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RESUMO 09

9 . AÇÃO PENAL (art. 102 a 107 do Código Penal e art. 24 a 62 do CPP)


“A ação penal é o direito de agir exercido perante os juízes e tribunais da justiça criminal.” (José
Frederico Marques)
“Para se saber qual a pena a ser aplicada ante as cominadas e, principalmente, para a determinação da
quantidade entre o mínimo e o máximo previstos, necessário se torna um Processo para que o Estado,
na pessoa do Juiz, tenha condições de aplicar uma punição justa, ou mesmo absolver, se for o caso.”
(Ismar Estulano Garcia)
“A despeito de se constituir o direito de ação instituto de natureza eminentemente processual, no
sistema jurídico brasileiro a ação penal é em parte disciplinada pelo Código Penal. Com efeito, o Título
VII da Parte Geral do Código Penal (art. 100 a 106) dedica-se integralmente a disciplinar o exercício da
ação penal.” (Edílson Mougenot Bonfim)
Fundamento constitucional: (Art. 5º, XXXV da CF)
“O acesso ao Poder Judiciário é direito humano fundamental, dispondo o art. 5º, XXXV, da Constituição
Federal que, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”,
assegurando-se a todo indivíduo a possibilidade de reclamar do juiz a prestação jurisdicional toda vez
que se sentir ofendido ou ameaçado.” (Guilherme de Souza Nucci)
Não existirá crime sem lei anterior que o defina: nullum crimen, nulla poena sine lege. (CF, art. 5º, XXXIX)
Do ponto de vista processual, ação civil e ação penal só se diversificam ratione materiae uma vez que
apresentam as mesmas linhas conceituais e idênticos caracteres jurídicos (José Frederico Marques)
As condições da ação penal são: (art. 395, 396, 396.A, 397, CPP)
a) possibilidade jurídica do pedido:
“Significa que o Estado tem possibilidade, em tese, de obter a condenação do réu, motivo pelo qual
é indispensável que a imputação diga respeito a um fato considerado criminoso”. (Guilherme de
Souza Nucci, p.190) (vide arts. 395, 396, 396-A e 397, CPP)
b) interesse de agir:
“é inerente ao próprio direito de ação, vez que o Estado não pode impor a pena senão pelas vias
jurisdicionais, em razão da vedação da autotuela. Existe na modalidade: necessidade, utilidade e
adequação. “Para que haja interesse de agir, é necessário que o autor formule uma pretensão
adequada, ou seja, um pedido idôneo a provocar a atuação jurisdicional.” (José Frederico Marques)
c) legitimação para agir:
“diz respeito à titularidade ativa e passiva da ação: é a pertinência subjetiva da ação, como, com
propriedade, ensina Alfredo Buzaid.” “A ação somente pode ser proposta por aquele que é titular
do interesse que se afirma prevalecer na pretensão, e contra aquele cujo direito de liberdade possa
ser subordinado, no caso em foco, o interesse punitivo do Estado”. (José Frederico Marques). Ex.
nos crime de iniciativa do ofendido o MP não tem legitimidade.
9.1 – CONCEITO
“É o direito do Estado-acusação ou do ofendido de ingressar em juízo, solicitando a prestação
jurisdicional, representada pela aplicação das normas de direito penal ao caso concreto. Através da
ação, tendo em vista a existência de uma infração penal precedente, o Estado consegue realizar a sua
pretensão de punir o infrator.” (NUCCI, p.181/182)
9.2 - CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE
“São as que condicionam o exercício da ação penal, têm caráter processual e se atêm somente à
admissibilidade da persecução penal. Exigida uma condição especial, a admissão da ação penal,
além das condições da ação (gerais), depende dessa condição específica.” (MIRABETE, p.93).
São elas:
a) a entrado do agente no território nacional no caso de crime praticado no exterior (art. 7°, §
2°, “c”, CP);
b) a requisição do Ministro da Justiça nos crimes contra a honra, previstos no CP contra o
Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro (art. 145, p. único, CP);
c) a representação do ofendido em determinados crimes (art. 130, 140, c.c 141, II, 147,
151,CP);
d) o trânsito em julgado da sentença que anula o casamento, no crime definido no art. 236,
CP.
9.3 - CLASSIFICAÇÃO QUANTO À TUTELA E QUANTO AO SUJEITO
9.3.1 – Quanto à Tutela:
a) ação de conhecimento: aquela que se limita a declarar a existência ou inexistência de
alguma relação jurídica em matéria penal, como é o caso, por exemplo, da ação que
visa apenas à declaração de extinção da punibilidade;
b) ação cautelar: é aquela que visa a preservar um direito ameaçado, e o seu exemplo
clássico é o habeas corpus preventivo; e
c) ação executória: é aquela que tem o seu curso após a condenação do réu, no âmbito do
processo de execução da pena, visando à concretização desta última.
9.3.1.1 – Ação Penal de conhecimento:
È aquela em que a prestação jurisdicional consiste numa decisão sobre situação
jurídica disciplinada pelo Direito Penal. A ação penal de que trata o Código Penal
nos arts. 102 a 107 é uma ação de conhecimento de caráter condenatório.
Todavia, pode haver ações dessa natureza, no processo penal, coordenadas a uma
pretensão decorrente do direito de liberdade. É o que sucede na revisão criminal
e em alguns casos de habeas corpus” (José Frederico Marques)
9.3.1.2 – Ação Penal Executiva:
É aquela “em que se dá atuação à sanção penal, cita-se a execução da pena de
multa, disciplinada nos artigos 164 a 170 da Lei de Execução Penal. Como a
execução das demais penas (privativas de liberdade e restritivas de direito)
independe de provocação dos órgãos da persecução penal. Procedendo-se de
ofício, sem citação, não há que se falar, nessas hipóteses, em ação executiva, mas
em prolongamento da ação penal condenatória.” (Mirabete)
9.3.1.3 – Ação Cautelar: (art. 168, 225, 311 e segs. CPP)
“Há a antecipação provisória das prováveis conseqüências de uma decisão de
ação principal em que se procura afastar o periculum in mora assegurando a
eficácia futura desse processo, encontra exemplos no processo penal a perícia
complementar (art. 168, CPP), no depoimento ad perpetuam rei memoriam (art.
225), na prisão preventiva (arts. 311 e segs.) etc.
9.3.2 – Quanto ao Sujeito:
a) Ação penal pública:
O titular é exclusivamente o Ministério Público.
a.1) Ação penal pública incondicionada (não há condição de procedibilidade para seu
processamento);
a.2) Ação penal pública condicionada (existem determinadas condições de
procedibilidade. O titular somente poderá ajuizar a ação penal se presentes tais
condições).
b) Ação penal privada:
O titular é exclusivamente o ofendido ou a vítima.
b.1) exclusivamente privada, ou propriamente dita (pode se proposta pelo ofendido ou
por seus representantes legais nas hipóteses previstas); (art. 102 § 4º CP; art. 31,
CPP);
b.2) personalíssima (sua titularidade é única e exclusivamente ao ofendido, sendo
vedado seu exercício até mesmo ao representante legal);
b.3) subsidiária da pública (nos casos de inércia do Ministério Público em propor a ação
penal pública). O prazo para o oferecimento da queixa é de seis meses e começa a
contar da data em que se esgotar o prazo para a denúncia, ou seja, da data em que
se caracterizar a inércia do Ministério Público. (arts. 29, 38, CPP; 100 § 3º CP)
Esse tipo de ação penal, afirma Antônio Alberto Machado (Curso de Processo Penal, 3ª ed.,
São Paulo: Atlas, 2010, p.115) pode ser intentada tanto pelo indivíduo ofendido, quanto
pela pessoa jurídica vítima do crime, ou ainda por entidades especialmente designadas por
lei, como é o caso dos crimes contra as relações de consumo em que o CDC, em seus arts. 80
e 82, III e IV, admite expressamente a ação penal privada subsidiária da pública ajuizada por
“entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta”, ou por associações de
defesa dos direitos do consumidor constituídas há mais de um ano”.

9.4 - CRITÉRIO DE DISTINÇÃO ENTRE AS AÇÕES (AÇÃO PRIVADA E AÇÃO PÚBLICA)


Verificar no Código Penal as seguintes expressões:
a) “Somente se procede mediante queixa” – trata-se de Ação Penal privada exclusiva
b) “Somente se procede mediante representação” – trata-se de Ação Penal Pública
Condicionada
c) Quando não houver qualquer referência na lei – trata-se de Ação Pública Incondicionada.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
MACHADO, Antônio Alberto. Curso de Processo Penal. 3. ed..São Paulo: Atlas, 2010.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal, 18.ed. São Paulo: Atlas, 2007.

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