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Sebenta Executivo
Sebenta Executivo
Teóricas
Bibliografia:
— A ação executiva à luz do Código de Processo Civil de 2013, Lebre de Freitas, 7.ª ed., 2017,
Gestlegal
— Curso de Processo Executivo à face do Código Revisto, Remédio Marques, Coimbra, Almedina, 2000
I. PARTE GERAL
- Constitutiva (artigo 10.º/3/c) do CPC): O juiz, perante o exercício judicial dum direito
dum direito potestativo, cria novas situações jurídicas entre as partes, constituindo,
impedindo, modificando ou extinguindo direitos e deveres que, embora fundados em
situações jurídicas anteriores, só nascem com a própria sentença.
2. AÇÃO EXECUTIVA (artigo 10.º/4 do CPC): Com base num critério funcional ou
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Resulta do artigo 10.º/6 do CPC a existência de 3 tipos de ação executiva: para pagamento
de quantia certa, para entrega de coisa certa e para prestação de facto.
2.2. Execução para entrega de coisa certa (artigo 859.º e ss. do CPC)
O exequente, titular do direito à prestação duma coisa determinada, pretende que o tribunal
apreenda essa coisa ao devedor/executado e seguidamente lha entregue (artigo 827.º do
CC), após o que o órgão de execução irá tentar identificar e localizar a coisa.
— Se a coisa não for identificada e localizada, porque se perdeu, foi destruída ou foi
expropriada por utilidade pública (artigo 823.º do CC e 867.º do CPC):
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• No caso de destruição:
- Tem de ver se há algum seguro (p. ex., no caso de destruição por incêndio,
tem de se ver se há algum seguro que cubra o risco de incêndio). Se houver
seguro, o direito à coisa é sub-rogado pelo direito à quantia pecuniária a
pagar pela companhia de seguros. Se a seguradora não pagar
voluntariamente, a execução, que se iniciou como entrega de coisa certa,
tem que se converter em execução para pagamento de quantia certa.
2.3. Execução para prestação de facto (positivo ou negativo) (artigo 868.º e ss. do CPC)
Em caso de execução para prestação de facto positivo e sendo a prestação fungível (p.
ex., o devedor obrigou-se por contrato ou está condenado numa sentença que o condenou ao facto
positivo de fazer uma obra corpórea), o exequente tem duas alternativas:
2. Nos termos do artigo 870.º/1 do CPC e do artigo 828.º do CC, o exequente pode
optar pela prestação do facto por outrem, requerendo a nomeação de perito que
avalie o custo da prestação. Concluída a avaliação, que é objeto de contraditório, o juiz
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As prestação de facto negativo são, por natureza, infungíveis, mas a obrigação de demolir é
uma obrigação de prestação de facto fungível.
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Mas, em qualquer caso, no processo executivo, enquanto tal, que visa a satisfação do direito
de umas das partes contra a outra, os princípios da igualdade de armas (artigo 4.º do CPC) e
do contraditório (artigo 3.º/3 e 4) não têm o mesmo alcance que no processo declarativo:
- Implica a identidade dos direitos processuais das partes e a sua sujeição a ónus e
cominações idênticos, sempre que a sua posição no processo é equiparável e um
jogo de compensações, gerador do equilíbrio global do processo, quando a
desigualdade objetiva intrínseca de certas posições processuais, não permitindo a
identidade formal absoluta dos meios processuais, leve a atribuir a uma parte
meios processuais particulares não atribuíveis à outra.
➡ O princípio do contraditório, que não se confunde com o direito de defesa (artigo 3.º/1
do CPC), implica que:
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• Modelo desjudicializado:
- A prática de atos executivos é exercida por órgãos de polícia criminal - é o caso dos
E.U.A.;
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A ação executiva propriamente dita é uma sequência de atos e operações, sobretudo jurídicas
e materiais (citações, notificações, identificação e localização de bens suscetíveis de apreensão,
publicações, administração de bens penhorados, vendas, pagamentos, registos de penhora, cancelamento
de registos de penhora, passagens de títulos de transmissão de bens penhorados), que não carecem de
promoção do juiz, uma vez que são atos materialmente administrativos. Estes atos são
praticados, no caso português, pelo agente de execução.
Portugal adotou o modelo francês do policie de justice: quem pratica os atos executivos não é
o juiz (só em casos excecionais, previstos na lei), é o agente de execução — profissional liberal
(não é funcionário público), com licenciatura em Direito, que, após concurso público nacional e
aprovação em exame, frequenta um estágio para agente de execução e, depois de aprovado
nesse estágio, é investido nestas funções pelo Ministro da Justiça.
Nos termos do artigo 719.º/1 do CPC, cabe ao agente de execução efetuar todas as
diligências do processo executivo que não estejam atribuídas à secretaria ou sejam da
competência do juiz, incluindo, nomeadamente, citações, notificações, publicações, consultas de
bases de dados, penhoras e seus registos, liquidações e pagamentos — ou seja, se nenhuma
norma disser expressamente que um determinado ato é da competência do juiz ou da secretaria,
quem o pratica é o agente de execução (em nome do tribunal), sem prejuízo da possibilidade de
reclamação para o juiz dos atos ou omissões por ele praticadas (artigo 723.º/1/c) do CPC).
a) Proferir despacho liminar, quando deva ter lugar - controlo prévio aos atos executivos
(artigo 726.º do CPC);
d) Decidir outras questões suscitadas pelo agente de execução, pelas partes ou por
terceiros intervenientes, no prazo de cinco dias.
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Desta enumeração resulta que a competência do juiz para a prática de atos executivos é
residual, não se atribuindo a ele competência direta de para praticar tais atos.
Atos executivos como citações, notificações, identificação de bens penhoráveis nas bases de
dados, penhora dos bens, registo de penhora, publicitação no site dos bens penhorados a
vender, a venda dos bens, o recebimento do preço, a passagem do título que comprova que o
comprador é o dono desse bem, etc., não envolvem a apreciação de factos controvertidos, nem
posições factuais diferentes, nem qualificações jurídicas, nem condenações, nem decisões que
modificam, extinguem ou fazem nascer relações jurídicas. Então, nenhum destes atos integra o
núcleo da função jurisdicional. Portanto, os Parlamentos (a função legislativa) têm
discricionaridade legislativa para instituirem um sistema de ação executiva deste tipo, sem violar
o princípio da separação de poderes ou o princípio da reserva de juiz.
7. A ação executiva propriamente dita e as ações declarativas que correm por apenso e
os incidentes declarativos que dela são dependentes - as normas substantivas e as normas
processuais relevantes
Numa ação executiva, o juiz é o personagem que aprecia as questões que só juízes podem
apreciar, que são questões típicas da função jurisdicional na ação executiva. P. ex., o executado
pode alegar uma exceção peremptória (pagamento de terceiro que libera o devedor); será perante o juiz
que cabe suscitar esta questão e que cabe o contraditório e será ele a decidir se uma execução está bem
feita. Aqui já há narrativas diferentes e quem tem de apurar qual a verdadeira, do ponto de vista da verdade
processual, é o juiz.
Assim, é ao juiz que cabe todo um conjunto de ações declarativas (que correm por apenso)
e incidentes de natureza declarativa (enxertados na tramitação do processo executivo), que
são instrumentais à ação executiva (são estruturalmente autónomos, embora funcionalmente
subordinados ao processo executivo) e que normalmente ocorrem na pendência dessa ação.
Ações e incidentes esses onde o executado ou terceiros defendem bens ou direitos subjetivos
que estão a ser indevidamente atingidos.
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Exemplos de incidentes declarativos que são dependentes da ação executiva: oposição à penhora,
liquidação não dependente de simples cálculo aritmético, comunicabilidade da dívida conjugal constante
de título extrajudicial à pessoa do outro cônjuge.
• Determinar os efeitos de natureza real dos atos executivos e a sua articulação com
eventuais direitos de terceiros sobre os bens apreendidos (cf. as disposições dos artigos
819.º a 826.º do CC);
Para além destes grupos de normas, há um conjunto de normas que respeitam aos
pressupostos processuais da ação executiva e à sua tramitação, as quais constam da lei de
processo.
Na ação executiva, há pressupostos gerais que não têm qualquer especialidade em relação
à ação declarativa: é o caso da capacidade judiciária, da personalidade judiciária, da
representação em juízo e da sujeição à jurisdição portuguesa. Por essa razão, não são objeto de
estudo nesta disciplina, até porque já foram lecionados em DPCI.
Em todo o caso, há pressupostos gerais que não gozam de um regime jurídico idêntico ao
regime previsto para as ações declarativas, ou seja, têm um regime diferente: é o caso da
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1. Se verifique algum dos elementos de conexão referidos nos artigos 62.º e 63.º;
2. As partes lhes tenham atribuído competência nos termos do artigo 94.º — haja uma
estipulação contratual que prive um tribunal e atribua a competência a outro tribunal, ou
seja, sem prejuízo de poder haver pactos de competência, pactos atributivos ou pactos
privativos de competência.
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No caso do CPC português, vamos encontrar este reenvio intencional no artigo 63.º/d) que
traduz o afloramento de uma regra geral commumente aceita pela maioria da doutrina e
propositadamente desejada pelos então legisladores da Convenção de Bruxelas de 1968.
O artigo 63.º respeita à competência exclusiva dos tribunais portugueses para os litígios aí
mencionados e para os quais nenhum outro tribunal poderá ter competência. O que significa que,
se algum outro tribunal se arrogar da competência para apreciar essas matérias, qualquer
decisão proferida por esse outro tribunal não será reconhecida em Portugal e não será
executável. O mesmo acontecerá, visto que esta norma é bilaterizável, quando algum tribunal
português se arrogar da competência para apreciar uma matéria à qual o CPC de outro Estado-
membro atribua competência exclusiva aos tribunais desse mesmo Estado-membro.
A alínea d) do artigo 63.º diz o seguinte que os tribunais portugueses são exclusivamente
competentes em matéria de execuções sobre imóveis situados em território português. A regra
geral que daqui aflora é a de que: se e quando bens ou direitos penhoráveis ou a apreender
estejam localizados num determinado território soberano estadual, serão os tribunais desse
Estado os exclusivamente competentes para neles tramitarem as respetivas ações executivas
(sejam ações executivas para pagamento de quantia certa, sejam ações executivas para entrega de coisa
certa, sejam ações executivas para prestação de facto convertidas em ações executivas para pagamento
de quantia certa em que haja necessidade de se efetuarem penhoras).
Posto isto, para esta doutrina maioritária, os tribunais portugueses só são internacio-
nalmente competentes para nele tramitarem ações executivas quando os bens ou direitos a
atingir (penhora ou apreensão) se localizem em território português.
Contudo, há uma outra posição doutrinária, com menor expressão e cuja praticabilidade é
de difícil realização, que é aquela de harmonia com a qual o artigo 62.º do CPC, que trata em
geral dos critérios de competência internacional direta dos tribunais portugueses, se aplica tanto
às ações declarativas como às ações executivas. Sendo assim, para esta outra posição, aplicar-
se-ia o:
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Teoricamente, o juiz português teria que, mediante sucessivas cartas rogatórias, pedir
aos juizes estrangeiros dos tribunais dos locais onde existissem bens penhoráveis a
prática de todos os atos executivos (não apenas a identificação e localização, mas também a
efetiva penhora, o depósito dos bens penhorados, a prática de atos específicos de
administração de bens penhoráveis, a publicitação da venda dos bens penhorados, a venda dos
bens penhorados, o recebimento dos pagamentos e a transferência dos valores para Portugal).
Só dizer isto leva-nos a concluir que tal não é praticável, porque o mecanismo das
cartas rogatórias apenas traduz um pedido de um juiz de um Estado para que outro juiz
de outro Estado pratique atos processuais nesse mesmo Estado, não é uma ordem.
Uma vez que não é uma ordem, o juiz do Estado em cujo território se pede a prática de
atos processuais não é obrigado a cumprir, ele tem discricionariedade judicial para, à
luz das regras processuais pré-existentes nesse outro Estado, não cumprir.
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Daí a orientação segundo a qual os tribunais portugueses apenas serão competentes para
neles tramitarem ações executivas se e quando os bens a penhorar estiverem localizados em
Portugal - artigo 63º/d) do CPC e do artigo 24º/5 do Regulamento 1215/2012.
Portanto, em regra, o artigo 62.º do CPC deverá ser usado para determinar a competência
dos tribunais portugueses apenas para as ações declarativas.
O juiz não pode remeter o processo para o tribunal estrangeiro que ele entenda
competente, até porque poderia acontecer que esse tribunal estrangeiro não
aceitasse essa competência e aí teríamos uma negação bilateral de competência.
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b) Falsidade do processo ou do traslado ou infidelidade deste, quando uma ou outra influa nos termos da
execução;
O executado será autor e irá elaborar, através do seu advogado, uma petição inicial de
embargos de executado que dará origem a esta ação declarativa autónoma, mas
dependente da ação executiva, onde ele alega, entre outros fundamentos que possam
ser suscitados, a incompetência absoluta dos tribunal onde a ação foi instaurada por
violação das regras de competência internacional.
d) Falta de intervenção do réu no processo de declaração, verificando-se alguma das situações previstas na
alínea e) do artigo 696.º;
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g) Qualquer facto extintivo ou modificativo da obrigação, desde que seja posterior ao encerramento da
discussão no processo de declaração e se prove por documento; a prescrição do direito ou da obrigação
pode ser provada por qualquer meio;
Deve-se ter em conta, nesta matéria, os artigo 85.º e ss. do CPC e os artigos 117.º e 129.º
da LOSJ (Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto).
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➡ Os juízos, com a sua competência determinada nos artigos 122.º a 129.º da LOSJ,
cabe apreciar e julgar os litígios determinados nos respetivos artigos, independente do
valor.
P. ex., juízos de família e menores (artigos 122.º a 125.º), juízos de trabalho (artigos 126.º e 127.º),
juízos de comércio (artigo 128.º) , juízos de execução (artigo 129.º) e tribunais de competência
territorial alargada (artigo 83.º e artigos 111.º e ss.) - tribunal de propriedade intelectual, tribunal da
concorrência, regulação e supervisão e tribunal marítimo (são sobretudo estes que nos
interessam).
➡ Aos juízos centrais cíveis, com a sua competência determinada no artigo 117.º da
LOSJ, cabe apreciar e julgar litígios de natureza cível não atribuídos a outros juízos cujo
valor seja superior a 50.000 euros. A sua competência é simultaneamente atribuída em
razão da matéria e do valor, mas não deixam de ser órgãos jurisdicionais de competência
especializada.
➡ Aos juízos locais cíveis, com a sua competência determinada no artigo 130.º da LOSJ,
cabe apreciar e julgar litígios de natureza cível não atribuídos a outros juízes cujo valor
seja inferior a 50.000 euros. Também não deixam de ser órgãos jurisdicionais de
competência especializada, cuja competência também é determinada em razão do valor,
mas não só.
Poderíamos pensar que, uma vez que existem juízos de execução (artigo 129.º/1 da LOSJ)
instalados em todas as comarcas e a funcionar, todas as ações executivas respeitantes a
obrigações exequendas de direito privado seriam tramitáveis no juízo de execução. Poderia ter
sido esta a orientação. Todavia, no n.º 2 vemos que muitas ações executivas não tramitam nos
juízos de execução:
Estas ações tramitam, conforme o artigo 85.º/1 do CPC que remete para a LOSJ,
precisamente (apesar de não expressamente) para o artigo 129.º/1 e 2, de forma autónoma,
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Exemplo 1. Uma sentença condenatória proferida pelo 1.º juízo de trabalho da comarca de Coimbra que
tenha condenado a entidade patronal a pagar salários em atraso, proporcionar o subsídio de férias e o
subsídio de Natal e uma indemnização ao trabalhador em caso de despedimento ilícito, tendo o
trabalhador optado pela não reintegração. Esta sentença condenatória é executada, não no 1.º juízo de
execução da comarca de Coimbra, mas é executado no próprio juízo de trabalho.
Assim, o requerimento executivo é apresentado nesse processo, no processo que tramitou no juízo de
trabalho de Coimbra, correndo a execução de forma autónoma nos próprios autos - os próprios autos da
ação declarativa agora terminaram e começam a decorrer uns novos autos na ação executiva.
Exemplo 2. Uma sentença condenatória proferida pelo 1.º juízo de família e menores da comarca de
Coimbra regulou as responsabilidades parentais relativamente a um menor com progenitores que se
separaram de facto ou cujo divórcio foi decretado. Ao regular estas responsabilidades parentais, não
adotou o modelo comum que é a divisão de responsabilidades parentais com guarda física conjunta e
alternada, determinou antes que as responsabilidades parentais cabem aos dois, embora a guarda física
caiba só a um dos progenitores, ficando o outro com uma obrigação de alimentos ao menor, porque não
está fisicamente com ele, a não ser quando o visita, de férias, etc.
No caso, p. ex., de atrasos nos pagamentos desta prestação de alimentos, a ação é executada no juízo
de família e menores. O requerimento executivo é apresentado nesses autos de regulação de
responsabilidades parentais, tramitando autonomamente nesse mesmo juízo de família e menores.
A secretaria destes juízos cíveis centrais, juízos locais d juízos locais de competência de
competência genérica envia ao juízo de execução competente (quem tem competência
naquele local) todo este processo (o requerimento executivo, a sentença condenatória e
os documentos que acompanham os documentos executivos).
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Exemplo 1. O requerimento de injunção do qual tenha sido aposta a forma executória, que é um
pedido que o credor formula no Balcão Nacional de Injunções. Esse Balcão é um serviço, é uma
secretaria judicial, no qual trabalham funcionários públicos. Estes, ao receberem esse formulário
onde o credor alega a natureza da dívida, onde indica o devedor e o montante da dívida,
notificam o alegado devedor para este se opor em 15 dias. Se não se opuser, aquele
requerimento de injunção é transformado automaticamente em título executivo (extra judicial).
O momento em que esta incompetência absoluta pode ser conhecida ou suscitada varia
consoante o processo executivo tramite sob forma sumária ou sob a ordinária:
• Se for processo ordinário: Num processo executivo para pagamento de quantia certa, o
juiz analisa o requerimento executivo e, se entender pela incompetência material,
indefere-o liminarmente (artigo 726.º/2/b) do CPC).
• Se for processo sumário: Num processo executivo para pagamento de quantia certa, o
agente de execução tem acesso imediato ao requerimento executivo e só se suspeitar da
falta de verificação de algum destes pressupostos processuais, como é o da
incompetência em razão da matéria, é que deve remeter o requerimento executivo para o
juiz do tribunal onde a ação for instaurada (artigo 855.º/2/b) do CPC).
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Exemplo: Uma obrigação de entrega de uma coisa móvel certa que à data do incumprimento
da coisa estava num armazém na Guarda e o exequente e o executado são sociedades com
domicílio no grande Porto e na grande Lisboa. À luz das regras do CC, o lugar da prestação,
no caso de entrega de coisas móveis (artigo 773.º do CC), é o lugar onde a coisa se
encontrava à data do incumprimento - armazém na Guarda. Assim, apesar de o executado
(devedor) e exequente (credor) terem sede na grande Lisboa ou no grande Porto, o credor
pode intentar a ação executiva tanto na comarca do Porto (no juízo de execução do Porto),
como na comarca de Lisboa (no juízo de execução de Lisboa), como na comarca de Guarda.
Nota: O artigo 71.º/1 do CPC é uma norma correspondente para às ações declarativas de
competência territorial.
• De acordo com o artigo 89.º/2 do CPC, no caso de dívida provida com garantia real
é competente o tribunal do lugar da situação dos bens onerados.
Exemplo: Dívida garantida por uma hipoteca que incide sob um apartamento localizado em
Coimbra. Logo, será competente o tribunal da comarca de Coimbra, independentemente do
local do incumprimento.
• De acordo com o artigo 89.º/3 do CPC, quando a execução haja de ser instaurada
no tribunal do domicílio do executado (regra do n.º 1) e este não tenha domicílio
em Portugal, mas aqui tenha bens, é competente para a execução o tribunal da
situação desses bens — isto confirma a ideia de que para as ações executivas os tribunais
portugueses só são competentes quando os bens a penhorar se localizem em Portugal.
• De acordo com o artigo 89.º/4 do CPC, quando a execução haja sido instaurada em
tribunal português, por via do artigo 63.º/b) do CPC, e não ocorra nenhuma das
situações previstas nos artigos anteriores e nos números anteriores deste artigo, é
competente o tribunal da situação dos bens a executar.
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O momento em que esta incompetência relativa pode ser conhecida ou suscitada varia
consoante o processo executivo tramite sob forma sumária ou sob a ordinária, para pagamento
de quantia certa: se a forma de processo for ordinário, o requerimento executivo é imediatamente
apresentado ao juiz para apreciação liminar; se a forma de processo for sumário, o agente de
execução submete-o ao juiz se suspeitar desta exceção dilatória. Se o não fizer, o executado tem
sempre a possibilidade de a alegar em em sede de oposição à execução por meio de
embargos de executado. O fundamento dos embargos de executados, estando em causa a
incompetência em razão do território, é também o artigo 729.º/c) do CPC (uma qualquer falta de
pressuposto processual).
Com o novo CPC, o legislador foi-se aproximando da doutrina do PROF. ANSELMO DE CASTRO,
segundo a qual a violação das regras da incompetência em razão do território se aproximam do
regime das regras da violação das regras da competência material, em razão da hierarquia e da
competência internacional. E, nesta medida, são imperativas e em muitos casos não permitem
que as partes as afastem mediante pactos de competência (artigo 95.º/1 do CPC).
Exemplo 1. A execução para entrega de coisa certa deve ser ajuizada no tribunal (maxime, no juízo de
execução) da situação dos bens: o artigo 89.º/2, é uma das normas para que remete o artigo 104.º/1/a) do
atual CPC.
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2. Se o próprio juiz (nas execuções para pagamento de quantia certa que tramitam sob a
forma de processo ordinário) se aperceber da questão.
Em último caso, é sempre possível ao juiz, até ao primeiro ato de transmissão dos bens
penhorados, conhecer desta questão, ao abrigo do artigo 734.º/1 do CPC.
Na ação executiva, os juízos centrais cíveis e os juízos locais cíveis não têm
competências executivas, a não ser que na comarca não esteja instalado e a funcionar um juízo
de execução.
Exemplo 1. Uma ação instaurada no juízo de trabalho de Coimbra por um trabalhador no sentido de de
impugnar despedimento. O trabalhador ganha e a entidade patronal é condenada a pagar-lhe as
retribuições em atraso e o subsídio de férias no montante vários milhares de euros e o trabalhador opta
pela reintegração. Se a entidade patronal não cumprir voluntariamente, à luz dos critérios de competência
matéria, o trabalhador executa a ação condenatória no mesmo juízo (artigo 85.º do CPC e 129.º/2 da
LOSJ), tramita nos próprios autos de ainda que forma autónoma; à luz da competência territorial, a
comarca de Coimbra é a comarca competente; à luz da competência em razão de hierarquia é o juízo
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Exemplo 2. Uma decisão condenatória proferida por juízo cível local ou um juízo local de competência
genérica em Bragança. Portanto, uma ação declarativa condenatória de valor inferior a de 50.000 euros,
que o réu não cumpriu. Como na comarca de Bragança o juízo de execução ainda não estava a funcionar,
não se executava? Se estivesse a funcionar o juízo de execução, seria aí, no juízo da execução da comarca
de Bragança, que iria ser executada, à luz do artigo 129.º/1 e 2 da LOSJ. Não estando a funcionar, a
sentença condenatória proferida pelo juízo cível local de Bragança seria executada no próprio juízo cível.
Só nesta hipótese é que os juízos locais e os juízos centrais teriam competência executiva, ou seja, se na
comarca onde estão instalados não estiver a funcionar um juízo de execução.
Tanto na ação declarativa (no caso de ação declarativa ou incidente declarativo que tramite por
apenso à ação executiva), como na ação executiva (no caso de execução de um título extra-judicial ou
de uma sentença condenatória), o patrocínio judiciário, que é a representação por advogado
1. Ações de execuções de valor superior à alçada da Relação (n.º 1, 1.ª parte): São
execuções de valor igual ou superior a 30.000 euros e 1 cêntimo.
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4. Demais execuções de valor superior à alçada do tribunal de 1ª instância (n.º 3): Nas
demais execuções de valor superior a 5.000 euros não abrangidas pelos números
anteriores. Neste caso, as partes têm que se fazer representar por advogado com
inscrição definitiva, mas também se podem fazer representar por advogado estagiário
ou solicitador. Contudo, esta é uma hipótese residual.
Podemos concluir que nas execuções de valor inferior a 5.000 euros, inclusive, o
patrocínio judiciário não é pressuposto processual, ele não é obrigatório. O exequente
só constituirá advogado com inscrição definitiva se quiser; por norma fá-lo, mas não é
obrigado.
Na ação declarativa, o autor é parte legítima quando tem interesse direto em demandar e o
réu é parte legítima quanto tem interesse direto em contradizer (artigo 30.º do CPC). O interesse
direto em demandar ou o interesse direto em contradizer apura-se pela vantagem ou
desvantagem que um e outro, do ponto de vista económico, possam vir a ter no final da ação
declarativa. Na falta de outro critério, subsidiariamente, têm interesse direto em demandar e
interesse direto em contradizer, os sujeitos na ação material controvertida.
Na ação declarativa é relativamente fácil saber quando é que o autor ou o réu são partes
legítimas. A legitimidade processual numa ação declarativa exprime a posição da parte perante o
objeto do litígio perante o pedido e a causa de pedir, em termos de se poder dizer que o autor e o
réu têm, perante o pedido e a causa de pedir, uma relação jurídica muito próxima.
Na ação executiva, a regra geral é a do artigo 53.º/1 do CPC, segundo o qual a legitimidade
processual exprime uma posição puramente formal, no sentido que só é parte legítima ativa -
como exequente - a pessoa cujo nome figura no título executivo na qualidade de credor e só
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Tal significa que mesmo que outras pessoas sejam titulares da ação material controvertida da
qual resulta a obrigação exequenda, se o nome delas não estiver mencionado no título executivo,
na qualidade de devedores ou credores, elas não são partes legítimas.
É preciso fazer uma interpretação gramatical/literal do título executivo para discernir quem
cujo nome está mencionado nesse documento (sentença condenatória, título extra-judicial,
documento particular assinado pelo devedor, letra, livrança, etc.) na qualidade de devedor ou credor.
Exemplo: Numa sentença condenatória aparece o nome de vários sujeitos, aparece o nome de quem
participou nas negociações que levaram à obrigação cuja condenação é pedida, o nome das testemunhas,
o nome dos peritos, o nome do cônjuge. O que interessa depois saber é quem é que o juiz condenou, se o
título executivo for uma sentença condenatória.
Ainda que outras pessoas tenham sido mencionadas no título executivo, só as pessoas a título
de devedoras e a título de credoras da obrigação exequível é que são partes legitimas e terão
legitimidade processual.
No caso em que o portador não seja o portador legítimo, tal pode-se discutir nos
embargos de executado, à luz das regras dos negócios jurídicos cambiários.
P. ex., cheques ao portador. O cheque é uma ordem de pagamento feita por uma pessoa (que
tem uma conta aberta com saldo) a um banco, pela qual a pessoa ordena ao banco que pague a
outra pessoa e coloca o nome do beneficiário da ordem no documento (cheque à ordem) - aqui
não há desvio. Todavia, a lei uniforme sobre cheques permite que os cheques sejam ao portador.
O cheque ao portador é quando a ordem de pagamento dada ao banco para pagar a outra
pessoa não contém o nome do beneficiário da ordem. O funcionário do banco, quando alguém
se apresenta e deposita o cheque na sua conta, apenas pede a identificação dessa pessoa. Essa
pessoa será o portador legítimo se for credor dessa quantia. No caso de o cheque não ter
provisão, há incumprimento no quadro da relação cambiária e o banco informará o portador que
o dador da ordem não tem saldo disponível.
O nome das pessoas que atuam na qualidade de exequente e/ou que atuam na
qualidade de executados não surge no documento que titula a direito de crédito ou que
Filipa R. G. 26
Teóricas
Exemplo 1. O devedor morre e antes de morrer tinha sido condenado em sentença a pagar uma
quantia pecuniária. Nestes casos, apesar do nome que consta do título executivo como devedor
ser o do falecido, são os herdeiros do falecido que vão ser executados.
Exemplo 2. Uma instituição financeira cedeu o crédito a outra instituição financeira. Não sendo
pagas as prestações vencidas do capital ou dos juros, o novo credor, que não consta no título
como credor, têm legitimidade ativa para ser exequente tendo apenas que justificar os factos
construtivos da aquisição de créditos.
O único requisito formal que tem que ser cumprido pelo exequente (credor) é o dever
de justificar e alegar os factos constitutivos da sucessão, no caso concreto, da
sucessão na dívida - é um dever declarativo específico enquanto alegação factual
específica no requerimento executivo.
Cont. exemplo 1. O credor tem que dizer que o devedor, cujo nome consta do título, faleceu e
juntar a certidão de óbito e identificar os herdeiros, juntando, se necessário, a declaração de
habilitação de herdeiros. Desta maneira o exequente justifica na petição executiva quem são os
sucessores na dívida.
3. Dívidas providas de garantia real sobre bens de terceiro (artigo 54.º/2 e 3 do CPC)
Este terceiro não é devedor, é alguém que permitiu constituir-se a favor do credor um
direito real de garantia sobre bens seus (p. ex., uma hipoteca, um penhor, uma consignação
de rendimento), cujo nome não consta do título executivo na qualidade de devedor e que,
mesmo assim, pode ser réu numa ação executiva.
Exemplo: Um terceiro aceitou constituir um hipoteca, a favor do credor (banco), sobre um bem
seu, para garantir uma obrigação (alheia) de um familiar.
Note-se que este terceiro não é o fiador! Enquanto que este terceiro não é devedor,
apenas permite que sobre um bem ou alguns bens seus se possa constituir um direito
real de garantia, o fiador é devedor, porque presta uma garantia pessoal (isto é, todo o
seu património penhorável pode ser penhorado numa execução movida pelo credor) e é
normalmente um devedor subsidiário (responde na falta ou insuficiência dos bens do
devedor principal), mas pode ser imediatamente executado, se e quando tiver
renunciado ao benefício de excussão prévia (caso em que é o devedor principal ou co-
devedor) (artigo 638.º/1 do CC).
Filipa R. G. 27
Teóricas
Neste caso, o bem ou direito que, em primeiro lugar, será penhorado é o dado
pelo terceiro em garantia.
Se o bem dado em garantia pelo terceiro não for suficiente para pagar a
obrigação exequenda, pode a execução seguir contra o devedor, ou seja, o
credor pode requerer a intervenção principal provocada do devedor, tornando-
se este executado (artigo 54.º/3 do CPC). Assim, a execução que começou
contra um enxequente (autor) e um executado (réu), vai agora continuar com o
mesmo exequente e dois réus, por intervenção de outro réu que é o devedor da
quantia exequenda (litisconsórcio voluntário sucessivo).
Filipa R. G. 28
Teóricas
4. Demandar o possuidor dos bens onerados a favor do credor e que são do devedor
(artigo 54.º/4 do CPC)
Exemplo: Uma pessoa estabeleceu um contrato de comodato de um carro com um amigo, carro
esse que foi adquirido com financiamento bancário. Não tendo restituído as prestações devidas
ao banco, o carro foi hipotecado a favor do credor (banco), mas sobre o carro, alguém que não é
o devedor (o possuidor, que é o amigo do dono do carro), exerce poderes de facto. O mesmo no
Se esta norma não existisse (como sucedeu até 1995) o bem podia ser penhorado na
mesma (porque era um bem do devedor executado, cujo nome está no título executivo na
qualidade de devedor), mas o terceiro possuidor que não era réu, tendo conhecimento da
penhora do bem, poderia tentar defender a sua posse sobre um bem alheio, através de
uma ação declarativa de embargos de terceiros, tendo de demostrar que a posse que
ele exerce sobre o bem é oponível em relação à apreensão.
Tal poderia ser grave na perspetiva dos interesses do exequente, porque ao deduzir
embargos de terceiros, em regra, a execução sobre o bem suspender-se-ia enquanto
ainda não fosse decidido, com trânsito em julgado, se a posse de terceiro poderia ser
desconsiderada ou não relativamente ao ato de apreensão judicialmente ordenada - o
que poderia durar vários anos, tendo em conta que esta ação declarativa poderia ter
vários recursos.
Filipa R. G. 29
Teóricas
O legislador no artigo 55.º do CPC não diz quais são esses casos, eles decorrem de
previsões em outros códigos e em leis avulsas.
Exemplo: Numa sociedade, um sócio não satisfeito com determinada deliberação, como, p. ex.,
o aumento de capital ou mudança de sede ou a dissolução da sociedade, entende que a
deliberação está ferida de nulidade ou de anulabilidade. Este sócio intenta uma ação destinada a
invalidar deliberação da Assembleia Geral ou do Conselho de Administração, cuja ré será a
sociedade. A decisão que vier a ser proferida nessa ação declarativa e na respetiva sentença
condenatória, vincula tanto a sociedade como os demais sócios, ainda que estes possam não ter
sido partes.
Para alguns autores, como o PROFESSOR LEBRE DE FREITAS, o artigo 55.º do CPC
apenas representa um desvio à legitimidade processual passiva e não um desvio à
legitimidade processual ativa. Já o DOUTOR REMÉDIO MARQUES e o DOUTOR TEIXEIRA DE
SOUSA entendem que o artigo 55.º representa um desvio tanto à legitimidade processual
passiva, como à legitimidade processual ativa.
Filipa R. G. 30
Teóricas
Quando seja citado, não obstante uma ilegitimidade insanável, ainda que não manifesta, o
executado tem a possibilidade de se opor à execução por embargos (artigo 729.º/c), quanto à
execução de sentença.
Enquanto que, para a Escola de Lisboa, o litisconsórcio são aquelas situações em que há
uma pluralidade de partes e um único pedido, para a Escola de Coimbra, o litisconsórcio são
Filipa R. G. 31
Teóricas
Para o curso, em regra, não há litisconsórcio necessário nas ações executivas (vale a
dispensa de necessidade). Relativamente às ação executiva para pagamento de quantia certa, o
que está em causa é uma responsabilidade patrimonial que está a executar uma obrigação não
cumprida voluntariamente sobre o património do devedor ou de terceiro que responda pela dívida
exequenda (no caso de haver direitos reais de garantia sobre bens de terceiro), o exequente pode
renunciar a um direito subjetivo de fazer responder (executar) o património de um devedor e
executar o património de outro(s) devedor(es) - os direitos subjetivos de conteúdo patrimonial são
renunciáveis.
Exemplo 2. Várias pessoas se obrigam a prestar um facto - fazer um recital. Como o facto é infungível e
várias pessoas estão obrigadas a prestá-lo, a ação executiva para o cumprimento coercitivo terá de ser
deduzida contra todas as pessoas obrigadas a prestá-lo. Nessas ações executivas para prestação de
facto, não é possível obrigar o facto, logo essa ação executiva converte-se, após o requerimento executivo,
após a liquidação da indemnização, numa obrigação para pagamento de quantia certa (execução para
pagamento de quantia certa). No requerimento executivo, o exequente deduz o montante indemnizatório
pelos danos causados (danos emergentes e lucros cessantes) e há lugar a contraditório e será o juiz do
processo executivo a fixar o montante indemnizatório que vai substituir a prestação de facto.
Exemplo 3. Os contraente estipularem num contrato, que depois é descumprido, que todas as ações
declarativas e execuções que forem deduzidas na sequência de um litígio entre as partes devem ser
propostas conta todos e por todos - temos aqui uma convenção contratual e um litisconsórcio necessário
convencional.
Exemplo 4. Ações que têm de ser propostas por ambos ou contra ambos os cônjuges para entrega de
coisa certa - artigo 34.º do CPC. Em regra, o artigo 34.º não é aplicável à ação executiva, só é aplicável à
ação declarativa. Contudo, podemos encontrar nesse artigo situações em que a ação executiva deve ser
proposta contra os dois. Por exemplo, numa situação em que credor requer a restituição de um bem
imóvel que é bem comum ou bem próprio de um dos cônjuges. A ação declarativa condenatória devia ter
sido proposta contra os dois cônjuges, ao abrigo do artigo 34.º/1 do CPC, e não o foi e também ninguém
Filipa R. G. 32
Teóricas
Então, esta ação, movida apenas contra um dos cônjuges e tratando-se de um imóvel próprio ou
comum cuja perda ou oneração deveria sempre implicar a intervenção do outro (artigo 1682º-A e B do CC),
da qual resultou sentença condenatória, está votada ao insucesso. Um dos cônjuges pode embargar
terceiro dizendo que deveria ter sido parte na ação declarativa anterior e não foi, e que, por esse motivo, a
sentença condenatória não o vincula.
Teríamos um caso em que o artigo 34.º/1 do CPC (+ artigo 34.º/3/parte final) implicaria a propositada de
uma ação executiva para entrega de coisa certa contra ambos os cônjuges.
Não sendo a ação executiva proposta contra todas as pessoas que deveria há preterição de
litisconsórcio necessário, que conduz à falta de legitimidade processual, o que traduz a falta
deste pressuposto processual (artigo 577.º/e) do CPC), a qual é suprível nos casos previstos no
artigo 261.º e ss. (ex vi do art. 316.º e ss.) do CPC - o autor pode chamar a pessoa a intervir, nos
termos dos artigos 316.º e seguintes, até ao trânsito em julgado da decisão que julgue ilegítima alguma das
partes por não estar em juízo determinada pessoa.
Filipa R. G. 33
Teóricas
Por força do artigo 56.º/1 do CPC, a coligação é admitida em processo executivo quando
cumulativamente se verifiquem os seguintes pressupostos:
Por força do artigo 56.º/2 do CPC não obsta à cumulação a circunstância de ser ilíquida
alguma das quantias, desde que a liquidação dependa unicamente de operações aritméticas.
Por força da remissão do artigo 56.º/3 do CPC para o artigo 799.º/2 a 5, observam-se na
coligação, quanto à competência em razão do valor e do território, as regras seguintes:
• Quando haja pedidos fundados em título judicial impróprio e outros em título extrajudicial,
a ação executiva corre no tribunal em que haja corrido o processo em que o título se
formou;
Filipa R. G. 34
Teóricas
— Por não verificação de algum dos pressupostos enunciados, o juiz, havendo lugar a
despacho liminar, profere despacho de aperfeiçoamento, convidando o exequente - ou
exequentes - a que escolha o pedido relativamente ao qual pretende que o processo prossiga, e
só no caso de ele não o fazer absolverá o executado da instância (artigo 38.º e 726.º/4 e 5 do
CPC);
As várias alíneas do seu n.º 1 contêm limites a esta cumulação de execuções fundadas em
títulos executivos diferentes: É permitido ao credor, ou a vários credores litisconsortes, cumular
execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, contra o mesmo devedor, ou contra vários devedores
litisconsortes, salvo quando:
c) A alguma das execuções corresponder processo especial diferente do processo que deva ser
empregado quanto às outras, sem prejuízo do disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 37.º;
Filipa R. G. 35
Teóricas
O artigo 710.º do CPC veio trazer a possibilidade de cumular pedidos executivos a que
respondem formas de processo diferentes na mesma execução, desde que esses pedidos
estejam alicerçados na mesma sentença condenatória. Tal é vantajoso ao nível de poupança de
honorários do agente de execução e de menor morosidade.
Exemplo: Uma ação de reivindicação julgada procedente. O autor, nessa ação declarativa de
reivindicação, formulou o pedido de entrega da coisa e pediu que, caso fosse julgado procedente o pedido
principal, um pedido indemnizatório, o réu fosse condenado a pagar vários milhares de euros por
deteriorações que a coisa sofreu enquanto esteve a ser ocupada sem título pelo réu. O tribunal, na
sentença condenatória julgou procedente os dois pedidos formulados, julgou procedente o pedido de
desocupação e julgou procedente o pedido indemnizatório.
— O artigo 711.º do CPC trata das situações de cumulação sucessiva. Do ponto de vista da
coligação em sentido objetivo, da coligação enquanto cumulação de pedidos executivos, uma
execução pendente pode implicar a execução de sucessivos títulos. A mesma execução permite
que o mesmo credor exequente cumule sucessivamente vários pedidos executivos fundados em
títulos executivos diferentes, desde que se obedeça aos requisitos do artigo 709.º/1 do CPC.
Ainda há possibilidade de, extinta a execução, ela poder renovar-se, na medida em que o título
executivo é de trato sucessivo.
Filipa R. G. 36
Teóricas
• Formal: Título executivo (é a roupa que envolve a obrigação exequenda): é o documento que
contém a obrigação exequenda.
Filipa R. G. 37
Teóricas
• Se a escolha couber ao devedor (executado), ele tem que ser citado para, no
prazo da oposição à execução por embargos de executado, vir dizer por qual das
prestações opta. Se o devedor mesmo assim não escolher, a escolha passa a caber
ao credor exequente.
Exemplo: O dono do stand faz um contrato de compra e venda com o potencial comprador que
comprará um dos vários veículos automóveis, até um determinado preço, que irão chegar de
certo modelo a esse stand. O dono do stand compra os vários veículos e, depois, a escolha do
automóvel cabe ao devedor do preço (há uma cláusula de escolha). Existe um documento (título
executivo) que está assinado pelo comprador e vendedor com as assinaturas reconhecidas. O
vendedor, que é o credor do preço, tem que colocar à disposição do comprador um dos veículos
para que este escolha (sendo que o preço está dependente dessa mesma escolha) e o comprador
não vem escolher e descumpre. Nos termos do artigo 714.º do CPC, como a escolha não cabe ao
credor do preço (exequente), o devedor (executado) terá que ser citado para, no prazo da
oposição à execução, declarar por qual das prestações opta. Se não o fizer, a escolha devolve-se
ao credor exequente. Feita a escolha pelo credor, no caso de o comprador não pagar ou pagar
uma parte, a obrigação exequenda tem que prosseguir para cumprimento coercitivo do
pagamento do preço.
Caso isso não aconteça e se esteja executar uma obrigação alternativa em relação à qual
não foi feita escolha, ou seja, que é incerta, as consequências são:
Filipa R. G. 38
Teóricas
Exemplo: Alguém compra x toneladas de mármore - é uma obrigação genérica porque há várias
qualidades de mármore.
Em todo o caso, note-se que o artigo 714.º do CPC, sendo diretamente aplicável às
obrigações alternativas, pode ser usado para algumas obrigações genéricas,
sobretudo quando ocorre necessidade de, ao abrigo do 715.º/1 a 4 do CPC, efetuar a
prova complementar do título, o qual se aplica não somente aos casos expressamente
nele previstos, mas também a todos os demais em que a certeza não resulte do próprio
título, embora já ocorre-se antes da instauração da execução.
Nas ações declarativas isto não é um problema, antes pelo contrário. O artigo 553.º do CPC
diz que é possível formular pedidos alternativos, em relação a direitos que pela sua natureza e
origem sejam alternativos. Ou seja, numa ação declarativa, o efeito jurídico pretendido não tem
que ser certo.
Nas ações executivas, o efeito jurídico pretendido tem que ser certo. Se não o for, terão que
haver mecanismos no início da ação executiva para tornar certa a obrigação incerta.
Filipa R. G. 39
Teóricas
No plano do direito das obrigações (do direito substantivo) e não do direito processual, basta
que a obrigação se vença pela mera interpelação. No plano processual, o que importa é,
sobretudo, as situações que não são de obrigações puras, ou seja, que são obrigações
inexigíveis:
1. Obrigação de prazo certo e este ainda não decorreu (artigo 779.º. do CC).
Exemplo: Senhorio e inquilino acordaram que a primeira renda só seria paga quando o inquilino,
que é professor, fosse colocado naquela localidade, não podendo o senhorio exigir o pagamento
da renda enquanto o seu inquilino não fosse colocado. Estamos perante uma obrigação de
pagamento de quantia certa dependente de um facto futuro e incerto. Aqui o exequente-senhorio
tem que provar, no requerimento executivo, que o facto futuro já ocorreu.
Nesse caso em que quando a prova da verificação da situação não pode ser feita
documentalmente, terá que ser suscitada a intervenção do juiz para apreciar esses
meios de prova e convocar audiência de produção de prova (n.º 3). O juiz poderá,
nesses casos, mesmo com a prova complementar, ouvir o devedor antes de proferir a
decisão, para este oferecer contraditório, no que toca à formação da convicção do juiz
sobre a verificação da condição suspensiva ou não (n.º 3/parte final).
Se isso acontecer, se o devedor ser chamado para ser ouvido, o devedor é citado para
contestar os factos constitutivos da narração factual de que a condição já ocorreu na
perspetiva do exequente, sendo advertido de que, na falta de contestação, se considera
Filipa R. G. 40
Teóricas
Se o juiz não se convencer que o facto futuro já ocorreu, ou seja, se a obrigação não
for exigível, ele não determina o prosseguimento da ação executiva e a instância
executiva extingue-se ou só avançam na parte que for exigível. Tal pode acontecer nas
execuções pode acontecer quer no processo ordinário para pagamento de quantia
certa, quer, nos termos do artigo 855.º/2 do CPP, nas execuções sumárias para
pagamento de quantia certa.
Nos termos do direito das obrigações (direito substantivo), pode acontecer que a
obrigação esteja sujeita ao regime das obrigações puras e as partes não tenham
combinado prazo. Então, nessas situações, é necessário, por causa da natureza da
prestação ou pelas circunstâncias que a determinaram, que o prazo seja fixado pelo
tribunal, nos termos do artigo 777.º/2 do CC (já o n.º 1 trata das obrigações puras).
Quando isto acontece, quando é necessário que o juiz fixe o prazo da prestação, a ação
executiva atrasa-se muito, pois, enquanto esse prazo fixado pelo juiz não decorrer, a
execução não pode prosseguir. Ou seja, iniciou-se e suspendeu-se a instância
executiva, porque era uma obrigação a prazo indeterminada, cujo prazo teve que ser
fixado por um juiz, prazo esse que, uma vez fixado, tem que decorrer e só depois de
decorrer e de a obrigação não ter sido voluntariamente cumprida é que esta execução
poderá prosseguir.
Nesse caso, enquanto o credor não presta a contra-prestação, o devedor pode recusar-
se a cumprir.
Se o credor intenta a ação executiva, porque tem título executivo, ele tem que
demonstrar que já fez essa contra-prestação, ou seja, que não está em mora. Se ele
conseguir fazer esta prova por mero documento no requerimento executivo, a ação
executiva prossegue. Caso contrário, terá que o juiz apreciar sumariamente, se não se
conseguir fazer a prova por documento, a prova produzida.
Filipa R. G. 41
Teóricas
A liquidação está prevista no artigo 716.º do CPC e pode seguir as seguintes formas:
Exemplo 1. A obrigação de pagamento dum preço a determinar de acordo com a cotação (duma
moeda, ação ou mercadoria) verificada em determinado dia.
O empreiteiro, como não quer rescindir o contrato, apenas quer que ele seja cumprido, tem
de indicar o montante que, na sua perspetiva, já deveria ter recebido do dono da obra face
ao trabalho já realizado, p. ex., 100.000€.
Filipa R. G. 42
Teóricas
Portanto, vai haver oposição e isto tudo é um incidente declarativo (por apenso à ação
executiva), vai haver produção de prova e vai haver decisão do juiz a fixar o montante.
É para esta situação, prevista no artigo 556.º/1/b) do CPC, que remete o artigo
716.º/4/1.ª parte do CPC a contrario sensu, ou seja, quando o título executivo é
judicial não se faz a liquidação tal como está no artigo 716.º/4, faz-se a liquidação
ao abrigo do artigo 360.º/3 do CPC, que é um incidente de liquidação de uma
obrigação que consta de sentença condenatória que tenha condenado o réu em
quantias ilíquidas a quantificar em momento posterior na mesma instância
declarativa onde o réu foi condenado nessa quantia ilíquida. Reabrindo a instância
declarativa, terá que haver contraditório e a seguir ao contraditório, à contestação,
seguem-se os termos do processo comum declarativo.
Este incidente não se trata de uma ação executiva! A ação executiva ainda não foi
deduzida, nem pode! Primeiro tem que ser quantificada a quantia, através desse
Filipa R. G. 43
Teóricas
Nota 1. Não se pode confundir esta designação pedido genérico com obrigação
exequenda genérica. O pedido genérico, se for julgado procedente, dá origem a
uma sentença condenatória que condenada o réu numa quantia ilíquida que terá
que ser quantificada, após a sentença condenatória ser proferida e sob iniciativa
do autor que ganhou a ação.
Filipa R. G. 44
Teóricas
Aplica-se a Lei da Arbitragem Voluntária (Lei n.º 63/2011) para que estes 3 árbitros, que
exercem funções jurisdicionais, quantifiquem uma obrigação ilíquida.
• Universalidades de facto
• Universalidades de direito
5. Obrigação em parte ilíquida e noutra parte líquida (artigo 716.º/9 do CPC): A ação
executiva pode seguir e prosseguir quanto à parte que está líquida, isto é, que está
quantitativamente determinada, e aguarda os termos da liquidação da parte ilíquida, isto
é, que ainda não está quantitativamente determinada.
Assim, irá se fazer uma execução na parte que já é líquida e, quando a parte que não é
líquida for liquidada e não houver pagamento voluntário, a execução prosseguirá na
outra parte.
Exemplo: O trabalhador que sofre um acidente de trabalho, quando propõe a ação contra a
seguradora, pode já quantificar uma parte dos danos sofridos, caso em que deve quantificar o
montante desses danos logo no requerimento executivo e os outros montantes ficaram
dependentes de liquidação.
Filipa R. G. 45
Teóricas
No caso de a obrigação não ser certa, exigível e líquida e de o exequente avançar com a
execução, há falta desse pressuposto processual específico.
• Sumária: Quem intervém no início e toma pela primeira vez contacto com o requerimento
executivo é o agente de execução. O agente de execução, apercebendo-se que há uma
situação de iliquidez, deve suscitar a intervenção do juiz para que este tome uma
decisão: ou indefere liminarmente (p. ex.: a execução é totalmente ilíquida) ou indefere
parcialmente (p. ex.: mandado seguir a execução na parte líquida e determina que o exequente
promova as diligências na parte não líquida).
Esta sentença tem possibilidade de recurso de apelação para a Relação e pode haver até,
eventualmente, recurso de revista para o Supremo Tribunal de Justiça. Entretanto, enquanto
não vier uma decisão com trânsito em julgado nesta ação declarativa de embargos de executado,
fica pendente a ação executiva.
Em último caso, se nem o agente de execução, nem o juiz se aperceber, nem o executado
deduzir embargos de executado, em último recurso, sendo impossível tornar a obrigação líquida,
o juiz, nos termos do artigo 734.º/1 do CPC, pode, até ao primeiro ato de transmissão dos
bens penhorados, conhecer oficiosamente da falta deste pressuposto processual, no
sentido de extinguir (total ou ou parcialmente) a ação executiva.
Filipa R. G. 46
Teóricas
No século XX, houve várias posições de alguns autores italianos: uns que afirmavam que título
era um documento que continha uma obrigação e outros que afirmavam que título não é o
documento, mas sim o ato jurídico documentado. Podemos dar alguma razão a estes últimos, no
caso das sentenças. No caso das sentenças condenatória, além da sentença ser o documento, o
título é também um ato jurídico com um comando. Numa confissão de dívida ou num documento
particular com assinatura reconhecida, existem declarações negociais ou uma única declaração
negocial e temos também título executivo que é o ato documentado.
a) As sentenças condenatórias;
c) Os títulos de crédito, ainda que meros quirógrafos, desde que, neste caso, os factos constitutivos
da relação subjacente constem do próprio documento ou sejam alegados no requerimento
executivo;
Filipa R. G. 47
Teóricas
Os despachos são decisões judiciais que não põem termo ao processo, nem decidem a
causa, decidem apenas uma questão interlocutora a meio do processo.
No caso de uma partilha, na sequência de um divórcio ou de uma morte, o réu diz que já pagou,
mas que não tem em seu poder os documentos de pagamento. Então, o banco, que tem nos
seus registos o pagamento feito pelo réu ao autor, pode ser ordenado pelo juiz, enquanto terceiro,
a apresentar esses documentos e o banco tem que colaborar com o tribunal para a descoberta
da verdade, mesmo não sendo parte. Caso o banco não o faça, pagará uma multa por falta de
colaboração para a descoberta da verdade, multa que é infligida a um terceiro (que não é parte)
através de um despacho condenatório.
Filipa R. G. 48
Teóricas
Exemplo 2. Mais duvidosos serão naqueles casos em que um mútuo é declarado nulo. O
contrato de mútuo implicou que o mutuante tenha transferido dinheiro para o mutuário. Ao ser
declarado nulo cada parte tem que restituir as prestações efetuadas na sequência do
cumprimento das estipulações da partes. Com isto, podíamos pensar que essa sentença que
decretou a nulidade do contrato de mútuo por si só seria título executivo para obter a restituição
do capital (não dos juros, porque o contrato nulo não poderia gerar juros) e essa é a posição do
DOUTOR REMÉDIO MARQUES e do DOUTOR LEBRE DE FREITAS. Portanto, uma sentença constitutiva
que extingue uma situação jurídica invalidando um contrato permitirá obter coercivamente,
servindo como título executivo, a restituição, neste caso concreto, das quantias mutuadas, não se
tendo que propor uma ação declarativa condenatória.
Posto isto, o legislador não está só a pensar em sentenças condenatórias, pode também
estar a pensar em sentenças proferidas em ações constitutivas das quais resulte, como
efeito normativo decorrente da sentença, uma obrigação legal de entrega.
Filipa R. G. 49
Teóricas
Filipa R. G. 50
Teóricas
— Regulamento da UE 1215/2012
A regra geral, de acordo com o n.º 1, é que a sentença só constitui título executivo
depois do trânsito em julgado (contra esta sentença já não é possível interpor recurso
ordinário ou reclamação, neste caso a sentença estabilizou/cristalizou, não pode ser
modificada). Todavia, essa regra comporta exceções, ou seja, é possível executar
provisoriamente uma sentença quando ainda está pendente um recurso ordinário que
contra ela foi proposta, de acordo com o o n.º 1/parte final, se o recurso contra ela
interposto tiver efeito meramente devolutivo, já se o recurso tiver efeito suspensivo
não é possível executá-la provisoriamente, é necessário esperar pela decisão final.
Filipa R. G. 51
Teóricas
Atenção que o tribunal de recurso não pode colocar o recorrente numa situação pior do
que ele se encontrava, por isso não pode determinar uma obrigação maior.
Filipa R. G. 52
Teóricas
São sentenças, não no sentido tradicional de o juiz apreciar e julgar factos e fazer
qualificações jurídicas, mas são sentenças proferidas em ações que foram
ajuizadas por um autor contra o réu, que condenam e absolvem e que têm o
mesmo valor das sentenças condenatórias.
Filipa R. G. 53
Teóricas
Filipa R. G. 54
Teóricas
Exemplos: Vender os bens todos e dividir o preço; um deles fica com os bens da
herança e compromete-se a pagar em dinheiro os quinhões dos outros; fazer sorteios
ou licitações.
O notário, conservador ou outra entidade que pode exarar, tem que perguntar se o
outorgante ou outorgantes querem aquele resultado e explicar as suas
consequências. No fim, o documento deve ser assinado pelos outorgantes e o
notário, conservador ou funcionário.
Teóricas
O artigo 6.º/3 da Lei n.º 41/2013 (lei que aprovou o novo CPC), que contém uma
regra de sucessão de leis no tempo, é uma norma que regula o alcance da lei
antiga, perante o domínio de aplicação da lei nova, segundo a qual o novo CPC,
relativamente aos títulos executivos, só se aplica às execuções instauradas após a
sua entrada em vigor. Assim, o artigo 703.º do CPC só se aplica as ações executivas
instauradas a partir do dia 1 de setembro de 2013. Contudo, surge um problema:
Antes do dia 1 de setembro de 2013, eram títulos executivos os documentos
particulares meramente assinados sem reconhecimento pelo notário, advogado ou
solicitador, se neles constasse a constituição ou reconhecimento de uma obrigação. A
partir do dia 1 de setembro de 2013, estes documentos deixaram de ser título
executivo e não puderam ser usados nas ações executivas instauradas pelos
credores a partir dessa data.
O problema que aqui se gerou foi a alegada constitucionalidade material deste n.º
3 do artigo 6º, porque os credores que, anteriormente a 1 de setembro de 2013,
tinham em seu poder uma confissão de dívida que configurava título executivo, após
1 de setembro de 2013, essa confissão perdeu força executiva, deixando o credor de
a poder usar para instaurar imediatamente uma ação executiva contra a pessoa que
reconheceu que lhe devia. Em alguns destes casos, os executados, nas ações após 1
de setembro de 2013, com base nestes documentos cuja assinatura deles não foi
reconhecida, começaram a embargar executado, alegando que não podiam estar a
ser executados porque o título não era exequível e que a execução tinha que terminar
imediatamente.
Filipa R. G. 56
Teóricas
Filipa R. G. 57
Teóricas
Seja como for, nas ações executivas instauradas a partir do dia 1 de setembro de
2013, os documentos particulares assinados pelo devedor cuja data seja posterior e
inclusive ao dia 1 de setembro de 2013, à luz da declaração de inconstitucionalidade,
já têm que ter a assinatura reconhecida.
Note-se que temos negócios jurídicos quoad effectum e negócios jurídicos quoad
constitutionem, só estes últimos é que são os negócios reais:
Este artigo vem-nos dizer que nestes negócios jurídicos reais quanto à
constituição que prevêem obrigações ou prestações futuras, para serem títulos
Filipa R. G. 58
Teóricas
Exemplo: Num contrato de abertura de crédito, uma sociedade combina com o gerente do
banco que este todos os meses deposite 100 mil euros com plafond máximo de 1 milhão ao
ano. Este contrato prevê a constituição de obrigações futuras. Através da primeira declaração
unilateral do empresário, o banco obriga-se a transferir o valor combinado e os dois
concluíram o contrato de mútuo. O empresário também terá que assinar o documento
particular em que reconhece que na sequência da constituição daquela ordem o banco lhe
transferiu 10 mil euros, cuja assinatura tem que ser reconhecida por advogado, notário ou
solicitador. Se o empresário não pagar o capital e os juros, o banco pode intentar
imediatamente uma ação executiva e usar como título executivo o contrato de abertura de
crédito e o documento particular assinado pelo devedor em que ele pedia dinheiro.
Filipa R. G. 59
Teóricas
Exemplo: O portador do cheque à ordem deixa passar mais de 8 dias para o levantar e
apresentar a pagamento ao banco. Não pode usar este título de crédito e a relação
cambiária não é exercida. Então este documento/papel deixa de ter o valor de título de
crédito (cheque), quanto muito pode ter valor de quirógrafo de cheque, porque o cheque
está subjacente uma relação fundamental o contrato que deu origem à emissão do
cheque. A parte final desta alínea c) permite que esse papel, que já não tem valor de
cheque, possa ser título executivo enquanto mero documento particular, cuja assinatura
não está reconhecida, se e quando no requerimento executivo o exequente alegar os
factos subjacentes à existência daquele montante em dívida.
• Não o sendo, o que é a regra, pois dificilmente resulta do requerimento executivo que a
falta é manifesta, o juiz deve convidar o exequente a suprir a irregularidade,
apresentando o título em falta ou corrigindo o requerimento inicial (no prazo de 10 dias) -
despacho de aperfeiçoamento (artigo 726.º/4 e 5 do CPC).
Filipa R. G. 60
Teóricas
De acordo com o artigo 550.º/4 do CPC, o processo comum para entrega de coisa certa e
para prestação de facto segue forma única, independentemente do tipo ou valor da coisa a
entregar e independentemente do título executivo que alicerça essa entrega ou a prestação de
facto.
O que varia, no que toca ao processo comum, quando a obrigação exequenda se traduz no
pagamento de uma quantia certa. O processo executivo para pagamento de quantia certa
pode tramitar sob:
• Forma de processo especial (artigos 878.º e ss. do CPC): Não se estudam em DPCIII.
De 2003 a 2013, em que a ação executiva em Portugal era desjudicializada, estava previsto no
Código que processo executivo comum para pagamento de quantia certa tramitava sob forma
única, não havendo diferença entre processo sumário e o processo ordinário. Contudo, essa
afirmação era equivocada, porque era uma tramitação sobre forma única que, logo no início da
ação executiva, se bifurcava, ou seja, na prática havia várias tramitações. Foi esse equívoco que o
legislador no novo CPC quis desfazer, determinando que há duas formas de processo executivo
quando a obrigação exequenda é uma quantia pecuniária.
Entre a forma de processo especial e a forma de processo comum existe uma relação de
especialidade e subsidiariedade, o que significa que as formas de processo especiais
prevalecem sobre a forma de processo comum (artigo 546.º do CPC).
Se for aplicado o processo executivo comum para pagamento de quantia certa na forma
sumária, o executado só sabe que está a ser executado quando os bens ou uma parte deles
Filipa R. G. 61
Teóricas
Se for aplicado o processo executivo comum para pagamento de quantia certa na forma
ordinária, se o juiz entender que não há falta de pressupostos processuais (gerais e específicos),
ordena que o executado seja citado para pagar ou opor-se à execução, ou seja, há citação
prévia. Só haverá penhora quando o executado não se opuser à execução, por embargos de
executado no prazo, ou, opondo-se à execução, esta oposição venha a ser julgada total ou
parcialmente improcedente.
1.2. Quando se aplica a tramitação sob a forma processo ordinário ou sob a forma de
processo sumário
A escolha pela forma de processo executivo sumário para pagamento quantia certa
assenta em 3 critérios:
• Artigo 550.º/2/a) e 85.º/1 do CPC: Em decisão arbitral ou judicial nos caos em que
esta não deva ser executada no próprio processo.
Filipa R. G. 62
Teóricas
- De acordo com o artigo 16.º, deduzir oposição (no prazo de 15 dias) vai ter
lugar um processo declarativo de condenação, sendo o requerimento e a
oposição enviados pelo secretário do BNI, para o tribunal judicialmente
competente (em razão de matéria hierarquia e valor), iniciando-se aí processo
declarativo especial relativamente à apreciação do mérito desta obrigação -
artigo 17.º.
Filipa R. G. 63
Teóricas
3) Valor da execução:
Filipa R. G. 64
Teóricas
Do artigo 550.º/3 do CPC resulta um conjunto de situações que têm que tramitar sob
forma processo executivo ordinário e faz sentido que assim seja, visto que, nestas situações,
avançar para penhora sem que o executado soubesse, talvez fosse excessivo. Podia até dar-se o
caso de estar a tramitar ações executivas em que haviam manifestas ilegalidades de penhoras e
ilegalidades de obrigações exequendas.
Os casos do artigo 714.º são situações de obrigações alternativas (casos em que têm
que haver diligências preliminares, logo no início da na ação executiva, para a escolha) e
do artigo 715.º são situações de obrigações condicionais ou dependentes de
prestação.
• Alínea b): Quando a obrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva e a
liquidação não dependa de simples cálculo aritmético.
Não faria assim sentido avançar com as penhoras antes de se quantificar a obrigação
ilíquida.
• Alínea c): Quando, havendo título executivo diverso de sentença apenas contra um dos
cônjuges, o exequente alegue a comunicabilidade da dívida no requerimento executivo.
Se partíssemos logo para as penhoras sem esperar pela determinação judicial do juízo
de execução se a dívida é comunicável ou incomunicável, não saberíamos que bens
penhorar em primeiro lugar. Teríamos de, em primeiro lugar, penhorar os bens próprios do
cônjuge devedor e só depois, subsidiariamente, uma parte dos bens comuns. Numa
situação em que, perante este incidente de comunicabilidade que tramita por apenso à
ação executivo, o juiz viesse a decidir que a dívida era comunicável e que o outro
cônjuge também era co-responsável, invertia-se a ordem de penhora, pois deveriam ter
sido penhorados, em primeiro lugar, os bens comuns. Teria-se verificado, assim, uma
injustiça, pois estavam penhorados bens próprios daquele cônjuge que não era o único
responsável, porque tinha sido deduzido erroneamente ou de forma desproporcionada
seguida a forma de processo sumário. Foi também por isto que o legislador relegou esta
particular situação para a tramitação sob a forma ordinária.
Filipa R. G. 65
Teóricas
• Alínea d): Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário que não haja
renunciado ao benefício da excussão prévia.
Parece estranho que um credor que tem título executivo contra o devedor principal e
contra o devedor subsidiário apenas demande o fiador, sendo que, para mais, este fiador
nem renunciou ao benefício de excussão. No entanto, assim é. O fiador vai invocar o
benefício de excussão prévia quando, mais tarde, lhe forem penhorados alguns bens.
Invocado esse benefício, não se penhoram bens do fiador enquanto não se excutirem os
bens do devedor principal.
Isto é uma estratégia, mas aparentemente não parece ser uma estratégia muito
adequada e funcional para o credor exequente mas, nestes casos, não poderia haver
efeito surpresa. Não teria lógica penhorar bens ao fiador, sem ele saber, sendo que este
nem sequer teria renunciado ao benefício da excussão prévia.
Nos termos do artigo 855.º/1 do CPC, quanto à tramitação inicial, o requerimento executivo
- que tem que estar munido dos requisitos do artigo 724.º/1 do CPC - e os documentos que o
acompanham são dirigidos à secretaria do tribunal competente e esta envia-os
imediatamente por via eletrónica (se for subscrito por advogado ou solicitador, que são a
maioria das situações), sem precedência de despacho judicial, ao agente de execução
designado, com indicação do número único do processo.
Nas situações do processo executivo sumário, a secretaria funciona quase como que centro
de distribuição logístico e o juiz nem olha para o requerimento executivo, seguindo este
imediatamente para o agente de execução. O agente de execução:
• Artigo 855.º/2/a): Recusa o requerimento por motivos puramente formais, nos termos do
artigo 725.º do CPC.
Filipa R. G. 66
Teóricas
• Artigo 855.º/2/b): Suscita a intervenção do juiz do processo, nos termos do artigo 723.º/
1/d), remetendo-lhe o requerimento executivo e os documentos que o acompanham,
quando:
1) Se chegar à conclusão que está tudo bem, diz ao agente de execução para
prosseguir, ainda sem a citação do executado;
2) Se o juiz entender que está algo mal, convida o exequente a sanar o vício, se ele
for suprível.
- Recusar, no prazo de 10 dias a contar da distribuição, com base nos requisitos formais
do artigo 725.º/1 do CPC e se o exequente não se conformar com a recusa pode
reclamar para o juiz - artigo 725.º/2 do CPC - e vai ter que apresentar um novo
requerimento executivo já com esses requisitos formais observados, nos termos do
artigo 725.º/3 do CPC: O exequente pode apresentar, outro requerimento executivo, bem como
o documento ou elementos em falta nos 10 dias subsequentes à recusa do recebimento ou à
notificação da decisão judicial que a confirme, considerando-se o novo requerimento apresentado
na data da primeira apresentação.
- Não recusar, ao abrigo do artigo 726.º/1 do CPC, e, nesse caso, envia o requerimento
executivo e os documentos que o acompanham ao juiz para que este proferia um
despacho liminar, para que este analise esse requerimento e sobre ele se pronuncie
(chama-se despacho liminar porque é feito/assumido/tomado/escrito antes de qualquer
penhora, diligência de identificação e localização de bens penhoráveis). Então, o
despacho liminar do juiz pode ter vários sentidos, conteúdos ou comandos, poder
ser um:
Filipa R. G. 67
Teóricas
O juiz pode ou deve tomar uma destas quatro atitudes, porque o requerimento executivo
não é enviado, tal como na situação anterior, ao agente de execução. O requerimento
executivo é concluso (nas palavras do legislador) ao juiz que já foi designado por
distribuição, havendo mais que um juiz nesse juízo.
Filipa R. G. 68
Teóricas
1) Alegue factos que justifiquem o receio de perde de garantia patrimonial do seu crédito;
Exemplo: O exequente pode juntar os anúncios de que o executado está a tentar vender bens
do seu património, através das redes sociais; que o cônjuge do exequente já andou a dizer que
eles vão viajar para outro país, onde irão iniciar uma nova vida, com testemunhas que possam
reproduzir estas afirmações do cônjuge do devedor ou do próprio.
Tem de se concluir que o património do devedor poderá achar-se em risco, seja por vendas,
hipotecas, dações em cumprimento, doações ou outros negócios simulados ou até negócios
reais que, na prática, implicam um empobrecimento do património do devedor que é a garantia
do credor.
2. Fase da penhora
A penhora é um ato de apreensão instrumental decisivo que visa o ato final, que consiste na
transmissão dos direitos que existem sobre uma coisa a terceiros, que irão pagar um preço que
Filipa R. G. 69
Teóricas
2.2. A penhora na ação executiva para pagamento de quantia certa sob a forma comum
sumária
Assim sendo, as diligências, na ação executiva comum sob a forma sumária, que se
seguem à aceitação por parte do agente de execução do requerimento executivo, não
havendo motivos para este submeter ao juiz para despacho liminar, são, precisamente:
Se o exequente não indicar bens penhoráveis e não for possível fazer a citação
pessoal do executado, a execução extingue-se, nos termos do artigo 750.º/2 do
Filipa R. G. 70
Teóricas
Em síntese:
1. Requerimento executivo vai para o agente de execução que o aceita;
Assim sendo, uma ação executiva extinta por falta de bens penhoráveis
identificáveis e localizáveis pode renovar-se enquanto a prescrição não se
consumar e o prazo de prescrição tem ainda que ser articulado com o prazo de
suspensão.
Filipa R. G. 71
Teóricas
Uma vez que a penhora é uma agressão dirigida ao património do executado, tem que
obedecer às regras que estão inscritas no artigo 18.º da CRP, na medida em que o direito à
Filipa R. G. 72
Teóricas
2. Adequação (ao montante exequendo e ao tipo de bens que primeiramente vai ser
suscetível de ataque);
Do artigo 735.º/3 do CPC resulta que a penhora limita-se aos bens necessários ao
pagamento da dívida exequenda e das despesas previsíveis da execução (…) e do artigo
751.º/1 do CPC que, a serem penhorados bens, devem ser penhorados aqueles bens ou
direitos que permitam uma realização rápida e fácil do crédito do exequente, que, se
existirem, são os salários, as pensões e os saldos de depósitos bancários (não os bens móveis,
porque, apesar de fácil penhora, estes têm de ser pagos na totalidade - quando em lojas podem ser pagos
a prestações -, por isso não são de fácil venda).
Note-se que o agente de execução não tem que respeitar a ordem que o exequente
identifique, pois ele não é mandatário do exequente, é sim um agente particular ao serviço de
uma função pública tem que se pautar por critérios de proporcionalidade e independência. Em
todo o caso, o agente de execução deve respeitar, de acordo com o artigo 751.º/2 do CPC,
as indicações do enxequente, podendo desrespeitá-las se estas violarem o princípio da
proporcionalidade da penhora ou se violarem as regras sobre penhorabilidade.
• 751.º/3 do CPC, que permite que sejam penhorados bens imóveis que não sejam a
habitação própria permanente do executado (prédios rústicos, terrenos para
construção, casas de férias), ou de estabelecimento comercial, desde que a penhora de
outros bens presumivel-mente não permita a satisfação integral do credor no prazo de
seis meses.
Exemplo: O agente de execução faz as seguintes contas: conseguiu identificar um saldo numa
conta bancária no valor de 300€ e conseguiu identificar que o executado recebe 800€ de salário
líquido, logo só pode penhorar 200€. Então, penhora os 200€ p/ mês + os 300€ do saldo. Ora,
200€ p/ mês x 6 meses = 1.200€; 1.200€ + 300€ do saldo = 1.500€. Assim, em 6 meses,
presumivelmente ele só conseguirá penhorar 1.500€. Se a obrigação exequenda for até 10 mil, a
penhora de imóveis pode ser feita imediatamente.
Filipa R. G. 73
Teóricas
• 751.º/4 do CPC, que permite que seja penhorado o imóvel que seja habitação própria
permanente do executado (se este for casado, a casa de morada de família; se for viúvo,
solteiro ou divorciado, a casa de habitação efetiva), nos casos enquadrados nas suas
alíneas.
O que estas normas nos dizem é que há, na mente do legislador, uma determinada ordem
de penhorabilidade:
Todavia, à luz do artigo 751.º/3 e 4 do CPC, essa ordem de penhorabilidade pode ser
alterada perante as circunstâncias concretas do caso (atendendo ao montante da dívida e à
possibilidade de satisfazer num determinado prazo os direitos do exequente).
Nas execuções para entrega de coisa certa pode-se fazer a seguinte pergunta: O agente de
execução penhora a coisa cuja entrega é requerida pelo exequente? Não! O agente de
Filipa R. G. 74
Teóricas
A penhora deve ser entendida nos termos indicados no ponto 2.1. (remissão p/ págs. 69 e 70) e,
ao contrário da penhora, numa execução para entrega de coisa certa, a apreensão da coisa é o
ato final, ou seja, apreende-se a coisa precisamente para entregá-la ao exequente. Neste caso, a
apreensão da coisa pelo agente de execução realiza, imediatamente, a finalidade do exequente e
o agente da execução, posteriormente, procede à entrega simbólica da coisa.
Só há penhora se a coisa não for localizada, for expropriada ou for destruída: quando a coisa é
destruída ou se perdeu, há conversão da ação executiva para entrega da coisa certa numa ação
executiva para pagamento de indemnização pela perda ou destruição dela. Se e quando a ação
mudar de finalidade é que se pode pensar em penhorar património do executado.
De acordo com o artigo 735.º/1 do CPC, a regra geral é a de que só estão sujeitos à
penhora os bens do devedor. Todavia, há exceções:
• De acordo com o artigo 735.º/2 do CPC, nos casos previstos na lei, podem ser
penhorados bens de terceiro não devedor, desde que a execução tenha sido movida
contra ele (ou seja, desde que o terceiro seja réu, seja só ele ou seja ele e o devedor -
artigo 54.º/2 do CPC).
Filipa R. G. 75
Teóricas
Estes casos são difíceis de acontecer, porque o agente de execução é uma pessoa
imparcial e independente que, normalmente, não penhora bens registados em nome de
terceiro. Mas, se o fizer e se o terceiro embargar de terceiro, o exequente pode
demonstrar os factos constitutivos da declaração de nulidade do negócio ou os factos
constitutivos da ação pauliana e, se o conseguir, a penhora mantém-se e os bens serão
vendidos e com o produto da venda será pago o exequente.
‣ Direitos reais menores de gozo (usufruto, direito de habitação periódica, superfície, etc.; já
não o direito de uso e habitação, porque não é transmissível);
‣ Partes sociais (quotas, ações, partes sociais em sociedades civis e em sociedade civis sob
forma comercial);
‣ Quinhões hereditários, numa ação movida contra um herdeiro, não contra a herança (o
agente de execução penhora o quinhão hereditário e tenta aliená-lo e quem o comprar torna-se co-
herdeiro e pode pedir partilhas, ou seja, pode requerer o inventário litigioso; se os restantes não
fizerem partilhas amigavelmente, ele pode desencadear o processo litigioso de partilhas e os bens
da herança vão ser concretizados em quinhões; o quinhão deste, que não conhece o falecido, mas
que comprou ao agente de execução o quinhão hereditário, vai ser concretizado em bens que estão
na herança, que vai deixar de ser uma herança indivisa e passa a ser uma herança dividida);
‣ Etc.
Filipa R. G. 76
Teóricas
2.7.1. Impenhorabilidade convencional (matéria não lecionada em aula, mas que pode ser
perguntada em oral de melhoria)
No âmbito da disponibilidade das partes, podem estas, por negócio jurídico, estipular a
impenhorabilidade específica de determinados bens por dívidas também determinadas. Isso é permitido,
entre outros, pelos seguintes preceitos da lei civil:
• Artigo 602.º do CC, que permite que, por convenção entre o credor e devedor, se limite a
responsabilidade do devedor a alguns dos seus bens e, por maioria de razão, que determinados
bens do devedor sejam excluídos da sujeição à execução pela dívida contraída;
• Artigo 603.º do CC, que permite que, por doação ou testamento, se convencione que os bens
transmitidos não responderão pelas dívidas do beneficiário já existentes à data, salvo se a
natureza dos bens obrigar a registo e a penhora for registada antes do registo da cláusula;
• Artigo 833.º do CC. O artigo 831.º do CC prevê a cessão de bens aos credores para estes os
alienarem e, com o produto da alienação, satisfazerem os seus créditos. Os credores que não
participem na cessão podem fazer penhorar os bens cedidos, enquanto a alienação no tiver lugar.
Mas, relativamente aos credores cessionários e aos posteriores à cessão, já assim não é e os
bens cedidos não são por eles penhoráveis.
1. Alínea a): As coisas ou direitos inalienáveis. Não podem, por isso, penhorar-se, entre
outros:
- O direito a alimentos (o credor de alimentos precisa dessas quantias para viver, está em
causa o direito à vida) (artigo 2008.º/1 do CC);
- O direito de uso e habitação (que não é transmissível, uma vez que é um direito
pessoalissímo de gozo) (artigo 1488.º do CC);
Filipa R. G. 77
Teóricas
2. Alínea b): Os bens do domínio público do Estado e das restantes pessoas coletivas
públicas (artigo 84.º da CRP)
Exemplos: linhas férreas, rios, lagos (sem serem a parte privada junto às margens) e espaço
aéreo.
Nota: As indisponibilidades subjetivas não foram lecionadas em aula, mas podem ser
questionadas em oral de melhoria (ver livro págs. 239 a 246).
3. Alínea c): Os objetos cuja apreensão seja ofensiva dos bons costumes ou careça
de justificação económica, pelo seu diminuto valor venal
Para o DOUTOR REMÉDIO MARQUES, os animais deveriam pertencer ao grupo dos bens
relativamente impenhoráveis, pois quando o animal é um animal de companhia não
Filipa R. G. 78
Teóricas
Um bem relativamente penhorável é aquele que pode ser penhorado nuns casos, mas já
não pode ser penhorado noutros e que, de acordo com o artigo 737.º do CPC, são:
Exemplo 2. Já não se pode penhorar uma instalação da câmara municipal de ajuda a pessoas
pobres, instalação essa que era uma das quais onde essa ajuda podia ser prestada, pois está a
ser utilizada no fim de utilidade pública e não se encontra um substituto equivalente.
Filipa R. G. 79
Teóricas
Se ele comprar uma carrinha nova e deixar o anterior automóvel em casa, já se pode penhorar
esse automóvel, mas já não a carrinha, porque esta é utilizada como instrumento exclusivo de
trabalho. Mas se a carrinha nova foi comprada num stand e não foi paga, o stand (exequente)
pode, ainda que a carrinha seja instrumento de trabalho, pedir ao agente de execução que a
penhore, porque esta execução é por falta de pagamento deste instrumento de trabalho.
Exemplo: Se houver apenas um fogão ou uma cama na casa de habitação efetiva, não pode ser
penhorado/a, mas se for houver mais do que um/a, já pode.
De acordo com o artigo 738.º do CPC, os bens parcialmente penhoráveis são os direitos
de crédito, que são direitos que só podem ser penhorados numa quantidade/parte, ou
determinadas quantidades/partes, com exceção de outras quantidades/partes.
De acordo com o n.º 1, são impenhoráveis 2/3 da parte líquida (o que significa que são
penhoráveis 1/3) dos:
• Vencimentos;
• Salários;
• Seguro;
• Renda vitalícia;
• O limite mínimo: O executado tem sempre que ficar com um montante disponível,
equivalente ao montante líquido do salário mínimo nacional (nas empresas privadas,
600€ e, na função pública, 635€).
Filipa R. G. 80
Teóricas
Assim sendo, mesmo que a penhora possa ser, em regra, de 1/3, às vezes tem que ser
menos. Se não fosse de outra maneira, o executado fica a receber menos que o salário
mínimo nacional.
De acordo com o artigo 738.º/5/1.ª parte do CPC, a regra de que o executado ter
sempre que ficar com o salário mínimo, não podendo o agente de execução penhorar a
sua totalidade, aplica-se seja o salário pago em dinheiro ou através de transferencia
bancária.
O artigo 739.º do CPC traduz a mesma ideia dizendo que são impenhoráveis a quantia
em dinheiro ou o depósito bancário resultantes da satisfação de crédito impenhorável,
nos mesmos termos em que o era o crédito originariamente existente.
Exemplo: O executado recebe todos os meses, por transferência bancária, alimentos do pai que
se divorciou da sua mãe. O agente de execução não pode penhorar esse saldo, porque este
representa quantias impenhoráveis.
Exemplo: Um pensionista, que aufere pensão mensal de 600€, que é devedor de alimentos a um
filho menor e que não pagou.
Segundo a regra geral, não podíamos penhorar nada a este pensionista, porque ele recebe 600€.
Contudo, como é um credor de alimentos, o exequente tem uma dívida exequenda cuja natureza
é alimentícia, o legislador permite que seja atingida uma parte desses 600€, que é a parte que
traduz a diferença entre o salário mínimo e a pensão social nos regimes não contributos, que é à
volta de 202 euros. Assim, 600 - 202 = 398€.
Um regime de segurança social não contributo é quando alguém que nunca descontou para a
segurança social, porque nunca trabalhou ou trabalhou e nunca descontou, chega a idade de
poder obter uma reforma/aposentação, aos 66 anos, e recebe por volta de 202 euros.
Exemplo 1. O executado ganha 9.000€ líquidos. Se aplicássemos a regra geral, ou seja, a regra de
1/3, o agente de execução podia penhorar 3.000€ e o executado ficaria com o montante
disponível de 6.000€. O que o n.º 3, no limite máximo, vem dizer é que apenas se tem de garantir
Filipa R. G. 81
Teóricas
Exemplo 2. O executado ganha 3.000€ líquidos. Se aplicássemos a regra geral, ou seja, a regra de
1/3, o agente de execução podia penhorar 1.000€ e o executado ficaria com o montante
disponível de 2.000€ e 2.000€ é superior a 1.800€. Isso significa que, neste caso, o agente de
execução pode penhorar mais que 1/3. Pode penhorar a diferença entre os 2.000€ e os 1.800€,
que é de 1.200€.
Exemplo 4. O executado ganha 610€ líquidos (não conta o subsídio de almoço), por isso só se
pode penhorar 10€, no máximo. Nestas situações, se o executado tiver um apartamento, o agente
de execução pode penhorar o apartamento.
Tal não acontece nas sociedades por quotas, anónimas e em comandita por ações,
porque se tratam de sociedades de responsabilidade limitada dos sócios. Só há
subsidiariedade nas sociedades por quotas se a obrigação de entrada do sócio na
Filipa R. G. 82
Teóricas
Há, porém, situações em que, nas sociedades por quotas, os sócios podem assumir
responsabilidade por dívidas da sociedade, até certo montante, desde que tal esteja
previsto no contrato da sociedade. Então, por dívidas da sociedade por quotas, se
constar uma cláusula deste tipo no contrato de sociedade, subsidiariamente os sócios de
responsabilidade limitada pode ver alguns dos seus bens pessoais penhorados até ao
limite a que ele se obrigou por dívidas da sociedade.
• Se a partilha ainda estiver por fazer, o que se penhora, na execução em que esse
herdeiro é o único devedor, é o quinhão hereditário dele;
• Se a partilha já tiver sido feita, não podemos penhorar o quinhão hereditário, porque
este já foi concretizado em bens concretos que passaram a integrar o património pessoal
do herdeiro, porque já se fez a partilha. Então, neste caso penhora-se o património
pessoal do herdeiro que é devedor.
• Se a partilha já tiver sido feita, por dívidas do falecido, tem de se executar os bens dos
Filipa R. G. 83
Teóricas
Então, se o herdeiro se opuser à penhora de um bem concreto e disser que esse bem
concreto que foi penhorado não era um bem que foi partilhado, o artigo 744.º/3 do CPC
diz-nos que se a herança foi aceita pura e simplesmente, quem tem que provar que
aquele bem concreto penhorado não é da herança (que era bem do herdeiro já ao tempo da
abertura da sucessão) é o herdeiro. O ónus da prova cabe-lhe a ele e essa prova pode
falhar, ou seja, o juiz pode não ficar convencido e por uma dívida da herança vai
responder um bem pessoal que já era do herdeiro antes da abertura da sucessão.
A aceitação deste forma faz com que, no domínio da ação executiva, o ónus da prova se
inverta. Assim, terá que ser o exequente a demonstrar e a convencer o juiz, na oposição
à penhora, de que o bem que foi penhorado é da herança, apesar de não estar
mencionado na sentença homologatória da partilha. Neste caso, o credor exequente vai
ter mais dificuldades, pois a forma de aceitação faz com que se cumpra a regra de que
por dívidas da herança só responde o património da herança.
Filipa R. G. 84
Teóricas
O problema põe-se quando B demonstra que tem a escritura, ainda que não tenha registado,
e é o dono. B pode opor-se à penhora por embargos de terceiro e ajuizar esta ação contra
exequente (C) e executado (A) - que passam a ser réus, na ação de embargos de terceiro -, ação
na qual, na petição inicial, vem pedir ao juiz que declare esta penhora ilegal, que seja ordenado o
levantamento da penhora e que seja ordenado o cancelamento do registo da penhora, porque o
bem é seu. O desfecho desta ação seria:
Filipa R. G. 85
Teóricas
Assim sendo, aplica-se a regra geral, segundo a qual os direitos reais transmitem por
mero efeito do contrato, independentemente de qualquer ato posterior (no caso, foi a
escritura pública que não foi levada a registo).
Filipa R. G. 86
Teóricas
O direito português tem, já há muito tempo, esta ideia de oponibilidade das situações
registadas em relação a outras situações em que o mesmo titular ou disponente
dispõe de um direito ou onera um bem, de tal forma a que os dois direitos sobre o
mesmo bem são total ou parcialmente incompatíveis ou conflituantes - são terceiros
para efeitos de registo aqueles que adquirem do mesmo titular ou disponente,
direitos total ou parcialmente incompatíveis ou conflitantes sobre o mesmo objeto.
Filipa R. G. 87
Teóricas
Nos termos do artigo 768.º/1 do CPC, à penhora de coisas móveis sujeitas a registo aplica-
se, com as devidas adaptações, o disposto no artigo 755.º, que é uma norma para a realização
da penhora de coisas imóveis.
Tal implica que o agente de execução, para fazer a penhora, efetue a comunicação eletrónica
para o instituto dos registos e do notariado, comunicação esta que vale como pedido de registo
de penhora (artigo 755.º/1 do CPC). Abrevado o registo da penhora, os efeitos da penhora
retroagem à data da comunicação eletrónica.
O artigo 768.º/2 do CPC diz-nos que a penhora de veículo automóvel pode ser precedida
da imobilização do veículo — ou seja, antes de se fazer a penhora do veículo automóvel, antes
da tal comunicação eletrónica, pode o agente de execução imobilizar o veiculo —, através da
imposição de selos ou de imobilizadores — trata-se de um ato prévio de apreensão que não
vale como penhora, e que, por isso, não produz os efeitos da penhora, mas antecipa-a; deste ato
prévio resulta apenas a indisponibilidade fáctica do automóvel. Se assim suceder, em regra, em
24 horas, o agente de execução terá que efetuar a comunicação electrónica, que tem valor
de pedido de registo de penhora.
O artigo 768.º/3 do CPC diz-nos que após a penhora e a imobilização, deve proceder-se:
Filipa R. G. 88
Teóricas
Nos termos do artigo 768.º/4 do CPC, a penhora do navio é comunicada não apenas à
autoridade de aviação civil portuguesa, mas também à capitania do porto para que esta
apreenda os respetivos documentos e impeça a saída.
Não é o facto de o navio estar penhorado que faz com que este esteja parado na doca. Nos
termos do artigo 769.º/1 do CPC, o depositário de navio penhorado pode fazê-lo navegar se o
executado e o exequente estiverem de acordo e preceder autorização judicial.
Nos termos do artigo 764.º/1 do CPC, a apreensão de um bem móvel sujeito a registo
(computador, máquina industrial, móveis, eletrodomésticos), através da apreensão efetiva dos bens e
a imediata remoção para depósito (público ou semi-público), assumindo o agente de execução
que realizou a diligência a qualidade de fiel depositário.
Nos termos do artigo 764.º/2 do CPC, não haverá lugar à remoção quando:
Nestes casos, nos termos do n.º 2, parte final, deve proceder-se a uma descrição
pormenorizada dos bens, à obtenção de fotografia dos mesmos e, sempre que possível, à
imposição de algum sinal distintivo nos próprios bens, ficando o executado como depositário.
Filipa R. G. 89
Teóricas
Os direitos de crédito mais comuns que podem ser penhorados são os salários, as pensões
ou ainda qualquer quantia pecuniária que o executado tenha a receber de um terceiro.
Se o devedor do executado não transferir essa quantia para o conta bancária indicada
pelo agente execução, nos termos do artigo 777.º/3 do CPC, não sendo cumprida a obrigação,
pode o exequente ou o adquirente exigir, nos próprios autos da execução, a prestação — ao
devedor do executado, que se torna executado pelo montante indicado pelo agente de execução
—, servindo de título executivo a declaração de reconhecimento do devedor, a notificação
efetuada e a falta de declaração ou o título de aquisição do crédito — trata-se de um título
executivo que se forma no próprio processo executivo, que é um título contra o devedor do
executado e que não existia no início da ação executiva; trata-se de mais um exemplo de título
executivo previsto por força de lei especial (artigo 703.º/1/d) do CPC).
Nota: Se uma pessoa ganhar o salário mínimo, o seu salário não pode ser penhorado, mas já
podem ser penhorados os subsídios (de férias e de natal) e os prémios de produtividade.
Filipa R. G. 90
Teóricas
Podem ser penhorados direitos que permitem adquirir bens ou expectativas de aquisição de
bens, na medida em que, na fase de formação do direito subjetivo, há uma situação de
pendência em que, embora não haja direito direito subjetivo, pode haver uma expectativa jurídica
que é tutelada pelo direito, expectativa essa que pode ser penhorada.
Exemplo 2. Contrato de leasing financeiro (ou locação financeira): O executado tem uma casa, mas é
um bem de uma instituição financeira, que o comprou por indicação do executado e que o arrendou ao
executado. No final do prazo, se o executado quiser pode exercer o direito de opção de compra e comprar
a casa. O que se pode penhorar a este executado é a expectativa de aquisição do bem, mas note-se que
isto só valerá a pena se o prazo da locação estiver quase a terminar, porque bastará pagar poucas
mensalidades para depois o agente de execução poder substituir-se ao executado e exigir da instituição
financeira a celebração do contrato de aquisição pagando o valor residual, valor que saíra dos bolsos do
exequente. Com o pagamento do valor residual à instituição financeira, será obrigada a transferir esses
bens para a esfera jurídica do executado e a penhora da expectativa converte-se na penhora do bem que
agora podem ser vendido ao preço de mercado.
Nos termos do artigo 780.º/1 do CPC, a penhora que incida sobre depósito existente em
instituição legalmente autorizada a recebê-lo é feita por comunicação eletrónica realizada pelo
agente de execução às instituições legalmente autorizadas a receber depósitos nas quais o
executado disponha de conta aberta, com expressa menção do processo, aplicando-se o
disposto nos números seguintes e no n.º 1 do artigo 417.º.
Nos termos do artigo 780.º/2 do CPC, o agente de execução comunica, por via eletrónica,
às instituições de crédito referidas no número anterior, que o saldo existente, ou a quota-
parte do executado nesse saldo (artigo 780.º/5 do CPC, segundo o qual, sendo vários os titulares do
depósito, o bloqueio incide sobre a quota-parte do executado na conta comum, presumindo-se que as
quotas são iguais) fica bloqueado desde a data do envio da comunicação, até ao limite
estabelecido no n.º 3 do artigo 735.º, salvaguardado o disposto nos n.os 4 e 5 do artigo 738.º, só
podendo as quantias bloqueadas ser movimentadas pelo agente de execução, salvo o disposto
Filipa R. G. 91
Teóricas
Nos termos do artigo 780.º/6 do CPC, quando não seja possível identificar
adequadamente a conta bancária, é bloqueada a parte do executado nos saldos de todos os
depósitos existentes na instituição ou instituições notificadas.
Nos termos do artigo 780.º/7 do CPC, são sucessivamente observados, pela instituição de
crédito e pelo agente de execução, os seguintes critérios de preferência na escolha da conta
ou contas cujos saldos são bloqueados:
a) Preferem as contas de que o executado seja único titular àquelas de que seja contitular
e, entre estas, as que têm menor número de titulares àquelas de que o executado é
primeiro titular;
Nos termos do artigo 780.º/8 do CPC, após a comunicação referida no n.º 2, as instituições
de crédito, no prazo de dois dias úteis, comunicam, por via eletrónica, ao agente de
execução:
a) O montante bloqueado; ou
b) O montante dos saldos existentes, sempre que, pela aplicação do disposto nos n.os 4 e 5
do artigo 738.º, a instituição não possa efetuar o bloqueio a que se refere o n.º 2; ou
c) A inexistência de conta ou saldo.
Nos termos do artigo 780.º/9 do CSC, recebida a comunicação referida no número anterior,
o agente de execução, no prazo de cinco dias, respeitados os limites previstos nos n.os 4 e 5
do artigo 738.º, comunica por via eletrónica às instituições de crédito a penhora dos
montantes dos saldos existentes que se mostrem necessários para satisfação da quantia
exequenda e o desbloqueio dos montantes não penhorados, sendo a penhora efetuada
comunicada de imediato ao executado pela instituição de crédito.
Filipa R. G. 92
Teóricas
A penhora indica, em regra, um depositário (note-se que é através dele que é exercida a
posse do tribunal, sempre que a esta haja lugar):
Mas há casos em que não há lugar, por desnecessária, à figura do depositário. Assim
acontece, no cade de:
Filipa R. G. 93
Teóricas
Quando o depositário não seja o agente de execução, o depositário pode ser removido se
não cumprir os deveres do seu cargo (artigo 761.º/1 do CPC). Sendo depositário o agente de
execução, a violação dos seus deveres constitui atuação, dolosa ou negligente, sancionada nos
termos do artigo 720.º/4 do CPC e podendo levar à sua destituição, pelo órgão com competência
disciplinar, para todos os efeitos do processo (e não apenas para os decorrentes do depósito).
• Imóveis ou direitos reais sobre imóveis (artigo 755.º/1, 781.º/5, 783.º do CPC e 2.º/1 do CRP);
• Móveis sujeitos a registo ou direitos reais sobre eles (artigo 768.º/1 e 783.º do CPC);
• Quota de contitular de direito que dê lugar a registo (artigo 781.º/1 e 783.º do CPC);
• Quota ou direito sobre quota de sociedade comercial (artigo 781.º/6 do CPC e 3.º/f) do CRC);
• Direito ao lucro e à quota de liquidação de sociedade em nome coletivo ou de parte social de sócio
comanditado de sociedade em comandita simples (artigo 781.º/6, por analogia, ou artigo 783.´e
3.º/e) do CRC);
• Direito a patente, modelo, desenho ou marca (artigos 783.º do CPC e 31.º do CPI).
Mas, outras vezes, o registo da penhora constituiu um ato a esta sub-sequente, a efetuar
com base em certidão do auto que atesta a sua realização. É o que acontece nos casos de:
• Direito de crédito com garantia real sujeita a registo (hipoteca, consignação de rendimentos e
penhor de crédito garantindo por hipoteca: artigos 773.º/7 do CPC e 2.º/1/o) do CRP);
• Direito ou expectativa real de aquisição de bem sujeito a registo (artigo 778.º/1 e, por analogia,
773.º/7 do CPC);
• Bens ou direitos sujeitos a registo por integrarem estabelecimento comercial (artigo 782.º/6 do
CPC).
Pode acontecer que o bem penhorado esteja inscrito em nome de terceiro. Tem, então,
aplicação o artigo 119.º do CRP, que ordena a citação do titular da inscrição registada para, no
Filipa R. G. 94
Teóricas
Efetuada a penhora, ela irá, em princípio, subsistir até à venda do bem penhorado. A penhora
pode, porém, extinguir-se por causa diferente da venda executiva (quer essa causa implique
a realização do fim da execução, quer não).
A penhora é levantada:
• Se a execução estiver parada durante 6 meses, por negligência que não seja
imputável ao executado, e este requerer o levantamento (artigo 763.º/1 do CPC): O
levantamento da penhora tem lugar - sempre a pedido do executado, dirigido ao agente
de execução - em qualquer caso em que no processo não tenha sido efetuada nenhuma
diligência para a realização do pagamento nos 6 meses anteriores ao requerimento do
executado, por ato ou omissão que não seja da sua responsabilidade (artigo 863.º/1 do
CPC).
O credor, com crédito vencido e reclamado, que queira evitar o levantamento da penhora,
pode, passados 3 meses sobre o início da atuação negligente do exequente, substituir-se
a este na prática do ato que ele tenha negligenciado (artigo 763.º/4 do CPC). Não pode,
porém, substituir-se ao juiz, ao agente de execução ou ao funcionário judicial negligente.
Filipa R. G. 95
Teóricas
2.12.1.1. Fundamentos
De acordo com o artigo 784.º/1 do CPC, sendo penhorados bens pertencentes ao executado,
pode este opor-se à penhora com algum dos seguintes fundamentos:
c) Incidência da penhora sobre bens que, não respondendo, nos termos do direito
substantivo, pela dívida exequenda, não deviam ter sido atingidos pela diligência
(refere-se às situações de impenhorabilidade absoluta, p. ex., penhora de bem inalienável,
que está fora do comércio jurídico).
De acordo com o artigo 785.º/2 do CPC, a este incidente aplicam-se as regras gerais dos
incidentes declarativos (artigos 293º a 295.º do CPC) — sendo a tramitação processual dos
incidentes declarativos uma sequência muito económica/rápida: 1) Requerimento de oposição; 2)
Contestação do exequente, onde o exequente exerce o direito ao contraditória; 3) Audiência de
Filipa R. G. 96
Teóricas
De acordo com o artigo 785.º/5 do CPC, quando a execução prossiga, nem o exequente nem
qualquer outro credor pode obter pagamento na pendência da oposição, sem prestar caução.
De acordo com o artigo 342.º/1 do CPC, no caso de a penhora (ou outro qualquer ato
judicialmente ordenado de apreensão ou entrega de bens) atingir direitos ou a posse de terceiro
que não devia atingir, o terceiro, que não é parte na causa, pode ser autor uma ação declarativa
autónoma, embora funcionalmente dependente da ação executiva. Note-se que, de acordo com
o artigo 342.º/2 do CPC, não é admitida a dedução de embargos de terceiro relativamente à
apreensão de bens realizada no processo de insolvência.
Tem legitimidade ativa (autor) o terceiro que viu os seus direitos ou passe atingidos pela
penhora, mas note-se que é terceiro, para efeitos de legitimidade ativa nos embargos de terceiro,
quem não for parte na ação executiva, ou seja, quem não for exequente nem executado, embora
o pudesse ser (artigo 342.º/1 do CPC). P. ex., nos casos em que há um devedor, mas o exequente não
o acciona como executado, logo não é réu na ação executiva, é terceiro; se for penhorado um bem dele,
embora ele seja devedor, ele pode embargar de terceiro, porque não está a ser parte na ação executiva.
Tem legitimidade passiva (réu) o exequente e o executado (artigo 348.º/1 do CPC, quando
fala em partes primitivas, artigo este que implicitamente prevê uma situação de litisconsórcio
necessário legal passivo).
Filipa R. G. 97
Teóricas
Nos termos do artigo 344.º/1 do CPC, os embargos são processados por apenso à causa
em que haja sido ordenado o ato ofensivo do direito do embargante.
Nos termos do artigo 344.º/2 do CPC, o embargante deduz a sua pretensão, mediante
petição, nos 30 dias subsequentes àquele em que a diligência foi efetuada ou em que o
embargante teve conhecimento da ofensa, mas nunca depois de os respetivos bens terem
sido judicialmente vendidos ou adjudicados, oferecendo logo as provas.
A causa de pedir numa ação de embargos de terceiro são as ocorrências da vida real, à luz
de determinada norma, que alicerçam o efeito jurídico pretendido. No caso, à luz do artigo 342.º/
1 do CPC, são duas as causas de pedir:
1) A apreensão (no caso, a penhora) ofende a posse do terceiro autor dos embargos;
Que posse é que o promitente comprador tem havendo tradição da coisa? Tem a mera detenção
(posse em nome alheio) ou a posse em nome próprio?
A posse é o exercício de poderes de facto, normalmente sobre coisas (corpóreas, ainda que o
DOUTOR REMÉDIO MARQUES defenda que também possa haver posse sobre coisas incorpóreas),
exercício esse pode ser feito em nome próprio (quando alguém exerce esses poderes como
proprietário e os demais vêm-no como tal, reunindo o animus e corpus) ou pode haver a mera
detenção (quando alguém exerce poderes de facto, mas em nome de outra pessoa, tendo o
corpus, mas não tem o animus).
O promitente comprador vem embargar terceiro, alegando ofensa à posse. Embora a situação
Filipa R. G. 98
Teóricas
O que ele podia fazer era intentar uma ação de execução específica, alegando mora e registando
a ação de execução específica antes do registo da penhora da propriedade plena, pedindo a
suspensão da execução para provar que houve mora e que o bem lhe deve ser transmitido. Se
ele ganhar a ação de execução específica, como ela está registada antes do registo da penhora,
a sua aquisição é oponível à penhora e aí os embargos de terceiro vão ser julgados procedentes.
Se alguns destes direitos forem titulados por terceiros - direitos que este artigo diz que
não caducam - então, o terceiro pode evitar ter que se confrontar com o adquirente do
bem em ação de reivindicação e pode, através de embargos de terceiro, evitar a venda
obtendo o levantamento da penhora, dizendo que o seu direito não pode ser
desconsiderado com a penhora e com as diligências processuais subsequentes, porque
é um direito que não caduca com a venda executiva.
Assim sendo, o agente de execução não pode penhorar a propriedade plena, porque se
penhorasse a propriedade plena, ele nunca a poderia vender a um outro adquirente, pois o
direito de usufruto não ia caducar com a venda executiva, porque tem registo anterior ao registo
da penhora.
Portanto, o agente de execução podia apenas penhorar a nua propriedade sobre esse bem, para
não conflituar com o usufruto registado sobre esse mesmo bem, caso em que haveria uma
compatibilidade total.
Exemplo 2. O agente de execução penhora a propriedade plena, mas nesse prédio está um
inquilino com um contrato de arrendamento mais antigo do que o registo de penhora.
Nos termos do artigo 824.º/2 do CC, os direitos incompatíveis com a penhora são normalmente
Filipa R. G. 99
Teóricas
Assim sendo, quem comprar a propriedade plena desse prédio penhorado torna-se o novo
senhorio, mas o inquilino e as condições do contrato de arrendamento permanecem iguais.
Logo, o inquilino não tem carência de tutela processual (interesse em agir) para deduzir
embargos de terceiro, pelo que os embargos de terceiro devem ser liminarmente rejeitados.
2.12.2.4. Tramitação
Na fase introdutória dos embargos, há lugar a despacho liminar por parte do juiz, onde o juiz
vai apreciar a petição inicial para saber se os embargos foram deduzidos em tempo e se o motivo
dos embargos é procedente ou improcedente, sem ser ouvida a parte contrária.
Nos termos do artigo 345.º do CPC, sendo apresentada em tempo e não havendo outras
razões para o imediato indeferimento da petição de embargos, realizam-se as diligências
probatórias necessárias, sendo os embargos recebidos ou rejeitados conforme haja ou não
probabilidade séria da existência do direito invocado pelo embargante.
Note-se que a única especialidade dos embargos de terceiro é a fase introdutória, porque,
a partir da fase de contestação, seguem-se os termos do processo comum.
2.12.2.5. Efeitos
A rejeição dos embargos, nos termos do disposto no artigo anterior, não obsta a que o
embargante proponha ação em que peça a declaração da titularidade do direito que obsta à
realização ou ao âmbito da diligência, ou reivindique a coisa apreendida.
Filipa R. G. 100
Teóricas
Nos termos do artigo 343.º do CPC, um cônjuge pode embargar de terceiro quando o
executado é o outro cônjuge — portanto, a ação executiva foi apenas deduzida contra um dos
cônjuges, pois se fosse deduzida contra os dois, ambos eram executados e nenhum era terceiro.
— sem necessidade de autorização dele, para defender por meio de embargos os direitos
relativamente aos bens próprios e aos bens comuns que hajam sido indevidamente
atingidos pela penhora.
1) O agente de execução penhorou apenas bens comuns, quando haviam bens próprios
do executado que deveriam ter sido primeiramente penhorados (forem violadas regras
de penhorabilidade subsidiária);
• Inoponibilidade situacional (artigo 819.º do CC): Sem prejuízo das regras do registo,
são inoponíveis em relação à execução — em relação ao tribunal, agente de execução e
ao exequente, bem como os eventuais credores reclamantes que tenham direitos reais
de garantia sobre os bens — os actos de disposição, oneração ou arrendamento dos
Filipa R. G. 101
Teóricas
Até 2003, dizia-se que esta uma situação de inoponibilidade situacional era uma situação
de ineficácia (e ainda hoje se o pode dizer). Estes negócios praticados pelo executado
sobre os bens penhorados, após a penhora e o seu registo, são ineficazes em relação ao
agente de execução, ao tribunal, ao exequente e eventuais credores.
Exemplo: O executado, depois de lhe ter sido penhorado um apartamento do qual é o dono,
vendeu esse apartamento a uma sociedade imobiliária. Se a este contrato de compra e venda não
estiverem subjacentes qualquer situação de invalidade (incapacidade acidental, dolo, erro,
menoridade, situações de acompanhamento que impeçam a venda ou invalidade formal, ou seja,
o negócio ter sido feito verbalmente, se nenhuma destas circunstâncias), que à nascença matam
os negócios jurídicos, o negócio é válido só que é ineficaz, ou seja, não produz efeitos em relação
a estes interessados, sobretudo em relação ao credor exequente, apesar de o negócio existir para
toda a gente. Só no caso de a penhora ser levantada e de o seu registo cancelado é que o
contrato de compra e venda do aparamento readquire todos os seus efeitos.
Exemplo: Há 6 meses um bem foi hipotecado a favor do Santander e hoje foi registada uma
penhora a favor do exequente desse mesmo bem. Quando esse bem for vendido, o Santander, na
medida em que venha reclamar os créditos vencidos, vai ser pago em primeiro lugar, porque tem a
seu favor uma garantia real anterior ao registo da penhora. Logo, aqui o exequente não tem
preferência. Contudo, se o bem fosse penhorado e registado hoje e amanhã o executado
hipotecasse o bem a favor do Santander (que aceitou a penhora nestas condições), então pelo
preço da venda dos bens penhorados, em primeiro lugar, será pago o exequente e, só depois,
Santander.
3. Embargos de executado
Os embargos de executado, previstos nos artigos 728.º e ss. do CPC, que se trata de uma
ação declarativa tramitada por apenso à ação executiva, seja em processo ordinário para
pagamento de quantia certa, seja em processo sumário para pagamento de quantia certa,
dirigem-se a destruir a execução (e não a penhora).
Filipa R. G. 102
Teóricas
A legitimidade ativa é do executado (da ação executiva, que agora é autor) e a legitimidade
passiva é do(s) exequente(s) (da ação executiva, que agora é(são) réu(s)).
3.2. Prazo
O executado pode opor-se à execução por embargos no prazo de 20 dias (artigo 728.º/1 do
CPC), a contar:
O pedido (o efeito jurídico pretendido) é que a execução seja extinta, ou seja, que termine a
execução, e a causa ou causas de pedir (que podem ser cumuladas ou não) têm a ver com:
➡ O título executivo (o título é inexequível; não existe título para aquela obrigação; não existe
título que permita executar tanto).
3.4. Fundamentos
Filipa R. G. 103
Teóricas
Exemplo: O tribunal arbitral não deveria ter funcionado, porque o litígio não estava coberto pela
convenção de arbitragem e o tribunal arbitral julgou-se competente, funcionou e condenou o sujeito que
agora está a ser executado. O sujeito executado pode pedir ao juiz do tribunal do Estado que impeça o
prosseguimento desta execução, porque o tribunal arbitral nem sequer tinha competência para apreciar
aquele litígio.
Na fase inicial dos embargos de executados o processo é especial, nos termos do artigo
732.º do CPC, pois a tramitação inicial é diferente da tramitação inicial das ações declarativas
com processo comum, porque há lugar, à luz do n.º 1, a despacho liminar. Ou seja, o juiz toma
logo contacto com a petição inicial para ver se foi deduzida dentro do prazo de 20 dias (artigo
728.º/1), a contar da citação (para o processo ordinário) ou a contar do ato de penhora (para o
processo sumário) e para analisar se o fundamento se ajusta aos fundamentos dos artigos 729.º,
Filipa R. G. 104
Teóricas
Posto isto, nos termos do artigo 732.º/1, os embargos, que devem ser autuados por apenso,
são liminarmente indeferidos quando:
— Efeito do recebimento dos embargos (artigo 733.º do CPC): Nos termos do n.º 1, o
recebimento dos embargos suspende o prosseguimento da execução se:
Filipa R. G. 105
Teóricas
d) A oposição tiver por fundamento qualquer das situações previstas na alínea e) do artigo
696.º.
A suspensão da execução, decretada após a citação dos credores, não abrange o apenso
de verificação e graduação dos créditos - n.º 2.
Quando a execução embargada prossiga, nem o exequente nem qualquer outro credor pode
obter pagamento, na pendência dos embargos, sem prestar caução - n.º 4.
— Efeito da rejeição e aperfeiçoamento (artigo 734.º do CPC): Nos termos do n.º 1, o juiz
pode conhecer oficiosamente, até ao primeiro ato de transmissão dos bens penhorados, das
questões que poderiam ter determinado, se apreciadas nos termos do artigo 726.º, o
indeferimento liminar ou o aperfeiçoamento do requerimento executivo. E nos termos do n.º
2, rejeitada a execução ou não sendo o vício suprido ou a falta corrigida, a execução extingue-
se, no todo ou em parte.
Filipa R. G. 106