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Florestan Fernandes A REVOLUGAO BURGUESA No BRASIL Ensaio de interpretagio sociolégica prefacto: José de Souza Martins Oh rea de ein nr eimpressto Mata Amin sn rea Seer Raghudnr tinge) Ut tee nevanioa e CAPITULO 7 O MODELO AUTOCRATICO-BURGUES DE TRANSFORMAGAO CAPITALISTA [A RELAGAO ENTRE A DOMINAGRO BUEGUESA € a transformagzo capita lista 6 skamente varvel. Nao ext, como se supuna a pate de uma eoncepso europeucéntrica além do mas, lida apenas para os “cass clissicos de Revolugdo Burguesa), um nico modelo bisico democriticoburgués de transormacao cepitalist. Atuelmente, 05 ‘iontistassocais jd sabem, comprovadamente, que a transformagso ‘apitalita ndo se determina, de maneita exclusiva, em Fungéo dos requisites intrinsecos do desenvolimento capitalista, Ao contri, cesses requiitos (seam os econdmicos, sam os socioclturis © oF politicos) entam em interao com os virios elementos econdmicas {natualmente extra ou pré-capitlisas) e exraecondmices da situa 0 histrco-socil, earacterstios dos casos coneretos que se cons: derem,¢ sofrem, assim, bloqucios, seeds eadaptagdes que delimi- ‘am: 1°) como se concretizar,histrico-socialmente, a tansformagio capitalist; 25 padeo concreto de dominagéo burguesa incl, ‘como ea poder compor os interesses de classe exraburguesese bur fueses ou, também, os intereses de classe interns eeaternos, efor ‘0 caso — como ela se impregnaré de elementos econtmicos, socio ‘ultras e politicos extrinsecos 8 tansformagio capitalists); 3") quai So as probebildades que tem a dominago burgucsa de absorver os A navowusho Burcuess no Beast, 337 requstos central da transformagdo capitalist (tanto os econtmicos quanto os sococulturas eos politica) ¢, vice sera, qua 0 a8 peo- bublidades que tem a transformagso captlista de acompanhar, ‘stratum, funciona e histrcamente, as polaizagoes da dominagso burguesa, que possuam um eater histérico constr eeradot, 'ARé recentemente, x6 s© acetavam intepretativamente como Revolucio Burguesa manifestaes que se aproximassem tpicamente dos “casos cisco, nas quais houvesse 0 maximo de fader e de Tiquides nas relages reeprocas de transformacio captalista com a dominago burguesa. Tatva-se, quando menos, de uma poss iner- pretatva unilateral, que peri de vista 0 significado empl, terico ‘e histxico dos “casos comuns’, nos quis a Revolugso Bunguesa apa rece vinculaa a alteragoes estrturasedindmices condicionadas pela imadiagi externa do capitalsmo maduro, ou dos “casos atipicos”, nos ‘quae & Revolugo Burguesa apresenta um encadeamento bem diver- +9 daquele que se pode infer através do estudo de sua eclosto na Inglatera, na Franga e nos Estados Unidos (como o demonstram as investigates feta sobre « Alemanhs e o Jap). ‘Mais importante para este eapitulo, do pono de vista tesico, 6a relago entre tansformagio captalstae domingo burguesa nas p ‘es perifico de economia capitalist dependente¢ subdesenvolvida, uss presungdesertineas persstizam, durante muito tempo, limits doa penetragioe o tor explcaivo das descrigdese interpretagoes sociolgicas. ‘Uma presungao, muito generalaada,refere-se a “esquema” da evolugio Burguesa. Fle seria déntico ao que se alia as sociedades captalstas conta ehegemdnicas. Ao que parece, pevaleceu awl de que a dependenciae o subdesensolsiment seria estos pas prs, destinados a desaparecer rags a0 cater fatal da autonomia {0 progessva do desenvolvimento capitalist, Nesse sentido, seria legtimo admite que a peiferiadependentee subdesensolidatende- tia a repetir — desde que se desse a revolugio antcoloniale fowse superado o estado inicial de wansigo neocolonial — a histra dat nagdes centri. Igprou'se que a expansio capitalist da parte deper- deme da pereriaesteva fad a ser permanentementeremodelada por dnamismos das economisscapitlstas centri edo mercado cap- falta mundial, algo que Rosa Luxemburg denara bem esclaecido em sua tora gerl da acumulagio capitalist" E, em segundo ga, deiwou'se de considerar que a autonomizagto do desenvolvimento ‘aptalsta exige, como um prétequsto, a uptura da dominagio exter 1a (colonial, neocolnial ou imperialist)? Desde que esta se mante nha, o que tem lar € um desenvolvimento captalita dependent e, ‘qualquer que sia 0 pao para o qual ele tends, ncapar de satura todas a fungées econdmicas,scioculuras e potas que ele devria preencher no estido corespendente do captain. E clo que 0 ‘resimento capitalist sed aceerando a actumulacdo de capital ova ‘moderiagio institucional, mas mantendo, sempre. a expopragso capalista exemae o subdexenobsiment relat, como condigses © efetos elutes Além dss, mesmo que ocorresse uma autonomi- 0 “automa” do desenvolvimento capitalist, ela nfo assegraria, ors mesma, uma via unifrme de evlugso do capitalismo e de con: soliaso da dominagio burguesa (como se pode infer ais, do con- fron, é bem conhecido, dos Estados Unidos com o Jap). orn, o quae perl € muito mai complero do que as prestn es niciais defavam supor Eo que tem importncia teria expec Fcapara esa dscuso, 0 qu em essen fo negligencido,Pedewse de vista len que nunca se deve esqucer.O que a parte depend te da periferia“abarvee, portant, “repete” com refetncia vs sos clissics” so tagosestrurase dindmicos essential, que caracten ‘7am aexstnca do que Mar designava como uma economia mercan tla mais-aia relative ete. ea emergéncia de uma economia compe- tv diferenioda ou de uma economia monopolist anculada ee |sso grant unformidades fundamentis, sm a quis a parte depen dente da peri no seria capital eno podera participa de dna mismos de crescimento ou de desenolimento das economias capita lists centri. No entant, a esas unformiades — que no explcam «exproprigio capitalist inerente dominacto imperialist e, poeta to, adependénc eo subdesemolvinento— se superem dierengas fundamentals, que emanam do procesto pelo qual o desenvolvimento ‘capialista da priferia se torna dependent, subdesenvolvido e impe Filzad, anticulando no mesmo padi as economiascpitalisas cen tease as economias capitalists perifricas. Em um sistema de nts ‘lo marist, & 4 estas diferengas (eno huelasuniformidades) que ‘abe recorer para explca variagdo essenciale diferencia isto € 0 que € tipco da transformagao capitalist e da dominacdo burguesa sob 0 capitalism dependente. S6 assim se pode colocar em evidéncia como porque a Revolueao Burguesa constitu uma realidad hist ‘a pecular nas nagbes captaistas dependents e subdeservolidas, sem recorerse substance a mistifiagio da histria. AN, a Revolugto Burguesa combina — nem poderiaetar de faé-lo — transforma capitalists e dominago bursa. Todava, ssa combi ago se processa em condigdesecondimicas e histrico-sociasespe- ‘fleas, que excluem qualquer pobablidade de “reptiio da hist ‘ue “desencadeamento automstico” dos pré-tequisitos do referido modelo democrtico-burguts, Ao revs, o que se concretiza, embora fom intensidade vardvel, € uma forte dissociaglo pragmatica entre desenvolvimento capitalist e democraci; ou, usando-se uma notagio sociolgica posit: uma forte associag3o racial entre desenvol- ‘mento captlstae autcraca, Assim, o que "é bom” para intensifiat ‘ eceleraro desenvolvimento capitaista entra em confit, nas oren- tagbes de valor menos que nos comportamentosconcretos das classes possuldoras e burguesas, com qualquer evelugio democitiea da ‘order socal Angi de “democraciaburgues” sofre uma redefini ‘80, que €disimulada no plano dos mors, mas se impoe como uma Tealidade préticainexorvel, pela qual ela se restinge aos membros das clases possuidoras que se quaifiquem. econdmica, social e poi ticamente pra o exereicio da dominagio burgues. ‘A outta presungio errénea diz respeito 2 propria esséncia da pradora" (pias de situages colonials neocoloniais, em sentido espectico),Elas detém um forte poder econdmico sociale politico, de base ede aleance nacionsi; possuem o controle da maquinaia do 2346 Fron rms Estado nacional; e contam com suporte externo para modemizar at formas de socaizagzo de cooptagio, de opessio ou de repress ine rentes a dominagdo burguesa.Toma-se, assim, muito diffe desloc- las polticamente através de presses econflitos mantides “dento da dem’; €€quaseimpraticavel usar oespago poltico, ssegutado pela ‘ordem legal, para fazer explodir as contradigbes de classe, agrava- das sob as referidas circunstincias. O “retardamento” da Revlugto Burguesa, na parte dependentee subdesenvolida da peiferia du re assim uma conotag2o poltica especial. A burgesia no ests <6 Jtando, a, para conslidarvantagens de classe rlaivas ou para man ter priviyos de classe. Ela lua, simultanesmente, pot sua sobrei- venciae pela sobrevvéncia do capitalismo. Isso inoduz um elemen to politico em seus comportamentos de classe que no & tpico do capitalismo especialmente nas fases de maturagdo econ, s0cio- cultural e politica da dominagdo burguesa na Europa e nos Estados Unidos. Essa vaiago, puramente histrica, € no entanto central para que se entends o crescente divério que sed entre a ideologia e a topia burguesas ea realidade eviada pla dominagio burguesa. Ente 4 ruina final eo enijecimento, essas burguesasnio tim mut esco- Tha propriamente politica (sto ¢,“racional’, "inteliente” e“deibers: 4). O idealiomo burguds precisa ser posto de lao, com seus compro rmissos mals ou menos fortes com qualquer refrmismo autentic, ‘com qualquer lberalismo radical, com qualquer nacionalisno demo ctico-burgues mais ou menos congruente. A dominagio burguesa revelese 2 histéria, ent, sob seus trajosimedutives © esencias, ‘que explicam as "vitudes' os “deeitos" ea “realizagBeshistricas «da burguesia. A suainfleubilidade a sua desi para emprega vio lenciainsttucionalizade na defesa de intresses materi pride, de {fins politics panicularsas;e sua coragem de Wdentfiea-se com fr: ‘mas autocrticas de autodefes ede autoprivlegiamento.O “nacona lismo burgués”encetaassim um dkimo gio, fundindo a replica par- lament com o faseismo. Isso nos coloca,certamente, dante do poder burgués em sua ‘manifestaco histérca mais extrema, brutal e reveladora, a qual se ‘tornou posse enecesséiagragas a0 seu estado de paroxismo pol ‘ico. Um poder que se impoe sem rebucos de cima para bato, recorendo a quaiequer meios para prevalecer, erigindo-se a 3 mesmo em fonte de sua prépra legitimidade e convertendo, por fim, 0 Estado nacional e democrtico em insteumento puro e sim ples de uma ditadura de clase preventive. Gostemos ou ndo, essa ‘a veaidade que nos cabe obserar diante dela ndo nos é licito ter qualquer ilo, © maximo que se pod cracia e as identificagdes nacionalistas passariam por esse poder burgués se a wansformagio capitalista e a dominagao burpuesa tivessem assumid (ou pudessem assumit) a um tempo outras for ia dizer € que a demo mas e itmoshistrcos diferentes, {As conexdes da dominacao burguesa com a transformagio capitaita se alteram de maneia mais ou menos rida, na media em que se consolda, se diferencia e se iradia 0 captalismo compesitvo no Basil e,em especial em que se aprofunda e se aceera a tansigao para o capitalismo monopolisa.O elemento central da alteragio foi raturalmente, a emergéncia da industriaizasio como wm processo cconémico, social ¢ cultural bisio, que modiiea a oxganzagSo, os Ainamismse a posigzo da economia urbana dentro do sistema eco- ‘omico braleio, A hegemonia urbana ¢ metropolitana aparece, Essa aprendizagem realinise por etapa e ports is ders todas fustadoras. Primi, araves da descabert de que iramog “rept isi A grande esperanga republicans, de que se aria a revolugio indostal de modo auténomo segundo o modelo de desemolvimento econdmico inerente 20 captalsmo competi) ‘esbora-e por completo no limi mesmo da industria intent + Quando so fcou patente, também se ekdencio que concreth zag dena democracia burgies plens no era uma “questo dt tempo" nem de “gaduatismo politico”. Os cleuls infundadose af, expecta eadastinhim de ser revistos Assn, a burguesa bri Joa aprendeu, de um gle, que a sti no € sutogerminadors: @ aque la do corige os eros dos homens, naam cles de ambigSeb, cxagerads ou de fntsie mediocre. Sepundo, através deentechos «ues alimentados po antagonismos intraclass, o sj, por nero ses © aspiragies dvergentes de lass ou estatos de classe burgue- ses. Ignorando os limites de seus papéls histrcos, em diferentes ‘momentos, setores civ ou militares © civis-militares, da alta © da sma burguesa, langaram-se a aventrastdas como “nacionalists", demacrticas" €“revoluclonatas’ — ede fto elas sfram essa ela boraso intencional seria iso mesmo, se forse possvel transfor. ‘mat, primero, as bases dependentes des relagdes de produgao e de ‘mercado. Tedavia, as classes burguesas que ltavam por causas 130 amplas no tinham coragem de romper com a dominagéo impenlisa ce com of lames que as prendiam 3s wis formas de subdesenvol¥i- ‘ment interno. Em consequéncia patroniziam uma variedade espe cial de ‘populism demaggia popula, agravando os conflitos de clase sem aumentar, com isso, 0 esago politico democrtico, refor- ‘mista e nacionalista da ordem burguesaexistente. Essas foram, no entanto, a experéncias que acordaram « burguesa brasileira ara a sua verdadeta condiio, ensinando-2ando procurar vantage relat ‘vas para estrtos burguesesisolados, 3 custa de sua prpriaseguranga coletva eda estabiidade da dominagio burgues. Terciro, através da cexposiio de eltes das classes urguesas a influénciassocaliadoras textes e de manipulagtes diets de problemas interns por melo de controles deseneadeados efow orients a partir de fora. O Ambito «a dominago imperialist aprofunda se alarga-se com apassegem do captalismo competitvo para o capitalsmo monopoita, Nao exstem nest timo fronteias ao contol socettio externa, 0 que permite falarem um imperilismo total. As experiénclas, nessa esfer,sio bem conhecidas. Hi os grupos, extraidos de virascategrasprofissionas, ‘iis e militares, que foram deslocados ara o exterior esofreram com pletareciclagem (deoligjcae ut6pica), gragas a programas especias de "treinamento’ de “preparagio técnica especalizada” ou de dout raglo, Hi os programas de comunicacio em masa, através do riio, televiso, imprensa © mesmo da educagio escoarzada, e 0s progr: mas deassisnelaténica (sade, cooperacio militar, defesa e sep ‘anga pblis, cooperagto econémice, cooperagSo educacional ete), ‘que crim redesarticuladas de “moderizaco drgds".Hé, por fim, programas de instiuigses mundi e de govern a govera que reco: brem essase outras eas, todos dfundindo uma filosofia desenval rmentista propria, Por aqui os estratos burgueses aprenderam a muda 4 qualidade de suas percepgdese explicagdes do mundo, procuranda sustar-se a “avaliagdes pragmsticas’, que representam o subdeservol- vimento como um “fato natu” autocorigiele estabelecem come deal bésico o principio, radiado a partir dos Estados Unidos, do “desenvolvimento com seguranga’. Dave-se, asim, owlkimo salto na Timpeza do s6tso. A burguesia brasileira encontava novos eles de “moderizagao™, descartando-se de suas quinguiharas histérlcas libertras, de origem curopéia, substtudas por canvcges bem mats rosscas, mas que ajustavam seus papéis “unidade do hemisfri’, 2 "imerdependéncia das nagdes democriticas”e “defesa da cvliza- ‘lo ocidenta’ Para eter uma imagem conereta de como esas ts via de aprendizagem mudaam a percep da realidade ea oientagdes de valor da buruesia brasileira ¢ sficiente acompanhar a carrera poltiea ‘ou admiistrativa recente de alguns préceres cise militares rebelde" das décadas de 1920, de 1930 ou de 1940.0 curiso, em todo o prot ‘cess, soa identfcagdes, que acabaram prevalecendo, 20 longo © 0 cabo da depurapo do dealismo burgués, entre a "mentaldade oie ‘quiea” © 0 “reconalismo pregmitica” a que chegaram muitos sepre- sentantes das correntes burguesas “aclonalista’,“democraticas” “revoluclondra' evident que as nage hegemdnicas exportam suas ideologies «utopias. Nesse sentido as idologis © as utopias das mages hege= rénicas sto também as ieologase a utopias das classes dominan tes das nagdes dependentes. Contudo, & preciso levarse em conta «que isso corre dentro de uma linka que esponde a novas condi econimicas, histricosociais e poltcas. As nagdes capitalists ‘dependentesndo possuem as mesmas potencialdades que a8 nagies pleto, pelo menos por enquanto, 0 significado eas consequénclas das relagdese conflitos de clases 'A adaptagio da dominacio burguess as condigdes histricas cemergentes, impostas pea industrialzago intensiva, pela metropoll- acto dos grandes centros humanes © pela eclosso do capitalism ‘monopolist, processou-se mediante a multipicaio e a exacerbagio de confitos e de antagonismos sociis, que desgastavam,enfraque- ‘lam crosicament ou punham em rico poder burps. Nunca che- ‘ou a existir uma situagdo pré-revoluciondia ipcamente fundada na rebeliio anuburguesa das clases asslriadas e destitudas. Noentan- to, a situacao exstente era potncialmente pré-revelucionéria, devido a gra de desagregagao, de dsariculacaoe de desorientas3o da pré pin dominacio burguesa, exposta ininerruptamente, da segunda ‘cada do século "revlugio insiucinal” de 1964, a um constante procesto de erosao intestina. As linhas de clivagem se estabeleciam patreis com o débil ponto de equiltrio de uma sociedade de classes dependente © subdesenvolida. A extrema concentrag30 social da riguera e do poder ndo conferia & burguesia natva espaso police dento do qual pudesse movimentar-e eanticula-s com os interes: ‘ses socials mais ou menos dvergentes Ela 6 pd, mesmo, mostra s2"democritca, "reformist e “naionalista” desde que as “presses dentro da orden” fossem merossimbolos de Identificagso moral € politica, esvarlando-se de efetiidadepritica no vieaserhistrico. Em sum, a5 clases o& estates de classe burgueses no tnham como servis do radicalism burgus para capt simpati € 0 apoio ds massa populares sem 90 mesmo tempo aprofundar seus conto, cent se, que era mais importants, sm asa esfundamentos raters polticos de ordem socal competitva sob o captaliamo dependent subdesenolvido. A ese ft crescent se emer séncia ea dust de moviments de masse aniburuess, as ia dese até em algunas ras do campo. Tis movimentos estavar loge de representar um “pergo mediate, plo menos em se por mes ss. Tova, cles encontravam ums ressondnci intimdadora econ tian una fra defrag inesperada Pot is, acaba reper cutindo e fermentando, de modo quate incontelevel, no propio. ralicalso buguts:“cotaminaran” estudantes, tlecti acer des, mares, vos etres da pequensburpuesia ete. Alem dao, inflraram influéncias eypeiicamenteantibarguesas © revolcions ras nas massa populares desperadss mis elreadae pla “demoqogia populist 0 qu exabeleia um pergoso el ente mls e pobre, “pressio denr da orden crm soca, Segundo o Estado nein, iefreavelmenteintervencionist, por eeito de exzema diferenciagioe do crescimento congestonade de suas fungesecondnicas diets e de uss mils fangs cul ‘urls, eonvertene numa formidvel dem administra (por causa desu coro de fanciondis ede tecnicos) emima consderivel erga socioecondmica (pr eas da mass das empresas estat € das in seas ea em que inca, coathamete, “progam expeciais do governo). A urgusia sempre solpaa esse proceso. Contio, cla depend dele e nha de dito e exalt, procurando, no ‘bstante, mantero stad e sua fogaseconémicas, cultura e pol cas como uma esferscontolada segura do poder burgués (no que ‘a ajudada pels efeitos politicos deta einretos do desenvohi- mento desigal interno: pla esratura do presidenciaismo em um als no qual o Legis oJ sto condenados 3 predomi inca de iteresses urgueses ow pri-burgese conseradores). Ovo" le alcangado pelo Estado bras, como ssocago admit ‘ue organiza police, © otransbordamento do acl burguds na diego do poder extstal — mente a atuagio poltica de certs overs de “base populist e gross idetifiagesnacionalisas ‘he comecaram a rssar ene “los funcionéis” eno peso te- co de ato gabait”— despetrar, em poco tempo, um tror reno. O Estado surgi como uma esc de fantasia, no em se por Si mesmo (pols 0 “governs popultas ea alka burcraciamaciona- Isa a se arevera i demasiado lnge), mas por cas do que esse deslacamento parecia representa, coms pera do “controle but- 68 sbreo Estado e em eros de sas apaenesconsequcies, ethos pra a“ltva pads” ea liberdadeburgues. AS ecen- ter orien pattinonalistas da bursa brie, com seu ares particulars e seu srogante mandonismo conservedor, impedam tm compreensto mals ampla ou Neve do problema (come, por excep, a qe hava sido defendida, na dealgem desse proceso, por Roberto Simonsen e algun expoentcs do "industrialisma) A sin ples autonomizagio institucional das fungiesbiscas do Estado e Ines ame Je qe 8 a aartear uma verde nacional de suas eats admstratas ou plas sev de fundamen 2 um processo de cenralizagi independente do poet apaeciam como uma clara e veel “evolu dent da orden" anuburguesa De ato, se ocoresse semelhante wansarmayso plea, busta perder o conte do Estado. Visio process potics de “press, denim da orden teria gaduamente, no seu ives, conver tendose em ftres de “revolugio dentro da orem, conta 0 quit 2s classes eos estratos de classe burgeses poueo ou nada poderiamy sem ponto de apoio nsitucional epresio eopesio que sempre encontrar no Ena. O poder burgess esvaiaria se eres 0 tmonapi do pole estat ea prefiquago dessa ameaga clon fundo mesno em grupos buguses que paitaram pels searas do radicalimo burps eda “demagogia populist. “Fceto, «muslin mest a esto do opal rmonepaista alaaram e aprofundaram, de maneia explo, af inluéncias eterna sabre o deservchimentocopitalista inter, exh sindo da classes e ds estrator de classe burgueses novos exquemas de ajustamento e de controle daquelasinfluéncia. Era impossivl Geter semelhante process, nascdo da prépriaextrutura mundial do capitalismo eincentvado pelo cariter dependente da economia cap: talsta brasileira. As classes oestratos de classe burguess tnham e enfentar, no entanto, seus efeitos politics, Pos ea iradingo do captalismo compeino, de fora para dentro, no ating dretamente as esruturas de poder politico da socedade brasileira, 0 mesmo no sucedla com a imadiag do capitalsmo monopolist, Aquelas classes eestratos de classe vase, de eepente, na psig de antagonists do liad principal. O desafio eer também Se ergula,portanto, coma tum espantao. Se, como parte da autodefesae de auto-afirmago da ‘ica peivaa” em geal se impunha defender e aumentar a asso- iagdo com os “capitals eateros’, fomentando of ritmos das "inver- ses estrangeias”, com clas, os da modeenzagio coneolada de fre, 8 autoprotes de clase da buguesia brasleiaestabeleca um limite | interdependncs".Acima do afluxo de capitas, de teenologias e de empresas , mesmo, cima da aceleragao do desenvolvimento capi lista esta, para ela, seu satus, em parte mediadr em pare lve de Tharguesia nacional’. O fulro do poder real interno da burguesa, no que diz espeito a0 capitalism dependente e subdesenvolsido e &¢ conexses de economiasnaclonas capitalists da perfeia com as na- (es capitalists hepeménicas e com o sistema eapitalita mundial, Dsta por esse satus. As classes © os estatos de classe burgueses Viamese na contingéncia de resguardar esse status, embora a quatro los estivessem empenhados numa crazada primperialista, Se ele fose afetado, néo haveria base material para qualquer processo de autodefesa ede auto-afimacio da burguesia native como parte de um sistema nacional de per. Ela debara, automaticament, de ser uma “burquesa nacional” — embora dependente eda penfera do mundo capiulsta — e reverteria & condigdo de burguesia-tamp, pica de economias colonia e neocolonais, em tansigdo paso capitalsmo © pare #emancipacio nacional (da qual a melhor iastragio a "burgue sa compradora” chiness). Desse angulo, percebese claramente 0 quanto referido stats 6 imporane para una burgesta deperden te Ee constitu a base material de autoproteio, atadeesn e ato fimagiodesaburgesa no plano das eles nero do si- tema capialsa mundi: Pvads dese satus, as burgusias nats

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