, ocho bolas de jaspe, 6 huevos de mármol, dos pirámides de jaspe
con una bola encima, “quatro piedras pequeñas para sobre papeles”, varias imáge-
nes de bronce pequeñas, y, por último, una medalla del secretario en metal y un sello
de acero con sus armas51. De la medalla solo se conoce en la actualidad un ejemplar,
conservado en el Museo Arqueológico Nacional (Inventario 1993/80-I). Al parecer,
su destino era ornar una cruz de cristal, que el secretario deseaba donar. El escudo
presente en ella coincide claramente con el de la portada de la Filosofía cortesana.
Sin embargo, solo un año después, cuando el cronista y genealogista Gonzalo
Argote de Molina incluyó a los Lecca entre las familias ilustres de su Nobleza del
Andaluzia (Sevilla, 1588), la edición apareció ilustrada con
el mismo escudo, pero con una variación: el ángel sostiene
un lábaro, y no una cruz (Fig. 5). Tal cambio disgustó a
Vázquez. Desde Sevilla, Juan de Coçar se disculpaba, pues
fue él quien proporcionó a Argote la información sobre las
armas y sobre el linaje de los Lecca, pero “en lo de la cruz
del Angel me satisfizo con la moneda de los emperadores
que la tiene asi como se imprimió que era diferente que
la tenia v. m. antes”52. Ahora bien, la confusión tenía una
razón de ser. Vázquez y sus consejeros, como Furió Ceriol
y Gabriel de Zayas, hacia 1580-84 habían discutido sobre
si el ángel debía portar una cruz o el lábaro de los empe-
radores bizantinos53. El propio Vázquez parece que pre-
tendió en algún momento tener el lábaro como divisa. En
Fig. 5 Madrid la cuestión quedó cerrada, pero en Sevilla algunos
rescoldos del debate permanecieron y acabaron en la ilustración de la Nobleza del
Andaluzia. Se comprende la sorpresa del secretario, pues un error heráldico de este
tipo podía ser utilizado en su contra (una vez más) para dudar de su ascendencia y de
su nobleza. Mas, tras tantos cambios, informes y diseños de sellos de placa, realizados
en una breve lapso de tiempo, no era posible evitar que algún equivocación se escapa-
ra al control del poderoso secretario de Felipe II.

51
“Memoria de lo que se trajo de Roma” (Madrid, 19-abr-1587). IVDJ, Envío 55, caja 71, tomo 3, fol. 285.
52
Pérez de Tudela, “Joyas personales con divisas y armas”... , p. 167, n. 62.
53
Como recoge Pérez de Tudela, “Joyas personales con divisas y armas”..., p. 158-160.

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JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

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2008. ISBN: 978-84-96826-63-2.
MARÍN CEPEDA, Patricia – Cervantes y la corte de Felipe II. Escritores en el
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Gioielli in Italia: il gioiello e l’artefice: materiali, opere, committenze, atti del

281
JOSÉ LUIS GONZALO SÁNCHEZ-MOLERO
MATEO VÁZQUEZ DE LECA: LA CONSTRUCCIÓN HERÁLDICA DE UNA DISCUTIDA IDENTIDAD NOBLE EN LA CORTE DE FELIPE II

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Marcantonio Colonna”, Archivo Español de Arte, LXXXV, 340 (2012), p. 303-
328. ISSN: 0004-0428.

282
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS
MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

MARÍA HERRANZ PINACHO


Universidad de Valladolid. Miembro del equipo de trabajo del Proyecto «Poder,
sociedad y fiscalidad al norte de la Corona de Castilla en el tránsito del medievo a
la modernidad» (HAR2014-52469-C3-3-P)
orcid.org/0000-0002-6714-8734
maria_herranz_pinacho@hotmail.es

ALBERTO CORADA ALONSO


Universidad de Valladolid. Miembro del equipo de trabajo del Proyecto «Justicia,
mujer y sociedad de la Edad Moderna a la Contemporaneidad. Castilla, Portugal
e Italia» (HAR2016-76662-R; Proyectos de I+D+I, correspondientes al Programa
Estatal de Investigación, Desarrollo e Innovación orientada a los Retos de la
Sociedad, en el marco del Plan Estatal de Investigación Científica y Técnica y de
Innovación 2013-2016, AEI/FEDER, UE)
orcid.org/0000-0002-6396-4574
acarf_aguilar@hotmail.com

Resumen: Este trabajo de investigación aborda la vinculación entre los escudos de


los marqueses de Aguilar y los principales lugares donde ejercían el poder en la villa
de Aguilar de Campoo (Palencia). La heráldica fue utilizada por ellos como una
forma más de hacer presente su poder jurisdiccional, al encontrarse normalmente
ausentes de la villa, debido a sus intereses en los círculos cortesanos.

Palabras clave: Aguilar de Campoo (Palencia), marqueses de Aguilar de Campoo,


Edad Moderna, Heráldica.

Abstract: The present research paper studies the connection between the coat of
arms of the Marquises of Aguilar and the main buildings where they displayed their
power in the town of Aguilar de Campoo (Palencia). Heraldry was thus used as an
additional reminder of their jurisdictional power, since there were frequently absent
from the town due to their participation in the court circles.

Keywords: Aguilar de Campoo (Palencia), Marquises of Aguilar de Campoo,


Modern Era, Heraldry.

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

1. INTRODUCCIÓN

Aguilar de Campoo, situada en el vado del Pisuerga, en las estribaciones meri-


dionales de la Cordillera Cantábrica, ejerció durante los siglos medievales y moder-
nos una clara capitalidad en toda la región. Su posición estratégica –como enclave
necesario para la defensa de los puertos montañosos y de las vías de comunicación
naturales que discurrían en dirección este-oeste por la falda de la cordillera–, su
importancia política, siendo durante la Edad Media cabeza de una merindad menor
y en la Edad Moderna de un corregimiento y jurisdicción señorial, a lo que habría
que sumar su actividad económica y su rango eclesiástico, han hecho que historia-
dores como Ángel de Prado definiesen a esta villa norteña como la de mayor impor-
tancia de toda la Montaña Palentina1.
Habría que señalar, no obstante, que una porción significativa de esta posición se
debió, al menos en buena parte del periodo moderno, a la importancia del linaje que
ostentó el señorío de la villa y su jurisdicción, los Fernández Manrique de Lara, y a
las estructuras de poder y clientelismo que desarrollaron para afianzar su dominio.
Sin embargo, hasta llegar a esta situación de estabilidad se atravesaron multi-
tud de procesos históricos que fueron imprimiendo carácter a Aguilar y a toda su
extensa comarca. Así pues, y pese a que la villa de Aguilar se encontraba integrada
en un territorio profundamente marcado por el dominio señorial donde, según datos
de Alberto Marcos, el 85 % de la población estaba sometida al mismo2, este proce-
so solo se llevó a cabo, de forma definitiva, a partir de los siglos XIV-XV. Es por
ello que no puede considerarse esta dinámica señorializadora como algo constante y
predeterminado ya que, por ejemplo, el propio Alfonso X otorgó el estatus de villa
realenga con la concesión del primer Fuero Real a Aguilar de Campoo en 1255, ter-
minando con un largo periodo de control por parte de los tenentes de la villa y del
castillo que ejercía de plaza fuerte.
Esta situación y este linaje ejercieron como un enorme foco de atracción para la
pequeña nobleza montañesa la cual, evidentemente, intentó imitar los comportamien-
tos de estos señores jurisdiccionales. Uno de los resultados de esta actividad, percep-
tible en la actualidad, es que la villa de Aguilar de Campoo es uno de los lugares
con una mayor representación heráldica de Castilla y León, contando con más de un
centenar de blasones en sus calles, templos y palacios. Entre todos ellos, destacan los
pertenecientes a los marqueses de Aguilar de Campoo, que se sirvieron de la heráldica
para hacerse visibles en aquellos lugares de mayor importancia para la representación
del poder dentro de los muros de la villa capital de sus Estados señoriales3.

1
PRADO MOURA, Ángel de - Aguilar de Campoo en el siglo XVIII. La villa más importante del norte palentino.
Aguilar de Campoo: Ayto. de Aguilar de Campoo, 2011, 126 p. DL: P-17-2011.
2
MARCOS MARTÍN, Alberto - Un mapa inacabado: el proceso de señorialización en tierras palentinas durante la
edad moderna. En Actas del II Congreso de Historia de Palencia. Vol. 3. 1, Edad Moderna. Palencia: Diputación
Provincial de Palencia, 1990. ISBN 84-86844-28-2. p. 51-118, especialmente p. 51-64.
3
No es nuestro objetivo profundizar en el proceso de conformación de los emblemas heráldicos del linaje de los

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

2. LA LLEGADA DE LOS FERNÁNDEZ MANRIQUE DE LARA AL SEÑORÍO DE AGUILAR

El proceso de señorialización retornó con mucho ímpetu, como ya se ha seña-


lado, en el siglo XIV, afectando a todas las tierras del norte de Palencia y de la
actual comunidad autónoma de Cantabria, entre las que se encontraba la villa de
Aguilar. Tanto fue así que, menos de un siglo después de la concesión del Fuero
Real, Aguilar fue enajenada del dominio regio por Alfonso XI al concederla en
1332 a Pedro, uno de los hijos bastardos que este tuvo con Leonor de Guzmán4. Sin
embargo, el señorío de don Pedro de Aguilar fue extremadamente efímero puesto
que murió de forma prematura, en 1338, siendo aún un infante5. Ante esta situación,
las presiones de doña Leonor sobre el rey hicieron que este decidiera entregar el
señorío de Aguilar a otro de sus hijos bastardos, en este caso a don Tello, que en ese
momento contaba con un año de edad.
Ahora bien, fue en la figura de Tello en la que se perpetuaría el linaje de los
señores de Aguilar, un hombre que ya, desde muy corta edad, asumió cargos y fun-
ciones que le convirtieron en uno de los grandes señores del reino de Castilla. Como
señala Luis Vicente Díaz Martín, a los tres años de edad era ya canciller mayor del
rey y a los dieciséis contrajo matrimonio con Juana de Lara, señora de Vizcaya6.
No sin sobresaltos, Tello se las ingenió para conservar el dominio sobre sus
posesiones durante los convulsos años de la guerra civil entre Pedro I y Enrique
de Trastámara, futuro Enrique II y, a la sazón, hermano mayor de don Tello. Pese a
quedar apartado del poder, tras su huida del campo de batalla en Nájera, se permi-
tió a don Tello mantener el señorío de Aguilar hasta su muerte en 13707, si bien es
cierto que su hermano Enrique no respetó los términos de su testamento y repartió
las posesiones del difunto a su antojo. De este modo Aguilar fue a parar a manos de
Juan,
“hijo de Tello, quien desposó con Leonor de la Vega, de cuyo matrimonio nació Aldonza
Téllez, llamada también Aldonza de Castilla. Casó esta con Garci Fernández Manrique,
de destacada familia pero menguada hacienda, aportando ella al matrimonio importantes
posesiones. En 1392 es considerada señora de Aguilar”8.

Manrique de Lara, para lo que puede consultarse TRAVESEDO Y MARTÍNEZ DE LAS RIVAS, Pilar, MANRI-
QUE DE LARA Y VELASCO, Manuel - Las pruebas armeras en la Casa de Lara. Hidalguía: la revista de genealo-
gía, nobleza y armas. ISSN 0018-1285. N.º 50 (1962), p. 793-832.
Aprovechamos para agradecer al profesor Félix Martínez Llorente, catedrático de Historia del Derecho y de las
Instituciones de la Universidad de Valladolid, por su orientación en la elaboración de las descripciones heráldicas.
4
NUÑO GONZÁLEZ, Jaime - El castillo de Aguilar de Campoo. Codex aquilarensis: Cuadernos de investigación
del Monasterio de Santa María la Real. ISSN 0214-896X. N.º 19 (2003), p. 128-160, especialmente p. 142.
5
HUIDOBRO SERNA, Luciano - Breve historia de la muy noble villa de Aguilar de Campoo. Palencia: PITTM,
1980, 231 p, p. 79.
6
DÍAZ MARTÍN, Luis Vicente - Don Tello, Señor de Aguilar y de Vizcaya (1337-1370). PITTM. ISSN 0210-7317.
N.º 47 (1982), p. 267-335, especialmente p. 273-275.
7
NUÑO GONZÁLEZ, Jaime - El castillo de Aguilar de Campoo, op. cit., p. 145.
8
Ibidem, p. 145.

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Fue así, por lo tanto, como los Fernández Manrique de Lara llegaron a obtener el
dominio sobre la villa de Aguilar y toda su jurisdicción, a lo que se añadió en 1429
la concesión del condado de Castañeda en la persona de Garci9.
No obstante, habría que señalar que el dominio de miembros del linaje de los
Lara sobre Aguilar no era nada nuevo. Es cierto que con Garci ese dominio varió su
naturaleza al convertirse en un señorío de carácter hereditario y, por lo tanto, per-
feccionado, pero no lo es menos que durante los siglos medievales varios tenedores
del castillo y señores de Aguilar, como ha estudiado Jaime Nuño en profundidad,
provenían de diferentes ramas de la familia Lara.

Relación de tenentes del castillo y señores de Aguilar del linaje de los Lara
Nombre Años
Rodrigo González de Lara 1125-1127, 1129, 1130, 1133 y 1136
Álvaro Pérez de Lara 1164-1165
¿Nuño Pérez de Lara? Antes de 1173
Fernando Núñez de Lara 1173, 1175, 1183, 1186, 1190
Gonzalo Núñez ¿de Lara? 1196
Fernando Núñez de Lara 1198
Álvar Núñez de Lara 1199-1201
Fernando Núñez de Lara 1202, 1206
Elaboración propia a partir de: NUÑO GONZÁLEZ, Jaime, “El castillo de Aguilar de
Campoo”, Codex aquilarensis: Cuadernos de investigación del Monasterio de Santa María la
Real, 19 (2003), p. 147.

Unos tenentes y una familia que dejaron su impronta y el rastro de su presencia


en la villa de Aguilar y no solo de una forma documental, sino también mediante un
patronazgo que ha permitido la permanencia de una huella más profunda y duradera
en la comarca, incluso, mediante su representación heráldica. El ejemplo más claro,
sin ninguna duda, es el que se puede contemplar en la iglesia de Santa Cecilia de la
propia villa de Aguilar, donde en un capitel de una de las ventanas de dicho templo
se aprecia lo que Jaime Nuño ha identificado como “el primer blasón de indudable
referencia a un determinado linaje”. No es que en el periodo románico no hubiera
esculturas, pinturas o miniaturas en las que apareciesen escudos decorados con dife-
rentes motivos geométricos, sino que lo difícil es poder relacionarlo con las divisas
de una familia en concreto10.

9
HUIDOBRO SERNA, Luciano - Breve historia de la muy noble villa de Aguilar de Campoo, op. cit., p. 97.
10
NUÑO GONZÁLEZ, Jaime - Estampas de la vida caballeresca: combates, duelos y ordalías en la plástica romá-
nica. En El mensaje simbólico del imaginario colectivo. Aguilar de Campoo: Fundación Santa María la Real, 2007.
ISBN 978-84-89483-37-8. p. 173-208, especialmente p. 197.

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Imagen 1. Armas de los Lara en capitel de Santa Cecilia de Aguilar de Campoo.


Fuente: archivo de los autores.

“Se trata de una típica escena en la que un peón vestido con cota de malla alancea a un dragón,
protegiéndose a la vez con un escudo en el que figuran en relieve dos calderas puestas en
palo, las armas del mismo linaje Lara que en esos años de finales del siglo XII e inicios del
XIII aparecen repetidamente como tenentes del castillo de Aguilar. Dada la carga simbólica
de la escena –la lucha del bien, encarnado por el guerrero, contra el mal, representado por el
dragón– diríamos además que no es solo un mero rasgo identificativo sino un claro mensaje de
propaganda política”11.

Aún con todo ello, es preciso señalar que el linaje de los Lara solo quedó defi-
nitivamente asentado en Aguilar con el matrimonio de doña Aldonza con Garci
Fernández Manrique de Lara. El señorío continuó, de este modo, ininterrumpido,
con unos descendientes que elevaron la posición de la familia y que acapararon
poder, rentas y cargos, viéndose involucrados en los grandes sucesos de los siglos
XV y XVI, al encontrarse siempre cercanos al poder regio.
Así pues, el respaldo definitivo a su posición vino de manos de Isabel la Católica,
que decidió compensar por su apoyo y fidelidad a Garci Fernández Manrique de
Lara, III conde de Castañeda y nieto de Aldonza, con la elevación del señorío de
Aguilar a la categoría de marquesado en 148212. Sin embargo, las concesiones

11
Ibidem, p. 197-198.
12
“Por fazer bien e merçed a vos, don García Manrrique fijo mayor del conde de Castañeda e acatando los muchos
e buenos e leales seruiçios que me avedes fecho e hazéys de cada día e por vos más honrrar e sublimar acatando

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

regias no terminaron ahí, y el decidido apoyo del segundo marqués, Luis Fernández
Manrique de Lara y Noronha, a la causa Habsburgo en los complicados años ini-
ciales del siglo XVI le valió ser uno de los veinte títulos a los que en 1520 Carlos I
concedió la Grandeza de España, de carácter inmemorial o de primera clase13.
De este modo, los titulares de la Casa de Aguilar se convirtieron en destacadas
figuras de la aristocracia de la Monarquía Hispánica, “desempeñando cargos corte-
sanos que alejaron paulatinamente a los sucesivos marqueses de la sede capital de
sus Estados”14. No se debe obviar, al estudiar esta realidad, cómo en una Monarquía
como la que se estaba forjando en la Castilla del siglo XVI la cercanía al rey, es
decir, la fijación de la residencia en la corte del reino, podía ser de vital importancia
para el mantenimiento y engrandecimiento de la propia Casa y Hacienda15.

3. EL PODER Y LA PRESENCIA DE LOS MARQUESES EN AGUILAR DE CAMPOO

Así pues, la familia Manrique de Lara, ennoblecida por concesiones regias, ins-
taló la base de su poder señorial en la villa de Aguilar de Campoo, aunque lo cierto
es que lo ejercieron de forma directa sobre ella durante un breve periodo de tiempo.
Como ya se ha dicho, la continua asunción de obligaciones dentro del organigra-
ma de la Monarquía hizo que estos señores se fueran alejando progresivamente de
su villa y del resto de sus estados. Por ello, con el paso de los años, Aguilar, al igual
que multitud de lugares y villas secundarias de la Corona, se convirtió en la sede de
un señorío con su titular ausente. Su presencia se reducía, quizás, a esporádicas visi-
tas a sus dominios y, especialmente, a la figura delegada de un administrador que se
encargase del mantenimiento de los patrimonios nobiliarios y, de forma prioritaria,
a la recaudación y administración de las rentas derivadas de sus privilegios señoria-
les16. Nada extraño, por lo tanto, puesto que como señala Jerónimo López Salazar
“ante un régimen señorial absentista […] hay que contar con unos individuos que
sean, bien grandes arrendatarios, bien administradores, alcaides, etc., que detenten
de hecho el control del mundo rural”17.
vuestro ljnaje e aquellos donde vos venís, tengo por bien e es mi merçed que agora e de aquí adelante para siempre
jamás vos, e los que vuestra casa heredaren, tengáys título de marqués de la villa de Aguilar de Campo que es del
dicho conde vuestro padre e vos podades llamar e intitular e llamedes marqués de mis rreynos”. Real provisión dada
en Arévalo el 25 de marzo de 1482. Archivo Histórico de la Nobleza, Osuna, C. 3921, D. 20.
13
SOLER SALCEDO, Juan Miguel - Nobleza española: Grandeza inmemorial, 1520. Madrid: Visión Libros, 2009,
518 p. ISBN 978-84-98861-79-2, p. 43-54.
14
CORADA ALONSO, Alberto - Hacienda, rentas y privilegios de los marqueses de Aguilar de Campoo. Una
aproximación desde el Catastro de Ensenada. Estudios Humanísticos. Historia. ISSN 1696-0300. N.º 13 (2014), p.
61-95, especialmente p. 62.
15
Para conocer con mayor profundidad los avatares de los miembros de la Casa de Aguilar, especialmente durante
los siglos XVI y XVII véase ASSAS, Manuel de - Los sepulcros de Aguilar de Campoo. Hojas sueltas de: Museo
Español de Antigüedades, Edad Media, Arte Cristiano, Escultura. ISSN 1578-9837. T. II (1873), p. 101-124.
16
CORADA ALONSO, Alberto - Hacienda, rentas y privilegios de los marqueses de Aguilar de Campoo. Una
aproximación desde el Catastro de Ensenada, op. cit., p. 62.
17
LÓPEZ-SALAZAR, Pérez - Una empresa agraria capitalista en la Castilla del siglo XVII: la hacienda de don

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Una situación, por otra parte, que se fue agravando según avanzaba el siglo XVI
y que llegó a su punto culminante en el siglo XVIII cuando, debido a varios avata-
res sucesorios, el linaje directo de los Manrique de Lara había desaparecido y los
privilegios y títulos de la Casa de Aguilar fueron integrados sucesivamente en las
poderosas casas de los marqueses de Villena y de los duques de Medina Sidonia.
Por lo tanto, los marqueses optaron por ejercer el control sobre sus estados y,
muy especialmente, sobre la villa de Aguilar por medio de administradores, oficia-
les y toda una red clientelar nombrada directamente por el señor. La ausencia y la
distancia no fueron impedimentos para que los Manrique de Lara ejercieran sobre
Aguilar un férreo control y tuvieran una enorme capacidad de decisión y de influen-
cia entre sus habitantes, hasta el punto de que para Gonzalo Alcalde, desde el mismo
momento en el que el señorío de Aguilar fue elevado a marquesado, la historia de
la villa norteña quedó indisolublemente ligada “a vida y obra de sus marqueses”18.
Es por ello que, pese a ser generalmente señores ausentes, dejaron innumera-
bles huellas de su presencia, es decir, todo un conjunto simbólico que demostrase
y afianzase su enorme poder señorial, sin parangón entre los señoríos limítrofes19.
Una de las formas más habituales y efectivas de representar el poder señorial
fue a través de los nombramientos de esos oficiales que debían regir los destinos de
sus dominios en su ausencia. Así, además de a los administradores generales y al
alcalde mayor de los Estados –que tenían potestad de actuación en todos los domi-
nios de su Casa–, los marqueses podían nombrar directamente dentro de Aguilar, y
como derecho jurisdiccional absolutamente privativo, a todas las autoridades civiles
y judiciales de mayor importancia dentro del organigrama político de la villa. De
entre todos ellos destacaron el corregidor, los miembros del regimiento, los escriba-
nos, los comisarios de millones, el fiel mayor, el teniente de alcaide del castillo, el
alguacil mayor, los procuradores, el procurador general e, incluso, los porteros del
ayuntamiento20.
Unos nombramientos que no solo hay que entender por la importancia que tenían
en sí mismos, sino por el hecho de que mediante ellos se controlaba el regimiento y,
por lo tanto, se tenía poder directo sobre el órgano encargado de la gobernabilidad
de la villa y su comarca21.

Gonzalo Muñoz Treviño de Loaisa. Hispania: Revista española de historia. ISSN 0018-2141. Vol. 41, n.º 148
(1981), p. 355-408.
18
ALCALDE CRESPO, Gonzalo - Aguilar de Campoo. Aguilar de Campoo: Ayto. de Aguilar de Campoo, 2004,
128 p. ISBN 84-8012-445-8, p. 26.
19
Esta realidad, y el poder casi omnímodo de los marqueses en Aguilar, a diferencia de lo que sucedía con otras
grandes casas nobiliarias en los señoríos que ocuparon el actual territorio palentino, ha sido estudiado recientemen-
te por Álvaro Pajares a través de una tesis doctoral: PAJARES GONZÁLEZ, Álvaro - El régimen señorial en la
provincia de Palencia: mecanismos de control y resistencia antiseñorial en la Castilla bajomedieval y moderna;
dirigida por Alberto Marcos Martín. Valladolid: Universidad de Valladolid, 2018. Tesis Doctoral inédita.
20
BARÓ PAZOS, Juan, FONTANEDA PÉREZ, Eugenio - Gobierno y administración de la villa de Aguilar de
Campoo (Ordenanzas de 1591). Santander: Artes Gráficas Resma, 1985, 168 p. ISBN 978-84-398-5590-3, p. 16-18.
21
CORADA ALONSO, Alberto - Hacienda, rentas y privilegios de los marqueses de Aguilar de Campoo. Una

289
MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Pero los marqueses no solo gozaban del control sobre el poder civil de la villa de
Aguilar. Su posición en la corte y el hecho de que el III marqués, Juan Fernández
Manrique de Lara, fuera nombrado embajador extraordinario en los Estados
Pontificios por el emperador Carlos V, hizo que pudiera aprovechar su posición para
engrandecer la capital de sus estados señoriales. Estando en Roma, este marqués
solicitó al papa Paulo III –y consiguió de él en 1541– que se elevase la iglesia de
San Miguel de Aguilar en colegial y, además, que esta quedase bajo su patronazgo
directo.
Así pues, consiguió la regalía, el derecho de nombrar y presentar a las cuatro
dignidades existentes en esa iglesia colegial, que fueron abad, maestrescuela, chan-
tre y arcipreste22. Gracias a ello pudo intervenir en la gran institución eclesiástica
de la villa, el cabildo colegial, así como en sus rentas y aprovecharse, claro está, de
lo que significaba el nombramiento y el control sobre un prelado de la Iglesia, por
pequeño que este fuera.
Con ello, del titular de la Casa de Aguilar dependían directamente las dos prin-
cipales autoridades de la villa, el corregidor y el abad, que actuaron durante toda
la Edad Moderna como auténticos delegados de ese poder señorial cada vez más
ausente.
Sin embargo, se entendió que la presencia de los marqueses no solo podría hacer-
se mediante estos oficiales o mediante el cobro de rentas como alcabalas, portazgos,
martiniegas o tercias reales. Hacía falta, sin duda alguna, potenciar la representación
del poder en los espacios públicos, en este caso, dentro del casco urbano de la villa
de Aguilar.
Así pues, dentro de las muchas propiedades que tenían en la villa, entre las que
se podían contar edificios con una función productiva como el molino o el batán,
posadas, almacenes y cillas23, además de algunas de las tierras más productivas del
lugar con adelantos técnicos impensables para el resto de habitantes de la comarca24,
habría que señalar y destacar su palacio señorial. Aunque quizás fuera más acertado
hablar del conjunto palacial que estaba situado principalmente en la plaza pública
de la villa, el gran lugar de representación del poder señorial, concejil y eclesiástico.
En esta plaza pública –hoy plaza de España– estaba situado el primer palacio
que los Manrique de Lara tuvieron en la villa, el conocido como palacio de doña
Aldonza que con el tiempo terminó siendo cedido por su hijo, Juan Fernández
Manrique, para que fuera utilizado como sede del ayuntamiento. Esta función fue
mantenida hasta que, en 1950, se decidió su demolición y el traslado de la casa con-
sistorial a otro emplazamiento25.
aproximación desde el Catastro de Ensenada, op. cit., p. 79.
22
Archivo Diocesano de Burgos, Visitas Pastorales, Caja 3, Libro 2, f. 54r.
23
Archivo Histórico Provincial de Palencia (AHPP), Catastro Marqués de la Ensenada, Bienes de seglares, sig.
8009, L. 11, R. 386, ff. 20r-21r; ff. 23r-v.
24
AHPP, Catastro Marqués de la Ensenada, Bienes de seglares, sig. 8009, L. 11, R. 386, ff. 21r-22v.
25
BRAVO ROBLES, Enrique - La transformación de la Plaza de España de Aguilar de Campoo durante el siglo

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Imagen 2. Fotografía de William Atkinson del Palacio de doña Aldonza y colegiata, 1856.

Esta cesión del palacio primitivo de los Manrique se produjo porque dicho edi-
ficio no debió de parecerle al señor de Aguilar “bastante para la vivienda suya”26.
Así, a finales del siglo XV comenzaron las obras de un nuevo y gran palacio que
se erigió en el lienzo sur de la plaza pública. Este nuevo edificio de representación
señorial sería conocido como el Palacio viejo, en contraposición al Palacio nuevo
que fue una ampliación del mismo acometida desde finales del siglo XVI y que es la
única sección del complejo palacial27 de los marqueses en Aguilar que se conserva
hasta el día de hoy, debido al incendio que en 1946 asoló el viejo edificio.
Por último, habría que señalar otro de los palacios conservados en la plaza de
España y que, aunque no era para el uso directo de la familia señorial, era de su pro-
piedad y estaba destinado a la residencia de los jueces de la villa de Aguilar.

Imagen 3. Palacio viejo a mediados del siglo XIX. Fotografía de Willian Atkinson.

XX. Trébede. DL: P.28-2013. N.º 5 (2014), p. 27-31, especialmente p. 29.


26
HUIDOBRO SERNA, Luciano - Breve historia de la muy noble villa de Aguilar de Campoo, op. cit., p. 161.
27
Este complejo era definido en la documentación de época moderna como la “Casa Principal de este Estado” o
“Palacio principal”. AHPP, Catastro Marqués de la Ensenada, Bienes seglares, sig. 8009, L. 11. R. 386, ff. 17r-19v.

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LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Imagen 4. Palacio nuevo en la actualidad.


Fuente: archivo de los autores.

Imagen 5. Palacio destinado a la vivienda de los jueces de la villa.


Fuente: archivo de los autores.

Unas propiedades inmuebles, todas ellas, que tuvieron una gran importancia para
los marqueses, quizás no tanto en cuanto a una relevancia real o un impacto pro-
fundo en la hacienda señorial, sino más bien como un símbolo de estatus y como
recordatorio permanente de su poder. Esas propiedades, especialmente el complejo
palacial de la plaza pública, les hacía entroncar con una legitimidad indiscutida y
nunca replanteada dentro de la sociedad de Antiguo Régimen28.
28
CORADA ALONSO, Alberto - Hacienda, rentas y privilegios de los marqueses de Aguilar de Campoo. Una
aproximación desde el Catastro de Ensenada, op. cit., p. 77-78.

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Y es en estos espacios, aunque no solo en ellos, donde la heráldica de los marque-


ses se hizo presente como otro de los medios mediante los cuales representar su poder.

4. LOS ESCUDOS DE LOS MARQUESES EN AGUILAR DE CAMPOO

Dentro de la villa de Aguilar se encuentran en la actualidad varios escudos de los


marqueses en diferentes localizaciones. En concreto, se mostrarán a continuación
diez de ellos, localizados en aquellos lugares que se han considerado que estaban
más relacionados con el ejercicio de su poder señorial.
En primer lugar, en el edificio de la casa consistorial puede verse un emblema
procedente del antiguo y desaparecido palacio de doña Aldonza. Junto a este, se
rescataron otros dos escudos de la villa de Aguilar, que pueden contemplarse en
la fachada del Ayuntamiento, mientras que el escudo de los marqueses tomado del
mencionado palacio se colocó en las escaleras interiores del edificio.

Imagen 6. Escudo procedente del antiguo palacio de doña Aldonza.


Fuente: archivo de los autores.
Escudo partido. Primero, cuartelado en aspa: 1.º, castillo almenado y donjonado de tres donjones, más
alto el central; 2.º, león rampante mal ordenado; 3.º, león rampante; 4.º, águila explayada. Segundo,
dos calderas gringoladas en sus flancos. Escusón en abismo con león rampante. Bordura forrada de
armiño de ocho colas. Al timbre, un coronel (¿marquesal?). Acolando el blasón, Cruz de la Orden de
Santiago. Rodea el conjunto armero una guirnalda vegetal.

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

El palacio de doña Aldonza era en origen propiedad de los marqueses, como ya


se ha visto, y se encontraba en un lugar preeminente de la plaza pública (véase ima-
gen 2). Pese a la cesión del espacio para que este ocupase las funciones de sede del
concejo, los marqueses mantuvieron su imaginario heráldico en la fachada exterior.
Una forma de relacionar las instituciones de gobierno de la villa con la dependencia
directa de su derecho inalienable de patronazgo.
Su cuartelamiento muestra la inclusión de las fórmulas emblemáticas de las dife-
rentes ramas del linaje. Entre los motivos que conforman sus respectivos campos
heráldicos, se encuentran las armas de los Manrique de Lara (el águila y el castillo)
y los Lara (las calderas)29. También los diferentes atributos que fueron consiguiendo
con el tiempo, como su pertenencia a la Orden de Santiago y la corona de marqués,
aunque siempre hacen referencia al titular de la casa. El marquesado se obtuvo en
1482 y el IV marqués fue Trece de Santiago a mediados del siglo XVI, lo que ofre-
ce una fecha post quem para su datación. Entre ellos, aparece un elemento, el león
que se encuentra en el escudete, que difiere del resto de los escudos conservados y
plantea una incógnita sobre su filiación. Una hipótesis es que esté relacionado con
los condes de Osorno, otra de las ramas familiares, con la que se tiene noticia de que
entroncaron en varias ocasiones por vía de matrimonio30.
De igual manera, donde no podían faltar sus escudos era en el conjunto pala-
cial, que hacía las veces de sede de su poder señorial. Ninguno se conserva de los
que seguramente hubo en el palacio viejo, puesto que incluso las fotografías más
antiguas muestran un edificio que, en su fachada principal, la que daba a la plaza,
estaba muy reformado, siendo adaptado para funciones de almacenaje por la familia
Fontaneda ya en el siglo XX.
Sí se identifican sus escudos en la fachada del palacio nuevo, donde se localizan
cuatro emblemas idénticos con la que se puede considerar la representación icono-
gráfica canónica del marquesado de Aguilar.

29
Un ejemplo anterior de estos primitivos escudos puede verse en el monasterio de Santa Clara de Osorno. Véase
VIGURI, Miguel de - Heráldica palentina. II. La Tierra de Campos. Palencia: Diputación de Palencia, 2005, 214 p.
ISBN 84-8173-118-8, p. 65-66.
30
Se conoce el matrimonio de Ana Manrique de Lara y de la Cerda, hermana del VI marqués, Juan Luis Fernández
Manrique de Lara, con el VII conde de Osorno a principios del siglo XVII. Véase CORADA ALONSO, Alberto -
Cuando la relación materno-filial termina en los tribunales. Pleitos de doña Antonia de la Cerda, marquesa consorte
de Aguilar de Campoo. En DRUMOND BRAGA, Isabel, TORREMOCHA HERNÁNDEZ, Margarita - As mulhe-
res perante os tribunais do Antigo Regime na Península Ibérica. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra,
2015. ISBN 978-989-26-1032-0. p. 37-62, especialmente p. 53.

294
MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Imagen 7. Escudo procedente del Palacio nuevo de los marqueses de Aguilar.


Fuente: archivo de los autores.
Escudo de forma española o redondeado, medio partido y cortado. Primero, castillo almenado y
donjonado de tres donjones, más alto el central. Segundo, águila explayada y coronada. Tercero, dos
calderos gringolados puestos en palo. Bordura forrada de ocho colas de armiño. Al timbre, corona
marquesal. Acolada al blasón, Cruz de la Orden de Santiago. Alrededor del conjunto,
guirnalda de laurel.

En la residencia de los jueces, edificio propiedad de los marqueses, también se


localizan dos escudos iguales entre sí, aunque con distinto nivel de conservación. La
ausencia de elementos como la cruz de Santiago evidencia una mayor antigüedad.

Imagen 8. Escudo procedente del palacio destinado a la residencia de los jueces.


Fuente: archivo de los autores.
Escudo de forma española o redondeado, medio partido y cortado. Primero, castillo almenado y
donjonado de tres donjones, más alto el central. Segundo, águila explayada y coronada. Tercero, dos
calderos gringolados puestos en palo. Bordura forrada de ocho colas de armiño. Al timbre, corona
marquesal. Rodean al blasón pliegues de pergamino.

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Pero no solo hay que pensar en que su simbología estaba presente en estos espa-
cios de poder señorial, sino también en otros edificios sobre los que ejercía su patro-
nazgo. Así, en la torre de la iglesia de San Miguel, en su cuerpo superior, aparecen
dos escudos. Su ubicación se entiende en el contexto de la obra de elevación de la
torre emprendida en la segunda mitad de siglo XVI por orden de los marqueses para
embellecer y dar lustre a un edificio eclesiástico al que su familia había conseguido
elevar a rango de colegial.

Imagen 9. Escudo procedente de la torre de la colegiata de San Miguel Arcángel.


Fuente: archivo de los autores.
Escudo de forma española o redondeado, medio partido y cortado. Primero, castillo almenado y
donjonado de tres donjones, más alto el central. Segundo, águila explayada y coronada. Tercero,
dos calderos gringolados puestos en palo. Bordura forrada de ocho colas de armiño. Al timbre,
corona marquesal. Acolada al blasón, Cruz de la Orden de Santiago. Alrededor del conjunto,
guirnalda frutal y floral.

Dentro del mismo contexto y haciendo honor al poder de presentación de las


cuatro dignidades eclesiásticas de la colegiata, que recaía en el titular de la Casa de
Aguilar, se entiende la localización de su escudo en la espalda de la silla abacial.
Esto explica que las armas de los marqueses se sitúen bajo palio, símbolo inequívo-
co de la primera dignidad del cabildo colegial.

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Imagen 10. Escudo situado en el respaldo de la silla abacial de la sillería coral de la colegiata
de San Miguel Arcángel.
Fuente: archivo de los autores.
Escudo oval, partido y medio cortado. Primero, escudo medio cortado y partido: 1.º, de gules, castillo
de oro, almenado, donjonado de tres donjones; 2.º, de plata, águila explayada de oro coronada de lo
mismo; 3.º, de gules, dos calderas de oro puestas en palo. Bordura forrada de armiño de ocho colas
de sable. Segundo, partido: 1.º, castillo de oro, almenado, donjonado de tres donjones, sumado en su
donjón central de cruz griega de oro; 2.º, de plata, león rampante de oro coronado de lo mismo; 3.º, de
azur, tres flores de lis de oro. Al timbre, corona marquesal de oro.

Este escudo nos permite conocer al mismo tiempo el cromatismo, perdido en


su representación en piedra. Mantiene los esmaltes utilizados desde los primeros
momentos de definición de las fórmulas que componen el diseño heráldico de la

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

Casa de Aguilar. Así, por ejemplo, se observa cómo coindicen las formas y esmaltes
del escudo de Tello Téllez del siglo XIV31 y también con las de los Lara32.

Imagen 11. Escudo del sepulcro de Tello de Castilla en el Convento de San Francisco de Palencia.
Fuente: Wikimedia Commons.

5. LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES “AUSENTES”

En sus orígenes en el siglo XII el fenómeno heráldico se encontraba ligado a


los hombres de armas, recogiendo los primitivos escudos “la personalidad social de
aquel a quien representa, de su situación entre las estructuras sociales conocidas”33.
Es decir, cada emblema se identificaba con una persona, produciéndose a lo largo
del siglo XIII un profundo cambio, al fijar y transmitir la composición heráldica a
sus descendientes, pasando de “escudos de armas” a “armas hereditarias”34, lo que
las convirtió en elementos distintivos permanentes de los linajes35. La fijación de
los emblemas familiares supuso, al mismo tiempo, poder reforzar la propia idea de
linaje, que también se estaba desarrollando en los siglos plenomedievales36.

31
La única diferencia entre el escudo de Tello y el de la silla del abad de la colegiata radica en el esmaltado del
águila explayada, de sable en el primero y de oro en el segundo.
32
Visibles en el ya mencionado trabajo de VIGURI, Miguel de - Heráldica palentina. II. La Tierra de Campos, op.
cit., p. 65.
33
MARTÍNEZ LLORENTE, Félix - La heráldica profesional o la formulación de un nuevo imaginario emblemático
y heráldico. Emblemata: Revista aragonesa de emblemática. ISSN 1137-1056. N.º 18 (2012), p. 181-242, especial-
mente p. 196; que cita a su vez de MENÉNDEZ-PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino - Los emblemas heráldicos.
Una interpretación histórica. Madrid: Real Academia de la Historia, 1993, 132 p. ISBN 978-84-60472-35-3, p.
51-54.
34
MESSÍA DE LA CERDA Y PITA, Luis F. - Heráldica española. El diseño heráldico. Madrid: Aldaba Ediciones,
1990, 229 p. ISBN 84-86629-36-5, p. 23.
35
RIQUER, Martín de - Heráldica castellana en tiempos de los Reyes Católicos. Barcelona: Quaderns Crema,
1986, 376 p. ISBN 84-85704-92-4, p. 14.
36
MENÉNDEZ-PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino - El linaje y sus signos de identidad. En LADERO QUESA-

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

La aparición del marquesado de Aguilar coincide con el final de la época de


desarrollo de la heráldica, que aúna en las representaciones los emblemas de las
diferentes alianzas familiares. Sin embargo, la mayor parte de los escudos analiza-
dos en este trabajo tienen unas características similares y proceden de una horquilla
temporal corta, pudiendo situar su confección entre finales del siglo XVI y princi-
pios del XVII, aquel conocido como el gran siglo de la heráldica37. Una realidad que
permite hablar de la función ejercida por los escudos de los marqueses como ele-
mento de representación de su poder en los principales lugares ‘públicos’ de Aguilar
de Campoo.
Su aparición se corresponde con la etapa de gobierno del III, IV, V y VI mar-
qués de Aguilar. De todos ellos, el que mayor incidencia tuvo en este proceso fue
el IV, Luis Fernández Manrique de Lara. Es posible afirmar que con él se consolidó
el asentamiento del poder de los señores ausentes en la villa y en su tiempo hubo
un auténtico auge en lo referente a la representación heráldica de su linaje. En los
escudos que se han visto aparecen algunos de los elementos que él aportó de forma
personal, entre los que destaca la Cruz de Santiago. Asimismo, a él se debe todo un
proceso constructivo en la villa, con el palacio nuevo y la elevación de la torre de la
colegiata como elementos más reseñables. Aunque no se conocen las fechas exactas
de su construcción, los estilos artísticos y arquitectónicos se corresponden con este
periodo y con la actividad edilicia del marqués. En cualquier caso, fue una política
destinada a demostrar su poder y la fortaleza de su linaje.
Otro de los lugares elegidos para la representación de este poder fue la colegiata
de Aguilar. A la obra en la torre ya señalada y a su capacidad de presentación de
dignidades se debe añadir la importancia que su familia otorgó a este templo como
lugar de reposo, como panteón familiar. Desde la erección de la colegiata en 1541 se
entendió que era cuestión de tiempo que se abandonase el tradicional lugar de entie-
rro de la familia, el monasterio de la Santísima Trinidad de la ciudad de Burgos, en
favor de la colegiata. Esto no era sino un comportamiento común a muchas otras
casas nobiliarias, con ejemplos tan evidentes como el de los duques de Osuna y el
panteón creado en la colegiata de dicha ciudad.
Así pues, el lugar elegido como panteón de los marqueses fue el de mayor digni-
dad del templo colegial, el presbiterio, conocido como Capilla Mayor, y que desde
entonces fue de uso exclusivo de la familia. Aunque se sabe que con el paso del
tiempo la proliferación de estas tumbas llegó al extremo de entorpecer el culto (unas
fueron simples enterramientos, otras de bulto, etc.)38, destacan entre todas las dos
primeras que se construyeron, grandes sepulturas que aún se conservan, las de más
bella factura y de mayor magnificencia. Estos sepulcros muestran las insignias per-

DA, Miguel Ángel (coord.) - Estudios de genealogía, heráldica y nobiliaria. Madrid: Publicaciones de la Universi-
dad Complutense de Madrid, 2006. ISBN 84-95215-29-2. p. 11-28, especialmente p. 17.
37
MESSÍA DE LA CERDA Y PITA, Luis F. - Heráldica española. El diseño heráldico, op. cit., p. 25.
38
La queja de esta situación contraria a la dignificación del culto proviene del arzobispo de Burgos durante el desa-
rrollo de su visita pastoral en 1710. Archivo Diocesano de Burgos, Visitas Pastorales, Caja 3, Libro 2, f. 54v.

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MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

sonales del III y IV marqués en los escudos que rematan el conjunto arquitectónico,
aunque las propias esculturas orantes también dan muestra de esa presencia de los
marqueses ausentes y sus esposas39. Este carácter diferenciado de los escudos elegi-
dos para sus sepulcros, con ‘ornamentos exteriores’ puramente personales, eviden-
cia la intencionalidad de vincularlos estrechamente al titular, mediante la “tendencia
a incorporar en un significante todas las cualidades del significado”40.
Como señala Faustino Menéndez-Pidal, “la definitiva fijación y codificación
de los escudos de armas las daba un marcado carácter de recuerdo del pasado, de
manifestación plástica de la tradición, de rememoración de los ascendientes y de
sus hechos, constitutivos del patrimonio espiritual del linaje”41. Una idea que queda
absolutamente de manifiesto en el conjunto de escudos que los Fernández Manrique
de Lara instalaron en lugares estratégicos de Aguilar de Campoo.

6. BIBLIOGRAFÍA

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Aguilar de Campoo, 2004, 128 p. ISBN 84-8012-445-8.
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bunales. Pleitos de doña Antonia de la Cerda, marquesa consorte de Aguilar de
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CORADA ALONSO, Alberto - Hacienda, rentas y privilegios de los marqueses de
Aguilar de Campoo. Una aproximación desde el Catastro de Ensenada. Estudios
Humanísticos. Historia. ISSN 1696-0300. N.º 13 (2014), p. 61-95.

39
Este conjunto funerario fue mandado construir por el IV marqués de Aguilar, como se especifica en su testamento,
redactado en 1585. Sin embargo, la obra, atribuida a Juan Antonio Marogia, discípulo de la escuela de Pompeo
Leoni, no se terminó hasta 1597. Para más información véase ESTELLA, Margarita - Artistas de los sepulcros de
los marqueses de Aguilar y procedencia de los condes de Fuensalida, documentados. En Estudios de Arte. Homena-
je al profesor Martín González. Valladolid: Universidad de Valladolid, Secretariado de Publicaciones, 1995. ISBN
84-7762-460-7. p. 327-334.
40
MENÉNDEZ-PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino - El linaje y sus signos de identidad, op. cit., p. 23.
41
Ibidem, p. 23.

300
MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

DÍAZ MARTÍN, Luis Vicente - Don Tello, Señor de Aguilar y de Vizcaya (1337-
1370). PITTM. ISSN 0210-7317. N.º 47 (1982), p. 267-335.
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y nobiliaria. Madrid: Publicaciones de la Universidad Complutense de Madrid,
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Valladolid, 2018. Tesis Doctoral inédita.

301
MARÍA HERRANZ PINACHO, ALBERTO CORADA ALONSO
LA HERÁLDICA COMO SIMBOLOGÍA DE PODER DE LOS MARQUESES «AUSENTES» DE AGUILAR DE CAMPOO

PRADO MOURA, Ángel de - Aguilar de Campoo en el siglo XVIII. La villa


más importante del norte palentino. Aguilar de Campoo: Ayto. de Aguilar de
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Diputación de Palencia, 2005, 214 p. ISBN 84-8173-118-8.

302
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL
CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN1

ALICIA MARCHANT RIVERA


Universidad de Málaga
orcid.org/0000-0002-1153-1734
amr@uma.es

Resumen: La serie de cartas de profesión femeninas del Císter malagueño, en con-


creto las circunscritas al siglo XVII, ofrecen reproducciones manuscritas seriadas,
en el ámbito de la ornamentación, de motivos escudiformes referidos a distintas
secuencias hagiográficas o símbolos religiosos, casi todos ellos afectos a la realidad
histórica de la orden del Císter. Identificarlos, describirlos, agruparlos y darlos a
conocer será el principal objetivo de estas líneas, con la finalidad de esbozar con-
clusiones en torno a la conexión de estas realizaciones con la heráldica eclesiástica
y su vínculo con la extracción social de la profesa o el desarrollo de su vida secular.

Palabras clave: escudos, cartas de profesión, siglo XVII, Málaga.

Abstract: The series of feminine profession documents belonging to the Cistercian


Abbey of Santa Ana in Málaga, in particular those ones referred to the 17th century,
offer serial handwritten reproductions, in the area of ornamentation, about shields
related to different hagiographical sequences or religious symbols, almost all of
them sympathetic on the historical reality of the Cistercian Order. To identify them,
to describe them, to group them and to announce them will be the principal aim of
these lines, with the purpose of outlining conclusions concerning the connection
of these accomplishments with the ecclesiastic heraldry and its link with the social
extraction of the professing women or the development of their secular life.

Keywords: shields, profession documents, 17th century, Málaga.

1
Este trabajo ha sido realizado en el seno del proyecto de I+D “Poder, identidades e imágenes de ciudad: música y
libros de ceremonial religioso en la España meridional, siglos XVI-XIX” MINECO HAR 2015-65912-P. Y bajo los
proyectos de Innovación Educativa de la Universidad de Málaga: PIE 17-056 “Estrategias canónicas y anticanóni-
cas en la docencia de la Historia de la Cultura: Identidad y pedagogía ciudadana” y PIE 17-128 “Feminismo en las
aulas universitarias. Propuestas didácticas multidisciplinares y estudios de género”.

303
ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

HISTORIA Y DOCUMENTOS DE LA ABADÍA MALAGUEÑA DE SANTA ANA DEL CÍSTER

Los primeros pasos de este cenobio residen en una fundación del obispo García
de Haro, quien creó una casa de arrepentidas con el nombre de Jesús María en el
año de 1593. La labor del obispo Juan Alonso Moscoso, que en 1604 eligió la orden
del Císter y mandó traer las reglas y constituciones del Convento de Recoletas
Bernardas de Valladolid2, fue determinante para insuflar a esta primitiva institución
el impulso definitivo. La iglesia y el monasterio actual, resultado de la reedificación
del año 1878, se erigen sobre el mismo enclave tradicional. Hasta que finalmente el
siglo XX, en concreto la década de los 80, trajo consigo remodelaciones interiores
en el conjunto encaminadas a lograr una tentativa de hospedería. A inicios del pre-
sente siglo, las nuevas obras proyectadas sobre el edificio prepararon el espacio para
el traslado del museo de arte sacro diocesano anejo a la abadía, hasta que, finalmen-
te, en el año 2009, la comunidad de religiosas se disolvió, propiciándose el traslado
de algunas de ellas al actual Monasterio cisterciense de Málaga, situado en la zona
de El Atabal, en la propia capital. Y se produjo así la fusión del resto de religiosas
con la comunidad de la abadía cisterciense de Nuestra Señora de la Anunciación de
Santo Domingo de la Calzada, en La Rioja.
El archivo de la Abadía de Santa Ana atesoró a lo largo de sus más de cuatro siglos
de existencia un patrimonio documental de amplia cronología, comprendida entre el
año 1604 y el año 2009, y que incluye unidades del tipo: libros de visitas canónicas,
libros de fundaciones, padrones, el Libro Mudéjar o libro de Actas de toma de hábito
y profesión, libro inventario de la ropería, libros de cuentas, conmemorativos, libro
inventario de la secretaría, y las cartas de profesión propiamente dichas3. Estas últimas
constituyen una serie de 205 cartas de profesión cuya horquilla cronológica se corres-
ponde con la amplitud del archivo, llegando hasta el año 2004, fecha de la última
profesión efectuada en el Císter malagueño de Santa Ana. Sobre esta serie documen-
tal se ha publicado un catálogo4 y se han proyectado diversos estudios diplomáticos5,

2
GÓMEZ GARCÍA, Mª Carmen - La Abadía de Santa Ana del Císter en Málaga. En CAMPOS Y FERNÁNDEZ
DE SEVILLA, Francisco Javier - La clausura femenina en España. Madrid: Real Centro Universitario Escorial
María Cristina, 2004.p. 741-760. 84-89942-37-4.
GÓMEZ GARCÍA, Mª Carmen - Orígenes y extinción del convento del Císter en Málaga. En CAMPOS Y FER-
NÁNDEZ DE SEVILLA, Francisco Javier - La clausura femenina en el mundo hispánico: una fidelidad secular.
Madrid: Real Centro universitario Escorial María Cristina, 2011.p. 713-724. 978-84-86161-62-0.
3
Actualmente y, tras la disolución de la comunidad, todos estos fondos documentales se custodian en el Archivo
Municipal de la ciudad.
4
MARCHANT RIVERA, Alicia - Las religiosas del Císter malagueño. Catálogo de las cartas de profesión de la
Abadía de Santa Ana. Málaga: CEDMA, 2010. 215 p. 9788477858577.
5
MARCHANT RIVERA, Alicia - Iter escriturario y ceremonial de la profesión religiosa femenina. En BARCO
CEBRIÁN, Lorena y MARCHANT RIVERA, Alicia - Escritura y sociedad: el clero. Granada: Comares, 2017. p.
97-123.
MARCHANT RIVERA, Alicia - Leyendas latinas en las cartas de profesión del Císter malagueño (1605-1805):
la exégesis bíblica al servicio del ceremonial religioso femenino. Documenta et instrumenta. Madrid: Universidad
Complutense. 1697-4328. Vol. 15 (2017), p. 69-89.

304
ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

artísticos6, de historia eclesiástica y de corte lingüístico7, confiando en que la riqueza


de este patrimonio pueda dar lugar a nuevos enfoques.
La carta de profesión es un documento de carácter interno e íntimo entre la ins-
titución y la religiosa que profesa; en él se prometen “estabilidad, conversión de
costumbres y obediencia fiel” a la Regla, en este caso de San Benito Abad, y a
las Constituciones de la Orden. Se constata así un acto de consagración espiritual
y vínculo jurídico unilateral, por la promesa definitiva de sumisión a Dios y a la
Orden, representada por la abadesa en cada carta. La confección de casi todas ellas
es obra anónima, con el intento de comunicar una profunda y sencilla devoción; y su
composición está marcada por la naturalidad. Aunque algunas cartas, sin prescindir
de estas directrices, llamen la atención por un mayor detalle artístico, de lo que se
infiere la intervención de manos expertas, la de alguna religiosa con aptitudes para
el dibujo (como aún se sigue haciendo en diversas comunidades) o la de profesio-
nales8.

LA SERIE DE CARTAS DE PROFESIÓN DEL SIGLO XVII, SU IDENTIFICACIÓN

De las 205 cartas de profesión de las que consta el fondo archivístico, 59 de ellas
son las correspondientes al siglo XVII, primer siglo de vida de la abadía, centuria
en torno a la cual va a circunscribirse nuestro análisis, ya que en ella se cobijan
las ejemplificaciones más nítidas de los motivos escudiformes que dan pie al título
de la propuesta. No obstante, hasta el año 1670, en el que empiezan a producirse
con regularidad cartas de profesión que incorporan motivos heráldicos, predominan
una serie de documentos de entrada en religión carentes de ornamentación, a una
sola tinta, con el único resalte visual conformado por la zona de las validaciones,
la rúbrica de la abadesa, la de la monja profesa y la del obispo o su representante
en el acto. Así pues, del conjunto de las 59 cartas de las que consta la primera serie,
son un total de 25 las que incorporan en su ornamentación motivos heráldicos. Más
adelante, en la serie correspondiente al siglo XVIII predominará la ornamentación
en forma de altar tripartito que emula al del templo, con forma de decoración arqui-
tectónica religiosa, mientras que en el conjunto emanado del sigo XIX solo algunas
6
CAMACHO MARTÍNEZ, Rosario - Las cartas de profesión del convento del Císter de Málaga: un documento
entre la devoción, el derecho y el arte. En CAMPOS DE SEVILLA, Francisco Javier - La clausura femenina en
España. Madrid: Real Centro Universitario Escorial María Cristina, 2004.p. 717-740. 84-89942-37-4. GONZÁLEZ
DE LA PEÑA, María del Val - Mujer y cultura gráfica: las Reverendas madres Bernardas de Alcalá de Henares
(siglos XVIII-XIX). Alcalá de Henares: Institución de estudios complutenses, 2001.170 p. 84-88293-22-4.
GÓMEZ GARCÍA, Mª CARMEN y VERGARA, J. - El archivo de la Abadía de Santa Ana del Císter de Málaga:
las cartas de profesión ¿Documentos biográficos o artísticos? Memoria ecclesiae. Madrid: Asociación de Archiveros
de la Iglesia en España. 0210-8321. Vol. 30 (2007), p. 239-250.
7
CARRASCO CANTOS, Pilar - Las cartas de profesión. Análisis lingüístico [En línea]. [Consultado el 5 de octu-
bre de 2018]. Disponible en internet: http://hdl.handle.net/10630/10562.
8
CAMACHO MARTÍNEZ, Rosario - Las cartas de profesión del convento del Císter de Málaga: un documen-
to entre la devoción, el derecho y el arte. En CAMPOS DE SEVILLA, F. J. - La clausura femenina en España.
Madrid: Real Centro Universitario Escorial María Cristina, 2004.p. 717-740. 84-89942-37-4.

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ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

de ellas presentan en la parte superior el escudo de la Orden del Císter como motivo
heráldico destacado.
A continuación se reproducen las entradas archivísticas del catálogo alusivas a
las cartas en cuestión que van a analizarse, con el objeto de aprehender, a modo de
contexto, mayor información documental9. De las regestas archivísticas se ha supri-
mido, para aliviar el texto, las mediciones y características del soporte, así como
las especificaciones del área de validaciones. No entrarán en el análisis posterior,
a pesar de incorporar reminiscencias heráldicas y estar incluidas en el catálogo, las
cartas 41 y 42 (de las hijas del escultor Pedro de Mena, que se presuponen autógra-
fas y elaboradas con mayor técnica y dedicación), 44 y 47 (por no formar parte de
las subseries que van a delimitarse) y 19, 43 y 56 (que incorporan las siglas JHS
-Jesús, Hombre, Salvador- o MA -María- adornadas):

Carta 19 [1644, diciembre, 29]. Málaga. Carta de Profesión de Sor Agustina de


San Buenaventura, siendo abadesa la Madre Beatriz de San Francisco. Escudo
con JHS en la parte superior central soportado por jarrones con motivos florales,
capital inicial decorada, grecas lineales separan el tenor documental de la zona
de validación.

Carta 23 [1649, julio, 12]. Málaga. Carta de profesión de Sor Juana de la Madre
de Dios, siendo abadesa la Madre Beatriz de San Francisco. Parte superior cen-
tral con escudo a colores con Santa Lutgarda, con soportes de aves que sostienen
en el pico cintas con las leyendas “Mulier timens Dominum” e “Ipsa laudabitur
prober”.

Carta 34 [1669, noviembre, 11]. Málaga. Carta de profesión de Sor Juliana de


San Benito, siendo abadesa la Madre Gracia de San Pablo. Texto enmarcado en
un frontispicio de corte clásico con escudo y San Benito en la parte superior.
Observaciones: abajo reza “Joseph de Ayala lo delineó en 24 de octubre de 1669
años”.

Carta 36 [1670, julio, 4]. Málaga. Carta de profesión de Sor María de San Luis,
siendo Abadesa la Madre Juliana de San Esteban. Escudo con Santa Lutgarda,
actuando de soportes unas águilas en sepia portando cintas con leyenda “Mulier
timens Dominum” e “Ipsa laudabitur prober”.

Carta 37 [1670, noviembre, 1]. Málaga. Carta de profesión de Sor María de


Santa Teresa, siendo abadesa la Madre Juliana de San Esteban. Escudo con Santa
Lutgarda.
9
Cada carta va precedida de su número currens en el catálogo. MARCHANT RIVERA, Alicia - Las religiosas del
Císter malagueño. Catálogo de las cartas de profesión de la Abadía de Santa Ana. Málaga: CEDMA, 2010. 215 p.
9788477858577.

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ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

Carta 38 [1671, junio, 21]. Málaga. Carta de profesión de Sor Catalina Antonia
de San Blas, siendo abadesa la Madre Juliana de S. Esteban. Escudo del Císter
con el camino de S. Benito, tres flores de lis y el báculo del abad en sepia, sopor-
tado por dos aves que sostienen en el pico bandas con leyenda “Arma militiae
nostrae” y “Veni sponsa Christi”.

Carta 39 [1672, febrero, 1]. Málaga. Carta de profesión de Sor Brígida María
de la Purificación, siendo abadesa la M. Juliana de S. Esteban. Leyenda “Arma
militiae nostra” con santa Teresa en escudo sepia.

Carta 40 [1672, mayo, 1]. Málaga. Carta de profesión de Sor Isabel María de San
Miguel, siendo abadesa la M. Juliana de San Esteban. Leyenda “Mulier timens
Dominum” e “Ipsa laudabitur Prober” con Santa Escolástica en el campo del
escudo.

Carta 41 [1672, julio, 3]. Málaga. Carta de profesión de Sor Andrea María
de la Encarnación, siendo abadesa la Madre Juliana de San Esteban. Escudo
flanqueado por telón y querubines actuando como tenantes con la escena de
la Anunciación del Ángel Gabriel a María y la paloma del Espíritu Santo -la
Encarnación-. Observaciones: autoría, hija del escultor Pedro de Mena.

Carta 42 [1672, julio, 3]. Málaga. Carta de profesión de Sor Claudia Juana de la
Asunción, siendo abadesa la Madre Juliana de San Esteban. Escudo con escena
en el campo de la Asunción de la Virgen. Observaciones: autoría, hija del escul-
tor Pedro de Mena.

Carta 43 [1673, febrero, 9]. Málaga. Carta de profesión de Sor Ana Marcela de
Jesús María, siendo abadesa la Madre Juliana de San Esteban. Dos escudos con
forma de sol (a la izquierda JHS y a la derecha MA) y la paloma del Espíritu
Santo suspendida bajo un timbre de corona junto a las leyendas “Iesu, corona
Virginum/Haec est virgo sapiens/Accipe coronam quam tibi Dominus prepara-
vit”.

Carta 44 [1673, abril, 3]. Málaga. Carta de profesión de Sor Micaela Florencia
de San Jacinto, siendo abadesa la Madre Juliana de San Esteban. Escudo con
Santa Juliana en el campo.

Carta 45 [1676. Málaga]. Carta de profesión de Sor María de San Diego, siendo
abadesa la Madre Mariana de la Cruz. Escudo con S. Diego en el campo flan-
queado por dos pequeños escudos (derecha, báculo e izquierda, león con báculo
y monasterio).

307
ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

Carta 46 [1678, junio, 7]. Málaga. Carta de profesión de Sor Cipriana Francisca
de Santa Gertrudis, siendo abadesa la Madre Mariana Josefa de la Cruz. Escudo
de la congregación cisterciense de Castilla soportado por dos águilas con cin-
tas que portan leyenda “Arma militiae nostrae” y “Veni sponsa Christi”, aves y
jarrones con motivos florales entremezclados en el dibujo con las palabras de la
intitulación “Yo soror”.

Carta 47 [1679, enero, 6]. Málaga. Carta de profesión de Sor María Bernarda
de San José, siendo Abadesa la Madre Juliana de S. Esteban. Imagen de Santa
Bernarda con llagas en las manos dentro de un corazón rojo, a modo de escudo,
con la leyenda “Mihi et ego illi Dilectus meus” flanqueada por San Bernardo y
San José.

Carta 48 [1679, septiembre, 8]. Málaga. Carta de profesión de Sor Teresa de


Santa Escolástica, siendo abadesa la Madre Juliana de San Esteban. Escudo lau-
reado con Santa Teresa en la Trasverberación, soportado por dos pájaros que
portan cintas con leyenda “Veni de Libano veni Corona veris. CAPIT. 4.77. 8
incant” y “Veni de Libano, sponsa mea”.

Carta 49 [1682, febrero, 8]. Málaga. Carta de profesión de Sor Juana de San
Agustín, siendo Abadesa la Madre Ana del Santísimo Sacramento. Escudo con la
imagen de San Agustín en el campo.

Carta 50 [1684, febrero, 7]. Málaga. Carta de profesión de Sor Mariana de


San Cristóbal, siendo abadesa la Madre Mariana de la Cruz. Escudo con San
Cristóbal en el campo, grecas florales y pájaros.

Carta 51 [1684, febrero, 21]. Málaga. Carta de profesión de Sor Ana de San
Antonio, siendo abadesa la M. Mariana de la cruz. Escudo con San Antonio en el
campo, soportado por pájaros que portan cintas sin leyenda; greca floral a colo-
res que enmarca todo el texto.

Carta 52 [1686, octubre, 16]. Málaga. Carta de profesión de Sor Rosa de Santa
María, siendo abadesa la Madre Mariana de la Cruz. Escudo central con Sta.
Rosa con la leyenda “Quasi Rosa plantata super rivos aquarum Eccles. C. 39”,
flanqueada por escudos con S. Benito y S. Bernardo.

Carta 53 [1689, enero, 9]. Málaga. Carta de profesión de Sor Josefa de San
Andrés, siendo Abadesa la M. Antonia María de S. Francisco. Escudo central
con un Jesús en Majestad flanqueado por dos escudos con la representación de S.
Benito y S. Bernardo.

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ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

Carta 54 [1689, enero, 30]. Málaga. Carta de profesión de Sor Ana Bernarda de
San Juan, siendo abadesa la M. Abadesa Antonia María de S. Francisco. Escudo
con Juan el Bautista en el campo flanqueado por S. Benito y S. Bernardo, con
la leyenda a modo de divisa “Inter natos mulierum non surrexit mayor Ioanne
Baptista”.

Carta 55 [1690, julio, 4]. Málaga. Carta de profesión de Sor María de la


Encarnación, siendo abadesa la M. Antonia María de S. Francisco. Tres escudos
en la parte superior, el central con S. Cristóbal en el campo y los laterales con S.
Benito y S. Bernardo.

Carta 56 [1690, julio, 26]. Málaga. Carta de profesión de Sor María de Santa
Gertrudis, siendo abadesa la M. Beatriz de S. Francisco. Escudo en forma de
corazón atravesado por una flecha con la paloma del Espíritu Santo, soportado
por jarrones florales con las siglas JHS y pájaros; inicial mayúscula decorada y
destacada del texto.

Carta 58 [1693, octubre, 15]. Málaga. Carta de profesión de Sor Catalina de S.


Bernardo, siendo abadesa la M. Mariana de la Cruz. Greca con escritura enmar-
cando el texto a modo de tiara “José y María, aquí entrego, el alma mía, soy de
Sor Catalina de Santa Teresa de Jesús”; escudo en sepia con bandas y leyenda
“Caritas Humilitas Castitas cum paupertate pro Domino Deo 1693”.

LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL SIGLO XVII CON MOTIVOS ESCUDIFORMES,


SU CLASIFICACIÓN

Al margen de las obras de mayor perfección artística, que ya apuntamos, la


mayoría de las cartas de esta subserie que se resalta son de marcado carácter inge-
nuo, y de ahí se desprende su atractivo. Se copian modelos de cartillas para el diseño
de ángeles deformes o estampas para las composiciones religiosas, siendo siempre
estas manos generalmente anónimas más hábiles en la realización de guirnaldas y
grecas florales. La mayor parte de las cartas de profesión del Seiscientos están domi-
nadas por el trazado de la hoja carnosa o cartelas derivadas de los esquemas de los
libros de emblemas. Y son estas las que encierran los motivos o figuras religiosas.
El motivo escudiforme con la imagen de Santa Lutgarda (cartas 23, 36, 37),
Santa Escolástica (carta 40) o Santa Teresa de Jesús (cartas 39, 48 y 58) está presen-
te en lo que podría denominarse campo del escudo en 7 de las 25 cartas. En ellas la
variable más reiterada es la que ofrece como ornamento exterior al campo la corona
de marqués, según la clasificación de la heráldica española, a modo de timbre; junto
a los exornos con motivos de la cruz de Alcántara, que lo lobulan (cartas 36 y 40)10.
10
CORRAL VAL, Luis - El Císter y la Orden de Alcántara. Cistercium: Revista cisterciense. Cantabria: ediciones
Monte Casino. 0210-3990. Vol. 216 (1999), p. 563-572.

309
ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

A su vez el escudo aparece flanqueado por dos palomas en sendos lados, actuando
como soportes del escudo, que sostienen leyendas latinas en el pico. En ocasiones,
como en la carta 40, profesión de Sor Isabel María de San Miguel, acompañados
por los símbolos del escudo del Císter de la congregación de Castilla, la escala de
escaques y el brazo de monje con báculo11. Las palomas con leyendas en el pico
también flanquean, en dos ocasiones dentro de la serie (cartas 38 y 46), el escudo
de la congregación cisterciense de Castilla, exornado con corona a modo de timbre.
En el conjunto, es frecuente que la referencia manuscrita con el nombre de la santa
acompañe al motivo escudiforme, identificándola.

Carta 36. Sor María de San Luis, 1670. Carta 40. Sor Isabel María de San Miguel, 1672.

PALACIOS MARTÍN, Bonifacio – El Císter y la fundación de la Orden de Alcántara. Cistercium: Revista cister-
ciense. Cantabria: ediciones Monte Casino. 0210-3990. Vol. 238 (2005), p. 777-792.
11
CADENAS Y VICENT, Vicente de - Diccionario heráldico. Madrid: Hidalguía, 2004. 338 p. 978-84-89851-40-5.
GÓMEZ GONZÁLEZ, Alberto - Heráldica cisterciense Hispano-lusitana. Hidalguía. Madrid: Instituto Salazar y
Castro. 0018-1285. 1956. P. 857-920.
MONTALVO, Fray Bernabé de - Primera parte de la Crónica de la Orden del Císter, e Instituto de San Bernardo.
Madrid: Luis Sánchez, 1602. 348p.

310
ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

Carta 48. Sor Teresa de Santa Escolástica, 1679. Carta 38. 1679 Catalina Antonia de San Blas, 1671.

La presencia de estas santas protagonistas en las decoraciones heráldicas de las


cartas de profesión queda justificada y avalada por la vinculación de las mismas a
la orden cisterciense, al margen de la personal afección que pudiera proyectar cada
profesa sobre un documento tan íntimo e interiorizado. Así pues, Santa Lutgarda,
propagadora de la devoción del Sagrado Corazón de Jesús, fue una de las mayores
místicas del siglo XII junto con Santa Gertrudis y Santa Matilde. Esta santa, inscrita
en el Martirologio Romano en 1584, fue conducida con 12 años a la Abadía bene-
dictina de Tongres, en Bélgica y falleció en la Abadía de Aywiers, cenobio cister-
ciense también belga, el 16 de junio de 124612. En las cartas del Císter malagueño
reseñadas referidas a esta santa se la representa con el atributo del rosario, motivo
identificativo por otro lado del escudo heráldico de las abadesas.
Por su parte Santa Escolástica (Nursia, c. 480 - Piumarola, Montecassino, 547)
fue una religiosa italiana que vivió entre los siglos V y VI elevada a los altares por
12
MORENO ALCALDE, Mercedes - Sobre un lienzo de Santa Lutgarda. En BONILLA HERNÁNDEZ, José Anto-
nio - Estudios históricos salmantinos: homenaje al Padre Benigno Hernández Montes. Salamanca: Universidad,
1999. 84-87132-81-2. P. 157-168.
BUSSELS, Amandus - La espiritualidad mística de Santa Lutgarda. Cistercium: Revista cisterciense. Cantabria:
ediciones Monte Casino. 0210-3990. Vol. 220 (2000), p. 777-792.
BARTOLOMEI ROMAGNOLI, Alessandra - Lutgarda nella mistica femminile del Duecento. Hagiographica. Ita-
lia: Società Internazionale per lo studio del Medioevo Latino. 1124-1225. Vol. 19 (2012), p. 221-282.

311
ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

la Iglesia católica. Hermana de san Benito de Nursia, creador de la regla que refor-
mada dio origen al Císter, se consagró al servicio divino desde niña. Cuando su
hermano fundó Montecassino, abrió cerca un convento con la misma regla, llamado
Piumarola, del que Escolástica llegó a ser abadesa, de ahí que se la represente con
el báculo en la iconografía de la carta 4013, motivo cercano a lo representativo del
escudo de las abadesas, oval, rodeado de un rosario, sobre un báculo velado en palo,
sin mitra14.
Por último, recordemos que a Teresa de Jesús se la canoniza el 12 de marzo de
1622, por Gregorio XV, luego puede deducirse que se trataba de una santa recono-
cida entre sus contemporáneos, lo cual indujo a su afección y a su predicamento,
tanto como a la controversia15. Lo que confiere normalidad a que entre las monjas
del cenobio cisterciense malagueño el representarla iconográficamente en las cartas
de profesión llamara la atención y fuera un modelo para emular.
Por otro lado, un segundo y nutrido grupo de análisis es el referido a la imagen
de santos que aluden al nombre de entrada en religión de la profesa. Este está pre-
sente en el campo del escudo en 8 de las 25 cartas, ocupando una posición central.
A diferencia de la serie analizada anteriormente, donde junto al motivo escudifor-
me aparecía de forma manuscrita el nombre de la santa celebrada en la carta de
profesión, ahora la imagen hagiográfica solo es reconocida por sus atributos y su
relación con la iconografía tradicional. Se nos muestran decoraciones con la imagen
de San Diego (carta 45), San Agustín (carta 49), San Cristóbal (cartas 50 y 55), San
Antonio (carta 51), Santa Rosa de Lima (carta 52), San Andrés (carta 53) y San
Juan Bautista (carta 54). El motivo central escudiforme presenta en todas ellas, con
mayor o menor grado de ornamentación, formato de cornucopia, al que antes hemos
aludido como hoja densa o cartela16. Y este aparece en 6 ocasiones (cartas 45, 49,
52, 53, 54 y 55) flanqueado por sendos escudos con las representaciones de los san-
tos de la Orden, San Benito y San Bernardo (cartas 52, 53, 54 y 55) o por atributos
de la congregación de Castilla del Císter (león rampante con báculo y monasterio y
báculo abacial con flores de lis). Los escudos aparecen circundados también por el
formato cornucopia, en distintas posiciones en relación al escudo central (inferior,
medial o superior)17. De este conjunto de seis cartas solo dos presentan leyendas en

13
LINAGE CONDE, Antonio - Significación y valoración de la femineidad en Santa Escolástica. En CAMPOS Y
FERNÁNDEZ DE SEVILLA, Francisco Javier - La clausura femenina en España. Madrid: Real Centro Universi-
tario Escorial María Cristina, 2004. p. 513-528. 84-89942-37-4.
14
DE ARCO Y GARCÍA, Fernando - Heráldica eclesiástica. Emblemata: Revista aragonesa de emblemática. Zara-
goza: IFC. 1137-1056. Vol. 18 (2012), p.123-146.
15
RICE, Robin Ann - Nadie es profeta en su tierra: Santa Teresa de Jesús (1515- 1582) en el imaginario colectivo
de su época. Hipogrifo: Revista de Literatura y cultura del Siglo de Oro. Pamplona: Griso. 2328-1308. Vol. 4, nº 2
(2016), p. 43-57.
16
“Se llama también un cierto género de adorno, de la figura misma de la cornucopia, que se hace de plata, azófar,
o madera, dorada, plateada, o de otro color, la qual se clava en las paredes, y en su extremo se ponen buxías para
ilumniar algún sitio”. Diccionario de la Real Academia Española (DRAE). Madrid: RAE,1729.
17
RODRÍGUEZ GONZÁLEZ, José Ignacio - El Císter femenino y la Congregación de Castilla. Catálogo de su

312
ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

latín de derivación bíblica, una en forma de cartela o divisa (carta 54, “Inter natos
mulierum non surrexit maior Ioanne Baptista”) y otra adoptando forma de tiara con-
formando un caligrama (carta 52). Solo en dos ocasiones (cartas 50 y 51) flanquean
al escudo central, en lugar de las alusiones a los santos o símbolos de la Orden,
grecas florales con decoraciones zoomorfas en forma de ave.En cuanto a las repre-
sentaciones hagiográficas presentes en estas cartas, interesa señalar que San Diego
fue el único santo canonizado a lo largo de todo el siglo XVI, por el papa Sixto V, el
10 de julio de 1588, culminando el proceso introducido por Pío IV a instancias del
rey Felipe II de España. De esta forma se convirtió en el primer santo español de la
Edad Moderna. En la carta de profesión (45) se le representa joven e imberbe, según
su iconografía tradicional, recogiendo su escapulario en el delantal lleno de flores, a
lo que se une el atributo adicional de la cruz, agregado probablemente por la deco-
ración autógrafa de Sor María de San Diego18. Por otro lado, la representación de
San Agustín (49) se hace comprensible si entendemos que fue el autor de una de las
dos reglas monásticas más importantes del medievo, junto con la de San Benito,
origen de la reforma del Císter. Por su parte, Santa Rosa de Lima fue canonizada
por Clemente X el 12 de abril de 1671, proclamándola por “Principal Patrona del
Nuevo Mundo”. En Lima, Roma, España y todos los países de América y Europa, se
celebraron fiestas suntuosas en honor de la primera santa natural de América, eclo-
sión que encaja a la perfección con la cercanía de la fecha de profesión de la carta
que la porta (carta 52, 1686). Los pontífices en sus respectivas bulas la proclamaron
santa con el nombre de “Rosa de Santa María”, que posteriormente se convertiría
en Rosa de Lima, nombre toponímico común a muchos santos en el orbe cristiano19.
Curiosamente la monja profesa del Císter malagueño en cuya carta de entrada en
religión figura la imagen de Santa Rosa de Lima adopta como nombre de entrada
en religión en la intitulación documental “Yo soror Rosa de Santa María”. Cierran
esta serie, según se ha apuntado, las recreaciones de San Andrés, con la cruz aspada,
San Antonio, en posición orante, San Juan Bautista, niño junto al cordero, y San
Cristóbal, cruzando el río con el Niño en hombros. Santos cuyos nombres adop-
tan las profesas en su entrada en religión y a los que no adscribimos una especial
vinculación con la historia de la orden cisterciense, y cuya elección será uno de los
objetivos en la investigación a desarrollar.

heráldica. Cistercium. Cantabria: ediciones Monte Casino. 0210-3990. Vol. 265 (2015), p.97-235. GARCÍA FLO-
RES, Antonio - Para mayor culto del oficio divino y servicio de Dios. Las iglesias de los monasterios cistercienses
de la Congregación de Castilla (siglos XV-XIX) [En línea]. 2014. 42 p. [Acceso el 6 de octubre de 2018]. Dispo-
nible en internet : https://www.academia.edu/9926912/Para_mayor_culto_del_oficio_divino_y_servicio_de_Dios_
las_iglesias_de_los_monasterios_cistercienses_de_la_Congregaci%C3%B3n_de_Castilla_siglos_XV-XIX_
18
CASE, Thomas E. - La historia de San Diego de Alcalá: su vida, su canonización y su legado. Alcalá: Universi-
dad, 1998. 182 p. 978-84-8138-230-3.
19
VELASCO, Salvador - Rosa de Santa María (Santa Rosa de Lima). Guadalajara: OPE, D. L., 1981. 220 p.
84-7188-115-2.

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ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

Carta 53. Sor Josefa de San Andrés, 1689. Carta 54. Sor Ana Bernarda de San Juan, 1689.

Carta 49. Sor Juana de San Agustín, 1682. Carta 50. Sor Mariana de San Cristóbal, 1684.

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ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

A MODO DE EPÍLOGO Y PUNTO DE PARTIDA

Nos hallamos pues ante un campo de estudio que difiere de lo hasta ahora anali-
zado. Se ha abordado en ocasiones la heráldica de las cartas de profesión en ceno-
bios donde la extracción social de la monja profesa era destacada, y así se hacía
connotar en la incorporación de los blasones familiares al documento20. Por otro
lado, se halla plenamente consolidada la rama de la heráldica eclesiástica, que cuen-
ta con una densa y específica doctrina. No obstante, el rescate, clasificación, aná-
lisis y ulterior explicación de los motivos escudiformes reseñados en las cartas de
profesión del Císter malagueño parece no concomitar con el apego a la vida secu-
lar, posible basamento de la incorporación de los blasones familiares al documento
religioso, ni comulgar stricto sensu con los símbolos, vocabulario, configuraciones
y tiempos de la heráldica eclesiástica. Más bien parece morar en estas cartas un sin-
gular apego a la vida religiosa, que hace perseguir en sus decoraciones devociones
señeras de la orden o hagiografías vinculadas a los nombres de entrada en religión.
Ahora bien, se haría necesario recurrir a otras fuentes del mismo archivo monástico,
como por ejemplo el Libro de Actas de toma de hábito y profesión (Libro Mudéjar)
para proceder a un registro exhaustivo de sus entradas. La extracción o significación
social de cada profesa podría indicarnos datos relativos a la elección o no de escu-
do para decorar su carta (motivo escudiforme que transfiere sentido de relevancia,
distinción, ornamento…) o incluso si la elección del nombre de entrada en religión,
hagiografiado en la carta, conduce a vislumbrar algún apego a la vida secular que se
quiere perpetuar intramuros.
Todo esto concluiría, con la prosecución de los trabajos, en que la comunidad
femenina del Císter malagueño se erigió, con la confección de sus cartas de profe-
sión, en creadora de una “paraheráldica” o emblemática no tan atenta a los cánones
(aunque sí que incorpore motivos reconocidos en la doctrina heráldica eclesiásti-
ca -escudos del Císter de la congregación de Castilla, cruz de Alcántara, el rosario
como atributo de las abadesas, etc…-); de una heráldica paralela nacida de su voca-
ción y del amor a Dios y a lo santificado.

DARNA GALOBART, Leticia – Heráldica en las cartas de profesión del Monasterio de Santa Clara de Barcelona.
20

Paratge: quaderns d’estudis de genealogía, heráldica, sigil.lografia i nobiliària. Madrid: equipo Sirius. 1130-3395.
Vol. 27 (2014). P. 157-202.

315
ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ALICIA MARCHANT RIVERA
MOTIVOS ESCUDIFORMES EN LAS CARTAS DE PROFESIÓN DEL CÍSTER MALAGUEÑO (S. XVII): UNA APROXIMACIÓN

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VELASCO, Salvador - Rosa de Santa María (Santa Rosa de Lima). Guadalajara:
OPE, D. L., 1981. 220 p. 84-7188-115-2.

317
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA
IDENTIDADE NARRATIVA

CRISTÓVÃO MATA
Centro de História da Sociedade e da Cultura – Univ. de Coimbra
0000-0002-3682-0700
cristovaomat@hotmail.com

Resumo: O objetivo deste capítulo consiste em interpretar as armas da Casa de


Aveiro, fundada a 27 de maio de 1500, e articular o seu significado com identidade
narrativa formulada pelos duques de Aveiro. Estes aristocratas, representantes de
uma das principais casas aristocráticas portuguesas da Época Moderna, promove-
ram um discurso que estabelecia uma correspondência entre o seu património e o
estado senhorial do infante D. Pedro, primeiro duque de Coimbra; em simultâneo,
apostaram na evocação da memória do rei D. João II, mediante o qual entroncavam
na Coroa. Com ambos os argumentos, recuavam a data da fundação da sua casa até
um período anterior a 1500, o que lhes seria útil no âmbito de disputas de predên-
cias, constituindo a sua heráldica uma representação deste último discurso.

Palavras-Chave: Aristocracia; Heráldica, Casa de Aveiro, Identidade Narrativa.

Abstract: The aim of this chapter is to analyse the House of Aveiro’s arms, founded
on May 27 1500, and articulate its meaning with the narrative identity constructed
by the Dukes of Aveiro. This aristocrats, representing one of the major noble houses
in the Early Modern Portugal, promoted a discourse that considered their house to
be the same noble estate owned prince Peter, first duke of Coimbra; at the same
time they invested on evocating the king John II’s memory, through whom they
were connected to the Portuguese Crown. Both arguments allow them to consider
that their house was founded before the year of 1500, which would be useful in the
context of several disputes, constituting their heraldry a representation of this last
discourse.

Keywords: Aristocracy, Heraldry, House of Aveiro, Narrative Identity.

319
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

INTRODUÇÃO

Este trabalho surge no âmbito da nossa tese de doutoramento, atualmente em vias


de conclusão, referente à inserção da Casa de Aveiro no espaço social da nobreza e
à sua implantação territorial no contexto do regime senhorial da Época Moderna. Na
origem deste projeto1, encontrava-se o objetivo de se esclarecerem algumas ques-
tões surgidas num estudo anterior2, nomeadamente sobre a jurisdição e as prerroga-
tivas senhoriais, as estruturas de domínio e as redes clientelares de que os duques de
Coimbra e de Aveiro dispunham, nos seus senhorios e almoxarifados, para efeito da
administração da justiça e cobrança de rendas.
Com o decorrer do tempo, todavia, ainda que não tivéssemos abdicado de res-
ponder a qualquer uma das questões inicialmente colocadas, vários temas se impu-
seram como problemáticas que, embora tratadas por outros autores3, necessitavam
de ser discutidas de forma mais aprofundada. Problemas tais como as circunstân-
cias que propiciaram, nos finais do século XV, a fundação da Casa de Aveiro (e
que durante muito tempo determinaram a sua existência sob múltiplos aspetos), por
exemplo, tiveram que ser revisitados.
Do mesmo modo, a análise dos momentos de proximidade e de distanciamen-
to entre os representantes da Casa de Aveiro e a Coroa – refletidos, por exemplo,
na generosidade ou na parcimónia dos reis a respeito da concessão de mercês, que
justificariam alguns períodos de crise e, em última análise, a extinção desta casa,
em 1759 - não poderia ser ignorada. Questões como o investimento nos filhos dos
duques de Coimbra, Aveiro e Torres Novas e os respetivos destinos individuais, bem
como a formação, configuração e evolução do seu património, entre tantos outros
temas, acabaram por se afirmar como problemáticas cujo tratamento, num trabalho
que pretende oferecer uma visão panorâmica sobre a Casa de Aveiro, ajudaria a uma
melhor compreensão das questões que inicialmente o motivaram – e que, ao mesmo
tempo, suscitaria novas interrogações.
Com efeito, durante o processo de levantamento de documentação, constatou-se
a existência de uma história que os membros da Casa de Aveiro contavam sobre si
e na qual se reconheciam. Esta «identidade narrativa», para recorrer ao conceito
cunhado por Paul Ricoeur4, embora não esteja plasmada de modo coerente e siste-

1
A Casa de Aveiro na constelação dos poderes senhoriais: estruturas de domínio e redes clientelares, doutoramento
financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/93202/2013), desenvolvido como colaborador do
Centro de História da Sociedade e da Cultura e orientado pela Professora Doutora Margarida Sobral Neto.
2
MATA, Cristóvão – O Poder Local em Penela (1640-1834). Coimbra: Palimage, 2013.
3
A primeira grande narrativa sobre a história familiar da Casa de Aveiro foi realizada por SOUSA, António Caetano
de – Historia Genealogica da Casa Real Portugueza. Tomo XI. Lisboa: Na Regia Officina Sylviana, e da Academia
Real, 1745, p. 1-369, sendo esta complementada, durante o século XX, por CANEDO, Fernando de Castro da Silva
– A descendência portuguesa de El-Rei D. João II. III Tomos. Lisboa: Edições Gama, 1993. Mais recentemente, a
questão foi revisitada no trabalho de NEVES, Francisco Ferreira – A Casa e o Ducado de Aveiro. Sua origem, evo-
lução e extinção. Arquivo do Distrito de Aveiro. Vol. XXXVIII (1972), p. 161-217 e 257-338.
4
Tempo e Narrativa. Volume 3. Campinas: Papirus, 1997, p. 426.

320
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

mático numa qualquer obra encomiástica, tornou-se percetível quando se consulta-


ram as petições dirigidas aos reis pelos duques de Aveiro. Percebeu-se também que
parte do argumentário delas constante encontrava a sua representação iconográfica
nas armas desta casa senhorial.
Em meados do século XVII, terá ocorrido uma reformulação heráldica, que foi
ao encontro das aspirações do quarto duque de Aveiro, D. Raimundo de Lencastre,
e que se articulou perfeitamente com a identidade da Casa de Aveiro. Com efeito, as
armas integravam o conjunto dos seus bens simbólicos e à alteração que terá ocorri-
do na década de 1650, ainda que esta pudesse ter redundando na promoção da casa,
acabou por corresponder um momento de conflito com a monarquia, seguindo-lhe
um longo período de crise.
O propósito da presente comunicação não é o de avaliar a relações entre a Casa
de Aveiro e a Coroa ou de analisar a sua história familiar, exercícios que seriam
ambos manifestamente difíceis de realizar nas páginas que se seguem; antes consiste
em apresentar os elementos constitutivos da sua identidade nobiliárquica, relacioná-
los com determinados objetivos e projetos de ordem social e política e articulá-los
com o significado das armas da casa dos duques de Aveiro.
Para este efeito, importará começar por se apresentar o conceito de casa senho-
rial, termo cuja definição mais comum e aceite pela historiografia portuguesa foi
proposta por Nuno Gonçalo Monteiro. Segundo este autor, a casa consiste num
«conjunto coerente de bens simbólicos e materiais a cuja reprodução alargada esta-
vam obrigados todos os que nela nasciam ou dela dependiam»5. Trata-se de uma
concetualização bastante feliz na medida em que considera os vários elementos
constitutivos de uma casa senhorial (ou aristocrática): primeiramente, a família
biológica («os que nela nasciam»); depois, todos quanto coabitavam sob o mesmo
teto, independentemente de partilharem ou não laços de parentesco (os que «dela
dependiam»)6; por fim, mas não menos importante, todo o património correspon-
dente à sua estrutura material e imaterial e sobre o qual assentava, em parte, a sua
identidade («bens simbólicos e materiais»).
Esta distinção entre bens simbólicos e materiais de uma casa é igualmente ade-
quada porque o património que a compunha incluía não apenas os seus recursos
económicos, como também diversos outros elementos identitários que constituíam o
respetivo capital simbólico: nesta segunda categoria podem ser incluídos os títulos
nobiliárquicos, as armas e os apelidos ostentados por uma determinada família aris-
tocrática; enquanto a dimensão material dos patrimónios senhoriais era composta
pela disposição de bens patrimoniais livres e vinculados, de senhorios, de comendas

5
MONTEIRO, Nuno Gonçalo – O Crepúsculo dos Grandes. A Casa e o Património da Aristocracia em Portugal
(1750-1832). Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2003, p. 95.
6
FRIGO, Daniela – «Disciplina Rei Familiarae»: A Economia como Modelo Administrativo de Ancien Régime.
Penélope. Vol. 6 (1991), p. 47-62 e HESPANHA, António Manuel – Carne de uma só carne: para uma compreensão
dos fundamentos histórico-antropológicos da família na época moderna. Análise Social. Vol. XXVIII (1993), p.
951-973.

321
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

e de vários outros recursos enquadrados nas categorias de bens da Coroa e bens das
ordens7.
Não interessa, por agora, demonstrar a duplicidade das referidas categorias de
bens, sendo bem mais importante reforçar a ideia de que o património da aristocra-
cia constituía um elemento identificativo tão ou mais relevante do que as linhagens
a que as casas correspondiam. Conforme à frente se verificará através da exegese
das narrativas dos duques de Aveiro, reproduzidas nos pedidos dirigidos aos monar-
cas, os argumentos utilizados para destacar a grandeza e os merecimentos da Casa
de Aveiro apontavam, sobretudo, para a ancestralidade do seu estado, evocando a
memória dos donatários passados.
Não obstante a relação de parentesco biológico entre os duques de Coimbra e
de Aveiro e o infante D. Pedro, primeiro duque de Coimbra, o argumento utilizado
repousou no facto de os primeiros administrarem parcialmente o património que,
durante o século XV, correspondera ao ducado de Coimbra. Em simultâneo, no con-
texto da solicitação de mercês à Coroa, a ascendência dos membros da Casa de
Aveiro e o facto de a origem desta remontar à casa real portuguesa também nunca
deixaram de ser evocados.

A FUNDAÇÃO DA CASA DE AVEIRO

A Casa de Aveiro foi uma casa senhorial portuguesa da Época Moderna, cujas
origens remontaram a um filho ilegítimo de D. João II: nascido nos finais do século
XV, D. Jorge de Lencastre, segundo duque de Coimbra, mestre de Avis e Santiago
e senhor de várias vilas no norte de Portugal, recebeu do pai e do sucessor deste, D.
Manuel, um vasto estado senhorial que colocou a sua casa num lugar privilegiado
na hierarquia aristocrática do Antigo Regime8.
A dotação do D. Jorge foi iniciada no contexto de um projeto desenvolvido por
D. João II, que colocava o seu filho bastardo na linha de sucessão, mas que acabou
por resultar na coroação de D. Manuel9. Contudo, foi a doação das terras anterior-

7
Os bens da Coroa, tais como os direitos reais, jurisdições e alcaidarias-mores de vilas, definiam-se por esta-
rem sujeitos à Lei Mental, o que impedia a sua doação perpétua e dispersão e obrigava a que se respeitassem os
critérios de varonia e primogenitura; quanto aos bens das ordens (comendas, por exemplo), ainda que estives-
sem livres daquele constrangimento, também eram doados por vidas (HESPANHA, António Manuel – História
das Instituições: Épocas Medieval e Moderna. Coimbra: Almedina, 1982, p. 286-289 e OLIVAL, Fernanda – As
Ordens Militares e o Estado Moderno: Honra, Mercê e Venalidade em Portugal (1641-1789). Lisboa: Estar, 2001,
p. 42-51.)
8
Sobre a dimensão do seu estado senhorial ou a importância dos rendimentos, ver CASTRO, Armando de – A
Estrutural Dominial Portuguesa dos séculos XVI a XIX (1834). Lisboa: Caminho, 1992, passim; HESPANHA,
António Manuel – As Vésperas do Leviathan. Instituições e poder político. Portugal – séc. XVII. Coimbra: Alme-
dina, 1996, p. 430-433; PEREIRA, João Cordeiro – A Renda de uma Grande Casa Senhorial de Quinhentos. In
Primeiras Jornadas de História Moderna. Vol. II. Lisboa: Centro de História da Universidade de Lisboa, 1986, p.
789-820 e MONTEIRO, Nuno Gonçalo – O Crepúsculo…, cit., p. 260-269.
9
AUBIN, Jean – D. João II devant sa succession. In Arquivos do Centro Cultural Português. Vol. XXVII (1991),
p. 101-140.

322
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

mente detidas por D. Pedro, solicitada no testamento de D. João II10, mas realizada,
a dois tempos, por D. Manuel, nos dias 27 de maio de 1500 e 26 de março de 150911,
que instituiu a casa de D. Jorge e dos duques de Aveiro.
A afirmação de que foi no dia 27 de maio de 1500 que ocorreu a fundação da
Casa de Aveiro sustenta-se em três grandes argumentos. Em primeiro lugar porque,
muito embora D. Jorge estivesse provido com outros bens desde o reinado de D.
João II (mestrados de Avis e Santiago e um conjunto de senhorios junto dos rios
Douro e Tâmega), estes recursos, que haviam sido administrados por infantes ou
pelos seus filhos e pertencido ao falecido príncipe D. Afonso, seu irmão, foram-lhe
outorgados no âmbito da sucessão desejada pelo pai e com o notório objetivo de o
equiparar membro da família real12.
Não menos importante, as rendas e jurisdições das terras que compunham o
ducado de Coimbra e da vila de Torres Novas (que foi doada em satisfação da indis-
ponibilidade de muitos daqueles bens), assim como as rendas e a alcaidaria-mor da
cidade de Coimbra, constituíram os únicos bens cuja administração foi transmitida
aos descendentes do duque de Coimbra.
Muito embora D. João de Lencastre, filho primogénito de D. Jorge e primeiro
duque de Aveiro, tenha tomado posse daqueles senhorios nortenhos após a morte
do pai, em 1550, a sua posse foi indeferida13. Do mesmo modo, o facto de o duque
D. João ter sido agraciado pelo rei D. João III com o senhorio de um conjunto de
vilas dos mestrados de cujas comendas era administrador, pouco tempo depois, em
155414, não implicou que tivesse sucedido ao pai na administração das ordens, que
naquela ocasião também foram incorporados na Coroa15.
Mais importante, todavia, as cláusulas sucessórias inscritas nas cartas de 27 de
maio de 1500 levaram ao entendimento de que a mercê manuelina, ainda que con-
sistisse na doação de bens da Coroa, instituira um morgadio. Este, porque não esta-
va sujeito à Lei Mental, seria transmitido como se de um qualquer morgadio regular
se tratasse – o que impediu, na década de 1660, a extinção da Casa de Aveiro, depois
do crime de lesa-majestade pelo qual D. Raimundo foi julgado, e, no século XVIII,
possibilitou a sucessão por via feminina.

10
SOUSA, António Caetano de – Provas da Historia Genealogica da Casa Real Portugueza. Tomo II. Lisboa: Na
Regia Officina Sylviana, e da Academia Real, 1736, p. 171-175.
SOUSA, António Caetano de – Provas…, cit., Tomo VI, p. 1-9 e Arquivo Nacional Torre do Tombo (ANTT) –
11

Chancelaria de D. Manuel, Livro 24, f. 73v.


12
MENDONÇA, Manuela – D. João II: Um Percurso Humano e Político nas Origens da Modernidade em Portu-
gal. Lisboa: Estampa, 1991, p. 449-450 e PIMENTA, Maria Cristina Gomes – As Ordens de Avis e de Santiago na
Baixa Idade Média: O Governo de D. Jorge. Palmela: Câmara Municipal de Palmela, 2002, p. 81-82.
13
FIGUEIREDO, João Anastácio de – Memoria para dar huma idêa justa do que erão as behetrias, e em que diffe-
rião dos coutos e honras. In Memorias de Litteratura Portugueza. Tomo I. Lisboa: Na Officina da mesma Acade-
mia, 1792, p. 228-229.
14
ANTT – Chancelaria de D. João III, Livro 58, f. 141v-143.
15
OLIVAL, Fernanda – As Ordens Militares…, cit., p. 42-45.

323
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

Foram também estas cláusulas que conferiram coerência a todo o património dos
duques de Aveiro, independentemente da sua origem e das cláusulas das respetivas
doações. Os bens da cidade de Coimbra, por exemplo, foram doados de juro e her-
dade somente em 173216, mas em todo este tempo foram administrados pelos vários
representantes – exceto o título ducal da cidade, que foi extinto por morte de D.
Jorge –, sendo concedidos a quem sucedia nos bens doados em 1500.
Por seu turno, o título de duque de Aveiro também foi usado pelos sucessivos
representantes da Casa de Aveiro em substituição daquele. Embora doado informal-
mente, data incerta, mas por volta de 153517, a carta de mercê que o outorgou de
juro e herdade a D. João de Lencastre foi expedida apenas em 1557. Conforme se
pode verificar, esta doação não isentava D. João e os seus sucessores da Lei Mental,
mas dispensava, desde logo, posteriores confirmações do rei: «o qual titullo haverá,
e terá o que a dita caza, e terras herdar, e tanto que o possuidor das ditas terras falle-
cer, logo, sem outra mais solemnidade, nem ceremonia se chamará duque o que asy
as herdar»18.
No decorrer do século XVI, o património do duque de Coimbra e dos três pri-
meiros duques de Aveiro esteve sujeito a várias alterações, além das referidas incor-
porações na Coroa após a morte de D. Jorge. Quer fosse porque a maioria dos bens
doados por D. Manuel estavam na posse de terceiros e deles se tomou posse somen-
te quando vagavam, quer fosse porque o conjunto de comendas e de senhorios das
ordens doados até 1554 foi sendo sucessivamente reconfigurado, o património da
Casa de Aveiro adquiriu a sua forma mais constante apenas na década de 159019.
Sem contar com as ligeiras alterações provocadas com as (raras) aquisições de
bens patrimonais, a configuração deste estado senhorial apenas se alterou na última
década de existência da Casa de Aveiro. Em 1752, D. José de Mascarenhas da Silva
e Lencastre, marquês de Gouveia e conde de Santa Cruz, sucedeu ao sexto duque de
Aveiro, D. Gabriel de Lencastre, na administração do ducado de Aveiro20, mas não
nos senhorios e nas comendas de Santiago. Com esta sucessão, a Casa de Aveiro
não mais constituía concretamente, ou unicamente, um «conjunto coerente de bens
simbólicos e materiais», mas uma estrutura senhorial compósita que agregava três
estados senhoriais e que foi extinta na sequência do atentado contra o rei D. José I.

16
Arquivo Histórico Municipal de Coimbra (AHMC) – Livro de Registos da Câmara Municipal de Coimbra, Tomo
I (1571-1577), f. 63v-65 e Livro IV da Correia, f. 216-221.
17
ANTT – Corpo Cronológico, Parte II, Mç. 200, Doc. 106,
18
SOUSA, António Caetano de – Provas,…, cit., Tomo VI, p. 34-35.
19
MATA, Cristóvão – As rendas e os rendimento da Casa de Aveiro nos séculos XVI e XVII. In LOPES, Bruno e
JESUS, Roger Lee de (Coord.) – Finanças, Economia e Instituições no Portugal Moderno (Séculos XVI-XVIII).
Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra (no prelo).
SOUSA, António Caetano de – Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal. Lisboa: Na Regia
20

Officina Sylviana, e da Academia Real, 1755, p. 125-135.

324
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

O CAPITAL SIMBÓLICO DO DUCADO DE COIMBRA

O argumento de que a Casa de Aveiro se fundara a 27 de maio de 1500 e que


o papel de fundador do morgadio correspondia a D. Jorge21 implicaram que, em
questões de precedência e disputas semelhantes, os duques de Aveiro estivessem
em desvantagem para com casas de origens bem mais antigas – nomeadamente com
a Casa de Bragança. O primeiro destes embates deu-se logo no início do reinado
manuelino, quando, por falta de descendentes, foi necessário nomear um herdeiro
do trono de Portugal: entre D. Jorge e D. Jaime, duque de Bragança, D. Manuel pre-
feriu segundo, porque era filho de sua irmã, D. Isabel, em detrimento do duque de
Coimbra, de cujo pai era apenas primo22.
Semelhantes disputas foram uma constante até à Restauração23, vindo depois o
duque de Cadaval, D. Nuno Álvares Pereira de Melo, a assumir o papel de adver-
sário com quem contenderam precedências. Neste âmbito, foi necessária uma nar-
rativa que permitisse a afirmação, se não da superioridade da Casa de Aveiro, pelo
menos da sua igualdade face às casas concorrentes. Para atingir os seus objetivos,
foram particularmente úteis o capital simbólico que revestia o ducado de Coimbra-
Aveiro e a filiação de D. Jorge de Lencastre a D. João II, elementos cuja evocação,
por vezes assente em alegações de consonância factual no mínimo contestável, per-
mitia recuar o momento da fundação da Casa de Aveiro em algumas décadas.
O primeiro argumento no qual assentou a identidade nobiliárquica da Casa de
Aveiro consistiu na associação do seu património ao estado senhorial do infante
D. Pedro, especialmente advogado após a morte de D. Jorge. Em 1571, no testa-
mento que deixou ao falecer, o primeiro duque de Aveiro considerava ser terceiro
representante da sua casa, havendo sido precedido tanto pelo duque D. Jorge, seu
pai, como pelo infante D. Pedro24. Do mesmo modo, em 1598, após o duque de
Bragança receber o tratamento de Sua Excelência, D. Álvaro de Lencastre, terceiro
duque de Aveiro, endereçou ao rei uma carta a reclamar a mesma cortesia, expondo
semelhante opinião e outras de legitimidade mais duvidosa.
D. Álvaro começou por afirmar que os reis passados sempre haviam procurado
igualar as duas casas, oferecendo como exemplo a doação das vilas das ordens de
Avis e Santiago, feita por D. João III a D. João, segundo alegava, em virtude do
falecimento de D. Jorge e da incorporação dos mestrados na Coroa. Embora expusse
a igualdade pretendida, nem por isso deixava de afirmar explicitamente a superiori-
dade da sua casa relativamente à do duque de Bragança, evocando a antiguidade da
mesma; aliás, não só dizia que a Casa de Bragança era mais recente do que a sua,

21
Sobre a importância da figura do fundador de morgadios, ver ROSA, Maria de Lurdes – O Morgadio em Portu-
gal, sécs. XIV-XV: modelos e práticas de comportamento linhagístico. Lisboa: Estampa, 1995, p. 68-94.
22
SOUSA, António Caetano de – Historia…, op. cit., Tomo II, p. 482-485.
23
CUNHA, Mafalda Soares da – A Casa de Bragança, 1560-1640: práticas senhoriais e redes clientelares. Lisboa:
Estampa, 2000, p. 31-32.
24
ANTT – Ordem de Santiago e Convento de Palmela, Mç. 7, Doc. 522A, f. 3v.

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CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

como também afirmava que, por ter sido D. Pedro quem doara o título de duque de
Bragança a D. Afonso, «deve la Cassa de Berganza a la de Avero, el titulo de duque
y buena parte de su grandeca»25.
Considerada a importância simbólica do ducado e do título de duque de Coimbra,
não será surpreendente verificar que os duques de Aveiro tenham pretendido obter
a sua renovação em várias ocasiões. Por volta de 1562, quando o quinto duque de
Bragança, D. Teodósio, negociava para o seu filho D. João o título ducal da vila de
Barcelos, D. João de Lencastre solicitou igualmente o título de duque de Coimbra
para si e o título de duque de Aveiro para o seu filho e futuro segundo duque de
Aveiro, D. Jorge de Lencastre26. Mais tarde, na citada carta, D. Álvaro afirmaria
também que «por muerte del maestro se mudo el titulo, el de Coynbra, en Avero,
quedando la alcaydia mayor y todas las rentas de aquella ciudad a los duques de
Avero, con la aucion de titulo della, que sienpre pretendieron, y pretenden»27.
Mesmo após a Restauração, quando a Casa de Bragança não mais constituía um
concorrente em matéria de precedências, a Casa de Aveiro continuou, segundo pare-
ce, a exigir o título ducal de Coimbra. Agora, a precedência era disputada com o
duque de Cadaval, segundo demonstram, por exemplo, as instruções de Pedro Vieira
da Silva, secretário de Estado, visando igualdade entre D. Nuno e D. Raimundo,
na celebração das cortes de 165328, e a defesa da superioridade do título ducal de
Aveiro relativamente ao de duque de Cadaval, apresentada por D. Raimundo e por
D. Pedro de Lencastre29. Foi, pois, nesta atmosfera de concorrência que se pretendeu
de novo a renovação do título de duque de Coimbra.
No final de 1659, o duque D. Raimundo, partiu para Paris, cidade de onde depois
acabou por fugir para Madrid. As suas motivações não são inteiramente óbvias,
mas não nos parece que se possam resumir, de forma simplista, à sua fidelidade aos
monarcas de Habsburgo. Numa carta endereçada à rainha D. Luísa30, então regen-
te de Portugal, o duque de Aveiro alegava as complicações que os reis sempre lhe
haviam colocado aos matrimónios que procurar celebrar. O facto de se ter casado
em 1666 com uma senhora belga, Claire Louise de Ligne31, aponta para a possibili-
dade de a sua viagem a França se ter destinado, pelo menos de início, à negociação
de um casamento.
A importância do casamento do duque D. Raimundo no contexto da sua fuga
durante a Restauração não deve ser menosprezada, até porque não se tratou de caso
único. Com efeito, o século XVI foi muito fértil em confrontos entre os duques de
25
Biblioteca Nacional de España (BNE) – MSS. 1439, f. 239v-244.
26
SOUSA, António Caetano de – Provas…, op. cit., Tomo VI, p. 36-45.
27
BNE – MSS. 1439, f. 276-281v.
28
ANTT – Manuscritos da Livraria, Livro 170, f. 91-92.
29
Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) – PBA-738, f. 405-408 e PBA-788, f. 780-782v.
30
ANTT – Manuscritos da Livraria, Livro 1145, f. 3v.
SAINTE-MARIE, Augustin – Histoire Genealogique et Chronologique de la Maison Royale de France. Tomo
31

VIII. Paris: Par la Compagnie des Livres Associez, 1733, p. 37.

326
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

Coimbra e de Aveiro e a Coroa devido ao falhanço de matrimónios (mas nunca com


igual desfecho)32. Todavia, não seria a única justificação, pois que o duque de Aveiro
também alegava que, desde a Restauração, não havia recebido o menor favor da
Coroa e que sempre se lhe negara o que lhe era devido havia mais de um século – o
que sugere que em causa estivesse a renovação do título de duque de Coimbra.
É atendendo à importância deste título que se interpreta o projeto, desenvolvi-
do por D. João de Lencastre nos últimos anos da sua vida, de instituição de um
panteão familiar na cidade de Coimbra. Em 1567, firmou um contrato com o mos-
teiro de São Domingos, segundo o qual se comprometia a financiar parcialmente a
reconstrução deste edifício, em cuja capela-mor deveria ser reservado um espaço
para sepultar o seu corpo, o da duquesa sua esposa e os dos futuros descendentes.
Ali também deveriam ser depositadas as ossadas dos duques de Coimbra, seus pais,
e colocadas as suas armas33.
Quatro anos depois, o duque D. João não só reafirmou a obrigação, no testamen-
to com que faleceu, como também planeou a transferência das ossadas do seu avô
D. João II do mosteiro da Batalha para o mosteiro de São Domingos de Coimbra34 –
o que nunca se concretizou. O significado deste panteão familiar é de extraordinária
importância, pois afirmava simbolicamente a sua pretensão à reabilitação do título
ducal de Coimbra mediante a exibição pública das suas armas e através da trans-
ferência do restos mortais figuras tão fundamentais na criação da sua casa como
o eram o pai e o avô. Primeiro, porque se considerava que a fundação da Casa de
Aveiro fora responsabilidade deste rei, sendo o seu papel constantemente relembra-
do. Em 1618, por exemplo, João Batista Lavanha, cosmógrafo-mor do reino, mas
também criado dos duques de Aveiro, servindo de vedor do casamento do primogé-
nito destes, D. Jorge, primeiro duque de Torres Novas, referia-se ao rei D. João II,
no relato que daquela cerimónia escreveu, como «o fundador desta Caza»35. Cerca
de cinquenta anos depois, na alegação jurídica escrita em defesa da sucessão de
D. Pedro, filho dos mesmos duques de Aveiro, na casa do seu sobrinho D. Raimundo,
afirmava-se algo semelhante: não fora D. Manuel o instituidor da Casa de Aveiro,
porquanto apenas executara a última vontade joanina36.
D. João II não seria exatamente o instituidor da Casa de Aveiro, pois, segundo a
narrativa construída, nela se reabilitara o ducado de Coimbra. Sobre isto, D. Álvaro
era bastante expressivo: a sua casa fora extinta por morte do infante D. Pedro e o rei
D. João II tornara a levantá-la37. Por conseguinte, mais do que um único fundador, a

32
SOUSA, Antoónio Caetano de – Historia…, op. cit., Vol. XI, p. 23-30 e 42-43.
33
Arquivo da Universidade de Coimbra (AUC) – Mosteiro de São Domingos. Livro 13, f. 131v-140v.
34
ANTT – Ordem de Santiago e Convento de Palmela, Mç. 7, Doc. 522A, f. 13.
35
Biblioteca da Ajuda (BA) – 51-IX-8, f. 165v.
36
SILVA, Bebiano Pinto da – Allegaçam de direito por o Senhor Dom Pedro, sobre a sucessam do estado, casa e
titulo, de Duque de Aveiro. Lisboa: Na Officina de Domingos Carneiro, 1666, p. 7-8.
37
BNE – MSS. 1428, fl. 279.

327
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

instituição da Casa de Aveiro mais parecia dever-se a uma tríade originária compos-
ta pelo infante D. Pedro, o rei D. João II e o duque D. Jorge.
Além do papel desempenhado na (re)fundação da Casa de Aveiro, a importância
da memória de D. João II justificava-se noutro sentido: pelo vínculo que estabelecia
entre os duques de Aveiro e a monarquia, fazia remontar as suas origens a um perí-
odo anterior ao ano de 1500. O que justificará a reverência que posteriormente lhe
votaram os seus descendentes e o zelo com que defenderam a sua memória38. Assim,
a permanente evocação de D. João II verifica-se, desde logo, na titulação dos docu-
mentos do duque D. Jorge, que alude sempre, em primeiro lugar, à sua filiação e só
depois enumera os títulos de mestre de Avis e Santiago, duque de Coimbra e senhor
de terras39 – mas é igualmente evidente nas armas dos duques de Aveiro.

AS ARMAS DOS DUQUES DE COIMBRA, AVEIRO E TORRES NOVAS

O primeiro exemplar conhecido das armas de D. Jorge encontra-se reproduzido


Livro do Armeiro-mor de João do Cró, datado de 1509. Neste armorial, exibem-
se as armas ducais, que se diferenciam das dos monarcas portugueses apenas pelo
filete de bastardia que cruza, na diagonal, o seu escudo e pelo coronel de duque que
o encima40. Posteriormente, como no Livro da Nobreza e da Perfeiçam das Armas
(cerca de 1520), o brasão do duque de Coimbra surge completado com o pelicano, a
empresa joanina que lhe serve de timbre41.
Um outro armorial, não datado, mas porventura dos meados do século XVI, atribui
os mesmos elementos heráldicos tanto a D. Jorge, como ao duque de Aveiro, embo-
ra distingindo ambos com o que parece ser a figura de um leão na margem superior
do escudo do segundo42. Esta representação, porventura utilizada enquanto o duque
D. João não sucedeu ao mestre seu pai, todavia, não perdurou, segundo demonstram
diversos exemplares das armas do duque de Aveiro em edifícios e outras estruturas –
no referido mosteiro de São Domingos, na fonte da Benespera, hoje designada fonte
dos Amores, em Aveiro43, e num celeiro existente na vila de Pereira.
Um outro armorial, também não datado, mas possivelmente realizado nos finais
do século XVII, inícios do século XVIII44, aponta para que não tenham ocorrido
alterações até este período. A verdade, porém, é que os exemplares utilizados e

38
OLIVEIRA, António de – Para a História do Embargo à Publicação da Obra de D. Agostinho Manuel de Vascon-
celos, Vida y Acciones del Rey Don Juan el Segundo. In Movimentos Sociais e Poder em Portugal no Século XVII.
Coimbra: Instituto de História Económica e Social da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2002, p.
143-157.
39
PIMENTA, Maria Cristina Gomes – As Ordens…, cit., p. 229.
40
ANTT – Casa Real, Cartório da Nobreza, Livro 19, f. 45v.
41
ANTT – Casa Real, Cartório da Nobreza, Livro 20, fl. 8v.
42
Bayerische Staatsbibliothek (BSB) – COD. Icon. 289, f. 122 e 126.
43
NEVES, Francisco Ferreira – A Casa e o Ducado de Aveiro…, cit., p. 173.
44
ANTT – Casa de Cadaval, Livro 5, f. 8.

328
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

reproduzidos, neste período, pelos duques de Aveiro apresentam algumas diferen-


ças face aos exemplares atrás apresentados. Mas não, conforme propuseram autores
como Anselmo Braacamp Freire e Carlos Ary dos Santos, devido à herança familiar
dos sexto e sétimo duques de Aveiro.
Suportado num quadro existente no convento de Santa Maria de Guadalupe, em
Cáceres, Espanha, que retrata D. Maria de Guadalupe de Lencastre – filha do pri-
meiro duque de Torres Novas (e, portanto, neta dos terceiros duques de Aveiro) e
mãe do duque D. Gabriel, penúltimo representante da Casa de Aveiro, que para a
cidade de Madrid se mudou depois da fuga do duque D. Raimundo, seu irmão45 – e
os seus três filhos, Carlos Ary dos Santos propôs que as armas de D. Gabriel integra-
riam as de todos os seus antepassados46.
Do mesmo modo, apoiando-se numa descrição das (supostas) armas de D.
José de Mascarenhas da Silva e Lencastre, último duque de Aveiro, efetuada por
Anselmo Braamcamp Freire47, o mesmo autor sugeriu que o brasão de armas da
Casa de Aveiro, nos anos de 1750, integraria as armas dos Lencastres, dos Silvas
e dos Mascarenhas48. Trata-se de um hipótese bastante sugestiva, porquanto, neste
período, a Casa de Aveiro esteve agregada a duas outras casas. Todavia, como suce-
de para a proposta das armas de D. Gabriel de Lencastre, não existe nenhum exem-
plar que a sustente.
A alteração das armas dos duques de Aveiro ocorreu efetivamente, mas não como
foi defendido por aqueles dois autores. As modificações são bastante percetíveis e
terão ocorrido nos meados do século XVII, ao tempo do aqui tantas vezes referido
D. Raimundo. Não há, todavia, nenhum exemplar para o período anterior à sua saída
de Portugal; apenas reproduções do período posterior certificam as alterações, sendo
as circunstâncias em que ocorreram extremamente importantes de referir porque
constituem uma súmula do que aqui se tem escrito.

AS ARMAS COMO REPRESENTAÇÃO DA «IDENTIDADE NARRATIVA»

Em 1653, nas cortes reunidas em Lisboa, foi proposto o casamento do duque D.


Raimundo com a infanta D. Catarina de Bragança49. Este acontecimento permite
datar aproximadamente uma obra da autoria de frei Miguel Soares, intitulada Serões
do Principe, cuja primeira parte, que está publicada50, consiste num tratado jurídico
45
MAILLARD ÁLVAREZ, Natalia – María de Guadalupe de Lencastre, duquesa de Arcos y Aveiro, y su biblioteca.
In Carriazo Rubio, Juan Luis; Miura Andrades, José María e Ramos Alfonso, Ramón (Ed.) – Actas de las XIV Jor-
nadas Sobre Historia de Marchena: Iglesias y Conventos. Marchena: Ayuntamiento de Marchena, 2011, p. 140-145.
46
SANTOS, Carlos Ary dos – Estudos de Direito Nobiliárquico Português II: A Sucessão da Casa e Ducado de
Aveiro. Armas e Troféus. Vol. VIII (1967), p. 32.
47
FREIRE, Anselmo Braamcamp – Armaria Portuguesa. SL: SN, SD, p. 305-306.
48
SANTOS, Carlos Ary dos – Estudos…, cit., p. 44.
49
VALLADARES, Rafael – A Independência de Portugal: Guerra e Restauração (1640-1690). Lisboa: Esfera dos
Livros, 2006, p. 287-288.
50
SOARES, Frei Miguel – Serões do Príncipe. Lisboa: Instituto de Alta Cultura, 1966.

329
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

sobre a nobreza igual a tantos outros da Época Moderna51 – a segunda, ainda inédita,
contém um interessante encómio à Casa de Aveiro.
Afirmações dela constantes, como «todos os monarcas e reys da Europa, deram
seu sangue a excelente Casa de Aveiro», fazendo remontar a suas origens até à
dinastia francesa dos Capetos, exemplificam a interpretação atrás apresentada sobre
a importância da vinculação da Casa de Aveiro à monarquia portuguesa. Por sua
vez, quando se considera o duque de Aveiro «aquelle que os reys devem escolher
para genro, quando as senhoras iffantes ajam de casar no reyno»52, torna-se óbvio
que o seu objetivo consistia em defender a preeminência do D. Raimundo e legiti-
mar o projeto do seu casamento, nunca concretizado, com D. Catarina de Bragança.
Esta obra é igualmente interessante – em concreto, para o tema aqui aborda-
do – por referir que, a dada altura, D. João IV concedeu ao duque D. Raimundo a
mercê de substituir, nas suas armas, o filete de bastardia pelo banco de pinchar com
que os infantes se distinguiam. Não existe nenhum registo escrito desta mercê e
tão-pouco há alguma reprodução das armas do duque de Aveiro com a distinção de
infante, mas conhecem-se, pelo menos, três exemplares dos séculos XVII e XVIII
que ostentam as armas sem o filete de bastardia.
Em 1666, quando se candidatou à sucessão na Casa de Aveiro, D. Pedro apre-
sentou, na sua alegação jurídica, uma árvore genealógica com as armas conforme
atrás descritas, que se distinguiam das armas reais somente pelo coronel de duque
e pelo pelicano que as encima53. Um sinete de D. Pedro, com a inscrição «PETRVS
AVERII DVX»54, datará de pouco depois, do período compreendido entre 1668 e
1673, anos em que sucedeu na Casa de Aveiro e em que faleceu. Da mesma manei-
ra, o túmulo de D. Gabriel, falecido em 1745, localizado no convento de Jesus de
Aveiro, exibe as mesma armas, que em tudo são iguais às da monarquia, mas com a
coroa ducal.
Esta mercê, como o projeto de casamento proposto em 1653, pretenderia cativar
D. Raimundo e aproximá-lo da Coroa. O que era bastante premente se se considerar
a resistência armada levantada, logo no mês de dezembro de 1640, pela duquesa de
Torres Novas55, sua mãe, à aclamação do primeiro monarca da dinastia de Bragança.
Um ato meremente simbólico, poder-se-á também dizer; mas de extrema importân-
cia no contexto das precedências então disputadas entre D. Raimundo e o duque de
Cadaval.

51
HESPANHA, António Manuel – A Nobreza nos Tratados Jurídicos dos Séculos XVI a XVIII. Penélope. N.º 12
(1993), p. 27-42.
52
BA – 46-VIII-5, f. 474-479.
53
SILVA, Bebiano Pinto da – Allegaçam…, cit., NP.
54
Cabral Moncada Leilões – Antiguidades e Obras de Arte, Pintura, Livros, Pratas e Jóias. Lisboa: Cabral Mon-
cada Leilões, 2011, p. 15.
55
WAGNER, Mafalda de Noronha – A Casa de Vila Real e a Conspiração de 1641 contra D. João IV. Lisboa:
Colibri, 2007, p. 134-135.

330
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

Igualmente importante, acompanhando o significado político que poderia ter


representado a concretização do casamento de D. Raimundo e de D. Catarina, por-
que confirmava a origem real da Casa de Aveiro e lhe retirava a mácula de bastardia.
O abandono do projeto matrimonial e a saída do duque D. Raimundo do reino, que
lhe seguiu, não permitem, por agora, afirmar perentoriamente se usou a usar o banco
de pinchar, mas aqueles exemplos serão comprovativo bastante da retirada do filete.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A interpretação sobre as armas dos duques de Coimbra, de Aveiro e de Torres


Novas é a de que estas reproduziam iconograficamente a sua vinculação à Coroa
portuguesa. À semelhança do capital simbólico detido pelo ducado de Coimbra, esta
leitura era importante porque, além do prestígio inerente à ascendência régia, permi-
tia recuar as suas origens até um período muito anterior a 1500.
Naturalmente, as interpretações sobre os discursos produzidos pelos representan-
tes da Casa de Aveiro e acerca da importância da citada reformulação heráldica são
apenas isso mesmo: interpretações. Como tudo relacionado com o simbólico, haverá
leituras distintas – na verdade, conforme as circunstâncias, os próprios elementos
heráldicos que compunham as armas ducais podiam ser sujeitos a diferentes leituras.
A empresa de D. João II, que depois seria utilizada como timbre das armas da
Casa de Aveiro, por exemplo, representava o amor paternal manifestado pelo sacrí-
ficio do pelicano que debica o peito para com o sangue vertido alimentar as suas
crias56. Em 1669, na sequência da condenação de D. Raimundo, do sequestro do seu
património e da reabilitação da Casa de Aveiro57, frei Luís da Conceição apresentava
uma leitura adaptada ao contexto da sentença obtida por D. Pedro:
«[O]s filhos do pillicano, são tão dezobedientes que envestem contra seus pais, e o picão no
rosto, em cujo castigo hua serpente se sobe por a arvore ao ninho, e os matta e tornado os pais
do pilicano ao ninho chora a pilicana três dias sobre seus filhos mortos; outros dizem que o
pillicano fere com o seu peito mesmo com seu bico com cujo sangue são picados, e resucitão
os filhos mortos»58.

A simbologia do pelicano seria usada novamente passado décadas. Em 1757,


Florêncio Pereira de Carvalho compôs um poema laudatório, intitulado Pelicano
Restaurado, que celebrava a devolução da Casa de Aveiro ao duque D. José, vatici-
nando-lhe perpétua existência 59. A breve trecho, no contexto do conhecido Processo
56
SEIXAS, Miguel Metelo de – As armas e a empresa do rei D. João II: Subsídios metodológicos para o estudo da
heráldica e da emblemática nas artes decorativas portuguesas. In MENDONÇA, Isabel (Coord.) – As Artes Decora-
tivas e a Expansão Portuguesa: Imaginário e Viagem. Lisboa: Escola Superior de Artes Decorativas da Fundação
Ricardo Espírito Santo Silva, 2010, p. 20-22.
57
ANTT – Manuscritos da Livraria, Livro 1052, f. 12-15 e MADAHIL, António Gomes da Rocha – Milenário de
Aveiro: Colectânea de Documentos Históricos. Volume II. Aveiro: Câmara Municipal de Aveiro, 1959, p. 191-200.
58
BA – 50-IV-21, f. 182v.
59
CARVALHO, Florêncio Pereira de – Pelicano Restaurado. Lisboa: Na Officina de Manuel Soares, 1757,

331
CRISTÓVÃO MATA
AS ARMAS DA CASA DE AVEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA SUA IDENTIDADE NARRATIVA

dos Távoras60, o duque de Aveiro seria executado, a sua casa extinta e a memória da
existência desta apagada mediante, entre diversos outros expedientes, o recurso à
destruição das suas armas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Fontes

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334
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA
ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS


Doctorando en Humanidades en la Universidad de Burgos.
frr0012@alu.ubu.es

Resumen: En este artículo se presentan los estudios iniciales sobre la heráldica civil
en la arquitectura de la ciudad de Burgos, comenzando por la ubicación de los mis-
mos dentro del plano urbano, dividiéndolos en cuatro zonas principales, con algún
ejemplar disperso. En un segundo apartado se desarrolla de manera cronológica una
sucinta bibliografía sobre el tema, que nos permite apreciar la disparidad de cono-
cimientos que los investigadores nos ofrecen sobre este campo así como los vacíos
cronológicos apreciables entre los mismos. El tercer apartado está dedicado a las
dificultades de identificación y atribución a las que se enfrenta el investigador en
este campo y a los diferentes ámbitos a los que acudir para intentar solventarlas.

Palabras clave: Heráldica, blasón, bibliografía, Burgos, escudo, Método


Comparativo.

Abstract: This article presents the initial studies on civil heraldry in the architec-
ture of the city of Burgos, starting with the location of them within the urban plan,
dividing them into four main areas, with some scattered copies. In a second section
a brief bibliography on the subject is developed chronologically, which allows us to
appreciate the disparity of knowledge that researchers offer us in this field as well as
the appreciable chronological gaps between them. The third section is devoted to the
difficulties of identification and attribution faced by the researcher in this field and
the different areas to go to try to solve them.

Keywords: Heraldry, Coat of Arms, Bibliography, Burgos, arms, Comparative


method.

335
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

Burgos ciudad monumental donde las haya, puede enorgullecerse de contar no


solo con un bello patrimonio religiosos, cuyo máximo exponente es el templo cate-
dral de Santa María la Mayor, acompañado de otra veintena de templos parroquia-
les: San Nicolás de Bari, San Esteban, San Gil, San Lesmes, San Lorenzo etc., así
como de conventos como el de la Merced, y monasterios cuyo principal ejemplo
tenemos en las Huelgas Reales. Sino también con un importante conjunto de cons-
trucciones civiles y militares. Murallas con accesos como el Arco Santa María, el
de San Esteban o el de San Gil, hospitales como el de Sixto IV, el del Rey o el de
la Concepción, puentes como el de Malatos, Santa María y San Juan; la alhóndiga,
o el ayuntamiento. Así como otros edificios en origen privado como las residen-
cias de los Maluenda, los Lerma y los Astudillo-Salamanca, todos ellos importantes
comerciantes y mercaderes que hicieron fortuna desde el siglo XIV hasta el XVI1,
hoy reconvertidos en edificios públicos. En todos ellos se aprecian los restos de su
magnificencia así como la huella que sus propietarios o mecenas quisieron dejar en
ellos, esto es su escudo heráldico. Desgraciadamente los estudios sobre estos blaso-
nes no han sido muy numerosos y es una pena con la información que nos aportan
acerca de sus titulares y patrocinadores. Dejando a un lado la heráldica existente en
las obras de carácter religioso, este artículo va a hacer referencia a los blasones exis-
tentes en la arquitectura civil conservada en la ciudad de Burgos. Aunque en muchas
construcciones religiosas esta pueda ser similar a la observada en las obras civiles,
pues el patrocinio de un noble va a desarrollarse tanto en obras civiles para residir
como en religiosas donde orar y llegado su día descansar eternamente, ejemplo prís-
tino de esta dualidad es la presencia de los blasones de los Condestables de Castilla
en su residencia, la llamada Casa del Cordón, y en la capilla de la Purificación de
Nuestra Señora, comúnmente llamada la capilla de los Condestables en la cabecera
de la Catedral.

1. UBICACIÓN DE LAS FACHADAS BLASONADAS EN EL PLANO DE LA CIUDAD DE BURGOS

Dentro de la ciudad de Burgos podemos apreciar algunos espacios, calles o pla-


zas, preferidas por la nobleza y la burguesía para instalar o disponer en ellos de sus
residencias, si bien hay que tener en cuenta que un considerable número de edifi-
cios, seguramente blasonados, han pasado a la historia sin dejar huella. Por lo que
este análisis es solo aproximativo basándonos en lo que hoy en día se conserva, aun-
que las obras consultadas nos confirman en gran medida que estas ubicaciones con
mayor o menor extensión eran las preferidas por las élites para la ubicación de sus
residencias. Un primer foco, en el que se situarían los blasones más antiguos, hoy
desaparecidos, lo tenemos en la plaza del Pozo Seco, en la parte alta de la ciudad,
junto a la iglesia de San Esteban. Desgraciadamente los diversos enfrentamientos
entre la ciudad y el castillo durante las guerras civiles y la invasión napoleónica
1
PAYO HERNANZ, Rene Jesús: -Burgos en URREA, Jesús (dir.) - Casas y Palacios de Castilla y León. Valladolid,
2002, p. 50.

336
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

hicieron desaparecer la totalidad del espacio urbano construido más allá de San
Esteban, por lo que no podemos saber si en ese espacio se ubicaban residencias de
importancia que contasen con blasones. El segundo espacio con presencia de porta-
das blasonadas lo observamos en el discurrir del camino de Santiago por el núcleo
urbano, desde la puerta de San Juan hasta la de San Martín, atravesando las calles
de San Juan, Avellanos y Fernán González, en ella se destaca la presencia de impor-
tantes mansiones de mercaderes como la casa de los Lerma o la de los Maluenda,
así como monumentos levantados en los solares que debieron ocupar el palacio de
Fernán González y las casas de Rodrigo Díaz de Vivar, el Cid. El tercer punto de
interés se desarrolla en torno a la plaza de Huerto del Rey, aunque los restos existen-
tes son considerables no reflejan la importancia que esta ubicación debió tener y de
la que tenemos constancia a través de la bibliografía y sobre todo de las fuentes. El
último y quizá más importante y mejor conservado foco con presencia de elementos
heráldicos lo tenemos en la calle Calera, extramuros de la ciudad y al otro lado del
río Arlanzón. En esta calle se dispusieron los mayores palacios renacentistas de la
élite burgalesa, la casa de Miranda, la de Íñigo Angulo y la de los Butrón. De estas
cuatro zonas y sus respectivas construcciones tenemos una gran diferencia de cono-
cimiento como vamos a analizar.

2. CONOCIMIENTOS BIBLIOGRÁFICOS A CERCA DE LOS BLASONES EN LA ARQUITECTURA


CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

Burgos tiene la “desgracia” de contar con uno de los templos más impresionan-
tes de la península, este hecho que sin duda es altamente positivo, sin embargo ha
condicionado los estudios y conocimientos sobre la ciudad. Los numerosos viajeros
que a lo largo de la historia han recalado en esta urbe se han sentido maravillados,
no sin razón, ante la imponencia y majestuosidad de nuestra catedral. Este hecho ha
ocasionado que se pasasen por alto y no dejasen constancia de la existencia de otros
edificios con importante valor histórico artístico2. Y mucho menos aun de descrip-
ciones detalladas de los mismos, que es lo que en este estudio interesa. Si viajeros
como Navagero3, Enrique Cook4, Acudieron acompañando a séquitos reales, bien
como embajadores de sus respectivos países bien como cronistas de nuestros pro-
pios monarcas, sus escritos, obligatoriamente escuetos, pasan de puntillas sobre la
ciudad, y ni siquiera indican la existencia de edificaciones de renombre más allá de
la catedral, para la cual incluso sus menciones son reducidas. No obtenemos de ellos

2
MARCOS MARTÍN, Alberto: - Percepciones materiales e imaginario urbano en la España Moderna en FORTEA
PÉREZ, José Ignacio (Ed.) - Imágenes de la diversidad, el mundo urbano en la Corona de Castilla (S. XVI-XVIII).
Santander: Universidad de Cantabria, 1997, pág. 23.
3
NAVAGERO, Andrés - Viaje por España, Madrid, 1983 (1527). Pp. 80-84.
4
GARCÍA MERCADAL, José - Viajes de extranjeros por España y Portugal, desde los tiempos más remotos hasta
comienzos del siglo XX, Tomo II. Salamanca: Consejería de Educación y Cultura, Junta de Castilla y León, 1999,
pp. 587-588.

337
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

ninguna mención destacable de los palacios nobiliarios, pocos en la ciudad, pero


existentes; ni de las hermosas portadas de las mansiones de la burguesía y los impor-
tantes comerciantes con los que contó la ciudad desde el siglo XV, y de las cuales
hoy en día conservamos algún ejemplo reseñable como luego veremos. Un aporte
más a modo de curiosidad que de verdadera utilidad lo apreciamos en el dibujo que
Anton Van Den Wyngaerde realiza de la ciudad de Burgo en 1565, en él podemos
apreciar la fachada blasonada del palacio de los Condestables (Imagen 1. Dibujo del
Palacio de los Condestables de Anton Van Den Wyngaerde), aunque debido al tama-
ño no puede detallarlos como a nosotros nos hubiese gustado5. Tenemos que esperar
a estudios mucho más tardíos, para obtener una información más precisa sobre la
existencia de residencias civiles de calado en la ciudad, y con suerte en algunos de
ellos de las descripciones de los blasones que las adornan. En numerosos casos estas
descripciones se limitan a indicar la existencia del blasón sobre la portada, y si tene-
mos suerte, nos aportan el apellido o linaje al que pertenecen.
En estos estudios hay que hacer una clara división entre los edificios públicos,
como las distintas ubicaciones que ha tenido el ayuntamiento, la alhóndiga, las cár-
celes, etc. Así como las importantes residencias nobiliarias, sobre todo aquella en la
que se alojaban los monarcas en sus estancias en la ciudad, esto es, el palacio de los
Condestables de Castilla. Estos edificios, blasonados en sus fachadas, como era de
esperar, cuentan con obras monográficas en la que se describe y analiza la heráldica
de sus escudos. Y si en algunos casos este análisis no es muy exhaustivo, como ocu-
rre en la obra sobre las casas consistoriales de la ciudad de Burgos6, contamos con
monografías sobre los blasones que las ornan, como es el caso del estudio del escu-
do de la ciudad7. Estos estudios se pueden extrapolar a los ejemplares instalados en
las diversas fachadas de edificios como el Arco de Santa María (imagen 2. Blasón
de Burgos), el Arco de San Gil (imagen 3. Escudo de Burgos), la Alhóndiga (imagen
4. Escudo de Burgos), o la actual Casa Consistorial (imagen 5. Armas de Burgos).
De igual modo ocurre con edificios que presentan las armas reales, aunque muchos
de ellos no cuenten con obras propias, o en estas no se detalle la heráldica que pre-
sentan, el hecho de tratarse de las armas del reino y de la monarquía nos permite
conocerla y analizarla a través de otras publicaciones específicas. Es lo que ocurre
con el blasón de la portada de la Alhóndiga (imagen 6. Armas reales.), correspon-
diente a Juana I de Castilla, como hija de los Reyes Católicos y mujer de Felipe I
el hermoso de Habsburgo. Con la particularidad de presentar la Granada, arma par-
lante del reino homónimo, cerrada, cuando ya debería encontrarse abierta al haberse
conquistado dicho reino.

5
RÍO DE LA HOZ, Isabel y MARÍAS, Fernando: “Acotaciones urbanísticas de Burgos en el siglo XVI, el dibujo
de Anton Van Den Wyngaerde de 1565” La ciudad de Burgos, Actas del congreso de Historia de Burgos. Madrid,
Junta de Castilla y León, 1985, pp. 891-906.
6
PAYO HERNANZ, Rene Jesús - Historia de las Casas Consistoriales de Burgos. Burgos: Instituto Municipal de
Cultura, Ayuntamiento de Burgos, 2007.
7
SALVÁ, Anselmo - El escudo de Armas de la Ciudad de Burgos. Burgos: Imprenta José, 1901.

338
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

A caballo entre los viajeros modernos y los autores de guías de viajes tenemos
a estudios e investigadores de la talla de Madoz, que en su diccionario Geográfico-
Estadístico-Histórico8, en primer lugar se lamenta de la falta de preocupación por la
conservación de los palacios y casas nobles y posteriormente se limita, en su mayor
parte, a redactar un listado con las portadas y los blasones que estas presentan, que
si bien no las describe, al menos nos informa a quien corresponde, como ocurre con
la portada del hospital de la Concepción en el que nos indica que en su portada se
sitúan las armas de Diego de Bernuy9. En otras construcciones de las que se tiene
un mayor conocimiento expone la composición de los blasones, como ocurre con
el palacio de los Condestables de Castilla, aunque no las describe en este momento
indica que son similares a las presentes en la capilla de los Condestables en la cate-
dral, que ha descrito anteriormente10.
Con posterioridad a los viajeros de la Edad Moderna, ya en la segunda mitad
del siglo XIX, aparecen las primeras guías para publicitar las excelencias de la ciu-
dad, en la mayor parte de ellas las menciones a la heráldica son inexistentes, pero
hay algunas excepciones, si bien no hacen una descripción de los mismos al menos
informan de la existencia de algunos edificios con fachadas blasonadas, como es el
caso de Vicente García11, que nos indica que en el Arco de Santa María se observan
dos heraldo soportando las armas de la ciudad12. Y otros incluso indican a quien
corresponde, como ocurre con las armas dispuestas en el palacio de los condesta-
bles, de las que Eduardo de Bessón nos apunta que corresponden a los linajes de
Velasco y Mendoza- Figueroa13.
Uno de los ejemplos de los que poseemos un estudio más temprano es el que
corresponde con el palacio de los Condestables de Castilla, construido en el siglo
XV, bajo las órdenes de Mencía de Mendoza y Figueroa mientras su marido, el
segundo conde de Haro, Pedro Fernández de Velasco acompañaba a los monarcas en
la guerra de Granada. Este palacio presenta una fachada enmarcada entre dos torres
cuadrangulares, destacando de ella la portada enmarcada en un cordón franciscano.
Bajo este se ubican los blasones correspondientes al linaje de los Velasco: jaquelado
de quince piezas, siete de veros y ocho lisas, con bordura de castillos y leones como
nos indica Cantón Salazar en su obra monográfica sobre este edificio realizada en
188414, aunque ya lo había hecho de manera indirecta como hemos apuntado antes

8
MADOZ, Pascual - Diccionario Geográfico-Estadístico-Histórico de Castilla y León, Burgos. Valladolid: Ambito
Ediciones, 1984.
9
MADOZ, P. – Diccionario… P. 124.
10
MADOZ P. – Diccionario… pp. 145-147.
11
GARCÍA Y GARCÍA, Vicente - Guía del viagero en Burgos. Burgos: Librería de Calisto Ávila, 1862.
12
GARCÍA Y GARCÍA, V. – Guía... p. 34.
13
DE BESSON, Eduardo. A. - Apuntes sobre Burgos o noticia concisa pero exacta de todos sus monumentos. Bur-
gos: Establecimiento tipográfico de Villanueva, 1864, pág. 53.
14
CANTÓN SALAZAR, Leocadio - Monografía Histórico-Arqueológica del Palacio de los Condestables de Cas-
tilla. Burgos: Imprenta de S. Rodríguez Alonso, 1884, pp. 13-16.

339
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

Pasual Madoz15. Cantón Salazar indica que junto al blasón de los Velasco se sitúa el
de su mujer, cuartelado, en los cuarteles primero y cuarto contracuartelados en fran-
je, en jefe y punta presenta una banda fileteada con una cadena en orla, mientras que
en los cuarteles de los flancos se dispone la salutación mariana “Ave María Gratia
Plena”, aunque en realidad se desarrolla parte de la salutación “Ave María Gratia”
en el segundo cuartel y “Plena Dominus Tecum” en el cuarto cuartel. Esta parte de
la salutación no es mencionada en ninguna de las obras consultadas16. Estos cuar-
teles corresponden al linaje Mendoza de la Vega. Los cuarteles segundo y tercero
muestran cinco hojas de higuera, armas parlantes simbolizando el apellido Figueroa.
Estos blasones ser repiten en las esquinas de las dos torres que enmarcan la fachada
principal. En la derecha el correspondiente al linaje Velasco, y en la izquierda el
de Mendoza-Figueroa, que en este caso si presenta la salutación tal y como la des-
cribe Cantón Salazar. En los escudos de las esquinas de las torres estos se encuen-
tran rematados por un gran yelmo ladeado. Sobre el del linaje de Velasco aparece
naciente un león soportando una filacteria, mientras que en el opuesto, según Cantón
Salazar, se sitúa un Hipogrifo, que para Matías Martínez es un simple grifo17, mien-
tras que el profesor Ibáñez Pérez indica que es un pegaso18. Ambos escudos se
enmarcan entre lambrequines rematados por cascabeles. En la parte superior de la
portada aparecen las armas del reino. Un escudo cuartelado con las armas dobladas
de Castilla y León, un castillo en los cuarteles primero y cuarto y un león en los
cuarteles segundo y tercero, todo ello rematado por una corona real abierta. Cantón
Salazar nos apunta que la presencia de este blasón fue debido al uso de este palacio
como residencia real19, el profesor Ibáñez Pérez, más prolífico en detalles completa
la descripción indicando que este blasón real se encuentra enmarcado entre ramas de
granada con su fruto20, que bien podría ser una alusión al recientemente conquistado
reino Nazarí. Los autores posteriores se limitarán a acudir al mencionado Leocadio
Cantón Salazar para describir los blasones de este palacio21.
Unos años después, en 1901, surgió la necesidad de unificar el escudo de la
ciudad de Burgos, en varios ejemplos existentes en Burgos, tanto en fachadas de
construcciones civiles, que es lo que en esta comunicación se analiza, como en inte-

15
Ver nota al pie nº 9.
16
Francisco Piferrer en su obra Nobiliario de los reinos y señoríos de España indica que la salutación se limita a
“Ave María”. PIFERRER, Francisco – Nobiliario de los reinos y señoríos de España. Tomo I, segunda edición.
Madrid: en la redacción, calle del Colmillo, núm. 12, cuarto principal, 1857, pp. 42-43.
17
MARTÍNEZ BURGOS, Matías - La casa del Cordón o el palacio de los Condestables de Castilla. Burgos: Hijos
de Santiago Rodríguez, 1938, pág. 41.
18
IBÁÑEZ PÉREZ, Alberto C. - Historia de la Casa del Cordón de Burgos. Burgos: Caja de Ahorros Municipal de
Burgos, 1987, pág. 92.
19
CANTÓN SALAZAR, Leocadio - Monografía Histórico-Arqueológica del Palacio de los Condestables de Cas-
tilla. Burgos: Imprenta de S. Rodríguez Alonso, 1884, pág. 15.
20
IBÁÑEZ PÉREZ, A. C. - Historia… p. 90.
MARTÍNEZ DE VELASCO, Eusebio: -El palacio de los condestables- en el Almanaque de la Ilustración 1889,
21

Año XVII. Madrid: Establecimiento tipográfico “Sucesores de Rivandeeyra”, 1890, pp. 87-93.

340
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

riores, pinturas murales, sellos o artes menores, aparece el blasón de la ciudad con
diferentes elementos, variando principalmente el número de castillos situados sobre
el pecho del monarca, o en bordura (imagen 7. Blasón de Burgos según Piferrer.)22.
El ayuntamiento alentó a Anselmo Salvá a que llevase a cabo un estudio que deter-
minase cual era el blasón correcto, el más cercano al primitivo, para convertirlo en
el único y oficial de la ciudad. Tras una ardua labor de investigación determinó que
el escudo de armas de la “Caput Castellae” debía estar constituido por un busto de
monarca coronado, con tres castillos sobre el pecho, todo ello enmarcado en un arco
o puerta de muralla almenada sostenida por dos escudetes con sendos castillos en su
interior, permitiéndose la colocación de unas filacterias exteriores en las que se dis-
pusiesen los títulos de la ciudad: “Caput Castellae”, “Camera Regia” y “Prima Voce
et Fide”. En la parte superior se remata con una corona real abierta, como símbolo
de su origen, como ciudad realenga23.
Ha mediados del siglo se publican una serie de artículos en Boletín de la
Institución Fernán González en la que se nos relatan la vida y obra de personajes
ilustres de la ciudad, y entre esa información en ocasiones se nos indica donde resi-
dió el personaje y si se conserva algún elemento heráldico en las fachadas, como es
el caso del blasón esquinero de la plaza de Alonso Martínez, del que Ismael García
Ramila nos indica pertenecía a don Diego de Riaño Gamboa24, ya que en esa ubica-
ción dispuso el conde de unas cocheras cercanas a su residencia, hoy desaparecida.
Deberemos esperar hasta la publicación de la tesis doctoral de Alberto C. Ibáñez
Pérez para encontrar una gran obra monográfica en la que se describan y analicen
los blasones existentes en la ciudad de Burgos, desgraciadamente solo abarca el
siglo SXVI, con lo que un gran número de escudos quedaron fuera de su estudio. Se
trata de una obra esencial para el conocimiento de la arquitectura burgalesa del siglo
XVI, de la que los blasones forman parte indisoluble de la misma. En esta mono-
grafía se hace un repaso de los principales palacios de la ciudad, de la casa de los
Butrón indica que solo se conserva la portada en la que aparece un blasón formado
por una cruz blanca sobre la que se sitúan cinco lobos y completado mediante cuatro
butrones, uno por esquina (imagen 8. Blasón de los Butrón)25. Desgraciadamente
no describe el resto de blasones de la misma con lo que la información que nos
aporta al respecto de esta residencia es bastante escueta. Mayores son los datos
que nos indica sobre la casa de Íñigo Angulo, que fue obra de Lope Hurtado de
Mendoza, cuyas armas campean sobre el balcón superior, compuesto por una banda.
22
Enrique Cook en 1592 ya indicaba que el escudo de la ciudad “tiene por armas otra cabeza coronada de rey con
cinco castillos en derredor por orlas” GARCÍA MERCADAL, José - Viajes de extranjeros… p. 587. Francisco Pife-
rrer nos los describe como una efigie de rey con el lema “Caput Castellae” sobre su cabeza y bordura de gules con
ocho castillos de Oro. PIFERRER, Francisco – Nobiliario… p.85.
23
SALVÁ, Anselmo - El escudo de Armas de la Ciudad de Burgos. Burgos: Imprenta José, 1901.
24
GARCÍA RAMILA, Ismael - Don Diego de Riaño y Gamboa, insigne burgalés y hombre de Estado, en el Boletín
de la Institución Fernán González, Burgos: Institución Fernán González. 1956. Pp. 338-335.
IBAÑEZ PEREZ, Alberto C. - Arquitectura Civil del siglo XVI en Burgos. Burgos: Caja de Ahorros Municipal de
25

Burgos, 1977, pp. 180-182.

341
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

La actual denominación corresponde al siguiente dueño, José Bernardo Íñigo de


Angulo que lo adquirió en 1750, realizando una reforma en el mismo en el que
incluyó sus armas sobre el arco de la entrada. Estas corresponden a los apellidos
Mendoza, el anterior propietario, Íñigo, Angulo, Ortiz, Taranco, Bedmar y Vallejo.
Y que son descritas por Ibáñez Pérez de la siguiente manera: “Mendoza en su más
primitiva acepción “en campo de sinople una banda roja perfilada en oro” […]
Angulo “escudo de oro cuartelado por un virol de gules; 1º un castillo de azur,
de cuyo homenaje sale un grifo de azur armado con espada; 2º cinco manojos de
brezos”, Ortiz “En campo de oro, una estrella de azur, bordura de plata con ocho
rosas de gules” Taranco “cortado 1º en campo azur un castillo de oro, superado de
tres estrellas de oro 2º campo sinople un buey al natural perfilado de oro”, Bedmar
“ sobre fondo de oro tres cornetas de sable puestas en pal y pendientes una de la
otra, la superior del escudo” y Vallejo “campo de oro cinco fajas de azur, bordura
de plata con ocho armiños de sable y en jefe un aspa de oro perfilada de sable”.
Y considera que este escudo compuesto es resultado de las alianzas matrimoniales
(imagen 9. Escudo de Íñigo Angulo)26. El trio de construcciones de la calle Calera se
completa con la majestuosa casa de Miranda, mandada edificar por el abad de Salas,
Francisco de Miranda Salón. En su portada campean tres blasones (imagen 10. Friso
de la portada de la casa Miranda), el central y el situado a la derecha corresponden
con las armas de Miranda Salón, están cuartelados, en el primer y cuarto cuartel
disponen de cinco fajas, que Ibáñez denomina bandas atravesadas y los cuarteles
segundo y tercero de un águila explayada. El central está rematado mediante un
capelo y borlas abaciales dada la dignidad del titular, mientras que el lateral dispone
de un yelmo ladeado hacia la izquierda, signo de bastaría, que podría correspon-
der con un hijo natural del abad. El blasón de la izquierda lo atribuye, al menos
los cuarteles segundo y tercero, a los Castillo-Santa Cruz. Este escudo se encuentra
cuartelado, el 1º y 4º cuarteles están contracuartelados presentando una cruz en los
cuarteles primero y cuarto y una panela en los cuarteles segundo y tercero, aunque
el profesor Ibáñez indica que son dos cisnes y dos corazones. Los cuarteles 2 º y 3º
se encuentran partidos, con un ciervo pasante al pie de un árbol en el cuartel derecho
y un castillo en el izquierdo, presentando una bordura de lises que omite el profesor
Ibáñez27. La siguiente edificación descrita la hemos situado en la segunda área de
interés, correspondiente a la calle Fernán González, en ella sobresale por su calidad
y estado de conservación, se trata del palacio de Castilfalé, construido por la familia
Gaona, y posteriormente adquirido por los Maluenda, cuyo blasón adorna la porta-
da, se trata de un escudo partido con una cruz ancorada a la derecha y una torre a la
izquierda, se encuentra rematado mediante un yelmo28. Descendiendo por la misma
calle en dirección a la plaza de los Castaños nos encontramos una serie de blasones

26
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… pp. 184-196.
27
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… pp. 196-207.
28
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… pp. 207-215.

342
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

sobre los que no hemos encontrado bibliografía al respecto. Enfrentado a la misma


plaza se ubica la casa de los Cubos, que presenta un escudo sobre el arco de entrada.
Este blasón está partido, con una torre en el cuartel derecho y disponiendo de un
mantelado en el cuartel izquierdo con dos leones afrontados y una flor de lis en el
mantel, aunque el Dr. Ibañez indica que está cortinado. Estas armas corresponden a
los Astudillo-Salamanca29. Junto a este edificio se conserva la portada de la casa de
los Lerma que presenta dos escudos inclinados en las enjutas del arco de entrada.
Estos blasones son partidos de uno y cortado de dos, presentando en los cuarte-
les diversas armas: una media luna correspondiente a Lerma, la flor de Lis de los
Cartagena, un Lobo pasante al pie de un árbol de López de Haro, una cruz ancorada
de los Maluenda, y mano abierta de los Oberón30. Aun siendo una obra esencial y
de referencia sorprende que no haga descripciones de todos los blasones y algunos
simplemente indique su ubicación y elementos externos del mismo como ocurre con
los existentes en la calle Pozo Seco, de los que solo menciona que se encuentran
circundados por laureas31. Del blasón de la Alhóndiga menciona su composición con
los cuarteles de los reinos peninsulares sostenido por heraldos y rematado por una
corona real. Aunque como podemos observar se trata de un escudo más complejo,
no solo con las armas de los reinos de Castilla, León, Aragón, Sicilia y Granada,
que corresponden a los cuarteles primero y cuarto, sino también con las armas de
Austria, Borgoña Moderna, Borgoña Antigua y Brabante y sobre ellas un escusón
partido con las armas de Flandes y el Tirol, en los cuarteles segundo y tercero. Todo
el conjunto corresponde a las armas reales de Juana I y Felipe I, ya que la obra se
realizó entre 1512 y 151432. De los blasones del Hospital del Rey ofrece una sucinta
información, indicando que corresponden con las armas de Carlos V, las de Castilla
y las de Castilla y León, sin describirlas33. Del mismo modo actual al mencionar
los blasones existentes en el Arco de Santa María, que son las armas de la ciudad
de Burgos34. Del colegio de San Nicolás hace una exhaustiva descripción de la por-
tada y transcribe la cartela, sin embargo la mención al blasón no es completa, ya
que simplemente indica que son las armas del fundador el Cardenal Íñigo López de
Mendoza35, si bien esto es cierto, no es del todo correcto, ya que la fachada presen-
ta tres blasones el superior con las armas completas correspondientes a los linajes
Zúñiga: una banda con cadena por orla; Velasco: jaquelado de quince puntos siete
de veros y ocho lisos y bordura de castillos y leones; Avellaneda y Mendoza: fran-
quelado, en jefe y punta tres bandas y en los flancos la salutación “Ave María” y
“Gratia Plena”. Y otros dos en una posición inferior con las armas paternas: Zúñiga
29
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… pp. 215-219.
30
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… pp. 219-221.
31
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… p. 221.
32
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… pp. 224-229.
33
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… pp.229-243.
34
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… p. 243.
35
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… pp. 250-260

343
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

y Avellaneda, y maternas: Velasco y Mendoza por separado. De igual modo tampo-


co indica que las armas completas se repiten en los cubos esquineros. En el Hospital
de la Concepción informa que en sus portadas presenta un escudo con un jarrón de
Lirios que representan a la Virgen y los del fundador Diego de Bernuy, aunque sin
describirlos36. Sobre el Arco de Fernán González nos indica que en él se disponen de
los escudos de Castilla y Burgos a los lados de la cartela y sobre esta el de Castilla y
León37. Como puede apreciarse se trata de la obra que mayor preeminencia dedica a
la heráldica existente en la arquitectura civil burgalesa.
Tras esta obra, esencial, nos encontramos un gran vació en la bibliografía exis-
tente sobre los diversos blasones presentes en la arquitectura civil de la ciudad de
Burgos, situación que sin embargo no se repite en la provincia, para nuestro benefi-
cio, como en el siguiente apartado se podrá comprobar.
Es sorprendente que para algunos edificios de gran volumen y poderosos bla-
sones no dispongamos de información hasta bien entrado el siglo XXI38, como es
el caso del palacio de los Condes de Berberana, que presenta sendos escudos con
las armas de los Salamanca. Sendos escudos son mantelados con unos leones con-
trarampantes en los cuarteles primero y segundo y una flor de lis en el mantel, se
rematan con una corona, que presuponemos condal, aunque debido a su estado de
conservación no es comprobable, presenta el aro de pedrería y los arranques de las
puntas en las que se situarían las perlas y los florones, de los que conservan el cen-
tral. Los blasones disponen de una cruz de Santiago acolada, y se adornan con una
laurea y lambrequines (imagen 11. Armas de los Salamanca).
Como hemos podido apreciar en las líneas previas la bibliografía existente a
cerca de los blasones es muy desigual y esto supone un perjuicio para el conoci-
miento, no solo de la heráldica sino de la historia de la propia ciudad.

3. PROBLEMÁTICAS EN SU IDENTIFICACIÓN Y ATRIBUCIÓN

En este apartado se presentan someramente las dificultades a las que se enfrenta


el investigador cuando quiere conocer las atribuciones y los titulares de los blaso-
nes. En la situación inicial en la que nos encontramos, ante un blasón desconocido,
debemos optar por el método comparativo para averiguar a qué linaje o apellido
puede corresponder dicho escudo. Disponemos de diferentes registros donde poder
acudir para comparar los blasones. En algunas ocasiones, como ya se ha mencio-
nado a vuela pluma anteriormente, se pueden conservar ejemplares de los blasones
que nos encontramos en los frontispicios de los edificios dentro, o fuera, de edificios
religiosos. Era habitual que las élites civiles dispusiesen de enterramientos e incluso
de capillas propias dentro de los templos, con lo que acudir a ellos y registrar sus
36
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… pp. 261-270
37
IBAÑEZ PÉREZ, A. C. – Arquitectura… pp. 270-274.
38
GONZÁLEZ DE RIANCHO COLONGUES, Ignacio - Arquitectura Urbana de Burgos. Burgos: Grupo publici-
tario Cruzial. S.L., 2004, pág. 71.

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FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

paredes, claves de bóvedas, remates de arcosolios y arcas sepulcrales nos puede


aportar la información necesaria para realizar, sino definitiva, al menos una aproxi-
mación al linaje al que corresponde dicho blasón. Sirvan como ejemplo las armas
de los Fernández de Castro, castillo con bordura de ocho aspas, combinadas con
las de Mújica: una banda engolada en bocas de dragones y acompañadas de dos
escudetes cargados cada uno de tres fajas uno a cada lado bordura de cadenas de y
con otra rama de los Castro: seis bezantes puestos dos, dos y dos. Estas armas apa-
recen, en dos blasones de la ciudad, y se repiten en numerosas ocasiones dentro de
la iglesia de San Gil, donde dispusieron sus enterramientos. En otras ocasiones se
debe recurrir a armoriales que sean coetáneos al escudo pétreo, para nuestra fortuna
disponemos no de uno sino de dos armoriales que reproducen numerosas armas de
los distintos caballeros burgaleses, uno de ellos analizado y divulgado por el Dr.
Faustino Menéndez Pidal de Navascues, el libro de la cofradía de los Caballeros
de Santiago39, y el segundo el de la cofradía de Nuestra Señora de Gamonal40. En
ellos se reproducen los caballeros que integraban dichas cofradías, poniendo espe-
cial empeño en las armas que los identificaban. Desgraciadamente estos aportes
no suelen ser suficientes, ya que ni todos los enterramientos se han conservado, ni
las cofradías reprodujeron a todos los caballeros, en ocasiones debido a que no se
conservan todos los documentos confeccionados por dichas cofradías. Cuando nos
encontramos ante estas vicisitudes debemos ampliar nuestro campo de búsqueda, lo
que nos ofrecerá, como es normal, unos resultados menos concretos. En relación a
los blasones de la ciudad de Burgos, tenemos la inestimable ayuda que nos brinda la
obra de Francisco Oñate Gómez41, en ella se nos describen y reproducen fotográfi-
camente toda una pléyade de blasones existentes en la provincia de Burgos, si bien
la magna obra no abarca toda la provincia, con buen criterio ha realizado su estu-
dio sobre aquellos partidos judiciales en los que hay un mayor número de escudos,
con lo que su ingente labor es de agradecer. Gracias a estas publicaciones podemos
hacer atribuciones, en principio aproximadas, que deberán ser contrastadas y com-
probadas a través de las fuentes, ejemplo de lo cual es el blasón correspondiente a
los Huidobro Mata, existente en la plaza Huerto del Rey, es un escudo partido, pre-
sentando un mantelado en el lado derecho y este compuesto por una torre, dos lobos
puestos en palo y una banda en el mantel, con media bordura de castillos y leones,
correspondiente al apellido Huidobro, el dado izquierdo se encuentra cortado dis-
poniéndose en el superior de tres medias flores de lis, armas de los Mata y en el
inferior un águila explayada junto a un árbol, que son las de Sarabia-Albelda (ima-
39
MENÉNDEZ PIDAL de NAVASCUÉS, Faustino - Caballería Medieval Burgalesa, El Libro de la Cofradía de
Santiago. Madrid: Universidad de Cádiz y Universidad de Burgos, 1996.
40
BALLESTEROS CABALLERO, Floriano; CASADO ALONSO, Hilario; IBÁÑEZ PÉREZ, Alberto C. y ESCO-
LAR DÍEZ, Segundo - Regla de la cofradía de Nuestra Señora de Gamonal, de Burgos y libro en que se pintan los
caballero cofrades (manuscritos nº 22.257 y 22.258 de la Biblioteca Nacional). Burgos: Institución Fernán Gonzá-
lez y Biblioteca Nacional, 1995.
41
OÑATE GÓMEZ, Francisco - Blasones y Linajes de la Provincia de Burgos, II. Partido Judicial de Burgos. Bur-
gos: EXCMA. Diputación Provincial de Burgos, 2001.

345
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

gen 12. Escudo en la plaza Huerto del Rey) Como se puede apreciar las semejanzas
con la obra presentada por el señor Oñate son considerables42. Este ejemplo ha sido
confirmado a través de las fuentes, en concreto gracias a un documento existente
en el Archivo Histórico Provincial de la ciudad de Burgos en el que se nos describe
la fundación del mayorazgo dentro del cual se incluyen las viviendas sobre las que
campean sendos escudos43.
En otras ocasiones y con otros blasones la atribución no es tan sencilla, sobre
todo debido a la ausencia de policromía en los escudos situados en las fachadas, lo
que nos impide restringirnos a una sola opción. Conservamos varios ejemplos de
blasones en la ciudad que presentan cinco flores de lis puestas en souter, que podrían
corresponder con varios apellidos dependiendo de los esmaltes que presentasen. Del
mismo modo debemos actuar ante blasones que presentan armas combinadas, esto
es, que en un mismo cuartel se han podido unificar los muebles correspondientes a
diversos linajes, ejemplo paradigmático de ello es el blasón situado en la calle San
Juan, obra del siglo XIX (imagen 13, Escudo en la calle San Juan) en el que, según
nuestras indagaciones, podrían encontrarse varios linajes unificados en sus diver-
sos cuarteles, desgraciadamente todavía no hemos podido contrarrestar esta infor-
mación, por lo que se mantiene como una hipótesis, ya veremos hasta qué punto
factible. Se trata de un gran blasón cuartelado y con un gran entado en punta. En el
primer cuartel presenta tres veneras bien ordenadas a la diestra y un jabalí empinado
a un árbol a la siniestra. Armas que podrían corresponder a las armas de Acharán44
o a las armas de Urrutia de Zumárraga45, que llevan escudo cortado el primero de
oro con una encina de sinople y un jabalí de sable empinado al tronco y segundo
de azur tres veneras de oro46, de igual manera pueden corresponder con el apelli-
do Aresorena47. El segundo cuartel cuenta con una torre con una escala apoyada
y saliendo de ella un brazo empuñando dos llaves a la derecha y de un árbol junto
a un río y bordura de gules con ocho veneras que pueden representar las armas de
Miera48. En el tercer cuartel se disponen cinco flores de lis puestas en souter y una
bordura componada en dos órdenes, deben corresponden a las armas de Arce, que

42
OÑATE GÓMEZ, Francisco - Blasones y Linajes de la provincia de Burgos, V. Partido judicial de Villarcayo.
Burgos: EXCMA. Diputación Provincial de Burgos, 2015, pp.299-300.
43
Archivo Histórico Provincial de Burgos: Protocolos Notariales, nº 6551, ff. 414 y siguientes, Siglo XVII. 4 mayo
1655.
44
MOGROBEJO, Endika de - Blasones y linajes de Euskalerría, Tomo I. Bilbao: Editorial Amigos del Libro Vasco,
1991, pp. 104-106.
45
Puede corresponder con José Ramón Urrutia, de Alcalá de Henares, 16-11-1787, litigio 10-08-1806, Legajo 1219
nº 16 expediente 4435. CADENAS Y VICENT, Vicente de - Pleitos de Hidalguía que se conservan en el Archivo de
la Real Chancillería de Valladolid, Siglo XIX, Tomo IX- Letras T-Z. Madrid: Hidalguía, 1980, Pp.61-62.
46
MOGROBEJO, Endika de – Blasones…, Tomo X, pp. 223-226.
GARCÍA CARRAFFA, Alberto y Arturo - Enciclopedia Heráldica y Genealógica Hispano Americana, Tomo XI,
47

Diccionario Heráldico y Genealógico de Apellidos Españoles y Americanos, Tomo IX. Madrid: Imprenta Antonio
Marzo, 1923. Pág. 50.
48
GARCÍA BERMEJO: Heráldica IV. Madrid: Ediciones Literarias, 1999, p. 74.

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FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

son: de plata, cinco flores de lis de azur y bordura ajedrezada de plata y gules o plata
y sable49, y en50, similar configuración conforma el apellido Villarías51. Y es menos
probable que pertenezcan al apellido Valois52. El cuarto cuartel cuenta con una torre
con bordura de ocho roeles, que podría estar reproduiendo las armas de Aramburu
o Aramburo de Villafranca de Oria, que trae de sinople un castillo de plata aclarado
de gules, bordura de oro con ocho roeles de gules53, de igual manera pueden ser los
muebles del apellido Araoz54, y similares son las de Casariego 55, así como el ape-
llido Vernia56. En el entado en punta se disponen dos barras o dardos en aspa sobre
un monte y bordura con ocho aspas, puede corresponder a Fernández de Pinedo: de
gules, dos dardos, de oro, en aspa. Bordura de gules, con ocho aspas, de oro57, más
improbable es que corresponda al apellido Ribot, de Mallorca, dos leños cruzados
sobre un monte58. El blasón se remata con un yelmo en posición ¾ con cinco rejillas,
representando hidalgo al que el rey otorgó algún cargo59, tiene una cruz de Calatrava
acodada, cuatro estandartes y varios instrumentos militares como soportes. Como se
ha podido apreciar en este ejemplo la ausencia de esmaltes abre un todo un campo
de posibles atribuciones que los posteriores estudios e investigaciones a través de
las fuentes primarias deberían ayudarnos a reducir y concretar.
Para este tipo de estudios comparativos, en heráldica, debemos consultar la
colección de Francisco Piferrer60, de igual modo, es indispensable acudir a los her-
manos Carraffa61, que realizaron una labor encomiable registrando en su magna obra
un incontable número de blasones de la comunidad hispánica. Desgraciadamente
dejaron la obra sin completar, pero de ello se encargó Endika Mogrobejo62. Autores
posteriores se han encargado no tanto de actualizar sino de ampliar el conocimiento
que disponemos de los diversos escudos de armas.

49
MOGROBEJO, Endika de – Blasones…, Tomo III. Bilbao, pp. 135-136.
50
GARCÍA CARRAFFA, Alberto y Arturo – Enciclopedia…, Tomo X, Diccionario…, Tomo VIII. Pp. 214-245.
51
MOGROBEJO, Endika - Diccionario Hispanoamericano de Heráldica, Onomástica y Genealogía, Volumen X.
Bilbao: Editorial Mogrobejo-Zabala, 1998, pp. 196-198.
52
MOGROBEJO, Endika - Diccionario…, Volumen IV, pp. 113-114.
53
MOGROBEJO, Endika de – Blasones…, Tomo III. pp. 65-66.
54
GARCÍA CARRAFFA, Alberto y Arturo - Enciclopedia…, Tomo X, Diccionario…, Tomo VIII. Pp. 130-141.
55
GARCÍA CARRAFFA, Alberto y Arturo: Enciclopedia…, Tomo XXIV, Diccionario…, Tomo XXII. p. 299.
56
MOGROBEJO, Endika: Diccionario…, Volumen VIII, pp. 21-22.
57
CADENAS y VICENT, Vicente de - Heráldica patronímica española y sus patronímicos compuestos, ensayo
heráldico de apellidos originados en los nombres. Madrid: Hidalguía, 1976. Pág. 59.
58
GARCÍA CARRAFFA, Alberto y Arturo: Enciclopedia…, Tomo LXXVIII, Diccionario…, Tomo LXXVI. p. 27
59
GARCÍA CARRAFFA, Alberto y Arturo: Enciclopedia…, Tomo I, Ciencia Heráldica o del Blasón. p. 155.
60
PIFERRER, Francisco – Nobiliario...
61
GARCÍA CARRAFFA, Alberto y Arturo: Enciclopedia…
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MOGROBEJO, Endika: Diccionario…

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FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

4. CONCLUSIONES

Como hemos podido comprobar en este escueto análisis, Burgos dispone de un


gran patrimonio heráldico en su mayor parte desconocido, tanto por los habitan-
tes como por los investigadores. Si bien se han realizado algunos estudios sobre la
heráldica estos son complementarios a obras de un mayor campo de análisis como
es la arquitectura, salvo para la heráldica municipal, como hemos comprobado, para
la que se hizo un estudio propio. De igual manera se han presentado las dificulta-
des a las que el investigador se enfrenta para la identificación y atribución de estos
blasones, variando estas dependiendo del blasón en cuestión y de los medios en
los que este haya sido reproducido. Como conclusión final apuntar que queda un
largo camino de investigación por delante para el mejor conocimiento de la heráldi-
ca existente en la arquitectura civil de la ciudad de Burgos y que continuamos con la
labor de intentar sacar a la luz a los propietarios de los mismos.

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APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

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350
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APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

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351
FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

Imagen 1. Dibujo del Palacio de los Condestables de Anton Van Den Wyngaerde

Izquierda: Imagen 2. Blasón de Burgos, Arco de Santa María.


Centro: Imagen 3. Escudo de Burgos, Arco San Gil.
Derecha: Imagen 4. Escudo de Burgos, Alhóndiga.

Izquierda: Imagen 5. Armas de Burgos, Ayuntamiento.


Centro: Imagen 6. Armas reales, Alhóndiga.
Derecha: Imagen 7. Blasón de Burgos según Piferrer.

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FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

Izquierda: Imagen 8. Blasón de los Butrón, calle Calera.


Derecha: Imagen 9. Escudo de Íñigo Angulo, calle Calera.

Imagen 10. Friso de la portada de la casa Miranda, calle Calera.

Izquierda: Imagen 11. Armas de los Salamanca, calle Fernán González.


Derecha: Imagen 12. Escudo en la plaza Huerto del Rey.

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FERNANDO RODRÍGUEZ RAMOS
APROXIMACIÓN AL ESTUDIO DE LA HERÁLDICA EN LA ARQUITECTURA CIVIL DE LA CIUDAD DE BURGOS

Imagen 13, Escudo en la calle San Juan.

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ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA
JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

MIGUEL METELO DE SEIXAS


(Instituto de Estudos Medievais/FCSH/Universidade NOVA de Lisboa / Boursier
de la Fundação para a Ciência e a Tecnologia)
orcid.org/0000-0002-0811-573X
miguelmeteloseixas@gmail.com

Résumé: Lorsque le roi Philippe III d’Espagne décida de rendre visite à son royaume
de Portugal, en 1619, la ville de Lisbonne prépara avec minutie sa joyeuse entrée.
Cette festivité civique à l’apparat extraordinaire fournit l’occasion pour l’élaboration
d’un discours visuel complexe qui mettait l’accent sur deux thèmes essentiels : d’une
part, l’importance de Lisbonne comme principale ville portuaire de l’ensemble des
territoires placés sous l’autorité de Philippe III ; d’autre part, comme conséquence,
le désir que ce centre commercial de la monarchie Habsbourg devînt aussi son centre
politique. La grande vue panoramique peinte pour célébrer l’entrée de 1619 et pour
garder la mémoire de cet événement montre comment l’héraldique fut mise au service
de ce discours, dont elle constituait le principal instrument visuel.

Mots-cles: héraldique, iconographie du pouvoir, cérémonies, monarchie Habsbourg,


Lisbonne.

Abstract: When King Philip III of Spain decided to visit his kingdom of Portugal,
in 1619, the city of Lisbon prepared meticulously his solemn entry. This extraordi-
nary civic festivity provided an opportunity for the elaboration of a complex visual
discourse that focused on two essential themes: on the one hand, the importance of
Lisbon as the main port city of the whole territories under the authority of Philip
III; on the other hand, consequently, the desire that this commercial centre of the
Habsburg monarchy should likewise become its political centre. The large pano-
ramic view painted to celebrate the entry of 1619 and to preserve the memory of this
event shows how heraldry was put at the service of this speech, of which it consti-
tuted the main visual instrument.

Keywords: heraldry, iconography of power, ceremonies, Habsburg monarchy,


Lisbon.

355
MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Note: Ce texte correspond à une version modifiée de l’article “Um universo ondulante: a heráldica na representa-
ção da entrada de Filipe II em Lisboa em 1619”, à publier dans le livre Praça universal de todo o Orbe. A Vista de
Lisboa do Castelo de Weilburg, édition du Museu de Lisboa sous la coordination de Paulo de Almeida Fernandes,
à qui l’auteur remercie l’autorisation pour la présente publication et pour les images cédées pour cet effet. À l’ex-
ception de la première image, toutes les autres sont des photographies de la peinture de Weilburg tirées par Paulo
de Almeida Fernandes.

Les fêtes et les cérémonies solennelles, dans leurs aspects religieux et civiques,
jouèrent un rôle important pour la construction idéologique et le fonctionnement
politique de la monarchie des Habsbourg aux XVIe-XVIIe siècles1. Ces occasions
publiques ne se limitèrent pas à fournir des formes de représentation du pouvoir
et de l’ordre considérés légitimes : elles servirent aussi comme outils concrets
pour construire cette même légitimité. Lorsque Philippe II d’Espagne devint roi
de Portugal, cette procédure s’appliqua naturellement à ses nouveaux domaines au
moment où il prêtât et reçut serment devant les Cortes2 réunies à Tomar en 1581,
prenant personnellement par cet acte possession de la Couronne portugaise3.
Lorsque ce monarque mourut en 1598, son successeur Philippe III fut pressé de
répéter le geste paternel, honorant le royaume du Portugal de sa présence, afin de
faire sa joyeuse entrée dans la ville capitale de Lisbonne pour y être solennellement
acclamé selon le rite traditionnel. En 1605, l’arrivée d’un héritier masculin du nou-
veau souverain (le futur Philippe IV d’Espagne) accentua la nécessité du voyage
portugais. Plusieurs circonstances politiques et personnelles différèrent successive-
ment cette décision4. Les pressions pour briser l’inertie du roi provenaient en pre-
mier lieu des sujets Portugais mais elles existaient aussi de la part de certains cercles
de courtisans Espagnols. Pour les premiers, seule la présence du souverain permet-
trait d’établir une communication directe et efficace avec ses domaines portugais
et d’assurer le maintien du statut privilégié que ceux-ci occupaient dans l’équation
générale de la monarchie Habsbourg depuis le compromis de 1581, garantissant en
même temps le rôle de premier plan de la ville de Lisbonne comme caput regni5.
Pour les Espagnols, le voyage portugais était perçu comme une occasion favorable

1
CHECA CREMADES, Fernando; FERNÁNDEZ-GONZÁLEZ, Laura (ed.) - Festival Culture in the World of the
Spanish Habsburgs. London-New York: Routledge, 2016. Pour l’application de cette culture de festivités civiques
de la monarchie Habsbourg au royaume de Portugal, voir SOROMENHO, Miguel – Ingegnosi Ornamenti. Arqui-
tecturas efémeras em Lisboa no tempo dos primeiros Filipes. In PEREIRA, João Castel-Branco (coord.) – Arte
efémera em Portugal. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000, p. 20-39.
2
Désignation de l’institution parlementaire portugaise d’origine médiévale, correspondant mutatis mutandis aux
États-généraux du royaume de France. Pour leur rôle à cette époque, voir CARDIM, Pedro - Cortes e Cultura Polí-
tica no Portugal do Antigo Regime. Lisboa: Edições Cosmos, 1998.
3
MEGIANI, Ana Paula Torres - O Rei Ausente. Festa e cultura política nas visitas dos Filipes a Portugal (1581 e
1619). São Paulo: Alameda, 2004, p. 83-116.
4
OLIVAL, Fernanda - D. Filipe II de cognome “o Pio”. Rio de Mouros: Círculo de Leitores, 2006, 225-240.
5
Cf. CARDIM, Pedro – Portugal unido y separado. Felipe II, la unión de territorios y el debate sobre la condición
política del Reino de Portugal. Valladolid: Ediciones Universidad de Valladolid, 2014, p. 151-169.

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MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

pour rompre l’isolement dans lequel le souverain vivait et pour échapper au joug de
son tout-puissant ministre le duc de Lerma.
L’arrivée de Philippe III dans son royaume de Portugal s’inscrivait donc dans
un climat de forte anxiété politique. Aussi le voyage fut-il préparé en détail, de
manière à assurer l’apparat nécessaire à son efficacité politique. Pour magnifier cet
acte politique, on songea aussi tout de suite à l’enregistrer sous diverses formes.
Une telle préoccupation permettrait que ce voyage solennel, qui refondait le pacte
entre le souverain et son royaume, s’inscrivît perpétuellement dans les annales de la
monarchie6. Une relation intrinsèque s’établissait ainsi entre la présence physique
du roi, liée à l’affirmation du pouvoir par le geste et par l’image, et l’action de pro-
pagande de la figure royale fournie soit par des œuvres imprimées (comptes-rendus
et estampes), soit par la peinture7.
Parmi les formes de conservation de la mémoire du voyage de Philippe III, le récit
publié trois ans plus tard par João Baptista Lavanha8, illustré par de belles gravures
de Jan Schorquens, connut une large diffusion (fig. 1). La nature multiple des objets
imprimés était en effet incomparablement plus vaste que celle qui advenait d’autres
moyens de communication politique, hormis peut-être la monnaie. Mais le souve-
nir du voyage fut également incorporé dans des lieux de mémoire de la monarchie,
notamment dans le palais de l’Alcazar de Madrid dont la salle des miroirs reçut en
1623 deux peintures de Domingos Vieira Serrão allusives à cet épisode9.
La découverte de la peinture aujourd’hui conservée au château de Weilburg en
Allemagne a apporté un élément de plus à la liste d’instruments visuels de préser-
vation de la mémoire de l’événement de 1619, renforçant aussi la perception du
souci que le pouvoir politique portait à cet égard. Après quelques études initiales
qui permirent de situer ce tableau dans son contexte artistique et politique10, Paulo
de Almeida Fernandes a assuré récemment la coordination d’un volume dans lequel
sont convoquées plusieurs analyses plus spécifiques, actuellement sous presse11. Il
suffit de regarder cette peinture pour comprendre immédiatement que l’héraldique
ne pouvait demeurer oubliée dans le cadre de ces études : armoiries et devises se
retrouvent un peu partout dans cette vue, où elles assument parfois un rôle de pre-
mier plan (fig. 2). L’objectif de ce texte est de montrer comment ces représenta-

6
MEGIANI, Ana Paula Torres - O Rei Ausente…, p. 187-282.
7
CURTO, Diogo Ramada - O discurso político em Portugal (1600-1650). Lisboa: Centro de História e Cultura
Portuguesa, 1988, p. 12.
8
LAVANHA, João Baptista - Viagem da Catholica Real Magestade delRey D. Filipe II. N. S. ao Reyno de Portugal
e Rellação do Solene Recebimento que nelle se lhe fez. Madrid: por Thomas Iunti, Impressor del Rei N.S., 1622.
9
GEHLERT, Andreas - The Weilburg painting showing the Lisbon entry of 1619 in its historical and pictorial
context. Revista de História da Arte. Vol. 11 (2014), p. 69-86.
10
GEHLERT, Andreas - Uma esplêndida vista de Lisboa no Castelo de Weilburg, Alemanha. Monumentos. Vol. 28
(2008), p. 208-213; SOROMENHO, Miguel (ed.) - Joyeuse entrée - A Vista de Lisboa do Castelo de Weilburg. Lis-
boa: Museu Nacional de Arte Antiga, 2015; GEHLERT, Andreas - The Weilburg painting…, p. 69-86.
11
FERNANDES, Paulo de Almeida (ed.) - Praça universal de todo o Orbe. A Vista de Lisboa do Castelo de Weil-
burg. Lisboa: Museu de Lisboa, sous presse.

357
MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

tions héraldiques furent conçues et utilisées comme instruments pour transmettre et


atteindre un dessein politique majeur.
Dans le tableau du château de Weilburg, tout bouge. Ce qui est sans doute éton-
nant quand on pense qu’il s’agit d’une vue panoramique de la ville. Mais, à vrai
dire, la plus grande partie de la vue est occupée par le fleuve qui ondule autour de la
ville, par les navires qui y serpentent toutes voiles gonflées, amplement recouverts
de tissus que le vent déroule, entrecoupés par les nuages de fumée des décharges
de canons et de fusils provenant des bateaux, auxquelles répondent les détonations
procédant des places fortes riveraines et du château qui trône sur le mont central de
la ville, tout cela reflété plus haut par les nuages qui se déploient dans le ciel. Ville
et fleuve tourbillonnent pour recevoir le roi.
La peinture nous transmet cette idée de mouvement et d’agitation d’une façon
beaucoup plus nette que la description de João Baptista Lavanha ou les gravures
de Jan Schorquens. Aussi bien les estampes que le compte-rendu écrit présentent
un caractère statique dont le tableau s’éloigne volontairement. D’où le choix d’un
ample panorama qui permet de montrer l’ampleur de l’encadrement scénographique
où la cérémonie se déroule, au long de la ville mais aussi du fleuve qui l’entoure : à
la profusion de personnes qui jonchent le parcours terrestre correspond la myriade
de navires qui forment la parade navale. Dans un élément et dans l’autre, tous s’agi-
tent pour célébrer le monarque. L’artiste cherche même à transmettre la compo-
sante sonore de cette fête civique en peignant les nuages de fumée qui font irruption
des navires et des forteresses et en figurant la présence de musiciens sur plusieurs
navires. Mais l’avantage le plus significatif de la peinture est sans doute sa capacité
de bien rendre la dimension chromatique de la cérémonie.
À première vue, la ville et le cortège naval se détachent du fond bleu et vert du
fleuve, des champs environnants et du ciel, sur lesquels ils répandent une série de
taches rouges. C’est vers ces mouchetures que le regard de l’observateur converge,
capté ou forcé d’apprécier l’instant précis que le tableau entend recréer : celui de
l’arrivée du cortège naval dans la ville où le monarque entrera pour la première fois
de façon protocolaire, rituelle et solennelle. Ainsi attiré, le regard peut ensuite s’en-
fuir vers l’observation détaillée du déploiement complexe de couleurs et de figures
qui parsèment le cortège. Dont la plupart sont de nature héraldique.
Selon le concept d’ingéniosité, compris à l’époque comme principe de la litté-
rature et de l’art, voire de la doctrine politique, la nature de l’héraldique en tant
que code emblématique d’autoreprésentation et de communication visuelle s’insère
dans la représentation de l’entrée royale, elle-même manifestation primordiale de
la légitimité du pouvoir. L’héraldique complète la cérémonie et lui donne un sens,
permettant en outre que l’observateur du tableau y trouve la véritable clef de lecture
de l’œuvre. Il n’est donc pas étonnant que la pléthore de personnes, de navires et
d’édifices éphémères reproduise une surabondance de signes héraldiques.
Ces signes se trouvent, d’abord, dans le cortège naval qui, au premier plan de la
peinture, attire inévitablement le regard. Le code héraldique s’appliquait bien sûr

358
MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

depuis longtemps aux vaisseaux : l’héraldique servant avant tout à identifier et à


communiquer visuellement une identité, son lien historique avec les navires était
pour ainsi dire inévitable. Soit par l’apposition d’emblèmes fixes dans la structure
des vaisseaux, soit surtout par leur dissémination sur des tissus flottants, faciles à
hisser sur le gréement et visibles au loin. Ces deux réalités se trouvent présentes
dans la peinture de Weilburg, parfois superposées.
Considérons, par exemple, l’écu aux armes royales portugaises sur le gaillard
d’arrière de deux navires au premier plan de la peinture : il s’agit évidemment d’une
décoration fixe (fig. 3). Mais l’ornementation éphémère se révèle beaucoup plus
courante. Sur le même plan, trois navires présentent en effet leurs pavois décorés
par des rangées d’écus selon la coutume médiévale : les boucliers aux armes royales
portugaises y alternent avec d’autres gironnés de sinople et d’argent à la croix de
l’ordre du Christ brochante (fig. 4). Cette typologie décorative, intercalant l’héral-
dique royale et la croix du principal ordre militaire portugais, était déjà présente sur
les navires de la flotte portugaise utilisés par le roi Afonso V pour la prise d’Arzila
(Asilah) et sur la palissade érigée lors du débarquement, comme on peut le voir sur
les tapisseries de Pastrana12.
Pour les navires prenant part à la parade de 1619, il s’agit d’une ornementation
d’apparat, au sein de laquelle la répétition de deux motifs emblématiques souligne
l’identité de la couronne portugaise ainsi que l’idée des domaines d’outre-mer, qui
depuis le règne de Manuel Ier étaient associés, du point de vue emblématique, à la
sphère armillaire (devise de ce roi et de son successeur Jean III) et à la croix de
l’ordre du Christ, qui fut alors incorporée à la Couronne de même que les autres
ordres religieux militaires13. Dans les armoriaux du XVIe et du XVIIe siècles, le
binôme sphère armillaire – croix de l’ordre du Christ tend ainsi à identifier expli-
citement l’ensemble des domaines d’outre-mer portugais ; au siècle suivant, il fut
progressivement appliqué par antonomase au plus important de ces territoires, le
Brésil14. Si bien qu’au XIXe siècle l’une de ses composantes – la sphère – fut choisie
en 1816 comme seule figure des armoiries créées spécifiquement pour ce territoire
après son élévation au statut de royaume (intégré dans le Royaume-Uni de Portugal,
Brésil et Algarves) ; puis toutes deux – sphère et croix – furent reprises en 1822
pour l’héraldique du royaume puis empire indépendant du Brésil15.

12
HENRIQUES, Ana Castro (ed.) - A invenção da glória. D. Afonso V e as tapeçarias de Pastrana. Lisboa: Museu
Nacional de Arte Antiga / Fundación Carlos de Amberes, 2010, p. 52-65.
13
SEIXAS, Miguel Metelo de - Héraldique et inscriptions dans les monnaies portugaises de la dynastie d’Avis de
Jean 1er à Manuel 1er (1385-1521). In LOSKOUTOFF, Yvan (ed.) - Héraldique et Numismatique III – Moyen Âge –
Temps Modernes. Le Havre: Presses Universitaires de Rouen et du Havre, 2015, p. 89-103.
14
SEIXAS, Miguel Metelo de - Overseas elements in Portuguese armorials from the Modern Era. e-journal of Por-
tuguese History. Vol. 15-2 (2017), p. 1-29.
15
SEIXAS, Miguel Metelo de - A emblemática oitocentista da Casa de Bragança nos tronos de Portugal e Brasil. In
RAMOS, Rui, CARVALHO, José Murilo de, SILVA, Isabel Corrêa da (ed.) - Dois países, um sistema. A monarquia
constitucional dos Braganças em Portugal e no Brasil (1822-1910). Lisboa: D. Quixote, 2018, p. 57-84.

359
MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

L’alternance de signes du royaume et de ses territoires d’outre-mer se retrouve


également sur les drapeaux : sur les trois navires cités, l’un hisse le drapeau gironné
avec la croix de l’ordre du Christ (fig. 4), l’autre présente le drapeau blanc avec
l’écu aux armes royales portugaises surmonté par la couronne fermée et posé sur
la même croix (fig. 5), tandis que le troisième porte un drapeau blanc avec seule-
ment l’écu royal couronné, sans croix (fig. 6). L’héraldique des navires portugais
transmet ainsi l’identification du royaume réhaussée par le prestige de l’empire
d’outre-mer16. Un tel choix ne saurait être gratuit : il servait à souligner l’impor-
tance de la monarchie portugaise dans toute son extension et dans la richesse de son
commerce outremarin. Ce rappel visuel permettait de corroborer auprès du roi la
centralité de Lisbonne, principal port de la monarchie, appuyant ainsi la cause d’un
éventuel transfert de la capitale des Habsbourg, souhaité par les Portugais depuis
l’union dynastique de 1580. Le message était clair : Lisbonne se présentait auprès
de Philippe III non seulement en tant que ville capitale du royaume de Portugal
mais aussi comme centre effectif d’un vaste empire et centre souhaité de l’entière
monarchie Habsbourg. Car si la richesse de celle-ci provenait essentiellement de ses
territoires outremarins, alors sa capitale devrait être la ville maritime de Lisbonne
plutôt que celle de Madrid, isolée au centre de la péninsule Ibérique…
Ainsi se retraçait avec l’aide visuelle de l’héraldique le thème du mariage mys-
tique entre Lisbonne et son roi, en parfait contrepoint envers le topos d’abandon de
la ville, qui, depuis qu’elle avait cessé d’être une capitale habitée par le souverain et
par sa cour, demeurait comme une veuve endormie et inconsolable17. L’héraldique
déployée par les navires était, en ce sens, complétée par celle qui ornait les déco-
rations éphémères érigées pour le trajet du roi à l’intérieur de la ville : leur objec-
tif commun était de vanter la magnificence de la monarchie portugaise en même
temps que la centralité de sa capitale, de manière à renforcer le pacte établi entre
le monarque et ce royaume-ci. Il s’agissait d’ailleurs d’une tradition remontant à la
dynastie d’Avis, comme l’a observé Ana Maria Alves : «les entrées à Lisbonne se
caractérisent par une dramatisation marquée de leur caractère contractuel et par le
sens simultanément attrayant de privilèges et édifiant ad usum rei»18.
Cependant, bien plus que les navires portugais au premier plan, ce sont les treize
galères en arrière-plan qui attirent l’attention du spectateur soit par leur position
dans l’ensemble de la vue panoramique, où elles dessinent une longue ligne dia-
gonale rouge alignée avec le Terreiro do Paço (grand ’place face au palais royal
de Ribeira, où se déroulaient les cérémonies d’acclamation royale), soit par la pro-

16
Ces différents drapeaux transmettaient les diverses dignités de leur commandants (et par extension des vaisseaux
eux-mêmes). Voir GONÇALVES, António Manuel; CABRITA, José Manuel – Armorial da Marinha Portuguesa e
da Autoridade Marítima Nacional. Lisboa: Comissão Cultural de Marinha, 2016, p. 512-532.
BOUZA ÁLVAREZ, Fernando - Imagen y propaganda. Capítulos de historia cultural del reinado de Felipe II.
17

Madrid: Ediciones Akal, 1998, p. 95-120.


18
ALVES, Ana Maria - As entradas régias portuguesas. Uma visão de conjunto. Lisboa: Livros Horizonte, s/d, p.
52.

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MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

fusion de leurs décors héraldiques (fig. 7). Plusieurs de ces galères étaient venues
d’Espagne et Philippe III avait expressément ordonné de les attendre pour sa joyeuse
entrée à Lisbonne. Conçues et développées pour la navigation en Méditerranée,
les galères se révélaient inapropriées pour la navigation dans l’Atlantique. Mais il
s’agissait de navires au prestige sans pareil, chargés d’une symbolique intense : non
seulement par les références inhérentes à l’antiquité gréco-romaine si propices au
goût du temps mais aussi par la mémoire incorruptible de leur participation à la
victoire de Lépante en 1571. Leur présence lors de l’entrée royale de 1619 venait
donc signaler le caractère extraordinaire de cet événement, permettant en même
temps d’accentuer son insertion au sein de la monarchie globale des Habsbourg.
En outre, contrairement à la tradition des entrées royales portugaises et castillanes,
celle de 1619 fut marquée par l’affichage de forces militaires considérables, ce qui
constituait une autre façon de renchérir l’idée de la force de la monarchie dans son
ensemble, déjà transmise par la présence ostentatrice des galères19.
L’affirmation du pouvoir central était confirmée – ou plutôt explicitée – par l’hé-
raldique qui ornait ces navires prestigieux. Comme le signale Lavanha, « Toutes
les galères venaient soigneusement concertées de flammes et de fanions, la [galère]
Royale se signalait parmi toutes par la richesse de ses flammes brodées, hissées sur
ses mâts, vergues et haubans, et d’une part et d’autre de ses espars il y avait autant
de fanions brodés que de rames, qui étaient au nombre de soixante-dix »20. La pein-
ture transmet cette surabondance : l’ensemble des galères disparaît presque sous
l’incroyable quantité de tissus qui s’y étalent. La force des galériens permettant de
dispenser la fonction structurelle de la voilure, l’ensemble des gréments pouvait être
utilisé exclusivement pour hisser des tissus de différentes tailles et formats, depuis
les courts fanions jusqu’aux longs étendards à pointe bifurquée. Un grand nombre
de ces drapeaux (appelons-les ainsi génériquement) présentaient un fond blanc ou
rouge sur lequel étaient peintes des images religieuses, celle de Notre-Dame se révé-
lant prédominante, ce qui reflétait l’importance de la religion comme fondement
de la monarchie mais aussi le rôle renouvelé de la dévotion mariale au sein de la
religiosité catholique post-tridentine, en pleine opposition aux options doctrinales et
iconoclastes protestantes (fig. 8 et 9).
Outre les figures religieuses, ces drapeaux comprenaient naturellement l’héral-
dique royale. Cependant, au contraire de ce que nous avons vu pour les navires por-
tugais, les drapeaux des galères ne portaient pas les armes du royaume de Portugal
mais les armes composites de la monarchie Habsbourg (fig. 10). Cette option était
conforme au propre choix de ces navires d’apparats, liés dans ce contexte à l’ex-
pression du caractère hétérogène du pouvoir royal dont l’épicentre se trouvait en

19
OLIVAL, Fernanda - D. Filipe II…, p. 247.
20
LAVANHA, João Baptista - Viagem da Catholica Real Magestade…, p. 8. Texte original : « vinhão todas as
Galès cuidadosamente concertadas de Flamulas, & Galhardetes, assinalandose a Real entre todas na riqueza das
suas bordadas Flamulas, que levava nos mastros, vergas, & enxarcea, vinhão por huma, & outra banda dos filaretes,
tantos Galhardetes bordados como remos, que erão setenta ».

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MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Espagne. Dans leur complexité, les armes de Philippe III, telles qu’elles avaient été
utilisées depuis l’héritage du royaume de Portugal par son père, traduisaient le pro-
cessus d’agglutination qui, par les chemins contingents de l’histoire et de la généa-
logie, avait conduit depuis 1580 à la création d’une double monarchie hispanique.
Philippe II d’Espagne avait reçu de son père, l’empereur Charles-Quint, une
héraldique complexe. Ses armoiries, dans leur modalité la plus répandue, étaient
divisées en deux moitiés distinctes par un trait horizontal (ce que l’on appelle en
héraldique un coupé) : la moitié supérieure concentrait les armes des royaumes ibé-
riques de Castille, Léon, Aragon, Sicile et Grenade ; dans la partie inférieure se
trouvaient les signes du patrimoine austro-bourguignon, avec les armes d’Autriche,
Bourgogne (ancien et moderne), Brabant, Flandre et Tyrol. L’héritage bourguignon
s’exprimait aussi par la présence du collier de l’ordre de la Toison d’or qui entourait
l’écu. De l’héraldique paternelle, Philippe II n’avait point repris l’aigle bicéphale
sur lequel Charles-Quint posait son écu, car elle exprimait la dignité impériale que
Philippe ne portât jamais. Lorsqu’il incorpora le royaume de Portugal dans ses
États, Philippe II dut décider comment introduire les armes royales portugaises dans
un écu déjà si chargé. Ce qui n’était pas une question de moindre gravité.
Il fallait trouver pour ces armes une place honorable, quitte à sauvegarder
la sensibilité portugaise sans pour autant détrôner la primauté de l’écartelé de
Castille-Leon. Plusieurs hypothèses furent alors émises21. L’une d’elles consistait
à juxtaposer l’écu que Philippe II avait hérité de son père et celui des armes portu-
gaises sous une même couronne, symbolisant ainsi l’union dynastique et la sépara-
tion des Couronnes. Cette solution marquait cependant une position exceptionnelle
pour le royaume du Portugal dans l’équilibre général de la monarchie, discrimi-
natoire surtout pour les autres royaumes ibériques. On formula aussi l’hypothèse
d’incorporer les armes portugaises dans l’écartelé aragonais-sicilien, leur joignant
éventuellement celles du royaume navarrais. Cette option tombait dans l’extrême
opposé : elle établissait une distinction trop nette entre le royaume central de
Castille-Leon et l’amalgame des autres royaumes ibériques. Ce qui se révélait dif-
ficile à justifier du point de vue historique et serait certainement considéré comme
offensant par les sujets Portugais, ayant égard à la séparation des deux Couronnes
d’Espagne et de Portugal, maintenue par le compromis de Tomar. Une troisième
hypothèse fut éventée : séparer la moitié supérieure du bouclier par deux traits ver-
ticaux (créant un tiercé en pal), donnant ainsi origine à trois parties égales dont la
centrale serait occupée par les armes de Castille-Leon et les latérales par celles de
Portugal à dextre et d’Aragon-Sicile à senestre. Cette division confinait toutefois
l’héritage castillan à une position certes centrale mais moins importante du point de
vue hiérarchique, une fois que les armes portugaises occupaient la dextre de l’écu.
Ce qui était évidemment insoutenable.
21
BOUZA ÁLVAREZ, Fernando - Portugal e a memória figurada de Filipe II. Penélope. Vol. 4 (1990), p. 26-29;
MENÉNDEZ PIDAL DE NAVASCUÉS, Faustino - Heráldica medieval española I. La Casa Real de León y Cas-
tilla. Madrid: Hidalguía, 1982, p. 218.

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MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

La solution que l’on suivit finalement s’avéra ingénieuse : les armes portugaises
furent placées dans un écusson brochant sur le point d’honneur de l’écu, à deux tiers
de la hauteur de l’écu et donc au centre de la composition expressive des royaumes
ibériques. Elles se plaçaient ainsi dans la place que les traités de blason désignaient
comme la plus honorable de la topographie de l’écu. Les armoiries de Castille-Leon
continuaient, elles, à la place que ces mêmes traités définissaient comme la plus
importante. La primauté castillane se maintenait, l’honneur portugais était sauve-
gardé.
Loin de constituer des minuties, de tels soins pour l’organisation de l’héraldique
royale se révélaient essentiels dans l’autoreprésentation de la monarchie. Dans leurs
différents domaines et territoires, les princes de la maison de Habsbourg portaient
des armoiries organisées de façon à préserver les sensibilités locales et à exprimer
simultanément les particularités de chacune des parties de cette monarchie com-
posite. C’est pourquoi les rois Espagnols utilisaient généralement au Portugal les
armes propres de ce royaume sans aucun mélange (pleines). Les armoiries com-
posites de la monarchie, semblables à celles qui ornaient les galères de la joyeuse
entrée de 1619, étaient réservées pour des circonstances ou des objets exception-
nels. Elles signalaient plutôt individuellement le souverain que le royaume comme
institution. Elles furent ainsi apposées sur la pierre placée au coin du palais royal
de Ribeira, qui dominait le Terreiro do Paço et pouvait être considéré comme la
résidence officielle du souverain, tout comme sur le reliquaire de la Vraie-Croix sur
lequel les rois de Portugal prêtaient serment, conservé dans le trésor de la cathédrale
de Lisbonne. On distinguait de la sorte les armoiries dynastiques, qui étaient aussi
celles de la monarchie dans son ensemble, et les armoiries du royaume du Portugal,
utilisées exclusivement, sous leur forme pleine, dans l’ensemble des territoires
appartenant à cette Couronne.
La dualité héraldique entre dynastie et Couronne trouvait son parallèle dans la
vexillologie. La galère Royale, placée légèrement au-devant des autres, était certes
facilement reconnaissable à son apparat emblématique sans égal (fig. 11) : elle était
presque entièrement recouverte de fanions, flammes et banderoles où figuraient les
figures et scènes religieuses habituelles et les armoiries royales brodées (fig. 12).
À la poupe se trouvait cependant un drapeau différent des autres par son format
carré et par la couleur rouge du fond : il s’agissait du pavillon royal, qui ne pou-
vait être hissé que sur le navire ou bâtiment dans lequel se trouvait la personne du
souverain, dont il signalait donc la présence (fig. 13). Le format carré était réservé
au drapeau royal depuis le Moyen Age, étant interdit pour toute autre manifesta-
tion vexillaire22. Quant à la couleur rouge, elle est restée propre de la maison royale
même après la restauration de l’indépendance nationale en 1640 et elle fut conser-
vée dans le pavillon ou étendard royal portugais jusqu’à l’abolition de la monarchie
en 1910. L’exégèse diffusée au XVIIe siècle faisait remonter l’origine de cette cou-
22
SÃO PAYO, Marquês de - A Nomenclatura das Signas Medievais. Armas e Troféus. I série, vol. I (1932), p.
21-27.

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MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

leur au labarum constantinien, ce qui complétait parfaitement la lecture mythique


des armoiries royales aux quinois : elles étaient considérées comme signe du pacte
établi entre Christ et Alphonse Ier, fondateur du royaume, en 1139 à la veille de la
bataille d’Ourique, de même que l’empereur Constantin avait reçu la vision de la
Croix lors de la bataille du pont Milvius comme signe du ralliement de l’empire à la
foi chrétienne23.
Mais la galère Royale présente aussi des armoiries non-royales. Comme dans
d’autres galères, le sommet du château arrière est orné d’une sculpture aux armoiries
royales, probablement en bois peint (fig. 14), dont le cimier varie selon les navires
probablement en fonction de leur invocation onomastique. Pour la Royale, le cimier
est simplement celui qui était habituel aux armoiries du souverain : le lion, en allu-
sion au royaume homonyme, et qui dans ce cas se retrouve aussi comme figure de
proue (fig. 15). Mais dans la Royale cet écu aux armoiries royales est accosté de
deux autres, identiques entre eux, placés de chaque côté de la rambarde de poupe.
L’absence de définition de la peinture ne permet pas de les identifier concrètement,
mais on peut noter la complexité de leurs partitions et la croix de l’ordre de Malte
sur lequel l’écu est posé. Il s’agit probablement des armoiries de Don Alvaro de
Bazán y Benavides, deuxième marquis de Santa Cruz de Mudela, capitaine-général
des galères de Portugal, Naples et Espagne24.
Autour des galères, une multitude de bateaux tournoient dans le vent et les
vagues. Chez ceux-ci l’héraldique n’atteint guère l’exubérance d’expression qu’elle
revêt dans celles-là. On repère néanmoins quelques cas curieux et significatifs.
L’artiste a profité de la figuration de ces autres navires pour présenter quelques
emblèmes étrangers à la monarchie Habsbourg. Ainsi, un navire porte pavillon et
fanion blancs à la croix rouge, identifiant le royaume d’Angleterre (fig. 16) ; un
autre porte pavillon bleu à trois fleur-de-lis d’or, armoiries sculptées aussi sur le
château arrière, représentant le royaume de France (fig. 17) ; un autre encore porte le
pavillon fascé des Provinces-Unies (fig. 18). La présence de ces emblèmes étrangers
permet de souligner la condition de pacificateur attribuée à Philippe III, respon-
sable pour la paix signée avec ces trois puissances, qui sera également glosée par les
décors semés au long du parcours que le souverain suivra dans la ville. Encore une
fois, l’héraldique navale se trouve donc en harmonie avec l’architecture éphémère
pour cette entrée royale de 1619. Elles tendent toutes deux à glorifier l’image du
souverain qui a su imposer à l’Europe la Pax Hispanica25.

23
SEIXAS, Miguel Metelo de - El simbolismo del territorio en la heráldica regia portuguesa: en torno a las armas
del Reino Unido de Portugal, Brasil y Algarves. Emblemata - Revista Aragonesa de Emblemática. Vol. XVI (2010),
p. 285-330.
24
Le chroniqueur indique que le marquis de Santa Cruz se trouvait alors absent, ayant été remplacé pour cette
cérémonie par le marquis de Villanova del Fresno, son lieutenant. LAVANHA, João Baptista - Viagem da Catholica
Real Magestade…, p. 8.
25
GARCÍA, Bernardo José García - La pax hispanica. Leuven: Leuven Universitaire Pers, 1996.

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MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

L’univers ondulant de l’héraldique, si apte à combiner l’expression des réali-


tés politiques à une dimension onirique, était complété par un groupe de navires
inhabituels dans le scénario exubérant conçu sur le fleuve Tage pour l’entrée de
Philippe III. Laissons la parole au mémorialiste Pêro Rodrigues Soares qui décrit «
de nombreux navires, hourques, barges, barques qui accompagnaient [les galères],
la mer étant semée par devant et sur les côtés de nombreuses danses, farandoles
et inventions menées sur plusieurs barges, ce qu’il fallait vraiment voir car il y en
avait une en forme de baleine si artificielle que l’on ne pouvait guère la distinguer
du naturel, et une autre en forme de homard et d’autres encore de chevaux marins
et d’autres poissons, tout cela si naturel et artificiel qu’il était possible de voir, sans
laisser voir les rameurs qui étaient en-dessous, et au-dessus il y avait des sirènes très
admirables, et lorsque le roi arriva au quai avec tout cet accompagnement on fit tirer
toute l’artillerie du château et de la mer »26.
De telles «inventions» peuvent en effet être observées sur la peinture, en parti-
culier dans l’espace entre la galère Royale et le quai érigé sur le Terreiro do Paço.
Le choix de ces décors ne saurait être gratuit : les thèmes maritimes, certainement
appropriés à une entrée par débarquement, permettaient également de renchérir la
valeur de Lisbonne comme principal port de la monarchie, digne de devenir sa capi-
tale permanente. Ce n’est pas un hasard si, à proximité du quai construit près de la
douane de mer, quatre dauphins blancs tirent la barque de Neptune, dieu des océans
(fig. 19) ...
La diffusion de l’héraldique dans le tableau faisant allusion à l’entrée de Philippe
III à Lisbonne en 1619 rappelle la procédure appliquée aux cartes géographiques
de l’époque. Celles-ci étaient également parsemées de signes héraldiques, surtout
de drapeaux, qui permettaient d’identifier les territoires cartographiés tout en ser-
vant d’instruments d’appropriation symbolique de ces mêmes territoires. Dans le
cas de la cérémonie de 1619, la profusion des insignes royaux présente toutefois une
dimension extraordinaire. L’héraldique fournissait un portrait abstrait utilisé pour
représenter le roi partout où il ne pouvait pas se rencontrer en personne, asseyant
ainsi l’exercice de son autorité27. En ce sens, l’héraldique fonctionnait comme un
instrument d’exercice du pouvoir, permettant l’appropriation symbolique de l’es-
pace28.

26 SOARES, Pero Roiz - Memorial (leitura e revisão de M. Lopes de Almeida). Coimbra: por ordem da Univer-
sidade, 1953, p. 423. Texte original : « muitos navios vrcas bateis barcas que vinhão acompanhando estando o mar
coalhado e diante e as ilhargas muitas danças chacotas e envensois feitas em muitos bateis muito para ver porque
vinha hum feito em balea tam artefiçial que se não desferençava nada da balea e outro feito em lagosta e outros em
cavalos marinhos e doutros pexes tudo tam natural e artificial quanto ver se podia sem enxergarem bateis vindo
remando por baxo sem verem quem remava e em sima vinhão algumas sereas cousa muito para ver e em chegando
elRey ao caix com todo este acompanhamento desparou toda a artelharia do castello e do mar ».
27
BELTING, Hans - Pour une anthropologie des images. Paris: Gallimard, 2004, p. 153-182.
28
HABLOT, Laurent – Le décor emblématique chez les princes de la fin du Moyen âge : un outil pour construire
et qualifier l’espace. In LIÉNARD, T. et alii. Construction de l’espace au Moyen Âge : pratiques et représentation.
Paris: Publications de la Sorbonne, 2007, p. 147-165.

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MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Pourquoi, alors, avoir conçu cette multiplicité d’images héraldiques du souve-


rain, s’il était personnellement présent lors de la cérémonie de 1619 ? Il y a trois
niveaux de réponse possibles. Tout d’abord, parce que l’emphase faisait alors partie
intégrante de la rhétorique politique : la multiplication des signes héraldiques cor-
respond bien au caractère épique et laudatif que l’art et la littérature de l’époque pla-
cent au service de la représentation du pouvoir. Cette imbrication entre héraldique et
discours héroïque était d’ailleurs caractéristique de l’époque29. En second lieu, parce
que la diversité des emblèmes héraldiques exprime aussi la complexité des messages
politiques : il suffit de prêter attention, dans ce contexte, au contraste très net entre
l’utilisation des armoiries pleines du royaume de Portugal et de celles composites de
la monarchie Habsbourg. Notons aussi, dans ce sens, l’appel à l’héraldique étran-
gère pour qualifier l’action dirigeante du monarque pacificateur. Troisièmement,
parce que l’abondance de signes héraldiques, loin d’annuler la présence physique
du monarque, tend à la sublimer. Certes, le corps terrestre du roi est présent, mais ce
corps porte avec lui, quoique de manière transitoire, un autre corps de nature mys-
tique. Tel est le message transmis par les armoiries royales, si nombreuses, répétées
à l’exhaustion et constamment en mouvement : par leur ubiquité ondulante, comme
animées de souffles invisibles, elles expriment la grandeur et l’essence même de la
monarchie.
Seules deux manifestations héraldiques échappent à ce caractère dans la peinture
de la joyeuse entrée de 1619 : ce sont les deux écus qui, en haut de la toile, bor-
dent l’exergue portant l’inscription identificatrice de l’événement. À dextre se trou-
vent les armoiries du royaume de Portugal (fig. 20), à senestre celles de la ville de
Lisbonne (fig. 21). Ensemble, ces deux écus définissent, aux yeux d’un observateur
connaisseur d’héraldique, le sujet représenté dans cette peinture : le roi de Portugal
entre dans sa ville de Lisbonne. Elles formulent un titre sous forme héraldique et
résument un projet politique.

29
LOSKOUTOFF, Yvan - L’armorial de Calliope. Tübingen: Gunter Narr Verlag, 2000.

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ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

BIBLIOGRAPHIE

Sources

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368
MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 1. Vue générale de la joyeuse entrée de Philippe III à Lisbonne selon la gravure de Viagem da
Catholica Real Magestade delRey D. Filipe II. N. S. ao Reyno de Portugal e Rellação do Solene
Recebimento que nelle se lhe fez (Madrid, 1622) par João Baptista Lavanha.

Fig. 2. Vue générale du tableau « Joyeuse entrée de Philippe III à Lisbonne », château de Weilburg.

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MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 3. Armes royales portugaises sculptées sur le gaillard d’arrière d’un navire.

Fig. 4. Navire présentant des rangées de boucliers aux armes royales portugaises et à croix de l’ordre
du Christ brochante sur gironné, et drapeau gironné à la devise de la sphère armillaire.

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ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 5. Drapeau blanc aux armoiries royales portugaises posées sur la croix de l’ordre du Christ.

Fig. 6. Drapeau blanc aux armoiries royales portugaises.

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ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 7. L’ensemble des galères formant une ligne diagonale face au Terreiro do Paço.

Fig. 8. Figures religieuses présentes sur les drapeaux des galères : Notre-Dame.

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ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 9. Figures religieuses présentes sur les drapeaux des galères : le Calvaire.

Fig. 10. Drapeaux aux armoiries composites de la monarchie Habsbourg, hissés sur les galères.

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ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 11. La Royale s’impose parmi les autres galères.

Fig. 12. Fanions, flammes et banderoles aux armoiries royales brodées sur la Royale.

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MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 13. Pavillon royal hissé sur la Royale.

Fig. 14. Armoiries du roi et du capitaine-général des galères sculptées


sur le gaillard d’arrière de la Royale.

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MIGUEL METELO DE SEIXAS
ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 15. Figure de proue de la Royale : le lion, cimier des armoiries royales Habsbourg.

Fig. 16. Navire au pavillon d’Angleterre.

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ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 17. Navire au pavillon et armoiries sculptées de France.

Fig. 18. Navire au pavillon des Provinces-Unies.

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ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 19. Barque de Neptune tirée par quatre dauphins.

Fig. 20. Écu aux armoiries royales portugaises.

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ARMES POLITIQUES : FLUCTUATIONS HÉRALDIQUES POUR LA JOYEUSE ENTRÉE DE PHILIPPE III À LISBONNE EN 1619

Fig. 21. Écu aux armoiries de la ville de Lisbonne.

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Época
Contemporânea
UM ARMORIAL DE DOMÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA
PORTUGUESA: O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR
DE EDUCAÇÃO DE LISBOA

PAULO MORAIS-ALEXANDRE
Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes,
Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes (CIEBA);
Intituto Politécnico de Lisboa, Escola Superior de Teatro e Cinema
pmorais@estc.ipl.pt

Resumo: A Escola Superior de Educação de Lisboa (ESELx) tem na sua fachada


principal uma muito interessante decoração heráldica em azulejos, com a represen-
tação das armas de Portugal feita de forma muito pouco usual e com a representação
das armas de várias cidades e distritos do país. Embora seja claramente influenciada
pela obra de Vilhena Barbosa, As cidades e villas da Monarchia Portugueza que
teem brasão d’armas, há várias especificidades e diferenças, devidas a razões diver-
sas, nomeadamente ideológicas, o que será alvo de estudo em diversas vertentes,
nomeadamente através do estudo comparativo.

Palavras-chave: Heráldica, Distritos Portugueses, Azulejos.

Abstract: The Lisbon School of Education (ESELx) has on its main façade a very
interesting armorial decoration in painted tiles, with the coat of arms of Portugal
in a rather unusual display, and with the armorial bearings of several cities and
regions of the country. Although it is influenced by the work of Vilhena Barbosa, As
cidades e villas da Monarchia Portugueza que teem brasão d’armas, there are sev-
eral details and differences, due to different reasons, namely ideological ones, which
will be studied in several areas, namely through the comparative study.

Keywords: Heraldry, Portuguese districts, tiles.

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PAULO MORAIS-ALEXANDRE
UM ARMORIAL DE DOMÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA PORTUGUESA: O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LISBOA

INTRODUÇÃO

O edifício que hoje alberga a Escola Superior de Educação de Lisboa, do


Instituto Politécnico de Lisboa, foi projetado pelo arquiteto Adães Bermudes. A
construção foi iniciada em 1916 e o edifício foi inaugurado em 1918 para acolher a
Escola Normal Primária de Lisboa, mais tarde designada por Escola do Magistério
Primário de Lisboa. Neste edifício há, ao longo da sua fachada principal, um friso
com uma notável decoração azulejar que inclui a representação de vinte escudos
de armas, sendo ainda de referir dois tímpanos armoriados e um escudo de armas
esculpido na entrada do imóvel.
Conhece-se muito pouco sobre a encomenda ou sobre a autoria dos azulejos,
apenas se sabe que estes são posteriores à data da inauguração do edifício, já que
este começou a funcionar ainda com as obras a decorrer, como evidenciam algumas
fotografias coevas. Os azulejos terão sido realizados pela Companhia da Fábrica
de Cerâmica Lusitânia, sita na rua do Arco do Cego onde hoje está sediada a Caixa
Geral de Depósitos e da qual permanece ereta uma chaminé1.

ELENCO E CARATERÍSTICAS

A heráldica representada corresponde:


Ao brasão de armas de Portugal que ocorre por três vezes na fachada da Escola
Superior de Educação de Lisboa, uma vez em escultura e duas em azulejo.
A vinte outros brasões de armas de heráldica de domínio, em pintura sobre
azulejo, mais concretamente treze armas de cidades sede de distrito de Portugal
Continental, não sendo representadas as armas de quatro destas capitais, as das
cidades de Braga, Coimbra, Santarém e Vila Real. Estão também representadas as
armas de três cidades que jamais foram sede de distrito, a saber: Elvas, Guimarães
e Tomar; ao brasão de armas de uma cidade que já o havia deixado de ser, a cidade
de Lamego. É ainda de registar que, ao tempo da construção do edifício, a cidade de
Setúbal, cujas armas surgem também pintadas, não era capital de distrito, só o vindo
a ser mais tarde.
Por fim, a dois brasões de armas relativos ao então ultramar português, o da cida-
de de Luanda em Angola e o da Vila de São Sebastião de Moçambique.
Como lacunas óbvias registe-se que, no armorial em análise, não são representa-
das quaisquer armas das cidades das então designadas por ilhas adjacentes, nomea-
damente as suas capitais, as cidades do Funchal e de Ponta Delgada.
Quanto à forma dos escudos verifica-se que os três escudos nacionais são de
forma peninsular, sendo todos os outros boleados de bico, sem quaisquer representa-

1
Nuno Martins Ferreira coordena um projeto de investigação do Centro Interdisciplinar de Estudos Educacionais
da Escola Superior de Educação de Lisboa - “Memória e Identidade: Investigação e Salvaguarda do património
histórico da ESELx” que compila dados relativos à história do edifício, da qual já resultou a obra do citado autor A
Escola Normal Primária de Lisboa (1916-1930). Lisboa : Livros Horizonte, 2018.

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PAULO MORAIS-ALEXANDRE
UM ARMORIAL DE DOMÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA PORTUGUESA: O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LISBOA

ções de ornatos exteriores, nomeadamente coroas murais, condecorações ou divisas.


Salvo nos escudos nacionais que estão inscritos de forma menos canónica, como se
verá, numa cartela neo-barroca, todos os outros escudos são enquadrados em mol-
duras decorativas de características barrocas e enrolamentos vegetais.
No armorial da Escola Superior de Educação de Lisboa, a representação da
esmagadora maioria das armas não varia muito das publicadas por Inácio de Vilhena
Barbosa em As cidades e villas da Monarchia Portugueza que teem brasão d’armas2
obra onde as armas sofrem de descrição não rigorosa em termos heráldicos, prefe-
rindo-se a leitura das mesmas feita por Miguel Metelo de Seixas na obra Heráldica,
representação do poder e memória da nação3, que corresponde a um dos anexos da
tese de doutoramento deste investigador.
As armas são representadas em policromia nos seus esmaltes, com o ouro e a
prata respectivamente a amarelo e branco, como convencionado, embora a prata
surja também representada através do cinzento claro. Quatro escudos embora
tenham molduras polícromas4 surgem representados sem a utilização de cor, nem
sempre sendo dada a convenção cromática baseada no sistema de representação
gráfica da autoria do padre jesuíta Silvestro Petra Sancta que remonta à primeira
metade do século XVII5. São os escudos que decoram os corpos salientes do edifí-
cio, a saber de Lisboa, Porto, Luanda e São Sebastião de Moçambique (figs. 1 a 4).
Assim, as armas da cidade de Lisboa não apresentam qualquer convenção heráldica,
o mesmo sucedendo com a cidade de São Sebastião de Moçambique, não se poden-
do considerar que há intenção da representação da prata do campo, já que, paralela-
mente, o mesmo não sucede relativamente ao ouro de Lisboa. Na representação das
armas da cidade do Porto, pode-se considerar que há a transcrição cromática em ter-
mos de convenção, com o vermelho da bordadura do escudo de Portugal-Moderno
do 1.º e 4.º quartéis, através dos convencionados sulcos verticais, e o mesmo se
passa nas armas da cidade de Luanda: os campos das palas do partido são transcri-
tos, a primeira de azul, com os sulcos horizontais, e a segunda de vermelho com os
sulcos verticais; já as figuras de Nossa Senhora da Conceição e de São Paulo não
têm qualquer indicação cromática.

2
Inácio de Vilhena Barbosa - As cidades e villas da Monarchia Portugueza que teem brasão d’armas. Lisboa :
Tipografia do Panorama, 1860-1862.
3
Miguel Metelo de Seixas - Heráldica, representação do poder e memória da nação. Lisboa : Universidade Lusía-
da Editora, 2011.
4
Não se pode designar este “enquadramento” por cartela.
5
Silvestro Petra Sancta – Tessarae Gentilitiae. Roma : Typis Francisci Corbelletti, 1638

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UM ARMORIAL DE DOMÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA PORTUGUESA: O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LISBOA

1 – Armas da cidade de Lisboa, Armorial ESELx


2 – Armas da Cidade do Porto, Armorial ESELx
3 – Armas da cidade de Luanda, Armorial ESELx
4 – Armas da cidade de São Sebastião de Moçambique, Armorial ESELx

Os pigmentos à disposição do pintor de azulejos afastam-se francamente dos


esmaltes convencionados. Nas armas de Leiria (fig. 5), ou de Elvas (fig. 6), o verde
é muito mais claro do que o heráldico e o vermelho é representado como cor de tijo-
lo, o que pode criar alguma confusão, ao permitir a leitura errónea como púrpura.
Os esmaltes mais aproximados às convenções heráldicas são o negro, o azul e os
metais, estes transcritos a amarelo e branco, embora nem sempre, uma vez que a
prata é também, por vezes, representada a cinzento, como no caso da cota de malha
do cavaleiro do escudo de Elvas.

5 – Armas da cidade de Leiria, Armorial ESELx


6 – Armas da cidade de Elvas, Armorial ESELx

O BRASÃO DE ARMAS DE PORTUGAL

O brasão de armas de Portugal surge representado por três vezes na fachada e


nos torreões da Escola Superior de Educação de Lisboa e corresponde ao adoptado
na sequência da implantação da República, mais concretamente em 30 de Junho de

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PAULO MORAIS-ALEXANDRE
UM ARMORIAL DE DOMÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA PORTUGUESA: O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LISBOA

19116 com a seguinte descrição: de prata, com cinco escudetes de azul, postos em
cruz, cada um carregado por cinco besantes de prata, em aspa; bordadura de verme-
lho carregada de sete castelos de ouro; o escudo sobreposto a uma esfera armilar,
rodeada por dois ramos de oliveira de ouro e atados por uma fita verde e vermelha.
Nas representações das armas nacionais na fachada da Escola Superior de
Educação de Lisboa, os castelos são substituídos por um outro móvel heráldico,
por torres, um erro muito comum sobretudo ao longo de todo o século XIX e no
início do século XX; paralelamente os ramos, que não são atados pela referida fita,
encontram-se numa posição muito pouco ortodoxa, já que rodeiam, não o escudo,
mas antes uma cartela de características neobarrocas.
Na escultura com as armas nacionais colocada sobre a entrada principal da esco-
la o vermelho é transcrito em termos de convenção, através de riscas verticais, não
tendo sido transcritos os outros esmaltes, o ouro dos castelos e o azul dos escudetes,
porque a reduzida dimensão impediria qualquer leitura. Não obstante, a forma como
o campo do escudo é esculpida, pode dar azo a interpretações erradas já que é dado
um relevo irregular, que pode ser visto como um damasquinado, mas que o afasta
da representação convencionada da prata e até poderá permitir a sua errada leitura
como ouro (fig. 7).

7 – Escudo de Portugal na fachada da ESELx

Nas representações das armas nacionais nos tímpanos dos torreões, em policro-
mia, com o conjunto assente uma vez mais numa cartela de características neobar-
rocas, há a assinalar um nada habitual uso de figuras, que podem ser descritas como
tenentes, profundamente adequados à função do edifício como escola e a algumas
das áreas de conhecimento nela ministradas. Trata-se de quatro putti, represen-
tados sentados e a estudar, os do corpo do edifício saliente à esquerda alusivos à
Geometria (à dextra) e à Literatura (à sinistra) (fig. 8) e os do corpo do edifício
saliente à direita alusivos à História (à dextra) e à Geografia à sinistra (fig. 9) sendo
6
“Decreto n.º 150” in Diário do Governo. Lisboa : Imprensa Nacional de Lisboa, 1911, Junho, 30, n.º 150, p. 2756-
2757.

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UM ARMORIAL DE DOMÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA PORTUGUESA: O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LISBOA

que as do corpo do edifício saliente à esquerda enquadram, mais do que seguram,


as armas de Portugal, enquanto os do tímpano do corpo do edifício saliente à direita
seguram efectivamente a cartela que comporta as armas.

8 - Brasão de armas de Portugal no tímpano do corpo do edifício saliente à esquerda

9- Brasão de armas de Portugal no tímpano do corpo do edifício saliente à direita

O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LISBOA E O ARMORIAL DE


VILHENA BARBOSA, UM ESTUDO COMPARATIVO

Ao analisar a forma como são representadas as armas patenteadas no Armorial


da ESELx, quando confrontadas com as publicadas por Inácio de Vilhena Barbosa,
verifica-se que, em alguns casos, há a registar a ocorrência de móveis, cuja correcta
ordenação seria com os mesmos voltados à dextra, mas que surgem no armorial da
Escola voltados à sinistra. No campo do escudo de Aveiro o cisne surge voltado à
sinistra (figs. 10 e 11), o mesmo se passando com a cabeça de touro de negro das
armas de Beja (figs. 12 e 13) ou com a nau do escudo da cidade de Lisboa, como

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UM ARMORIAL DE DOMÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA PORTUGUESA: O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LISBOA

pode ser aferido ao confrontar as ilustrações da referida obra7 com os azulejos da


ESELx. Registe-se que no caso das armas de Beja há também uma inversão na hori-
zontal relativamente à brica e às águias. Assim, a brica, que no armorial de Vilhena
Barbosa surge à sinistra, passa para a dextra nos azulejos da ESELx e as águias
invertem também as posições, passando a do cantão dextro do chefe para o sinistro
e a do flanco sinistro para o dextro.

10 – Armas da cidade de Aveiro, Armorial ESELx


11 - Armas da cidade de Aveiro, cf. Vilhena Barbosa - As cidades e villas da Monarchia Portugueza
que teem brasão d’armas

12 – Armas da cidade de Beja, Armorial ESELx


13 - Armas da cidade de Beja, cf. Vilhena Barbosa - As cidades e villas da Monarchia Portugueza que
teem brasão d’armas

Nas armas de Aveiro, representadas na fachada da Escola, a disposição dos cres-


centes e das estrelas de seis pontas que acompanham o cisne é a inversa da repre-
sentação na ilustração de Vilhena Barbosa, como se as armas tivessem sido rodadas
na horizontal, ficando ao contrário, o que pode permitir supor algum decalque.
Efectivamente esta inversão dos móveis em várias armas não parece poder ser expli-
7
Ob. cit..

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UM ARMORIAL DE DOMÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA PORTUGUESA: O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LISBOA

cada de outra forma, já que é um erro em termos de regra heráldica. Lembre-se que
em heráldica a posição dos animais é por regra sempre voltada à dextra8 e, quan-
do tal excepcionalmente não sucede, deve ser brasonado e tem normalmente uma
carga infamante, salvo quando se representam dois animais, que então devem ser
representados voltados um para o outro, o que se considera uma cortesia, pelo que o
animal da dextra se volta à sinistra; de igual forma um navio deve ser representado
vogando para a dextra.
Há a referir, no entanto, que vários outros móveis não sofreram qualquer rotação,
sendo mantidos na posição correcta, ou seja, voltados à dextra, como por exemplo os
cavaleiros de Évora e Elvas, a nau de Viana do Castelo, a barca de Setúbal, a Virgem
com o menino suportado pelo braço esquerdo da santa, nas armas de Guimarães, ou
a disposição assimétrica do escudo de Viseu com um castelo acompanhado à dextra
de um peregrino a tocar uma buzina e, à sinistra, de uma árvore.
Outras armas representadas na fachada da ESELx perderam elementos, o que
lhes retirou significado simbólico importante, como foi o caso da pintura do escudo
da cidade do Porto (fig. 14), de onde desapareceu o escudete de vermelho, carregado
de um coração de ouro, disposto sobre-o-todo em abismo, alusivo ao facto de o rei
D. Pedro IV ter deixado este seu órgão à cidade do Porto, onde ainda no presente
está preservado, na Igreja de Nossa Senhora da Lapa. Esta ausência só pode ser
atribuível a causas ideológicas, certamente motivadas por um sentimento antimo-
nárquico, sempre presente na Primeira República. Na representação das armas desta
cidade, num outro armorial, pouco extenso mas curioso, também sobre suporte azu-
lejar, existente na monumental entrada para o pátio dos canhões do Museu Militar
de Lisboa, o coração em abismo surge representado, exactamente como no armorial
de Vilhena Barbosa, do qual se percebe ter sido “decalcado” embora simplifican-
do a ilustração original, já que desaparece a legenda dos 2.º e 3.º quartéis “Civitas
Virginis” e os braços armados são reduzidos a duas linhas curvas, desaparecendo
ainda a fenestração das torres dos referidos quartéis (fig. 15). Registe-se que a qua-
lidade do desenho é díspar, com vantagem para a representação da ESELx, o que
pode ser comprovado no desenho dos braços armados, na interpretação das torres e
na própria representação dos 1.º e 4.º quartéis de Portugal.

8
«A posição heráldica dos animais no campo do escudo é, em regra, passante ou parada e sempre voltada para a
dextra.» Cit. F. P. de Almeida Langhans - Heráldica Ciência de Temas Vivos. Lisboa : Fundação Nacional para a
Alegria no Trabalho, 1966, vol. 1, p. 113.

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PAULO MORAIS-ALEXANDRE
UM ARMORIAL DE DOMÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA PORTUGUESA: O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LISBOA

14 – Armas da cidade do Porto, Armorial ESELx


15 - Armas da cidade do Porto, Museu Militar de Lisboa

À semelhança do que sucedeu com as armas do Porto e obviamente motivado


pela queda da monarquia portuguesa e devido ao republicanismo vigente na Primeira
República, registe-se uma curiosa, embora quase imperceptível alteração na repre-
sentação das armas da cidade de Viana do Castelo. Onde Inácio Vilhena Barbosa bra-
sonava «[…] uma nau […] tendo na vela do mastro grande as armas reaes» (fig. 16)
o pintor do armorial da ESELx representou uma nau, tendo a vela principal carregada
de um escudo de Portugal-Moderno já sem coroa (fig. 17), isto apesar das evidentes
semelhanças com a representação da obra de Inácio de Vilhena Barbosa, de onde é
claramente copiada9. Há, pois, uma evidente afirmação ideológica, verificável através
do desaparecimento da coroa que simbolizava o anterior regime.

16 – Armas da cidade de Beja, cf. Vilhena Barbosa - As cidades e villas da Monarchia Portugueza
que teem brasão d’armas
17 - Armas da cidade do Viana do Castelo, Armorial ESELx

9
Cf. Inácio de Vilhena Barbosa, ob. cit., vol. 3, hors texte pp. 128-129.

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No escudo da cidade de Guimarães a invocação mariana, a que este alude, a


de Nossa Senhora da Oliveira, foi caracterizada iconograficamente quer na obra de
Francisco Coelho – Tesouro da Nobreza10 (fig. 18), quer na citada obra de Inácio
de Vilhena Barbosa, por um ramo da referida árvore que o Menino Jesus segura
na mão. Tal não sucede na representação do armorial da ESELx (fig. 19). Nesta o
ramo da oliveira não é representado, perdendo-se qualquer atributo iconográfico que
remeta para aquela invocação da Virgem. Esta oliveira é efectivamente fulcral para
a heráldica da cidade já que foi exactamente do milagre de um tronco desta árvore
que floresceu miraculosamente que a cidade adoptou armas muito específicas, con-
forme escreve Gaspar Estaço em Varias antiguidades de Portugal:
[…] foy vontade de Deos, que lhe deu a entender, que […] comprasse a dita Cruz, e a aducésse
a este lugar, de Guimaraens, hu esta assentada a par da oliveira, a qual oliveira quando esta
Cruz a par della assentaron. era secca, e daquel dia a tres dias começou de reverdescer, e deitar
ramos, e eu Affonso Peres Taballiaõ, esto escrevi. […] Não escrevo os outros milagres, porque
já andaõ em hum livro de letra de maõ. Este trouxe, para que se saiba a origem do titulo da
Senhora, que nesta Igreja he venerada: porque até ao tempo delle acho que se chamou Santa
Maria de Guimaraens, e depois delle Santa Maria da Oliveira. Note-se de passagem, que deste
milagre naõ sómente ficou á Senhora o titulo da Oliveira, mas esta Igreja, e esta Villa tomáram
por insignias a Imagem da mesma Senhora com hum ramo de oliveira na mão.11

18 – Armas da cidade de Guimarães, cf. Francisco Coelho – Thesouro de Nobreza.


19 – Armas da cidade de Guimarães, Armorial ESELx

Haverá ainda que elencar alterações menores, eventualmente fruto de alguma


liberdade artística do autor dos estudos para os azulejos, nomeadamente ao colo-
car um cobrejão de azul a cobrir o cavalo das armas da cidade de Évora. Casos
10
COELHO, Francisco Coelho – Tombo das armas dos reis e titulares e de todas as famílias nobres do reino de
Portugal intitulado com o nome de Tesouro de Nobreza. ANTT: Casa Real, Cartório da Nobreza, liv. 21, fl. 12.
11
Gaspar Estaço – Varias antiguidades de Portugal. Lisboa : Offic. Dos Herd. De Antonio Pedrozo Galraõ, 1744,
p. 183.

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haverá em que essa liberdade pode evidenciar uma incompreensão das armas, como
sucedeu com a representação dos corvos da cidade de Lisboa que, ao contrário das
figurações comuns desde tempos bem remotos dos corvos afrontados, leva a que na
fachada da ESELx sejam pintados adorsados.
Nas armas de Portalegre as duas torres de prata passaram a ser unidas por um
pano de muralha ameiado e fenestrado, a solução que seria mais tarde adoptada pela
portaria de 1934.

CONCLUSÃO

Tem a fachada da Escola Superior de Educação de Lisboa um raro e muito inte-


ressante armorial azulejar, no âmbito da heráldica de domínio relativa aos distritos
de Portugal, mas não só, já que as próprias armas nacionais surgem representadas e
de forma particularmente inédita em termos de tenentes que suportam os escudos,
os quatro putti alusivos à Geometria, Literatura, História e Geografia.
Trata-se de uma obra não assinada, permanecendo desconhecida a autoria das
pinturas e dos próprios desenhos que lhes deram origem e que, embora influencia-
das pelas ilustrações da obra de Vilhena Barbosa, a não seguem, sendo muito curio-
sas certas modificações que se podem afirmar por motivos políticos, nomeadamente
de afirmação da jovem república, como o desaparecimento da coroa real fechada
das armas nacionais que carregavam a vela principal da nau do escudo de Viana
do Castelo, ou do escudete com a representação do coração do rei D. Pedro IV nas
armas da cidade do Porto.
Embora identificadas todas as armas dele constantes, não fica, com este estudo,
totalmente esclarecida a razão da selecção das armas apresentadas, ou seja, qual
a razão da ausência de algumas das capitais de distrito ou, pelo contrário, porque
foram incluídos na fachada da escola os escudos de armas de cidades que o não
eram à altura, ou ainda, porque só duas das então províncias ultramarinas viram
armas das suas cidades representadas.
Pode concluir-se que este notável armorial representa, de alguma forma, a visão
de um Portugal republicano em instalação, onde o desenvolvimento das regiões pas-
sava também, ou melhor, obrigatoriamente, pelo desenvolvimento do país em ter-
mos de educação, constituindo a sua implantação na fachada principal da Escola
Normal Primária de Lisboa uma afirmação claramente ideológica, mas também, evi-
denciando a importância e relevância nacional, incluindo obviamente os territórios
ultramarinos, que o governo queria para este estabelecimento de ensino.
Por fim, importa afirmar que se trata de um património artístico não despiciendo
da Escola que importa acima de tudo preservar e continuar a estudar.

393
PAULO MORAIS-ALEXANDRE
UM ARMORIAL DE DOMÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA PORTUGUESA: O ARMORIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LISBOA

FONTES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1332346198V8hMU7sg2Lf81JX4.pdf,
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Dicionário de História de Portugal. Porto : Livraria Figueirinhas, 1981 [reed.],
vol. 2.

394
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS
(SIGLOS XIX Y XX)

CARMEN MARÍA ALONSO RIVA


Grupo de Investigación GICITECH. Universidad de Cantabria
orcid.org/0000-0001-7101-8687
cm.alonso@hotmail.com

VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR


PTU. Universidad de Cantabria
orcid.org/0000-0002-3082-5690
cunatv@unican.es

Resumen: Nos interesa presentar los aspectos relacionados con el lenguaje visual
heráldico que se utilizan en las filigranas papeleras, especialmente aquellas que se
identifican con entidades municipales y en concreto, el proceso de autorización por
parte del Ayuntamiento de Santander a una imprenta local para emplear las armas de
la ciudad en los papeles comerciales que expende.

Palabras clave: Heráldica municipal, filigranas papeleras, Cantabria-Historia,


comercio del papel.

Abstract: We are interested in presenting the aspects related to the heraldic visual
language used in watermarks, especially those that are identified with municipal enti-
ties and specifically, the process of authorization by the City Council of Santander to a
local printer to use the weapons of the city in the commercial papers it sells.

Keywords: Municipal heraldry, watermarks, Cantabria-History, paper trade.

Las filigranas del papel, surgidas en el siglo XIII como marca personal o marca
del fabricante de papel, se convierten en la contraseña o emblema del fabricante
hecha con hilos metálicos y fijada en el entramado de la forma. Las Ordenanzas de
la Junta General de Comercio de 1791 obligan a los papeleros españoles a marcar

395
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

todos sus papeles, algo que ya era habitual en el extranjero en esa época. Además,
actualmente, las filigranas son consideradas casi como una “patente” puesto que son
capaces de designar el origen y la certificación de calidad.
El objetivo del presente artículo es mostrar los aspectos relacionados entre el len-
guaje visual y las filigranas del papel a partir de las manifestaciones heráldicas exis-
tentes en el Catálogo de filigranas de Cantabria durante la Edad Contemporánea1,
empleadas como marcas comerciales por fabricantes papeleros. En este sentido,
desde la cultura escrita, la heráldica supone un método de comunicación iconográ-
fico, al tiempo literaria y visual, práctica e ideológica2 debido a la baja tasa de
alfabetización.
Se trata, por tanto, de poner en contexto símbolos y signos dentro de la historia
de las mentalidades tal y como proponen Michel Pastoreau3 y Ottfried Neubecker4,
ampliando la disciplina heráldica, tratando su historia, la tipología de sus fuentes,
sus posibilidades y profundizando en las nuevas perspectivas que ofrece como
campo de investigación social y cultural.
Sin embargo, en España, los estudios heráldicos de filigranas no son nuevos.
Bofarull y Sans ya expresó que las colecciones de filigranas son una disciplina auxi-
liar de la ciencia paleográfica y bibliográfica5. Tiempo después, Menéndez Pidal de
Navascues dejó constancia de como la heráldica suministra al arqueólogo e histo-
riador no solo insustituibles elementos de datación y localización, sino que queda
también un reflejo de la personalidad del usuario6. Mas recientemente, Pons Alós
precisó las filigranas heráldicas no solo aportan una clara información sobre la
cronología, el fabricante y procedencia del papel, nos permiten constatar el control
real, señorial, municipal o monástico sobre la producción papelera7.
Ya desde la Edad Media, se produce esta unión de heráldica y papel y de ello
tenemos constancia a través de la Colección de Sigilografía del Archivo Histórico
Nacional y de la Colección de Sellos Municipales formada a finales del siglo XIX
con las improntas de los empleados por los Ayuntamientos y que forman los dos

1
ALONSO RIVA, Carmen María - La biblioteca y las publicaciones científico-técnicas de la Junta de Obras del
Puerto de Santander (1873 – 1945); directora Virginia Mª Cuñat Ciscar [En línea] Santander: Universidad de Can-
tabria, 2016. Tesis doctoral. [Consulta 26 de septiembre de 2018]. Disponible en: https://repositorio.unican.es/
xmlui/handle/10902/8261
2
KEEN, Maurice - La caballería. Barcelona: Ariel, 1986, pp. 174-179. ISBN: 84-344-6556-6.
3
PASTOREAU, Michel - Traité d´héraldique. Paris: Picard, 1979, p. 407. ISBN 2-7084-0036-33
4
NEUBECKER, Ottfried - Le grand livre de l´héraldique. París-Bruselas: Elsevier Sequoia, 1977, p. 288. ISBN
9782040271275.
5
BOFARULL Y SANS, Francisco de - La heráldica en la filigrana del papel. Memoria de la Real Academia de
Buenas Letras. Barcelona: Hijos de Jaime Jepús – Impresores, 1901, vol. 7, p. 502.
6
MENÉNDEZ PIDAL DE NAVASCUES, Faustino - Heráldica medieval española. La casa real de León y Casti-
lla. Madrid: Hidalguía, 1982, p. 11. ISBN 84-00-05150-5.
7
PONS ALÓS, Vicente - La heráldica valenciana a través de las filigranas. Actas III Congreso Nacional Historia
del papel en España. Alicante: Asociación Hispánica de Historiadores del Papel, 1999, pp. 165 – 166.

396
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

únicos “corpus” de heráldica municipal existentes en España8. Estas colecciones


se formaron en virtud de la orden ministerial de 30 de agosto de 1876, que pre-
tendía la comprobación y la ratificación de la emanada el 16 de julio 1840 por el
Ministerio de la Gobernación, por la cual se intentaba que todos los ayuntamientos
poseyeran su propio escudo de armas9.
Dentro del catálogo de filigranas de Cantabria hemos localizado tanto escu-
dos heráldicos de ciudades extranjeras como españolas, que evidencian no solo el
comercio y estrategias de venta del papel sino el hecho de que el código heráldico
representa a la villa o ciudad y, como vemos atribuido al escudo de Santander, es
síntesis de su historia y lo que hoy parece anómalo e inexplicable, tuvo, en su ori-
gen, fundamento natural y sólido10.

1. FILIGRANAS HERÁLDICAS DE CIUDADES EUROPEAS

El uso de las filigranas representando escudos está unido al nacimiento de los


estados territoriales en la Edad Media y a la creación de molinos papeleros sub-
vencionados por la autoridad feudal y ciudadana. Son bastante frecuentes en este
aspecto; las tres flores de lis de los Borbones, pero también encontramos el escudo
de ciudades como Ratisbona, Esslingen, Ámsterdam 11.

1.1. Ámsterdam

El escudo de la ciudad de Ámsterdam ha sido localizado en una filigrana


(Ilustración 1) que posee muy mala transparencia por lo que el calco manual reali-
zado de la misma no es completo. Sin embargo, aún en estas condiciones, es posible
apreciar los elementos distintivos de las armas de Ámsterdam: la corona imperial
de Austria, las tres cruces de San Andrés en el centro y dos leones sujetando el
blasón. Esta filigrana ha sido localizada en un documento original datado a 31 de
marzo de 1728 en el Archivo Municipal de Los Corrales de Buelna12. A pesar de que
no hay ningún indicador relacionado con el fabricante del papel, sabemos que los
comerciantes de papel de Ámsterdam, que importaban papel de Francia requerían,
a menudo que tuviesen filigranas holandesas13 del escudo de armas de Ámsterdam
8
ALONSO DE CADENAS y LÓPEZ, Ampelio y CADENAS Y VICENT, Vicente de - Heraldario español, euro-
peo y americano, tomo III. Madrid: Ediciones de la Revista de Hidalguía, 1994, p. 55. ISBN: 9788487204883.
9
CADENAS Y VICENT, Vicente de - Fundamentos de heráldica (Ciencia del blasón). 2ª ed. Madrid: Hidalguía,
1994, p. 93. ISBN: 9788487204647.
10
El escudo de la ciudad de Santander. Santander: Librería Nacional y Extranjera, 1922, p. 13.
Cabeza de buey y sirena. La historia del papel y las filigranas desde el medievo hasta la modernidad. Stuttgart -
11

Valencia - Viena: Berstein Project, 2011, p. 50. ISBN 978-3-00-034510-4.


12
ALONSO RIVA, Carmen María - Catálogo documental. Fondo antiguo municipal de Los Corrales de Buelna
[En línea]. Santander: Universidad de Cantabria, 2018. Documento nº 47, p. 41. [Acceso 26 de septiembre de
2018]. Disponible en: https://repositorio.unican.es/xmlui/handle/10902/13754
13
Cabeza de buey y sirena, Op. cit. p. 38.

397
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

o Pro Patria, por lo que puede tratarse tanto de papel fabricado en la propia Holanda
o papel realizado en Francia por fabricantes franceses que, con el propósito de faci-
litar su comercialización en territorio holandés, incorporan el blasón de la ciudad de
Ámsterdam.

1.2. Génova

Desde la Baja Edad Media, el papel genovés se convirtió en uno de los más
prestigiosos de Europa. Además, los fabricantes genoveses tenían sucursales de sus
empresas por toda Europa lo que posibilitó la amplia difusión de la filigrana con el
escudo de Génova por todo el continente. Aprovechando la ingente demanda comer-
cial, muchos fabricantes de papel adoptaron la marca comercial genovesa. Por ello,
es muy común localizar papel filigranado con el escudo de armas de la ciudad de
Génova que emula el papel genovés con vista a una fácil comercialización del pro-
ducto entre fabricantes españoles y franceses. Por ejemplo, algunos de los papeleros
franceses que utilizan el escudo de armas de Génova como marca comercial son:
Pons P. Bonase (Sourre), Argues (Javarre), Ueuve i Monie (Bigorre), B. Paguete
(Bearn) y J. Renos (Bearn).
A menudo, en España, estos fabricantes eran italianos establecidos en la
Península Ibérica entre los siglos XV y XVIII14, dada la insuficiente producción
local de papel. No obstante, también hubo papeleros locales que tomaron prestado
el blasón de Génova y lo incorporaron junto a su nombre y localidad de producción
como atestiguan numerosas filigranas españolas.
La filigrana del escudo de Génova, o sea, la cruz de San Jorge dentro de un
óvalo coronado con un león o grifo rampante a cada lado15, posee una excelente
transparencia y visibilidad, signo claro de la excelente calidad del papel (Ilustración
2). A diferencia de la marca holandesa, esta incluye las iniciales del fabricante (C
P), aunque, al igual que en el caso holandés, esto no quiere decir que el papel haya
sido fabricado en Italia ya que, como se ha explicado, muchos fabricantes españoles,
especialmente en Cataluña y Valencia, imitaron o se inspiraron en la filigrana geno-
vesa de los dos o tres círculos, escudo de Génova16, llegando a ser una de las marcas
más abundantes en la documentación del siglo XVII y XVIII17 en España junto con
las filigranas de los tres círculos y el picador de toros. Esta marca papelera se ha
localizado en los libros de actas del concejo de Santander del siglo XVII, sobre todo
a partir del uso del papel timbrado para la confección de los grupos y cuadernos de

14
BALMACEDA, José Carlos - Italian manufacturers, techniques and manufacturing methods in paper production
in Spain. The use of techniques and work by papermakers from Fabriano in Italy and Europe. Fabriano: Fedrigoni
Group, 2006, p. 100 – 105.
BALMACEDA, José Carlos - La contribución genovesa al desarrollo de la manufactura papelera española.
15

Málaga: Centro Americano de Historiadores del Papel, 2004, p. 145. ISBN 978-84-609-5471-2
16
Ibid., p. 143.
17
Ibid., p. 128.

398
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

estos códices diplomáticos18 así como en un cuaderno de papel de copias simples


datado entre 1694 y 1695, localizado en el Archivo Municipal de Los Corrales de
Buelna 19.

2. FILIGRANAS HERÁLDICAS DE CIUDADES ESPAÑOLAS

Desde la última mitad de los siglos XIV y XV, los molinos de papel españoles,
junto a otras mejoras tecnológicas, habían incluido en sus formas la señal o filigra-
na con los escudos de Xàtiva, Valencia, Aragón, Barcelona, etc,20. Así se han loca-
lizado filigranas heráldicas correspondientes a blasones de seis ciudades: Valencia,
Barcelona, Madrid, Zaragoza, Santander y Burgos.

2.1. Valencia

Una disposición del Consell municipal de la ciudad de Valencia del año 1417
acordaba “tots los draps que es feren en València, los fessen una corona, perquè on
vagen, sien coneguts que sòn de València”. Según Pons Alós, esta es y no otra la
razón que aparezca un papel con el escudo municipal de Valencia como marca21.
Desconocemos si esta norma tuvo continuidad durante el siglo XIX, pero lo cierto
es que el emblema de la ciudad de Valencia fue utilizado por Joaquín Guarro, fabri-
cante papelero de Buñol, durante la segunda mitad del siglo XIX (Ilustración 3).
Esta marca aparece en un cuaderno original compuesto por seis bifolios de papel
que recoge el expediente de aprobación de arbitrios municipales extraordinarios y
subasta para el año económico de 1873-187422.

2.2. Barcelona

Igualmente, el escudo heráldico de la ciudad de Barcelona fue utilizado por la


familia Guarro en Cataluña (Ilustración 4)23 en distintos modelos de filigranas con
fechas extremas de uso que oscilan entre 1887 y 1944. En ellos la única variación

18
CUÑAT CISCAR, Virginia Mª - Los códices diplomáticos del siglo XVII. En BLASCO MARTÍNEZ, Rosa Mª
(ed.) - Los libros de acuerdos municipales de Santander. Santander: Ayuntamiento de Santander, 2002, vol. 1.
ISBN: 84-86993-61-X. pp. 315 - 342, p. 320.
19
ALONSO RIVA, Catálogo documental. Op. cit. Documento nº 30, p. 36.
20
BALMACEDA ABRATE, José Carlos - Apuntes para el estudio del papel y las filigranas durante el siglo XV en
la Corona de Aragón. Aragón en la Edad Media. Zaragoza: Universidad de Zaragoza, ISSN 0213-2486. XX (2008),
p. 105.
21
PONS ALÓS, Op. cit., p. 168.
22
ALONSO RIVA, Catálogo documental. Op. cit. Documento nº 210, p. 76.
23
ALONSO RIVA, Carmen María - “Catálogo de filigranas y marcas de agua de la ciudad de Santander entre 1873
y 1945” en La biblioteca y las publicaciones científico-técnicas de la Junta de Obras del Puerto de Santander (1873
– 1945); directora Virginia Mª Cuñat Ciscar. Santander: Universidad de Cantabria, 2016. Tesis doctoral. Figuras nº
61, 82, 83, 84 y 86.

399
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

observada es la tipografía empleada en el nombre del fabricante. En su mayor parte,


estas marcas proceden del Archivo de la Autoridad Portuaria de Santander, seccio-
nes de Cuentas Generales y Memorias, y en menor medida del Archivo Histórico de
la Aduana de Santander24.
Las filigranas localizadas reproducen el característico cuartelado de la cruz de
San Jorge con los palos distintivos del rey de Aragón. Es reseñable que cinco mode-
los de filigrana realizados por este papelero poseen en lo alto de la corona el mur-
ciélago 25, símbolo que también llevan otras antiguas ciudades pertenecientes a la
corona de Aragón como las ciudades de Teruel, Palma de Mallorca o Valencia.
Resulta significativo que las familias Guarro de Valencia y Barcelona utilicen
el blasón de sus correspondientes ciudades, lo que nos sugiere que quizás lo hacían
para diferenciarse entre sí de cara a los consumidores. También, es destacable la
utilización de la cruz de San Jorge en los escudos heráldicos de Génova y Barcelona
y el uso de elementos heráldicos del Reino de Aragón en los escudos de las ciudades
de Valencia y Barcelona.

2.3. Madrid

Hacía 1850, la villa de Madrid modifica su escudo tradicional compuesto por


un oso y un madroño. El nuevo diseño es tripartito y en él las armas tradicionales
ocuparían sólo un cuartel, junto a dos elementos novedosos: una Corona Cívica,
formada por ramos de roble o encina frutados y enlazados por una cinta roja, y un
dragón o grifo26. Madrid timbra sus armas con una corona real, no porque sea una
villa de realengo, sino por un privilegio concedido por el emperador Carlos V27.
Este escudo perdurará como emblema municipal de la ciudad de Madrid desde 1850
hasta 1967 (Ilustración 5), por lo que el uso de esta filigrana no solo acota la crono-
logía de fabricación sino la de utilización.
Esta marca de agua se localiza en el Archivo de la Autoridad Portuaria de
Santander a lo largo de varios expedientes de Cuentas Generales entre 1908 y 1909
y carece del nombre del fabricante28.
Se podría pensar que este papel filigranado con el emblema decimonónico de la
villa de Madrid es papel oficial del Ayuntamiento de Madrid. Sin embargo, su uso
habitual en la localidad de Santander en documentos de todo tipo y el hecho de que
no lleve el nombre o las iniciales del fabricante nos hace pensar que, puede ser indi-
cio de algún tipo de concesión del Ayuntamiento de Madrid a un papelero que por el

24
ALONSO RIVA, “Catálogo de filigranas”, Op. cit., Figura nº 83.
25
Ibid., Figura nº 82, 83, 84 y 86.
26
VIVAR DEL RIEGO, José Antonio - Símbolos heráldicos de Madrid. Paseo documental por el Madrid de antaño.
Madrid: Universidad Complutense de Madrid: Fundación Hospital de San José de Getafe, 2015, p. 382. ISBN 978-
84-608-3478-6.
27
El escudo de la ciudad de Santander, Op. cit., p. 59.
28
ALONSO RIVA, “Catálogo de filigranas”, Op. cit., Figura nº 49.

400
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

simple hecho de emplear ese emblema era reconocido en su tiempo. De ahí que no
fuese necesario incluir su nombre en la señal papelera.

2.4. Zaragoza

El emblema de la ciudad de Zaragoza, el león rampante, fue utilizado por


tres fabricantes de papel: la Papelera Aragonesa (Ilustración 6), La Zaragozana
(Ilustración 7) y el papelero Pedro Alsina (Ilustraciones 8 y 9) durante las primeras
décadas del siglo XX.
La Zaragozana era propiedad del papelero Santiago Canti y estaba situada en
el Barrio del Comercio de Villanueva de Gállego, cuyo núcleo papelero prosperó
durante el siglo XVIII bajo la actuación del Marques de Rafal29. Su marca lleva
el blasón de la ciudad de Zaragoza y el nombre “La Moderna”, que suponemos es
el nombre de una de sus fábricas. Esta filigrana heráldica ha sido localizada en la
Autoridad Portuaria de Santander, sección Cuentas Generales, entre 1908 y 191030.
La fábrica Papelera Aragonesa estaba en San Juan de Mozarrifar en la provincia
de Zaragoza y, al igual que La Zaragozana, formaba parte de la sociedad mercantil
denominada La Papelera Española constituida en 1901 con sede social en Bilbao,
aunque la diferencia entre ellas es que La Papelera Aragonesa aportó únicamen-
te la maquinaria31. Esta marca comercial heráldica se ha localizado en un único
expediente del año 1945 en la Autoridad Portuaria de Santander, sección Cuentas
Generales32 .
El papelero zaragozano Pedro Alsina utilizó el escudo de armas de Zaragoza en
dos filigranas similares, pero no iguales. La primera marca (Ilustración 8) se ha loca-
lizado en documentos datados entre 1938 y 1944 en la sección de Cuentas Generales
de la Autoridad Portuaria de Santander33. La segunda filigrana de Pedro Alsina
(Ilustración 9) fue hallada en el Archivo municipal de Los Corrales de Buelna. Se
trata de un documento datado entre 1916 y 1920 relativo a la provisión de la plaza
de veterinario titular34. La diferencia entre este escudo de armas y el anterior es que
la filigrana de Los Corrales de Buelna tiene un diseño heráldico más complejo que
la localizada en el archivo de la Autoridad Portuaria de Santander.

29
BIEL IBAÑEZ, Mª Pilar - El patrimonio industrial en la Denominación Comarcal de Zaragoza. Ausencias y
presencias. [En línea] P. 315. [Acceso 26 de septiembre de 2018]. Disponible en: https://www.aragon.es/estaticos/
GobiernoAragon/Departamentos/PoliticaTerritorialJusticiaInterior/Areas/01_Ordenacion_territorio/05_Publicacio-
nes/01_Coleccion_Territorio/36_Zaragoza/307_322.pdf
30
ALONSO RIVA, “Catálogo de filigranas”, Op. cit., Figura nº 92.
31
GUTIÉRREZ POCH, Miquel - Control de mercado y concentración empresarial: La Papele-
ra Española, 1902 – 1935. Revista de Historia Industrial. Barcelona: Universitat de Barcelona.
ISSN: 1132-7200. Nº 10 (1996), p. 186.
32
ALONSO RIVA, “Catálogo de filigranas”, Op. cit., Figura nº 109.
33
Ibid., Figura nº 105.
34
ALONSO RIVA, Catálogo documental. Op. cit. Documento nº 379, p. 113.

401
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

Es reseñable destacar las dudas existentes sobre la ubicación geográfica de la


fábrica de papel de Pedro Alsina. Gonzalo Gayoso la ubica en Zaragoza capital35
pero Hidalgo Brinquis considera que pertenecía al entorno de Villanueva de Gállego
(Zaragoza) basándose en el Catálogo de Bailly-Bailliere de 190036.
Lo singular de estas marcas papeleras zaragozanas es que tenemos testimonios
gráficos que atestiguan que dos de estos tres fabricantes no utilizaban la filigrana
con el escudo de armas de Zaragoza. Así sabemos que, a finales del siglo XIX e ini-
cios del XX, Pedro Alsina utilizaba un motivo floral compuesto por dos ramas con
flores y hojas entrelazadas por la parte inferior y no será hasta los años 30 cuando
comience a utilizar la nueva marca con el blasón de la ciudad.
De igual manera, conocemos que la filigrana de la Papelera Aragonesa, a finales
de siglo XIX, era el escudo de Aragón compuesto por cuatro cuarteles: el Árbol de
Sobrarbe, la Cruz de Íñigo Arista, la Cruz de Alcoraz y los cuatro palos gules igua-
les entre sí junto con una corona abierta en la parte superior37. Por el contrario,
desconocemos si La Zaragozana poseía un emblema anterior a su incorporación a
La Papelera Española a inicios del siglo XX.
De cualquier manera, esta situación nos lleva a pensar en la posibilidad de que
estos papeleros aragoneses utilizasen el escudo de la ciudad de Zaragoza por impo-
sición de algún tipo de ordenanza municipal o provincial en las primeras décadas
del siglo XX que dictaminase la marca de la producción papelera aragonesa.

2.5. Santander

Una de las más importantes contribuciones de la heráldica dentro del Catálogo


de filigranas y marcas de agua de Cantabria38 ha sido la localización de los prime-
ros testimonios de fabricación de papel en Cantabria a través de la utilización del
blasón de la ciudad de Santander o, cuanto menos, del encargo hecho por empresas
santanderinas (imprentas, papelerías o librerías de finales del siglo XIX e inicios del
XX) a molinos papeleros para que incluyeran motivos particulares, y entre ellos la
representación heráldica de la ciudad.
El primer testimonio de esta apropiación heráldica la hemos localizado entre los
fondos documentales del archivo de la Autoridad Portuaria de Santander (sección
Cuentas Generales, año económico 1917), concretamente en el papel continuo ver-
35
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ISBN 84-8192-003-7
36
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El catálogo monumental de España (1900 - 1961). Investigación, restauración y difusión. Madrid: Ministerio de
Educación, Cultura y Deporte, 1012, pp. 75 – 107. ISBN 978-84-8181-510-8.
37
Actas de transcripción de matrimonios canónicos. Libro II. 1897 – 1899. Registro Civil del Juzgado Municipal
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402
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

jurado empleado en una factura de la Ebanistería Carpintería Tapicería Lavín y


Cantera, de 21 de diciembre de 1917 que reproduce el escudo heráldico de la ciudad
de Santander y los términos “Nadsnater”, acrónimo de Santander, y Fons Paper
(Ilustración 10)39.
Los datos de impresión de la factura nos indican que fue elaborada por la impren-
ta de la Viuda de Fons, Carmen Diestro Gener, propietaria de un negocio de artes
gráficas desde 1897 y viuda del impresor Francisco Fons.
El cotejo de este papel con la filigrana heráldica de otros impresos realizados en
dichos talleres, bien para las facturas de la propia imprenta o bien para otras empre-
sas, nos pone en evidencia que la imprenta utiliza para las facturas de su nego-
cio un papel de gramaje inferior (marca American Eagle GMA) y papeles de otras
procedencias (con la filigrana Aktiebolaget Pappersbrucks Spanorska Gemenandel)
mientras que para vender a otras empresas utiliza un papel de superior calidad con
la filigrana Fons Paper.
Por tanto, el uso de papel con filigranas heráldicas no afecta a todo el papel de
dicha imprenta, ni siquiera a los de mejor calidad o uso particular.
Además, conviene destacar que dicha imprenta dispone en sus talleres tipográfi-
cos de clichés con la reproducción el escudo de la ciudad, como podemos ver en las
Memorias Anuales del Puerto de Santander entre 1873 y 201040.
Este uso de la heráldica municipal por una empresa particular nos llevó al
Archivo Municipal de Santander para comprobar si existía la autorización de dicho
uso por parte de comerciantes santanderinos. La búsqueda tuvo éxito porque con-
seguimos localizar el expediente promovido por la Viuda de Fons en 1903 con su
solicitud para usar el escudo de armas de Santander en los papeles comerciales que
expende41. A nuestro entender, este documento legitima nuestra hipótesis de partida
y evidencia la asignación de la fabricación del papel con marca Fons Paper a la
Viuda de Fons, Carmen Diestro Gener, y pone de manifiesto como el empleo de las
armas de la ciudad de Santander por parte de comerciantes estaba regulado oficial-
mente a inicios del siglo XX.
En esta búsqueda documental en el Archivo Municipal de Santander, encontra-
mos un segundo testimonio de fabricación de papel en Cantabria (o de encargo por
parte de empresas de la ciudad a molinos papeleros) en un documento remitido por
el alcalde de Santander al Ministro de Fomento (23 de junio de 1893) con la fili-
grana heráldica del escudo de la ciudad de Santander y la leyenda Provincia de
Santander Ayuntamientos F Villa (Ilustración 11).

39
ALONSO RIVA, “Catálogo de filigranas”, Op. cit., Figura nº 59.
40
ALONSO RIVA, Carmen María - Registro escrito oficial de las actividades portuarias: Codicología de las
Memorias del Puerto de Santander (1873 – 2010); directora Virginia Mª Cuñat Ciscar. [En línea] Santander: Uni-
versidad de Cantabria, 2011. Trabajo Fin de Máster. [Consulta 26 de septiembre de 2018]. Disponible en: https://
repositorio.unican.es/xmlui/handle/10902/4816
41
Archivo Municipal de Santander, Leg. 257, nº 36 (Arm. F, l, izq.)

403
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

Esta imprenta, cronológicamente anterior a la de Fons, ya utilizaba la heráldica


municipal de Santander y estaba especializada en impresos y materiales para ayun-
tamientos y juzgados42, datos que coinciden claramente con los documentos loca-
lizados que poseen la leyenda Provincia de Santander / Ayuntamientos / F. Villa
o Provincia de Santander / Ayuntamientos / Viuda de F. Villa. Bajo la denomina-
ción comercial F. Villa trabaja el impresor Federico Villa García, hijo del también
impresor Timoteo Villa Arbeo43. Además, cuando Federico Villa fallezca, su esposa,
la mexicana Irene Toca Lecture, cambiará la denominación comercial a Viuda de
F. Villa (Ilustración 12) como atestiguan las numerosas filigranas localizadas en el
fondo documental municipal de Los Corrales de Buelna.
Además de las filigranas heráldicas utilizadas por estas dos imprentas, el que
ambas tengan filigranas propias, a modo de marca comercial, Fons Paper, en papel
continuo, y F Villa / Viuda de F. Villa, en papel de hilo, nos sitúan en un circuito de
marcas comerciales de representación de la empresa (sus nombres) y a la vez repre-
sentación de su territorio.
Las búsquedas realizadas hasta el momento en los fondos documentales del
archivo municipal (libros de actas, expedientes de gracia, registros de salida de con-
cesiones …) no han aumentado los datos ni sobre el probable permiso concedido
a la Imprenta Villa – en semejanza al concedido a la Imprenta Fons - ni sobre las
condiciones exigidas a las empresas santanderinas para el uso del emblema de la
ciudad.

2.6. Burgos

La filigrana heráldica de los fabricantes de papel burgaleses Julián Fournier


(Ilustración 13) y A. Fournier (Ilustración 14), cuyas fábricas radican en Ibeas de
Juarros (Burgos), tiene como marca comercial el castillo que aparece reflejado tanto
en el escudo municipal partido de Ibeas de Juarros como en el escudo también parti-
do de la Diputación de Burgos, aprobado este último en 1877. Además, haciendo un
pequeño ejercicio comparativo entre sendos castillos, apreciamos que son práctica-
mente iguales, por lo que pensamos que el escudo de Ibeas de Juarros toma prestado
parte del emblema de la Diputación de Burgos como sus armas municipales.
Por tanto, esta marca de agua no es una representación fiel de ningún escudo
heráldico municipal en concreto, sino que la filigrana reproduce únicamente el bla-
són con un castillo y una corona abierta en la parte superior. Y dado el precedente
santanderino antes explicado, pensamos que los fabricantes no poseen autorización
para utilizar las armas municipales.

42
GONZÁLEZ NICOLÁS, Elena y LAVÍN GARCÍA, María Jesús - Diccionario de impresores. La imprenta en
Cantabria. Dos siglos de historia. Santander: DOC – Fundación Marcelino Botín, 1994, p. 123. ISBN 84-87678-
24-6.
43
Ibid, p. 125.

404
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

Como se ha dicho, esta misma filigrana es utilizada por dos fabricantes distin-
tos, aunque pertenecientes a la misma dinastía de papeleros, los Fournier. Sus mar-
cas se han localizado en el Archivo de la Autoridad Portuaria de Santander, sección
Cuentas Generales, aunque no coinciden cronológicamente en el tiempo. De modo
que la marca de Julián Fournier se localiza en documentos entre 1891 y 191144 y la
señal de A. Fournier se registra entre 1918 y 193645.

3. FILIGRANAS HERÁLDICAS DE OTRAS INSTITUCIONES DE ÁMBITO LOCAL

Asimismo, en nuestro catalogo de filigranas papeleras de los siglos XIX y XX,


hemos localizado filigranas con emblemas heráldicos correspondientes a otras ins-
tituciones de ámbito local como son las Diputaciones Provinciales, en concreto
la Diputación de Vizcaya (País Vasco) y la Diputación de Valencia del siglo XIX
(Comunidad Valenciana).

3.1. Diputación de Valencia

Las armas de la Diputación de Valencia se han localizado en una filigrana rea-


lizada por el fabricante F. P., iniciales que corresponden con el papelero Francisco
Payá (Ilustración 15), en el Archivo Municipal de Los Corrales de Buelna, concre-
tamente en un apéndice al amillaramiento realizado entre 1891 y 1892, documento
original compuesto por 66 bifolios de papel. En este caso, vemos como reproduce la
heráldica establecida por el Rey Pedro el Ceremonioso formada por un escudo dora-
do con cuatro franjas rojas, yelmo plateado, mantelete (una tela sobre el yelmo) con
cruz, y un dragón con alas dorado sobre el yelmo46 que identificaba a todo el reino.

3.2. Diputación de Vizcaya

Igualmente, el emblema de la Diputación de Vizcaya aparece representado en


una filigrana, sin el nombre del papelero (Ilustración 16), localizada en un docu-
mento del año 193647 en el Archivo de la Autoridad Portuaria de Santander, sección
Cuentas Generales. El escudo heráldico que aparece en la marca de agua coinci-
de con el de los rótulos de población vizcaínos colocados a inicios del siglo XX
y el blasón del Señorío de Vizcaya mostrado en la portada del Fuero de Vizcaya

44
ALONSO RIVA, “Catálogo de filigranas”, Op. cit., Figura nº 69.
45
Ibid., Figura nº 17.
46
GENERALITAT VALENCIANA - Los símbolos de la Comunitat. Conselleria de transparencia, responsabilidad
social, participación y cooperación. Sede electrónica [Sitio Web]. Valencia, 2018 [Consulta 22 de septiembre 2018].
Disponible en:
http://www.transparencia.gva.es/es/web/elsfurs/la-comunitat-valenciana/los-simbolos-de-la-comunitat
47
ALONSO RIVA, “Catálogo de filigranas”, Op. cit., Figura nº 45.

405
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

de 157548, con los añadidos heráldicos de los siglos posteriores para diferenciar el
señorío de la Diputación.

CONCLUSIONES

A partir del estudio de las filigranas heráldicas municipales del Corpus de fili-
granas de Cantabria de los siglos XIX y XX (catalogadas hasta el momento) queda
manifiesta la necesaria confluencia de los estudios de historia del papel con la disci-
plina heráldica para conseguir una identificación técnico-profesional de las marcas
papeleras.
En este sentido, urge incorporar el lenguaje heráldico a la historia del papel y
concretamente al análisis de filigranas, abandonando las corrientes esotéricas y sim-
bolistas, que periódicamente surgen, y mantener en su lugar un enfoque más acadé-
mico.
El uso de emblemas heráldicos, por parte de fabricantes papeleros como marca
comercial, se debe a distintas causas que fundamentalmente se pueden sintetizar
en dos: la filigrana es un indicador de denominación de origen de la manufactura
papelera y también un sinónimo de prestigio que facilita la posterior expansión y
comercialización de la producción.
Desde el punto de vista legislativo, aunque en pocos ejemplos, pero pensamos
que significativos, mostramos que el uso de las armas de ciudades por los molinos
y fábricas papeleras está regulado en España desde el siglo XV (Valencia) hasta el
siglo XX (Santander). Por ello, parece necesario profundizar la investigación en las
ordenanzas concejiles y municipales españolas para recuperar los testimonios docu-
mentales legislativos del pasado vinculados con la heráldica y su uso comercial.
Y promover la recuperación y promoción de la riqueza y valor de la heráldica en
la historia del papel puesto que los emblemas aportan datos importantes no solo para
la datación y localización de los fabricantes de papel sino también para conocer los
circuitos comerciales del papel en Europa durante estos siglos.

48
El Fuero, privilegios franquezas y libertades de los cavalleros hijosdalgo del Señorío de Vizcaya, confirmados
por el Rey do[n] Felippe II nuestro Señor, y por el Emperador y Reyes sus predecessores. [En línea]. Medina del
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406
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

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409
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

GALERÍA DE FILIGRANAS

Ilustración 1. Ilustración 2
Escudo de armas de la ciudad de Ámsterdam. 1728 Escudo de armas de la ciudad de
Génova. 1691 – 1695.
Fabricante: C. P.

Ilustración 3. Escudo de armas de la ciudad de Valencia. 1873 – 1874.


Fabricante: Joaquín Guarro

Ilustración 4. Escudo de armas de la ciudad de Ilustración 5. Antiguo escudo de la villa de


Barcelona. Modelo utilizado entre 1891 – 1944. Madrid. 1908.
Fabricante: José Guarro

410
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

Ilustración 6. Escudo de armas de la ciudad de Ilustración 7. Escudo de armas de la ciudad


Zaragoza. 1945. de Zaragoza. 1908 – 1910.
Fabricante: Papelera Aragonesa Fabricante: Santiago Canti e Hijos

Ilustración 8. Escudo de armas de la ciudad Ilustración 9. Escudo de armas de la ciudad de


de Zaragoza. 1938 – 1944. Zaragoza. 1916 – 1920.
Fabricante: Pedro Alsina Fabricante: Pedro Alsina

Ilustración 10. Escudo de armas de la ciudad Ilustración 11. Escudo de armas de la ciudad
de Santander. 1917. de Santander. 1893 - 1898.
Encargo de fabricación: Carmen Diestro Encargo de fabricación: Federico Villa
Gener, Viuda de Fons

411
CARMEN MARÍA ALONSO RIVA, VIRGINIA Mª CUÑAT CISCAR
LA HERÁLDICA MUNICIPAL EN LAS FILIGRANAS PAPELERAS (SIGLOS XIX Y XX)

Ilustración 12. Escudo de armas de la ciudad de Ilustración 13. Mitad del escudo de armas partido
Santander. 1898 - 1907. de la localidad de Ibeas de Juarros y la Diputación
Encargo de fabricación: Irene Toca Lecture, de Burgos. 1891 - 1911.
Viuda de F. Villa Fabricante: Julián Fournier

Ilustración 14. Mitad del escudo de armas partido


de la localidad de Ibeas de Juarros y la Diputación
de Burgos. 1918 - 1936.
Fabricante: A. Fournier

Ilustración 16. Escudo de armas de la


Diputación de Vizcaya. 1936.

Ilustración 15. Escudo de armas de la Diputación de


Valencia. 1891 – 1892.
Fabricante: F. P. (Francisco Payá)

412
ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE
IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS
ESCOLAS MUNICIPAIS 1

EMANUELLE QUERINO ALVES DE AVIZ


Prof. Dr.ª Heloisa Juncklaus Preis Moraes (Orientadora)
Universidade do Sul de Santa Catarina - Tubarão
equerino.jnl@gmail.com

Resumo: Este projeto de pesquisa tem como tema a análise dos elementos simbóli-
cos do brasão do município de Imbituba, Santa Catarina, Brasil, no imaginário de
crianças de 10 anos de escolas municipais. O brasão, instituído em 1970, é o princi-
pal elemento imagético da comunicação municipal e apresenta figuras que registram
parte da história da cidade. O objetivo é descobrir se o imaginário infantil continua
sendo alimentado pelo mesmo imaginário que inspirou a criação do brasão. Como
metodologia de aplicação da pesquisa utilizaremos a culturanálise de grupos (Paula
Carvalho, 1989, Badia, 2010), através da sugestão de iscas semânticas para a cria-
ção de desenhos e narrativas. Para analisar os resultados será aplicada a mitocrítica
(Durand 1985, 1993, 2001, 2011). Identificamos que o brasão de Imbituba parece
uma pirâmide econômica baseada nos empreendimentos de Henrique Lage e que,
com a inserção da baleia-franca no escudo, uma nova referência simbólica foi esti-
mulada. Esperamos identificar as recorrências das simbologias municipais na infân-
cia e descobrir se elas estão, ou não, relacionadas ao brasão.

Palavras-chave: imaginário, imaginação simbólica, brasão de Imbituba.

Abstract: This research project has as subject the analysis of the symbolic elements
of Imbituba city coat of arms in the imaginary of 10-year-old children of munici-
pal schools. The coat of arms, established in 1970, is the main imagetic element of
municipal communication and presents figures that record part of the city’s history.
The objective it is to find out if the children’s imagination continues to be fuelled by
the same imagery that inspired the creation of the coat of arms. As methodology of
1
Trabalho desenvolvido no Mestrado em Ciências da Linguagem da Universidade do Sul de Santa Catarina com
apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financia-
mento 001. https://orcid.org/0000-0001-8084-5334

413
EMANUELLE QUERINO ALVES DE AVIZ
ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

the research application a culturalysis of groups will be used (Paula Carvalho, 1989,
Badia 2010), through the suggestion of semantic baits for the creation of drawings
and narratives. A critical myth will be used to analyze the outcomes (Durand 1985,
1993, 2001, 2011). We identified that Imbituba coat of arms seems to be an eco-
nomic pyramid based on Henrique Lage’s enterprises and a new symbolic reference
was stimulated with the insertion of right whale in the shield. We hope to identify
the reccurrences of municipalities symbologies in childhood and to find out whether
they are related to the coat of arms or not.

Keywords: imaginary, symbolic imagination, coat of arms of Imbituba.

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da imaginação é considerado a chave para a articulação da


linguagem de forma que Cassirer propõe que o homem, em vez de “animal rationa-
le” seja definido como “animal symbolicum” (apud BARRETO, 2008, p. 13-14). A
representação simbólica é o artifício que utilizamos para expressar, registrar, com-
partilhar e perpetuar sentimentos, crenças, ideias, ideologias, visões de mundo, cul-
turas. Os símbolos são elementos que remontam a uma compreensão coletiva de
seus significados e entre eles podemos identificar imagens que ao longo do – e em
determinado - tempo tornam-se referência para alguns grupos.
O imaginário é “o estado de espírito que caracteriza um povo”, de acordo com
Maffesoli, estabelece vínculo e é cimento social (MAFFESOLI, 2001, p. 75). O
autor ainda destaca que “não é a imagem que produz o imaginário, mas o contrário,
a existência de um imaginário determina a existência de conjuntos de imagens. A
imagem não é o suporte, mas o resultado” (MAFFESOLI, 2001, p. 76).
A partir da compreensão de que “o imaginário é uma sensibilidade, não uma ins-
tituição” (MAFFESOLI, 2001, p. 80), o objetivo deste projeto é analisar os elemen-
tos simbólicos do brasão do município de Imbituba no imaginário de crianças de
10 anos de escolas municipais. Nosso problema está em identificar quais são estas
ocorrências no público definido. Vamos verificar se há indicações da presença desta
sensibilidade que inspirou a elaboração do brasão municipal, e então o instituiu.
Queremos estudar se estes laços e memórias ainda estão presentes no imaginário
local, mesmo após tantas mudanças políticas, econômicas, ambientais e tecnológi-
cas nestes 60 anos de emancipação de Imbituba.
Consideramos que esta pesquisa é relevante para compreender como as políticas
públicas de comunicação municipal, bem como a atuação da mídia e o reflexo eco-
nômico de determinados elementos sociais ou culturais, podem atuar como tecnolo-
gias formadoras do imaginário local.

414
EMANUELLE QUERINO ALVES DE AVIZ
ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

Para atender aos objetivos propostos iremos identificar a compreensão de


Imaginário Social a partir de Durand (1985, 1993, 2001, 2011) e Maffesoli (2001,
2003) relacionado aos conceitos de representação simbólica, entre outros autores.
Nossa proposta de metodologia é a culturanálise de grupos (Paula Carvalho, 1989,
2010), em um estudo de caso, ao utilizar entrevistas, narrativas e desenhos das
crianças, que serão analisados através da mitocrítica. Por fim, apresentaremos os
resultados esperados.

2. BRASÃO DE IMBITUBA

O Brasão de Imbituba foi instituído pela Lei Municipal nº 229/1970, 12 anos


após a segunda emancipação da cidade, que ocorreu 1958, e está configurado con-
forme a figura a seguir:

Figura 1 – Brasão do Município de Imbituba


Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Imbituba, 2016.

A lei prevê que o símbolo do brasão de armas de Imbituba deve apresentar um


trem carregado de carvão, que na época era o principal produto de exportação do
município no primeiro quartel. Este trem, conhecido como Maria Fumaça, foi uma
importante ferramenta de transporte do carvão de Criciúma, até o Porto de Imbituba
e também para a locomoção de pessoas. Atualmente é utilizado para o transporte de
contêineres entre os mesmos destinos.
O segundo quartel deve apresentar uma representação da Cerâmica Industrial,
que era uma das maiores do Sul do Brasil. Hoje extinta, a Indústria Cerâmica de
Imbituba S/A – Icisa, que aparece acompanhada de alguns azulejos, foi a primeira
indústria cerâmica de Santa Catarina e um dos maiores empregadores da cidade,
chegando a ter mais de mil funcionários no início dos anos 1990.
Já o terceiro quartel mostra um cargueiro, representando o recebimento de car-
vão, fécula, farinha de mandioca, entre outros produtos exportáveis. O Porto de
Imbituba, montado em uma enseada de mar aberto utilizada no tempo da coloniza-
ção do Brasil por navegadores espanhóis e portugueses, foi construído, de fato, na
Era Lage. Este quadrante foi alterado em 2001, pela Lei nº 2.198 para a inclusão de
uma nova simbologia no brasão: perto do navio, agora há também o rabo de uma
baleia que simboliza a cidade como berçário natural da baleia franca.

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ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

A Lei segue descrevendo que sobre o escudo estará uma coroa mural com duas
torres, duas vigias e uma porta central, representando a cidade, e sob o escudo um
listel com o nome Imbituba ao centro; a data da emancipação política, 21 de junho,
à esquerda; e o ano, 1958, à direita. Nas laterais deve conter a representação de
uma espécie de cipó denominado IMBÉ (philodendron), que originou o nome do
Município. A espécie de trepadeira que tem suas raízes expostas, similares a cipós,
era encontrada em abundância na região, quando ainda habitada pelos índios Carijó
e, de acordo com os relatos dos exploradores jesuítas, foi batizada de “Embitiba”,
expressão indígena em Guarani, designando abundância de Imbé nesta região.
A Bandeira de Imbituba é formada pelo brasão sobre um fundo branco, o que
implica ao símbolo uma dupla potência simbólica. O brasão compõe também a
temática das logomarcas municipais estampadas em placas, uniformes e demais
materiais de comunicação pública.
De acordo com Nogueira, autora do livro “Do Brasão à Marca: tradição e ino-
vação na identidade visual dos municípios portugueses” (2014) presume-se que o
Brasão Municipal de Armas é o símbolo mais importante do município, afinal ele
reflete a história, seus principais símbolos, identidade, evolução política, administra-
tiva e econômica, costumes e tradições. O brasão é dotado de “prestígio e interesse
histórico, sendo um símbolo universal em torno do qual todos os cidadãos se revê-
em” (2014, p. 51).
De acordo com Mello Filho (2016) o brasão de Imbituba não está de acordo com
as normas de heráldica, especialmente quanto à forma e à divisão do escudo, às tor-
res, que estão em número abaixo do qualitativo para Municípios, e quanto à cor, já
que o amarelo é reservado para capitais de Estados. O autor alerta para a necessida-
de de correções na simbologia municipal para uma política de comunicação eficaz.
“O poder público deve se fazer representar por uma simbologia que reflita a imagem
dos cidadãos e sua história, para prover um cotidiano e um futuro em consonância
com suas aspirações” (MELLO FILHO, 2016, p. 12).
Entendemos que com o tempo estas imagens ficam defasadas em relação às
mudanças culturais, sociais e políticas, portanto, seus elementos simbólicos preci-
sam ser perenes e de identificação coletiva. Para compreender melhor o universo
apresentado pelo brasão de Imbituba e descobrir como a imaginação simbólica em
relação a eles está sendo construída na infância, vamos descrever brevemente cada
item simbólico presente e abrir um espaço de reflexão sobre os elementos da cultura
e história local que não estão representados no escudo.

2.1. Imbé

O Imbé (philodendron imbe) é a planta que dá nome ao município de Imbituba.


Um dos mais antigos registros da nomeação da localidade está no relatório das mis-
sões jesuítas na região dos índios Carijó no litoral sul de Santa Catarina, de 11 de
agosto de 1605, ao narrarem que “aqui, neste Porto de D. Rodrigo, que se chama o

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ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

Embitiba, estivemos estes dous anos (LEITE apud MELLO FILHO, 2016, p. 19):
primeiro a nomeação dada pelos ibéricos na época, seguida pela identidade indíge-
na. Atualmente encontramos o Imbé nas regiões onde a mata nativa ainda é preser-
vada, mas na região central não há abundância da planta.

2.2. Ferrovia

Em meados de 1880 iniciaram os projetos de construção da linha férrea, com


o objetivo principal de transportar o carvão do sul catarinense até o porto. Com as
dificuldades para alavancar a exploração devido a qualidade questionável do car-
vão, o Visconde de Barbacena associou-se a Antônio Martins Lage Filho, pai de
Henrique Lage, que veio investir na região. Henrique Lage chegou a Imbituba em
1912 para desenvolver os negócios do grupo que herdou.
Imbituba foi criada olhando para o futuro, com ruas largas e investimentos em
infraestrutura urbana. As vilas operárias, construídas pela empresa, em 1929 já eram
abastecidas de luz e água tratada, serviços públicos vistos, na época, apenas em
grandes centros (NEU, 2003, p. 44). A cidade acolhia os funcionários que vinham
trabalhar nas empresas do industrial e por isso precisava de estrutura.
A Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina configura-se como um modal logís-
tico estratégico para o Porto de Imbituba e para o desenvolvimento da região sul
de Santa Catarina, mesmo sendo um trecho isolado da malha ferroviária nacional,
que liga apenas cidades litorâneas entre Imbituba e Criciúma. Atualmente a ferrovia
conta com 164 quilômetros e movimenta o carvão mineral que abastece o Complexo
Termelétrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, contêineres com diversos pro-
dutos para cabotagem e exportação pelo Porto de Imbituba (FTC, 2018). A antiga
estação de trem, onde as pessoas embarcavam para os passeios, é utilizada como
departamento público e ponto de informações turísticas. Os passeios de Maria
Fumaça, antigo trem à vapor, são feitos esporadicamente.

2.3. Porto de Imbituba

A enseada de Imbituba, na hoje chamada Praia do Porto, oferece boas condições


de atracação aos navios, que mesmo com fortes ventos, ancoram, carregam e des-
carregam contêineres e cargas a granel, destinadas a outros portos do Brasil e do
mundo. Atividades portuárias, pesqueiras e esportivas compartilham a praia.
Uma expedição espanhola trouxe o navegador que daria o primeiro nome
ao local: o Porto de Don Rodrigo, em homenagem a Don Rodrigo de Acuña, na
Expedição Loaysa, que ancorou em Imbituba em 28 de março de 1526 (MELLO
FILHO, 2009, p. 155-156). De acordo com o pesquisador, navegadores espanhóis
e portugueses chegavam ou naufragavam na enseada, que se tornou um ponto de
comércio com os indígenas.

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ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

Henrique Lage, mesmo sem autorização da União, construiu o quebra-mar, uma


usina elétrica de ar comprimido, rede de canalização de água potável, linha telegrá-
fica, um farol e uma estação meteorológica (BOSSLE, 1979, p. 62). O empresário
faleceu em 1941, ano que por fim foi liberada a concessão portuária para a sua Cia.
Docas de Imbituba. Sem herdeiros, seus bens foram tomados pelo Governo Federal
como saldo de suas dívidas, e “cedidos” para a administração de seus amigos: o
senador Álvaro Catão herdou a Cia. Docas; enquanto o lituano Comendador João
Rimsa recebe a Indústria Cerâmica, empresa que adquiriu posteriormente (NEU,
2003 p. 45).
A concessão de exploração permaneceu com a Cia Docas até 2012. O Porto de
Imbituba era o único porto público do Brasil com administração privada. Agora a
administração portuária está concedida pela União ao Governo do Estado de Santa
Catarina, através da SC Par Porto de Imbituba. Atualmente é o porto mais profundo
da região sul do Brasil e sua enseada de mar aberto continua sendo um diferen-
cial competitivo, afinal os navios cargueiros de nova geração, como os super post-
panamax, são cada vez maiores, e o porto oferece boas condições de manobra e
atracação.

2.4. Indústria Cerâmica Imbituba S/A

A grande quantidade de carvão estimulou o nascimento da indústria cerâmica e


o sul de Santa Catarina tornou-se um polo referência em sua exportação. Santanna
(2016, p. 192-193) conta que Henrique Lage não desistiu até trazer para a cidade o
artista português Eduardo Ferreira, especialista em pintura de azulejos, em 1932.
Ele cuidou da empresa até morrer, em 1940, quando foi sucedido pelo comendador
João Rimsa, engenheiro agrônomo da Lituânia, que administrava a Granja Henrique
Lage e a Cerâmica.
A empresa oferecia potência política e disputava o poder do voto do trabalhador
com a Cia. Docas para as eleições municipais (NEU, 2003, p. 88) o que mostra a
dependência da cidade em relação as empresas de Lage. Rimsa ainda hoje é lembra-
do por sua influência política, ações de caridade e bem-feitorias para o município.
O auge do emprego na indústria deu-se entre 1989 e 1990 quando a fábrica
empregava mais de mil pessoas (NEU 2003, p. 89-92). Porém, após uma crise ini-
ciada nos anos 2000, com a forte concorrência internacional, agravada pelos proble-
mas administrativos, a Icisa encerrou suas atividades em 2009, gerando uma crise
econômica pelos quase 300 trabalhadores demitidos, sem receber o dinheiro devido.
O que restou da empresa foi demolido, a massa falida foi leiloada e o local receberá
um condomínio residencial e comercial.

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2.5. Baleia Franca

As enseadas de Imbituba recebem grupos migratórios de baleias da espécie fran-


ca, anualmente, entre junho e novembro, época em que as águas da região sul de
Santa Catarina estão mais quentes do que no extremo sul do Oceano Atlântico, ide-
ais para reproduzir, parir e amamentar seus filhotes. A baleia-franca-austral (euba-
laena australis) é assim chamada por seu comportamento dócil. Seus principais
elementos identificadores são as calosidades no alto e nas laterais da cabeça, que
podem ser comparadas às impressões digitais dos seres humanos, pois são únicas
em cada indivíduo (INSTITUTO AUSTRALIS, 2018).
A pesca da baleia foi uma atividade econômica de Imbituba entre 1796 a 1973,
quando a última baleia foi pescada na cidade (MARTINS, 1978), que ficou marcada
como a última armação baleeira a encerrar suas atividades no Brasil. O período mais
forte foi entre 1780 e 1790, quando a exploração da carne da baleia e seus deriva-
dos faziam parte da base da economia de Santa Catarina, de modo que o óleo era
considerado tão “valioso quanto o ouro e a prata” (NEU, 2003). A pesca passou de
atividade artesanal para uma forma de enriquecimento da coroa portuguesa, durante
o império. A pesca de cetáceos foi oficialmente proibida no Brasil com a promulga-
ção da Lei 7.643 de 1987.
Como já citado anteriormente, em 2001 uma representação do rabo da baleia
franca foi inserida no brasão, identificando o município como berçário do mamífero.
No ano de 2010, Imbituba recebeu o título de Capital Nacional da Baleia Franca,
pela Lei nº 12.282 (PLANALTO, 2010). Desde então começaram ações de divulga-
ção da marca como destino turístico, nacional e internacionalmente, com o objetivo
de promover o avistamento de baleias como atividade comercial.
Mais recentemente, como ação de retorno social, a indústria Votorantim
Cimentos contratou a empresa Laske Design Gráfico para a criação de uma marca
turística. Foi uma ação integrante do Plano Estratégico para o Turismo, iniciativa
do Conselho Comunitário e dos núcleos de turismo da Associação Empresarial
de Imbituba (ACIM), Instituto e Projeto Baleia Franca e Secretaria e Conselho de
Turismo.
O grupo de trabalho definiu que a baleia franca seria o principal produto turís-
tico do município e o foco da nova marca, com a sugestão do uso de um coração,
remetendo ao “amor de mãe” das baleias. O símbolo representa o amor materno e é
um convite para os turistas conhecerem toda hospitalidade de Imbituba, que está no
coração (no centro geográfico) da Área de Preservação Ambiental da Baleia Franca
– APA, área de proteção federal. A proposta foi aprovada pelo Município e lançada
como marca turística em setembro de 2013 durante a Semana Nacional da Baleia
Franca:

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Figura 2 – Marca Imbituba Capital Nacional da Baleia Franca


Fonte: Votorantim Cimentos/Laske Desing Visual.

A cidade também abriga um museu dedicado à baleia, situado próximo à antiga


Armação Baleeira de Imbituba, no local conhecido como “barracão da baleia”, pois
era onde a matéria prima era beneficiada. Atualmente o espaço está fechado por
motivos de segurança quanto à estrutura do prédio, sem previsão para sua reabertura
e a prefeitura faz estudos para um projeto de restauro.
A baleia como simbologia municipal tem tomado força. A pesquisa desenvolvida
por Alves (2015), com foco na relação entre sociedade e patrimônio cultural, obser-
vando a formação da identidade social, aplicada a alunos do Ensino Médio Inovador
da Escola de Ensino Médio Engenheiro Annes Gualberto, em Imbituba, mapeou que
os patrimônios naturais como praias e baleias são para eles “símbolos da identidade
de Imbituba” porque “estes patrimônios atraem os turistas para a cidade, fazendo
render lucros (ALVES, 2015, p. 138).
Imbituba também conta com alguns referenciais à baleia em sua arquitetura
urbana como esculturas e pinturas temáticas. O prédio atual da prefeitura conta com
a marca turística que apresentamos acima em sua fachada, enquanto o brasão encon-
tra-se na parte de trás do prédio.

2.6. Elementos Culturais Ausentes

No brasão de Imbituba não há referência aos habitantes do período pré-colonial,


os índios Carijó, nem aos primeiros colonizadores, sejam os espanhóis naufragados
(MELLO FILHO, 2009) ou os imigrantes portugueses açorianos, que nos deixaram
uma forte cultura religiosa, gastronômica, arquitetônica - especialmente nas igrejas
- e de hábitos culturais. Elementos do cotidiano da cidade em formação, como os
engenhos de farinha, a pesca da tainha, as festividades religiosas de Sant’Anna e
do Divino Espírito Santo, resistentes nas comunidades tradicionais de Mirim e Vila
Nova ainda nos dias de hoje, passam longe de qualquer menção. Isso, sem citarmos
as belezas naturais.
São vivências e atividades que mobilizavam as pessoas de Imbituba que não são
lembradas em sua bandeira como um forte item de identificação. Também nos causa
estranheza o espaço reservado ao imbé, planta que deu origem ao nome da cidade

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ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

que, apesar de presente, parece ter um papel acessório e decorativo, podendo pas-
sar até despercebido por olhares desatentos. Bem como a ausência de outra planta
nativa encontrada em abundância na cidade, que é o butiá (butia capitata). Estas
ausências nos despertam ainda mais a curiosidade de identificar a construção do
imaginário infantil em relação ao espaço em que vivem.

3. IMAGINÁRIO

O brasão é a imagem oficial que representa o Município de Imbituba e também é


o único elemento de sua bandeira, de forma a tornar-se uma figura potencializadora
de significados. Olhar o brasão é perceber que cada item faz emergir sua própria tra-
jetória identificações, memórias e narrativas. Como para qualquer grupo social, sua
multidimensionalidade abre espaço para diferentes correntes de compreensão deste
pedaço de mundo.
Consideraremos que, “como lembra Ricoeur, o símbolo dá o que pensar. Isso
significa que o conhecimento simbólico só pode ser entendido como a conjunção
entre uma imaginação que dá o símbolo e uma razão que o pensa e interpreta”
(BARRETO, 2008, p. 32). A importância desta pesquisa está no fato de que já se
passaram 60 anos da emancipação do município de Imbituba e as transformações no
mundo foram mais velozes do que poderíamos prever. Na cidade, economicamente,
o reflexo disto nos parece ser um deslocamento da visão de potência industrial para
uma possível oportunidade de potência turística, afinal “as relações de comunicação
são, de modo inseparável, sempre relações de poder que dependem, na forma e no
conteúdo, do poder material ou simbólico acumulado pelos agentes (ou pelas insti-
tuições) envolvidos nessas relações” (BORDIEU, 1989, p. 14).
Para Wunenburger (2018, p. 62) a simbolização é uma atividade criadora do
sujeito imaginante e a imagem simbólica revela “que existe uma arquitetura cog-
nitiva da imagem que, uma vez liberada de seu envelope exterior, contém um fio
condutor vital, uma espécie de seiva nutritiva do pensamento”. É este caminho ali-
mentador da criação dos símbolos do brasão de Imbituba que queremos encontrar
através da investigação do imaginário infantil. A Teoria do Imaginário, voltada para
o seu sentido de investigação simbólica, nos pareceu a mais adequada para estudar a
principal imagem oficial de comunicação da cidade.
Para Maffesoli a comunicação atua como cimento social e, por sua vez, “o ima-
ginário é a partilha, com outros, de um pedacinho do mundo [...]. Assim, as tribos
de cada cultura, partilhando pequenas emoções e imagens, organizam um discurso
dentro do grande mosaico mundial” (MAFFESOLI, 2003, p. 17). Portanto, o brasão
e suas figuras são o que Imbituba mostra de si para o mundo. Sua tribo, em deter-
minado momento cultural e econômico decidiu que esta era a mensagem que gos-
taria de passar, a de um progresso industrial, suas armas econômicas. Deste modo,
como um imaginário não é algo fixo e imutável, pelo contrário, move-se em fluxo,

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ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

transforma-se com o tempo e é influenciável pelas tecnologias, somos levados a


considerar que alguma mudança pode estar acontecendo.
Durand (2011) fala da explosão de uma civilização da imagem sobreposta a uma
supremacia da imprensa e da comunicação escrita. Para o autor, os reflexos da evo-
lução da prensa de Gutemberg permitiram que pudéssemos estudar o “museu – que
denominamos o imaginário – de todas as imagens passadas, possíveis, produzidas e
a serem produzidas” e questiona a importância deste processo na revolução cultural
do ocidente em comparação com o oriente, em que os ideogramas, hieróglifos e
caracteres “misturam com eficácia os signos das imagens e as sintaxes abstratas”,
enquanto civilizações como a América pré-colombiana e a Polinésia nunca utiliza-
ram escrita, mas possuíram “uma linguagem e um sistema rico em objetos simbó-
licos” (2001, p. 06). Este pensamento denota como um símbolo pode ser de grande
relevância para um grupo social, pois expressa uma ideia, uma visão de mundo que
pode ser “lida” por um código que exige alguns simples referenciais.
Para Maffesoli, “o imaginário é algo que ultrapassa o indivíduo, que impregna
no coletivo”, de forma que o imaginário pós-moderno reflete o que ele chama de tri-
balismo, pois “é o estado de espírito de um grupo, de um país, de um Estado-nação,
de uma comunidade, etc. O imaginário estabelece vínculo” e mais do que a cultura,
“é a aura que a ultrapassa e alimenta” (2001, p. 76). Esta afirmação nos serve de
chave para selar a importância de investigar o imaginário que envolve o brasão do
município de Imbituba. Compreender como esta sociedade chegou a estes elemen-
tos como figura de expressão de seu espaço-tempo.
A noção de que o imaginário perpassa nossas formas de compreender e nos rela-
cionar com o mundo nos permite buscar no brasão de Imbituba uma figura que foi a
responsável pela efetivação dos três principais elementos: Henrique Lage, industrial
que é considerado o fundador da cidade, pois viabilizou o desenvolvimento através
de suas companhias.
Temos a percepção de que um momento de mudança, de conexão, de necessida-
de de agregar as pessoas em torno de uma figura em comum, podem ter inspirado
a criação do brasão ao redor de Henrique Lage. Um sinal de tamanha importância
desta relação foi que, em outubro de 1949, a Assembleia Legislativa do Estado de
Santa Catarina alterou o nome de Imbituba, que teve sua primeira emancipação em
1924, para Henrique Lage. A nomeação durou dez anos. Durand (1993, p. 13) irá
explicar que “a redundância das relações linguísticas é significativa do mito e seus
derivados” e “uma repetição de certas relações lógicas e linguísticas”, o que nos
leva a identificar a repetição de ideias industriais e um reforço cíclico do herói fun-
dador apresentado no brasão. Da mesma forma que a inserção da baleia no escudo
pode ter aberto o caminho para uma nova mitologia, centrada na mãe-natureza.
Durand (1993, p. 11) defende que o símbolo só é válido por si mesmo, uma vez
que a “re-presentação simbólica nunca pode ser confirmada pela representação pura
e simples do que ela significa”. Por isso a utilização do brasão não pode ser lida

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ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

apenas como uma figura ilustrativa, já que como outros símbolos “faz aparecer um
sentido secreto, é a epifania de um mistério”.
Arriscaremos que a possível desvalorização da cultura açoriana tradicional adve-
nha de uma ausência de sua valorização como importante no desenvolvimento local.
Os costumes do cotidiano nunca foram pilares de uma revolução econômica. Sem
esquecer dos índios e da importância da natureza na figura do Imbé, que deu nome
à cidade. São partes da história que não obtiveram grau de relevância para serem
designadas como elementos representativos de seu povo.
Nogueira destaca que “a existência dos símbolos de forma isolada não é sufi-
ciente. Pensar em identidade territorial exige também a reflexão acerca das estraté-
gias de relacionamento com os habitantes, especialmente as acções comunicativas
contemporâneas” (2014, p. 22). E para isso a compreensão do imaginário latente e
patente faz-se necessária. Por isso a relevância de um brasão ser o reflexo de sua
gente e que mantenha vivas as memórias, mesmo que alheias a obtenção de capital.

4. METODOLOGIA

A pesquisa será um estudo de caso, pois consiste na “análise profunda e exaus-


tiva de um ou de poucos objetos, de modo a permitir o seu conhecimento amplo e
detalhado em desenhos caracterizados pela flexibilidade, simplicidade de procedi-
mentos e ênfase na abordagem qualitativa integral dos eventos” (RAUEN, 2015, p.
160). Nosso foco será trabalhar com crianças de idade média de 10 anos, de duas
escolas municipais, com uma turma do 5º ano de cada escola, por considerar que
no 4º ano o Plano Curricular Municipal prevê o ensino da história do município.
Iremos aplicar a pesquisa com a sugestão de iscas semânticas relacionadas a história
e a memória municipal, e propor a criação de desenhos em pequenos grupos, que
deverão ser apresentados com uma narrativa. O material produzido pelas crianças,
por sua vez, será compreendido sob os critérios da mitocrítica.
Definida como uma “antropologia das organizações educativas”, a Culturanálise
de Grupos está relacionada ao Círculo de Eranos e à noção da função simbólica de
Cassirer, pois “Paula Carvalho afirma que toda abordagem do real só pode ser feita
pela mediação simbólica” (BADIA e PAULA CARVALHO, 2010, p. 68). Nos inte-
ressamos por este método pois “não há um grupo sem imaginário. Se um imaginário
é banido, é substituído por outro, e tal função é análoga à dos mitos nas sociedades
primitivas, por onde se verifica a função organizacional do imaginário” (PAULA
CARVALHO, 1989, p. 141). Sendo assim, acreditamos que os grupos de foco desta
pesquisa devem reproduzir ou refletir, em algum nível, o imaginário social da cultu-
ra em que estão inseridos.
Esta maneira de pesquisar propõe um mapa detalhado de heurísticas possíveis de
serem aplicadas, como a mitocrítica e a mitanálise (BADIA e PAULA CARVALHO,
2010, p. 69-70). Neste caso, adotaremos como metodologia de análise a mitocríti-
ca. Durand (1985, p. 252) explica que a mitocrítica é separada em três passos que

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ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

iniciam no levantamento dos temas redundantes e as sincronias míticas; passa pelo


exame das situações e da combinação destas e finda com a detecção das lições do
mito, suas correlações com outras lições, outros mitos. A mitocrítica tem o obje-
tivo de extrair dos seus objetos de análise estes mitemas que são característi-
cos deles para identificar se há e qual é o “mito diretor subjacente” (ARAÚJO e
WUNENBURGER, 2003, p. 29). Por isso, iremos buscar estas recorrências míti-
cas nos desenhos e narrativas das crianças para analisar a composição dos recortes
culturais da linguagem infantil nos regimes diurno e noturno da imagem, em suas
estruturas místicas, heroicas ou cíclicas, como descreveu Durand (2001), de acordo
com o que for encontrado na pesquisa.

5. RESULTADOS ESPERADOS

A partir da leitura desenvolvida, nos parece que o brasão é uma fotografia do


trabalho de Henrique Lage e da industrialização por ele proposta, bem como refle-
xo de um imaginário de progresso pelo trabalho fabril e comercial. Ao observar
os dados pré-analisados, podemos inferir que o brasão da cidade nos parece uma
pirâmide econômica que conta como base o Porto de Imbituba e acima, dividindo a
mesma latitude, cerâmica e ferrovia. Com o advento da exploração turística do pro-
duto baleia franca a inclusão da sua figura no brasão no mesmo quadrante do porto,
pode ter igualado a importância das diferentes economias: turismo x porto.
Esperamos encontrar quais elementos simbólicos da cidade estão presentes no
imaginário infantil. Isso nos permitirá analisar se o imaginário que inspirou a cria-
ção do brasão do município de Imbituba ainda está presente, ou se a influência de
um novo elemento, como a baleia franca, pode surgir como recorrência de pertenci-
mento. Ou ainda, descobrir novos símbolos e novas possibilidades.

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ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE IMBITUBA: ANÁLISE DO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

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426
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR –
A HERÁLDICA COMO MEIO

DIOGO TEIXEIRA DIAS


Direção de História e Cultura Militar / CHAM, UNL-FCSH
djteixeiradias@gmail.com

Resumo: Grande parte das Armas do Exército Português apresentam referências ao


passado histórico e missão das instituições que as ostentam, independentemente da
sua natureza. Os próprios padrões heráldicos recordam os duros combates do pas-
sado.
Encontram-se referências a todo o momento a honrosas e decisivas participações
de armas na construção da História Militar e da identidade nacional portuguesa.
Alterar umas armas, retirando ou substituindo os elementos que traduzem os
seus feitos, é reduzir a Heráldica a um mero sistema emblemático vazio, desprovido
da dinâmica e vigor que lhe foi conferido e dá o sentido.
À Heráldica Militar impõe-se, desde logo, a necessidade de estabilidade para
se distinguir de outros emblemas, e sobretudo como elemento de preservação da
História das Unidades, Estabelecimentos ou Órgãos do Exército.
Pretende esta comunicação expor a importância deste conceito, sucintamente,
recorrendo a alguns exemplos concebidos pela Secção de Heráldica Militar da
Direção de História e Cultura Militar (Exército Português).

Palavras-chave: Heráldica, exército, estabilidade, iconografia.

Abstract: Most of the crests of arms of the Portuguese Army present references to
the historical past and mission of the institutions that bear them, regardless of their
nature. Heraldic patterns themselves recall the harsh combats of the past.
At all time, there are references to honorable and decisive arms bearing in the
construction of Military History and Portuguese national identity.
To change a heraldic crest, removing or replacing the elements that reflect its
achievements, is to reduce the Heraldry to a mere empty symbolic system, devoid of
the dynamics and vigor that have been given to it, conferring meaning.

427
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

Military Heraldry imposes, first and foremost, the need for stability to distin-
guish itself from other emblems, and above all as an element of preservation of the
History of Army Units, Establishments or Organs.
This communication intends to expose the importance of this concept, succinct-
ly, resorting to some examples conceived by the Military Heraldry Section, of the
Military History and Culture Directorate (Portuguese Army).

Keywords: Heraldry, army, stability, iconography.

“Vi dez mil pinturas, observei mil, estudei cem, e finalmente compreendi dez”1
José-Augusto França

ENQUADRAMENTO

Inserida na orgânica da Direção de História e Cultura Militar (DHCM), o órgão


que superiormente tutela, em termos hierárquicos e técnicos, todos os museus2,
bibliotecas e arquivos do ramo Exército, das Forças Armadas portuguesas, a par
da coordenação superior de todas as matérias inseridas no âmbito da “História e
Cultura Militar”, encontra-se atualmente a Secção de Heráldica Militar, anterior
“Gabinete de Heráldica do Exército” (1966), herdeiro do “Centro de Estudos de
Heráldica Militar” (1958) (ALEXANDRE, 2009, pp. 48–58).
O Regulamento de Heráldica do Exército é a sua principal ferramenta orienta-
dora, no cumprimento da respetiva missão, que consiste justamente em ser o instru-
mento direto na ordenação e execução gráfica de armas.
Nos termos do seu Art. 24.º, Cap.º IV, têm direito ao uso de armas todos os “cor-
pos independentes” do Exército (Regulamento de Heráldica do Exército, 1987).
Justifica-se, portanto, a existência interna de uma entidade tecnicamente compe-
tente, ao invés da contratação externa de serviços, primeiramente pela complexidade
deste ramo das Forças Armadas, no sentido extensivo do termo. Tenha-se para isso
em conta que o número de armigerados que constituem o Exército – os ditos “cor-
pos independentes” – bem como o espírito de profissionalismo que sempre imperou
na Secção, sobretudo se percebermos que heráldica e design são realidades distintas.
Na verdade, o Exército é composto por um número de Unidades,
Estabelecimentos e Órgãos (U/E/O) bastante numeroso, e disperso pelo território,
e também é, comparativamente aos outros ramos (Marinha e Força Aérea), que pre-
dominantemente procedem à encomenda de serviços de heráldica no mercado civil,
1
“I looked ten thousand paintings, I saw a thousand, I studied a hundred and I understood ten.” – José-Augusto
França.
2
À excepção do Museu Militar dos Açores e do Museu Militar da Madeira, que mantêm, desde 2009, por várias
razões, designadamente logísticas, a dependência hierárquica dos respetivos Comandos de Zona, sem prejuízo da
dependência técnica e funcional da DHCM (nº 3, Art. 27º do Decreto-Lei n.º 186 de 29 de Dezembro de 2014).

428
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

aquele que mais Forças Nacionais Destacadas (FND)3 comanda e constitui, tendo
elas também, se assim o pretenderem, direito às suas próprias armas.
O cumprimento do Regulamento de Heráldica do Exército contribui decisiva-
mente para a normalização e o reconhecimento generalizado do interesse da correta
utilização dos símbolos heráldicos, no reforço do espírito de corpo, essencial para a
organização militar.
De acordo com o Regulamento de Heráldica do Exército, a atribuição de armas
a uma U/E/O é da competência do Chefe do Estado-maior do Exército (Art.º 59º),
sendo que os símbolos heráldicos são aprovados também por seu despacho (nº2 do
Art. 30º).
De certa forma, é da avaliação do CEME que depende exclusivamente a deter-
minação de a quem são atribuídas armas e, por conseguinte, a definição exacta de
“corpo independente”, visto que não há qualquer disposição ou diploma legal que
defina esse conceito com a clareza necessária.
Contudo, tem sido consuetudinário, resultante dos pareceres prévios da Secção
de Heráldica Militar, a atribuição de armas às unidades de tipo regimento, que
se constituem como unidade base do Exército (Nº 4, Art.º22º, Lei Orgânica do
Exército, 2014, p. 6410), ou superior, designadamente as brigadas e as direções.
Acrescem as já referidas FND.
Em consequência das reestruturações do Exército, ao longo dos últimos anos,
a aplicação desta disposição (RHE) e da Lei Orgânica do Exército, a Secção de
Heráldica Militar tem vindo a aconselhar ao esclarecimento formal e definição do
conceito de “corpo independente”, por forma a tornar claro para todos os interve-
nientes, no processo de obtenção e atribuição, quanto ao direito de uso de armas
próprias.

O EXÉRCITO E A HERÁLDICA – UMA RELAÇÃO TRADICIONAL E PRÁTICA?

A imagem e os símbolos são uma essência da comunicação universal. A icono-


grafia constituiu-se até tarde, particularmente na Europa, como o elemento de comu-
nicação de excelência, particularmente criando a ponte – e o crivo – entre a elite
iluminada e a massa analfabeta, suseranos e vassalos, clérigos e crentes, dominantes
e dominados.
A heráldica não foge deste paradigma, na medida em que é ela própria um ele-
mento distintivo circunscrito, exclusivo para quem de direito, de estudo fundamen-
tal não só para a História da Arte, mas também para a História Social (ABRANTES,
1992, p. 28).
O objetivo da heráldica é um: identificar. Indentificação. Identidades. Com todas
as nuances desse conceito surgintes: as sensoriais, inconográficas, simbólicas, mas
também históricas.
3
Unidades que se criam para uma missão específica, para serem projetadas de forma independente, para um teatro
de operações, e que se extinguem com o cumprimento da missão e regresso ao território nacional.

429
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

Embora a heráldica do Exército Português seja, como vimos, uma arte relati-
vamente recente, a sua relação com a esfera militar é praticamente a mais remota,
considerando que surge também – mas não só – com o propósito fundamental de
identificar os lados belingerantes no campo de batalha, através dos padrões cromá-
ticos dos paveses e/ou estandartes, bem como dos adversários em torneio ou justa,
através dos escudos (ABRANTES, 1992, pp. 21–22). Aparte: não consintamos que,
pelo facto de o formato de excelência da heráldica - o escudo - ser associado a
um contexto de combate, se diga que é uma forma exclusiva do género masculino
(PASTOUREAU, 1979, pp. 47–48). Bem pelo contrário. Muita da sigilografia femi-
nina aparece justamente com esse formato, em larga escala e durante praticamente
todo o tempo (ABRANTES, 1992, p. 22). Aliás, os selos podem também ser consi-
derados como berços da heráldica, considerando a sua remota existência, bem como
o facto de se tornarem uma fonte material e iconográfica essencial para o estudo da
sua História (GALBREATH e JÉQUIER, 1977, pp. 22–25).
É dado adquirido que continua a haver uma estreita e tradicional relação entre
Forças Armadas e heráldica. Mas de que modo é que essa relação contribui de uma
forma prática, e não meramente ritual e visual, para a eficiência diária do Exército?
Na realidade, os símbolos, e por conseguinte a heráldica, são “forças unifica-
doras”, promovendo inconscientemente, como já referido, o espírito de corpo e o
sentimento de pertença, bem como um elemento orientador, permitindo a quem o
enverga, neste caso a militares, uma primeira imunidade contra o sentimento de iso-
lamento (CHEVALIER e GHEERBRANT, 2010, pp. 21–22).
Qualquer militar, do oficial comandante à praça mais moderna, que ingresse
numa unidade militar com direito a armas privativas, recebe, desde logo, o escudo
de peito4 correspondente aos elementos constantes no campo do escudo do brasão
da respetiva, para pendurar no bolso direito do dólman do uniforme (Art.º 29º, Cap.
IV, Regulamento de Heráldica do Exército, 1987, p. 1171).
O escudo de peito da U/E/O a que pertence acompanha o militar desde a sua
entrada até à sua saída, por transferência ou passagem à situação de disponibilidade
ou reserva.
É a heráldica que, por excelência, promove a tão importante, por compreensíveis
razões operacionais, noção corporativa do coletivo. Apesar de os militares enverga-
rem elementos que os dintinguem individualmente, muitas vezes representantes do
próprio esforço5, todos usam o escudo de peito da sua unidade.
Importa também referir que, apesar de a heráldica promover a uniformidade
interna, promove a distinção externa. Isto é, ao mesmo tempo que se alimenta um
sentimento de pertença entre os militares que pertencem à mesma U/E/O, ocorre

4
Poderá também ser-lhe atribuído escudo de braço, normalmente em maior uso em unidades operacionais. O escu-
do de braço permite identificar a U/E/O do militar caso este esteja a envergar material de guerra que se constitua,
por função, dissimulador do escudo de peito, nomeadamente o colete balístico.
5
Como é o caso das medalhas, dos emblemas de curso/especialidade/arma, ou mesmo das boinas das forças espe-
ciais (Paraquedistas, Comandos, Operações Especiais).

430
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

entre U/E/Os uma clara diferenciação iconográfica entre si, que acaba por se evi-
denciar plenamente em desfiles de forças em parada, visto que todas elas têm o seu
contingente identificado por estandarte heráldico, comummente designado “guião”.
Ou seja, não obstante da tradição militar da heráldica, há toda uma utilidade prá-
tica em seu torno, ainda que passe despercebida.

MISSÃO, HISTÓRIA E HERÁLDICA, QUE RELAÇÃO?

Para além de contribuir, como vimos, para o espírito de corpo do Exército, a


Heráldica consubstancia, na maioria dos casos, realidades não propriamente mate-
rializáveis: a Missão e a História.

A Missão

Relativamente à “Missão”, o propósito


essencial de qualquer U/E/O, há inúmeros
exemplos de armas que podiam ser enumera-
dos e analisados.
Optámos por escolher as armas do
Regimento de Apoio Militar de Emergência
(Fig. 1), cuja missão se caracteriza pela res-
posta a situações de catástrofes, em apoio
à Autoridade Nacional de Proteção Civil
(Armas do Regimento de Apoio Militar de
Emergência, Info n o 973, Proc. o 277.45/
SHM-DHCM, 2013, p. 2), e que tem sido
Figura 1 – Armas do Regimento de Apoio
determinante para o combate aos incêndios,
Militar de Emergência (SHerM-DHCM*, que têm assolado o país nos últimos anos,
2013). Ordenação: Cristóvão Fonseca não lhe tendo sido, apesar de tudo, feita
(Capitão); Iluminura: José Colaço. *Secção honra na comunicação social (ALVAREZ e
de Heráldica Militar – Direção de História e
GAUDÊNCIO, 2018). A unidade em ques-
Cultura Militar.
tão vem concretizar a resposta do Exército à
reforma estrutural “Defesa 2020” (Alínea b), Cap. III, Parte I, Anexo, Resolução do
Conselho de Ministros n.o 26/2013, 2013, p. 2286).
Conforme reportado pelo responsável pela ordenação das armas do RAME, no
respetivo processo, na sua criação “pretendeu dar-se ênfase à missão e à cooperação
com as autoridades civis ligadas à proteção civil”(Armas do Regimento de Apoio
Militar de Emergência, Info no 973, Proc.o 277.45/SHM-DHCM, 2013, p. 3), pelo
que o resultado central, depois largamente criticado, tendo em conta a doença infec-
ciosa homónima, foi um carbúnculo (PASTOUREAU, 1979, p. 323).
O carbúnculo é um elemento heráldico antigo, que se reporta a uma função ope-
racional de reforço interior e exterior de um escudo de madeira, com a aplicação

431
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

de elementos longitudinais metálicos, perpendiculares ao umbo (FOX-DAVIES,


1909, p. 291), evidente pelo menos desde finais da Idade do Ferro (700-0 a. C.), pas-
sando até ao período imperial romano (TRAVIS e TRAVIS, 2016, p. 19-23). Basta
observar-se um scutum romano para ver um carbúnculo. Aliás, o próprio labarum de
Constantino, que é uma sobreposição
das primeiras letras do nome de Cristo
(QUINSON, 1999, p. 179), o que é, em
termos de formato, se não um carbún-
culo? Ainda que, na maioria das vezes,
não metálico, por que não entender-se
como uma defesa espiritual, para mui-
tos de nós, hoje, supersticiosa?
As próprias armas de D. Afonso
Henriques e D. Sancho I poderão ter
tido como base de origem um car-
búnculo (ABRANTES, 1992, p. 29).
Acaba por constituir-se numa avalia-
ção bem menos romântica que a do
“Milagre de Ourique”.
Em suma, o carbúnculo do campo
do escudo das armas do RAME, sim-
boliza de uma forma clara “a capacida-
de de resposta, reforço e coordenação”
no apoio à Proteção Civil, bem como
a sua dispersão radial, em todas as
Figura 2 – Armas do Regimento de Artilharia nº direções, a “capacidade de ação” da
5 (FCGV-AHM*, 1993) Ordenação: Guerreiro unidade. Por sua vez, a fénix, como
Vicente (Coronel); Iluminura: José Colaço. timbre, apresenta-se como o resulta-
*Fundo Cor. Guerreiro Vicente – Arquivo do final da missão do regimento, até
Histórico Militar.
à qual e para a qual também contribui
– o renascimento da normalização do quotidiano das populações afetadas. (Armas
do Regimento de Apoio Militar de Emergência, Info no 973, Proc.o 277.45/SHM-
DHCM, 2013, p. 5.).

Feito o intento de colocar, numa imagem, mil palavras.

A Heráldica e a Preservação Iconográfica da História Militar

Nas armas das U/E/O, os elementos ordenados podem relacionar-se muitas vezes
com a História da própria entidade armigerada, surgindo casos em que se causa um
aparente desfasamento da realidade presente, designadamente a geográfica.

432
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

Um claro arquétipo é o Regimento de Artilharia nº 5, condecorado com a


Medalha de Valor Militar (Fig. 2), sediado hoje em Vendas Novas, mas cuja pala
endentada, a ouro, remete para a Ponte das Barcas, entre Vila Nova de Gaia e o
Porto, destruída pelas forças napoleónicas em 1809. O alerião, ao centro, remete
também para a vitória das forças portuguesas, instaladas na Serra do Pilar, sobre
os invasores. A artilharia assume representação de honra, pela granada do leão em
timbre.
Foram armas também alvo de alguma contestação, tendo mesmo surgido pedidos
para a sua alteração, reiterados, que por razões técnicas mereceram sempre – e bem
– o parecer negativo da Secção de Heráldica Militar e o consequente indeferimento
hierárquico.
Acontece que os fundamentos apresentados pelos reclamantes, verbais ou escri-
tos, eram completamente desprovidos de motivos técnicos, assentando fundamental-
mente em questões relativas de gosto.
Acresce ainda a componente técnica, pois vejamos que, dentro da rigidez do
enquadramento definido, a heráldica admite três razões básicas que podem justificar
a alteração de umas armas:
1. O desvio genealógico, quando a linha de sucessão é interrompida6.
2. A distinção ou degradação de um possuidor de Armas7.
3. A combinação de Armas - quando o possuidor de umas armas, por casamento,
aquisição ou pretensão a um novo domínio, quer assinalar nas suas armas o
estado recém-adquirido. É o caso dos monarcas espanhóis que, entre 1580 e
1640, incluíram um escudete das armas de Portugal, e o mantiveram como
Armas de pretensão até ao fim das Guerras da Restauração e do restabeleci-
mento da paz.
A alteração de quaisquer Armas em uso acarreta inconvenientes de vária ordem.
Nos aspetos:
Heráldico: as armas deixam de ser estáveis - característica essencial à definição
de armas - reduzindo significativamente o seu conteúdo simbólico e, consequente-
mente, o seu efeito sobre o espírito de corpo das diferentes U/E/O, já largamente
tratado, que deixam de encarar os seus próprios símbolos como elementos perenes
da sua identidade.
Burocrático: obriga à repetição formal de todo o processo de organização e pro-
mulgação das Armas que, à luz dos recursos digitais e humanos atualmente disponí-
veis, e previstos em Quadro Orgânico da DHCM, não é propriamente célere.
6
O caso, por exemplo, das Armas Reais portuguesas, logo desde D. Afonso III, que sucede ao irmão D. Sancho II,
e acrescenta a bordadura de castelos, referentes ao Condado de Bolonha, cujo título assumira por casamento, e por
conseguinte a heráldica, que o tornava simbolicamente mais próximo dos reis de França (ABRANTES, 1992, pp.
34–35).
7
Algo que acontece, por exemplo, com D. João III, por alvará de 20 de junho de 1539, ao conceder um acrescen-
tamento às armas de Pedro Anes do Canto, Provedor das Armadas dos Açores, por serviços prestados à Coroa, no
reinado de D. Manuel. É-lhe colocado um baluarte no chefe do escudo, pelo pronto socorro militar a uma praça de
Arzila (ZÚQUETE, 1987, pp. 135–136).

433
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

Económico: implica substituições


materiais, nomeadamente de estandar-
tes, flâmulas, escudos de peito e docu-
mentos armoriados.

No caso do Exército, poucas têm


sido as circunstâncias em que se pro-
cede a uma alteração de armas de uma
unidade, e a deslocalização geográfica
não pode, de todo, ser critério, visto
que, por razões operacionais, ou de
ordem económica, as U/E/O podem
mudar de local.
Não se quer dizer com isto, de uma
forma rígida, que em pouco ou nada
a heráldica militar pode estar asso-
ciada a um território. Deve estar até
quando a sua missão depende de cri-
térios geográficos, como é o caso do
extinto Distrito de Recrutamento e
Mobilização de Coimbra (Armorial
Figura 3 – Armas do Distrito de Recrutamento do Exército Português, 1996, pp.
e Mobilização de Coimbra (FCGV-AHM, 770–773) (Fig. 3). Surge-nos até um
1983). Ordenação: Guerreiro Vicente (Coronel); conjunto claro de semelhanças ico-
Iluminura: José Colaço.
nográficas com as armas da cidade
homónima, pelo timbre e pelos esmal-
tes (ALEXANDRE, 2013, pp. 55–56).

O mesmo se aplica aos pedidos de reformulação das armas do Regimento de


Transmissões (Armorial do Exército Português, 1996, pp. 409–413) (Fig. 4), por
questões não geográficas mas sim técnicas.
Na verdade, o uso da torre de Almenara, aberta e iluminada de vermelho8, tem
vindo a suscitar críticas, face à constante evolução dos sistemas de transmissões,
sendo este elemento um dos mais antigos da comunicação militar. Ora, estamos
perante mais um claro exemplo de preservação da História da unidade9, facto enten-
dido, por alguns, como pejorativo, quando na realidade deveria ser antes motiva-

8
A descrição “aberta e iluminada” reporta-se respetivamente à existência de uma porta (“aberta”) e de janelas ou
seteiras (“iluminada”), a que deve seguir-se o esmalte da abertura e iluminação. Portanto, quando a torre/castelo
tem a porta e/ou as janelas/seteiras de um determinado esmalte, diferente da do edifício retratado, descreve-se
obrigatoriamente “aberta(o) e/ou iluminada(o)”, neste caso, de vermelho. Caso o esmalte seja o mesmo do edifício,
nada se acrescenta.
9
Reforçado pela condecoração de Serviços Distintos, presente na iluminura de 2017 (Fig. 4).

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DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

dor de orgulho pela antiguidade e, por


conseguinte, importância da Arma de
Transmissões.
Para além de não fazer sentido, em ter-
mos heráldicos, a alteração das armas, até
porque nem a missão do Regimento de
Transmissões se alterou de fundo, imagi-
ne-se a constante alteração que seria, não
só destas mas de todo o armorial das uni-
dades de tipo operacional10, sempre que o
armamento ou equipamento se alterasse.
Mesmo em termos de unidades não
operacionais, surgem dúvidas análo-
gas que, embora sejam legítimas, cabe
à DHCM, através da sua Secção de
Heráldica Militar, providenciar o devido
esclarecimento técnico, dado que é a enti-
dade competente para o efeito. A título de
exemplo, no âmbito da reestruturação das
U/E/O do Exército, prevista no já citado
Figura 4 – Armas do Regimento de Transmis- Decreto-lei nº 186/2014, de 29 de dezem-
sões (SHerM-DHCM, 2017*). Ordenação:
Guerreiro Vicente (Coronel); Iluminura: José
bro (Lei Orgânica do Exército), surgem
Colaço. *Data da iluminura com a condecora- as extinções por fusão de certas unidades,
ção (Serviços Distintos). o que significa que, apesar de formalmen-
te deixarem de existir, as suas valências
incorporam-se noutro órgão análogo.
É o caso do que ocorre com os estabelecimentos de ensino militar, dependentes
da Direção de Educação, a saber, Colégio Militar, Instituto de Pupilos do Exército e
Instituto de Odivelas.
O Instituto de Odivelas é extinto no termo do ano letivo de 2014/2015, sendo
que as suas atribuições são integradas no Colégio Militar (Lei Orgânica do Exército,
2014, p. 6412).
Segundo a descrição simbólica das armas (Fig. 5), o tronco da oliveira, do campo
do escudo, “deriva de três raízes diferentes numa alusão aos três estabelecimentos
militares de ensino, cada um com as suas especificidades e os seus corpos docen-
tes e discentes” (Armas da Direção de Educação, Info no 940, Proc.o 250.25/SHM-
DHCM, 2011, p. 3).
Numa primeira observação, mais curiosa e menos esclarecida, a simbologia não
faz sentido em termos contemporâneos mas fá-lo, indubitavelmente, em termos his-
tóricos e técnicos.
10
Entenda-se como “unidade operacional” uma U/E/O cuja missão diária direta é o aprontamento de forças para o
combate.

435
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

Em termos históricos porque, nas


armas da Direção de Educação, manter-
se-á sempre uma referência iconográfi-
ca a uma unidade militar extinta, porém
de reconhecida importância, que ainda
assim se preserva, de certa forma, tam-
bém incorporada no Colégio Militar.
Em termos técnicos, de héraldi-
ca, porque, apesar de se ter alterado a
orgânica da sua cadeia hierárquica des-
cendente, não sofreu alterações no que
diz respeito à “Missão”. Acresce ainda
o facto de, ao proceder-se à escolha de
outro motivo para o campo do escudo,
cair-se-ia no erro de por em causa o
princípio da estabilidade, por volatiliza-
ção dos símbolos.
Figura 5 – Armas da Direção de Educação Retirar então uma raiz da oliveira é
(SHerM-DHCM, 2011). Ordenação: Cristóvão
Fonseca (Capitão); Iluminura: José Colaço. que nem seria possível discutir, dado
que questionaria veementemente as
regras de proporção e estilização.
Quando, então, e por que motivo,
faz então sentido alterar as armas de
uma U/E/O?
Cingir-nos-emos a explorar um
exemplo, sucintamente.
Antes de mais, refiramos e reforce-
mos que o critério principal da Secção
de Heráldica Militar da DHCM tem
sido por regra a alteração de fundo na
missão da U/E/O, que implique sem-
pre uma reorientação rígida das suas
linhas orientadoras e, por conseguinte,
da heráldica.
Não se caia no erro de confundir a
extinção de uma U/E/O, e a criação de
uma nova no seu aquartelamento, com a
alteração de armas.
Foi o caso, por exemplo, da Escola
Figura 6 – Armas do Depósito Geral de Material Prática de Infantaria, no Convento de
do Exército (SHerM-DHCM, 2002) Ordenação:
Pedroso da Silva (Tenente-coronel); Iluminura:
Mafra, que, uma vez extinta, deu lugar
José Colaço. à Escola das Armas, a qual foi armige-

436
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

rada, não herdando11 nenhuma da simbolo-


gia da antiga EPI (Artº 30º, Lei Orgânica do
Exército, 2014, p. 6411).
O caso prático que aqui fazemos questão
de trazer, por vária ordem de razões, trata-se
do acrescento de missão, e de outras U/E/O
inclusive, de que foi alvo o Depósito Geral
de Material do Exército12 (Fig. 6), que resul-
tou na criação de uma nova denominação e
de novas armas. A Unidade de Apoio Geral
de Material do Exército (Fig. 7), cuja herál-
dica mantém semelhanças com a antecesso-
ra, nomeadamente no timbre, o flamingo13,
bem como na aspa14 do campo do escudo.
Os cinco cadeados, são substituídos por
um só, pictoricamente diferente, ao centro,
rodeado por uma roda dentada, que reúne
quatro correntes, sobrepostas aos braços da
Figura 7 – Armas da Unidade de Apoio Geral
de Material do Exército (SHerM-DHCM, aspa . Tratou-se de uma alteração justifica-
15

2017). Ordenação: Cristóvão Fonseca (Capi- da, que acabou por não ser de fundo, dado
tão); Iluminura: José Colaço. que se alterou a missão da unidade não por
diminuição de responsabilidades e áreas de
ação, mas sim por acrescento . Pode comparar-se, de certo modo, a uma nova com-
16

posição heráldica por união de famílias, com uma subtileza:


é que as armas do Exército são sempre plenas (Regulamento de Heráldica do
Exército, 1987, p. 1171), e por isso o iluminador viu-se, por lei, obrigado a cingir-se

11
Está previsto as U/E/O criadas poderem herdar, por despacho do General CEME, tradições de U/E/O extintas ou
incorporadas.
12

13
Que apresenta diferenças de representação, não obstante de o iluminador ser o mesmo.
14
Uma alusão a D. Luís António de Melo, Duque de Cadaval, que em 1699 mandou comprar, por Decreto Real, a
quinta de Beirolas, para edificar os Armazéns da Pólvora.
15
As armas mantiveram-se visualmente apelativas, apesar da sobreposição de mais do que um elemento à aspa.
Algumas dúvidas foram levantadas pela comunicação “Heráldica Militar – Continuidades e Descontinuidades”,
pelo Tenente-coronel Pedroso da Silva, no IV Congresso Internacional de Heráldica Militar (23-24 de Novembro
de 2017), no entanto, basta proceder-se a um teste visual para perceber que as correntes, a roda dentada e o cadeado
se perdem à distância, pela sua curta dimensão, e não sobressaem demasiado a curta distância, pelo mesmo motivo,
permanecendo perfeitamente distinguível e destacável o vermelho da aspa.
16
A UAGME passa não só a “rececionar, armazenar, manter e fornecer os abastecimentos necessários para equipar
e permitir a sustentação do Exército”, como já era missão do DGME, mas também assegurar reunião, classificação,
desmantelamento e inclusive fabrico de diversos materiais” (Artº 67º, Decreto Regulamentar no 11/2015, de 31 de
julho, 2015, p. 5255). O respetivo Quadro Orgânico da unidade identifica todas as valências acrescidas, inclusive
as resultantes da fusão de outras U/E/O a esta nova (Quadro Orgânico 07.03.04 da Unidade de Apoio Geral de
Material do Exército, 2015).

437
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

à composição de uma realidade complexa unicamente através da diversificação de


elementos sem recorrer a partições do escudo. Garantidamente que não foi tarefa
fácil.
Não há, de forma alguma, uma desvalorização da ordenação anterior perante
esta. Não foi um ato de damnatio memoriae. Houve apenas uma modificação e uma
consequente necessidade de alteração da linguagem iconográfica, para conferir à
imagem um sentido o mais aproximado possível da nova realidade, sem comprome-
ter ambas, que estão excelentemente ordenadas e, sobretudo, iluminadas.
A História Militar, para o presente e para o legado, aqui se materializa e, por con-
seguinte, se preserva – na heráldica.
Dar-se-lhe-á, novamente, o devido valor, um dia.

438
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Monografias

ABRANTES, MARQUÊS DE - Introdução ao Estudo da Heráldica. 1a ed. Lisboa:


Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1992. ISBN 0871-5203.
Armorial do Exército Português - Lisboa: Ministério da Defesa Nacional /
DDHM, 1996. ISBN 972-8347-00-6.
FOX-DAVIES, Arthur Charles - A Complete Guide to Heraldry. New York:
Dodge Pub. Co., 1909. ISBN 0-517-26643-1.
GALBREATH, D. L.; JÉQUIER, Léon - Manuel du Blason. Lausanne: SPES,
1977. ISBN 2-602-00042-6.
PASTOUREAU, Michel - Traité d’Heraldique. Paris: Picard, 1979. ISBN 2-7084-
0036-33.
QUINSON, Marie-Therese - Dicionário cultural do Cristianismo. São Paulo:
Edicões Loyola, 1999. ISBN 978-85-15-01330-2.
TRAVIS, Hillary; TRAVIS, John - Roman Shields. Gloucestershire: Amberley
Publishing, 2016. ISBN 978-1-4456-5523-9.
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins - Armorial Lusitano. 3a ed. Lisboa:
Editorial Enciclopédia, 1987

Teses

ALEXANDRE, Paulo Jorge Morais - A Heráldica do Exército na República


Portuguesa no século XX. Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra, 2009. Tese de Doutoramento.

Publicações Periódicas

ALEXANDRE, Paulo Jorge Morais - O Gabinete de Heráldica do Exército e a


Heráldica Associativa. O Timbre. Lisboa: Academia Lusitana de Heráldica.
ISSN 2182-8318. 1 (2013) 51–58.
ALVAREZ, Luciano; GAUDÊNCIO, Rui - Os homens que cumpriram a sua mis-
são e foram ignorados. Público. [Em linha] (18 jun. 2018). [Consult. 6 out. 2018].
Disponível em WWW:<URL:https://www.publico.pt/2018/06/18/politica/repor-
tagem/os-homens-que-cumpriram-a-sua-missao-e-foram-ignorados-1834137>.

Processos Militares do Exército17

Armas da Direção de Educação, Informação n.º 940 RHHM-DHCM, Proc.o


250.25 (Secção de Heráldica Militar) - 2011.
17
Documentos classificados, disponíveis à consulta por requerimento.

439
DIOGO TEIXEIRA DIAS
A PRESERVAÇÃO ICONOGRÁFICA DA HISTÓRIA MILITAR – A HERÁLDICA COMO MEIO

Armas do Regimento de Apoio Militar de Emergência, Informação n.º 973


RHHM-DHCM, Proc.o 277.45 (Secção de Heráldica Militar) - 2013.
Quadro Orgânico 07.03.04 da Unidade de Apoio Geral de Material do Exército -
2015.

Documentos Legislativos

Decreto Regulamentar nº 11/2015. D.R. I Série. 148 (31 de julho de 2015) 5237-
5259.
Decreto-Lei n.º 186/2014 (Lei Orgânica do Exército), D. R. I Série. 250 (29 de
dezembro de 2014) 6406-6413.
Portaria nº 213/1987 (Regulamento de Heráldica do Exército) D.R. I Série. 69 (24
de março de 1987) 1170-1173.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 26/2013. D.R., I Série. 77 (19 de abril de
2013) 2285-2289.

440
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN
DE CATALUNYA (1810-14): EL NOTARIO ANTONIO UBACH EN 1815

GERARD MARÍ I BRULL


Universitat de Barcelona
gerardmaribrull@ub.edu

Resumen: El período de la Guerra de la Independencia, entre 1808 y 1814, es espe-


cialmente complejo. Por el Tratado de Fontainebleau (1087), el ejército francés
entra en la Península Ibérica para ocupar Portugal. En 1808 se producen las abdica-
ciones de Bayona, la proclamación de José Bonaparte y se inicia una guerra hasta
1814, con la abdicación de Napoleón.
En Cataluña, en ese período, se dan una pluralidad de fidelidades: a los Borbones
españoles, Carlos IV y Fernando VII; al rey José I, hermano de Napoleón y rey de
España; al propio Emperador, quien dirige a los jefes militares franceses y crea en
Cataluña un gobierno y una estructura administrativa no vinculada a José I.
Este trabajo pretende mostrar cómo el Gouvernement Général de la Catalogne
o Govern de Catalunya modifica entre 1812 y 1814 la Heráldica del estado y de la
administración civil para difundir la imagen del nuevo poder y la realidad del nuevo
orden político.
Adopta las formas propias de la Heráldica Imperial francesa para las nuevas
estructuras administrativas (Départements, Subpréfectures, Mairies) originadas en un
decreto de Napoleón de 26 de enero de 1812. También pretende mostrar hasta qué
punto esa heráldica de las estructuras institucionales modificaron la heráldica cívica o
la de otras instituciones (públicas o privadas, eclesiásticas, culturales…) o la heráldi-
ca gentilicia, o si conservaron las formas tradicionales, a modo de resistencia.
A través de los libros de protocolos de algunos notarios de Barcelona, pero
especialmente del notario Antonio Ubach, se pretende mostrar cómo esa nueva
heráldica entró en la institución notarial y qué sucedió una vez desaparecido el
poder napoleónico, con la Real Cédula de 1815 para su eliminación. Vemos así el
fenómeno de la destrucción deliberada de emblemas heráldicos, cuando el men-
saje que transmite un escudo pasa a ser ignorado, despreciado o combatido por
un grupo humano que por motivos ideológicos se opone a los valores que eran
válidos hasta ese momento.

441
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

Palabras clave: Heráldica de Estado; Guerra de la Independencia; notariado; des-


trucción de emblemas heráldicos.

Abstract: The War of Independence period, between 1808 and 1814, is especially
complex. By the Treaty of Fontainebleau (1087), the French army enters the Iberian
Peninsula to occupy Portugal. In 1808 took place the abdications of Bayonne and
Joseph Bonaparte’s proclamation and a war began until 1814, with Napoleon’s abdi-
cation.
In Catalonia in that period there is a plurality of loyalties: to the Spanish
Bourbons, Carlos IV and Fernando VII; to King Joseph I, Napoleon’s brother and
king of Spain; to the Emperor himself, who directs the French military leaders and
creates a government and an administrative structure in Catalonia not linked to
Joseph I.
This paper aims to show how the Gouvernement Général de la Catalogne or
Govern de Catalunya modifies between 1812 and 1814 the state and the civil admin-
istration Heraldry in order to spread the image of the new power and the reality of
the new political order.
It adopts the forms of the French Imperial Heraldry for new administrative struc-
tures (Départements, Subpréfectures, Mairies) originated by a Napoleon´s decree of
January 26th 1812. It also aims to show to what extent this institutional structures
heraldry modified the civic heraldry or the one of other institutions (public or pri-
vate, ecclesiastical, cultural ...) or the gentilic heraldic, or if the traditional forms
were preserved, by way of resistance.
Through the protocol books of some Barcelona notaries, but especially of the
notary Antonio Ubach, we intend to show how this new heraldry entered the notarial
institution and what happened once the Napoleonic power disappeared, eliminated
by the Real Cédula of 1815. Thus we see the phenomenon of heraldic emblems
deliberate destruction when the message transmited by a coat of arms is ignored,
despised or opposed by a human group that for ideological reasons opposes the val-
ues that were valid up to that moment.

Keywords: State Heraldry; War of Independence; notaries; heraldic emblems


destruction.

442
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

Las armerías son un sistema organizado de comunicación no lingüística1 que nació


con la intención de ser mostrado a los demás y de comunicar de forma clara e inequí-
voca un mensaje concreto, la comprensión del cual era asequible a todos por el hecho
que los emblemas heráldicos pertenecían a un repertorio iconográfico de uso común2.
Fueron y son usados como una forma de propaganda personal y dinástica3, pero tam-
bién política, puesto que un poder político intenta ser reconocido, identificado y si es
posible apreciado a través de un sistema de signos y emblemas visuales4. Son algo
vivo históricamente, que se desarrolla y evoluciona de manera flexible5, en un cambio
continuo que no es otra cosa que una constante adaptación a les circunstancias cam-
biantes de la sociedad, a las situaciones nuevas que se van produciendo6.
En cuanto a elemento de propaganda y representación política, en evolución y
adaptación a los cambios políticos, están sujetas también a las consecuencias de los
cambios, cuando el mensaje y significados que comunicaban pasan a ser ignorados,
despreciados o directamente combatidos por la sociedad donde se desarrollaban o al
menos por un grupo humano específico que por motivos ideológicos es contrario a
los conceptos que aquellos representaban. Cuando un escudo pasa a ser un símbolo
de aquello que el grupo combate, se convierte en víctima de esa lucha política e
ideológica: la batalla de los símbolos es, antes que nada, una batalla política7.
Este es el objetivo de esta comunicación, sobre la creación, uso y destrucción de
emblemas heráldicos en un período convulso para toda la Península Ibérica, en el
momento de las Guerras Napoleónicas, con la creación de un Govern de Catalunya,
manifestado sobre la documentación notarial. Ciertamente, la heráldica representada
sobre documentación tiene un alcance restringido, puesto que su impacto está condicio-
nado por limitaciones de circulación, visibilidad y conservación, diferente del alcance
que tienen las manifestaciones líticas8. Pero el tema de la destrucción, borrado o can-
celación de emblemas heráldicos9, característico de soportes duros y espacios públicos,
1
MOUNIN, G. - Introducción a la semiologia. Cap. El Blasón. París: 1970. pp. 119-133.
2
FE D’OSTIANI, B. - Araldica astigiana. Metodologia di ricerca e studio delle fonti. In L’identità genealogica e
araldica. Fonti, metodologie, interdisciplinarietà, prospettive. Atti del XXIII Congresso internazionale di scienze
genealogica e araldica. Torino, 1998. Roma: 2000, p. 816.
3
SEIXAS, Miguel Metelo de - Art et héraldique au service de la réprésentation du pouvoir sous Jean II de Portugal
(1481-1495). In FERRARI, Matteo (coord.) - L’arme segreta. Araldica e Storia dell’Arte nel Medioevo (secoli XIII-
XV). Firenze: Le Lettere, 2015. p. 308.
4
AGULHON, Maurice – Histoire vagabonde, I. Ethnologie et politique dans la France contemporaine. Paris: Éd.
Gallimard, 1988. pp. 284-285.
5
GARCIA GARRIDO, S. - El diseño heráldico como lenguaje visual. Heráldica nobiliaria de la Ciudad de Ronda.
Málaga: 1998. p. 58.
6
ZUG TUCCI, H. - “Un linguaggio feudale: l’araldica”. In EINAUDI, G. (ed.) - Storia d’Italia. Annali. 1. Torino:
1978. p. 855.
7
CAFFIERO, Marina - La Repubblica nella città del Papa. Roma: 1798. Roma, 2005. p. 62.
8
SEIXAS, Miguel Metelo de: “Art et héraldique au service de la réprésentation du pouvoir sous Jean II de Portugal
(1481-1495)”, en FERRARI, Matteo (coord.): L’arme segreta. Araldica e Storia dell’Arte nel Medioevo (secoli
XIII-XV), Firenze, Le Lettere, 2015, pp. 295-296.
9
MARÍ BRULL, Gerard – “La destrucción de emblemas heráldicos por motivos ideológicos: revoluciones de los

443
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

se da también en la documentación, lo cual en su conjunto viene a crear el concepto de


palimpsestos heráldicos, en terminología del profesor Miguel Metelo de Seixas10.

CRONOLOGÍA

• En octubre de 1807, por el Tratado de Fontainebleau, se autoriza la entrada de


tropas francesas para iniciar la conquista de Portugal.
• En febrero de 1808 entran en Cataluña dos regimientos franceses y uno de arti-
llería italiana y napolitana; Cataluña queda bajo el control del ejército francés,
sin cambios en su estructura político-administrativa. En mayo se producen las
abdicaciones de Bayona, que llevan a la proclamación de José I como rey de
España en junio.
• En febrero de 1810 Napoleón emite un decreto creando gobiernos militares
en Cataluña, Aragón, Navarra y Vizcaya, ajenos a la soberanía de José I. El
general Augereau es nombrado Gobernador General de Cataluña y da inicio al
Govern de Catalunya.
• Entre enero y febrero de 1812 se crea un nuevo sistema de organización civil
calcado del francés: dos Intendencias divididas en cuatro Departamentos diri-
gidos por un Prefecto, organizados en Sub-prefecturas. Los municipios se orga-
nizan en Mairies. Esta estructura se desarrolló en los territorios bajo control
francés, puesto que amplias zonas estaban dominadas por guerrillas y por la
Junta Superior de Cataluña, de manera que los vaivenes militares interferían en
la aplicación o no de esta división territorial.
• En marzo de 1813 se produce una simplificación de la administración civil, con
un único intendente. Los resultados militares son negativos para los franceses y
llevan al colapso de los gobiernos napoleónicos en España.
• En 1814 se desintegra la administración civil napoleónica, el ejército francés
se retira de casi toda Cataluña; en abril abdica Napoleón y se abandonan las
últimas poblaciones bajo su control: Barcelona, Tortosa, Figueras y Hostalric.
Fernando VII inicia su reinado efectivo.

LAS FUENTES: LIBROS NOTARIALES Y PAPEL SELLADO

El notario Antonio Ubach y Clarís, domiciliado “en los estudios del despacho del
infrascrito escribano que se hallan en la calle d’en Jupí”, ejerció como notario públi-
co colegiado de número en Barcelona entre febrero de 1807 y octubre de 1834, lo
que le hizo vivir en activo episodios como la Guerra de la Independencia, el retorno

siglos XVIII-XIX en Europa y México”. In GARRITZ, Amaya; SANCHIZ, Javier Ruiz (coords.) - Genealogía,
heráldica y documentación. Ciudad de México, UNAM-IIH, 2014. pp. 283-306.
10
Así aparece en el título de la conferencia dada en el Centre d’Accueil et des Recherches des Arxives Nationales
(CARAN), el 18 de enero del presente año 2018: Palimpsestes heráldiques post coloniaux: éfacement et réécriture
des armoiries royales de Portugal et impérials du Brésil à Bahia, XIXe-XXe siècle.

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GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

de Fernando VII, el Trienio Liberal de 1820-1823, el retorno del absolutismo con la


expedición de los cien mil hijos de San Luis, la muerte de Fernando VII en 1833 y
los inicios de la primera Guerra Carlista.
Su primer volumen, el Primum manuale instrumentorum, empieza con un docu-
mento del 25 de febrero de 180711 y acaba con dos documentos del 2412 y del 2313 de
diciembre de 1807 (por ese orden). El último volumen, el Manuale quinquagesimo
nono, secunde partis, anni millessimi ostingentessimi trigessimi quarti, corresponde
al año 1834 y se inicia con un texto fechado el 25 de junio14 y acaba con uno del 18
de octubre15.
Se trata en total de 28 años contenidos en 59 libros (algunos años se dividen en
2, 3 e incluso 4 volúmenes). Para nuestro periodo cronológico estricto de la Guerra
de Independencia hasta 1814 interesan sólo del volumen 2 (año 1808) al 10-11 (año
1814).
Estos volúmenes están formados por pliegos de Papel Sellado, un sistema apro-
bado el 1632 por las Cortes de Castilla como regalía real y desarrollado en 1636 con
la Real Pragmática de Felipe IV, con inicio efectivo en enero de 1637. Su intención
era mejorar la fiabilidad de las escrituras públicas y contribuir con los gastos de la
monarquía. Para disuadir a los falsificadores, su vigencia se estableció en sólo un
año16. Se trataba de un nuevo impuesto permanente que obligaba al uso de papel
impreso y sellado emitido por la Corona para la redacción de determinadas escri-
turas públicas, instrumentos y despachos; se determinó una escala tributaria según
la valoración económica de los negocios a escriturar, basada en cuatro clases de
sellos: mayor o primero, segundo, tercero y cuarto, de ilustres, de oficio y de pobres.
Con varias disposiciones posteriores se fue extendiendo este impuesto a nuevos
territorios y nuevos negocios jurídicos: en 1638 a Ultramar; en 1707 a los reinos
de Valencia y Aragón; en 1714 a Cataluña; en 1744 a los Libros de Acuerdos de
Ayuntamientos, Cofradías y otras instituciones. A partir de 1861 se inició una trans-
formación de este tributo en “derecho de timbre”, creado definitivamente con una
Ley de 31 de diciembre de 188117.
El Papel Sellado lleva en su encabezamiento la impresión de un sello con el
escudo de las armas reales y el nombre y títulos del monarca, acompañado a su

11
1203/1, 1r-2v, 1807 febrero 25. Mateo Lugan, residente en Barcelona, nombra procurador.
1203/1. 157v-158r, 1807 diciembre 24. Debitorio de Felipe Genaro Mazetti, de Rodio, obispado de Como, en el
12

Alto Tessino.
13
1203/1, 158v, 1807 diciembre 23. Acta de la entrega al notario del testamento del reverendo padre Juan Yzard.
14
1203/59, f. 1r-v, 1834 junio 25. José Fillol y Torrentó, vecino de Barcelona, como a procurador de Salvador San-
joan y Cía., nombra substituto de procurador a Ramón Rubí, vecino de Granollers.
15
1203/59, f. 212r, 1834 octubre 12. José Ponts presenta una letra de cambio.
16
ARTOLA, Miguel – La Hacienda del Antiguo Régimen. Madrid: Alianza Editorial, 1982. p. 104-105.
17
TAMAYO, Alberto – Archivística, Diplomática y Sigilografía. Madrid: Ediciones Cátedra, 1996. p. 113-114, nota
75.

445
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

derecha de una pequeña cruz18 y unos breves textos también impresos, especificando
el tipo de sello, su valor y el año de vigencia19.

EVOLUCIÓN DEL SELLO: 1807-1014

Partimos del volumen primero (1203/1, 158 folios), con documentación del año
1807, como consta en su primera página: In Dei nomine et Beate Virginis Marie de
Queralt, hic est primus Manuale instrumentorum hoc anno millesimo octingente-
simo septimo recipiendorum apud me, Antonium Ubach et Claris, notarium publi-
cum e numero Barchinone... En su totalidad20 usa papel del sello quarto de Carlos
IV para 1807, con la leyenda CAROLVS·IV·D·G·HISPANIARUM REX·, con un
escudo ovalado, cuartelado de Castilla y León, entado en punta de Granada y un
escusón con tres flores de lis, acompañado del Collar del Toisón de oro, encartucha-
do, con dos ramos de laurel colgantes y timbrado de corona real.

El volumen siguiente Manuale secundum instrumentorum… (1203/2, 251 folios)


sigue con esa misma emblemática para el reinado de Carlos IV, cambiando al año en
curso, es decir, 1808. Pero entre el 3021 y el 3122 de marzo de ese año, al folio 105r,
encontramos por primera vez una alteración: una nota manuscrita del notario, modi-
ficando la validez original del papel del sello quarto de Carlos IV para adaptarlo a
Fernando VII: Valga para el reynado de su M. el Sor. Dn. Fernando septimo.
18
NARANJO MUÑOZ, Eladio – La cruz en el papel sellado. [Em linha] [Acedido a 29 de setembre de 2018] Dis-
ponível na internet: http://www.filateliadigital.com/la-cruz-en-el-papel-sellado/
19
MIRAVALLES, Covadonga – El papel sellado. [Em linha] [Acedido a 2 de agosto de 2018] Disponível na inter-
net: http://miravallesrestaura.blogspot.com/2011/09/el-papel-sellado.html
20
Consta de un folio añadido al final, papel del sello de Fernando VII de 1816, para la firma del “Señor Don Joa-
quín López de Olivas, del Consejo de Su Majestad, su oidor en la Real Audiencia y juez de la actual visita, que
comprende los doce años últimos”, anotación con fecha del 27 de mayo de 1816.
21
1203/2, f. 104r-105r, 1808 marzo 30. Juan Renato Rondén, vecino de Barcelona, como a procurador de Buena-
ventura Rocamora, labrador de Vallmoll, nombra sustituto de procurador a Juan Armengol, vecino de Barcelona.
22
1203/2, f. 105r-v, 1808 marzo 31. Ramon Sulroca y Cía., vecino de Barcelona, hace presentación de una letra de
cambio. Esta nota manuscrita se repite al folio 106r: 1203/2, f. 106r-107r, 1808 abril 4. Gebhardt y Cía., comercian-
tes, hacen procurador a Hans Staal Hagen, comerciante de la Ciudad de Copenhage.

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LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

Muy pocos días después, el 5 de abril23, encontramos esa misma nota, pero
impresa debajo del sello de Carlos IV: VALGA PARA EL REYNADO DE S. M. EL
Sr. D. FERNANDO VII (rúbrica), con el mismo escudo de Carlos IV, cuartelado de
Castilla y León, entado en punta de Granada y escusón con tres flores de lis.

En estas fechas, estamos con posterioridad a la abdicación de Carlos IV a favor


de su hijo Fernando VII ocurrida el 19 de marzo, tras el Motín de Aranjuez contra el
secretario de estado Manuel Godoy. A partir de aquí se inicia una compleja cronolo-
gía de hechos, de manera que el 21 de marzo Carlos IV protestó por su abdicación
forzada, el 5 de mayo cedió sus derechos al trono en favor de Napoleón y el 6 de
mayo Fernando VII abdicó nuevamente en favor de su padre Carlos IV. Con el “gro-
tesco traslado de la corona de una a otra cabeza” se puede decir que habría habido
cuatro reyes en 48 horas24.

23
1203/2, f. 108r-109v, 1808 abril 5. Pablo Casamitjana, de Barcelona, procurador de Salvador Lletjós, también de
Barcelona, nombra sustitutos de procurador a Narciso Pou y Narciso Renaut, de Gerona.
24
ARTOLA, Miguel – La Hacienda del siglo XIX. Progresistas y moderados. Madrid: Alianza Universidad, 1986.
P., 27.

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De resultas de estas renuncias, apenas un mes y medio después se produce una


nueva modificación en un documento fechado el 21 de mayo25, añadiendo una nueva
habilitación: VALGA POR EL GOBIERNO DEL LUGAR-TENIENTE GENERAL
DEL REYNO. Así, desde este momento hasta el final del volumen tenemos el papel
sellado original de Carlos IV de 1808 con dos añadidos impresos.

El Lugarteniente del Reino es Joaquím Murat, mariscal, Gran Duque de


Berg, gobernador de Madrid. El 4 de mayo fue designado por Carlos IV como
Lugarteniente General del Reino y presidente de la Junta Suprema de Gobierno, una
día antes de la cesión a favor de Napoleón.
La siguiente modificación se produce al año siguiente, 1809, en el Manuale ter-
tium instrumentorum... (1203/3, 216 folios), desde su folio inicial. Si bien la docu-
mentación que contiene el volumen corresponde al año 1809, lo que se usa es papel
de Carlos IV para 1808, con las dos habilitaciones anteriores “Valga para el reyna-
do de su magestad el señor don Fernando septimo” y “Valga por el Gobierno del
Lugar-teniente General del Reyno”, a los cuales se añade una tercera habilitación
para el año en curso 1809 con la frase impresa: VALGA PARA EL AÑO DE MIL
OCHOCIENTOS NUEVE (rúbrica), de manera que nos encontramos ahora con
papel sellado de Carlos IV más tres añadidos, donde la referencia al Lugar-teniente
General sigue siendo la políticamente válida:

25
1203/2, f. 145r-v, 1808 mayo 21. Maria Teresa Matabosch y Domènech, mujer de Narcís Matabosch Mitjén, de
Mataró, reconoce haber recibido de Maria Teresa Domènech, viuda de Ysidro Domènech de Tortellà, y de Ysidro
Domènech, su madre y hermano, 1.500 libras como legítima paterna y materna.

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Todo este volumen, sigue íntegramente este formato desde su primer documento
fechado el 5 de enero26 de 1809 hasta el último del 21 de diciembre27 del mismo año.
El volumen siguiente, de 1810, el Manuale quartum instrumentorum.... (1203/4,
475 folios), contiene diversas características particulares desde el primer folio. En
primer lugar, este volumen, conteniendo documentos de 1810, utiliza exclusivamen-
te papel sellado de Carlos IV del año 1807 (tres años antes) desde el inicio hasta el
folio 218v; en cambio, a partir del folio 219r (documento de 5 de julio de 181028)
alterna con papel de 180829 (dos años antes).
Hay algunos casos particulares interpolados, en que no corresponde el sello o la
fecha:
a. Testamento de Jaime Llongueras, notario real y causídico, ciudadano de
Barcelona, de 11 de abril de 1809; papel sellado de Carlos IV, de 1808, con
las tres habilitaciones de Fernando VII, del Lugarteniente y de 1809 (folios
71r-74v)
b. Antón Arbós, sastre de Barcelona, vende a Gabriel Molins, payés de la parro-
quia de Sant Andreu del Palomar, una casa en la calle de Sant Andreu, fechado
en Badalona el 3 de diciembre de 1810; papel sellado de Fernando VII para
1810 (folios 414r-417v)

Este uso combinado de papel sellado de 1807 y 1808 para el año 1810 no tiene
en sí mucha transcendencia, pero sí la tienen las habilitaciones con que se da vali-

26
1203/3, f. 1r-v, 1809 enero 5. Don Pedro Fábregas y Marimón, vecino de Barcelona, presenta una letra de cambio.
1202/3, f. 215r-216r, 1809 diciembre 21. Ignàsia Tamarit y Rius, mujer de Benet Tamarit, pintador de indianas de
27

Barcelona, hace ápoca de 75 libras al Sr. Miquel Morató y Alsina, también ciudadano de Barcelona.
28
1203/4, f. 219r. 1810, julio, 5. Bárbara Ramis, de Bárbara Ramis y Sobrinos, nombra procurador a Salvador Llon-
gueras, practicante de causídico residente en Tarragona (folios 219r-220r)
29
Así pues, es papel de 1807 del folio 1 al 218, más los folios 221-224, 231-232, 245-248, 253-256, 259-260, 263-
282, 287-290, 293-294, 329-383, 394-413, 418-419, 430-431 y 468-469, de manera que el resto es de 1808.

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dez anual al papel. Así, desde el 29 de diciembre de 180930, los textos escritos con
papel sellado de Carlos IV de 1807, llevan impresa una sola nota: VALGA PARA
EL REYNADO DE S. M. EL Sr. D. JOSEF NAPOLEON I. AÑO DE 1810.

El papel de 1808, en cambio, sigue llevando las tres validaciones Valga para el
reynado de S.M. el Sr. D. Fernando VII, Valga por el gobierno del Lugar-teniente
General del Reyno y Valga para el año de mil ochocientos nueve.

Esta habilitación para José Napoleón es válida hasta el 14 de junio31, puesto que
al día siguiente, 15 de junio, se añade una nueva habilitación: dos sellos, uno a
tinta y otro en seco, del GOVERN DE CATALUNYA32 (en febrero, Napoleón decre-
tó la creación de gobiernos militares específicos para Cataluña, Aragón, Navarra y
Vizcaya), indiferentemente de que ya no lleve (folio 163r33) o siga llevando (folio
165r34) la anotación de Josef Napoleón I:

30
1203/4, f. 1r-2r, 1809 diciembre 29. Testamento de Jaume Sabadell, habitante de Barcelona.
31
1203/4, f. 160r-161r, 1810 junio 14. Gertrudis Mayol y Vaixeras, viuda de Joseph Mayol, passamaner de Barce-
lona, toma posesión de la casa de su difunto marido en la calle Sant Ramon.
32
La existencia de “Timbres franceses emitidos en Cataluña” ya es conocida, aunque no estudiada en detalle:
PARDO CAMACHO, Ricardo - El papel timbrado en España 1637-2009. [Em linha]. [Acedido a 29 de setembre
de 2018] Disponível na internet: http://www.aulamilitar.com/timbrologia.pdf
33
1203/4, f. 163r-164r, 1810 junio 15. Joan Elias y Bosch, notario público de Barcelona, nombra administrador de
sus bienes a Eudald Rovira y Elias, su sobrino, también notario público de Barcelona.
34
1203/4, f. 165r-v, 1810 junio 15. Theresa Vilarem y Arolas, soltera, de Barcelona, reconoce haber recibido de
Manuel Alsina y Martí, notario público de Barcelona, 2.100 pesos en vales reales.

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Se trata de un sello circular, heráldico, consistente en un partido: un águila de


sable aferrando un rayo entre sus garras, acompañada al pie de la inscripción “3
Rs.”, partido de oro, cuatro palos de gules35. Los esmaltes se pueden entender del
rayado vertical para los palos y los puntos para el campo. El sello en seco es más
complejo36: escudo francés, de azur (se deduce del rayado horizontal) un águila afe-
rrando un rayo, timbrado de un yelmo de frente, abierto, con el Collar de la Legión
de Honor, acompañado de dos cañones, con el cetro y la mano de justicia acolados
en aspa, todo bajo un manto.

35
1203/4, al f. 219r. (219r-220r) 1810, julio, 5. Bárbara Ramis, de Bárbara Ramis y Sobrinos, nombra procurador a
Salvador Llongueras, practicante de causídico residente en Tarragona (folios 219r-220r)
36
1203/8, al f. 161v. (161r-163r) 1812 abril 18. Testamento de Jaume Guimerà, comerciante de Barcelona.

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LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

Por lo que respecta al papel sellado de 1808, con las tres habilitaciones y que se
encuentra a partir del folio 219r37, simplemente se le añaden los dos sellos, con lo
que pasan a tener cuatro habilitaciones:

En este cambio vemos que se cumplen las funciones elementales38 de un emble-


ma político en tanto que emblemática de estado: identifica el poder político de quien
emana y lo distingue del poder anterior abolido; muestra claramente los principios
de donde procede el poder, en este caso la autoridad política de Napoleón; es com-
prensible para un público que no sepa leer, conocido por todos en ese momento;
finalmente, tendría que producir un efecto favorable en el público a quien va dirigi-
do, aunque en este aspecto los adeptos pare fueron escasos.
37
1203/4, f. 219r-220r. 1810, julio, 5. Bárbara Ramis, de Bárbara Ramis y Sobrinos, nombra procurador a Salvador
Llongueras, practicante de causídico residente en Tarragona.
38
AGULHON, Maurice – Histoire vagabonde, I. Ethnologie et politique dans la France contemporaine. Paris: Éd.
Gallimard, 1988. p. 284. RICHARD, Bernard – Les emblemes de la République. Paris: CNRS Éditions, 2012. p. 20.

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La introducción de esta nueva emblemática coincide con otras modificaciones.


En primer lugar, entre el último documento con habilitación de Josef Napoleón I (f.
160r-161r) y el primero con los dos sellos del Govern de Catalunya (f. 163r-164r),
se dejaron tres páginas en blanco (folios 161v y 162r-v) como transición para iniciar
el siguiente texto con la nueva validación. Además, a partir de ese folio 163r los
documentos ya no van seguidos uno tras otro en la misma página, sino que al acabar
un texto se dejan las páginas o folios que sobran en blanco con la intención de ini-
ciar el siguiente con una nueva hoja de papel sellado.
A partir de este momento, el uso del papel sellado se vuelve muy variado: recor-
demos que se trata de una combinación de papel sellado de Carlos IV para 1807 y
para 1808, que puede llevar habilitaciones sucesivas y a veces contradictorias de
Fernando VII, Lugar-teniente del Reyno, Año de 1809, Josef Napoleón I y Govern
de Catalunya. Esta complicación está relacionada con las diferentes categorías del
papel.
Efectivamente, todo el papel sellado para 1808 con sus tres habilitaciones más
los dos sellos, corresponde al sello segundo, excepto un único caso del primero39.
Por el contrario, los documentos con papel sellado de 1807 son más diversos:
• desde el inicio al folio 162, todos llevan validación de Josef Bonaparte I y son
del sello quarto.
• a partir de ahí, se usa papel de 1807 con sólo los dos sellos del Govern de
Catalunya y sin habilitación para Josef Bonaparte I cuando se necesita papel
del sello segundo (163-164, 221-224, 245-248, 253-256, 259-260, 263-274,
329-338, 341-383, 394-405, 408-413, 418-419, 430-431), con las excepciones
de dos casos en sello primero 406-407, 468-469.
• en cambio, el papel de 1807 con la habilitación de Josef Napoleón I y los dos
sellos se usa para el sello primero: 165-206, 275-282, 287-290, 293-294, 339-
340, con tres excepciones en sello segundo: 207-208, 217-218 y 231-232.

Por último, el inicio del volumen pone de manifiesto una particularidad cronoló-
gica: el primer documento es el testamento de Jaume Sabadell, carretero, habitante
de Barcelona, y está fechado el 29 de diciembre de 181040: Fet y firmat fonch lo
present meu testament en esta ciutat de Barcelona, als vint y nou dias del mes de
desembre del any de la nativitat de Nostre Senyor Déu Jesu Christ de mil vuyt-cents
y deu, datación que nos pone en evidencia el sistema utilizado todavía en el notaria-
do, el de la Natividad, de tal manera que corresponde en realidad al 29 de diciembre
de nuestro año 1809.
No hay cambios en el año 1811, así que el volumen siguiente, Manuale quintum
instrumentorum… (1203/5, 565 folios) sigue las parecidas características del ante-

39
1203/4, f. 428r-429v, 1810 diciembre 10. Madalena Creixell, viuda de Juan Creixell, cadillaire de Barcelona,
promete pagar 400 libras, 10 sueldos, 4 denarios a Lázaro Barabino, comerciante de Barcelona.
40
1203/4, f. 1r-2r, 1809 diciembre 29. Testamento de Jaume Sabadell, habitante de Barcelona.

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LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

rior, es decir, se trata por un lado de papel del sello de Carlos IV para 180741, habi-
litado con los dos sellos del Govern de Catalunya (poco más de un 10 por ciento de
éstos cuenta con la habilitación para Josef Bonaparte I). Este papel de 1807 alterna,
como el volumen anterior, con papel de Carlos IV del año 1808, con las modifica-
ciones para Fernando VII, para el Lugar-teniente General del Reyno, para el Año de
1809 y con los dos sellos del Govern de Catalunya.
Contiene algunas anomalías con documentos interpolados que no corresponden
por el año o por el sello:
a. Testamento de Mariano Prats, comerciante de Barcelona, de 17 de agosto de
1808; documento insertado en papel del sello cuarto de Carlos IV para 1808,
más las habilitaciones de Fernando VII y del Lugarteniente (folios 205r-210v)
b. Carta de Enrique Morales, juez de Primera Instancia del distrito del Pi, de 24
de diciembre de 1863, con sello provisional de 1885 y sello en seco de Isabel
2ª, pidiendo que el notario entregue a María Ana Gusí copia auténtica de una
escritura de venta (sin foliar, entre 210v y 211r)
c. Josep Maria Font y Espona, antes domiciliado en Barcelona, ahora en Solsona,
y encontrándose en la Parroquia de Sant Vicenç de Sarrià, hace debitorio de
10.855 libras a Francisco Casals, en papel del sello cuarto de Fernando VII de
1810 con las habilitaciones Por el aumento Provincial ocho mrs. de vn. (rúbri-
ca) y Valga para el año de mil ochocientos once (rúbrica), fechado en Sarrià,
el 19 junio de 1811 (folio 318r-v)
d. Josep Maria Font y Espona, antes domiciliado en Barcelona, ahora en Solsona,
y encontrándose en la Parroquia de Sant Vicenç de Sarrià, nombra procurado-
res a Juan Serra y Ginesta y Josep Font, vecinos de Barcelona, para alquilar y
arrendar cualesquier mansos, heredades, tierras, casa, honores y posesiones en
cualquier parte que sea, en el mismo papel del sello que el anterior, fechado en
Sarrià, el 19 de junio de 1811. (folios 318v-319v)
e. Testamento de Ignasi Plana y Fontana, notario público real colegiado de
número de Barcelona, del 27 de junio de 1811, en papel de Carlos IV para
1807, con las habilitaciones de Josef Napoleón I y los dos sellos del Govern de
Catalunya (folios 359r-362v)
f. Testamento del reverendo Pere Màrtir Vila y Valldeneu, presbítero beneficiado
de la parroquia de santa Maria del Mar de Barcelona, del 23 de agosto de 1811,
en papel de 1807, con las habilitaciones de Josef Napoleón I y los dos sellos
del Govern de Catalunya (folios 426r-428v)
g. Testamento de Agustí Martí, comerciante de Barcelona, del 21 de octubre de
1809, en papel de 1807, con las habilitaciones de Josef Napoleón I y los dos
sellos del Govern de Catalunya (folios 447r-451v)

41
Corresponden a 1807 los folios 7-12 15-22, 29-54, 75-78, 83-204, 211-214, 217-224, 233-234, 237-240, 247-248,
251-278, 297-306, 312-316, 319-320, 323-324, 333-334, 339-342, 345-348, 351-352, 355-362, 367-372, 375-380,
395-412, 415-432, 439-446, 452-467, 472-473, 484-507, 516-523 y 562-564. El resto corresponde a 1808 o a algu-
nas interpolaciones.

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LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

Una modificación importante ocurre al siguiente año 1812, en el Manuale sex-


tum prime partis instrumentorm … (1203/6, 521 folios). Al principio, el volumen
sigue con la misma pauta que el anterior, es decir, con la mezcla de papel de 180742
con los sellos del Govern de Catalunya, y de 180843 con las cuatro citadas habilita-
ciones.
El cambio se produce el 16 de junio de 181244, en el folio 428r. Habiéndose
creado en febrero una nueva administración basada en los Departamentos, será a
partir de este momento hasta el final encontramos papel con sólo los dos sellos del
GOVERN DE CATALUNYA45, iguales a los anteriores, pero con la diferencia que
van colocados en el ángulo superior izquierdo, el de tinta arriba y el seco abajo:

Solamente en tres casos especiales vemos otro tipo de sello en estos folios, pero
se trata de documentos interpolados redactados en años anteriores y que no contra-
dicen nuestra afirmación:
a. El testamento de Rafel Oliva y Vives, de 9 septiembre de 1796, en un docu-
mento insertado redactado en Papel del Sello de Carlos IV de 1796 (folios
430r-435v)
b. Un codicilo del mismo Doctor Don Rafel Oliva y Vives fechado el 19 septiem-
bre de 1808, con papel del Sello de Carlos IV de 1808 (folios 440r-442v)

42
Para 1807, folios 1-136, 139-140, 149-150, 159-160, 165-176, 179-198, 201-202, 208-252, 255-256, 261-276,
283-284, 312-313 y 426-427.
43
Para 1808, folios 137-138, 141-148, 151-158, 161-164, 177-178, 199-200, 203-206, 253-254, 257-260, 277-282,
285-311 y 314-425.
44
1203/6, f. 428r-438v. 1812 junio 16. Teresa Oliva y Fontana, viuda de Rafael Oliva y Vives, doctor en derecho,
solicita la publicación del testamento de su difunto esposo.
45
En los folios 428r-v, 436-439, 443-444, 451-521.

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LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

c. Un nuevo codicilo de Rafael Oliva y Vives, abogado de la Real Audiencia,


de 27 de junio de 1799, con papel del Sello de Carlos IV de 1799 (folios
445r-450v)

Hay algunas pequeñas anomalías, como en los folios 314 a 425 que les falta
la validación de 1809, y en el folio 332r46, sin validación del Lugar-teniente ni de
1809. Además, el 25 de junio (folio 484r47) se produce un cambio en la tasación, que
pasa de 3 Rs. a 75ç, alternándose los dos valores hasta el final del volumen48; pero
no hay diferencia de diseño ni en el sello en tinta ni en el sello en seco49.

En un caso, al folio 494r50, falta la tasación de 3 Rs. o 75ç; esto y las diferentes
calidades de impresión, ángulos o altura con que está impreso el precio, pone de
manifiesto que se añadía posteriormente al sello.
Este formato sigue en el volumen siguiente, segunda parte de 1812, (1203/7, 433
folios): Manuale septimum secunde partis instrumentorum ... Usa sólo los dos sellos
del Govern de Catalunya, con un valor de 75ç. (con la sola excepción de los folios
172r-175v, con el valor de 3 Rs)
Hay también algunas anomalías con documentos interpolados:
a. Testamento de Ygnacio Comelles, escribano de la curia real ordinaria, del
6 de julio de 1809, con Papel del sello quarto de Carlos IV de 1808 (folios

46
1203/6, f. 332r-333r, 1812 mayo 9. Testamento de Josefa Sterling, viuda de Pedro Sterling..
1203/6, f. 484r-486v, 1812 junio 25. Acta de la reunión de panaderos de Barcelona, presidida por don Ramón
47

Dufurd, comisario.
48
De 75 ç. en los folios 484-487, 492-498, 500-501 y 520, y de 3 Rs. en folios 488-491, 498-499 y 502-519.
49
Uno de los poquísimos ejemplos de sellos que no fueron cancelados está al folio 82r en 1203/8, f. 80r-84r, 1813
enero 23. Capítulos matrimoniales entre Salvador Colomer, trabajador de estambre, y Teresa Febrés y Rubí, de
Barcelona.
50
1203/6, f. 492r-497v, 1812 mayo 11. Acuerdo entre Narciso Dupré, comerciante de Barcelona representando la
sociedad Huguet y Duprés, y Cornelio Hoppe, representando las casas de A.C Sahneke y Kolls y de Juan Friedrich
Kalckmann, comerciantes de Hamburgo. También falta la tasación al folio 1r del volumen 1203/8, de 1813.

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LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

110r-112v) (FOTO) con habilitaciones de Fernando VII, Lugar-teniente y


1809.
b. Testamento de Mariano Mestres y Muns, carpintero de Barcelona, del 20 de
agosto del mismo año 1812, por lo que el sello es igual que el resto del volu-
men, aunque el testamento está redactado en papel sin sello. (folios 360r-363v.
c. Elena Oliver y Comas, viuda de Ygnasi Oliver, maestro carretero de la parro-
quia de Sants, hace debitorio a Joan Martín Haase de 278 libras, 18 sueldos
y 4 denarios, fechado el 9 de noviembre de 1812, y que es una copia de 1830
del documento contenido en los folios 408r-409v. (documento suelto entre los
folios 408r-409v, con Sello 2º de Fernando VII de 1830)

El año siguiente, 1813, (1203/8, 506 folios) se divide también en dos volúmenes,
primero de los cuales, Manuale octavum prime partis instrumentorum.... continua
completamente en la línea del anterior, solamente con los dos sellos por valor de
75ç.

También se encuentran documentos insertados:


a. Testamento de Sebastià Ordines y Mun, oficial de rentas unidas del Principado
de Cataluña, del 6 de febrero de 1808, con sólo el sello cuarto de Carlos IV de
1808, sin habilitaciones (folios 22r-26v)
b. Testamento de Jaume Guimerà, comerciante de Barcelona, del 18 de abril de
1812, con sello de Carlos IV de 1808 más las habilitaciones de Fernando VII,
Lugar-teniente, 1809 y sellos del Govern de Catalunya (folios 161r-163r)
c. Testamento del reverendo doctor Joan Font, presbítero beneficiado de la cate-
dral, del 3 de octubre de 1812, con los sellos del Govern de Catalunya de 75 ç.
(folios 382r-386v)

No hay cambios hasta el 1 de junio de 1813, en la segunda parte del manual


notarial para ese año (1203/9, 346 folios), Manuale nonum secunde partis instru-
mentorum … Ya en su portada51, los sellos son diferentes. El sello de tinta abandona
el águila y los palos de gules y toma otro diseño: la nota 75 CEN. en el centro va
rodeada por una corona de laurel y por el collar del Toisón de oro que parte de una
corona real en la parte superior, y con el cetro y la mano de justicia acolados en
aspa. También es diferente el sello en seco: el águila napoleónica mirando a sinies-
tra, con el Collar del Toisón de oro y cetro y mano de justicia acolados en aspa, bajo
el manto, con la leyenda GOUVERNEMENT GEN. DE LA CATALOGNE52.

51
La fecha es del primer documento después de la portada: 1203/9, f. 1r-v, 1813 junio 1. José Formanti presenta una
letra de cambio a Ramon Duford, comisario inspector de lo interior de Barcelona, en la casa de Hubert de Beau-
mont Brivarac, comisario general de policía de la Baxa Cattalunya, en la Rambla.
52
El ejemplar encontrado con los sellos sin rallar se encuentra en 1203/11, f. 270r-273r, 1813 abril 30. Testamento
de Francisco Guillem Sorgelet, comerciante, habitante de Barcelona.

457
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

El volumen contiene un documento suelto:


a. Francisco Margenat, escribano, envía un mandato fechado el 31 de diciembre
de 1866 al notario Fernando Moragas y Ubach para que libre copia auténtica
del testamento de Martín Masdeu, pasado ante Antonio Ubach y Claris en 28
de julio de 181353. Sello judicial de 1866 (entre los folios 221v y 222r)

El año siguiente, 1814, se encuentra también divido en dos volúmenes. La pri-


mera parte (1203/10, 237 folios), Manuale decimum prime partis (instrumento-
rum)... sigue en todo el volumen y año anterior, pero es el último donde aparecen
los sellos del Gouvernement General de la Catalogne. El último documento sellado
está fechado el 7 de mayo de 181454 y va seguido de otros dos documentos sin sello,
uno del 4 de mayo55 y otro del 7 de mayo56.

53
1203/9, f. 223r-225v. 1813 julio 28.Testamento de Martín Masdeu.
54
1203/10, f. 233r-234r, 1814 mayo 7. Testamento de Juan Zanotti, comerciante de Barcelona.
55
1203/10, f. 235r-v, 1814 mayo 4. Albert Antoine Hazon, chevalier de Fraquier, y Françoise Huguette Guyard,
viuda de Prevost, ejecutores tesamentarios del Principe de Conty, declaran la cantidad que queda de los bienes del
difunto Conty.
56
1203/10, f.237r-v, 1814 mayo 7. Martín Rey, comerciante, nombra procurador a Michel Rivoiron, negociante de
Lyon.

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GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

Contiene también dos interpolaciones:


a. Testamento de Louis François Joseph de Bourbon, Prince de Conty, del 9 de
marzo de 1809, con papel de Carlos IV para 1808 y habilitaciones de Fernando
VII, Lugarteniente y año 1809 (folios105r-111r)
b. Mandato de parte de Gabriel Cervelo y Velasco, de la Sala del Crimen de la
Real Audiencia, dirigido a Manuel Oliva, José Gerardo de Sayrolo y Antonio
Ubach, notarios, para que entreguen copia de diversas escrituras, con sello de
pobres de Fernando VII de 1826 (hoja suelta, entre folio 128v y 129r)

El cambio definitivo se produce en el volumen siguiente, la segunda parte del


año 1814 (1203/11, 521 folios): Manuale undecimum secunde partis... A partir del
primer folio y primer documento, fechado en 13 de mayo de 181457, no hay otros
sellos que los de Fernando VII: se trata de papel sellado para 1813, que lleva un
sello con la leyenda + FERD · VII · D · G · ET · CONST · MONARCH · HISP ·
REX·, alrededor de un escudo cordiforme cuartelado de Castilla y León, entado en
punta de Granada y escusón sobre el todo con las tres flores de lis, con el Collar del
Toisón de oro y timbrado de corona real, con la habilitación Valga para el año 1814
y aumento Provincial de ocho mrs. de vn. (rúbrica).

A partir de este momento, el Papel del Sello entra en otros modelos y en otras
circunstancias, siempre para Fernando VII, con cuatro variantes, aunque todos van
timbrados de corona real y con el Collar del Toisón:

57
1203/11, f. 1r-2rv, 1814 mayo 13. Nicolás Lupardo, comerciante de Barcelona, nombra procurador a Jopsep Vila
y Carrera, vecino de Vilassar, y a Joseph Julià y Romaguera, residente en Mataró.

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GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

a. el mencionado papel de 1813 validado para 1814, con escudo cordiforme y sin
encartuchado, con la citadas habilitaciones.
b. a partir del folio 83r58, con un documento fechado en 4 de julio de 1814, apare-
ce otro tipo con papel de 1814, con escudo ovalado y encartuchado y la leyen-
da: 1814· FERD · VII · D · G · ET · CONST · MONARCH · HISP · REX·, de
Fernando VII y sin habilitaciones, que alterna con el anterior.
c. a estos dos tipos se añade el 1 de septiembre de 1814 un tercer modelo a partir
del folio 246r59, de papel de 1813, con un sello más grande y escudo encar-
tuchado, con la leyenda FERD · VII · D · G · ET · CONST · MONARCH ·
HISP · REX·, y las habilitaciones Por el aumento Provincial ocho mrs. de vn.
(rúbrica) y Valga para el año de mil ochocientos catorce (rúbrica), que tam-
bién alterna con los dos anteriores.
d. finalmente, al folio 429r60 aparece un nuevo y definitivo sello en papel de
1814, también ovalado y encartuchado, sin referencias a la Constitución:
1814· FERD· VII · D · G · HISPANIARUM · ET · INDIARUM · REX·. Éste
desplaza todos los anteriores y es el único hasta el final del volumen.

Como retorno a otras formas anteriores, a partir de ahora ya no hay separación


entre los documentos y nuevamente van seguidos en la misma página.

RETORNO DE FERNANDO VII

El 11 de diciembre de 1813 se firmó el Tratado de Valençay, que acordaba la sus-


pensión de hostilidades y el retorno de Fernando VII al trono de España, aunque ni
la Regencia ni las Cortes lo ratificaron. Napoleón permitió a Fernando VII regresar a
España en marzo de 1814. Salió de Valençay el 13 y el 22 era recibido en Figueras,
siguiendo por Gerona, Tarragona, Reus, Zaragoza y Teruel, entrando en Valencia el
16 de abril. Desde allí, el 4 de mayo promulgó un decreto que restablecía la monar-
quía absoluta y declaraba nula la obra de las Cortes de Cádiz.
En dicho decreto narraba la creación de las Juntas, de la Junta Central y del
Consejo de Regencia y la convocatoria de las Cortes “llamadas generales y extraor-
dinarias ... en que prometieron conservarme todos mis dominios, como á su
Soberano...” quejándose que en realidad “...me despojaron de la soberanía, poco
antes reconocida por los mismos Diputados, atribuyéndola nominalmente á la
nación para apropiársela á sí ellos mismos, y dar á esta despues, sobre tal usurpa-
cion, las leyes que quisieron”, siendo aprobadas esas leyes “que llamaron funda-
mentales, por medio de la gritería, amenazas y violencia de los que asistian á las
58
1203/11, f. 82v-84v, 1814 julio 4. Pablo Bertocci, residente en Barcelona, procurador de Antonio María Pignate-
lli, hace sustitución en José Marcelí, cuchillero, vecino de Barcelona.
59
1203/11, f. 246r-v, 1814 septiembre 1. Josefa Sayre y Altarriba, viuda de Juan Sayre, comerciante de Barcelona,
nombra procurador a Manuel Sayre, su hijo.
60
1203/11, f. 428v-429r, 1814 noviembre 10. Testamento de Crespí Vila, maestro Zapatero de Barcelona.

460
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

galerias de las Cortes, con que se imponia y aterraba; y á lo que era verdaderamente
obra de una faccion, se le revestia del especioso colorido de voluntad general, y por
tal se hizo pasar la de unos pocos sediciosos, que en Cádiz y despues en Madrid,
ocasionaron á los buenos cuidados y pesadumbre.” Considera que se aprobaron “no
leyes fundamentales de una Monarquía moderada, sino las de un gobierno popular,
con un Gefe o Magistrado, mero egecutor delegado, que no Rey, aunque allí se le dé
ese nombre para alucinar y seducir á los incautos y á la nación.”
Finalmente, hace la declaración que “...mi Real ánimo es no solamente no jurar
ni acceder á dicha Constitucion ni a decreto alguno de las Cortes generales y extraor-
dinarias y de las ordinarias actualmente abiertas, á saber, los que sean depresivos
de los derechos y prerogativas de mi soberanía, establecidas por la Constitucion
y las leyes en que de largo tiempo la nacion ha vivido, sino el declarar aquella
Constitucion y tales decretos, nulos y de ningun valor ni efecto, ahora ni en tiempo
alguno, como si no hubiesen pasado jamas tales actos, y se quitasen de enmedio del
tiempo, y sin obligacion en mis pueblos y súbditos, de cualquier clase y condicion,
á cumplirlos ni guardarlos.61”
Creía posible, igual que otros príncipes europeos, la vuelta al Antiguo Régimen,
pero en realidad lo que todos ellos hicieron fue crear unos regímenes autoritarios y
represivos62: el 1 de junio dispuso “el castigo y escarmiento de los malos, y de los
inquietos y díscolos, que descaradamente han tratado de trastornar la constitucion
fundamental del reino, o de establecer y sostener el Gobierno intruso”, y mandó que
los Jueces procedieran “á la calificacion de personas contra quienes haya pruebas de
abuso en la conducta que hayan tenido hasta ahora, excusando el arresto de aquellas
de quien prudentemente se espere que no puedan alterar la tranquilidad y orden
público, y poniendo en libertad á las de estas circunstancias que se hallen actual-
mente arrestada” 63. En 30 de junio desarrollaba aquella calificación proponiendo
cuatro categorías: “los que no han admitido empleo del usurpador... los que le han
servido en los mismos empleos que antes tenían ... los que han obtenido ascensos
que no sean de escala “o distinciones “que den lugar á presumir que servian al usur-
pador no por debilidad o estimulados por la miseria, sino por inclinacion” y “los
que no contentos con servirle, han contribuido á extender su partidos, seduciendo a
otros, ó persiguiendo á los buenos y leales españoles.” Para que no se queden “los
buenos sin premio, los débiles sin la compasion debida a la humana fragilidad, y los
malos y perversos sin la separacion ó castigo” 64.
Restableció el Consejo de Indias, la Inquisición, “los Ayuntamientos … donde
los había en el año de 1808 en la planta y forma que entonces tenían...”, el sistema
61
MARTÍN DE BALMASEDA, Fermín – Decretos del rey don Fernando VII año primero de su restitucion al
trono de las Españas. Madrid: Imprenta Real, 1816. pp. 1-8.
62
ARTOLA, Miguel – La Hacienda del siglo XIX. Progresistas y moderados. Madrid: Alianza Universidad, 1986.
p. 51.
63
MARTÍN DE BALMASEDA, Fermín – Decretos …. pp. 1-8.
64
MARTÍN DE BALMASEDA, Fermín – Decretos …. pp. 106-107.

461
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

de Rentas Provinciales, el sistema de Propios y Arbitrios... La acción de Fernando


VII fue de regreso al status quo de épocas anteriores, retornando a situaciones del
1811 y 1810 en algunos aspectos, y en general del 1808: en 23 de junio “gobernán-
dose todas por las leyes, instrucciones y reglamentos que regían el año de 1808 á mi
salida de esta Corte para Francia...” 65; en 2 de julio “continuará por ahora con las
atribuciones que tenía en 1º. de Mayo de 1808...” 66.
A menudo, el punto cronológico a que retroceder era muy anterior, a disposicio-
nes del tiempo de Carlos IV, Carlos III o Fernando VI: en 22 de agosto, “vuelva al
mi Consejo la direccion, gobierno y administracion de los Propios del Reino con
arreglo á la instruccion de 30 de julio de 1760 y demás decretos y órdenes pos-
teriores, y con la jurisdiccion y facultades que egercia en el año de 1808...” 67. En
6 de septiembre, “...se erigió por el Rey mi señor y Abuelo por decreto de 20 de
Diciembre del año pasado de 1776 un Tribunal superior ... mando ... os conformeis á
esta disposición”68; en 19 de octubre “que se restablezca en su fuerza y vigor la Real
ordenanza de 12 de Diciembre de 1748”69.
Pero en todo caso no es un caso único, puesto que se produjeron situaciones
parecidas en otros ámbitos territoriales70 donde se dio una restauración política a
situaciones pre-napoleónicas, como en el Gran-ducado de Toscana, donde el Mere
de Florencia, G. Bartolommei, promulgó el 27 de abril de 1814 el anuncio del retor-
no de S. A. I. y R. el Gran-Duca Ferdinando III gracias a la Divina Providencia
y a los deseos dei buoni Toscani, esperando poder ahorrarse ogni mezzo di rigore
contro i perturbatori, malgrado la sensibilità del mio cuore71. El retorno a situa-
ciones anteriores implica disposiciones como la abolición de i Codici, i Decreti, i
Regolamenti, e tutte le altre disposizioni, che costituivano la Legislazione Civile
relativa al diritto privato sotto l’ultimo cessato Governo72, de 15 de noviembre, o
bien la abolición del 31 de mayo dei Pesi, o Misure sul sistema Metrico, retornando
al sistema vigente en 178273. Ferdinando III también legisló sobre papel sellado, el
18 de mayo de 1814, disponiendo que dal primo Giugno prossimo non si potrà far
uso ne´tre Dipartimenti della Toscana d’altra Carta Bollata, che quella munita d’un

65
MARTÍN DE BALMASEDA, Fermín – Decretos …. pp. 84-89.
66
MARTÍN DE BALMASEDA, Fermín – Decretos …. pp. 107-108.
67
MARTÍN DE BALMASEDA, Fermín – Decretos …. pp. 196-1978.
68
MARTÍN DE BALMASEDA, Fermín – Decretos …. pp. 161-169.
69
MARTÍN DE BALMASEDA, Fermín – Decretos …. pp. 319-322.
BASCAPÉ, Giacomo C.; PIAZZO, Marcello del – Insegne e simboli. Araldica Pubblica e privata medievale e
70

moderna. Roma: Ministerio per i Beni Culturali e ambientali, 1983. Araldica napoleònica in Italia, pp. 745-918.
71
Leggi del Gran-Ducato della Toscana pubblicate dal 27 d’Aprile 1814. a tutto l’anno corrente per ordine di
tempi. Firenze: Stamperia Gran-Ducale, 1814. p. 3-4.
72
Leggi del Gran-Ducato della Toscana pubblicate dal di’ 15. Novembre 1814. al 31. Decembre di detto anno per
ordine di tempi. Firenze: Stamperia Gran-Ducale, 1814. p. 3-5.
73
Leggi del Gran-Ducato della Toscana pubblicate dal 27 d’Aprile 1814. a tutto l’anno corrente per ordine di
tempi. Firenze: Stamperia Gran-Ducale, 1814. p. 55-56.

462
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

Contrabollo, con l’impronta dell’Arme Gran-Ducale74. De hecho, el gobierno fran-


cés toscano había legislado anteriormente sobre emblemática y notariado: la Giunta
straordinaria di Toscana75 dispuso el uso y la forma de un pasaporte presidido por
la emblemática napoleónica, en sesión de 23 de julio de 180876, y sobre el formato y
estructura de las copias notariales, en sesión del 22 de agosto del mismo año77.
Muy probablemente, el estudio del retorno de todas las monarquías y señoríos a
sus respectivos gobiernos a la caída de Napoleón demostraría actuaciones similares.

CANCELACIÓN DE LA EMBLEMÁTICA NAPOLEÓNICA

Dentro del ámbito del desmantelamiento del sistema napoleónico, está la Real
Cédula de 19 de febrero de 1815 sobre el valor de las causas civiles y criminales del
“Gobierno intruso”, de las que se dudaba de su validez. Así, se dispone que: 1. los
pleitos sin sentencia definitiva se continúen y se determinen por los tribunales que
corresponda; 2. que las sentencias definitivas en primera y segunda instancia entre
partes que hubieran permanecido en país ocupado, se tengan por subsistentes; 3. se
determina en qué casos y manera se puede conceder una única nueva instancia que
se podría solicitar en el término de cuatro meses; 4. que no queden excluidos diver-
sos tipos de recursos; 5. que se observen las acciones capaces de producir nulidad;
6. que las actuaciones y sentencias sobre las personas que abandonaron sus casas y
se trasladaron a país libre no tengan valor alguno; 7. lo mismo en las causas crimi-
nales contra las personas calificadas de delincuentes “por ser fieles a la patria”; 8.
sobre su aplicación en las causas criminales por delitos comunes; 10. que no tengan
valor las actuaciones civiles o criminales que toquen a los tribunales eclesiásticos
y que fueron transferidos a los seculares; 11. lo mismo en las causas criminales y
civiles contra militares.
El apartado que más interesa es el punto 9º: Que para remover la odiosidad que
lleva consigo todo lo hecho por el gobierno intruso ó bajo su dominación en los
procesos, pleitos é instrumentos públicos que se dan por subsistentes, se ponga una
nota en que se exprese que se habilitan por Mí, y se tilde y borre el sello del intruso,
sin cuyas circunstancias no tendrán valor alguno. 78

74
Leggi del Gran-Ducato della Toscana pubblicate dal 27 d’Aprile 1814. a tutto l’anno corrente per ordine di
tempi. Firenze: Stamperia Gran-Ducale, 1814. p. 36-37.
75
Creada por decreto imperial en Bayona, el 12 de mayo de 1808. Bollettino delle Leggi, Decreti Imperiali e Deli-
berazioni della Giunta di Toscana publicate nei Dipartimenti dell’Arno, dell’Ombrone e del Mediterraneo, vol. I.
Firenze: Presso Piatti, 1808-1809. pp.2-3.
76
Creada por decreto imperial en Bayona, el 12 de mayo de 1808. Bollettino delle Leggi, Decreti Imperiali e Deli-
berazioni della Giunta di Toscana publicate nei Dipartimenti dell’Arno, dell’Ombrone e del Mediterraneo, vol. II.
Firenze: Presso Piatti, 1808-1809. pp.92-107.
77
Creada por decreto imperial en Bayona, el 12 de mayo de 1808. Bollettino delle Leggi, Decreti Imperiali e Deli-
berazioni della Giunta di Toscana publicate nei Dipartimenti dell’Arno, dell’Ombrone e del Mediterraneo, vol. II.
Firenze: Presso Piatti, 1808-1809. pp.364-367.
78
MARTÍN DE BALMASEDA, Fermín – Decretos del rey don Fernando VII año segundo de su restitucion al

463
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

Ésta es la base para la cancelación de los sellos que constan como papel sellado
en estos libros notariales. Efectivamente, el notario Antonio Ubach y Claris hace
constar al final de cada volumen, y en ocasiones al final de la redacción de algunos
documentos, la anotación En cumplimiento de la Real Cédula de 19 febrero 1815
borré todo lo del intruso govierno. Antonio Ubach y Claris (rúbrica)79

a. Cancelación de los sellos

No parece que haya un significado especial en la forma de cancelar los sellos;


probablemente se trata solo de disponibilidad de tiempo. La forma más común es
con una trama en aspa, creando una red de rombos, por lo general trazados con
bastante esmero80 y a veces con abundantes líneas81, aunque en algunas ocasiones el
rayado es muy descuidado82. No es habitual en forma de estrella83 o con una simple
aspa84.

trono de las Españas. Madrid: Imprenta Real, 1819. pp. 110-115.


79
1203/8, f. 1r-v. 1813 enero 2. Louis François Joseph de Bourbon-Conty, residente en la parroquia de Sant Miquel
de Barcelona, nombra procurador a Louis Durant, banquero en París.
80
1203/8, f. 463r-v, 1813 mayo 21. Bartolomé Tarbouriech, alcaide de Palacio de S.E. el Sr. General en Jefe de la
Provincia, nombra procurador a Juan Aulet, comerciante.
81
1203/10, f. 19r-22r, 1814 enero 15. Acuerdos entre Pedro Castelin, comerciante francés, y su esposa Claudia
María Raclet.
82
1203/8, f. 487r-v, 1813 mayo 28. José Molins y Cabaña, residente en Barcelona, nombra procurador a Juan
Gomfaus, notario, vecino de Barcelona.
83
1203/8, f. 309r-312r. 1813 abril 9. Juan Arenas, doctor en medicina, y su mujer María Antonia Arenas y Calafell
arriendan a Pere y Francesc Campí, revendedores de Barcelona, una tienda y entresuelos en la calle de la Boquería.
84
1203/9, al f.80r (f. 78r-83v, 1813 julio 12. Pere Filós, guantero, Esteban Puigguriguer e Ysidro Arenas, tirador de
oro, albaceas de los bienes de Joaquín Filós, menor, hacen inventario de los bienes.

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GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

Pero la voluntad del notario no se limita al sello, como se le pide por la mencio-
nada Real Cédula, sino que cancela todo lo que hace referencia a administración,
normativa o estructura documental francesa.

b. Cancelación de las habilitaciones

Las habilitaciones que dieron validez al papel sellado y a los documentos en él


escritos van también canceladas si son del Lugar-teniente General del Reyno85 o
de Josef Napoleon I86, tachando toda la línea (aunque en algunas ocasiones se le
olvide).

85
1203/6, f. 257r-260r, 1812 abril 13. Nicolau García, comerciante de nación maltés, coheredero de los bienes de
Lluís Zammit, difunto, también maltés, hace inventario de bienes.
86
1203/4, f. 1r-2r, 1809 diciembre 29. Testamento de Jaume Sabadell, habitante de Barcelona.

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GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

c. Cancelación de la nota de registración

Otro elemento cancelado son las anotaciones de la registración de los documen-


tos, que por lo general se hacen constar al margen de la primera página y en forma
horizontal (pero no siempre), y en ocasiones al final del documento: Enregistré a
Barcelone le 22 may 1811, fol. 83 recto, case 5, reçu demi pescette. Roperto87.

d. Cancelación de inserciones: las notas de registración y los documentos


íntegros

En algunas ocasiones, la redacción de un documento implica la alusión o la copia


de otros anteriores. Tanto si se trata de simples referencias a las notas de registro de
esos documentos previos como si son documentos enteros, también son objeto de
cancelación por el hecho que formaban parte de la gestión del gobierno o autorida-
des francesas, bien sea tachando cada una de las líneas afectadas o enmarcando el
párrafo o texto a cancelar88.

87
1203/4, f. 22v-23r. 1810 febrero 1. Ratije Roux, del comercio, presenta una letra de cambio de 28 de mayo de
1808.
88
1203/6, f. 83r-85v, 1812 febrero 4. Pau Baltà, payés de Sants, vende a Joseph Gelabert, fabricante de indicanas,
una viña del mas de Sant Ferriol, en Montjuïc. Inserta la petición de permiso para vender dirigida al Governador
General de Barcelona y la respuesta.

466
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

e. Cancelación de las notas de valoración de herencia en los testamentos

La normativa obligó a declarar una aproximación del valor de la herencia al


margen o al final de los testamentos, firmada por el o los herederos del testador.
También estas anotaciones son canceladas: Declaro que la herència de mon difunt
pare, salvo error, és de dos mil pesetas a poca diferencia. Barcelona sinc avril mil
vuyt-cents tretse. Joseph Alaret89.

89
1203/4, f. 229r-230v, 1810 julio 8. Testamento de Tomás Alaret, colchonero, ciudadano de Barcelona.

467
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

f. Cancelación de las notas de sumas de tasas.

También son canceladas las notas puestas al margen expresando la suma de las
tasas a pagar90.

g. Cancelación de las paginaciones

Algunos documentos llevan numeradas las páginas correspondientes a cada


documento, por lo general con la expresión “première page”, “seconde page”,
“troisième page”… 91 Aunque es menos frecuente, a veces se enumeran con la
expresión Premier rolle, deuxieme rolle, troisieme rolle...92 o bien 1e rolle, 2e rolle,
2e rolle…93
Pues incluso estas anotaciones van generalmente tachadas (aunque no sistemá-
ticamente y a veces sólo en la primera plana) bien en toda la extensión de la nota o
bien con uno94 o más trazos verticales95.

90
1203/9, f. 202r-206v. 1813 octubre 13. Capítulos matrimoniales entre Pau Cuyàs, payés del Pla de Barcelona, y
Rosa Estaper, de Sant Vicenç de Sarrià.
91
1203/4, f. 235r-236r, 1810 julio 11. Testamento de Feliu Viñas, tintorero de sedas de Barcelona.
1203/8, f. 38r-41r, 1813 enero 12. Capítulos matrimoniales entre Narcís Sicre y Drop, fabricante de espadas de
92

Barcelona, con Eulària Domènech.


93
1203/9, f. 29r-31r, 1813 junio 13. Francisco Rodés y Prats, payés, y Teresa Rodés y Soler, viuda de Joseph Rodés
y Galí, suegro y nuera, prometen pagar a Agustín Chaban 526 libras, 7 sueldos y 6 dineros.
94
1203/5, f. 107r-v, 1811 febrero 26. Gaspar Lleonart, comerciante de Barcelona, presenta una letra de cambio a
Pere Barret, comerciante de quincallería.
95
1203/5, f. 157r-159r, 1811 marzo 16. Joseph Surís, comerciante de Barcelona, vende a Joseph Mestre, platero,
una casa en la Barceloneta, en la calle del cementerio.

468
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

Para acabar, todos los volúmenes del 2 al 10, que entran en el periodo de marzo
de 1808 a mayo de 1814, contienen tres anotaciones en sus últimos folios96:
a. El cierre del volumen hecho por el notario: De premissis in his quatuor centum
trigessimi tertii papyrei in presenti Manuale contentis fidem prebeo ego idem
Antonium Vbach et Claris, nottarium, et meum quo utor appono sig+num.
(rúbrica)
b. La referencia a la cancelación de la emblemática napoleónica, escrita también
por el notario: En cumplimiento de lo prevenido por Su Majestad (que Dios
guarde) con su Real Cédula de diez y nueve de febrero mil ochocientos quinze,
borré todo lo del intruso Gobierno. Antonio Ubach y Claris (rúbrica).
c. La revisión de los volúmenes por el juez de la visita97: Visto y examinado
este protocolo y sus escrituras por el Señor Don Joaquín López de Olivas, del
Consejo de Su Majestad, su Oidor en la Real Audiencia de este Principado
y Juez de la actual visita, que comprehende los doce años últimos, y lo firmó
en la ciudad de Barcelona, á veinte y siete de Mayo de mil ochocientos diez
y seis. Doy fee. Joaquín López de Olivas (rúbrica). Josef de Pomareda y de
Amar, escribano secretario (rúbrica).

****

Espero haber demostrado la utilidad del estudio de la emblemática en general


y de la heráldica en particular para el trabajo del historiador, uno de los objetivos
aquí planteados, puesto que el estudio de estos sellos y emblemas heráldicos ha
puesto de manifiesto realidades institucionales, políticas y sociales, mentalidades

96
En un folio añadido al final, con papel del sello de Fernando VII de 1816, excepto en los volúmenes 1203/2 y
1203/5, porque tiene papel suficiente y no necesitan adición.
97
Hasta el volumen 1203/13 de 1815. El volumen siguiente, de 1816, fue revisado en 31 de mayo de 1821 por José
Víctor Oñate, juez de aquella visita.

469
GERARD MARÍ I BRULL
LA CANCELACIÓN DE LA HERÁLDICA NAPOLEÓNICA DEL GOVERN DE CATALUNYA (1810-14)

y hechos, no suficientemente considerados y que tal vez dejaron poco rastro en


otras fuentes.
A pesar del poco interés en general del estudio de este ámbito político en este
periodo, el estudio de la emblemática revela las características históricas del
momento, nos muestra una existencia real y tangible de un hecho histórico que
marcó la sociedad en general y que, en base a las fuentes utilizadas aquí, condicio-
nó, modificó y reglamentó el mundo notarial en particular, afectando a los procedi-
mientos, formas y economía de la gestión notarial.
Ahora habría la necesidad de llenar de contenido este periodo histórico eviden-
ciado por la emblemática y la heráldica, bien sea en el aspecto político e institucio-
nal, administrativo o territorial, legislativo y jurídico, social y económico, militar y
también prosopográfico, identificando las personas que intervinieron en sus distintos
escalafones. Sería interesante constatar además qué se innovó, qué permaneció y
qué fue eliminado de aquellos cambios.
Esto es válido también para aquellas otras unidades territoriales implicadas en la
creación de gobiernos particulares, es decir, Aragón, Navarra y Vizcaya.

470
Abordagens transversais
e interdisciplinares
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO
NO SÉCULO XVI1

FILIPA ARAÚJO
Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos (UC)
medeiros.filipa@gmail.com

Resumo: Reconhecendo o contributo da representação simbólica das insígnias mili-


tares usadas pelos cavaleiros medievais bem como o uso de empresas pela nobreza
portuguesa desde tempos remotos, pretende-se relacionar a sistematização da herál-
dica no século XVI com o florescimento dos livros de emblemas e das recolhas de
empresas, como a de Paolo Giovio.
Demonstra-se, além disso, de que modo a presença de letras e cimeiras nas festi-
vidades régias do Renascimento se refletiu na literatura, através de exemplos colhi-
dos no Cancioneiro Geral e na cronística. Procura-se também evidenciar como a
linguagem logo-icónica teve impacto na obra de Camões, que não só fez dela eco
n’ Os Lusíadas, como compôs verdadeiras empresas, conjugando imagens e motes.
Com este contributo, propõe-se, assim, lançar nova luz sobre o impacto das agude-
zas do engenho simbólico e dos motivos heráldicos na cultura portuguesa do século
XVI.

Palavras-chave: empresas, Camões, emblemática, heráldica.

Abstract: Recognizing the contribution brought by the symbolic representation


on the military insignias hold by medieval knights and knowing that Portuguese
royal family and related aristocracy soon started to bear personal devices, this study
emphasizes the link between the heraldic systematization in the 16th century and the
flourishment of emblem books and collections of devices, such as Giovio’s Dialogo.
It is also shown how the use of “letras and cimeiras” (verses and images) in
the Renaissance royal festivities reflected on Portuguese Literature, focusing on
examples from the Cancioneiro Geral and chronicles. Besides, it is provided evi-

1
Este trabalho foi desenvolvido ao abrigo do projeto de pós-doutoramento intitulado “Signos mudos e imagens
falantes: a receção da linguagem logo-icónica na cultura portuguesa do Barroco” SFRH/BPD/107747/2015, finan-
ciado pela FCT no âmbito do POCH - Programa Operacional Capital Humano, comparticipado pelo Fundo Social
Europeu e por fundos nacionais do MCTES.

473
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

dence that the logo-iconic language had impact on Camonian work, selecting some
meaningful texts from Os Lusíadas and displaying furthermore the emblematic
devices invented by Camões. According to this perspective, new light will be shed
on the importance of symbolic compositions and heraldic language in 16th century
Portuguese culture.

Keywords: devices, Camões, emblematics, heraldry.

I. DA HERÁLDICA À ARS EMBLEMATICA: A AFIRMAÇÃO DE UM NOVO GÉNERO LITERÁRIO

Tomando como inspiração a célebre descrição homérica do escudo de Aquiles,


no final do canto XVIII da Ilíada, torna-se evidente que o diálogo entre a linguagem
heráldica e a literatura tem raízes que se firmaram muito antes do florescimento da
ars emblematica na cultura europeia da Idade Moderna.
Em 1531, Andrea Alciato (1492-1550)2 viu sair a lume os Emblemata que colhe-
ra nas obras dos artesãos da Antiguidade, com o objetivo declarado na dedicatória
ao amigo Conrad Peutinger, conselheiro do imperador Maximiliano:
Afin que tous gentils esprits
Prennent matiere de devises
Exprimans par muets escrits
Leurs intentions y comprises.
Et que telles enseignes mises
Sur chapeaux, robes, & habits
Ainsi inventees & prises
Nous servent de bien grands devis.3

Aquele conjunto de compostos logo-icónicos pretendia, então, disponibilizar


uma série de “signos mudos” (tacitis notis) que serviriam de divisas usadas como
acessórios pessoais, através dos quais qualquer um se poderia exprimir. Na tradução
francesa, torna-se evidente a intenção de comparar a utilização dos emblemas de
Alciato ao uso de empresas, refletindo uma prática muito divulgada nas cortes euro-
peias, num período em que a heráldica familiar estava já plenamente sistematizada,
dando origem a armoriais e a representações de armas nos mais variados suportes
2
Nasceu no confortável seio de uma família burguesa, em Alzate, na Lombardia. Fez os primeiros estudos em
Milão, tendo depois cursado Direito em Pavia e Bolonha. Doutorado na Universidade de Ferrara, Alciato desen-
volveu um inovador método de interpretação jurídica que unia a perícia filológica à consciência histórica. Conse-
guiu, assim, distinguir-se nas mais distintas academias europeias, tendo sido convidado para dar aulas em Avinhão,
Bourges, Pavia e Bolonha. Também D. João III o desafiou a tornar-se lente de Coimbra, embora sem sucesso.
Sobre a biografia do autor, veja-se, a bibliografia citada por Araújo, Verba significant, res significantur. A receção
dos Emblemata de Alciato na produção literária do Barroco em Portugal. Coimbra: Faculdade de Letras, 2014, p.
10-13.
3
Vide Alciato, Emblemata. Paris: Jean Richier, 1584, f. 1.

474
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

artísticos. Essa linguagem simbólica estava, então, ligada a uma determinada cama-
da social, mediante um sistema codificado e sob a égide da autoridade soberana, que
se assumia como fonte honorífica.
Contrariando este princípio elitista, Alciato propunha que o uso de símbolos fosse
alargado a todos os homens cultos, de modo a exprimirem determinados conceitos.
Estes eram veiculados por composições latinas que conjugavam um mote breve (ins-
criptio), uma pictura e um epigrama ou subscriptio (Fig. 1). As potencialidades retó-

Fig.1. Emblema dedicado ao duque de Milão. Alciato, Emblemata. Paris: Jean Richier, 1584, p. 2.

475
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

ricas da linguagem logo-icónica justificam o sucesso desta nova tipologia textual, que
se revelou capaz de reaproveitar o repertório visual divulgado pelo imaginário da poé-
tica clássica, encaixando-se perfeitamente no horizonte de expectativa da Literatura
renascentista.4 Além disso, tal como previra Alciato, os seus emblemas ofereciam um
fértil repertório de tópicos que foram amplamente aproveitados pelas artes.
A familiaridade do autor com a heráldica é, de resto, atestada por vários emble-
mas, nomeadamente aquele em que descreve as armas do duque de Milão (Fig. 1) ou
a composição alusiva ao próprio brasão familiar.5 A relação tributária dos emblemas
alciatianos com essa matriz foi, de resto, claramente assinalada pelos tratadistas do
Renascimento e do Barroco, que discutiram em profundidade os antecedentes deste
novo género, cuja essência parece corresponder a uma versão literária do stemma.6
Procurando estabelecer uma linha sucessória desta linguagem simbólica, os escu-
dos homéricos são apontados como fonte de uma prática que teve continuidade nas
insígnias imperiais e militares do período romano, percursoras das bandeiras e dos
estandartes ostentados pelos cavaleiros medievais.7
Na senda dos Emblemata, multiplicaram-se as edições de livros de emblemas,
atingindo uma popularidade impressionante entre os círculos cultos de toda a
Europa. Este sucesso contribuiu para a miscigenação do formato original, que foi
absorvendo a contaminação de tipologias afins como as recolhas de empresas, refle-
tindo o interesse do século XVI pela sistematização da heráldica e pela linguagem
simbólica em geral. O esbatimento da distinção entre emblema e empresa verifi-
ca-se, já em 1549, no título da tradução dos Emblemas de Alciato que Marquale
apresentou como Diverse imprese. E afigura-se também significativo que as Devises
heroïques (1551) de Claude Paradin8 tenham acrescentado, na versão alargada de
4
O célebre Emblematum Liber contou com mais de centena e meia de edições até ao século XVIII, consagrando-
se como uma das obras mais difundidas em toda a Europa. A versão inicial, publicada em Ausburgo por Steyner,
continha apenas 104 emblemas, mas foi aumentada até atingir o total de 212 na última edição revista pelo autor, em
1550. A obra originou muitas edições anotadas, com comentários e traduções. Além disso, o formato tríplice serviu
de inspiração a muitos outros livros de emblemas, permitindo inúmeras variações temáticas e formais. Em Portugal,
Vasco Mousinho Castelbranco foi um dos primeiros cultores de emblemas, quer numa parte do Discurso sobre a
Vida e Morte da Rainha Santa Isabel e outras varias Rimas (1596), quer ainda nos Dialogos de varia doctrina
illustrados com emblemas (ms. – BNPortugal, Cod. 13167). Sobre a receção de Alciato na literatura portuguesa,
vide Araújo, Verba significant...
5
Emblema Nunquam procrastinandum. Veja-se Alciato, Emblemata, f. 5v.
6
Sobre o aproveitamento da herança heráldica em Alciato, veja-se Pastoureau, Aux origines de l’ emblème: la crise
de l’ heraldique europeènne aux XV et XVI siècles. In Emblèmes et devises au temps de la Renaissance. Paris: Jean
Touzot, 1981, p. 129-136.
7
Vários tratadistas defendem esta sequência, nomeadamente Claude Mignault, no texto que serve de introdução à
sua edição comentada de Alciato. Vide Mignault, Syntagma de symbolis. In Omnia Andreae Alciati V. C. Emblemata
cum commentariis. Antuerpiae: Ex officina Christophori Plantini, 1577, p. 38-42. Os fundamentos comuns entre a
armaria e os novos formatos logo-icónicos foram dissecados por Ménestrier no tratado Le Veritable Art du Blason et
la Pratique de Armoiries depuis leur institution (1671).
8
Claude Paradin (1510?-1573), cónego da igreja colegial de Beaujeu, perto de Lyon, compôs três obras de matriz
iconográfica, todas publicadas nos prelos de Jean de Tournes: Devises heroïques (1551), Quadrins historiques de la
Bible (1553), que consistia numa versão emblemática de histórias do Velho Testamento, e Alliances genealogiques
des rois et princes de Gaule (1561), uma descrição heráldica da monarquia francesa. Na edição revista, as Devises

476
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

Fig.2. Emblema de Carlos V. Paradin, Devises Heroiques. Lyon:


Jean de Tournes et Guillaume Gazeau, 1557, p. 29.

1557 (Fig. 2), uma explicação do composto logo-icónico que contribuiu para tornar
o formato mais próximo da estrutura tríplice dos emblemas de Alciato.
Paolo Giovio9 foi um dos mais fervorosos impulsionadores da discussão teórica
sobre os princípios genológicos da empresa e o Dialogo delle imprese militari et
integraram 64 novas composições e comentários para identificar a personalidade visada ou sugerir a aplicação uni-
versal do composto. Plantin assumiu os encargos da estampagem a partir de 1561, anexando uma pequena coleção
de composições de Gabriel Simeoni, além de traduzir as glosas para latim.
9
No prefácio do Dialogo, Paolo Giovio (1483-1552), bispo de Nocera, estabeleceu as cinco regras de ouro para
a composição de empresas. À primeira versão romana não ilustrada de 1555, seguiram-se duas impressões distin-
tas mas quase simultâneas: uma comentada por Ludovico Domenichi (1515-1564), a outra preparada por Ruscelli
(1500-1566). A edição mais completa do Dialogo dell’ Imprese militari et amorose di Monsignor Giovio … et del S.
Gabriel Symeoni… com un ragionamento di M. Lodovico Domenichi foi publicada em Lyon, appresso Guglielmo
Rovillio, no ano de 1574.

477
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

amorose tornou-se uma obra incontornável no âmbito da ars emblematica. Dedicada


ao Duque de Florença, Cosimo di Medici, a obra reproduz um diálogo entre Giovio
e Ludovico Domenichi, que discorrem sobre as engenhosas invenções das insíg-
nias apresentadas pelos cavaleiros e homens nobres, começando por declarar a ori-
gem antiga dessa prática celebrizada pelo registo literário.10 Mencionando também
a herança continuada pelos lendários cavaleiros medievais, como os do Círculo
Arturiano ou Amadis de Gaula, Giovio esclarece:
Hora in questa età più moderna, come di Federigo Barbarossa, al tempo del quale vennero in
vso l’insegne delle famiglie, chiamate da noi arme donate da’ Prencipi per merito dell’honorate
imprese fatte in guerra, ad effetto di nobilitare i valorosi Caualieri, nacquero bizzarrissime
inuentioni di Cimieri e pitture ne gli Scudi; il che sivede in molte pitture à Fiorenza in Santa
Maria nouella. Ma à questi nostri tempi, dopò la venuta del Rè Carlo Ottauo e di Lodouico XII in
Italia, ogn’un, che seguitaua la militia, imitando i Capitani Francesi, cercò di adornarsi di belle
imprese; delle quali riluceuano i Caualieri appartati compagnia da compagnia con diuerse liuree;
percioche ricamauano d’argento, di martel’ dorato i saioni, le sopraueste, e nel petto e nella
schiena stauano l’imprese de’Capitani; di modo che le mostre delle genti d’arme faceuano
pomposissimo e ricchissimo spettacolo, e nelle battaglie si conosceua l’ardire, e’l portamento
delle compagnie.11

Giovio situa, assim, nos finais do século XV a difusão do uso de empresas em


Itália, na sequência da chegada das tropas francesas a Milão. Mas as fontes literárias
e artísticas atestam que, na segunda metade de trezentos, começou a afirmar-se o
uso desta linguagem que se tornou internacional, com base numa rede semântica
dominada pela nobreza e pelos intelectuais. De facto, o cotejo destes compostos
logo-icónicos que complementavam a heráldica clássica comprova a circulação de
motivos entre as diferentes cortes europeias, permitindo leituras cruzadas.12
Em Portugal, conhece-se provas documentais de que o uso de empresas já fazia
parte da gramática da repraesentatio maiestatis desde o reinado de D. João I,13
mas alguns autores defendem que tais marcas distintivas chegaram muito antes ao

10
Giovio, Dialogo..., p. 9-10: “Non è punto da dubitare, che gli antichi usassero di portar Cimieri & ornamenti ne
gli elmetti e ne gli scudi: perche si vede chiarame[n]te in Vergil. qua[n]do fà il Catalogo delle genti, che ve[n]nero
in fauore di Turno contra i Troiani, nell’ottauo dell’Eneida; Anfiarao ancora (come dice Pindaro) alla guerra di
Thebe portò un dragonenello scudo. Statio scriue similmente di Capaneo & di Polinice; che quelli portò l’Hidra, e
questi la Sfinge. Leggesi etiandio in Plutarco, che nella battaglia de’ Cimbri comparue la caualleria loro molto visto-
sa sì per l’armi luce[n]ti, sì per la varietà de’ Cimieri sopra le celate che rappresentauano l’effigie di fiere seluaggie
in diuerse maniere”.
11
Cf. Giovio, Dialogo, p. 11.
12
Sobre esta questão, veja-se, entre outos, o estudo de Hablot, La devise, mise en signe du prince, mise en scène
du pouvoir. Les devises et l’emblématique des princes en Europe à la fin du Moyen Age. Poitiers: Université de
Poitiers, 2001.
13
Avelar e Ferros defendem que o uso de empresas se difundiu na corte lusitana após a chegada de D. Filipa de
Lencastre (1360-1415), mas só ganhou expressão na segunda metade do século XIV, porque se afirmou, a partir daí,
como reação contra o formalismo das armas imposto pelos arautos. Vide Avelar e Ferros, As Empresas dos Prínci-
pes da Casa de Avis. In Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento. «O Homem e a Hora são um
só». A Dinastia de Avis. Lisboa: Presidência do Conselho de Ministros, 1983, p. 227-245.

478
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

nosso país, viajando a partir de Bologne na bagagem de Afonso III (1248-1278).14


Indiscutível se mostra a importância das empresas em 1548, quando o mestre
Francisco de Holanda (1517-1585) publica o tratado Da Pintura Antiga e inclui
esse género na apresentação que propõe sobre “todos os géneros do pintar”. Revela,
então, uma consciência teórica agudizada sobre a conformidade entre as imagens e
as palavras, beneficiando provavelmente dos ensinamentos colhidos nas suas via-
gens por Itália e por França.
Alem d’ isto é uma nobre parte na pintura a invençãoo e o achar das devisas; e é cousa tão
deficel e má de achar que em nenhuma outra mais se mostra a descrição ou a pequice e má
galantaria do homem, porque querem as devisas um mui delicado e discreto escolher o muito
conforme á propriedade da pessoa, assi na pintura como na letra; e ha de ser repartida a letra
com a pintura de maneira, que uma sem a outra não se entendam, mas declarando mea parte
a pintura, e mea parte a letra se ajunte a divisa; e a letra quer-se mui breve e muito escolhida
e não muito clara, mas a pintura quer-se muito facil de fazer, e muito deficel de achar e muito
pouca na obra, e tudo ha de ser muito.15

Este testemunho comprova que Portugal cedo seguiu a tendência dos grandes
centros culturais europeus, no que diz respeito ao uso das empresas como comple-
mento da heráldica formal. Com o desenvolvimento da estética renascentista e por
contágio do sucesso alcançado pelos livros de emblemas, esses compostos logo-
icónicos usados como formas de representação do poder aristocrático atraíram o
interesse dos humanistas, que investiram num tratamento literário e erudito daquele
manancial simbólico intimamente associado ao ambiente de corte e à linguagem do
poder.

II. EMPRESAS NA LITERATURA PORTUGUESA DO SÉCULO XVI

Nesta perspetiva, é possível identificar intercâmbios entre a heráldica e a


Literatura portuguesa mesmo numa fase anterior à eclosão da ars emblematica e à
estruturação oficial da armaria, levada a cabo no reinado de D. Manuel I.16 A afirma-
ção consuetudinária dos escudos de armas e das divisas acompanhou o período mais

14
Este é o entendimento de Rau, Les emblèmes et l’histoire des techniques au Portugal au cours des XVe et XVIe
siècles, Histoire économique du monde méditerranéen (1450-1650). [Toulouse]: Privat Éditeur, 1973, p. 490. Faria
e Sousa, embora sem indicar fonte documental, apresentou como empresa de Afonso III uma árvore assolada pelo
vento sob o lema Ni ondas ni ventos. Reproduz também as insígnias pessoais de outros reis da dinastia afonsina,
nomeadamente D. Afonso IV, que teria escolhido uma águia sobre um monte com a letra Altiora peto; D. Pedro I,
que usaria uma estrela com o mote Monstrat Iter e D. Fernando, a quem se atribui uma espada atravessando dois
corações – o primeiro com três flores, o outro com três espigas – e por baixo a letra Cur non utrumque. Vide Faria e
Sousa, Europa Portuguesa. Lisboa: Antonio Craesbeeck de Mello, 1679, p. 110, 150, 178 e 190.
15
Holanda, Da Pintura Antiga. Lisboa: INCM, 1984, p. 212.
16
Para uma síntese da evolução destes códigos nos primeiros armoriais portugueses, veja-se Miguel Seixas, Herál-
dica, representação do poder e memória da nação. Lisboa: Universidade Lusíada Editora, 2011, p. 189-222. Entre
a bibliografia aí citada, destaca-se o estudo de Manuel Norton, A Heráldica em Portugal. Raízes, Simbologias e
Expressões Histórico-Culturais. Lisboa: Dislivro Histórica, 2004.

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FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

ativo dos romances de cavalaria17 e dos relatos de cronistas,18 pelo que os autores
não deixaram de refletir essa prática.
Além disso, na Idade Moderna, o conhecimento das regras de armaria fazia parte
da educação dos homens cultos, porque a heráldica de raízes medievais era entendi-
da não só como uma forma de comunicação, mas também como um erudito sistema
de interpretação da ordem social e política, a que arte emblemática trouxe novo
fôlego. Fazendo eco das alterações significativas que o século XVI operou no enten-
dimento das empresas, Francisco Rodrigues Lobo afirma, no segundo diálogo de
Corte na Aldeia (1619):
Em Portugal é cousa muito antígua nos príncipes trazerem tenções e empresas com letras, e
ainda as usavam mesturadas nas armas reais (...) posto que naquele tempo não estavam tão
apuradas como agora, nem eram sujeitas à arte que delas e para elas fizeram os modernos, não
lhes faltava entendimento e galantaria.19

Questionado por D. Júlio, Leonardo descreve, então, as armas de D. João I e sua


descendência, aproveitando, depois, para advertir: “armas e empresas ou tenções
não tiveram no seu princípio a diferença que agora lhes assinam os que delas escre-
vem, de letras e corpos, e corpos sem letras, com limitações e regras mui apertadas”.
Este depoimento literário mostra bem como os códigos heráldicos de raiz medieval
continuavam a ser uma linguagem social bem conhecida no século XVII. A este pro-
pósito, importa não esquecer que a recriação de torneios cavaleirescos eram um dos
espetáculos populares que faziam parte do programa dos espetaculares festivais de
corte no Barroco. Aí desfilavam as empresas, que podiam também ser incorporadas
na iconografia dos arcos triunfais e outras construções de arte efémera.

II. 1. LETRAS E CIMEIRAS NAS OBRAS DE GARCIA DE RESENDE

A organização de justas para comemorar as ocasiões festivas ligadas à família


real é, sem dúvida, uma tradição arreigada na história da monarquia portuguesa.
Recorde-se, por exemplo, o caso paradigmático das justas que tiveram lugar em
Évora, aos vinte e nove dias de Dezembro de 1490, no âmbito das comemorações
do casamento do príncipe D. Afonso com a princesa Isabel de Castela. A descrição

17
A simbologia heráldica medieval partilha pontos de contacto com o imaginário dos romances de cavalaria sucedâ-
neos do Ciclo Arturiano, nos quais o emblema aparece como símbolo pessoal do herói, muitas vezes associado ao
bestiário fantástico. No caso lusitano, é possível rastrear traços de parentesco entre a arte da armaria e o simbolismo
dos cavaleiros no Bosco Deleitoso, no Palmeirim de Inglaterra e também no Amadis de Gaula, como sugere Nor-
ton, A heráldica..., p. 144.
18
Fernão Lopes, na Crónica de D. João I, cap. XLVII, descreve como o povo de Lisboa foi receber as bandeiras e
os pendões del Rei de Castela, depois da batalha de Aljubarrota (1385), fazendo notar que uma das divisas dos ini-
migos tinha um campo verde “e em meo huũ falcaõ que nas maoõs tinha huũ rotulo com huũ moto que ẽ limguoagẽ
framçes dizia: em boõ ponto”. Veja-se Fernão Lopes, Crónica de D. João I, vol. II. Porto: Livraria Civilização,
1990, p. 123.
19
Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia. Lisboa: Presença, 1991, p. 83.

480
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

das empresas heroicas envolvidas no evento terá vindo a lume, pela primeira vez,
no Cancioneiro Geral (1516) de Garcia de Resende.20 Na nota preambular que as
introduz pode ler-se: “E El-Rei com oito mantedores manteve a tea em ũa fortaleza
de madeira sengularmente feita, onde todos estavom de dia e de noite, que também
justavam. E as letras e cimeiras que se tiram sam estas”.21
A coletânea transcreve, então, o nome de trinta e seis contendores, apresentando,
para cada um, as letras e as cimeiras utilizadas como empresa, ainda que a parte
visual seja descrita por um apontamento ecfrástico. Fica por esclarecer a autoria das
letras, mas, décadas mais tarde, o autor eborense recorreu de novo a esse material
logo-icónico, incluindo-o, sem alterações significativas, na Crónica de D. João II,
cuja primeira versão foi publicada no Lyuro das obras de Garcia de Resẽde, saído
dos prelos de Luís Rodrigues, em Lisboa, no ano de 1545. 22 No capítulo CXXXVIII,
intitulado “De como el Rey deu sua mostra, e do grande estado, e riqueza, e inven-
ções que trazia”, o cronista descreve o desenrolar da justa que decorreu, de quinta a
domingo, com toda a pompa e circunstância:
E a justa foy muyto bem justada, e deramse nella muytos, e grandes encontros, sem auer perigo
algum, e a cimeira del Rey, e dos seus mantedores, e suas letras escreuerey aquy, e assi das dos
aventureiros que me lembrarem.23

Dando a entender que recorre à memória para recordar o cenário a que teria efe-
tivamente assistido, o autor explora as potencialidades visuais do relato ecfrástico
e acrescenta, a título de justificação: “E que se a alguns isto pareça sobejo, outros
auerá que folgaram de o ouuir, que quem escreue não pode contentar a todos”.24
Resende dedica-se, então, a descrever as cimeiras e as letras, começando por el-Rei,
e atentando depois nos oito mantedores que o acompanhavam, para terminar com
uma seleção de aventureiros.25
20
Garcia de Resende, Cancioneiro geral. Lisboa: INCM, 1993, p. 336-343. No Cancionero General de Hernando
de Castillo, 1511, fs. CXXXXr-CXLIIIv, existe uma rubrica intitulada “invenciones y letras de justadores”, na qual
figuram duas composições atribuídas ao português Fernão da Silveira e outra dedicada a uma rainha de Portugal.
21
Cf. Garcia de Resende, Cancioneiro, p. 336.
22
Esta repetição reforça a validade histórica da existência das empresas e, segundo Rubem Amaral Jr., sugere a
hipótese de ser Garcia de Resende o autor das letras. Tal tese é corroborada pelo facto de, na versão do Cancioneiro,
Diogo da Silveira comparecer com duas letras adaptáveis à mesma cimeira, sendo a segunda precedida de uma
indicação a título excecional “sua”. Esta é, de resto, a única diferença significativa entre as duas versões do texto
disponibilizadas, além de haver uma inversão de duas letras (Pero de Abreu e Diogo da Silveira). No entanto, a ver-
são da Crónica fornece epígrafes mais extensas e mais pormenorizadas sobre a identidade dos contendores. Foi, por
isso, preferida na transcrição, que apresenta uma útil resenha biográfica para cada participante. Vide Rubem Amaral
Jr., Empresas heróicas e amorosas lusitanas: letras e cimeiras das Justas Reais de Évora (1490) segundo Garcia de
Resende. Tegucigalpa: s.e., 2001, p. 10-11.
23
Garcia de Resende, Crónica de D. João II e Miscelânea. Lisboa: INCM, 1991, p. 183.
24
Cf. Garcia de Resende, Crónica, p. 182-183. Rui de Pina, no capítulo XLVII da Chronica d’ el Rey D. João II,
apesar de coincidir em muitos pormenores com o relato de Resende, nomeadamente na existência de letras e cimei-
ras, resume as justas de Évora em breves linhas.
25
Este registo parece ter inspirado a “Arenga, ou relação fiel das festas que se fizeram na Cidade de Évora, no prazo
do casamento do Principe D. Affonso, filho do Senhor rei D. João II, fielmente apanhada do seu antigo Original”,

481
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

Importa lembrar que a cimeira consiste na decoração pintada na nervura meri-


diana da parte superior do elmo e, apesar de ter raízes na Antiguidade, constitui o
último ornato externo a aparecer nos brasões europeus. Na heráldica ibérica, assi-
nala um traço distintivo da armaria portuguesa, que inicialmente se designava por
“cimeira”, mas acabou por assimilar a terminologia estrangeira de “timbre”. 26
El Rey leuaua por cimeira huns liames de nao pola Raynha Dona Lianor sua molher cheos de
pedraria e dezia a letra:
Estes liam de maneira
Que jamais pode quebrar
Quem com eles navegar.27

De acordo com as palavras de Garcia de Resende, percebe-se que, naquele dia


fausto, D. João II usou uma empresa semelhante à da rainha, salientando a harmo-
nia entre eles e a complementaridade da mensagem expressa pelas representações
emblemáticas de ambos.28 No entanto, cumpre lembrar que estas empresas recor-
riam a uma linguagem convencional de alcance internacional, repetindo muitas
vezes motivos e motes. Graças ao trabalho de pesquisa dos últimos anos, alguns
projetos de investigação nesta área criaram corpora disponibilizados em platafor-
mas digitais, simplificando o cotejo de exemplares.29 Este exercício permite con-
cluir, por exemplo, que a divisa do pelicano com os termos Pro lege et pro grege
usada por D. João II retoma a mesma associação logo-icónica ligada a Alfonso X de
Castilla (1221-1284).30

publicada no volume compilado por António Lourenço Caminha com o título Obras ineditas de Aires Telles de
Menezes e de Estevão Rodrigues de Castro, e de outros anonymos dos mais esclarecidos da litteratura portugueza,
dadas à luz fielmente trasladadas dos seus antigos originaes. Lisboa, Off. Filippe José da França e Liz, 1792, p.
114-129. O editor atribuiu a autoria ao poeta palaciano Aires Teles de Meneses, um dos nomes representados no
Cancioneiro. Nesse texto poético, as letras vêm antecedidas de cinquenta quadras que relatam as núpcias eborenses,
mas os intervenientes não são identificados, nem se descreve a dimensão icónica das insígnias.
26
Veja-se Norton, A heráldica..., p. 405. A história do timbre enquanto dispositivo iconográfico de identificação e
propaganda estética, usado no equipamento dos torneios, mas também em selos, vitrais, panos, tapeçarias, livros e gra-
vuras, começou a escrever-se muito antes do fenómeno editorial das divisas literárias, como salienta Pastoureau, Aux
origines de l’ emblème..., p. 129-136. Em Portugal, só a partir do Livro da nobreza e perfeição das armas (1521-1528),
de António Godinho, os escudos passaram, por indicação régia, a ter um timbre desenhado, mas o termo já aparece
grafado por cima dos elmos no Livro do Armeiro Mor (1509), de João de Cró. A presença do timbre vem confirmada
no Tratado geral de nobreza (1532) de António Rodrigues. Veja-se Norton, A heráldica..., p. 413.
27
Resende, Cronica..., p. 183.
28
Sobre a divisa do casal real, veja-se M. Metelo de Seixas, “As armas e a empresa do rei D. João II. Subsídios para
o estudo da heráldica e da emblemática nas artes decorativas portuguesas”, in As Artes Decorativas e a Expansão
Portuguesa. Imaginário e Viagem. Lisboa: Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, Centro Cultural e Científico de
Macau, Escola Superior de Artes Decorativas, 2010, p. 46-82.
29
Recomenda-se a consulta de http://base-devise.edel.univ-poitiers.fr, para o caso francês, e https://www.bidiso.es/
Symbola/ para os exemplos espanhóis.
30
Esta empresa foi reproduzida por Francisco Gómez de la Reguera, Empresas de los Reyes de Castilla. Veja-se
Nieves Pena Sueiro, Sagrario López, Cirilo García Román, “PRO LEGE ET PRO GREGE”, in Symbola: divisas
o empresas históricas. BIDISO (Biblioteca Digital Siglo de Oro), A Coruña. <https://www.bidiso.es/Symbola/
divisa/12> [Consulta: 10-10-2018].

482
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

Fig.3. Emblema de Carlos V. Giovio, Dialogo dell’ imprese. Lyon, Guglielmo Rouillio, 1574, p. 20.

Seguindo esta metodologia comparativa e reconhecendo a popularidade de muitos


motivos, torna-se evidente que as letras e cimeiras de Évora apresentam topoi glosa-
dos em várias recolhas de empresas do século XVI e até nos Emblemata de Alciato.31
Na cimeira do Barão do Alvito estava pintado um leão rompente que acompanhava
a letra “com sus fuerças y mi fee todos mis males dobree”,32 de modo a tornar visí-
vel a força destemida da sua fé. Este símbolo estava muito associado à representação
emblemática dos reis leoneses, pelo menos desde Ramiro II (c.898-c.951), pelo que se
mostra quase inevitável lembrar essa referência na interpretação desta empresa.33
As letras e cimeiras de Évora aproveitaram também a simbologia da águia como
rainha das aves, estabelecendo um possível diálogo intertextual, por exemplo, com a
divisa de Carlos V, descrita por Giovio (Fig. 3):
Pero d’ Abreu trazia ua aguea e dizia:
Nam t’ espantes do que faça,
Sigue-me bem e verás,
Eu te matarei a caça
E tu a depenarás.34
31
Veja-se as sugestões apontadas por Amaral Jr., Empresas heroicas e amorosas, e por Araújo, Verba significant...,
p. 167-174.
32
Cf. Resende, Cancioneiro..., p. 341.
33
Consulte-se Nieves Pena Sueiro, Sagrario López Poza, “FECIT POTENTIAM IN BRACHIO SUO”, en Symbola:
divisas o empresas históricas. - BIDISO (Biblioteca Digital Siglo de Oro), A Coruña. <https://www.bidiso.es/Sym-
bola/divisa/11> [Consulta: 10-10-2018].
34
Cf. Resende, Cancioneiro..., p. 342.

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FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

Muitos outros exemplos podiam ser apontados para comprovar que a amostra
transmitida por Garcia de Resende atesta o uso das empresas em Portugal, recor-
rendo a motivos que revelam um domínio claro das técnicas de composição, numa
fase muito anterior à teorização da ars emblematica. Estes indícios de familiaridade
precoce com o formato emblemático, pelo menos na sua vertente mais próxima da
heráldica, contrastam, porém, com a escassez da produção de livros de emblemas,
sobretudo quando comparada com a dimensão do fenómeno em países com os quais
se verificava uma intensa relação cultural.

II. 2. AS EMPRESAS DE CAMÕES

Em 1572, vinte anos depois de Stockhamer ter composto, em Coimbra, o pri-


meiro comentário sistematizado aos Emblemata de Alciato a pedido do Senhor de
Cantanhede, Camões publicava Os Lusíadas. Verifica-se, portanto, que a produção
camoniana foi contemporânea do aflorar da cultura emblemática em Portugal.
Refletindo a atração coeva pela linguagem logo-icónica, a dimensão simbólica
da expressão épica do Príncipe dos Poetas parece, pois, criar uma “pintura falante”.
Disso são exemplo as insígnias dos estandartes de seda descritas por Paulo da Gama
ao Catual, com o intento de mostrar os “singulares / Feitos dos homens que, em
retrato breve,/ a muda poesia ali descreve” (Lus. VII, 77, vv. 6-8)35. Este episódio,
que se estende pelo canto seguinte, implica uma escolha retórica ditada pela con-
cisão, porque apresenta simultaneamente a personagem e os feitos representados
através das imagens simbólicas desenhadas pela voz do capitão.
Deste modo, a heráldica militar ganha protagonismo no expoente máximo da
literatura portuguesa renascentista. E o conhecimento do poeta neste campo reve-
la-se também no celebérrimo episódio dos Doze de Inglaterra. Antes de partir da
cidade do Porto, diz-se que os cavaleiros se aperceberam “d’ armas, e roupas d’ uso
mais moderno / de elmos, cimeiras, letras, e primores, / cavallos, e concertos de mil
cores”.36 Mencionando especificamente as letras e cimeiras, Camões atesta a fami-
liaridade com esses conceitos.37 Além disso, Luís Vaz aplica termos que denunciam
o seu contacto com a ars emblematica:
Na primeira figura se detinha
O Catual que vira estar pintada,
Que por divisa um ramo na mão tinha,
A barba branca, longa e penteada.
Quem era e por que causa lhe convinha
35
Cf. Paleri, Os Lusíadas di Camões: ut pictura poësis. Modena: Mucchi Editore, 2009, p. 18-35.
36
Camões, Os Lusíadas, VI. 52, vv. 5-8.
37
No comentário a estes versos, surge a distinção: «cimeras son qualesquier figuras que se ponen encima del yelmo
por galanteria, i por imagen de algun pensamento de bravosidad, o amor; i porque se ponia encima de la parte
mas alta, se llamò cimera». Cf. Faria e Sousa, Lvsiadas de Lvis de Camões, Lisboa: INCM, 1972, vol. I, p. 118. Na
nota seguinte, acrescenta-se que as letras, neste contexto, seriam as cifras que os cavaleiros levavam com o nome
das damas que defendiam.

484
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

A divisa que tem na mão tomada?


Paulo responde, cuja voz discreta
O Mauritano sábio lhe interpreta:38

A “divisa” parece aqui designar a empresa no seu conjunto ou mais especifi-


camente a parte icónica, refletindo a flutuação terminológica da época. Esta apro-
ximação de Camões à linguagem mista foi, de resto, notada pelos principais
comentadores barrocos, cujas propostas hermenêuticas sugerem, por vezes, uma
interpretação dos versos à luz dos códigos emblemáticos.39 E se permanecem dúvi-
das quanto aos modelos seguidos pelo Poeta, é inegável que dominava a linguagem
das empresas bem como as técnicas inerentes à invenção de compostos mistos. 40
Nas páginas finais das Rimas estampadas em 1598, figura um texto cuja autoria
nunca ofereceu dúvidas e que vem acompanhado de uma apresentação elucidativa
do seu contexto de origem:
Zombaria que fez sobre algũs homẽs a que não sabia mal o vinho: fingindo, que em Goa nas
festas que se fizeraõ a socessaõ de hum gouernador, sairão a jugar as canas estes certos galantes
com diuisas nas bandeiras, & letras conformes suas tenções, & inclinações.41

Dando crédito à autoridade de Severim de Faria, este escrito teria estado na


origem da primeira prisão do autor, em Goa, uma vez que parece ridicularizar o
evento festivo organizado para celebrar a tomada de posse do governador Francisco
Barreto, por volta de 1556. Desprovidos de qualquer dignidade na sua tentativa de
imitar os cavaleiros medievais, usando empresas, os convivas são descritos como
um grupo de bêbedos:
E hũ q bebia excessiuamente tirou por diuisa hũ Morcego, aue em q foy convertida Alcithoe cõ
as irmãs, por desprezarẽ os sacrifícios de Baco. E como aquelle q se em tal erro caísse, nã qria
ser cõuertido em tã baixo animal, e tã nojoso dizia a sua letra assi em Castelhano
Si yo desobedeciere
A tu deidad sancta y pura,
En almudes mi figura.42

A junção da imagem do Morcego com a letra castelhana forma, de facto, um


conjunto logo-icónico, e não deixa de ser curioso que novamente Camões utilize o
termo “divisa” para designar o elemento visual. O contexto de utilização dos com-

38
Camões, Os Lusíadas, VIII.1.
39
Sobre esta questão, veja-se Araújo, Verba significant..., p. 310-370.
40
Por via paterna, Camões pertencia a uma família que já era armoriada no final do século XV, mas não parece ter
feito uso de insígnias heráldicas. Veja-se o estudo de Martim de Albuquerque, As armas de Camões (o “Livro antigo
dos Reis de Armas” e o “Livro da Guarda roupa dos Reis de Portugal”). In Revista da Universidade de Coimbra,
vol. 31 (1984), p. 553-568.
41
Veja-se M. V. Leal de Matos, Lírica de Luís de Camões. Antologia. Alfragide: Caminho, 2012, p. 119. Na edição
mais recente desta obra, o conjunto textual surge numa secção intitulada de “Emblema”.
42
Cf. Matos, Lírica, p. 220.

485
FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

postos e a intenção satírica que denotam dão a entender que Camões pretendia fazer
uma paródia à moda das empresas. Ainda assim, o autor respeita os códigos de com-
posição e de uso dos compostos. Indiferentes ao simbolismo dos motivos preten-
samente pintados, os cavaleiros camonianos revelam-se incapazes de interpretar o
sentido das bandeiras e mostram-se empenhados em encontrar leituras equívocas da
linguagem simbólica. O torneio prossegue, então, com outro participante:
Outro que no beber lançava a barra inda mais além que os acima escritos tirou por divisa ua
salmandria, passeando por cima de uas brasas de fogo, e a letra dizia.
En el fuego bivo yo.
Mas o pintor errando as letras acertou de pôr: De fogo la bevo yo. Donde os praguentos
quiseram adivinhar que este galante bebia Orraca de fogo. O demónio foi fazer tal erro para
dele sair tamanho acerto. 43

Outros dois concorrentes, não tão embriagados como os demais, reproduziram


nos estandartes a amizade que os unia, carregando, cada um, seu par de pombas e
dizia a letra: “Se como vos há hi par / Vos o podereis julgar”.44 A malícia dos espe-
tadores, acicatada pelo álcool, fez, porém, com que juntassem a última sílaba do
primeiro verso com a primeira do segundo, e assim formaram o termo «par-vos»,
humilhando os inocentes.45 A pomba era um símbolo emblemático de amor maternal
e brandura, pelo que não seria propriamente um ícone viril para empunhar num jogo
de canas.
Independentemente da veracidade histórica do episódio, importa salientar que a
zombaria reproduz um cenário típico da utilização de empresas e comprova o domí-
nio desses mecanismos de representação. O tom burlesco indicia o sucesso do géne-
ro, que teria de ser bem conhecido do público leitor para que se percebesse o sentido
satírico e para que valesse a pena escrever uma paródia. Além disso, o texto salienta
a dimensão iniciática dessa linguagem codificada, cujas redes semânticas nem sem-
pre eram devidamente interpretadas, dando lugar a leituras despropositadas.

CONCLUSÕES

O uso da heráldica pessoal pelas dinastias portuguesas como forma de represen-


tação do poder está atestado desde o reinado de D. João I, tendo essa prática sido
imitada pela nobreza, como se verifica nos relatos das crónicas e no Cancioneiro
Geral de Garcia de Resende. Com a divulgação dos livros de emblemas e das cole-
tâneas de empresas por toda a Europa culta em meados de Quinhentos, a populari-
dade da linguagem logo-icónica ganhou um impacto significativo nas Letras e nas
43
Cf. Matos, Lírica, p. 121-122.
44
Cf. Matos, Lírica, p. 122.
45
“Certo que até qui chegou a malícia dos homens porque tão sutilmente quiseram interpretar a inocência desta letra
que tomaram a derradeira sílaba da primeira regra e ajuntaram-na com a primeira da derradeira, que vem a dizer
parvos, e disseram que juntos significavam isto aqueles dous inocentes. Mal pecado, tão errada anda a maldade
humana, que logo tem por parvos aos que sabem pouco”. Cf. Matos, Lírica..., p. 122.

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FILIPA ARAÚJO
LETRAS E CIMEIRAS: EMBLEMÁTICA E LITERATURA EM DIÁLOGO NO SÉCULO XVI

artes. Também em Portugal se fez sentir o sucesso destes modelos e a utilização de


termos associados à ars emblematica ecoa n’ Os Lusíadas de Camões. Além disso,
o Poeta mostrou dominar cabalmente as técnicas de composição de empresas, na
zombaria que teria composto em Goa.
Por conseguinte, o diálogo da tradição heráldica com a literatura não só partici-
pou efetivamente na génese da ars emblematica, como mostra a receção das agu-
dezas do engenho simbólico e dos códigos emblemáticos na cultura portuguesa do
século XVI, destacando o seu papel como forma de comunicação com forte signifi-
cado social e artístico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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488
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD.
TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ


Ayuntamiento de Sevilla
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Resumen: El trabajo pretende hacer un recorrido histórico y un análisis interpre-


tativo de los símbolos utilizados por la ciudad de Sevilla desde el siglo XIII a la
actualidad: pendón, bandera, sello y escudo como elementos de identificación de
una comunidad urbana.

Palabras clave: ciudad, mundo urbano, símbolos municipales, simbología ciudadana.

Abstract: The study aims to be a historical tour and an interpretative analysis of


the symbols used by the city of Seville from the 13th century to the present: banner,
flag, seal and coat of arms as identifying elements of an urban community.

Keywords: city, urban world, municipal symbols, citizenship symbols.

1. INTRODUCCIÓN
En el mundo occidental es muy frecuente que las instituciones, los territorios
y las personas hayan utilizado y utilizan diversos elementos para identificarse e
individualizarse frente a entidades similares. Este proceso es fácil de advertir en
el ámbito de los territorios conquistados a los reinos musulmanes por las monar-
quías de la península ibérica. Durante los siglos medievales, los municipios (conce-
jos) de las ciudades y villas incorporadas a los reinos cristianos de Portugal, León,
Castilla, Navarra y Aragón debían fijar los límites territoriales de su jurisdicción,
elaborar o recibir las normas y ordenamientos1 aplicables a la población de sus tér-
1
En el caso de Sevilla este proceso fue iniciado por Fernando III al concederle el fuero de Toledo, con algunas
actualizaciones especificas para Sevilla. Aunque el documento original no se ha conservado, su texto se conoce en

489
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

minos y finalmente establecer unos signos de identidad destinados a facilitar, de


forma inequívoca, la personalidad de quienes los utilizaban o reproducían. Cuando
se consumaba este triple proceso las nuevas villas y ciudades se integraban defi-
nitivamente en las estructuras institucionales y administrativas de cada uno de los
reinos. El último de los elementos que acabo de citar se materializaba en el uso tanto
de la iconografía de origen militar, en especial el pendón y la bandera, como de la
iconografía civil, es decir el sello, utilizado en los documentos para sancionar las
decisiones de los gobernantes en nombre de la ciudad, y el escudo, donde se pueden
representar, sobre cualquier soporte, los elementos gráficos y textuales que definen
a una población.
Sevilla, como otras ciudades herederas de los grandes concejos medievales,
posee un valioso y variado patrimonio histórico formado por su iconografía munici-
pal, desarrollada a través de una tradición iniciada a en el siglo XIII, tras su incorpo-
ración a la Corona de Castilla. Presenta dos elementos fundamentales: uno formado
con la imagen sedente de Fernando III, el rey conquistador, solo o con más frecuen-
cia rodeado de San Isidoro y San Leandro y, en segundo lugar, la divisa del nomade-
jado (NO8DO). A partir de estas dos composiciones básicas, los tipos utilizados son
muy numerosos y de gran interés, en especial en el caso del escudo.

2. LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD DE SEVILLA2

El Municipio o Concejo medieval no sólo necesitaba un vecindario, un marco


jurídico y un territorio propios sino también, sobre todo en los momentos inicia-
les, la nueva ciudad, la nueva Sevilla cristiana, necesitaba un símbolo gráfico, en
modo alguno conceptual, una imagen clara e inequívoca de su identidad, una ima-
gen expresiva de la presencia y del poder de la institución concejil. En un con-
texto social marcado por el analfabetismo mayoritario de la población, el Cabildo
municipal, es decir el órgano colegiado que gobernaba y representaba al Concejo,
debió cuidar en extremo la adopción y modificación de estas imágenes simbólicas
que significaban técnicas de comunicación fundamentales para la sociedad durante
todo el Antiguo Régimen. Este simbolismo de imágenes muy sociales, difundidas a
través de los tres elementos que acabo de señalar, entraría dentro de lo que se puede
considerar como propaganda política3.

la confirmación de Alfonso X en 1253: ICAS-SAHP, Archivo Municipal de Sevilla, I-1-5. Editado en Sevilla, Ciu-
dad de Privilegios. Escritura y poder a través del privilegio rodado, Sevilla: Universidad-Ayuntamiento-Fundación
El Monte, 1995, doc. 8.
2
Se trata de una línea de investigación en la que llevamos trabajando desde hace tiempo. Aprovecho la ocasión para
agradecer la colaboración a mis compañeros, en especial Eladia Esperilla y Jose Luis Azcárate.
3
NIETO SORIA, J.M. - Imágenes religiosas del rey y del poder real en la Castilla del siglo XIII. En la España
Medieval, V. Madrid: Universidad Complutense, 1986, p. 711; Fundamentos ideológicos del poder real en Castilla
(Siglos XIII-XVI). Madrid: 1988, p. 42.

490
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

3. EL PENDÓN

El pendón de origen medieval no es un instrumento para el gobierno o la admi-


nistración sino un recurso para la guerra, definido genéricamente como una enseña
(senna) o insignia militar que identificaba a las distintas mesnadas que formaban
un ejército, formada por imágenes o inscripciones bordadas sobre ricas telas, más
largas que anchas, unidas a un asta por el extremo rectilíneo para poder ser portada
o enarbolada. El otro extremo del rectángulo textil, es decir el opuesto al asta, podía
adoptar diversas formas: doble lengua, farpas (en forma de girones) o, como en el
caso sevillano, terminación en semicírculo. A diferencia del sello, cuya reproduc-
ción podía ser múltiple partiendo de una misma matriz en negativo, el pendón era
un objeto único, renovado o sustituido cuando se deterioraba4, símbolo de la ciudad
guiando a sus vecinos en la guerra cuando formaba parte del ejército real y a la vez
alegoría concejil en actos solemnes como fiestas religiosas, honras fúnebres, entra-
das y proclamaciones de reyes. Su carácter casi sagrado implicaba su conservación
y custodia en la Catedral o en alguna iglesia notable de la ciudad. Sin lugar a dudas,
era un signo de distinción muy evidente para la honra de la ciudad, para ese modelo
de ciudad noble, cimentado sobre un sistema de valores caballeresco y nobiliario5.
A mediados del siglo XV, Juan de Mena escribió que las ciudades que fueron capi-
tales de reino podían poseer un pendón, así como aquéllas a las que el rey se lo
hubiere concedido; las otras, en cambio, no debían ni podían usarlo. Este rasgo de
ennoblecimiento queda confirmado con la conocida cita de Fernando de Mexía, de
1478, que asigna el estandarte cabdal, es decir el capital, el más importante, propio
de caudillos, a los señores de más de cien vasallos, a las ciudades y a las órdenes
militares6, manteniendo con toda fidelidad lo indicado en las Partidas de Alfonso X7.
Finalmente, quisiera hacer notar como en las ciudades castellanas medievales pode-
mos observar una doble posibilidad y plantear una hipótesis de trabajo: en ciudades
más antiguas, como Ávila, Segovia, Toledo8 o Cáceres9 la iconografía del pendón
consiste básicamente, como respondiendo en exclusiva a su condición de realen-

4
Vid. el caso de Murcia, con renovaciones bien documentadas, estudiadas por TORRES FONTES, J. - El pendón de
la Ciudad, Estampas de la vida murciana en la época de los Reyes Católicos. Murcia: 1984, pp. 127-134.
5
Vid. a este respecto el trabajo de BONACHÍA HERNANDO, J.A.- Más Honrada que Ciudad de mis Reinos...:
La nobleza y el honor en el imaginario urbano (Burgos en la Baja Edad Media), La Ciudad Medieval. Aspectos de
la vida urbana en la Castilla Medieval. Valladolid: l996, p. 174. En un privilegio de 1266, Alfonso X concedió...
por onrra de la cibdat sobredicha de Murcia, dámosle que ayan senna....Otrosí, les damos seello de dos tablas...
(TORRES FONTES, J. – El pendón…, p.127).
6
Cit. por RUCQUOI, A. - “Des villes pour le Roi”, Realidad e imágenes del poder. España a fines de la Edad
Media. Valladolid: 1988, p. 202.
7
Partida II, tít. 23, ley 13 (Salamanca: 1565, p. 86).
8
LÓPEZ DE AYALA, J. - El pendón real de esta Ciudad [Toledo]. Honores que deben tributársele. Informe. Tole-
do: 1927, pp. 35 y 55.
9
ORTIZ BELMONTE, M. A. - Informe sobre el pendón y el escudo de armas de Córdoba. Boletín de la Real Aca-
demia de Córdoba, 78. Córdoba: 1959, p. 185.

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MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

gas, en la reproducción de las armas del reino castellano-leonés, significando una


evidente presencia del rey y de la monarquía en dichas ciudades; por el contrario,
en dos ciudades conquistadas a mediados del siglo XIII, Sevilla y Murcia, hay una
presencia simultánea de dos tipos de pendones: el real10, similar al de las ciudades
de la Meseta, y el propiamente municipal, en el caso murciano por concesión expre-
sa del rey11.

1. Pendón de la Ciudad de Sevilla. Fines del siglo XV. Casa Consistorial.

El pendón de la Ciudad de Sevilla es una pieza única, datada a finales del siglo
XV12. Se trata de una notable pieza textil de ricos materiales y de grandes dimensio-
nes13, con la única efigie del rey conquistador entronizado, con la espada enhiesta y
el globo terráqueo como atributos. El pendón era el símbolo ciudadano que guiaba
10
Para el pendón real de Sevilla, Vid. GESTOSO PÉREZ, J. La bandera y la espada de San Fernando, en Curiosida-
des Antiguas Sevillanas. Estudios Arqueológicos. Sevilla: 1885, p. 59-63. Se trata de un rectángulo de tafetán rojo
de 2,18 x 2,33 m., conservado en la Catedral, dividido en cuatro cuarteles, tres de los cuales en mal estado: sólo el
superior derecho está completo, con un león púrpura sobre fondo de seda blanco. Sobre esta dualidad de pendones
en Sevilla, Vid. ORTIZ DE ZÚÑIGA, D.-Anales...de Sevilla, II. Madrid: 1795, p. 277-278.
11
J.TORRES FONTES, J.- El pendón…, ob. cit., pp. 127 y ss. Vid. un interesante documento de Juan II (1424)
sobre los dos pendones, que debían ser guardados por el regimiento en un arca, publicado por J. ABELLÁN
PÉREZ, J.- Documentos de Juan II. Murcia: 1984, p. 233.
12
El trabajo fundamental sigue siendo el de GESTOSO PÉREZ, J. - Noticia histórico-descriptiva del Pendón de
la Ciudad de Sevilla y de la Hermandad de los Sastres. Sevilla: 1885 y 1891, reedic. Sevilla: Ayuntamiento, 1999.
13
El pendón mide 210 x 281 cm. Vid. NAVARRETE, B.; FERNÁNDEZ, M. - Historia y Patrimonio del Ayunta-
miento de Sevilla. Sevilla: Ayuntamiento, 2014, p. 97-99.

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MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

a las tropas concejiles en el combate, una trasposición de la ciudad levantada en


armas14; en tiempos de paz, en situaciones de gran solemnidad –como en la pro-
clamación de un nuevo rey- el pendón, personificación de la ciudad, era tremolado
públicamente en señal de acatamiento.

2. Bandera de la Ciudad. 2004. Casa Consistorial.

4. LA BANDERA

Una derivación del pendón, como elemento material aunque con un sentido sim-
bólico muy distinto, es la bandera de la Ciudad de Sevilla, de creación muy reciente
(2004)15, si bien sus elementos compositivos proceden de la tradición iconográfica
sevillana: el color rojo carmesí recuerda al antiguo pendón y las letras NO y DO
unidas por un signo en forma de madeja (NO8DO) está presente en la heráldica de
la ciudad desde el siglo XVII.

5. EL SELLO

Al contrario que pendones, banderas y escudos -pensados para ser exhibidos o


mostrados en público-, el sello se mueve en un terreno más oculto, más “sigiloso”:
el ámbito jurídico de lo documental, de las relaciones entre instituciones y personas.
A través del sello la ciudad, como Concejo/Municipio, como institución municipal,
está presente metafóricamente “firmando” las escrituras de quienes gobernaban en
su nombre (Cabildo/Corporación/Ayuntamiento). En sus orígenes medievales, el

14
GARCÍA FITZ, F.; KIRSCHBERG SCHENCK, D.; FERNÁNDEZ GÓMEZ, M. - 1444. Sevilla en guerra. Sevi-
lla: Ayuntamiento-ICAS, 2015.
15
Resolución de la Junta de Andalucía de 30 de noviembre de 2004 (BOJA 246, 20 de diciembre de 2004).

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MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

derecho reconocido para sellar sus documentos constituía una de las manifestacio-
nes más evidentes de la propia capacidad jurídica del concejo16.
La aposición del sello representaba la culminación de todo el proceso de ela-
boración documental, es decir de la capacidad para testimoniar de forma duradera
las funciones de gobierno y de administración de las instituciones concejiles. La
expresión pasar al sello significaba que un determinado documento había supera-
do las diversas operaciones y formalidades de la conscriptio documental. En los
términos siguientes se expresa la siguiente ordenanza de época de Alfonso X: El
seello mayor del conçejo de Sevilla son dos tablas e tiénenlas dos caualleros de la
çibdat por mandato del rey. Et quando algunas cartas son de seellar con este seello
deuen ser otorgadas en conçeio general o en cabillo; et pues que así fueren otor-
gadas, el escriuano mayor de conçeio...va a estos dos caualleros sobredichos con
la carta...quel dan luego sin detenimiento ninguno las tablas e éll seella la carta17.
La impronta, es decir la imagen que queda impresa en el sello, constituye de forma
efectiva la suscripción gráfica del Concejo, en base a su simbolismo institucional,
a un nivel superior al que tenían a los sellos individuales y las firmas personales de
los miembros del Cabildo y oficiales del Concejo que intervenían en la expedición
de documentos.

3. Sello del Concejo, de cera pendiente. Siglo 4. Sello de cera, placado. “Sello Gótico”. 1493.
XIII. Instituto Valencia de Don Juan (Madrid). ICAS-SAHP, Archivo Municipal de Sevilla.

16
CARLÉ, M. C. - El concejo medieval castellano-leonés. Buenos Aires: 1958, p. 58 y ss. Un buen ejemplo de la
importancia jurídica del sello concejil en la Edad Media, con documentación del Cabildo hispalense en época de
Sancho IV, en el trabajo de GONZÁLEZ ARCE, J. D. - Ordenanzas, usos y costumbres de Sevilla en tiempos de
Sancho IV. Historia, Instituciones, Documentos, 22. Sevilla: Universidad de Sevilla, 1995, p. 261-292.
17
GONZÁLEZ ARCE, J. D. - Cuadernos de Ordenanzas y otros documentos sevillanos del reinado de Alfonso X.
H.I.D., 16. Sevilla: Universidad de Sevilla, 1989, p. 112.

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MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

5. Sello de cera, placado. “Sello plateresco”, 6. Sello de cera placado. “Sello barroco”,
usado entre 1508-1636. ICAS-SAHP, Archivo usado ente 1621-1825. ICAS-SAHP, Archivo
Municipal de Sevilla. Municipal de Sevilla.

La iconografía del sello concejil es muy conservadora -fijada ya en el siglo XIII-,


muy estable, considerando la tradición de los símbolos como prestigio y credibi-
lidad de la propia institución concejil18. Como suele ser habitual en la sigilografía
concejil, la de Sevilla solo ha permitido modificaciones menores a lo largo de perio-
dos de tiempo muy extensos, centradas en los elementos decorativos: siempre se
utilizó la misma composición -el rey Fernando III y los dos hermanos arzobispos,
Isidoro y Leandro-, en los sellos de cera desde el siglo XIII al XIX. El único cambio
sustancial se produjo ya en el siglo XIX con la introducción del sello de tinta, que
incluyó el nomadejado (NO8DO), novedad iconográfica que en este ámbito acabó
sustituyendo a la composición tradicional del rey y los arzobispos.

7. Matriz del “sello barroco” de Sevilla: bronce 8. Sello en tinta. 1838. ICAS-SAHP, Archivo
dorado, en negativo. Usado entre 1621-1825. Municipal de Sevilla.
ICAS-SAHP, Archivo Municipal de Sevilla.

18
Vid. FERNÁNDEZ GÓMEZ, M.: Los sellos de la ciudad de Sevilla. Sevilla: Ayuntamiento-Área de Cultura,
1996.

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EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

9. Sello en tinta junto a la rúbrica. 1819. ICAS-SAHP, Archivo Municipal de Sevilla.

6. EL “NOMADEJADO”

Este nuevo elemento iconográfico, conocido también como armas menores o


chicas, aunque en modo alguno se trata de un segundo escudo, es una conocida
y original divisa de uso muy extendido como símbolo de Sevilla. Es un jeroglífi-
co muy expresivo y fácil de representar –sobre todo si se compara con el tradicio-
nal escudo o armas mayores-, que ha funcionado como auténtico logotipo durante
siglos, compuesto por dos elementos: la imagen de una madeja en vertical, anuda-
da por la mitad (empresa) flanqueada por las sílabas NO y DO, escritas en letras
capitales (mote). En cuanto a sus colores, uno de los testimonios documentales más
antiguos, define la madeja en oro, las letras en plata sobre fondo de color azul19. Así
es descrito formando parte del monumento levantado en la Catedral con motivo de
la canonización de Fernando III en 1671, en un libro publicado en dicho año por
Fernando de la Torre Farfán.
Antiguos cronistas e historiadores sevillanos, haciéndose eco de una tradición
legendaria inspirada en ciertos hechos históricos, remontaban el origen de este jero-
glífico al siglo XIII, otorgado por el rey Alfonso X a Sevilla en premio a la fideli-
dad demostrada por la ciudad en el enfrentamiento entre el rey y su hijo, el futuro
Sancho IV a partir de 1281. La cifra del jeroglífico es la siguiente: NO-madeja-DO
= no me ha dejado. Sin embargo, parece fuera de dudas que tal concesión nunca
existió20: se trata de una leyenda historicista, falsa pero ingeniosa y probable, en un

19
La divisa de Sevilla ha sido inscrita en el Registro Andaluz de Entidades Locales por resolución de la Junta de
Andalucía de 27 de junio de 2018 (BOJA 127 de 3 de julio de 2018) con la siguiente descripción: “Dos grupos de
letras, NO y DO, escritas en caracteres capitales clásicos, en oro; entre las dos sílabas se intercala el dibujo de una
madeja, también en oro. La madeja tiene doble altura que las letras”. En el color se ha adoptado el mismo que tiene
el nomadejado aprobado en la bandera de la ciudad.
20
Vid. el libro colectivo Sevilla / El Signo. Sevilla: Ayuntamiento de Sevilla-Gerencia de Urbanismo, 2004.

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EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

10. Portada de los Anales de Sevilla de Diego 11. Sello en cera del gremio de pasamaneros.
Ortiz de Zúñiga, Madrid 1667 (1ª edición). 1619. Incorpora una madeja, procedente de la
ciudad o del propio oficio?

intento consciente de agrandar el lustre de la ciudad en torno a la figura canonizada


de San Fernando, padre del supuesto autor del jeroglífico, aunque la autoría real
debe localizarse en eruditos como el regidor e historiador Ortiz de Zúñiga o el canó-
nigo Torre Farfán. El jeroglífico se basa en una identificación iconográfica igual-
mente falsa: en las cartelas de la Sala Capitular Baja de la Casa Consistorial nunca
se esculpió una “madeja”, como interpretaron los sabios Zúñiga y Farfán, sino “un
haz recogido por un nudo” (NODO = NUDO), ejecutado según la tradición clásica
en la que está inspirada toda la decoración del edificio consistorial, consagrado a
exaltar la unión –a través del símbolo del nudo de origen hercúleo- entre el empera-
dor Carlos y la Ciudad de Sevilla21, quedando así invalidado uno de los principales
argumentos para fechar en el siglo XIII tan peculiar símbolo sevillano. El nomade-
jado no fue ni creado ni otorgado en el siglo XIII ni estuvo vinculado a Fernando III
ni a su hijo Alfonso X más que en la imaginación de los historiadores mencionados,
tan ingeniosos cultivadores de la literatura latina de los emblemas como obsesio-
nados por la grandeza de su Sevilla natal. Lo que sí certifican las fuentes históricas
fidedignas es que esta divisa se usó y se generalizó sólo a partir del último tercio
del siglo XVII, coincidiendo con la canonización de Fernando III (1671)22; y desde
21
Miguel de Unamuno ya intuyó que el nomadejado no podía interpretarse como un jeroglífico, negando la exis-
tencia del propio jeroglífico, considerado como un símbolo más de la unión de las coronas de Castilla y Aragón:
- Símbolos mal interpretados y símbolos mal expresados. Alrededor del mundo. Madrid: 1901 (28 de febrero), p.
167-168.
22
La primera vez que documentalmente se representa el nomadejado es en la portada de un impreso de Torre Far-
fán, fechado en 1663, sobre una justa poética dedicada a la iglesia del Sagrario, sin relación ninguna con el Concejo

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MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

entonces, ininterrumpidamente, fue utilizada hasta nuestros días por las autoridades
municipales como elemento de identificación incontestable de la ciudad de Sevilla
junto al tradicional e inalterable escudo dela ciudad, compuesto por las figuras de
San Fernando, San Isidoro y San Leandro. Como he indicado antes, el nomadejado
acabó incorporándose al sello municipal en fecha mucho más tardía, a partir de los
primeros años del siglo XIX, y únicamente en los sellos en tinta. Una vez incorpo-
rado al sello, igual que ocurrió con el escudo, el nomadejado se usó sin solución de
continuidad hasta la actualidad e incluso, debido a su fácil representación, acabó
ocupando todo el campo de los sellos municipales.
El diseño fácil y “moderno” del nomadejado explican su éxito en múltiples
ámbitos, especialmente en los últimos veinticinco años, y su adopción “silenciosa”
por parte de las autoridades municipales para representar al propio Ayuntamiento.
Su expansión llegó al extremo de que una parte del nomadejado, es decir la madeja
sola, llegó a simbolizar a una de las más recientes Corporaciones municipales, con
diseños atrevidos y novedosos (madejas de dibujos y colores diversos y en posturas
muy variadas).

7. EL ESCUDO

Finalmente debemos citar los escudos –mejor en plural-, cronológicamente más


recientes que pendones y sellos, de los que toman la mayor parte de sus componen-
tes, sobre todo de estos últimos. En un sentido amplio podemos hablar de blasón
refiriéndonos a las armas, insignias o signos en general con los que la nobleza, y con
posterioridad otras instituciones y corporaciones, adornaban sus escudos de comba-
te para recordar algún hecho o acontecimiento heroico o muy destacable. El origen
militar de estas representaciones fue evolucionando al adoptar como soportes otros
materiales --papel y pergamino, piedra, madera y metales--, sin abandonar en nin-
gún momento las formas y los perfiles característicos de los escudos de guerra. Los
escudos son más tardíos en el mundo urbano, generalizándose a lo largo del siglo
XV como una manifestación más del proceso de ennoblecimiento, de esa carrera
hacia la nobleza de las ciudades castellanas de la época Trastámara23, que culminará
en el siglo XVI con la redacción y difusión de crónicas laudatorias de las ciudades,
a imitación de las de la realeza y la nobleza, en las que jugaban un papel primordial
los méritos y virtudes de la figura del fundador, convertido en el tronco matriz de la
nobleza de la ciudad. En definitiva, se estaba tomando conciencia de la necesidad de
establecer una auténtica genealogía de la ciudad lo más brillante y antigua posible.

sevillano; en 1671 el mismo Torre Farfán publicó en su libro dedicado a la canonización de San Fernando un graba-
do con una arquitectura efímera en la que se reproduce el nomadejado como símbolo municipal; finalmente, Ortiz
de Zúñiga, en la portada de sus Anales…de Sevilla (1677), colocó el símbolo como emblema común de la ciudad,
del que brotan los dos escudos de los dos Cabildos, el eclesiástico y el concejil.
23
RUCQUOI, A. - Des villes…, p. 209.

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MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

El escudo, al contrario de lo que hemos comentado para el sello, presenta una


mayor diversidad iconográfica, una cierta libertad de diseño; no en vano es el sím-
bolo exterior por excelencia, el destinado a la comunicación generalizada, el que
puede reproducirse en cualquier soporte, y el más popular porque es el que se exhi-
be en toda ocasión pública, y por supuesto en fiestas y celebraciones. Si analizamos
los ejemplares conservados de sellos, escudos y del pendón de la Ciudad de Sevilla
a lo largo de más de siete siglos, llegaremos de inmediato a una conclusión evidente,
cual es la presencia en todos ellos de la imagen de Fernando III como protagonista
indiscutible de cada uno de los elementos simbólicos de que se servía esta ciudad.
Y no sólo se trata del mismo personaje sino además, para que el componente sim-
bólico resulte más efectivo, en la misma actitud, que no casualmente es la forma
más solemne de representar a un rey, es decir en actitud mayestática24: sentado en
su trono, de frente, vestido con túnica talar y amplio manto recogido en el pecho,
con larga cabellera y tocado con corona abierta, portando en su mano derecha una
espada desenvainada y enhiesta y en la izquierda, el pomo o globo imperial. Esta
escenografía tan solemne no fue utilizada en la iconografía de los sellos de los reyes
castellano-leoneses hasta el reinado de Fernando III25, pues era reservada a la dig-
nidad imperial, como en el caso de Alfonso VII, con atributos específicos como el

12. Escudo grabado sobre papel. 1631. 13. Escudo grabado sobre papel, en impresos
ICAS-SAHP, Archivo Municipal de Sevilla. municipales. 1692. ICAS-SAHP, Archivo
Municipal de Sevilla.

Sobre el simbolismo monárquico, Vid. PALACIOS MARTÍN, B. - “Imágenes y símbolos del poder real en la
24

Corona de Aragón,” XV Congreso de Historia de la Corona de Aragón. Zaragoza: 1997, p. 228 y ss.
RUIZ, T. F. - L’image du pouvoir à travers les sceaux de la monarchie castillane, Génesis medieval del Estado
25

Moderno. Castilla y Navarra (1250-1370). Valladolid: 1987, p. 217-227.

499
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

14. Escudo grabado sobre papel, en impresos municipales. 1694. ICAS-SAHP,


Archivo Municipal de Sevilla.

pomo imperial, raramente utilizados por los reyes castellanos26. Algunos apologistas
de la ciudad interpretaron en “clave sevillana”, de un egocentrismo nada infrecuente
a partir del siglo XVI, la universalidad de la actitud y atributos de San Fernando,
como este párrafo del abad Gordillo: ...con una espada en una mano y un mundo
en otra, como significando que Sevilla parte el mundo y lo hace a dos partes y da
correspondencia al uno y al otro...27.
Esta imagen concreta, la del rey conquistador, virtuoso y justiciero a la vez, rex
christianissimus et virtuosissimus, símbolo político y religioso simultáneamente,
debemos considerarla como una opción consciente de las autoridades concejiles
sevillanas elaborada al poco tiempo de constituirse el nuevo municipio hispalense,
en esos momentos iniciales en los que debió ser más urgente la adopción de lo que
en la actualidad denominaríamos “imagen corporativa”. No debemos perder de vista
que, en general, los reyes podían conceder a los concejos el privilegio para usar
sellos y pendones28 pero la elección de las imágenes que debían ocupar las super-
ficies de unos y otros correspondía a los propios concejos, ya que en definitiva se
trataba de sus señas de identidad, válidas para reunir y convocar a los miembros de
una misma comunidad y para distinguirla de otras. En el caso de Sevilla esta opción
consciente por la imagen de San Fernando es muy clara en la evolución del sello

26
SCHRAMM, P. E. - Las insignias de la realeza en la Edad Media española. Madrid: 1996, p. 128.
27
SÁNCHEZ GORDILLO, A. - Memorial de historia eclesiástica de la Ciudad de Sevilla, fol. 28 (Ms. Biblioteca
Capitular de Sevilla). Sobre los atributos de “condición social” del rey, Vid. CINTAS DEL BOT, A. - Iconografía
del rey San Fernando en la pintura de Sevilla. Sevilla, Diputación de Sevilla: 1991, p. 41-43.
28
En Sevilla no se ha conservado o no se dio un privilegio específico para ello, pero sí está documentado para Mur-
cia (TORRES FONTES, J. – El pendón…, p. 127-128).

500
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

concejil29. El único ejemplar de sello pendiente30, de gran módulo (ca. 80 mm.) en


cera verde, utilizado para validar documentos en pergamino, presenta en el anverso
el rey mayestático antes descrito, flanqueado por San Isidoro y San Leandro, y en el
reverso una vista del recinto amurallado de la ciudad, con el río en primer término,
en el que se destacan las torres del Oro y de la Giralda. Como ocurre en los sellos
de otras muchas ciudades europeas, la representación de las murallas, con todo su
primitivo realismo, constituye un signo evidente de la autonomía, de los privilegios
y del poder del propio municipio31.
A lo largo del siglo XIV, con la progresiva generalización del papel como mate-
ria escriptoria, el concejo hispalense tuvo que plantearse la necesidad de elegir una
sola imagen, entre las dos posibles improntas que ofrecía el ya citado sello bifaz
usado en los pergaminos, a fin de escoger un único modelo para la matriz del sello
usado en la validación de los documentos emitidos en papel. Entre las dos opciones,
es decir la “representación material” de la ciudad y la solemne escena presidida por
San Fernando, el Cabildo hispalense se decidió por esta última, imaginamos que con
pocas dudas, consciente del gran valor simbólico que para la ciudad tenía la figura
de su rey conquistador. Los concejos cambiaban o transformaban las imágenes de
sus sellos siguiendo ciertos objetivos políticos, nunca debieron ser cambios acciden-
tales. Además, la elección de la imagen de un rey resultaba una auténtica novedad
para los sellos concejiles: de los 325 sellos de 250 poblaciones estudiados por Julio
González32, sólo Sevilla y Toledo optaron por elegir como símbolo a un rey concre-
to, el conquistador, y no al reino correspondiente -a través de la incorporación de las
armas reales al campo de los sellos concejiles-. Ambas ciudades mantuvieron estre-
chas relaciones institucionales en época medieval, sin olvidar que tras la conquista
Sevilla recibió el fuero de Toledo.
En relación al sello concejil, y posteriormente al escudo, existe otra cuestión
de gran interés. Me refiero a la presencia en el campo del sello de San Isidoro y
San Leandro. En el pendón y en los más antiguos testimonios del escudo de armas
-documentados desde principios del siglo XV en las decoraciones de las hachas de
cera del Corpus Christi y en los escudos colocados en los extremos de las telas de
las lizas para justas33- sólo aparece San Fernando. Sin embargo, la ya citada primera

29
Vid. nuestro trabajo Los sellos de la ciudad de Sevilla, …, basado en un trabajo publicado en el libro Fernando III
y su época. Madrid, Fundación Ramón Areces, 1995, p. 33-57.
30
Conservado en el Instituto Valencia de Don Juan de Madrid. Reproducción fotográfica en FERNÁNDEZ
GÓMEZ, M. Los sellos de la ciudad de Sevilla…., p. 33-34. Una copia en yeso negro, en dos piezas, de época de
Gestoso, amigo y colaborador de conde de Valencia de Don Juan, se conserva en el Archivo Municipal de Sevilla.
31
BASCAPÉ, G. C. - I sigilli dei comuni italiani nel Medio Evo e nell’Etá Moderna, Studi in onore Cesare Mana-
resi. Milan: 1953, p. 81 y ss.
32
GONZÁLEZ, J. - Los sellos concejiles de España en la Edad Media, Hispania, XX. Madrid: 1945, p. 372-384.
33
COLLANTES DE TERÁN DELORME, F. - Sobre el escudo de armas de Sevilla, Homenaje al Profesor Carria-
zo, II. Sevilla: 1972, p. 134. ROMERO ABAD, A. R. - Las fiestas de Sevilla en el siglo XV, Las fiestas de Sevilla.
Otros estudios. Madrid, CEIRA, 1991, p. 95, parece confundir el escudo de Sevilla con el del rey Fernando III, si
bien documenta las imágenes del rey hasta 1480, mientras que Collantes sitúa los primeros testimonios en 1402.

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MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

impronta del sello pendiente del siglo XIII ya presenta al rey acompañado de los
santos arzobispos. Este cambio es difícil de explicar por la falta de fuentes, pero
pensamos que en un determinado momento, no lejano al de constitución del propio
concejo, las autoridades sevillanas debieron añadir a la de Fernando III las figuras
de los dos arzobispos hermanos, símbolos del esplendor de la Sevilla visigótica y
cristiana anterior a la conquista de los musulmanes, pretendiendo así vincularse a
una tradición goticista mantenida a pesar de los siglos de presencia árabe, en una
más que probable y deseada operación de prestigio destinada a entroncar la ciudad
reconquistada en 1248 con la mítica metrópolis de los obispos visigodos del siglo
VII. A esta tradición historicista habría que añadir el peso de las leyendas que vin-
culaban a San Isidoro con la conquista de la ciudad almohade a través de milagros y
apariciones a San Fernando34.

15. Escudo manuscrito sobre papel, utilizado 16. Escudo grabado sobre papel, utilizado en la
en la documentación municipal. 1760. ICAS- documentación municipal. 1773. ICAS-SAHP,
SAHP, Archivo Municipal de Sevilla. Archivo Municipal de Sevilla.

Una vez decidida y oficializada la composición iconográfica en el sello concejil


(Fernando III entronizado, flanqueado por los arzobispos Isidoro y Leandro de pie,
con báculos y libros como atributos), consolidada a lo largo de los siglos XIII al
XV, con leves variaciones en el dibujo de las figuras, en el fondo arquitectónico y
decorativo y en pequeños cambios en las leyendas, esta estructura fue traspasada al
escudo de armas de la ciudad. Este es el conocido como proceso de heraldización
del sello del concejo, tan frecuente en los municipios españoles, pudiendo detectar-

34
PERAZA, L. de - Justicia de Sevilla (Manuscrito de la Biblioteca del Archivo Municipal de Sevilla, 1/18, fols.
751-754), publicado como Historia de la Ciudad de Sevilla, edit. S. PÉREZ GONZÁLEZ, Sevilla: Ayuntamiento de
Sevilla-Cultura, 1998, p. 135 y ss. Vid. también ESPINOSA DE LOS MONTEROS, P. - Historia, antigüedades y
grandezas de ... Sevilla (1ª parte). Sevilla: 1627 (reedic. Sevilla, Ayuntamiento, 2009), p. 99.

502
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

17. Escudo grabado sobre papel, utilizado en la documentación municipal. 1799. ICAS-SAHP,
Archivo Municipal de Sevilla.

se una fase de tránsito y de transformación progresiva en los primeros ejemplares


de escudos, copiados directa y fielmente de los sellos35. El pendón, en cambio, al
tratarse de una pieza singular, única, casi sagrada, no recibió la influencia de la com-
posición adoptada en los sellos: como encarnación simbólica de la Ciudad el pendón
debía mantenerse fiel a sí mismo, a su simbología de inspiración feudal, ajeno a las
modificaciones provocadas por el paso del tiempo.

18. Escudo grabado sobre papel, utilizado en la 19. Escudo grabado sobre papel, utilizado en la
documentación municipal. 1813. ICAS-SAHP, documentación municipal. 1834. ICAS-SAHP,
Archivo Municipal de Sevilla. Archivo Municipal de Sevilla.

35
Vid. los escudos que aparecen en un documento de 1537 (ICAS-SAHP, Archivo Municipal de Sevilla, I-3-67: el
escudo está orlado con la leyenda: S. CONSILII NOBILISSIMI CIVITATIS ISPALENSIS) o los esculpidos en el
edificio del Ayuntamiento, fechados en el primer tercio del siglo XVI (MORALES, A. J. - La obra renacentista del
Ayuntamiento de Sevilla. Sevilla: Ayuntamiento, 1981).

503
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

20. Escudo grabado sobre papel, utilizado en la documentación municipal. 1835. ICAS-SAHP,
Archivo Municipal de Sevilla.

Ya en el siglo XVII el escudo incorporó, normalmente fuera del campo, el céle-


bre “nomadejado”, llamado tradicionalmente “armas chicas”, aunque en modo algu-
no se trata de un segundo escudo sino de una divisa, representación gráfica de un
frase o “voz” propia de la ciudad, elemento muy infrecuente en la heráldica muni-
cipal española según F. Menéndez Pidal, de la que hemos hablado con anterioridad.
La libertad compositiva del escudo en un período de más de quinientos años ha
producido un variado y amplio corpus de tipos utilizado36, de un gran interés histó-
rico y artístico. Estas variaciones son ciertas pero debemos tener en cuenta que los
elementos esenciales (San Fernando flanqueado por San Isidoro y San Leandro, más
en el nomadejado añadido en las últimas décadas del siglo XVII) son siempre res-
petados, aunque solo se permiten modificaciones menores y de carácter decorativo.
Las variaciones se van a centrar sobre todo en los elementos heráldicos secundarios
y en las piezas decorativas.
En las decenas de modelos localizados podemos apreciar muy diversas motiva-
ciones por parte de las autoridades municipales en la incorporación o supresión de
estos elementos heráldicos secundarios o decorativos. En ocasiones se han añadido
símbolos vinculados a acontecimientos históricos relevantes para la ciudad, como la
corona de laurel colocada sobre el blasón sevillano, concedida en 1843 por Isabel II,
junto al título de “invicta”, reconociendo la heroicidad de la ciudad ante el asedio de
las tropas de van Halen y Espartero; o el caso, común a muchas ciudades españolas,
de sustituir la corona real por la murada en los períodos republicanos; o los mis-
mos títulos oficiales de la ciudad, colocados en una filacteria rodeando al escudo,
casi todos por concesiones de reyes o jefes de Estado. Aun siendo importantes, la
mayoría de las variaciones y modificaciones, ubicadas normalmente fuera del pro-
36
Vid. el libro Sevilla / El Signo…. , que cuenta con un aparato gráfico muy abundante.

504
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

21. Escudo grabado sobre papel, utilizado en la 22. Escudo grabado sobre papel, utilizado en la
documentación municipal. 1843. ICAS-SAHP, documentación municipal. 1876. ICAS-SAHP,
Archivo Municipal de Sevilla. Archivo Municipal de Sevilla.

23. Escudo grabado sobre papel, utilizado en el plano de la ciudad. 1890.

pio campo del escudo, han obedecido a planteamientos estéticos y decorativos, en


un intento de ofrecer una imagen determinada del símbolo más conocido y popular
de la ciudad37.

37
Un caso bien distinto, con modificaciones importantes en el campo del escudo, lo hemos estudiado en el siguiente
trabajo: FERNÁNDEZ GÓMEZ, M. - El escudo “perdido” de Alcalá de Guadaíra (Sevilla), Hidalguía. Revista de
Genealogía, Nobleza y Armas. Madrid: Fundación Cultural Hidalgos de España, 376, septiembre-diciembre 2017,
p. 665 – 686.

505
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

24. Escudo grabado sobre papel, utilizado para 25. Escudo grabado sobre papel, utilizado
usos no oficiales. 1920. durante la Exposición Iberoamericana.
1929-1930.

26. Escudo grabado sobre papel, utilizado 27. Escudo grabado sobre papel. 1952.
durante la II República. 1934.

La nómina de estas variaciones es realmente amplia y de gran interés: coronas


abiertas y cerradas de diferentes tipos; nomadejados con diseños muy diferente,
colocados dentro y fuera del escudo, y en este último caso coronando el blasón o
al pie del mismo; figuras humanas y de animales flanqueando al escudo -Hércules
y Julio César; una pareja de niños; dos leones; águila bicéfala-; mazas acoladas
de diversos diseños; adornos y molduras arquitectónicas (conchas, volutas, roca-

506
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

lla) adosadas o envolviendo al escudo, o bien decoraciones vegetales y “frutales”


y hasta el mismo cuerno de la abundancia; cintas o filacterias con los títulos de la
ciudad. La variación de modelos se acentúa si pensamos en la composición de las
figuras principales (normalmente el rey sentado en el trono rodeado de los arzo-
bispos de pie, pero también se les representa a los tres de pie o a los tres sentado),
en sus atributos y ropas y en el fondo arquitectónico y escenográfico que los rodea
(trono, cortinajes, doseles, tienda de guerra, alfombras, borlas, perspectiva de los
suelos). En definitiva, en el blasón sevillano se han reflejado, a veces añadido de
forma acumulativa, desde acontecimientos históricos hasta elementos muy diver-
sos, tanto figurativos como decorativos, en muchos casos atendiendo más a criterios
estéticos que históricos.

8. EL ESCUDO ACTUAL

En el escudo que usaba el Ayuntamiento desde mediados del siglo XX, esa diver-
sidad de la que hablamos acabó convirtiéndose en una composición abigarrada,
heráldicamente oscura e incorrecta y difícil de reproducir. Lo peor de todo es que el
desorden y sobreabundancia de elementos convirtieron el conjunto en un escudo de
dudoso gusto y poco comprensible, es decir en una especie de anti-escudo. O inclu-
so un anti-símbolo, ya que en estas cuestiones lo importante no es decir muchas
cosas sino decir solo lo importante y con el menor número de elementos, es decir
solo los principales. A modo de ejemplo indicaré que en ese escudo se cometía una
arbitrariedad antihistórica que se ha mantenido durante sesenta años: los atributos
reales de Fernando III están colocados a la inversa, es decir el globo terráqueo en su
mano derecha y un cetro (¿?), no la espada tradicional, en la izquierda. Los colores
no estaban fijados; las variaciones, en este sentido, son igualmente variadas y sin
criterio determinado.

28 y 29. Escudo grabado sobre papel de uso municipal


durante la 2ª mitad del siglo XX y hasta 2017.

507
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

Ante esta situación, advertida ya por un experto heraldista como Delgado


Orellana a partir de 197838, y ante la necesidad de inscribir los símbolos sevilla-
nos en el Registro de Entidades Locales de la Junta de Andalucía, se creó una pri-
mera comisión de expertos, durante la alcaldía de Dª Soledad Becerril Bustamante
(1997)39, respondiendo a una moción de Izquierda Unida (Pleno de 31 de julio de
1997) exigiendo un estudio sobre los símbolos municipales para evitar el uso arbi-
trario de los mismos. A pesar de que la comisión presentó unas conclusiones gene-
rales, éstas no fueron hechas públicas y se cerró sin resultados prácticos. Unos años
más tarde el alcalde D. Ignacio Zoido Álvarez retomó esta cuestión, mediante reso-
lución de la Alcaldía de 5 de junio de 2013, motivado por la necesidad de norma-
lizar los símbolos municipales sevillanos y la obligación legal de inscribirlos en el
Registro Andaluz de Entidades Locales40, nombrando al efecto una nueva comisión
de expertos41. A pesar de las ocho sesiones de la comisión y la elaboración de un
modelo de escudo consensuado, las conclusiones de esta segunda comisión no se
hicieron públicas ni se presentaron en el Pleno del Ayuntamiento.
El tercer y último episodio nació de una iniciativa del alcalde actual, D. Juan
Espadas Cejas. En el Pleno de 23 de diciembre de 2016 su grupo político demostró
su interés y voluntad para culminar el trabajo desarrollado en Corporaciones anterio-
res: se consiguió el acuerdo necesario para el inicio del expediente destinado a fijar
e inscribir oficialmente el escudo y símbolos representativos de Sevilla, tomando
como base las propuestas de la segunda de las comisiones. Como en los casos ante-
riores se volvió a nombrar una tercera comisión por resolución de la Alcaldía de 16
de marzo de 201742. A los cuatro meses de su nombramiento, el 25 de julio de 2017,
la comisión emitió un informe final, precedido de un período de exposición pública
y de la resolución de diversas alegaciones, incluyendo un diseño de escudo que a su

38
DELGADO ORELLANA, J. A. - Análisis del escudo heráldico municipal de Sevilla, Hidalguía, 148-149.
Madrid: 1978, p.721-728. El mismo autor insistió repetidamente en la prensa sevillana, ABC (edic. Sevilla), 5 de
julio de 1979, p. 24 y El Correo de Andalucía, 7 de enero de 1982, p. 15. Vid. también J. GONZÁLEZ MORENO,
ABC, 25 de marzo de 1982, p. 29.
39
Resolución de Alcaldía de 29 de octubre de 1997 con el nombramiento, visto el informe del Director del Archivo
Municipal, de la Comisión “para la realización del estudio sobre los símbolos municipales”: Enriqueta Vila Vilar, de
la Real Academia Sevillana de Buenas Letras; Manuel González Jiménez, catedrático de la Universidad de Sevilla;
Faustino Menéndez Pidal de Navascués, de la Real Academia de la Historia; Ignacio Medina Fernández de Cór-
dona, duque de Segorbe; Mauricio Domínguez Domínguez-Adame, jefe de Protocolo del Ayuntamiento; Marcos
Fernández Gómez, director del Archivo Municipal de Sevilla.
40
Ley 6/2003, de 9 de octubre, de símbolos, tratamientos y registro de las Entidades Locales de Andalucía (BOJA,
210 de 31 de octubre de 2003).
41
La comisión nombrada estaba formada por los siguientes miembros: Isabel de León Borrero, presidenta de la Real
Academia de Santa Isabel de Hungría; Manuel Romero Tallafigo, catedrático de la Universidad de Sevilla; Mauricio
Domínguez y Domínguez-Adame, jefe de Protocolo del Ayuntamiento (1983-2005), Marcos Fernández Gómez,
jefe del Servicio de Archivo, Hemeroteca y Publicaciones del Ayuntamiento; Francisco J. Martínez Yuste, director
general de Protocolo y Casa Consistorial del Ayuntamiento; Luis Enrique Flores Domínguez, secretario general del
Ayuntamiento funcionario en quien delegue.
42
Formada por los mismos miembros de la segunda comisión. Para presidirla fue nombrada Dª Carmen Castreño
Lucas, primera teniente de alcalde Delegada de Economía, Comercio y Relaciones Institucionales.

508
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

vez fue presentado y aprobado por el Pleno el 27 de diciembre de 2017. El nuevo


escudo43 es definido con las siguientes fórmulas heráldicas: De gules, la figura de
Fernando III con túnica y calzado de gules, capa de azur ribeteada de oro, corona-
do de lo mismo, con una espada de plata guarnecida de oro en su mano diestra y
un orbe de azur, con ecuador, semimeridiano y cruz de oro, en la siniestra, sedente
en silla de tijera o jamuga sobre tarima con dosel, ambas de oro. Acompañado a la
diestra por San Isidoro y a la siniestra por San Leandro, ambos vestidos con alba
y calzado de plata, capa pluvial y estola de oro, con mitra de lo mismo forrada de
plata y cruz en el frontal, los dos con báculo de oro y libro de oro con cubiertas de
azur. Mantelado en punta de azur con la inscripción NO DO de oro intercalada por
una madeja de lo mismo. Timbre: corona real abierta. Lema, en plata: Muy Noble,
Muy Leal, Muy Heroica, Invicta y Mariana.

30. Escudo aprobado en el Pleno del Ayuntamiento de Sevilla de 27 de diciembre de 2017.

Finalmente, el 13 de febrero de 2018 está fechada la inscripción del escudo


municipal sevillano en el Registro Andaluz de Entidades Locales44, cerrándose así
un período de más de 20 años desde que en 1997 se produjeron los primeros movi-
mientos en el Ayuntamiento y muchos más desde que los expertos venían denun-
ciando la necesidad de depurar el tradicional emblema de la ciudad de Sevilla. Sólo
queda esperar que la implantación de este nuevo escudo reorganizado y rejuveneci-
do sea conocido e identificado lo antes posible tanto por los sevillanos como por los
foráneos en los muchos ámbitos en los que deberá aplicarse.
43
La comisión contó con la ayuda del heraldista Ignacio Koblischek Zaragoza, tanto en la elaboración del diseño
gráfico como en la descripción técnica del escudo.
44
Resolución de la Dirección General de Administración Local (Consejería de Presidencia, Administración Local y
Memoria Histórica), publicada en el BOJA nº 34 de 16 de febrero de 2018.

509
MARCOS FERNÁNDEZ GÓMEZ
EL ESCUDO DE SEVILLA Y LOS SÍMBOLOS DE LA CIUDAD. TRADICIÓN Y RENOVACIÓN DE LA HERÁLDICA MUNICIPAL

En las tres comisiones de expertos que han intervenido en estos veinte años solo
se ha pretendido restablecer la esencia de los símbolos fundamentales –que no son
otros que los tres santos más el nomadejado, composición que ha permanecido inal-
terable desde las últimas décadas del siglo XVII-, eliminando los elementos secun-
darios, decorativos o fuera de lugar, y tomando como criterios los valores históricos,
documentales y las normas de composición heráldica. Se han normalizado elemen-
tos heráldicos básicos, como los colores, la forma del escudo, el tipo de corona real,
la colocación correcta del nomadejado y se ha optado por una filacteria más discreta
A pesar de ciertas polémicas a nivel político y en los medios de comunicación, lógi-
cas cuando se discuten ciertas materias de ámbito general45, no se ha pretendido
inventar nada nuevo o utilizar lenguajes gráficos más actuales –que entraría en el
ámbito del diseño de un logotipo o de una imagen corporativa-, sino de recuperar la
capacidad de comunicación de una iconografía muy valiosa y con una tradición de
siglos, que indudablemente es un activo muy importante para una ciudad que cono-
ce y aprecia el valor de su historia. Esta al menos fue la opinión unánime de estas
comisiones, de las que formé parte, y a cuyos miembros –prestigiosos nombres del
ámbito académico, universitario y de la investigación heráldica- quiero recordar en
estas líneas finales por poner al servicio de Sevilla desinteresadamente sus conoci-
mientos, sus intenciones y su tiempo.

45
Yo mismo publiqué, a título personal no como miembro de las tres comisiones, varios artículos en la prensa escri-
ta: “El sello y el escudo de Sevilla” (ABC, 13 de octubre de 1993, p. 50), “Escudo y símbolos de la Ciudad de Sevi-
lla” (ABC, 19 de enero de 2017, p. 30) o “La Historia de Sevilla y su escudo” (ABC, 1 de abril de 2017, p. 22-23).

510
LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA
UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

DR. ERNESTO FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ


Director de la Real Academia Matritense de Heráldica y Genealogía
Presidente de la Confederación Española de Centros de Estudios Locales (CECEL-CSIC)
orcid.org/0000-0001-5962-1037
efxesta1946@gmail.com

Resumen: Estudio teórico acerca de la realidad del mundo de la Heráldica y la


Vexilología Territoriales en España, y de cómo se está tratando de resolver los dife-
rentes problemas que han ido surgiendo en su regulación, en su aplicación y en la
diferente aceptación tanto de las normas positivas como de las coercitivas de su uso.

Palabras clave: Heráldica territorial, Vexilologia Territorial, legislación estatal,


legislación regional, reuniones de estudio periódicas, diseño.

Abstract: Theoretical study about the reality of the world of Territorial Heraldry
and Vexilology in Spain, and how it is trying to solve the different problems that
have arisen in its regulation, in its application and in the different acceptance of both
the positive norms as of the coercive of its use.

Keywords: Territorial heraldry, territorial vexilology, state legislation, regional leg-


islation, periodic study meetings, design.

INTRODUCCIÓN

Señala la información de este Congreso que “Nuestra vida se encuentra salpi-


cada de momentos de carácter o sabor heráldico. Esta afirmación se sustenta si
comprobamos la simbología que utilizan, entre otras, entidades como los equipos
de fútbol, empresas, universidades y ayuntamientos.”
Es una afirmación no sólo completamente cierta sino también absolutamente
acertada; pero hay más; en el mundo actual, lo mismo que en los tiempos pretéri-

511
DR. ERNESTO FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ
LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

tos, la heráldica está presente en todos los aspectos de la vida social; y también se
plasmaba, se sigue plasmando, en un elemento icónico por excelencia, convertido,
pronto, asimismo, en un uso social y en un verdadero instrumento jurídico legal; me
refiero al mundo de la sigilografía.
Y, al menos en España, en los últimos tiempos, la heráldica territorial –Estado,
Comunidades Autónomas, Diputaciones provinciales, Comarcas, Municipios, etc.,
etc.– ha adquirido un enorme incremento, no sólo por el deseo y la “necesidad” de
significarse de manera “individual” con respecto a los demás entes de su ámbito
territorial, sino, también, por una especie de prurito de expresar su voluntad propia,
de utilizar las normas legales que permiten el uso de símbolos –fundamentalmen-
te escudo y bandera, pero también sello, himno y, a veces, “logotipo” o “imagen
corporativa”1– estudiados por ellos mismos con sólo un corto amparo legal y de
corrección sobre sus deseos que, a veces, ni siquiera es respetado.
Tras la Constitución Española de 1978, las normas estatales dotaron a las
Comunidades Autónomas de facultades para la aprobación, modificación o rehabi-
litación de símbolos; y, a su vez, las diferentes Comunidades establecieron norma-
tivas por las que se creaban procedimientos para poner en practica esas facultades,
otorgando a los entes territoriales dependientes de ellos las competencias, regladas,
para proponer, pero, en general, reservándose ellas mismas las de solicitar infor-
mes previos a organismos externos (Real Academia de la Historia en casi todos
los casos, Reales Academias especializadas, como la Matritense de Heráldica y
Genealogía, por poner un ejemplo) y/o internos (Consejos Asesores Autonómicos,
Asesor Heráldico o Rey de Armas, Experto Heráldico, etc., etc.), más o menos
conocedores de los temas a estudiar.
Por otro lado, establecieron normas positivas, como los registros de Entidades
Locales, en los que se incluyen, como datos a inscribir, los relativos a los símbolos,
y, a veces, Registros dedicados expresamente a inscribir los símbolos territoriales.
Y también normas coercitivas, como la prohibición de usar de símbolos que pre-
viamente no hubieran sido aprobados, en cualquiera de las épocas, por la autoridad
administrativa competente; a pesar de lo cual, son innumerables los símbolos (fun-
damentalmente, escudos, banderas o “logotipos”) que se usan a diario, de manera
oficial, que nunca han sido aprobados, o, incluso, que han sido informados desfavo-
rablemente…
1
La preocupación por este nuevo tipo de identidad corporativa con la introducción de modernos diseños “extra herál-
dicos” en los que, a veces, se descomponen o “deconstruyen” escudos heráldicos aprobados previamente, ha sido cons-
tante en la Real Academia Matritense de Heráldica y Genealogía que ha ido recogiendo, a lo largo de los años, diversos
Editoriales y Colaboraciones en su Boletín periódico. Pero esta preocupación es positiva, intentando adaptarse a las
nuevas ideas pero tratando de adecuar éstas a la realidad heráldica. Así puede verse cómo se aborda, por primera vez,
en el Editorial Escudos y logotipos, del Boletín nº 44 (tercer trimestre de 2002), páginas 1 y 2, o en la Colaboración de
FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ, Ernesto, “La Real Academia Matritense ante los nuevos símbolos en los muni-
cipios de la Comunidad de Madrid”, Boletín nº 54 (segundo trimestre de 2005), pp. 15-16. Posteriormente ha habi-
do más acercamientos al tema; entre ellos, GARCÍA-MERCADAL Y GARCÍA-LOYGORRI, Fernando, “El diseño
heráldico y las nuevas tendencias en la imagen corporativa institucional. ¿Armerías vs. logos”, aportación presentada
en la primera Mesa redonda de las III Jornadas de Heráldica y Vexilología Municipales.

512
DR. ERNESTO FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ
LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

Pero todo ello devino en una enorme confusión, en un relativo “caos” normativo
y práctico que preocupó enormemente a los diferentes órganos más o menos prota-
gonistas, tanto públicos como privados, personales y colectivos, y fundamentalmen-
te académicos; cada Comunidad Autónoma, dependiendo, a veces, del signo político
de su gobierno, buscaba unos sistemas, una metodología y un procedimiento dife-
rente; a veces, antagónico: los órganos de asesoramiento, el procedimiento para pre-
sentar la propuesta, el uso de “la voluntad popular”, la aprobación y/o el desarrollo
de los sistemas de registro de símbolos, el mimetismo simbólico, … ; todo ello,
unido al desconocimiento de las ciencias heráldica y vexilológica, junto al incumpli-
miento sistemático, por parte de determinadas entidades territoriales, ya no sólo de
los principios de la Heráldica y de la Vexilología, sino, incluso, de la propia norma-
tiva legal existente en su propia Comunidad Autónoma sobre los procedimientos de
uso, acompañado de la absoluta dejación de la aplicación de las normas coercitivas
por parte de las autoridades competentes, preocuparon enormemente a la comunidad
académica correspondiente.
Sus miembros hablaron entre ellos, discutieron la realidad, vieron el camino al
abismo que se estaba generando, y fueron acercándose, poco a poco, al estableci-
miento de la necesaria reunión entre todos ellos, con la insoslayable presencia y
lenta pero imparable participación de las Comunidades Autónomas, que pusiera en
claro la realidad y buscase fórmulas y acuerdos que impidieran ese devenir, ponien-
do, por el contrario, coto a los disparates existentes y señalando criterios, normas,
fórmulas y procedimiento.

LA HERÁLDICA Y LA VEXILOLOGÍA TERRITORIALES Y LAS JORNADAS DE HERÁLDICA Y


VEXILOLOGÍA TERRITORIALES

Quiero, pues, en estas cortas páginas, presentar ante todos los asistentes, y como
un breve relato teórico al respecto, la experiencia española ante todos estos hechos;
no como exposición de un ejemplo a seguir por los demás; en absoluto; sino como
expresión de una realidad; buena o mala; pero realidad al fin y al cabo.
Ante lo que se veía y se vaticinaba, diversos estudiosos bien conocidos deci-
dieron organizar unos Encuentros o Jornadas periódicas en las que, reunidos, se
pudieran estudiar la situación de cada momento, los problemas, las previsiones y las
posibles soluciones.
Pero el desarrollo y realidad de esas iniciales reuniones y diferentes Jornadas,
nos obligan a estudiarlas dentro de dos bloques diferentes:
Por un lado, podemos hablar de una etapa inicial, que comprende las I Jornadas
de Heráldica y Vexilología Municipales, de Játiva (Valencia), en 1991, y las II
Jornadas de Heráldica y Vexilología Municipales, de Zaragoza, en 1994; a las que
hay que añadir el Encuentro sobre Heráldica y Vexilología Comarcal y Municipal,
en el Monasterio de Rueda (Zaragoza), de 2008. Se trata de una etapa más o menos
espontánea, caracterizada por el voluntarismo, por la “semi oficialidad”, en el

513
DR. ERNESTO FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ
LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

sentido de querer contar, fundamentalmente, con representantes de las diferentes


Comunidades Autónomas así como con expertos teórico-prácticos en el tema; y,
precisamente por ello, y por la evidente falta de visibilidad externa posterior al no
editarse Actas sino, simplemente, y sólo en las de Zaragoza, unas conclusiones de
escasísima difusión2, no prosperaron como se quería.
Pero sigue una segunda etapa, caracterizada por una cierta continuidad, concre-
tada en las III, IV y V Jornadas de Heráldica y Vexilología Municipales celebradas,
las dos primeras, en Madrid, en 2010 y en 2014, y a punto de celebrarse la última,
por ahora, en Huesca, en próximos días de este mes de octubre (los días 18 y 19); y
en la existencia de un Comité Intercongresos que permite ir cumpliendo los acuer-
dos y conclusiones, preparar las siguientes Jornadas, y conversar con los distintos
agentes, oficiales o privados; etapa en la que las reuniones ya no son más o menos
espontáneas sino absolutamente previstas y estudiadas con método, en las que las
entidades organizadoras –precisamente la Real Academia Matritense de Heráldica
y Genealogia, la Confederación Española de Centros de Estudios Locales (CECEL-
CSIC) y la Real Asociación Española de Hidalgos de España (hoy representada por
la Fundación Cultural Hidalgos de España), a las que, en esta última sesión a cele-
brar en este año 2018, se han querido unir el Instituto Internacional de Genealogía
y Heráldica y el Instituto de Estudios Altoaragoneses, de Huesca, en cuyas insta-
laciones se celebrarán– trataron de hacerse –y lo consiguieron– las continuadoras
del espíritu y de la realidad de los encuentros de la etapa inicial, tomaron y asu-
mieron los acuerdos y conclusiones de las dos jornadas anteriores así como las del
encuentro de 2008 y proyectaron todo no sólo hacia el interior, abriendo la partici-
pación activa a todos los interesados en el tema y dándoles un cierto protagonismo
en la asunción de decisiones, con el establecimiento, en cada una de ellas, de una
Asamblea general de participantes, Asamblea que es la que adopta las conclusiones
finales en cada sesión trienal o cuatrienal, sino también, y fundamentalmente, hacia
el exterior, con la publicación de las Actas y los vídeos y su inclusión en diversas
páginas web y blogs especializados.

2
El Primer Encuentro de Expertos en Heráldica Municipal, sólo fue recogido, además de en la prensa diaria del
momento, en la revista Hidalguía, Año XXXIX, nº 226-227, de mayo-septiembre de 1991, pp. 292-293 y en una
breve reseña en el Boletín de la Real Academia Matritense de Heráldica y Genealogía, Año I, nº 1, noviembre de
1991, p. 3. Y de las II Jornadas, de 1994, existe una pequeña edición en ciclostil con determinados datos sobre
criterios heráldicos a los efectos de la creación de escudos y banderas municipales y una breve publicación (cuatro
hojas) de lo mismo, editada por el Consejo Asesor de Heráldica y Simbología de la Diputación General de Ara-
gón, así como la inclusión de esos mismos criterios en la obra de PARDO DE GUEVARA Y VALDÉS, Eduardo,
Emblemas Municipales de Galicia, Tomo I, Expedientes de Escudos e Bandeiras aprobados nos anos 1994-1997,
Santiago de Compostela, Xunta de Galicia, 1999, capítulo 2, pp. 45-57; también aparecen en la obra de REDONDO
VEINTEMILLAS, Guillermo, MONTANER DE FRUTOS, Alberto y GARCÍA LÓPEZ, María Cruz, Aragón en
sus escudos y banderas: Pasado, presente y futuro de la emblemática territorial aragonesa. Zaragoza: Caja de
Ahorros de la Inmaculada, 2007; y una brevísima referencia en el artículo de MONTANER DE FRUTOS, Alberto,
“La creación, modificación y rehabilitación de emblemas municipales: el papel de las administraciones públicas”,
en ESPARZA LEIBAR, Andoni, et. al., El escudo de Guipúzcoa; una aproximación a la heráldica Institucional de
los territorios de lengua vasca, Donostia, Eusko Ikaskuntza, 2010, pp. 123-150.

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DR. ERNESTO FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ
LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

Pero una etapa no puede contemplarse sin la otra; y ambas marcan un conjunto
armónico que espera tener proyección tanto en el tiempo como en la materia.
En la primera etapa se organizaron, como he dicho, dos (tres) reuniones.
La primera, en 1991, en Játiva (Valencia), organizada por la Dirección General
de Administración Local de la Comunidad Valenciana, denominada Primer
Encuentro de Expertos en Heráldica Municipal, reunió a unas 25 personas que
participaron de una u otra manera en su desarrollo, y que, aunque acudían a título
personal, venían a representar a varias entidades académicas españolas y a varias
Comunidades Autónomas de España. Este Primer Encuentro, más tarde denomina-
do I Jornadas de Heráldica y Vexilología Municipales, tuvo como motivo principal
el de la unificación de los criterios generales, teniendo en cuenta la pluralidad de
disposiciones que las diferentes autonomías iban legislando; en parte por desconoci-
miento en la materia y en parte también como consecuencia de la diferente tradición
e historia en las diversas regiones españolas. Y, en sus conclusiones, se propusieron
y aceptaron cuatro recomendaciones heráldicas, de carácter meramente genérico, a
presentar a quienes en las Comunidades tienen facultad para aprobar las Armas de
los Municipios y a los mismos ayuntamientos3.
Cuatro años después, en 1994, en Zaragoza, se celebró un nuevo encuentro, en
cierto modo continuación del anterior, y ya denominado Jornadas de Heráldica y
Vexilología Municipales, que, tras el cambio de denominación del anterior, se con-
virtieron en las II Jornadas. Estuvieron promovidas y organizadas por el Gobierno
de Aragón y acudió un total de 20 participantes, con una convocatoria mixta entre
envío del programa y publicidad a todas las Comunidades Autónomas, comunica-
ción directa a determinados expertos en la materia y abierta, componiéndose la asis-
tencia de personas privadas y de representantes oficiales de organismos interesados.
En estas II Jornadas los participantes, especialistas o buenos conocedores de la
materia heráldica, coincidieron en la necesidad de fijar con la mayor urgencia y
claridad unos criterios o recomendaciones generales que permitiesen la unificación
de estilos y el máximo respeto a los principios de simplicidad, claridad y equilibrio
en la adopción y representación de los emblemas heráldicos municipales españoles;
Y en esta línea se estableció una propuesta de principios o criterios generales, agru-
pados, de un lado, en 17 principios o criterios generales en heráldica municipal, 2 en
relación al blasonamiento y 4 en cuanto a los timbres u ornamentos exteriores; así
como otros 7 en materia vexilológica. Importantes criterios que, en sí, fueron adop-
tados por la mayoría de los expertos heráldicos presentes así como por determinadas
Comunidades Autónomas, publicándose, como ya se ha indicado, un folleto que,
realmente, tuvo muy escasa difusión.
Por una serie de circunstancias, las Jornadas dejaron de organizarse y, por lo
tanto, de celebrarse; aunque tanto en Zaragoza como en Madrid se echaban de
menos; y se veía el decaimiento y la obsolescencia de la simbología territorial; sin
3
Esta frase, y otras, que ponemos en cursivas, han sido tomadas literalmente de los pocos documentos que sobre
estas y las II Jornadas existen.

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LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

rumbo, sin unidad, sin unificación de criterios ni de normas, vulgarizándose cada


vez más la realidad, más deseoso el mundo administrativo territorial en acatar los
deseos del “pueblo”, de presentar las propuestas con completa corrección política,
más que con auténtico acatamiento a las ciencias heráldica y vexilológica; y, si me
apuran, sin tener en cuenta, en ocasiones, la propia normativa heráldica, vexilológi-
ca y legal que en cada momento se encontraban vigentes...
Y, tras un lapso de ¡14 años!, comenzaron, de nuevo, los movimientos.
Por un lado, el Gobierno de Aragón propició un Encuentro Nacional sobre
Heráldica y Vexilología Comarcal y Municipal, que tuvo lugar en el Monasterio de
Rueda (Zaragoza), y en el que, en junio de 2008, se reunieron, con el fin de retomar
las relaciones iniciadas en aquellos años [1991 y 1994], continuarlas y estrechar-
las más, si cabe, exponiendo la situación y elaborar nuevas propuestas así como
plantear desde Aragón la idea de celebrar pronto un congreso de Emblemática
comarcal y municipal con carácter internacional, hasta 17 personas, todas ellas
pertenecientes hasta a 9 Comunidades Autónomas; en la reunión, que partía de los
mismos criterios y defectos de las dos anteriores, se refrendaron las conclusiones
sobre criterios generales adoptadas en 1994 y se reconoció la comúnmente senti-
da necesidad de coordinación por parte de todas las Comunidades Autónomas para
evitar duplicidades, la urgencia de incrementar la protección legal de esta clase de
símbolos, la compartida intención de publicar una compilación normativa sobre
estos temas, así como libros de recopilación de estos emblemas oficiales en cada
Comunidad Autónoma, y la atención a la incidencia de las nuevas tecnologías en los
diseños.
Pero el mismo movimiento y la propia inquietud se había detectado en Madrid.
Y así, tras mucho meditar, negociar y buscar sistemática de actuación, la Real
Academia Matritense de Heráldica y Genealogía logró sumar a su proyecto a la
Confederación Española de Centros de Estudios Locales (CECEL-CSIC) y a la Real
Asociación de Hidalgos de España y, con el apoyo de la Comunidad de Madrid, el
del Gobierno de Aragón (a través de su Consejo Asesor de Heráldica) y del propio
Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), organizó, en el año 2010,
una reunión general en los locales del Centro de Ciencias Humanas y Sociales del
CSIC, en la que participaron hasta 89 personas, entre miembros de los comités,
ponentes, comunicantes, asistentes, etc., etc.
Celebradas las reuniones, presididas por el entonces Infante de España, S.A.R.
Don Carlos de Borbón-Dos Sicilias y Borbón-Parma, Duque de Calabria, y tras las
diferentes exposiciones –ponencias y comunicaciones– y después de cumplimentar,
cada uno, una encuesta de opinión sobre determinadas facetas, se llegó al criterio
de asumir la continuación de aquellas primeras Jornadas de 1991 y 1994, como III
Jornadas de Heráldica y Vexilología Municipales, y, por ello, al de estatuir una obli-
gatoria periodicidad a las reuniones y crear, para ello, un Comité Intercongresos
que actuase manteniendo contactos con las Administraciones Públicas competentes,
organizaciones y personas que hubieran acudido a esta cita y otros que, por diversas

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DR. ERNESTO FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ
LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

causas, no habían podido acudir, para poder recibir criterios, sugerencias, propues-
tas, apoyos, etc., y que pudiera encargarse de estudiar las posibilidades existentes,
y de qué manera se haría, de una compilación única de la normativa estatal, autonó-
mica y local, publicada o interna, en materia de Heráldica y Vexilología e, incluso,
de Simbología Municipales, así como de un armorial o corpus único de los escudos
y banderas4. Se editó una aceptada serie filatélica dedicada a estas III Jornadas y,
algunos años después, se publicaron las Actas de estas III Jornadas, con todas las
intervenciones habidas y se difundió el volumen lo mejor que se pudo.
La idea general era la de que cada reunión debería organizarse y celebrarse en
una Comunidad Autónoma diferente, para huir de una posible imagen de centralis-
mo, de imposición y de uniformidad; pero, en principio, no pudo ser; y, así, cuatro
años más tarde, en 2014, el Comité Intercongresos –formado inicialmente por repre-
sentantes de las tres primeras entidades organizadoras, así como por determinados
y reconocidos expertos en el tema– se vio obligado a repetir Madrid como lugar de
organización, con los mismos apoyos y en los mismos lugares, y con la misma pre-
sidencia de honor, si bien Don Carlos no pudo acudir y envió a su hijo, S.A.R. Don
Pedro de Borbón-Dos Sicilias y de Orléans, entonces Duque de Noto, quien presidió
el inicio de los actos y leyó unas palabras de su padre y otras suyas. El formato de
las IV Jornadas fue similar al de las III, contabilizándose hasta 94 participantes, con
2 conferencias magistrales, 4 Ponencias y hasta 21 Comunicaciones presentadas a
dichas ponencias más otras 8 Comunicaciones libres; varios de los presentes eran
representantes de diferentes Comunidades Autónomas y hasta de Ayuntamientos
concretos. En la correspondiente Asamblea general de participantes, y entre otras
conclusiones, se acordó que se abandonase el término Municipal sustituyéndolo por
el de Territorial, entendiendo que éste engloba una realidad superior que la mera
administración local, y encargando, entre otras cosas, al Comité Intercongresos

• Que se cierre ya una Compilación única de normas estatales, autonómicas y


locales sobre Heráldica y Vexilología Territoriales, y que se procure su edición.
• Que se publique un artículo recogiendo la realidad de todas las Jornadas de
Heráldica y Vexilología Municipales, desde las de 1991.
• Que se sigan uniendo a los temas puramente heráldicos y vexilológicos los
jurídicos y procedimentales
• Que se inicien los movimientos necesarios tendentes a poder contar, en un futu-
ro, con un Corpus único de Heráldica y Vexilología Territoriales en España

4
En las III Jornadas, de 2010, una Ponencia se dedicaba, enteramente a estos temas; así la Ponencia 3º se titulaba
“Hacia una compilación normativa y un Corpus único de Heráldica y Vexilología Municipales”, a la que concurrie-
ron Comunicaciones muy interesantes sobre la materia; así, por ejemplo, AGÜERA ESPEJO-SAAVEDRA, Rafael,
habló de los “Problemas de la dispersión normativa en los procesos de heráldica y Vexilología Municipales: el
ejemplo del ‘experto heráldico’ en la nueva legislación andaluza sobre la materia”; RODRÍGUEZ PEÑAS, Tomás
y ERBEZ RODRÍGUEZ, José Manuel, lo hicieron sobre “La compilación de banderas y escudos en España”. Todo
ello –y más– puede verse en las Actas de las III Jornadas de Heráldica y Vexilología Municipales, Madrid, Hidal-
guía, 2013.

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LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

Estas cuatro conclusiones exigen un análisis más detallado.


Efectivamente, la pluralidad de sistemáticas procedimentales autonómicas en
materia de Heráldica y Vexilología obligaban a que, en lo posible, un ente neutral,
objetivo –el Comité Intercongresos de las Jornadas de Heráldica y Vexilología terri-
toriales– iniciase y editase la recopilación de todo tipo de normas jurídico-legales
españolas, incluso las internas, las no publicadas, para incluir, en un solo volumen,
la realidad jurídico-legal en la materia, haciendo ver, así, la situación de disper-
sión y diversión normativa, procedimental y de criterios existente entre todas las
Comunidades Autónomas. El proyecto está en marcha, y muy adelantado, si bien la
continua aprobación, modificación o aplicación de normas en las diferentes entida-
des autonómicas ha obligado a los redactores a retrasar su finalización más de los
previsto y deseado. Pero se espera que, con la ayuda de determinadas Comunidades
Autónomas, el proyecto vea la luz en fechas próximas.
A su vez, el artículo recopilativo de todas las Jornadas se hacía necesario toda
vez que, por un lado, las III y IV jornadas se habían erigido en las continuadoras
de las de 1991 y 1994; y, por otro lado, como medio de dar a conocer a la sociedad
y a las autoridades, la realidad de lo que se estaba haciendo y de las conclusiones
a las que se llegaba. El artículo, debido a quien les habla, vio la luz en Emblemata,
la revista aragonesa de Emblemática, que había sido dirigida por el primer promo-
tor de aquellas iniciales Jornadas, el profesor zaragozano Dr. Guillermo Redondo
Veintemillas y al que el autor del artículo había sustituido hacía poco tiempo en la
dirección de la revista al fallecimiento de aquél5.
Por otro lado, había sido una máxima constante entre los organizadores de estas
últimas Jornadas de Heráldica y Vexilología territoriales el mantener, siempre, la
existencia de una ponencia dedicada directamente a los aspectos jurídicos, legales y
procedimentales que rodean a los puramente heráldicos y vexilológicos; entendien-
do, de esta manera, la indisolubilidad de ambas ciencias con el derecho.
Y, finalmente, lo más difícil; el desiderátum. La creación de un Corpus único
de Heráldica y Vexilología Territoriales en España, cuya propuesta la inició quien
les dirige la palabra en el transcurso de las III Jornadas de Heráldica y Vexilología
Municipales de Madrid, de 20106, y cuyas características fueron expuestas por mí
mismo en las IV Jornadas de Heráldica Territoriales, de Madrid, de 20147 junto con
otras Ponencias y Comunicaciones que hablaban de la virtualidad tecnológica de su
implantación8.
5
FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ, Ernesto, “Heráldica y Vexilología Territoriales en España. Crónica conjun-
ta de unas reuniones periódicas”, Emblemata, nº 22 (2016), pp. 157-205
6
FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ, Ernesto, Hacia una compilación normativa y un corpus único de Heráldica
y Vexilología municipal”, Actas de las III Jornadas de Heráldica y Vexilología Municipales, Madrid, Hidalguía,
2013, pp. 227-240.
7
FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ, Ernesto, “El Corpus único de Heráldica y Vexilología Municipales”, Actas
de las IV Jornadas de Heráldica y Vexilología Territoriales, Madrid, Hidalguía, 2016, pp. 111-114.
8
Véase la Ponencia II, de GARRIDO YEROBI, Iñaki, “Las nuevas tecnologías en el Corpus único de Heráldica
y Vexilología municipales”, Actas de las IV Jornadas de Heráldica y Vexilología Territoriales, Madrid, Hidalguía,

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LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

Es la fase más difícil, la más complicada. Y, por ello, la que más tarda en iniciar-
se…
Se trata, en realidad, del establecimiento de un sistema por medio del cual todas
las Comunidades Autónomas, a través de sus órganos competentes, comunicarían a
una organización única, neutral, de manera periódica, la totalidad de los diferentes
datos simbológicos: heráldicos y vexilológicos y hasta de diseño –isotipos, logoti-
pos o imagotipos– aprobados oficialmente por cada una de ellas, con los datos que
se estableciesen de manera conjunta y común, para que esa organización los inclu-
yese en una base de datos general, comprensiva de todos los símbolos territoriales
aprobados legalmente en el Reino de España, a los efectos del establecimiento de
una cierta fe registral única, y de una base de datos general que permitiese a todos
los interesados, por categorías, la búsqueda, la investigación y el estudio, de toda la
realidad en un momento determinado.
La idea, evidentemente, no es la de sustituir a los órganos autonómicos, sino la
de complementarse con ellos; ellos aprueban los que les corresponden, y los regis-
tran en su propio registro, que es oficial; el Corpus se mantendría, con la ayuda
administrativa, material y económica de todas las Comunidades Autónomas, a cargo
de la organización a la que se le encargase, que sería la responsable de mantener
las bases de datos y del contacto con los usuarios, en sus diferentes niveles, permi-
tiendo, de esta manera, la investigación, el estudio, la búsqueda de duplicidades, la
estadística, etcétera, y que velaría por el cumplimiento más exacto de la normativa
necesaria, tanto común como privativa de cada Comunidad Autónoma, comunican-
do a cada una de ellas sus conclusiones y observaciones, que ellas mismas se encar-
garían de resolver, si lo estimasen oportuno.
Pero, a veces, estas ideas no se entienden igual desde el punto de vista de algunas
Comunidades Autónomas concretas, que temen, que pueden sospechar, que, de esta
forma, estarían pagando el funcionamiento de una organización extraña a ellas mis-
mas que mantendría ese Corpus único y que, en realidad, y según ellas, solo esta-
ría duplicando los registros propios de cada Comunidad y que, de alguna manera,
podría ser o convertirse en un elemento centralizador, director y uniformador dentro
de una materia que, en contra de lo que podría parecer, ha devenido en excesiva-
mente sensible política y socialmente.
Nada más lejos de la realidad; nada más en contra de lo que se busca.
La realidad, como se ha explicado, es que en el momento actual cada Comunidad
Autónoma tiene su propia normativa en esta materia; y lo que es peor, cada
Comunidad sigue unos criterios heráldicos y vexilológicos diferentes y que, en
muchas ocasiones, se contraponen excesivamente con la criterios heráldicos o vexi-

2016, pp. 105-108. Y las Comunicaciones de HERNÁNDEZ CAPA, Alejandro, “Enfoque de un proyecto TIC del
Corpus central de escudos y banderas del Reino de España”, Actas de las IV Jornadas de Heráldica y Vexilología
Territoriales, Madrid, Hidalguía, 2016, pp. 115-117; y de CÉSPEDES ARÉCHAGA, Valentín de, “Aproximación
al diseño y estructura de un portal web de Heráldica Territorial española”, Actas de las IV Jornadas de Heráldica y
Vexilología Territoriales, Madrid, Hidalguía, 2016, pp. 119-124.

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LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

lológicos puramente académicos. Y, en ocasiones ellos mismos –o los entes territo-


riales que les solicitan la aprobación– están presionados por dos realidades que no
podemos olvidar: la social y la política.
Podemos describir multitud de situaciones que serían hilarantes si no fueran
patéticas; de un lado la política, tanto la ideológica o partidista como la puramen-
te electoral o pragmática, obligan a los iniciales promotores –los entes territoriales
que desean unos símbolos– a que, una vez estudiados e informados los proyectos
por los diversos agentes asesores a quienes se le hubiesen encargado –organismos,
empresas, expertos, diseñadores, dibujantes, personas de buena voluntad, etc., etc.–,
busquen la más alta participación ciudadana acerca de esos símbolos; pero no se
limitan a que esa participación ciudadana se exprese sobre las diversas propuestas
aportadas por los teóricamente expertos en la materia, sino que permiten –y alien-
tan– la opinión de los ciudadanos ex origine, sobre la totalidad; por lo que, en oca-
siones, el posible buen hacer de esos “expertos” queda absolutamente trastocado por
la idea mayoritaria popular, pues ya se sabe que la idea democrática actual mantiene
el axioma de que, en todo, vox populi, vox Dei; e, incluso, otras veces, esa voz del
pueblo pide, exige, que la forma de aparecer un determinado mueble en el escudo
–torre, casa, fuente, montaña, árbol, etc., etc.– sea exacta al original que ellos cono-
cen, obviando la norma de que los muebles heráldicos son esquemáticos: una torre
es una torre, no es la concreta torre de tal pueblo, con sus privativas almenas, sus
ventanas partidas, etc., etc…; lo que, de aceptarse por la corporación, llevaría, indu-
bitadamente, a la posible no aprobación por parte del órgano competente, que tiene
sus asesores oficiales como son la Real Academia de la Historia, la Real Academia
Matritense de Heráldica y Genealogía, el Consejo Asesor de Heráldica y Simbología
del Gobierno de Aragón, la Comisión de Heráldica de la Xunta de Galicia, el Rey
de Armas de Castilla y León, etc., etc., generándose, así, un conflicto que, a veces,
se trata de salvar, por parte del promotor, de diversas maneras, como la de usar el
escudo y la bandera sin estar oficialmente aprobados, la de aprobar un reglamento
interno de protocolo y usos de símbolos, en el que aparezca el escudo y la bandera y
su forma de usarlos, sin haberse aprobado oficialmente…, etc. Con lo que el pano-
rama lleva a la caliente realidad y al buenismo normativo; se crean las normas, se
establecen importantes coerciones al uso sin aprobación,…; pero no se aplican…
Y, como se ha visto, la propia existencia de múltiples órganos asesores –indi-
viduales o colectivos, propios o externos, oficiales o privados, etc.–, incide tam-
bién en la dispersión y diversión de sistemáticas, de normativas, de procedimientos,
llegándose, incluso, al absurdo de establecerse, en una determinada Comunidad
Autónoma, que basta con un informe otorgado por un experto en heráldica, cuya
experiencia se define en la norma –o en la explicación de la norma– como aquella
que tiene una persona que señala que se declara experto…..
Cuando no se contrata un experto en diseño –al que nunca duele el pagarle bien,
lo que no ocurre con los de Heráldica y/o Vexilología, a los que no suele gustar
demasiado abonarles alguna cantidad–, y a quien se le encarga una deconstrucción

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LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

o desmontaje del escudo existente –aprobado o no–, en una especie de imagotipo


moderno, de la forma usada, ya, en general, en lo que se viene a denominar “imagen
corporativa”, y que viene a ser usado comúnmente, arrinconando al escudo oficial a
sólo momentos y actividades de tipo más o menos protocolario…

CONCLUSIONES

La realidad es que la Heráldica y la Vexilología Territoriales en España están de


moda; pero están de moda para tenerlas, para usarlas, para mostrarlas; pero sin saber
ni querer saber nada ni de Heráldica ni de Vexilología.
Efectivamente; en estos momentos de culto a la voluntad propia disfrazada de
amor a las opiniones mayoritarias para poder ganar elecciones, de ocultación de lo
realmente correcto sustituido por lo políticamente correcto, las normas heráldicas
y vexilológicas constriñen, impiden, coartan la libertad de lo que se quiere porque
exigen lo que se debe.
Y, por ello, cuando se sabe que los modelos a proponer no van a ser fácilmente
aceptados por los órganos asesores y que, por ello, no se va a obtener la aprobación
administrativa, es más fácil, como ya he dicho, buscar algún subterfugio para usar
del escudo que se quiere sin tener que pasar previamente por el proceso legalmente
establecido; y ello es así porque, a pesar de las normas existentes, políticamente es
más oportuno no sancionar, mirar para otro lado, y admitir el hecho consumado; si
lo quieren usar, que lo usen…; evitando, así, un conflicto con otra administración, o
con otro partido, o con los votantes…9
Por ello; si existe ese corpus general, neutral política, legal y administrativamen-
te, al que todas las Administraciones autonómicas remitan todas las aprobaciones
realizadas de símbolos, que los guarde, los analice, los desglose, los publicite, les
dé imagen única a cada uno y pueda dar fe registral de su real aprobación, se diluye
el problema político, porque quien reclamaría un uso indebido, en nombre de la
totalidad de las Comunidades Autónomas, sería el organismo encargado de gestio-
nar ese Corpus único, haciéndolo de acuerdo con el procedimiento y sistema de
gestión aprobado conjuntamente por todas ellas, y con comunicación directa con la
Comunidad Autónoma a la que perteneciera el organismo territorial incumplidor, así
como con la obligación de comunicación en la reunión general anual de todos los
componentes.
A eso aspiramos; y a ello van dirigidos nuestros esfuerzos.
Muito obrigado, senhoras e senhores, pela paciência que tiveram em me ouvir.
Muchas gracias.

9
Véanse, como ejemplo, FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ, Ernesto, “¿Y por qué no la Villa de Madrid?”,
Anales del Instituto de Estudios Madrileños, LI, 2011, pp. 31-38; asimismo, FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ,
Ernesto, “Arganda del Rey: Su escudo, su imagen corporativa y la corona”, página web de la Real Academia Matri-
tense de Heráldica y Genealogía (3 de agosto 2015)

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LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Jornadas de Heráldica y Vexilología Municipales, Madrid, Hidalguía, 2013
Boletín de la Real Academia Matritense de Heráldica y Genealogía, nº 1, noviem-
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trimestre de 2002), Editorial Escudos y logotipos, p. 1 y 2
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un portal web de Heráldica Territorial española”, Actas de las IV Jornadas de
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FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ, Ernesto, “Arganda del Rey: Su escudo, su
imagen corporativa y la corona”, página web de la Real Academia Matritense de
Heráldica y Genealogía (3 de agosto 2015)
FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ, Ernesto, “El Corpus único de Heráldica y
Vexilología Municipales”, Actas de las IV Jornadas de Heráldica y Vexilología
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va y un corpus único de Heráldica y Vexilología municipal”, Actas de las III
Jornadas de Heráldica y Vexilología Municipales, Madrid, Hidalguía, 2013, pp.
227-240.
FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ, Ernesto, “Heráldica y Vexilología
Territoriales en España. Crónica conjunta de unas reuniones periódicas”,
Emblemata, nº 22 (2016), pp. 157-205
FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ, Ernesto, “La Real Academia Matritense ante
los nuevos símbolos en los municipios de la Comunidad de Madrid”, Boletín nº
54 (segundo trimestre de 2005), pp. 15-16.
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Madrid?”, Anales del Instituto de Estudios Madrileños, LI, 2011, pp. 31-38
GARCÍA-MERCADAL Y GARCÍA-LOYGORRI, Fernando, “El diseño heráldico
y las nuevas tendencias en la imagen corporativa institucional. ¿Armerías vs.
logos”, Actas de las III Jornadas de Heráldica y Vexilología Municipales.
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Heráldica y Vexilología municipales”, Actas de las IV Jornadas de Heráldica y
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tral de escudos y banderas del Reino de España”, Actas de las IV Jornadas de
Heráldica y Vexilología Territoriales, Madrid, Hidalguía, 2016, pp. 115-117
Hidalguía, Año XXXIX, nº 226-227, de mayo-septiembre de 1991, pp. 292-293

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DR. ERNESTO FERNÁNDEZ-XESTA Y VÁZQUEZ
LA BÚSQUEDA DE LA UNIDAD Y DE LA UNIFICACIÓN NO IMPLICA UNIFORMIDAD NI PÉRDIDA DE AUTONOMÍA

MONTANER DE FRUTOS, Alberto, “La creación, modificación y rehabilita-


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Ikaskuntza, 2010, pp. 123-150.
PARDO DE GUEVARA Y VALDÉS, Eduardo, Emblemas Municipales de Galicia,
2 tomos, Tomo I, Expedientes de Escudos e Bandeiras aprobados no anos 1994-
1997, Santiago de Compostela, Xunta de Galicia, 1999, capítulo 2, pp. 45-57;
REDONDO VEINTEMILLAS, Guillermo, MONTANER DE FRUTOS, Alberto
y GARCÍA LÓPEZ, María Cruz, Aragón en sus escudos y banderas: Pasado,
presente y futuro de la emblemática territorial aragonesa. Zaragoza: Caja de
Ahorros de la Inmaculada, 2007
RODRÍGUEZ PEÑAS, Tomás y ERBEZ RODRÍGUEZ, José Manuel, “La compi-
lación de banderas y escudos en España”, Actas de las III Jornadas de Heráldica
y Vexilología Municipales, Madrid, Hidalguía, 2013.

523
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

SAUL ANTÓNIO GOMES


Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
sagcs@fl.uc.pt

Resumo: Neste texto, o autor reflete acerca da natureza e do interesse académico


dos estudos sigilográficos, em Portugal, percorrendo a história desta ciência com
relevância para o problema das fontes e obras usadas pelos autores antigos que se
dedicaram a esta ciência, para, por fim, problematizar a importância dos selos como
fontes de avaliação de questões históricas maiores como seja o problema da natu-
reza da origem do poder régio e do significado da “maiestas regis” em Portugal.

Palavras-chave: Sigilografia portuguesa, história da Sigilografia, selos, maiestas


regia.

Abstract: In this text, the author reflects upon the nature and academic framework
of sigillography in Portugal, treading the history of this science which contributes
and carries relevance for sourcing, as well as works used by old authors that devoted
themselves to this science and finally, the problematic of using seals as a means to
evaluate greater historical matters such as the origin of royal power and the nature
of “maiestas regis” in Portugal.

Keywords: Portuguese sigillography, history of Portuguese sigillography, seals,


maiestas regia.

A poiesis do documento antigo como peça de arquivo e de museu, revelando o


invisível, a memória perdida do passado, a essência e a eloquência da composição
e da representação, imagem e palavra, letra e rosto, o selo grande ou o sinete, selo
e contrasselo, unifacial ou bifacial, cor de cera, castanho, vermelho, verde, negro,
branco, em argila, em cera, em metal, em obreia, em papel, objeto, desenho, legen-
da, inscrição, alquimia, símbolos que avivam a memória, que fazem brilhar o olhar e
o prazer da experiência da descoberta do observador que os contempla e quer deci-

525
SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

frar e entender para compreender, obrigando-o ao percurso de todas as ciências das


coisas antigas e das atuais, de todas as artes, de todas as escritas e línguas antigas,
de todas as Histórias, da Mitologia, da Geografia antiga e moderna, da Cronologia,
da Teologia compilada nos livros sagrados das religiões, dessa teleologia da reve-
lação, tão forte entre os cristãos cujo destino último se encontra traçado no livro
fechado dos sete selos, livro escrito por dentro e por fora, que só os anjos apocalíp-
ticos, quebrando selo após selo, abrirão.
Os selos e as suas matrizes, verdadeiras peças de joalharia, por vezes, em ouro,
em prata, em ligas metálicas nobres ou menos nobres, artisticamente cunhadas e
lavradas, atraem porque objetos “ornamentais”, estéticos, coloridos, cujas legendas
são exercícios de perfeição micrográfica e braquigráfica, quase “proto chips” arque-
ológicos do passado, como joias de joalheiro que maravilham não pelo tamanho,
mas pela dimensão preciosa dos seus materiais e pelo engenho do desenho e da
modelação da peça. Matrizes de selos que nos chegam, hoje em dia, abundantemen-
te preservadas em museus, arquivos e bibliotecas, como legados arqueológicos ori-
ginais de todas as antigas civilizações e culturas extremo-orientais, indo-europeias
e mesopotâmicas, egípcias e africanas, greco-romanas, bizantinas, árabes, europeias
e ameríndias.
É significativo que, nos últimos anos, se tenham multiplicado, dentro e fora da
Europa em cujas universidades, museus, arquivos e centros de cultura se valoriza a
Sigilografia, as exposições sigilográficas, os congressos sobre o tema, as publica-
ções de catálogos, de inventários, de atas de congressos, de artigos em periódicos
e de livros e que todo este movimento tenha privilegiado títulos e temas que subli-
nham a feição artística ou as funções de “aparato” e de discursos públicos próprios
dos poderes políticos governantes, de “insculpta imago”1, de “impressio” ou de
“empreintes du pouvoir”2, entre outros sugestivos títulos.
A Sigilografia encontrou em Portugal, desde muito cedo, aliás, os seus culto-
res. Cultores, entenda-se, no sentido daqueles historiadores metodológica e teori-
camente preparados para saberem trabalhar com as fontes e testemunhos materiais
e imateriais, como é moda dizer hoje em dia, do passado. Cultores-historiadores,
nesta aceção, que convivem generosamente com a interdisciplinaridade científica - e
o documento escrito e inscrito, desenhado e pintado, favorece essa partilha inter-
disciplinar entre saberes tão autónomos e tão coincidentes como a Paleografia, a
Codicologia, a Papirologia, a Epigrafia, a Diplomática, a Sigilografia, a Filatelia,
a Numismática e a sua irmã gémea, a Medalhística ou “ciência das medalhas”, a
Heráldica, a Emblemática, a Cronologia, a História do papel e das suas filigranas,
entre vários outros saberes -, assim como uma partilha pluridisciplinar - o objeto
documental proporciona e pede o concurso de várias ciências desde as históricas,
1
Exemplo do Colóquio Internacional “Insculpta imago – seal matrices and seal impressions in the Mediterranean”
(Org. Ruth Wolf), no Kunsthistorisches Institut in Florenz (Florença), que decorreu entre 3 e 5 de fevereiro de 2011.
2
ROSAIA, Roberto Lucio; RATYTI, Marzia, CAPELLINI, Euro - Les sceaux, empreintes du pouvoir. (Traduction
de l’italien para Maria Laura Bardinet Broso), Paris: ed. Langlaude, 2001.

526
SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

histórico-artísticas, histórico-arqueológicas, às linguísticas, às filológicas, às filosó-


ficas, às jurídicas - permitindo, ainda, a transdisciplinaridade, quando o documento
material precisa da informação das ciências ditas exatas e laboratoriais, como suce-
de com a Matemática, a Astronomia, a Medicina, as Ciências da Vida, a Química, a
Bioquímica ou a Engenharia dos Materiais, entre muitas outras.
Patriarca fundador da Sigilografia portuguesa foi D. António Caetano de Sousa,
que recorreu aos selos reais para mais fundamentar a genealogia da “Casa Real
Portuguesa”, legando-nos um primeiro tratado sistemático e documental do uso dos
selos nas chancelarias reais, desde os primórdios da monarquia até ao reinado de D.
João V, enriquecido por um conjunto de mais de uma centena de gravuras de selos
finamente talhadas. Este tratado foi publicado em 1738, em Lisboa, conquanto a sua
redação deva ter levado alguns anos de investigação ao autor. Significativamente,
ao capítulo que D. António Caetano de Sousa dedica aos selos reais portugueses,
sucede um outro debruçado sobre o estudo da numária antiga do reino, emparceiran-
do a Sigilografia com a Numismática, opção muito recorrente na “organização dos
saberes” iluministas, positivistas e pós-positivistas das ciências históricas em causa,
emparceirando, outros autores, a Sigilografia, preferencialmente, com a Heráldica3.
O significado imagético do selo e a sua gramática frequentemente heráldica justifi-
cam esta paridade epistemológica entre Sigilografia, Numismática e Heráldica.

Abertura do capítulo de D. António Caetano de Sousa dedicado à sua exposição sobre os selos régios
portugueses (Historia Genealogica..., Tomo IV, p. 3)

3
SOUSA, D. António Caetano de - Historia Genealogica da Casa Real Portuguesa. Lisboa: Oficina de Joseph
Antonio da Sylva, 1738, p. 1-98. [Nova edição revista por M. Lopes de Almeida e César Pegado, Coimbra: Atlânti-
da-Livraria editora, 1947; reimpressa pela Academia Portuguesa da História e QuidNovi, Lisboa, 2007].

527
SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

D. António Caetano de Sousa tinha bons antecedentes no panorama edito-


rial europeu relativamente a tratados de Sigilografia. Não cita, todavia, a obra de
Francisco Gonzaga, De Origine Seraphicae Religionis Franciscanae, impressa em
Roma, no ano de 1587, na qual, todavia, foram compiladas numerosas gravuras dos
selos de todas as províncias franciscanas de então. Esta obra, como outras, aliás,
mostram o quanto o Renascimento valorizou a imagem simbólica e a sua circula-
ção, em gravuras impressas em livros ou sob outras formas, nomeadamente como
medalhas comemorativas. Em contrapartida, o ilustre clérigo regular teatino cita o
importante tratado de Oliverio Uredio, Sigilla Comitum Flandriae et Inscriptiones
Diplomatum ab iis editorvm cvm expositione historica, publicado em Bruges, em
1639, apresentando belas gravuras dos selos dos condes da Flandres. Ter-se-á inspi-
rado, também, numa outra obra, de teor heráldico, Le Blason des Armoiries de tous
les Chevaliers de l’Ordre de la Toison d’Or, assinada por Jean Baptiste Maurice,
com excelentes reproduções de armas heráldicas dos cavaleiros da ordem do Tosão
de Ouro, alguns deles, aliás, cavaleiros portugueses4.

Rosto da obra de Oliveiro Uredio, relativa aos Selos dos Condes da Flandres (1639)

4
Impresso em La Haye, em 1667.

528
SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

Portada da obra de Jean Baptiste Maurice (1667)

Uma relação dos escritores que trataram sobre selo, na Europa do século XVIII,
deve-se a Daniel Eberardo Baríngio, na sua Clavis Diplomatica, publicada em
Hannover, em 1754. Nela são recenseados, entre outros, e para além da clássica
Opus de Re Diplomatica, de J. Mabillon, editada em 1681, cujo Supplementum,
rico em páginas sigilográficas, sairia em Paris, no ano de 1704, tratados de Teodoro
Hofpinck (De jure sigillorum prisco et novo iure tractatus, 1642), de Claudio
Salmassi (De subscribendis et signandis testamenti, item de antiquorum et hodier-
norum sigillorum differentia, 1653), de Henrique Gunterus Thulemarius (De Bulla
aurea, argentea, plumbea, 1682-1687), Ludovico Antonio Muratorii (Dissertatio de
sigillis medii aevi, dissertação 35 da sua obra Antiquitates Italicae Medii Aevi, Tomo
3, 1740), de Policarpo Leyser (Commentatio de Contrasigillis Medi Aevi, 1726),
Michael Heinrich Gribneri (Observationes iuris publ. de sigillo maiestatis saxonico,
1712 e 1718), Domenico Maria Manni (Osservazioni Istoriche sopra i sigilli anti-
chi de secoli bassi, Florença, 1739...) e de de Adamus Fridericus Glafey (Specimen

529
SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

decadem sigillorum complexum quibus Historiam Italiae, Galliae atque Germaniae


illustrat, 1749)5.
Boa parte destes autores, curiosamente, vem citada por João Pedro Ribeiro nas
suas Dissertações chronologicas e criticas... (Lisboa, 1810 e seguintes), nas páginas
que dedica a matérias esfragísticas ou sigilográficas. João Pedro Ribeiro é um diplo-
matista por excelência. A sua análise do selo é perspetivada na linha dos proble-
mas em torno da questão da validação dos atos documentais, mais do que do ponto
de vista do selo considerado na sua forma e no seu conteúdo. João Pedro Ribeiro,
por razões diversificadas, certamente, não edita imagens nas suas obras, mas tão
somente uma imensa panóplia de informação documental criticamente organizada e
comentada nomeadamente acerca dos selos que encontrou e referenciou abundante-
mente nos seus tratados.
Desde finais do século XIX, com o recurso às tecnologias da imagem fotográfica,
que se encontra bom número de testemunhos de publicações de carácter historio-
gráfico ilustradas por selos. O selo foi recurso ilustrativo na Historia de Portugal,
de Manuel Pinheiro Chagas6, cuja direção de ilustração coube ao pintor Roque
Gameiro, assim como o foi, mais tarde, da História de Portugal, da editora Barcelos7.
Os selos são, também, estudados pela oportunidade das perspetivas dos historiado-
res da arte. Um bom exemplo deste “uso científico” do selo, ao serviço da história
da arte, é o estudo de Virgílio Correia, intitulado “Iconografia de S. Vicente”, que
foi publicado na revista Terra Portuguesa (tomo V, nº 42, de dezembro de 1927),
no qual se encontra mais de uma dezena de fotografias a preto e branco de selos
recolhidos nos fundos documentais de instituições eclesiásticas olisiponenses custo-
diadas na Torre do Tombo.
Foi, ainda, moda cultural, nessa época, o colecionismo de selos, originais
ou réplicas, como o demonstra a coleção esfragística da Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra, organizada pelo esforço do antigo docente Doutor
António de Vasconcelos, num conjunto de modelações em gesso ou réplicas de
aproximadamente um milhar, peças provenientes fundamentalmente da venda de
cópias de selos por parte da Bibliothèque Nationale de Paris (France)8.
5
BARINGII, Danielis Eberhardi - Clavis Diplomatica specimina vetervm scriptvrarvm tradens..., Hannover: 1754,
Secção I, p. 23-24. Uma lista complementar aos autores referidos no texto, acerca de antigos tratados sobre selos,
pode, ainda, ser vista na minha obra Introdução à Sigilografia Portuguesa. Guia de Estudo. 2ª edição revista e
ampliada. Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2010, p. 194-196.
6
CHAGAS, Manuel Pinheiro - Historia de Portugal Popular e Ilustrada. Terceira edição. [Continuada desde a
chegada de D. Pedro IV à Europa até à morte de D. Maria II por J. Barbosa Colen e d’ahi até aos nossos dias por
Marques Gomes]. 14 vols., Empreza das Historia de Portugal, Sociedade Editora. Lisboa. MDCCCXCIX [1899] –
1907.
7
História de Portugal. Edição monumental comemorativa do 8º centenário da fundação da nacionalidade, profu-
samente ilustrada e colaborada pelos mais eminentes historiadores e artistas portugueses. (Dir. Damião Peres). 9
vols. Barcelos: Portucalense Editora, 1928-1954 [10º volume publicado em 1981].
8
Veja-se, sobre este tópico, o Colecção Esfragística da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Catá-
logo da Exposição. Coimbra, Reitoria da Universidade de Coimbra e Instituto de Paleografia e Diplomática da
Faculdade de Letras de Coimbra, 2003. Do gosto do Doutor António Vasconcelos pela Esfragística dão nota os

530
SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

O gosto pelo selo, enquanto elemento ornamental ou ilustrativo, mas também


como fonte científica comparativa para outros saberes, como seja a Numismática,
atingiu um dos seus pontos mais significativos, para além da obra de CA. C. Teixeira
de Aragão, no final do século XIX, na obra de J. Ferraro Vaz, impressa em 1960, sob
o título Nvmaria Medieval Portuguesa (2 vols., Lisboa), na qual as reproduções de
selos régios portugueses apresentam rigor e grande qualidade gráfica.
Os estudos sigilográficos, em Portugal, ganharam novo impulso, no último quar-
tel do século XX, mercê do interesse dos estudiosos de Heráldica9. A Sigilografia,
todavia, viu reforçado o seu espaço de investigação, nas décadas de 1980-1990,
muito especialmente com a obra coerente e persistente de D. Luís Gonzaga de
Lencastre e Távora, Marquês de Abrantes, autor do mais importante tratado sigilo-
gráfico português nosso contemporâneo, a que deu o título O Estudo da Sigilografia
Medieval Portuguesa. I. Panorama dos estudos sigilográficos no nosso País e nor-
mas para a sua sistematização. II. Esboço de um corpus esfragístico medieval por-
tuguês (Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa - Ministério da Educação,
1983) e, na sequência da publicação desta obra, que arrolou mais de meio milhar
de espécime sigilográficos, sobretudo no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, um
conjunto de estudos sobre os municípios portugueses e as suas formas de represen-
tação simbólica, como sucedeu com os estudos dedicados por Maria Helena da Cruz
Coelho, entre outros investigadores, a este tema10.
O progresso dos estudos sigilográficos em Portugal, alvo de capítulos em disser-
tações e teses de doutoramento universitárias e de ensino subsidiário nas cadeiras de
Paleografia e Diplomática, sobretudo no campo dos estudos relativo à Idade Média, e
o interesse que estes despertaram na academia universitária, justificaram, ainda, a cria-
ção de unidades curriculares específicas sobre este tema, nomeadamente na Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra entre os anos letivos de 2000 e 201511.

seus sumários das aulas de Diplomática, no primeiro terço do século XX e, ainda, as suas publicações como Um
Documento Precioso. Revista da Universidade de Coimbra, vol. 1 (1912), p. 363 e segs.; vol. II 81913), p. 254 e
segs. [Publicado, como livro, com o título O diploma dionisiano da fundação primitiva da Universidade portuguesa
(1 de Março de 1290). Coimbra: Arquivo da Universidade de Coimbra, 1990]. As insígnias da Universidade de
Coimbra, com recurso a chancelas e selos antigos, mereceram outro importante estudo a António Gomes da Rocha
Madahil - A Insignia da Vniversidade de Coimbra. Esboço Histórico. No IV Centenário da instalação definitiva da
Universidade em Coimbra. Coimbra: O Instituto, 1937.
9
Vd. SEIXAS, Miguel Metelo de - Bibliografia de heráldica medieval portuguesa. In SEIXAS, Miguel de Metelo;
ROSA, Maria de Lurdes (Dir.) - Estudos de Heráldica Medieval. Lisboa: Instituto de Estudos Medievais e Centro
Lusíada de Estudos genealógicos e Heráldicos e Caminhos Romanos, 2012, p. 527-575: maxime 573-575.
10
COELHO, Maria Helena da Cruz - Concelhos. In SERRÃO, Joel e MARQUES, A. H. de Oliveira - Nova His-
tória de Portugal. Vol. III. Portugal em definição de fronteiras. Do Condado Portucalense à Crise do Século XIV
(Coord. COELHO, Maria Helena da Cruz e HOMEM, Armando Luís de Carvalho). Lisboa: Presença, 1996, pp.
563-565; GOMES, Saul António - Ideologia e Representação nas Práticas das Chancelarias Concelhias Medievais
Portuguesas. In FONSECA, Fernando Taveira da (Coord.) - O poder local em tempo de globalização. Uma história
e um futuro. Comunicações. Viseu: Centro de História da Sociedade e da Cultura e Palimage Editores, 2005, p.
435-496.
11
Primeiro como cadeira dual, com o título de Introdução à Sigilografia e Codicologia (vd, para o ano 2002-2003.:
http://www1.ci.uc.pt/historia/ch/cad70.html), depois, a partir de 2008-2009, como cadeira semestral com o nome

531
SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

As fontes e as metodologias de investigação sigilográficas, em Portugal, têm


vindo a alargar-se. Não interessa apenas ou exclusivamente o estudo dos selos em
contexto de validação documental, mas interessa, ainda, o estudo dos selos prove-
nientes de escavações arqueológicas, como os selos de alfândega e/ou de merca-
dorias, o estudo das matrizes sigilares propriamente ditas, tantas vezes verdadeiras
peças de joalharia, a história do uso dos selos a partir do exame da documentação e
da sua informação acerca destes, assim como o uso de práticas sigilares em contex-
tos e usos sociais diversos.
Um dos estudos mais motivadores com recurso à informação esfragística, é a
obra de João Paulo Abreu Lima, publicada em 1998, com o título Armas de Portugal
- Origem, evolução e significado (Lisboa, Ed. Inapa). Nesta obra, o autor sintetiza
um vasto e complexo conjunto de dados, por via da Heráldica e de outros olhares
científicos e fontes históricas, pertinentes à consideração da história das origens de
Portugal. Os selos régios revelaram ser, para este estudo, um precioso instrumento
de informação especialmente pelas cronologias que permitiu precisar mais rigorosa-
mente e pelos dados e pistas que trazem à compreensão do problema da génese e da
composição política e cultural do reino.
Na falta de documentação literária epocal e no contexto de cargas interpretativas
dos significados dos símbolos nacionais, eivados de uma profunda e plurissecular
mitologia popular que os procura explicar, os selos régios portugueses e a sua ico-
nografia, dominantemente heráldica, permitem uma focagem mais objetiva e autên-
tica dos modos como se foram fixando e traduzindo, nas e pelas armas heráldicas e
insígnias públicas do rei e do reino, a memória em torno da ideia da “nação” e da
sua “monarquia genealógica” que incorporou o ideário da identidade pátria. Pode
concluir-se, assim, que a introdução dos castelos na orla do escudo real português
deriva da reforma da armaria patrocinada pelo rei D. Afonso III (1245/48-1279),
numa afirmação biográfica das suas raízes maternas hispano-castelhanas, revelan-
do-se indemonstrável a tradição popular que associa essa representação à conquista
de sete castelos no reino do Algarve. A evolução do escudo real português e dos
seus elementos simbólicos foi uma constante, permanecendo, todavia, os elementos
genesíacos essenciais como os escudetes dispostos em cruz, os besantes que os car-
regam, os metais e as cores.
É pela análise sigilográfica, todavia, que nos apercebemos de alguns outros aspe-
tos interessantes para o nosso conhecimento acerca da identidade política da monar-
quia portuguesa. A observação dos selos reais portugueses, desde os seus alvores
e até ao fim da monarquia, afirma algumas permanências. Uma delas, é o da não
representação figurativa dos monarcas. Nos selos das chancelarias régias portugue-
sas nunca se encontra, em momento algum, a representação do rei em majestade
Não se trata de um défice, por comparação com o que sucede noutras monarquias,
caso da francesa, da inglesa e mesmo da leoneso-castelhana, de discurso simbólico
Introdução à Sigilografia, vd. Apesar do sucesso pedagógico desta unidade curricular, sempre oferecida como
opção, a cadeira foi “extinta” na “reforma curricular” de 2015-2016.

532
SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

acerca da natureza da autoridade e da “majestade” dos reis que ocuparam o trono


de Portugal e do Algarve. Pelo contrário, parece-nos ser uma afirmação coerente e
permanente, ao longo dos séculos, por tradição e afirmação, do interdito da publi-
citação da imagem do monarca. A “invisibilidade” do rei, que se intitulou desde o
começo dos tempos “rex Dei gratia”, derivará de uma conceção do carácter sagrado
ou divino das suas próprias origens12.
Só num curto período, entre os reinados de D. Afonso III (1245/48-1279) e de D.
Fernando I (1367-1383), os soberanos portugueses usaram o selo equestre, o mais
solene dos seus selos, mostrando o rei como cavaleiro, portando o elmo que lhes
cobre os rostos, tornando-os não visíveis. Este paradigma de representação áulica,
nos selos reais portugueses, remete, cremos, à conceções da natureza do poder e
da autoridade régia no reino. Esta situação é bastante complexa de um ponto de
vista histórico, tanto mais que, já em matéria dos selos das chancelarias das rainhas
e infantas reais, estas são representadas com figuração do vulto, modelo de repre-
sentação sigilar que desaparecerá, contudo, a partir da rainha D. Isabel de Aragão
(1282-1336), privilegiando-se, desde então, o formato exclusivamente heráldico nos
selos das rainhas.

Selo equestre do rei D. Afonso III (1245/48-1278)

12
Cfr. GOMES, Saul António - Introdução à Sigilografia Portuguesa, cit., p. 91-105; IDEM - “Identidade e Memó-
ria na Chancelaria Real Portuguesa na Idade Média”, in Raízes Medievais do Brasil Moderno. Actas. 2 a 5 de
Novembro 2007 (Coord. Margarida Garcez e José Varandas), Lisboa, Academia Portuguesa da História, 2008, pp.
67-95; MORUJÃO, Maria do Rosário - MORUJÃO, Maria do Rosário, “A sigilografia portuguesa em tempos de D.
Afonso Henriques”, Medievalista on-line, nº 11, Janeiro-Junho 2012, disponível em: http://www2.fcsh.unl.pt/iem/
medievalista/MEDIEVALISTA11\morujao1103. [Acedido em 15.10.2018].

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SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

Selo equestre (anverso) do rei D. Dinis (1279-1325)

Selo equestre (anverso) de D. Afonso IV (1325-1357)

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SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

Selo equestre (anverso) do rei D. Fernando I

Dobra pé terra do rei D. Fernando I

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SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

Justo do rei D. João II (1481-1495)

É preciso recorrer a outras fontes, todavia, como as numismáticas, para amenizar


esta conclusão. Os morabitinos cunhados pelos primeiros reis portugueses repre-
sentam-nos, por vezes, como reis cavaleiros. Essa modelo de representação desapa-
recerá após D. Afonso II. Ainda que muito episodicamente, alguns reis de Portugal
fizeram-se representar em majestade. Conhecemos, para já, apenas dois casos segu-
ros e ambos pertencentes ao domínio da numária áurea portuguesa. D. Fernando I
cunho a dobra pé terra, em ouro, em que aparece, de pé, com as insígnias de majes-
tade; o outro caso respeita a D. João II e aos justos em ouro que emitiu. Nestes,
o monarca é representado sentado no trono igualmente revestido das insígnias da
majestade real. Teixeira de Aragão dá notícia de duas outras moedas, um forte de
D. Dinis, em prata, e uma dobra do rei D. Pedro I, em ouro, com representação
figurativas majestáticas destes monarcas. A sua autenticidade, todavia, é discutível.
(Description des monnaies, médailles et autres objets d’art concernant l’historie
Portugaise, Paris, 1867, gravura 1 no final).
Os exemplos expostos obrigam a reconhecer que as fontes sigilográficas não
são suficientes em si só para o conhecimento e debate historiográficos em torno
de questões importantes ou interessantes como o são todas aquelas que avocam
o debate em torno das “origens” das realidades identitárias e da sua conforma-
ção no decurso da história das nações e das pátrias. Não significa isto, no entanto,
menorizar a relevância dos dados da sigilografia para uma questão tão complexa
e multidisciplinar como a que respeita à da génese da natureza da identidade da
monarquia portuguesa e da autoridade e poder dos seus monarcas. Naturalmente
que a Diplomática assume um papel bem relevante para o estudo desta questão, a

536
SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

qual, como se referiu, implica interdisciplinaridade e multidisciplinaridade, condi-


ções obrigatórias dos desafios e das problemáticas que implicam o “fazer sigilogra-
fia”, em Portugal, na atualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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dos estudos sigilográficos no nosso País e normas para a sua sistematização. II.
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d’art concernat l’histoire portuugaise du travail. Paris, 1867.
ARAGÃO, A. C. Teixeira de - Descripção geral e historica das moedas cunhadas
em nome dos reis, regentes e governadores de Portugal. 2 vols., Lisboa, 1874 e
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tradens..., Hannover: 1754.
CHAGAS, Manuel Pinheiro - Historia de Portugal Popular e Ilustrada. Terceira
edição. [Continuada desde a chegada de D. Pedro IV à Europa até à morte
de D. Maria II por J. Barbosa Colen e d’ahi até aos nossos dias por Marques
Gomes]. 14 vols., Empreza das Historia de Portugal, Sociedade Editora. Lisboa.
MDCCCXCIX [1899] – 1907.
COELHO, Maria Helena da Cruz - Concelhos. In SERRÃO, Joel e MARQUES, A.
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Concelhias Medievais Portuguesas. In FONSECA, Fernando Taveira da
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GOMES, Saul António - Identidade e Memória na Chancelaria Real Portuguesa
na Idade Média. In GARCEZ, Margarida e VARANDAS, José (Coord.) -
Raízes Medievais do Brasil Moderno. Actas. 2 a 5 de Novembro 2007. Lisboa:
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GOMES, Saul António - Introdução à Sigilografia Portuguesa. Guia de Estudo.
2ª edição revista e ampliada. Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra, 2010.

537
SAUL ANTÓNIO GOMES
SIGILOGRAFIA EM PORTUGAL: ALGUNS DESAFIOS E PROBLEMAS

HISTÓRIA de Portugal. Edição monumental comemorativa do 8º centenário da


fundação da nacionalidade, profusamente ilustrada e colaborada pelos mais
eminentes historiadores e artistas portugueses. (Dir. Damião Peres). 9 vols.
Barcelos: Portucalense Editora, 1928-1954 [10º volume publicado em 1981].
MADAHIL, António Gomes da Rocha - A Insignia da Vniversidade de Coimbra.
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primitiva da Universidade portuguesa (1 de Março de 1290). Coimbra: Arquivo
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538
HAVERÁ QUÍMICA NA SIGILOGRAFIA?

CATARINA I. A. SANTOS, TERESA M. V. D. PINHO E MELO


Departamento de Química, F.C.T.U.C.
cisantos@qui.uc.pt

Resumo: Os selos são elementos anexos aos documentos, cuja função é autenti-
car ou validar um documento, substituindo, ou conjugando com a assinatura.
Historiadores e Arquivistas tomam a seu cargo preservar a memória do documento
e do seu estudo. E os selos? Os selos são uma componente por vezes negligenciada
dessa memória. A conservação de objectos metálicos de Património Cultural implica
o conhecimento do processo de corrosão, bem como a análise dos factores responsá-
veis por este processo. Serão apresentados vários exemplos de selos de chumbo
de pergaminhos da coleção do Arquivo da Universidade de Coimbra, e alguns do
Arquivo Distrital de Braga, discutindo o que foi efectuado ao nível da sua conser-
vação, análise de qualidade ambiental e medidas tomadas para minimizar os efeitos
da corrosão.

Palavras-chave: selos de chumbo, corrosão, conservação e restauro, redução elec-


trolítica.

Abstract: Seals are attached to documents, whose function is to authenticate


or validate a document, in place of or with a signature. Historians and Archivists
are responsible for preserving the memory of the document as well as their study.
What about the seals? Seals are often neglected in that memory. The preservation of
Cultural Heritage metallic objects implies a knowledge of the corrosion process, as
well as of the influencing factors responsible for that process. Several examples of
lead seals from the collection of the Archive of the University of Coimbra, and some
from the Distrital Archive of Braga, will be presented discussing what has been
done regarding their conservation, on environmental quality analysis and measures
taken to minimize the corrosion effects.

Keywords: lead seals, corrosion, conservation and restoration, electrolytic reduc-


tion.

539
CATARINA I. A. SANTOS, TERESA M. V. D. PINHO E MELO
HAVERÁ QUÍMICA NA SIGILOGRAFIA?

INTRODUÇÃO

Desde a época Bizantina que os selos começaram a ser utilizados, tendo a tradição
da sua utilização sido adoptada pela Chancelaria Pontifícia. Os reis europeus, nomea-
damente os Reis de Portugal, seguiram esse costume. Numa época em que nem todos
sabiam assinar o seu nome, um selo pendente num documento validava-o.
Ao longo do tempo os selos têm sido feitos de diferentes materiais, tais como
a argila, a cera, o chumbo, a prata ou o ouro. A especificidade de cada material
faz com que os efeitos do tempo, das condições ambientais e do manuseamento se
manifestem de maneiras diferentes.
O Arquivo da Universidade de Coimbra possui uma vasta colecção de per-
gaminhos provenientes de diferentes colecções, correspondência da própria
Universidade, bem como de ordens religiosas extintas da região. Esta colecção
inclui cerca de centena e meia de documentos com selos de chumbo pendentes, os
quais necessitam de intervenção. Apesar da importância da preservação de selos de
chumbo pendentes de pergaminhos, existem poucos estudos sobre possíveis méto-
dos viáveis para a sua estabilização.1
Os selos de chumbo anexos a pergaminhos, papais e régios, têm sido objecto de
estudo dum projecto iniciado no Arquivo da Universidade de Coimbra em colabora-
ção com o Departamento de Química desta Instituição. Esta colaboração estendeu-
se recentemente ao Arquivo Distrital de Braga.

PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA

A função de um selo apenso a um documento é a de providenciar um modo de


fecho, identificação e validação do documento em questão. As áreas tradicionalmen-
te envolvidas no estudo destes objetos são a História e a Arquivística.
A História assume um papel preponderante pois são os Historiadores que estu-
dam o documento em si, efetuando a leitura paleográfica, interpretando os textos
e elaborando sumários de conteúdos. O enquadramento histórico dos selos, a rele-
vância dos materiais e cores dos cordões que unem o selo ao documento fornecem
igualmente informações relevantes.
A Arquivística vai complementar o trabalho do Historiador, catalogando os con-
teúdos de forma a que a informação esteja devidamente organizada e acessível. De
que serve conhecermos o conteúdo de um documento se não o podemos localizar?
Mas será que só a leitura nos fornece toda a informação contida num documento?

SELOS DE CHUMBO

Embora o Arquivo da Universidade possua outros tipos de selos, no presente


estudo consideraram-se apenas os selos de chumbo.

540
CATARINA I. A. SANTOS, TERESA M. V. D. PINHO E MELO
HAVERÁ QUÍMICA NA SIGILOGRAFIA?

O chumbo é um metal que possui um ponto de fusão baixo, podendo ser facil-
mente moldado numa bola e anexado ao documento por meio de um cordão de
cânhamo ou seda. No entanto, este material sofre oxidação facilmente, rapidamente
mostrando os efeitos da corrosão.
A corrosão de selos de chumbo pendentes é um problema que afecta inúmeras
coleções de Arquivos e Museus. A combinação de materiais orgânicos (pele dos
pergaminho) e inorgânicos (chumbo do selo) impedem uma abordagem simplista na
escolha de tratamentos. A transformação do chumbo metálico (ligas de chumbo na
realidade, pois não é puro) em carbonatos e acetatos de chumbo pode levar à com-
pleta destruição destes objetos, caso não haja uma política de intervenção rápida, a
nível preventivo ou mesmo já de restauro.2 Ao contrário dos danos mecânicos num
selo de cera, quando a corrosão é demasiado extensa pouco há a fazer.
Os casos em que já se verifica um avançado estado de corrosão podem impedir
o livre acesso ao estudo dos documentos. Documentos muito importantes para a
história da Universidade, como o documento da “venda à Universidade de Coimbra
dos Paços de El’Rei aí tem por 30 000 cruzados”, com selo de chumbo de Filipe I,
datado de 1597, possuem o selo de chumbo ainda pendente mas em risco (Fig. 1).

Fig. 1 – Selo de Filipe I, anverso e reverso (1597 - AUC).

Muitas vezes este problema só se torna evidente aquando da impossibilidade de


consulta de um documento pelo avançado estado de corrosão do selo (Fig. 2).

Fig. 2 - Sobre 1 200$00 réis por ano das rendas da Universidade – D. Pedro II, 1676 - Coleção
Colégio da Companhia de Jesus de Coimbra (ARQ 41 - AUC ).
541
CATARINA I. A. SANTOS, TERESA M. V. D. PINHO E MELO
HAVERÁ QUÍMICA NA SIGILOGRAFIA?

A conservação de objectos metálicos de Património Cultural implica o conheci-


mento do processo de corrosão, bem como da análise dos factores que influenciam
esse processo.3 Nos casos em que a corrosão ainda está limitada à superfície do selo,
estabeleceu-se um método de redução electrolítica local para promover a redução do
chumbo metálico (afinal há Química).2

CLASSIFICAÇÃO DOS SELOS DE CHUMBO

Identificado o problema, estabeleceram-se objetivos, no sentido de estudar os


selos de chumbo mais aprofundadamente. Após um exaustivo processo de verifica-
ção dos selos descritos no Catálogo dos Pergaminhos do Arquivo da Universidade, o
qual incluiu um registo fotográfico de todos os exemplares da coleção, foi decidido
estudar a composição elemental da liga de chumbo de um número considerável de
exemplares. Dada a necessidade de utilização de um método de análise não destru-
tivo, escolheu-se a técnica de espectrometria de fluorescência de raios X por energia
dispersiva (EDXRF, energy dispersive X ray fluorescence). O equipamento utilizado
encontra-se na plataforma científica da Universidade, o TAIL-UC (Trace Analysis
and Imaging Laboratory), situado no Departamento de Física da Universidade de
Coimbra.
O chumbo é um metal muito suscétivel à corrosão, pelo que diversos fatores
podem afetar a sua evolução, tais como, as variações de temperatura e humidade
relativa, as condições de armazenamento (armários de madeira, caixas de cartão),
idade e a composição elemental.
Com base no registo fotográfico foi possível observar que a idade será o fator
que menos peso tem no estado de conservação dos selos de chumbo. A coleção apre-
senta estados de conservação variados. Analisando a cerca de centena e meia de
selos, pudemos constatar que o selo de 1144 se encontra muito bem conservado e o
selo mais recente (de 1755) se encontra completamente corroído, a ponto de tornar
qualquer legenda ilegível, quase solto do cordão que o une ao documento.
De forma a estabelecer uma base de trabalho, nomeadamente com vista à inten-
ção de restaurar selos de chumbo, estabeleceu-se uma escala de corrosão. Esta
classificação prentendia estabelecer uma lista de intervenção prioritária, bem como
agrupar os selos de modo a melhor compreender a razão do seu estado de conserva-
ção variado.
A escala escolhida varia entre 1 e 5, correspondendo o 1 a uma condição exce-
lente, com pouca ou nenhuma corrosão, e o 5 a uma completa ou quase total con-
versão do chumbo em sais de chumbo (maioritariamente carbonatos ou acetatos de
chumbo), tornando a leitura das legendas impossível (Fig. 3).

542
CATARINA I. A. SANTOS, TERESA M. V. D. PINHO E MELO
HAVERÁ QUÍMICA NA SIGILOGRAFIA?

Fig. 3 - Selos em vários graus de corrosão.

1) Grau 1 - 2) Grau 2 3) Grau 3 4) Grau 4 - 5) Grau 5 - Todo/


Excelente condição - Corrosão - Corrosão Destacamento de quase todoo selo
(pouca ou nenhuma superficial; extensa e/ou em sais; convertido em sais
corrosão); profundidade;

Esta escala é similar à proposta por Mons. Aldo Martini (em 1993), à data
Curador de Selos do Arquivo Secreto do Vaticano (ASV). A sua classificação defi-
ne os mesmos graus de corrosão, diferindo apenas nos graus atribuídos, variando
entre E (Excelent) e Tm (Très mauvais), ou seja, entre o excelente e o muito mau.4
O contacto estabelecido com o Mons. Aldo Martini levou à colaboração com o Dr.
Luca Becchetti, responsável pelo Laboratório de Restauro de Selos do ASV, como
consultor científico no projeto financiado pela FCT (PTDC/HAH/73753/2006), que
deu continuidade ao nosso estudo.
A classificação estabelecida permitiu agrupar os selos por grau de corrosão e por
século, bem como por gaveta/depósito. As representações gráficas destas relações
permitiram confirmar que o grau de corrosão não está diretamente relacionado com
a idade do selo mas com a sua composição e condições ambientais de armazena-
mento.

A colaboração entretanto estabelecida com o Arquivo Distrital de Braga, que


possui igualmente uma coleção com pergaminhos com selos de chumbo penden-
tes, permitiu adicionar examplares ao nosso estudo. Com base no dados publicados
por Mons. Aldo Martini5, estabelecemos comparações sobre exemplares de alguns
Papas, dos quais existiam em maior número no AUC (Tabelas 1 e 2). As tabelas
indicam o número (e percentagem) dos selos de cada Papa, por grau de corrosão, em
função do número total de selos existente em cada Instituição.
Tabela 1 – Classificação de selos de Paulo III (1534-1549).

Classificação ASV (11) AUC (9) ADB (1)


E 1 2 18,20% 2 22,20% 1 100,00%
B 2 8 72,70% 5 55,60% 0 0,00%
Mo 3 0 0,00% 1 11,10% 0 0,00%
Mo 4 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%
Tm 5 1 9,10% 1 11,10% 0 0,00%

543
CATARINA I. A. SANTOS, TERESA M. V. D. PINHO E MELO
HAVERÁ QUÍMICA NA SIGILOGRAFIA?

Tabela 2 – Classificação de selos de Urbano VIII (1623-1644).

Classificação ASV (66) AUC (10) ADB (1)


E 1 11 16,70% 6 60,00% 0 0,00%
B 2 30 45,50% 2 20,00% 1 100,00%
Mo 3 10 15,20% 2 20,00% 0 0,00%
Mo 4 4 6,10% 0 0,00% 0 0,00%
Tm 5 11 16,70% 0 0,00% 0 0,00%

Esta análise poderia ser mais fidedigna se dados como os publicados pelo ASV
estivessem disponíveis, minimizando os erros de cálculo por efeitos de pouca amos-
tragem.

A análise de algumas séries de amostras por Papa (tendo sido também efectuadas
por Rei, pois a coleção possui selos papais e régios) pela técnica de espectrometria
de fluorescência de raios X permitiu encontrar semelhanças entre selos muito bem
conservados. A presença de elementos como o estanho e o antimónio pode ser asso-
ciada a um melhor estado de conservação, como é referido por Luca Becchetti.6 Os
resultados obtidos foram posteriormente analisados por HCA – Hierarchical Cluster
Analysis. Este algoritmo permite agrupar dados similares em grupos, os chamados
clusters. O objetivo desta análise é estabelecer relações de semelhança entre amos-
tras, sendo que cada grupo é diferente do outro e amostras dentro do mesmo cluster
são bastante semelhantes entre si.7
As séries escolhidas para análise por este algoritmo foram de Paulo III, Clemente
VIII e Urbano VIII. Os resultados permitiram asssociar amostras por grau de corro-
são e idade, com base nos elementos constituintes, determinados por espectrometria
de fluorescência de raios X (Fig. 4).

Fig. 4 – Dendograma que representa os grupos estabelecidos por HCA.

O grupo 1 associa amostras com Grau 1 de corrosão, de Urbano VIII e Clemente


VIII. O grupo 2 associa amostra com Grau 1-2 de corrosão, maioritariamente selos

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CATARINA I. A. SANTOS, TERESA M. V. D. PINHO E MELO
HAVERÁ QUÍMICA NA SIGILOGRAFIA?

de Urbano VIII. O grupo 3 relaciona selos de Grau 2-3, com idade próxima e corro-
são semelhante, com selos dos três Papas. O grupo 4 estabelece semelhanças entre
selos de Grau 2-3, com corrosão espalhada à superfície (Clemente VIII e Paulo III).
O grupo 5, surge com maior proximidade ao grupo 1, pois os selos apresentam Grau
1, com maiores diferenças de composição, demonstrando a existência de variabili-
dade nas amostras (amostras de Clemente VIII e Urbano VIII).
Os efeitos dos microclimas gerados dentro de gavetas, bem como em caixas de
cartão anteriormente utlizadas para proteção dos selos, concentrando condições ací-
dicas podem ter consequências dramáticas como no caso do selo de D. João I de
Castela, de 1386. Este selo evidencia a necessidade de criar/manter registos fotográ-
ficos das coleções. O selo em questão foi comprado pelo Arquivo da Universidade
cerca de 1948. A fotografia do documento da época foi enviada ao AUC para ava-
liação da compra. Nessa altura o selo ainda era legível, com a imagem do cavaleiro
bem definida. Atualmente a imagem do cavaleiro é pouco perceptível, encontrando-
se integridade física do selo ameaçada, não permitindo o seu manuseamente, corren-
do o risco de se desfazer (Fig. 5).

Fig. 5 - Título real de regimento concedido por D. João I de Castela e D. Beatriz a D. João, filho de D.
Pedro I e D. Inês de Castro, 1386 (ARQ 98 - AUC ).

TÉCNICAS DE RESTAURO

Após análise de uma série alargada de selos de chumbo, foi efetuada uma pes-
quisa de técnicas de restauro utilizadas anteriormente em várias épocas, com vista a
proceder ao restauro de selos de chumbo do AUC.
Desde a limpeza mecânica e posterior tratamento por soluções agressivas utili-
zado por Jenkinson8, passando pela troca iónica promovida por depósito da amostra
em água destilada, rodeada por uma resina sintética, método empregue por Organ9,
vários métodos foram empregues.
Colson e Dégrigny promoveram uma redução eletrolítica de selos de chumbo por
imersão do selo numa solução de sulfato de sódio.10 Este método apresenta proble-
mas pois, embora os cordões sejam protegidos, essa proteção não é garantida, facil-
mente levando a maiores danos pois pode haver passagem da solução para o interior

545
CATARINA I. A. SANTOS, TERESA M. V. D. PINHO E MELO
HAVERÁ QUÍMICA NA SIGILOGRAFIA?

do selo. Andrés Serranos Rivas descreve um procedimento semelhante utilizado no


Arquivo Municipal de Toledo.11
No AUC foi utilizado um método de redução eletrolítica local, trabalhando uma
área de cerca de 0,5 cm2 a cada vez, ou seja a área de uma gota de solução diluída de
ácido sulfúrico, neutralizado de seguida. O intuito é o de promover uma reação de
redução do chumbo, obtendo novamente o aspeto do chumbo metálico. O procedi-
mento é moroso mas pretende-se seguro, com proteção dos cordões que ligam o selo
ao documento, com um hidrocarboneto removido por sublimação, o ciclododecano.
Dado que existem por vezes falhas na superfície do selo ou na zona de união ao cor-
dão, é necessário trabalhar permanentemente com uma lupa binocular, para garantir
que não há contacto entre a solução e o interior do selo de chumbo.
Os resultados obtidos são bastante satisfatórios, no entanto que este procedimen-
to só é possível em selos que não estejam demasiado corroídos. As figuras seguintes
mostram alguns exemplares tratados.

Fig. 6 – Selo de Paulo III, 1540 (ARQ 45 - AUC ).

Fig. 7 – Selo de D. Sebastião, 1572 (ARQ 12 - AUC ).

CONCLUSÕES

O restauro de selos de chumbo é um problema de resolução complicado, envol-


vendo diversas áreas das Ciências. A corrosão do chumbo é um processo natural que
apenas pode ser minimizado, não irradicado, pelo que é necessário recorrer a uma
ação interdisciplinar (Ciências, História e Arquivística) para que os selos continuem
bem preservados, ou não desapareçam por completo, nos casos em que a corrosão já
está demasiado avançada.

546
CATARINA I. A. SANTOS, TERESA M. V. D. PINHO E MELO
HAVERÁ QUÍMICA NA SIGILOGRAFIA?

Registos atualizados, com descrição dos selos, acompanhados de registos foto-


gráficos ajudam a que estas coleções não “se percam no tempo”. A falta de recursos
humanos é uma dificuldade com que os Arquivos se debatem, dificultando uma vigi-
lância do estado de conservação dos selos de chumbo.
A existência de registos digitais acessíveis ajudam na recolha de informação e
permitem estudos comparados, reduzindo o efeito “pouca amostragem”, além de
que permitem estabelecer marcos temporais do estado das coleções.
Em resposta à questão inicial “Haverá Química na Sigilografia?”, sim, há
Química e muito mais.

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C. I. A., “Preservação do património documental do Arquivo da Universidade de
Coimbra: intervenção científico-tecnológica”, Rua Larga (Revista da Reitoria da
Universidade de Coimbra) Abril 2010, nº 28, p. 36-37.
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regal lead seals. Proceedings of the 12th International Seminar on Care and
Conservation of Manuscripts (2011), p. 91-97.
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for the conservation of cultural heritage. Electrochimica Acta. Vol. 54 (2009), p.
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25-38.
(5) MARTINI, A., “Enquête sur l’état de conservation des bulles pontificales de
plomb conservées aux Archives Secrètes du Vatican””, Janus (1993) 1, pp.
41-47.
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tauro”, Il Prato, Milão, 2011.
(7) REALE, R., PLATTNER, S. H., GUIDA, G., SAMMARTINO, M. P., VISCO,
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sion process and burial soil characteristics”, Chemistry Central Journal (2012)
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seals’, The Antiquaries Journal (1924) 4, 388–403.
(9) ORGAN, R., ‘Use of ion-exchange resin in the treatment of lead objects’,
Museums Journal (1953) 53, 49–52.
(10) COLSON, I., DEGRIGNY, C, DUBUS, M, “Les chartes scellées par des bul-
les de plomb et leur conservation aux Archives nationales”, La Gazette des
Archives (2001) 192, 221-238.
(11) RIVAS, A. S., “Restauración de sellos de plomo y sus ataduras des Archivio
Municipalk de Toledo”, Archivio Secreto (2008) 4, 302-310.

547
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y
DOCUMENTOS

JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS


Biblioteca Lázaro Galdiano. Madrid.
orcid.org/0000-0002-2501-6979
juanantonio.yeves@museolazarogaldiano.es

Resumen: Encuadernaciones heráldicas son aquellas que presentan escudos de


armas en las tapas, lomo o cortes. Estos blasones habitualmente se identifican con
marcas de propiedad, es decir, super libros, sin embargo, también pueden tener otros
significados y, en estos casos serán la prueba de una donación, identificarán al autor,
a quien financia o produce la obra o a quien está dedicada. Incluso se encuentran en
libros que servían como premios y que eran ofrecidos por una institución académica
―agonoteta― o en libros que recuerdan una designación papal. El examen de estas
cubiertas confirma a veces que el blasón ha perdido su significado original y lo que
parece un super libros solo es un elemento decorativo. Incluso encontramos casos
en los que el encuadernador imita o copia encuadernaciones de otros siglos.

Palabras clave: Super libros, marca de propiedad, escudos de armas, autoría,


comanditario, agonoteta.

Abstract: Heraldic bindings have coats of arms on the covers, loin or edge. Coat of
arms are usually identified with property marks, that is, super libros. Nevertheless,
they can also have other meanings, as the proof of a donation, the identification of
the author, who promotes the work or who are dedicated to. They can be even found
in prizes books, which were offered by an academic institution ―agonothete―, or
those books that have been designated by the Pope. The inspection of these covers
sometimes verifies that the coat of arms has lost its original meaning. In this occa-
sion, it is not a super libros, but rather ornamental element. Finally, there are cases
in which the bookbinder imitates or copies bindings from other centuries.

Keywords: Super libros, ownership marks, coats of arms, authorship, promotor,


agonothete.

549
JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Las armerías son el objeto de estudio propio de una ciencia, la heráldica, y cuan-
do se ciñe a las encuadernaciones con armas, bien junto a otros motivos ornamen-
tales representativos de las tendencias artísticas de cada época, bien con el escudo
estampado como único elemento decorativo, permite seguir la evolución histórica
de la encuadernación. Incluso las cubiertas de libros en las que solo aparece el escu-
do y no muestran un carácter artístico aportan ciertos datos de interés: certifican el
origen y garantizan la autenticidad del libro o documento, proporcionan referencias
históricas o sociales y descubren otros aspectos relativos al uso de las armerías.
El blasón o escudo, un emblema con figuras y colores en el que se siguen las
reglas particulares del blasón,1 cuando aparece en las tapas, lomo o cortes de un
libro o de un documento identifica a un individuo o a una colectividad y comunica
un mensaje que a veces solo puede interpretarse si se conoce la historia de la encua-
dernación, es decir, la tradición de esta manifestación artística que está relacionada
con el amor al libro, para protegerlo y embellecerlo, o con el deseo de conservar
ciertos documentos valiosos para los miembros de generaciones venideras.
Estas encuadernaciones no se identifican con un estilo concreto ―mudéjares, rena-
centistas, barrocas...―, pues el escudo de armas, como se ha dicho, puede aparecer
solo o acompañado de otros motivos ornamentales propios de las tendencias artísticas
de cada época. Además, estas armas pueden aparecer estampadas, pintadas o clavadas
―si se trata de piezas de metal―, y la cubierta puede ser de piel o tela, soporte que
exige maestría a la hora de impresionar los hierros. Casi siempre se trata de obras reen-
cuadernadas, bien porque estaba deteriorada la cubierta original, bien porque el biblió-
filo ha tratado de dar uniformidad a su biblioteca. De esta práctica, habitual en los
siglos XIX y XX, tenemos muchos ejemplos, pero ahora se señalan tres muy notables:
en los dos primeros la heráldica o los elementos emblemáticos son los únicos motivos,
mientras que en el tercero las armas aparecen en medio de una decoración propia del
estilo de la época. La primera es la del marqués de Caracena2 (fig. 1). La segunda, muy
notable por la obra, una copia medieval del Livre des proprietés des choses traslate
de latin en françois, de Bartholomaeus Anglicus, y por el posesor, Claude d’Urfé, que
representó a François I en el Concilio de Trento, y más tarde fue nombrado por Henri
II embajador cerca de la Santa Sede y «gouverneur des Enfants de France», encar-
gándose de la educación de los hijos de Henri II y Catherine de Médicis3 (fig. 2). La
tercera, barroca italiana, perteneció al VIII duque de Escalona4 (fig. 3).
1
El escudo presenta elementos hereditarios, los que forman el escudo propiamente dicho, junto a otros que se deno-
minan elementos personales que figuran generalmente alrededor como yelmos, insignias, cruces o collares y que
permiten la identificación del propietario de las armas.
2
Contiene la obra: RUFO, Juan — La Austriada, Toledo: Juan Rodríguez, 1585. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB
3060. Véase YEVES ANDRÉS, Juan Antonio — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano,
Madrid: Ollero & Ramos, Fundación Lázaro Galdiano, 2008, n. 163.
3
Contiene la obra: BARTHOLOMAEUS ANGLICUS — Livre des proprietés des choses traslate de latin en
françois. Manuscrito. [c. 1400]. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 15554. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encua-
dernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 214.
4
Contiene las obras: ARAGÓN (REINO). CORTES — Actos de Cortes del Reyno de Aragon, Çaragoça: Lorenço

550
JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Fig. 1. Encuadernación con las armas de Louis Hesselin.


Fig. 2. Encuadernación con las armas de Claude d’Urfé.
Fig. 3. Encuadernación con las armas del VIII duque de Escalona.

La comunicación se centra en el uso de la heráldica en la encuadernación, pero


conviene señalar que, aunque desde la antigüedad se utilizaron emblemas o atribu-
tos para identificar divinidades, héroes, personajes mitológicos o bíblicos, ciudades,
etc., las armerías aparecieron en Occidente en la primera mitad del siglo XII. Su uso
estuvo relacionado con la evolución del equipamiento militar pues los combatientes
en batallas o torneos, con casco y cota de malla, resultaban irreconocibles si no por-
taban un escudo con figuras y colores o bien otros elementos distintivos.
A partir del uso constante y duradero de unas figuras y unos colores que iden-
tificaban a determinado personaje, siguiendo unas reglas simples pero rigurosas,
se puede hablar de armerías, primero propias de señores o caballeros y más tarde,
desde el siglo XIII y principalmente desde el XIV, utilizadas por eclesiásticos y por
personas de otros estamentos de la sociedad, incluso por instituciones. Muy pronto,
el uso de armerías pasó de los campos de batalla y de los palenques a otros bienes
muebles e inmuebles y, además, dejó de ser privilegio de caballeros, pues particu-
lares y entidades pudieron portar armas, junto con otros elementos paraheráldicos
como coronas, collares, insignias o mantos, que con frecuencia acompañan al bla-
són, con la única limitación de no utilizar las que eran propias de otros.
Ideas morales y valores caballerescos como la lealtad, la justicia o la valentía se
tradujeron en símbolos heráldicos, siempre regulados por unas pautas y un lenguaje

de Robles..., 1608. (1609). — Observantiae, Consuetudinesque regni Aragonum, in usu Communiter habitae, Çara-
goça: Herederos de Pedro Lanaja..., 1664. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 11603. Véase YEVES ANDRÉS, J. A.
— Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 153. En la Colección de Bartolomé March se
encuentra una obra del mismo taller, en este caso sin escudo de armas, que contiene — La regla y establecimiento
de la cavalleria de Santiago del Espada, Madrid: Viuda de Luis Sánchez, 1627. Véase — Ocho siglos de encuader-
nación española: Huit siècles de reliure en Espagne. Spaanse boekbanden uit acht eeuwen. Bruxelles: Bibliotheca
Wittockiana, 1985, n. 24.

551
JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

preciso que exige la ciencia del blasón y que habían sido fijados por reyes de armas
y heraldos. No solo las piezas y los colores que aparecen en el campo, también la
forma o boca de este y los elementos que aparecen alrededor proporcionan informa-
ción de interés, a veces hasta de género y estado: los escudos acolados identifican a
una mujer y un cordón o lazo –llamado de amor–, rodeando el escudo y rematando
dos borlas y que queda abierto en señal de viudedad. Se aprecian en los ejemplos
de las encuadernaciones de Isabel de Farnesio, reina de España, segunda esposa de
Felipe V de Borbón 5 (fig. 4), Maria Josepha de Sajonia, delfina de Francia6 (fig. 5)
y de la infanta Isabel Clara Eugenia de Habsburgo y Valois, hija de Felipe II y de
Isabel de Valois7 (fig. 6).

Fig. 4. Encuadernación con las armas de la reina Isabel de Farnesio.


Fig. 5. Encuadernación con las armas de la delfina Maria Josepha de Sajonia.
Fig. 6. Encuadernación con las armas de la infanta Isabel Clara Eugenia.

Las armas se muestran en los más variados objetos, como señal de identidad
y ostentación, como marca de posesión, como ornamento decorativo o con otros
fines, así se observa en el caso de las encuadernaciones de los libros y documentos.
Se presentan en manuscritos desde finales del siglo XIII como señal del comandita-
rio o del posesor e incluso como atributos iconográficos. A partir del siglo XIV se
encuentran en algunos cortes de encuadernaciones, señalando la posesión, pero es
5
Contiene la obra: LA BLÉTERIE, Jean Philippe René de — Histoire de l’empereur Jovien et traductions de quel-
ques ouvrages de l’empereur Julien. Paris: Prault fils, 1743. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 10936. Véase YEVES
ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 168.
6
Contiene la obra: IGLESIA CATÓLICA — Office de la Semaine Sainte. En latin & en françois a l’usage de Rome
& de Paris. Paris: Chez la Veuve Mazieres et Garnier, 1746. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 562. Véase YEVES
ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 173.
7
Contiene la obra: CAMBRY, Jeanne de — Anterologie, ou traité de la ruine de l’amour-propre et du bastiment de
l’amour divin. A Tovrnay: Adrian Quinque, 1623. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 1253. Véase YEVES ANDRÉS,
J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 166.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

en la segunda mitad del XV cuando se comienzan a estampar en las cubiertas. Desde


entonces aparecen en el soporte de papel ―marcas de agua o filigranas―, en las
ilustraciones ―generalmente en portadas, frontispicios y colofones―, en los sellos
pendientes o de placa de los documentos, en los cortes del volumen y en el exterior
de la cubierta. Esta, además de cumplir su función práctica de protección, sirve de
soporte de motivos decorativos y heráldicos.
En un trabajo anterior ya se dieron a conocer las Encuadernaciones heráldicas
de la Biblioteca Lázaro Galdiano8 y ahora solo se muestran algunos ejemplos de
esta colección, los necesarios y oportunos para nuestro propósito, que es averiguar
la intención de quien decidió colocar un escudo en la cubierta de un libro. Entonces
se ordenó por encuadernaciones con armas de casas soberanas, con armas de par-
ticulares y con armas institucionales o territoriales, esquema adecuado para dar a
conocer un conjunto de doscientas cincuenta cubiertas pertenecientes a una bibliote-
ca.9 Trabajos como aquel, sobre un fondo numeroso y variado, permiten establecer
conclusiones como las que allí se apuntaban. Ahora, con una nueva revisión y con
un examen detenido, se presentan corregidas y metódicamente arregladas y ordena-
das. Cuando se estudia la colección de cualquier biblioteca no solo se deben señalar
los motivos de las cubiertas, describir ―siempre en términos heráldicos― las figu-
ras y colores de los escudos e identificar el propietario de las armas, en un trabajo
académico y riguroso es necesario también llegar a otras conclusiones y averiguar
por qué aparece un escudo en un libro o documento, tanto cuando señala la propie-
dad como cuando transmite otro mensaje.
En principio, estas encuadernaciones heráldicas señalan la procedencia y «su
carácter radica en que otorga personalidad identitaria al ejemplar».10 Pero el estudio
permite cierto análisis y esta especialidad, como en otras, conduce a ensanchar su
contenido hacia aspectos histórico-sociales o históricos-antropológicos.11 Casi siem-
pre el blasón se ha considerado un super libros, una marca de propiedad, y en los
casos en los que lo sea la identificación tiene especial interés para reconstruir colec-
ciones librarias del pasado, puesto que tiene la misma finalidad que el exlibris en
el interior de la cubierta, en hojas de guarda o en cualquier otro lugar del volumen.
En el primer artículo publicado en España sobre esta materia, Mariano Pardo de
Figueroa, el Doctor Thebussem, decía que un exlibris era el «signo, marca o letra
que revela el nombre de un propietario» y sin diferenciarlo del super libros, como
hoy se hace, distinguía tres clases:
8
YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano.
9
No se incluyeron las encuadernaciones con emblemas o anagramas, aunque presenten elementos propios de la
heráldica como las coronas. En las encuadernaciones heráldicas la presencia de la corona al timbre distingue un
blasón nobiliario de no nobiliario.
10
MORENO GALLEGO, Valentín — Super libros reales: guía para la identificación heráldica en la Real Bibliote-
ca, Madrid: Patrimonio Nacional, 2008, p. 12.
11
MENÉNDEZ PIDAL, Faustino — Los emblemas heráldicos: una interpretación histórica: discurso leído el día
17 de octubre de 1993 en la recepción pública del Excmo. Sr. D. Faustino Menéndez Pidal de Navascués y con-
testación por el Excmo. Sr. D. Miguel Ángel Ladero Quesada, Madrid: Real Academia de la Historia, 1993, p. 34.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

1. Los escritos a pluma o con cincel, ya en una de las hojas, ya en el total de ellas.
2. Los blasones o cifras en oro, plata, o en frío, impresos sobre los lomos o
cubiertas de la obra.
3. Los representados por sellos secos o de tinta, estampados en una de las diver-
sas páginas del libro.
Después añadía el Doctor Thebussem una cuarta clase, de la que se iba a ocu-
par, «la viñeta movible con escudo, signo o letrero, que se fija comúnmente en las
guardas del libro, explicando quién sea el dueño del mismo»,12 que en algunos casos
cambia de tamaño para que sea proporcionado a los libros.
La segunda clase es la que hoy se conoce como super libros y, como bien decía
el Doctor al ocuparse de este asunto nuevo «para plumas castellanas», no tiene
que ser necesariamente un blasón, es decir, una representación heráldica, pueden
ser simbólicos o anagramáticos también: divisas, emblemas, anagramas, iniciales e
incluso el mismo nombre estampado. Véanse los ejemplos del Infante don Antonio
de Borbón13 (fig. 7), de Salvá14 (fig. 8), o del marqués de Morante15 (fig. 9), que con
su lema «J. Gomez de la Cortina et amicorum», recuerda la frase que figuraba en las
cubiertas de los libros de uno de los más grandes bibliófilos, Jean Grolier, que no
utilizó escudo ni emblema sino la conocida frase «Jo. Grolierii et amicorum».

Fig. 7. Encuadernación con las iniciales del infante don Antonio de Borbón.
Fig. 8. Encuadernación con el emblema de Salvá.
Fig. 9. Encuadernación con las armas del marqués de Morante.

THEBUSSEM, Doctor, Seud. de Mariano Pardo de Figueroa — «Ex libris», en Primera ración de artículos,
12

Madrid: [s. n.], 1892, pp. 74-88, véase p. 75. Se publicó por primera vez en 1875.
13
Contiene la obra: VILLANUEVA, Joaquín Lorenzo — Cartas eclesiásticas de J. Joaquin Lorenzo Villanueva al
doctor D. Guillermo Diaz Luzeredi en defensa de las leyes que autorizan ahora al pueblo para que lea en su lengua
la Sagrada Escritura. Madrid: Imprenta Real, 1794. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 10999.
Contiene la obra: SALAS BARBADILLO, Alonso Jerónimo — Coronas del Parnaso y Platos de las musas.
14

Madrid: Imprenta del Reino, 1635. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 884.


Contiene la obra: HEREDERO Y MAYORAL, Nicolás Antonio — Noticias del elocuente orador D. Nicolas
15

Heredero y Mayoral, catedrático de elocuencia en la Universidad de Alcalá de Henares, y algunos de sus escritos.
Dalos a luz el marqués de Morante. Madrid: [s.n.], 1868. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 6609. Véase YEVES
ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 197.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Aunque en gran parte de las encuadernaciones heráldicas la presencia de un


blasón indica marca de propiedad y por lo tanto revela la identidad del posesor,
no siempre es así. Este es el propósito, pues al estudiar estas encuadernaciones se
puede concluir que se trata de un libro procedente de una donación o bien ofrecido
por el autor, entre otras posibilidades, que se verán a continuación, y también puede
ocurrir que no represente lo que parece a primera vista, de ahí la importancia que
tiene saber interpretar y valorar la presencia de un escudo en la cubierta de un libro.
Se divide el trabajo en dos capítulos. En el primero se señalan los posibles signi-
ficados de los escudos que aparecen en las cubiertas de los libros, porque en ningún
caso surgen gratuitamente, y se expone al menos un ejemplo de cada uno de ellos.
El segundo capítulo se centra en las encuadernaciones heráldicas que, por haber
sufrido alguna manipulación o por tratarse de una interpretación moderna, transmi-
ten un mensaje equívoco y carecen del significado que tienen en apariencia. En este
caso también se pueden descubrir otros detalles referentes a la fortuna de algunos
libros, a los gustos, a ciertas prácticas de encuadernadores, libreros o bibliófilos y a
algunos «disparates del tiempo».

SIGNIFICADO Y REPRESENTACIÓN DEL BLASÓN EN LA ENCUADERNACIÓN HERÁLDICA

El escudo en un libro puede representar:


- Super libros, es decir, una marca de propiedad. Se encuentra en el exterior de
las cubiertas, en los entrenervios del lomo o en los cortes. Puede formar parte
de la decoración o bien haberse añadido con posterioridad a la ejecución de la
obra, en este caso, indican de la misma manera la propiedad y son el testimonio
de su paso por otras bibliotecas o archivos en etapas posteriores.
- Un exdono o el testimonio de que ciertos bibliófilos han entregado sus libros a
sociedades, colegios o instituciones religiosas. En este caso se estamparían las
armas antes de efectuar la donación y por encargo del mecenas o más tarde y
ya por cuenta del donatario. Casi siempre se trata de un acto de vanidad y no
gratuito, pues recibe la recompensa de la consideración, del reconocimiento e
incluso del pago en oraciones.
- Una señal de autoría, es decir, un referente al autor de una obra, de creación
o ensayo, o al otorgante en el caso de determinados documentos. Es decir, no
hace referencia a posesión material, en todo caso a la propiedad intelectual.
Con frecuencia encontramos retratos de los autores o sus escudos en portadas,
frontispicios, ilustraciones o iniciales decoradas con escudos porque es una
forma de identificarse y de hacerse reconocer ante el lector. Un buen ejemplo lo
tenemos en Lope de Vega, cuya imagen aparece en sus obras mostrando en su
rostro el paso de los años.
- La representación del comanditario, es decir, de la persona o institución que
financia o «produce» ciertas obras: documentos ―como ejecutorias de hidal-
guía o declaraciones de mayorazgo―, códices ―como los libros de horas―, y

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

obras impresas. En los manuscritos, desde la Edad Media, se encuentran escu-


dos pintados en los que se representan las armas del comanditario, el primer
propietario del volumen, y en ciertos impresos, desde la etapa incunable, se
aprecian escudos estampados en espera de sus armas, en los que se han dibuja-
do y pintado las de un propietario o las de un dedicatario.
- La personalización del agonoteta o mecenas generoso que corre con el gasto de
libros encuadernados y destinados a premiar a alumnos en determinadas insti-
tuciones docentes.16
- Un testimonio de una dedicatoria. Generalmente se trata de encuadernaciones
notables, en consonancia con el beneficiario a quien se destina el don, pues sue-
len estar dedicadas a reyes, nobles y prelados.
- La evidencia de una preconización en algunos impresos de carácter litúrgico,
pontificales o ceremoniales, que presentan las armas de obispos o arzobispos y
que se remitían desde Roma cuando el prelado era designado por el Papa.

Con el planteamiento que se ha propuesto, en el que importa lo que representan


las armas en las encuadernaciones de libros o documentos, se han de utilizar los
correspondientes epígrafes referentes a su significación,17 bajo los cuales se presenta
un ejemplo elocuente y no se repite la descripción completa de la encuadernación ya
incluida en el catálogo de las Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro
Galdiano, al que se remite en nota.
Se muestran a continuación ejemplos de cada una de estas posibilidades, donde
se describe el escudo en términos heráldicos y se hace referencia al propietario de
esas armas, es decir, de quien hizo la donación, del dedicatario… en fin, de la perso-
na o institución que representa.

1. Super libros

Encuadernación heráldica con recuadro de hilo dorado y el escudo del marqués


de Caracena, en dorado, en el centro de ambas tapas. Entre 1626 y 1668. (Fig. 10).18

16
BOULAND, Ludovic — Marques de livres anciennes et modernes françaises et étrangères, Paris: L. Giraud-
Badin, 1925, véase el capítulo «Les Agonothètes ou les donateurs de prix», pp. 10-22.
17
Es necesario recordar dos repertorios franceses clásicos, muy útiles para identificar las armas: GUIGARD, Joan-
nis — Nouvel armorial du bibliophile. Guide de l’amateur des livres armoriés, Paris, Emile Rondeau, 1890, y OLI-
VIER, Eugene, HERMAL, Georges, y ROTON, R. de — Manuel de l’amateur de reliures armoriées françaises,
París: Charles Bosse, 1924-1938. Para valorar la presencia del blasón en el libro y no solo en la cubierta es necesa-
rio acudir a otra obra francesa: — L´Héraldique et le libre, Paris; Toulouse: Somogy editions dárt; Service interéta-
blissments de coopération documentaire de Tolouse, 2002. Esta obra lleva una presentación de Michel Pastoureau
y textos referentes a uso de la heráldica en el libro. Interesan especialmente los de Solveig Langen, Lea Joubert,
Matthieu Desachy, Philippe Palasi y Jean Paul Laurenchet.
18
Contiene la obra: ÁNGELA DE FOLIGNO, beata — Libro de la bienaventurada sancta Angela de Fulgino: en
el qual se nos muestra la verdadera carrera para seguir las pisadas de nuestro redemptor y maestro Jesucristo.
Toledo: [Sucesor de Hagembach], 1510. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 8136. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. —
Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 120.

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LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Fig. 10. Encuadernación con las armas del III marqués de Caracena.

Escudo: Cuadrilongo, con los extremos del lado inferior y la punta redondeados,
cuartelado, 1º y 4º, de oro, palo o bastón de gules y sobrepuesto un león del
mismo color, coronado de oro y envuelto en cinta o banda de plata, bordura de
plata cargada de ocho calderas de sable (Benavides); 2º y 3º, de gules, castillo
de oro, donjonado, mazonado de sable y aclarado de azur (Carrillo); sobre el
todo, escusón jaquelado de quince piezas, ocho de plata y siete de azur (Toledo).
Al timbre, corona de marqués con un aro de oro enriquecido de piedras precio-
sas, realzado de cuatro florones, interpolados de doce puntas, rematadas las del
centro de tres perlas –en el escudo parecen florones más pequeños–. Acolada al
escudo y saliente por los flancos, punta y jefe la cruz de Santiago.

Luis de Benavides Carrillo y Toledo, III marqués de Caracena, V marqués de


Frómista y III conde de Pinto, nació en Valencia en septiembre de 1608. Tuvo nume-
rosos cargos y distinciones, entre otros, maestre de Campo General de los Ejércitos
de Flandes (1646), gobernador y capitán general del Milanesado (1647), gobernador
general de los Países Bajos y Borgoña (1659), consejero de Estado (1659), caballero
Trece de Santiago (1661), capitán general de las Armadas y Flotas de la Carrera de
Indias (1665), capitán general y gobernador de Extremadura (1665), presidente del
Consejo Supremo de Flandes (1668). El marqués de Caracena fue mecenas de auto-
res y de obras de su época, amigo del duque de Osuna ―mecenas de Quevedo―,
del duque de Sessa ―mecenas de Lope de Vega― y del conde de Lemos ―mecenas
de Mira de Amescua y Cervantes―, era entusiasta y conocedor de los libros que,
con espíritu pulcro, seleccionó y atesoró en su magnífica biblioteca; le interesaban
especialmente los que trataban de arte militar y las obras clásicas, aunque también
estaban entre sus preferencias los libros de historia y literatura. Falleció en Madrid

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

el 6 de enero de 1668. Heredó de su padre una considerable cantidad de libros y


como las encuadernaciones de los volúmenes solo presentan el escudo como moti-
vo decorativo pudieron realizarse en Milán, Bruselas o Madrid, quizá entre 1645
y 1668, aunque en este caso se señalan las fechas extremas de 1626, cuando pudo
comenzar a usar el título, y 1668, año de su muerte.

2. Exdono

Fig. 11. Encuadernación con las armas de Nicolas Fouquet.

Encuadernación heráldica con el escudo de armas de Nicolas Fouquet en el cen-


tro como único motivo decorativo en las tapas. Entre 1654 y 1680. (Fig. 11).19

Escudo: Cuadrilongo, con los extremos del lado inferior redondeados y una
punta o ángulo saliente en el centro de dicho lado, de plata, ardilla rampante de
gules. Al timbre, corona con círculo engastado de pedrería y veinte perlas, once
vistas, y casco mirando al frente de siete rejillas en la visera, que está cerrada,
con lambrequines y como cimera corona con círculo engastado de pedrería y
dieciséis perlas, nueve vistas, y una ardilla naciente. Cuenta como soportes con
sendos leones terrazados.

Nicolas Fouquet nació en París el 27 de enero de 1615. Comenzó sus estudios, al


cumplir los 12 años, en el Collège de Clermont, dirigido por los jesuitas. Fue nom-
brado intendente de la Generalidad de París, en 1648, y después superintendente

19
Contiene la obra: JIMENA JURADO, Martín — Catalogo de los obispos de las iglesias catedrales de la diocesi
de Jaen y annales eclesiasticos deste obispado. Madrid: Domingo Garcia y Morras, 1654, Biblioteca Lázaro Gal-
diano, IB 7248. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano,
n. 161.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

de Finanzas y ministro de Estado. Fouquet tuvo numerosas residencias, destacan-


do una gran propiedad en Saint Mandé donde reunió una gran colección de libros,
compuesta por 30 000 volúmenes. A partir de 1653 comenzó a construir un castillo
en Vaux-le-Vicomte y se rodeó de una pequeña corte de escritores ―Molière, La
Fontaine, Madame de Sévigné o Madame de Scudéry―. Él mismo escribía poe-
mas, canciones, adivinanzas y rimas que recogían pequeñas lecciones morales y fue
mecenas de artistas y escritores como Pierre Corneille. Fue sentenciado, en 1664, a
cadena perpetua en Pignerol, plaza fuerte real situada en los Alpes, donde falleció en
circunstancias misteriosas el 3 de abril de 1680.
Nicolas Fouquet hizo donación de seis mil libros al Collège Louis-le-Grand
―antes Collège de Clermont― de los Jesuitas de París, donde se añadió la marca
que aparece en los entrenervios del lomo de este ejemplar, es decir, el escudo y las
dos «oes» e «ies» sobrepuestas, distinguiendo así esta donación de otras, también
muy notables. También conserva anotaciones a mano en la portada: «Collegij Paris.
Societatis IESV» y «Collegij Paris. Soc. IESV»,

3. Autoría

Fig. 12. Encuadernación con las armas del IX duque consorte de Almazán.

Encuadernación heráldica en marroquín, firmada por Bernasconi, con el escudo


del duque de Almazán en el centro de ambas tapas. Entre 1934 y 1936. (Fig. 12).20

20
Contiene la obra: ALMAZÁN, Alfonso de Maríategui y Pérez de Barradas, duque de — Historia de la montería
en España. Madrid: [s.n.], 1934 (Barcelona: Instituto Gráfico Oliva de Vilanova), Biblioteca Lázaro Galdiano, IB
11868. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 103.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Escudo: Cuadrilongo, con los extremos del lado inferior redondeados y una
punta o ángulo saliente en el centro de dicho lado, de gules, tres manzanas de
oro, hojadas de lo mismo, dispuestas 2 y 1. Al timbre, corona de duque, un aro de
oro enriquecido con piedras preciosas, realzado de ocho florones, cinco vistos,
interpolados con ocho puntas de oro, cuatro vistas, sumada por cimera con un
murciélago saliente, con las alas abiertas y puesto de frente. Acolada al escudo y
saliente por los flancos, punta y jefe la cruz de Montesa.

Alfonso María de Ligorio de Mariátegui Pérez de Barradas, IX duque consorte


de Almazán y XI marqués de Cortes de Graena, nació en San Sebastián en 1880. Se
casó en 1910 con María Araceli de Silva y Fernández de Córdoba, IX duquesa de
Almazán, e ingresó en la Orden de Montesa. Probablemente el autor regaló el ejem-
plar a José Lázaro, a quien menciona en la obra agradecido.

4. Autoría (otorgante del documento)

Fig. 13. Encuadernación con las armas del II duque de Escalona.

Encuadernación heráldica barroca en cuero castaño, con mosaico pintado en


verde, blanco y negro, sobre cartón, con el escudo del II duque de Escalona, pintado
en el centro de ambas tapas. Entre 1618 y 1633. (Fig. 13).21
21
Contiene la obra: — Diego López Pacheco, II duque de Escalona y II marqués de Villena, funda y establece
mayorazgo en virtud de las licencias y facultades otorgadas por los Reyes Católicos y Juana I de Castilla. Manus-
crito. 1515-1618. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 15274. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones
heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 152.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Escudo: Ovalado, cuartelado: 1º y 4º, de sable, banda de oro, cargada en el cen-


tro de un escudete de gules, sobrecargado de una cruz floreteada de plata, y en
los costados de nueve cuñas de azur, cinco en el diestro y cuatro en el siniestro,
bordura de plata con cinco escudetes de azur, ordenados en cruz, cargado cada
uno con cinco bezantes de plata, en aspa «quinas de Portugal», y bordura de
gules cargada de siete castillos de oro, tres en jefe, dos en flanco y dos a los lados
de la punta (Acuña de Valencia); 2º y 3º, de plata, dos calderas endentadas en
faja de oro y gules, una sobre otra, con tres serpientes de oro saliendo de cada
lado de las asas, una hacia dentro y dos hacia fuera (Pacheco). Acolado con la
cruz de Calatrava.

Diego López Pacheco Portocarrero, II duque de Escalona y II marqués de


Villena, nació en 1456. Fue albacea de Enrique IV, mayordomo mayor de los Reyes
Católicos y caballero de la Orden del Toisón de Oro desde 1519. Se casó con Juana
de Luna, III condesa de San Esteban de Gormaz –hija y heredera de Juan de Luna
y de Leonor de Zúñiga– y por segunda vez con Juana Enríquez –hija del almirante
Alonso Enríquez y de María de Velasco–. De este segundo matrimonio nació Diego
López Pacheco que sucedió en el ducado. El II duque de Escalona falleció en 1529.
La encuadernación debió realizarse por encargo del responsable del último docu-
mento fechado que aparecen el volumen el 2 de julio de 1618, Felipe Fernández
Pacheco, VI duque de Escalona (1596-1633); en la fecha mencionada se añade una
Declaración en la cual otorga escritura por la que vincula e incorpora nuevos ofi-
cios al mayorazgo. En el Archivo de la Nobleza y en la Biblioteca Lázaro Galdiano
se encuentran otras encuadernaciones del mismo taller, una de ellas con las armas
del I duque de Escalona y I marqués de Villena, Juan Fernández Pacheco o Juan
Pacheco.

5. Comanditario

Encuadernación heráldica en pergamino sobre cartón, con las armas de la ciudad


de Valencia. Hacia 1740. (Fig. 14).22

Escudo: Romboidal, de oro, cuatro palos de gules. Lleva por soportes una «L»
a cada lado, de oro y coronadas. Al timbre, corona real abierta, de oro, con un
murciélago de sable –rat penat–, saliente y con las alas extendidas. Este escu-
do quedó establecido por el «Consell» municipal en 1377. La colocación de la
corona sobre la «L» de Valencia se debe a concesión de Pedro el Ceremonioso y
posteriormente se añadió una «L» a cada lado –doblemente leal– y murciélago,

22
Contiene la obra: ORTI Y MAYOR, José Vicente — Fiestas centenarias con que la insigne noble, leal y coro-
nada ciudad de Valencia celebrò en el dia 9. de Octubre de 1738. la quinta centuria de su Christiana Conquista.
Valencia: Antonio Bordazar, 1740. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 8234. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encua-
dernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 230.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

que fue un dragón alado anteriormente. No figuran las ramas de laurel que en la
actualidad aparecen en el escudo, porque estas tienen su origen en la Guerra de
la Independencia.

Fig. 14. Encuadernación con las armas de la ciudad de Valencia.

La ciudad de Valentia es una fundación romana del año 138 a. C. Después de la


invasión árabe, en 718, el inicial asentamiento alcanza cierta prosperidad agrícola,
comercial e industrial, especialmente con la fabricación de papel, cerámica, vidrio,
orfebrería y la producción de seda, pieles y tejidos. Valencia fue conquistada por
Rodrigo Díaz de Vivar, el Cid campeador, en el año 1094, y reconquistada defi-
nitivamente por Jaime I, en 1238. Su gran crecimiento tiene lugar en el siglo XV,
con la dinastía Trastámara, llegando a ser una de las ciudades más florecientes del
Mediterráneo demográfica, económica y culturalmente durante la época de Alfonso
V, el Magnánimo. Esta edición conmemora la conquista en el quinto centenario,
por ello, se encuadernaron algunos volúmenes con las armas de la ciudad. En la
Biblioteca de la Universidad Complutense se encuentra otro ejemplar. 23

7. Agonoteta

Encuadernación heráldica neoclásica en tafilete rojo sobre cartón, con el escudo


del Real Seminario de Nobles de Madrid. Hacia 1800. (Fig. 15).24
23
FLL 34447. Véase CARPALLO BAUTISTA, Antonio, SÁNCHEZ MARIANA, Manuel y CEBALLOS ESCA-
LERA-GILA, Alfonso — Encuadernaciones en la Biblioteca Complutense. Madrid: Universidad Complutense,
2005, n. 274, p. 136.
24
Contiene la obra: JUAN, Jorge y ULLOA, Antonio de — Relación histórica del viage a la América Meridional
hecho de orden de S. Mag. para medir algunos grados de Meridiano Terrestre, y venir por ellos en conocimiento

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Fig. 15. Encuadernación con las armas del Real Seminario de Nobles de Madrid.

Escudo: Oval, con las armas de Carlos III, rey de España, sobre un escudo cua-
drilongo, con los extremos del lado inferior redondeados y una punta o ángulo
saliente en el centro de dicho lado, y con el lado superior con tramos curvos y
rectos, configurando una forma de peto. Rodeado por el collar de la Orden del
Toisón de Oro, con las insignias pendientes de esta Orden y de la de Carlos III.
Al timbre, corona real cerrada. Se completa el escudo con una palma y una rama
de olivo, el nombre de la entidad en la parte superior, «REAL SEMINARIO DE NOBLES
DE MADRID», e instrumentos relacionados con las enseñanzas que se impartían en
la institución en la inferior.

El Real Seminario de Nobles de Madrid, erigido y fundado por Real Decreto


de Felipe V, de 21 de septiembre de 1725, abrió sus puertas en octubre de 1727 y
tenía la finalidad de educar a la nobleza. Era un centro de formación académica para
educar a quienes tenían que prestar servicios en la Corte o en el ejército, aunque,
en cierta manera, se trataba de una institución que servía para promoción social. El
periodo de apogeo fue el del reinado de Fernando VI, que dispensó especial protec-
ción al Real Seminario de Nobles, visitó con frecuencia sus dependencias y conce-
dió mercedes a los caballeros seminaristas. En un principio estuvo a cargo de padres
de la Compañía de Jesús y, tras la expulsión de los jesuitas en 1767, el Seminario

de la verdadera Figura y Magnitud de la Tierra, con otras varias Observaciones Astronómicas, y Phisicas. Madrid:
Por Antonio Marín, 1748. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 10592-10595. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encua-
dernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 221.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

se reabrió en 1770 bajo la dirección de Jorge Juan, que reorganizó las enseñanzas.
A partir de 1785 se transformó en un centro educativo con un carácter más laico y
castrense, centrado en materias de orientación científica y técnica. Estaba situado en
la calle Princesa y el edificio fue demolido en 1889.
En el lomo de este ejemplar, además del nombre del autor y del título, consta que
fue encuadernado para un alumno premiado: «MATEMATICAS PREMIO PRIMERO». Esta
anotación confirma que no es un libro de la biblioteca del Real Seminario de Nobles
de Madrid. Se trata de un libro que la institución entregó como premio.

8. Dedicatoria

Figs. 16 y 17. Encuadernación con las armas del V duque y V duquesa del Infantado.

Encuadernación heráldica en seda bordada con hilos de plata. En la tapa delan-


tera el escudo de Luisa Enríquez, V duquesa del Infantado, y en la posterior el de
Íñigo López de Mendoza V duque del Infantado. Siglo XVI, después de 1552. (Figs.
16 y 17). 25

25
Contiene la obra: — Álbum de dibujos de Alonso Berruguete, Julio de Aquilis, Andrés de Melgar y otros. Manus-
crito. Siglo XVI. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 15510. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones herál-
dicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 164.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Escudo: En la tapa delantera escudo ovalado, mantelado: 1º y 2º de gules, casti-


llo de oro, aclarado de azur; el mantel de plata, león rampante de gules; bordura
del escudo de plata cargada de ocho áncoras de azur con trava de oro, que en
esta encuadernación no se aprecia (Enríquez). Al timbre, corona en la que no se
distinguen claramente los florones y puntas, pero debe de ser una corona ducal,
un aro de oro enriquecido con piedras preciosas, realzado de ocho florones, cinco
vistos, interpolados con ocho puntas de oro, cuatro vistas. En la tapa posterior
escudo ovalado, cuartelado en aspa, jefe y punta de sinople, banda de gules per-
filada de oro, flancos de oro, salutación evangélica «AVE MARIA GRATIA PLENA», en
letras de azur (Mendoza). Al timbre, corona en la que no se distinguen claramen-
te los florones y puntas, pero debe de ser una corona ducal, como la de la tapa
delantera.

Íñigo López de Mendoza, V duque del Infantado, V conde de Saldaña, VI mar-


qués de Santillana, hijo de Diego Hurtado de Mendoza, conde de Saldaña y de María
de Mendoza, marquesa de Cenete, nació en Guadalajara el 15 de marzo de 1536 y
heredó el título de su abuelo. Fue caballero del Toisón de Oro (1589) y acompañó a
Felipe II con ocasión de su matrimonio con Mary I de Inglaterra. Amplió las pose-
siones familiares al heredar en 1580 el título que poseía su madre. Falleció el 29
de agosto de 1601. Luisa Enríquez de Cabrera era hija de Luis Enríquez, II duque
de Medina de Rioseco y Almirante de Castilla, y de Ana de Cabrera, V condesa de
Módica. Luisa Enríquez de Cabrera falleció en 1603. El matrimonio de Íñigo López
de Mendoza y Luisa Enríquez de Cabrera se celebró en 1552 y aunque se mencio-
nan doce hijos nacidos de este matrimonio recordaremos el nombre de una hija,
Ana, que fue la VI duquesa del Infantado.
Desconocemos quién reunió estos dibujos ―unos de artistas identificados y
otros de taller― y se los dedicó a los duques del Infantado. El hecho es que unas
hojas sueltas, utilizadas por aprendices para copiar, conformaron un volumen lujoso,
encuadernado en seda bordada con hilos de plata.

9. Preconización

Encuadernación heráldica italiana en badana roja sobre cartón, con el escudo de


Miguel del Olmo Manrique, obispo de Cuenca. Hacia 1906. (Fig. 18). 26

Escudo: Cuadrilongo, con los extremos del lado inferior y la punta redondeados,
con esmalte que no se puede precisar y figura que es un olmo terrazado aunque
sus raíces se hayan representado como visibles; sobre el centro del jefe y sobre-
saliendo del campo del escudo, escusón cuadrilongo, con los extremos del lado

Contiene la obra: IGLESIA CATÓLICA — Pontificale romanum Clementis VIII Primum, postea vero Urbani VIII
26

Auctoritate recognitum. Cum figuris. Roma: Typis de Rubeis. 1683. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 3943. Véase
YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 242.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

inferior redondeados, cuartelado en aspa, el jefe y la punta de sinople, la banda


de gules perfilada de oro, los flancos de oro, la salutación evangélica «Ave Maria
gratia plena», aquí reducida a «AVE MAR» en letras de azur (Mendoza).

Fig. 18. Encuadernación con las armas de Miguel del Olmo Manrique, obispo de Cuenca.

Miguel del Olmo Manrique nació en Almadrones (Guadalajara) en 1654 y falle-


ció siendo obispo de Cuenca el 28 de febrero 1721. Estudió gramática y lógica en
el Seminario de San Bartolomé en Sigüenza y cánones y leyes en el Colegio Mayor
de Santa Cruz de Valladolid, fundado por los Mendoza. Ocupó cargos civiles y ecle-
siásticos como el de fiscal de la Inquisición en Llerena y Toledo, canónigo de la
Catedral de Toledo, visitador de la Real Audiencia de La Coruña y gran canciller
del Estado antes de ser nombrado obispo de Cuenca. En la última hoja del volumen,
manuscrita, se ha añadido un versículo y una oración, donde se menciona a san
Julián, obispo de Cuenca y confesor, que confirma su presencia en la diócesis de
Cuenca, sede que ocupó el propietario de las armas, desde el 22 de marzo de 1706
hasta el 27 de febrero de 1721, como consta en la lápida sepulcral: «OBIIT DIE XXVIJ
FEBRVAR ANNO MDCCXXI AETATIS LXVII».27
Este Pontifical debió remitirse desde Roma, donde se publicó, con motivo de la
designación papal del nuevo obispo en 1706. No estaba destinado a la biblioteca
particular del prelado, aunque aparezcan sus armas, sino a la sede que ocupaba.

27
CAÑAS REILLO, José Manuel — «Epitafio de D. Miguel del Olmo † 1721», 2010 [Disponible en: http://www.
epigrafiaconquense.com/textosA/ficheros/CUENCA_Catedral_Capilla%20Mayor]. Consulta: 2 de octubre de 2018.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

ENCUADERNACIONES EN LAS QUE EL BLASÓN NO TIENE EL SIGNIFICADO QUE


REPRESENTA.

El escudo en ocasiones ha perdido su significado original al haber sido mani-


puladas ciertas cubiertas, o simula una representación que en realidad no tiene. Así
puede ocurrir que, bien se empleen en encuadernaciones ciertos elementos herál-
dicos originales procedentes de otras, bien se pretenda imitar o copiar las de siglos
pasados en obras modernas. En estos casos el escudo se puede interpretar como:
- Un elemento decorativo y sin el sentido de marca de propiedad, aunque así
parezca a primera vista. Puede tratarse de un escudo reutilizado que se encon-
traba en otra encuadernación o de una cubierta completa que pertenecía a otro
ejemplar.
- Una imitación de encuadernaciones heráldicas con escudos usados por bibliófi-
los en libros de su propiedad o en otros dedicados a ellos.
- Una copia de encuadernaciones heráldicas con escudos usados por bibliófilos.
- Una encuadernación en la que se han eliminado las armas y otros símbolos de
identidad.

Solo se debe utilizar el término «falsificación» cuando se tengan pruebas sufi-


cientes de engaño o falacia, aunque en algún caso de los que mostramos a continua-
ción puede ser adecuado, pues una encuadernación con las armas de un bibliófilo
ilustre siempre se halla entre las preferencias de los aficionados a esta especialidad
de la bibliofilia y algún librero o anticuario sin escrúpulos ha podido manipular cier-
tas obras.

1. Elemento decorativo en vez de super libros o marca de propiedad

Encuadernación probablemente española, en pergamino con fragmentos de bada-


na, tafilete y pergamino, sobre cartón. Siglo XIX. (Fig. 19). 28

Escudo: Circular, cuartelado, 1º y 4º, fajado de siete piezas, de plata y sable, 2º


y 3º, jaquelado de veinticinco piezas, de azur y plata, jefe de gules (Montgon);
escusón sobre todo, cuartelado en aspa, jefe y punta de plata cargado con dos
fajas de azur, flancos de armiños (Cordeboeuf). Al timbre, corona formada por
círculo engastado de pedrería y sobre él ocho hojas de acanto, cinco vistas.
Cuenta como soportes con dos grifos terrazados y con motivos decorativos en la
parte inferior.

28
Contiene la obra: — Almanach royal, année M.DCC.LIII, contentant; les naissances des Princes & Princesses de
l’Europe, les Archevêques... A Paris: Imprimerie de Le Breton, 1753. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 11173. Véase
YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 184.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Fig. 19. Encuadernación con las armas del conde de Montgon.

Philippe-Gilbert de Cordeboeuf de Beauverger, conde de Montgon e hijo de


Charles-Alexandre de Cordeboeuf de Beauverger, nació en 1692. Fue nombrado
caballero de la Orden Real y Militar de San Luis, mariscal de campo y gobernador
de Oléron. Falleció el 13 de octubre de 1724.
Sobre la cubierta en pergamino se ha pegado un recuadro en piel con un hilo de
puntos y una pequeña rueda y en el interior se han incorporado fragmentos de pieles
de diversa procedencia y calidad –tafilete, badana y pergamino–, con un buen efecto
decorativo, y en el centro el escudo de armas –estampado en badana–. Se puede
sospechar que el volumen conservaba el fragmento de badana marrón con hierros
dorados, tal vez deteriorada porque originalmente pudo tener talcos, que para salvar
esta piel y algunos otros fragmentos del lomo se realizó la nueva cubierta. Las pie-
zas de tafilete rojo y verde proceden de encuadernaciones españolas del siglo XVIII
–algunas del taller de Gabriel Sancha– y las de pergamino con motivos pintados y
estampados y el fragmento en tafilete rojo que rodea al escudo, unidas mediante una
orla pintada de verde, son de factura posterior, probablemente obra del encuaderna-
dor que realizó esta reconstrucción. En el centro se incorporó el escudo de armas del
conde de Montgon, procedente de otra encuadernación.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

2. Elemento decorativo en vez de super libros o marca de propiedad

Fig. 20. Encuadernación con las armas de Felipe V, rey de España.

Encuadernación en badana marrón con mosaico de badana negra en el centro.


Siglo XIX. (Fig. 20).29

Escudo: Cuadrilongo, con los extremos del lado inferior y la punta redondeados,
cuartelado, 1º, a su vez cuartelado, 1 y 4, de gules, castillo de oro, donjonado,
aclarado de azur y mazonado de sable (Castilla); 2 y 3, de plata, león rampan-
te, de púrpura, linguado, uñado, armado de gules y coronado de oro (León); 2º,
partido, 1, de oro, cuatro palos de gules (Aragón), y 2, cuartelado en aspa, jefe
y punta de oro, cuatro palos de gules, flancos de plata, águila de sable, corona-
da de oro, membrada de gules (Sicilia); 3º, cortado, 1, de gules, faja de plata
(Austria), 2, bandado de seis piezas, tres de oro y tres de azur, con bordura de
gules (Borgoña Antigua); 4º, cortado, 1, de azur, sembrado de flores de lis de oro
con bordura componada de gules y plata (Borgoña-Valois), 2, de sable, león de
oro lampasado y armado de gules (Brabante). Sobre todo, escusón cuadrilongo,
con los extremos del lado inferior y la punta redondeados, de azur, tres flores de
lis de oro, puestas 2 y 1, bordura lisa de gules (Borbón-Anjou). Escusón sobre
el ombligo o punto inferior de honor, partido, 1, de oro, león de sable, linguado
y armado de gules (Flandes), y 2, de plata, águila de gules, coronada, picada
y membrada de oro, cargado el pecho de un creciente trebolado de lo mismo
(Tirol). Al timbre, corona real cerrada. Rodeado por los collares de la Orden del
Espíritu Santo, orden dinástica establecida por Henri III de Francia, y del Toisón
de Oro, con insignias pendientes.

29
Contiene la obra: DOWNIE, John — Láminas del ataque y defensa del arma de la lanza. Madrid: [s. n.], 1814.
Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 11849. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la
Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 14.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

El volumen se publicó y encuadernó a principios del siglo XIX y no pudo pertene-


cer a Felipe V (1683-1746). En las tapas presenta recuadro con motivos florales y en
el centro se ha añadido un fragmento de piel procedente de otra encuadernación de
las primeras décadas del siglo XVIII donde se encuentra el escudo del rey, probable-
mente con intención únicamente decorativa.

3. Elemento decorativo en vez de super libros o marca de propiedad

Fig. 21. Encuadernación con las armas del III marqués de Caracena.

Encuadernación en badana jaspeada teñida sobre cartón, con las armas del III
marqués de Caracena. Reutilizada en el siglo XX. (Fig. 21).30

Escudo: Descrito en el número 1 de la primera parte de este estudio.

Encuadernación reutilizada. La piel de esta encuadernación del marqués de


Caracena procede de obra de mayor tamaño, como se aprecia al comprobar que el
hilo dorado que formaba un recuadro en las tapas ha quedado oculto en el interior de
la cubierta. El lomo, los hierros e hilos gofrados de la cubierta y las hojas de guarda
no son originales. Por lo tanto, la cubierta de piel procede de un libro de la bibliote-

30
Contiene la obra: VALERA, Diego de — Tratado de los Rieptos e desafios que entre los caualleros y hijos dalgo
se acostumbran hazer segun las costumbres de españa, francia et ynglaterra... Con otro tratado llamado Cerimo-
nial de principes. [S.l.: s.n., s.a.]. [Valencia: Juan Viñao, c. 1519 o 1520]. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 8115.
Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 122.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

ca del marqués de Caracena pero la obra, si alguna vez estuvo en aquella biblioteca,
debería llevar otra cubierta adecuada a su tamaño. El escudo en esta cubierta solo
se puede interpretar como un elemento decorativo o como un intento fraudulento
de revalorizar un libro simulando que estuvo en los anaqueles de la biblioteca del
marqués de Caracena.

4. Imitación de encuadernación heráldica en vez de super libros o marca de


propiedad

Fig. 22. Encuadernación con las armas del arzobispo Charles de Bourbon.

Encuadernación francesa, obra de Théodore Hagué, en piel de becerro sobre tabla,


con las armas de Charles de Bourbon. Últimas décadas del siglo XIX. (Fig. 22).31

Escudo: Cuadrilongo, con los extremos del lado inferior y la punta redondeados,
de azur, tres flores de lis de oro bien ordenadas y banda de gules. Al timbre,
capelo, bajo de copa y ala ancha, perforada por dos orificios a través de los cua-
les se deslizan dos cordones terminados en borlas, diez a cada lado, en cuatro
órdenes, puestas 1, 2, 3 y 4. Cruz trebolada, propia de los arzobispos no prima-
dos, acolada al escudo.
31
Contiene la obra: TUCIDIDES — L’histoire de Thucydide Athenien, de la guerre, qui fut entre les Péloponne-
siens et Atheniens, translatée en langue Françoyse par feu Messire Claude de Seyssel. Paris: Iosse Badius, 1527.
Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 11866. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la
Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 119.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Charles de Bourbon, arzobispo de Rouen, propietario de estas armas, era hijo


de Charles IV de Bourbon-Vendôme, duque Vendôme (1515), y de Françoise
d’Alençon, duquesa de Beaumont. Nació el 22 de septiembre de 1523. Además fue
obispo de Nevers (1540-1545) y de Nantes (1544-1550), cardenal (1548), arzobispo
de Rouen (1550-1590) y de Beauvais (1572-1575) y comendador de la Orden del
Espíritu Santo desde 1578. Falleció el 9 de mayo de 1590.
No se puede saber con certeza si esta encuadernación de Théodore Hagué (1822-
1891), también conocido como Louis, es una reconstrucción de la obra original,
que pudo tener decoración similar y las mismas armas, o una creación nueva. Por lo
tanto, si el volumen perteneció a Charles de Bourbon, en el siglo XVI presentaría otra
cubierta. En la Biblioteca Lázaro Galdiano se encuentran otras dos obras de Hagué
y en una de ellas aparece el apellido del encuadernador, a lápiz, dato que nos permi-
te pensar que José Lázaro tenía conocimiento de la procedencia de estas obras y de
las recreaciones de este taller

5. Imitación de encuadernación heráldica en vez de dedicatoria

Fig. 23. Encuadernación con las armas de Felipe II, rey de España.

Encuadernación probablemente italiana o francesa, en terciopelo sobre tabla, con


las armas de Felipe II, rey de España. Últimas décadas del siglo XIX o comienzos del
XX. (Fig. 23). 32

32
Contiene la obra: VEGA, Pedro de la (OSH) — Flos Santorum. La vida de nuestro señor Jesu Christo: y de

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Escudo: El escudo real de Felipe II en esta encuadernación es ovalado y presenta


un escusón en el punto de honor, de plata, cinco escudetes de azur, ordenados en
cruz, cargado cada uno con cinco bezantes de plata en aspa, y bordura de gules
cargada de siete castillos de oro, tres en jefe, dos en flanco y dos a los lados de la
punta (Portugal). Otra novedad se encuentra en el escusón, situado sobre el todo,
en el centro –parece añadido posteriormente y de diferente metal–, cuartelado, en
el que no se pueden identificar las piezas que cargan estas particiones. Al timbre,
corona real, arcaica. Rodeado por un collar que en determinadas partes corres-
ponde con el de la Orden del Toisón de Oro y en otras presenta piezas del collar
de la Orden del Espíritu Santo, con una insignia pendiente difícil de identificar
aunque tal vez pudiera imitar a la de la Orden del Espíritu Santo.

Las tapas presentan el escudo real en metal dorado en el centro y las armas del
ducado de Milán entre motivos vegetales estilizados en los esquinazos, también
metálicos. Esta encuadernación, por los materiales y por la estética empleada en la
elaboración de los blasones y de los elementos decorativos, parece ser una recrea-
ción inspirada en modelos del siglo XVIII y no una restauración o reconstrucción. Por
lo tanto, no debe ser un ejemplar ofrecido por el Ducado de Milán a Felipe II, como
señaló en 1934 Vicente Castañeda. 33 Al menos hoy no quedan restos de la obra ori-
ginal que permitan esta afirmación, y se puede decir que es una reencuadernación de
finales del siglo XIX o comienzos del XX, realizada con un criterio poco respetuoso
con la cubierta original. Tal vez, se pudo hacer con la intención de revalorizar un
impreso que tiene en sí un notable interés bibliográfico y quien lo hizo no se ajustó
a los criterios estéticos de la época a la que corresponde el blasón ni a las reglas de
la heráldica.

6. Copia de encuadernación heráldica en vez de super libros

Encuadernación en piel badana envejecida con las armas del marqués de Santillana
en el centro, realizada por Josefina L. Díez Lassaletta. Hacia 1957. (Fig. 24). 34

Escudo: Una celada o yelmo, el motivo heráldico o emblemático que el Marqués


utilizaba como emblema para sus objetos personales, sobresale, repujada, dentro
de un cuadrifolio, también repujado.
su santissima madre: y de los otros santos según la orden de sus fiestas. Aora de nuevo corregido y emendado. Y
añadidas algunas vidas de santos. Impresso en Alcala de Henares: Juan Brocar, 1558. Biblioteca Lázaro Galdiano,
IB 11614. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. — Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 3.
33
CASTAÑEDA, Vicente — La exposición de encuadernaciones de la Colección Lázaro Galdiano, 1934. Madrid:
Tipografía de Archivos, 1935. [Se publicó en Boletín de la Real Academia de la Historia, CVI, Madrid, 1935, pp.
377-388].
34
Contiene la obra: — Pliegos poéticos góticos; introducción por José Antonio García Noblejas. Madrid: Dirección
General de Archivos y Bibliotecas y Joyas Bibliográficas, 1957. Biblioteca Lázaro Galdiano, RDRL 24.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Fig. 24. Encuadernación con las armas del marqués de Santillana.

Josefina L. Díez Lassaletta, que firma en la encuadernación, imita un modelo esti-


lo gótico mudéjar que perteneció al marqués de Santillana, obra que se supone de
Martín de Ávila. El original contiene la Historia gótica de Rodrigo Jiménez de Rada,
un manuscrito del siglo XIV, que se conserva en la Biblioteca Nacional de Madrid.35

7. Encuadernación heráldica en la que se ha eliminado el super libros

Encuadernación en marroquín sobre cartón, con las armas de la reina Maria


Leszczynska. Entre 1752 y 1768, manipulada a finales del siglo XVIII o comienzos
del XIX. (Fig. 25).36

Escudo: Dos escudos ovalados y acolados. El primero, de azur, tres flores de lis
de oro (Francia); y el segundo, cuartelado: 1º y 4º, de gules, águila de plata –se
conoce como águila blanca– coronada, membrada y picada de oro (Polonia); 2º
y 3º, de gules, caballero de plata, con espuelas de oro, montado sobre un caballo

Vitr. 4-3. Véase — Encuadernaciones españolas en la Biblioteca Nacional. Madrid: Biblioteca Nacional; Julio
35

Ollero, 1992, n. 28, pp.57-58.


36
Contiene la obra: IGLESIA CATÓLICA — L’Office de la Semaine Sainte, en latin et en françois, selon le Missel
et le Bréviaire romain, et le nouveau Missel et Bréviaire de Paris... Dédié à la Reine pour l’usage de sa Maison. A
Paris: Chez Jean-Baptiste Garnier, 1752. Biblioteca Lázaro Galdiano, IB 4376. Véase YEVES ANDRÉS, J. A. —
Encuadernaciones heráldicas de la Biblioteca Lázaro Galdiano, n. 172.

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LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

Fig. 25. Encuadernación con las armas de la reina Maria Leszczynska.

de plata, con silla y riendas de azur decoradas de oro, y armado con una espada,
de plata, con empuñadura de oro, que sostiene con su brazo derecho sobre su
cabeza, y porta en su siniestra un escudo de azur cargado con una cruz doble de
oro (Lituania); escusón sobre el todo ovalado de plata, una cabeza de búfalo,
de sable, el hocico anillado de oro (Leszczynska). Al timbre, corona con círculo
engastado de pedrería con ocho flores de lis de las que salen sendas diademas
cargadas de perlas y cerradas por una flor de lis doble.

Maria Leszczynska o Maria Karolina Leszczynska nació en Breslau (Polonia),


el 23 de junio de 1703. Era hija de Stanislaus Leszczynski I, rey de Polonia,
y de Katharina Opalinska. Se casó con Louis XV el 5 de septiembre de 1725 en
Fontainebleau, fecha en la que se convirtió en reina consorte de Francia siendo muy
popular por sus obras caritativas y por su mecenazgo en la corte. Reunió una selecta
colección de libros, principalmente religiosos o de historia, y muchos fueron encua-
dernados por Antoine Michel Padeloup. Falleció en Versailles, el 24 de junio de 1768.
Como en otras encuadernaciones de la época, en esta se ha tratado de eliminar
–tal vez durante la Revolución francesa– toda señal de su propietaria, así como los
símbolos de la Casa Real de Francia, cubriendo los escudos y las flores de lis con
una piel fina que al tratar de eliminarla posteriormente ha ocasionado la desapari-
ción del oro en determinadas zonas de la tapas y del lomo.

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JUAN ANTONIO YEVES ANDRÉS
LA HERÁLDICA EN LA ENCUADERNACIÓN DE LIBROS Y DOCUMENTOS

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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étrangères. Paris: L. Giraud-Badin, 1925.
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