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Fundamentos do

programa de proteção
contra incêndios
Fundamentos do programa de proteção contra incêndios
 

    O plano de prevenção contra incêndios (PPCI) ou plano de


emergência contra incêndios (PECI) é um documento obrigatório
para todos os estabelecimentos, para que os mesmos possam
receber o alvará de funcionamento. Ele apresenta as providências
que devem ser tomadas para implantar, controlar, monitorar e revisar
os padrões de seguranças adotadas, de forma que seja possível
manter esses padrões e preservar as vidas e a propriedade.
 

A importância do PPCI
 

    Embora seja impossível prever todas as fontes de riscos e eliminar


completamente a ocorrência de incêndios, planejar e prevenir ainda é
a melhor forma de combater esse sinistro. Sempre que um incêndio
acontece ele será muito mais devastador e mortal em ambientes sem
planejamento. Se um edifício não possui um PPCI ele estará mais
vulnerável aos danos oriundos de um incêndio, tanto sua estrutura
física, quanto seus ocupantes.
    No Brasil, a ABNT NBR 15.219 regula o PPCI. Nesta norma estão
contidos as diretrizes para sua elaboração e seus requisitos básicos
para sua implantação, manutenção e revisão. Ou seja, de acordo
com a NBR 15.219 o PPCI não é um documento “morto”. Ele precisa
ser sempre revisado e atualizado para garantir que seus objetivos
básicos sejam atendidos.
    O plano deve ser elaborado por um profissional habilitado
conforme as exigências tanto das normas federais, quanto das
normas dos corpos de bombeiros locais. Este plano deve ser
auditado a cada doze meses por um profissional.
    Cabe ao corpo de bombeiros a responsabilidade de fiscalizar as
instalações de combate a incêndio e consequentemente no PPCI.
Sem este documento não é possível emitir alvarás para as
instalações comerciais, industriais, diversões públicas e alguns
edifícios comerciais.
    O PPCI define as medidas para instalação dos equipamentos de
proteção coletiva, que serão usados no combate as chamas em caso
de incêndio. Como os hidrantes, extintores, portas corta-fogo e
sprinklers. Ele também detalha as rotas de evacuação e sua
sinalização. 
    Podemos definir que os principais objetivos do PPCI são:
 

1. Prevenir a ocorrência de incêndios;


2. Definir medidas para dificultar a propagação dos incêndios;
3. Definir medidas de combate aos incêndios;
4. Permitir a evacuação segura do edifício;
5. Permitir o acesso ao edifício pelo corpo de bombeiros;
 

    
Como elaborar o PPCI
 

    O PPCI é de responsabilidade do proprietário ou


responsável legal pelo edifício e deve ser elaborado por um
profissional habilitado. Alguns estados exigem que o
profissional ou empresa que são responsáveis pela elaboração
do PPCI estejam vinculados não só ao CREA, mas também
sejam cadastrados no corpo de bombeiros. Vamos detalhar os
passos para elaborar um PPCI.
 
    Primeiro passo - Coleta de dados
 

    O profissional deve visitar a edificação ou área de risco para


se familiarizar com as características estruturais, operacionais e
humanas existentes. Para que o plano seja o mais adequado
possível a realidade do local é preferível que seja definida uma
equipe de “consultores” para auxiliar na coleta de informações
durante a visita ao local. Essa equipe deve ter a participação de
funcionários de todos os níveis, para que a visão mais holística
possível da empresa seja passada.
 

    Segundo passo – avaliação de riscos


 

    Após a coleta de dados sobre o local, o profissional deve


fazer uma avaliação dos riscos de incêndio. Ele deve propor
medidas para eliminação destes de forma a minimizar a
probabilidade geral de ocorrência de incêndios. Aqueles riscos
que não forem passiveis de eliminação serão tratados no PPCI.
Nesta etapa o profissional deve ficar atento as politicas e
programas internos, pois o plano de emergência não pode
entrar em conflito com estes. 
Durante a avaliação de riscos o profissional responsável deve:
 

1. Identificar operações e serviços críticos (aspectos mais


vulneráveis da operação);
2. Identificar as capacidades de recursos internos e externos;
3. Listar as emergências potenciais;
4. Avaliar o potencial de impacto humano e material.
    
Terceiro passo – A elaboração do PPCI
 
    O PPCI deve ser elaborado por escrito, de acordo com as
exigências das normas técnicas sob as quais estiver regido e
assinado pelo profissional responsável e pelo proprietário do
edifício ou área de risco. 

    
O que o PPCI deve conter
 

    O PPCI deve conter no mínimo cinco componentes básicos:


Caracterização da edificação, procedimentos básicos de emergência
contra incêndios, plano de abandono, previsão de exercícios
simulados e planta de emergência.
 

1. Caracterização geral da edificação


 

 Características estruturais, ocupacionais e humanas da


edificação. Riscos e recursos relevantes para o
desenvolvimento de ações de emergência e abandono.
 

2. Procedimentos básicos de emergência contra incêndios;


 

 Procedimentos descritos de forma sequencial, o PPCI


deve apresentar fluxogramas dos procedimentos
estabelecidos.
 Os procedimentos básicos devem ser definidos da
seguinte maneira:
 

a. Alerta – procedimentos a serem tomados ao se identificar


a emergência;
b. Apoio ao corpo de bombeiro – procedimentos para
contatar o CB e informar a situação de emergência;
c. Análise da situação – procedimentos para averiguar a
emergência;
d. Apoio externo – procedimentos para contatar outros
órgãos, quando necessário;
e. Primeiros socorros – procedimentos para socorro de
vítimas, antes que profissionais cheguem ao local;
f. Eliminação de riscos – procedimentos de eliminação de
fontes de riscos (quando possível e necessário);
g. Abandono de área – procedimentos de evacuação total
ou parcial;
h. Isolamento de área – procedimentos de isolamento para
evitar aproximação de pessoas; 
i. Confinamento do sinistro – procedimentos de combate ao
sinistro, impedindo sua propagação;
j. Extinção -  procedimentos de combate ao princípio de
incêndio;
k. Registro de eventos – procedimentos para documentação
da ocorrência.
 

3. Plano de abandono:
 

 Deve conter a identificação de todos os participantes com


suas respectivas responsabilidades. Os tipos de
abandono são:
 

a. Abandono orientado: alguns ocupantes da edificação ou


brigadistas posicionam-se de forma a orientar os outros
ocupantes. Usado em edificações onde nem todos
conhecem os procedimentos;
b. Abandono coordenado: neste tipo de abandono alguns
ocupantes ou brigadistas assumem funções e
responsabilidades específicas. Usado em edificações onde
a maior parte dos ocupantes conhecem os procedimentos;
 

4. Previsão de exercícios simulados;


 

 Deve ser informada a frequência de exercícios simulados


por ano, respeitando a exigência mínima em legislação.
 

5. Plantas de emergência;
 

a. Rotas de fuga, escadas e saídas de emergência;


b. Localização dos extintores e hidrantes;
c. Localização dos acionadores manuais e da central de
alarmes;
d. Localização dos principais riscos;
e. Descrição dos procedimentos de abandono.

Implementação e gerenciamento do PPCI


 

    Implementar o PPCI não significa apenas executá-lo no caso de


uma emergência. Executar o PPCI engloba a integração entre ele e
as operações da companhia, o treinamento dos funcionários e a
execução das recomendações para mitigação das vulnerabilidades e
avaliação do plano.
    O plano deve ser avaliado pelo menos uma vez por ano. É preciso
avaliar se os riscos ainda são os mesmos, se os dados dos
participantes estão atualizados, se os objetivos dos treinamentos
estão sendo alcançados, se o plano ainda é relevante frente a
mudanças nos processos e layout da empresa, dentre outros
aspectos.
    
Treinamento de equipes
 

    O treinamento da equipe é uma etapa crucial para que o PPCI


seja seguido corretamente em caso de emergência. Não adianta os
funcionários terem conhecimento da disposição dos extintores se
eles não souberem como utilizá-los e qual o agente extintor escolher
em situação de emergência.
    É preciso definir as responsabilidades de cada pessoa pra o plano
de treinamento, deve ser considerado as necessidades de
treinamento e de informações para todos os grupos que podem estar
ocupando o edifício durante um sinistro: empregados, terceirizados,
visitantes e aqueles com papel designado no plano. Deve estar bem
definido: quem será treinado, quem será o treinador, quais os tipos de
treinamento desenvolvidos, quando ocorrerão as sessões e como
serão documentadas as atividades do treinamento.
As atividades do treinamento podem ser:
 

 Sessões de orientação e educação: passar informações,


responder dúvidas.
 Simulados do tipo jogo de mesa: discutir usando plantas as
funções dos membros da equipe.
 Simulacros do tipo walkthrough: a equipe exerce suas funções
em campo, simulando a situação real;
 Simulacros com exercícios funcionais: treinamento de funções
específicas, como notificação de emergência, resposta médica,
etc.
 Treinamento de evasão: o pessoal faz uma caminhada pela
rota de fuga e discute possíveis fontes de risco.
 Simulacros com exercício em escala real: simulação de uma
emergência, o mais próximo possível de uma emergência real.
 
Atividade Extra 
Assista ao vídeo “Simulado de abandono parcial de área”, onde
é possível observar como acontece uma simulação de abandono
realizada pelo corpo de bombeiros (Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?
v=3sPocLFvXVY&ab_channel=CidadedosLagosBairroPlanejado>). 
 
Referência Bibliográfica
SEITO, A. I. et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São
Paulo: Projeto editora, 2008.
 

Corpo de bombeiros do Rio Grande do Sul. Resolução Técnica


CBMRS N.º 05 — Parte 1.1. Processo de Segurança Contra
Incêndio: Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio na
Forma Completa. 2016.
 

Corpo de Bombeiros do estado do Rio de Janeiro (CBMERJ). Nota


Técnica nº 2-10. Plano de emergência contra incêndio e pânico
(PECIP).  2019.
 
 

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