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AO JUÍZO DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA – ESTADO

DO PARANÁ.

Autos nº 0000277-05.2013.8.16.0013

JAIR PESSOA DA SILVA, devidamente qualificado, vem,


respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio do seu advogado, expor e requerer o
que se segue.

Analisando os autos, constata-se que as alegações finais de todos os


acusados foram apresentadas até 23 de janeiro deste ano, sendo o processo concluso para
sentença (mov. 1485).

Vossa Excelência, ao mov. 1486.1, determinou a remessa dos autos


ao Ministério Público para que se manifestasse sobre as teses preliminares trazidas pelas
defesas, o que foi feito pelo Parquet em sua manifestação de mov. 1526.

Rua: Engenheiro Rebouças, 350 – Jd. Botânico - Curitiba-Paraná.


Ocorre, MM., que tal prática reverte o sistema processual
acusatório, o qual determina que o réu, através de seu representante legal, é o último a se
manifestar.

A manifestação ministerial após a apresentação das alegações finais


pelas defesas, trata-se de inovação processual, não prevista legalmente.

Além da inversão do sistema processual acusatório, entende-se que


este procedimento tumultua o processo e compromete o princípio da correlação e a
estabilidade que deve caracterizar os processos penais.

Nesse sentido, o art. 403 do Código de Processo Penal prevê que


“não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações
finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa,
prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença”.

Ou seja, ainda que a defesa traga tese de nulidades ou mesmo


apresente tese defensiva diferente da Resposta à Acusação, não há que se falar em surpresa
para a acusação, eis que esta é igualmente responsável em refutar nulidades e não permitir
que tais se convalidem, resolvendo-se, nesse caso, pela interpretação do julgador, eis que a
defesa sempre será a última a apresentar suas alegações finais. Inverter tal ordem, com
máxima vênia, viola o dispositivo legal.

Rua: Engenheiro Rebouças, 350 – Jd. Botânico - Curitiba-Paraná.


Além disso, a manifestação da acusação depois das alegações finais
defensivas viola o próprio contraditório, o qual garante ao réu a oportunidade de
contraposição às acusações e influência no resultado do processo.

Referida garantia impõe a condução dialética do processo, pois a


todo ato produzido pela acusação caberá igual direito da defesa de se opor e exibir a
versão que melhor lhe apresente, ou, ainda, de fornecer uma interpretação jurídica diversa
daquela feita pelo autor.

É possível verificar que o contraditório não foi devidamente


respeitado no caso em tela.

Foi nesse sentido que o Supremo Tribunal Federal decidiu ao julgar


o Habeas Corpus 166.373 PR. A ordem foi concedida para anular ato decisório do juízo
de primeiro grau, determinando-se o retorno dos autos à fase de alegações finais, para que
se abra vista ao delatado após a manifestação da acusação e do delator.

Conforme sustentado pelo Ministro Alexandre de Morais, “o direito


de falar por último está contido no exercício pleno da ampla defesa englobando a
possibilidade de refutar TODAS, absolutamente TODAS as informações, alegações,
depoimentos, insinuações, provas e indícios em geral que possam, direta ou
indiretamente, influenciar e fundamentar uma futura condenação penal, entre elas as
alegações do delator”.

Rua: Engenheiro Rebouças, 350 – Jd. Botânico - Curitiba-Paraná.


Assim, e com o intuito de colaborar com a lisura processual,
evitando-se futuras nulidades e manifestando-se oportunamente, entende a defesa, e requer
a V.exa., que seja aberto prazo para todos os acusados se assim desejarem, manifestarem e
contraporem argumentos às últimas alegações do Ministério Público, já que no sistema
acusatório, o último a se manifestar é a defesa do réu.

Termos em que
Pedem Deferimento

CARLOS BUENO
OAB/PR 58.637

Rua: Engenheiro Rebouças, 350 – Jd. Botânico - Curitiba-Paraná.

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