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PARASITOSES INTESTINAIS

Problema de saúde pública: Parasitoses Intestinais


Prevalência Global – Doenças mais comuns globalmente, segundo a OMS
– Segunda infecção mais comum: ascaridíase (807 a 1.221
milhões de pessoas)
– Primeira infecção mais comum: cárie dentária
Aumento das – Devido ao surgimento do HIV e protozoários emergentes
protozooses (ex: Cryptosporidium parvum)
Falta de estudos – Mais prevalentes em países em desenvolvimento
epidemiológicos – Limitações: pobreza, condições precárias de saúde, falta
de recursos para pesquisa
– Dificuldades com exames coproparasitológicos
Prevalência no Brasil – Prevalência geral: 15 a 80%
(dados de 2005) – Em lactentes: 15%
– Em escolares: 23,3 a 66,3%
– Poliparasitismo: 15 a 37%
– Ascaridíase: parasitose mais frequente
Variação das taxas de enteroparasitoses no
Brasil
Ascaridíase 16-41%
Tricuríase 11-40%
Giardíase 6-44%
Amebíase 4-23%
Ancilostomíase 2-17%
Estrongiloidíase 1-9%
Enterobíase 2-4%
Teníase 0,04-1,2%

Saneamento básico e – 29 estudos realizados


parasitoses – 44,8% (13/29) realizados na região Sudeste
(2007-2018) – As parasitoses são associadas à precariedade no
saneamento
– Ascaris lumbricoides: helminto mais prevalente em
amostras humanas
– Educação em saúde é essencial para reduzir a prevalência
de enteroparasitoses em conjunto com o saneamento

Etiologia das Parasitoses Intestinais


Principais Protozoários – Entamoeba histolytica
Patogênicos – Giardia lamblia (Giardia intestinalis)
– Cryptosporidium parvum
– Cystoisospora belli
– Balantidium coli
– Microsporidia
– Blastocystis hominis
– Sarcocystis sp.
– Dientamoeba fragilis
– Cyclospora cayetanensis
Protozoários Comensais – Endolimax nana
– Entamoeba coli
Protozoário Recém- – Urbanorum spp.
Descoberto – Primeiro caso no Brasil em 2018, Maranhão
– Causa diarreia persistente
– Estrutura hialina amarela, arredondada, 80-100
micrômetros de diâmetro, com membrana dupla
Helmintos: – Ascaris lumbricoides
Nematelmintos (Geo- – Enterobius vermicularis
helmintos) – Trichuris trichiura
– Necator americanus
– Ancylostoma duodenale
– Strongyloides stercoralis

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– Strongyloides stercoralis
Helmintos: Platelmintos – Cestódeos
(Bio-helmintos) – Taenia solium (hospedeiro intermediário: porco)
– Taenia saginata (hospedeiro intermediário: boi)
– Hymenolepis nana (hospedeiro intermediário:
artrópodes)
– Diphylobothrium latum (hospedeiro intermediário:
peixes)
– Trematódeos
– Schistosoma mansoni (hospedeiro intermediário:
caramujo)
Ciclo de Vida dos – Variável de acordo com cada parasita
Agentes – Helmintos: ovo, larva e adulto
– Protozoários: cistos, oocistos, trofozoítos
– Localização variável no trato gastrointestinal
– Formas de contágio variáveis

Ciclo de Vida: Maturação, forma de contágio e localização no hospedeiro


dos enteroparasitas:
Parasita Maturação Forma Penetração Localização
infectante
Ascaris l. 30 dias Ovo Fecal-oral Duodeno,
jejuno e íleo
Enterobius 14-21 dias Ovo Oral e Cólon e reto
vermicularis autoinfestação
Trichuris 30 dias Ovo Fecal-oral Cólon
trichiura
Ancylostoma 30 dias Larva Pele Duodeno e
duodenale jejuno
Necator 30 dias Larva Pele Duodeno e
americanus jejuno
Strongyloides 7 dias Larva Oral e Duodeno e
stercoralis autoinfestação jejuno
Taenia solium - Ovo/proglot Carne e vegetais Jejuno
e contaminados
Taenia saginata - Proglote Carne e vegetais Jejuno
contaminados
Hymenolepis - Ovo Fecal-oral Íleo
nana
Schistosoma - Cercária Pele Veias do
mansoni sistema porta
Entamoeba - Cisto Fecal-oral Cólon
histolytica
Giardia - Cisto Fecal-oral Duodeno e
intestinalis jejuno
Cryptosporidium - Oocisto Fecal-oral Jejuno e íleo
parvum
Cystoisospora - Oocisto Fecal-oral Jejuno e íleo
belli

Quadro Clínico das Parasitoses Intestinais


Sintomas Gerais – Muitas vezes oligossintomático ou assintomático
– Sintomas inespecíficos incluem:
– Diarreia
– Náuseas
– Vômitos
– Dor abdominal inespecífica
– Distensão abdominal
– Má absorção
– Desnutrição
– Desnutrição pode ocorrer de diferentes maneiras,
dependendo do agente

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dependendo do agente
Sintomas Específicos – Varia de acordo com a localização do parasita no
intestino
– Cada parasitose pode apresentar sintomas mais
específicos
Mitos sobre Sintomas de – Mitos populares existem
Parasitoses – Importante para o médico esclarecer as dúvidas dos
familiares
Diagnóstico – Ajudado pela eliminação de parasitas no vômito ou nas
fezes
– Descrição do evento pelos familiares ou visualização
pelo médico
– Importante que o médico tenha noções morfológicas
dos principais parasitas

Mecanismo de desnutrição Agentes


Lesão de mucosa Giardia lamblia; Necator americanus; Strongyloides
stercoralis
Alteração de sais biliares Giardia lamblia;
Competição alimentar Ascaris lumbricoides
Exsudação intestinal Giardia l.; Necator am; Strongyloides s; Trichuris
trichiura
Favorece proliferação Entamoeba histolytica
bacteriana
Hemorragias Necator am; Trichuris trichiura

Diagnóstico de Parasitoses
Aspecto Clínico – Diagnóstico baseado em aspectos clínicos e laboratoriais
e Laboratorial – Vários métodos coproparasitológicos disponíveis
– Importante para o médico direcionar o teste para o parasita
suspeito
Testes de – Exame direto das fezes a fresco pode identificar qualquer
Laboratório parasitose, mas com baixa sensibilidade
– Métodos de concentração e coloração das fezes disponíveis
– Coleta seriada de fezes (uma coleta a cada 7 dias por 3 semanas)
pode melhorar a sensibilidade dos exames
Exames – Eosinofilia é um achado comum em helmintíases e em algumas
Inespecíficos infecções por protozoários
– Radiografia pode ser útil em caso de suboclusão por áscaris ou
síndrome de Loeffler
– Ecografia abdominal pode ajudar em casos de migração errática de
áscaris ou abscesso amebiano
Sorologias e – Alguns parasitas podem ser diagnosticados por sorologia (como
Biópsias estrongiloidíase, esquistossomose e amebíase)
– Retossigmoidoscopia com biópsia, colonoscopia com biópsia,
biópsia de intestino delgado e pesquisa de antígenos nas fezes são
outros métodos de investigação

Parasita Aspectos peculiares da parasitose


Ascaris – Semioclusão/oclusão intestinal
lumbricoides
Ancylostoma – Principal causa de anemia ferropriva infantil por hematofagismo:
duodenale/Necato – A. duodenale: 0,05-0,3 mL/verme/dia
r americanus – N. americanus: 0,01-0,04 mL/verme/dia

Enterobius – Migração dos parasitas para a genitália feminina = vaginite,


vermicularis cervicite ou salpingite
Trichuris trichiura – Anemia ferropriva secundária perda de sangue oculto nas fezes;
diarreia crônica com tenesmo; prolapso retal
Strongylides – Hiperinfestação em imunodeficientes e HIV+; risco de infecções
stercoralis secundárias por enterobactérias e fungos

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stercoralis secundárias por enterobactérias e fungos
Schistosoma – Comprometimento hepatointestinal
mansoni
Taenia solium – Crises epilépticas, HIC, meningite, distúrbios psíquicos
Giadia lamblia – Esteatorreia, perda ponderal, prejuízo absorção nutrientes,
hipovitaminose (lipossolúveis KEDA), B12, ferro e lactase
Entamoeba – Disenteria amebiana, tenesmo, fezes mucossanguinolentas, dor
hystolitica abdominal intensa, invasão da mucosa intestinal (por trofozoítos)
antingindo sítios extraintestinais (via hematogênica)

Parasitológicos de fezes mais utilizados e estruturas avaliadas:


Lutz, Hoffman-pons e Janer – Ovos e larvas de helmintos, cistos de
protozoários
Tamização das fezes (proglotes – Taenia solium e saginata
e vermes)
Faust e Ricthie – Cistos e oocistos de protozoários, ovos leves
(ancilostomídeos)
Baermann-Moraes, Rugai – Larvas (Strongyloides)
Graham (fita gomada) – Enterobius vermicularis
Kato katz – Ovos de helmintos

Tratamento de Parasitoses
Objetivo – Diminuição progressiva das parasitoses
– Terapia empírica periódica recomendada pela OMS em
países em desenvolvimento
Tratamento – Tratamento profilático/empírico e polivalente com
antiparasitários
– Com este tratamento, as taxas de infecção pelos parasitas
intestinais vão decrescendo gradativamente
– Ascaridíase, ancilostomíase, enterobíase e tricuríase são
mais comumente diminuídas com a terapia profilática
empírica
Antiparasitários – Divididos em antigos e novos, por classes farmacológicas,
polivalentes ou específicos, anti-helmínticos e
antiprotozoários
– Benzoimidazólicos (mebendazol, tiabendazol e
albendazol) são anti-helmínticos
– Nitroimidazólicos (metronidazol, tinidazol e secnidazol)
são para protozoários
– Novos antiparasitários incluem ivermectina e
nitazoxanida
– Outros antiparasitários incluem praziquantel e
oxaminiquina
Mebendazol – Um dos anti-helmínticos mais clássicos, de baixo custo e
polivalente na maioria das helmintíases
– Sem ação na estrongiloidíase, combinado com
tiabendazol
– Possui baixíssima absorção sistêmica, pode ser utilizado
na mesma dose, a cada 12 horas, por 3 dias, na maioria
das parasitoses
– Ação em ovos e larvas é bem menor que no verme adulto
Albendazol – Antiparasitário polivalente importante
– Ação contra os principais helmintos em dose única
– Atua também em Giardia lamblia se utilizado por 5 dias
– Tem ação sobre o ovo, a larva e o verme adulto
– Pode ser usado entre 1 e 2 anos de idade em meia dose
diária (200 mg)
– Deve-se evitar em encefalopatas e hepatopatas, pelos
seus eventos adversos
Tratamento da – Internação hospitalar, jejum, sonda nasogástrica e óleo
Suboclusão por Ascaris mineral
– Tratamento cirúrgico pode ser indicado em casos de falha
do tratamento clínico
– Quando houver a eliminação do Ascaris sp., iniciar um

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– Quando houver a eliminação do Ascaris sp., iniciar um
ascaridicida, como albendazol
Uso do Tiabendazol – Utilizado para estrongiloidíase
– Tóxico, especialmente neurotoxicidade
– Recomendado apenas para pacientes acima de 5 anos
Cambendazol como – Menos comum que o tiabendazol
opção para
estrongiloidíase
Pamoato de Pirvínio – Específico para oxiuríase (enterobíase)
– Utilizado em dose única, com repetição após 14 dias
Pamoato de Pirantel – Utilizado para nematoides, causando paralisia espástica
Levamizol – Específico para ascaridíase
– Usado em dose única
Praziquantel e – Específicos para teníases e esquistossomose,
Oxaminiquina respectivamente
– Usados em dose única
Metronidazol – Utilizado para Giardia intestinalis ou Entamoeba
histolytica
– Administrado 3 a 4 vezes por dia durante 7 a 10 dias
– Principais efeitos colaterais: vômitos, náuseas,
intolerância medicamentosa, gosto metálico e boca seca
Novos antiprotozoários: – Dose única e menos eventos adversos
Secnidazol e Tinidazol
Ivermectina – Eficaz contra ectoparasitas, ascaridíase e estrongiloidíase
– Alternativa menos tóxica ao tiabendazol
Nitazoxanida – Amplo espectro antiparasitário
– Diferentes níveis de eficácia de acordo com cada
parasitose
– Age na enzima pFor, responsável pelo metabolismo
anaeróbio dos parasitas
– Custo maior em saúde pública
Tratamento de – Diversificado, dependendo da doença
protozooses – Terapias incluem combinações de sulfametoxazol +
emergentes trimetoprima, macrolídeos, clindamicina ou nitazoxanida
Uso de Albendazol – Terapia mais comum para tratamentos empíricos
periódicos
– Age nas parasitoses mais comuns e tem boa tolerância
Tratamento de acordo – Menores de 1 ano: tratamento específico apenas em
com a idade casos confirmados
– Entre 1 e 2 anos: terapia empírica com mebendazol e
metronidazol, albendazol em meia dose ou nitazoxanida
– Maiores de 2 anos: maioria das medicações podem ser
usadas empiricamente ou de acordo com o agente causal
Controle de cura – Necessário após 15 a 30 dias do tratamento em casos de
fezes positivas para parasitoses
Resistência Parasitária – Estudos in vitro e in vivo em andamento
– Falhas terapêuticas mais comuns com giardíase
Importância da – Medidas higiênicas universais
profilaxia – Interferência no ciclo biológico dos parasitas
– Saneamento básico, tratamento de água e esgoto
Educação e informação – Crucial para a população
– Atualização em parasitoses para pediatras e equipe de
saúde
Programas de – Necessário em populações de maior risco
tratamento empírico
em massa
Combate persistente às – Esforços conjuntos entre pediatras e a população
parasitoses – Necessário para garantir uma infância saudável para as
crianças

Agentes e Mecanismos de Ação


Tiabendazol/Meben Pamoato de Iverme Nitazo Metronidazol/Ti Espiramicina/ Praziq
dazol/Albendazol/C pirvínio ctina xanida nidazol/Secnidaz Azitromicina/P uantel

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dazol/Albendazol/C pirvínio ctina xanida nidazol/Secnidaz Azitromicina/P uantel
ambendazol ol aromicina
Inibem: Inibe: Aumen Inibe Causam lesão Inibem síntese Aumen
- Fumarato - Transp ta PFOR DNA proteica (70S) ta
redutase . De influxo (Pirura influxo
- Transp. De glicose de Cl- to Ca++
glicose ferred
- Polimerização oxina
de oxidorr
microtúbulos edutas
e)
BENZIMIDAZÓLICOS NITROIMIDAZÓIS MACROLÍDEOS

Agentes e Tratamentos
TIA MEB ALB CAM PAM IVER NITA MET TINI SEC ESPI AZITR PARO PRAZ OXAM
PIRV
Ascaridíase
Ancilostomíase
Estrongiloidíase
Enterobíase
Tricuríase
Teníase 10-30
Giardíase
Amebíase
Criptosporidíase
Esquistossomose 50
Empírico para 5 dias
parasitoses
POSOLOGIA E 25-50 100mg 400mg 10mg/ 200mc 7,5 20-35 30mg/ Mg/kg 20-25
ESQUEMA mg/kg/ 12h/3d Dose kg g/kg mg/kg/ mg/kg/ kg/dia Dose mg/kg
dia Repetir única, Dose Dose dose dia Dose única Dose
3d 1sem por 3d única única 12h/3d 7-10d única única
Repetir ou 5d. Repetir ou por
3sem. 2sem 2 dias

REFERÊNCIA: SBP. TRATADO DE PEDIATRIA.


MANOLE. 2022.

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