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ISSN: 2525-8761
RESUMO
A desatenção é a sintomatologia predominante do TDAH em adultos, porém os sintomas
hiperativo-impulsivo tendem a ser mais graves. Essas sintomatologias podem sugerir o
diagnóstico, porém apenas a presença de todos critérios do DSM-V realiza o diagnóstico.
Além disso, diversas comorbidades principalmente as psiquiátricas podem mascarar ou
agravar o TDAH. Há também dificuldades no diagnóstico em adultos, que podem ser
reduzidas com a completação de relato de pessoas próximas ao paciente, pois nem sempre
as crianças têm consciência dos sintomas e porque a memória não é fidedigna. É com
base nesse cenário que a presente pesquisa realizou uma revisão sistemática com o
objetivo de discorrer sobre as dificuldades do diagnóstico de TDAH em adultos de acordo
com o DSM-V. Ela incluiu 11 artigos analisados que foram encontrados com os
descritores: diagnóstico/ diagnosis, TDAH/ADHD, adulto/adult e DSM-V na plataforma
EBSCOhost no período de 2017 a 02 de março de 2022. Esta revisão apontou que o
TDAH em adultos é subdiagnosticado mesmo em pacientes que realizam
acompanhamento médico, acarretando em piores condições de vida e os homens tendem
ser menos prevalentes na idade adulta porque as mulheres buscam mais atendimento. O
DSM-V, em alguns artigos, aumentou a sensibilidade diagnóstica de TDAH. Contudo
foram encontrados poucos trabalhos que investigam todos os critérios diagnósticos
adequadamente. Portanto, mais estudos sobre triagem e diagnóstico do TDAH em adultos
são necessários.
ABSTRACT
Inattention is the predominant symptom of ADHD in adults, but hyperactive-impulsive
symptoms tend to be more severe. These symptoms may suggest the diagnosis, but only
the presence of all DSM-V criteria makes the diagnosis. In addition, several
comorbidities, especially psychiatric ones, can mask or worsen ADHD. There are also
difficulties in the diagnosis in adults, which can be reduced by completing the report from
people close to the patient, as children are not always aware of the symptoms and because
the memory is not reliable. It is based on this scenario that the present research carried
out a systematic review with the objective of discussing the difficulties of diagnosing
ADHD in adults according to the DSM-V. It included 11 analyzed articles that were found
with the descriptors: diagnosis/ diagnosis, ADHD/ADHD, adult/adult and DSM-V on the
EBSCOhost platform in the period from 2017 to March 2, 2022. This review pointed out
that ADHD in adults is underdiagnosed even in patients undergoing medical follow-up,
resulting in worse living conditions and men tend to be less prevalent in adulthood
because women seek more care. The DSM-V, in some articles, increased the diagnostic
sensitivity of ADHD. However, few studies were found that investigate all diagnostic
criteria adequately. Therefore, more studies on screening and diagnosing ADHD in adults
are needed.
1 INTRODUÇÃO
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) inicia na infância e
é caracterizada por persistência de hiperatividade-impulsividade e/ou desatenção que
interfere no desenvolvimento (APA, 2016; GAGLIARDI; TAKAYANAGUI, 2019;
SADOCK; SADOCK; RUIZ, 2017).
O Distúrbio do neurodesenvolvimento mais comum na infância é o TDAH, o qual
foi definido como uma enfermidade que remitia na adolescência ou nos adultos jovens,
sem influência na idade adulta. Entretanto, atualmente, o TDAH em adultos é
determinado pela persistência do TDAH infantil (GAGLIARDI; TAKAYANAGUI,
2019; GENÇ et al., 2021; LEFLER et al., 2020). Isso é refletido pela estimativa de
prevalência nas crianças (05 a 08%) ser maior do que nos adultos é menor, 2,5 a 4,4%
(APA, 2016; SADOCK; SADOCK; RUIZ, 2017).
Essa enfermidade predomina em homens na infância e na idade adulta (APA,
2016; GAGLIARDI; TAKAYANAGUI, 2019; SADOCK; SADOCK; RUIZ, 2017),
porém, quando adultos apresenta uma diferença proporcional menor (LEFLER et al.,
2020). O sexo feminino comumente inicia-se mais com manifestações de desatenção em
relação ao sexo masculino, e por isso, pode receber o diagnóstico mais tardiamente ou
passar despercebido em comparação aos pacientes com predominância do quadro
hiperativo-impulsivo (APA, 2016; SADOCK; SADOCK; RUIZ, 2017). Ainda, as
2 METODOLOGIA
Realizou-se uma revisão sistemática da literatura tomando como base as 6
primeiras fases para o planejamento deste estudo. Inicialmente, foi formulado o
questionamento: O DSM V amenizou as dificuldades diagnósticas do TDAH em adultos?
Em seguida, foi delimitada as fontes de pesquisa e os critérios de inclusão e exclusão dos
textos. O quarto passo foi a confecção do resumo de cada trabalho, os quais,
posteriormente, foram agrupados para análise e apresentação dos dados. Por fim, foi
realizada a interpretação dos dados (ROTHER, 2007).
A pesquisa foi realizada na base de dados SciELO Brasil e na plataforma do
Sistema Integrado de Bibliotecas (SIB), fornecida pela EBSCOhost, a qual permitiu o
acesso às bases selecionadas (MEDLINE, Academic Search Premier, MEDLINE with
Full Text, APA PsycArticles SciELO). O rastreio foi realizado com base na combinação
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta revisão sistemática agrupou diversas amostras relativamente restritas com
características específicas como o diagnóstico prévio de algum transtorno. O quadro 01
resume as informações gerais das 10 pesquisas empíricas incluídas.
com o DSM-V em relação ao DSM-IV. A pesquisa a seguir também não permite essa
observação.
Ela encontrou que o limiar das subescalas de desatenção e hiperatividade-
impulsividade ASRS-V1.1 TH foram respectivamente, 14/36 e 10/36 (KIATRUNGRIT
et al., 2017). Esses resultados permitem duas reflexões uma é que os sintomas de
desatenção são mais comuns na idade adulta, mesmo em pacientes hígidos e isso
aumentaria o limiar de rastreio de sintomas patológicos de desatenção. E a outra é que a
sintomatologia hiperativa-impulsiva do TDAH é mais grave que a desatenta e por isso
apresenta um limiar menor. Entretanto, a próxima pesquisa demonstrou que não houve
melhora do rastreio.
Embora tenha ratificado a literatura ao encontrar que participantes com TDAH,
apresentaram maior gravidade devido a mais histórico de traumas, tentativas de suicídio,
transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), internações psiquiátricas e de reabilitação.
E tenha justificado que alta quantidade de falsos negativos com os pontos de corte 4/6 e
14/24 em relação a literatura se deva ao período inicial no CCC, porque as demandas
aplicadas aos pacientes são significativamente maiores em ambiente familiar, acadêmico
e profissional sendo os sintomas de TDAH manifestados e prejudiciais de acordo com a
demanda impostas ao indivíduo (BASTIAENS; GALUS, 2018).
Assim, o desempenho dos Rastreadores ASRS-4 e ASRS-5 não apresentou
diferença significativa entre eles e apenas o ponto de corte 12/24 apresentou desempenho
admissível. Apesar das atualizações do DSM-V, aproximadamente 20% dos casos de
TDAH continuaram não identificados no Rastreador ASRS. Além disso, essa pontuação
de corte foi menor do que a recomendada na literatura, o que demonstra que o valor
positivo do rastreador necessita ser corrigido para a amostra (BASTIAENS; GALUS,
2018).
Enquanto os resultados de um trabalho anterior permitem inferir que a triagem de
TDAH pelo ASRS baseado no DSM-V pode gerar uma menor taxa de subdiagnósticos,
apesar de comparar diferentes amostras e em períodos distintos.
Este trabalho evidenciou que a ASRS-J em relação a versão original do ASRS
para a população geral, tem uma maior sensibilidade, menor especificidade e menos
resultados falsos negativos. Além disso, ratifica que outros distúrbios psiquiátricos podem
simular a sintomatologia do TDAH e que os sintomas de TDAH podem diminuir ao
passar da idade (TAKEDA; TSUJI; KURITA, 2017).
não conseguir perceber os sintomas iniciais. Dessa forma, o critério B pode impedir o
diagnóstico de pacientes sintomáticos e com altos prejuízo socias e laboratoriais.
A apresentação mais predominante foi a desatenta com 51% dos casos, enquanto
a combinada esteve em 40,8%, o que reflete a clínica predominante no adulto. Além disso,
mostrou que, ter um maior número de sintomas (como na apresentação combinada) não
reflete obrigatoriamente um maior número de comorbidades e/ou comprometimento
funcional (CHAN, 2017).
A proporção do sexo masculino e feminino no ambulatório psiquiátrico neste
estudo foi de 01,4:01 o que é semelhante aos dados da população infantil. Assim, o estudo
demostrou que o TDAH não apresentar maior risco de persistir no sexo feminino.
Contudo, na idade adulta, os homens podem ser menos prevalentes devido as mulheres
serem mais dispostas a buscar ajuda. Ainda, foi visto que a presença de sintomas atuais
insuficientes para o diagnóstico de TDAH não foi compatível com uma melhora
significativa do funcionamento (CHAN, 2017).
A AISRS apresenta 18 sintomas classificados de 00 a 03 dependendo da
intensidade. Nesse estudo, foi considerado sintomas elevados de TDAH uma pontuação
> 23/54 e foi identificado 12,8% com essa característica, mas, apenas 03,4% apresentaram
diagnóstico de TDAH pelo DSM-V. Um fator que contribui para a presença de sintomas
serem cerca de 04 vezes maior que o diagnóstico foi o critério de que os sintomas devem
aparecer antes dos 12 anos de idade, apesar do diagnóstico na população geral (2,5%) ser
menor. É valido pontuar que nenhuma participante tinha diagnostico prévio à pesquisa, o
que demonstra o subdiagnóstico de TDAH em pacientes ambulatoriais (POWELL et al.,
2021).
Além disso, foi visto que o TDM e os sintomas ansiosos podem mascarar
Transtornos do Neurodesenvolvimento e que o TDAH é agravado pelo comprometimento
causado pelo TDM. É importante citar que a falha terapêutica com fármacos de 1ª linha
para TDM pode sugerir a presença de outra comorbidade (POWELL et al., 2021) e a
necessidade de diagnósticos diferenciais.
A fibromialgia é outra comorbidade que pode estar associada ao TDAH. O grupo
com fibromialgia apresentou maior proporção e duração média de doença psiquiátrica.
Entretanto, a intensidade da dor e duração da fibromialgia não apresentou diferença
significativa nas mulheres com e sem TDAH (YILMAZ; TAMAM, 2018). Isso está
relacionado ao TDAH ter alta comorbidade psiquiátrica, porém, mais estudos são
4 CONCLUSÃO
A maioria dos estudos indicaram que o TDAH em adultos é subdiagnosticado
acarretando em piores condições de vida e que é dificultado pela maleabilidade da
memória. Além disso, alguns artigos encontraram que as mudanças do DSM-V
facilitaram a identificação da sintomatologia e do diagnóstico de TDAH, contudo foi
encontrado poucos trabalhos que investigam adequadamente todos os critérios
diagnósticos do DSM-V.
Percebe-se que o diagnóstico de TDAH no adulto permanece desafiador e que
todas as características do TDAH são importantes para exclusão de outros transtornos,
seu diagnóstico e terapêutica. Produção, divulgação científica e treinamento das equipes
são partes fundamentais da correta difusão dos conhecimentos sobre o assunto com
consequente melhor abordagem no cuidado à pessoa com TDAH.
Assim, mais estudos são necessários tanto para uniformizar os diversos
questionários de avaliação e triagem do TDAH em adultos a partir do DSM-V, com a
finalidade de minimizar o subdiagnóstico na população adulta em geral e nos seus
subgrupos. Quanto para analisar se as mudanças do DSM-V amenizaram as dificuldades
do diagnóstico e se mais alteração são necessárias pra minimizar esses problemas.
REFERÊNCIAS
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