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CAPÍTULO 1

Era quase meia noite, Harry Mason estava em seu escritório


finalizando sua última obra. Seus olhos estavam cansados e já podia
sentir o sono chegando. A frente de sua escrivaninha havia uma janela
entre aberta com uma cortina de tecido suave de cor branca que
balançava com a leve brisa que adentrava ao seu quarto. A noite
estava clara e agradável. Sua mesa estava desarrumada e bem ao
lado dela uma lata de lixo repleta de páginas amassadas e
embrulhadas, pois assim como qualquer escritor, ao escrever uma
nota ruim, a mesma acabava desta forma dentro da lixeira.

Harry levantou-se e seguiu em direção à cozinha passando pelo


corredor bem em frente à porta do quarto de sua filha Cheryl, a porta
estava entre aberta com uma suave luz entrando em seu quarto vinda
do corredor direcionada a sua cama onde dormia tranquilamente
enrolada em seu cobertor. Cheryl não gostava do escuro, ela tinha
constantes pesadelos e por isso Harry achou melhor manter um foco
de luz para acalma-la em noites tempestuosas.

Harry sentou-se a mesa com um copo d' água em sua mão direita e a
outra mão sobre a perna esquerda e inclinou sua cabeça de forma
pensativa. Muitas coisas estavam passando em sua mente. Harry
havia perdido sua esposa há mais ou menos quatro anos, um
acontecimento que ninguém daquela família esperava e mesmo
depois de tanto tempo ele ainda custava a acreditar que isso havia
acontecido. Ninguém soube explicar como uma doença pode progredir
de forma tão rápida e se tornar fatal em poucos dias. O laudo informou
um tipo raro de câncer, mas era difícil acreditar, pois aquilo aconteceu
de forma tão rápida, ou seja, não era nada parecido com os sintomas
que essa doença apresenta. Harry apoiou sua cabeça na mesa e
passou a mão sobre a nuca, ele tentava entender como isso pode
acontecer a sua família.

Cheryl não sentiu tanto a perda da mãe adotiva, pois ela havia
passado pouquíssimo tempo ao lado dela, mas mesmo assim levou
um bom tempo para a pequena menina entender o que havia
acontecido. Ela tinha apenas três anos de vida quando aconteceu e
nesta idade fica difícil explicar uma coisa assim.

Harry ouviu sons de passos vindos em sua direção e levantou sua


cabeça em direção ao corredor, "- Papai?" era Cheryl vindo em sua
direção esfregando os olhos.

"- Filha? O que esta fazendo acordada?" perguntou Harry se


levantando e caminhando em sua direção, Cheryl estendendo os
braços para que ele a pusesse em seu colo.

"- Tive um sonho ruim" Cheryl respondeu abraçando-o, suas roupas


estavam levemente úmidas de suor "- Outro pesadelo? Isso está
ficando constante..." pensou Harry abraçando-a contra seu peito.

"- Esta tudo bem filha, vai ficar tudo bem, vamos tomar um copo de
leite e voltar a dormir tá bom?"

"- Tá bom." Respondeu Cheryl.

Harry pôs sua filha sentada na cadeira próxima a mesa, foi até a
geladeira, pegou a garrafa de leite e foi até o fogão para esquentar um
pouco. Minutos depois ele entregara um pequeno copo com leite
morno para sua filha.

"- Porque você ainda está acordado papai?" perguntou Cheryl ao


tomar o copo de leite morno.
"- O papai estava trabalhando filha, mas agora vamos voltar para
cama e tentar dormir, não se preocupe com nada, pois vou ficar do
seu lado até você conseguir dormir está bem?" disse Harry enquanto
apanhava o copo das mãos de Cheryl e o colocava a pia.

Cheryl respondeu balançando a cabeça enquanto Harry a colocava


em seu colo novamente e se dirigia ao quarto. Harry a colocou na
cama e a cobriu com seu cobertor passando a mão sobre seus
cabelos confortando-a "- Papai tá aqui do seu lado" disse Harry bem
baixinho com uma voz suave e acolhedora enquanto Cheryl balançava
a cabeça confirmando.

Harry estava sentado ao pé da cama de Cheryl. Enquanto olhava para


ela lhe veio à mente a lembrança de como Cheryl entrou em sua vida
que não foi de uma forma nada normal.

...

Sete anos antes...

Harry Mason e sua esposa estavam voltando de uma viagem de férias


que fizera para o sul do estado, o dia esteve agradável e sua viagem
estava tranquila, eles estavam no crepúsculo do dia, o céu estava com
uma cor suave de lilás mudando para o branco e o ar estava fresco
com uma brisa suave, não havia muito transito de carros pela estrada
que estavam passando, pois era uma via muito afastada, era uma
área rural do estado. Harry estava dirigindo há cerca de cinco horas e
estava começando a se sentir cansado, havia um copo com tampa,
vazio, que entes havia café, no porta copos do seu carro. Sua esposa
estava sentada ao seu lado no banco do carona, tirando um cochilo,
seu semblante era de felicidade, estava visível que as férias a haviam
feito muito bem. Ela usava um vestido florido e o seu casaco marrom
escuro enrolado em volta do seu pescoço como se fosse um cachecol.
Era uma mulher linda, magra de pele clara e cabelos lisos castanhos
escuros. Harry, como de costume, gostava de usar sua calça jeans e
sua jaqueta marrom com uma blusa de cor clara por baixo.

Após passar por uma placa na estrada onde indicava Brahms a 23 km


e Silent Hill virar a direita na próxima entrada, a esposa de Harry
acordou e deu aquele longo bocejo esticando seus braços se
espreguiçando.

"- Bom dia!" disse Harry olhando com o canto dos olhos para sua
esposa sem desviar a atenção da estrada.

"- Bom pela hora eu acho que é boa tarde não?" respondeu sua
esposa com um sorriso tímido e com os olhos apertados como quem
acabou de acordar.

Harry apenas balançou a cabeça dando o mesmo sorriso para sua


esposa "- Falta muito pra chegarmos?" ela perguntou a Harry olhando
pela janela e vendo a paisagem passando pela sua janela.

"- Mais uns 35 minutos eu acho, acabei de passar por um aplaca


informando que faltam 23 km para Brahms" respondeu Harry. Sua
esposa entendeu, pois Brahms ficava no caminho para sua cidade.

"- Essas férias foram ótimas, já fazia um tempo que não saímos assim,
temos que fazer isso mais vezes, é bom você dar um tempo no seu
trabalho às vezes!" ela disse olhando para Harry demonstrando
satisfação em seu semblante.

"- Foram boas! Principalmente para buscar inspiração para meus


livros" respondeu Harry enquanto diminuía a velocidade de seu carro
ao passar por uma curva. "- Estou pensando em escrever uma ficção
sobre uma cidade que eu ouvi falar que... ahh... O que é aquilo ali no
canto da estrada?" Harry interrompeu seu próprio raciocínio ao notar
algo estranho às margens da estrada. Sua esposa rapidamente
inclinou seu corpo em direção ao painel do carro para ver melhor
enquanto Harry diminuía a velocidade para ver o que estava ali.
Parecia ser algo enrolado em um cobertor, mas estava muito bem
enrolado para ter caído de um carro ou caminhão, parecia que havia
sido posto ali por alguém.

Harry passou com seu carro bem devagar, quase o parando, enquanto
sua esposa olhava para aquilo atentamente, "- Acho que não é nada,
deve ser alguma coisa que caiu de um caminhão?" disse ela se
afastando lentamente da janela aberta. Harry já estava se preparando
para acelerar o seu carro e voltar para a estrada quando ouviu o grito
de sua esposa aparentemente desesperada.

"- PARA! VOLTA! VOLTA! RÁPIDO!" Harry tomou um tremendo susto


e freou seu carro bruscamente.

"- O que foi? O que foi? O que você viu?" Perguntou Harry aflito
enquanto tentava ver o que sua esposa havia visto.

"- Acho que vi um pequeno braço saindo daqueles panos enrolados!


Acho que é uma criança que está ali!" disse a esposa de Harry com
seu rosto demonstrando estado de choque enquanto colocava a
cabeça para fora da janela do carro olhando na direção ao objeto na
estrada.

"- O que? Uma criança? Tem certeza?" disse Harry mais espantado
ainda.

"- Temos que ir lá ver!" disse a esposa de Harry saltando para fora do
carro ainda em movimento, indo correndo em direção à suposta
criança.

Harry parou o carro, puxou o freio de mão, abriu a porta e foi correndo
em direção a sua esposa deixando a porta de seu carro aberta. Ao
chegar lá viu sua esposa se abaixando em direção a cesta com sua
mão sobre seu rosto em uma expressão de espanto e foi aí que
tiveram certeza, havia mesmo uma criança ali enrolada naqueles
panos, deixada as margens de uma estrada por alguém,
provavelmente uma mãe que não a desejava ou não tivesse
condições de cria-la. Muitas teorias passavam pela cabeça de Harry
sobre o porquê daquela criança estar ali e principalmente o que eles
iriam fazer agora que a encontraram.

Harry se abaixou cuidadosamente colocando as mãos no ombro de


sua esposa, "- Eu disse que havia visto algo"! Veja, é um bebê! O que
nós vamos fazer?" Perguntou ela olhando para ele, sua expressão de
surpresa evidente.

"- Vamos começar tirando ele do chão!" disse Harry apanhando a


criança com muito cuidado e a pondo em seu colo.

"- Claro, claro!" disse sua esposa tão nervosa que nem havia pensado
nisso.

"- Ou melhor... vamos começar tirando ELA do chão!" disse Harry


após examinar melhor a criança a procura de algum bilhete ou algo
que informe o porquê ela estava ali sozinha no meio do nada.

"- É uma menina! Nossa e ela é linda!" disse a esposa de Harry


olhando para ela com um pequeno sorriso em sua face e segurando
em sua pequenina mão.

"- O mais estranho é que não há nenhum bilhete explicando o porquê


ela está aqui nesse lugar, ela simplesmente foi abandonada à própria
sorte!" disse Harry indignado olhando para o rosto da pobre menina.

Estranhamente a menina não chorava, estava acordada e observando


tudo a sua volta, aparentemente estava tranquila, não havia sinais de
maus tratos ou qualquer coisa do tipo. O lugar onde estavam era
diferente da paisagem que eles viram durante a sua viagem de volta,
pois o lugar era árido com umas árvores secas a sua volta e umas
pedras grandes pro todo local repleto por uma vegetação seca. Era
meio sombrio se comparado às paisagens que haviam visto por todo o
caminho. Eles se perguntaram quanto tempo àquela menina duraria ali
naquele local se eles não a tivessem encontrado. Mas o que mais
interessava agora é o que eles iriam fazer com ela.

Harry olhou para o rosto de sua esposa, olhou para o rosto da menina
e disse: "- O que você acha de adotarmos ela?". Sua esposa o olhou
de volta se mostrando pensativa e após uns segundos ela deu um
sorriso e disse: "- Claro que sim! Ela será nossa filha daqui por
diante.".

Os dois caminharam de volta ao carro, Harry a entregou aos braços


de sua esposa e os dois entraram no veículo e antes mesmo de Harry
ligar o motor sua esposa perguntou: "- Como iremos chama-la?".
Harry a olhou e os dois pararam por um segundo e observaram a
menina, seus olhos grandes e brilhantes os fitaram e Harry disse: "- O
que você acha de... Cheryl? Disse Harry olhando para sua esposa.

"- Cheryl... Cheryl Mason... Gostei! Bem vinda à família Cheryl!" ela
disse com grande emoção em sua voz...

...

Harry abriu seus olhos e olhou para Cheryl deitada em sua cama já
dormindo tranquilamente. Ficou feliz por sua filha conseguir dormir,
mas as lembranças de sua esposa em um momento mais feliz de sua
vida o fizeram entristecer e sentiu um aperto em seu peito ao perceber
que sua esposa não estava mais ao seu lado e que somente ele e
Cheryl seguiriam juntos.

Harry se levantou com muito cuidado para não acordar Cheryl e


caminhou lentamente em direção à porta deixando apenas uma fresta
de luz iluminando o rosto de sua filha que estava em um sono
profundo.

CAPÍTULO 2
Era de manhã e Harry acabara de levantar, Cheryl não teve mais
pesadelos e conseguiu dormir bem o restante da noite, normalmente
ele levaria Cheryl na escola, mas era verão e ela estava de férias.
Após vestir-se e escovar os dentes Harry foi para a cozinha preparar o
café da manha relembrando da viagem que fez com sua esposa sete
anos antes e foi quando ele percebeu que deveria aproveitar esse
tempo de férias de verão e fazer uma nova viagem, somente ele e sua
filha, ele sabia que uma viagem de férias iria trazer a tona certas
lembranças, mas ele pensou que era melhor revive-las ao lado de sua
filha do que fingir que nunca existiram.

Cheryl estava acabando de acordar e se dirigia para o banheiro


enquanto Harry a viu passando pelo corredor. "– FILHA, O QUE ACHA
DE FAZER UM PASSEIO COM O PAPAI?" disse Harry com um tom
de voz alto em direção ao banheiro onde Cheryl estava.

"– Um passeio papai? Para onde vamos?" disse Cheryl colocando a


cabeça para fora da porta do banheiro em direção à cozinha ainda de
pijama enquanto escovava os dentes.

"– Ah... não sei, vamos aproveitar que você está de férias e passear
um pouco!" disse Harry olhando para sua filha.

Obviamente a menina concordou entusiasmada como qualquer


criança ficaria ela já estava até pensando em coisas como parque de
diversões, comer besteira e coisas do tipo.
"– Podemos ir a algum parque para andar no carrossel?" disse Cheryl
com um ar de felicidade em sua voz enquanto lavava o seu rosto e
vestia suas roupas.

Harry imediatamente lembrou-se de uma cidade chamada Silent Hill,


muito próxima dali que tinha um parque de diversões, um imenso lago
entre outras coisas. Embora ele nunca tivesse ido a esta cidade ele já
ouvira falar muito bem dela devido as suas belas vistas e por ser
bastante acolhedora, um ótimo lugar para se passar um tempo se
divertindo.

"– Claro que sim, papai conhece um lugar aqui perto que tem um
parque muito legal, você quer ir?" disse Harry enquanto pegava Cheryl
no colo que vinha correndo em sua direção pela cozinha.

"– Quero sim! Vamos! Vamos! Podemos ir agora?" Perguntou Cheryl


enquanto seus olhos brilhavam de alegria em direção a seu pai.

Harry cogitou por um instante se havia algum compromisso naquela


manhã e depois de uns segundos chegando à conclusão que não ele
pensou "Ah... claro por que não?".

"– Podemos ir sim, agora vai arrumar seu quarto e depois venha tomar
o café da manhã para depois sairmos." Disse Harry a colocando no
chão com cuidado.

"– Esta bom papai! Já estou indo! Ah... posso levar meu livro de
colorir?" Perguntou Cheryl enquanto andava de costas pelo corredor
olhando para seu pai.

Harry se lembrou do livro de colorir que deu para sua filha em seu
sétimo aniversário, que foi decidido que seria comemorado no mesmo
dia em que ele e sua esposa a encontraram. "– Claro que pode filha,
agora vai fazer o que te pedi para podermos sair daqui cedo!" disse
Harry enquanto terminava de preparar a mesa do café da manhã.
"– Tá bom papai!" respondeu Cheryl correndo em direção ao seu
quarto para fazer suas tarefas.

Cheryl havia se tornado uma ótima menina, era inteligente e obediente


ao seu pai, muito bem educada e na opinião de Harry tinha uma idade
mental bem mais avançada para a idade que tinha.

Harry preparou sua mala, mas não colocou muita coisa, pois não
planejava ficar muito tempo em Silent Hill, já que ele tinha o seu
trabalho como escritor e as férias de verão acabariam dentro de uma
semana e Cheryl retornaria para a escola.

Cheryl fez a mesma coisa, apenas umas peças de roupas, meias,


roupas íntimas e produtos de higiene pessoal em sua mala e em seus
braços o seu livro de colorir no qual havia feito um desenho do rosto
de seu pai bem na capa, que ao olhar não se parecia nada com Harry
Mason, mas a intenção é que bastava!

Harry e Cheryl colocaram suas malas no banco traseiro de seu Jeep


vermelho e após Harry verificar todos os cômodos de sua casa para
ter certeza de que não esqueceu nada ele trancou sua residência,
entrou em seu carro e colocou seu sinto de segurança, Charyl já
estava sentada ao seu lado com o sinto devidamente colocado e em
seus braços estava seu livro de colorir. Os dois seguiram viagem em
direção a Silent Hill para passar bons momentos de alegria, paz e
tranquilidade.
CAPÍTULO 3
Harry já estava dirigindo por aproximadamente quatro horas e a noite
começava a cair, ele planejava chegar a Silent Hill ainda à luz do dia
mas devido ao trânsito na rodovia principal ele perdeu muito tempo
parado em um engarrafamento. Estranhamente a noite estava caindo
mais rápido naquele dia, Harry não entendia o porquê, ele achava que
era porque o tempo estava meio encoberto e dava a impressão que a
noite estava mais próxima do que devia, mas não se preocupou com
isso. A janela de Harry estava aberta e ele sentia que o vento estava
começando a esfriar, o céu já estava quase totalmente escuro e
embora ele soubesse que estava contornando a serra que antecede a
cidade de Silent Hill, só era possível enxergar a estrada iluminada pela
luz dos postes às margens da estrada, o que era uma pena, pois ele
queria muito estar ali mais cedo para que Cheryl pudesse desfrutar da
vista da montanha e ver o enorme lago de Silente Hill. Cheryl, a
propósito, não havia aguentado a viagem e adormeceu profundamente
ao lado de Harry no banco do carona com seu inseparável livro em
seus braços. Harry imaginou que ela iria se divertir muito colorindo seu
livro no quarto de hotel em após um dia agitado e divertido, isso com
certeza faria muito bem para os dois.

Durante o caminho Harry estava com o seu rádio ligado ouvindo


músicas, mas como ele havia entrado em uma região serrana, o sinal
estava desaparecendo e somente estática se ouvia, ele resolveu
desligar o rádio para não incomodar o sono de Cheryl. Harry imaginou
que ela iria dar trabalho para dormir, pois ela havia dormido quase o
percurso todo e quando chegasse lá não teria sono nenhum. Harry
planejava parar em um restaurante para jantar assim que chegasse à
cidade e imaginou que Cheryl estaria faminta, pois tanto ele quanto
ela só haviam tomado o café da manhã naquele dia.
Há alguns quilômetros adiante Harry passou por uma placa grande
que estava no acostamento direito da estrada que dizia "Bem Vindo a
Silent Hill", "– Aff... finalmente chegamos, já estava ficando cansado e
com sono." Pensou Harry aliviado. Mas assim que passou pela placa
Harry notou em seu retrovisor que estava sendo seguido pela estrada
por algo que parecia ser uma moto e ao se aproximar Harry viu que se
tratava de um policial ou uma policial e imediatamente ele sentiu um
frio na barriga tentando lembrar se havia trazido seus documentos
caso o (a) policial o parasse, mas no instante seguinte ele se lembrou
de que os documentos do veículo estavam no seu quebra sol e sua
habilitação estava em sua carteira no porta luvas do carro e apesar de
estarem usando cinto de segurança ele mais uma vez conferiu se
Cheryl ainda estava com ele e vendo que sim ele ficou aliviado.

A moto o veio seguindo, cortou para esquerda para ultrapassar o carro


de Harry e enquanto a moto passava ao lado do carro ele pode
perceber que se tratava de uma policial feminina, ela usava um
capacete branco, óculos com lentes esverdeadas, camisa azul e calça
preta, uniforme padrão da polícia local. A mulher olhou diretamente
para Harry, mas não o pediu para parar, ela acelerou sua moto e
seguiu em frente em meio à escuridão da estrada iluminada apenas
pela luz dos postes.

Harry não teve motivo para achar aquilo estranho, afinal deveria ser
uma atividade de polícia ou qualquer coisa parecida. Nesse instante
Cheryl estava despertando do seu sono e olhava para Harry piscando
seus olhos e bocejando, "– Ainda não chegamos papai? Falta muito?"
perguntou Cheryl ao seu pai enquanto olhava pela janela ao seu lado
tentando enxergar alguma coisa em meio à escuridão.
"– Ainda não, mas já está quase chegando, falta bem pouco agora.
Você dormiu bem?" Perguntou Harry enquanto fazia uma curva pela
estrada deserta e escura.

"– Eu tive um sonho muito estranho com uma menina que morava
nessa cidade que...".

Cheryl continuava a falar, mas algo estranho na estrada desviou a


atenção de Harry, havia algo na margem esquerda da estrada, algo
caído no chão, algo que brilhava com as luzes dos faróis do carro de
Harry e ao passar bem ao lado Harry pode ter certeza de que era.

"– Aquela é a moto da policial que passou por mim há alguns minutos
atrás. O que será que aconteceu? E onde está a policial? Isso é muito
estranho, faz poucos minutos que ela passou por mim! Se ocorreu
algum acidente, deveria ter sido há poucos segundos e ela ainda
estaria por perto?". Pensou Harry confuso ao passar bem ao lado da
motocicleta observando-a.

A moto estava ali caída bem próxima a um arbusto em meio à


escuridão e não havia nenhum sinal da policial. Harry diminuiu a
velocidade na esperança de ver a mulher caída na estrada precisando
de ajuda, mas não viu nada. Cheryl notou que seu pai avistara algo
estranho, mas não sabia o que era e tentava olhar a procura de algo.

Após isso Harry diminuiu a velocidade e passou a dirigir com mais


atenção enquanto descia a montanha em direção a Silent Hill e
pensou que assim que chegasse a cidade ele deveria procurar algum
responsável e comunicar o que havia visto.

Harry ainda tentava entender a situação e começava a elaborar


teorias sobre por que a policial estava desaparecida do local do
acidente, porém cada uma era mais controversa que a outra e foi
quando o rádio do seu carro misteriosamente ligou e começou e emitir
um som muito alto de estática.

"– Papai que barulho é esse? Desliga isso, por favor!" disse Cheryl
com um tom de voz alto enquanto tampava os ouvidos com as duas
mãos.

"– Calma filha papai já está desligando!" Respondeu Harry apertando


vários botões do seu rádio, mas estranhamente nada acontecia. O
som ficava mais alto à medida que Harry tentava desligar. Foi quando
Harry voltou sua atenção à estrada e notou que havia uma pessoa
caminhando lentamente no meio da via!

"– MEU DEUS!" Harry gritou bem alto, o que atraiu a atenção de
Cheryl e a fez gritar também: "– CUIDADO PAPAI! AHHHHHHHHH!"

Harry freou seu carro egirou toda a direção para a esquerda na


esperança de desviar da pessoa. Seucarro derrapou da estrada e
mesmo após todas as tentativas de Harry, ele nãoconseguiu controlar
seu veículo e bateu em uma rocha as margens da estradadeserta e
escura.

CAPÍTULO 4

Harry desperta no banco do seu carro com uma terrível dor de cabeça
e por uns três segundos ele não se lembra do que havia acontecido,
mas assim que retoma o controle ele sofre aquele cheque de
realidade! "– Meu Deus! O carro! A pessoa da estrada! Um acidente!
CHERYL!" Pensou Harry assimilando gradativamente tudo que havia
ocorrido.
Harry olha para o banco do carona e percebe que Cheryl não está lá e
que a sua porta estava aberta, ela havia desaparecido! "– Cheryl?
CHERYL?" Harry chama pelo nome da filha enquanto abre com muita
dificuldade a porta do seu veículo acidentado às margens da estrada.
Imediatamente, ao sair do seu veículo e caminhar uns metros à frente,
ele percebe que havia amanhecido e que esteve desmaiado durante
muito tempo.

"– Nossa, já amanheceu? Quanto tempo eu estive apagado, que horas


são? Onde está Cheryl? Pensou Harry de pé ali de frente para o seu
veículo destruído.

Ele pensou que poderia procurar sua filha com a ajuda de seu carro,
mas ao observar melhor chegou à conclusão de que não havia
possibilidades disso, pois seu carro estava bastante danificado e não
iria a lugar nenhum por conta própria, o jeito seria procurar a pé e foi
quando ele enfim voltou sua atenção ao lugar onde estava. A primeira
coisa que Harry notou foi à densa neblina cobrindo todo o local, tão
densa que só se via uns metros à frente. Olhando para trás ele pode,
mas com muita dificuldade, ver que havia um túnel. "– Não me lembro
de ter passado por um túnel antes de chegar à cidade?" pensou Harry
ficando cada vez mais confuso, mas sua preocupação no momento
era com Cheryl, pois ele não sabia onde ela estava ou se estava
machucada.

Ele começou a caminhar pela rua, não havia absolutamente ninguém


naquela cidade, as portas das lojas, até onde a neblina permitia ver,
estavam todas fechadas, nenhum som se ouvia, nem de pessoas,
carros, nenhum sinal de vida. A neblina era tão densa que ele nem se
quer podia ver o sol, apesar de estar tudo claro naquela hora do
dia. "– O que está acontecendo com essa cidade? Cadê as pessoas?
A essa hora do dia essas ruas já deveriam estar cheias de carros e de
pessoas caminhando nas calçadas. Onde está todo mundo?
Realmente parece uma cidade fantasma! Não foi assim que eu
imaginei nossas férias!" pensou Harry enquanto caminhava em
direção a uma das lojas e se esgueirava sobre o vidro da janela na
esperança de ver alguém, porém nada se via.

O clima daquele lugar não estava nada agradável, aquela neblina


densa e um frio se misturando a um ar pesado não lhe estavam
fazendo bem. Harry vestia apenas um casaco marrom com uma blusa
escura por baixo, calças jeans azul escuro e sapato social. Ele não
esperava estar em um local frio naquela época do ano e por isso nem
se preocupou em usar roupas mais quentes.

Deixando de lado seu desconforto pessoal ele seguiu caminhando por


uma das ruas de Silent Hil em meio à neblina tentando avistar algum
sinal de vida e principalmente a sua filha, mas sem sucesso, até que...
"– Passos? Este som parece com o de passos?" Harry falava consigo
mesmo surpreso ao ouvir sons de passos ali por perto e foi correndo
em direção ao som. Ao chegar na esquina ele dobrou a direita e
avistou mais a sua frente uma silhueta de o que parecia ser sua filha
parada no meio da neblina de costas para ele. Harry imediatamente
começou a gritar pelo nome de sua filha: "– CHERYL! CHERYL!" Mas
não obteve resposta e de repente a menina começou a correr para
dentro da neblina atravessando a rua ignorando quem quer que seja
que a estava chamando.

Harry não tinha certeza se era sua filha por causa da visão obstruída,
mas como não havia visto mais ninguém ele imaginou que só poderia
ser ela e começou a correr atrás dela: "– EI CHERYL! PARE! SOU
EU, SEU PAI! CHERYL!" Mas a menina continuou a correr para dentro
da neblina e Harry correndo atrás. Estranhamente Harry não
conseguiu alcança-la e a perdeu de vista, mas continuou correndo até
chegar à entrada de um beco onde ele conseguiu ver uma fraca
silhueta de Cheryl adentrando aquele lugar: "– CHERYL! PARE
AGORA!" Mas ela não parou e continuou seguindo correndo. Harry
continuou correndo atrás dela por aquele beco onde tinhas muitas
garagens dos dois lados e muitas latas de lixo com muito lixo
espalhado em volta delas, ele podia ver algumas árvores ao fundo,
com muita dificuldade, mas não se preocupou com isso e sim o
porquê Cheryl estava fugindo dele, aquela atitude não fazia sentido,
Cheryl nunca tinha agido assim na vida.

Harry correu por mais uns segundos e quando ele estava próximo de
chegar ao final do beco ele ouviu um barulho, como o de um portão de
metal se fechando. Ao chegar ao final do beco ele avistou a sua
esquerda um portão velho de grade, enferrujado entre aberto com
uma enorme placa fixada onde dizia "Cuidado com o cachorro" e teve
certeza que Cheryl tinha ido por ali, afinal não havia mais nenhuma
passagem no lado direito do fim daquele beco. Aquela placa avisando
que poderia haver cães ali o preocupou muito.

Ao passar pelo portão Harry teve uma visão aterradora, pois bem a
sua frente havia uma enorme poça do que parecia ser sangue, havia
muito daquilo espalhado pelo local, e ao chegar mais perto ele teve
certeza que era. O sangue aparentemente estava fresco, indicando
que o acontecimento havia sido recente. Estava espalhado por todo
chão e pelas paredes, havia um pedaço enorme de carne com ossos
no meio daquilo tudo. Harry não soube dizer se era humano ou de
algum animal, provavelmente um animal que havia sido atacado e
dilacerado, possivelmente pelos cães que estariam ali conforme
diziam a placa no portão. Harry se desesperou e gritou pelo nome de
Cheryl mais uma vez, mas como não teve resposta decidiu continuar
correndo.
A todo o momento passava pela cabeça de Harry, como aquilo tudo
estava acontecendo? O dia havia começado muito bem! Tínhamos
ótimos planos de passar umas férias agradáveis, só ele e sua filha em
um lugar tranquilo e de repente a coisa muda de figura e agora ele
parecia estar vivendo um pesadelo? Já estava começando a char que
ir para Silent Hill foi uma péssima ideia!

Lutando contra o seu próprio pensamento, Harry seguiu correndo por


aquele beco, que agora estava mais estreito e ficando cada vez mais
escuro, chegou ao final, desceu alguns degraus de escada, virou à
direita e continuou correndo até chegar ao final do corredor onde havia
mais um portão de metal totalmente enferrujado entre aberto e uns
latões de metal com sabe lá o que dentro encostado na parede ao
final do beco. "– Cheryl deve ter cruzado esses portões." Pensou
Harry ofegando devido à corrida que havia feito até ali. Ele cruzou os
portões que se fecharam com um imenso e horrível barulho de
dobradiças enferrujadas e após dar um passo à frente algo muito
estranho aconteceu, uma escuridão aterradora caiu sobre aquele
lugar, de repente não se podia ver nada a sua frente. O frio se
intensificou e Harry teve uma sensação muito ruim, algo que ele nunca
sentira, como se alguma coisa extremamente ruim estivesse vindo.
Um som começava a ecoar pelas paredes daquele beco escuro,
parecia o som de uma sirene de aviso de tornados, porém naquela
região do estado nunca foi registrado um caso de tornado. "– O que
significa esse som? Por que ele começou a soar assim que essa
estranha escuridão tomou conta deste lugar?" Eram perguntas que se
formavam na mente de Harry, ele temia pela vida de sua filha e
decidiu que não poderia ficar parado ali tentando achar respostas.

Ele colocou a mão em seu bolso e retirou um isqueiro que foi dado a
ele por sua esposa uns anos antes. Harry não fumava, mas por algum
motivo sentiu que deveria levar aquele objeto consigo em sua viajem.
Acabou que estava certo.

Harry acendeu o seu isqueiro, sua chama fraca não iluminava muito,
mas em meio aquela escuridão e sem saber o que ele encontraria,
achou melhor que nada. Harry seguiu andando por aquele corredor
enquanto tentava enxergar o caminho com a fraca luz emitida por seu
isqueiro e ao chegar mais uma vez no final daquele corredor ele se
deparou com uma cadeira de rodas muito velha e toda quebrada: "–
Isso está cada vez mais estranho e assustador!" pensou Harry
enquanto passava pela cadeira tentando ignora-la enquanto uma de
suas rodas ainda girava lentamente impulsionada por uma corrente de
ar que vinha do corredor com um rangido fantasmagórico.

Harry nem havia percebido, mas estava começando a chover. Ele


colocou sua mão direita sobre a chama para que a chuva não a
apagasse tomando cuidado para não queimar sua mão. Ao caminhar
mais adiante ele se deparou com o que parecia ser uma cama de
hospital com muitas manchas de sangue ainda úmidas e pedaços do
que parecia se pele queimada sobre os lençóis manchados.
Realmente era uma visão perturbadora, nada disso fazia sentido pra
ele. Ele só procurava pensar em encontrar sua filha e ir embora
daquele lugar o mais rápido possível.

Ele seguiu em frente. Havia um som perturbador que se parecia com


metal raspando em outro metal que estava ecoando por todo o lugar.
Havia muitas manchas de sangue pelo chão e pelas paredes à medida
que ele caminhava mais por aquele beco estreito e suas curvas. Ele
chegou a uma área que parecia com um labirinto, onde suas paredes
eram feitas de grades de metal manchadas com sangue e pedaços do
que parecia ser carne penduradas balançando com o vento frio e
emanando um cheiro horrível de morte. Harry se perguntava se Cheryl
havia mesmo passado por aquele lugar e como uma garotinha de sete
anos não sentiria medo em estar num lugar daquele, um lugar onde só
se vê em filmes de terror. Definidamente aquela não era uma cidade
normal.

Harry então chegou ao centro daquele labirinto de metal


ensanguentado, ficou aterrorizado ao ver pedaços de corpos, que com
certeza eram humanos, espalhados por todo o chão e mais a frente,
para a terrível surpresa de Harry, ali estava pendurado, em um
emaranhado de arame farpado enferrujado, somente a metade de
cima de um corpo humano! Estava com os braços erguidos e em um
avançado estado de decomposição, abaixo da cintura, onde deveria
estar às pernas estavam somente os intestinos pendurados e
balançando exalando um odor terrível de carne podre. Seu rosto
estava totalmente desfigurado e irreconhecível. Harry estava em
estado de choque, era a primeira vez que ele havia visto um corpo de
um ser humano em tal estado. Sentiu uma terrível ânsia de vômito
subir pela sua garganta enquanto olhava aquela imagem
perturbadora.

"– Ah meu Deus! Cheryl onde você está? Que lugar é este? O que
aconteceu aqui?" Harry fazia essas perguntas a si mesmo enquanto
tremia e observava a chama do seu isqueiro tremer junto com o seu
corpo. Foi quando Harry escutou um som estranho vindo do local por
onde havia passado para chegar ali, um som agudo e alto, um tipo de
guinchado e ao se virar ele pode ver uma figura macabra vindo em
sua direção. Harry estava apavorado ao ver aquilo e começou a andar
para trás tropeçando nas partes de corpos que estavam no chão: "–
Para trás! Fique longe! Não se aproxime!" Gritou Harry olhando
fixamente para criatura que não obedecia as suas ordens e se
aproximava cada vez mais. Ao chegar perto ele pode perceber que
era um ser de baixa estatura, muito parecido com uma criança, mas
tinha braços longos e finos e parecia estar segurando uma faca suja
de sangue, tinha uma pele de cor marrom clara com manchas
escuras, andava lentamente, toda encurvada e não tinha rosto, era
realmente algo ruim, muito ruim!

A criatura aproximou-se dele e deu um salto em direção as suas


pernas na tentativa de agarra-lo, sua faca passou tão próximo à perna
de Harry que ele quase pôde senti-la, mas Harry deu um salto para
trás e a criatura foi ao chão fazendo um som de gemido sinistro, quase
como um lamento, mas logo estava se levantando e emitindo aqueles
sons fantasmagóricos. Harry segurava o isqueiro firmemente em suas
mãos enquanto tentava contornar o local e fugir dali pelo mesmo local
que havia chegado, mas para sua terrível surpresa havia mais duas
daquelas criaturas vindo em sua direção, bloqueando a saída, Harry
parou diante daquelas criaturas horríveis e começou a andar para trás
lentamente à medida que elas se aproximavam desejando ter
qualquer coisa para se defender, mas ele não tinha nada além do
isqueiro. Ao olhar para as duas criaturas vindo em sua direção
lentamente, cada uma com uma faca nas mãos, sedentos por sangue,
Harry havia esquecido da pequena criatura que o atacara
anteriormente e que agora estava atrás dele e com um salto a criatura
agarrou as pernas de Harry por trás e o derrubou, com a queda seu
isqueiro saiu voando de suas mãos mas ainda sim se manteve aceso
por alguns segundos, segundos o bastante para Harry poder ver outra
criatura pulando em cima de seu corpo prendendo-o, elas tinham um
cheiro terrível de sangue misturados com algo ácido. Harry tentou
lutar, mas as criaturas eram fortes, mais fortes do que aparentavam.

"AHHHHH NÃOO! SOLTEM-ME SEUS MONSTROS! AHHH!


SOCORROOO! ALGUÉM POR FAVOR!" Harry gritava por socorro
mas já sabia que ninguém o ajudaria.
Foi quando a terceira criatura se aproximou e parou bem ao lado dele,
Harry estava se debatendo, deitado de bruços naquele chão imundo
repleto de sangue e pedaços de carne com duas criaturas que
pareciam ter vindo do inferno o segurando fortemente. Harry lutava,
mas não conseguia se soltar e com suas últimas forças ele virou seu
rosto para ver e criatura em pé ao seu lado, ela soltou um guinchado
alto e agudo, ergueu sua faca mirando o pescoço de Harry Mason.

"– AHHHH NÃO! NÃO! NÃOOOOOOO!" Harry gritou aterrorizado! Mas


a criatura desceu sua faca selvagemente penetrando seu pescoço
com uma fúria infernal, e foi aí que...

CAPÍTULO 5
"NÃO! NÃOOOOOOOO! AHHHHH!" Harry saltou ofegante do sofá
onde estava deitado dormindo, com seu coração extremamente
acelerado e suando frio. "– Onde estou?" Pensou Harry. Foi aí que, ao
dar uma melhor olhada onde estava pôde perceber que aquilo tudo foi
só um pesadelo, um terrível pesadelo, um pesadelo extremamente
real.

Harry, ainda abalado com aquela cena, deu uma olhada no local para
perceber que estava no que parecia ser uma cafeteria. Havia umas
mesas rústicas com cadeira semelhantes, um longo balcão típico de
lanchonete e... "– Ah Deus! Finalmente uma pessoa nesta cidade!".

Havia uma mulher vindo lentamente em sua direção, estava usando


um uniforme de policial, era muito bonita e parecia estar bem calma.

"– Será que essa é aquela policial que eu vi na estrada quando vinha
pra cá?" Harry pensava ao olhar fixamente para a mulher que estava
parada diante dele. "– Será que foi ela que sofreu aquele acidente de
moto?"

A mulher então se sentou em um dos bancos do balcão. Harry estava


sentado com a cabeça baixa em um dos bancos da cafeteria que
ficavam próximos às vitrines enquanto passava as mãos no rosto.

"– Como está se sentindo?" perguntou a mulher com uma voz suave
ao olhar para Harry.

"– Como se estivesse sido atropelado por um caminhão! Meu corpo


todo dói, mas eu acho que estou bem." respondeu Harry passando a
mão no pescoço e olhando para a policial sentada ao balcão com as
pernas cruzadas.

"– Que bom!" Respondeu a mulher observando Harry sentado a sua


frente. "– Você é das redondezas? Conte-me o que aconteceu."

"– Eu não sei o que aconteceu, sou apenas um turista, cheguei com a
minha filha a esta cidade para umas férias. Não sei o que há de errado
aqui, mas gostaria muito de saber".

"– Entendi" respondeu a policial.

"– Estou procurando a minha filha, é uma menina branca, tem sete
anos, cabelo preto, você a viu?" perguntou Harry esperançoso de que
a policial teria alguma informação que pudesse ajudar.

"– Não. Desde que cheguei nesta cidade, à única pessoal que eu vi
até agora foi você." Respondeu ela.

"– Mas, o que está havendo com essa cidade, onde estão todos?"
perguntou Harry.

"– Também não sei o que está havendo, eu lhe diria se soubesse, mas
posso afirmar que nada disso é normal, algo muito estranho está
acontecendo."
Harry ficou surpreso com a resposta e contente por não ser o único a
estar vivenciando aquela situação.

"– Como você se chama?" perguntou a policial.

"– Harry... Harry Mason."

"– Eu me chamo Cybil Benett, sou a oficial de patrulha das forças


especiais da cidade de Brahms, próximo a Silent Hill." Respondeu a
policial. "– Infelizmente os telefones estão mudos assim como os
rádios, tenho que voltar para Brahms e solicitar reforços para fazer
uma investigação mais detalhada sobre o que está acontecendo aqui."

Harry então se levantou e começou a caminhar em direção à porta,


ele já ia girar a maçaneta...

"Espere, aonde você pretende ir?" Disse Cybil enquanto Harry olha
para trás em direção aos olhos de Cybil.

"– Minha filha! Ela está sozinha nesta cidade! Tenho que encontra-la!
Ela é tudo que eu tenho!" respondeu Harry com uma voz intensa.

"– Não, Não, pode ser muito perigoso lá fora, não sabemos o que há
em meio a esta neblina?" disse Cybil caminhando lentamente em
direção a Harry.

"– Cheryl é minha filha, não posso deixa-la sozinha neste lugar, acha
que eu vou ficar sentado aqui esperando pra ver o que vai acontecer?
Não mesmo!"

"– Tá entendo, mas você tem alguma arma ou algo para poder se
defender caso apareça alguma coisa perigosa?

"– Humm... Não, não tenho."


"– Olha, eu não deveria de jeito nenhum fazer isso, mas já que as
circunstâncias não são normais, e eu não posse te prender aqui, eu
não tenho outra escolha."

Cybil retira sua pistola 9 mm do seu coldre e a entrega para Harry, ela
olha para ele com muita seriedade em seu olhar e diz:

"– Tome, fique com isso, só use se realmente for necessário e o mais
importante, olhe bem em quem você está atirando, não quero que me
acerte por engano ou até mesmo em sua filha. Entendido?"

Harry nunca havia segurado uma arma em sua vida, e jamais


imaginou que uma policial lhe entregaria uma algum dia, mas dadas
as circunstâncias Harry a pegou com muito cuidado examinando-a.

"– Sim claro, tomarei muito cuidado e obrigado." Respondeu Harry


observando os detalhes da pistola em suas mãos e a guardando em
seu bolso em seguida.

"– Fique por perto, assim que eu conseguir ajuda eu voltarei."

"– Entendido" respondeu Harry.

Cybil então caminhou lentamente em direção à porta e saiu.


Rapidamente ela havia desaparecido em meio à neblina densa e
insistente.

Harry então decidiu explorar a cafeteria onde estava a procura de


pistas que pudesse levar a sua filha. Ele caminha mais ao fundo do
estabelecimento e bem ao lado de uma velha máquina de pinball
desativada, em cima do balcão, havia um mapa da cidade. "– Ah, mais
que ótimo! Isso vai ajudar muito! Poderei caminhar por esta cidade
sinistra sem me preocupar em me perder!" pensou Harry tendo uma
pontinha de ânimo crescendo dentro de si. Harry encontrou também
uma lanterna de bolso, do tipo que se coloca no bolso da camisa com
a lâmpada virada para frente iluminando o caminho. "– Isso também é
muito bom, não sei se aquela escuridão foi real ou não, mas se ela
aparecer de novo estarei mais bem preparado."

Harry apanhou a lanterna e a colocou no bolso frontal de sua jaqueta


marrom e viu que para sua alegria ela estava funcionando
perfeitamente, ele se perguntava se aqueles objetos ali foram
deixados por Cybil, mas como poderia já que ela não sabia da
situação em que ele estava? Enfim, após dobrar o mapa e colocar em
seu bolso ele... "– O que foi isso? Que som estranho foi esse?" Harry
pôde jurar que ouviu um som parecido com o de asas batendo,
grandes asas batendo, bem próximo a uma das janelas da vitrine. Ele
empunhou a pistola dada por Cybil, verificou se havia alguma trava de
segurança e foi lentamente caminhando em direção à porta
procurando ver algo em meio à neblina pelo vidro da vitrine. Ele já
estava coma a mão na maçaneta para gira-la quando ouviu um som
familiar vindo do fundo da cafeteria, era um som muito alto de estática
de rádio. Harry se lembrou do som que havia ouvido em seu carro na
viagem pra Silent Hill e eram incrivelmente parecidos. Ele caminhou
em direção ao som para ver que estava sendo emitido por um
pequeno rádio à pilhas de cor vermelha que estava em cima de uma
das mesas da cafeteria.

"– Um rádio? Achei que nada estivesse funcionando nesta cidade? E


este som estranho? O que significa?" pensava Harry enquanto
observava aquele pequeno rádio enlouquecido de tanta estática.

Foi quando de repente! "Crassshhhhh!" O vidro da vitrine estilhaçou-


se espalhando cacos de vidro por todo o lugar e em cima de Harry que
caiu de costas ao chão empurrando uma das mesas pra longe ainda
com sua arma em mãos. "– AHHHH! Meu Deus o que é isso?" Harry
olhou para cima e viu, aterrorizado, uma criatura enorme e alada,
batendo suas assas furiosamente. Harry mal conseguia acreditar no
que via, era uma criatura sinistra que lembrava um pterodáctilo, mas
parecia estar sem pele, somente em carne viva e exalava um cheiro
terrível indescritível.

Harry percebeu que aquele tipo de monstro iria machuca-lo e


rapidamente levantou-se apontando sua arma em direção à criatura
que sobrevoava o local. A criatura fez uma investida em direção a
Harry soltando um terrível grasnado furioso. O bico afiado passou bem
próximo a cabeça de Harry, mas em um golpe de sorte ele conseguiu
desviar do ataque. Harry empunhou sua arma e "Bam! Bam! Bam!"
puxou o gatilho três vezes acertando a criatura, um no peito, um em
uma das asas e outro no pescoço bem próximo a cabeça. A criatura
então deu um mergulho em direção ao chão, ela começou a se
debater enquanto uma enorme quantidade de sangue se espalhava
para enfim ficar imóvel permanentemente.

"– Isso com certeza não é um sonho! O que há de errado com esse
lugar?" Harry se perguntava, mas assim que a criatura parou de se
debater e Harry percebeu que estava morta, o rádio parou de emitir
aqueles ruídos estranhos e foi aí que Harry percebeu que de alguma
forma aquele rádio conseguia perceber a presença das criaturas
monstruosas de Silent Hill e as denunciava emitindo ruídos.

Harry pegou o rádio e colocou em seu bolso, ainda com as mãos


tremendo após aquele terrível susto. Aquele rádio seria um poderoso
aliado em sua jornada pelas ruas de Silent Hill.

Harry saiu às pressas daquela cafeteria, após ver aquela cena com
aquele monstro ele ficou ainda mais preocupado com Cheryl e decidiu
não perder mais tempo. Ele pegou o mapa da cidade e viu que,
estranhamente, já estava marcado nele o lugar onde ele estava, ou
seja, a cafeteria e com isso ele poderia decidir aonde ir sabendo onde
está. "– Bom... Como não conheço nada nessa cidade ainda, acho
melhor voltar aquele beco onde eu vi Cheryl pela última vez, seja em
sonho ou não!" Pensou Harry enquanto segurava o mapa e marcava o
seu destino com uma caneta que estava em seu bolso.

Harry então colocou seu mapa de volta em seu bolso, empunhou sua
pistola e começou a correr pra o outro lado da rua deserta. A neblina
estava ficando mais densa, dificultando sua visibilidade, mas isso não
o impediu. Ele seguiu correndo pela Rodovia Bachman, onde viu no
mapa, todas as lojas da região estavam desertas e fechadas como
esperado. Seu rádio por enquanto estava silencioso para o seu alívio.
Chegando até o cruzamento com a Rua Finney ele virou à esquerda e
continuou. Harry estava ofegante e começou a andar mais devagar,
seu rádio volta e meia emitia uns ruídos familiares e Harry logo sentia
o frio e sua barriga e segurava fortemente sua pistola, mas ele estava
tentando poupar munição e procurava evitar conflitos, sempre que o
som emitido por seu rádio ficava mais intenso ele procurava se
esconder onde pudesse até que o ruído desaparecesse. As vezes era
possível ouvir os sons das asas batendo das estranhas criaturas, o
que deixava Harry ainda mais tenso. "– Aquilo só pode ser outro
pesadelo, tem que ser outro pesadelo!" Ele pensava a todo o
momento.

Harry enfim chegou à entrada do beco e continuou correndo por ele


rezando para não encontrar o que havia encontrado em seu sonho, só
que antes mesmo de chegar ao final do beco seu rádio começou a
soar alto, ele sabia que algo já estava ali e ele teria que lutar. Ele
olhava para cima com sua arma em mãos aguardando o ataque aéreo
daquela criatura medonha, mas para sua surpresa algo estava vindo,
caminhando em sua direção, Harry pôde ver o que era ao chegar mais
perto, era um tipo cachorro que se encontrava na mesma situação que
o monstro alado, não tinha pelos e parecia não ter pele, só a sua
carne ensanguentada podia ser vista, seus dentes, maiores que o
normal, estavam expostos enquanto gotas de sangue pingavam de
sua boca. Ele andava coma a cabeça baixa em direção a Harry. Assim
que o animal percebeu sua presença ele correu em disparada
exibindo seus dentes e fazendo um rosnado ameaçador. Harry deu
dois passos para trás, apontou sua arma e disparou! "Bam! Bam!" Um
tirou passou direto e o segundo acertou perto do pescoço! A criatura
foi ao chão, sangue escorria de seu ferimento, Harry se aproximou da
criatura, pronto para efetuar mais um disparo, mas viu que a mesma
não iria a nenhum lugar e ele não queria gastar munição, portanto
resolveu dar um fim a agonia daquela coisa de outro modo. Ele reuniu
toda sua força e com um único chute na cabeça do monstro o abateu.
E após um grito de agonia, a criatura parou de se mover e seu rádio
silenciou.

Harry percebeu que as coisas estavam ficando cada vez mais


complicadas, o perigo agora vinha tanto pelo céu quanto pela terra.
Ele teria que encontrar Cheryl logo e dar o fora dali antes que algo
mais perigoso aparecesse.

Harry seguiu em frente pelo beco até passar novamente pelo portão
de grade informando perigo de cães à frente. "– Essa placa deveria
estar fixada na entrada deste beco!" pensou ele.

Do outro lado Harry pode ver novamente a poça de sangue gigantesca


com pedaços de carne e ossos e se perguntava em que ponto o seu
último pesadelo teria começado, pois tudo aquilo era muito familiar.

Harry seguiu correndo pelo beco, seu rádio em silêncio, passando


pelos mesmo locais onde havia passado antes durante o seu
pesadelo, ou não, até chegar ao primeiro portão de grade de metal
extremamente enferrujado e com um rangido ele o atravessou. Do
outro lado havia umas manchas de sangue pelo chão e para surpresa
de Harry o caminho terminava ali, pois um imenso bloco de concreto
bloqueava a passagem, como se um pedaço gigante da parede do
beco tivesse sido derrubada impedindo sua passagem. Ao observar
melhor em volta Harry percebeu que havia algo no chão em meio às
manchas de sangue misturadas com pedaços de pedra e concreto: "–
Ah meu Deus, este é o livro de desenhos de Cheryl!" Harry
reconheceu o livro por causa do desenho feito por Cheryl que estava
na capa. Harry se abaixou e o examinou a procura de novas pistas
que indicassem o paradeiro de sua filha. Harry notou que bem ao lado
dele havia um pedaço de papel amassado e muito sujo, mas que
havia algo escrito, aparentemente escrito por uma criança, onde dizia
"para escola". Harry rapidamente chegou a conclusão que aquilo havia
sido escrito por sua filha e que agora ela poderia estar na escola. "–
Mas porque ela estaria lá?" Ele pensou. "– Isso não importa agora,
esta é a melhor pista que eu tenho por enquanto, tenho que até lá
verificar!".

CAPÍTULO 6
 

Harry pegou seu mapa e viu que havia uma escola próxima dali, era a
Escola Primária Midwich, ele fez uma marcação no mapa indicando
seu destino.

Harry então seguiu em direção à entrada do beco passando por seus


corredores, até chegar novamente na Rua Finney. Ele calculou, após
ver em seu mapa, que para chegar à escola deveria seguir a esquerda
na Rua Finney, virar a esquerda na Rua Midwich e seguir até o fim
chegando assim à escola. Decidido então ele seguiu pela Rua Finney,
tomando um extremo cuidado com as criaturas que estavam sempre
por perto as evitando sempre que possível até que pouco antes de
chegar ao final da Rua Finney ele se deparou com algo
surpreendente, a estrada havia desaparecido! Não havia nada mais
além de um imenso abismo onde não se podia ver o fundo.

"– Destruída? Como a estrada pode estar destruída? O que pode ter
acontecido para que a estrada ficasse assim? Um terremoto? Perece
que a estrada foi implodida! Meu Deus o que há com esta
cidade?" Dúvidas e mais dúvidas brotavam na mente de Harry à
medida que ele adentrava mais naquele mundo estranho.

Harry não podia seguir por ali e então resolveu voltar e tomar outro
caminho. Após fazer um risco em seu mapa indicando que a Rua
Finney não tinha saída ele voltou uns metros ele decidiu pegar a
direita na Rua Levin e virar a direita novamente pela Rua Matheson,
ou pela Rua Bloch, ou pela Rua Bradbury, ou seja, quaisquer umas
dessas ruas transversais o levariam a Rua Midwich e em seguida até
a escola. Ele seguiu pela Finney pelo canto direito passando por uma
área residencial, havia várias casas, todas aparentemente
desabitadas, com árvores nos jardins gramados à frente. Harry passou
em frente a uma casa desta rua onde havia uma casinha de cachorro
a frente dela sobre o gramado, Harry notou que havia muito sangue
em volta da casinha. Ele achou muito estranho, mas decidiu não se
importar e continuou sua jornada. No caminho ele notou que o rádio
estava emitindo muitos ruídos e sabia que o perigo estava ficando
cada vez mais próximo, portanto redobrou sua atenção.

Chegando a esquina da Rua Levin com a Matheson ele dobrou a


direita e continuou sua corrida até se deparar mais uma vez com a rua
totalmente destruída, semelhante à Rua Finney. "– Ahhhhh! Mas que
droga! Outra estrada destruída! Quantas mais estarão destruídas
nesta cidade!" Harry estava perdendo a paciência com tudo aquilo,
afinal, sua filhinha de apenas sete anos de idade estava desaparecida
naquela maldita cidade infestada de monstros surreais e nem as
estradas estavam colaborando.

Harry estava cansado de tanto correr naquela neblina, que não se


dissipava, fugindo de monstros que queriam seu sangue! Ele inclinou
seu corpo com as mãos sobre os joelhos para tomar um fôlego e
observou a sua frente, bem na beirada do abismo sem fim, várias
manchas de sangue e junto com elas havia alguns papéis também
sujos de sangue. Ele percebeu que havia dois papéis postos lado a
lado que continha uma informação escrita, aparentemente por uma
criança. Em um deles estava escrito "casinha de cachorro" e no outro,
"Rua Levin". Harry imediatamente lembrou-se que havia passado por
uma casinha de cachorro sobre o gramado de uma das casas na Rua
Levin e imaginou se havia algo de interessante nesta casinha baseado
nessas novas pistas que encontrara.

Harry acreditava que estas eram pistas deixadas por Cheryl para que
ele a encontrasse, mas por que afinal ela estaria fazendo isso? Por
que ela simplesmente não iria até ele para que os dois fugissem
daquele lugar? Sua mente estava confusa com tudo aquilo, mas no
momento ele não podia fazer nada além de tentar entender estes
enigmas e chegar ao fim daquilo tudo.

Ele então voltou pela Rua Levin e próximo à casinha de cachorro


misteriosa havia, porque não, um cachorro faminto o esperando. Harry
abaixou o volume de seu rádio e se aproximou lentamente da criatura,
aproveitando seu momento de distração e assim que teve uma visão
limpa "Bam!" um tiro certeiro em sua cabeça à fez cair em uma poça
de sangue. Harry, contente por não ter tido que usar mais que uma
bala para abater a criatura, aproximou-se da casinha para examina-la,
havia muito sangue dentro e fora dela, mas nada do lado de dentro
que possa servir como pista para o seu próximo destino, até que ao
olhar para o teto da casinha pela parte de dentro ele viu que havia
uma chave presa por fita adesiva no teto. "– Com certeza esse é o
lugar mais seguro de esconder uma chave reserva de uma casa,
quem iria meter a cabeça dentro de uma casinha de um cachorro
feroz?" pensou Harry ao retirar a chave dali.

Harry imaginou que aquela chave seria da casa mais próxima e foi em
direção à porta da casa naquele mesmo jardim onde estava a casinha
de cachorro. Ele subiu as escadas de madeira que rangiam e se
posicionou em frente à porta "Toc, toc, toc" ele bateu na porta na
esperança de alguém atender, mas não teve resposta. Procurou
alguma campainha, mas não encontrou e decidiu então tentar abri-la.
Harry inseriu a chave a girou fazendo a porta ser destrancada.

Harry entrou na casa, "– Olá? Tem alguém em casa? Oláaaa?" Harry


gritou, mas ninguém o atendeu. A casa estava vazia. Havia um longo
corredor com piso de madeira e mais a frente a sua direita havia uma
porta trancada. Harry seguiu em frente passando pela sala onde tinha
uma grande mesa de madeira com uma caixa vermelha em cima,
Harry a examinou e para sua incrível sorte, se é que pode se dizer que
Harry Mason era um home sortudo, era uma caixa de munição
compatível a sua arma. "Ah que ótimo! Menos uma preocupação!"
Harry pensou enquanto recarregava sua pistola e esvaziava o restante
da caixa colocando a munição em um dos bolsos de sua jaqueta. Ao
lado da mesa havia uma televisão, porém Harry não a conseguiu ligar,
pois não havia energia elétrica. Harry seguiu para a cozinha, havia
uma pia com panelas vazias dentro e ele nem se arriscou a abrir a
geladeira para ver o que tinha, vai que dali de dentro sai algum tipo
de... Enfim ele continuou sua busca até chegar à porta fechada que
daria para o jardim dos fundos da casa, porém ele notou que havia
três cadeados trancando fortemente esta porta. Seria difícil passar por
ali. Harry olhou em seu mapa e notou que se ele passasse por aquela
porta ele chegaria a um beco que através dele poderia chegar
facilmente a Rua Midwich e decidiu que valeria a pena o esforço em
destrancar a porta. Ele não queria perder tempo procurando pela
casa, as chaves daqueles cadeados e decidiu arrombar a porta, tomou
distancia e "BAM! BAM! BAM!" deu três chutes com toda a força, mas
ela nem se mexia! Ele pensou em dar uns tiros nos cadeados, mas
não queria desperdiçar munição com aquilo, já que não sabia o que
encontraria do outro lado. Foi então que ele olhou para o lado e ali
estava, fixado a parede, um mapa da cidade, semelhante ao que ele
tinha, porém havia algumas anotações feitas em certas áreas naquele
mapa. Havia uma marcação em forma de circulo feita na parte de
baixo da Rua Ellroy, uma linha reta rabiscada por todo o beco que
ligava a Rua Finney com a Matheson e uma seta no final da Rua
Finney. Harry também percebeu que estava escrito a frase "Chaves
para o eclipse" em um canto deste mapa. "– Chaves para o
eclipse?" ele pensou confuso, "– Provavelmente são as chaves que
abrem essa porta." Harry chegou à conclusão de que infelizmente as
chaves não estavam naquela casa e sim espalhadas pela cidade e
sentiu um enorme desanimo em saber que teria que procurar essas
chaves no meio daquele pesadelo terrível. Mas ele decidiu tentar,
afinal ele poderia, quem sabe, encontrar Cheryl nessa jornada e
mesmo que não a encontrasse, pelo menos saberia que ela não
estaria ali ou pelo menos não passou por aquela região da cidade
indicada no mapa, além do mais, ele nem havia tentado passar pela
Rua Matheson e nem pela Rua Bradbury, que também davam acesso
a Rua Midwich.
Harry copiou as mesmas anotações encontradas naquele mapa para o
seu e seguiu para porta de entrada da casa.

CAPÍTULO 7
 

Harry estava novamente na Rua Levin tentando decidir por onde iria
para chegar aos locais indicados onde poderiam estar as benditas
chaves. "– Que tipo de pessoa faz uma brincadeira dessas?" Harry
pensava enquanto observava o mapa. Antes de subir a Rua Levin até
a Rua Finney e ir em direção ao seu destino, Harry pensou em ir
verificar as Ruas Matheson e Bradburry, pois caso pudesse passar por
elas ele deixaria de lado essas chaves e iria de uma vez ao seu
destino.

Harry então desceu a Rua Levin em direção às duas ruas, mas ao


chegar lá ele viu que não havia jeito, todas elas estavam destruídas
impossibilitando sua passagem, foi tempo perdido! Sua única
esperança era tentar encontrar as chaves e abrir a maldita porta.
Harry então voltou correndo pela Rua Levin até chegar à Rua Finney,
virou à esquerda e continuou correndo. A cidade parecia estar cada
vez mais aterrorizante. Criaturas horrendas o perseguiam enquanto
ele corria a toda velocidade para escapar. Um dos cães chegou a
morder o tecido de sua calça enquanto tentava fugir, ele então teve
que gastar mais munição para abater algumas delas. A neblina estava
cada vez mais forte e o ar gelado penetrava em seus pulmões. Harry
estava vivendo um verdadeiro pesadelo e estava cada vez mais
preocupado com Cheryl em meio aquela situação. Em alguns
momentos ele chegava a pensar que ela já poderia estar morta, mas
ele fazia uma tremenda força para não pensar nisso e se manter
otimista.

Harry corria pela Rua Finney, passando por várias lojas de


conveniência, restaurantes, bares, drogarias, tudo abandonado e
deserto. Seu rádio incessante tocava toda vez que algo ruim se
aproximava e como sempre Harry tentava evitar. Ele chegou ao
primeiro e mais próximo local indicado no mapa, um beco que ligava a
Rua Finney a Rua Matheson. Harry parou de correr para pegar um
fôlego e foi caminhando lentamente para descansar aproveitando o
momento de silencio de rádio. O beco era idêntico ao primeiro onde
ele havia abatido o primeiro cão, muitas garagens, caçambas de lixo e
sujeira pra todo lado, exceto que em uma determinada parte do beco,
Harry encontrou um enorme portão de grade aberto que dava para
uma área que parecia ser uma quadra de basquete improvisada. Harry
entrou naquela área e caminhou em direção ao que parecia ser uma
poça de sangue abaixo da cesta e ficou horrorizado ao ver que na
poça de sangue havia uma cabeça decapitada de um cachorro, mas
era um cachorro normal que havia sido cruelmente morto por algo ou
alguém. Havia sangue na tabela da sexta de basquete. "– Meu Deus
será que alguém estava jogando basquete com essa cabeça de
cachorro? Quem seria tão ruim a ponto de fazer isso? Bom... monstros
nessa cidade são o que não falta!" Harry pensava horrorizado ao ver
aquela cena. Tentando esquecer aquela imagem perturbadora, Harry
notou que havia algo brilhante próximo a cabeça do cão, era uma das
chaves indicadas no mapa. Nela havia uma etiqueta que dizia "Chave
do lenhador". Harry não entendeu o que isso queria dizer, mas se
essa chave abrisse algum daqueles cadeados já seria o suficiente.

Harry pôs a chave em um dos seus bolsos e saiu daquele local.


Novamente no beco ele voltou em direção a Rua Finney para
prosseguir até o próximo local indicado. Harry decidiu ir em direção ao
Rua Ellroy e verificar primeiro o local indicado pelo círculo. Foi uma
longa corrida até lá, mas felizmente Harry não encontrou nenhum
monstro. Chegando ao final da Rua Ellroy Harry se deparou
novamente com a rua destruída e parou a beira do abismo retirando
seu mapa do bolso e examinando-o. "– Não há nada aqui exceto esse
penhasco, será que o mapa me trouxe para lugar errado? Ou será que
alguém já esteve aqui e pegou a chave?" Harry tentava entender o
que estava havendo, ali não havia nada, mas foi aí que ele notou um
pequeno brilho vindo de dentro de uma caixa de correio que estava
bem no canto, no final da rua e ao chegar mais próximo, mesmo com
a visão dificultada pela neblina, Harry pode ver que era uma das
chaves que ele procurava, mas para chegar lá ele teria que pular por
uma fenda que havia em sua frente causada pela destruição da
estrada, a chave estava bem ali a uns metros e ele não podia alcança-
la. Ele precisava de um meio de atravessar aquela fenda e como a
distância era muito longa ele não podia nem pensar em pular, isso
seria o seu fim. Foi então que ele avistou ali caída próxima a uma
parede de uma loja, uma tábua muito usada em obras. Harry não
gostou da aparência da tábua, mas ele não tinha muita escolha. Ele a
pegou e colocou atravessando a enorme fenda formando uma ponte
improvisada. Harry subiu muito lentamente naquela ponte duvidosa,
sentiu um enorme frio na barriga enquanto caminhava pela tábua
olhando o penhasco sem fundo enquanto escutava as fibras da
madeira estalando com o seu peso.

Harry ficou aliviado quando chegou ao outro lado em segurança.


Havia, como de costume, muito sangue espalhado pelo chão e na
caixa de correio. Ele olhou dentro da caixa e lá estava a chave. Harry
a pegou tentando evitar tocar naquele sangue espesso. Nesta chave
também havia uma etiqueta onde dizia "chave do espantalho". Mais
uma vez ele não entendeu o porquê disso, mas a guardou junto com a
outra, esperançoso de conseguir abrir a porta. Harry cuidadosamente
subiu na tábua e caminhou até chegar ao outro lado, feliz por ela ter
aguentado seu peso. Faltava apenas mais uma chave para completar
aquela busca.

Harry subiu a Rua Ellroy a toda, sempre atento ao seu rádio e as


criaturas que queriam o fazer de lanche. Harry pode perceber alguns
carros abandonados às margens da Rua Ellroy e a julgar pela
aparência estavam ali há um bom tempo, não iriam a lugar algum. Ele
chegou ao cruzamento com a Rua Finney e virou a direita em direção
à parte do mapa onde havia uma seta que ficava ao final da Rua
Finney.

Ao chegar lá ele avistou um veículo parado as margens do abismo, ou


seja, a Rua Finney estava destruída de ponta a ponta, e em meio a
neblina pôde perceber que havia uma criatura alada repousando em
cima do teto do carro. Harry empunhou sua arma e seguiu lentamente
em direção à criatura na esperança de pega-la desprevenida, porém o
som estridente do rádio despertou a atenção do monstro. A criatura,
ao vê-lo, soltou um grito alto, apavorante e deu um salto em direção a
Harry que quase não conseguiu desviar. A criatura fez uma virada
brusca no ar e novamente partiu em direção a ele, dessa vez com
suas enormes garras afiadas apontadas para a cabeça de Harry. Ao
ver a criatura vindo a toda em sua direção, Harry jogou seu corpo pra
trás, mas uma das garras conseguiu ferir seu rosto, fazendo seu
sangue escorrer lentamente.

"– AHHH! Monstro miserável!" Harry enfureceu-se e mesmo caído no


chão ele conseguiu se virar, posicionou-se de joelhos e mirou
fixamente na criatura que já estava vindo voando em sua direção
pronta para mais um ataque! "BAM! BAM! BAM! BAM!" Harry
descarregou quatro tiros na criatura alada, acertando-a e fazendo-a
mergulhar no abismo profundo desaparecendo em meio à névoa
densa.

Harry verificou seu rosto e viu que foi somente um corte superficial,
nada grave, mas grave o suficiente pra o fazer prestar mais atenção e
ser mais cauteloso daqui pra frente. Após limpar o sangue com as
costas de sua mão, ele se aproximou do veículo parado a beira do
abismo e descobriu que era uma viatura policial, estava em péssimo
estado, muito amassada e arranhada, o capô estava amassado e a
tampa do porta-malas estava aberta. Ele verificou dentro do porta-
malas e encontrou a terceira chave que dizia em sua etiqueta "chave
do leão". Antes de ir embora ele pensou que seria uma boa ideia
verificar o veículo a procura de munição ou algo que o ajudaria, o que
foi uma sábia decisão, pois no porta luvas do carro havia uma caixa de
munição para sua pistola além de algumas balas espalhadas pelo
assoalho. Harry recolheu todas as munições, recarregou sua pistola e
guardou o restante em seu bolso. Agora não havia nada que o
impedisse de seguir o seu caminho.

Harry voltou correndo em direção à casa da Rua Levin, como sempre


seu rádio soava a cada dez metros de corrida, ele então ficava atento
com sua arma erguida, pronto para o que viesse a lhe perturbar. Em
alguns momentos de silêncio de rádio somente seus passos no asfalto
podiam ser ouvidos, o que tornava tudo muito mais assustador. Enfim
ele chegou a casa, entrou e foi direto para a porta trancada com os
três cadeados e imediatamente começou a usar as chaves e um a um
foi destrancando. Enfim a porta podia ser aberta. Harry sem hesitar a
abriu para continuar sua jornada insana.
CAPÍTULO 8
 

Harry estava do lado de fora da casa, no jardim dos fundos, e só ao


dar uma olhada rápida ele pode perceber que havia um grande
gramado com uma mesa de madeira branca e duas cadeiras, algo
muito comum nesses tipos de ambientes. Mas ao dar o primeiro passo
em direção ao algo aconteceu! Uma terrível escuridão baixou sobre a
cidade, semelhante ao seu pesadelo.

Ele levantou sua cabeça olhando para o céu "– O que está


acontecendo? Será aquela escuridão de novo? Agora sim é que os
problemas vão começar!" pensou Harry enquanto uma onda de pavor
o cobria. Harry rapidamente acendeu a lanterna que estava em seu
bolso, seu alcance de luz não era tão longo, mas era muito melhor que
um isqueiro.

Harry continuou a sua jornada passando pelo jardim e saindo em um


beco com garagens. Agora, com aquela escuridão toda, tudo ficava
mais apavorante, um vento frio soprava o fazendo tremer. Ele nem
imaginava que horas eram, mas isso não importava mais, afinal ele
ainda precisava encontrar Cheryl e sair daquele lugar.

Harry então puxou seu mapa para traçar sua rota. Ele viu que
precisava virar a esquerda no beco até chegar à Rua Midwich e então
torcer para que estrada não estivesse destruída até a escola. Ele
seguiu seu plano, correu até o final do beco, virou a direita na Rua
Matheson, a sua esquerda havia o abismo que o impossibilitou de
passar por esta rua anteriormente, mas que agora felizmente ela tinha
continuação até a Rua Midwich seguindo pela direita na saída do
beco. Enfim ele conseguira chegar a Rua Midwich e agora era só ir em
direção à escola descendo a rua.

Harry teve certeza que a cidade seria era ainda mais perigosa no
escuro, seu rádio soava a todo o momento enquanto corria naquela
rua deserta, ele até pensou em desligar para não atrair atenção, mas
isso seria muito mais arriscado, era melhor correr o risco e estar um
passo a frente das terríveis criaturas de Silent Hill.

Mais a frente Harry avistou o que parecia ser um ônibus escolar


parado as margens da estrada, era grande e amarelo, devia estar ali
há muito tempo, suas janelas estavam todas quebradas. Ele caminhou
devagar ao lado do ônibus observando-o e quando ele estava
chegando a parte da frente ele avistou três cães perambulando bem
na entrada da escola. "– Affff! Tinha que estar bem ali não é?" pensou
Harry irritado com a situação. Os cães eram muito rápidos, ele já havia
conseguido dar conta de um ou dois, mas não tinha enfrentado três de
uma vez, era muito perigoso, portanto achou mais prudente fugir deles
e entrar bem rápido na escola.

Harry abaixou o volume de seu rádio, contornou o ônibus e ficou


parado esperando na parte de trás do veículo por uma oportunidade.
Lentamente os cães foram se afastando e Harry foi caminhando,
caminhando e "CRACK!" ele pisa em um galho que estava no
gramado bem em baixo de uma árvore. "– DROOOGAAA!" os cães o
viram e no mesmo instante os três partiram em disparada em direção
a Harry! Harry reuniu toda sua energia e correu o mais rápido que
pode em direção a porta de entrada da escola rezando para que ela
não estivesse trancada, porque se estivesse, seria seu fim! Os cães
estavam se aproximando, Harry puxou sua arma e deu um tiro para
trás, outro, e mais outro! Até que pelo menos um deles caiu, mas
havia outros dois ainda bem dispostos correndo ao seu encontro.
Harry então conseguiu chegar à porta da escola, ele girou a maçaneta
e felizmente a porta se abriu! Ele entrou rapidamente e fechou a porta
com violência para só então ouvir o estrondo que os dois cães fizeram
ao colidir com a porta fechada! Harry sentou no chão do hall de
entrada da escola, esgotado enquanto ouvia os dois cães rosnando e
arranhando a porta do lado de fora. Ele ficou ali por uns minutos até
recuperar as forças.

Após descansar bastante, Harry levantou-se para seguir viagem. Os


cães haviam desistido de tentar pega-lo e foram embora. O hall de
entrada estava bastante escuro, mas Harry conseguiu iluminar bem e
perceber os detalhes. O chão era feito com um tipo de madeira muito
bonita, porém as paredes estavam com uma cor azul claro bastante
desbotado e descascando, um claro sinal de abandono. A sua direita
havia uma bancada e para sua felicidade havia um mapa da escola
disponível. Harry rapidamente o apanhou e guardou em seu bolso. Ele
estava pensando em sair gritando o nome de Cheryl pela escola, mas
achou que isso poderia ser uma má ideia, já que ele não sabia o que
havia naquele lugar, seria melhor e mais seguro examina-la com
cuidado.

Harry seguiu atravessando a porta dupla a sua frente em direção ao


corredor transversal que dava acesso à enfermaria e a recepção da
escola. Toda ela tinha o mesmo estilo de design, o mesmo tipo de piso
e cores. Haviam alguns cartazes fixados em algumas paredes por
toda área, mas a maioria já estava ilegível devido ao tempo em que
estavam ali. Havia também uma fileira de armários de metal em frente
a porta da enfermaria, todos trancados.

A direita de Harry estava à enfermaria, ele caminhou até lá, abriu a


porta de madeira, com um horrível som de dobradiças enferrujadas e
adentrou ao local. A sua frente havia uma cama grande com lençóis
brancos empoeirados e sujos. Havia um enorme balcão de madeira
clara em baixo da janela e no canto esquerdo da sala havia outra
cama no mesmo estado com um pequeno armário de remédios ao
lado dela. Harry se aproximou e, ao examinar o armário, encontrou um
pequeno kit de primeiros socorros. "– Preciso limpar essa ferida no
rosto." pensou Harry abrindo o kit e verificando seu conteúdo. Harry
utilizou algumas gazes para limpar o ferimento em seu rosto causado
pela criatura alada. Vendo que não havia mais nada de interessante
naquela sala ele resolveu continuar sua busca.

Ao sair da enfermaria, Harry virou à esquerda e caminhou até a


recepção. Havia um balcão de atendimento e em cima dele uma lista
com alguns nomes de professores que lecionavam ali. Ao lado da
porta de entrada da recepção havia uma escrivaninha que ficava atrás
do balcão e do lado contrario uma mesa de madeira. Harry logo notou
que havia um pedaço de papel em cima da escrivaninha manchado
com sangue e ao olhar mais de perto ele descobriu que havia algo
escrito neste papel, escrito com sangue!... "– Nossa! Quem faria
isso? É doentio!" pensou Harry enquanto tentava ler a informação que
dizia:

"10:00"

"Laboratório de Alquimia"

"Ouro na palma da mão de um velho homem."

"O futuro escondido em seu punho."

"Trocar pela água do sábio."

Harry ficou extremamente confuso, ele não havia entendido o que


aquilo queria dizer, mas talvez não fosse a hora certa de entender,
com a experiência que adquiriu até ali ele pode perceber que Silent
Hill era um lugar muito enigmático e que mais cedo ou mais tarde ele
teria que decifrar estes enigmas pra conseguir o que queria. Querendo
ou não, ele estava preso em um tipo de jogo, e como todo jogo você é
recompensado se ganhar, e sua recompensa de qualquer maneira
deveria ser encontrar a sua filha.

Harry fez uma cópia daquele texto na parte de trás do mapa da


escola, era melhor levar aquilo consigo, o que não queria era levar
aquele papel ensanguentado com ele!

Ao iluminar melhor o ambiente ele percebeu que haviam mais um livro


escrito com sangue e mais um pedaço de papel em cima da mesa
atrás dele também escrito com sangue!

Ele primeiro verificou o livro aberto ao lado o iluminando e preparando


sua caneta e papel.

"05:00"

"Escuridão que traz o calor sufocante"

"Chamas rompem o silencio, despertando a besta faminta."

"Abra a porta do templo para chamar à presa."

Mesmo sem entender o significado, Harry copiou esta informação e


partiu para a terceira nota ensanguentada que dizia:

"12:00"

"Um lugar com músicas e sons"

"Um poste de prata está desvirado em línguas perdidas."

"Despertando a ordem prescrita."


Harry terminou suas anotações e continuou sua busca. A sua direita
havia uma porta que dava para a sala dos professores como dizia no
mapa. Harry caminhou até ela e a abriu.

Harry se deparou com uma grande mesa de centro com dois sofás
amarelos muito sujos e parcialmente rasgados, um vaso com uma
planta quase morta e a suas costas havia um enorme e macabro
quadro fixado na parede. A pintura era medonha, "– Minha nossa que
horror! Com certeza que pendurou isso aqui tem um terrível mau
gosto! Sem falar o pintor deste quadro, que com certeza deve ser uma
pessoa bem perturbada." Pensou Harry enquanto olhava com
desprezo àquela imagem. No quadro havia o que parecia ser uma
porta com três espaços quadrados divididos igualmente por sua área e
duas pessoas, aparentemente crianças, presas à parede uma de cada
lado da porta, amarrada em algum tipo de pano terrivelmente sujo.
Demonstrava sofrimento. Aquilo o fazia sentir depressivo e por isso
ele resolveu sair logo dali.

Harry saiu pela porta em direção ao corredor passando pelas notas


ensanguentadas. Virou a direita em direção à enfermaria chegando ao
centro do corredor. Ao seu lado esquerdo existia uma porta dupla,
semelhante a que ele passara para chegar ali, visto no mapa que elas
davam acesso ao pátio aberto da escola.

Atravessando estas portas ele saiu no que parecia ser o jardim da


escola, que de acordo com o mapa, toda a escola havia sido
construída em volta deste jardim. Estava extremamente escuro, mas
era possível ver algumas árvores pelos cantos, uma trilha em forma de
cruz feita com cimento que dava de uma ponta a outra pelo pátio,
alguns arbustos cortados artesanalmente em forma de quadrado e
bem a sua direita havia uma torre de relógio bem alta e em sua base
um par de portas duplas.
Harry então começou a caminhar em direção ao centro do pátio e foi
quando o seu rádio, começou a emitir ruídos altos, alguma coisa
estava se aproximando na escuridão. Harry havia guardado sua
pistola em seu bolso, mas às pressas a retirou e a empunhou
firmemente, atento ao que viria. No meio da escuridão a sua frente,
lentamente tomando forma ao entrar no raio de luz da lanterna de
Harry, ele imediatamente reconheceu, aquela figura era familiar, um
frio na espinha subiu com força enquanto aquela criatura caminhava
em sua direção enquanto erguia sua faca em direção a Harry, depois
outra criatura apareceu de trás dela e mais outra. Eram as criaturas
que havia lhe assassinado em seu pesadelo. Poderia até ter sido um
sonho, mas as criaturas eram bem reais. Mas dessa vez Harry estava
preparado. "– Não! Dessa vez vai ser diferente! PARA TRAS!" "BAM!
BAM! BAM!" Um tiro no peito de cada criatura e elas caíram, sangue
escorria e encharcava o chão enquanto elas gemiam e tremia de dor,
um lamento agonizante que Harry atendeu com uma forte pisada em
suas costelas fazendo-as quebrar. As criaturas pararam de se mexer e
morreram. Felizmente elas eram lentas e desde que elas não o
tocassem era possível abate-las facilmente. Harry recarregou sua
pistola sob a luz de sua lanterna e observando que não havia mais
nenhuma ameaça naquele local ele resolveu verificar melhor a torre
do relógio atrás de pistas. A frente da torre havia uma porta dupla
fortemente trancada. Havia dois orifícios, um de cada lado da porta,
onde Harry percebeu que poderia ser encaixado algo, mas Harry não
sabia o que e nem por que. "– Talvez algum mecanismo para fazer
essas portas abrirem?" ele pensou enquanto examinava
curiosamente. "– Enfim... continuarei explorando esse lugar e se eu
perceber algo familiar a isso já saberei aonde vir." Harry fez uma nota
metal, se virou e caminhou em direção à porta que dava para o lado
contrário da escola.
Ao atravessar as porta ele estava em um corredor lateral semelhante
ao da entrada da escola, ele puxou seu mapa do bolso se deu conta
que o local era muito grande e decidiu começar sua busca de cima
para baixo, sempre atento a tudo. Ele virou à esquerda e caminhou
em direção aporta. Do outro lado havia um imenso corredor contendo
duas salas de aula a sua direita e aos fundos o banheiro feminino e
masculino. A sua frente estava as escadas que o levariam ao segundo
andar, como seu plano era começar de cima para baixo, começou a
subir saindo em outro corredor com a mesma quantidade de salas de
aula, estava extremamente escuro e silencioso até que o seu rádio
começou a emitir ruídos, bem baixinhos, indicando que havia inimigos
a sua frente pelo longo corredor. Harry achou melhor evitar conflitos e
subiu mais um lance de escada em direção ao terraço, porém ele se
deparou somente com uma porta trancada. Ele voltou ao segundo
andar passou pela porta a sua frente que dava acesso ao quarto de
equipamento de laboratório, laboratório de química e a livraria. Ao
entrar neste corredor Harry deu de cara com duas criaturas armadas
com facas perambulando pelo local, Harry levantou sua pistola e
abateu as duas criaturas, uma com um tiro certeiro na cabeça e a
outra no pescoço. Elas rapidamente foram ao chão, ensanguentadas.

Harry parava às vezes para pensar se isso também não era outro
pesadelo. Tantas criaturas estranhas e sem sentido, todas
extremamente violentas, enigmas estranhos. Este tipo de coisa só se
via em filmes. Mas pesadelo ou não, ele teria que ir até o fim e
descobrir a verdade sobre Silent Hill e o mais importante, onde está
Cheryl?

Harry seguiu direto para o laboratório de química para verificar o que


havia dentro. Era uma sala grande com uma enorme mesa em formato
de "U" centralizada no ambiente. Havia um enorme quadro negro as
suas costas e a sua esquerda uma área com pias e torneiras, algo
muito comum para um laboratório. Porém havia algo em cima da
enorme mesa. Ao se aproximar e iluminar bem, Harry percebeu que
era a mão de uma estátua fortemente fechada segurando algo, pelo
formato do objeto era possível imaginar que ele serviria com perfeição
no orifício que existia na torre do relógio, porém não era possível
remover ele do punho fortemente fechado da estátua. Harry precisava
de algo para quebrar aquela mão sem quebrar o objeto.

Após sair, Harry entrou no quarto de equipamentos de laboratório


situado ao lado. Era uma sala apertada com uma estante de pé bem
no meio dela repleta de frascos sem rótulos, tubos de ensaio,
aparelhos de som e vídeo, entre outras coisas. Aparentemente não
havia nada de interessante, porém Harry avistou em cima de uma
estante aos fundos da sala, uma garrafa roxa, com um rótulo que dizia
somente "Ácido Hidroclorídrico Concentrado". Diferentemente dos
outros objetos dali, esta garrafa estava totalmente limpa, como se
estivesse sido colocada ali recentemente. De repente lhe veio a mente
o pequeno texto escrito com sangue que dizia algo na palma da mão
de um homem e sobre "água do sábio". Harry pegou seu mapa para
ler a informação que ele mesmo havia feito sobre esse assunto e
notou que algo se encaixava. "– Será que esse texto se refere a essa
substancia e também aquela mão de pedra? Trocar pela água do
sábio? Como assim? Será que eu devo derramar isso sobre aquela
mão estranha? Talvez eu não tenha que quebra-la e sim dissolvê-la.
Mas será que é isso mesmo que vai acontecer?" Harry tentava
entender e decifrar esse enigma. Ele decidiu que não custava nada
tentar e pegou a garrafa, saiu pela porta e entrou novamente no
laboratório de química ao lado.

Harry foi em direção à estranha mão sobre a mesa e começou a


destampar a garrafa. Aquilo exalava um odor fortíssimo percebia-se
que se tratava de algo extremamente corrosivo e que talvez sua teoria
estivesse certa. Ele começou a despejar o líquido sobre a mão, era
viscoso e meio transparente com um cheiro muito forte que o fez ficar
levemente tonto, forçando-o a se afastar.
"SHSHSHSHSHSHSSSSSSS! Harry começou a ouvir um chiado
vindo do contato com o líquido com o material do qual era feito a mão,
como se algo estivesse sendo frito em óleo fervente, uma fumaça
branca começou a subir fazendo todo o lugar ficar com aquele cheiro
horrível. Alguns segundos após a fumaça baixar, Harry se aproximou
para ver que a mão havia sido quase que totalmente dissolvida e que
agora um tipo de medalhão dourado em formato oval estava
disponível para ser apanhado. Harry pegou o objeto, o limpou, e
observou com cuidado, com certeza aquilo poderia se encaixar na
fenda ao lado da porta da torre do relógio.

Harry rapidamente foi em direção à torre, passando novamente pelos


corredores, descendo a escada, entrando no corredor lateral e
passando pela porta de acesso ao jardim. Ele se dirigiu a torre e no
canto esquerdo havia o orifício com uma plaqueta dourada abaixo que
dizia "O sol dourado". Harry o colocou, encaixando perfeitamente.
Harry já esperava que nada acontecesse, pois do lado contrario havia
outra fenda em que seria necessário colocar outro medalhão, que a
julgar pela placa indicativa abaixo, este deveria ser de cor prata. Harry
então precisava encontrar o outro medalhão se quisesse descobrir o
mistério da torre do relógio, mas no momento ele estava mais
preocupado com Cheryl, ele não poderia perder mais tempo, ele
precisava saber se ela estaria naquela escola ou se não ele deveria
continuar sua procura pela cidade. Ele também se lembrou que Cybil o
pediu para ficar por perto, pois ela retornaria com ajuda e eles poderia
encontrar sua filha e sair daquele lugar horrível.

Harry observou que o relógio na torre estava marcando 12h00min,


mas ele acreditava estar quebrado e não deu importância. Ele
retornou ao seu plano de busca e correu para o segundo andar do
colégio decidido a vasculhar cada lugar a procura de Cheryl ou
qualquer pista que levasse a ela. No andar de cima ele caminhou pelo
longo corredor do lado direito, guiando-se pelo mapa. Ele vasculhou
as duas salas de aulas que estavam neste corredor e não encontrou
nada além de cadeiras escolares vazias e empoeiradas, dúzias de
cartazes rasgados e ilegíveis colados nas paredes, e alguns inimigos
perambulando pelo escuro. Harry teve que abater dois deles que
estavam bloqueando o caminho pelo corredor, mas fez isso com
extrema cautela obtendo sucesso. Sua munição estava acabando e
por isso decidiu não mais combater a menos que fosse realmente
necessário, afinal ele não saberia o que poderia encontrar mais a
frente.

A escuridão e o ar pesado frio daquele colégio o estavam fazendo


ficar cada vez mais cansado. Mas ele não poderia desistir até obter
uma resposta.

Ao chegar ao fim do corredor, pouco depois de verificar os banheiros


feminino e masculino que estavam totalmente vazios, ele entrou pela
porta à direita dando acesso a sala de música e mais a frente, a sala
de armários. Antes de entrar na sala de musicas, passou uma coisa
por sua mente, enquanto pensava naquele relógio da torre e na hora
que ele marcava, a princípio ele achou que estava de certa forma,
quebrado, mas ao observar aqueles textos estranhos escritos com
sangue, ele lembrou-se que ali havia escrito um horário. Ele pegou
seu mapa para conferir e lá estava! As 12:00, algo sobre musicas e
sons, poste de prata.

"– Acho que estou começando a entender? Musicas e sons, só pode


ser aqui nesta sala de música, provavelmente o medalhão de prata
deve estar aí dentro." Harry então entrou na sala de música a sua
frente e observou que havia um grande piano com a tampa de
proteção das teclas aberta e algumas teclas manchadas com sangue.
Havia também um quadro negro com uma partitura colada nele com
algum tipo de poema escrito com sangue sobre ela. Um texto estranho
sobre "pássaros sem voz". Harry não deu muita importância ao
perceber que acima do quadro estava fixado em algum tipo de
mecanismo de trava o medalhão de prata.

"– Eu estava certo! Agora só preciso colocar ele na torre e ver o que
vai acontecer. Espero que não seja nada ruim." Harry pensou
enquanto pegava uma cadeira no canto da sala e se posicionava para
subir de modo a alcançar o medalhão.

Harry tentou, tentou e tentou de todas as maneiras possíveis, retirar o


medalhão dali, mas ele estava fortemente preso em algum mecanismo
de trava. Ele não iria a lugar nenhum sem que aquela trava fosse
aberta e Harry não imaginava como.

Ele então resolveu vasculhar a sala em busca de algo, mas ali só


havia o piano com algumas teclas sujas de sangue e o texto escrito
com sangue fixado ao quadro. "– Será que é outro enigma?" ele
pensou. "– Bom... de qualquer modo vou observar melhor esse texto
que está no quadro."

"Um conto de pássaros sem voz"

"Primeiro voou o ganancioso, pelicano, avido pela recompensa, asas


brancas batendo."

"Então veio um silencioso pombo, voando além do pelicano, o mais


longe que podia."

"Um urubu aparece, voando mais alto que o pombo, apenas para
mostrar que ele pode."
"Um cisne plana, para achar um lugar pacífico, próximo a outro
pássaro."

"Finalmente vem o corvo, chegando rapidamente a uma parada,


bocejando e então dormindo."

"Quem mostrará o caminho?"

"Quem será a chave?"

"Quem levará para a recompensa prateada?"

Era extremamente confuso e a princípio Harry não conseguiu


entender, mas ele sabia que eram algum tipo de instrução para algum
procedimento, ele só precisava juntar os detalhes e elaborar alguma
teoria.

Em seguida ele foi até o piano. Ele observou que as manchas de


sangue começavam em um ponto e terminavam em outro ponto,
dando a impressão que estava delimitando o espaço. Mas pra que?
Harry então começou a pressionar algumas teclas limitadas aquela
mancha e percebeu que algumas emitiam som e outras estavam
mudas, ou seja, sem voz, "– Sem voz? É isso! O poema falava algo
sobre pássaros sem voz, deve ter alguma ligação com esse piano e
essas teclas mudas." Pensou Harry olhando fixamente as teclas sob a
luz da lanterna. Ele pegou sua caneta e começou a marcar as teclas
que não emitiam som. Agora ele só precisava saber a combinação
exata. Ele nem saberia se isso iria, ou não, liberar o medalhão de
prata, mas tudo estava tão bem elaborado, mesmo sendo tudo tão
sinistro!

Harry então tentou entender o que mais o piano e o poema tinham em


comum. "– Bem... O piano fala de pássaros, cada um com a sua
espécie e também deixa clara a cor de cada um, alguns são pretos e
outros brancos, seja dando dicas de sua cor ou pela própria espécie.
Talvez seja isso! Acho que cada estrofe significa uma tecla a ser
tocada e a dica da cor da tecla está na cor do pássaro mencionado
nessa estrofe." Harry pensava com a sua cabeça esquentando com
todo aquele complexo enigma, mas ele achava que estava no
caminho certo.

Harry então começou a juntar as coisas e pôs em prática sua teoria.

"– Bom... a primeira estrofe diz: "Primeiro voou o ganancioso,


pelicano, avido pela recompensa, asas brancas batendo" O pelicano é
branco, conforme a descrição de sua asa e como diz que ele veio
primeiro, deve ser a primeira tecla da sequencia. Acho que deve ser
esta tecla aqui!" Harry tocou a primeira tecla muda branca da
esquerda para direita.

"– A segunda estrofe diz: "Então veio um silencioso pombo, voando


além do pelicano, o mais longe que podia." Pombos geralmente são
brancos e diz que voou o mais longe do pelicano, acho que é esta
tecla aqui!" Harry tocou a última tecla branca muda da sequencia, ou
seja, a que estava mais longe das outras.

"– A terceira estrofe diz: "Um urubu aparece, voando mais alto que o
pombo, apenas para mostrar que ele pode." O urubu é preto e já que
está voando mais alto que o pombo, deve estar próximo e acima
dele." Harry tocou a tecla preta muda mais próxima e acima da última
tecla branca.

"– A quarta estrofe diz: "Um cisne plana, para achar um lugar pacífico,
próximo a outro pássaro." O cisne é branco e esta planando próximo a
outro pássaro, ou seja, só existe uma tecla muda que está ao lado de
outra, deve ser esta aqui!" Harry tocou a tecla branca muda anterior à
tecla referente à tecla da pomba.
"– A quinta e última estrofe diz: "Finalmente vem o corvo, chegando
rapidamente a uma parada, bocejando e então dormindo." O corvo é
preto e como diz que ele finalmente chegou, ou seja, finalmente
alcançou os outros pássaros e em seguida deu uma parada rápida,
ele deve estar próximo ao pelicano. Espero que funcione! Deve ser
essa aqui!" Harry pressionou uma tecla preta muda acima da tecla do
pelicano uma casa atrás.

Harry apenas ouviu um som de clique vindo acima do quadro negro e


em seguida observou o medalhão prateado cair diante do quadro.

"– Não acredito que essa loucura deu certo! Mas quem estaria
elaborando estes enigmas sinistros? Com que propósito?" Harry
estava cada vez mais confuso com aquilo tudo, mas de certa forma
contente por ter conseguido resolver aquele complexo enigma.

Harry apanhou o medalhão e foi em direção à torre do relógio


passando pelos corredores escuros, frios e sinistros daquela escola.

Harry estava no pátio da torre com o medalhão em mãos. Ele


encaixou o medalhão no espaço indicado, abaixo na plaqueta estava
escrito "A lua de prata". Em seguida ele ouviu um som, aparentemente
vindo de dentro da escola, mas parecia estar vindo do subsolo, como
se algo tivesse sido acionado mecanicamente. Harry imaginava que
ao inserir o medalhão de prata as porta do relógio iriam se abrir, mas
não foi isso que aconteceu.

Harry decidiu investigar aquele som vindo, aparentemente do subsolo


da escola. Ele puxou seu mapa e verificou que se ele pegasse a porta
dupla em frente ao hall e virasse a esquerda até os corredores ele iria
sair em frente as escada que davam acesso ao subsolo onde havia a
sala do gerador e a sala de armazenamento, conforme dito no mapa.
Harry foi em direção ao subsolo e ao descer as escadas ele pôde
ouvir um som vindo de dentro da sala do gerador, Harry não sabia
explicar como era o som. Algo se ativou dentro dessa sala após
colocar os dois medalhões no relógio.

Harry então entrou na sala e logo notou o enorme gerador a sua


frente, parecia ser muito antigo, mas funcional. Havia uma luz
vermelha acesa e logo abaixo um botão onde dizia "pressione para
ligar". Harry pressionou o botão, o gerador fez um som alto de partida,
mas logo ele desligou. Após isso Harry ouviu outro som vindo da parte
de cima da escola. Ele podia jurar que era o som das portas do relógio
se abrindo.

Ele correu até lá, mas ao subir as escada e ficar diante do corredor
direito do andar térreo, ele ouviu algo estranho e incomum vindo do
andar de cima. Era um som muito baixo de algo metálico batendo
insistentemente. Ele imaginou que poderia ser alguém preso em
algum lugar. "– Cheryl! Minha nossa será que é ela?" Harry pensou
com um olhar de preocupação. Harry então subiu correndo as
escadas tentando localizar a fonte daquele estranho som. Ele o foi
seguindo e entrou no corredor onde estava a sala de musica e
rapidamente identificou a fonte como sendo a sala de armários. Ele
abriu a porta com força e se deparou com vários armários de metal no
centro da sala, um de costas pro outro, formando uma passagem a
sua volta em forma de "U". Harry reparou que aquelas batidas vinham
de dentro de um desses armários de metal do outro lado da sala.
Havia alguma coisa presa dentro dele, mas não poderia ser Cheryl,
afinal os armários eram muito pequenos para ela caber ali. Mesmo
assim ele decidiu investigar.

Ele se aproximou do armário lentamente com sua arma em mãos, a


porta batia incessantemente, algo tentava sair dali. Ele removeu a
trava da porta e para sua surpresa um gato saiu de lá correndo. Era
branco com manchas cinza e estava muito magro. "– Era só um gato!
Pobrezinho! Há quanto tempo ele está preso ali? E quem foi o monstro
que fez isso?" pensou Harry enquanto via o gato sair correndo porta
afora. Harry começou a caminhar em direção a porta e foi quando
ouviu um terrível grito apavorante emitido pelo gato do lado de fora no
corredor, como se ele tivesse sido atropelado! Harry levou um
tremendo susto, mas continuou caminhando em direção à porta com
sua arma na mão, ele sabia que algo ruim havia acontecido.

Harry chegou à porta, a luz de sua lanterna rapidamente revelou a


criatura humanoide abaixada no corredor devorando o que ainda
restava do gato. O chão estava todo ensanguentado enquanto ele
segurava com suas pequenas mãos grotescas e seus braços finos a
carcaça do gato! Sangue pingava de sua boca! A criatura avistou
Harry a sua frente, se levantou e começou a caminhar em sua direção
erguendo os braços. Harry aterrorizado com a violência da criatura
ergueu sua arma e "BAM!" um tiro certeiro na boca do monstro que
caiu se contorcendo! Harry se enfureceu, tomou impulso e como um
jogador de futebol acertou um violento chute nas costelas da criatura
fazendo-a ser violentamente empurrada em direção à parede! Um
rastro de sangue pintou o chão e a criatura ficou imóvel.

Passou brevemente pela mente de Harry uma terrível imagem de uma


dessas criaturas repulsivas fazendo o mesmo com Cheryl. Ele ficou
muito furioso, tomou fôlego e resolveu voltar a sua busca o quanto
antes.

Ele chegou ao pátio e para sua surpresa, as portas da torre do relógio


estavam abertas. Ele enfim consegui resolver o enigma do relógio.
Mas ao observar melhor o interior ele não teve certeza se queria
entrar ali.
CAPÍTULO 9
Harry entrou na torre do relógio, um pequeno e muito estreito corredor
estava a sua frente. Sem a sua lanterna seria impossível ver alguma
coisa. A sua frente estava uma escada de metal que descia a um lugar
desconhecido. Harry começou a descer a escada e quanto mais
descia mais longo parecia ser. De repente Harry escutou um som
familiar ecoando pelas paredes daquele estreito buraco ao qual
descia, era o som de uma sirene vindo de fora. Harry lembrou-se
imediatamente daquele som por causa do seu pesadelo e também
que algo muito ruim havia acontecido após escutar a sirene
anunciando a chegada da escuridão. Harry enfim chegou ao final da
escada, era um lugar muito pequeno com o teto muito baixo. As
paredes pareciam ser feitas de madeira muito envelhecida, o chão era
feito de grades de metal e havia alguns frascos vazios espalhados
pelo chão que pareciam ser de remédios. Mais a frente havia uma
pequena porta e em cima dela uma placa que dizia "Mantenha
distancia" "– Isso com certeza não é um bom pressagio." Pensou
Harry ao passar abaixado por aquela porta. Havia outra escada e
Harry começou a subi-la.

Ao chegar ao topo Harry cruzou uma porta semelhante à entrada do


relógio, saindo novamente em um pátio, muito semelhante ao que ele
estava anteriormente, o que algo não fazia o menor sentido! "– Onde
será que eu estou? Será que eu já passei por aqui? É igual ao jardim
da escola do qual eu acabei de vir." Harry caminhou em direção ao
pátio coçando a cabeça tentando entender o que havia acontecido.
Até que ao iluminar o centro do pátio ele avistou algo muito estranho.
Havia um símbolo enorme pintado no centro do pátio. Era redondo
com um triangulo no meio e uns símbolos desenhados no centro do
triangulo. "– O que é isso? Eu não me lembro de ter visto isso
antes!" pensou Harry ao examinar aquela marca pintada no chão.
Nada fazia sentido, não havia indicações no mapa para aquele local,
era como se ele estivesse ido a um mundo paralelo, muito semelhante
à escola, mas com alguma diferenças.

Harry desistiu de tentar entender o que era aquilo e o que estava


acontecendo e resolveu seguir em frente. Ele examinou rapidamente o
local, tinha exatamente as mesmas árvores e os mesmos arbustos
cortados artesanalmente, uns bancos de madeira velha nas laterais do
pátio e um escoadouro de água de chuva próximo a uma das portas
de saída do local, tudo igual exceto pelo desenho sinistro no meio do
pátio.

Ele cruzou as portas ao lado do escoadouro, já convencido que, de


alguma forma, estava no mesmo local ou em um mundo paralelo,
afinal, porque não estaria? Com tudo que ele vira até uma teoria
dessas seria possível, mas assim que cruzou as porta ele se deparou
comum lugar terrivelmente assustador! Definidamente não estava na
mesma escola! Todo o chão era feito com grades de metal, abaixo
dele não se podia ver absolutamente nada, somente escuridão, nem
mesmo a sua lanterna conseguia iluminar algo que pudesse ser visto.
As paredes estavam terrivelmente sujas e descascando, quase todas
elas estavam manchadas com sangue. Um odor de morte pairava
sobre o local. Havia restos de carne podre grudadas ao metal da
grade abaixo de seus pés. Não havia nem se quer um fio de luz vindo
de algum lugar. Harry sabia que aquilo era algo maligno e que se a
escola já era assustadora antes, agora se tornou um pesadelo bem
real! Algo terrivelmente sério estava acontecendo naquela cidade, algo
que ninguém pudesse explicar.

Harry, ainda aterrorizado, começou a vasculhar o local, ele entrou na


sala de armazenamento, se guiando por seu antigo mapa acreditando
que pelo menos a planta do lugar seria igual. Dentro dela havia
algumas mesas de metal enferrujadas e algumas grades presas à
parede. Também havia algumas bonecas sujas e sem cabeça
espalhadas pelo chão e presas nas grades, algo realmente
perturbador. Em cima de uma das mesas Harry encontrou uma bola
de borracha cor de rosa, estava limpa, ela havia sido colocada ali
recentemente. Ele achou melhor pegá-la, pois certamente aquilo iria
fazer parte de algum enigma estranho.

Harry saiu desta sala e verificou a porta de acesso ao corredor das


classes, porém estava trancada. Ele então se dirigiu ao lado contrário,
em direção à porta de acesso ao corredor das classes do lado direito
visto no mapa. A porta também estava trancada. Harry então observou
em seu mapa que teria como ter acesso ao corredor direito se
entrasse no grande salão em que tinha acesso pelo corredor superior
onde estava, pois de dentro deste salão havia uma segunda porta que
dava acesso ao corredor das classes direito.

Harry entrou no grande salão, estava muito escuro e sombrio.


Aparentemente não havia nada dentro daquele local aparentando ser
totalmente esvaziado. Seu rádio começou a chiar bem baixinho, Harry
sabia que havia algo ali naquele local. Ele empunhou sua pistola,
apontou sua lanterna para observar o seu inimigo, mas não conseguia
ver absolutamente nada. "– Será que o rádio estava com defeito? Não
estou vendo nada aqui?" Harry se perguntava ao caminhar lentamente
em direção ao centro da sala, Foi quando ele sentiu algo subindo por
sua perna, e ao olhar levou um tremendo susto! Era algum tipo de
inseto enorme, parecia uma barata gigante! Harry pôde sentir as patas
daquela coisa perfurando sua perna sentindo uma dor terrível. Ele deu
uma coronhada com sua pistola na criatura que voou para longe
emitindo um som assustador e agudo! A criatura caiu de pernas para
cima e as ficou mexendo tentando se levantar. Era extremamente
nojento! Deviam ter umas doze pernas no mínimo, e elas estavam se
mexendo violentamente enquanto a criatura se contorcia como um
besouro tentando ficar de pé! Harry se aproximou e com uma forte
pisada à criatura foi esmagada expelindo uma gosma amarelada,
grotesca, repulsiva com um odor fétido! "–AHHHH! Que nojo! Estou
com vontade de vomitar!" Harry pensava ao olhar para aquela coisa
esmagada no chão. "– Ao menos é mais fácil de matar!" ele pensou.
Mas havia mais duas daquelas coisas naquela sala, ele pode ouvir
suas patas tocando o metal das grades no chão. Harry as iluminou e
começou a esmaga-las pisoteando-as. Foi um festival de gosma
escorrendo por entre as grades. Já estava na hora de sair dali!

Harry saiu pela porta direto no corredor das classes do lado direito.
Ele conseguiu destrancar a porta que dava acesso ao corredor
superior e em seguida entrou na primeira sala de aula. Por dentro ele
avistou uma fileira de armários de metal todos enferrujados e
manchados de sangue e a sua esquerda uma enorme mesa com
algumas cartas de baralho espalhadas em uma ponta dela. Entre as
cartas havia um tipo de cartão amarelado com o desenho de três
quadrados pretos separados igualmente pela área do cartão e no
verso havia o desenho de uma chave. Aqueles três quadrados pretos
o fizeram lembrar-se da terrível e sinistra pintura que ele havia visto na
sala atrás da recepção na entrada da escola. Ele guardou em seu
bolso, pois era muito suspeito e quem sabe aquilo seria útil.

Harry viu que era possível acessar a outra sala de aula sem ter que
passar pelo corredor, pois havia uma porta que ligava as duas. Harry
atravessou a porta e estava dentro da sala de aula seguinte. Não
havia nada além de umas cadeiras velhas manchadas com sangue e
uma eterna escuridão. Ao sair pelo corredor ele se deparou com um
enorme portão de grade bloqueando a passagem até o subsolo, coisa
que não existia na escola versão mundo "normal" e pensou que
atravessar aquilo seria um problema se caso tivesse que passar por
ali por algum motivo.

Harry passou pela porta de acesso ao corredor inferior onde estavam


a enfermaria e a recepção. Ele deu uma olhada rápida pela
enfermaria, mas não havia nada além de camas tombadas, colchões e
lençóis imundos e sangue pra todo lado. Ele fechou aporta e seguiu
em direção à recepção. O balcão de atendimento agora estava
fechado com grades de metal. Harry foi em direção à porta para o
escritório atrás da recepção. Ao entrar ele ficou horrorizado com a sua
visão! No lugar do quadro havia uma porta e dois corpos pendurados,
um de cada lado da porta, exatamente como na pintura que antes
estava ali, só que desta vez era bem real! O odor de carne podre era
indescritível! Havia manchas de sangue para todo o lado, e milhões de
moscas rondando aqueles corpos que estavam pendurados à parede
enrolados com um pano nojento! A porta era semelhante à pintura,
porém toda manchada de sangue. Nos fundos da sala havia um sofá
que ninguém em sã consciência se sentaria. Um deles estava
pendurado no teto por arame farpado com pedaços de carne presos
em suas farpas. Era algo extremamente perturbador de se ver!

Harry observava a porta, tentando ignorar os dois corpos, imóveis ao


seu lado, e percebeu que havia uma fenda bem no centro da porta,
onde algo pudesse ser inserido, algo muito fino como um cartão. "– O
cartão!" Harry imediatamente lembrou-se do cartão que havia
encontrado na sala de aula antes e ficou feliz por ter tido a ideia de
guarda-lo. Ele o retirou do bolso e o inseriu naquela fenda. Um click
pode ser ouvido e a porta se abriu com um rangido aterrorizante.

Harry agora estava no começo do corredor do lado esquerdo da


escola de frente ao banheiro masculino e feminino. Ele decidiu entrar
no banheiro masculino primeiro. Logo a sua frente havia uma pia com
muito sangue espalhado, era algo muito sinistro! Aos fundos havia um
reservado com uma porta de madeira fechada muito apodrecida. Harry
se aproximou e a empurrou. Uma terrível figura de um cadáver
apareceu diante dos seus olhos, totalmente enrolado em arame
farpado, em avançado estado de decomposição! Um terrível cheiro de
morte estava no ar! Era aparentemente um homem, preso com as
pernas esticadas e com os braços abertos. Havia também uma bolsa
se soro hospitalar ainda presa em seu braço decomposto! Como se
alguém o ainda mantivesse vivo ali para prolongar o seu sofrimento!
Uma grande porção de carne podre já havia se desprendido de uma
de suas pernas, deixando expostos seus ossos, com milhares de
moscas e insetos o devorando!

"– AH Deus! O que aconteceu aqui? Como alguém seria capaz de


uma crueldade assim? Estou farto desse pesadelo! Quero logo ir para
casa, preciso encontrar Cheryl!" Harry pensava angustiado ao olhar
aquela pobre pessoa que morrera de uma forma tão terrível.

Ao se virar Harry percebeu que havia algo escrito com sangue em


uma das paredes do reservado: "Leonard Rhine, o monstro
espreita". "– O monstro espreita? O que isso quer dizer?" Harry ficou
confuso e tentou não se incomodar com aquilo. Ele já estava se
virando para ir embora quando avistou algo no chão a sua esquerda e
ao se abaixar e examinar com sua lanterna pode perceber que era
uma arma de alto calibre. "– Finalmente algo que pode realmente ser
útil!" pensou Harry ao recolher a arma do chão e sair de dentro
daquele reservado macabro.

O que Harry achara era uma escopeta, também conhecida como


shotgun, muito antiga, mas aparentemente funcional. Ainda havia
munição dentro dela, o que foi uma ótima notícia. Ele guardou sua
pistola em seu bolso e a empunhou. Ele só precisava encontrar
munição extra para aquela arma e que apesar de estarem em uma
escola, não era uma escola qualquer, tudo era possível ali naquele
ambiente.

Harry saiu daquele banheiro e seguiu em direção ao banheiro


feminino. Ele entrou e fechou a porta. Não havia nada lá dentro,
somente três reservados feitos com paredes de grades de metal e
pias imundas com muito sangue talhado! Após dar uma examinada
rápida ele saiu do banheiro e...

"– Espera? O que está havendo? Que lugar é esse? Onde está a porta
que eu passei usando o cartão?" Harry ficou muito confuso, pois ao
sair do banheiro feminino ele não estava mais no mesmo lugar. A
porta que dava acesso ao quarto com os dois corpos pendurados não
estava mais lá e o corredor tinha uma barreira de metal o
impossibilitando de passar. Tudo estava ficando cada vez mais
confuso a cada minuto. Harry já começava a questionar sua lucidez.

Não havendo escolha ele decidiu entrar novamente no banheiro


masculino para conferir se o corpo pendurado por arame farpado
ainda estava lá, e ao entrar ele se surpreendeu, não havia mais
nenhum corpo por lá, havia somente reservados de metal, igual ao
banheiro feminino, pias sujas com sangue e algo brilhando nos fundos
do banheiro ao chão. Ele caminhou até lá e para sua surpresa havia
três caixas de munição a sua espera, duas de pistola e mais uma da
escopeta que ele acabara de encontrar. "– Não pode ser? Será que
nesse caos todo tem alguém ou alguma coisa está me ajudando? Ou
será só uma enorme coincidência?" Não haviam respostas para suas
perguntas, o único jeito era aproveitar a oportunidade.

Harry apanhou todas as caixas de munição, recarregando todas as


suas armas, e guardando todo o restante em seus bolsos.
Harry saiu do banheiro mas se deu conta que estava preso naquele
corredor, pois havia uma enorme grade de metal e a porta de acesso
a sala macabra havia desaparecido. Harry não sabia se havia sido
transportado para outra dimensão ou se somente teria, de alguma
maneira inexplicável, sido transportado para os banheiros do segundo
andar.

"– Bom... já que tudo aconteceu após entrar no banheiro feminino,


acho que não me resta outra opção a não ser fazer isso de novo." Ele
pensou. Harry então entrou no banheiro feminino, fechou a porta,
aguardou uns segundos e a abriu novamente para estar de volta ao
corredor do primeiro andar. "– Minha nossa! Isso só pode ser coisa de
outro mundo, é pra dar um nó em nossa mente! Estou cada vez mais
assustado!" Harry pensou extremamente confuso com tudo.

Ele seguiu pelo corredor entrando na primeira porta da sala de aula,


não havia nada dentro, somente escuridão total, seguiu para a sala de
aula seguinte utilizando a porta de acesso interna. Ao entrar o seu
rádio começou a sinalizar presença de inimigos, havia duas baratas
infernais rondando a sala. Harry as finalizou com fortes pisadas
espalhando aquela gosma terrivelmente mal cheirosa.

Havia ali também uma grande mesa de metal e em cima dela, uns
telefones antigos, obviamente estavam danificados tendo em vista o
estado em que se encontravam. Não haviam cabos conectados. Harry
não se importou muito e caminhou em direção a porta de saída
quando de repente... "TRIIINNNNN, TRIIIIIINNNNNN" Harry deu uma
parada brusca após tomar um tremendo susto. "– O que? O telefone
está tocando? Como pode?" Harry caminhou em direção ao telefone,
parece que ele ainda funcionava mesmo estando daquele estado, ele
retirou o fone do gancho, colocou em seu ouvido e sentiu um enorme
frio na barriga ao ouvir a voz de sua filha.
"– Papai...? Papai me ajuda...? Onde você está...?" Disse Cheryl com
uma voz triste demonstrando sofrimento.

"– CHERYL!" respondeu Harry com seu tom de voz aflito segurando
com força o fone.

"..." "..." "..."

Harry apenas ouviu o telefone ser desligado. "– Aquela era a voz de


Cheryl, eu tenho certeza! Ah meu Deus ela não parece bem, onde
será que ela está?" Harry estava pensativo e muito preocupado, ao
menos agora ele sabia que sua filha ainda estava viva. Ele não
poderia parar agora.

Harry colocou o telefone de volta no gancho e seguiu sua busca. Ele


saiu da sala de aula e caminhou em direção ao segundo andar da
escola. Harry estava em frente ao corredor das classes do lado
esquerdo da escola, mas decidiu subir mais um lance de escadas para
verificar se a porta de acesso ao telhado ainda estava trancada. Harry
subiu a escada e caminhou em direção a porta, haviam algumas
cadeiras de rodas quebradas atrás de uma grade de metal ao lado da
porta, sinistro até a raiz do cabelo! Ele girou a maçaneta e a porta se
abriu. Harry estava agora no telhado da escola, estava muito frio e
chuviscando, não era possível ver a lua e muito menos as estrelas.
Deveria ser possível ver muitas casas na cidade dali onde estava,
porém não havia nem se quer um brilho de luz abaixo, somente uma
escuridão profunda. Harry caminhou, com cuidado sob a luz de sua
lanterna, pela beira da laje do colégio e chegando mais a frente
percebeu que havia uma poça de sangue em volta de um buraco que
seria o escoadouro de água de chuva. Harry se aproximou e iluminou
o buraco. Dentro dele havia uma chave. Harry tentou pega-la mas sua
mão não cabia naquele buraco, ele precisava de algo para puxa-la.
Ele começou a vasculhar o terraço em busca de um pedaço de arame
ou coisa parecida até chegar a ponta do terraço onde havia outro
buraco, então Harry percebeu que aquilo era uma canaleta de
escoamento de água que ligava um buraco ao outro. Ele continuou
seguindo a canaleta e avistou uma pequena válvula vermelha e um
cano de água apontado para a canaleta e daí ele começou a
pensar: "– Se eu não estou enganado, esse escoadouro vai dar lá
naquele ralo que eu vi no pátio do jardim da escola, acho que se eu
abrir essa válvula a água vai forçar a chave a cair naquele ralo e vai
ser mais fácil de pega-la por lá!" porém havia um problema em sua
estratégia, se ele abrisse a água ela iria descer pelo primeiro buraco e
não chegaria até o buraco onde está a chave. Ele precisaria, de
alguma forma, tampar aquele buraco, mas com o que? Ele parou
diante do pequeno buraco redondo e se lembrou: "– A bola de
borracha rosa!" ele ainda estava coma bola de borracha que ele
encontrara na sala de armazenamento do primeiro andar assim que
havia chegado ali.

Harry a retirou de seu bolso e a colocou pressionando com força no


buraco o vedando perfeitamente. "– Foi mesmo uma boa ideia guardar
a bola!" ele pensou enquanto se levantava e caminhava em direção a
válvula. Harry girou a válvula fazendo um alto rangido e a água
começou a sair, a bola de borracha impediu que a água escoasse pelo
buraco e foi direto a chave. Harry pode ouvir o som da chave batendo
nas laterais da calha de metal enquanto caía até o pátio. Ele fechou a
válvula e foi em direção a ela para apanha-la.

Harry desceu dois lances de escada chegando ao primeiro andar,


passou pelo corredor superior e seguiu para o jardim. Assim que
passou pelas portas ele foi direto ao escoadouro e lá estava a chave
em cima da grade do ralo. Harry a pegou e havia escrito em sua
etiqueta "Sala de aula – Segundo andar". Harry a guardou em seu
bolso e puxou o seu mapa para traçar sua rota. Ele decidiu que iria até
lá pelo corredor inferior, passando em frente a enfermaria, sairia no
corredor e subiria as escadas saindo no corredor de classes do
segundo andar lado direito.

Harry, em meio a escuridão, continuou sua busca. Ao chegar no


segundo andar ele já estava retirando suas chaves do bolso para
entrar na sala trancada, porém ele ouviu um som vindo do que parecia
ser a sala de armário no corredor ao lado, "– Será outro gato preso em
um armário?" ele pensou. Harry empunhou sua pistola, poupando a
valiosa e difícil munição de escopeta, pois poderia ser algo ruim a
emitir aquele som de metal batendo. Entrou no corredor e em seguida
na sala de armários. O som estava vindo dali, parecia que ele estava
vivendo o mesmo episódio novamente, só que milhares de vezes mais
aterrorizante. Os armários de metal estavam no mesmo lugar que os
anteriores, porém alguns manchados de sangue e amassados. Ele
contornou até chegar a porta coberta de sangue batendo
insistentemente para que a criatura pudesse sair. Ao abrir o armário...
Não havia nada dentro! Somente sangue, muito sangue. "– Mas
como? Se não tem nada dentro o que estava fazendo a porta
bater?" Era outro mistério de Silent Hill dando um nó na cabeça de
Harry.

Ele já estava se virando e caminhando em direção a saída quando...


"BLAMMM!" Harry leva um tremendo suto ao ver que um corpo caiu
de dentro de um dos armário de metal rente a parede. Estava
totalmente em carne viva, irreconhecível se decompondo lentamente,
o cheiro era terrível e nauseante! Harry observou que algo caíra junto
com aquele corpo, algo brilhante estava no chão de grade metálica.
Era uma chave. Harry a pegou, havia escrito em sua etiqueta "Livraria
Reservada". Harry percebeu que aquilo ali não foi por acaso, ele
estava sendo guiado por alguma coisa. Algo o queria na livraria. Ele
não sabia se era bom ou ruim, mas se alguma força maior o quisesse
morto, já teria feito isso há muito tempo. Ele decidiu investigar primeiro
a livraria reservada, e no caminho iria aproveitar e tentar encontrar a
classe trancada.

Ele saiu da sala, virou a esquerda e foi pelo corredor das classes do
lado esquerdo. Passou enfrente as salas e as portas estavam abertas,
porém nada dentro, somente inimigos fazendo o rádio chiar, Harry
achou mais seguro os trancar lá dentro. Ele entrou no corredor
superior e foi direto a porta da livraria reservada, inseriu a chave e a
abriu.

Havia uma enorme mesa de ferro e muitos livros velhos espalhados


pelo local, todos muito sujos, rasgados e mofados. Havia um livro
aberto em uma das mesas com o seguinte texto:

"MANIFESTAÇÕES DE ILUSÕES"

"... Poltergeists estão entre estes."

"As emoções negativas, como o medo, preocupação ou estresse se


manifestam em energia externa com efeitos físicos."

"Pesadelos, em alguns casos, foram mostrados para provoca-los. No


entanto, tal fenômeno não acontece a qualquer um. Embora não
esteja claro o porquê, adolescentes, especialmente as meninas, são
propensas a tais ocorrências."

Harry achou aquilo muito estranho, um tipo de leitura nada saudável.


Achou melhor não se importar e continuou sua busca.

Nesta sala também havia corpos pendurados em uma parede dos


fundos, uma visão aterradora e desconfortável! Ele seguiu então para
a livraria principal por uma porta interna ligando as duas salas.

Esta sala era semelhante a primeira, outra mesa de metal e mais


corpos apodrecidos enrolados e pendurados nas paredes, exalando
um odor pútrido nauseante! Em cima da mesa havia um livro aberto,
diferentemente dos que estava no chão deteriorando-se, este estava
velho mais legível. Parecia ser uma história sobre um caçador e um
lagarto. Harry então leu o livro que dizia:

"Ouvindo isso, o caçador, armado com arco e flecha, disse, "Eu


matarei o lagarto."

"Mas ao encontrar o seu oponente, ele parou, provocando," "Quem


tem medo de um réptil?"

"Com isso, o furioso lagarto gritou," "Eu vou engolir você com uma só
mordida!"

"Então a enorme criatura atacou, com as mandíbulas abertas."

"Era isso que o homem queria. Calmamente sacando o seu arco, ele
atirou bem na boca do lagarto."

"Facilmente a flecha voou, perfurando o estômago indefeso, e o


lagarto caiu morto."

Logo após Harry lembrou-se de ter lido algo assim quando era
criança. Um tipo de conto infantil muito popular na época.

Harry saiu da sala em frente ao corredor das classes direito e ao


andar mais a frente percebeu que havia um enorme portão de grade
bloqueando a passagem, o único jeito de passar por ali seria cortando
por dentro das salas de aulas, mas ao girar a maçaneta a porta estava
trancada. "– A chave do escoadouro de água!" Harry quase havia se
esquecido da chave que ele recuperou no escoadouro do terraço da
escola. Ele a colocou na fechadura girou-a e a porta se abriu
rangendo.

Na sala de aula não havia nada de importante, apenas vazio,


escuridão e algumas cadeiras tombadas. Ele usou uma porta de
acesso à outra sala que também não havia nada além de dois
humanoides mutantes se rastejando no fundo da sala e antes mesmo
deles perceberem o chiado do rádio de Harry ele já estava passando
pela porta em direção ao corredor.

Harry foi em direção ao porão, onde antes havia a sala do gerador


para verificar o que havia por lá. Ele desceu as escadas e bem no final
ele se deparou com outro daqueles corpos pendurados na parede.
Harry imaginava que só poderia ser algum tipo de seita satânica.
Procurando ignorar aquela visão, ele foi até a porta da sala do
gerador.

O gerador não estava mais lá, havia apenas uma passagem central
bloqueada por barras de metal e duas válvulas, uma de cada lado da
passagem. Aquilo era com certeza outro dos enigmas estranhos
daquele lugar. Harry então começou a girar uma das válvulas e
percebeu que as barras que bloqueavam a passagem começavam a
girar em um sentido, sendo que havia um momento em que as barras
não bloqueavam a passagem e foi aí que ele entendeu. Ele deveria
girar as válvulas de modo que as barras liberassem a passagem. As
barras referentes à válvula que ele estava girando movia-se apenas
um quarto de volta enquanto as barras do lado contrário moviam-se
dois quartos de volta. Depois de muito observar a posição das barras
ele elaborou um movimento que liberaria o caminho. A válvula da
direita ele girou duas vezes para a esquerda e a válvula da esquerda
ele girou uma vez para a direita. As barras pararam em uma posição
onde era possível atravessar. O caminho estava liberado. Não foi tão
complicado quanto ao enigma do piano, mas o fez esquentar a cabeça
da mesma forma.

Harry então atravessou a estreita passagem e parou em cima de uma


pequena plataforma. Com um rangido tenebroso a plataforma
começou a descer lentamente, era um tipo de elevador, mas ele não
sabia onde iria parar.

Após o elevador parar, Harry caminhou lentamente. Estava quieto e


muito escuro, Harry não conseguia ver nada a sua frente e de repente
uma enorme chama se acendeu no centro da sala, havia um corpo
preso no centro do fogo e à medida que o fogo aumentava era
possível perceber que ele estava em uma enorme plataforma de
metal. Aquilo a sua frente era uma fogueira imensa com um corpo
preso em posição de pé, amarrado em estacas de ferro bem no centro
dela. Em volta da fogueira havia vários espinhos enormes feitos de
metal e um tipo de mecanismo abaixo da plataforma que os faziam
girar em torno da fogueira. Havia muito sangue e pedaços de carne
presos à grade da qual aquela plataforma era feita. Como se muitas
vitimas fossem devoradas por algo ali naquele lugar. Harry estava
parado diante da fogueia observando-a, foi quando algo saiu de trás
daquele imenso fogo, era uma coisa muito grande. "– Ah meu deus! O
que é aquilo ali?" Harry se afastou enquanto a criatura se revelava, e à
medida que a luz do fogo a iluminava Harry ia ficando mais
apavorado! Era um gigantesco lagarto, semelhante a um dragão de
Comodo, porém muito grande! A criatura era grotesca, tinha uma pele
amarelada, uma cabeça redonda que se parecia com uma cobra, e
caminhava lentamente. Estava escorrendo uma baba asquerosa de
sua boca. Ela devia ter o tamanho de um carro ele pensou, era grande
o suficiente para engolir uma pessoa inteira. "– Isso só pode ser
aquele lagarto mencionado naquele livro! Mas como essa coisa virou
realidade?" Harry estava confuso e muito assustado! O enorme lagarto
o notou e veio em sua direção, Harry puxou sua pistola e "BAM! BAM!
BAM! BAM!" quatro tiros na cabeça, mas ela nem chegou a sentir!
Sangue começou a escorrer lentamente do seu ferimento, mas ela
parecia não se importar. Harry precisava de uma arma maior. Ele
guardou sua pistola e quando já estava prestes a empunhar sua
escopeta a criatura emitiu um som estrondoso e fez uma corrida em
direção a Harry, a plataforma toda tremia com as passas da criatura
gigantesca! Harry correu da criatura e deu um salto para frente e
pouco antes de cair no chão ele pôde ouvir o som dos dentes da
criatura se fechando em um bote, foi por muito pouco que ela não o
abocanhou. Ele rapidamente se levantou e se afastou empunhando
sua escopeta. "BOOM!" Um potente tiro foi dado com um enorme
coice da arma em seguida, muito sangue voou da cabeça da criatura!
Ela sacudiu a cabeça, um sangue escuro e espesso escoava, mas ela
ainda continuava vindo! "BOOM!" "BOOM!", mais dois tiros a
acertaram, mas nada dela cair! "– Mas o que está acontecendo? Por
que ela não morre?" Harry estava tão surpreso quanto apavorado! Foi
quando a criatura olhou para Harry e abriu sua enorme boca, uma
abertura que cabiam três pessoas dentro, e deu um bote em direção a
Harry fechando suas mandíbulas furiosamente, mas Harry deu um
salto para trás e pode sentir o fedor de seu terrível hálito enquanto
seus dentes se fechavam diante dele! Harry então se lembrou da
historia do livro na livraria, nela dizia que a criatura havia sido morta
por uma flecha dentro de sua boca atingindo seus órgãos. "– É isso!"
pensou Harry. Ele percebera que precisava acertar um tiro bem no
meio da boca dela enquanto estivesse aberta, seria extremamente
arriscado, mas era a sua única opção.

Harry empunhou sua escopeta e começou a andar de costas


observando a criatura, ela veio se aproximando e ao abrir sua enorme
boca, "BAM!" BAM!" Harry acertou dois tiros direto na garganta do
monstro! A enorme criatura soltou um terrível rugido de dor e com um
enorme estrondo veio ao chão! Uma grande quantidade de sangue
saia de sua boca ainda aberta enquanto Harry a observava ainda
tremendo e ofegando! O lagarto estava morto.
O som da sirene começou a tocar novamente, a cabeça de Harry
começou a doer e conforme o barulho estridente da sirene aumentava
a cabeça dele doía mais ainda! Já não aguentando mais de dor, ele se
ajoelhou, o enorme fogo no centro daquela plataforma começou a
apagar e conforme a luz ia diminuindo, os olhos de Harry iam se
fechando até desmaiar totalmente.

CAPÍTULO 10
 

Harry teve um sonho, e nesse sonho ele vira uma menina, muito
parecida com Cheryl, porém mais velha, ela estava na sala do gerador
do colégio, apenas em pé olhando para ele enquanto desaparecia
lentamente. Harry então desperta na sala do gerador da escola, a
sirene não estava mais tocando e estava coma sua escopeta em suas
mãos ainda quente, "– Não! Dessa vez não foi um pesadelo, foi muito
real!" ele pensava ao olhar para a escopeta em sua mão. Ele se
levantou e notou que a escola tinha voltado ao normal. O chão era
novamente feito de piso de madeira e não de grades ensanguentadas.
Os corpos sinistros não estavam mais lá e a sua frente, caído próximo
ao gerador havia uma chave. Harry a pegou e viu que havia escrito
"Casa do Gordon". Harry não imaginava quem deixara aquela chave
ali e muito menos aonde deveria ser usada, mas ele a guardou, pois
poderia ser muito importante. Sua busca por Cheryl pela escola
terminou, ela não estava mais lá, só cabia a ele continuar procurando
em cada canto da cidade.

Ele saiu pela porta e subiu as escadas, foi quando ele... "– Mas que
som é esse? Parece um sino de igreja? É sim, com certeza é um sino,
mas, quem será que o está tocando? Será Cheryl?"
Um som alto e repetitivo vindo de um sino estava ecoando pelos
corredores do colégio. Harry precisava saber quem estava tocando
aquele sino, poderia ser Cybil ou Cheryl ou outra pessoa que pudesse
ajuda-lo. Ele pegou seu mapa da cidade e o examinou. Existia uma
igreja na Rua Bloch com a Bradbury, ele só teria que seguir a
Bradbury e virar na Rua Bachman até chegar a Rua Block em frente à
igreja.

Harry correu em direção à porta de saída da escola e para sua


surpresa a escuridão havia ido embora, mas a neblina ainda pairava
por Silent Hill, e com ela suas ameaças. Ele teve certeza que durante
o tempo que ficaria ali ele ainda iria passar por problemas maiores.
Era besteira ter esperança que o sol iria aparecer e revelar a cidade.

Harry nem imaginava que horas eram, aquela cidade o estava


deixando confuso demais! Ele seguiu andando pelo caminho de
entrada da escola em direção a rua, havia manchas de sangue no
chão à sua frente que eram dos dois cães que ele conseguira abater
antes de entrar na escola, mas os corpos não estavam mais lá.

Harry chegou à rua, a neblina cobria todo o lugar, ar gelado entrava


em seus pulmões ao respirar e embora o dia esteja bem claro, ainda
não se podia ver nada por causa da neblina.

Harry empunhou sua escopeta e seguiu descendo a Rua Midwich em


direção a Rua Bradbury. O sino havia parado de tocar e Harry se
apressou antes que a pessoa pudesse ir embora. Chegando ao final
da Rua Midwich, a mesma estava destruída. Harry marcou em seu
mapa com um "X" e virou a esquerda pela Rua Bradbury.

"– AHH, mas que droga! Não acredito nisso!" Harry ficou muito irritado
ao ver que a Rua Bradbury também estava destruída, somente um
enorme buraco sem fundo havia ali. "– Será que eu vou ter que voltar
todo o caminho para chegar do outro lado? Não tenho tempo para
isso!" Harry se perguntava enquanto olhava aquele imenso buraco
com os braços cruzados.

Harry caminhou pela beira do abismo até chegar do outro lado da rua
e percebeu que havia um daqueles becos com garagens. Harry entrou
pelo beco para examinar. Tudo aparentemente estava normal, ao
estilo Silent Hill, até que ele passou por uma porta de garagem
fechada coberta de sangue e bem ao lado um estreito corredor que
dava em um pequeno portão de madeira. Após passar por tudo
naquela terrível e amaldiçoada escola ele percebeu que manchas de
sangue significavam pistas e resolveu investigar.

Harry entrou pelo corredor, passou pelo portão de madeira e estava


em um jardim dos fundos de uma casa. Havia uma área com um piso
de madeira e uma mesa de jardim branca com duas cadeiras. Harry
se aproximou da porta dos fundos da casa e havia uma pequena
etiqueta colada na porta com o nome "Gordon". Harry imediatamente
lembrou-se da chave que haviam deixado para ele no chão da sala do
gerador da escola. Ele a pegou de seu bolso inseriu na fechadura e
pra sua surpresa a porta se abriu. "– Realmente existe alguém me
guiando nessa jornada." Ele pensou ao entrar na casa.

A casa era muito parecida com a última em que ele havia estado.
Havia duas caixas de munições em cima da mesa da cozinha, uma
para cada arma que ele carregava. Harry, com muita satisfação
apanhou as munições e seguiu para a porta da frente em direção à
rua, ele não podia perder tempo ali.

Harry estava na parte sul da Rua Levin, seguindo a esquerda havia


uma enorme cratera, então ele desceu a rua em direção à continuação
da Rua Bradbury. Mais a frente Harry se deparou com a rua também
destruída, ele então olhou no mapa e havia outro beco que ligava o
final da Bradbury com a Rua Bloch. Ele então pegou esse beco. Havia
algumas bestas aladas sobrevoando o local, o rádio de Harry soava
como um louco! Harry abateu duas delas neste beco, infelizmente ele
desperdiçou algumas munições de pistola, pois era difícil acertar as
criaturas quando estavam no céu.

Harry cruzou o beco, saiu na Rua Bloch e pôde ver a torre do sino da
igreja a sua direita com sua visão muito obstruída pela neblina. Havia
algumas criaturas aladas rodeando o sino da igreja, talvez elas
tivessem sido atraídas pelo som emitido mais cedo.

Harry então caminhou até a escadaria diante da porta de entrada da


igreja. As portas eram enormes, feitas de madeira com vidro escuro.
Harry girou a maçaneta e entrou.

O local era enorme, muitos bancos vazios, vitrais com imagens


bíblicas e havia uma pessoa no altar da igreja, de pé diante da
imagem crucificada de Cristo. Ela estava terminando de rezar, foi
quando percebeu a presença de Harry e lentamente se virou. Harry
percebeu que se tratava de uma senhora, ela usava um vestido de cor
escura e tinha um véu na cabeça. Tinha a pele enrugada,
aparentemente possuía alguns anos a mais de vida.

Harry se aproximou lentamente da senhora e perguntou:

"– Me desculpe, mas foi à senhora que tocou o sino?" Perguntou


Harry olhando fixamente para o rosto daquela senhora.

"– Eu estava esperando você!" respondeu a senhora com uma voz


amedrontadora.

"– O que? Do que está falando?"

"– Hump! Eu sabia que você chegaria até aqui, você quer a garotinha
certo?" disse a senhora com um sorriso estranho em seu rosto.
"– Espere aí! A garotinha? Por acaso está falando de Cheryl?" Harry
aumentou seu tom de voz começando a ficar nervoso.

"– Eu posso ver tudo!" disse a senhora.

Harry começou a caminhar em direção a senhora, sua arma estava


firme em suas mãos: "– Parece que você sabe algo sobre a minha
filha! Então ande, fale-me!".

"– AFASTE-SE! NÃO SE APROXIME!" respondeu à senhora


aumentando seu tom de voz abruptamente.

"– Entenda uma coisa." Ela falou. "– Nada se ganha quando se
trapaceia. Você tem que seguir o caminho do ermitão que está oculto
pelo Flauros."

"– O que? Mas... o que á isso? Do que você está falando?" Harry
estava ficando irritado, pois aquela senhora sabia de algo e estava
falando varias coisas sem sentido.

A senhora se virou e pegou um objeto triangular em cima do altar da


igreja.

"– O Flauros. Ele pode ultrapassar as paredes da escuridão e contra


atacar à ira do mundo inferior. Isto o ajudará. Vá... vá depressa ao
hospital antes que seja tarde demais!"

A senhora se virou, colocou o objeto em cima do altar e começou a


caminhar em direção a uma porta que havia na lateral da igreja.

"– Espere! Espere! Não vá ainda... Espere!" Harry gritou com a sua
mão estendida fazendo sinal, pedindo para ela parar, mas a senhora
não quis escutar, saiu e desapareceu em meio à neblina.

A conversa havia sido breve demais. Após isso Harry caminhou em


direção ao altar e pegou o objeto triangular deixado pela senhora. Era
pequeno e tinha o formato de pirâmide, com linhas pretas traçando
cada uma das faces e tinha uma cor marrom clara.

Como a senhora disse, aquilo se chamava "Flauros". Harry não fazia


ideia para que serviria, mas ela disse que poderia ajudar de alguma
forma. Ele então o colocou em seu bolso. Havia ali também uma
chave com uma etiqueta dizendo "ponte levadiça" que Harry a pegou.

A velha senhora disse que ele teria que seguir para o hospital antes
que fosse tarde, algo estava acontecendo por lá e de alguma forma
ela tinha conhecimento de Cheryl. Harry verificou em seu mapa, mas
não conseguiu achar nenhum hospital ali. Parecia que estava faltando
uma parte do mapa, porém a chave informava ser de operação de
uma ponte. No mapa atual mostrava uma ponte que cruzava um
grande rio. Harry achou melhor ir até lá e verificar se existia mais
alguma pista ou talvez outro mapa.

Ele saiu da igreja pela porta da frente, virou à direita e continuou


correndo pela rua passando em frente a um posto de gasolina e enfim
chegou a uma ponte que cruzava um enorme rio no meio da cidade,
porém era uma ponte levadiça e ela estava erguida impossibilitando a
passagem.

Harry logo notou que havia uma sala de controle de operação da


ponte bem à direita no segundo andar de um pequeno prédio. Ele
estava com uma chave em seu bolso que ao que tudo indica serviria
para operar a ponte e faze-la descer. Harry subiu as escadas até a
sala, era pequena com uma mesa bastante bagunçada com muitos
papéis, garrafas e copos, tinha uma pequena televisão que não ligava
e uma cadeira com um grande pedaço de papel bastante dobrado em
cima. Harry pegou o papel e para sua surpresa era o mapa da outra
metade de Silent Hill. "– Isso vai ser muito útil!" ele pensou ao apanhar
aquele mapa.
A sua frente havia o painel de operações da ponte e uma pequena
abertura para se por uma chave. Harry a retirou do bolso, a inseriu e
após girar ele pode ouvir um enorme motor ao lado de fora sendo
acionado. Imediatamente um botão vermelho se acendeu no painel e
abaixo dele dizia "Aperte para baixar a ponte". Harry pressionou o
botão e aponte fez um barulho imenso que ecoou por toda a cidade
silenciosa, ele pôde observar, pela janela da sala, a ponte descer
lentamente fazendo um ruído aterrorizante.

Harry saiu da sala de controle e correu pela ponte de metal, o barulho


ensurdecedor do motor de tração da ponte ecoava por entre os
prédios das outra parte de Silent Hill.

Harry chegou ao outro lado da ponte, ele estava de pé na Rua Sagan.


O Alchemilla Hospital estava na Rua Koontz uma quadra abaixo. Mais
frente estava à delegacia de polícia, ficava a poucos passos de onde
estava. Ele decidiu ir lá investigar, pois poderia haver muitas pistas
importantes sobre o que estaria acontecendo naquela cidade ou
munições.

Harry caminhou pelo lado esquerdo da Rua Sagan em direção à


delegacia, foi quando seu rádio começou a chiar novamente. "– AHH!
Outra besta alada ou um daqueles cães nojentos!" Harry caminhou
lentamente com sua pistola em punho, porém aquilo a sua frente não
era uma daquelas criaturas que ele já havia enfrentado. Um monstro
de maior porte estava surgindo entre a neblina, parecia uma espécie
de macaco, um orangotango, seus braços eram longos e, como os
cães e as criaturas aladas, ele também não tinha pele, sua carne
estava à mostra e seu rosto era totalmente desfigurado, somente se
via uns pequenos dentes afiados e uma língua grotesca vazando por
entre os dentes, era realmente horrível! Ela andava encurvada com
seus longos braços arrastando no chão.
A criatura percebeu a presença de Harry e deu um enorme salto em
sua direção, ela emitia um som estranho, um gemido quase humano e
seu cheiro era de carne estragada! Harry não esperava que ela fosse
tão rápida! Ela veio dando enormes saltos em sua direção e antes
mesmo que Harry pudesse se esquivar ela já havia o alcançado. Ela
pulou com seus dois braços compridos sobre o peito de Harry o
fazendo cair de costas, a criatura estava em cima de seu peito
segurando fortemente os ombros de Harry enquanto tentava morde-lo,
Harry segurava em seu pescoço fazendo um enorme esforço, a
criatura era muito forte! A língua da criatura se mexia diante dos olhos
de Harry de uma forma nojenta! Harry lutava com todas as suas forças
para evitar que a criatura o ferisse, suas mãos estavam sujas com o
sangue fétido daquela coisa assim como as suas roupas, um fio de
baba repugnante caiu sobre o pescoço de Harry enquanto lutava. "–
AHHHH! NÃOOO! ESSA COISA VAI ME MATAR! TENHO QUE
FAZER ALGUMA COISA!" sua mente gritava desesperada enquanto
se debatia! Harry colocou todas as suas forças restantes em seu
braço esquerdo e segurou com toda força o pescoço da criatura e com
a sua mão direita ele colocou a ponta da pistola em seu peito e "BAM!
BAM! BAM!" Harry pode sentir o sangue da criatura escorrer sobre seu
corpo com um cheiro nauseante, mas ela ainda o tentava atacar
ferozmente! Depois de uns segundos após os tiros a criatura fraquejou
e Harry aproveitou a oportunidade e conseguiu colocar a ponta de sua
arma em direção à cabeça dela, "BAM! BAM!" Harry pode ver o projétil
atravessar a cabeça dela enquanto uma enorme quantidade de
sangue espirrava na calçada! A criatura soltou um gemido de dor
profunda, parou de se debater e morreu. Harry segurou o monstro e o
empurrou com violência para o lado fazendo-o cair no próprio sangue
escuro e fétido!
Harry ainda estava tremendo, ele havia escapado por muito pouco e
uma valiosa lição ele aprendeu, Silent Hill tem sempre algo maior e
mais perigoso a sua espera! Ele se levantou, estava totalmente
imundo e com um mau cheiro terrível e antes que mais alguma
criatura aparecesse ele decidiu entrar na delegacia.

Como era de se esperar o local estava totalmente vazio, um enorme


balcão de atendimento estava a sua frente, feito com um tipo de
madeira avermelhada semelhante a da sua escrivaninha em casa.
Havia uma caixa de munição em cima do balcão pela metade.
Satisfeito com o achado ele apanhou todas as balas que pôde. Havia
um quadro com uns cartazes de procurado com datas bem antigas, já
estavam muito rasgados e desbotados. Harry entrou por uma porta
lateral a esquerda, pois a da direita estava trancada, e saiu em um
escritório. Havia uma mesa de madeira a sua frente com uns papéis
espalhados, uns arquivos de metal ao lado da mesa e um pequeno
quadro negro fixado a uma das paredes com um texto curioso escrito
com giz.

"Produto disponível somente em algumas áreas de Silent Hill. A


matéria prima vem da White Claudia, uma planta rara na região."

"Manufaturado aqui?"

"Negociante – Fabricante?"

Aparentemente a investigação de algum tipo de produto ilegal que


poderia ou não ser fabricado em Silent Hill. Havia também um
memorando escrito à mão em cima da escrivaninha ao lado que dizia:

"O legista Seal informou."

"Acho difícil o oficial Gucci ter sido assassinado. Parece que a morte
foi de causas naturais, mas registros médicos mostram que Gucci não
teve sintomas anteriores de doenças cardíacas."
Harry percebeu que eram apenas investigações rotineiras da policia
de Silent Hill, não era nada que poderia ajuda-lo. Ele saiu da sala,
passou pelo salão de entrada em direção á rua.

Harry decidiu que estava na hora de ir ao hospital investigar. Ele


passou por entre as viaturas de policia abandonadas em frente à
delegacia e atravessou a rua seguindo a direita e pegou a Rua
Crichton em direção ao hospital.

Essa parte da cidade era diferente, estava mais para uma área
comercial, pois havia muitos prédios pequenos e muitos tipos de
comércios variados. Harry correu pela rua passando por lanchonetes,
prédios em obra e coisas do tipo. Ele chegou a Rua Koontz e correu
ao portão de entrada do hospital. Na entrada do portão de grade
enorme havia uma placa onde dizia "Alchemilla Hospital", ele sabia
que estava no lugar certo. O que será que ele encontraria ali? O que
aquela senhora quis dizer com "tarde demais"? Harry logo iria
descobrir.

Assim que Harry cruzou os portões... "BAM!" "BAM!" ele ouviu o


barulho do que parecia ser dois tiros disparados vindo de dentro do
hospital! "– Esse som, parece com tiros! Quem será que está lá
dentro? Deve ser Cybil!" imaginou Harry ao caminhar em direção a
porta de entrada do hospital. Assim que ele entrou, ele ouviu mais um
tiro vindo de dentro de uma das salas atrás do balcão de atendimento,
ele correu, virou à esquerda, caminhou até a porta da sala e a abriu
lentamente.

Harry viu que havia um homem sentado em uma cadeira segurando


uma arma olhando para baixo e ao chão havia uma criatura alada
morta em uma enorme poça de sangue. Era um homem bem
afeiçoado usando um terno cinza e gravata preta, provavelmente um
empresário ou um médico que trabalhava ali.
Harry lentamente entrou na sala e assim que o homem notou a
presença de Harry se levantou e ergueu sua erma em direção a ele.

"– ESPERE! NÃO ATIRE POR FAVOR!" Gritou Harry enquanto


recuava estendendo as mãos.

O homem observava Harry com muita atenção com uma expressão


séria, sua arma ainda apontada para ele.

"– Não estou aqui para lhe fazer mal! Meu nome é Harry Mason, sou
de fora da cidade!"

"– Aff! Desculpe-me! Graças a Deus outro ser humano apareceu


nessa cidade!" Respondeu o homem com uma voz grossa enquanto
abaixava sua arma.

"– Você trabalha neste hospital?" perguntou Harry.

"– Sim. Eu sou o doutor Michael Kaufmann. Sou o diretor deste


hospital."

"– Você sabe o que está acontecendo aqui nesta cidade? Pode me
dizer o que você sabe?" perguntou Harry.

"– Não sei bem o que está acontecendo aqui. Eu estava dormindo
nesta sala e quando acordei já estava tudo desse jeito. Todas as
pessoas perecem ter desaparecido. E essa neblina estranha que não
é comum nesta época do ano. Acredite tem alguma coisa seriamente
errada acontecendo." Respondeu o Dr. Kaufmann.

"– Você já tinha visto monstros assim? Essas aberrações?" Perguntou


Harry.

"– Não, sempre achei que criaturas assim não existiam." Ele
respondeu.
"– Sim... mas, por acaso você viu uma garotinha por aqui? Estou
procurando minha filha, ela tem sete anos, cabelo curto preto."

"– Sinto muito eu não a vi, eu não quero te desanimar, mas sinto lhe
dizer que se existem tantos monstros soltos por aí é provável que ela
não esteja mais viva."

Harry não queria acreditar nessa teoria, mas infelizmente a essa altura
já poderia ser verdade. Kaufmann se virou e pegou sua maleta preta
que estava no chão.

"– Sua esposa está aqui nessa cidade com você?" perguntou
Kaufmann.

"– Não, ela faleceu há quatro anos, somos somente eu e minha filha
agora." Respondeu Harry.

"– Entendo, sinto muito por sua perda."

O Dr. Kaufmann caminhou em direção à porta passando por cima da


criatura morta ao chão, colocou a mão na maçaneta, virou para Harry
e disse:

"– Desculpe, mas eu tenho que ir agora. Não posso ficar aqui parado
sem fazer nada. Boa sorte em encontrar a sua filha, espero que ela
esteja bem."

"– Entendo, obrigado! Tenha cuidado lá fora, está mais perigoso do


que imagina."

Ele apenas balançou a cabeça e saiu pela porta. Harry então voltou
sua atenção para a sala onde estava. Ao lado da porta havia uma
mesa com um telefone que não funcionava e vários outros objetos
espalhados. Uma cama aos fundos onde o Dr. Kaufmann informou
estar dormindo, o monstro terrivelmente fedorento ao chão coberto de
sangue e uma porta ao lado. Harry entrou pela porta passando por um
pequeno escritório sem nada de importante a ser examinado. Dali ele
teve acesso ao balcão de informações do hospital e lá ele encontrou o
mapa do hospital preso a uma parede. Harry o pegou para ajudar em
sua busca.

Dali mesmo ele pode observar a entrada do hospital, as paredes


tinham as cores verde e branco com o chão de piso esverdeado. O
balcão de informações era enorme feito em madeira lustrada. Havia
um enorme sofá em "L" na curva do corredor com o hall de entrada,
uma mesa de centro com umas revistas espalhadas, cartazes
despencando das paredes passando informações de prevenção de
doenças e coisas do tipo.

Harry voltou à sala onde conheceu o Dr. Kaufmann, passando pelo


pequeno escritório, e decidiu investigar o hospital começando do
início. Ele saiu e virou a esquerda em direção à porta que dava acesso
as escadas e aos banheiros, mas ao investiga-la ele viu que estava
trancada. Ele pegou o mapa do hospital a procura de uma rota
alternativa e viu que havia passagem para o outro lado por uma porta
dentro da sala do Dr. Kaufmann, passando por dentro da sala de
armazenamentos de remédios.

Ele seguiu por dentro da sala e chegou à sala dos remédios onde
havia duas enormes estantes de madeira rústicas com vários frascos
de medicamentos, havia também um jornal que aparentava ser muito
velho, porém o mais estranho é que vários artigos foram recortados.
Vendo que não havia mais nada de importante para o momento ele
passou pela porta onde saiu em um corredor no formato de "L" com
muitas salas. Ao ver o mapa ele conseguiu identificar a sala de
armazenamento, ao lado dela um pequeno escritório, depois o
escritório dos doutores, a cozinha em seguida e enfim o escritório dos
diretores.
A sala de armazenamento e o escritório ao lado estavam trancados.
Ele tentou o escritório dos doutores e conseguiu entrar. Do lado de
dentro havia uma mesa de centro com dois sofás pretos bastante
empoeirados, duas escrivaninhas com cadeiras e a janela onde era
possível ver a intensa neblina. Nada de importante ali, mas havia uma
porta que dava a outra sala, a sala de conferencia. Harry entrou na
sala e viu uma enorme mesa escura com várias cadeiras em volta. Em
cima da mesa havia uma chave que dizia em sua etiqueta "porão".
Harry a pegou e colocou em seu bolso. Vendo que não havia mais
nada de interessante ele saiu da sala em direção ao corredor.

Em seguida ele decidiu verificar a cozinha. Havia enormes pias e


fogões, algo muito comum em cozinhas de hospitais, copos e pratos
sujos dentro das pias, frigideiras e panelas penduradas pelos cabos
abaixo dos armários suspensos e mais a frente Harry observou que
havia umas garrafas plásticas vazias em cima da pia. Tudo ali estava
sujo e empoeirado, menos estas garrafas, como Harry já sabia que
Silent Hill girava em torno de enigmas misteriosos, ele deveria ficar
atento a este tipo de achado. Ele resolveu pegar uma delas.

Harry voltou ao corredor e seguiu par a sala do diretor do hospital, ou


seja, a sala do Dr. Kaufmann. Ele ficou surpreso ao ver o local, pois
ele estava totalmente revirado, como se alguém estivesse
desesperadamente procurando algo por ali. Dezenas de livros
espalhados pelo chão e todas as portas e gavetas do armário estavam
abertas. Harry foi adiante e percebeu que havia algo brilhante
espalhado pelo chão atrás da mesa. Era um líquido vermelho
semelhante a sangue, mas tinha um odor de remédio muito forte.
Estava espalhado pelo chão, pois o frasco de vidro ao qual estava
dentro havia caído no chão e se quebrado. Harry não sabia o que era,
mas parecia ser importante, pois ele havia sido quebrado de propósito,
era muito suspeito. Ainda tinha um pouco daquilo no fundo da garrafa
quebrada que ainda estava em pé, Harry achou melhor levar consigo
e se caso encontrasse com o Dr. Kaufmann novamente ele poderia
perguntar o que é. Harry usou a garrafa plástica para recolher o que
restara daquele líquido.

Harry então saiu da sala e foi em direção ao elevador no final do


corredor, porém não havia energia elétrica para movê-lo. Harry então
imaginou que deveria haver um gerador de emergência que, assim
como na escola, deveria estar no porão. E já que ele tinha uma chave
que dizia ser de acesso a este local, ele deveria ir lá investigar. O
mapa dizia que havia uma porta ao lado do escritório do Dr. Kaufmann
que dava acesso ao porão, Harry se aproximou e, após ver que a
porta estava trancada, retirou a chave, inseriu na fechadura e a porta
de destrancou.

Harry estava no topo de uma escadaria muito longa e ao observar que


iria entra em um local escuro ele ligou sua lanterna e caminhou
lentamente até a porta no final da escada. Imediatamente após entrar
seu rádio começou a emitir ruídos. Harry ficou em alerta, pois sabia
que se desse bobeira poderia morrer como fora da ultima vez. Era um
pequeno corredor muito escuro com portas dos dois lados e bem ao
fundo ele pode ver que era uma daquelas baratas enormes.

"– AHHH! Esses insetos nojentos também estão aqui?" Harry pensou


enquanto olhava com nojo aquela criatura asquerosa vindo em sua
direção. Harry tomou impulso e correu em direção a ela dando um
tremendo chute fazendo-a voar e bater com força na parede ao final
do corredor. Aquela gosma inconfundível começou a escorrer pela
parede. O rádio havia parado de chiar e Harry sabia que a ameaça
acabara, pelo menos por enquanto.

Após verificar cada uma das portas daquele local Harry viu que
somente a porta da sala do gerador estava aberta felizmente. Ele
entrou e avistou um enorme gerador ao fundo e ao se aproximar
iluminando com sua lanterna havia uma informação fixada ao gerador:

"O gerador interno só fornece energia para elevadores, ICUs e salas


operacionais."

Havia um botão para ligar com uma pequena luz acesa ao lado. Harry
pressionou o botão e o gerador deu partida fazendo um barulho
enorme e sombrio.

Harry então saiu da sala e foi em direção ao elevador que já estava


operacional, ele pressionou o botão ao lado e as portas se abriram,
não havia nada de ruim dentro dele para sua alegria. Ele entrou e as
portas se fecharam. No painel indicavam três andares acima e ele
decidiu começar de cima como na escola.

Após pressionar o botão com o número três, o elevador começou a se


mover, parecia que não havia sido usado há anos devido ao barulho
de metal rangendo. Harry só esperava não acabar preso dentro dele.
Após uns segundos ele chegou ao terceiro andar, Harry saiu e foi em
direção à porta que dava acesso ao corredor principal, mas ela estava
trancada e ele não havia encontrado mais nenhuma chave. "– Talvez
a chave esteja em alguma sala do segundo andar." Ele pensou. Então
ele voltou ao elevador e após as portas se fecharem ele pressionou o
botão com o número dois. O elevador desceu, arranhando metal com
metal, e chegou ao segundo andar. Harry foi até a porta semelhante
ao terceiro andar e ela também estava trancada. "– E agora? Será que
eu deixei passar algo lá no primeiro andar? Talvez eu deva procurar
melhor em todas aquelas salas." Ele pensava ao voltar ao elevador.
Após a porta se fechar Harry estendeu a mão até o painel de botões e
parou abruptamente... "– O que é isso? Mas que estranho? Agora tem
um botão indicando um quarto andar! Não me lembro de ter visto isso
antes?" Estranhamente ao voltar para o elevador um botão com um
número quatro havia aparecido misteriosamente no painel, sendo que
os mapas diziam que o hospital teria somente três andares. "– Como
esse botão foi aparecer assim de repente? Isso não é nada
normal!" Ele estava totalmente confuso, mas lembrou do caso no
banheiro feminino na escola e sabia que coisas assim aconteciam em
Silent Hill, embora seja algo perturbador.

Sem ter muita escolha, Harry pressionou o botão com o numero


quatro e o elevador começou a subir. Enquanto Harry estava subindo
ao quarto andar algo estranho aconteceu, tudo ficou muito escuro e
imagens vieram a sua mente como se fossem lembranças, mas eram
lembranças que não eram dele. Havia uma garota passando por uma
porta e acima dela havia uma placa informando que aquele local era
um tipo de antiquário. Ela caminhava lentamente por um chão feito de
grades de metal, semelhante ao da escora após a sirene começar a
tocar. Após isso as luzes do elevador se acenderam e Harry voltou a
si muito desnorteado. "– Aquela menina... ela se parecia muito com
Cheryl, foi à mesma que eu vi naquele sonho. Mas que será ela?" Ele
tentava entender como aquelas imagens foram parar na sua cabeça,
quando o elevador parou.

As portas se abriram e Harry estava em um lugar estranho, ainda era


o hospital, mas parecia que ele estava há centenas de anos à frente,
pois tudo estava em péssimo estado, muito sujo e as paredes
terrivelmente descascadas e desbotando, muitas placas do piso
estavam rachadas e um terrível cheiro de mofo estava sobre o lugar.
Não havia janelas e o ar estava pesado. Harry estava com uma
sensação ruim. Ele caminhou em direção as portas e elas se abriram.

Ele estava em um corredor com muitas portas, após dois passos à


frente e pode ouvir a porta misteriosamente se trancando atrás dele,
ele não poderia mais retornar. "– Mas o que? Quem trancou essa
porta? Isso está ficando cada vez mais estranho!". Harry seguiu em
frente sem ter outra opção. Todas as portas daquele local estavam
trancadas, estava muito escuro e o local estava igual ao hall de
entrada em que ele havia passado. Ele seguiu direto, virou à direita e
passou por outra porta, após dois passos ela também se trancou. Ele
estava em um novo corredor ainda mais escuro, também com várias
portas trancadas, ligou sua lanterna e continuou andando até chegar a
uma escadaria que descia para o terceiro andar.

Harry desceu as escadas e passou pelas portas entrando no terceiro


andar do hospital, seu rádio começou a emitir ruídos, ele ergueu sua
pistola a procura do inimigo. Ele avistou algo se movendo no fim do
corredor a sua esquerda, era alto e se movia devagar, ele se
aproximou e viu que era uma pessoa encurvada, parecia uma
enfermeira, mas ela não parecia bem. Ao chegar mais perto Harry
observou que ela ainda usava seu avental de trabalho totalmente sujo
de sangue. Ela estava encurvada com os braços para baixo
segurando um bisturi ensanguentado. O seu rádio não parava de
chiar, o que não fazia sentido, pois era uma pessoa, mas quando a
enfermeira se virou, Harry avistou algo em suas costas, havia uma
criatura presa em suas costas. Muito sangue escorria do local, a
criatura era sinistra, parecia um enorme tumor e estava se mexendo.
Tinha uma cor de carne ensanguentada. Harry pôde ouvir um gemido
de dor vindo da enfermeira. A mulher o avistou pela luz da lanterna e
caminhou em direção a ele, erguendo seu bisturi.

"– PARA TRÁS! NÃO QUERO TE MACHUCAR! NÃO SE


APROXIME!" Harry gritou, mas ela ainda se aproximava "– Não posso
matar um ser humano! Mas ela não está me dando escolha!" pensou
Harry enquanto apontava sua arma e caminhava lentamente para trás.
Seja o que for, aquilo grudado as costas dela a estava controlando.
Ela veio em direção a Harry, seu rosto coberto de sangue, suas
roupas manchadas com o que parecia ser vômito, e efetuou um
ataque com seu bisturi. A lâmina passou bem próximo ao corpo de
Harry, "– Ahhh! Mas que droga!" BAM! BAM! Harry atirou duas vezes
acertando o rosto e o corpo. A mulher foi ao chão emanando grandes
quantidades de sangue. "– Não queria fazer isso! Mas era ela ou eu!
Não posso deixar que nada nem ninguém atrapalhe a busca pela
minha filha." Harry pensou enquanto olhava com tristeza o corpo
daquela pobre enfermeira imóvel no chão. A criatura em suas costas
ainda se movia, mas não representava ameaça, já que o hospedeiro
estava morto.

O lugar onde estava era tenebroso, um cenário de filme de terror era a


melhor maneira de se descrever. Paredes imundas com manchas de
sangue por todo lado. Partes do chão eram feitas com grades de
metal muito enferrujadas, e em alguns lugares não havia nada além
de um buraco negro. Podiam-se ver enormes tubos abaixo das grades
por todo o local soltando pequenas nuvens vapores.

Harry viu que havia muitas salas ali, ele decidiu investigar os
banheiros próximos a porta de entrada do terceiro andar. Ele entrou
no banheiro masculino, o lugar era ainda mais nojento que todo o
colégio. Muito sangue talhado e viscoso pra toda parte. O piso que
algum dia foi branco, agora estava terrivelmente sujo com sangue e
manchas amareladas! Os mictórios estavam amarelados e
transbordando uma coisa escura e com um odor repugnante! Harry
queria logo sair dali antes que pegasse uma doença, mas avistou algo
brilhando sobre o parapeito da janela aos fundos. Era uma pequena e
quadrada placa azul que possuía um desenho de uma tartaruga. Ele
achou que aquilo seria parte de um futuro enigma. Após colocar em
seu bolso ele saiu dali às pressas.
Neste corredor ainda havia os quartos 301, 302, 303, 304, banheiro
feminino e a lavanderia que também dava acesso ao outro lado do
andar com os restantes das salas. Harry investigou cada uma delas.
No quarto 301 havia uma maca com um colchão repugnante e uma
misteriosa gaiola de pássaros vazia o que não é muito comum de se
ver em um hospital. Harry fez uma anotação em seu mapa, pois era
muito suspeito. No quarto 302 também havia uma maca e uma
televisão com um videocassete, aparentemente funcional, pois havia
uma pequena luz vermelha acesa, ele não tinha encontrado nenhuma
fita de vídeo ainda, mas anotou em seu mapa a localização daquele
aparelho caso fosse preciso usa-lo. O quarto 303 estava trancado. No
quarto 304 haviam muitas macas enferrujadas e ao fundo da sala ele
notou uma pequena placa de metal fixada à parede com parafusos, o
que chamou sua atenção foi que ela havia sido posta ali recentemente
a julgar pela aparência. Ele não possuía uma chave de fenda para
abrir aquilo para saber o que há atrás dela, mas ele continuaria
procurando. O banheiro feminino estava trancado e Harry verificou
então a lavanderia, não havia nada além de maquinas de lavar velhas
e enferrujadas. Harry passou pela porta que havia dentro da
lavanderia e saiu no outro lado do corredor, ao ver o mapa ele
identificou a sala de armazenamento, os quartos 305, 306 e 307. Na
sala de armazenamento havia algumas estantes de metal bem
enferrujadas, alguns frascos de medicamentos vazios e em uma das
prateleiras havia uma pequena bolsa de sangue fechada, ela havia
sido posta ali, também recentemente. Ele não tinha certeza se queria
levar aquilo consigo, mas era melhor ter e não precisar do que
precisar e não ter. Ele apanhou a bolsa de sangue e saiu da sala. Os
quartos 305 e 307 estavam trancados. No quarto 306 ele encontrou
outra placa de cor amarela com o desenho de um gato presa em uma
fenda na parede dos fundos, exatamente no local onde estava a placa
de metal parafusada a parede no quarto 304, com isso ele pôde
presumir que atrás daquela placa de metal haveria uma dessas placas
coloridas com gravuras, ele não fazia ideia pra que serviria e nem
quantas havia, mas com certeza era importante. Ele apanhou a placa
do gato e seguiu.

Ele destrancou a porta de acesso ao elevador, mas lembrou de que


não adiantaria chegar ao segundo andar por ele porque esta mesma
porta no segundo andar estava trancada, então ele resolveu usar
escadas. Ele voltou pelo corredor, atravessou as portas que davam
acesso ao corredor seguinte, passou pelas portas das escadas
descendo até o segundo andar.

A planta era exatamente a mesma, somente o número das salas era


diferente. O local estava em ruínas, aparentemente abandonado há
anos. Havia outra enfermeira vagando pelo corredor. Harry estava
ficando sem munição de pistola, ele se aproximou bem devagar e
efetuou um disparo certeiro na cabeça da enfermeira possuída. Ela
caiu morta imediatamente em uma poça de sangue negro. Tendo em
vista as condições em que ela estava ele não achou que aquela
situação seria reversível, ela estava praticamente morta e não sabia
como ainda poderia estar de pé! Era algo realmente maligno.

Após a lamentável situação, ele verificou uma a uma as salas daquela


parte do andar. Os banheiros feminino e masculino estavam
trancados. Dentro do quarto 201 havia umas macas destruídas e em
cima de uma delas havia um isqueiro ainda funcional, Harry o pegou,
pois poderia ser muito útil. Os quartos 202 e 203 estavam trancados
então ele seguiu para o último quarto desse corredor, o quarto 204.
Imediatamente o seu rádio começou a chiar assim que entrou no
quarto, estava muito escuro, tinha várias macas enferrujadas e
colchões manchados pelo chão. Harry caminhou lentamente em
direção ao fundo da sala com sua pistola em mãos. Ele pode ver
horrorizado... Havia uns terríveis tentáculos saindo de dentro de um
buraco na parede próximo ao chão, eram enormes e cinza, havia pelo
menos quatros dele se remexendo como cobras! Harry tentou se
aproximar, mas eles sentiram sua presença e ficaram agitados, Harry
percebeu que se ele se aproximasse mais, aquelas coisas o
agarrariam. Eles estavam muito interessados em uma pequena
mancha de sangue à frente, todos indo em direção a ela, famintos e
sedentos pelo sangue que se espalhava pelo chão sujo! Foi então que
Harry percebeu que na parede atrás dos tentáculos havia outra placa
quadrada com uma imagem gravada, ele teria que pegar aquela placa
mais cedo ou mais tarde, mas como ele passaria por aquela
criatura? "– A bolsa de sangue é claro!" Ele lembrou-se de que havia
apanhado uma pequena bolsa de sangue ainda fechada em uma das
salas no terceiro andar. Certamente essa seria a sua utilidade. Ele
retirou a bolsa de sangue do seu bolso, fez um pequeno rasgo para o
sangue começar a escorrer e atirou ela há uma distância segura onde
os tentáculos o alcançariam, mas sairiam da frente, possibilitando sua
passagem. Os tentáculos logo perceberam o sangue fresco
escorrendo pelo chão e foram em direção a ele como lobos famintos!
Harry percebeu a oportunidade, caminhou pela lateral, tentando evitar
tocar naquela coisa repugnante, e apanhou a placa fixada a parede.
Após se distanciar daquela coisa ele examinou a placa, era verde e
havia um desenho de um homem com um chapéu.

Ele saiu da sala, deixando os tentáculos se deliciarem com o sangue


fresco e seguiu em direção enfermaria.

Chegando lá ele pode perceber que não havia nada dentro, somente
uma porta trancada na outra parte da sala que daria acesso à outra
ala de salas, porém nesta porta havia um tipo de dispositivo fixado,
era grande e havia quatro encaixes, um em cada ponta do objeto.
Alguma coisa com um formato de quadrado deveria ser inserida ali.
Neste dispositivo fixado a porta já existia quatro placas com as cores,
branco em cima, roxo em baixo, cinza a esquerda e laranja a direita,
fazendo um formato de cruz. Imediatamente Harry se lembrou das
placas que ele havia pego, elas com certeza se encaixariam ali, mas
ele teria somente três delas, faltava uma a ser encontrada, mas qual
seria a ordem a se colocar? Harry olhou para o lado e viu um pequeno
pedaço de folha de caderno fixado a parede com algo escrito:

"Nuvens encobrindo a colina."

"Céu num dia de Sol."

"Tangerinas de sabor amargo."

"Trevo de quatro folhas."

"Violetas no jardim."

"Dente-de-leão no caminho."

"Inevitável noite de sono."

"Líquido saindo de um pulso cortado."

Outro daqueles enigmas estranhos, mas Harry conseguiu logo de


imediato perceber um padrão. Parece que tudo tinha a ver com as
cores e levando em conta as estrofes do texto, "Nuvens encobrindo a
colina" poderia ser branco.

A segunda estrofe dizia "Céu num dia de Sol" o que significava azul
que é a cor do céu, Harry pós a placa da tartaruga no espaço superior
direito. Parecia que o enigma girava no sentido do relógio.

A terceira estrofe dizia "Tangerinas de sabor amargo" e a cor laranja já


estava fixada em seu local.

A Quarta estrofe dizia "Trevo de quatro folhas" o que em sua


percepção queria dizer verde, devido à cor do trevo de quatro folhas,
Harry colocou a placa verde do homem usando um chapéu no espaço
inferior direito.

A quinta estrofe dizia "Violetas no jardim" a placa cor violeta já estava


fixada em seu local.

A sexta estrofe dizia "Dente-de-leão no caminho", ele colocou a placa


amarela do gato fixada no espaço inferior esquerdo.

A sétima estrofe dizia "Inevitável noite de sono", a placa que


representava a noite, ou seja a cinza, já estava fixada.

Por último faltava, aparentemente a placa de cor vermelha, já que a


última estrofe dizia "Líquido saindo de um pulso cortado" que nesse
caso seria o sangue. Ele só precisava encontrar a placa, abrir a porta
e descobrir o que havia do outro lado.

Faltava apena o primeiro andar a ser visitado. Ele saiu desta sala,
pegou as escadas e foi em direção ao primeiro andar. Lá chegando
ele passou pelas portas que davam acesso ao corredor do elevador. A
sua direita estava o depósito e um escritório e a sua esquerda estava
à sala de medicamentos. Ele deu uma olhada rápida no depósito e no
escritório, mas não havia nada além de escuridão e sons estranhos.
Ele verificou então a sala de medicamentos e ao se aproximar da
porta que dava acesso a sala de exames ele pode ouvir sons de
passos do outro lado da porta, mas como a porta estava trancada ele
não teve certeza se era uma pessoa normal ou alguma enfermeira
zumbi. Não havendo nada mais de interessante neste local ele
continuou a verificar o corredor do primeiro andar. A sala dos médicos
estava trancada. Na cozinha ao lado ele encontrou, dessa vez um
médico portando um desses parasitas nas costas, o mesmo atacou
Harry furiosamente, mas ele conseguiu se esquivar e deu um tiro de
escopeta, pois sua munição de pistola estava quase no fim. O tiro
praticamente arrancou a cabeça do médico, espalhando sangue e
miolos por toda cozinha e em cima das pias e fogões, uma terrível
realidade! O médico foi ao chão sem a menor chance de revidar.
Apesar de tudo aquilo ser terrível, Harry já estava começando a se
acostumar com a presença do mal, ele sabia que não era uma coisa
saudável, mas naquela situação poderia ajudar a lidar com tudo que
existe de maligno em Silent Hill.

Harry saiu da cozinha e foi em direção à diretoria, ou a sala do Dr.


Kaufmann, porém, como todo hospital havia se transformado após a
passagem pelo quarto andar misterioso, a sala dele estava muito
diferente. Toda a mobília estava podre assim como os livros
espalhados pelo chão sujo de sangue. Ele não sabia se era uma
realidade alternativa terrivelmente maligna ou se ele, de alguma forma
inexplicável, havia sido transportado centenas de anos à frente
causando todo esse deterioramento rápido de tudo que havia neste
hospital.

Harry caminhou até o fim da sala e enfim a encontrou, a placa


vermelha com uma gravura do que parecia ser uma rainha estampada
estava em cima da mesa parcialmente destruída. Ele agora poderia
abrir a porta e seguir o seu caminho. Apesar de todos esses enigmas
sinistros e esses monstros terríveis, ele não parava de pensar em sua
filha, ele se perguntava, a todo o momento, se ela ainda estava viva
em meio a tanta desgraça que recaía sobre aquela cidade. Ele tentava
manter a fé, mas em certos momentos um enorme desânimo
dificultava sua jornada.

Ele pegou a placa e saiu daquela sala correndo em direção ao


segundo andar direto para a enfermaria. Ele pegou a placa vermelha e
a inseriu no último espaço restante. Em seguida ouviu um som de
clique vindo da fechadura da porta. Ela estava destrancada. Harry
conseguiu resolver mais um enigma misterioso de Silent Hill
esperando não haver mais nenhum dali por diante. Harry estava
esperançoso, ele achava que iria encontrar Cheryl em breve e passou
pela porta em direção a outra ala de salas do segundo andar. O local
estava do mesmo jeito que o restante do hospital. A sua frente estava
a sala preparatória. Ao entrar nesta sala ele se deparou com um
enorme buraco no chão, o centro da sala não existia e somente uma
trilha feita com grades de metal contornava a sala, não se podia ver
nada abaixo, mesmo sabendo que ele poderia ver dali o primeiro
andar do hospital, era muito estranho! Ele contornou a sala, tomando
um extremo cuidado para não cair naquele buraco negro, em direção
à porta da sala de operações. Ao entrar na sala a sua frente estava
uma enfermeira zumbi, nesta sala também havia partes do chão
faltando que ficavam nas laterais direita e esquerda e aos fundos,
somente uma estreita ponte de metal existia no meio da sala. Harry
sacou sua escopeta e acertou o corpo dela fazendo-a cambalear para
trás e cair no buraco negro que estava aos fundos da sala! Ele tentou,
mas não conseguiu ouvir o som dela batendo no chão após cair no
buraco, como se ela estivesse mergulhando par ao infinito sombrio! A
sua frente havia uma mesa de metal repleta de sangue e em cima
dela uma chave. Harry a pegou e viu que pertencia a porta do
depósito no porão do hospital. Ele a pegou e saiu daquele local terrível
e assustador.

Após isso ele verificou a UTI bem ao lado e no interior ele encontrou
uma garrafa de álcool desinfetante ainda pela metade em cima de
uma mesa destruída. "– Isso pode ser importante!" ele pensou
apanhando a garrafa e colocando no bolso interno da sua jaqueta.
Com tantos itens que ele está encontrando, ele chegou a pensar que
deveria ter vindo com uma mochila, pois seus bolsos estavam ficando
cheios.
A sua volta não havia mais nada além de estantes de metal
enferrujadas e tortas e muitas garrafas velhas com algum tipo de
droga já vencida há anos, nada que lhe interessasse. O quarto 205
estava trancado e o 206 não havia nada dentro.

Harry decidiu ir até o porão para utilizar a chave do depósito que ele
havia encontrado. Ele pegou o elevador no final do corredor e
pressionou o botão "P" para ir até o porão. O lugar sem dúvida era o
mais escuro de todo aquele hospital. Ao olhar no mapa ele identificou
a sala do gerador, a sala da caldeira, o depósito e o necrotério. Ele
investigou a sala do necrotério que estava a sua frente e dentro dela
havia seis macas com corpos cobertos por um lençol branco, ou
melhor, um dia foi branco, agora estavam manchados com muito
sangue e uma substancia amarelada extremamente nojenta! O odor
de carne podre era indescritível, chegando a fazer os olhos de Harry
lacrimejar! Ele não queria entrar ali e fechou a porta rapidamente.

A sala da caldeira estava trancada e então ele verificou a sala do


gerador. Ele encontrou um enorme martelo vermelho encostado ao
gerador, uma de suas pontas era pontuda e afiada, parecia ser muito
forte e isso o ajudaria a enfrentar os monstros e economizar munição.
Ele colocou a sua escopeta no cinto de sua calça e levou aquele
enorme martelo de emergência consigo.

Ele pegou a chave em seu bolso e a inseriu na porta do depósito a


abrindo com facilidade. No interior havia muitas prateleiras de metal
com várias garrafas de drogas vencidas, aparentemente não havia
nada ali e nem o levaria a lugar algum. Ele vasculhou com mais
cuidado e observou que havia um armário alto feito de madeira já bem
podre encostado em uma parede aos fundos e que no chão ao lado
dos pés do armário havia muitos riscos no piso, como se ele tivesse
sido arrastado várias vezes naquela direção e voltado a sua posição
anterior. Ele iluminou o máximo que pode com sua lanterna a parte de
trás do armário e notou que havia algo ali, ele se pôs ao lado do
armário e empurrou para o lado fazendo-o deslizar emitindo um
arrepiante ruído ao arrastar seus pés no piso. Uma pequena porta de
madeira foi encontrada escondida atrás do armário. Harry passou por
ela imaginando ser algum tipo de sala secreta. Ele encontrou uma
pequena sala com umas caixas de papelão pelos cantos sem nada de
interessante nas caixas, mas ao fundo da sala ele viu uma escotilha
com uma porta de grade de metal sob o chão, porém ela estava
totalmente obstruída por galhos secos que impediam a abertura da
passagem. Harry mal conseguia ver o que havia do outro lado, mas
ele pode jurar que havia uma escada. Ele tentou remover os galhos
com a mão, mas estavam muito difíceis, eles eram fortes e estavam
muito enroscados na grade. Deveria haver uma forma mais fácil de
remove-los. "– E se eles fossem queimados?" Ele pensou. Harry teve
a ideia de queima-los usando o isqueiro que ele havia encontrado
combinando com a meia garrafa de álcool desinfetante que ele
possuía. Ele pegou a garrafa, retirou a tampa e espalhou o líquido por
toda a área que pode até que ele acabasse. Rapidamente ele
acendeu o isqueiro e o jogou nos galhos, uma enorme chama se
acendeu iluminando toda a sala, Harry se afastou do fogo observando
os galhos sendo queimados pouco a pouco. Somente as cinzas caíam
na passagem abaixo.

Harry conseguiu abrir a passagem com facilidade, uma nuvem de


fumaça atrapalhava sua visão, mas ele pode ver que havia uma
escada ali.
CAPÍTULO 11
 

Harry estava agora em um corredor muito estreito com o chão feito de


grades, as paredes estavam somente nos tijolos de bloco de cimento
com muito mofo dando uma cor esverdeada. Estava frio e muito
escuro. Ele seguiu pelo corredor até encontrar uma porta.

Harry saiu em um corredor semelhante ao anterior, no final dele havia


uma porta de grade firmemente trancada e uma cadeira de rodas
destruída ao lado coberta de sangue. Ele logo percebeu que este
lugar não estava no mapa e que consulta-lo seria inútil. Ele teria que
ser cauteloso para não se perder. Havia somente uma porta neste
local, ele passou por ela saindo em outro corredor com uma
quantidade maior de portas. A escuridão era algo apavorante e
estranhos sons vinham aos seus ouvidos às vezes. Havia seis portas
naquele corredor. A primeira sala a esquerda não havia nada,
somente uns barulhos estranhos e assustadores. A primeira sala a
direita havia uma maca de hospital sem colchão e em cima dela havia
uma fita de videocassete coberta de sangue, ele logo se lembrou da
sala no terceiro andar onde havia um aparelho funcional em que ele
poderia assistir o conteúdo daquela fita. Ele esperava obter algumas
respostas sobre o motivo de tudo estar daquele jeito, portanto pegou a
fita e levou consigo.

Haviam três salas trancadas neste corredor e somente a ultima a


esquerda estava aberta. Harry entrou nesta sala e logo viu uma cama
de hospital no centro com lençóis moderadamente limpos, e
saquinhos de soro pendurados ainda pela metade, aparentemente
alguém esteve ali recentemente, era bem diferente dos outros
ambientes que ele havia visitado naquele hospital. Ao lado da cama
havia uma máquina hospitalar para sustentação de vida ainda ligada e
em cima do painel havia uma foto em preto e branco de uma garota
muito parecida com Cheryl, porém havia um nome escrito "Alessa".

"– Alessa? Quem será? Ela é muito parecida com Cheryl, porém
aparenta ser mais velha. Tenho quase certeza que essa foi à garota
que eu vi naquele sonho e na visão ao sair daquele elevador. Será
que é a irmã mais velha de Cheryl?" Harry se perguntava ao segurar o
porta-retratos, olhando fixamente para a imagem.

Ao lado do porta-retratos havia uma chave dourada que dizia em sua


etiqueta "Sala de Medicamentos". Ele olhou em seu mapa e viu que
havia uma sala de medicamentos no primeiro andar. Era a sala em
que ele tinha ouvido som de passos vindos do interior.

Harry poderia ir para a sala de medicamentos, mas ele estava mais


interessado em tentar descobrir o que estava acontecendo com Silent
Hill e aquela fita de vídeo poderia ajudar. Portanto antes de seguir
para a sala de medicamentos ele decidiu que ir em direção ao terceiro
andar utilizar a fita no videocassete.

Ele saiu daquela sala, passou pelos corredores em direção ao


depósito do porão. Ele pegou o elevador e foi até o terceiro andar.
Após passar pelos corredores ele chegou a sala 302 onde estava o
aparelho. Harry pegou a fita e inseriu.

Uma imagem fora de sintonia apareceu, muito chuvisco e ruídos ao


fundo, mas ele conseguiu ouvir fragmentos de vozes:

"......Ainda...........febre............incomum!.......não.........veri......puls.........
apenas respir............pele está..... Mas quando eu
tr...................................coa por..............................Por
quê................crian.................

....................não direi.....................Por favor..."


Após isso a fita VHS foi ejetada e Harry estava mais confuso do que
nunca, aquilo não serviu de grande ajuda, mas ele pode perceber que
o conteúdo era importante, ele não sabia se o problema era a fita ou o
aparelho, mas ele decidiu levar a fita para tentar assistir mais tarde em
um aparelho melhor, caso encontrasse um por ali ou até mesmo
quando chegar em casa.

Harry saiu dali em foi em direção ao elevador para chegar ao primeiro


andar e verificar a sala de medicamentos. O elevador desceu até o
primeiro andar, ele correu até o final do corredor, virou à direita e
entrou na sala de medicamentos. Pegou sua chave e utilizou na porta
trancada a abrindo.

A sala estava muito escura e Harry começou a iluminar o local a


procura de alguém, foi quando ele avistou uma pessoa escondida em
baixo de uma mesa. A luz da lanterna bateu em seu rosto enquanto
ela bloqueava o flash com as mãos. A mulher com roupas de
enfermeiras saiu de baixo da mesa e ao perceber que Harry não era
nenhum monstro ela correu em sua direção e o abraçou com um
sentimento de alívio. Harry mesmo sem entender nada e bastante sem
graça retribuiu o abraço timidamente.

Era uma moça muito bonita, jovem de pele branca e cabelos loiros
compridos. Ela estava usando um uniforme branco de enfermeira com
um pequeno blazer vermelho por cima e uma boina branca em sua
cabeça. A moça se afastou e olhou diretamente para Harry.

"– Affff! Finalmente outra pessoa viva!" Ela disse com sua voz suave e
graciosa.

"– Desculpe, mas quem é você?" perguntou Harry.

"– Meu nome é Lisa Garland, e como você se chama?"

"– Harry Mason."


"– Harry você pode me dizer o que está acontecendo aqui? Onde
estão todos? Eu devo ter desmaiado e quando acordei todo haviam
desaparecido. É terrível!" ela perguntou.

"– Então você também não sabe de nada! Que ótimo! Não estou
conseguindo entender. É como se eu estivesse vivendo em um
pesadelo!" Harry falou.

"– Sim, um pesadelo muito real..." ela respondeu.

"– Olha, eu queria te perguntar uma coisa... Você não viu uma
garotinha por aí? Pequena, morena ela tem sete anos."

"– Uma menina de sete anos? Por que? É sua filha?" respondeu Lisa.

"– Sim"

"– Humm... sete anos... não posso dizer que sim, pois estive
desmaiada aqui todo esse tempo. Me desculpe."

"– Tudo bem." Respondeu Harry demonstrando desapontamento em


sua voz.

"– Eu estive andando por este hospital e encontrei umas coisas


estranhas no depósito do porão, você sabe algo sobre isso?"
perguntou Harry.

"– No depósito do porão? Não, por quê? Tem algo lá em baixo?"

"– Mas... você não trabalha aqui? Como você não sabe?" perguntou
Harry muito confuso.

"– Nós temos ordens explicitas para nunca se aproximar deste local.
Então eu não sei mesmo. O que tem lá?" perguntou Lisa.

"– Bom... eu vi uma... AHHHHHH! AHHHHH! MINHA CABEÇA! O


QUE É ISSO? AHHHHHHH!"
Harry começou a sentir uma dor de cabeça muito forte e um alto
barulho de uma sirene tocando.

"– Harry? O que está acontecendo? Harry? Harry? Deixe-me ajudar!


Harry?" perguntou Lisa enquanto se aproximava de Harry que estava
quase desmaiando.

Harry ajoelhou-se com as mãos na cabeça e tudo ficou escuro, ele só


podia ouvir o som alto de uma sirene e ao fundo a voz doce de Lisa
chamando pelo seu nome enquanto desmaiava.

...

Harry então acordou na sala de exames, Lisa não estava mais lá, o
local também havia voltado ao normal. Harry sentou-se na cama com
os olhos fechados. Sua cabeça ainda latejava e se sentia um pouco
tonto.

"– Isso foi um sonho? Não, não, com certeza não foi! Já não sei mais
em que acreditar." Harry pensava enquanto ouvia a porta se abrir a
sua frente e uma grave e amedrontadora voz falava:

"– Está atrasado."

"– É você!" Harry olhava a figura diante de seus olhos, era aquela
mulher que ele encontrou na igreja.

"– Sim. Dahlia Gillespie." Ela respondeu.

Harry se levantou de forma brusca e foi em direção a ela, visivelmente


sem paciência, ele não iria mais tolerar nenhuma baboseira sem
sentido.

"– Está bem, agora chega! Diga-me tudo que você sabe agora! O que
está acontecendo com essa cidade?" ele perguntou com um tom de
voz alto e firme.
"– A escuridão... ela está consumindo toda a cidade. As forças devem
superar os desejos... os sonhos infantis. Mas eu sabia que este dia
chegaria." Ela respondeu com seu ar de mistério.

"– Mas que droga! Do que você está falando? Que baboseira é essa,
não estou entendendo uma só palavra?" Harry estava nitidamente
frustrado, pois ninguém lhe dava explicações claras sobre o que ele
queria saber.

"– Acredite nos sinais de seus olhos." Disse Dahlia enquanto


apanhava um objeto no em um bolso de sua roupa. "– A outra igreja
desta cidade será o seu próximo destino. Já está fora do meu alcance
e só você pode interromper." Em sua mão havia uma chave de cor
esverdeada. Dahlia a colocou em cima da mesa ao seu lado voltou-se
a Harry e disse:

"– Você não viu o emblema marcado pelo chão em toda a cidade?"

"– Fala daquele símbolo estranho que eu vi desenhado no pátio da


escola? O que ele significa?" perguntou Harry.

"– É a marca de Samael... Não deixe que se complete!" Ela se virou e


caminhou em direção à porta.

"– Ei espere! Não vá ainda!" Harry disse em voz alta olhando para a
mulher, mas já era tarde, ela já tinha saído da sala. Harry correu atrás,
mas após abrir a porta ela havia desaparecido.

Essa mulher era muito suspeita e aparentava saber muito sobre o que
estava acontecendo, mas se recusava a passar uma informação clara.
Seu nome era Dahlia Gillespie, ele não poderia esquecer.

Harry voltou à sala e apanhou a chave que ela havia deixado. Nela
havia uma etiqueta onde dizia "Antiquário". Ele a pegou e guardou em
seu bolso. Ela tinha mencionado algo sobre o seu próximo destino,
parece que seria outra igreja da região, mas ao verificar o seu mapa
ele não conseguiu encontrar nenhuma outra igreja, ele não sabia o
que ela quis dizer com a "próxima igreja", mas ele conseguiu visualizar
em seu mapa um Antiquário que ficava no final da Rua Simmons e já
que ele tinha a chave o melhor que poderia fazer por enquanto era ir
lá e verificar.

Harry apanhou o seu martelo de emergência que estava encostado à


parede e saiu daquela sala em direção à porta de saída do hospital.

Ele estava do lado de fora novamente, a neblina ainda continuava


incessante. Ele passou pelo portão de entrada do hospital e estava em
pé na Rua Koontz. Bastava seguir essa rua até o fim, virar na Rua
Simmons e correr até o final dela desviando dos monstros que com
certeza ainda estariam ali. Ele verificou seu rádio e com o seu martelo
em mãos começou a correr pela Rua Koontz pela lateral esquerda. A
neblina era um problema, estava cada vez mais difícil de enxergar e
correr respirando aquele ar gelado com certeza faria mal a ele mais
tarde, mas era tudo por sua filha.

Ele chegou ao final da Rua Koontz e dobrou a esquerda na Simmons.


Seu rádio estava a toda, chiava o tempo todo, dava pra ouvir o som
das asas das bestas aladas se misturando ao som das suas próprias
pegadas no asfalto, mas ele estava mais preocupado com aqueles
macacos mutantes horrendos e extremamente perigosos. Harry enfim
chegou ao antiquário, a porta a beira da rua estava aberta e estava
com o vidro quebrado. Havia uma placa de madeira fixada ao lado
dela com um desenho de um leão verde que parecia ter sido feito por
uma criança. Harry entrou pelo estreito corredor com paredes muito
danificadas e ao fundo a porta que estava trancada. Harry a
destrancou com a sua chave e entrou no recinto.
O lugar estava uma bagunça, havia mesas antigas, cadeiras, estantes,
sofás, abajures e um grande relógio próximo a porta de entrada, muito
bonito e aparentemente antigo, mas estava parado exatamente as três
horas. A sala estava escura, mas Harry iluminou um pequeno armário
encostado a uma parede aos fundos da sala. No chão havia marcas
de arranhões por alguém ter arrastado o móvel, Harry sabia que teria
algo atrás daquele armário. Harry o empurrou e uma passagem foi
encontrada na parede atrás deste armário, ela foi aberta a força pelo
concreto formando um enorme buraco grande o suficiente para ele
passar com folga.

Harry o iluminou e já estava pronto para entrar, foi quando ele ouviu o
som da porta se abrindo atrás dele. Ele imediatamente empunhou sua
pistola e apontou na direção da porta.

"– Harry sou eu!"

"– Cybil?" respondeu Harry surpreso por encontra Cybil ali naquele
lugar tão vago.

"– Ah! Que bom saber que você esta bem!" disse Cybil se
aproximando de Harry enquanto ele abaixava a sua arma. "– Eu não
deveria tê-lo deixado, esta tudo muito pior do que eu pensei. É
loucura!"

"– Achei que você fosse deixar a cidade em busca de ajuda? O que
faz aqui?" perguntou Harry.

"– Eu estava investigando este lado da cidade foi quando eu vi você


entrando neste lugar e resolvi segui-lo. Não consegui sair da cidade,
todas as ruas estão destruídas e não há ninguém e nenhum carro
trafegando. Os telefones e rádios ainda continuam mudos."

"– Mas e quanto a minha filha? Você a viu?" perguntou Harry


esperançoso.
"– Olha... eu vi uma menina sim." Respondeu Cybil.

"– Mas era Cheryl?"

"– Não sei dizer... eu só a vi de relance através da neblina. Eu fui atrás


dela, mas ela simplesmente sumiu! Não sei dizer se era a sua filha,
mas...".

"– Espera! Espera! Então você a deixou ir? Aonde foi isso? Harry
perguntou impaciente.

"– Foi na Rodovia Bachman. Ela estava indo em direção ao lago.


Agora... não se assuste com o que vou te dizer, mas ela não estava
exatamente correndo, não havia lugar algum para ela ir, pois a estrada
estava destruída."

"– Espera! Então Cheryl..."

"– Ela parecia estar flutuando no ar atravessando o precipício." Disse


Cybil com um ar de pavor. "– Enfim... e você, teve alguma notícia
dela?"

"– Sim... conheci uma velha senhora bem bizarra. Ela disse que se
chamava Dahlia Gillespie. Você a conhece?"

"– Dahlia Gillespie? Não. Bem e...?" perguntou Cybil.

"– Bem... ela disse algo sobre a escuridão estar consumindo a cidade
em um estranho dialeto. Sabe alguma coisa sobre isso?" perguntou
Harry.

"– Escuridão consumindo a cidade? Provavelmente são drogas! Eles


vendem para os turistas que passam por aqui. Estávamos
investigando isso, mas ainda não descobrimos quem está por trás
disso. Até agora ninguém obteve sucesso, então a investigação foi
arquivada."
"– Drogas? Mas o que o tráfico de drogas tem a ver com isso tudo?"
perguntou Harry.

"– Ainda não sabemos, mas talvez seja a "escuridão" da qual ela
falava. É só o que me vem à cabeça".

Harry acenou com a cabeça e em seguida olhou para o lado em


direção ao misterioso buraco que ele acabara de encontrar. Cybil se
aproximou e perguntou:

"– O que é isso?"

"– Não sei, acabei de descobrir, mas acredito que haja alguma coisa
importante aí dentro." respondeu Harry.

"– Ok vamos verificar então." Disse Cybil.

"– Espera! Eu não sei o que há aí dentro, é melhor eu entrar e verificar


primeiro, você fica aqui!" argumentou Harry.

"– Nada disso! Eu sou a policial, eu devo ir!"

"– Não, eu insisto!" respondeu Harry.

"– Tudo bem, eu ficarei aqui dando cobertura, mas tome muito cuidado
lá dentro e se algo parecer suspeito volte para cá imediatamente,
entendido?" Perguntou Cybil.

"– Entendido."

Harry estava prestes a entrar na passagem quando se virou para Cybil


e perguntou:

"– AHH! Cybil? Pode parecer estranho, mas você sabe algo sobre...
ahh... bem... como um tipo de mundo feito de pesadelos?"

"– Não estou entendendo Harry? Do que está falando?" ela


respondeu.
"– Não tenho certeza ainda... eu tento entender, mas de repente some
da minha mente. Está sempre escuro por lá e eu ouço sons de sirenes
à distância. E foi lá que eu conheci uma enfermeira chamada Lisa, eu
parecia estar lá com ela, mas não realmente. É tudo muito sem
sentido, como algum tipo de alucinação entende?"

"– Ainda não faço ideia do que você está falando Harry." Ela
respondeu franzindo suas sobrancelhas.

"– Ahh... Eu só imaginava se... Ah esquece..."

"– Harry, você está apenas cansado!" ela disse olhando para seus
olhos.

"– É... talvez..."

Harry se virou e entrou lentamente na passagem na parede deixando


Cybil de guarda na porta. Ele estava em um corredor muito escuro e
após uns passos ele passou por outro buraco na parede. Ele estava
em um pequeno lugar muito escuro, aparentemente não havia nada
ali, até que ele avistou aos fundos da sala o que parecia ser um tipo
de altar. Havia quatro velas em volta de uma mesa de madeira e em
cima dessa mesa havia um cálice dourado. Havia também um quadro
aos fundos com uma imagem assustadora de um tipo de ser,
aparentemente maligno com enormes asas abertas e um corpo
magro. Tinha uma cabeça parecida com a de um bode, era algo
macabro e doentio. "– Talvez essa seja a outra igreja que Dahlia havia
mencionado." Ele pensou ao observar com nojo aquela imagem
aterrorizante de algo puramente maligno!

Dentro do cálice havia um pó escuro semelhante à pólvora. Harry não


queria mexer com aquilo e decidiu ir embora se encontrar com Cybil e
foi em direção à saída, quando de repente uma enorme chama se
acendeu do cálice em cima do altar! Imediatamente toda a sala se
iluminou e Harry começou a sentir um calor sufocante, era tão intenso
que ele não conseguia respirar! Ele tentou chamar Cybil, mas não
conseguia se quer abrir boca! Ele ajoelhou no chão com as mãos no
pescoço e viu tudo escurecer enquanto desmaiava.

...

Cybil estava de guarda na porta da entrada quando ouviu um barulho


estranho vindo de lá de dentro.

"– Harry? Está tudo bem? Harry?" ela gritou, sua voz ecoou pelo
estreito corredor, mas não obteve resposta. Ela entrou pelo corredor e
saiu na sala do altar, mas Harry não estava lá e o altar já estava
apagado. "– Harry? Cadê você? Aqui não tem nenhuma saída, como
ele pode ter saído daqui?" Cybil estava confusa. Ela observou o altar,
tendo a mesma reação de horror que Harry. Ela não tinha mais
nenhuma opção a não ser voltar para cidade e continuar procurando
por Harry ou qualquer outra pessoa que possa ajudar.

CAPÍTULO 12
Harry acordou em uma cama de hospital totalmente confuso, sua
cabeça estava doendo muito. A sala estava parcialmente escura.
Somente uma luz avermelhada iluminava o local, era um ambiente
ainda mais sinistro! Ele sentou-se na cama e a sua frente estava Lisa
sentada em uma cadeira com as mãos juntas o observando.

"– Ah nossa!... Onde será que eu estou agora? Ahh... minha cabeça!"
disse Harry passando as mãos no rosto.

"– Harry? Você está bem? Parecia que você estava tendo um
pesadelo!" perguntou Lisa.
"– Aff! Eu não sei ainda." Harry respondeu. Ele olhou para o rosto
dela, ela estava muito pálida e com uma aparência horrível.

"– Lisa? Você não parece muito bem? O que houve? Ele perguntou
olhando para o seu rosto.

"– Está tudo bem, nada que precise se preocupar."

"– Entendo, espero que esteja certa." Ele respondeu meio


desconfiado.

"– Ahh... Lisa? Você conhece uma senhora chamada Dahlia


Gillespie?"

"– Ah sim... a louca senhora Gillespie!" ela respondeu. "– Ela é bem
popular por aqui! Ela não costuma falar muito com as pessoas e por
isso não sei muito sobre ela, mas eu soube que a filha morreu
queimada em um incêndio e essa na verdade é a razão de sua
loucura."

"– Bem... ela tem falado sobre a escuridão estar consumindo esta
cidade, tem alguma ideia do que isso possa ser?" Ele perguntou.

"– A cidade consumida pela escuridão... Sim, acho que sei! Antes da
cidade virar um ponto turístico, todos os habitantes daqui viviam
isolados uns dos outros. Eles eram devotos de uma estranha religião
que envolvia magia negra, ocultismo, esse tipo de coisa. Sempre que
uma pessoa nova chegava eles acreditavam que ela era enviada por
um tipo de Deus e por isso coisas como estas costumavam acontecer
todo o tempo. Naquela época não havia praticamente nada neste
lugar, mas o povo estava entusiasmado. Deveria haver algum motivo
para isso. Mais tarde outras pessoas apareceram então todos ele se
isolaram novamente."

"– Então era algum tipo de culto" completou Harry.


"– Á última vez que eu ouvi sobre essa história foi... nossa... há muitos
anos! Acidentalmente alguns dos responsáveis pelo desenvolvimento
da cidade começaram a morrer. Alguns dizem que foi uma maldição...
Afff! Desculpe, acho que já falei demais."

Lisa abaixou a cabeça e Harry a observava. Ao menos agora a história


começava a fazer sentido, ainda havia muito a se entender, mas já era
um começo. A visão de Harry começou a escurecer e ele começou a
sentir um toque frio em seu rosto e também pelo seu corpo. De
repente ele abriu os olhos e estava deitado sobre um chão de grades
de metal, como na escola e no hospital. "– AHH! Não acredito! Era
outro sonho? Não aguento mais! Já não sei mais o que é real! Quem
sabe isso esteja só em minha cabeça. Eu posso ter me acidentado e
agora estou inconsciente em uma cama de hospital... Não consigo
entender!... Cybil disse que viu Cheryl indo em direção ao lago, só que
todos os caminhos estão bloqueados. Deve haver outro caminho.
Preciso falar com Lisa, ela deve saber" Ele estava sozinho em um
quarto terrivelmente sinistro, todo o chão era feito de grades e havia
uma imensa marca no chão, era a marca de Samael da qual Dahlia
falava. Havia corpos pendurados nas paredes exalando um odor
terrível de morte e um sofá muito velho e sujo aos fundos. Havia
apenas uma porta de saída daquele local, Harry apanhou seu martelo
no chão que havia encontrado no hospital, felizmente ainda estava ali
para ajuda-lo e foi em direção à saída.

Harry passou pela porta e por um estreito corredor. Ao chegar do lado


de fora ele percebeu que aquele quarto onde ele acordara era na
verdade o Antiquário e que agora ele estava na Rua Simmons em
frente à entrada da loja, porém o local estava dominado pela
escuridão, como dizia Dahlia, onde todo o chão era feito de grades
metal, uma escuridão infinita, muito sangue, corpos e monstros ainda
mais terríveis! Ele estava começando a compreender o que Dahlia
dizia, sobre toda a cidade aos poucos estar sendo dominada pela
escuridão. Era a primeira vez que Harry estava no centro da cidade e
vira o mundo daquele jeito. Nem mesmo em seus piores pesadelos ele
tinha visto algo tão terrível, pois a diferença entre estar em um local
daquele em um sonho e estar lá realmente, era gritante!

Harry então pensou em ir ao hospital encontrar-se com lisa para


pergunta-la sobre um possível meio de chegar ao lago, estava
chovendo forte e estranhos sons vindo de longe podiam ser ouvidos.
Ele correu pela Rua Simmons, mas ao chegar à metade dela ele
encontrou a estrada de metal destruída, impossibilitando a sua
passagem. Era um imenso buraco escuro. Não havia como atravessá-
las. Ele voltou caminhando observando as lojas fechadas e desertas a
beira da estrada e encontrou um buraco feito na porta de proteção do
Shopping que havia ali. Aparentemente feito por algo com muita força
que rasgou a porta de metal abrindo uma enorme passagem.

Como não havia outra escolha Harry entrou naquele local. Ao entrar
seu rádio começou a emitir ruídos, Harry segurou forte o martelo à
procura do inimigo enquanto iluminava o local. A sua frente havia uma
placa onde dizia "Galeria Central de Silent Hill". Harry caminhou
lentamente enquanto seu rádio chiava. A sua frente ele o viu, era um
daqueles terríveis macacos rastejando ao pé de uma das escadas
rolantes desativadas. A criatura o avistou e veio em direção a ele
dando enormes saltos, mas sua experiência anterior o ensinou a não
subestimar aquela criatura! Faltando poucos metros para alcançar
Harry ela deu um salto com toda velocidade em direção a ele, mas
Harry jogou seu corpo para o lado e a criatura passou direto por ele
indo de encontro a placa fixada no meio do hall de entrada, ela bateu
com toda força na placa fazendo um barulho tremendo que ecoou por
todo o local vazio. A criatura, horrível, sem pele e com um fedor
terrível de carne estragada ficou atordoada com o impacto. Harry
rapidamente se levantou e aproveitando a situação ergueu seu
enorme martelo com a ponta afiada, contraria a parte onde se martela,
mirando sua cabeça e desceu com toda força! "CRASSHHH!" a
criatura deu um gemido de dor enquanto sangue escuro pútrido
vazava por entre seus dentes! A ponta do martelo ficou cravada com
força na cabeça da criatura e Harry teve um pouco de dificuldade para
remover, mas após segurar o corpo da criatura com o pé e puxar com
força o martelo, ele se soltou trazendo consigo partes dos miolos do
monstro, espalhando-os pelo chão sujo! Ela não teve a menor chance.

Harry recuperou o fôlego e observou o local, tinha enormes pilastras


na entrada e lojas fechadas dos dois lados. Mais a frente havia um par
de escadas rolantes desativadas. Estava totalmente escuro e só era
possível enxergar com a luz da lanterna. Ao lado das escadas havia
um enorme telão com várias televisões juntas, provavelmente aquilo
servira um dia para exibir propagandas das lojas do shopping, mas
agora estavam desativadas e empoeiradas.

Harry começou a subir as escadas, foi quando de repente o telão


ligou-se emitindo muito ruído e estática na tela!

Harry tomou um tremendo susto! Aquilo era muito estranho! Ele se


aproximou para examinar. Varias imagens da marca de Samael
apareceram na tela fora de sintonia, foi quando a imagem de Cheryl
apareceu em preto e branco!

"– CHERYL!" Harry gritou ao ver a imagem de sua filha na tela, ela
estava com os braços para trás amarrados e em uma posição de dor e
sofrimento!

"– PAPAI...! ...Me ajude...! Onde ... está você?" Harry ouviu a voz de
Cheryl o chamando pedindo por ajuda!
"– OH meu Deus! CHERYL!" Harry estava desesperado, ela ainda
estava viva e não parecia bem, ele tinha que correr!

Depois a imagem de Cheryl desapareceu e vários símbolos estranhos


ficaram aparecendo na tela junto à marca de Samael em meio a muita
estática! Harry subiu correndo as escadas!

Chegando ao andar superior do shopping ele seguiu pela esquerda,


pois à direita o caminho estava destruído. Seu rádio começou a chiar
enquanto caminhava! Mais a sua frente ele pode ver que havia algo no
chão, parecia um corpo de uma pessoa em avançado estado de
decomposição, mas... tinha algo em cima dele! Parecia ser grande,
mas ele não conseguia ver o que era devido a distancia e a escuridão
então ele lentamente se aproximou e... "CRAAASSSHHHHH!" Todo o
piso desmoronou levando Harry e a criatura abaixo junto com um
grande pedaço de grade metal do qual o chão era feito.

...

Eles caíram em um local onde todo o chão era coberto de areia e


terra. Harry sentia muita dor pelo corpo, pois a queda havia sido
grande! Ele estava em cima do pedaço de grade que havia caído com
ele. O corpo que ele vira também estava ali, com um odor terrível de
carne podre, mas a criatura que estava em cima dele não estava mais
lá, foi quando, após Harry dar um passo em cima do chão de areia
algo emergiu do chão, era grande, maior que um porco, mas se
parecia com uma larva! Era uma larva horrível e gigante! Seu corpo
era mole e tinha uma cabeça avermelhada com enormes presas!
Tinha um tipo de ferrão em forma de "V" na ponta da cauda! Era
grotesca, nojenta, uma coisa de outro mundo!

A enorme larva veio rastejando em direção a Harry, ele havia perdido


seu martelo na queda e teria que usar suas armas de fogo! Ele sacou
sua escopeta, mirou na direção do monstro, mas antes de efetuar um
disparo a coisa se enterrou na areia a uma velocidade incrível e
desapareceu! Harry pode sentir a vibração do solo em seus pés
enquanto aquela criatura nojenta escavava abaixo do chão. Harry
saberia que ela emergiria novamente para ataca-lo, mas não sabia
onde ela apareceria! Ele iluminava o chão a sua procura apontando
sua arma, foi quando a sua direita ela surgiu, com uma velocidade
incrível ela saiu do chão e veio em direção a Harry. Ela abriu as suas
presas e expeliu uma enorme quantidade de um líquido verde com um
terrível odor muito forte! Harry pulou para trás para escapar, mas uma
pequena quantidade caiu em sua calça. Ele sentiu uma ardência em
sua perna e observou aquele líquido pegajoso corroer o tecido de sua
calça! Era um tipo de ácido altamente corrosivo que ele não poderia
de jeito algum deixar tocar sua pele. Ele apontou sua arma para a
criatura, mas ela novamente já havia mergulhado no chão de areia!
Ela era muito rápida para um verme e desse jeito ele não conseguiria
abate-la. Foi quando ele teve a ideia de subir na enorme grade de
metal que ali estava assim ela teria que caminhar por ela e seria esse
o tempo que ele teria para alvejá-la e manda-la de volta para o inferno!
Rapidamente ele correu para cima da grade e esperou ela aparecer. A
coisa emergiu novamente expelindo aquele líquido asqueroso em
direção a Harry, mas ele conseguiu esquivar! Ela tentou entrar de
volta na areia, mas estava em cima da grade e não conseguiu Harry
rapidamente apontou sua escopeta e "BAM! BAM! BAM! BAM!" quatro
tiros certeiros no verme! Um líquido de cor roxa começou a ser
expelido pela carne ferida, mas não aparentava ter sofrido nenhum
dano algum! Ela atingiu o chão e novamente escavou a terra e
desapareceu. Harry correu pra cima da grade metálica tentando
entender porque os seus tiros não havia causado nenhum efeito. Ele
pensou que provavelmente existiam muitas camadas de carne
naquela coisa horrível e elas estavam absorvendo os tiros dispersos
de sua arma, ele precisava de algo com maior poder de penetração!
Sua pistola era impotente nesse caso. Foi quando ele olhou a sua
esquerda e viu o que parecia ser uma loja de armas com a vitrine
quebrada, e se a sua visão não o enganava, havia ali um rifle de caça
sobre os cacos de vidro! "– Essa é a minha única chance!" ele pensou
enquanto começava a correr na direção da arma. A criatura sentiu a
vibração dos seus passos e emergiu por de trás dele! Ela começou a
rastejar na direção de Harry com uma velocidade inexplicável! Harry
corria enquanto ela expelia seu ácido em sua direção. Harry chegou à
vitrine da loja e pegou o rifle rezando para estar carregado. Ele se
virou e apontou a arma na direção da criatura e "BAM! BAM! BAM!
CLICK! CLICK!" havia apenas três potentes balas na arma, mas foi o
suficiente para que Harry visse os projeteis atravessar o corpo da
criatura e fazer jorrar uma enorme quantidade de sangue roxo!

A criatura soltou um guinchado agudo muito alto e começou a se


enrolar em si mesmo como uma centopeia sendo queimada viva!
Harry se aproximou lentamente para ter certeza que a criatura estava
morta, foi quando ela deu outro guinchado, se desenrolou e entrou
rapidamente na areia. "– Essa não ela ainda esta viva e eu não tenho
mais munição de para esse rifle!" Harry pensava no que teria que
fazer para matar a criatura, foi quando ela emergiu próxima a porta de
metal que dava para rua e com uma incrível força ela rasgou o metal
abrindo uma passagem para fora! Ela havia fugido de Harry, mas dada
a sua condição ele não achou que a encontraria novamente. Ao
menos por hora ele estava seguro.

Harry ainda tentava se recuperar do susto enquanto caminhava em


direção à vitrine da loja de armas na esperança de encontrar mais
munição para suas armas. Felizmente lá havia munição para todas as
suas armas, incluindo o rifle. Ele pegou tudo que pôde e seguiu para a
rua pela passagem aberta pela criatura.
CAPÍTULO 13
 

Harry estava agora na parte de trás do shopping em uma rua sem


nome. Ele precisava chegar ao hospital para se encontrar com Lisa e
perguntar se existia uma rota alternativa para chegar ao lago, isso se
ela ainda estiver lá. Ele desceu a rua até que ela havia desaparecido
somente o chão de metal havia a sua frente além de muita escuridão e
uma chuva insistente caindo. A passagem feita de metal era estreita e
Harry tinha que prestar muita atenção por onde passava, o abismo
escuro abaixo era profundo e cair não seria uma boa ideia. Ele virou
na Rua Sagan e correu em direção a Rua Simmons à esquerda, para
então chegar a Rua Koonts e em seguida o hospital, mas a Rua
Simmons estava destruída impossibilitando a passagem. A única
esperança era tentar a Rua Wilson ou a Rua Crichton, todas elas
tinham ligação com a Rua Koonts onde estava o hospital.

Harry seguiu correndo pela Rua Simmons, o som das suas pegadas
no chão de metal ecoava por entre as paredes das lojas desertas. O
seu rádio começou a chiar incessantemente, havia muitos monstros
pela redondeza, ele podia ouvir o som de patas dos cães e as asas
das bestas voadoras, mas ele não podia parar! Passando em frente à
Rua Wilson ele pode ver que ela também estava destruída, só restava
pegar o caminho mais longo, a Rua Crichton. Ele ouviu o som de
patas batendo no chão de metal, o rádio estava chiando alto, sons de
asas batendo no céu escuro e chuvoso, ele começou a correr com
toda energia que tinha! Sem dúvida as coisas ficavam muito piores
quando as trevas tomavam conta do local! Era muito perigoso tentar
enfrentar alguma criatura em meio a toda aquela escuridão. Ele virou
a esquerda pela Rua Crichton e correu o mais rápido que pôde! Havia
pelo menos cinco ou seis criaturas o prosseguindo, até que ele avistou
os portões de entrada do hospital por onde passou rapidamente e foi
em direção à porta de entrada, girou a maçaneta e entrou correndo
fechando a porta atrás de si. Do lado de fora ele ouvia os sons
terríveis que as criaturas da escuridão emitiam! O rosnado enfurecido
dos cães demoníacos, os grasnados que as feras aladas davam, o
gemido dos macacos humanoides... Era algo extremamente
aterrorizante!

Ele descansou ali por uns minutos até ir em direção à sala de exames.
Ao entrar ele pode ver Lisa sentada em uma cama de hospital com
uma expressão de preocupação intensa.

"– HARRY!" Lisa disse em voz alta ao ver que ele estava ali vivo e
bem, ela correu em sua direção parando bem a sua frente segurando
as mãos de Harry.

"– Que bom que você esta bem!" Disse Harry.

"– Estou agradecida por você ter vindo! Eu estava aqui com muito
medo sozinha." Disse Lisa.

"– Eu também estava preocupado, mas agora estou aqui. É bom ver
você!... Ahh Lisa? Você pode me dizer se existe uma maneira de
chegar ao lago?"

"– Ao lago? Você pode chegar lá pela Rodovia Bachman." Disse Lisa.

"– É impossível, a rodovia está destruída!"

"– Bom... infelizmente este é o único caminho até lá."

"– Tem certeza? Tem que haver outro caminho! Por favor, pense?"
perguntou Harry.

"– Hummm... Espere! Eu acho que existe um caminho sim, acabei de


me lembrar de algo... existe uma estação de tratamento de esgoto ao
lado da escola primária, mas está abandonado há anos! Soube que
existe um tipo de túnel subterrâneo que era usado para fazer
inspeções ou algo assim. Me lembro de ter ouvido que ele levava até
o lago."

"– Sério? Você acha que eu poderei chegar até o lago por lá?"
perguntou Harry.

"– Bom... não posso garantir isso a você, pois eu nunca estive lá
pessoalmente, além do mais esta estação está trancada há anos para
manter as pessoas afastadas."

"– Se há uma chance então eu preciso tentar!" Respondeu Harry.

"– Não Harry! Não vá!" disse Lisa com uma voz assustada. "– Eu não
quero ficar mais aqui sozinha! É assustador demais! Não aguento
mais isso!"

"– Pode ser perigoso, mas porque você não vem comigo? Pode não
ser o lugar mais seguro do mundo e eu não posso prometer que tudo
ficará bem, mas eu prometo que farei o que puder para te proteger!"
falou Harry.

"– Não! Algo me diz que eu não devo sair deste hospital... Oh Harry,
estou com medo e com frio!"

"– Olhe... espere aqui só mais um pouco, prometo que voltarei assim
que encontrar a minha filha."

"– Harry..."

Lisa se virou, caminhou até a cama e se sentou, havia tristeza em seu


olhar, mas Harry precisava achar Cheryl. Ele se virou e passou pela
porta deixando Lisa naquele quarto.

Harry então precisava voltar até a primeira parte da cidade e ir na


direção da escola, pois de acordo com Lisa havia uma entrada
abandonada para uma antiga estação de tratamento de esgoto. Com
sorte ele poderia chegar até o lago e procurar por Cheryl.

Harry saiu do hospital, a chuva havia parado, porém ainda estava


escuro. Ele saiu pelos portões do hospital e reparou que o lugar havia
mudado. A Rua Koonts estava destruída dos dois lados, havia
somente uma passagem de metal a sua frente.

"– O que aconteceu? Cadê a estrada? Eu passei por ela há poucos


minutos! Como chegarei à ponte para cruzar o rio e chegar até a
escola?" Harry caminhou à frente até visualizar uma escadaria de
emergência de um prédio que estava do outro lado da rua, sendo que
ela não estava ali antes. Tudo em Silent Hill girava em torno do
mistério e do sobrenatural! Harry estava sendo guiado, forçado a
tomar esse caminho. Não tendo outra escolha ele empunhou sua
pistola e subiu dois lances de escada até chegar ao terraço do
pequeno prédio que ali estava. Aparentemente não havia nada ali,
somente um céu muito escuro e uma enorme área vazia. Ele se
aproximou do parapeito do terraço para observar a cidade em total
escuridão, até que seu rádio começou a chiar no mesmo instante em
que ele ouviu o bater de asas de uma enorme criatura que surgia de
dentro da escuridão abaixo!

"– AHH DEUS! O que é isso?" Harry se afastava enquanto o a enorme


criatura se elevava ao céu! Era um tipo de inseto gigante, mais
parecido com uma mariposa, seu tamanho era incomparável! Era
cinza e possuía enormes asas que produziam um vento que deixava
Harry sem equilíbrio. Mesmo Harry estando apavorado ao ver aquele
monstro ele conseguiu perceber que aquilo era muito parecido com a
larva que ele enfrentou no shopping, de fato até as marcas dos tiros
da escopeta de Harry estava encravadas na carne cinza dela! Com
certeza aquilo era um tipo de metamorfose que aquela larva sofreu e
agora estava pior do que nunca! Harry guardou sua pistola, pois viu
que precisava de algo maior e mais potente. Ele sacou seu rifle de
caça e mirou na criatura, mas ela cuspiu aquela gosma verde ácida e
sua direção, Harry mal teve tempo de se esquivar! A terrível mariposa
gigante sobrevoava o local fazendo uma ventania desconcertante com
suas enormes asas emitindo um alto zumbido, tinha um par de cada
lado do corpo. Harry se levantou, mas antes que pudesse mirar ela já
estava vindo para cima com a ponta do seu ferrão mirando o corpo de
Harry! Ele se jogou para trás caindo no chão de costas com o seu rifle
nas mãos! Ele aproveitou a oportunidade e "BAM! BAM!" efetuou dois
disparos acertando o corpo a criatura, mas ela ainda continuava forte
e mais uma vez cuspiu o ácido sobre Harry! Felizmente dessa vez a
rajada de ácido viscoso e mal cheiroso passou longe, Harry percebeu
que ela havia ficado atordoada com o seu último ataque e continuo
atirando. "BAM! BAM! BAM!" aquele inconfundível sangue roxo vazava
de seus ferimentos, mas ela não parava! Ela havia ficado muito forte
depois da metamorfose que sofreu, mas também estava muito maior e
com isso mais pesada. Ela se mantinha no ar com muita dificuldade e
foi quando Harry percebeu o que tinha que fazer! Ele tinha que acertar
as asas dela e faze-la cair para morte no abismo negro abaixo! A
criatura fez outra investida em direção a Harry que deu um salto para
o lado parando a beira do prédio! Ele percebeu a oportunidade,
rapidamente se virou e teve uma clara visão das suas asas enormes e
daí... "BAM! BAM! BAM! CLICK!" conseguiu acertar três tiros nas
costas da mariposa, bem antes de ficar sem munição, acertando as
articulações que seguravam as asas do monstro. A criatura deu um
guinchado alto de dor e mergulhou em direção ao profundo e escuro
abismo para seu repouso eterno!

Imediatamente após a morte da criatura Harry ouviu ao longe, porém


alto, o som da sirene tocando! Logo em seguida ele viu o dia
clareando, a escuridão estava se dissipando e a dando lugar a neblina
intensa e inconfundível de Silent Hill. O tempo de permanência da
escuridão havia acabado pelo menos por enquanto.

As manchas de sangue roxo da criatura ficaram espalhadas por todo o


terraço do prédio. Harry desceu as escadas e estava de volta na Rua
Koonts, não havia mais bloqueio e ele poderia seguir para a antiga
Silent Hill como dizia em seu mapa.

Harry correu pela Rua Crichton até chegar a ponte. Após uma longa
corrida por ela, respirando aquele ar gelado, ele estava do outro lado
da cidade. Continuou sua corrida passando pelo posto de gasolina, a
igreja até chegar ao beco que ligava a Rua Bloch a Bradbury. Ele
correu pelo beco saindo na Bradbury, virou a direita até a Rua Levin
para então chegar à porta da casa que dava acesso ao outro lado,
onde deveria passar pelo beco até chegar à continuação da Rua
Bradbury. Após percorrer todo esse caminho, desviando e evitando
inúmeros monstros ele passou em frente à escola e caminhou pela
calçada até encontrar a entrada da estação de tratamento de esgoto
que Lisa havia mencionado. Ele observou que havia um portão de
metal trancado com uma corrente presa por um cadeado muito
enferrujado. "– Acho que se eu der um tiro ele pode se
quebrar!" pensou Harry enquanto sacava sua pistola. Ele apontou sua
arma para o cadeado, virou o rosto para não ser atingido por
estilhaços e "POW!" ele pode ouvir os fragmentos do cadeado caindo
no chão. Ele passou pelo portão e viu a sua esquerda uma escotilha
aberta no chão e uma longa escadaria. Harry pôs sua pistola em seu
bolso e desceu as escadas em direção aos esgotos.
CAPÍTULO 14
Harry agora estava nos esgotos da cidade de Silent Hill e se tinha um
lugar onde tudo poderia ser muito pior era bem ali! Sem dúvida era
escuro, o chão era pegajoso e podiam-se ouvir goteiras por todo o
lugar. As paredes e o chão estavam cobertos por um tipo de musgo
verde escuro! Até mesmo um leve passo podia ser ouvido ecoando
pelas paredes do esgoto. O odor de excremento era repulsivo e pode-
se dizer que havia muito metano pelo local, pois ele já se sentia tonto
só de ficar alguns minutos ali parado!

Em uma das paredes havia um enorme "C1" pintado em laranja. Harry


ainda não tinha o mapa do local e esperava poder encontrar um, mas
até lá ele deveria memorizar bem por onde passava. A sua frente
havia um túnel com o teto baixo e arredondado, Harry seguiu por ele
alguns segundos até chegar a um córrego repleto de uma água
terrivelmente mal cheirosa e escura! Só era possível caminhar nas
passarelas laterais, pois ao centro havia o esgoto fluindo. A visão não
era muito boa devido à intensa escuridão, mas primeiro ele resolveu ir
para a direita. Após uns passos ele ouviu um som estranho vindo em
sua direção, algo como garras tocando o chão de cimento,
estranhamente o seu rádio não estava emitindo ruídos, ele não tinha
certeza se era amigo ou inimigo, até que uma nova criatura apareceu
das sobras!

Tinha aproximadamente meio metro de altura e longos braços com


enormes garras nas mãos! Tinha longas pernas e seu corpo tinha uma
cor esverdeada como a pele de um lagarto, de fato aquilo era um tipo
de lagarto mutante! Ele emitia um som parecido com o de uma cobra,
porém bem mais alto e amedrontador! Tinha olhos pequenos e
escuros, longos dentes brancos e uma língua fina e escura saindo de
sua boca! Era algo muito bizarro, se ele não conhecesse Silent Hill ele
diria que aquilo só poderia ser um alienígena. Mas, por que o rádio
não o denunciou?

Harry empunhou sua pistola e "POW!" efetuou um disparo, mas a


criatura era rápida, assim que ela ouviu o barulho da arma ela deu um
enorme salto e se prendeu ao teto como uma aranha! Suas garras
penetravam facilmente a superfície de cimento do teto do esgoto e
bem quando estava em cima de Harry ela saltou em sua direção! Por
muito pouco suas garras não o acertaram. Harry percebeu a
oportunidade enquanto a criatura estava próxima de si e deu um
potente chute no monstro que foi jogado para trás, mas isso não lhe
causou mal algum, ela apenas se levantou e soltou urro agudo e
estranho! Harry queria acabar logo com aquilo, pegou sua escopeta e
esperou o monstro se aproximar bastante e... "BAM!" a criatura tentou
esquivar, mas a rajada de projeteis dispersos produzida pela escopeta
a feriu gravemente em um de seus membros! Harry se aproximou da
criatura agonizando no chão expelindo um sangue verde escuro e deu
um tiro de misericórdia com a sua escopeta espalhando pedaços
daquela coisa por todo o local!

A cada passo que Harry dava a escuridão de Silent Hill tentava


impedir o seu progresso mandando monstros bizarros além da
imaginação para detê-lo, mas ele estava decidido a encontrar a sua
filha e nada mais o impediria!

A sua frente estava um bloqueio feito por uma parede de grades de


metal, porém havia uma porta trancada com uma placa dizendo
"mantenha distância". Aquela porta poderia ser um caminho a se
seguir, foi então que ele decidiu vasculhar todo o local a procura da
chave. Ele retornou, passando em frente ao túnel de entrada e seguiu
pela lateral esquerda do esgoto. Aquele terrível odor o estava
incomodando demais, ele queria logo sair dali! Ele continuou até
chegar a um cruzamento, virou à esquerda, mas não encontrou nada
além de uns barcos boiando na água fétida no fim do túnel. Ele voltou
e foi para direita pela lateral esquerda da linha do esgoto. Chegando
mais a frente ele viu o "C2" pintado em uma parede e um pequeno
portão de metal, ele o atravessou e continuou correndo. Estranhos
sons podiam ser ouvidos ecoando pelo esgoto, Harry não sabia o que
era e nem tinha vontade de descobrir. Após muito correr ele chegou a
uma mesa de madeira no fim do túnel, em cima dela estava o mapa
do esgoto e ao lado, preso na parede, um porta-chaves. Harry
apanhou, com satisfação, o mapa do esgoto e observou que no porta
chaves havia apenas uma chave, que muito provavelmente seria da
porta trancada que ele havia encontrado na entrada.

Após pegar a chave ele seguiu novamente para a entrada do esgoto,


fazendo todo o caminho de volta. Ao chegar à porta ele conseguiu
destranca-la. Harry continuou pelo túnel até chegar a uma escada
onde subiu por ela, chegando a outro nível do esgoto, o nível superior,
mas ainda abaixo no nível da rua. Harry continuou e virou a esquerda
por um longo túnel com o teto baixo.

Após percorrer este caminho ele virou a direita, seguido por seu mapa
até sair em um túnel mais alto e mais largo. A sua esquerda estava
outra porta de metal trancada, novamente ele teria que seguir na
direção oposta para encontrar uma chave. Ele se virou e correu pelo
túnel passando por umas portas em seu caminho até chegar ao final
onde havia somente um córrego de água fétida! Parecia o fim da linha,
mas Harry observou que a beira do córrego havia uma enorme
mancha de sangue, ele se aproximou para examinar e quando a luz
de sua lanterna iluminou a água abaixo ele pode ver o brilho da chave
imersa dentro d' água. "– ARG! Só faltava essa! Terei que por a mão
nessa água imunda!" ele pensou com uma expressão de nojo em seu
rosto! Vendo que não havia jeito ele se abaixou mergulhou sua mão
sentindo ânsia de vomito e apanhou a chave dentro da água. Não
havia etiqueta, mas com sorte ela seria daquela porta.

Assim que ele se levantou e pôs a chave em seu bolso, ele viu um
estranho movimento na água e de repente um daqueles lagartos
estranhos saltou de dentro da água bem ao pé de Harry! Ele levou um
enorme susto, e já ia sacar sua arma, quando notou a sua volta mais
duas daquelas criaturas descendo pela parede fazendo aquele chiado
assustador! Elas eram muito rápidas e ele não poderia dar conta das
três juntas, não restava alternativa a não ser correr! Ele se virou,
tomou impulso e disparou numa corrida em direção aporta de saída!
As criaturas eram muito rápidas e uma delas já o estava alcançando e
faltando poucos segundos para ela o pegar ele passou pela porta e a
fechou, porém a criatura havia passado uma de seus braços longos
pela porta enquanto ele a fechava prendendo-a! Ela lutava
furiosamente para abrir a porta de metal enquanto Harry fazia o
mesmo para mantê-la fechada! Harry utilizou toda força que tinha para
fechar a porta até que... "CRASHH" o braço da criatura foi arrancado e
a porta se fechou! Uma enorme poça de sangue verde escuro
pegajoso se formou ao chão enquanto a criatura se contorcia de dor
do outro lado da grade fazendo vários sons estranhos.

As outras duas subiam na grade com esperança de encontrar um local


para atravessar. O longo e grotesco braço ao chão ainda se debatia
como uma minhoca no asfalto quente! Harry olhava aquilo horrorizado
e impressionado com a força e a velocidade daquelas criaturas, era
melhor sair logo dali, pois ele poderia não ter mais tanta sorte!

Harry voltou correndo pelo corredor do esgoto passando por mais


duas portas que ali estavam até chegar a ultima e trancada porta. Ele
pegou sua chave e por sorte a porta foi destrancada. Do outro lado
havia uma escada de metal a esquerda que o levaria a até a rua.
Harry enfim estava fora do escoto, foi uma terrível experiência, seu
rádio não funcionava lá em baixo, poderia ser falta de sinal ou
qualquer coisa do tipo, mas ele esperava que isso não mais
acontecesse daqui pra frente, pois o rádio é de vital importância em
sua busca.

Harry havia saído por uma escotilha ao lado de uma construção


inacabada e a sua frente estava à continuação da Rodovia Bachman.
Para sua indesejada surpresa a noite havia caído misteriosamente
enquanto ele estava nos esgotos, mas não era a escuridão que Dahlia
mencionara, estava apenas muito escuro e parecia que alguns flocos
de neve estavam caindo. O ar estava muito mais frio, provavelmente
ele estava próximo ao lago. Ele caminhou sobre um gramado e
encontrou um painel de informações fixado na calçada a beira da
rodovia e nele havia um mapa depositado em um compartimento para
que turistas o pegassem. Ele apanhou o mapa e viu que aquela era a
área turística de Silent Hill, ou seja, seria este o preciso local em que
ele e Cheryl planejavam curtir suas férias, mas não foi desse jeito que
ele planejara.

Harry veio descendo a Rodovia Bachman pela esquerda, como


sempre a cidade estava totalmente deserta, mais a frente ele passava
em frente a um bar que de acordo com o mapa da área aquele seria o
Bar da Annie, foi quando ele ouviu... "– AHHHHHH!" um grito humano
vindo de dentro do bar! Parecia que havia uma pessoa lá dentro sendo
atacada! Harry correu em direção à porta e assim que abrir ele viu...

Era o Dr. Kaufmann caído no chão entre duas mesas de sinuca com
um daqueles monstros parecidos com macaco sobre o seu peito
tentando mata-lo! "– AHHHH! NÃÃÃOOOO!" ele gritava
desesperadamente enquanto a terrível criatura tentava a todo custo
morder o seu pescoço! Muito semelhante à forma com que Harry
havia sido atacado em frente à delegacia na outra parte da cidade.
Harry se aproximou devagar, sacou sua pistola e "BAM!" um tiro
certeiro na cabeça do monstro fazendo o projetil atravessa-la! O
sangue espirrou por todo o chão atingindo um dos pés de madeira de
uma mesa de sinuca próxima. Ao ver que a criatura estava morta o Dr.
Kaufmann a jogou para o lado, se pôs de pé e deu um enorme chute
no monstro fazendo-o bater com as costelas no pé da mesa de sinuca
deixando somente um rastro de sangue do chão!

"– Você está bem?" perguntou Harry.

"– Sim, eu acho... Esta coisa apareceu de repente e me atacou.


Pensei que este seria o meu fim." Respondeu o Dr. Kaufmann
enquanto limpava as manchas de sangue do seu fino terno cinza. "– E
então... como foi? Encontrou alguma saída?"

"– Não, ainda não. E quanto a você?" perguntou Harry.

"– Nada! Mas é cedo para desistirmos. Essa loucura não pode
continuar para sempre. Acredito que um grupo de militares deve
chegar a qualquer momento. Se eles vierem para a cidade ficará tudo
bem." respondeu o Dr. Kaufmann.

"– Assim espero."

"– Bom... é melhor eu ir agora. Não é hora de ficar aqui batendo


papo." Disse o Dr. Kaufmann enquanto apanhava sua maleta preta ao
chão próximo a criatura morta.

Ele já estava caminhando em direção a porta de saída quando Harry


perguntou:

"– Você conhece alguma menina chamada Alessa?"

"– Não." Ele respondeu de forma rude, sem nem ao menos olhar para
trás, enquanto fechava a porta.
Harry foi lá parado olhando ele desaparecer na escuridão pelo vidro
da vitrine. Ele não era um homem de muitas palavras e parecia estar
bem mais estressado que antes e embora ele tivesse dito que não
conhecia a menina do porta-retratos chamada Alessa, Harry não
achava que ele estava dizendo a verdade. Kaufmann era tão
misterioso quanto Dahlia.

O bar estava escuro e havia três enormes mesas de sinuca, um


balcão repleto de garrafas de bebidas vazias entre outras coisas
típicas de um bar. Ele observou que havia uma carteira caída no chão
junto a um pedaço de papel, provavelmente ela caiu de algum bolso
do Dr. Kaufmann durante o ataque. Harry a examinou e dentro ele
encontrou uma chave com apenas o número "3" escrito em sua
etiqueta, porém ele não fazia ideia de onde seria só o que lhe veio a
mente é que ela poderia ser de um quarto de hotel ou de alguma casa
com o número "3". Ele também encontrou, junto à carteira, um recibo
de um local chamado "Indian Runner" e havia um número escrito à
mão nele "0473". Harry achou aquilo muito suspeito. Ele decidiu
verificar em seu mapa atrás de pistas e encontrou em uma rua
próxima dali um local que se chamava Indian Runner. Harry então
concluiu que deveria ir até o local investigar, já que ele ainda não fazia
ideia de onde era aquela chave. Ele guardou seus itens no seu bolso e
saiu do bar em direção a Rua Craig para depois chegar a Rua Weaver
onde ficava o estabelecimento.

Harry correu pela rua escura, seu radio estava chiando novamente,
contente por ele ainda funcionar e preocupado, pois havia criaturas ali
também! Decidido a evitar conflitos ele correu o mais rápido que pode
até chegar ao local, no inicio da Rua Weaver.

Parecia se algum tipo de armazém de alimentos, mas havia uma


enorme porta dupla de madeira fortemente trancada por um tipo de
cadeado com senha. Para este tipo de cadeado não era preciso usar
uma chave, bastava inserir a combinação correta que ele abriria. Eram
necessários quatro dígitos. Foi quando Harry entendeu que os
números que estavam escritos a mão no recibo era a combinação. Ele
inseriu os números "0473" e o cadeado se abriu.

Harry entrou no local, estava uma bagunça terrível! Varias estantes


tombadas e latas espalhadas por todo o local. Havia logo na entrada a
esquerda um balcão com uma velha máquina registradora aberta e
vazia. Ele foi para trás do balcão investigar e lá encontrou um
gaveteiro com apenas uma gaveta, ele a abriu e dentro havia uma
chave que dizia em sua etiqueta "cofre". Harry a pegou e continuou
sua busca. Bem ao lado da máquina registradora havia um tipo de
diário com uma capa vermelha, aparentemente era só mais um velho
caderno abandonado ali. Harry o abriu e havia um relato estranho
escrito:

"20 de Agosto"

"Ele veio e eu lhe entreguei o pacote que a mulher havia deixado


aqui."

"12 de Setembro"

"Ele também esteve no Norman's. Não quero mais me envolver com


pessoas como eles, mas... eu estou ainda mais assustado do que
antes. Estive pensando em deixar a cidade, mas eu temo que algo
ruim possa acontecer se eu for."

Parecia ser as memórias do dono, ou de algum funcionário do


armazém, a conversa era bastante suspeita. Quem eram as pessoas
que ele estava falando? Que tipo de pacote era esse? O que era
Norman's? Ainda faltava alguma coisa para deixar a história mais
clara.
Harry verificou a parede atrás de si e havia uma fotografia em preto e
branco de um home em frente a um hotel chamado Norman's e uma
legenda abaixo "Inauguração do Norman's". Harry entendeu que
Norman's era na verdade um hotel ali daquela cidade. Provavelmente
ele e Cheryl ficariam hospedados ali em suas férias se tudo aquilo não
estivesse acontecendo. Ao lado da foto havia um memorando com as
seguintes informações:

"3 pães"

"3 litros de leite"

"2 dúzias de ovos"

"Entregar diariamente pelos fundos às 8 horas. A senha da porta é


0886."

"Norman Young"

Parecia ser instruções de entrega rotineira de pedidos dada pelo


próprio Norman dono do hotel. Havia uma informação que poderia ser
importante que era a senha de uma das portas de acesso ao hotel.
Harry achou melhor anotar aquela informação caso seja preciso mais
tarde. Ele fez uma breve anotação na parte de trás do mapa da região.
Ele já estava indo embora quando avistou bem abaixo do balcão a
porta de aço de um cofre. Havia uma fechadura e Harry havia
encontrado uma chave ali mesmo. Ele pegou a chave e conseguiu
destrancar o cofre.

Dentro ele encontrou três sacos plásticos com um conteúdo muito


estranho dentro. "– Mas o que é isso? Parece com drogas? Para estar
dentro de um cofre fortemente trancado eu duvido que seja
açúcar!" Harry estava começando a entender, parece que estava
ocorrendo algum tipo de tráfico de drogas na região e com certeza o
Dr. Kaufmann estava envolvido, mas quem seria a outra mulher? Será
a Lisa ou a Dahlia? Harry tinha certeza que mais cedo ou mais tarde
ele iria descobrir.

Ele fechou o cofre e saiu em direção à porta. Ele verificou em seu


mapa que os fundos do Hotel Norman's ficava ali mesmo na Rua
Weaver, ele teria que descer a rua e encontrar a porta trancada por
uma combinação da qual ele já teria anotado.

Harry empunhou sua escopeta e desceu a Rua Weaver, a sua


esquerda já estava o enorme lago do qual ele já teria ouvido falar, ele
podia ouvir o som da água batendo na lateral da estrada conforme o
vento soprava, estava muito escuro e um frio intenso naquela região.
Não havia lua e nem estrelas no céu, o que era estranho no verão.
Algum dia Silent Hill deve ter sido um ótimo local para se viver e fazer
turismo, mas hoje somente a escuridão e o medo habitavam aquelas
ruas. Algo terrível ocorreu para que aquela linda cidade se
transformasse em um pesadelo além da imaginação!

Mais a frente Harry avistou outra daquelas criaturas terríveis parecidas


com macacos, ele aproveitou que ela estava de costas distraída
caminhando vagarosamente, diminuiu o volume de seu rádio e
rapidamente chegou cravando o cano da escopeta nas costas do
monstro e "BAM!" um único tiro fez sua caixa torácica se espalhar pelo
chão gelado a sua frente! A criatura nem teve tempo de emitir um
único ruído e já estava morta se afogando em seu próprio sangue,
estirada ao chão!

Harry caminhou mais a frente, carregando sua arma com algumas


munições que ele ainda tinha, e encontrou a porta com um painel
numérico ao lado. Ele digitou os números "0886", a porta fez um "click"
e se destrancou.

Era uma pequena sala com uma mesa de centro cheia de papeis,
revistas de mulheres nuas, um cinzeiro bem sujo, um sofá ao lado e
um pequeno rack aos fundos com uma televisão e um rádio que não
funcionavam. Havia um jornal com a mesma data do que ele havia
encontrado no hospital e nele tinha uma notícia destacada por alguém:

"INVESTIGAÇÃO ENCERRADA"

"O trafico de PTV ainda está ativo!"

"As mortes suspeitas, como a do prefeito, ainda continuam. O oficial


da narcóticos teve uma misteriosa parada cardíaca."

Eram mais informações sobre o trafico de drogas da região. Será que


isso tem alguma relação com o misterioso culto que Lisa havia
mencionado? Harry se virou em cima do sofá havia um pequeno ímã,
mas Harry não achou aquilo deveria ter alguma utilidade para ele,
portanto o deixou ali.

Ele foi então em direção a uma das portas daquela sala e do outro
lado havia uma garagem fechada, aparentemente tinha anos que não
passava ninguém por ali. Havia uma motocicleta parada bem no meio
da garagem muito empoeirada e o chão em baixo dela estava todo
sujo de óleo antigo. Havia uma pequena estante próxima da
motocicleta com vários produtos automotivos e chaves de boca
penduradas em um quadro na parede. Harry não notou nada de
incomum ali e voltou ao quarto. Ele passou por uma porta até um local
onde havia um balcão de atendimento com uma prancheta dos
registros de hóspedes em branco largado em cima, um sofá de espera
muito sujo e uma velha máquina automática de refrigerantes que não
funcionava. Dali ele teve acesso ao pátio principal do hotel onde era
possível ver vários quartos com os números fixados às portas. Harry
se lembrou da chave que ele encontrou dentro da carteira do Dr.
Kaufmann que possuía o numero "3", ele teria que encontrar esse
quarto. Ele seguiu andando pelo corredor das portas até chegar ao
"3", inseriu a chave e a porta se destrancou.
Era uma suíte muito simples, com apenas uma cama de casal
desarrumada uma cômoda de madeira bem antiga e um pequeno
banheiro sem nada muito importante dentro. Aparentemente não havia
nada de interessante ali até que Harry observou o chão ao lado da
cômoda e percebeu que havia arranhões ali! Ele empurrou à cômoda
e encontrou um pequeno buraco no chão de madeira. Dentro havia
algo brilhante feito de metal, mas seus dedos não conseguiam
alcançar. "– AHH! Não consigo alcançar! Aquilo parece ser uma
chave! AHH! Que Droga! Eu devia ter trago aquele ímã que estava no
sofá!" Harry havia se lembrado do ímã que ele achou que não serviria
para nada e se sentiu idiota por não apanha-lo, pois Silent Hill já lhe
havia ensinado por várias vezes que qualquer objeto simples pode ter
uma grande importância! Harry saiu daquela suíte e foi em direção ao
local onde encontrara o ímã. Chegando lá ele o apanhou e voltou para
o quarto do Dr. Kaufmann. Ele segurou o ímã com a ponta dos seus
dedos dentro do buraco e ouviu um "click" quando o objeto foi atraído
por ele. Era uma chave mesmo, só que não era de nenhuma porta,
parecia ser de algum automóvel, "– Ou de uma motocicleta!" ele
pensou, ao observar a chave. Ela deveria ser daquela moto que
estava parada na garagem, mas no estado em que ela estava ela não
iria funcionar, então pra que serviria? Talvez não fosse nada, mas ele
precisava verificar.

Harry foi em direção á garagem com a chave em mãos, passou pelo


balcão de atendimento e pela sala onde estava o jornal chegando à
garagem. Harry examinou e viu que além da ignição também havia um
local para inserir a chave ao lado do banco, "– Pode ser que haja um
compartimento em baixo do banco com algo dentro?" ele pensou. Ele
inseriu a chave, girou e o banco deu um pequeno pulo ao abrir. Havia
uma pequena garrafa de vidro embrulhada em um plástico preto com
um líquido semelhante ao que ele encontrara no chão da sala do Dr.
Kaufmann lá no hospital, "– Mas... o que será isso? Será assim tão
importante para ter que ser tão bem escondido?" ele pensou ao
verificar o bolso de seu casaco tendo certeza que a garrafa plástica
com o liquido vermelho ainda estava lá. Nesse instante ele ouviu a
porta bater, ele virou assustado para ver que era o Dr. Kaufmann
entrando na garagem com sua inseparável maleta preta em mãos.

"– ME DÊ ISSO!" disse o Dr. Kaufmann visivelmente muito irritado ao


ver Harry com a garrafa na mão.

"– Mas... o que é isso?" Harry perguntou.

O Dr. Kaufmann se aproximou e retirou bruscamente à garrafa das


mãos de Harry, ele estava muito chateado ao ver Harry ali.

"– Isso não é da sua conta! Ao invés de ficar zanzando por aí que tal
ser mais útil e encontrar uma maneira de tirar agente daqui? Você não
devia estar aqui nesse local perdendo tempo! O que pensa que está
fazendo? Você quer acabar morrendo? Saia já daqui!" disse o Dr.
Kaufmann extremamente irado.

"– Ok... Ok... vá com calma!" respondeu Harry tentando acalma-lo.

"– Estou te avisando, se não quiser morrer faça as coisas certas!


Entendido?" ele se virou e caminhou rapidamente até a porta levando
a garrafa consigo, nem ao menos esperou a resposta de Harry.

Ele realmente esta uma pilha de nervos e parecia com pressa. Após
Harry perceber que havia perdido muito tempo ali ele achou melhor
voltar a procurar sua filha. Harry não queria mais perder tempo e
decidiu ir logo na direção do lago tentar encontra sua filha. Ele
observou o mapa e decidiu pegar a Rua Weaver até o fim e virar a
direita na Rua Sandford até o final, seria uma longa corrida, pois a rua
era muito comprida, mas ao final dela havia um cais que dava em um
farol, se Cheryl foi em direção ao lago, este seria o lugar mais
provável de se estar.

Harry saiu daquele quarto, correu pela Rua Weaver e virou à direita.
Ele correu bastante pela rua escura e muito fria até chegar próximo ao
cais, mas faltando poucos metros algo aconteceu...

...

Ele ouviu o som da sirene novamente, estava mais alto e estridente!


Algo ruim iria acontecer ali! De repente ele sentiu um enorme tremor
de terra e quase foi ao chão quando perdeu o equilíbrio! Foi aí que ele
viu, diante dos seus olhos, todo o mundo se transformar em pesadelo!
O chão começou a se deteriorar e no lugar começaram a surgir às
grades de metal! O ar ficou pesado e uma sensação terrível tomou
conta de si! Ele nunca havia sentido algo assim na sua vida, pois
agora ele teve certeza de que tudo era real, um pesadelo real! Tudo
que Dahlia disse era verdade! Aquela cidade estava amaldiçoada com
toda a certeza! A sirene estava parando de tocar, ela serviria para
anunciar a chegada da escuridão! Agora ele entendera!

Harry então, ainda tentando acreditar em seus olhos, começou a


correr por aquele chão feito de metal enferrujado, o ar estava mais frio
e muitos sons horripilantes podiam ser ouvidos ao longe, sons de
agonia e dor! Erra terrível! Agora nem mesmo ele tinha certeza de que
sairia vivo dessa! Mas era continuar ou se entregar as garras e dentes
das criaturas das trevas!

Ele correu pela lateral passando por algumas garagens de barcos


fechadas até chegar à entrada do píer. Estava muito escuro e ele
caminhava lentamente para não cair acidentalmente no lago. Uma fina
e fria chuva começava a cair. Mais a frente sobre o píer ele desceu
umas escadas estreitas de madeira a esquerda e caminhou por um
píer até um pequeno barco flutuando atracado.
Harry passou por cima de uma ponte improvisada de madeira até o
barco e entrou pelas portas traseiras. Assim que entrou ele viu um
corpo putrefato preso a parede esquerda do estreito corredor que
dava acesso a ponte de comando. Estava marrado com as pernas
juntas e não tinha braços e nem rosto, o odor de morte impregnava
todo o local! Uma visão terrível e avassaladora! Harry continuou até a
ponte de comando para, misteriosamente, encontrar Cybil parada lá
olhando para o lago.

"– Cybil? Como você chegou até aqui?" Harry falou.

"– Harry! Eu segui você pela estação de tratamento de água. Foi você
que quebrou o cadeado que trancava a porta da estação?" ela
perguntou.

"– Sim! Que bom que está bem! Estava preocupado!" respondeu
Harry.

"– Você preocupado? Foi você quem desapareceu lá no antiquário!


Mas... esquece! Eu quero saber o que está acontecendo nesse lugar?"

"– Isso pode parecer muito fora do comum, mas ouça... você tem que
acreditar! Eu não estou louco e nem estou brincando! No início eu
achei que estava perdendo a cabeça, mas agora tenho certeza que
não! Não sou eu, o problema está em toda a cidade! Ela está sendo
invadida por outro mundo... um mundo em que os pesadelos se
tornam realidade! Pouco a pouco essa invasão está se espalhando,
tentando levar tudo para as trevas! Acho que finalmente estou
entendendo o que aquela mulher queria dizer." Explicou Harry.

"– Harry... espere um minuto... eu não estou entendendo!"

"– Olha... eu mesmo não posso entender como isso é possível e muito
menos explicar!" disse Harry.
"– Bem, mas... o que faz isso acontecer?" Perguntou Cybil.

"– Isso eu também não sei ainda, mas sei que Cheryl está lá!"

"– Lá?" perguntou Cybil.

"– Acho que ela está nas mãos de quem está por trás disso! Ela está
em algum lugar e precisa de mim!"

"– Harry... acho que tudo isso já está subindo a sua cabeça, precisa
descansar um pouco." Falou Cybil.

"– Mas... Você mesmo viu! Vá lá fora e dê uma boa olhada! Não tem
outra explicação racional para o que está acontecendo!... Cybil eu não
poss..." nesse momento eles ouviram a porta lateral do barco se
abrindo. Era Dahlia quem aparecera misteriosamente naquele lugar.

"– O demônio está acordando! Abrindo suas assas!" disse Dahlia com
sua voz rouca e sinistra.

"– Dahlia Gillespie" disse Harry observando-a.

"– Eu não lhe falei? Agora eu vejo tudo... sim, posso ver tudo isso!
Sedento por sacrifícios o demônio engolirá essa cidade! Eu sabia que
este dia chegaria! E tem mais... isto esta quase no fim, restam apenas
duas... somente duas marcas de Samael para selar essa cidade no
abismo. Ao se concluir, tudo será perdido! Mesmo de dia a escuridão
cobrirá o sol! Os mortos irão caminhar e os mártires se queimarão no
fogo do inferno! Todos irão morrer!"

"– Então o que eu preciso fazer? Tenho que salvar minha filha o
quanto antes!" perguntou Harry ao se aproximar de Dahlia.

"– É simples... pare o demônio! O demônio que esta tomando a forma


pura de uma criança. Pare-o antes que a sua filha se torne um
sacrifício! Antes que seja tarde! Pare-o!"
"– O que eu faço então?" perguntou Harry.

"– Vá para o farol do lago e depois ao centro do parque de diversões.


Corra... você agora é a nossa única esperança!" disse Dahlia.

"– Escuta Harry... eu ainda não entendo o que está acontecendo, mas
se há uma chance de salvarmos sua filha, conte comigo! Estou indo
checar o parque de diversões. Você vá para o farol" disse Cybil
enquanto caminhava para a porta de saída da embarcação.

"– Cybil... obrigado!... Por tudo!" disse Harry.

Cybil deu um tímido sorriso e fez um sinal de agradecimento com as


mãos.

"– Você precisará usa-lo..." disse Dahlia após a Cybil sair do local.

"– Usar o que?" perguntou Harry.

"– O Flauros... só com ele você poderá parar o demônio."

Harry se virou olhando para a porta onde Cybil havia saído.

"– Mas e quanto a Cybil?"

Harry apenas ouviu o som da porta se fechando, a escorregadia


Dahlia já havia ido embora! Harry agora sabia que deveria deter esse
tal "demônio" e salvar não só a sua filha, mas também a cidade e
todos que viviam nela e o estranho objeto que Dahlia chamava de
"Flauros" poderia impedi-lo, não sabia ele de que forma usaria esse
objeto, mas algo lhe dizia que quando chegasse a hora ele iria
descobrir! Cybil havia ido para o parque de diversões investigar e
Harry deveria ir ao farol.

Ele saiu do barco ecaminhou por outra pequena ponte de madeira até
o píer. O vento gelado vindo dolago açoitava seu rosto enquanto corria
pelo cais. O farol estava longe, eleteve que passar por vários locais,
passando por escadas e pontes de madeiraentre as plataformas
flutuantes até enfim chegar ao farol. Havia uma escada demetal
vermelha bem deteriorada onde ele deveria subir até a porta de
entrada dofarol. Ele era muito alto e estava desativado. A escuridão
era tremenda e aoolhar para cima ele pode ver pelo menos quatro
criaturas aladas rodeando ofarol! Ele entrou rapidamente e diante de
si estava uma longa escada em espiralmuito enferrujada, ele achou
muito perigoso subir ali, mas não havia outrojeito já que ele chegara
até ali. Harry começou a subir lentamente enquantoouvia apavorado o
som do metal rangendo com o seu peso! Ela era muito longa oque
deixou Harry ainda mais tenso. Ao chegar no topo do farol ele teve
umavisão assustadora, a marca de Samael já havia sido feita com
algum tipo detinta fluorescente e essa marca era enorme,
preenchendo toda a área do topo dofarol! O desenho feito ao chão
brilhava bastante e foi quando Harry observouque havia uma pessoa
de pé bem ao centro do desenho, era uma menina branca comcabelos
pretos e usava uma roupa estilo peregrino. Ele ficou perplexo ao
verque ela era a garota da foto, a menina chamada Alessa. Ele se
aproximou, maspara a sua surpresa a menina foi desaparecendo
gradativamente como se fosse umfantasma! "– EI ESPERE! NÃO VÁ!"
Harry gritou, mas já era tarde, ela haviadesaparecido totalmente. "– Ah
droga!Cheguei muito tarde!" Harry pensou. Ele não conseguiu impedir
que a marcafosse feita, sua única esperança era que Cybil tivesse
mais sucesso.
CAPÍTULO 15
Cybil saiu daquele barco ainda não entendendo praticamente nada
daquela história que aquela mulher estranha e Harry haviam contado,
mas ela sabia que algo inexplicável estava realmente acontecendo
naquela cidade e que a filha de Harry ainda estava desaparecida. Era
dever dela ajudar no caso estando em um mundo sobrenatural ou não.

Cybil precisava chegar ao parque de diversões, mas todas as estradas


para lá estavam bloqueadas. Ela conhecia bem o local e sabia que
seria possível chegar lá por meios dos esgotos, próximo dali, ao final
da Rua Sandford havia uma escotilha onde ela poderia ter acesso ao
esgoto.

Ela saiu do barco, estava extremamente escuro e o vento frio não


ajudava, ela puxou de seu bolso uma lanterna e segurou bem abaixo
de sua pistola iluminando o local onde deveria atirar caso fosse
preciso. Cybil saiu do barco, passando pela estreita ponte de madeira,
e já estava caminhando pelo cais em direção a Rua Sandford. Diante
de toda experiência como policial ela nunca tinha vivido algo como
aquilo, de maneira alguma ela poderia relatar aqueles fatos em seu
relatório, a chamariam de louca e muito provavelmente perderia sua
credibilidade ou até o seu emprego. Tentando não pensar nisso ela
correu até o outro lado da Rua Sandford e encontrou a entrada para
os esgotos cercada por grades de proteção. A tampa de acesso
estava trancada com um enorme cadeado, mas não havia outro jeito
de chegar ao parque de diversões se não fosse por ali. Ela mirou no
cadeado e "BAM!" um tiro certeiro o fez rachar no meio! Ela, com
muita dificuldade, removeu a tampa pesada e a jogou no canto. Havia
uma escada que a levaria para os esgotos onde era sujo,
terrivelmente mau cheiroso e perigoso!
Cybil desceu as escadas e terminou em um local muito escuro e
úmido, todo o chão era feito de grades de metal e havia um enorme
símbolo redondo com um triangulo e vários outros símbolos em volta,
essa deve ser a tal "marca de Samael" da qual eles falaram. Havia um
mapa fixado na parede ao lado, mas como ela já sabia o caminho
achou melhor deixar ele lá para o caso de Harry precisar passar por
ali. Ela seguiu em frente, com sua lanterna e sua pistola em punho.
Havia muitas goteiras e um odor fortíssimo de fezes com carne
estragada, era o pior lugar para se estar em Silent Hill. Cibyl virou a
direita por um longo corredor com teto baixo arredondado até chegar a
um córrego de água poluída e fétida. O chão estava esverdeado de
musgo e lodo, ela correu pelas laterais para evitar tocar naquela água.
Mais a frente ela encontrou duas criaturas muito estranhas vagando
pelo escuro, eram baixinhas, humanoides com aproximadamente uns
80 centímetros de pele marrom com manchas escuras, seus braços
eram longos e em suas mãos havia enormes unhas que até tocavam o
chão quando caminhava. Elas não tinham rosto, apenas uma enorme
boca com vários dentes afiados, não tinha olhos nem nariz, era algo
de outro mundo! Uma coisa maligna que tinha que ser abatida. Um
dos monstros avistou Cybil e veio em direção a ela caminhando
vagarosamente erguendo um de seus braços longos preparando um
ataque com suas enormes unhas afiadas! Não havia tempo para sentir
nojo ou pavor, Cybil mirou com muita perícia na boca da criatura e
"BAM!" o tiro a atravessou fazendo espirar um sangue escuro e lodoso
na outra criatura que vinha por trás! O outro monstro nem se importou
e continuou caminhando em direção a ela, Cybil sem pestanejar
efetuou dois disparos, um acertando o peito e o outro na barriga,
assim como a primeira ela caiu no chão emitindo um gemido de dor
enquanto se afogava em seu sangue! Cybil passou por cima das
criaturas e continuou correndo até virar a esquerda no próximo e
ultimo corredor. Havia corpos de pessoas presas nas paredes ao
longo do caminho e mais a frente havia o que restou de uma pessoa
presa por arames farpados em um buraco no meio do chão feito de
grades de metal! "– Minha nossa o que está acontecendo com essa
cidade? Tantas mortes brutais? Alguém terá que responder por esses
crimes severamente!" ela pensou enquanto passava por cima do
corpo putrefato e fétido daquela pessoa.

Mais a frente ela chegou à escada onde teria acesso ao parque de


diversões por meio de uma boca de bueiro que ficava próximo ao
parque. Havia alguns cavalos de carrossel caídos dentro do esgoto,
era difícil imaginar como eles foram parar ali. Cybil subiu as escadas e
conseguiu chegar ao parque. Tudo estava deserto e escuro. Muitos
brinquedos estavam destruídos e abandonados, parecia que o
holocausto havia acontecido ali há anos, o que não faz sentido, pois
uns meses atrás ela esteve ali e tudo estava normal! Um dos
brinquedos estava funcionando onde uma musica infantil de festa
estava tocando em um ritmo mais lento, era algo assustador,
fantasmagórico, não havia ninguém ali para operar aquele brinquedo e
o mesmo estava vazio, emitindo um tremendo ruído de atrito de metal
com metal! Cybil estava caminhando lentamente pelo chão metálico e
ela pode ver ao longe que havia uma pessoa de pé no meio do
carrossel, era difícil dizer quem era, pois estava muito escuro e
distante, apenas uma leve luz estava acesa no centro do carrossel
que permitiu que ela visse somente o contorno da pessoa. Parecia ser
uma mulher usando uma roupa escura. Cybil não queria que ela
notasse a sua presença, portanto resolveu se aproximar de modo
furtivo pela lateral do carrossel. Ela foi se esgueirando por trás da
cabine de cobrança e colocou metade do seu rosto para fora em
direção ao carrossel para ver quem era, quando... "BLAM!" "–
AHHHHHH!" ela recebeu um golpe forte pelas costas e caiu com o
rosto no chão frio metálico, sua visão foi escurecendo e embaçando
enquanto via uma estranha garota caminhando em direção a ela. Cybil
então desmaiou.

CAPÍTULO 16
Harry havia feito o caminho de volta até o barco e viu que Cybil ainda
não tinha voltado, ele precisava chegar ao parque de diversões e
verificar o que havia, foi quando... "BAM!" ele ouviu ao longe o som de
um tiro. "– O que foi isso? Parece o som de um tiro? Será que foi
Cybil? Ela deve estar com problemas, preciso ir agora!" Harry notou
que o som veio na direção do final da Rua Sandford e achou melhor ir
lá verificar. Ele saiu do barco, passou pela estreita tábua de madeira
que ligava o barco ao cais. E percorreu o caminho até chegar na Rua
Sandford. A rua estava destruída, não havia como ele chegar ao
parque, provavelmente deve ter uma rota alternativa. Foi então que
ele olhou para o lado esquerdo da rua e viu um cercado de grades de
metal e foi lá verificar. A tampa da escotilha que dava para o esgoto
estava aberta, havia uma cápsula de pistola e um cadeado quebrado
ao chão.

"– Hum! Acho que o barulho de tiro que eu ouvi veio daqui,
provavelmente Cybil deve ter usado sua pistola para abrir esse
cadeado. Então essa deve ser a rota alternativa até o parque. Devo
me apressar ela não deve estar longe!" pensou Harry ao examinar a
entrada aberta a força.

Enquanto ele descia as escadas ele ouviu mais três tiros ecoando
pelos corredores dos esgotos "– Ah essa não! Cybil deve estar com
problemas!" ele pensou enquanto tentava apertar o passo ao descer
as longas escadas de metal escorregadias pelo lodo grudado a elas.
Ele finalmente atingiu o chão, a sua esquerda havia um antigo, porém
ainda legível mapa daquele esgoto. Ele resolveu pegar para não se
perder naquele local. Ele não queria acreditar que estava nos esgotos
de novo! Logo ele que não esperava ter que voltar naquele lugar de
novo nunca mais em sua vida, mas agora não só Cheryl corria perigo,
mas também Cybil! Com sua escopeta em mãos ele correu pelo
corredor a sua frente, olhou em seu mapa e virou a direita chegando a
um rio de esgoto podre! Ele correu pela lateral e chegou ao local onde
havia duas criaturas mortas banhadas em sangue, eram estranhas,
diferente dos monstros que ele havia enfrentado até o momento,
lembrava muito os humanoides da escola, mas aquelas enormes
garras afiadas no lugar das mãos a tornavam, aparentemente, mais
mortais! Felizmente elas haviam sido abatidas por Cybil sem
problemas aparente. "– Ela parece ser uma ótima policial, muito
segura e profissional, para ela essas coisas não seriam um
problema" ele imaginou.

Harry deixou aqueles monstros de lado, olhou em seu mapa para


descobrir que teria que virar a esquerda em um túnel estreito mais a
frente. Harry seguiu seu plano, entrou no túnel e começou a correr
ignorando os terríveis corpos presos as paredes e mais a frente o
corpo mutilado amarrado por arames farpados, chegando assim até a
longa escada de metal.

Harry agora estava no parque de diversões, mas não havia sinal de


Cybil por perto. Ele caminhou por entre os brinquedos abandonados
em meio à escuridão até chegar ao carrossel e perceber uma enorme
mancha de sangue fresco próximo à cabine de cobrança do
brinquedo, alguém havia se machucado ali recentemente. Ele
direcionou seu olhar para o carrossel, onde havia uma pequena luz
fraca acesa e viu que havia uma pessoa ali sentada em uma cadeira
de rodas com a cabeça jogada para o lado. Ele subiu as escadas e ao
entrar no brinquedo ele percebeu que era Cybil naquela cadeira.
"– Cybil? O que será que aconteceu? Será que aquele sangue é
dela?" Harry pensou enquanto caminhava lentamente em direção a
ela, até que ela começou a se levantar. Ela não parecia nada bem,
seu corpo estava mole e caminhava com dificuldades. Harry olhou em
seus olhos pelo brilho da luz da lanterna e viu que eles estavam
totalmente vermelhos. Ela tinha uma expressão vaga em seu rosto,
como se não soubesse o que estava fazendo.

"– Cybil? Cybil? Sou eu Harry? Cybil não está me reconhecendo?"


Harry perguntava, mas ela não respondia, apenas caminhava
lentamente em sua direção com os ombros caídos de lado e seus
olhos terrivelmente vermelhos. Até que ela parou diante dele, e sem
nenhuma explicação sacou sua pistola e mirou em sua direção!

"– CYBIL O QUE ESTÁ FAZENDO? CYBIL?" Harry gritou, mas ela
não ouviu, até que... "BAM!" ela efetuou um disparo na direção de
Harry, por sorte o tiro passou longe, por sorte ela estava toda mole e
por isso não conseguia mirar direito! Harry se escondeu atrás de um
dos cavalos do carrossel e continuou gritando para ela retomar a si,
mas sem sucesso. "BAM!" "BAM!" "BAM!" os tiros acertaram o cavalo
fazendo voar estilhaços de madeira para todo lado, Harry não sabia o
que fazer! Por que ela estava agindo assim? O que fizeram com ela?
Parece que algo a estava controlando! Ela estava se aproximando,
Harry então correu para trás de outro cavalo e Cybil ainda mirando e
efetuando disparos! Um dele quase o pegou, ele pode ouvir o som do
projétil passando zunindo perto de sua cabeça! Ele tinha que fazer
algo para trazer ela de volta a si. Depois de vários disparos Harry
pode ouvir "click", "click", "click", a munição dela havia acabado, então
Harry saiu de trás do cavalo, mas Cybil ainda estava decidida que o
mataria e veio para cima dele para agredi-lo com o cabo da sua
pistola! Ela efetuou um ataque, mas Harry desviou e foi aí que ele
pode ver...

Havia algo preso nas costas de Cybil, era o mesmo parasita que
estava controlando as enfermeiras no hospital, agora tudo fazia
sentido, era por isso que ela esta agressiva daquele jeito! Mas como
Harry removeria aquilo? Ele não podia simplesmente puxar, pois
aquilo poderia a matar e Cybil nunca iria deixar estando daquele
estado, mata-la não era uma opção! "– Pense Harry, pense!"

Foi quando ele se lembrou do estranho líquido vermelho que ele


encontrou no hospital! Aquilo tinha um cheiro forte de medicamento e
o Dr. Kaufmann o valorizava demais para ser um simples remédio. "–
Será que é algum tipo de veneno capaz de matar essas
criaturas?" Ele não fazia ideia se isso serviria realmente para esse fim
ou se poderia piorar ainda mais o caso de Cybil, mas ele não tinha
mais nenhuma opção no momento, era tentar aquilo ou matá-la! Ele
resolveu tentar.

Harry pegou a garrafa de seu bolso e removeu a tampa, agora ele só


precisava de uma oportunidade. Cybil veio caminhando em sua
direção, tropeçando em suas próprias pernas, erguendo o braço para
ataca-lo, foi quando após um ataque sem sucesso Harry a segurou e a
jogou no chão com as costas para cima. A criatura terrível e nojenta
estava firmemente presa, cravada em sua carne, se mexendo de
forma repugnante! Harry imediatamente pegou o líquido e derramou
sobre a criatura!

Harry se levantou e observou. "– Ahhhhhhhhh...AHHH!... AHHHHH!"


Cybil se levantou e começou a gemer de dor enquanto um som de
chiado vinha de suas costas. Aquele líquido estava realmente tendo
algum efeito sobre a criatura! Cybil estava sofrendo, gritava de dor
enquanto se punha de joelhos no chão do carrossel com as mãos ao
pescoço e se debatendo! Ela caiu com o rosto no chão ficando imóvel.
Em seguida Harry pode ver aquela coisa nojenta se desprender da
carne de Cybil deixando apenas uma enorme mancha de sangue em
suas costas! A criatura tentou escapar rastejando pelo chão do
carrossel, parecia uma lesma gigante, mas Harry se aproximou e deu
uma forte pisada na criatura fazendo-a explodir e espalhar um pus
amarelo misturado com sangue pelo chão frio do brinquedo! Seu plano
por sorte funcionara.

Harry se aproximou de Cybil que estava começando a despertar,


totalmente confusa e visivelmente fraca.

"– Cybil? Acorde, vamos acorde?" disse Harry ao se abaixar e por a


mão em seu ombro.

"– ...Harry?...O que... houve?" Disse Cybil com sua voz fraca.

"– Não fale!... Eu estou aqui, vou cuidar de você." Disse Harry.

Harry a ajudou se levantar. Ela estava muito fraca e sua pele muito
pálida! Ele a colocou sentada na cadeira de rodas para que pudesse
recuperar um pouco de suas energias. Após alguns minutos ela disse
que não se lembrava de quem teria feito aquilo com ela, apenas se
lembrava de ter recebido um forte golpe na parte de trás da cabeça,
depois disso mais nada! "– Era como estar em um pesadelo!" ela
disse.

Harry ficou ali por vários minutos, sentado no chão ao lado dela,
aguardando-a se recuperar ao ponto de poder falar normalmente. Foi
quando ela virou para ele e perguntou:

"– Harry... por que eles levaram a sua filha?"

"– Eu não tenho certeza, mas sabe... Cheryl não é minha filha
biológica. Na verdade eu não disse isso a ela ainda, mas
provavelmente ela já deve saber disso. Achamos ela abandonada a
beira de uma estrada próximo a Silent Hill. Tentamos descobrir quem
era ela mas ninguém sabia de onde ela vinha. Nós não tínhamos filhos
e minha... esposa adoeceu de repente, e como não dava sinais de
melhora, nó resolvemos adotá-la." Explicou Harry.

"– Você quer dizer..." perguntou Cybil.

"– Acredito que haja alguma conexão entre Cheryl e esta cidade."

"– Então o que você vai fazer?" perguntou Cybil.

"– Cheryl é a minha filha! E eu a salvarei! Seja como for." respondeu


Harry.

Cybil então respirou fundo e tentou repousar um pouco mais antes de


seguir sua busca com Harry.

...

Harry levantou-se do chão frio. Cybil ainda parecia muito fraca, mas
aos poucos estava se recuperando. Ele caminhou lentamente para
borda do brinquedo e foi quando ele percebeu que havia alguém de pé
no meio do parque! Estava escuro e ele não sabia quem era. Ele
mandou Cybil ficar ali sentada mais um pouco enquanto ele iria
verificar.

Harry empunhou sua pistola e caminhou em direção à pessoa de pé


no escuro. Ao chega perto ele pode ver quem era... A menina que ele
vira no alto do farol e com certeza também havia sido ela que o fez
bater com o carro na estrada e parar ali naquele lugar. Alessa!

"– Imaginei que viria." Disse Harry ao olhar para a menina de pé a


poucos metros a sua frente.
"– Fique onde está!" disse Harry "Eu não sei quem você é ou o que
pretende fazer e não me importo. Tem apenas uma coisa... Me
entregue Cheryl, eu só peço isso!"

Ela não disse uma palavra, somente ergueu seu braço direito em
direção a Harry e de repente ele sentiu uma enorme pressão em seu
peito que o arremessou para trás fazendo-o voar uns dois metros
caindo de costas no chão! "– Ahhhhhh! O que foi isso? O que é essa
menina?" ele se perguntava.

Ele se levantou, estava furioso! "– AHHHHHH!" correu em direção a


ela, mas sem nenhuma explicação ele bateu contra um tipo de
barreira invisível! Do tipo que só se vê em historias em quadrinhos!
Ele nem se quer conseguiu se aproximar dela. "– Droga! Isso é
loucura!" ele disse. Alessa se virou e começou a caminhar lentamente
para dentro da escuridão e foi quando ele sentiu uma queimação
vinda de dentro do bolso do seu casaco. Ele colocou a mão e retirou o
Flauros, ele estava brilhando, emitindo uma luz azulada intensa! "–
Hã? O que é isso?" Ele se perguntou. Harry o segurou na palma de
sua mão, mas o objeto em forma de pirâmide começou a flutuar
subindo uns dois metros de altura brilhando como uma estrela! Ele
começou a girar no ar emitindo raios de luz branca em todas as
direções por cada uma das suas faces triangulares! Foi quando Alessa
percebeu o brilho iluminando todo o lugar e se virou para olhar o
objeto ao ar. Os raios de luz se concentraram e de repente...
"AHHHHHHHHHH!" uma rajada de luz branca e intensa a atingiu no
peito arremessando para trás, fazendo-a cair no chão metálico do
parque de diversões! A luz se dissipou e o objeto desapareceu! Alessa
estava caída no chão, muito fraca. Harry aproximou-se dela e
perguntou:

"– Cadê a Cheryl? Devolva minha filha?"


Foi nesse momento que Harry ouviu o som de passos no metal frio
vindo em sua direção, Dahlia Gillespie surgia de dentro da escuridão.
Ela parou diante de Alessa caída no chão com uma expressão de
fraqueza em seu rosto.

"– Então nos encontramos finalmente não é Alessa?" falou Dahlia


enquanto olhava a garota caída ao chão.

"– Hã?... Já chega! Cadê Cheryl? Onde ela está me digam?" Harry
perguntou em voz alta ficando impaciente.

"– Alessa... o seu joguinho acaba aqui!" disse Dahlia observando a


menina ao chão.

"– Mamãe...!" respondeu Alessa com sua voz enfraquecida.

"– Hãh? Mamãe? Será que ela..." disse Harry extremamente surpreso.

"– Você tem sido uma menina muito má não é Alessa? Eu fui
descuidada ao achar que você não escaparia do feitiço! A mamãe não
havia notado o quanto você cresceu e foi por isso que eu não pude
captura-la pessoalmente. Foi uma pena...sim! Agora eu estou em
débito com este homem por sua ajuda." Disse Dahlia.

"– Ei! Do que você está falando?" perguntou Harry.

"– Alessa, minha querida menina! Só há mais um favor que preciso


que você me faça..." falou Dahlia ignorando a pergunta de Harry.

"– Não!... Fique longe de mim!" disse Alessa com pavor em sua voz.

"– Menina má!" disse Dahlia enquanto estendia a mão em direção a


Alessa ainda caída no chão.

Um brilho intenso azul começou a surgir entre elas e foi ficando cada
ver mais forte iluminando todo o local.
"– Está tudo pronto, vamos para casa!" disse Dahlia enquanto o brilho
aumentava.

"– Mas o que é isso? O que está acontecendo aqui?" perguntou Harry
assustado com o que vira.

Ele ouviu um grito de dor vindo de Alessa e foi quando a luz emitiu
uma onda de impacto em todas as direções arremessando Harry com
muita força para trás fazendo-o bater a cabeça no chão com força!
Sua visão escureceu imediatamente e ele desmaiou.

CAPÍTULO 17
Harry acordou no chão do hospital totalmente confuso! Ele não sabia
como havia chegado ali e onde estaria Cybil? Harry estava sentado no
chão da sala de exames do hospital com as mãos em seu rosto, sua
cabeça doía mais do que nunca! Estava um clima péssimo daquele
hospital, ao perceber o local a sua volta ele se deu conta que
novamente as trevas haviam tomado conta de tudo!

"– Harry?..."

Ele tomou um susto ao ver que atrás dele estava Lisa em pé na parte
mais escura da sala.

"– Lisa!" ele respondeu se levantando do chão.

Ela caminhou e se sentou em uma cadeira próxima a cama. Harry


bateu suas roupas e sentou na cama olhando-a. havia algo de
estranho no olhar de Lisa, mas ele não sabia dizer o que era. Algo
havia acontecido com ela.

"– O que aconteceu? Eu estava em um parque de diversões e... onde


estão Alessa e Dahlia?" ele perguntou.
"– Harry... escute. Algo que você disse antes tem me incomodado
bastante. Não consigo tirar da cabeça!" Ela respondeu com um tom de
seriedade misturado com medo em sua voz.

"– O que foi Lisa?" Harry perguntou.

"– Bem... mesmo estando com muito medo, eu fui checar o depósito
no porão do hospital. Como você disse haviam umas salas estranhas,
mas nada muito incomum lá em baixo, só que ao estar lá em eu tive
uma sensação estranha, como se já tivesse estado lá. Parece que
aconteceu algo por lá, mas, de alguma forma, eu não consigo me
recordar! O que era? Harry... ajude-me! Não suporto mais isso, tenho
tanto medo!" disse Lisa ao começar a chorar.

"– Calma! É apenas algo temporário! Está chocada desde o momento


em que desmaiou. Não se preocupe vai lembrar mais cedo ou mais
tarde!" disse Harry ao estender sua mão em direção ao ombro dela,
mas ela se levantou bruscamente com a cabeça baixa e os olhos
fechados.

"– NÃO!" VOCÊ NÃO ME ENTENDE!" Disse Lisa antes de se virar e


correr em direção a porta.

"– ESPERE! Aonde você vai? Lisa?" Harry gritou antes dela passar
pela porta e desaparecer.

Lisa estava muito estranha, ela achava que esteve no porão, mas não
conseguia se lembrar, será que alguém a fez esquecer? Mas de que
jeito? E por quê? Toda historia ficava cada vez mais estranha para
Harry, mas ele poderia ter certeza que Lisa estava tão envolvida
quanto o Dr. Kaufmann e Dahlia.

Harry então percebeu um som alto vindo do porão do hospital, parecia


ser um enorme motor ligado. Será que Lisa correu para lá? Poderia
ser perigoso! Ele precisava ir atrás dela.
Harry então saiu da sala e teve uma enorme surpresa! O lugar não era
mais o mesmo de antes, ele deveria sair no hall de entrada do
hospital, mas não foi esse o caso. Ele estava em um local vazio,
somente uma ponte estreita feita de metal estava a sua frente! Ao
olhar para os lados e para baixo não havia nada, somente escuridão!
Ele caminhou pela ponte de metal até chegar a uma enorme porta de
metal que se abriram automaticamente quando ele se aproximou.
Harry caminhou em direção ao local, era um elevador. "– Sinto que
estou sendo chamado! Ainda não entendo o que aconteceu com essa
cidade e muito menos o que poderia fazer as coisas ficarem assim,
mas sinto que se eu tomar este elevador eu descobrirei... Cheryl" ele
pensou enquanto entrava daquele sinistro local. As portas se
fecharam e ele começou a se mover sem ser ordenado.

As portas se abriram e Harry saiu no que parecia ser um dos andares


do hospital, mas não era nada como ele vira antes, era um corredor
em formato de "L", todo o local estava em ruínas como de costume no
mundo das sombras! Paredes imundas com manchas de sangue! O
chão terrivelmente sujo, prateleiras de metal enferrujado torcido! Ele
começou a vasculhar o local, ele não tinha encontrado nem um mapa
ainda, ele tinha que ter cuidado. A sua direita havia uma pequena
sala, era um dos quartos do hospital, onde ele encontrou uma gaiola
de pássaros vazia, porém desta vez havia uma chave dentro, mas a
gaiola feita de metal não queria abrir! Havia uma enorme fechadura
em sua porta, ele nunca havia visto uma gaiola assim, aquilo não fazia
sentido como tudo mais naquele ambiente! Ele decidiu verificar isso
mais tarde.

Do lado esquerdo do corredor estava um banheiro também do


hospital, completamente sujo de sangue talhado e terrivelmente
fedido! Ao fundo havia uma torneira muito velha com uma chave presa
em sua boca, Harry tentou puxa-la, mas ela não saía de modo algum!
Ele deveria encontrar alguma ferramenta para removê-la.

Harry saiu daquele local e caminhou em direção a curva do corredor,


foi quando ele ouviu um som de risadas, aparentemente risadas de
uma criança e daí...

"– AFF! O que é isso agora? Até fantasmas existem em Silent Hill?
Que droga de lugar é esse?" ele viu a imagem de Alessa vindo
correndo em sua direção! Fantasmagórica, ela estava
semitransparente e Harry pode ver através dela! Ele nunca tinha visto
isso na vida, será que era um fantasma? Uma lembrança? Ele não
poderia nem se quer imaginar em uma explicação lógica para isso! Ela
passou correndo por ele e atravessou uma porta fechada no final
desse corredor. Harry se aproximou da porta e ela estava trancada,
havia um nome entalhado na madeira da porta "Phaleg" ele não sabia
o que significava, não era nenhuma língua que ele conhecera.

Ele continuou sua busca e entrou em outra porta próxima a essa. Para
sua surpresa ele estava dentro do antiquário, era extremamente
confuso! Será que a escuridão está alterando até a física daquele
universo fazendo distorcer até a lógica das coisas? Ele estava em
todos os lugares ao mesmo tempo ou em lugar nenhum! Era a única
explicação plausível para tudo. Ele verificou o interior da loja de
antiguidades e estava quase igual à última vez em que ele esteve lá,
exceto pelo buraco na parede aos fundos da loja, o qual não estava
mais lá. Ele já ia saindo do local quando percebeu que no relógio
próximo da porta havia uma chave no lugar de um dos ponteiros!
Havia um vidro impedindo que Harry a pegasse. Ele pegou sua pistola
de bateu com a coronha no vidro, mas ele nem se quer foi arranhado!
Ele bateu de novo, de novo e de novo, mas nada, estava intacto! "–
Agora chega, vou resolver logo isso!" ele mirou no vidro e "BAM!"
efetuou um disparo, mas ele permanecia do mesmo jeito! Harry ficou
perplexo! Ou o vidro daquele relógio era incrivelmente resistente, ou
havia uma força desconhecida que o estava impedindo de burlar os
planos! De qualquer modo ele só conseguiria aquela chave do modo
correto.

Harry deixou aquela sala e seguiu pela parte mais longa do corredor,
havia uma porta trancada mais a frente com outra inscrição entalhada
com o nome "Ophiel" e aos fundos uma enorme porta dupla também
trancada com a inscrição "Hagith". Ele não fazia ideia do que eram
esses nomes, mas ele estava apenas começando a explorar aquele
local confuso. Ao lado da porta dupla havia outra porta onde o levaria
para um andar mais abaixo, pela lógica real ele chegaria ao porão,
mas pela lógica de Silent Hill ele poderia sair até no fundo do lago que
seria tudo normal! Ele entrou por esse corredor descendo as escadas,
ele passou pelas portas e pra o deixar mais confuso ainda, ele estava
dentro de uma das salas de aula da escola! Sem nada mais pra
declarar ele caminhou pela sala e havia somente uma carteira escolar
no meio dela, Harry se aproximou e viu que havia algo rabiscado na
madeira da pequena mesa escolar "Suma... Ladrão... Morra!" Parecia
ser a carteira escolar de algum aluno que sofria bullying dos colegas,
algo muito estranho!

Ele continuou passando por uma porta no final da sala de aula e saiu
em uma das salas do hospital, era a mesma sala onde ele havia
jogado uma das enfermeiras na escuridão do abismo que havia abaixo
das grades de metal ao qual ele estava pisando. Mais a frente ele
encontrou em cima de uma mesa um alicate e uma chave de fenda.
Estavam bastante enferrujados, mais ainda funcionavam. Ele pensou
que com aquele alicate ele poderia conseguir remover a chave que
estava presa dentro do cano da torneira no banheiro do andar de
cima. Já a chave de fenda ele ainda iria descobrir sua utilidade. Ele
guardou os itens e retornou ao corredor de cima passando
rapidamente por dentro da sala de aula. Ele correu até o banheiro,
pegou o alicate, segurou firme a chave e puxou com toda força até
que ela finalmente se desprendeu! Harry apanhou a chave e nela
estava escrito "Ophiel" gravado no metal. Harry já saberia onde usar
essa chave. Ele saiu daquele terrível banheiro e foi em direção a porta
com o mesmo nome da chave e a destrancou.

Ele estava em outro corredor em formato de "L" com várias outras


portas a serem verificadas. A sua esquerda havia uma porta trancada,
porém ao lado havia um painel com vários botões, um tipo de teclado
com botões de A a Z, ele imaginou que teria que escrever alguma
palavra ou nome para que a porta fosse destrancada, mas ainda não
tinha essa informação. Do lado esquerdo da porta, fixado a parede,
havia uma placa de metal com nomes de pessoas gravados e bem ao
lado dos nomes um número diferente para cada pessoa. Era claro que
ele obteria a palavra passe dali, mas ainda faltava alguma coisa para
matar a charada. Ele resolveu continuar procurando. Mais a frente ele
encontrou uma porta onde o levou a uma pequena sala e nela havia
dois pequenos quadros à direita e mais dois à esquerda e ao fundo
mais três quadros. Nos quadros nas laterais da sala estavam
desenhos de signos do zodíaco e abaixo deles um número. Havia um
número diferente para cada símbolo: Áries tinha o número "4", peixes
tinha o número "0", libra tinha o número "2" e por último era câncer
com o número "10". As placas do fundo tinham os signos na ordem da
esquerda para a direita, sagitário, touro e gêmeos, abaixo de cada
uma delas havia um painel numérico de 0 a 9, ou seja, ele teria que
digitar um número específico que esteja relacionado a cada signo e a
dica estava nos quatro signos nas laterais da sala. Mas o que cada
número significava? Harry ficou alguns minutos observando até que
encontrou um padrão, aparentemente aqueles números significavam a
quantidade de membros que cada signo possuía. "– Áries é um
carneiro e ele tem quatro patas, por isso tem o numero "4" e peixes
não tem membros por isso o número "0"!" Harry pensou ao analisar
cada um dos signos e com isso ele poderia obter um código. Ele se
aproximou dos painéis numéricos ao fundo e pressionou o botão "6"
para sagitário, o botão "4" para touro e o botão "8" para gêmeos, ou
seja, somando a quantidade de membros de duas pessoas dariam
oito. Em seguida ele ouviu um clique vindo de dentro da parede diante
de si e uma pequena placa quadrada esverdeada caiu sobre o chão,
Harry a pegou e havia um desenho de um relógio estampado, ele logo
se lembrou do relógio com o vidro indestrutível que ele encontrou no
antiquário, provavelmente seria lá onde ele deveria usar essa placa.

Antes de seguir para a sala do antiquário ele verificou todas as outras


portas do corredor e estavam trancadas, mas ao fundo do corredor
havia uma placa de metal fixada à parede com alguma coisa escrita:

"Nomes gravados em uma litografia."

"A lista do Ceifeiro"

"Sim! A contagem de cabeças já foi definida, jovens e velhos


alinhados em ordem de idade."

"Somente assim a passagem se abrirá

E esperando por eles estará um frenético tumulto, a festa da morte!"

Não era uma informação nada agradável, algo extremamente sinistro!


Mas Harry conseguiu perceber uma ligação entre isso e o enigma da
porta no começo do corredor. Ele fez uma cópia do texto em um dos
seus antigos mapas que ainda carregava e foi em direção à porta.

Ele reparou na placa ao lado onde havia os nomes e bem acima


estava escrito "A Lista do Ceifeiro", exatamente o que dizia no texto
macabro, sendo que nesse texto falava sobre jovens e velhos
alinhados em ordem de idade, e foi aí que ele percebeu que os
números ao lado dos nomes significavam a sua idade. Na placa
estava escrito:

A Lista do Ceifeiro

35 Lydia Findly

60 Trevor F White

18 Albert Lords

45 Roberta T Morgan

38 Edward C Briggs

Após alinhar os nomes por ordem de idade ficaria assim:

A Lista do Ceifeiro

18 Albert Lords

35 Lydia Findly

38 Edward C Briggs

45 Roberta T Morgan

60 Trevor F White

Harry observou por uns instantes tentando encontrar algo que


solucionasse o caso e depois de muito quebrar a cabeça ele descobriu
que as iniciais de cada nome nesta posição formava a palavra
"ALERT", talvez essa seja a palavra chave para abrir essa porta. Ele
se aproximou do painel alfabético e inseriu a palavra "ALERT"
pressionando cada uma das letras sucessivamente. "Click" a porta se
destrancou!
Surpreso de ter conseguido resolver esse enigma ele entrou na sala
seguinte, estava vazia, somente umas prateleiras nos cantos com
várias caixas de papelão vazias e muita escuridão. Ele seguiu até o
fim da sala e havia outra porta. Ele passou por ela e logo sentiu o
terrível cheiro de carne podre! De alguma forma ele estava no
necrotério que antes ficava no porão do hospital. Todos os seis corpos
cobertos por lençóis brancos encardidos com sangue e podridão ainda
estavam lá e o cheiro estava pior! Ele caminhou até o fim da sala e
encontrou um emblema preso na parede, era uma estrela de seis
pontas feita de metal com um pequeno nome gravado que dizia
"Amuleto de Solomon". Ele como sempre não sabia para que aquilo
iria servir, mas era importante guardar. Ele retornou pela sala
passando pela porta até que...

"– Harry?"

"– Lisa?" ela estava em pé num canto escuro da sala e com certeza
não estava bem, sua pele estava pálida e seus olhos levemente
avermelhados. "– O que está havendo com você?" perguntou Harry.

"– Agora eu sei... sei por que eu estou viva enquanto todos estão
mortos! Não sou a única que ainda anda por aí. Eu sou uma deles! Eu
só não havia percebido isso antes." Ela respondeu seus olhos ficando
cada vez mais vermelhos.

"– Lisa o que voc...?"

"– VENHA COMIGO HARRY... POR FAVOR! EU ESTOU COM


MEDO... POR FAVOR, ME AJUDE! SALVE-ME DELES!" ela ergueu
os braços e veio caminhando em direção a Harry, ela estava chorando
sangue e seus olhos estavam como os de Cybil quando estava
infectada com aquele parasita!
Harry ficou assustado com o que ela poderia fazer com ele que a
empurrou em direção à parede!

Ela ficou lá encostada na parede por uns cinco segundo até que se
virou, olhou para Harry e começou a caminhar em sua direção, uma
fina linha de sangue correu por seu rosto e depois mais outra e outra,
até que o seu rosto estava completamente encharcado de sangue!
Suas roupas já estavam completamente banhadas de sangue! Ela
vinha caminhando, tropeçando em suas pernas com sua mão esticada
em direção a Harry! Lisa chorava chamando pelo nome dele, mas
Harry se afastava dela com medo! Ela caiu de joelhos ao chão e vinha
caminhando deste modo, um enorme rastro de sangue marcava o
chão por onde passava! Lisa estava morrendo e ele sabia que para
ela não havia mais solução! Ele saiu correndo da sala, fechou a porta
e ficou de costas em frente a ela fazendo uma barreira, impedindo que
Lisa a abrisse! Ela começou a bater na porta e ainda era possível
ouvir o lamento e o choro daquela pobre mulher.

Após alguns segundos ela parou de bater e não se ouvia mais o seu
choro. Harry estava arrasado! Ele ainda não entendia o que aconteceu
com Lisa? Como ela pode chegar aquele ponto? Quem teria feito
aquilo com ela?
CAPÍTULO 18
 

Harry ficou sentado ali de costas para porta durante muito tempo. Ele
ainda custava a creditar no que ele e sua filha estavam passando. Era
terrível demais! Estava mexendo demais com o seu psicológico, era
uma tensão inimaginável! Ele estava perdendo sua filha e agora uma
amiga acabou de morrer! Ele não sabia onde estava Cybil e se ela
estava bem. Às vezes era difícil continuar, mas ele não tinha escolha
além de tentar.

Lisa não emitia mais nenhum som, parece que ela nem estava mais lá
dentro. Harry abriu a porta apenas um pouco para saber se ela ainda
estava lá, esperando pelo pior, mas ele ficou surpreso, pois ela havia
desaparecido! Somente o seu sangue estava espalhado pelo chão.
Harry avistou algo no chão no meio do sangue. Era um diário, o diário
de Lisa. Harry o leu:

"Pedi ao doutor para me deixar cuidar daquela paciente."

"É estranho! Ela ainda está viva, mas as suas feridas não cicatrizam!"

"A sala está infestada de insetos, mesmo com as portas e janelas


fechadas!"

"Há sangue jorrando da torneira do banheiro! Eu tento impedir, mas


ela não se fecha!"

"Eu disse ao doutor que não queria mais trabalhar neste hospital."

"Tenho tido maus pressentimentos. Estou tentando me livrar deles,


mas meu medo me impede!"

"Preciso de mais... Drogas!"

"Ajude-me!"
Parece que Lisa estava cuidando de uma paciente não muito normal.
De acordo com relato ela já deveria estar morta, mas alguma coisa a
mantinha viva sem explicação. O que mais o impressionou foi o fato
dela estar tomando drogas. Não era por acaso que ela estava tendo
perda de memória, talvez a causa disso fosse essas tais drogas. E
quem era essa paciente?

No momento a única coisa que ele tinha certeza é que ele precisava
encontrar sua filha e sair daquele terrível pesadelo! Harry estava com
a estranha placa com o desenho de um relógio e decidiu ir até o
antiquário examinar.

Ele foi até o primeiro corredor e entrou na sala do antiquário. Ao


examinar o relógio ele percebeu que havia um espaço quadrado onde
à placa se encaixaria perfeitamente. Ela inseriu a placa naquele
espaço e o relógio deu cinco badaladas antes do vidro enfim se
quebrar espalhando cacos por todo o chão! Harry enfim conseguiu
apanhar a chave dentro do relógio, era dourada e tinha o nome
"Hagith" gravado no metal.

Ele saiu dali e foi em direção à porta no final do corredor mais longo e
usou a chave na porta onde havia o mesmo nome da chave. Ela se
abriu e ele estava de frente para as portas do elevador. Harry entrou e
havia dois andares a se explorar. Ele decidiu ir ao segundo andar
primeiro. Após o elevador parar Harry estava em outro corredor com
várias portas, seu rádio começou a chiar e mais a frente ele encontrou
duas enfermeira infectadas, ele mal conseguia acreditar que Lisa iria
se transformar em uma delas! Harry pegou sua pistola e as finalizou
rapidamente com um tiro na cabeça! Quase todas as portas estavam
trancadas ou impedidas de se passar, porém uma delas o levou a uma
loja de joias que havia visto no shopping. Havia vários balcões de
mostruário de joias, todos vazios e muito danificados, mas em um
deles estava um objeto de metal estranho, havia o desenho de uma
cobra enrolado em um bastão, era o símbolo de medicina se ele não
estava enganado. Estava gravado o nome "Crista de Mercúrio" na
parte de trás do objeto. Em outra prateleira havia um pequeno anel de
contração, geralmente usado para prender elos de correntes, estava
muito bem limpo e por isso Harry o apanhou. Ele saiu daquela sala e
verificou as outras portas até virar no corredor. Somente a porta que
dava acesso ao outro lado dos corredores estava aberta. Era outro
dos andares do hospital, este estava exatamente igual, porém quase
todas as portas estavam trancadas. A última porta do corredor estava
aberta e ele encontrou, além de várias macas destruídas e colchões
sujos, a placa de metal parafusada a parede, porém desta vez ele
havia encontrado uma chave de fenda para removê-la. Harry a retirou
do bolso e um a um foi removendo os quatro parafusos que a fixavam.
A placa se soltou para revelar uma chave dourada, mas havia algo
estranho! Ela estava enrolada em fios desencapados de energia, e
estava emitindo um ruído, o que significava que havia corrente elétrica
passando por ali, se Harry tocar naquela chave ele será terrivelmente
eletrocutado. Ele precisava desligar a energia antes, provavelmente
ele teria que procurar o gerador de energia e desliga-lo. Mas quem
teria feito todo esse trabalho? Alguém certamente estava jogando com
ele! Ele saiu dali e foi em direção ao elevador. Antes de virar no
corredor ele viu uma porta a esquerda que sairia na lavanderia do
hospital, ela estava destrancada e Harry passou por ela. Não era mais
a lavanderia e sim uma simples sala com uma mesa de madeira podre
aos fundos. Em cima dela havia uma câmera fotográfica, muito antiga
mais parecia estar funcional. Harry a pegou e seguiu para o corredor.
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Harry decidiu verificaro terceiro andar, entrou no elevador e


pressionou o botão "3". Para suasurpresa ele saiu em uma pequena
sala com um grande altar nos fundos, o quelembrava muito o altar que
ele havia encontrado nos fundos do antiquário. Haviauma porta à
esquerda com um tipo de mecanismo estranho, tinha três
placasquadradas presas a ela com nove botõezinhos alinhados em
três fileiras com trêse três colunas com três ao longo das placas. Cada
uma das placas tinha essamesma sequencia, este parecia ser um
enigma complicado. Harry se aproximou doaltar, era exatamente igual
ao do antiquário, tinha o mesmo cálice e era amesma mesa de
madeira antiga, porém o quadro na parede atrás era diferente,
masainda sim macabro! Era uma mulher com uma camisola branca
com os braçosestendidos para o alto e bem ao lado dela havia um
homem morto com uma enormeestaca em suas costas caído no chão!
Era altamente bizarro! Havia uma legenda"A Luz para o Futuro" bem
abaixo do quadro. "–A luz para o futuro? Será que tem haver com a
luz da chama da taça? Eu melembro dela ter se incendiado da última
vez que eu a vi, só que desta vez nãotem aquele estranho pó negro
dentro dela? A luz da minha lanterna não fazefeito nenhum sobre o
quadro ou sobre a taça? Esse está sendo confuso!"pensou Harry
enquanto tentava decifrar aquele enigma. Foi então que ele selembrou
da máquina fotográfica, ela possuía um flash e quem sabe essa não
seriaa tal "luz para o futuro". Harry apontou a câmera para o quadro e
pressionoubotão, um potente flash iluminou toda a sala e de repente
começaram aparecer gradativamentesímbolos estranhos em frente a
imagem no quadro, algo como isso:

Foi quando ele percebeu que essa era a resposta para o enigma da
porta ao lado, ele se aproximou e pressionou os botões das placas
fixadas a porta de acordo com a imagem que surgiu após o flash e
pode ouvir um "click" quando a porta se destrancou. Ele nunca tinha
visto nada parecido! Era surreal, será que ele estava preso em algum
tipo de reality show macabro? Servindo de entretenimento para outras
pessoas ainda mais doentias? Se fosse ele, com certeza, ficaria muito
zangado!
Ele passou pela porta e encontrou uma chave com o desenho de uma
gaiola em cima de uma cadeira velha aos fundos, ele agora saberia
aonde ir. Ao sair daquela sala ele notou que havia outra porta diante
de si, que ele não havia notado antes, ele passou por ela e teve a
impressão de estar na sala do Dr. Kaufmann. Em cima da estante
velha estava um livro aberto, sobre uma prateleira empoeirada, com
uma informação marcada nele:

"White Claudia"

"Planta encontrada perto da água. Mede de 10 a 15 metros de altura e


produz flores brancas. Suas sementes contêm alucinógenos. Há
boatos que elas eram utilizadas em seitas religiosas para reproduzir e
estimular ilusões."

Ele se lembrou do texto escrito no quadro negro na delegacia, lá


falava algo sobre essa planta, parece que ela era usada na produção
de drogas. Talvez as drogas que estavam sendo traficadas em Silent
Hill eram feitas com essa planta. "– Será que elas têm a ver com isso
tudo que está acontecendo em Silent Hill? Será que era esse tipo de
droga que Lisa tomava?" Provavelmente sim ele mesmo se
respondeu. Não havia mais nada de interessante naquele local,
portanto Harry seguiu em frente.

Ele pegou o elevador e foi direto ao primeiro andar em busca da sala


com a gaiola trancada. Após chegar ao local ele pegou a chave e
conseguiu destrancar a gaiola. Dentro havia outra chave com o nome
"Phaleg" gravado no metal dourado. Ele a pegou e foi em direção à
porta com essa inscrição que ficava bem ao lado. Ele se sentia
correndo em um labirinto com todas essas idas e vindas de um local
para outro e sempre terminando no mesmo lugar!

Após destrancar a porta ele estava nos corredores do subsolo do


hospital, certamente essa desordem física dos locais o estava
deixando perturbado. A sua esquerda havia uma porta trancada com
uma inscrição gravada na madeira "Bethor". Era mais uma chave que
ele teria que encontrar! A porta da direita o levou a cozinha do
hospital, mas estava diferente, havia um enorme armário de metal
bem no meio dela e tinha uma estranha adaga dourada fincada entre
as enormes portas de metal. Aquele objeto parecia ser importante e se
não fosse pelo menos serviria como arma, Harry se aproximou e
puxou a adaga saindo facilmente. Ela era grande e dourada, mas não
era ouro. Tinha um corte bem afiado e parecia muito nova diferente de
todos os objetos naquele lugar terrivelmente sujo! Havia a inscrição
nela que dizia "Adaga de Melchior". Ele reparou que mais abaixo da
porta havia uma pequena corrente partida que serviria para selar as
duas portas de metal pelos seus puxadores, mas não deu muita
importância aquilo e se virou, mas após um passo na direção da porta
ele ouviu um barulho alto vindo de dentro daquele armário e de
repente as portas se abriram violentamente expondo aqueles horríveis
tentáculos! "– AHHHH!" Harry deu um grito e ficou apavorado ao ver
que um deles havia agarrado a sua perna e o estava puxando com
muita força em direção a um buraco escuro! Ele sabia que iria morrer!
Ele lutava com toda força tentando se agarrar em qualquer coisa que
via! Aquelas coisas eram repugnantes e grudentas! Uma gosma
transparente a envolvia com um odor repulsivo! Foi aí que Harry
pegou a adaga e, pouco antes de ser puxado para a morte, cortou o
tentáculo que o agarrara! Ele ficou se debatendo no chão sujo e uma
enorme quantidade de sangue começou a respingar para todas as
direções enquanto aquela coisa se debatia dentro do armário de
metal, Harry fechou as portas rapidamente, mas elas eram fortes e
estavam batendo contra a porta tentando abrir! Foi aí que ele se
lembrou do pequeno anel de união que ele havia pego anteriormente
na sala de joias, ele retirou de seu bolso, escorando as portas com os
ombros, impedindo a criatura de abrir, juntou as correntes e as selou
com o anel! Harry se afastou e ficou observando os tentáculos lutarem
para abrir a porta, mas ela estava firmemente trancada dessa vez. O
seu coração batia desesperado depois daquele susto! Ele empunhou
a adaga afiada e saiu daquele lugar antes que as correntes se
partissem com a enorme força daquela criatura das trevas!

Ele foi verificar outra sala naquele corredor e entrou na segunda porta
a esquerda. Dentro ele viu a imagem fantasmagórica de uma
menininha sentada em baixo de uma mesa, ela estava chorando e ele
podia ouvir aquele som aterrador ecoando pela sala vazia! Era de
arrepiar até a raiz dos cabelos! A menininha foi lentamente
desaparecendo, era muito parecida com Cheryl, mas as roupas delas
lembravam as de Alessa. Não havia explicação para aquilo! Após a
garota desaparecer totalmente e a sala ficar em total silencio e
escuridão, ele observou que as paredes estavam rabiscadas com
símbolos estranhos do teto ao chão! Parecia que alguém havia ficado
preso ali por muito tempo. Nenhum daqueles símbolos fazia sentido
para ele, porém em cima da mesa havia outro objeto feito em metal
dourado, havia uma inscrição gravada "Ankh". Ele parecia com uma
cruz com um circulo na parte superior onde estaria a ponta. Harry
estava confuso com todos esses objetos. Eles pareciam pertencer a
algum tipo de ritual. Harry o pegou e saiu daquela sala estranha.

Ele passou pela segunda porta do lado direito do corredor. Ele


reconheceu o lugar como sendo um dos depósitos do hospital, onde
ele encontrara o saquinho de sangue que ele deu para os terríveis e
nojentos tentáculos! A sala estava da mesma forma, asquerosa!
Estantes de metal tortas e enferrujadas, escuridão profunda e muita
sujeira. Estranhamente, no mesmo lugar onde ele havia encontrado o
saquinho de sangue, estava um outro saquinho, mas dessa vez eram
de feijões de geleia, ou Jelly Beans, como ele conhecia. O pacote
estava todo sujo e, embora ele estivesse morrendo de fome, ele não
queria colocar nada daquele lugar sua boca! Ele pegou o saquinho e
começou a examina-lo. Havia algo estranho dentro dele, era maior
que os feijões e parecia ser algo de feito de metal. Ele abriu o
saquinho, fazendo espalhar vários feijões pelo chão, e de dentro saiu
uma chave dourada, Harry a pegou e examinou, havia a palavra
"Bethor" gravada nela. Certamente ele já saberia de onde era aquela
chave. Mas como? O saquinho estava selado? Como e porque
alguém colocaria uma chave ali dentro? Ele ainda cogitava a
possibilidade de estar preso em uma cama de hospital em coma
profundo...

Ao lado dessa prateleira havia uma porta dupla. Da última vez em que
ele esteve nessa sala esta porta estava trancada, mas para tirar a
dúvida ele tentou passar por ela e pra sua surpresa estava aberta. Ele
saiu na sala do videocassete. Harry se aproximou e observou que
aquele aparelho, pelo menos em aparência, estava muito melhor que
o anterior. Ele ainda estava com a fita guarda em seu bolso e
aproveitou para tentar assistir mais uma vez. Ele inseriu a fita e desta
vez realmente a imagem estava melhor. Para sua estranha surpresa,
era Lisa no filme, ela estava sentada em uma mesa com a cabeça
baixa e falava alguma coisa:

"O que será...?"

"Ainda com essa febre alta incomum..."

"Os olhos não abrem, sua pulsação está alta, ela respira com
dificuldade..."

"Sua pele esta toda queimada! Mesmo quando eu troco as bandagens


o sangue começa a jorrar sem parar!"

"Como? O que mantém essa criança viva?"

"Eu... Não suporto mais isso... Não direi nada a ninguém, eu prometo!"
"Por favor!"

Lisa não aguentava mais conviver com essa paciente, mas quem era
ela? "– Pele queimada? Ela me disse que a filha da Dahlia tinha
sofrido um acidente em um incêndio chegando a morrer, mas Alessa
parecia bem, não estou entendendo!" Harry tentava entender mais
ainda faltava algo importante nessa história toda. Será que Alessa de
algum modo é a responsável por tudo de ruim que aconteceu com
essa cidade?

Harry deixou a fita ali mesmo no aparelho e saiu daquela sala. Ele
estava coma chave "Bethor" da porta no começo do corredor e correu
até lá.

Ele encontrou o enorme gerador de energia ligado, e seu


inconfundível som alto ensurdecendo-o e pensou que se o desliga-se
ele poderia retirar a chave presa por fios elétricos desencapados com
segurança. Ele pressionou o botão vermelho e o enorme motor
desligou-se.

Neste corredor aos fundos ainda havia duas portas. Uma delas estava
trancada com o nome "Aratron" entalhado e a outra saiu em um quarto
que parecia um pouco com o de Cheryl, certamente era o quarto de
uma menina, havia bonecas pelo chão, uma pequena cama infantil,
desenhos feito por criança espalhados pelo chão, uma enorme
coleção de borboletas presas por alfinetes em quadros pendurados na
parede, estantes com vários livros de vários assuntos entre eles
animais e plantas e outras coisas mais. Harry avistou uma porta mais
ao fundo do quarto, era feita de metal e tinha cinco espaços de
diversos formatos. Havia uma inscrição na porta:

"Aquele que possuir os invocadores dos cinco ritos terá então a


revelação!"
Após observar ele pode perceber que os formatos eram semelhantes
aos objetos que antes ele pensara que serviriam em um ritual,
aparentemente eles deveriam ser fixados naquela porta e seja o que
for atrás dela deve haver algo muito importante para ser tão bem
guardado. Um a um ele foi colocando os objetos nos espaços da
porta, inclusive a adaga, mas ele viu que ainda faltava um de formato
arredondado que ele não sabia onde estava, mas ele ainda tinha que
ir buscar a chave presa por fios desencapados.

Harry passou pela porta e foi em direção à sala onde a chave estava.
Ele conseguiu remover a chave com segurança. Nela estava à
inscrição "Aratron" que serviria na porta em frente ao quarto de
menina, cuja mesma palavra estava inscrita.

Assim que Harry entrou no corredor do subsolo do hospital o seu rádio


começou a chiar, "– O que? Estranho? Eu já havia passado por aqui e
não havia monstros?" ele pensou ao empunhar sua escopeta. Harry
mirava na direção do corredor a frente mas não conseguia ver nada!
Foi quando uma estranha sombra apareceu e começou a caminhar
em sua direção! Era totalmente negra, mas tinha o contorno de um
daqueles humanoides que tinha na escola, parecia o fantasma de um
deles, porém era totalmente escuro, não podia se ver o rosto ou
qualquer parte do corpo apena uma mancha negra caminhando em
sua direção! Mesmo sem entender Harry mirou sua escopeta e "BAM!"
a criatura foi arremessada para trás com violência enquanto algo
escuro espalhou por todo o chão, dando a entender que era o seu
sangue e sua carne! Até as criaturas que já pertenciam ao mundo das
trevas estavam ficando cada vez piores, pois este tipo de monstro
camuflado nas sombras era difícil de se ver. O seu rádio parou de
chiar e ele foi até a porta "Aratron" e a destrancou.
Ao entrar Harry de deparou com uma cena assustadora! Era o quarto
de hospital onde, ao seu entender, Alessa foi tratada quando sofreu o
acidente em um incêndio, mas havia quatro figuras, ou melhor, quatro
fantasmas do passado de pé em volta da cama e nela estava uma
menininha deitada com o corpo completamente queimado,
praticamente em carne viva, será que era Alessa? Dentre os
fantasmas do passado estavam Dahlia, o Dr. Kaufmann e mais dois
médicos residentes que Harry desconhecia. Eles começaram a
conversar, suas vozes eram estranhas e aterrorizantes, Harry apenas
ficou imóvel assistindo.

"– Tudo está correndo conforme o plano! Ele agora está abrigado em
seu útero." Disse Dahlia olhando para a menina deitada na cama.

"– Porém ainda não acabamos! Ainda falta metade da alma e por isso
o embrião não reage." Falou um dos médicos.

"– E a alma que está aprisionada só está presente no fundo do


subconsciente dela." Disso o outro médico.

"– Está dizendo que não vai funcionar? Não foi isso que combinamos!"
perguntou o Dr. Kaufmann muito nervoso.

"– Não!... Não!... Isso foi apenas um pretexto. Se nos unirmos


poderemos adquirir o poder! Não tema... a promessa não será
quebrada." Disse Dahlia.

"– Mas se der a luz agora o poder seria muito fraco, praticamente
nada! Precisamos encontrar a outra metade" disse o primeiro médico.

"– Usaremos um feitiço! E ao sentir essa dor certamente ele virá"


disse Dahlia.

"– Mas esse método poderá levar um tempo..." disse o médico.


Em seguida todos desapareceram lentamente, incluindo a garotinha
na cama. Harry se aproximou e ao lado da cama em cima de um
aparelho de respiração estava foto de Alessa, Harry tinha razão,
aquela menina era mesmo Alessa e, além disso, o Dr. Kaufmann e a
própria mãe dela, Dahlia Gillespie estavam envolvidos em um tipo de
ritual. Eles falaram em dar a luz a algum tipo de ser poderoso, mas
que para isso ela precisaria da sua alma por completo e pelo que eles
disseram Alessa só tinha só tinha metade da alma aprisionada no
subconsciente.

"– Mas como assim? Como Alessa poderia separar sua alma em
duas? E como seria essa alma após a separação, seria um monstro?
Uma pessoa? Ou... seria... Ah meu Deus! Agora estou começando a
entender! É por isso que Cheryl e Alessa são tão parecidas! Acho que
a outra metade da alma de Alessa é a minha filha Cheryl! Não! Eu não
vou deixar a minha filha se unir a nenhum tipo de monstro maligno! Eu
encontrarei Cheryl e sairemos daqui para nunca mais voltar!"

Harry estava chocado com a sua descoberta, mas estava começando


a entender o porquê deles ter tanto interesse em Cheryl, mas ele
ainda não entendia como a cidade foi ficar daquele jeito. "– Será que
Alessa era algum tipo de bruxa? De acordo com o médico a metade
que sobrara em seu corpo estava aprisionada em seu subconsciente,
será que os poderes dela estavam criando aquilo tudo? E sobre o seu
suposto acidente num incêndio, será mesmo que foi um
acidente?" Ainda havia muitas dúvidas sobre o desenrolar dessa
historia. Harry observou um objeto circular em cima na máquina de
sustentação de vida ao lado da cama, era a peça que faltava para
abrir a porta no quarto de Alessa. Havia a inscrição "Disco de
Ouroboros" entalhado na superfície do objeto. Harry o pegou e o levou
até o quarto ao lado. Após inserir o objeto no ultimo encaixe, a porta
se abriu.
Harry estava agora em um corredor com o piso de madeira e mais a
sua frente teve outra surpresa, eram os fantasmas do passado de
Dahlia e Alessa ainda jovem. Alessa estava sentada no chão e Dahlia
segurava em seus braços puxando-a para que ela se levantasse e a
seguisse para algum lugar.

"– Venha! Venha Alessa vamos!" disse Dahlia enquanto puxava a


menina que relutava em seguir suas ordens.

"– Não!... Eu não quero ir!" Alessa respondia com uma voz triste e
chorosa.

"– Faça logo o que a mamãe manda! Só estou pedindo que você me
dê um pouquinho do seu poder, nada mais!" Disse Dahlia.

"– Não!... Eu não quero fazer isso!" Alessa respondeu.

"– Isso fará todos felizes entenda... e também será para o seu próprio
bem!" mencionou Dahlia enquanto parava de puxar o braço de Alessa,
ela ainda estava sentada no chão.

"– Mas... mamãe! Eu só quero estar com você!" Só você e eu, por
favor, mamãe entenda!" disse Alessa.

"– Oh! Sim! Entendo! Talvez a mamãe estivesse errada? Porque não
percebi isso antes? Não há razão para esperar..." Disse Dahlia.

"– Mamãe?"

"– Você possui o útero que tem o poder de criar a vida! Mas... eu não
poderia fazer isso sozinha." Disse Dahlia se mostrando pensativa.

Logo após as duas desapareceram lentamente.

Harry entendeu que Dahlia planejava alguma coisa contra a vontade


de Alessa, pelo que ele entendeu Dahlia queria que Alessa servisse
de incubadora para trazer ao mundo um tipo de ser com poderes, e ao
que parecia somente uma pessoa com poderes paranormais poderia
fazer isso, mas Alessa não queria, ela queria apenas ser uma menina
normal junto de sua mãe. "– Mas porque Dahlia causaria o incêndio
para ferir terrivelmente sua filha? Qual o propósito disso?" faltava
pouco para Harry descobrir o desfecho dessa historia macabra, ele
sentia isso.

Harry seguiu o corredor até o fim e a sua direita estava uma enorme
escadaria que descia para uma imensa escuridão! Harry sentiu algo
estranho, de alguma forma isso estava prestes a acabar. Ele desceu
as longas escadas e chegou a uma enorme plataforma de metal.
Estava extremamente escuro, apenas um fino feixe de luz iluminava o
centro do local e bem ao centro estava Cybil de pé apontando a sua
arma para algo. Sua costas ainda estavam manchadas com sangue.
Harry se aproximou e lá estava Dahlia de pé diante de Cybil e bem ao
lado dela uma pessoa sentada em uma cadeira de rodas totalmente
enfaixada em bandagens encharcadas de sangue escuro. Havia
também uma menina sentada no chão, era Alessa, usando suas
roupas estilo peregrino. Harry se aproximava devagar, estava
surpreso por Cybil estar bem e ter chegado ali antes dele, mas ele
queria ouvir o que estavam falando, por isso ficou a uma distancia
observando.

"– Fiquei chocada ao saber que o talismã de Metraton havia sido


usado apesar de a alma perdida ter retornado. Um pouco mais e tudo
teria sido em vão! Foi tudo graças aquele homem, devemos agradecê-
lo! Mesmo que Alessa tenha parado com as suas brincadeirinhas a
garotinha ainda precisava ir. Mas que pena! HAHAHAHAHA!" Disse
Dahlia com um sorriso sinistro e maldoso em seu rosto.

"– PARADA!" disse Cybil com uma voz alta e firme.


"BAM!" ela efetuou um disparo da direção de Dahlia, mas o projetil
ricocheteou em alguma barreira invisível! "– Mas que droga é essa?"
disse Cybil surpresa com o que vira.

De repente Cybil foi arremessada para trás por uma força invisível,
fazendo-a cair de costas e batendo a cabeça com força no chão bem
longe de onde estavam. Foi quando Harry correu em direção a eles.

"– Dahlia!" ele disse com um tom de voz agressivo.

"– Ora!... Ora!... Ora!... É difícil acreditar que você chegou ate aqui!"
disse Dahlia com deboche em sua voz.

"– Chega de bobagens! Onde está Cheryl? O que você fez com ela?"
ele perguntou nervoso.

"– Do que você esta falando? Você já a viu varias vezes com a sua
forma real restaurada!" disse Dahlia.

"– Não estou com paciência para brincadeiras! Responda-me logo!"


ele disse.

"– Você não vê? Ela está bem aqui!" ela respondeu apontando para a
menina sentada no chão com a cabeça baixa.

"– O que? Isso é um absurdo!"

"– Você é o único que pensa assim!" disse Dahlia.

Foi quando Harry percebeu que a sua teoria estava certa! Cheryl era
mesmo a parte que faltava em Alessa e de alguma forma Dahlia
conseguiu fazer com que ela tomasse a forma da sua filha.

"– Por quê? Porque você fez isso?" Ele perguntou.

"– Já se foram sete longos anos... Sete anos desde aquele terrível dia!
Mesmo após ter sofrido muito com o incêndio, Alessa foi mantida viva,
sua dor era pior que a morte! Por isso ela aprisionou sua parte mais
poderosa em um pesadelo sem fim onde ela nunca acordaria! E foi
essa a causa de todo esse pesadelo! Todo o seu sofrimento se tornou
realidade! Ela esperava o dia para renascer e esse dia finalmente
chegou! Chegou a hora! Todos serão libertados deste terrível
pesadelo de dor e sofrimento! Nossa salvação está aqui! Este é o
último dia do juízo final! Todas as nossas mágoas serão lavadas e
retornaremos ao verdadeiro paraíso!" disse Dahlia. "– MINHA FILHA
SERÁ A MÃE DE UM "DEUS"!" ela gritou olhando para o alto com os
braços abertos.

De repente um brilho intenso de luz branca se formou entre a menina


sentada ao chão, que um dia fora Cheryl, e o corpo, ainda vivo,
carbonizado de Alessa sentada à cadeira de rodas. O brilho era forte e
as envolveu completamente! Enquanto olhava aquele brilho intenso
Harry teve uma revelação dada por Alessa. Foi tudo muito rápido e ele
mesmo não soube explicar como, mas após o brilho se dissipar ele
tinha os detalhes de toda história de Silent Hill em sua mente. Alessa
queria que Harry soubesse de toda a verdade.

Dahlia era uma mulher cruel! Ela ofereceu a própria filha para ser mãe
de um suposto "Deus" que traria o paraíso. Alessa foi queimada viva,
pois esse "Deus" se alimentaria do seu sofrimento para então, quando
chegar a hora, vir ao mundo, mas Alessa não queria que isso
acontecesse então ela separou a metade bondosa de sua alma e a
converteu em Cheryl, tornando-se um ser imperfeito para gerar o
"Deus". A outra parte, a que continham os poderes sobrenaturais, foi
adormecida e em seu estado subconsciente ela não conseguiu
controlar seus poderes e toda a dor e medo de Alessa se
transformaram em uma terrível realidade que encobriu Silent Hill. Seu
medo, raiva e dor eram grandes, mas ainda sim ela conseguiu gerar
uma imagem dela mesma que viria auxiliar Harry a atravessar a
escuridão. Alessa lutava contra ela mesma, ou seja, sua parte
maligna, querendo destruir tudo e uma pequena e enfraquecida parte
ainda racional. Harry e sua esposa encontraram a parte boa e pura de
Alessa abandonada, por sua parte ainda racional, a beira da estrada e
a criaram como sua filha dando-a o nome de Cheryl, até que anos
mais tarde, por uma infeliz coincidência, ele trouxe Cheryl de volta ao
local onde tudo começou. A parte racional de Alessa tentou avisa-los,
mas Dahlia viu a oportunidade e sequestrou Cheryl para fazer com
que a alma de Alessa possa ser restaurada e assim fazer o "Deus",
que estava adormecido, nascer e trazer o suposto paraíso para
encobrir a escuridão causada pela parte maligna de Alessa. Assim era
a crença de Dahlia e o seu outro cumplice, o Dr. Kaufmann que fez
parte disso tudo. Após Alessa ser hospitalizada em uma sala restrita
no hospital ele colocou a enfermeira Lisa para cuidar dela, mas com o
passar dos anos, Lisa foi percebendo que Alessa não era uma criança
normal e que cada vez mais as coisas inexplicáveis iam acontecendo.
Ela estava com muito medo de continuar e queria deixar de cuidar de
Alessa, mas o Dr. Kaufmann a obrigou a tomar drogas que apagava a
sua memória e dessa forma ela poderia continuar a cuidar de Alessa
até que a hora do nascimento do "Deus" chegasse, mas após anos de
uso de uso de drogas, o corpo de Lisa não aguentou e, após fraquejar,
foi tragado pela escuridão. Dahlia percebeu que os poderes de Alessa
estavam aumentando e não podia mais controlar. A escuridão criada
por ela estava fora de controle, se algo não fosse feito tudo iria se
acabar no mar de trevas! Foi então que ela viu a oportunidade e
enganou Harry lhe dando o Flauros lhe dizendo que serviria para deter
o demônio que estava encobrindo Silent Hill com trevas, mas na
verdade o objeto serviria apenas para enfraquecer os poderes de
Alessa enfraquecendo assim a sua parte ainda racional, para que
assim Dahlia pudesse unir as duas metades que Alessa se recusava a
aceitar. Agora Alessa estando fraca, Dahlia pode usar os seus
poderes e restaurar a parte bondosa de Alessa ao seu corpo
desfigurado sem impedimentos.

O brilho foi se dissipando até revelar uma forma feminina de uma


mulher já crescida usando uma túnica branca. Ela ficou lá parada
emitindo um leve brilho branco e, apesar de ser uma imagem
agradável ao olhar, Harry sabia que algo dentro dela não era do bem!
Foi então que... "BAM!" Dahlia foi atingida na barriga por um tiro e foi
ao chão! Harry se virou para ver o Dr. Kaufmann se aproximando com
sua arma em punho.

"– Acho que está na hora de por um fim nisso! Faça tudo ser como era
antes! Não foi com isso que eu concordei! Esse não é o "paraíso" que
você disse que traria! Não serei usado por ninguém! Você não vai sair
bem dessa!" disse o Dr. Kaufmann enfurecido olhando para Dahlia se
contorcendo de dor ao chão.

"– Kaufmann!" disse Harry surpreso em o ver ali.

"– O seu papel acabou! Não precisamos mais de você! Você acha que
pode fazer alguma coisa estando aqui?" disse Dahlia de joelhos com
sua mão encharcada de sangue segurando sua ferida. Sangue
escorria por sua boca enquanto falava.

"– Você está sendo muito presunçosa! Fique na sua e observe." Disse
o Dr. Kaufmann.

Ele pôs a mão no bolso de seu terno e retirou uma garrafa com um
líquido vermelho, a mesma garrafa que Harry encontrou dentro do
banco da moto.

"– Aglaophotis? Pensei ter me livrado disso!" disse Dahlia


terrivelmente surpresa ao ver o frasco na mão do Dr. Kaufmann.
"– Foi só esconder em um lugar onde você nunca encontraria e
manter todos vocês ocupados. Foi muito fácil! E tem muito mais de
onde veio este!" falou o Dr. Kaufmann.

"– Aglaophotis? Então esse é o nome desse remédio?" Harry pensou.

Ele tomou impulso e atirou-o em direção a forma de Alessa dominada


pelo "Deus".

"– PARE! NÃOOOOOOO!" Dahlia gritou desesperada ao ver que o Dr.


Kaufmann o atirou em sua filha.

O frasco seguiu girando até colidir com o rosto da menina e se


quebrar espalhando todo aquele liquido vermelho com um forte odor
pelo seu corpo. A menina deu um grito de dor e o brilho que estava
sendo emanado pelo seu corpo se apagou. Ela levou a mão ao rosto e
começou a se contorcer como se estivesse em chamas e caiu ao
chão! De repente um grito muito agudo soou pelo local vindo da
menina caída ao chão, não era uma voz humana, era algo muito ruim!

"– HAHAHAHAHAHAHA!" Dahlia começou a gargalhar freneticamente


enquanto sangue jorrava de sua boca!

Harry e o Dr. Kaufmann deram um passo para trás ao ver o que


estava acontecendo!

"– Mas... Como? Isso não deveria estar acontecendo!" Disse o Dr.
Kaufmann.

Uma terrível criatura estava brotando de dentro das costas de Alessa


que estava caída ao chão de bruços! A carne dela foi rasgada e
sangue espirrava para todos os lados! Era a coisa mais horrível que
ele tinha visto até agora! Com certeza aquilo era o tal "Deus" de quem
Dahlia tanto falava que foi expulso do corpo de Alessa pelo efeito do
Aglaophotis. A criatura estava crescendo cada vez mais conforme se
desprendia da carne da pobre menina! Era horrenda, tinha uma cara
comprida como de um bode e enormes chifres pontudos e finos! Tinha
o corpo em carne viva semelhante ao de uma pessoa! E longas asas
parecidas com asas de inseto! Ela emitia um grito agudo, terrível e
ensurdecedor! Estava todo banhado com o sangue de Alessa que
estava totalmente estraçalhada no chão de metal! Harry o reconheceu
do quadro que viu no altar da sala atrás do antiquário. Era o suposto
"Deus Samael" e com certeza ele não estava ali para trazer paz!

A criatura deu um grito terrível ao abrir sua boca grotesca e levantou


voo! Ele ficou parado no ar acima deles, pairando os observando, foi
quando ele levantou os braços e raios vermelhos, semelhantes a raios
elétricos de tempestades começaram a cair sobre o local! Ele olhou
com seus olhos negros e pequeninos para Dahlia que estava dando
gargalhadas macabras, deitada ao chão se afogando em seu sangue!
O monstro ergueu sua mão em direção a ela e uma série de raios a
atingiram! Seu corpo se incendiou imediatamente e suas gargalhadas
se transformaram e gritos de agonia! Dahlia estava morta! Queimada
como fizera com sua filha!

A criatura voltou sua atenção para Harry e o Dr. Kaufmann e assim


que o doutor percebeu que a criatura o estava olhando ele virou as
costas prestes a correr, mas o monstro mandou outro raio acertando-o
nas costas! Ele foi jogado a uma enorme distancia e não mais
levantou. Harry o observou cair e logo retirou seu rifle do ombro e
mirou na criatura, mas pouco antes de atirar ela já estava com o braço
erguido em sua direção! Harry começou a correr a toda velocidade
para longe do monstro, ele pode ouvir os raios batendo no chão atrás
dele emitindo um terrível ruído! Mas, de repente os raios pararam,
Harry o observou, ele parecia estar cansado e fraco, "– Claro! Ele não
está com sua força em 100% por causa do liquido vermelho! Isso deve
tê-lo enfraquecido!" pensou Harry. Foi quando ele ergueu seu
poderoso rifle e "BAM! BAM! BAM! BAM!" acertou quatro tiros na
criatura que deu um grito de dor, mas continuava sobrevoando o local.
Sangue negro começou a escorrer por suas pernas mas ainda sim ela
tinha muita força! Ela mais uma vez efetuou um ataque de raios em
direção a Harry que mais uma vez correu a toda velocidade em outra
direção! Assim que a criatura cessou os raios ele recarregou as
pressas seu rifle e "BAM! BAM! BAM! BAM!" acertou mais quatro tiros
no monstro que gritava de dor! A criatura reuniu suas ultimas forças e
lançou outro ataque de raios, Harry começou a correr, mas um deles o
atingiu e o derrubou fazendo seu rifle voar para longe! Ele caiu com o
rosto no chão ficando imóvel e pode ouvir o som da pesada criatura
pousando no chão metálico, ela não tinha mais forças pra voar, então
veio caminhando em direção ao corpo de Harry ainda caído com o
rosto virado para o chão! O terrível demônio acreditava que Harry
estava inconsciente e se aproximou bastante para poder fincar suas
garras nas costas dele e o mata-lo! Ele parou bem ao lado de Harry e
estendeu seu braço apontando suas garras, foi quando Harry em um
rápido movimento se virou e apontou a queima roupa, o cano da sua
escopeta direto para o peito da criatura e "BOOM!", a criatura recuou
com o impacto, "BOOM!", "BOOM!", "BOOM!", Harry alvejou o
demônio com mais três tiros no peito fazendo seu sangue escuro e
grosso se espalharem por todo o lugar! Ele deu um terrível grito de dor
e caiu se debatendo em uma enorme poça de sangue. Harry se
levantou, caminhou em direção ao monstro ensanguentado com parte
da sua caixa torácica exposta, mas ainda vivo e agonizando, colocou
o cano da escopeta colado a sua cabeça e puxou o gatilho! "BOOM!"
seu cérebro saiu pelo outro lado da cabeça se espalhando pelas
grades do chão! A criatura não mais se mexeu.

Harry ficou lá parado olhando o sangue jorrar daquele monstro


medonho, quando o seu corpo caído começou a brilhar e de repente o
brilho tomou conta de todo o lugar e Harry pode ouvir apenas uma
palavra vinda de dentro daquela luz intensa:

"– Papai!"

Ele sentiu um frio na barriga e quando a luz diminuiu! Lá estava


Alessa caída no chão com o seu corpo brilhando! Ela, com muita
dificuldade sentou-se no chão e olhou para ao rosto de Harry que
também a observava. Ela colocou as duas mãos em seu ventre e uma
luz branca muito brilhante acendeu-se. Harry bloqueou sua visão, pois
o brilho era muito intenso, mas quando o brilho diminuiu ele viu Alessa
segurando um pequeno e rosado bebezinho! Harry soltou sua
escopeta deixando-a cair no chão. Ela ergueu o bebê entregando-o
sem dizer nada. Harry pegou a criança enrolada em finos tecidos
suaves!

Era ela! Era sua filha! Do mesmo jeito que estava quando ele a
encontrou com a sua esposa! Ele sentiu uma forte emoção tomando
conta de si, quando de repente o local começou a tremer e
começaram a cair pequenas chamas do céu escuro! Elas começaram
a incendiar o local. Aquela realidade estava de desfazendo. Harry não
sabia o que fazer, foi quando ele observou Alessa, ainda caída no
chão, apontando para uma direção. Harry olhou para o local e havia
uma intensa luz azul ao longe iluminando um pequeno caminho, ela
esta lhe mostrando a saída! Ele olhou para o rosto de Alessa e fez um
pequeno sinal de agradecimento com a cabeça antes de começar a
correr em direção à luz. Harry estava correndo com o bebe no colo
quando passou pelo corpo caído de Cybil, ela ainda estava viva!

"– Cybil? Cybil? Acorda vamos! Temos que ir agora! Vamos!" Harry
disse a sacudindo pelo ombro.

"– Harry? O que hou..."


"– Anda não temos muito tempo!" Ele a interrompeu enquanto fazia
um esforço para ajudar a se levantar e segurar o bebe.

Cybil sacudiu a cabeça para recobrar a consciência e rapidamente se


levantou e começou a correr junto com Harry em direção à luz
brilhante.

O Dr. Kaufmann acordara do seu estado de inconsciência e se


deparou com o local totalmente em ruinas! O chão de metal estava se
quebrando e havia fogo chovendo do céu! Ele também avistou a luz
brilhante, pegou sua maleta preta e quando ele estava prestes a dar
um passo e começar a correr algo o agarrou! Era Lisa totalmente
ensanguentada e com os olhos terrivelmente vermelhos! Ela o agarrou
por trás e começo a puxa-lo em direção a um buraco no chão, em
direção ao abismo!

"– Não!... Não!... Me solta! AHHHHRG!... Não!... NÃOOOOOOOOO...!"


ele gritou, mas era tarde demais! Lisa o agarrou e os dois pularam
juntos em direção ao esquecimento negro das profundezas das trevas!

Cybil e Harry estavam quase chegando a luz quando eles ouviram um


estrondo enorme como se fosse uma bomba! Eles se encolheram com
o enorme clarão, mas de repente tudo ficou extremamente silencioso,
eles olharam em volta e tudo estava parado, como se o tempo tivesse
sido congelado! Eles olharam para traz e viram Alessa com a mão
estendida em direção a eles, ela usou suas últimas energias para
parar o tempo em volta deles e impedir que eles morressem caindo na
escuridão eterna. Eles aproveitaram e continuaram correndo até o
brilho da luz os envolverem e a intensa claridade ofuscar sua visão até
que...

...
"– Harry?... Harry querido?... Você esta bem?" perguntou sua esposa
Cybil no banco do carona do seu carro segurando uma criança em seu
colo.

Harry estava parado no acostamento de uma estrada dentro de seu


carro, sua esposa Cybil Mason estava sentada ao seu lado segurando
um lindo bebê enrolado em finos tecidos. O dia estava agradável e
tudo que ele se lembrava é que estava voltando de férias com sua
esposa de uma viagem que fizera para o sul do país.

"– Hã?... Cybil querida?... AHHH!... Eu... Eu... Ahhh! Acho que estou
bem... eu só... tive uma estranha sensação agora?" respondeu Harry
um pouco confuso.

"– Estanha sensação? Como assim? Você esteve bem durante toda
viagem de volta! Será que você pegou algum resfriado ou algo do
tipo?" perguntou Cybil.

"– Não... eu só tive a impressão de... sei lá?... De estar em um sonho


muito, mais muito real e de repente acordar e não entender nada
sobre onde esteve e o que é real ou não!" Harry respondeu sentado
no banco de seu carro atrás do volante.

"– Humm! Que conversa mais estranha! Acho que você precisa
entender suas féria mais um pouco!" respondeu Cybil.

Harry estava confuso, ele tinha flashes de lembranças em sua mente


de outra vida que ele tinha vivido recentemente! Era como acordar de
um sonho, mas ter uma sensação de que não foi só um sonho e sim
real! Era estranho ele não podia explicar direito.

"– Ahhhh! Querido?... e a nossa pequena menininha que acabamos de


encontrar ali nas margens da estrada? O que vamos fazer?"
Perguntou Cybil olhando para o rosto rosado na linda menininha
enrolada nos finos tecidos cor de rosa.
"– Nossa! Isso é tão familiar! Sinto que já passei por isso, mas não sei
explicar como nem quando?" Harry pensou enquanto olhava para a
linda menininha nos braços de sua esposa Cybil. "– Acho que
devemos adota-la!" ele falou.

Cybil olhou para o seu rosto com uma expressão enorme de surpresa
e disse:

"– Sim!... acho que poderá ficar tudo bem... eu...ahhh... Tenho que
verificar com a delegacia de policia de Brahms se há algum registro
dela antes, mas eu acho que podemos adota-la sim!" ela respondeu
meio desconcertada e deu um lindo sorriso em seguida. "– E como
iremos chama-la?" Perguntou Cybil.

"– Hummm! Não sei me dá uma ideia?" Harry perguntou.

"– Bom... agora pouco, depois que eu acordei de um cochilo, um nome


não me sai da cabeça!" disse Cybil.

"– Que nome?" Harry perguntou.

"– O nome... Cheryl... não sei, mas eu estou com esse nome em
minha mente e não conheço ninguém que o tenha?" disse Cybil.

"– Cheryl? Cheryl... Cheryl... Nossa! Que estranho? É muito familiar!


Mas não sei? Algo me diz que não devo dar esse nome a ela! Pela
sua própria segurança. É estranho e meio sem sentido pensar assim,
mas algo me diz que isso é o certo a se fazer!" Harry pensou ao olhar
nos olhos de sua esposa Cybil.

"– É um bonito nome, mas sabe... acho que acabei de pensar em um


melhor!" ele falou.

"– E qual seria?" Perguntou Cybil.

"– Estava pensando em... Heather..." disse Harry.


"– Heather?... Heather Mason... hummm?... É Adorei! É um lindo
nome!" Cybil sorriu enquanto Harry dirigia o seu carro pela estrada
deserta em direção ao por do sol.

***

Escrito por: Kyle Stone

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