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ARTIGO AG - LOCAIS Protagonismo em Cena Andre Almeida 2009
ARTIGO AG - LOCAIS Protagonismo em Cena Andre Almeida 2009
Introdução
1
TERTO JR., V. PAIVA, V. e colaboradores, Jovens e Religião: sexualidade e direitos entre lideranças católicas, evangélicas e
afro-brasileiras - projeto de pesquisa, PROSARE 2006.
2
VALLA (2002)
3
CASTELLS (2000)
1
atores externos, partindo para a constituição de projetos para exigir que os governos ajam
para mitigar as vulnerabilidades à epidemia.
Inúmeras ações foram iniciadas por parte de organizações dos grupos afetados,
obrigando administradores da saúde pública e organizações não governamentais a incluírem
as suas demandas e elaborarem estratégias de prevenção que respondessem à especificidade
de cada grupo 4, resultando em um processo de abertura à emergência de necessidades que
dificilmente encontrariam expressão na forma tradicional de exercício da medicina 5. O
envolvimento da sociedade civil na caso da AIDS cresceu junto com a atenção à
singularidade dos diversos contextos sócio-políticos e culturais 6 onde se desenvolvem sub-
epidemias regionais 7, embora ainda sejam poucas as referências validadas que descrevem
em detalhe como fomentar o trabalho com agentes da comunidade, enquanto estratégia de
atuação em projetos de saúde.
Assim mesmo, mais rápida e fortemente do que no enfrentamento de qualquer outro
agravo de saúde, na resposta à Aids avançou-se na confirmação de que a cultura tem um
papel fundamental na regulação de nossos comportamentos e crenças, definem o
significado do corpo e de como concebemos saúde e doença, fornece elementos para a
interpretação da dor, do sofrimento, dos prazeres e da sexualidade 8. Quaisquer ações que
visem a prevenção do sofrimento ou a emancipação do prazer devem estar de acordo com
as possibilidades socialmente construídas de subjetivação dos indivíduos. Sabe-se que a
eficácia dos programas de promoção da saúde vai repousar na integração dos aspectos
sociais, técnicos e simbólicos e a invasão da medicina cosmopolita pode abalar o equilíbrio
entre esses fatores 9.
Hoje em dia, apesar de verificarmos grandes investimentos no envolvimento e
desenvolvimento de comunidades, esta tendência não está isenta de problemas. Embora
precisemos reconhecer que exista uma série de aspectos positivos nos projetos atuais que
visam a participação, esta participação ainda é limitada por um discurso que é hegemônico
e que continua a exercer fascínio e poder no imaginário de todos que compartilham espaço
nas sociedades contemporâneas: o discursos do especialista, da valorização exacerbada do
saber adquirido na instituição, que vai limitar o encontro de propostas criativas e coerentes
com a teia de significados construída por cada grupo 10. É necessário questionar em que
medida as novas formas de ação para a saúde local nos levam de volta para os velhos
modelos de “intervenção” ou para as direções pretendidas 11.
4
FONSECA (2003)
5
AYRES (2002)
6
BASTOS e SZWARCWALD (2000)
7
PASSARELLI (2002)
8
MORAES (1998)
9
FONSECA (2003)
10
FONSECA (2003)
11
AYRES (2002)
2
Muitas ações de programas governamentais e não governamentais voltadas para a
juventude, por exemplo, concentram-se na “pregação” da camisinha, ou da informação,
sem preocupação com o diálogo com valores e perspectivas abraçados pelos jovens. Esse é
dos desafios o mais importante para a produção acadêmica engajada no desenvolvimento de
políticas públicas e que merece aprofundamento da nossa reflexão crítica sobre esse
processo: produzir práticas de prevenção e cuidado que alimentem a autonomia – o sujeito
sexual e o sujeito religioso, no caso - que têm sido valorizadas como mais proveitosas no
campo da sexualidade e da promoção da saúde.
Embora as experiências de projetos e pesquisas sociais realizadas por diversos
organismos internacionais venham trabalhando com a participação comunitária como uma
estratégia imprescindível para solucionar problemas sociais profundos, envolvendo a
participação da comunidade na formulação de políticas públicas em saúde, educação, meio
ambiente e direitos humanos, em geral não têm respondido à provocação de Parker12 no
Seminário “Prevenção à AIDS: Limites e Possibilidades na Terceira Década” realizado pela
ABIA (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids) em 2002: a pesquisa em AIDS ainda
não conseguiu se deparar, de forma minimamente razoável, com o fenômeno da
pauperização da epidemia, afirmando ainda a forma débil como a pesquisa tem conseguido
tocar nessas questões, forçando-nos, necessariamente, a uma reflexão sobre os
pressupostos teóricos que orientam a nossa compreensão sobre a epidemia e, portanto, as
nossas agendas de pesquisa (quais as nossas concepções de sujeito, de saúde, de
prevenção?), o tipo de inserção social que nos permite – pesquisadores e intelectuais –
compreender e transformar a realidade e os diálogos (possíveis?) que devem ser
estabelecidos entre a produção científica e os contextos onde efetivamente as comunidades
interagem entre si.
Acreditamos que a atuação em colaboração com “agentes locais” que discutiremos
nesse texto sugere um caminho para responder a essas questões.
Estaremos considerando que, especialmente para o enfrentamento da epidemia entre
os grupos mais vulneráveis (mais pobres, com menos acesso às ações de saúde, mais
desprotegidos quanto aos seus direitos fundamentais) deve-se ir além da noção de saúde
como ausência de doença, assumindo uma definição de saúde no seu conceito amplo, como
o “bem-estar bio-psico-social e espiritual” 13 no quadro da vertente socioambiental, onde a
Promoção da Saúde é definida como uma prática emancipatória e um imperativo ético.
Agindo com esse horizonte, assumimos também a tarefa de superar ações de promoção da
saúde que visem apenas a mudança de comportamento dos indivíduos.
Como sugere Westphal 14, vemos como principais estratégias para a Promoção da
Saúde:
12
PASSARELLI (2002)
13
WESTPHAL (2006)
14
Idem.
3
• Promoção de espaços saudáveis;
• Coalizões para advocacia e ação política
• Empoderamento da população;
• Desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e atitudes;
• Reorientação dos serviços de saúde;
15
PAIVA (2006)
16
FONSECA (2003)
4
Um exemplo de trabalho com Agentes Locais
A primeira oficina foi resultado de uma proposta feita por um jovem que já vinha
defendendo a idéia de conversar mais sobre sexualidade junto ao grupo de jovens católicos
e ao padre, dando voz ao debate que acontecia muito timidamente na comunidade. Os
jovens indicavam carência de informação e enxergaram na equipe da pesquisa, depois de
terem sido entrevistados, a oportunidade de saná-las; queriam discutir temas relacionados à
5
juventude, direitos/saúde sexuais e reprodutivas, prevenção de DST/Aids, aborto, gravidez
na adolescência e cidadania. Na nossa negociação (de especialistas) com a comunidade a
oficina ganhou o título de “Prevenção da Gravidez na Adolescência”, tema que era mais
emergente que o das DST/Aids . A oficina foi realizada nas dependências da paróquia da
Igreja da Zona Leste, num domingo inteiro de atividades.
Compareceram a esta primeira oficina 27 jovens católicos, do candomblé e da
umbanda de outras comunidades participantes do projeto, além de vários educadores
religiosos e um representante da pastoral da Aids. O interesse do projeto era promover
encontros inter-religiosos, contribuindo para que a linguagem dos direitos (sexuais,
reprodutivos) dialogue com o horizonte ético-político das comunidades religiosas,
aprofundando o debate sobre diversidade religiosa e sexual a partir da noção de liberdade
religiosa.
Pela manhã os 3 grupos (meninos, meninas e adultos) dividiram-se para a discussão
das cenas que identificaram como expressivas das questões em debate na sua comunidade,
como sintetizado no quadro abaixo. Após o trabalho em grupo, em salas diferentes, os
participantes se reúnem na plenária para compartilhar o que foi vivenciado. Todos
formaram um único círculo: jovens, adultos, catequistas, pesquisadores.
Exemplo de Cenas:
● Cena 1: três amigas jovens assistindo um programa de TV, onde uma repórter entrevista
uma pessoa que está passando na rua. É dia mundial de luta contra a Aids e as perguntas são
sobre prevenção. Quando desligam a TV as amigas conversam e uma delas acha que não
deve usar preservativo porque acha que não tem perigo de “pegar doença” pois o namorado
“é fiel”. Alguns dias depois ela aparece grávida. E a conversa gira em torno das perdas:
estudo, vida. Ela diz que a mãe estava brava e que o namorado não aceitou a gravidez.
● Cena 2: Duas amigas conversando e uma fala para a outra que está com um corrimento
estranho e está com medo de ir ao médico. A amiga vai e conta para outra amiga que a
amiga está com aids. A menina "doente" encontra a instrutora do Crisma e conta do
corrimento e que as amigas estão estranhas com ela. A instrutora da Crisma conversa com
as meninas, esclarece tudo e as duas vão com ao médico com a amiga.
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O debate sobre as cenas que envolviam a transmissão vertical e os dramas implicados
nas cenas com Gravidez e a Aids geraram as maiores polêmicas, apresentando maior
dificuldade para serem compartilhadas nas diferentes realidades, principalmente em função
das diversas posições sobre o aborto. Os próprios jovens se impressionaram com o
preconceito que apareceu entre eles. Ficou evidente a associação da Aids com o
preconceito, nas palavras dos jovens.
A separação entre meninos e meninas foi avaliada como importante, pois, nas
encenações, as jovens sempre colocavam os homens como aqueles que não assumem as
responsabilidades. Em uma das cenas, cujo desenvolvimento espontâneo implicou em um
dos casais heterossexuais ser “alterado” para um casal de lésbicas, os jovens acharam que a
cena ficou bem difícil de ser encenada.
As primeiras encenações foram feitas com maior dificuldade, com uma aparente
falta de repertório para a tarefa. Com a sucessão das cenas, entretanto, ou mesmo a
repetição da mesma cena: “foi ficando mais fácil, apesar da complexidade maior das
cenas!”, comentaram os jovens. Na Plenária final foi consenso que: quando você
desconhece um assunto é mais difícil pensar sobre ele e acaba tendo um preconceito
sobre isso. Por isso, os próprios “atores”, acharam a última cena: mais fácil, já que tinham
adquirido conhecimento desde a primeira.
O trabalho com as cenas permitiu um encontro entre as pessoas, aproximando
conhecimentos e práticas advindos de fontes e experiências diversas, facilitando a aceitação
do outro como diferente, identificando o outro diferente com alguma condição de
igualdade e solidariedade, promovendo o encontro dos saberes “da universidade” com os
saberes e valores “da religião”.
Para a equipe de pesquisadores, acostumada a fazer trabalho de prevenção
utilizando a demonstração viva de como colocar e tirar o preservativo, o fato da oficina
acontecer num espaço religioso que não adota esta prática como parte de seu cardápio
incentivado de práticas valorizadas, trouxe um outro desafio, pois ali procuraram fazê-lo
sem utilizar este recurso.
A segunda oficina foi realizada numa Igreja Anglicana, quando 11 agentes jovens
de todas as matrizes puderam aprofundar a sua capacitação nas referências teóricas e ético-
políticas da pesquisa, e a tematização, organização e dinâmica dependia da agenda dos
pesquisadores interessados na sensibilização da comunidade para o tema. A aplicação dos
questionários foi pensada para esse fim (sensibilização). Não se tinha pretensão de coletar
dados de uma amostra representativa, mas gerar dados para discussão. A idéia foi,
entretanto, apropriada pelos agentes jovens, especialmente pelos que eram lideranças
jovens na sua comunidade religiosa, como oportunidade para “mostrar” como os jovens da
minha comunidade pensam; a maioria não escondia a curiosidade com os resultados, além
do interesse pela tarefa nova para eles/elas.
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Debateu-se com os presentes temas abordados no questionário - que seria aplicado
pelos agentes jovens na comunidade - buscando defender que deveriam incluir moças e
rapazes, variar as idades, e buscar ativamente brancos e negros, além dos princípios de ética
em pesquisa (confidencialidade e obtenção de consentimento informado entre eles). As
oficinas foram um momento onde eles compartilharam experiências e dúvidas sobre a
atividade, mas também sobre os temas abordados pelo questionário.
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Síntese das Primeiras Impressões dos Jovens frente aos achados da Pesquisa:
Católicos:
● Surpresa / frustração com a desinformação dos jovens, apesar de alguns dados já serem esperados
● Desconfiança de algumas respostas: (homens: sexo como prova de amor) / frustração com o dado
● Postura ambígua: pensa de um jeito na igreja e fora age de outro
● Desencontro entre meninos e meninas
(meninos não aceitam meninas fazerem as mesmas coisa que meninos)
● Dificuldade de levar os dados para a comunidade pela possibilidade de haver rejeição, alguns
dados contra os valores da igreja, viram comportamentos que diferem dos valores da doutrina
● Pouca abertura do grupo para ele próprio levar os dados para a comunidade, o grupo não está
preparado para lidar com a diferença, dificuldade em ouvir-se
● Opressão do gênero masculino
● Desconfiança da pesquisa e da ciência
● Dificuldade de incluir pessoa negra / portadora de deficiência
Evangélicos:
● Mais consenso do que discordâncias no debate
● Resultado já era esperado. O mais importante da discussão foram os resultado das outras
religiões. Pela primeira vez participou de discussões com outras matrizes religiosas.
● Discordaram da visão de que os evangélicos só vêem o sexo como forma de prazer
● Não concordam com o “homossexualismo”. Vêem como doença psicológica que pode ser
trabalhada
● Não discriminam, mas acham que o “homossexualismo” deve ser tratado. A pessoa será aceita,
mas tem que ser curada se quiser fazer parte da religião.
● A pesquisa comprovou a visão sobre o aborto.Vai além da pesquisa tem um valor político, moral.
Acham que é tirar uma vida.
● Sobre o casamento dizem ter informações na igreja. Destacou o fato dos evangélicos estarem
casando mais cedo. “Hoje estamos sendo bombardeados por imagens pornográficas, então se só
podemos fazer sexo depois do casamento, então isso está acontecendo mais cedo mesmo.” Isso
comprova o dado da pesquisa.
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O Protagonismo em cena: o diálogo com os Jovens Agentes Locais
"Foi uma experiência nova, construtiva para nós, sai do meio e conheci
outros locais e religiões. Foi legal na Anglicana porque a gente tinha preconceito
e a gente conversou com os jovens de outras religiões, deu para interagir com as
pessoas". (garoto católico)
● Diminuiu Preconceitos e a Estigmatização Social
17
FREIRE, P. (1967)
18
FREIRE, P. (1996).
19
FREIRE, P (1978).
20
BOAL, A. (1975).
21
PAIVA (2006)
10
“Nossa, a gente precisa de um estímulo desse para pensar, sair do
isolamento e continuar lutando com cada padre que vem passar um tempo
dirigindo a nossa Igreja!” (palavras de uma senhora a muitos anos dedicada aos cursos
de Crisma na sua Igreja)
● Mudou o Contexto Social e Comunitário
Foi com espanto, mas com respeito, que as lideranças adultas e autoridades
religiosas acolheram os resultados dessa pesquisa, que puderam acompanhar a realização
pelos jovens e entre os jovens. Nem os jovens esperavam a diversidade nas respostas de seu
grupo religioso ou opiniões e atitudes tão contraditórios com a normatividade tradicional de
cada matriz, como se pode observar no quadro acima. Foram surpreendidos pelas lacunas
importantes de conhecimento no campo da prevenção do HIV e da Aids que identificamos
na análise preliminar apresentada nas oficinas, que imaginavam resolvidas; ou tiveram
dificuldades em reconhecê-las como problemas da “sua” comunidade, imaginando que
eram problemas “de outras”. Respondendo ao desejo de constituir uma boa “representação”
(no sentido de imagem comportada e adequada) de sua comunidade e encontrando nossos
objetivos de sensibilizar a comunidade para os temas, “agentes jovens” e “especialistas”
fomos surpreendidos e todos nós tiramos proveito da experiência.
Esse processo de interação e participação visa apoiar as pessoas para atuarem como
sujeitos de direitos, com informações sobre como encaminhar e identificar suas
necessidades para o engajamento na busca de melhores condições sociais, concedendo-lhes
o papel de guias de sua própria trajetória. Os projetos que adotam como desafio a
mobilização comunitária têm buscado capacitar as comunidades para tomada de
consciência de sua situação de saúde, aprendendo a diagnosticá-la e pensar a construção de
estratégias para a superação de seus problemas 22. Nesse quadro, é interessante notar como
os próprios jovens definem as potencialidades da atuação do agente local:
“Ah, o Agente Local ? Principal de tudo é divulgar e .... como se fosse
uma árvore né, a gente tá numa raiz aqui, tem mais duas, tem mais duas, tem mais
duas.... tem que ter primeiro uma ou duas né, pra começar a nascer o resto. E eu
acho que o Agente Local, a principal importância dele é primeiramente ele tá por
dentro do assunto, saber as coisas né... e mesmo que não saiba tudo, ensine já o
que sabe, pra ir aprendendo também, porque ninguém sabe tudo... né? E aumentar
cada vez mais o contato com os jovens...”
11
comunidades, pois, ao chegarmos nas comunidades religiosas, muitos jovens já possuíam
uma história de liderança, cabendo aos pesquisadores identificar (junto aos mais velhos das
comunidades) e fortalecer essas lideranças. A formação dos agentes locais foi,
principalmente, no sentido de capacitá-los quanto às informações e materiais que os
instrumentalizasse para a ação em suas comunidades, a partir das lacunas que perceberam
na sua própria experiência local, como podemos ver nesse relato onde um jovem descreve o
que mudou na sua vida após a pesquisa, e o que o motivou para se dedicar a este trabalho:
As estratégias que partem da cultura e das identidades dos grupos populares têm
colaborado para retirar das tecnociências e da biomedicina a prerrogativa exclusiva de
enunciar o que é desejável. Em outro relato, podemos ver o que uma das jovens
compreendeu sobre o papel do Agente Local:
“Eu entendi que ser um agente jovem é ser alguém que atua na sua
comunidade levando informação sobre a pesquisa que participa ou sobre assuntos
com os quais está envolvido. No caso da pesquisa, o agente jovem é alguém
preparado para discutir questões relacionadas com a sexualidade e a religião,
12
como os direitos sexuais do cidadão, independente de sua orientação religiosa e
sexual. Alguém preparado para lidar com diferentes visões e que saiba criar um
clima de aceitação e respeito pelas diferenças, o que já estamos aprendendo nos
relacionando nessa pesquisa. O agente jovem deve buscar criar uma rede de
relacionamento entre os diferentes núcleos religiosos para discutir com
pluralidade a questão da sexualidade. E o mais importante, que é conseguir tocar
no assunto do sexo, da sexualidade e toda a complexidade que isso envolve, o que
é um tabu na nossa sociedade. O diálogo é o principal instrumento do agente
jovem, que atua ensinando, mas também aprendendo. Se expondo sim, mas também
ouvindo. Eu acho que é mais ou menos isso..”
“Eu não sei tudo, mas até aonde eu sei, um agente local, além de estar por
dentro das informações, além de ter o conhecimento, tem que ter é... ser um pouco
extrovertido, tem que ser um pouco diferente dos outros, porque se não, não seria
Agente Local. Todo mundo é Agente Local ? Não. Então o Agente Local, ele tem
que ser um pouco diferenciado do outro, ele tem que fazer a diferença, ele tem que
agir naquela área, pra levar o povo até ele, conseguir também explorar os outros
pra tentar ser um agente local, mas é... são poucos né, infelizmente... Então acho
que a importância assim, pegar um x de pessoas, que seria bem menos da metade
pra ser agente local e esses agente local ter essa importância de divulgar e tudo
mais e continuar e multiplicar, porque mais pra frente né, um dia os jovens ficam
velhos e ai já viu né....”
13
mobilização entre pares, como estratégia para a superação de conflitos e diferenças, e
superar caminhos fechados por outras gerações:
14
da produção da pesquisa, aproximando o saber científico dos saberes compartilhados nos
interior das comunidades, e ao mesmo tempo, possibilita ao pesquisador produzir um
conhecimento em conjunto com a população pesquisada, atuando numa perspectiva de
participação popular, contribuindo para a produção de conhecimento de forma dialógica.
O quadro dos Direitos Humanos na discussão sobre a promoção da saúde sexual foi
aceitável nessas comunidades religiosas. O campo da religiosidade é um campo de disputa
e emblemático da capacidade (ou não) de convivência democrática, com impacto direto no
grau de respeito à diversidade sexual, e deve, portanto, ser abordado com delicadeza e
firmeza. O protagonismo dos jovens, que tanto tem contribuído, sempre, para a construção
da democracia brasileira, enfrenta o desafio de ir além das redes segmentadas que compõe a
sociabilidade dos jovens atualmente. A criação de um espaço inter-religioso foi um
investimento interessante para fundamentar a noção de solidariedade frente às necessidades
comuns; esse tipo de iniciativa eventualmente pode estimular o rejuvenescimento das
lideranças que tentam garantir o direito à não discriminação, a promoção da cidadania plena
e a realização da democracia secular no país.
15
Referências Bibliográficas:
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lideranças católicas, evangélicas e afro-brasileiras. Relatório Técnico Narrativo Final/ EDITAL
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16
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anais do seminário: prevenção à aids: limites, possibilidades na terceira década (Parker, R &
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