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RELATÓRIO - ESTÁGIO BÁSICO II - 2 Parte
RELATÓRIO - ESTÁGIO BÁSICO II - 2 Parte
Para essa fase do estágio básico em Psicologia foi necessário realizar entrevistas com adultos
e idosos que abaixo será descrito.
Adulto I: J.K., 40 ano, sexo feminino, parda, casada, 1 filho, pós-graduada em Educação,
professora da educação infantil há 16 anos, reside em uma cidade no Vale do Itajaí.
Adulto II: M.I.V., 40 anos, sexo feminino, parda, solteira, 2 filhos, Ensino Médio completo,
auxiliar de serviços gerais, reside em uma cidade do Vale do Itajaí.
Idoso I: A.N., 65 anos, casado, estudou até a 4ª série do Ensino Fundamental, pardo, de
classe média baixa, 2 filhos e mora com a esposa, reside em uma cidade do Vale do Itajaí.
Idoso II: A.C., 60 anos,sexo masculino,branco, casado, 3 filhos, ensino fundamental
completo, auxiliar de serviços gerais, reside em uma cidade do Vale do Itajaí.
ENTREVISTA DE ANAMNESE: ADULTO I
I. HISTÓRIA DE VIDA
Gestação (eventos marcantes? O que sabe sobre a sua gestação):
R.: “Não sei muito sobre isso, sei que minha mãe engravidou de um outro homem para se
vingar do marido dela, que eu reconheço como pai porque ele ajudou a me criar, só conheci
meu pai biológico quando tinha 18 anos, mas a minha mãe tentou várias vezes me abortar, ela
tinha um relacionamento muito difícil com meu pai, muitas agressões, muitos xingamentos,
enfim acho que não foi fácil quando minha mãe estava grávida de mim. Isso até hoje me
causa muita revolta, muita dor, quando eu descobri” (sic).
Desenvolvimento (aspectos marcantes: separação dos pais, morte de alguém, mudança de
cidade...):
R.: “Olha, eu tenho várias marcas, minha vida não foi fácil, eu fui criada por vários parentes,
isso tornou tudo muito difícil para mim, mas algo que me marcou muitíssimo foi a morte de
meu irmão mais novo, na enchente de 1992 em Blumenau, nós estávamos dormindo e a
parede do quarto caiu sobre nós ele morreu naquele dia, só tinha 1 ano e 8 meses, eu tentei
ajudar ele, mas não consegui, aquela parede caiu nas minhas costas, foi o pior momento de
toda minha vida.” (sic).
Características na infância (tímido, ativo, amistoso):
R.: “Minha mãe diz que eu era como 7 Marias, vivia indo a casa de todo mundo que eu
conhecia, mas não me lembro disso. Ela também diz que eu tinha muita dificuldade na fala,
mas que eu interagia com todos, quando eu cresci fiquei mais retraída.” (sic).
Percurso escolar (teve dificuldades de aprendizagem? Reprovou? Como era a relação com a
comunidade escolar):
R.: “Sempre fui ruim em matemática, mas nunca reprovei, sempre fui uma boa aluna.” (sic).
Relações sociais (tinha amigos? Tinha turmas para práticas de atividades esportivas ou de
lazer):
R.: “Nunca fui sociável, conversava com todos, mas sem muito envolvimento e intimidade,
não tenho muitos amigos, sempre fui muito desconfiada.” (sic).
Hospitalizações/cirurgias:
R.: “Só no dia do acidente da enchente, fora isso sempre fui saudável.” (sic).
I. HISTÓRIA DE VIDA
Gestação (eventos marcantes? O que sabe sobre a sua gestação):
R.: “Mamãe sofreu muito quando estava grávida de mim, papai bebia demais, era muito
violento, batia demais em mamãe, e ele não aceitava a gravidez de mamãe. Eu fico muito
triste,isso tudo me deixou muito triste quando eu descobri, mas eu respeito muito meu pai.”
(sic).
Desenvolvimento (aspectos marcantes: separação dos pais, morte de alguém, mudança de
cidade...):
R.: “Minha infância foi difícil, mas o que me marcou foi quando meu irmão pegou a arma de
papai e quis atirar nele porque ele batia demais na mamãe, aquilo eu não esqueço nunca,
aquela cena ficou gravada na minha memória.” (sic).
Características na infância (tímido, ativo, amistoso):
R.: “Eu era tímida demais, papai não dava liberdade para fazer nada, ele sempre repreendia a
gente.” (sic).
Percurso escolar (teve dificuldades de aprendizagem? Reprovou? Como era a relação com a
comunidade escolar):
R.: “Não tinha dificuldades.” (sic).
Relações sociais (tinha amigos? Tinha turmas para práticas de atividades esportivas ou de
lazer):
R.: “Não tinha amigos, era muito antissocial.” (sic).
Hospitalizações/cirurgias:
R.: “Não.” (sic).
II. PUBERDADE E ADOLESCÊNCIA
Relações sociais (interação com pares e com autoridade):
R.: “Quando eu tinha 11 anos eu fui reclusa, fiquei 8 anos, me envolvi com pessoas barra
pesada.” (sic).
História escolar (teve dificuldades de aprendizagem? Reprovou? Como era a relação com a
comunidade escolar):
R.: “Eu sofria muito, zombavam de mim, do meu cabelo, da minha classe social, foi difícil,
eu engravidei quando tinha 18 anos e um menino me empurrou da escada do CEDUP tive
descolamento da placenta, fiz atividades em casa e tudo, difícil.” (sic).
Problemas específicos da adolescência (gravidez; DST; drogas; bullying...):
R.: “Muitos problemas, me envolvi com drogas, usava e vendia, depois que fui presa meus
pais me rejeitaram, não queriam mais me ver, quando eu saí de lá eu percebi minhas escolhas
erradas.” (sic).
III. IDADE ADULTA
Escolaridade
Estuda? O quê?
R.: “Não estudo mais.” (sic).
Escolha profissional (como se deu a escolha?):
R.: “Não tive opções, tinha que trabalhar e foi o único lugar que me aceitou devido ao meu
histórico.” (sic).
Ocupação e situação atual:
R.: “Sou auxiliar de serviços gerais, hoje eu estou de boa, faço tudo certinho, não uso drogas,
quero poder proporcionar uma vida melhor para meus filhos, viver bem com meu
companheiro.” (sic).
Relações com colegas, chefes, subordinados e ambiente de trabalho:
R.: “Não é boa a convivência, porque eu sou daquelas que não deixa as coisas passarem,
principalmente se é algo errado eu tiro a limpo, eu não gosto de diz que me disse, e nesse
meio tem muito, já quase perdi meu emprego, mas não porque eu fiz coisas errada, mas
porque não gostam do meu jeito de ser.” (sic).
Número de empregos e duração (explorar motivo da troca):
R.: “Tive uns 5 empregos antes desse, tudo de auxiliar de serviços gerais, saí porque não me
adaptei, ou porque descobriram que eu fui presa, ou porque eu quis mesmo, porque ia
trabalhar drogada.” (sic).
Satisfação com o trabalho atual (possíveis problemas, estresse, esgotamento?):
R.: “Pouco, outro pouco é desgosto do que eu vejo de errado.” (sic).
Relações sociais
Relacionamento íntimo, qualidade da relação, sexualidade, satisfação (estado civil; qual a
satisfação com o relacionamento...):
R.: “Eu tenho um relacionamento com o pai de meus filhos já há 14 anos, ele me levou pro
mundo das drogas e das coisas erradas, mas depois que eu caí eu disse que não queria mais
aquela vida e ele saiu também daquilo tudo junto comigo, hoje lutamos para viver bem, para
que tudo que a gente fez antigamente não afete nossos filhos.” (sic).
Círculo de amizades (trabalho, amigos fora do trabalho, família, etc.):
R.: “Hoje eu posso dizer que tenho 1 amiga, aqui dentro do trabalho e lá fora, a mesma
pessoa que ela é aqui dentro comigo ela é lá fora, ela me ajuda muito, é a única que olhou pra
mim e me abraçou sem preconceito, sem julgamentos, minha família é meu tudo, mas papai e
mamãe eu quase não vejo porque moro longe, mas amo eles.” (sic).
Capacidade de se relacionar, interesses sociais e intelectuais (tem algum hobby, estudar
algum assunto por curiosidade e não por necessidade do trabalho, consegue fazer novas
amizades...):
R.: “Sou muito desconfiada, só dou abertura para quem eu bato o olho e vejo que é sincera, se
não nem dou confiança, só bom dia mesmo. Não tenho hobby, não estudo, já quis fazer
pedagogia para trabalhar com crianças, porque eu amo demais isso, mas é um sonho
impossível, então tenho sonho de visitar meus pais, porque eu não tenho condições.” (sic).
I. HISTÓRIA DE VIDA
Gestação (eventos marcantes? O que sabe sobre a sua gestação):
R.: “A história que meus pais me contaram e que eu levo comigo pra sempre, é do meu
nascimento, meus pais trabalhavam na roça, tinham a vida muito sofrida e precária, e minha
mãe grávida de mim iniciou o parto lá na roça mesmo, eu nasci debaixo de uma
mandioqueira.” (sic).
Desenvolvimento (aspectos marcantes: separação dos pais, morte de alguém, mudança de
cidade...):
R.: “Foi muito tranquilo, a morte dos meus pais foi algo muito forte na minha vida, porque
eles foram muito judiados na roça, eu sinto isso até hoje.” (sic).
Características na infância (tímido, ativo, amistoso):
R.: “Eu era tímido demais, tinha muita vergonha de falar com as pessoas, era muito retraído.”
(sic).
Percurso escolar (teve dificuldades de aprendizagem? Reprovou? Como era a relação com a
comunidade escolar):
R.: “Reprovei bastante, eu tinha que trabalhar com meus pais na roça, ajudar em casa, a
família era grande demais, éramos em 6 irmãos, e não gostávamos do que o pai e a mãe
passavam para nos sustentar, era praticamente escravidão, por isso tive que largar os
estudos.” (sic).
Relações sociais (tinha amigos? Tinha turmas para práticas de atividades esportivas ou de
lazer):
R.: “Eu cuidava muito da minha sobrinha, e acabava ficando mais perto das meninas, sempre
fiz bastante amizade com as meninas naquela época, mas porque eu cuidava da minha
sobrinha, porque meu irmão não cuidava dela, só vivia bebendo.” (sic).
Hospitalizações/cirurgias:
R.: “Quando eu tinha 11 anos meu apêndice estourou, quase morri, fiquei em coma, os
médicos disseram aos meus pais que eu não tinha chances de sobreviver, mas eu sou um
milagre.” (sic).
I. HISTÓRIA DE VIDA
Gestação (eventos marcantes? O que sabe sobre a sua gestação):
R.: “Quando minha mãe estava grávida de mim, ela tinha meu irmãozinho de colo de 4
meses, ela tinha 7 filhos eu seria o 8º, ela ficou apavorada com a situação porque não tinha
muitos recursos financeiros, tinha uma vida muito precária, mas ela teve fé e um dia uma voz
veio e falou no ouvido da mamãe dizendo que esse filho, que era eu, seria o filho que mais
contribuiria para a casa e para você e que eu cuidaria dela, assim minha mãe ouviu essa voz e
descansou no Senhor Deus.” (sic).
Desenvolvimento (aspectos marcantes: separação dos pais, morte de alguém, mudança de
cidade...):
R.: “ Meus pais se separam, ele fugiu com outra mulher e nos deixou e ficou 12 anos distante
de nós, quando ele retornou todo maltrapilho parecendo um mendigo, nós o acolhemos
novamente, minha mãe o perdoou e o recebeu como seu marido novamente e tudo ficou
diferente.”(.sic).
Características na infância (tímido, ativo, amistoso):
R.: “ Minha infância não foi muito boa, não gosto de falar dela.” (sic).
Percurso escolar (teve dificuldades de aprendizagem? Reprovou? Como era a relação com a
comunidade escolar):
R.: “Foi péssimo, eu apanhava dos colegas, da professora, do meu pai e não consegui
aprender muitas coisas, não aprendi quase nada.” (sic).
Relações sociais (tinha amigos? Tinha turmas para práticas de atividades esportivas ou de
lazer):
R.: “ Eu não gosto de me lembrar da minha infância, não tinha coisa boa, só tristeza.” (sic).
Hospitalizações/cirurgias:
R.: “Nenhuma, era muito saudável.” (sic).
III.IDADE ADULTA
Escolaridade
Estuda? O quê?
R.: “Não , eu terminei o primeiro grau com 35 anos e não estudei mais.” (sic).
Escolha profissional (como se deu a escolha?):
R.: “Necessidade financeira.” (sic).
Ocupação e situação atual:
R.: “Sou ajudante de serviços gerais.” (sic)
Relações com colegas, chefes, subordinados e ambiente de trabalho:
Número de empregos e duração (explorar motivo da troca):
R.: “Agora perdi a conta, mas trabalhei em vários lugares,em empresas grandes com
guindastes e guinchos, nas alturas, empregos de grandes riscos,em cidades e estados
diferentes.” (sic).
Satisfação com o trabalho atual (possíveis problemas, estresse, esgotamento?):
R.: “Esse meu trabalho atual é o que me deixou mais satisfeito, porque eu faço o que gosto,
outros empregos eu trabalhava porque eu necessitava, mas o atual eu gosto por isso me sinto
satisfeito.” (sic).
Relações sociais
Relacionamento íntimo, qualidade da relação, sexualidade, satisfação (estado civil; qual a
satisfação com o relacionamento...):
R.: “Eu sou muito sentimental, sou frágil, sou romântico e casado, sou muito feliz com minha
esposa, faço de tudo para deixar ela feliz, porque se ela estiver feliz eu também fico.” (sic).
Círculo de amizades (trabalho, amigos fora do trabalho, família, etc.):
R.: “ Nesse sentido eu me sinto bem em falar que me dou bem com todos, gosto de fazer
amizades com todos, me relaciono bem com qualquer um, onde eu vou eu consigo ter uma
postura dinâmica de conseguir o contato com as pessoas.” (sic)
Capacidade de se relacionar, interesses sociais e intelectuais (tem algum hobby, estudar
algum assunto por curiosidade e não por necessidade do trabalho, consegue fazer novas
amizades...):
R.: “Como eu disse antes eu gosto de fazer amizades por eu passo, meu hobby é fazer o bem
aos que estão perto de mim, eu fico grato demais quando consigo fazer alguém sorrir.” (sic).
Após a entrevista, foi realizado o Mini Exame do Estado Mental, que é um teste para avaliar
a função cognitiva, que é utilizado como instrumento de rastreamento. Abaixo estão expostos
os resultados.
ARTICULAÇÃO TEÓRICO PRÁTICO
O início da vida adulta é considerado o ciclo mais longo do desenvolvimento humano. Essa
fase é marcada por incertezas e expectativas. Dentro das transformações que esse período
remete, há uma troca de papéis diante das novas formas em que o ser humano vê e vive a vida
(CARVALHO; ANANIAS). Papalia e Feldman (2013), afirmam que o início da vida adulta é
um tempo de experimentação antes de assumir responsabilidades como encontrar um
emprego, iniciar um relacionamento amoroso duradouro, algumas decisões que geralmente
são tomadas mais tarde no decorrer do desenvolvimento.
Bee (1997) diz:
Alguns fatores que antecedem uma nova vida podem influenciar o processo de
desenvolvimento humano, como por exemplo o período gestacional até a concepção dessa
nova vida. As histórias que permeiam essa fase podem se tornar decisivas para o
desenvolvimento humano (GONÇALVES, 2016).
Sobre a influência da mãe e o desenvolvimento humano, Ostroski e Conceição (2021) dizem:
A partir das entrevistas de anamnese, realizadas com os adultos envolvidos neste relatório
notamos a influências dos pais no desenvolvimento, mais precisamente com os relatos a
gestação, onde J.K. afirmou que sua mãe engravidou para produzir uma vingança no pai, e
M.I.V. relatou que sua mãe sofreu violência durante o período em que gestava a mesma.
A violência contra a mulher pode ser definida como qualquer ato ou conduta baseada no
gênero, seja pública ou privada, que resulte em morte ou cause dano ou sofrimento físico,
sexual ou psicológico à mulher. Esse tipo de comportamento assume diversas peculiaridades
e pode ser praticada por parceiros, familiares ou mesmo desconhecidos, podendo ser
praticada por homens ou mulheres, porém a prevalência dessa prática de violência é feita por
homens no contexto doméstico (SANTOS; NUNES; ROSSI; TAETS, 2020).
Ambas histórias são marcadas pela violência doméstica e esses fatos deixaram marcas no
desenvolvimento dos envolvidos nesses relatos de entrevista. Em relato durante a entrevista
M.I.V. disse que não se sentia bem com o comportamento do pai e que aquilo a entristecia
muito.
Sobre as consequências da violência doméstica, Rosas e Cionek (2006) dizem:
Outro aspecto que pode ser notado através dos relatos durante a anamnese dos participantes,
foi sobre as histórias por trás das gestações das mães dos envolvidos. A adulta I relatou que
sua mãe engravidou no intuito de se vingar do seu companheiro e que sua mãe tentou por
várias vezes o aborto mas sem sucesso, a adulta II relatou que sua mãe sofreu muito pois o
seu pai não desejava aquela gestação e tinha problemas com bebidas alcoólicas o que culmina
nas agressões que a mãe sofria, o idoso I relatou que não foi um momento fácil para sua mãe,
pois tinha uma condição de vida precária e trabalhava na lavoura já no relato do idoso II
temos o impacto de uma grávides não planejada. Em ambos os casos temos aspectos
distintos, que de alguma forma colocaram marcas no desenvolvimento deles. Para Ariès
(1981 apud. Rocha 2002) as lembranças têm características comparativa e regressiva, onde
podemos obter dados sobre o comportamento do homem de hoje comparado ao modelo do
passado.
A qualidade da relação mãe-filho também é outro ponto que podemos notar no relato da
adulta I, onde ela relata que por várias vezes sua mãe tentou aborto, e durante a infância foi
criada pelos seus familiares, e que vivia um período em cada lugar. Para Toro (2002 apud.
Milbradt 2008) é por meio da afetividade que nós nos identificamos com as outras pessoas e
assim somos capazes de compreendê-las, amá-las, protegê-las, ou, ao contrário, agredi-las e
rejeitá-las. Adulta I relata ainda que devido essas constantes mudanças de casas de familiares
sofreu abuso sexual demasidamente. O abuso sexual no contexto familiar é a modalidade de
violência contra crianças e adolescentes que provoca maior indignação, considerando as
circunstâncias em que ocorre, pois além das fragilidades física, psicológica e cronológica
inerentes às vítimas, é praticado na maioria dos casos contra meninas, por um homem que
desfruta da confiança da família, a quem se encontram vinculadas por afeto, confiança ou
relações de dependência. Flores e Caminha (1994) dizem que o abuso intrafamiliar é o abuso
mais frequente e que apresenta consequências mais danosas às vítimas.
A fase da adolescência é um período crítico na vida de cada indivíduo, pois nessa fase o
jovem vivencia descobertas significativas e afirma a personalidade e a
individualidade.(CAVALCANTE;SANTOS & BARROSO, 2008). Para os problemas
específicos da fase da adolescência (gravidez; DST; drogas; bullying…), a Adulta II relatou
que se envolveu com drogas ilícitas, e acrescentou que não apenas fazia uso como também
comercializava o entorpecente, relatou também que ficou um tempo reclusa devido a umas
escolhas erradas que teria feito.
Sobre os motivos que levam um adolescente a fazer o uso de drogas Cavalcante, Santos e
Barroso (2008) dizem:
Adulta II relatou ter conhecido as drogas através de seu namorado que hoje é seu atual
parceiro, com quem convive há 14 anos: “ele me levou pro mundo das drogas e das coisas
erradas, mas depois que eu caí eu disse que não queria mais aquela vida e ele saiu também
daquilo tudo junto comigo, hoje lutamos para viver bem, para que tudo que a gente fez
antigamente não afete nossos filhos”(sic), os estudos envolvendo o uso de drogas raramente
destaca as amizades entre jovens como protetoras. Isso ocorre porque todas as intervenções
geralmente se concentram em superar os efeitos negativos da amizade, em vez de construir
ou manter a influência positiva dos amigos (SCHENKER & MINAYO, 2005).
Cavalcante, Santos e Barroso (2008) ainda afirmam que há um apelo nos meios de
comunicações que estimulam o uso das drogas lícitas, como álcool e tabaco, assim como a
aceitação social e condescendência familiar para o consumo destas drogas, parecem creditar
em sua utilização a idéia de rito de passagem para a vida adulta.
O risco generalizado parece, assim, definir e circunscrever negativamente essa fase de
desenvolvimento, dando ensejo a expressões, ações e atitudes irracionais em relação aos
adolescentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
GONÇALVES, Josiane Peres. Ciclo vital: início, desenvolvimento e fim da vida humana
possíveis contribuições para educadores. Revista Contexto & Educação, v. 31, n. 98, p.
79-110, 2016. Disponível em:
https://revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/view/5469 Acesso em:
07/06/2023.