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Autores
Cesar Augusto Cavalcante Valente - 26126394
David Fadul Neto – 26151124
Regina Cleia Ribeiro Coutinho – 26080198
Rone Estuart Pinheiro Viana – 26154080
Professor Leonardo Amaral
Universidade da Amazônia - Unama
Direito 7NNA – Trabalho de Graduação
RESUMO
Este documento visa retratar a diferença entre o instituto da exclusão por indignidade e
o instituto da exclusão por deserdação, dentro da linha sucessória.
INTRODUÇÃO
INDIGNIDADE
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CONCEITO
HIPÓTESES DE INDIGNIDADE
Para que ocorra a indignidade, é mister que o herdeiro excluído tenha praticado, em
síntese, Atos contra a vida, contra a honra e contra a liberdade de testar do autor da
herança, como descreve o Art. 1814 do Código Civil - Lei 10406/02.
HOMICÍDIO
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Código Cível, visto que a sentença criminal produz efeitos de coisa julgada e licito não
será reconhecer a indignidade no juízo cível.
O Mestre Luiz Paulo Vieira de Carvalho considera indigno não só aquele que for
considerado autor, coautor ou partícipe de homicídio doloso ou tentativa (art. 14, inciso
II, do CP) em face do hereditando – excluindo-se assim o autor do homicídio culposo,
indispensável a comprovação de que o ofensor agiu voluntária e intencionalmente
quando realizou o comportamento reprovável –, mas também em face do seu cônjuge,
do seu companheiro, seus ascendentes ou descendentes, tutelando-se a vontade
presumida do ofendido de punir o ofensor, podendo, sob tal acepção, ter ocorrido o fato
gerador da indignidade anteriormente ou até mesmo após a abertura da sucessão”.
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A segunda parte do inciso II art. 1.814 refere-se a prática de crimes contra a honra do
hereditando. Elencados no artigo 138, 139 e 140 do Código Penal, são eles: calunia
difamação e injuria.
Os crimes contra a honra precisam de ação condenatória, visto que no dispositivo
refere-se a herdeiros que incorreram em crimes contra a honra do de cujus, assim,
conclui-se que o reconhecimento da indignidade, nas hipóteses questionadas, no juízo
da sucessão, depende de previa condenação do juízo criminal.
DA LIBERDADE DE TESTAR
A terceira classe dos indignos constata atos contra a liberdade do autor da herança. Se
alguém por violência ou meios fraudulentos obstar que a liberdade da pessoa seja
inferida, pratica atos contra a liberdade do falecido. A violência entende-se tanto física,
moral ou psicológica.
Esse dispositivo tem como objetivo garantir a plena liberdade de disposição por parte do
de cujus de testar. O Código Civil, ao prescrever essa causa de indignidade, teve o
intuito de defender a liberdade de disposição do de cujus, punindo o herdeiro que,
fraudulenta, dolosa ou coativamente, praticar atos, omissões, corrupção, alterações,
falsificações, inutilização, ocultação, atentando contra essa liberdade ou ostentando a
execução do ato de última vontade.
A professora Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto foi muito feliz em afirma
que no direito pátrio, o reconhecimento da indignidade não depende de prévia
condenação do indigno no juízo criminal. Não há interdependência entre as duas
jurisdições; a prova da indignidade pode ser produzida no juízo cível. Mas, se há
sentença no juízo criminal, absolvendo o réu, por não lhe ser imputável o fato, ou por
não ter este existido, não mais será possível questionar a respeito no juízo cível, de
acordo com o art. 935 do Código Civil de 2002. A sentença criminal produz efeito de
coisa julgada e lícito não será reconhecer a indignidade no juízo cível.” (MONTEIRO,
2010, p. 64)
REABILITAÇÃO DO INDIGNO
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expressamente reabilitado em testamento,
ou em outro ato autêntico.
Isso faz da reabilitação um ato solene, por sujeitar-se à essa forma especial. Caso seja
anulado o testamento por qualquer vício de forma, não há que se negar a eficácia da
vontade que perdoou o indigno. O perdão somente será prejudicado caso o testamento
seja anulado por vício de vontade, não podendo ser válido e eficaz. Portanto, a
reabilitação resulta-se no perdão do indigno, de forma que só deverá ser praticado pelo
ofendido, não sendo válido se realizado por outrem, dessa forma, trata-se de uma
peculiaridade personalíssima. Segundo Venosa (2013) o ato de perdoar não está
relacionado a palavras textuais, nem mesmo descrição dos fatos que levaram ao perdão,
e sim, na vontade inequívoca de perdoar. Destarte, uma vez que o perdão se
concretizou, não há mais que se falar em deserdação, excluída a hipótese de sua
exclusão da sucessão. No entanto, uma vez que foi declarada em cédula testamentária,
subsiste mesmo que o testamento tenha sido revogado, pois é irretratável. A reabilitação
do indigno só se dará por concreta no momento da abertura da sucessão, apurando-se a
necessidade de suceder, pois antes desta, não há a reaquisição da capacidade sucessória
no incurso em indignidade. No que concerne a natureza jurídica da reabilitação, esta se
dá por controvertida, pois se a vontade for presumida, o perdão indica a falsidade da
presunção. Em sentido contrário, a verdade se mostra real, dado que foi expressa. Dessa
forma, o perdão do ofendido verdadeiramente, indica a causa imediata da reabilitação
DESERDAÇÃO
CONCEITO
HIPÓTESES DE DESERDAÇÃO
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causas previstas em lei. Podem ser tanto aquelas idênticas às de indignidade como as
novas elencadas pelos art.1.962 e 1.963 do Código Civil. Ao analisar as hipóteses
ensejadoras, vemos que o art.1.962 trata das causas em que os ascendentes podem
deserdar os descendentes, ao passo que o art.1.963 trata da situação inversa, criando
situações díspares, criticadas pela doutrina. Dizem tais normas:
Art. 1.962. Além das causas mencionadas
no art. 1.814, autorizam a deserdação dos
descendentes por seus ascendentes:
I – ofensa física;
II – injúria grave;
III – relações ilícitas com a madrasta ou
com o padrasto;
IV – desamparo do ascendente em
alienação mental ou grave enfermidade.
Art. 1.963. Além das causas enumeradas no
art. 1.814, autorizam a deserdação dos
ascendentes pelos descendentes:
I – ofensa física;
II – injúria grave;
III – relações ilícitas com a mulher ou
companheira do filho ou a do neto, ou com
o marido ou companheiro da filha ou o da
neta;
IV – desamparo do filho ou neto com
deficiência mental ou grave enfermidade.
Vejamos de forma pormenorizada tais causas. A ofensa física não carece gravidade,
resquício, corpo de delito ou dor. Basta qualquer forma de agressão, justificando Sílvio
de Salvo Venosa que o cerne é o desrespeito. Não há necessidade de condenação penal.
O que é levado em consideração é o mau tratamento corporal. Há necessidade de
contato físico. Ameaças, intimidações, promessa de agressão futura, que amedrontem ou
assustem a vítima não são causas de ofensa física; são tipificadas como injúria grave,
causa do inciso II. Ressalva Sílvio de Salvo Venosa que “a exemplo do direito penal,
pode ser deserdado o herdeiro que foi o autor intelectual da agressão praticada por
outrem”. Segunda causa é a injúria grave. Aqui, ao contrário da agressão física, a lei
exige um grau de gravidade para a aplicação da pena de deserdação. A forma de
exteriorização da injúria pode ser a palavra, por meio da expressão verbal, oral ou por
escrito (telegrama, cartas, bilhetes etc), bem como atos (gestos obscenos, condutas
desonrosas), como elenca Zeno Veloso, acrescentando que “sem dúvida, o
comportamento insultoso, as atitudes afrontosas e ultrajantes de um filho podem injuriar
mais gravemente o pai, maltratá-lo de forma mais intensa e profunda, do que palavras
ofensivas”. Nelson Hungria, parafraseado por Zeno Veloso, define injúria:
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honrabilidade. Se na calúnia ou na
difamação o agente visa, principalmente,
ao descrédito moral do ofendido perante o
terceiro, na injúria seu objetivo primacial é
ferilo no seu brio ou pudor.” - Zeno Veloso
grifa que o conceito civil é mais amplo que
o penal.
Sílvio de Salvo Venosa leciona que é necessário examinar determinadas condições:
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mesmas justificativas são necessárias declinar na ocorrência dos outros motes de
deserdação. Não são necessários detalhamentos; contudo, inegável que facilitariam o
processo de prova pelo herdeiro ou pelo interessado na ação judicial própria, razão pela
qual são aconselháveis. Elza de Faria Rodrigues, tabeliã de notas de Osasco, São Paulo,
traz exemplo de cláusula testamentária com descrição da situação:
Acerca dessa redação exemplificativa, cumpre destacar que, se a deserdação for feita em
termos amplos, a presunção é a de que atinge também a parte disponível. “No silêncio
da vontade do disponente, a vocação é da ordem legítima, em toda a herança”, como
leciona Sílvio de Salvo Venosa. Portanto, tanto o objeto da deserdação será a
universalidade da herança como o destino dos bens que caberiam ao deserdado será a
aplicação conforme a ordem da vocação hereditária, salvo determinação contrária em
testamento. Zeno Veloso hasteia a possibilidade de a deserdação ser parcial, ao
contrário de tantos outros juristas brasileiros. Sustenta ele tal ideia na ausência de
proibição legal em nosso ordenamento e na possibilidade praticada em outros países,
como Chile, Bolívia e Alemanha, este último por construção doutrinária. Ainda quanto
aos cuidados com a redação, a disposição deve ser explícita, direta, clara e induvidosa,
não podendo subordinar-se a deserdação a termo ou condição, ou seja, a evento futuro e
incerto, a teor do art. 121 do Código Civil.
A deserdação pode ser instituída em qualquer forma de testamento, inclusive as
especiais, uma vez inexistente qualquer restrição legal. A maciça doutrinada tende a
aplicar o perdão, previsto no art. 1.818 do CC para os casos de indignidade, para o
instituto da deserdação. O perdão extinguiria a deserdação, o que pode ser feito com a
revogação do testamento ou elaboração de novo sem a repetição da deserdação.
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DESERDAÇÃO X INDIGNIDADE
A indignidade atinge herdeiros e legatários e só pode ser declarada por sentença, logo, é
necessário ingressar com uma ação de indignidade, prevista no art. 1.185 do Código
Civil.
Vale lembrar que, como se trata de um processo judicial, ao pretenso indigno será
garantido o direito ao contraditório e ampla defesa. O Ministério Público não está
legitimado a propor essa ação.
Enquanto que a deserdação atinge somente o herdeiro necessário. Se manifesta por ato
de vontade do autor da herança por meio do testamento, sendo assim somente o autor da
herança pode deserdar, sendo que esse ato precisa ser fundado em motivo legal.
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A deserdação só atinge os herdeiros necessários. É praticada antes da abertura da
sucessão, em disposição de última vontade. As causas são as mesmas da indignidade (art.
1814) e também as previstas nos arts. 1.962 e 1.963.
Pelo fato do artigo 1.814 se tratar de sanção, não se pode fazer interpretação extensiva
para incluir a possibilidade de instigação ou auxílio ao suicídio. Não há necessidade de
sentença condenatória transitada em julgado. Em caso de decisões contraditórias no cível
e no criminal, se ainda estiver no prazo da rescisória, pode haver modificação. O crime de
calúnia previsto no inciso II do mesmo artigo não exige a condenação criminal, mas tão
somente a instauração de um processo judicial. A Violência ou fraude citada no inciso III
serve para inibir ou obstar a livre disposição dos bens, pelo autor da herança.
Há de se observar que o novo Código Civil, em seus artigos 1.962 e 1.963 apenas se
refere às causas de deserdação entre ascendentes e descendentes. Não menciona as causas
de deserdação do cônjuge ou companheiro. Por se tratar de sanção, a interpretação deve
ser restritiva. Portanto, o cônjuge ou companheiro não pode ser deserdado.
As semelhanças entre as causas de exclusão da sucessão por indignidade e por
deserdação, estão todas vinculadas a ofensas à integridade física ou à honra, bem como
questões morais relativas a convivência familiar. Todos os motivos se fundamentam na
quebra dos laços de afeto, consideração e respeito que deveriam existir entre o autor da
herança e aqueles que o vão suceder. Assim, por exemplo, não é admissível que alguém
que atentou contra a vida do de cujus venha se beneficiar dos bens que ele deixou.
CONCLUSÃO
O trabalho teve como finalidade diferenciar dois grandes, e por muitos até
desconhecidos, institutos do Direito Sucessório Brasileiro. Conceituou-se cada um
deles, assim como observou-se de que forma se apresenta a causa e o efeito de cada
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exclusão de forma concisa, as maneiras em que se priva o sucessor de seu direito à
herança e à sua reabilitação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
VELOSO, Zeno. Comentários ao Código Civil: parte especial: direito das sucessões, v.
21 (arts. 1.857 a 2.027). AZEVEDO, Antônio Junqueira de (Coord.). São Paulo:
Saraiva: 2003.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito das sucessões. V.7. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2005.
http://www.ibdfam.org.br/noticias/6180/Indignidade
%3A+herdeiro+que+atenta+contra+a+vida+e+a+honra+do+hereditando+perde+di
reito+sucess%C3%B3rio
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/a-indignidade-no-direito-das-
sucessoes/
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