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Oficina Sensorial: Teste de Aceitação Alimentar do Consumo de Frutas de

Crianças no Colégio Santa Marina em São Paulo


Sensory Workshop and Food Acceptance Test of Children's Fruit Consumption at Santa
Marina School in São Paulo

¹Vivian Silva Garcia Thiago


¹Mariany Prado Modesto
²Alessandra Lucca
²Mariana RE

¹Graduando(a) do Curso de Nutrição da Universidade Paulista- UNIP


²Professor-Orientador de estágio do Curso de Nutrição da Universidade Paulista- UNIP

RESUMO
Introdução: Os hábitos alimentares edificados desde a fase da infância influenciam a
conexão com os alimentos e reflete diretamente na saúde em todas as fases da vida, sendo assim
uma alimentação apropriada e saudável é essencial para o crescimento e desenvolvimento
humano. Objetivo: Avaliar o consumo dos alimentos através de um teste sensorial as cegas de
aceitação e conhecimento, além de incentivar o consumo de variados alimentos, promovendo
assim hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar. Métodos: O estudo possui um método
qualitativo, quantitativo com dados coletados de forma presencial. Foi aplicada uma atividade
lúdica de degustação de frutas às cegas com intuito de avaliar a aceitação e conhecimento das
frutas através de perguntas sobre o alimento escolhido. As frutas selecionadas para o estudo
foram maçã, kiwi, mexerica, caqui, uva e goiaba. Resultados e discussão: A amostra constitui-
se de 21 escolares de 6 anos de idade, sendo 9 meninas e 12 meninos sem diferença significativa
em relação ao gênero e faixa etária. A tabela de conhecimento das frutas mostrou que o Caqui
teve o menor conhecimento enquanto a uva e a maçã tiveram o maior conhecimento. A tabela
de aceitação das frutas mostrou que todas as frutas tiveram uma boa aceitação. Conclusão:
Houve uma boa aceitação das frutas, porém um baixo conhecimento, que pode estar relacionado
á fatores socioeconômicos, culturais e familiares. Portanto, ressalta-se a importância de
atividades de educação alimentar e nutricional para construção de hábitos alimentares saudáveis
ainda na infância.

Palavras-chaves: “Alimentação escolar”, “consumo de frutas”, “nutrição”.


ABSTRACT
Introduction: Adequate and healthy food is essential for human growth and development, and
eating habits built in childhood reflect the relationship with food and health throughout all
stages of life. Objective: To evaluate the fruit consumption of schoolchildren through a food
acceptance test. Methods: The study has a qualitative and quantitative method with data
collected in person. A ludic activity of fruit tasting blindly was applied and soon after a
questionnaire was applied to the participants about acceptance and knowledge of fruits. The
fruits selected for the study were apple, kiwi, tangerine, persimmon, grape and guava. Results
and discussion: The sample consisted of 21 6-year-old schoolchildren, 9 girls and 12 boys,
with no significant difference in terms of gender and age group. The fruit knowledge table
showed that Persimmon had the lowest knowledge while grape and apple had the highest
knowledge. The fruit acceptance table showed that all fruits were well accepted. Conclusion:
There was a good acceptance of the fruits, but a low knowledge, which may be related to
socioeconomic, cultural and family factors. Therefore, the importance of food and nutrition
education activities to build healthy eating habits in childhood is highlighted.
Keywords: “School feeding”, “fruit consumption”, “nutrition”.

1. INTRODUÇÃO
Na atualidade as políticas públicas enfatizam que uma alimentação saudável é
um fator primordial nas plataformas dos programas de promoção à saúde e prevenção
de doenças crônicas não-transmissíveis e obesidade. Tais agravos à saúde vêm
crescendo na população mundial, especialmente entre os mais jovens (1, 2, 3). De
causas multifatoriais, as DCNTs e a obesidade têm entre seus principais fatores de risco
a alimentação rica em gorduras saturadas e gorduras trans, excesso de açúcares
adicionado, alta densidade energética e baixo consumo de fibras (4, 5, 6).
A redução do consumo de frutas e hortaliças tem merecido destaque como
mudança negativa importante do padrão alimentar da população brasileira nas últimas
décadas. Essas observações são baseadas em estudos nacionais sobre tendência da
alimentação, tendo como informação a disponibilidade familiar para aquisição de
alimentos (7, 8).

Diversas pesquisas pontuais e locais apontam o baixo consumo de frutas e


hortaliças entre adolescentes. Estudo multicêntrico realizado em 1996, que incluiu o Rio
de Janeiro, observou que mais de 50% dos adolescentes referiram apenas laranja e
banana como frutas de consumo frequente, o mesmo ocorrendo com as hortaliças, das
quais se destacaram tomate, cenoura e alface (9). Em estudo longitudinal com
durabilidade de três anos realizado com adolescentes atendidos no Programa de Atenção
à Saúde do Adolescente, verificou-se que as hortaliças atingiram 80% de rejeição.
Durante a
pesquisa, 75% dos adolescentes demonstraram mudanças no hábito alimentar, elevando
o consumo de alimentos densamente calóricos, açúcar e gorduras e reduzindo o de
frutas e hortaliças (10).

O meio ambiente também favorece a mudança de comportamento, alterando a


aceitação dos alimentos. Estudos apontam que mesmo o paladar que tem origem em
órgãos sensoriais do corpo humano pode sofrer mudanças por influência familiar, de
amigos ou em razão de submissão a alto nível de publicidade (11, 12, 13).Em
consonância com os resultados apresentados no presente estudo quanto à
preferência por sucos artificiais em substituição a frutas in natura, pesquisas
concluíram que a forma de preparo e a apresentação de frutas e hortaliças também
representam causas de baixa seletividade, sendo fatores que interferem na maior
aceitação (14, 15, 16). Para Hendy et al. (12), a mudança no preparo desses alimentos
deve ser considerada entre as estratégias que visem mudança comportamental mais
duradoura.

Sabe-se que a rejeição precoce ao alimento comum na infância (neofobia


alimentar) pode prevalecer por todo o curso de uma vida, sugerindo-se como medida de
mudança o incentivo do meio social do adolescente (17, 14, 18).

2. JUSTIFICATIVA
A alimentação saudável e adequada está relacionada ao desenvolvimento
humano e à boa saúde em todas as fases da vida. O consumo de frutas na infância pode
construir bons hábitos alimentares e adultos mais saudáveis e isso pode ser incentivado
no âmbito familiar, escolar ou em ambientes de convívio social, como uma estratégia de
reversão de quadros de doenças crônicas não transmissíveis.

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral


Avaliar o consumo de frutas de escolares através de um teste de aceitação alimentar.

3.2. Objetivo específico


 Promover hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar;
 Conscientizar os pré-escolares sobre a importância do consumo de frutas;
 Incentivar a escolha de alimentos in natura.
4. METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de um estudo quantitativo e qualitativo com dados
coletados de forma presencial. O local da aplicação do estudo foi na Escola Santa
Marina, na capital de São Paulo. Os participantes possuem a faixa etária de 6 anos de
idade, sendo 9 meninas e 12 meninos, totalizando 21 participantes.

A pesquisa bibliográfica foi realizada no Google scholar, Scielo, site do


Ministério da Saúde (MS) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foram utilizados os seguintes materiais: Frutas (maçã, kiwi, mexerica, caqui, uva
e goiaba); Copos descartáveis; Colheres descartáveis; Venda de olhos; Folha de papel
A4 com questionário com perguntas pré-estabelecidas;

A primeira etapa da atividade foi a degustação das frutas às cegas e logo após a
degustação, foi aplicado um questionário oral onde o participante respondia se gostava e
se adivinhava qual era a fruta oferecida. As respostas eram marcadas em lacunas de
assertividade e aceitação do sabor de forma positiva ou negativa. Conforme anexo 1,
anexo 2 e anexo 3.

Ao término da atividade, foram apresentadas todas as frutas oferecidas durante a


atividade, e por meio da interação com os participantes, todas as frutas puderam ser
sentidas através do tato e olfato, com o intuito de explorar a textura e o cheiro das
frutas. Anexo 4. Os resultados serão apresentados em gráficos.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao total participaram da pesquisa 21 crianças da instituição que estavam presentes
no dia em que a coleta de dados foi realizada, na faixa etária de 6 anos, onde 9 eram
meninas e 12 eram meninos. As crianças foram receptivas e não houve recusa na
participação da atividade, todas participaram.

Gráfico 1: Tamanho amostral de acordo com o gênero:


Fonte: Elaborado pelo autor

A alimentação e a nutrição são requisitos básicos para promoção e proteção da


saúde, o que possibilita o crescimento e desenvolvimento humano (19). Uma
alimentação adequada contribui, também, para o decréscimo de fatores de riscos como
sobrepeso, obesidade e doenças crônicas (19). Durante a infância, ocorrem grandes
modificações e construções dos hábitos alimentares, o que confirma a relevância da
educação nutricional para promover na fase adulta um estilo de vida saudável (20).

Gráfico 2. Conhecimento das frutas pelos participantes:

Fonte: Elaborado pelo autor


Assim como em Almeida (2017), onde o reconhecimento do Caqui pelas crianças
foi de 10%, a porcentagem é próxima, pois foi de apenas 9,5%, mas a taxa de
reconhecimento é extremamente baixa (21). Mesmo com o baixo conhecimento da
fruta, a aceitação teve prevalência em 81%.

A mexerica, que pode ser denominada de outras maneiras, conforme a pesquisa de


Mostardeiro (2014), que tinha como objetivo avaliar o conhecimento das frutas sob
forma de degustação com alunos do 2º ano do Ensino Fundamental, 58% dos
participantes reconheceram a fruta e em Almeida (2017), foi reconhecida por 80% (22).

Segundo Pires (2020), em um estudo realizado com 13 crianças, 17,6%


reconheceram o Kiwi, e na pesquisa de Mostardeiro (2014), 37% dos participantes
reconheceram a fruta, porém entre as outras frutas que estavam presentes na pesquisa
foi a que obteve a mais baixa identificação, esta diferença pode estar relacionada ao
poder socioeconômico da família (22,23).

Segundo a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (BRASIL, 2012), as


diferenças de renda podem evidenciar no padrão de consumo alimentar dos diversos
níveis econômicos. De acordo com a última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF)
realizada no Brasil, aponta que aproximadamente 30 % das crianças em idade escolar
apresentam excesso de peso e que 11,8 % das meninas e 16,6 % dos meninos
apresentam obesidade (19).

O resultado onde 90,5% das crianças reconheceram a maçã foi semelhante a


pesquisa de Almeida (2017), onde a maçã foi 100% reconhecida pelos participantes e
também em Mostardeiro (2014) onde 83% conseguiram identificar a fruta. (21,22).

Gráfico 3. Aceitação das frutas pelos participantes:

Fonte: Elaborado pelo autor


A prática de atividades de educação alimentar e nutricional já é desenvolvida a um
longo tempo, devido sua importância, principalmente no meio escolar. Segundo Salvi
(2009), a fase pré-escolar tem grande interesse em receber informações sobre os
alimentos e nutrição, além disso, são plenamente capazes de receber informações sobre
esse assunto. Além disso, crianças na fase pré-escolar ficam entusiasmadas em
demonstrar seus conhecimentos, falar sobre seus hábitos e preferências alimentares (24).

6. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
A avaliação da atividade foi feita através da observação dos alunos sobre a
aceitação e consumo das frutas durante o almoço, que é realizado no próprio local do
estudo.

7. CONCLUSÃO
Após análise dos dados obtidos das amostras da pesquisa e observação
comportamental dos escolares no ato da aplicação da atividade, conclui-se que há
grande aceitação das frutas, porém baixo conhecimento, tendo em vista que o consumo
reduzido pode estar relacionado a diversos fatores, entre eles, socioeconômicos,
culturais e familiares.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o objetivo do estudo foi atingido, pois houve a participação das
crianças com plena interação e demonstrando interesse no conteúdo exposto, além de
apresentarem a devida aceitação das frutas ofertadas. Ademais, salienta-se a importância
de atividades de educação alimentar e nutricional para construção de hábitos
alimentares saudáveis ainda na infância.
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Vivências. Vol. 5, N. 8: p. 71-76, 2009.
ANEXOS
 ANEXO 1 – FRUTAS SELECIONADAS PARA DEGUSTAÇÃO DE CADA
PARTICIPANTE

 ANEXO 2 – PARTICIPANTE DEGUSTANDO AS FRUTAS COM A VENDA


NOS OLHOS
 ANEXO 3 – PARTICIPANTE DEGUSTANDO AS FRUTAS COM A VENDA NO
OLHOS

 ANEXO 4 – FRUTAS APRESENTADAS AO TÉRMINO DA ATIVIDADE

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