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Nº 6.882
Rio de Janeiro, 20 de junho de 2022

Lula prepara uma reforma no teto fiscal

Lula vai ter seu “teto II, a missão”
ou um "teto para chamar de seu".
Apesar do discurso quase histérico
contra o reboco que sobrou da ideia
original, implementada no governo
Temer, o PT não está relegando o
problema fiscal do país a um segundo
plano. Nos bastidores do grupo de
petistas que discute um programa
econômico para valer, o consenso é
que o teto tem de ser rearranjado,
ganhar outro nome e emergir como
um mecanismo fiscal contracíclico de
controle de gastos. Mesmo Aloizio
Mercadante, provindo da Escola de
Economia da Unicamp, keynesiano
e heterodoxo, aceita a ideia de ma-
nutenções do teto, desde que com
um makeup caprichado.
Algumas propostas à mesa: elevar
o prazo de apuração dos gastos para
dois anos, tirar os investimentos das
despesas sob controle, normalizar
o estado de calamidade, usando o
expediente constitucional sempre
que situações excepcionais ocorram
(pandemia, choques de oferta, guer-
ra), e tornar o teto uma estrutura
móvel (o controle variaria para cima
ou para baixo segundo os ciclos de
prosperidade e perdas fiscais, com
regras de correção permanentes e
bem definidas). Haveria, portanto,
previsibilidade em relação às des-
pesas, com o espaçamento do teto
para o período de um biênio.
Tirar fora do teto os investi-
mentos é um compromisso do PT,
até porque as verbas discricionárias,
conforme a atual regra orçamentária,
tornaram-se minúsculas. O PT, por
sinal, considera que o ajuste fiscal
será razoavelmente simples nos pri-
meiros anos do governo Lula. Basta
contingenciar os gastos que foram
aprovados pelos adversários. Elemen-
tar, meu caro Watson. Ainda quanto
ao teto, o discurso do seu relança-
mento é singelo. Ou seja: o teto que
será cumprido de verdade será o do
governo Lula, com seu mecanismo
contracíclico de controle dos gastos.
O que se viu com Bolsonaro foi
um limitador de despesas de araque.
Seu governo ficará na história como
fura-teto. A pergunta que é feita por
colaboradores de Lula diz respeito à
mensagem a ser dada para justificar,
seja de que forma for, a manutenção
do teto. Afinal, o expediente para
o controle de gastos que permitiu
a melhoria expressiva do resulta-
do fiscal primário, mesmo furado
à exaustão, foi o teto. E foi ele que
apanhou feito boi ladrão pelo PT
juntamente com as reformas. O RR
considera essa uma preocupação me-
nor. Caso seja vitorioso nas eleições
em um momento de efeméride, as
velhas novidades de Lula parecerão
fatos novíssimos. Em caso de su-
cesso eleitoral, vale a paráfrase da
máxima de Lavoisier: “Na economia
e na política nada se cria, nada se
perde, tudo se transforma”.

Risco Efromovich paira sobre Gol e Avianca

Os acionistas da Gol e da Avianca já enxergam um contencioso em seu radar. Segundo uma fonte
envolvida nas negociações, o empresário German Efromovich estaria se movimentando para brecar na
Justiça a fusão entre as duas companhias. Seu alvo seria o desafeto Roberto Kriete, um dos sócios da nova
empresa. A disputa jurídica remonta à turbulenta saída de Efromovich da colombiana Avianca Holdings,
em 2019. Kriete foi personagem chave do imbróglio, ao assumir a dívida de US$ 450 milhões da companhia
junto à United Airlines e articular junto com os norte-americanos a retirada do empresário da direção e
do capital da Avianca. Efromovich alega, desde então, ter direito a uma indenização.
 Banca do Antfer
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Chocolate quente
Falta de gás
O Grupo CRM planeja levar a
Em meio à tunga na arrecadação proveniente do ICMS, sur-
Kopenhagen e a Brasil Cacau para
ge mais um foco de atrito entre o governo federal e as unidades
o exterior. O ponto de partida
federativas. O Ministério de Minas e Energia tem pressionado os
seria a abertura de lojas nos
estados a adequar sua legislação local ao novo marco regulatório
Estados Unidos. Tudo embalado
do gás. Até o momento, apenas sete deles redesenharam seu arca-
pelo apetite e pelos dólares do
bouço regulatório. A mudança é vital para a abertura do mercado
Advent, controlador da CRM.
de distribuição de gás para novas empresas.
Em tempo: os norte-americanos
falam ainda em duplicar o número
de lojas no Brasil em cinco anos. Do fóssil ao verde
A entrada no mercado brasileiro de lubrificantes é só um aquecimento.
Multipresença A Emirates National Oil Company, de Dubai, planeja investir em exploração
Paulo Sergio Kakinoff, que está e produção de petróleo e também em projetos de energia verde no Brasil.
deixando a presidência da Gol, foi
sondado para o Conselho de uma Em busca do tempo perdido
das grandes fintechs brasileiras. O prefeito Eduardo Paes estuda a criação de novos incentivos para
Kakinoff já está no board da atrair empresas, notadamente da área de inovação, para a Zona Por-
Suzano e da MRV, entre outras. tuária do Rio. Apesar dos investimentos públicos e privados feitos por
ocasião da Rio 2016, a área ainda está muito longe de ter a densidade
Bola longa demográfica corporativa estimada.
Um grande banco de
investimentos vêm tentando Caçada na Amazônia
fazer uma tabelinha com o O RR tem a informação de que a Polícia Federal estaria preparando
fundo americano RedBird, que uma grande operação nos portos do Pará para combater o contrabando
acaba de comprar o Milan. Ao de minério. Recentemente, em ação comandada pelo Exército, mais de
menos é o que a instituição em 200 mil toneladas de cobre e manganês foram apreendidos apenas no
questão tem vendido para os terminal de Vila do Conde. Investigações da PF apontam que outros
clubes brasileiros que assessora. portos do Pará vêm sendo seguidamente utilizados para o escoamento
de minério extraído de garimpos ilegais da Amazônia.
Semente plantada
A chinesa Hope Full Grain E ainda tem a dengue
tem planos de instalar uma No país que tanto demorou para comprar o imunizante contra a Co-
fábrica de sementes na Região vid, um alento: a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança)
Centro-Oeste. Onde? A decisão deverá aprovar, ainda neste mês, a comercialização da vacina tetravalente
vai depender de qual estado contra a dengue, desenvolvida pela farmacêutica Takeda. A doença atinge
caprichará mais nos incentivos. cerca de um milhão de brasileiros por ano.

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