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Técnicas Farmacêuticas e

Desenvolvimento de
Formas Nutricionais

Brasília-DF.
Elaboração

Dra. Daniela Martins da Silva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS.......................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
DEFINIÇÕES E CONCEITOS....................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÕES.................................................................................................................... 14

CAPÍTULO 3
ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS E FARMACODINÂMICOS....................................................... 17

UNIDADE II
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS................................................................................................................. 32

CAPÍTULO 1
FORMAS FARMACÊUTICAS...................................................................................................... 32

CAPÍTULO 2
DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS....................................................................... 43

CAPÍTULO 3
NUTRACÊUTICOS..................................................................................................................... 52

UNIDADE III
ASPECTOS TOXICOLÓGICOS................................................................................................................ 54

CAPÍTULO 1
TOXICOLOGIA DE NUTRIENTES................................................................................................. 54

UNIDADE IV
ASPECTOS LEGAIS................................................................................................................................ 62

CAPÍTULO 1
LEGISLAÇÃO E ROTULAGEM DE PRODUTOS............................................................................. 62

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 67

REFERÊNCIA..................................................................................................................................... 68
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica
impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

5
Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Com o avanço da Ciência da Nutrição, hoje, muito se sabe sobre a ação dos nutrientes
no organismo e a sua necessidade diária para que o organismo apresente suas funções
fisiológicas normais. A maioria dos indivíduos não ingere os nutrientes necessários
devido a motivos diversos como falta de acesso a uma alimentação mais saudável
devido à baixa renda ou ingestão de alimentos pobres em nutrientes. Assim, a ciência
foi buscando formas de incorporar alguns nutrientes na alimentação e através da
legislação as indústrias foram obrigadas a adicionar ácido fólico à farinha, iodo ao sal
ou enriquecer biscoitos com vitaminas.

Os nutracêuticos definidos como compostos bioativos presentes em alimentos


apresentados na forma farmacêutica de cápsulas, comprimidos, efervescentes ou até
mesmo na forma de shakes, pirulitos, entre outros, apresentam uma alternativa para
administração de nutrientes isolados de alimentos. Assim com a necessidade de melhor
compreensão sobre as formas nutricionais e técnicas farmacêuticas utilizadas, essa
disciplina visa apresentar conceitos básicos para profissionais da saúde interessados
em aumentar seus conhecimentos sobre o assunto.

Objetivos
»» Promover conhecimentos básicos sobre formulações farmacêuticas
direcionadas às formas nutricionais.

»» Analisar conceitos sobre alimentos funcionais e nutracêuticos.

»» Compreender questões relacionadas à legislação e rotulagem.

»» Conhecer algumas classificações de nutrientes importantes.

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8
NUTRACÊUTICOS E UNIDADE I
FITOQUÍMICOS

CAPÍTULO 1
Definições e conceitos

Na atualidade podemos verificar que existem inúmeros pesquisadores que


estudam os efeitos benéficos dos alimentos para prevenção e tratamento de
doenças. Tanto encontramos indicações do consumo de alimentos específicos,
como também um grande arsenal de suplementos e medicamentos contendo
nutrientes específicos isolados. Por um lado vemos uma boa parte da população
alimentando-se de forma inadequada, pois o mercado oferece uma grande
quantidade de alimentos ricos em gordura, açúcares e carboidratos e que são
bem atraentes e viciantes como por outro lado já observamos uma boa parcela
da população preocupada com a alimentação, buscando dietas mais saudáveis,
não somente para controle do peso, mas também para tratamento e prevenção
de doenças.

Nutracêuticos vs. alimentos funcionais


Em muitos países, os termos nutracêuticos e alimentos funcionais são bem esclarecidos
e definidos, mas alguns profissionais ainda fazem confusão com os termos, pois na
prática os nutracêuticos e os alimentos funcionais estão bem ligados. Podemos definir
os alimentos funcionais como alimentos que possuem componentes que oferecem
benefícios fisiológicos e não apenas nutricionais e são indicados para prevenção de
doenças, podendo ser incorporados em dietas específicas, já os nutracêuticos são
componentes isolados de alimentos e são vendidos em forma de barras, cápsulas, pó,
comprimidos ou outras formas.

O termo nutracêutico define uma ampla variedade de alimentos e componentes


alimentícios com propriedades terapêuticas. Sua ação varia do suprimento de
minerais e vitaminas essenciais até a proteção contra várias doenças infecciosas

9
UNIDADE I │NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS

(HUNGENHOLTIZ; SMID, 2002). Tais produtos podem abranger nutrientes isolados,


suplementos dietéticos e dietas para alimentos geneticamente planejados, alimentos
funcionais, produtos herbais e alimentos processados tais como cereais, sopas e bebidas
(KWAK; JUNES, 2001).

Buscando um histórico do uso dos alimentos como tratamento e prevenção de doenças,


encontramos uma referência de Hipócrates considerado pai da Medicina: “Que seu
remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja o seu remédio”, isso há cerca de
2500 anos. Assim percebemos que desde a Antiguidade, a alimentação é ressaltada
como um fator promotor de saúde.

Durante a era naturalística (400 a.C. a 1750 d.C), as pessoas não tinham conhecimentos
sobre os alimentos assim era comum a ideia dos poderes mágicos e alguns tabus eram
muito disseminados a cerca dos alimentos e ervas medicinais.

Já no período entre 1750 d.C a 1900 d.C, o conceito de nutrição começou a surgir graças
ao francês Antoine Lavoisier, considerado o pai da Nutrição, que começou a estudar a
respiração, a oxidação e a calorimetria sempre voltada aos alimentos.

A partir de 1900 d.C iniciou a Era Biológica, nessa época os nutrientes começaram a ser
estudados levando em conta o seu papel fisiológico. Inicialmente a preocupação maior
era em relação aos aspectos curativo dos alimentos, mas com o tempo foram surgindo
os estudos voltados aos aspectos preventivos.

Os termos nutracêuticos e alimentos funcionais são recentes. A partir de 1920, os


pesquisadores começaram a isolar componentes dos alimentos e a realizar pesquisas
laboratoriais e na década de 1980, os japoneses iniciaram estudos com alimentos
funcionais. Assim, em 1984, o Ministério da Educação japonês criou um departamento
chamado Análise Sistemática e Desenvolvimento das Funções dos Alimentos que
começou a financiar pesquisas nessa área. Segundo Goldberg (1994), o país chegou
a movimentar 28 bilhões de dólares por ano com operações comerciais envolvendo
alimentos funcionais.

Na Europa Meridional, também chamada de Europa Mediterrânea, que compreende os


países situados ao sul ou extremo sul ocidental do continente, como Portugal, e pelos
países banhados pelo mar Mediterrâneo, como Espanha, a dieta é tradicionalmente
pobre em gordura saturada, sódio e com alto consumo de fibras. Alguns estudiosos
mostraram interesse em pesquisar o consumo de vegetais, grãos e outros produtos
que compõe uma dieta saudável e demonstraram que o baixo consumo de gorduras
saturadas, aliado ao alto consumo de gorduras monoinsaturadas e de hidratos de

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NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS│ UNIDADE I

carbono complexos, característicos da dieta mediterrânea, estão associados à reduzida


mortalidade por doenças coronárias dos habitantes desta região (ROBERFROID, 1996).

Já nos Estados Unidos, os estudos sobre a influência dos nutrientes e alimentos na


saúde dos indivíduos surgiu devido à preocupação com o alto consumo de fast food, isto
é, alimentação rápida causadora dos altos índices de doenças crônicas degenerativas. O
governo americano começou a incentivar as pesquisas nessa área e notou importância
de se ter uma dieta balanceada, baixa em sódio, em gordura saturada e colesterol, dieta
essa que começou a ser aceita por sua população (GOLDBERG, 1994). O conceito de
alimento funcional começou a ser difundido nos Estados Unidos a partir de 1990,
quando o Instituto Nacional de Câncer iniciou um projeto chamado Designer Food
Program (Programa de Alimentos Projetados) com duração de cerca de cinco anos e
com um investimento de 20 milhões de dólares destinados à realização de pesquisas
sobre componentes de alimentos naturais, principalmente os fitoquímicos, presentes
em frutas e verduras, que apresentassem atividade anticancerígena (MILNER, 2000;
PIMENTEL; FRANCKI; GOLLUCKE, 2005).

Moraes e Colla (2006), em uma revisão de literatura sobre nutracêuticos e alimentos


funcionais, apresentam as definições de alguns autores sobre os termos.

Um alimento pode ser considerado funcional se for demonstrado que o mesmo pode
afetar beneficamente uma ou mais funções alvo no corpo, além de possuir os adequados
efeitos nutricionais, de maneira que seja tanto relevante para o bem-estar e a saúde
quanto para a redução do risco de uma doença. Os alimentos funcionais são alimentos
que provêm a oportunidade de combinar produtos comestíveis de alta flexibilidade
com moléculas biologicamente ativas, como estratégia para consistentemente corrigir
distúrbios metabólicos, resultando em redução dos riscos de doenças e manutenção da
saúde. Os alimentos funcionais se caracterizam por oferecer vários benefícios à saúde,
além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um
papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônico-degenerativas
(WALZEM, 2004; ANJO, 2004; ROBERFROID, 2002; TAIPINA et al., 2002;
NEUMANN et al., 2000).

Por sua vez, o nutracêutico é um alimento que proporciona benefícios médicos e de


saúde, incluindo a prevenção e ou tratamento de doenças. Tais produtos podem abranger
desde os nutrientes isolados, suplementos dietéticos na forma de cápsulas e dietas até
os produtos beneficamente projetados, produtos herbais e alimentos processados tais
como cereais, sopas e bebidas. Vários nutracêuticos podem ser produzidos por métodos
fermentativos com o uso de microrganismos considerados como GRAS (generally
recognized as safe). Os nutracêuticos podem ser classificados como fibras dietéticas,

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UNIDADE I │NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS

ácidos graxos poliinsaturados, proteínas, peptídeos, aminoácidos ou cetoácidos,


minerais, vitaminas antioxidantes e outros antioxidantes como a glutationa e o selênio
(ROBERFROID, 2002; HUNGEHOLTZ, 2002; ANDLAUER; FURST, 2002; KWAK;
JUKES, 2001).

Fitoquímicos
A fitoquímica é a ciência responsável pelo estudo dos componentes químicos dos
vegetais. Estuda cada grupo da planta, desde a estrutura química molecular até as
propriedades biológicas dos vegetais. Faz levantamentos e análises dos componentes
químicos das plantas como os princípios ativos, os odores, pigmentos entre outros.

Segundo a American Dietetic Association, os fitoquímicos também conhecidos como


fitonutrientes ou fitoesteróis são encontrados em vários alimentos e podem ser
consumidos diariamente em determinada quantidade pelos seres humanos como os
vegetais, as frutas, os legumes, os grãos, nas sementes e servem de proteção contra
várias doenças como câncer e doenças degenerativas (ANJO, 2004).

A área de Farmácia que estuda os fitoquímicos é a Farmacognosia, termo criado em


1815 por Seydler em sua Analecta Pharmacognostica. Ciência criada para estudar as
matérias de origem natural usadas no tratamento de enfermidades. Atualmente, o
termo se refere com exclusividade às matérias de origem vegetal e animal. A origem do
nome Farmacognosia vem de duas palavras gregas: Pharmakon que significa droga,
veneno e Gnosis que significa conhecimento (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE; 1998).

As pesquisas fitoquímicas têm por objetivo conhecer os constituintes químicos de


espécies vegetais ou avaliar a sua presença. Quando não se dispõe de estudos químicos
sobre as espécies de interesse, a análise fitoquímica preliminar pode indicar os seus
grupos de metabólitos secundários relevantes (SIMÕES et al., 2002).

Aspectos genéticos e moleculares da produção


vegetal

A utilização de plantas medicinais como recurso terapêutico ou para o desenvolvimento


de novos medicamentos, a partir das substâncias delas isoladas, ou via plantas
transgênicas, tem se mostrado uma forma não convencional de produção de matérias-
primas vegetais, que começou a ser melhor explorada nos últimos anos (SIMÕES et al.,
2002).

12
NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS│ UNIDADE I

Além do melhoramento em si, feito no sentido de aumentar o teor de um produto


específico naturalmente já codificado por uma espécie vegetal, as plantas podem ser
utilizadas para produzir outras substâncias de interesse na saúde humana, se os genes
adequados forem transferido a elas. Os avanços obtidos com a biologia molecular
permitem o isolamento de um gene numa bactéria, vírus ou mesmo humano pode
ser incorporado ao genoma de uma planta e essa expressar esse gene e produzir
corretamente o produto gênico codificado. Dessa forma, vacinas e outros produtos
farmacêuticos poderiam ser produzidos por plantas (NODARI; GUERRA, 2002).

Plantas transgênicas são vegetais transformados geneticamente, são plantas que tem
inserido em seu genoma, uma sequência de DNA manipulada em laboratório por
técnicas moleculares ou biotecnológicas. O DNA inserido pode ser da mesma ou de outra
espécie. Essa técnica conhecida como Técnica do DNA Recombinante possibilita o corte
e a ligação de fragmentos de DNA de uma forma altamente precisa. Particularmente,
sequências de DNA (genes) podem ser removidas de um organismo, ligadas a sequências
regulatórias e inseridas em outros organismos. A fonte desses genes pode ser qualquer
organismo vivo (microrganismo, inseto, planta, animal) e o organismo recipiente, nesse
caso específico, plantas cultivadas (NODARI; GUERRA, 2002).

Diversos genes de interesse agronômico já foram isolados como, por exemplo, o gene
que codifica uma proteína de alto valor nutricional presente na castanha do Pará, pode
ser usado para aumentar o valor nutricional de algumas culturas importantes como
feijão, soja e ervilha (GANDER; MARCELLINO, 2014).

Estima-se que mais de cem mil metabólitos secundários são produzidos pelas plantas,
geralmente em baixas quantidades. A manipulação de genes de enzimas que catalisam
os principais passos da rota de produção ou de fatores de transcrição pode aumentar
a produção desses metabólitos e tornar executável o cultivo de plantas transgênicas
com tal finalidade. Como consequência, o aumento do valor de certas espécies agrícolas
pode ser alcançado por meio de modificações genéticas, que alteram a quantidade ou
a composição de certos metabólitos, os quais são de grande importância para a saúde
humana (NODARI; GUERRA, 2002).

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CAPÍTULO 2
Classificações

Alimentos funcionais

Segundo Moraes e Colla (2006), uma grande variedade de produtos tem sido
caracterizada como alimentos funcionais, incluindo componentes que podem afetar
inúmeras funções corpóreas, relevantes tanto para o estado de bem-estar e saúde como
para a redução do risco de doenças. Essa classe de compostos pertence à Nutrição e
não à Farmacologia, merecendo uma categoria própria, que não inclua suplementos
alimentares, mas o seu papel em relação às doenças estará, na maioria dos casos,
concentrado mais na redução dos riscos do que na prevenção. Segundo os autores, os
alimentos funcionais apresentam as seguintes características:

»» devem ser alimentos convencionais e serem consumidos na dieta normal/


usual;

»» devem ser compostos por componentes naturais, algumas vezes, em


elevada concentração ou presentes em alimentos que normalmente não
os supririam;

»» devem ter efeitos positivos além do valor básico nutritivo, que pode
aumentar o bem-estar e a saúde e/ou reduzir o risco de ocorrência de
doenças, promovendo benefícios à saúde, além de aumentar a qualidade
de vida, incluindo os desempenhos físico, psicológico e comportamental;

»» a alegação da propriedade funcional deve ter embasamento científico;

»» pode ser um alimento natural ou um alimento no qual um componente


tenha sido removido;

»» pode ser um alimento onde a natureza de um ou mais componentes tenha


sido modificada;

»» pode ser um alimento no qual a bioatividade de um ou mais componentes


tenha sido modificada.

Já o alvo dos nutracêuticos é diferente dos alimentos funcionais, devido as seguintes


razões (KWAK; JUNES, 2001):

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NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS│ UNIDADE I

»» enquanto a prevenção e o tratamento de doenças são relevantes aos


nutracêuticos, apenas a redução do risco da doença, e não a prevenção
e tratamento da doença estão envolvidos com os alimentos funcionais;

»» enquanto os nutracêuticos incluem suplementos dietéticos e outros


tipos de alimentos, os alimentos funcionais devem estar na forma de um
alimento comum.

Alguns fitoquímicos encontrados em alimentos funcionais são:

»» isoflavonas;

»» flavonoides e outros compostos fenólicos;

»» carotenoides;

»» ômega-3;

»» fitoesteróis;

»» fibras;

»» probióticos;

»» prebióticos.

Veja na tabela abaixo, a diferença de alimento funcional e nutracêutico (LOBÃO, 2014).

Tabela 1. Exemplos de alimentos funcionais e nutracêuticos.

ALIMENTO FUNCIONAL NUTRACÊUTICOS


Peixes com alto teor de gordura
Ácidos graxos ômega-3
Óleos vegetais (linhaça)
Peixes com alto teor de gordura Esteróis
Óleos vegetais (linhaça) Estanóis
Uva, amora, framboesa, frutas cítricas, brócolis, repolho, chá verde,
Flavonoides
soja e outros
Frutas em geral (principalmente frutas vermelhas e roxas) Antocianinas
Uva, morango, chá verde, chá preto Catequinas
Caju, soja, maça, uva, manjericão, manjerona Tanino
Cereais integrais, farelo de trigo, aveia, cevada, centeio, leguminosas Fibras solúveis e insolúveis
Frutas cítricas Limonoides
Casca de uva, vinho tinto, maçãs Resveratrol, quercetina
Soja, leguminosas, amendoim, alcaçuz Proteína de soja
Aveia, cevada, legume e alguns grãos Betaglucana
Brócolis, repolho, agrião, couve-flor, rabanete e folha de mostarda Isotiacianatos e indois

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UNIDADE I │NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS

Tomate, goiaba, melancia Licopeno


Folhas verdes (luteína), couve, espinafre, repolho e milho Luteína e Zeaxantina
Linhaça Lignanas
Alho e cebola Sulfetos e alílicos
Grãos integrais, frutas e vegetais em geral Fibras/prebióticos (fibras insolúveis e solúveis, fruto-
oligossacarídeos, inulina)
Leite fermentado Probióticos (Bifidobactérias e lactobacilos)
Iogurte
Cebola, banana, alho, batata yacon, raiz de chicória e alcachofra Prebióticos
Pimentas Capsaicina
Hortaliças verde-escuras, algas e plantas marinhas Clorofila
Frutas e hortaliças amarelo alaranjada, abóbora, cenoura, mamão, Betacaroteno
manga e damasco
Hortaliças e frutas de cores roxas, azul ou violeta, berinjela, cereja Compostos fenólicos
e uva
Soja, lentilha, cevada, ervilha e feijão Isoflavonas
Frutas cítricas, cenoura, berinjela e pimentão Monoterpenos
Leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico) Saponinas
Castanha do Pará, nozes, cereais integrais Selênio

Fonte: tabela adaptada de Lobão, 2014.

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CAPÍTULO 3
Aspectos farmacocinéticos e
farmacodinâmicos

Compostos fenólicos
Os compostos fenólicos podem ser encontrados em muitas espécies vegetais e em
microrganismos que também fazem parte do metabolismo animal. Pertencem a uma
classe de compostos com estrutura química que podem ser simples ou complexas e
possuem pelo menos um anel aromático e no mínimo um hidrogênio é substituído por
um grupamento hidroxila. Os animais são incapazes de sintetizar o anel aromático, e os
compostos fenólicos são produzidos a partir do anel benzênico de substâncias presentes
na dieta alimentar. Já os vegetais e a maioria dos microrganismos têm a capacidade
de sintetizar o anel benzênico, e, a partir dele, principalmente, compostos fenólicos.
Entre os compostos fenólicos pertencentes ao metabolismo secundário dos vegetais são
encontradas estruturas tão variadas quanto a dos ácidos fenólicos, dos derivados da
cumarina, dos pigmentos hidrossolúveis das flores, dos frutos e das folhas. Além disso,
essa classe de compostos abrange as ligninas e os taninos, polímeros com importantes
funções nos vegetais. Ainda, estruturas fenólicas são encontradas fazendo parte de
proteínas, alcaloides e terpenoides (CARVALHO; GOSMANN; SCHENKEL, 2002).

Flavonoides

Os flavonoides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e diversificados


entre os produtos de origem natural, são conhecidos mais de 4200 flavonoides, sendo
que o número de novas estruturas identificadas praticamente dobrou nos últimos vinte
anos (ZUANAZZI, 2002). Segundo Pietta (2000), mais de 8000 flavonoides já foram
identificados. Sua estrutura básica consiste em um núcleo fundamental, constituído
de quinze átomos de carbono arranjados em três anéis (C6-C3-C6), sendo dois anéis
fenólicos substituídos (A e B) e um pirano (cadeia heterocíclica de C) acoplado ao anel
A conforme figura 1 (DI CARLO et al., 1999).

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UNIDADE I │NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS

Figura 1. Estrutura básica dos flavonoides.

Fonte: (Dornas et al., 2007).

Os flavonoides são divididos em: flavonas, flavonóis, chalconas, auronas, flavanonas,


flavanas, antocianidinas, leucoantocianidinas, proantocianidinas, isoflavonas,
neoflavonoides sendo que as flavonas e flavanonas são de origem biossintética muito
próximas (BRAVO, 1998).

Os flavonoides têm funções importantes nos vegetais, participando do crescimento,


desenvolvimento e na defesa dos vegetais, protegendo-os do ataque de patógenos.
Estão presentes nas plantas, concentrados em sementes, frutos, cascas, raízes, folhas
e flores. As principais fontes de flavonoides incluem frutos como uva, cereja, maçã,
groselha, frutas cítricas entre outros, hortaliças como pimenta, tomate, espinafre,
cebola, brócolis, entre outros vegetais folhosos e estima-se que o seu consumo na dieta
humana está em cerca de 1 a 2g (DORNAS et al., 2007).

O tipo de flavonoide presente em um extrato de planta é determinado inicialmente pelo


estudo das propriedades de solubilidade e reações de coloração. Esse procedimento
é seguido por análise cromatográfica do extrato da planta. Os flavonoides podem
ser separados por procedimentos cromatográficos e os componentes individuais
identificados, quando possível, por comparação com padrões.

As duas classes de flavonoides consideradas como mais importantes são os flavonois


e as antocianidinas. Os pigmentos ocorrem geralmente na forma de antocianinas, que
são derivadas das antocianidinas. As antocianidinas não possuem grupos glicosídeos e
a maioria possui hidroxilas, isto é, grupos OH, em posições específicas na sua estrutura
química (MARÇO; POPPI, 2008).

Antocianidinas

O termo antocianina, derivado do grego de flor e azul (anthos = flores; kianos = azul),
foi inventado por Marquart em 1853 para se referir aos pigmentos azuis das flores.

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NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS│ UNIDADE I

Mas com o passar do tempo, foi demonstrado que não apenas a cor azul, mas também
várias outras cores observadas em flores, frutos, folhas, caules e raízes são atribuídas
a pigmentos quimicamente similares aos que deram origem ao “flor azul” (MARÇO;
POPPI, 2008).

Pigmentos antociânicos são responsáveis pela cor vermelha de sucos de frutas, de vinhos
e doces de confeitaria. São considerados como aditivos eficazes e seguros na indústria
alimentar, não sendo empregados em grande escala em razão de sua instabilidade
decorrente de diferentes fatores físicos como luz e pH, dificuldades de purificação e
síntese, e as possíveis reações com o dióxido de enxofre, muito empregado como
conservante de alimentos. Também possuem algum interesse farmacológico resultante
de suas atividades anti-inflamatórias e antiedematogênicas (ZUANAZZI, 2002).

Isoflavonoides

As isoflavonas são uma subclasse dos flavonoides e têm uma distribuição extremamente
limitada na natureza. Os isoflavonoides são de ocorrência exclusiva das Fabaceae.
Apesar dessa restrição a uma só família botânica, essa classe apresenta uma diversidade
estrutural importante como isoflavonas, isoflavanonas, isoflavenos, aril-3-cumarinas
entre outras. A isoflavona, particularmente, possui uma forma bioativa encontrada em
poucos vegetais de consumo humano, sendo a soja a maior fonte. São conhecidas como
fitoestrógenos (SALGADO, 2001).

As isoflavonas de soja podem agir como:

»» estrógenos e antiestrógenos;

»» inibidores de enzimas ligadas ao desenvolvimento do câncer;

»» antioxidantes.

A ação estrogênica se deve ao fato das isoflavonas se ligarem aos receptores de


estrogênio, e a ação estrogênica e antiestrogênica vai depender do nível de hormônios
sexuais endógenos. Como inibidor de enzimas relacionadas ao câncer, um exemplo seria
a inibição da tiroxina quinase responsável pela indução tumoral. E a ação antioxidante
se deve a inibição da produção de oxigênio reativo, que está envolvido na formação de
radicais livres (PIMENTEL; FRANCKI; GOLLUCKE, 2005).

Farmacocinética e farmacodinâmica dos flavonoides

Os flavonoides quando absorvidos, após passarem pela metabolização no intestino


delgado, são sujeitos a várias reações de biotransformação no fígado. Estudos em

19
UNIDADE I │NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS

animais e humanos confirmaram que os flavonoides são encontrados na circulação


pouco tempo após o consumo e são distribuídos nos tecidos. Quando o extrato de chá
verde foi consumido por voluntários saudáveis, várias catequinas foram encontradas
no plasma numa concentração variando entre 0,2 a 2% da quantidade ingerida, com
uma concentração máxima entre 1,4 e 2,4 horas após a ingestão.

A biodisponibilidade dos fenólicos é crucial para a sua eficiência como agentes


anticancerígenos e antienvelhecimento. As catequinas, por exemplo, são prontamente
absorvidas no intestino, de 70 a 80% delas passam para a circulação; no fígado, cerca
de 90% das catequinas ingeridas são biotransformadas e cerca de 2 a 5% das catequinas
ingeridas permanecem intactas na circulação.

A propriedade mais importante dos flavonoides é a capacidade antioxidante. Os


antioxidantes são compostos químicos capazes de reagir com radicais livres e dessa
forma reduzir os seus efeitos maléficos no organismo (PIMENTEL; FRANCKI;
GOLLUCKE, 2005).

Alguns dos efeitos deletérios dos radicais livres no organismo são:

»» oxidação de LDL, aumentando o risco de aterosclerose;

»» formação de adesão plaquetária, acarretando trombose e aumentando o


risco de AVC e enfarte;

»» dano ao DNA, gerando aberrações cromossômicas e neoplasias;

»» potencializa processos inflamatórios e altera o sistema imune.

Os flavonoides interferem no processo de produção dos radicais livres, sendo assim


combate os seus efeitos indesejáveis no organismo. Na literatura científica podemos
encontrar muitos estudos comprovando o efeito benéfico de substâncias que contêm
flavonoides em sua composição como, por exemplo, o extrato de uvas e o chá verde
devido a seus efeitos anticarcinogênicos, anti-inflamatórios, anti-hepatotóxico,
antiviral, antialérgico, antitrombótico e antioxidante. Veja a seguir, as propriedades
das catequinas do chá verde.

Catequinas do chá verde

O chá verde é um produto heterogêneo que contém uma grande variedade de


componentes. Os produtos predominantes são as quatro catequinas polifenólicas:
epigalocatequina galato (EGCG), epicatequina galato (ECG), epigalocatequina (EGC)

20
NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS│ UNIDADE I

e a epicatequina (EC) (figura 2), e segundo dados da literatura são os componentes


responsáveis pelos principais efeitos benéficos dessa erva.

A EGCG compõe cerca de 50 a 60% das catequinas do chá verde correspondendo a cerca
de 200-300mg por xícara. Existem também outros monômeros das catequinas que se
apresentam em menores quantidades: galatocatequina galato (GCG), galocatequina
(GC), catequina galato (CG) e catequina (C). Os outros componentes incluem:
flavonoides como kaempferol, quercetina e miricetina; os aminoácidos derivados de
teaninas; os alcaloides: xantinas como cafeínas, teofilina e teobromina; saponinas ou
seja cerca de 30 substâncias adicionais. Além disso, o chá verde deve conter traços de
pesticidas como organoclorados, organofosforados e piretrinas.

Segundo estudos in vivo e in vitro, antioxidantes, como o EGCG, presente no chá verde,
podem reduzir o risco de obesidade e as consequências do estado de sobrepeso. Dentre
os benefícios das catequinas estão prevenção do câncer e de doenças cardiovasculares,
redução da colesterolemia, efeitos protetores contra danos ao fígado e estresse oxidativo,
atividade antimutagênica, antitumoral, efeitos anti-inflamatórios, antiarrítmicos,
antibacterianos, antivirais e neuroprotetor e melhora da tolerância à glicose. Muitos
desses efeitos benéficos do chá verde têm sido atribuídos a sua catequina mais
abundante, a EGCG.

Tem sido mostrado que as catequinas do chá verde reduzem a atividade da alfa-amilase
e da sacarose em intestino de ratos. Assim, vários estudos in vitro sugerem que as
catequinas do chá verde podem reduzir a absorção de glicose pela inibição de enzimas
gastrointestinais envolvidas na digestão de nutrientes. Além disso, estudos em animais
mostraram que o chá verde modula o sistema de captação de glicose no tecido adiposo
e no músculo esquelético e suprime a expressão e/ou ativação de fatores de transcrição
relacionados à adipogênese, como os possíveis mecanismos de ação antiobesidade.
O chá verde reduziu significativamente a captação de glicose acompanhado por uma
diminuição na translocação dos transportadores de glicose 4 (GLUT4) no tecido
adiposo, ao mesmo tempo que estimularam significativamente a absorção de glicose
com translocação de GLUT4 no músculo esquelético.

Os efeitos benéficos das catequinas do chá verde nas desordens do metabolismo de


glicose implicados na diabetes tipo 2 parecem ser mediados por vários mecanismos
relacionados a várias vias como através da modulação o balanço energético, sistema
endócrino, consumo de alimentos, metabolismo de carboidratos e lipídeos, estado
redox e atividade de diferentes tipos de células (adiposas, hepáticas, muscular e
β-pancreáticas). Devido ao fato do receptor de EGCG, conhecido como receptor laminin

21
UNIDADE I │NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS

67-kDa, ser encontrado tanto em células cancerosas como em células normais, conclui-
se que EGCG possui numerosas ações.

O tratamento com EGCG inibiu a produção de IL-6 induzidas por IL-1β e diminuiu a
expressão da proteína gp130 de membrana que se liga ao receptor de IL-6 e produz a
transdução de sinal.

Tem sido observado que a EGCG reduz o estresse oxidativo, inativa NF-κB e eleva a
concentração sérica de adiponectina. Estudos recentes demonstraram que a expressão
proteica de NFκB é reduzida em células tratadas com EGCG. EGCG inibiu a ligação
de NF-κB ao DNA induzido por TPA (um agente tóxico) em pele de camundongo. A
inativação de NF-κB pela EGCG foi relatado ser mediado pela supressão da fosforilação
e subsequente degradação de IκBα, evitando a translocalização nuclear da subunidade
p65. Entretanto, a modulação da atividade transcricional de NF-κB pela EGCG não
depende unicamente da degradação de IκBα e subsequentemente liberação da
subunidade NF-κB, como demonstrado por pesquisadores. EGCG inibi a fosforilação
de IκBα induzida por lipopolissacarideos sem afetar a atividade luciferase de NF-
κB em células de câncer de cólon humano (HT-29). Além disso, a interferência com
a sinalização de IKK-IKB, a supressão da transdução de sinal mediada por MAPKs e
PI3K-Akt pela EGCG tem implicado na inativação de NF-κB e supressão da indução de
COX-2.

Muitos trabalhos relatam a ação da EGCG, como um agente promotor anti-tumor. Essa
catequina suprimiu a ação maligna de TPA (12-O-tetradecanoylphorbol-13-acetate) em
células JB6 epidermais de camundongos através da inativação de AP-1 ou atividade de
NF-κB. Em contrapartida, a administração oral de EGCG não afetou a ligação de AP-1
ao DNA induzido por TPA, mas inibiu a ativação de NF-κB, bloqueando a degradação
de IκBα na pele de camundongos.

Estudo recente revelou que EGCG estimula a secreção de adiponectina (adipocina anti-
inflamatória) e reduz TLR-4 (receptor ativado por patógenos) em adipócitos, sugerindo,
portanto, que a EGCG tem efeito anti-inflamatório. Adicionalmente, os resultados
deste estudo também demonstram efeito dose-dependente sobre a expressão proteica
de TNFR1 (receptor da via inflamatória), o que indica que em doses elevadas essa
catequina pode desencadear efeito pró-inflamatório (SILVA, 2013).

Taninos

São substâncias fenólicas solúveis com massa molecular entre 500 e cerca de 3000
daltons, que apresentam a habilidade de formar complexos insolúveis em água com

22
NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS│ UNIDADE I

alcaloides, gelatina e outras proteínas. Tais compostos possuem importância, pois


são responsáveis pela adstringência de muitos frutos e outros produtos vegetais. A
complexação entre taninos e proteínas é a base para suas propriedades como fator de
controle de insetos, fungos e bactérias, assim como para seus principais usos industriais,
como na manufatura do couro (MELLO; SANTOS, 2002).

Os taninos podem ser classificados como hidrolisáveis e não hidrolisáveis. Os taninos


hidrolisáveis por hidrólise ácida liberam ácidos fenólicos: gálico, caféico, elágico e um
açúcar. O ácido tânico é um típico tanino hidrolisável, o qual é quebrado por enzimas
ou de forma espontânea.

Os taninos não hidrolisáveis também chamados de condensados (flavolanos) são


polímeros dos flavonoides, formados predominantemente por unidades de flavan-3-
ols (catequina) e flavan 3,4-diols (leucoantocianidina), presentes em maior quantidade
nos alimentos normalmente consumidos. Em geral, a produção de altos níveis de fenóis
na planta está relacionada com o processo de cicatrização. Próximo a “injúria” isto é,
a algum tipo de agressão, os fenóis são oxidados pela polifenoloxidase a quinonas e
complexos polímeros fitomelanina marrom, que são frequentemente mais tóxicos aos
invasores do que os fenóis.

Os taninos condensados estão presentes na fração da fibra alimentar de diferentes


alimentos e podem ser considerados indigeríveis ou pobremente digeríveis. Em
leguminosas e cereais os taninos têm recebido considerável atenção, por causa de seus
efeitos adversos na cor, sabor e qualidade nutricional. Nossa dieta, de uma maneira
geral, possui vários alimentos contendo considerável quantidade de taninos, tais como
feijões secos, ervilhas, cereais, folhas, vegetais verdes, café, chá, cidra e alguns tipos de
vinhos (SILVA; SILVA, 1999).

Plantas ricas em taninos são empregadas na medicina tradicional como medicamento


para o tratamento de diversas moléstias orgânicas, tais como diarreia, hipertensão
arterial, reumatismo, hemorragias, feridas, queimaduras, problemas estomacais
como azia, náuseas, gastrite e úlceras, problemas renais e do sistema urinário e
processos inflamatórios em geral. Vários estudos recentes têm demonstrado os efeitos
farmacológicos dos taninos (MELLO; SANTOS, 2002).

Saponinas

As saponinas são glicosídeos de esteroides ou de terpenos policíclicos. Esse tipo de


estrutura, que possui uma parte com características lipofílicas (triterpeno ou esteroide)

23
UNIDADE I │NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS

e outra parte hidrofílica (açúcares), determina a propriedade de redução da tensão


superficial da água e suas ações detergentes e emulsificantes.

As saponinas em soluções aquosas formam espuma persistente e abundante. Essa


atividade se deve, como nos outros detergentes, do fato de apresentarem na sua
estrutura, como citado anteriormente, uma parte lipofílica denominada aglicona ou
sapogenina e uma parte hidrofílica constituída por um ou mais açúcares. A espuma
formada é estável à ação de ácidos minerais diluídos, diferenciando-a daquela dos
sabões comuns. Essa propriedade é a mais característica desse grupo de compostos, da
qual deriva o seu nome (do latim sapone = sabão).

Algumas propriedades físico-químicas e biológicas encontradas na maioria das


saponinas são:

»» elevada solubilidade em água;

»» ação sobre membranas: muitos saponinas são capazes de causar


desorganização das membranas das células sanguíneas (ação hemolítica);

»» complexação com esteroides: razão pela qual frequentemente apresenta


ação antifúngica e hipocolesterolemiante.

As saponinas são componentes importantes para a ação de muitas drogas vegetais,


destacando-se aquelas tradicionalmente utilizadas como expectorantes e diuréticas
como por exemplo:

Ação expectorante:

»» Polygala senega L. (Polígala)

»» Primula veris L. (Prímula)

»» Grindelia robusta Nuh (Grindélia)

»» Hedera helix (hera)

Como diurética:

»» Smilax spp (Salsaparilla)

»» Herniaria glabra L. (Herniária)

»» Betula pendula Roth (Bétula)

»» Equisetum arvense L. (Cavalinha)

24
NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS│ UNIDADE I

O mecanismo de ação não foi completamente elucidado. Os autores argumentam que a


irritação no trato respiratório aumentaria o volume do fluido respiratório, hidratando
a secreção brônquica. O muco então ficaria com sua viscosidade diminuída. Outra
possibilidade seria devida à atividade superficial das saponinas, também originando
menos viscosidade e maior facilidade de expulsão do muco. Já a atividade diurética
seria devido à irritação do epitélio renal causada pelas saponinas, ou ainda devido aos
flavonoides, geralmente também presentes nessas drogas, ou mesmo pela presença de
teores elevados de potássio (SCHENKEL; GOSMANN; ATHAYDE, 2002).

Resveratrol
O Resveratrol é uma substância encontrada na pele da uva vermelha. As fontes mais
abundantes são as uvas Vitis vinífera, V. Labrusca, V. muscadine que são usadas na
fabricação de vinhos. É encontrada nas videiras, nas raízes, sementes e talos, mas a
concentração maior está na película das uvas, que contém entre 50 e 100 microgramas
por grama.

O Resveratrol é conhecido há muito tempo na terapêutica medicinal oriental, sendo


utilizado pelos chineses e japoneses para o tratamento de aterosclerose, doenças
inflamatórias e alérgicas. Suas características polifenólicas permitem explicar suas
atividades antiagregante plaquetária, antioxidante e redutora de triglicerídeos.

Os estudos científicos demonstram que o resveratrol diminui os níveis de lipídeos no


soro sanguíneo e a agregação plaquetária, aumentando o colesterol HDL que ajuda a
remover o colesterol LDL do sangue e assim previne a obstrução das artérias.

A estrutura molecular do resveratrol é similar à do estrogênio sintético, o dietilestilbestrol.


Portanto, tem propriedades farmacológicas semelhantes à do estradiol, principal
estrogênio humano natural.

Para saber mais sobre os efeitos benéficos do vinho, bebida que contém altas
concentrações de resveratrol, leia o artigo:

DAVID, S. M.P.; DAVID, J.P.; SANTOS, V. L. C. S.; SANTOS, M. L. S.; MOTA, M. D.


Resveratrol: ações e benefícios à saúde humana. Diálogos e Ciência – Revista
da rede de ensino FTC, ano V, no 10, p. 1-11, 2007. Disponível em: <http://www.
farmaciareativo.com/artigos/Resveratrol.pdf>

25
UNIDADE I │NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS

MORAES, V.; LOCATELLI, C. Vinho: uma revisão sobre a composição química e


benefícios à saúde. Evidência, v.10, no 1-2, p. 57-68, 2010. Disponível: <http://
editora.unoesc.edu.br/index.php/evidencia/article/viewFile/1159/pdf_255>

Carotenoides
Em 1929, as obras de von Euler, Karrer e Moore demonstraram a relação entre os
carotenoides e a vitamina A, revelando o seu valor nutritivo. A partir de então, o interesse
nesses compostos tem crescido e, graças ao contínuo desenvolvimento de técnicas
analíticas, o conhecimento do número de carotenoides que ocorrem naturalmente
também aumentou, hoje mais de 650 são conhecidos (PINTO, 2010).

Os carotenoides são substâncias coloridas amplamente distribuídas na natureza. Têm


cor intensa, que varia do amarelo ao vermelho, mudando para azul por reação com
ácido sulfúrico, e se divide em:

»» carotenos: carotenoides constituídos por carbono e hidrogênio; e

»» xantofilas: derivados do caroteno que possuem um ou mais átomos de


oxigênio.

Apesar dos carotenoides serem abundantes nos alimentos, apenas uma pequena parte
é consumida em quantidades significantes. A maioria dos carotenoides são originados
de alimentos vegetais, embora possam ser encontrados em alimentos de origem animal
como ovos, leite, queijos, vísceras e alimentos processados, onde são adicionados para
colorir alimentos. As fontes vegetais dos carotenoides são: cenoura, manga, abóbora,
milho amarelo, páprica, mamão, açafrão, urucum, pimenta vermelha, tomate, melancia
entre outros (PIMENTEL; FRANCKI; GOLLUCKE, 2005).

Os carotenoides têm a capacidade de reduzir o risco de doenças cardiovasculares e


cânceres, devido às suas propriedades antioxidantes. São capazes de:

»» interromper as reações de radicais livres que podem oxidar lipídios


insaturados;

»» proteger o DNA contra o ataque de radicais livres.

Aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos

»» Absorção: a absorção dos carotenoides é facilitada pela presença de


lipídios da dieta e enzimas digestivas, principalmente as lipases. A ação

26
NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS│ UNIDADE I

das lipases produz ácidos graxos livres que são incorporados a uma
micela mista. Fatores que dificultam a absorção de gorduras, como a
presença de fibras solúveis, podem também reduzir a taxa de absorção
de carotenoides. Doenças que prejudicam a absorção de lipídios como a
fibrose cística, doença celíaca e deficiência de vitamina A podem também
prejudicar a absorção de carotenoides, resultando em um baixo nível
destes compostos no plasma. O uso de medicamentos que impedem a
absorção de gordura como o Orlistate (Xenical) também podem prejudicar
a absorção dessa vitamina.

»» Metabolismo: após absorção, o carotenoide liga-se a uma proteína e


a um triacilglicerol formando um quilomicron, que é hidrolisado por
lipases.

Os carotenoides são então excretados pelo fígado na forma de VLDL


que é metabolizado em LDL, IDL e HDL. Essas diferentes classes de
lipoproteínas carreiam os carotenoides e os distribuem no corpo humano
na seguinte forma: 80% na gordura corporal, 10% no fígado e o restante
em locais variados. A retina dos olhos contém altos níveis de xantofilas
(luteína e zeaxantina), associadas às proteínas.

»» Mecanismo de ação: alguns carotenoides são precursores de vitamina


A, são conhecidos como pró-vitaminas A. E embora, possuem atividade
pró-vitamina A, também apresentam outras funções como ações
antioxidantes, antimutagênicas e efeito imunomodulador.

Licopeno e Betacaroteno

Licopeno

O licopeno, dos carotenoides, é o que possui a maior atividade antioxidante in vitro


contra as espécies reativas de oxigênio. Estudos demonstram que esta substância reduz
o risco de doenças cardiovasculares. Não possui ação pró-vitamina A, mas possui efeitos
benéficos à saúde, como ação antioxidante, regulação da comunicação célula-célula,
crescimento celular, entre outras propriedades.

Mais de 85% da ingestão de licopeno provém do consumo de tomates e seus derivados.


Mas também pode ser encontrado em goiaba, melancia e grape fruit (PIMENTEL;
FRANCKI; GOLLUCKE, 2005).

27
UNIDADE I │NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS

Betacaroteno

O betacaroteno constitui um pigmento natural sendo o mais abundante do grupo dos


carotenoides presente nos alimentos. Pode ser encontrado em vegetais e frutas de cor
amarelo-alaranjado e em vegetais folhosos de cor verde-escura. Nesses, a cor natural do
carotenoide é mascarada pela clorofila, presente nos cloroplastos.

Sua principal função biológica comprovada em humanos é sua capacidade em se


converter em vitamina A. A maior parte do betacaroteno absorvido pela mucosa
duodenal é convertida a retinol que em seguida é metabolizada a ésteres de retinila
no enterócito. Esses agrupamentos com a molécula intacta do carotenoide atingem o
fígado através da linfa, veiculados por remanescentes de quilomicrons. O betacaroteno é
transportado no plasma por lipoproteínas e estocado principalmente no tecido adiposo
e fígado. A conversão metabólica do carotenoide a retinoides pode ocorrer também em
tecidos de diferentes órgãos, tais como o fígado, pulmão e rins.

Leia mais sobre o betacaroteno e seus efeitos benéficos à saúde no artigo: NAVES,
M.M.V. Beta-caroteno e câncer. Revista de Nutrição, v.11, no 2, p. 99-115, 1998.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rn/v11n2/a01v11n2.pdf>.

Fibras solúveis e insolúveis


Os alimentos derivados das plantas como frutas, vegetais e alimentos feitos com grãos
integrais contêm vitaminas e sais minerais e compostos como os fitoquímicos que
podem proteger contra o câncer. As plantas são também uma excelente fonte de fibras,
um nutriente especialmente importante para a digestão. A fibra vem em duas formas:
solúvel e insolúvel. A forma solúvel absorve até 15 vezes seu peso em água e se desloca
através do sistema digestório, produzindo fezes mais moles.

As fibras solúveis são abundantes na aveia, nos legumes e nas frutas, já a fibra insolúvel,
que se encontra nos vegetais e grãos integrais, proporcionam volume às fezes. O
amolecimento e o volume das fezes ajudam a prevenir a constipação, alguns tipos de
diarreia e os sintomas do intestino irritável. Essas ações diminuem também a pressão no
trato intestinal, reduzindo o risco de hemorroidas e doença diverticular, um transtorno
no qual se formam bolsas na parede intestinal.

A fibra tem outros benefícios, há evidências de que a fibra solúvel pode diminuir o
colesterol, aumentando a quantidade de ácidos biliares excretados nas fezes. Para
elaborar mais ácidos biliares, o fígado extrai mais colesterol do sangue. A fibra pode
melhorar também o controle do diabetes, tornando mais lenta a liberação de açúcar

28
NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS│ UNIDADE I

no sangue. Esse efeito se deve tanto as fibras em si como também ao fato das dietas
ricas em fibras geralmente serem baixas em gorduras e conter outros nutrientes que
podem afetar o metabolismo do açúcar. Também existem diversos estudos mostrando
os benefícios das fibras na prevenção do câncer. Os estudos sugerem que as dietas ricas
em fibras protegem contra o câncer de cólon e de mama (KING, 2003).

Recomendação para consumo de fibras:

»» Grãos – sete a oito porções: os grãos que podem ser consumidos


através dos cereais, pão, arroz e massas, são ricos em carboidratos
complexos cheios de energia e proporcionam importantes nutrientes,
incluindo a fibra. Junto com os vegetais e as frutas, os grãos devem formar
a base da dieta.

»» Vegetais – pelo menos três porções: os vegetais são naturalmente


pobres em calorias e quase livres de gordura. Proporcionam fibra,
vitaminas, sais minerais e fitoquímicos.

»» Frutas – pelo menos duas porções: as frutas geralmente têm poucas


calorias e pouca ou nenhuma gordura e contém fibras, vitaminas, sais
minerais e fitoquímicos. As frutas frescas são geralmente mais ricas em
fibras, porém também em calorias.

»» Legumes: pobres em gordura e sem colesterol, os legumes como feijões,


ervilhas e lentilhas secas são a melhor fonte de proteínas vegetais e
excelentes fontes de fibras.

Prebióticos vs. Probióticos


A saúde do sistema gastrointestinal está bem relacionada com o estilo de vida,
embora alguns transtornos digestivos sejam hereditários ou se apresentem por
causas desconhecidas. Os fatores relacionados com o estilo de vida que influenciam
o bom funcionamento do sistema gastrointestinal são: os alimentos que consome, a
quantidade de exercício que pratica, as atividades do dia e o nível de estresse (KING,
2003). Como é extremamente adaptável, o sistema digestório humano pode ajustar-
se a uma variedade infinita de alimentos, a menos que microrganismos prejudiciais e
potencialmente patogênicos dominem. Manter um equilíbrio apropriado da microbiota
pode ser assegurado por uma suplementação sistemática da dieta com probióticos,
prebióticos e simbióticos (BIELECKA, BIEDRZYCKA, MAJKOWSKA, 2002). Em
virtude desse fato, nos últimos anos, o conceito de alimentos funcionais passou a

29
UNIDADE I │NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS

concentrar-se de maneira intensiva nos aditivos alimentares que podem exercer efeito
benéfico sobre a composição da microbiota intestinal (ZIEMER, GIBSON, 1998). Os
prebióticos e os probióticos são atualmente os aditivos alimentares que compõem esses
alimentos funcionais (Figura 3).

Figura 3. Os prebióticos como fatores bifidogênicos e os mecanismos de atuação dos probióticos.

Fonte: Saad, 2006.

Existem várias definições na literatura para probióticos, prebióticos e simbióticos mas


segundo Saad (2006) as definições aceitas são:

»» Probióticos: são microrganismos vivos, administrados em quantidades


adequadas, que conferem benefícios à saúde do hospedeiro. A influência
benéfica dos probióticos sobre a microbiota intestinal humana inclui
fatores como efeitos antagônicos, competição e efeitos imunológicos,
resultando em um aumento da resistência contra patógenos. Assim, a
utilização de culturas bacterianas probióticas estimula a multiplicação
de bactérias benéficas, em detrimento à proliferação de bactérias
potencialmente prejudiciais, reforçando os mecanismos naturais de
defesa do hospedeiro.

30
NUTRACÊUTICOS E FITOQUÍMICOS│ UNIDADE I

»» Prebióticos: são componentes alimentares não digeríveis que


afetam beneficamente o hospedeiro, por estimularem seletivamente,
a proliferação ou atividade de populações de bactérias desejáveis no
cólon. Além disso, o prebiótico pode inibir a multiplicação de patógenos,
garantindo benefícios adicionais à saúde do hospedeiro. Esses
componentes atuam mais frequentemente no intestino grosso, embora
eles possam ter também algum impacto sobre os microrganismos do
intestino delgado.

»» Simbiótico: é um produto no qual um probiótico e um prebiótico estão


combinados.

Após leitura do artigo: SAAD, S. M. I. Probióticos e prebióticos: O estado da


arte. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 42, no 1, p.1-16, 2006.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S1516-93322006000100002>, responda:

Quais são as substâncias que entram na categoria de prebióticos?

Quais são as principais bactérias empregadas nos alimentos funcionais


probióticos?

Quais são as vantagens nutricionais e os mecanismos de atuação dos prebióticos


e probióticos?

Quais são os benefícios dos prebióticos e probióticos na prevenção de doenças?

31
TÉCNICAS UNIDADE II
FARMACÊUTICAS

CAPÍTULO 1
Formas farmacêuticas

A parte da Farmacologia que estuda o preparo, a manipulação e a conservação


dos medicamentos, visando à administração e assegurando uma perfeita eficácia
terapêutica e conservação, chamamos de Farmacotécnica. Estuda as técnicas
possíveis para transformar produtos naturais ou de síntese em medicamentos.

Os medicamentos podem ser magistrais ou oficinais, mas qual seria a diferença?


Os medicamentos magistrais são aqueles medicamentos prescritos pelo
médico e preparados para cada caso, com indicação de composição qualitativa
e quantitativa, da forma farmacêutica e da maneira de administração. Já os
medicamentos oficinais são aqueles preparados na própria farmácia, de acordo
com normas e doses estabelecidas por Farmacopeias ou formulários e com uma
designação uniforme.

A Farmacopeia é o Código Farmacêutico Oficial inscrito com a finalidade de


regulamentar e imprimir rigor científico e uniformidade às práticas farmacêuticas,
selecionando técnicas e métodos que sirvam de norma legal à preparação,
caracterização, ensaio e doseamento das matérias primas empregadas e dos
produtos acabados.

Farmacopéias brasileiras:

»» 1ª. Edição (1926)

»» 2ª. Edição (1959)

»» 3ª. Edição (1976)

»» 4ª. Edição (1988)

32
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS│UNIDADE II

Aspectos fundamentais sobre medicamentos


Segundo Korolkovas e Burckhalter (1988) existe distinção entre os termos droga,
fármaco e medicamento que são termos usados para traduzir a única palavra inglesa
drug. De acordo com os autores os três termos podem ser definidos como:

»» Droga: é a matéria prima mineral, vegetal ou animal da qual se podem


extrair um ou mais princípios ativos; de acordo com esta acepção, os
agentes terapêuticos de origem sintética não são drogas.

»» Fármaco: é a substância química de constituição definida que pode ter


aplicação em Farmácia, seja como preventivo, seja como curativo, seja
como agente de diagnóstico; a ser aceita esta definição, a matéria-prima
mineral, vegetal ou animal da qual se podem extrair uma ou mais bases
medicamentosas não é fármaco, pois sua constituição química não é
necessariamente conhecida.

»» Medicamento: é o mesmo que fármaco, mas especialmente quando se


encontra na sua forma farmacêutica.

Já a Organização Mundial de Saúde não faz distinção entre fármaco e medicamento,


pois define medicamento como “toda substância contida em um produto farmacêutico
empregado para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos
em benefício da pessoa a que se administra” e produto farmacêutico como “forma
farmacêutica que contém um ou mais medicamentos juntamente com outras substâncias
adicionadas no curso do processo de fabricação”.

Alguns outros termos são muito utilizados, mas grande parte das pessoas não
compreende o seu significado. É muito comum falar em medicamento de referência
ou inovador, medicamento genérico e medicamento similar e quando se questiona
sobre os medicamentos genéricos, a explicação convencional é que é um medicamento
que precisa passar por testes de biodisponibilidade e bioequivalência. A seguir vamos
compreender melhor esses termos.

Diferença entre medicamento inovador, genérico e


similar

Podemos encontrar algumas definições na literatura sobre esses termos como os


seguintes (SANTOS; TORRIANI; BARROS, 2013; WHO, 2012):

»» Medicamento Inovador ou de Referência: É o medicamento


conhecido pelo nome fantasia, em geral mais recentemente lançado no
33
UNIDADE II │TÉCNICAS FARMACÊUTICAS

mercado, com registro de propriedade intelectual, protegido por patentes


e que costuma ser acompanhado do símbolo de marca registrada ®.

»» Medicamento Genérico: é o produto igual ou comparável ao de


referência (também conhecido como: inovador, original ou de marca)
em quantidade de princípio ativo, concentração, forma farmacêutica,
modo de administração e qualidade; é bioequivalente, ou seja, pretende
ser como ele intercambiável. Tem a mesma composição quantitativa e
qualitativa de substâncias ativas. É geralmente produzido após expiração
ou renúncia da patente e de direitos de exclusividade, comprovando sua
eficácia, segurança e qualidade por meio de testes de biodispobilidade e
equivalência terapêutica. O nome genérico da substância química é um
nome sem proprietários. A International Nonproprietary Names (INN)
facilita a identificação das substâncias farmacêuticas, os ingredientes
farmacêuticos ativos. Cada INN é único, reconhecido globalmente e é de
propriedade pública. O programa INN, da Organização Mundial de Saúde
(OMS), visa “desenvolver, estabelecer e promover padrões internacionais
em relação a produtos biológicos, farmacêuticos e assemelhados”. A OMS,
o programa INN e o comitê de nomenclatura colaboram para selecionar
um nome único, com aceitação internacional, para cada substância ativa
a ser comercializada como produto farmacêutico, para evitar confusões
capazes de prejudicar a segurança dos pacientes.

»» Medicamento Similar: é o medicamento que usa denominação


genérica ou com marca, apresenta o mesmo fármaco, concentração, forma
farmacêutica e via de administração que o medicamento de referência
ou de marca registrada, mas não tem comprovada bioequivalência
com o medicamento de referência e, por isso, não pode ser com ele
intercambiável. O medicamento similar pode apresentar bioequivalência
e biodisponibilidade diferente do medicamento de referência, pois
muitas vezes contém excipientes diferentes. Os excipientes são os
compostos inativos acrescentados na fórmula para proporcionar a forma
farmacêutica ou dar as características dos adjuvantes.

A Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2014) determina as definições de


biodispobilidade e bioequivalência:

»» Bioequivalência: é o estudo de biodisponibilidade comparativa


entre dois ou mais medicamentos administrados em uma mesma via
extravascular. Avalia os parâmetros relacionados à absorção do fármaco,

34
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS│UNIDADE II

a partir da forma farmacêutica administrada, contendo a mesma dosagem


e mesmo desenho experimental. Dois produtos são bioequivalentes
se suas biodisponiblidades (velocidade e extensão da absorção) são
semelhantes, após administração na mesma dosagem. Segundo o FDA-
USA (Administração Federal de Alimentos e Medicamentos dos Estados
Unidos), produtos bioequivalentes são equivalentes farmacêuticos ou
alternativas farmacêuticas que, ao serem administrados na mesma
dose molar e nas mesmas condições experimentais, não demonstram
diferenças significativas na quantidade de fármaco absorvido e velocidade
de absorção.

»» Biodispobilidade: característica relacionada à eficácia clínica do


medicamento. Traduz-se na velocidade e quantidade do princípio ativo
ou fármaco, contido no medicamento, que alcança a circulação geral.
Para medicamentos administrados via intravenosa, essa propriedade
não existe porque o processo de absorção não ocorre por essa via de
administração. Assim como os estudos clínicos são úteis para determinar
a segurança e eficácia terapêutica, os estudos de biodisponibilidade são
úteis para definir, em termos de medicamentos, como sua formulação
afeta a farmacocinética do princípio ativo, requisito indispensável para
avaliar a qualidade de um medicamento.

Conceitos importantes para prática terapêutica

Dose

A segurança e a dose eficaz de um medicamento dependem de vários fatores, incluindo


características da substância ativa, forma farmacêutica, via de administração e vários
fatores relacionados ao paciente, incluindo idade, peso corporal, estado geral de saúde,
condições patológicas e uso de outras terapias. Todos esses fatores são integrados aos
ensaios clínicos.

Por conveniência de administração, a maioria dos produtos é formulada de modo a


conter a dose usual do fármaco em uma única unidade de dosagem como, por exemplo,
cápsulas, ou num volume específico, por exemplo, 5 ml ou uma colher de chá de uma
forma farmacêutica líquida. Para contemplar as exigências de dosagens, os fabricantes
formulam medicamentos em mais de uma forma farmacêutica e em mais de uma
concentração (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2007).

35
UNIDADE II │TÉCNICAS FARMACÊUTICAS

A dose de um medicamento pode ser definida como a quantidade de medicamento que


é necessária administrar por determinada via para se obter um efeito, observado pela
resposta clínica. A dose pode ser denominada como terapêutica, máxima, mínima,
tóxica ou letal.

»» Dose Terapêutica: é a quantidade de medicamento administrada,


suficiente para se observar uma resposta clínica esperada.

»» Dose Máxima: é a quantidade máxima de medicamento que se consegue


administrar em um organismo sem se observar reações indesejáveis.

»» Dose Mínima: é a quantidade mínima necessária do medicamento para


se observar uma resposta clínica.

»» Dose Tóxica: é a quantidade de medicamento administrada onde já se


observa efeitos de toxicidade.

»» Dose Letal: é a quantidade de medicamento administrada em um grupo


controle onde 50% morrem.

Efeito colateral vs. reações adversas

»» Efeito Colateral: um efeito diferente daquele efeito principal


responsável pelo efeito e uso terapêutico do fármaco; assim, um efeito
colateral pode ser benéfico ou indiferente.

»» Reações Adversas: de acordo com a RDC no 140, de 29 de maio de


2003, reação adversa é qualquer resposta a um medicamento que
seja prejudicial, não intencional, e que ocorra nas doses normalmente
utilizadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico e tratamento de
doenças, ou para a modificação de uma função fisiológica.

Índice terapêutico

A dose eficaz mediana de um fármaco é a quantidade que produzirá a intensidade


desejada do efeito em 50% dos indivíduos testados. A dose tóxica mediana é a quantidade
que produzirá efeito tóxico definido em 50% dos indivíduos testados. A relação entre os
efeitos desejados e não desejados de um fármaco é normalmente expressa como índice
terapêutico, sendo definida como a razão entre a dose tóxica mediana (DT) e sua dose
eficaz mediana (DE): DT50/DE50.

36
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS│UNIDADE II

Assim, espera-se que um fármaco com índice terapêutico de 15 tenha maior margem de
segurança do que aquele com índice terapêutico de 5. Para determinados fármacos, o
índice terapêutico pode ser tão baixo quanto 2, e cuidados extremos devem ser tomados
na sua administração (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2007). Na tabela abaixo, o
índice terapêutico são apresentados.

Tabela 2. Índices terapêuticos de vários fármacos

MENOR QUE 5 ENTRE 5 E 10 MAIOR QUE 10


Amitriptilina Barbituratos Bromoprida
Clordiazepóxido Diazepam Glutetimida
Difenidramina Digoxina Hidrato de cloral
Etclorvinol Imipramina Meprobamato
Lidocaína Meperidina Nortriptilina
Metadona Paraldeído Paracetamol
Procainamida Primidona Pentazocina
Quinidina Tioridazina Propoxifeno

Fonte: Allen Jr; Popovich; Ansel, 2007.

Formas farmacêuticas
A forma farmacêutica é a maneira como se apresenta um medicamento pronto
para ser administrado. Essa forma deve garantir estabilidade, ação farmacológica e
compatibilidade de formulação. É o estado final que as substâncias medicamentosas
se apresentam depois de submetidas a uma ou mais operações farmacêuticas, com o
fim de facilitar a administração e se obter o efeito desejado. As formas farmacêuticas
podem ser sólidas, líquidas, pastosas ou gasosas como pode ser visto na tabela abaixo.

Tabela 3. Formas farmacêuticas.

SÓLIDAS LÍQUIDAS PASTOSAS GASOSAS


Pós Soluções Pomadas Aerossóis
Granulados Xaropes Cremes
Comprimidos Elixires Pastas
Drágeas Suspensões Ceratos
Cápsulas Emulsões Linimentos
Pílulas Injetáveis Unguentos
Supositórios Tinturas Loções
Óvulos Extratos Géis

Fonte: Destruti, 2004.

37
UNIDADE II │TÉCNICAS FARMACÊUTICAS

Formas sólidas

Pós

De acordo com a Farmacopeia Brasileira II, “pós são preparações provenientes de


drogas vegetais ou minerais, assim como substâncias químicas submetidas a um grau
de divisão suficiente para assegurar homogeneidade e lhes facilita a administração ou
extração dos princípios ativos”.

O termo pó tem mais de uma conotação em farmácia. Ele pode ser usado para descrever
a forma física de um material, ou seja, uma substância seca constituída de partículas
finamente divididas, ou pode ser usado para descrever um tipo de preparação
farmacêutica, isto é, um pó medicamentoso destinado ao uso interno como, por
exemplo, pó oral ou externo como pó tópico. Os pós são misturas íntimas de fármacos
secos, finamente divididos e/ou substâncias químicas que podem ser destinadas ao uso
interno ou externo (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2007).

Assim, os pós são tanto um princípio ativo como uma forma farmacêutica pronta para
uso. Suas principais vantagens são:

»» possibilidade de rápida preparação;

»» mascaramento de gosto e odor;

»» ausência de água;

»» maior estabilidade do princípio ativo;

»» facilidade de embalagem;

»» facilidade de absorção;

»» baixo custo de acondicionamento e transporte.

Os pós tem apenas a desvantagem de somente poderem ser utilizados em preparações


para as vias oral e tópica.

Granulados

De acordo com a Farmacopeia Brasileira II: “granulados são formas farmacêuticas


sólidas que se apresentam na forma de grãos ou granulados irregulares”. Podem ser
administrados diretamente ou utilizados na produção de comprimidos. Os granulados

38
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS│UNIDADE II

são mais estéticos do que os pós e mais agradáveis de ingerir, não aderem entre si e
podem ser revestidos. Por outro lado, são mais suscetíveis ao calor e à umidade do que
os comprimidos.

Comprimidos

De acordo com a Farmacopeia Brasileira II: “comprimidos são preparações


farmacêuticas sólidas de formato variado, geralmente cilíndricas ou lenticulares,
obtidas pela compressão de substâncias medicamentosas secas, acondicionadas ou não
em excipientes inertes”. Também podemos definir como o pó comprimido em formato
próprio, por exemplo, redondo ou ovalado. Pode ser sulcado, isto é, trazer uma marca
que auxilia sua divisão em partes.

Os comprimidos têm como vantagens:

»» boa estabilidade físico-química;


»» facilidade de preparação;
»» boa apresentação;
»» precisão de dosagem;
»» facilidade de administração.
Os comprimidos têm como desvantagens:

»» impossibilidade de ajuste de dose; e

»» impossibilidade de obtenção econômica de pequenas quantidades.

Tabela 4. Tipos especiais de comprimidos.

Tipo de comprimido Característica


De uso externo Preparação de soluções antissépticas e esterilizantes como, por exemplo, pastilhas de formol.
Sublingual Proporciona rápida absorção do princípio ativo, entrando na corrente sanguínea sem passar
pelo fígado; deve ser pequeno e de rápida desintegração.
De dissolução na boca Chamada de pastilha, deve ter grande superfície de contato para facilitar a ação do princípio
ativo e a atividade local. Deve dissolver-se de 30 a 60 minutos.
Efervescente Dissolve-se na água e libera gás, o que causa sua desintegração. Como excipiente, temos
o ácido cítrico, o ácido tartárico, o bicarbonato de sódio e o carbonato de sódio. Deve ser
acondicionado em recipientes sem umidade.
Revestido O revestimento visa proteger o princípio ativo contra a luz, a umidade, o oxigênio entre outros,
e evitar a desintegração no estômago.
Pellet Comprimido para implantação na pele. Deve ser estéril e de forma cilíndrica. Pode liberar o
princípio ativo durante dias ou meses.
Vaginal Deve apresentar ação local, microbicida ou regeneradora.

39
UNIDADE II │TÉCNICAS FARMACÊUTICAS

Os adjuvantes são componentes importantes adicionados a formas farmacêuticas, são


substâncias inertes, sendo assim não possuem atividade terapêutica. Em conjunto com
o princípio ativo vão caracterizar o comprimido. A Farmacopeia possui uma série de
adjuvantes, cujas características atendem às necessidades variadas da fabricação dos
comprimidos, veja na tabela abaixo alguns exemplos.

Tabela 5. Adjuvantes adicionados a comprimidos.

TIPOS DE ADJUVANTES CARACTERÍSTICA


Absorvente Tem a finalidade de absorver determinadas substâncias para que elas não
alterem os comprimidos como por exemplo sílica-gel, sílica-aerossol.
Aglutinantes Usados para a formação de uma liga dos pós depois da obtenção do
granulado. São fundamentais para a desintegração do comprimido, agindo
como um adesivo. Exemplos: lactose, gelatina, amido, carboximetilcelulose
(CMC) e polivinilpirrolidona (PVP).
Corantes Substâncias utilizadas para atender ao aspecto estético, para distinção de
comprimidos e como auxiliares na homogeneização dos pós.
Desagregantes ou desintegrantes Substâncias que promovem a desagregação ou desintegração dos
comprimidos. Têm bom poder de absorção da água, inchando-se em
contato com ela. Exemplos: amido e CMC.
Diluentes Conferem peso adequado, completando-o, porque às vezes o princípio
ativo não tem peso suficiente para o comprimido.
Edulcorante e aromatizantes Adjuvantes usados para melhorar o sabor e o odor do medicamento.
Um exemplo de edulcorantes é a sacarina, e exemplos de aromatizantes
são essências de laranja, cereja, hortelã entre outros.
Lubrificantes Permitem o escoamento dos pós e evitam a sua aderência. Exemplo:
estearato de magnésio e talco.
Molhantes Agem diminuindo a tensão superficial do comprimido, facilitando a
desagregação, que é prejudicada pelos lubrificantes hidrófobos como, por
exemplo, a trietanolamina e o tween 80.
Tampões Agem mantendo o pH estável como, por exemplo, o citrato e o carbonato
de cálcio.

Drágeas

A drágea é uma forma farmacêutica cujo princípio ativo fica envolvido por um
revestimento de açúcar e corante. Contêm um núcleo com o medicamento, revestido
por uma solução de queratina (goma-laca), açúcar e corante. Enquanto a maioria dos
comprimidos se dissolve no estômago, as drágeas têm liberação entérica, isto é, liberam
o princípio ativo no intestino.

Suas vantagens são:

»» evita sabor e odor desagradáveis;

»» mascara substâncias que atacam as mucosas; e

»» facilita a deglutição.

40
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS│UNIDADE II

Suas desvantagens são:

»» impossibilidade de ajuste de dose;

»» impossibilidade de baixos custos; e

»» difícil preparação.

Cápsulas

Constituídas de um invólucro de gelatina e um medicamento em forma sólida,


semissólida ou líquida (desde que o medicamento nessa forma não dissolva a cápsula).

Suas vantagens são:

»» evita sabor e odor desagradáveis;

»» facilita a deglutição;

»» facilita a liberação do medicamento;

»» possibilidade de ter um invólucro gastrointestinal;

»» precisão de dosagem;

»» fácil administração.

As cápsulas quando revestidas têm a desvantagem de não poderem ser produzidas em


pequenas quantidades por encarecer o produto. Para que as cápsulas sejam viáveis,
elas não devem sofrer alterações devido à temperatura que não deve exceder à 32oC e as
substâncias ativas precisam ser estáveis a essa temperatura.

As cápsulas podem ser classificadas como moles ou duras. As moles podem receber o
nome de glóbulos, pérolas ou capsulinas. São utilizadas para acondicionar líquidos com
volume de 0,25ml até 5ml. As duras são constituídas de gelatina, corantes, antioxidantes
e agentes opacos, apresentam entre 8 e 16% de água. Tem formato cilíndrico,
arredondado nas extremidades e são formadas de duas partes: corpo e cabeça, capa
e tampa ou corpo e gorro. São usadas para fármacos sólidos e o enchimento pode ser
manual ou industrial.

Veja nesse link, um Videoaula de como manipular cápsulas: <http://www.


youtube.com/watch?v=Z61m2g8wKlE>.

41
UNIDADE II │TÉCNICAS FARMACÊUTICAS

Formas líquidas

Elixir
Forma farmacêutica para uso oral que contêm no mínimo 20% de álcool e 20% de açúcar.
Deve ser usado para ativos solúveis em água e álcool, não podendo ser acrescentadas
gomas.

Suspensão
É uma forma farmacêutica líquida constituída de duas fases: uma interna (sólida,
insolúvel, descontínua ou dispersa) e outra externa, líquida (contínua). A fase sólida
fica precipitada e ao administrar a suspensão, deve-se agitar o frasco para solubilizar
a mistura. É uma forma líquida que pode ser empregada para ativos insolúveis em
veículos usados normalmente.

Solução oral
As soluções são misturas homogêneas de dois ou mais componentes, o solvente é a água
e o soluto ou dissolvido é a substância ativa com interesse nutricional. É uma forma que
permite uma flexibilidade de dosagem, de fácil administração e rápida absorção, mas
pode ser difícil mascarar o sabor ou odor desagradável do ativo e pode ser facilmente
contaminado.

Emulsões
As emulsões são formas farmacêuticas líquidas de aspecto leitoso ou cremoso,
resultantes da dispersão de um líquido em outro, no qual é imiscível, mas graças a um
agente emulsificante ocorre a homogeneização das fases. Uma fase é oleosa e outra
aquosa.

42
CAPÍTULO 2
Desenvolvimento de formas nutricionais

Formas de apresentação dos nutracêuticos

Fitoterapia

Segundo Santos e colaboradores (2011), tem aumentado o uso da fitoterapia como


prática médica integrativa em diversos países. A utilização de plantas medicinais no
Brasil se deve a grande diversidade vegetal e o baixo custo associado à terapêutica, o
que vem despertando a atenção dos programas de assistência à saúde e profissionais.
O Ministério da Saúde, com a finalidade de evitar o uso inadequado dessa prática
medicinal, tem demonstrado interesse por meio do incentivo de pesquisas relacionadas
ao assunto, favorecendo a implantação de programas de saúde visando à distribuição
e utilização desses medicamentos de forma racional. Baseado nesse contexto foi
realizado levantamento de como esta temática vem sendo abordada e implementada no
Sistema Único de Saúde (SUS). As pesquisas revelaram que nas duas últimas décadas,
alguns estados e municípios brasileiros vêm realizando a implantação de programas
de Fitoterapia na atenção primária à saúde, com o intuito de suprir as carências
medicamentosas de suas comunidades. Apesar da crescente busca por integrativas
medicamentosas, os estudos acerca da fitoterapia ainda são precários no Brasil,
fazendo-se ainda necessárias pesquisas nessa área, de modo a ampliar o conhecimento
dos profissionais e estudantes da saúde, auxiliando e tornando mais sólidas as bases de
segurança e eficácia para implementação das práticas fitoterápicas no SUS.

Estima-se que cerca de 82% da população brasileira utiliza, no tratamento de


enfermidades, produtos à base de plantas medicinais. Segundo dados fornecidos pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 80% da população mundial faz uso
de algum tipo de planta medicinal na busca de alívio de algum sintoma doloroso ou
desagradável, desse total, cerca de 30% ocorreu por indicação médica (SILVA; CASALI,
2000).

Os fitoterápicos não são utilizados apenas na forma de chás, mas atualmente é muito
frequente o uso através de diversas formas farmacêuticas como, por exemplo, comprimidos,
cápsulas, supositórios, óvulos.

43
UNIDADE II │TÉCNICAS FARMACÊUTICAS

Formas fitoterápicas líquidas

Chá: a forma fitoterápica líquida mais conhecida é o chá que pode ser preparado pelos
métodos de infusão, decocção e maceração.

»» Método de infusão: processo de extração com líquido (água) à


temperatura elevada. Verte-se água quente sobre a massa de vegetal.
Abafa-se por alguns minutos e côa-se o preparado.

»» Método de decocção: a ação do calor é ainda maior. O material vegetal


vai para o cozimento junto com a água por um tempo que pode variar de
1 a 20 minutos.

»» Maceração: processo de extração realizado à temperatura ambiente, na


presença de um líquido extrator, que pode ser a água, álcool, cachaça,
vinho e óleos.

Tintura: outra forma fitoterápica muito utilizada que pode ser preparada por
maceração ou percolação, mas nesse caso, utiliza-se como líquido de extração o álcool
de cereais. A diferença entre maceração e percolação é que a percolação é realizada
através de um percolador.

Xarope: possui veículo preparado à base de açúcar ou mel. Usado para melhorar e
disfarçar o sabor das ervas ou princípios ativos. Muito utilizado para administração de
fitoterápicos em crianças.

Apresentações dos nutracêuticos

Nutracêuticos em formas sólidas

Cápsulas: como descrito no capítulo anterior, as cápsulas são formas farmacêuticas


sólidas com invólucro duro ou mole de capacidade variável. O conteúdo pode ser sólido,
líquido ou semissólido. Normalmente, o invólucro é constituído de gelatina (cápsulas
gelatinosas).

Mas para atender aqueles pacientes que possuem restrições a derivados de carne,
por motivos diversos, existe a opção de usar cápsulas vegetais nos medicamentos
manipulados. Elas são feitas a partir de um derivado de fibras de celulose chamada
hidroxipropilmetilcelulose (HPMC).

Vantagens das cápsulas vegetais:

44
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS│UNIDADE II

»» mascaram de forma eficaz sabores e odores desagradáveis;

»» boa estabilidade e boa disponibilidade;

»» sistema de liberação modificada (prolongada e entérica);

»» protegem o fármaco de agentes externos.

Desvantagens das cápsulas vegetais:

»» restrições de uso para pacientes com dificuldade de deglutição (crianças,


idosos etc.);

»» inadequada para altas dosagens de ativos.

As cápsulas duras são usadas para encapsular pós ou grânulos enquanto que as moles
(que se deformam facilmente) são usadas geralmente para encapsular líquidos como
os óleos de gérmen de trigo, de fígado de bacalhau e de lúpulo, as vitaminas, minerais
e oligoelementos.

Um exemplo de cápsula de gelatina dura ou mole inclui a administração de betacaroteno


como suplemento alimentar. Em cápsulas de gelatina mole, o betacaroteno encontra-
se numa solução ou suspensão de um óleo alimentar. Nessa forma farmacêutica, o
betacaroteno é preferencialmente estabilizado com uma mistura antioxidante de
tocoferol, palmitato de ascorbilo e lecitina.

As microcápsulas têm sido usadas para encapsular óleos. Um exemplo comum é a


encapsulação de ômega-3 para compensar a deficiência na dieta por menor consumo
de peixe. Esse conjunto de moléculas são quimicamente insaturadas, o que as torna
vulneráveis à oxidação. Encontramos esse nutriente nos peixes como atum, sardinha e
salmão e vegetais como espinafre e feijão. A sua extração origina um produto instável
e com sabor desagradável (PINTO, 2010).

I. Pós para uso interno

São formas farmacêuticas originadas de drogas vegetais submetidas a um grau de


divisão suficiente para lhes assegurar homogeneidade.

Existem os pós simples que são constituídos por um tipo de substância e os pós
compostos que resultam da mistura de dois ou mais pós simples.

45
UNIDADE II │TÉCNICAS FARMACÊUTICAS

Características dos pós para uso interno:

»» são mais estáveis que as preparações líquidas;

»» possuem tamanho de partícula reduzido, o que permite dissolução mais


rápida, consequente absorção;

»» maior facilidade de deglutição;

»» exigem mais tempo de preparo;

»» podem ser instáveis quando expostos a condições atmosféricas adversas.

Tabela 6. Tipos de pós para uso interno.

Apresentações Preparações Características


Shakes
São dispensados em frascos ou potes.
Chá
Pós a granel Administrados com o uso de colheres de medida ou
Suco
medidores.
Sopa
Shakes
Destinada à administração em doses individuais.
Suco
Permite uso de doses elevadas de ativos.
Sachês individuais Chá
O sachê deve ser revestido por filme de alumínio ou
Sopa
filme plástico termossoldado.
Sachês efervescentes

II. Pós para uso interno – Shakes

Os shakes são de fácil preparação, mascaram o sabor desagradável de diversos ativos.


É o veículo ideal para idosos e crianças. É uma alternativa para administrar doses altas
de ativos e serve como suplementação. A dose máxima é cerca de 30g.

Sugestão de fórmulas de shakes.

Shake 1 – Antienvelhecimento com fibras.

Benefício para pele, unha e cabelo.

LN2 IN ----------------------- 500mg

Aroma Pina Colada --------- 0,5g

Base Shake com fibras de soja ---- qsp 1 sachê (20g)

46
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS│UNIDADE II

Posologia: dissolver o conteúdo de um sachê em 200ml de água. Agitar e beber


em seguida. Consumir um sachê, uma vez ao dia.

Shake 2 – Antienvelhecimento.

LN2 IN ----------------------- 500mg

Aroma morango ------------ 0,5g

Base Shake nutrivital ----- 20g (uma colher de sopa)

Posologia: restituir em 200ml de leite desnatado ou soja. Agitar e beber em


seguida. Consumir um sachê, uma vez ao dia.

Shake 3 – Com fibras.

Psyllium --------------------- 300mg

Agar-agar ------------------- 300mg

Glucomannam ------------- 300mg

Farinha de maracujá ----- 500mg

Pectina ----------------------- 100mg

Edulcorante ----------------- quantidade suficiente

Flavorizante ----------------- quantidade suficiente

Base para shake ------------ quantidade suficiente para 10g

Aviar 60 doses (1 dose = 10g) – Sabor sugerido: tangerina.

Posologia: tomar 2 copos medida de 5g misturado em 1 copo de água (250ml),


2 x ao dia. Tomar imediatamente após o preparo. Se preferir, utilizar mixer ou
liquidificador.

O que é LN2®IN 250mg?

Fórmula magistral elaborada com o ativo LN2®IN – Silício complexado com


taurina e Panax ginseng protegido com minerais. Revitaliza pele, cabelo e unhas.
Foi desenvolvido pela Vital Especialidades.

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UNIDADE II │TÉCNICAS FARMACÊUTICAS

LN2 é um sistema de tratamento dermocosmético integrado inovador


desenvolvido para ativar as funções vitais da pele, cabelos e unhas, promover
bem-estar, equilíbrio e prevenir o envelhecimento.

III. Pós para uso interno – Efervescentes

Quando o médico receita altas quantidades de vitaminas e minerais e essa quantidade


não cabe em 1 cápsula, é comum que os farmacêuticos fracionem em 2 ou até 3 cápsulas
mas isso não é muito bem aceito pelos pacientes. Um efervescente é uma forma
farmacêutica que contém componentes que liberam rapidamente dióxido de carbono
quando em contato com a água. Geralmente são utilizados os ácidos cítrico, tartárico
ou mistura dos dois. Uma alternativa interessante nesse caso é a manipulação de doses
unitárias na forma de um pó efervescente. Segundo Paludetti e Gama (2007) alguns
cuidados são necessários:

»» Pacientes que não podem usar o efervescentes: os efervescentes


são contraindicados aos pacientes gastroplastizados, hipertensos,
pacientes com problemas estomacais ou intolerantes aos componentes
responsáveis pela efervescência.

»» Fármaco irritante direto do trato gastrointestinal: deve-se


avaliar o quanto o fármaco é irritante ao trato gastrointestinal, pois, por
ter essa forma, o contato com as mucosas será maior. Analisar se não é
mais interessante o uso de outra forma.

»» Fármacos que sofrem decomposição no estômago: caso o


fármaco sofra decomposição no estômago, não se deve utilizar a forma
de efervescentes.

»» Fármacos solúveis em água: para desenvolver o fármaco na forma


efervescente, o mesmo deve ter solubilidade em água.

»» Sabor do fármaco: se o fármaco for muito ácido, salgado ou amargo,


a forma efervescente é ideal, já que serão adicionados edulcorantes e
flavorizantes para mascarar o sabor.

»» Doses maiores que 500mg: condição ideal para desenvolvimento de


efervescentes.

Para saber sobre medicamentos efervescentes leia o artigo: PALUDETTI, L. A.;


GAMA, R. M. Medicamentos efervescentes. Revista Rx, no 2, p. 18 -22, 2007.

48
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS│UNIDADE II

Disponível em: <http://revistarx.com.br/wp-content/uploads/2009/04/rev-rx-


2007-02-p18-23-embrfrm-pdf.pdf>

Nutracêuticos em formas semissólidas

I. Gomas mastigáveis

Forma farmacêutica preparada com gelatina e glicerina. Usada para administrar


medicamentos de absorção gastrointestinal e de uso sistêmico. Contém educorantes,
corantes, flavorizantes, conservantes e usualmente ácido cítrico. Essa é uma forma que
mascara de forma bem eficaz o sabor de fármacos amargos, tem a consistência macia e
agradável ao mastigar, tem sabor levemente ácido e não irrita a mucosa oral.

Sugestão de Fórmula de Bala de Goma.

Bala de Goma Firmadora e Antioxidante:

Eurol BT ------------------------------------ 2 ml

LN2 IN -------------------------------------- 250mg

Flavorizante de abacaxi/hortelã ----- 0,20g

Bala de goma ------------------------------ 1 unidade

Posologia: ingerir 1 bala de goma antioxidante diariamente.

Contém ingredientes antioxidantes naturais que, juntos, irão retardar os efeitos


do envelhecimento cutâneo e renovar a sua beleza. Ativa e protege as células da
pele, cabelo e unha.

II. Pastilhas ou filmes Orodispersíveis

São formas sólidas que desintegram ou dissolvem lentamente na boca. Pode apresentar
um ou mais ativos de ação local ou sistêmica, veiculados em base flavorizada e
edulcorada, moldada e comprimida. Apresenta desintegração lenta e uniforme, tem
sabor agradável, requer alta temperatura para preparo, é como preparar balas.

Devido à simplicidade de administração e efeito imediato e imperceptível, esses sistemas


são úteis para crianças e idosos.

Esses sistemas são limitados a substâncias cujas quantidades a administrar sejam da


ordem de centigramas. As pastilhas tradicionais são mais flexíveis quanto à quantidade
a ser administrada, pois podem chegar a ter 5 gramas de massa.

49
UNIDADE II │TÉCNICAS FARMACÊUTICAS

III. Pirulito

Semelhante às pastilhas, com a diferença de ser preso a um palito. Forma de escolha


para uso pediátrico.

IV. Chocolate medicamentoso

É uma preparação farmacêutica obtida com a mistura de chocolate com um ou mais


insumos farmacêuticos ativos destinados à ingestão oral, podendo ou não ser mastigado.
São edulcorados, flavorizados, aquecidos e moldados. É desenvolvido em uma base sem
açúcar nem lactose, contém 54% de cacau orgânico e outros ingredientes como: farinha
de soja orgânica, além de sucralose para adoçar.

Sugestão de fórmula de chocolate medicamentoso.

Chocolate nutracêutico antienvelhecimento:

LN2 IN ------------------------------------ 250mg

Aroma baunilha ------------------------ 0,25g

Base de chocolate nutracêutico ---- quantidade suficiente para 1 unidade

Posologia: consumir um chocolate, uma vez ao dia.

Nutracêuticos em formas líquidas

I. Soluções

Podemos encontrar soluções na forma de bebidas com várias designações. As bebidas


têm sido muito utilizadas como um sistema para ingredientes nutritivos. Bebidas
funcionais como os smoothies e sumos têm sido bem aceitos pelos consumidores e
oferecem alternativas ótimas aos comprimidos e às cápsulas.

As bebidas, em forma de soluções, podem ser preparadas por um constituinte ou vários.


Quando se pretende formular e fortificar uma bebida com proteínas, é importante
conhecer as fontes de proteínas, as suas funcionalidades e necessidades, mas também
os tipos de bebidas que existem, os processos de fabricação associados e as embalagens
que confiram a máxima proteção química, física e microbiológica. Por exemplo, as
proteínas da soja e do leite podem apresentar problemas funcionais como viscosidade
e solubilidade, sensoriais como cor, aroma e transparência ou nutritivos como teor de
aminoácidos que pode limitar o seu uso.

50
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS│UNIDADE II

Essas bebidas podem conter uma mistura de proteínas, gorduras, carboidratos e fibras
solúveis e insolúveis. Todos esses constituintes possuem propriedades físico-químicas
diferentes, assim essas bebidas podem conter sólidos dissolvidos ou suspensos em água,
em emulsão numa dispersão coloidal; a utilidade das proteínas depende da solubilidade
em água, assim, bastante dependente do valor de pH. Em alguns casos, pH reduzidos
podem modificar o aroma e a função das proteínas positiva ou negativamente. As
bebidas prontas para beber requerem mais cuidado com a solubilidade do que aquelas
produzidas a partir de misturas de pós secos (PINTO, 2010).

51
CAPÍTULO 3
Nutracêuticos

Os nutracêuticos são suplementos alimentares.

Introdução
Para preparação de um nutracêutico ou de um alimento funcional é necessário a
realização sequencial das etapas de: identificação da substância com interesse nutritivo,
a extração total ou parcial da matriz em que ocorre naturalmente, o seu isolamento
quando necessário, a inclusão num suporte que seja simultaneamente utilizável pelo
paciente, proporcionando as condições para que o novo produto tenha uma estabilidade
longa o suficiente e que permita a utilização por um longo período. Isto é, deve ser
preparado de forma que mantenha a qualidade por muito tempo (PINTO, 2010).

Os nutracêuticos apresentam-se como formas farmacêuticas que são as soluções,


xaropes, emulsões, suspensões, pós, comprimidos, cápsulas entre outros, conforme
descrito anteriormente nesse material.

As formas farmacêuticas mais comuns são as soluções que podem ser soluções aquosas,
simples ou extrativas obtidas por maceração, infusão ou decocção para administração de
substâncias solúveis em água; emulsões para administração de substâncias lipossolúveis
e a suspensão é utilizada quando a substância não se dissolve completamente na água.
As formas sólidas também têm sido muito empregadas, já que são formas práticas de
administração.

Técnicas utilizadas na extração


As matérias primas utilizadas para extração de ativos no desenvolvimento de
nutracêuticos podem ser de origem vegetal, animal ou mineral. A extração é um processo
importante, pois realça a concentração da substância, elimina outros componentes que
não são desejados por não ter interesse nutritivo e/ou possuir propriedades tóxicas, por
exemplo, e assim promove-se um aumento na estabilidade química e física do produto.

52
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS│UNIDADE II

Secagem

As matérias-primas, principalmente as de origem vegetal, possuem um alto teor de


água que pode acarretar na degradação das substâncias e no desenvolvimento de
microrganismos como fungos e bactérias. Assim é importante realizar a secagem desse
tipo de matéria-prima, além de prevenir a contaminação por microrganismos, a redução
nos teores de água facilitam o processamento da matéria-prima.

Várias técnicas podem ser empregadas para secagem, a mais simples é a secagem
por exposição ao ar, mas dessa forma pode acontecer a contaminação por poeiras
e insetos, então o mais recomendado seria a secagem em estufa com temperatura e
umidade controlada. A liofilização é outra técnica de secagem especializada que se
baseia na sublimação da água. Esse processo de secagem é vantajoso, pois pode ser
empregado em materiais sensíveis. No final o produto obtido possui entre 1 e 5% de
água residual, o que o torna muito higroscópico, segundo Pinto (2010) o resíduo (o
pó seco) deve ser acondicionado em recipiente bem selado e, no caso de se tratar de
substâncias termolábeis (sensíveis ao calor), deve ser conservado ao abrigo da luz e a
baixas temperaturas.

Extração

A extração de substâncias ativas com valor nutritivo de suas matrizes naturais tem
várias finalidades como, por exemplo, eliminar substâncias pouco interessantes
nutricionalmente ou que dificultem o seu processamento. Também se pode obter uma
concentração maior de substâncias ativas dessa maneira. Geralmente os métodos
tradicionais de extração utilizam solventes que geralmente são hidrofóbicos e por
motivos toxicológicos e econômicos têm sido substituídos ou utiliza-se uma técnica
onde o solvente é completamente removido após a extração.

Outra técnica de extração utilizada é a destilação normalmente na presença de um


solvente que pode ser orgânico ou aquoso. Nesse processo, os constituintes voláteis
passam para a fase de vapor e são recolhidos por condensação. Essa técnica é muito
utilizada para obtenção de óleos essenciais (PINTO, 2010).

53
ASPECTOS UNIDADE III
TOXICOLÓGICOS

CAPÍTULO 1
Toxicologia de nutrientes

Toxicologia e estudos de toxicidade

Toxicologia

A Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de


substâncias químicas com o organismo. Entende-se como agente tóxico ou toxicante
entidade química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando seriamente
uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição. A intoxicação é um
processo patológico causado por substâncias endógenas ou exógenas e caracterizado por
desequilíbrio fisiológico, em consequência das alterações bioquímicas no organismo.
Esse processo é evidenciado por sinais e sintomas, ou mediante dados laboratoriais.

O termo xenobiótico é usado para designar substâncias químicas estranhas ao


organismo. Agentes poluentes da atmosfera e metais do tipo chumbo e mercúrio são
xenobióticos, desde que não possuam papel fisiológico conhecido para o organismo.
Dependendo das condições de exposição, toda substância pode agir como toxicante,
causando efeito nocivo ao ser vivo. Inclusive, todos os medicamentos possuem, em
menor ou maior grau, propriedades tóxicas, provocando efeitos adversos, sendo a dose
um dos fatores preponderantes que determinam a intoxicação. À medida que aumenta
a dose, os efeitos adversos dos medicamentos se acentuam (OGA, 1996).

Toxicocinética

A Toxicocinética é o estudo da relação entre a quantidade de um agente tóxico que


atua sobre o organismo e a sua concentração no plasma, relacionando os processos de
absorção, distribuição e eliminação do agente em função do tempo.

54
ASPECTOS TOXICOLÓGICOS│ UNIDADE III

A toxicidade de uma substância depende da dose. A concentração de uma substância


química em seu local de acão é, em geral, proporcional à dose, mas a mesma dose de
dois ou mais produtos químicos pode levar a concentrações amplamente diferentes na
disposição dos toxicantes. Por exemplo, se a fração absorvida ou a taxa de absorção for
baixa, um toxicante pode nunca atingir concentrações altas o suficiente para produzir
toxicidade em um potencial local de acão; a distribuição de um toxicante pode ser tal
que ele se concentre em um tecido que não é seu órgão-alvo, diminuindo, dessa forma,
sua toxicidade; a biotransformação de um agente químico pode resultar na formação
de metabólitos mais ou menos tóxicos que o composto de origem, a uma taxa mais
rápida ou mais lenta, com consequências óbvias para a concentração no órgão-alvo
e, consequentemente, para a toxicidade também. Se um toxicante é distribuído e
armazenado na gordura, sua eliminação provavelmente será lenta, pois níveis muitos
baixos no plasma impedem que o clearance renal ou outros clearances ocorram de
forma rápida (KLAASSEN; WATKINS, 2012).

A absorção é a passagem de substâncias do local de contato para a circulação sanguínea.


Nessa passagem, os agentes atravessam várias barreiras que são as membranas, tais
como do epitélio estratificado da pele, dos pulmões, do trato gastrintestinal e endotélios
capilares. Os xenobióticos atravessam as membranas por diferentes mecanismos,
dependendo de suas propriedades físico-químicas.

Os xenobióticos são transportados pelo sangue e pela linfa para os diversos tecidos.
Portanto, a distribuição depende muito dos fluxos sanguíneos e linfáticos nos
diferentes órgãos, além de sofrer interferência de outros fatores tais como fixação às
moléculas proteicas, diferenças regionais de pH e coeficiente de partição óleo/água de
cada substância. Naturalmente, o equilíbrio de distribuição é atingido rapidamente
nos tecidos que recebem grande circulação dos fluidos (coração, cérebro, fígado) e
lentamente nos órgãos pouco irrigados (ossos, unhas, dentes). Inicialmente os órgãos
mais irrigados recebem grande quantidade de xenobiótico, mas, após algum tempo,
órgãos menos irrigados podem acumular maior quantidade do agente, desde que
possuam maior afinidade ou maior poder de retenção do que os órgãos intensamente
irrigados. É o caso, por exemplo, do chumbo que 2 horas após sua administração em
animais encontra-se 50% da dose no fígado e após 30 dias, 90% do metal permanece no
organismo, acumulado no tecido ósseo.

Os agentes tóxicos, assim como os fármacos e outras substâncias, são excretados pela
urina, bile, fezes, ar expirado, leite, suor e outras secreções, sob forma inalterada ou
modificada quimicamente. É necessário que as substâncias passem por um processo
de biotransformação para serem eliminadas do organismo, visto que a maioria dos
agentes são lipossolúveis e para melhor excreção devem estar na forma hidrossolúvel.

55
UNIDADE III │ASPECTOS TOXICOLÓGICOS

A biotransformação é toda alteração que ocorre na estrutura química da substância,


no organismo. Geralmente esse processo ocorre por meio da atuação de enzimas
inespecíficas.

E finalmente, a excreção é o processo pelo qual uma substância é expulsa do organismo.


Difere da eliminação por biotransformação, pois, nesse processo, as substâncias
simplesmente mudam de estrutura, mas continuam permanecendo no organismo sob
a forma de metabólitos (OGA, 1996).

Dose

Todas as substâncias administradas em doses tóxicas ou não tóxicas poderão ter


efeitos colaterais. De fato, a intensidade da resposta biológica é proporcional à dose
administrada. Não existem valores únicos e doses para as quais todos os indivíduos
tenham sintomas de intoxicação. No entanto, existe uma dose para qual a média
estatisticamente determinada não produz efeitos tóxicos para uma população, a
chamada dose terapêutica, mas se dentro dessa dose terapêutica, existirem sintomas
de intoxicação, estes poderão depender de vários fatores referentes à toxicocinética,
isto é, pode ocorrer nas fases de absorção, distribuição ou biotransformação ou estar
relacionada a polimorfismos genéticos (PINTO, 2010).

O termo dose é frequentemente empregado para especificar a quantidade de uma


substância química administrada a um organismo vivo, geralmente é expressa por
unidade de peso corpóreo. Dependendo da via de administração, a dose efetivamente
absorvida pode não ser idêntica a administrada. Para se conhecer a dose efetiva que
provoca um efeito adverso, deve-se conhecer a sua toxicocinética considerando-se as
diferentes vias de exposição (OGA, 1996).

Estudos de toxicidade

Para se conhecer os efeitos tóxicos de uma substância, deve-se proceder à realização


de testes toxicológicos. Esses testes são aplicados em animais de laboratório e sob
condições previamente estabelecidas, permitem esclarecer os possíveis efeitos das
substâncias em humanos expostos a elas. Com relação aos medicamentos, os testes
de toxicidade sucedem as triagens farmacológicas gerais e são feitos somente com
fármacos que mostram efeitos farmacológicos úteis. Geralmente realizam-se testes in
vitro, inicialmente, com culturas de células para uma primeira triagem e avaliação da
citotoxicidade antes dos testes em animais.

56
ASPECTOS TOXICOLÓGICOS│ UNIDADE III

No Brasil, a Resolução no 1/1978 (D.O. 17/10/1978) do Conselho Nacional de Saúde,


estabelece cinco tipos de ensaios de toxicidade: aguda, subaguda, crônica, teratogênica
e embriotoxicidade e estudos especiais.

A lista de estudos pode variar de um país para outro, mas basicamente inclui os
seguintes tópicos:

»» Informações preliminares.

»» Toxicidade aguda.

»» Toxicidade subcrônica (curta-duração).

»» Toxicidade crônica (longo prazo).

»» Mutagênese e carcinogênese.

»» Reprodução e teratogênese.

»» Toxicocinética.

»» Efeitos locais sobre a pele e olhos.

»» Sensibilidade cutânea.

»» Ecotoxicidade.

Avaliação da dosagem dos nutrientes

Valores de referência

Quando há necessidade de avaliar a qualidade nutricional da alimentação e da


programação de dietas considera-se o atendimento às necessidades de nutrientes
e energia, determinadas de acordo com as características de sexo, estágio de vida,
atividade física e medidas corporais de indivíduos saudáveis. Tanto para a avaliação da
dieta como para sua prescrição, são estabelecidos valores de referência para ingestão
de nutrientes, os quais são periodicamente atualizados. Assim, são introduzidos novos
conhecimentos sobre eventuais manifestações aos extremos de exposição, ou seja,
sinais carenciais decorrentes de ingestão insuficiente, ou de toxicidade, que indicam
efeitos adversos decorrentes do excesso de consumo (PADOVANI et al., 2006).

No Brasil, a Anvisa apresentou a Consulta Pública no 80, de 13 de dezembro de 2004,


onde apresenta o Regulamento Técnico sobre Ingestão Diária Recomendada (IDR) para
57
UNIDADE III │ASPECTOS TOXICOLÓGICOS

proteína, vitaminas e minerais. A Ingestão Diária Recomendada (IDR) é a quantidade


de proteínas, vitaminas e minerais que deve ser consumida diariamente para atender
às necessidades nutricionais da maior parte dos indivíduos e grupos de pessoas de uma
população sadia.

A sigla IDR em português também pode ser encontrada como DRI e vem do termo em
inglês Dietary Reference Intake, são valores de recomendação de nutrientes e energia
adotados pelos Estados Unidos e Canadá que vêm sendo publicados desde 1997, na
forma de relatórios parciais elaborados por comitês de especialistas organizados por
uma parceria entre o Institute of Medicine norte-americano e a Agência Health Canadá.

Segundo Cozzolino (2009), as DRIs diferem das RDAs e das RNIs anteriores em seu
conceito, conforme descrito a seguir:

»» Foram incluídas nas DRIs valores de nutrientes visando à diminuição do


risco de doenças crônicas não transmissíveis, quando os dados específicos
de segurança e eficácia para o nutriente estavam disponíveis. Portanto,
não se considerou apenas a ausência de sinais de deficiência, como era
feito anteriormente.

»» Foram estabelecidos níveis superiores de ingestão de nutrientes quando


havia dados de risco de efeitos adversos à saúde.

»» Foram recomendados mais estudos para o estabelecimento de


recomendações de ingestão de componentes dos alimentos (compostos
bioativos) que ainda não satisfazem os conceitos convencionais de
nutrientes, mas que poderiam causar algum benefício à saúde quando
consumidos regularmente nas dietas (por exemplo: carotenoides,
flavonoides etc.).

A Ingestão Diária Recomendada conhecida pela sigla DRIs, considera quatro valores
de referência de ingestão de nutrientes e possui maior abrangência que as RDAs, sendo
concebidas para substituí-las. As DRIs podem ser utilizadas para planejar dietas, definir
rotulagem e planejar programas de orientação nutricional. Para a construção de seus
limites, conforme citado, foram considerados também os dados relacionados à redução
de risco para doenças crônicas não transmissíveis, e ainda foi incluída, quando possível,
a recomendação de que a ingestão diária não deve ultrapassar um limite máximo para
evitar riscos de efeitos adversos.

58
ASPECTOS TOXICOLÓGICOS│ UNIDADE III

Após a Consulta Pública no 80, a Anvisa publicou a Resolução RDC no 269 de


22 de setembro de 2005 com o Regulamento Técnico sobre Ingestão Diária
Recomendada (IDR) para proteína, vitaminas e minerais. Essa Resolução está
disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/1884970047457
811857dd53fbc4c6735/RDC_269_2005.pdf?MOD=AJPERES>

O que é a RDA?

A RDA é a ingestão diária de um nutriente que se considera suficiente para atender às


necessidades nutricionais de praticamente todos (97% a 98%) os indivíduos saudáveis
de um determinado grupo de mesmo sexo e estágio de vida (estágio de vida considera
a idade e, quando aplicável, a gestação e lactação). Para o estabelecimento da RDA
é necessário que a EAR (Necessidade Média Estimada) tenha sido determinada, isto
é, que os dados disponíveis sejam suficientes para estabelecer um valor médio de
recomendação que atenda às necessidades de 50% dos indivíduos do grupo considerado.
Portanto, se não for possível obter a EAR, o valor de RDA não poderá ser estabelecido.
Considerando a curva normal de distribuição das necessidades, a RDA é situada a dois
desvios-padrão positivos da EAR (COZZOLINO, 2009). Ou seja:

RDA = EAR + 2DP1

Se os dados sobre a variabilidade das necessidades de determinado nutriente forem


insuficientes para se calcular o desvio-padrão, assume-se um Coeficiente de Variação
(CV) de 10%. Assim, o valor de RDA = 1,2 EAR.

Definições das DRIs

Segundo as Recomendações de Nutrientes publicada por Cozzolino (2009), que também


pode ser encontrada em revisão de Padovani e colaboradores (2006):

Necessidade Média Esperada

Conhecida pela sigla EAR, do inglês Estimated Average Requirement, trata-se de um


valor de ingestão diária de um nutriente que se estima suprir a necessidade de metade
(50%) dos indivíduos saudáveis de um grupo de mesmo gênero e estágio de vida. A
EAR corresponde à mediana da distribuição de necessidades de um dado nutriente.
Coincide com a média quando a distribuição é simétrica.

59
UNIDADE III │ASPECTOS TOXICOLÓGICOS

Ingestão Dietética Recomendada

Conhecida pela sigla RDA, do inglês Recommended Dietary Allowance, como já


citado no tópico anterior, é o nível de ingestão dietética diária suficiente para atender
às necessidades de um nutriente de praticamente todos (97% a 98%) os indivíduos
saudáveis de um determinado grupo de mesmo gênero e estágio de vida. Para a
determinação da RDA, se utiliza a EAR.

Ingestão adequada

Conhecida pela sigla AI (Adequate Intake), é utilizada quando não há dados suficientes
para a determinação da EAR e consequentemente da RDA. Pode ser considerado um valor
estimado prévio à RDA. Baseia-se em níveis de ingestão ajustados experimentalmente
ou em aproximações da ingestão observada de nutrientes de um grupo de indivíduos
aparentemente saudáveis. Segundo Cozzolino (2009), esses valores serão reavaliados a
partir de novos estudos, que proporcionem maior grau de confiabilidade sobre aqueles.

Limite superior tolerável de ingestão

Conhecido pela sigla UL (Tolerable Upper Intake Level) é o valor mais alto de ingestão
diária continuada de um nutriente que aparentemente não oferece risco de efeito
adverso à saúde para a maioria dos indivíduos em um determinado estágio de vida ou
gênero. O UL não é um nível de ingestão recomendado. O estabelecimento do UL surgiu
com o crescimento da prática de fortificação de alimentos e do uso de suplementos
alimentares. O UL ainda não está estabelecido para todos os nutrientes.

No artigo publicado por Padovani e colaboradores (2006) você poderá encontrar


as tabelas com os valores de referência das quatro categorias publicadas entre
1997 e 2005.

Os autores reuniram os valores de EAR e RDA, além dos valores de UL.

Veja o artigo citado:

PADUVANI, R. M.; FARFAN, J.; COLUGNATI, F. A. B.; DOMENE, S. M. A. Dietary


reference intakes: aplicabilidade das tabelas em estudos nutricionais. Revista
de Nutrição, v. 19, no 6, p. 741-760, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?pid=S1415-52732006000600010&script=sci_arttext>

60
ASPECTOS TOXICOLÓGICOS│ UNIDADE III

Adequação da ingestão alimentar

Como não é possível fazer testes em humanos para avaliar de forma precisa nem o
verdadeiro consumo habitual nem a verdadeira necessidade do nutriente para
determinado indivíduo, mas é possível avaliar aproximadamente se a ingestão de um
indivíduo atinge as necessidades, é realizada uma avaliação que pode ser chamada
de adequação aparente. Segundo Marchione e colaboradores (2004), para avaliar a
ingestão de nutrientes é necessário inicialmente estabelecer a ingestão habitual do
indivíduo e, em seguida confrontá-la com as necessidades desse mesmo indivíduo. A
ingestão habitual pode ser definida como a média de ingestão do nutriente por um
grande período de tempo (LIU et al., 1978; TARASUK; BEATORI, 1992).

Conforme relatado por Marchione e colaboradores (2004), para estabelecer a ingestão


de nutrientes devem ser utilizados métodos de inquérito alimentar, sendo os mais
indicados os registros alimentares e recordatório de 24 horas. A melhor estimativa
da ingestão do nutriente pelo indivíduo é dada pela média de vários dias de consumo
dietético obtido por esses métodos. Os métodos como história dietética e o questionário
de frequência alimentar que se utilizam de listas fechadas de alimentos não são
apropriados para esta finalidade.

Leia mais sobre esse assunto no artigo:

MARCHIONI, D.M.L; SLATER, B.; FISBERG, R. M. Aplicação das Dietary Intakes na


Avaliação da Ingestão de Nutrientes para indivíduos. Revista de Nutrição, v. 17, no
2, p. 207-216, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rn/v17n2/21133.
pdf>

61
ASPECTOS LEGAIS UNIDADE IV

CAPÍTULO 1
Legislação e rotulagem de produtos

O rótulo tem por função orientar o consumidor sobre os


constituintes dos alimentos, promovendo escolhas alimentares
saudáveis. No entanto, isto não significa que os consumidores
o estejam utilizando como uma ferramenta para a escolha dos
alimentos que deverão compor sua dieta e, assim, reduzir os
excessos alimentares e os danos ocasionados à saúde.
(CAVADA et al., 2012)

Histórico da rotulagem de produtos


A rotulagem de alimentos foi legalizada pela primeira vez em 1906, pelo Food and Drug
Act, que obrigava a correta identificação do produto e do fabricante no rótulo e tornava
ilegal vender alimentos contaminados. Desde então, tem havido constante sucessão de
leis que tem lidado com as informações que devem identificar a embalagem de produtos
alimentares destinados à venda.

Nos Estados Unidos, a NLEA (Rotulagem Nutricional e Educação Act) de 1990, que
entrou em vigor em 1994, determinou um rótulo padrão para os produtos alimentícios,
que deve incluir diversas informações sobre o produto. Desde janeiro de 2006, o FDA
obriga a identificação da quantidade de gordura trans nos rótulos nutricionais.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária em parceria com a Fundação de


Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (FINATEC)/Departamento de Nutrição
da UnB publicaram o ‘Manual de Orientação às Indústrias de Alimentos’ em 2005, onde
informam a importância da Rotulagem Nutricional de Alimentos e suas condições.

62
ASPECTOS LEGAIS│ UNIDADE IV

Nesse capítulo vamos abordar questões apresentadas no Manual de Orientação


às Indústrias de Alimentos que está disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/
wps/wcm/connect/5f53be80474583c58ee8de3fbc4c6735/manual_industria.
pdf?MOD=AJPERES>

Tabela 7. Evolução histórica da legislação que regulamenta os alimentos e nutrientes.

Publicação Ano O Que Estabelece


Estabelece definições sobre alimentos, procedimentos para o registro e controle,
rotulagem, critérios de fiscalização e detecção de alterações.

Decreto-Lei no 986 1969 Determina a criação de um padrão de identidade para cada tipo de alimento, sendo
obrigatório constar a sua descrição, os procedimentos de higiene e práticas de
fabricação, os aditivos permitidos e seus respectivos limites, os procedimentos de
amostragem para a sua análise, bem como a rotulagem.
Lei no 6150 1974 A iodação do sal tornou-se obrigatória.
Decreto n 75697
o
1975 Estabelece os padrões de identidade e qualidade para o sal.
Alteração da Lei no 6150. Passou a vigorar com a seguinte redação: “É proibido,
em todo o Território Nacional, expor ou entregar ao consumo direto, sal comum ou
Lei no 9005 1995
refinado que não contenha iodo nos teores estabelecidos em Portaria do Ministério
da Saúde.”.
Orienta os fabricantes de alimentos quanto aos princípios gerais de higiene a serem
Resolução no 33 da CNNPA 1977 adotados em todas as etapas, desde a obtenção da matéria-prima até a distribuição
dos alimentos. Essa publicação marcou o início da prática do controle sanitário.
Padrões de identidade e qualidade para os alimentos. Estabelece termos que devem
Resolução no 12 CNNPA 1978
constar no rótulo de alimentos embalados.
Determina a obrigatoriedade da declaração da presença de glúten nos rótulos e
Lei no 8543 1992 embalagens dos alimentos que o contém, tais como trigo, aveia, cevada, malte,
centeio e outros.
Orienta os fabricantes sobre Boas Práticas de Produção e Prestação de Serviço
e também determina como os estabelecimentos devem proceder para a criação
Portaria n 1428
o
1993
e elaboração de padrões de identidade e qualidade para produtos e serviços, e
introduziu a “Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle” (APPCC).
Cria o Programa Nacional de Controle de Deficiência de Vitamina A, sugerindo
a ingestão de megadoses de vitamina A, suplementação de alimentos com esta
Portaria no 2160 1994 vitamina ou provitamina A e promovendo campanhas de educação nutricional,
como intervenção para reduzir a incidência de hipovitaminose A no país, principal
causa de cegueira evitável.
Portaria no 326 SVS/MS 1997 Aborda novamente a questão do controle sanitário.
Correspondente à Rotulagem Nutricional e à Rotulagem Geral de Alimentos
Embalados. A Portaria no 41 tornou a rotulagem nutricional obrigatória apenas para
aqueles alimentos nos quais se quisesse ressaltar alguma propriedade nutricional.
Já a preocupação com rótulos contendo afirmações enganosas conferindo aos
Portaria no 41 e a no 42 SVS/MS 1998 alimentos efeitos benéficos sem confirmação científica, foi objeto da Portaria no
42, que estabelece que os rótulos não devem apresentar dizeres atribuindo aos
alimentos propriedades que não possuem.
Essa última foi revogada em 2002 e substituída pela RDC no 259.
Portaria n 29 SVS/MS
o
1998 Definiu e regulamentou os alimentos destinados a pessoas em condições especiais,
denominados de “Alimentos para Fins Especiais” classificando-os em:
»» Alimentos para Dietas com Restrição de Nutrientes.
»» Alimentos para Ingestão Controlada de Nutrientes.
»» Alimentos para Grupos Populacionais com Necessidades Específicas.

63
UNIDADE IV │ ASPECTOS LEGAIS

Revogou o item “Alimentos Enriquecidos” da Resolução no12 CNNPA de 1978 e


aprovou o Regulamento Técnico referente a Alimentos Adicionados de Nutrientes
Essenciais. Os alimentos são diferenciados em:
Portaria no 31 SVS/MS 1998
»» Alimentos Enriquecidos ou Fortificados.
»» Alimentos Restaurados ou “Com Reposição de”.
Portaria n 27 SVS/MS
o
1998 Determinação sobre Informação Nutricional Complementar.
Estabelece os valores de Ingestão Diária Recomendada.
Portaria no 33 SVS/MS 1998
Foi revogada em 2005 pela RDC no 269.
Obriga a fortificação de farinhas de trigo e de milho com ferro. Em 2002 foi
RDC no 15 2000 substituída pela RDC no 344 que torna obrigatória a fortificação dessas farinhas, não
apenas com ferro, mas também com ácido fólico.
Revogou a Portaria no 41, mantendo a obrigatoriedade dos mesmos itens
RDC no 94 2000
regulamentados e acrescentou gorduras saturadas, colesterol, cálcio, ferro e sódio.
RDC no 130 2003 Regulamento atual sobre iodação do sal.
Estabelece que a rotulagem nutricional compreende a declaração obrigatória do
valor energético de nutrientes (carboidratos, proteínas, gorduras totais, saturadas,
godura trans, fibra alimentar e sódio), bem como a informação nutricional
RDC no 360 2003
complementar relativa à declaração facultativa de propriedades nutricionais.
Ademais, vitaminas e sais minerais podem ser declarados opcionalmente, desde
que cada porção do alimento contenha pelo menos 5% da IDR.

Fonte: Ferreira; Lanfer-Marquez, 2007.

Condições para rotulagem de alimentos

A rotulagem nutricional é definida como toda a descrição destinada a informar o


consumidor sobre as propriedades nutricionais de um alimento, compreendendo a
declaração de valor energético e os principais nutrientes. No entanto, é necessário que
essas informações sejam compreendidas por todos aqueles que as utilizam (ANVISA;
UNB, 2005; CÂMARA et al., 2008; SOUZA et al., 2011).

Como saber se o produto precisa apresentar informação


nutricional?

A rotulagem nutricional se aplica a todos os alimentos e bebidas produzidos,


comercializados e embalados na ausência do cliente e prontos para oferta ao consumidor.

Os produtos que estão dispensados da rotulagem nutricional obrigatória são:

»» as águas minerais e demais águas destinadas ao consumo humano;

»» as bebidas alcoólicas;

»» os aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia;

»» as especiarias, como pimenta do reino, cominho, noz moscada, canela e


outros;

64
ASPECTOS LEGAIS│ UNIDADE IV

»» os vinagres;

»» o sal (cloreto de sódio);

»» café, erva mate, chá e outras ervas sem adição de outros ingredientes;

»» os alimentos preparados e embalados em restaurantes e estabelecimentos


comerciais, prontos para consumo, como por exemplo, sanduíches
embalados, sobremesas do tipo flan ou mousses, saladas de frutas e
outras semelhantes;

»» os produtos fracionados nos pontos de venda a varejo comercializados


como pré-medidos. Alimentos fatiados como queijos, presuntos, salames,
mortadelas entre outros;

»» as frutas, vegetais e carnes in natura, refrigerados e congelados;

»» produtos que possuem embalagens com menos de 100 cm2.

Que informações devem conter obrigatoriamente no


rótulo?

Veja o modelo de rótulo a seguir:

Fonte: Anvisa; UnB, 2005

65
UNIDADE IV │ ASPECTOS LEGAIS

Os outros minerais e vitaminas farão parte obrigatoriamente do quadro quando se fizer


uma declaração de propriedades nutricionais ou outra declaração que faça referência
à esses nutrientes. Optativamente, podem ser declarados vitaminas e minerais
quando estiverem presentes em quantidade igual ou maior a 5% da Ingestão Diária
Recomendada (IDR) por porção indicada no rótulo.

Baseado nas literaturas citadas nesse capítulo, responda:

Como conhecer o tamanho da porção e a medida caseira correspondente?

66
Para (não) Finalizar

Para o profissional de saúde, é importante a constante busca pelo conhecimento e a


atualização em sites científicos. A todo o momento, novos estudos surgem apresentando
novas informações. Cada vez mais podemos conhecer as propriedades dos alimentos e
seus efeitos benéficos à saúde e os nutrientes responsáveis pelos efeitos. Assim como
surgem novas resoluções, normas ou portarias que regulamentam o uso dos nutrientes
e dos alimentos, assim como tudo que cerca a produção, consumo, comercialização e
outros aspectos relacionados.

Ao finalizar os estudos desse material, procure continuar se aprofundando no assunto.


Procure as referências citadas e pesquise as questões propostas.

67
Referência

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