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Ética e religião

Pagina 39, parágrafo 2

Como exemplo de uma figura “sui generis” (termo em latim que significa ‘de
seu próprio gênero’/’único em seu gênero’), podemos usar Ludwig Feuerbach,
um alemão que tentou traduzir a verdade de religião cristã de uma forma mais
filosófica e compreensível a todos os homens. A partir desta perspectiva, Marx
assumiu essa perspectiva, porém observou que ela era muito contemplativa e
se esquecia de suas práticas, a partir disso, ele estabeleceu uma nova visão
em relação ao mundo e a história humana, com o objetivo de substituir a
religião, denominada como ‘moral revolucionaria’, baseando-se em muitos
pensamentos cristãos e retratando temas como: conversão, redenção,
sacrifício e espera de um reino que está sendo construído.
Por esse motivo pensadores cristãos atualmente buscam recuperar pontos da
ética cristã, através de escrituras da tradição marxista.
Atualmente o marxismo é uma tradição de preocupações éticas, com a
presença de elementos do cristianismo de forma secularizada, o que não
indica que marxismo seja sinônimo de cristianismo apenas por tratar de
assuntos como fé, revelação, paternidade divina e pecado, com a possibilidade
do perdão.
A partir dessas buscas de unir uma ética religiosa e uma reflexão filosófica,
desenvolvem-se práticas e teorias que ignoram as contribuições da religião.
Estas tendências são as mais variadas e podemos no máximo esquematizá-
las. Podemos usar como exemplo, a concepção determinista, que ignora a
liberdade humana e a retrata como uma ilusão.
Há uma concepção racionalista chamada "formalismo kantiano" que procura
deduzir da "natureza humana" as formas corretas da ação moral. Esta
concepção na sua linha kantiana, procura formas de procedimentos que
possam ser universalizáveis, ou seja, uma ação moralmente boa é aquela que
pode ser universalizável, de modo que os princípios que eu sigo possam valer
para todos, ou ao menos que eu pudesse querer que eles valessem para
todos. Ela procura basear-se nas leis do pensamento e da vontade, gerando
assim critérios práticos de serventia inegável. Por exemplo, se eu tomo hoje, a
questão da tortura, posso me perguntar se seria possível querer, que tal
procedimento fosse aplicado universalmente. Se não posso querer a
universalização da tortura, não posso aceitar a tortura também aqui e agora.
Temos a existência de diversas outras tendências bastante difundidas, como a
do utilitarismo: bem é o que traz vantagens para muitos. Esta tendência
aparece em muitas formulações, definidas como pragmatismo: deixam-se de
lado as questões teóricas de fundo, apelando-se para os resultados práticos,
muitas vezes imediatos. O pragmatismo esta bastante ligado ao pensamento
anglo-saxão, e se desenvolveu nos países de fala inglesa. Em relação ao
pragmatismo, há duas outras tendências atuais importantes para um estudo da
ética, e que de certa forma se completam.
Desenvolvida nos países de capitalismo avançado, existe uma pratica que
busca a utilidade e a vantagem particular: bom é o que ajuda o meu progresso
(econômico, principalmente) e o meu sucesso pessoal no mundo (carreira,
amizades úteis, etc.). Ficando próxima das formas gregas do hedonismo, ou da
busca do prazer terreno, mas sendo mediada pelos resultados do progresso
técnico e o econômico no mundo atual.
A outra linha atual, encontra-se entre os pensadoras do positivismo lógico,
ignorando questões fundamentais de metafísicas ou especulativas, e se
dedicando apenas as formas da linguagem moral, aos tipos de formulações
éticas, lógicas e a sintaxe dos imperativos éticos. É um estudo muito
interessante, mas que leva o pensador a "se esquecer de si mesmo", a se
esquecer de que ele é um ser existente e que precisa decidir eticamente suas
ações, não podendo passar a vida estudando a linguagem da ética, sem viver
eticamente.
E o capitulo se encerra com Kierkegaard, um pensador religioso considerava
que uma ética puramente humana, não deixando de ser um retorno ao
paganismo. A única vantagem que haveria seria na perspectiva do homem de
fé, a obtenção de uma linguagem comum, aceitável também pelos homens que
não possuem a mesma fé. Mas para Kierkegaard ainda era uma vantagem
duvidosa.

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