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SÃO PAULO
2018
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SÃO PAULO
2018
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FICHA CATALOGRÁFICA
BC-FCMSCSP/39-18
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Aos meus pais José Luiz e Maria José, que dignamente me apresentaram a
importância da família e o caminho da honestidade e persistência.
Ao meu filho, Luiz Gabriel, que ainda não tem idade para entender o que é
uma tese, agradeço pela alegria, inocência, carinho e amor incondicional que sempre me
estimularam nos momentos difíceis.
Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria
admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos
homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de
se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade.
Simone de Beauvoir
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AGRADECIMENTOS
Aos meus familiares por todo amor, paciência e apoio incondicionais nas minhas decisões;
À Faculdade de Ciências Médicas de São Paulo por ter me acolhido durante a realização do
doutoramento, por todo aprendizado;
Ao Governo do Estado da Paraíba, através da Secretaria de Estado da Saúde pelo apoio nas
intervenções realizadas junto à equipe de saúde do sistema prisional;
Ao meu orientador, Profrofessor Dr. Ricardo Uchida, pela paciência, compromisso e suporte
para seguir nessa caminhada;
Aos meus colaboradores do estudo, Júnior Menezes e Eronyce Rayka, pela contribuição
efetiva, parceria e companheirismo;
ABREVIATURAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 10
1.1. Revisão de Literatura 15
1.1.1 Contexto do Sistema Penitenciário Brasileiro e Políticas Públicas de 15
Saúde
1.1.2 Mulheres privadas de liberdade e sofrimento mental 19
1.1.3 Suicídio e privação de liberdade 23
1.1.4 Religiosidade e saúde mental 25
1.2. Hipóteses de estudo 26
2. OBJETIVOS 27
3. CASUÍSTICA E MÉTODO 28
3.1. Tipo de Estudo 28
3.2. Local de Realização 28
3.3. População e Amostra 29
3.4. Instrumentos de Coleta de Dados 29
3.5. Coleta de Dados 31
3.6. Análise dos Dados 32
3.7. Considerações éticas 32
4. RESULTADOS 33
4.1. Dados Sociodemográficos 33
4.2. Dados relacionados a privação de liberdade 34
4.3. Dados sobre o histórico 36
4.4. Condições Físicas, clínicas e medicamentosa 37
4.5. Saúde Mental entre mulheres privadas de liberdade 39
4.6. Religiosidade e correlação entre ansiedade e depressão 39
4.7. Ideação suicida entre mulheres privadas de liberdade 41
4.8. Ideação suicida, ansiedade, depressão e correlação com outras variáveis 44
5. DISCUSSÃO 47
6. CONCLUSÕES 58
7. ANEXOS 60
Anexo 1 – Índice de Religiosidade da Universidade de Duke 60
Anexo 2 – Inventário de Ansiedade de Beck 62
Anexo 3 – Inventário de Depressão de Beck 64
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1. INTRODUÇÃO
começar pelo trabalho e pela moradia. Essa perda material tende, na maioria das vezes, a
atingir a família e, em muitos casos, a estremecer relações familiares e afetivas. A falta de
apoio familiar, as reduzidas possibilidades de trabalho, de formação profissional, de lazer e a
falta de acesso a bens materiais básicos tornam difícil a vida da detenta dentro da prisão e
quando de seu retorno à liberdade. Nesse sentido, pode-se afirmar que a prisão empobrece ou
agrava a pobreza preexistente (Lima, 2005; Rodrigues et al, 2012).
A depressão é um dos transtornos mentais presentes entre mulheres privadas de
liberdade. Em estudo realizado em Ribeirão Preto por Pinese (2009), a frequência de
depressão nesse grupo é mais alta do que o encontrado na literatura, sendo por ela identificado
através do inventário de Beck, uma predominância de 82% de detentas com sintomas
depressivos, sendo acentuado em mulheres jovens.
Embora a característica mais típica dos estados depressivos seja a proeminência dos
sentimentos de tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam a sensação subjetiva de
tristeza. Muitos referem, sobretudo, a perda da capacidade de experimentar prazer nas
atividades em geral e a redução do interesse pelo ambiente. Frequentemente, associa-se à
sensação de fadiga ou perda de energia, caracterizada pela queixa de cansaço exagerado.
Alguns autores enfatizam a importância das alterações psicomotoras, em particular referindo-
se à lentificação ou retardo psicomotor. No diagnóstico da depressão, levam-se em conta:
sintomas psíquicos, fisiológicos e evidências comportamentais (Del Porto, 1999).
Conforme Lima (1999), os fatores considerados de risco seriam os eventos vitais
(mudanças identificáveis no padrão de vida que afete o bem estar do indivíduo); estresse
crônico (condições que em longo prazo trazem dificuldades, tais como dificuldades
financeiras e nas relações interpessoais, além de ameaças permanentes à segurança do
indivíduo) e, suporte social (fatores socioambientais que podem modificar o efeito de
estressores sobre as pessoas, tais como falta do cônjuge e isolamento social). Salienta-se que
todos esses fatores se encontram presentes no ambiente carcerário, reforçando a hipótese de
que o índice de depressão nesta população pode ser alto, considerando-se que a maioria dos
estudos epidemiológicos mostra uma associação entre eventos negativos e depressão maior.
A ansiedade também é considerada um estado emocional com componentes
psicológicos e fisiológicos, sendo caracterizada por sensações subjetivas de antecipação,
medo ou apreensão associada com graus de grande excitação e reatividade autônoma. É
importante ressaltar que a ansiedade faz parte dos sentimentos normais, tornando-se
patológica quando a intensidade ou frequência não corresponde à situação que a desencadeia
ou quando não existe um objeto específico ao qual se direcione. Essa classificação vai
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do controle social, muitas vezes, com base na violência. Há uma tendência clara de
criminalização da questão social, onde situações limites que dizem respeito a toda a
sociedade, mas que atingem de forma desigual e com maior intensidade os mais pobres e
vulneráveis, são tratadas como casos de polícia ao invés de serem tratadas como casos que
demandam políticas públicas. Nessa direção a pena de privação de liberdade, no atual
contexto do Sistema Penitenciário brasileiro e diante da situação da Segurança Pública no
país, está longe de alcançar seu intento de ressocialização dos apenados e de ser condição
favorável para a diminuição da criminalidade. Ao contrário, o Sistema Penitenciário tem sido
um espaço de extrema violência institucional e a privação de liberdade em nada tem
contribuído para um decréscimo da violência socialmente instituída (Wolff, 2010; Rodrigues
et al, 2012).
No Brasil, preservar a garantia do direito à saúde de apenados é um grande desafio,
especialmente no que tange a atenção à saúde mental. Visto que a saúde nos ambientes
prisionais, ainda não contemplava na íntegra os princípios do SUS, em 2003, foi instituída a
Portaria Interministerial dos Ministérios da Saúde e da Justiça nº 1.777, de 9 de setembro
aprovando o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP), destinado a prover
a atenção integral à saúde da população prisional em unidades masculinas e feminina bem
como nas psiquiátricas (Brasil, 2003). Com o intuito de garantir a saúde dos detentos de
forma integral, o mesmo autor afirma que a PNSSP construiu diretrizes estratégicas, tais
como: prestar assistência integral resolutiva contínua e de boa qualidade às necessidades de
saúde; reduzir os agravos mais frequentes; definir e programar ações e serviços consonantes
com os princípios e diretrizes do SUS; implementar a intersetorialidade; a democratização do
conhecimento do processo saúde/doença, dentre outros.
Com base no mencionado plano, as ações e serviços da atenção básica em saúde
deverão ser organizados nas unidades penais por meio da formação de equipes
interdisciplinares responsáveis pela atenção primária do preso, ficando o acesso aos demais
níveis de atenção como item integrante dos planos operativos estaduais (Brasil, 2003).
Assim, os objetivos e princípios estabelecidos no PNSSP, do ponto de vista formal,
são consoantes com a legislação internacional acerca dos direitos humanos e, ainda, com os
princípios e diretrizes do SUS, resultando no primeiro registro histórico de uma política de
saúde específica à população confinada nas unidades prisionais nacionais.
Para Oliveira e Guimarães (2011), a relação do PNSSP com o SUS está bem
demarcada nas diretrizes estratégicas do plano, ao defender a assistência integral resolutiva,
contínua e de boa qualidade; o controle e/ou redução dos agravos mais frequentes; definição e
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específicas, não podendo desprezar esse cenário quando se analisa o impacto direto e indireto
que o encarceramento as submete. Historicamente, a ótica masculina tem sido tomada como
regra para o contexto prisional, com prevalência de serviços e políticas penais direcionados
para homens, deixando em segundo plano as diversidades que compreendem a realidade
feminina, como sua orientação sexual, identidade de gênero, situação de gestação e
maternidade, entre tantas outras (Silva, 2016).
Diversos estudos comprovam a alta prevalência de desordens psíquicas em populações
privadas de liberdade, a exemplo temos o estudo desenvolvido no Reino Unido por Brughaet
e colaboradores (2005), constatando que a população carcerária possui maiores índices de
problemas mentais quando comparados à população em geral, em uma proporção de 5,2%
versus 0,4%.
Quanto à incidência de transtornos mentais (depressão e ansiedade), nessa população,
podem estar condicionados a fatores como a privação de liberdade, a mudança do ambiente
social para o confinamento e tensão. A vivência de situações adversas desencadeia em cada
indivíduo diferentes respostas e reações, algumas adaptativas e outras que os expõem a riscos
ainda maiores (Portugues, 2001).
Canazaro e Argimon (2010), mostraram alta prevalência de sintomatologia grave de
depressão entre mulheres encarceradas. O uso de drogas ilícitas como maconha, cocaína e
craque, além das lícitas como o álcool, utilizadas durante a vida em liberdade, contribuiu para
o surgimento da doença. Em verdade, diversos são os fatores que podem ser associados à
prevalência dos referidos problemas mentais, dentre eles, os sociodemográficos, baixa renda,
problemas clínicos, histórico familiar conturbado.
O estudo realizado por Fernandes e Hirdes (2006) numa penitenciária do Rio Grande
do Sul (RS) indicou diversas situações promotoras de sofrimento mental, das quais podemos
citar: tristeza pelo abandono dos familiares; culpa pela ausência na criação dos filhos; medo
pela inadequação na adaptação à cultura prisional, e despersonalização e sofrimento
antecipado sobre a vida fora da prisão frente ao estigma e a discriminação da sociedade que
não possibilitam perspectivas de trabalho fora do contexto criminal.
Outro estudo nacional mostrou uma prevalência de 31% de ideação suicida entre as
presas, sendo que 9% dessa população possuíam história prévia de tentativa de suicídio. Este
estudo constatou também sintomas depressivos em 34% das mulheres e ansiedade em 39%
(Gonçalves et al, 2010). Assim, os dados apresentados na literatura brasileira mostram uma
realidade muito pior quando comparados com estudos internacionais, exprimindo altas
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ameaçadora ou, simplesmente, por alterações em nosso meio ambiente, arroladas no processo
de desenvolvimento econômico, social e cultural. Neste sentido, não há como negar a
alteração no estilo de vida, rotina e hábitos devidos ao encarceramento.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2006), o ato suicida “[...] é todo o ato em
que o indivíduo cause uma lesão a si mesmo, qualquer que seja o grau de intenção letal e
conhecimento do verdadeiro móvel do ato”. Já a tentativa de suicídio pode ser considerada um
ato com um resultado não fatal. Neste caso, um indivíduo inicia um comportamento não
habitual que, sem a intervenção de outros, poderá causar prejuízo para si próprio.
O suicídio é, por si só, caracterizado como consequência de uma situação de crise. Isto
porque, durante a vida, há períodos difíceis que, para algumas pessoas, são sentidos como
insuportáveis. Tal discernimento, decorre da maneira como cada indivíduo avalia, interpreta e
vivencia suas experiências individuais. Schraiber et al (2006) colocam em questão a crise da
sociabilidade como causa da violência. As autoras percebem esta crescente violência como
consequência da falência dos processos vigentes de socialização da contemporaneidade. Essa
violência presente em todos os âmbitos do nosso país afeta e altera a saúde do indivíduo,
gerando mortes e implicações de ordem física e psíquica. Por tal razão, está havendo um
aumento da discussão sobre o assunto no campo da saúde pública, considerando este
problema como uma questão emergencial, já que produz inúmeros efeitos na saúde da
população.
A Organização Mundial da Saúde (2006) relata que cerca de um milhão de pessoas
comete suicídio anualmente no planeta, e entre 10 a 20 milhões de pessoas tentam suicídio.
Isto, por sua vez, já é um fato extremamente preocupante que deve ser encarado como um
problema de saúde mundial. Em jovens de 15 a 34 anos de todo o mundo, o suicídio é uma
das três principais causas de morte. O relatório da OMS aponta, ainda, que o suicídio é uma
das principais causas de morte entre jovens, em grande parte dos países desenvolvidos e
muitos em desenvolvimento, além do que destaca que as causas destes suicídios se relacionam
a diversos fatores como, por exemplo, psicológicos, biológicos e socioculturais.
Cassorla (1984) afirma que as estatísticas sobre o número de suicídios e suas tentativas
são subestimadas, podendo não corresponder à realidade. Segundo o autor, para cada suicídio
consumado, existe o correspondente a oito ou dez tentativas.
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contexto social pode ser propício à presença de ideação suicida entre os mesmos. Muitos
presos cometem suicídio nos presídios. Quase dez por cento de todas as mortes no cárcere são
por auto-violência humana. O crescimento das notificações e da busca por cuidados dos que
ameaçam se matar é um fenômeno que merece atenção do setor da saúde (Adorno, 1998).
2. OBJETIVOS
3. CASUÍSTICA E MÉTODO
O estudo foi realizado na cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, que tem
uma área territorial de 211.474 km² e de acordo com o último censo realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no ano de 2010, dispõe de uma população de
723.515 habitantes vivendo predominantemente na área urbana.
O Estado da Paraíba possui quatro unidades prisionais para mulheres: O Centro de
Reeducação Maria Júlia Maranhão em João Pessoa, a Penitenciária feminina de Campina
Grande, a Penitenciária Romero Nóbrega em Patos e a Penitenciária feminina de Cajazeiras.
A pesquisa foi realizada na penitenciária de maior concentração de população
feminina encarcerada do Estado da Paraíba, a Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão,
localizada no Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB, que
abriga presas de todo o Estado, acolhendo 70% da população carcerária feminina paraibana.
A Penitenciária Feminina apresenta superlotação, contando com capacidade para 98 presas,
distribuída em dois pavilhões (1 e 2), cerca de 10 celas e quando da realização do estudo,
apresentava população de 449 mulheres presidiárias (151 presas provisórias, 47 do
semiaberto, 29 do aberto, 121“domiciliares” e 101 sentenciadas).
O Plano Estadual de Atenção Integral à Saúde do Sistema Penitenciário, vem sendo
executado através de uma equipe de saúde que atua desde 2012 sob regime ambulatorial, 20
horas semanais na Casa de Reeducação constituída de médica, enfermeiro, assistente social,
dentista, técnico em enfermagem, técnico de consultório dentário e psicólogo. A equipe
realiza ações curativas nas instalações físicas, bem como ações de educação em saúde e de
promoção à saúde e prevenção a agravos, a saber: imunização, testagem rápida para
HIV/sífilis/hepatites virais; acompanhamento gestacional, acompanhamento de hipertensos e
diabéticos, entre outros agravos à saúde. Em caso que necessite exames e encaminhamento
aos especialistas, as detentas aguardam o agendamento que, geralmente, vem se dando de
forma demorada pela Central de Regulação Municipal. As instalações físicas dificultam a
prestação de cuidados da equipe de saúde, bem como as condições de higiene e alimentação.
3.3. População
Para coleta de dados foram utilizados cinco instrumentos, sendo quatro com validação
no Brasil (escalas) e um construído pela pesquisadora para a população estudada
(questionário): 1) Questionário de identificação do perfil sócio-demográfico-clinico das
mulheres (Apêndice B) e 2) Escala de Religiosidade de Duke- DUREL (Anexo 1); 3) BDI-
Inventário Beck de Depressão (Anexo 2); 4) BAI – Inventário Beck de Ansiedade (Anexo 3) e
5) BSI-Escala de Ideação Suicida Beck (Anexo 4).
Inicialmente foi feito contato prévio com a direção da Instituição e equipe de saúde da
unidade prisional, após autorização do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), os dados foram
coletados no local definido, individualmente, sendo o preenchimento dos instrumentos feitos
pela pesquisadora, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e
esclarecimento das detentas.
A equipe, previamente treinada, constituiu- se por um auxiliar de pesquisa (estudante
de psicologia), uma psicóloga que trabalha na Casa Prisional e a pesquisadora, a qual
capacitou os entrevistadores. A pesquisa foi aplicada individualmente em forma de entrevista
estruturada pela psicóloga. A coleta individual, considerou os procedimentos de segurança
dos presídios que não permitem a realização de pesquisas com mais de uma apenada, além
disso, o alto índice de analfabetismo presente na população carcerária impossibilitaria o
preenchimento dos instrumentos pelos participantes.
As mulheres encarceradas foram convidadas individualmente à sala de atendimento
psicológico, todas as mulheres recolhidas na casa de reeducação, com o intuito de esclarecer o
objetivo e a metodologia da pesquisa a cada participante. Com cada uma destas foi realizada
uma única sessão, ocasião em que os cinco instrumentos foram aplicados com tempo
estimado de 50 minutos.
Os casos identificados de depressão, ansiedade e ideação suicida foram apresentados à
equipe de saúde do sistema prisional para prestação de cuidados junto às mulheres
presidiárias. Além disso, após organização dos resultados da pesquisa, foi realizada reunião
com equipe e direção do presidio para construção de plano de intervenção a partir dos
problemas identificados.
4. RESULTADOS
das mulheres privadas de liberdade estudadas, apesar de existirem mulheres com idade
mínima de 18 anos e máxima de 64 anos, a média de idade das participantes foi
aproximadamente de 30 anos, com desvio padrão de 8,7 anos, onde a concentração maior
delas se encontra com idade entre 18 a 34 anos, 77,4%. Quando identificado a raça/cor dessas
mulheres, foi possível observar uma certa igualdade na distribuição com: branca (39,2%),
preta (32,7%) e parda (28,1%). Entretanto, considerando que a população preta e parda,
correspondem a população negra, temos uma predominância significativa de 60,8%. A
respeito da escolaridade dessas mulheres, é possível verificar que 74,4% delas possuem no
máximo o ensino fundamental completo. Na questão da religião, 94,5% se consideram cristãs,
no tocante à renda familiar 76,9% afirmaram que não recebiam mais do que um salário
mínimo. Ao serem questionadas sobre o estado civil, 45,2% referiu estar solteira e 45,2% em
união estável.
Continuação
Dados situação penal n %
Tempo de condenação (n=93)
02 |----- 05 anos 5 5,4
05 |----- 10 anos 39 41,9
10 |----- 15 anos 29 31,1
15 |----- 20 anos 9 9,7
20 |----- 30 anos 9 9,7
Não informado 2 2,2
Continuação
Dados de Convívio n %
Recebe algum tipo de Benefício
Sim 47 23,6
Não 152 76,4
Referente ao histórico das mulheres pesquisadas, a tabela 04 revela que 45,2% das
mulheres tiveram agressão física anterior ao aprisionamento e 13,6% das mulheres têm
história de agressão sexual. No tocante ao suicídio na família 7% afirmaram ter histórico,
sendo que 33,7% das entrevistas já tentaram suicídio. Quando perguntado sobre o período em
que tentaram o suicídio, 38,8% relatou que foi a mais de 5 anos.
Referente ao acompanhamento psicológico, apenas 17,6% afirmaram ter algum
suporte psicológico e apenas 3,5% referiu acompanhamento psiquiátrico.
Continuação
Dados sobre Histórico n %
Acompanhamento Psicológico
Sim 35 17,6
Não 110 55,3
Não informado 54 27,1
Tentativa de Suicídio
Sim 67 33,7
Não 132 66,3
Tempo de Tentativa de Suicídio (n=67)
Menos de 1 ano 12 17,9
37
Horas de Sono
De 3 as 7 horas 80 40,2
De 7 as 9 horas 84 42,2
Atividade Sexual
Sim 46 23,1
Deficiência
Visual 1 0,5
Auditiva 1 0,5
Física 1 0,5
Nenhuma 196 98,5
Tabagismo
Não 87 43,7
01 a 10 cigarros 42 21,1
10 a 20 cigarros 54 27,7
Não 50 25,1
Continuação
Dados Clínicos n %
Uso de Medicamentos
Sim 50 25,1
Grave 3 1,5
Total 199 100,0
Ideação suicida n %
Sim 11 5,5
Não 188 94,5
Total 199 100,0
TABELA 12. Relação entre ideação suicida, histórico entre as mulheres privadas de
liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no
Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa –
PB. (n = 199)
TABELA 13. Relação entre ideação suicida e situação penal entre as mulheres privadas
de liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no
Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.
(n = 199)
Ideação suicida Teste
Ausência de
Clinicamente exato de
Dados situação penal Ideação suicida
significativa Fisher's
n % n % (p<0,05)
Condenação?
Sim 3 27,3 89 47,3
0,227
Não 8 72,7 98 52,1
Não Informado 0 0,0 1 0,5
Continuação
Ideação suicida Teste
Ausência de
Clinicamente exato de
Dados situação penal Ideação suicida
significativa Fisher's
n % n % (p<0,05)
Prisões Anteriores?
Sim 4 36,4 79 42,0
0,762
Não 7 63,6 106 56,4
Não informado 0 0,0 3 1,6
44
observado o histórico de suicídio familiar das mulheres apenadas e o fato de terem tentado o
suicídio. Para os históricos de suicídio na família, as chances são de 10 vezes a mais do que as
que não possuem histórico de suicídio na família, já para o caso de ter tentado o suicídio, a
razão de chance é 23 vezes maior em relação as que não tentaram suicídio.
De acordo com a tabela 15, as variáveis que tiveram indicação significativa para o
aumento da probabilidade de desenvolvimento da sintomatologia de ansiedade foram:
religião, histórico de agressão física anterior, histórico de suicídio na família e tentativa de
suicídio. Assim, as mulheres privadas de liberdade que têm histórico de agressão física
anterior, possuem aproximadamente 3 vezes mais chance de desenvolver sintomatologia de
ansiedade grave quando comparado com quem não possui histórico. O mesmo foi observado
para as mulheres que tinham histórico de suicídio na família ou que tenha tentado o suicídio.
Onde, para ambos, a chance de desenvolver sintomatologia de ansiedade grave foi de
aproximadamente 5 vezes mais do que para apenadas que não possuíam histórico ou tenham
tentado o suicídio. Para o caso da religião, foi observado que a chance de as mulheres
privadas de liberdade que indicaram ser cristãs, possuíam 0,13 mais chance de apresentar
sintomas de ansiedade grave em relação a quem não se considerava cristã. Ou seja, as
apenadas que descreveram não ser cristãs têm aproximadamente 8 vezes mais chance de
desenvolver sintomas de ansiedade do que as que descreveram ser cristãs.
5. DISCUSSÃO
esse vínculo seja mantido e fortalecido, uma vez que, configura-se em um importante fator
para eficaz ressocialização.
Destaca-se a baixa inserção em atividades laborais no presídio. Ressalta-se que a Lei de
Execução Penal - LEP (Lei. 7.210 de 1984), traz em seu art. 28 que “O trabalho do
condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e
produtiva”, sendo assim, a atividade laboral na prisão apresenta como objetivo a
ressocialização do interno. Ainda sobre a LEP, o art. 126, § 1º descreve a possibilidade de o
preso abater, do cômputo temporal da pena privativa de liberdade, os dias efetivamente
trabalhados durante o seu encarceramento, na proporção, de três dias de trabalho por um de
pena. Contudo, mesmo com as vantagens apresentadas anteriormente, existe nos presídios
brasileiros uma baixa adesão ao trabalho. Outro ponto descrito na literatura como responsável
pela baixa adesão aos trabalhos laborais, pode ser reflexo da reduzida remuneração oferecida
aos detentos. O art. 29, § 1º, da Lei de Execução Penal profere que a remuneração do
condenado não deve ser inferior a três quartos do salário mínimo (Silva, 2016).
No serviço estudado, as atividades ofertadas às internas relacionam-se às atividades
laborais executadas nas dependências do estabelecimento penitenciário e sob a direção deste,
como: serviços de cozinha, limpeza, lavanderia, zeladoria e os trabalhos profissionalizantes
(artesanato- produção de bonecas). Cabe considerar que os trabalhos são tidos como pouco
atrativos e sem caráter ressocializador, visando muitas vezes à contenção de gastos com a
contratação de pessoal especializado.
Os resultados do presente estudo revelam uma alta prevalência de história de violência
fisica, e presença também de violência sexual. A violência sofrida pela mulher é confirmada
por um outro estudo o qual menciona que 70% da amostra reportaram vitimização direta
(Canazaro;Argimon,2010). Ressalta-se que um percentual considerável apresenta história de
tentativa de suicídio (33,5%), destes uma parcela significativa no período maior que 5 anos,
(38,8%). Considerando que 41,9% das presas possuem o tempo de condenação entre 5 e 10
anos, e que 78,5% cumpriu no máximo 50% de sua pena, pelos achados do estudo, sugere-se
que a tentativa de suicídio esteve mais presente nos anos iniciais de reclusão, que pode estar
relacionado as mudanças impostas pelo processo inicial de privação de liberdade.
A violência tem sido considerada como um agravante da saúde e, por isto, diversos
autores têm debatido sobre a probabilidade e as dificuldades de preveni-la e de incluí-la no
campo da saúde pública (Minayo e Souza, 1999). Schraiber et al (2006) colocam em questão
a crise da sociabilidade como causa da violência. As autoras percebem esta crescente
violência como consequência da falência dos processos vigentes de socialização da
52
contemporaneidade. Essa violência presente em todos os âmbitos do nosso país afeta e altera a
saúde do indivíduo, gerando mortes e implicações de ordem física e psíquica. Assim, o
suicídio é considerado como uma autodestruição, uma auto-violência humana, consciente ou
inconsciente.
Este cenário de crescimento da violência contra a mulher exige uma ampla mobilização
das políticas públicas, com a articulação de suas redes e serviços para a prevenção, o
atendimento, a proteção e a reabilitação de suas vítimas, o que se configura, na atualidade,
como um imenso desafio a ser transposto.
No que se refere à violência no interior das prisões, são comuns os abusos e castigos
físicos por parte dos próprios agentes penitenciários ou entre os próprios presos que
constroem uma rede de poder paralelo no interior das penitenciárias. Há também os abusos e
violência sexual, muito comuns no interior das prisões. Outra violação bastante comum em
relação as presas é a demora na concessão de benefícios e de concessão de progressão de
regime quando do direito destes a essas condições. Ainda, no que tange a questão do trabalho,
a maioria das detentas ficam ociosas e não realizam nenhuma atividade, contribuindo ainda
mais para o aumento da violência no interior do cárcere, além de terem tolhido seu direito ao
trabalho o que poderia contribuir para a redução da sua pena e fazê-las auferir uma renda e
mantendo ativa sua capacidade laborativa (Rodrigues, et al, 2012).
As políticas prisionais muitas vezes ignoram as necessidades especiais e de saúde das
mulheres encarceradas. A saúde é um direito humano fundamental, especialmente para os
indivíduos detidos sob a custódia do Estado. Os direitos das mulheres na prisão são os
mesmos dos homens, mas a mulher raramente tem igual acesso a esses direitos. Os sistemas
prisionais foram projetados principalmente para os homens, que constituem mais de 95% da
população carcerária na maioria dos países, fazendo com que a estrutura dos
estabelecimentos, as normas e os procedimentos prisionais muitas vezes não atendam às
necessidades de saúde das mulheres (Brasil, 2008). Os dados sobre a situação e os cuidados
de saúde das mulheres na prisão são raros e, quando existentes, não são específicos para o
gênero.
No levantamento realizado, o sobrepeso verificado nas encarceradas foi menor quando
comparado com a população em geral, enquanto a prevalência de obesidade foi semelhante,
condição essa também verificada em outros estudos (Scherer et al., 2011). O sobrepeso, a
obesidade e a inatividade física são importantes fatores de risco para doenças crônicas não
transmissíveis. Além disso, as mulheres apresentaram padrão de sono prejudicado.
53
estressores e o surgimento de sintomas depressivos, sendo que, no entanto, poucos dados são
encontrados na literatura em relação a sintomas ansiosos frente a estes eventos. Os autores
sugerem que mais estudos de enfoque etiológico sejam realizados, avaliando a relação causal
entre a exposição a diferentes eventos de vida estressores e o surgimento de sintomas de
ansiedade (Amorin, Sirgo, 1999).
Diversos estudos apontam que a religiosidade é um fator de proteção emocional.
Poucos estudos foram encontrados a respeito da religiosidade relacionada à população
prisional. Contudo, também no contexto carcerário a religiosidade parece atuar como fator de
integridade emocional tanto para homens como para mulheres que cumprem penas, de modo
que o suporte religioso parece auxiliar os sujeitos a enfrentar as mazelas características da
condição do cárcere quanto à questão da religiosidade como fator protetor (Moraes,
Dalgalarrondo, 2006). Além da religiosidade, outros fatores como estudo, trabalho,
conservação dos vínculos com a família, colaboram para uma favorável adaptação do
prisioneiro a sociedade.
A alta incidência de mulheres presas envolvidas com atividades religiosas,
evidenciada nesse estudo (pelo menos uma vez por semana, totalizando 73,9%.), é consoante
com outras pesquisas, como apontado por Levitt, Loper (2009), em que 70.3% das mulheres
presas reportaram alguma participação em atividade religiosa.
Sugere-se que a religiosidade pode atuar como um meio de reorganização da vida
dentro da prisão promovendo novas configurações de proteção e de percepção da identidade,
além de servir como uma linguagem da qual as presas podem fazer uso para atenuar conflitos
decorrentes da própria situação de encarceramento, permitindo-lhes circular em busca de
elementos culturais bastante diferentes e por vezes contraditórios, libertando-as das amarras
de uma identidade engessada no contexto do crime (Carvalho, 1991).
Alguns autores definem suicídio como crise psicológica representada pela inabilidade
individual de resolver os problemas. Esta crise associa-se, ainda, a um estado de desequilíbrio
emocional, geralmente proporcionado por grandes mudanças que o indivíduo considera como
impossíveis de serem assimiladas. Assim, o processo resulta em aumento da ansiedade, bem
como da percepção da impossibilidade de resolução do conflito. Surgem, então, sentimentos
de desamparo que impedem a consideração de alternativas ou a tomada de atitudes que
modifiquem a situação (Aguillera, 1993; Negrelli, 2006).
Conforme Feijó (1998), suicídio não pode ser separado da tentativa de suicídio. Para o
autor, a tentativa fracassada não invalida a intenção real de morte. A sobrevivência pode ser
obtida com a chegada, a tempo, de socorro ou pelo uso, por parte do sujeito, de meios não tão
56
agressivos para causar sua morte. A falta de habilidade psíquica e motora para realizar o ato
também pode frustrar uma tentativa de suicídio. O autor refere, ainda, que a tentativa de
suicídio pode ser compreendida como um pedido de socorro. Por utilizar um método fatal,
porém, o indivíduo não consegue se arrepender.
A ideação suicida pode ser considerada o primeiro marcador de risco suicida. Quando
persistente, evolui frequentemente para comportamentos suicidários com final fatal (Negrelli,
2006). O estudo revelou relação significativa entre religião e ideação suicida, chamando a
atenção para a alta probabilidade de mulheres não cristãs em desenvolverem
(aproximadamente 11 vezes mais chance de desenvolver do que as mulheres cristãs). Cabe
ressaltar que no cristianismo o suicídio sempre foi condenado. Segundo esta visão, a vida
pertence a Deus.
Para São Tomás de Aquino, o suicídio era o pior dos crimes. Somente Deus poderia
tirar aquilo que deu ao homem – sua vida. Esta era considerada um dom divino. Na Idade
Média Cristã, o ato de se matar configurava-se um sacrilégio. A partir da Revolução Francesa,
o suicídio assumiu um caráter mais oculto, passando a ser compreendido como uma
transgressão, um sinal de patologia. Com o surgimento do Renascimento - séculos XV e XVI
d.C. -, houve o despertar da formação científica e a teoria da loucura passou a ser elaborada
sob a influência do organicismo e da doutrina sobre as faculdades da alma ou da mente. Para
Foucault, o período entre o final do século XIX e o início do século XX marcou o debate em
torno da questão crime e loucura. O saber médico conduziu à mudança na explicação, baseada
no determinismo hereditário e no neurofisiologismo. A filosofia moderna, a partir do embate
decorrente do dualismo cartesiano, originou as concepções organicista e idealista da doença
mental. A partir do século XIX, a etiologia da doença mental passou pela ordem física e
biológica e pela influência das teorias de enfoque psicológico e social, através da Psicanálise e
do Marxismo. No século XX, o criminoso passou a ser analisado física e psiquicamente, ou
seja, como um ser biopsicológico, que necessita de tratamento (Negrelli, 2006).
O suicídio deve ser abordado como uma dimensão que integra um possível contínuo
de comportamentos que pode partir de pensamentos de autodestruição, passando por ameaças,
tentativas de suicídio e finalmente a concretização do ato fatal. Nesse sentido, a pessoa, como
membro de um grupo com o qual compartilha significados, quando atenta contra a sua vida,
está inserindo a narrativa da experiência da crise suicida no repertório de histórias do sistema
familiar. Essa experiência de crise tende a alterar a intensidade dos vínculos emocionais na
família e desta com o seu ambiente, limitando a capacidade em distinguir territórios, ideias,
pessoas, experiências, umas das outras. Famílias inseridas no contexto da crise suicida
57
precisam de auxílio para que possam reconstruir-se como um sistema de apoio e proteção
(Turecky, 1999). O estudo revelou que apenas 5,5% das entrevistas apresentou ideação
suicida clinicamente significante, embora 33,5% referiu tentativa de suicídio anterior, e
apontou que as mulheres com históricos de suicídio na família, as chances são de 10 vezes a
mais do que as que não possuem histórico de suicídio na família.
Conforme Brasil (2005), estudos em diferentes regiões do mundo têm demonstrado
que na quase totalidade dos suicídios os indivíduos estavam padecendo de um transtorno
mental. No entanto, o estudo revelou baixo percentual de acompanhamento psicológico entre
aquelas com sintomas de depressão (27,3%) mesmo com alta frequência de tentativa de
suicídio (90,9%). Além disso, 90,9% das apenadas com sintomas de ideação suicida não
possui inserção em atividades de trabalho e não recebem algum tipo de benefício, o que indica
a necessidade de um maior investimento no sistema prisional, no sentido de ampliar e
qualificar os serviços de saúde, com o intuito de fornecer a essa parcela da população um
tratamento adequado, com especial ênfase ao atendimento à mulher encarcerada.
Estando presente a possibilidade de diversos fatores desencadeadores da depressão e
da ansiedade e considerando a situação restritiva em que vivem as presas, o estudo revelou
relação entre ansiedade e agressão física anterior, as que possuem esse histórico apresentam,
aproximadamente três vezes mais chances de desenvolver sintomatologia de ansiedade grave
quando comparado com quem não possui. No que diz respeito à etiologia dos transtornos de
ansiedade, segundo Barbosa e Gaião (2001), pode-se concluir que se trata de uma conduta de
inadaptação predisposta por fatores de ordem ambiental e biológicos. Ainda de acordo com os
autores, parece haver uma hegemonia a respeito da etiologia e fatores desencadeantes da
ansiedade, pois, desde criança, o indivíduo frente a situações estressoras, como separação dos
pais e/ou violência doméstica, pode desencadear reações inadequadas compatíveis com a
ansiedade. Essas reações são mantidas e possivelmente agravadas por uma combinação das
cognições de experiências passadas e pelo componente biológico.
O aumento da probabilidade de desenvolver ansiedade e depressão entre presas
também está relacionado a aspectos da religiosidade organizacional, sendo revelado no estudo
que as mulheres cristãs têm menos chance de desenvolver sintomas que as não cristãs.
Estudos epidemiológicos indicam a influência de fatores religiosos sobre um conjunto
diversificado de resultados, incluindo drogas, depressão, etilismo, comportamento
delinquente, suicídio e certos diagnósticos psiquiátricos (Moraes, Dalgalarrondo, 2006).
Poucos estudos no Brasil abordaram a saúde mental em população carcerária e a
relacionaram com a religiosidade. Em uma pesquisa realizada com 358 mulheres encarceradas
58
em São Paulo, uma maior religiosidade pessoal, associou-se a menor frequência de transtorno
mental à análise bivariada, embora o resultado não tenha se mantido no modelo multivariado
(Moraes, Dalgalarrondo, 2006).
Observou-se ainda que as variáveis, histórico de suicídio na família, tentativa de
suicídio, faixa etária, escolaridade e condenação, podem ser consideradas fatores de risco por
aumentarem a chance de desenvolver a depressão entre as presas estudadas. Segundo
Chachamovich et al (2009), a associação entre o quadro clínico de depressão e
comportamento suicida têm sido vastamente descritos por diversos autores. Tais achados, de
acordo com estes autores, parecem ser confirmados em diferentes estudos epidemiológicos
sobre a associação entre depressão e o risco de suicídio. No estudo realizado, aquelas presas
que apresentaram histórico de suicídio na família ou tentaram suicídio, tinham
respectivamente, 4 e 3 vezes mais chance de apresentar sintomas de depressão.
Cabe destacar ainda que, foi evidenciado neste trabalho, que menores níveis
educacionais estão associados a maior ocorrência de depressão, em consonância com outros
estudos conduzidos no Brasil. Sabe-se que tanto a escolaridade quanto o nível econômico são
importantes marcadores socioeconômicos. Estudos relatam que a pobreza pode ser um
determinante na explicação do aumento dos índices de depressão, pois eles estão associados a
condições sociais como desemprego, baixo nível de instrução, baixa qualidade de moradia e
alimentação inadequada (Silva, 2016). Tais condições, exclusivas ou combinadas, podem
favorecer o desenvolvimento de um estado de desesperança que tem como efeito imediato a
redução da capacidade para lidar com situações estressoras de maneira adequada, reduzindo a
disposição para suportar acontecimentos adversos e frustrantes.
Com relação à situação jurídica das presas do estudo, notou-se que a maioria se
encontrava em regime disciplinar provisório, resultado de um crescimento rápido do número
de mulheres sendo presas e da inexpressiva assistência jurídica que estas recebem. Essas
mulheres têm duas vezes mais chance de desenvolver sintomas de depressão moderada e
grave em relação às que já foram condenadas.
59
6. CONCLUSÕES
tentativa de suicídio. E, por fim, a significativa relação das variáveis, faixa etária,
escolaridade e condenação com a sintomatologia de depressão moderada e grave.
Acreditamos que esses resultados podem fornecer elementos para futuras intervenções
no sistema prisional e para a elaboração de políticas públicas de saúde com especial ênfase à
saúde mental. Os dados apresentados à equipe de saúde da casa de detenção remeteram a uma
agenda de planejamento e avaliação, sendo construído projeto de intervenção, constituído de
ações assistenciais voltadas às mulheres envolvendo a equipe, contratação de psiquiatra,
articulação intersetorial para oferta de medidas ressocializadoras, e agenda de qualificações
para a equipe de saúde compreender melhor as estratégias de manejo as situações de
sofrimento mental.
Destacamos ainda que a atenção à saúde das pessoas privadas de liberdade é um
direito a ser garantido. No entanto, para além do diagnóstico e atenção aos problemas de
saúde mental e outras demandas de saúde da população carcerária, o próprio sistema
penitenciário precisa ser repensado, pois são muitos os elementos desse universo que se
configuram como fatores de risco ao adoecimento: superlotação, condições das celas,
ociosidade, alimentação inadequada, entre outros fatores. Na forma como está constituído, o
sistema prisional, frequentemente, contribui para o aprofundamento das múltiplas exclusões
vivenciadas pelos reclusos antes do encarceramento.
61
7. ANEXOS
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO
DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Religiosidade, Depressão, Ansiedade e Ideação Suicida entre Mulheres privadas de liberdade.
(1) Com que frequência você vai a uma igreja, templo ou outro encontro religioso?
6. Nunca
(2) Com que frequência você dedica o seu tempo a atividades religiosas individuais, como preces,
rezas, meditações, leitura da bíblia ou de outros textos religiosos?
2. Diariamente
6. Raramente ou nunca
A seção seguinte contém três frases a respeito de crenças ou experiências religiosas. Por favor, anote o
quanto cada frase se aplica a você.
2. Em geral é verdade
5. Não é verdade
(4)As minhas crenças religiosas estão realmente por trás de toda a minha maneira de viver.
2. Em geral é verdade
5. Não é verdade
(5)Eu me esforço muito para viver a minha religião em todos os aspectos da vida.
2. Em geral é verdade
5. Não é verdade
63
Iniciais:_______________________________________________ Idade:_____________
Data: _____/_____/_____
Abaixo está uma lista de sintomas comuns de ansiedade. Por favor, leia cuidadosamente cada item da
lista. Identifique o quanto você tem sido incomodado por cada sintoma durante a última semana,
incluindo hoje, colocando um “x” no espaço correspondente, na mesma linha de cada sintoma.
1. Dormência ou formigamento
2. Sensação de calor
4. Incapaz de relaxar
6. Atordoado ou tonto
8. Sem equilíbrio
9. Aterrorizado
10. Nervoso
13. Trêmulo
17. Assustado
Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada grupo,
faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) próximo à afirmação, em cada grupo, que descreve
melhor a maneira que você tem se sentido na última semana, incluindo hoje. Se várias afirmações
num grupo parecerem se aplicar igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome cuidado de ler
todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer sua escolha.
2 Creio que vou ser punido 2 Perdi a maior parte do meu interesse
pelas outras pessoas
3 Acho que estou sendo punido
3 Perdi todo o interesse pelas outras
pessoas
67
0 Posso trabalhar tão bem quanto antes 1 Estou preocupado com problemas
físicos, tais como dores, indisposição
1 É preciso algum esforço extra para fazer
do estômago ou constipação
alguma coisa
2 Estou muito preocupado com
2 Tenho que me esforçar muito para fazer
problemas físicos e é difícil pensar em
alguma coisa
outra coisa
3 Não consigo mais fazer qualquer trabalho
3 Estou tão preocupado com meus
problemas físicos que não consigo
pensar em qualquer outra coisa
ANEXO
FACULDADE DE 4 - ESCALA
CIÊNCIAS DE DA
MÉDICAS IDEAÇÃO
SANTASUICIDA
CASA DE SÃO PAULO
DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Religiosidade, Depressão, Ansiedade e Ideação Suicida entre Mulheres privadas de liberdade.
ANEXO 4- ESCALA DE IDEAÇÃO SUICIDA
1.Desejo de viver. ( )
0) Moderado a forte.
1) Fraco.
2) Nenhum.
2. Desejo de morrer( )
0. Nenhum
1. Fraco
2. Moderado a forte
1. Aproximadamente igual.
0. Nenhum.
1. Fraco.
2. Moderado a forte.
1. Deixaria a vida/morte para o acaso (por exemplo, atravessar descuidadamente uma rua em
movimento).
2. Evitaria medidas necessárias para salvar ou manter a vida (por exemplo, diabético deixando
de tomar insulina).
70
Se os códigos para os itens 4 e 5 for “0”, pule as seções II, III e IV e insira “8” – “Não aplicável”
em cada um dos espaços em branco destinados à indicação do código.
6. Duração( )
0. Períodos breves
7. Frequência ( )
0. Rara, ocasional
1. Intermitente
2. Persistente ou contínua
0. Rejeição
1. Ambivalente, indiferente
2. Aceitação
1. Inseguro de controle
10. Impedimentos à tentativa ativa (por exemplo, família, religião, ferimento sério, embora mal
sucedido, irreversível) ( )
0. Não considerado.
0. Nenhuma.
2. Sim.
0. Nenhum.
0. Nenhum.
1. Começou mas não terminou ou deixou no lugar; apenas pensou acerca disso.
0. Nenhuma.
1. Deteve-se de revelar.
V - Fatores Históricos
0. Nenhuma.
1. Uma.
2. Mais de uma
0. Baixa.
2. Alta.
73
ABSTRACT
In most Brazilian prison units, a series of risk factors to mental health is found in the prison
population. This study analyzed the signs of depression, correlating them to other variables;
the religiosity in women deprived of liberty as related to mental health; and evaluated suicidal
ideation in imprisoned offenders. It is a descriptive, quantitative study, conducted in the Maria
Julia Maranhao Reeducation House in Joao Pessoa with the 199 prisoners who met the
inclusion criteria, using four instruments for data collection. The data was analyzed through
SPSS, accomplished with variable crossing through binary logistic regression. The studied
women are mostly brown and black young women, single, with a low level of education and a
background of involvement with drugs, either by use or trafficking. With regards to mental
health, the survey evidenced significant signs of depression, classified as moderate and severe
(22,5%); only 5,5% showed clinically significant suicidal ideation, although 33,5% mentioned
a previous suicidal attempt; it showed that for women with a suicidal story in the family, the
chances are 10 time bigger than for those without that story. The study also showed the its
relation to religiosity, and the significant association of age, education and conviction with the
symptomatology of severe depression. The attention to health for people deprived of liberty is
a guaranteed right; however, the penitentiary system itself must be rethought, since there are
plenty of elements in this universe that are configured as illness risk factors.
77
INTRODUCTION
In Brazil, the serious problems that characterize the penitentiary system have been
growing in proportion to the increase in the imprisonment rates, thus relating to the precarious
physical conditions offered by jails and prisons, the shortage of places, the absolute
noxiousness in the imprisonment units, commonly characterized as “deposits of human
beings”, added to the prevalence of a culture of intense institutional violence that, besides
widely using practices such as torture, and the legitimation for the formation and acting of
criminal organizations inside the prisons, aggravating institutional violence, and the
suppression of rights and guarantees for the individuals deprived of liberty1.
In June 2016, there were 726.712 people deprived of liberty in Brazil. As to the
number of places, data from the National Penitentiary Department (DEPEN) reveal a shortage
of 358.663 places and an average occupancy rate of 197,4% all over the country, a scenario
aggravated in comparison to the previous available survey2.
The confinement conditions in which people deprived of liberty are become
determinant for their physical and psychical well-being. When they are gathered in prisons,
people bring health problems as well as mental disorders, that are gradually aggravated by the
precarious conditions of living, feeding and health in the prison units 3.
As to health policies, the Health National Plan in the Penitentiary System, through the
Portaria Interministerial 1.777/2003, contemplates essentially the population gathered in
penitentiaries, prisons, agricultural/agroindustrial colonies and custody and treatment
hospitals, not including prisoners in the open regime and provisional prisoners in the public
jails and police districts4. In May 2014, the Ministry of Health of Brazil instituted, through the
Portaria Interministerial 1 (2 Jan 2014) the Nacional Policy for Integral Health Attention for
People Deprived of Liberty in the Prison System (PNAISP), aiming at guaranteeing the right
to health for all people deprived of liberty, mainly through the improvement of the
infrastructure of the basic health prison units and the guarantee of a minimum team 5.
The prevalence of diseases in that specific population is greater than in the general
population. Estimations point that 90% of prisoners have mental health problems, 80%
smoke, 8% of men and 12% of women are infected by the viruses that provoke B and C
hepatitis, besides HIV seropositivity. This population has not only diseases related to the
physical, but above all problems of mental health, with a bigger prevalence in this specific
(prison) population with respect to general population6.
78
health in this portion of the population in the State of Paraiba, and for projects of preventive
practices of suicide and the planning of mental health actions in communities.
Questions that emerged for the conduction of this research were: What are the social,
demographic and clinic characteristics and the penal condition of women deprived of liberty
in the Maria Julia Maranhao Female Reeducation Center? What are the indexes of religiosity
of those women and their relationship to mental health? What are the signs of depression and
suicidal ideation in women according to Beck’s Inventory?
Thus, the objective is: identifying the profile of women deprived of liberty in the state
of Paraiba; analyzing religiosity in women deprived of liberty, relating it to mental health;
analyzing signs of depression, correlating them to other variables; and evaluating suicidal
ideation in women deprived of liberty.
An initial contact was made with the institution’s direction and the prison unit’s health
team. After authorization from the Research Ethics Committee (CEP), the data were collected
in the defined location, individually, the filling of the instruments being done by the
researcher, after the signing of the Free and Informed Consent Form (TCLE) and the
informing of the imprisoned women.
The team, previously trained, was constituted by a research assistant (psychology
student), a psychologist working in the Prison House, and the researcher who trained the
interviewers. The data collection occurred in the months of March 2016 to March 2017,
inviting individually to the room for psychological treatment all women imprisoned in the
Reeducation House, aiming at clarifying the object and the research method for each
participant. A single session was realized with each participant, in which the five instruments
were applied, during 50 minutes in average.
The identified cases of depression and suicidal ideation were presented to the prison
unit’s health team for the care provision for the imprisoned women.
The data were typed (codified and, in some cases, aggrouped) in an electronic sheet in
the Excel 2010 software, and later statistically treated in the Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) 20.0 software for Windows.
The sample was statistically described and the analysis of rate distributions in
dependent and independent variables was done. The analysis was realized through binary
logistic regression.
Logistic regression is a statistical technique that aims at modelling, through a set of
observations, the “logistic” relation between a dichotomous response variable and a series
numeric explanatory (continuous, discrete) or categorical variables 11.
The research project was submitted for the evaluation of the Research Ethics
Committee, being approved through the emission of the report n. 1.092.050 of 2015. All
participants were informed on the subject matter and the scientific character of the research
and signed the Free and Informed Consent Form (TCLE).
81
RESULTS
According to the profile of women deprived of liberty in the state of Paraiba, although
there are women with ages ranging from 18 to 64 years old, 77.0% of them are between 18
and 34 years old. As to their ethnic identification of these women, a certain equality of
distribution of white (39.0%), black (32.5%) and brown (28.5%). However, considering black
and brown population corresponding to the black population, there is a significant
predominance of 61%. Regarding their schooling, it was possible to verify that 74.0% of
concluded up to the basic education. As to religion, 94.5% are identify themselves as
Christian. As to family income, 76.5% declared they do not receive more than a minimum
wage. When questioned on their civil state, 45% said they were single and 45% in a stable
union.
The sample was constituted by 53.5% provisory imprisoned women waiting for the
judicial sentence on the criminal process to which they respond, and 46% were already
condemned. 41.5% were previously imprisoned. Among the already sentened women, most of
them must serve a sentence ranging from 5 to 15 years (34%), considering that 18.5% of the
interviewees served already 25% of their sentence and 18.5% between 25% and 50% of their
sentence. As to the practiced offense, most responds for drug trafficking, followed by robbery,
homicide and theft.
With regards to the living conditions, reports showed that 50,8% of them have a
companion, although 62.4% of them is deprived of liberty, which may be associated with the
significant rate of women who do not receive any visit (33.7%). Most imprisoned women do
not develop working activities (74.5%) and do not receive any benefit (76%).
As to the surveyed women’s background, there is a homosexual background in 29.5%
of the women, 45.5% of the women suffered physical aggression before the imprisonment,
and 13.5% of the women suffered sexual aggression before. As to suicide in their family, 7%
reported affirmatively, and 33.5% of the interviewees have already tried it.
When they were questioned on psychological follow-up, only 18% declared to receive
any psychological follow-up and only 4% declared psychiatric follow-up.
Analyzing the clinic data from the imprisoned women, 46.5% were considered to be
out of the ideal weight, 10 of them (5.0%) being under the ideal weight and 83 (41.5%) of
them being between slightly overweight and a degree of morbid obesity. Only 19.5% of them
mentioned they felt loss of appetite. As to their sleep hours, a high percentage of the
82
imprisoned women (40.5%) sleeps less than 7 hours. As to their sexual activity, 76% of them
informed they have no sexual activity. 66.5% said they smoke in their daily life.
As to the clinical drug data, 150 (75.0%) answered they answered if they do or do not
use drugs, and 100 of them (50.0%) affirmed they do. Only 25% answered they make use of
medicine. And regarding the use of psychoactive drug, 15,5% answered they use them, mostly
referring to anxiolytics and antidepressants, specially benzodiazepine, diazepam and the
tricyclic antidepressant, amitriptyline. As to the time of use of psychotropic drugs, most
revealed a use period longer than six months.
Regarding Beck’s Depression Inventory, as to significant signs of depression, 22.5%
of the interviewees’ condition being classified as moderate or severe. In this study, we will
use the expression “with symptom” for these women, and “without symptom” for those
classified as minimal or low.
As to the interviewee’s religiosity, according to the Duke University Religion Index, it
was possible to verify that with respect organizational and non-organizational religiosity, the
interviewees have a significant frequency of the “at least once a week” answer, totalizing
73.9%. It must be highlighted that the unit has an available religious space.
As to intrinsic religiosity, related to the individual system of belief and posture before
it, the answers to the questions on the presence of God (question 3) and effort to live in
religion (question 5) revealed to be very present in the life of the interviewees, 83% and
74.9% respectively when the two initial classifications are added up. However, the answers to
the question 4, on the interference of the religious beliefs on lifestyle, reveal distancing
between beliefs and daily postures, totalizing 49.8% when the alternatives “generally not
true” and “not true” are added up.
After filling the suicidal ideation scale, only 5.5% of the interviewees showed
clinically significant suicidal ideation, although 33.5% repported a previous suicide attempt.
Crossing the suicidal ideation with the variables from the patient’s background
distributed among women with and without clinically significant suicidal ideation, in table 1 it
is possible to perceive a differentiated percentage in imprisoned women with a background in
previously suffered physical aggression (81.8%), showing no psychiatric follow-up, low
percentage report of psychological follow-up in those with symptoms of depression (27.3%),
even with a high frequency of suicide attempt (90.9%).
83
Table I– Relation between suicidal ideation and background in women deprived of liberty in the Maria Julia Maranhao
Reeducation House, located in Mangabeira Penitentiary Complex, in the city of Joao Pessoa, Paraiba
Psychiatric follow-up
Yes 0 0.0 7 3.7
No 8 72.7 131 69.7
Not informed 3 27.3 50 26.6
Psychological follow-up
Yes 3 27.3 32 17.0
No 5 45.5 105 55.9
Not informed 3 27.3 51 27.1
Suicide attempt
Yes 10 90.9 57 30.3
No 1 9.1 131 69.7
With regards to suicidal ideation, the variables of the penal situation distributed among
imprisoned women, in table 1 it is verifiable that among women that had clinically significant
suicidal ideation, 27.3% already have a confirmed condemnation, with a reclusion time
ranging from 5 to 20 years, some of them having already served between 50% and 75% of
their sentences. When asked if they had been imprisoned before, 36.4% of those with suicidal
ideation answered yes. 90.9% of the imprisoned women with symptoms of suicidal ideation
are not inserted into working activities and do not receive any benefit.
In table 2, a chance ratio for Christian women was 0.09 bigger to develop suicidal
ideation than non-Christian women, which means non-Christian women have approximately
11 times bigger chances of developing suicidal ideation than Christian women. Women with a
84
history of physical aggression chances to develop symptoms of suicidal ideation were 6 times
bigger than those without that history.
It is emphasized that chances of developing suicidal ideation are bigger one observes
the history of suicide in the family of the imprisoned women and the fact that they have tried
suicide. Chances for those with history of suicide in the family are 10 times bigger than those
without that history of suicide in the family; for those who have tried the suicide, chances are
22 bigger than for those who have not.
Table II – Analysis of bivariate logistic regression between the variables and the general symptoms of suicidal ideation.
Binary logistic regression was realized in order to verify the chances of independent
variables having influence as risk factors for the development of the symptomatology of
depression and suicidal ideation.
After the logistic regression, taking into account the presence of general symptoms of
depression, it was possible in table 3 to see that besides the variables, also religion, history of
suicide in the family and suicide attempt showed significant relation. Age, schooling and
condemnation variables also evidence significant relation with the symptomatology of severe
depression. With respect to age, it was verified that women over 35 years old had 0.55 more
chances of developing severe depression symptoms than those over 35.
For the schooling variable, the table shows that the lesser the schooling, the greater the
chances of developing symptoms of depression. An odd fact was found with respect to the
condemnation variable, in which women who had not yet received their definitive
condemnation have 2 times more chances of developing symptoms of severe depression in
comparison to those who had already been condemned.
Women that identify themselves as Christian have 0.22 more chances of developing
symptoms of depression in comparison with women who do not consider themselves
Christian. The same occurred with the variables history of suicide in the family and suicide
attempt, in which those that presented a history of suicide in the family or had tried suicide
85
Table III – Analysis of bivariate logistic regression between the variables and the general symptoms of depression.
DISCUSSION
According to data from the World Female Imprisonment List, a report produced by the
Institute for Criminal Policy Research at Birkbeck, University of London, there are more than
700.000 imprisoned women in penal establishments all around the world. In absolute
numbers, in 2014 Brazil had the fifth biggest population of incarcerated women in the world,
under United States (205.400 imprisoned women), China (103.766), Russia (53.304) and
Thailand (44.751)12.
Considering the evolution of the imprisonment rates of men and women comparted to
the national population unaggregated by gender, it is possible to affirm that if the rhythm of
growth in the total prison population in Brazil is accelerated and dissonant with the more
recent tendencies of countries that historically invested in policies of mass incarceration,
when one visualizes specifically the evolution of the population of women in the prison
system, this ever deeper movement of incarceration is even more striking. While the total rate
of imprisonment increased 119% between 2000 and 2014, the rate of imprisonment of women
increased 460% in the period, jumping from 6.5 imprisoned women for every 100 thousand
women in 2000 to 36.4 women in 2014. In Paraiba, during the same period (2000 to 2014),
the increase corresponded to 92% for the female population12.
Observing the participation of young adults in the total Brazilian population, it is possible
to affirm that this age is sharply represented in the prison system: the population between 18
and 29 years old represent 18% of the total population in Brazil and 55% of the population in
the prison system in the same year. In the conducted study, we verified that 77.0% of the
86
interviewed women are between 18 and 34 years old, a superior number in comparison to the
average showed by DEPEN9.
The exposition of those women to situations of social vulnerability such as low rate, low
schooling, lack of opportunity to exercise their profession, have been contributing to women’s
entry to the world of crime and with their relapse to the prison system, since the context in
which they are inserted hamper the access to economically productive working activities and
to the possible improvement of their life conditions, inducing them to the entry to criminal
practices.
With respect to ethnicity, adding up the interviewees that identified as black and brown,
we had 61% black women. Regarding schooling, the data from the survey showed low
schooling, since they studied up to middle education at most (74%). These data agree with the
report from DEPEN, which assert that while circa 32% of the total Brazilian population have
completed middle education, only 8% of the total prison population concluded it.
There seems to be a consensus among authors that study the Brazilian prison situation
that the majority of that population is formed by individuals mainly from social segments
marked by social, political and economical exclusion. By means of some peculiarities of the
imprisoned woman, described in this study, it is possible to suppose that she is in a
unfavorable social and economic position, low professional qualification and low income jobs
(up to one minimum wage).
As to religion, 94.5% identify as Christian, showing the importance of highlighting that
religion is understood both as an important defense against social anomy and as a powerful
force of social reproduction13.
Most interviewed women are still waiting for their condemnation, although most of the
condemned women have a significant history of previous prison, and an expressive number
(22.1%) of the imprisonment sentences for up to ten years, and 36.5% served up to 50% of
their sentences. This data on prison punishment reveals its persistence as sanctioning measure,
including cases of less serious crimes, impacting more generally the total population of
incarcerated women in Brazil.
The research showed that the prevalence of recidivism of the imprisoned women was
present in 41.7% of the participants. This high prevalence is observed in other studies and
may suggest the ineffectiveness of the Brazilian prison system in offering activities that
qualify the imprisoned women to increases the possibilities of social and labor reintegration
after release, as well as of the State, which does not provide subsidies for the former
detainees’ reintegration.
87
With respect to the delict practiced, the majority responds for drug trafficking,
followed by robbery, homicide and theft. With the social, cultural and economic changes
that occurred in the last decades, there have also been changes in the types of crimes
committed by women, but these are still predominantly nonviolent crimes. This high
prevalence of drug-related crimes is described in several national studies focusing the
area14.
Male chauvinism prevails in relations immersed in the world of drug trafficking,
where the exercise of male domination over woman is so strong that they are often used
with their consent as an object for carrying, transporting and selling narcotics, aiming
only at the protection of the partner, leaving the woman much more exposed to
imprisonment14.
This period of reclusion away from society, and consequently from the family, leads the
imprisoned woman to experience a weakening of affective family relations, which is
potentialized by prejudice and social stigma. This association of events can culminate in the
reduction or absence of visits to women prisoners, and measures must be taken to maintain
and strengthen this link, since it is an important factor for effective socialization.
It is important mentioning the low insertion in work activities in prison. In the service
studied, activities offered to the imprisoned women are related to the work activities executed
in the prison establishment and under its direction, such as: kitchen services, cleaning,
laundry, janitorial and professionalizing works (handicraft, production of dolls). It should be
considered that the works are considered as unattractive and without a resocializing character,
often aiming at containing expenses with the hiring of specialized personnel.
The results of the present study reveal a high prevalence of history of physical violence,
and also the presence of sexual violence. Violence suffered by the woman is also confirmed
by another study which mentions that 70% of the sample reported direct victimization 15. It is
noteworthy that a considerable percentage presents a history of attempted suicide (33.5%),
and that 7% have a history of suicide in the family.
Violence has been considered as an aggravating factor for health and, therefore, several
authors have debated on the probability and difficulties of preventing it and of including it in
the field of public health16. It is understood as a cause of violence the crisis of sociability,
perceiving this growing violence as a consequence of the bankruptcy of contemporary
processes of socialization. This violence, present in all spheres of our country, affects and
alters the health of the individual, generating deaths and physical and psychic implications 17.
88
Several studies point out that religiosity is a factor of emotional protection. Few
studies have been found regarding religiosity related to the prison population. However, also
in the prison context, religiosity seems to act as a factor of emotional integrity for both men
and women who serve sentences, so that the religious support seems to help the subjects to
face the maladies characteristic of the prison condition, religiosity working as a protective
factor20. Besides religiosity, other factors such as study, work and preservation of bonds with
the family contribute to a favorable adaptation of the prisoner to society.
The high incidence of female prisoners involved in religious activities, as evidenced in
this study (at least once a week, totaling 73.9%.), is consistent with other studies, in which
70.3% of female inmates reported some participation in religious activity21.
Suicidal ideation may be considered the first marker of suicidal risk. When persistent,
it often evolves into suicidal behaviors with fatal ending. The study revealed a significant
relation between religion and suicidal ideation, calling attention to a high probability of non-
Christian women developing it (approximately 11 times more likely to develop than Christian
women).
The study revealed that only 5.5% of the interviews presented clinically significant
suicidal ideation, although 33.5% reported previous suicide attempt, and pointed out that
women with suicide histories in the family, the chances are 10 times bigger than for those
who have no family history of suicide. According to Brazil (2005), studies in different regions
of the world have shown that, in almost all suicides, individuals were suffering from a mental
disorder. However, the study revealed a low percentage of psychological follow-up among
those with symptoms of depression (27.3%), even with a high frequency of attempted suicide
(90.9%). In addition, 90.9% of patients with symptoms of suicidal ideation are not included in
work activities and do not receive any kind of benefit, indicating the need for greater
investment in the prison system to expand and qualify the services with a view to providing
this part of the population with adequate treatment, with special emphasis on the care for
incarcerated women.
The increase in the probability of developing depression among prisoners is also
related to aspects of organizational religiosity, the study revealing that Christian women are
less likely to develop symptoms than non-Christian ones. Few studies in Brazil have
addressed mental health in the prison population and related it to religiosity. In a study of 358
women incarcerated in São Paulo, greater personal religiosity was associated with a lower
frequency of mental disorder in the bivariate analysis, although the result was not maintained
in the multivariate model20.
90
It was also observed that the variables, suicide family history, suicide attempt, age,
schooling and condemnation can be considered risk factors since they increase the chance of
developing depression among the studied prisoners. In the study, those prisoners who had a
family suicide or attempted suicide were 4 and 3 times more likely to present symptoms of
depression, respectively.
It should also be noted that, in this study, lower levels of education are associated with
greater occurrence of depression, in line with other studies conducted in Brazil. It is known
that both schooling and the economic level are important socioeconomic markers.
Regarding the juridical situation of the prisoners of the study, it was noted that the
majority were in provisional disciplinary regime, as a result of a rapid increase in the number
of women being arrested and the inexpressive legal assistance they receive, these women
having 2 times more chances to develop symptoms of severe depression than those that have
already been condemned
FINAL CONSIDERATIONS
Brazilian prisons are marked by a set of deficiencies of structural and processual nature
that directly affect the results produced in relation to the intended resocialization of the
imprisoned and their health. Public health actions for the population in general and for the
prison population in special represent a right to citizenship. In the situation of incarceration,
they contribute for the resocialization of the individual.
The socio-demographic profile of the studied women in reeducation revealed that the
majority is composed by young, brown and black, single women, with low schooling, history
of involvement with drugs, either by use or trafficking. That is situation of many Brazilian
Young women, living in situation of family, social economic de-structuration. Besides, it was
noted that as traits linked to the juridical-criminal profile, involvement and association with
drug trafficking surpass all other causes of female imprisonment, reinforcing the notion that
crimes performed by women are nonviolent, as found in the pertinent literature. As
resocialization activities, only a small number of women perform resocializing activities such
as work.
Regarding the imprisoned women’s mental health, the survey showed significant signs
of depression, classified as moderate or severe in 22.5% of the interviewees; only 5.5% of the
interviewees showed clinically significant suicidal ideation, although 33.5% mentioned a past
suicide attempt, also indicating that for women with a history of suicide in the family, chances
91
of suicidal ideation are 10 times higher than for those without that story; a low percentage of
report of psychological follow-up for those with symptoms of depression (27.3%) even with a
high frequency of suicide attempt (90.9%). Besides it revealed an association between the
variables age, schooling and condemnation with the symptomatology of severe depression.
We believe these results may provide elements for future interventions in the prison
system and the elaboration of public health policies, with a special emphasis for mental
health. We highlight also that attention to health of people deprived of liberty is a right to be
guaranteed. However, beyond diagnosis and attention for problems of mental health and other
demands of the prison population health, the penitentiary system itself must be rethought, for
many elements in that universe are risk factors for illness: overcrowding, cell conditions,
idleness, inadequate feeding, among others. The way it is constituted, the prison system often
contributes to the deepening of the multiple exclusions experience by the imprisoned before
imprisonment.
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102
RESUMO
Introdução: Nas unidades prisionais do Brasil, em sua grande maioria são encontradas uma
série de fatores de risco à saúde mental e física da população carcerária. Ressalta-se que as
condições de confinamento em que se encontram as pessoas privadas de liberdade são
determinantes para o bem-estar físico e psíquico. Somando-se a essa questão no que se refere
as mulheres aprisionadas, estudos apontam que estas apresentam cinco vezes mais chances de
desenvolver algum problema de saúde mental quando comparadas a população geral de
mulheres com transtornos de humor e uso de substâncias. Atualmente, as relações entre
religiosidade e saúde – física e/ou mental – vêm sendo crescentemente investigadas. A maior
parte dos estudos indica que a religiosidade é habitualmente um fator de proteção contra o
desenvolvimento de transtornos mentais. Muitos presos cometem suicídio nos presídios.
Quase dez por cento de todas as mortes no cárcere são por auto-violência humana. O
crescimento das notificações e da busca por cuidados dos que ameaçam se matar é um
fenômeno que merece atenção do setor da saúde. Objetivos: O estudo buscou identificar o
perfil de mulheres privadas de liberdade no Estado da PB; analisar a religiosidade entre
mulheres privadas de liberdade e relacionar com a saúde mental; analisar os sinais indicativos
da depressão e ansiedade, correlacionando com outras variáveis, e por fim avaliar a ideação
suicida de infratoras presas. Casuística e Método: Trata-se de um estudo descritivo,
quantitativo, realizado na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no Complexo
Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB. Participaram do estudo, as
mulheres que atenderem os critérios de inclusão, totalizando 199. Foram utilizados cinco
instrumentos de coleta de dados: questionário sócio-demográfico-clínico, os inventários de
BECK de ansiedade, depressão, escala de ideação suicida e escala de religiosidade da DUKE.
Os dados foram analisados, de forma estatística através do SPSS e obtida as frequências dos
dados, bem como cruzamento de variáveis através da regressão logística binária. Foram
consideradas as observâncias éticas referente a pesquisa cientifica, sendo a pesquisa
submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa e aprovada através do parecer n. 1.092.050 de
2015. Resultados e Discussão: O perfil sociodemográfico das mulheres estudadas revelou
que a maioria são jovens, pardas e negras, solteiras, com baixa escolaridade e história de
envolvimento com as drogas, seja pelo uso ou pelo tráfico. Este é o retrato de muitas jovens
brasileiras, que vivem em situação de desestruturação familiar, social e econômica. No
tocante a saúde mental das presas, a pesquisa evidenciou: significativos sinais de depressão,
sendo classificadas como moderado e grave 22,5% das entrevistadas; apenas 5,5% das
entrevistas apresentou ideação suicida clinicamente significante, embora 33,5% referiu
tentativa de suicídio anterior, e apontou que nas mulheres com históricos de suicídio na
103
família, as chances são de 10 vezes a mais do que as que não possuem histórico de suicídio na
família; baixo percentual de relato de acompanhamento psicológico entre aquelas com
sintomas de depressão (27,3%) mesmo com alta frequência de tentativa de suicídio (90,9%).
Além disso, revelou associação entre ansiedade, depressão e religião, histórico de suicídio na
família e tentativa de suicídio. E por fim, a significativa relação das variáveis, faixa etária,
escolaridade e condenação com a sintomatologia de depressão grave. Considerações Finais:
A atenção à saúde das pessoas privadas de liberdade é um direito a ser garantido. No entanto,
para além do diagnóstico e atenção aos problemas de saúde mental e outras demandas de
saúde da população carcerária, o próprio sistema penitenciário precisa ser repensado, pois são
muitos os elementos desse universo que se configuram como fatores de risco ao adoecimento:
superlotação, condições das celas, ociosidade, falta de acompanhamento pela da equipe de
saúde, entre outros fatores.
ABSTRACT
Introduction: In most prison units in Brazil, a series of risk factors for the mental and
physical health of the prison population are found. It should be emphasized that the
confinement conditions to which persons deprived of their liberty are subject are decisive for
the physical and psychological well-being. Adding to this question, with regard to imprisoned
women, studies show that they are five times more likely to develop a mental health problem
than the general population of women with mood disorders and substance use. Currently, the
relations between religiosity and health – physical and / or mental – has been increasingly
investigated. Most studies indicate that religiosity is usually a protective factor against the
development of mental disorders. Many prisoners commit suicide. Nearly ten percent of all
deaths in prison are cause by human self-violence. The growth of notifications and the search
for care of those who threaten to kill themselves is a phenomenon that deserves attention from
the health sector. Objectives: The study sought to identify the profile of women deprived of
their liberty in the state of Paraiba; to analyze religiosity among women deprived of their
liberty and relate it to mental health; to analyze the signs of depression and anxiety,
correlating with other variables, and finally to evaluate the suicidal ideation of imprisoned
offenders. Casuistry and Method: This is a descriptive, quantitative study carried out at the
Maria Julia Maranhao Reeducation House located in the Mangabeira Penitentiary Complex in
the city of João Pessoa, Paraiba. Participants were women who met the inclusion criteria,
totaling 199. Five data collection instruments were used: a socio-demographic-clinical
questionnaire, Beck’s Inventories for anxiety, depression and suicide ideation scale, and
Duke’s religiosity scale. The data were analyzed statistically through SPSS and the data
frequencies were obtained, as well as the crossing of variables through binary logistic
regression. The ethical observances regarding scientific research were considered, and the
research was submitted to the Research Ethics Committee and approved through technical
advice no. 1,092,050 in 2015. Results and discussion: The sociodemographic profile of the
studied women revealed that the majority are young, brown and black, single, with low
schooling and history of involvement with drugs, either by use or trafficking. This is the
portrait of many Brazilian young women, who live in situations of family, social and
economic disruption. Concerning the mental health of the prisoners, the research showed:
significant signs of depression, being classified as moderate and severe for 22.5% of the
interviewees; only 5.5% of the interviews presented clinically significant suicidal ideation,
although 33.5% reported a previous suicide attempt, and showed that in women with a family
suicide history, the chances are 10 times higher than for those who do not history of suicide in
the family; low percentage of psychological follow-up reporting among those with symptoms
of depression (27.3%) even with a high frequency of attempted suicide (90.9%). In addition,
105
he revealed an association between anxiety, depression and religion, a history of suicide in the
family and attempted suicide. And finally, the significant relationship of variables, age,
schooling and condemnation with the symptomatology of severe depression. Final
considerations: The health care of persons deprived of their liberty is a right to be
guaranteed. However, in addition to diagnosis and attention to mental health problems and
other health demands from the prison population, the prison system itself must be rethought,
since many elements of this universe are configured as risk factors for illness: overcrowding,
conditions of the cells, idleness, lack of follow-up by the health team, among other factors.
LISTAS E APÊNDICES
LISTA DE TABELAS
Bom dia (boa tarde ou noite), meu nome é Maura Vanessa Silva Sobreira, eu sou
discente do Programa de Doutorado de Ciências da Saúde da Faculdade de Ciências Medicas
da Santa Casa de São Paulo e a Sra. está sendo convidada, como voluntária a participar da
pesquisa intitulada “RELIGIOSIDADE, DEPRESSAO, ANSIEDADE E IDEAÇÃO
SUICIDA ENTRE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE.
Os objetivos dessas pesquisas são: identificar o perfil de mulheres privadas de
liberdade no Estado da PB; analisar a religiosidade entre mulheres privadas de liberdade e
relacionar com a saúde mental; analisar os sinais indicativos da depressão e ansiedade,
correlacionando com outras variáveis, e por fim avaliar a ideação suicida de infratoras presas.
Os dados serão coletados da seguinte forma: o Sr. (a) irá responder cinco
instrumentos acerca de questões referentes religiosidade, ansiedade, depressão e suicídio.
DESCONFORTOS, RISCOS E BENEFÍCIOS: Não haverá desconforto ou risco mínimo
previsível para o (a) Sr. (a) que se submeter à coleta dos dados, tendo em vista tratar-se apenas
de respostas a um questionário, onde não haverá identificação individualizada e os dados da
coletividade serão tratados com padrões éticos (conforme Resolução CNS 466/12) e científicos,
sendo justificável a realização do estudo porque através da análise dos resultados obtidos será
possível identificar sinais de depressão e permitindo assim a articulação com a equipe de
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Rubrica do participante Rubrica do pesquisador responsável
Rubrica do participante Rubrica do pesquisador responsável
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Nome Assinatura do Responsável Data
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Nome Assinatura do Pesquisador Data
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APÊNDICE B
1) DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS:
1.1 Idade________
1.2 Raça/cor________
1.3 Estado civil ( ) solteira ( ) casada ( ) viúva ( ) separada
1.4 Convivência ( ) só ( ) companheiro (a)
1.5 Escolaridade _____________________________
1.6 Profissão / ocupação anterior ______________________________
1.7 Procedência (município) ______________________________________
1.8 Moradia ( ) própria ( ) alugada
1. 9 Religião ________________________________________________________
1.10 Recebe visita ( ) sim ( ) não
Em caso afirmativo de quem? ( ) filhos ( ) amigos ( ) companheiro (a) ( ) outros familiares
1.11 Renda familiar total: ( ) até um salário mínimo ( ) 2 a 3 salários mínimos ( ) acima de 3
salários mínimos
1.12 Companheiro (a) privado (a) de liberdade: ( ) sim ( ) não
3) SITUAÇÃO PENAL:
3.1 Artigo infringido -
3.2 Condenação: ( ) sim ( ) não
3.3 Tempo de condenação: _____________
3.4 Tempo de pena cumprida: ___________
1.3 Prisões anteriores: ( ) sim ( ) não
4) ESTRATÉGIAS DE RESSOCIALIZAÇÃO:
4.1 Inserção em atividades de trabalho: ( ) sim ( ) não
4.2 Recebe algum tipo de beneficio: ( ) sim ( ) não
Em caso afirmativo qual valor?