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UNIVERSIDADE PAULISTA- UNIP

Curso de Psicologia

GABRIELA VIEIRA DA PAIXÃO RA: N324GD-6


RENAN FRANCO DE SOUZA RA:N282BF-1
RIKELLY ALVES PEREIRA GOIS RA: N36124-7
VINICIUS AUGUSTO DE MATOS RA: D4787i-5

PRÁTICAS SOCIAIS E SUBJETIVIDADE


DIFERENCIAÇÃO SOCIAL, CULTURAL E EXCLUSÃO SOCIAL

São José do Rio Preto


Outubro/2020
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................3

2. PROCEDIMENTOS....................................................................................4

4. CONCLUSÃO.............................................................................................8

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................8

ANEXOS...............................................................................................................9
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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi desenvolvido por meio de uma proposta da disciplina de
Práticas Sociais Subjetivas, onde foi sugerido realizar observações de acontecimentos
sociais dentro do tema “Exclusão Social” para dar ênfase ao fenômeno observado em
fatos do cotidiano e nas relações interpessoais, notando os aspectos da sua
subjetividade, pontuando referenciais teóricos e observando os fenômenos na pratica.
Para isso, foram realizadas pesquisas acadêmicas e também observações gerais a
respeito da síntese de exclusão social em locais públicos e privados, como também em
ambiente domiciliar recorrente à situação pandêmica originária da COVID-19 que
ocorreu no período de realização do trabalho. O foco destas observações foi analisar o
modelo predominante de exclusão social ali presente, como os indivíduos e grupos
excluídos se comportam, se há isolamento social e qual a adoção, pelo Estado, de
políticas públicas para implementar medidas que visam assegurar um maior equilíbrio
social.

A temática em torno deste tema está fundamentada na ideia de desigualdade,


formas pelas qual um determinado grupo é separado do convívio com o resto da
sociedade, esses socialmente excluídos não possuem acesso a certos direitos que são
essenciais para seu desenvolvimento. Os excluídos sociais, geralmente são minorias
étnicas, culturais e religiosas. Como exemplos, temos os negros, índios, idosos, pobres,
homossexuais, desempregados, pessoas com deficiência física e ou mental, dentre
outros. É possível observar que o preconceito sofrido por essas pessoas ou grupos
sociais, afeta diretamente seus aspectos da vida, e, em muitos casos, gera outro
problema chamado de “isolamento social”.

A história da exclusão remonta à Idade Média, época em que corriam muitas


matanças e perseguições às pessoas que nasciam com alguma deficiência. No século
XV as pessoas consideradas “loucas” ou com alguma deficiência mental ou física eram
mandadas para a fogueira, pois eram vistas como possuídas pelos espíritos malignos. A
partir do século XVII, os indivíduos que possuíam alguma deficiência eram retirados do
convívio social e fechados em celas e calabouços, asilos e manicômios. Portanto, a
trajetória das pessoas com necessidades educativas especiais, ou seja, pessoas com
deficiência, é marcada pela exclusão, pois elas não eram consideradas pertencentes à
maioria da sociedade, eram abandonadas, escondidas ou mortas. Porém, a discussão
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sobre a exclusão e o uso do termo “Exclusão Social” surgiu inicialmente na Europa,


especificamente na França, entre os anos 50 e 60, após um número expressivo de
pessoas presas à engrenagem da pobreza, em meio a uma crescente abundância, as quais
são consideradas resíduos que o desenvolvimento do pós-guerra pareceu esquecer.

“A discussão sobre a exclusão social apareceu inicialmente na Europa na esteira do


crescimento dos sem-teto e da pobreza urbana, da falta de perspectiva decorrente do desemprego de longo
prazo, da falta de acesso a empregos e rendas por parte de minorias étnicas e imigrantes, da natureza
crescentemente precária dos empregos disponíveis e da dificuldade que os jovens passaram a ter para
ingressar no mercado de trabalho. (DUPAS, 1999, p.19).”

Ainda segundo o autor, o conceito de exclusão social é, em sua essência,


multidimensional, incluindo uma ideia de falta de acesso não só a bens e serviços, mas
também à segurança, à justiça e à cidadania. Para Sposati (1999), “Exclusão é um
processo complexo, multifacetado, que ultrapassa o econômico do ponto de vista da
renda e supõe a discriminação, o preconceito, a intolerância e a apartação social”
(p.103). Dupas (1999) trabalha o conceito exclusão social pelo viés da pobreza, esta
entendida como a incapacidade de satisfazer necessidades básicas.

Portanto, exclusão social designa um processo de afastamento e privação de


determinados indivíduos ou de grupos sociais em diversos âmbitos da estrutura da
sociedade. Assim, os indivíduos que possuem essa condição social sofrem diversos
preconceitos, são marginalizadas pela sociedade e impedidas de exercer livremente seus
direitos de cidadãos.

2. PROCEDIMENTOS
Devido as atuais circunstâncias no cenário de pandemia e isolamento social,
cada integrante do grupo fez suas observações da maneira que estava em seu alcance,
podendo optar por realizá-la em ambiente domiciliar com filmes, documentários, jornais
e vídeos ou em locais públicos e posteriormente ocorreu a reunião de todo material com
o grupo para a formulação de ideias a respeito do fenômeno observado comparando
com a respectiva teoria.

2.1 Ambiente
As observações foram feitas em diferentes locais de acordo com a preferencia de
cada integrante do grupo, sendo eles: Dentro de casa, shopping, praças, albergue e
avenidas.
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2.2 Material

Os materiais para observação e anotação foram: celulares e computadores

3. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

Definir exclusão social é um tanto quanto polemico, sendo necessário uma


reconstrução do processo de sua elaboração, emergência e consolidação no campo
social. Quando um termo pode designar muitos fenômenos, acabar por caracterizar
fenômeno algum. Para além da questão terminologia a exclusão social deve ser tomada
como uma questão multidimensional, ou seja, estará atrelada tanto às desigualdades
econômicas, quanto políticas, culturais e étnicas. A exclusão pode advir tanto do
mercado de trabalho, quanto pela falta de moradia, saúde, segurança, educação, tudo
quanto for necessário para se ter dignidade, ou seja, trata-se de uma condição inerente
ao capitalismo contemporâneo, ou seja, esse problema social foi impulsionado pela
estrutura desse sistema econômico e político (DUPAS, 1998).

A palavra exclusão social é extremamente nova, muito usada por estudiosos,


pesquisadores, políticos, muito debatida em congresso geralmente para qualificar
situações e condições de extrema pobreza. Em sua origem mais contemporânea, o termo
foi título do livro Les exclus: um français sur dix (‘Os excluídos: um em cada dez
franceses’) de René Lenoir, publicado em 1974.

A exclusão consiste de processos dinâmicos, multidimensionais produzidos por


relações desiguais de poder que atuam ao logo de quatros dimensões principais-
economia, política, social e cultural-, e em diferentes níveis incluindo individual,
domiciliar, grupal, comunitário, nacional e global. (Popay et al, 2008, p.36)

De acordo com Evaristo (2016) uma outra forma de ver a exclusão social é pelo
não reconhecimento de direitos. Essa interpretação ficou conhecida como nova
exclusão. Segundo essa abordagem, os excluídos são aqueles que “não tem direito a ter
direitos”.

Embora a questão social da pobreza e miséria se perpetue no decorrer da história


social da humanidade, a noção de exclusão social é relativamente nova que toma corpo
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e sentido, ao mesmo tempo em que a globalização, cujo o significado se constrói na


aceleração na internacionalização do capital; é potencializada pelos avanços
tecnológicos da informação, da comunicação e da informática. Nesse processo
mudaram-se as regras do jogo dos processos produtivos e das relações de produção.

Populações historicamente excluídas, idosos, negros, mulheres, deficientes


físicos, homossexuais, toxicodependentes, desempregados, pessoas em situação de rua
entre outros, são geralmente minorias étnicas, culturais e religiosas, que por serem
diferentes não estão inseridos no sistema de produção, por não se encaixarem nos
padrões estabelecidos por uma sociedade capitalista, branca e machista.

Podemos salientar as condições financeiras, religião, cultura, sexualidade,


escolhas de vida, dentre outros. Assim, as pessoas que possuem essa condição social
sofrem diversos preconceitos. Elas são marginalizadas pela sociedade e impedidas de
exercer livremente seus direitos de cidadãos. Isso afeta diretamente aspectos da vida, e,
em muitos casos, gera outro problema chamado de “isolamento social”.

É através da exclusão social que se origina a pobreza. Pelas vias da


discriminação e do preconceito, gerando a desigualdade e a diferenciação social. A
pobreza é um problema que atinge o mundo inteiro, porém se intensifica nos países
denominados de “3º Mundo”, como alguns países africanos, asiáticos e sul‐americanos.

Assim sendo, este trabalho vai abordar uma exclusão social de forma ampliada
com um olhar mais voltado as questões sociais e a vulnerabilidade da minoria
historicamente excluída como idosos, pessoas portadoras de necessidades especiais,
mulheres, crianças, homossexuais, dependentes químicos, todos aqueles que não
conseguiram e que não se encaixam no sistema capitalista consumista, que muitas vezes
são tachados como peso para sociedade ou como ameaça ao sistema de produção e
segurança.

Desde invasão do Brasil muitos historiadores já trazem a questão da exclusão à


tona, aonde negros, escravos vindos da África, e indignas, população local da época, já
eram postos a margem das questões sociais e políticas, sem direitos apenas com deveres
aos trabalhos de exploração e escravização, por parte dos brancos europeus. Naquela
época, regras eram impostas sem qualquer direito de defesa, os senhores patrões eram
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tidos como o maioral ditadores do sistema e de leis, muitas delas válidas até hoje.
Começava pela discriminação, onde os que não se encaixavam nos estereótipos eram
tidos como animais, doentes, vândalos e, desta forma eram postos a exclusão, muitas
vezes trancafiados em manicômios.

Mulheres sem qualquer direito, tinham que ficar a servir aos seus senhores e no
comando das tarefas de casa e educação dos filhos, não eram vistas como serem
pensantes, como ainda temos essa questão até hoje, onde mulheres ainda ganham 30% à
menos comparados ao salários dos homens, essa questão ainda é pior se a mulher for
negra ou biologicamente do sexo masculino, transexual.

Podemos pensar que, geralmente, a exclusão leva ao isolamento como acontece


com os idosos, com a perspectiva de vida cada vez maior, esses idosos são pensados
como um fardo para o sistema de produção, por não colaborar com o giro capital.

Outra forma de pensar na exclusão dos idosos é com relação a questões


familiares, onde muitos não têm tempo para cuidar dessas pessoas e acabam
abandonando-os em asilos e pensões.

O homossexualismo no Brasil é uma crescente, e com o preconceito vem a falta


de oportunidade, muitos acabam indo morar nas ruas e se sujeitando a qualquer tipo de
sorte, ou, má sorte que lhes surgir. Segundo a impressa, as maiorias dos assassinatos são
de pessoas homossexuais, principalmente as negras. Na lei também não é diferente, os
homossexuais casados não recebem pensões dos seus parceiros falecidos.

Sob os olhares diferenciados, os deficientes são esquecidos pela sociedade, sem


direito ao menos de locomoção, pela falta de acessibilidade, ou até mesmo de trabalho
para o seu sustento. Muitos vivem isolados em seus lares, ou mesmo em hospitais sem
quaisquer perspectivas de vida.

Não obedecem às normas, regras impostas, está fora! A marginalidade a maior


realidade brasileira, pessoas em situação de rua, em sua maioria toxico depende, esse,
na minha opinião, são os mais prejudicados. Pedir já não é mais uma forma de viver
com dignidade, mas para matar a fome. Jogados nas ruas, eles fazem o que for preciso
para conseguir qualquer centavo, como diz o quadro do programa do Faustão Exibido
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na TV globo, “Se vira nos Trinta”. Na sua maioria são negros, homens, mulheres,
idosos, para esta situação não tem idade ou sexo. Todos um dia tiveram mãe, família,
um lar, e que com a falta de oportunidades precisaram tomar essa difícil decisão de
viver nas ruas.

Esperamos mostrar estas realidades através das observações essas realidades


neste trabalho.

4. CONCLUSÃO
Contudo, pode-se concluir que exclusão social é visto como um processo
histórico situado no tempo e no espaço, no qual constam vários fatores, como a questão
do racismo, que está imbricada num contexto histórico; na criminalidade, visto que
muitas facções surgem dentro de presídios como forma de proteção dos presidiários da
violência e maus tratos que sofrem na cadeia, vivendo em ambientes insalubres; pessoas
em situações/moradoras de ruas no qual sobrevivem de ações sociais da população e do
governo; a população indígena cujo suas aldeias foram invadidas e muitos nativos
morreram tentando lutar, e também às questões sociais e a vulnerabilidade de outras
minorias como: idosos, pessoas portadoras de necessidades especiais, mulheres,
crianças, homossexuais, dependentes químicos, todos aqueles que não conseguiram e
que não se encaixam no sistema capitalista e são vistos como ameaça à segurança.

Com base no foco da realização deste trabalho, foi possível identificar que os
grupos e indivíduos excluídos socialmente se excluem por si só, por não se sentirem
pertencentes àquela sociedade, ou dignos e merecedores de seus direitos e serviços.

Infelizmente, ainda há muito a se fazer o Estado para que as políticas publicas já


existentes funcionem na pratica, não somente no papel, visando um maior equilíbrio
social e proporcionando integração, segurança e dignidade à todos os grupos e pessoas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Araújo, M. R. (s.d.). EXCLUSÃO SOCIAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL. Psicologia em Estudo.
Borba, A. A., & Lima, H. M. (s.d.). Exclusão e inclusão social nas sociedades
modernas: um olhar sobre a situacao em Portugal e na Uniao Europeia.
Escorel, S. (1999). Vidas ao Léu: Trajetórias de exclusão social. Rio De Janeiro:
FIOCRUZ.
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Escorel, S. (s.d.). EXCLUSÁO SOCIAL FENOMENO TOTALITARIO NA


DEMOCRACIA BRASILEIRA.
Lopes, J. R. (s.d.). EXCLUSÃO SOCIAL E CONTROLE SOCIAL: ESTRATÉGIAS
CONTEMPORANEAS DE REDUCAO DA SUJEITICIDADE. Psicologia &
Sociedade.
Zioni, F. (2006). Exclusão social: Noção ou conceito? Saúde Soc, 15-29.

ANEXOS
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Observação 01
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Local: Rio Preto Shopping- São José do Rio Preto/SP
Data: 05/09/2020 Horário: 15h às 16h (3horas)
Observador: Gabriela Vieira da Paixão- N324GD-6

Sei que a época não é boa para o consumo de coisa supérfluas, mas a
sandália desgastou com o tempo de uso, houve a necessidade de trocá-la, pois o
trabalho é duro, são dias e dias usando a mesma para ir trabalhar, e não tem nada
melhor que usar algo confortável nos pés que me sustentam o dia todo. Sempre
compro o mesmo modelo de sandália para ir trabalhar a anos, assim não corro o risco
de machucar os meus pés.
Sábado, 05 de setembro de 2020, São José do Rio Preto bate seus 40º, um
calor insuportável, sem contar que estamos em época das queimadas, então junta o
calor, a fumaça e o corona vírus, os vilões do momento, e nada melhor que dá um
passeio no shopping para se refrescar, tomar um soverte e aproveitar para comprar
minha sandália favorita de trabalho.
Com a grana curta, e mesmo se tivesse grana, eu iria à mesma loja, Lojas
Renner, lá tenho a oportunidade de olhar todos os calçados, vários modelos,
tamanhos e sem contar que sempre encontro coisas num precinho camarada.
Estou olhando as sandálias e um vendedor pergunta: -“precisa de ajuda,
moça?”. Sinceramente eu não gosto, prefiro entrar e me sentir à vontade, gosto eu
mesma de ficar olhando e provando, se eu tiver alguma dúvida eu chamo o vendedor
mais próximo. Nesse dia a loja tinha poucos clientes, o suficiente para eu pegar
várias sandálias e observar o comportamento de duas moças na minha frente. Duas
mulheres bem vestidas, cabelos logos, um pouco de bijuterias, uma delas usava um
belo óculo de grau, as duas estão usando sandálias de salto alto, um luxo para andar
no shopping no sábado à tarde. Elas olhavam algumas blusinhas infantis, pelo jeito
pareciam procurar algum presente, tinham a cara de dúvida e uma sempre pedia a
opinião da outra. Fui mais perto, para tentar observa e ouvir o que elas falavam e de
repente uma delas diz, “Que blusinha com a cara de pobre”! Eu indignada olhei para
o lado, fiquei envergonhada. A outra logo deu uma risada e disse: - Parece uma que a
Sofia ganhou de presente e eu dei de presente para priminha dela, filha minha não
usa esse tipo de roupa. Continuei, a ouvir o assunto perplexa, e pensando “ a pessoa
quando acha que é melhor que o outro, e não quer pertencer a um grupo que julga
ser inferior ao seu, discrimina até pelo tipo de roupa, ela desqualifica tudo o que é
outro, o outro é pobre, essa roupa é de pobre.”
O assunto entre elas continuou de roupa de “pobre” foi para o local que a
pessoa mora, roupa de quem mora na zona “norte”, e riam alto, a cada roupa que
pegavam era um tipo de classificação.
Próximo a mim tinham outras pessoas comprando na loja, e eu percebi que
ficaram sem jeito, pois uma delas usava uma roupa bem parecida com a roupa que
foi intitulada de “roupa de zona norte”, a moça ficou sem graça e até parou de olhar
as roupas naquela arara. Percebi nela uma tristeza, ela ficou olhando outras coisas e
de repente saiu da loja, eu não tive mais nem vontade de comprar minha sandália,
um passeio que era pra ser legal acabou se tornando uma grande reflexão, quantas
vezes sem percebermos falamos algo que acaba deixando alguém sem graça, triste
com as nossas palavras?
Diminuir ou excluir alguém não faz de nós pessoas melhores, mais sim
pessoas que excluem e desvaloriza o outro.
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Não existe “roupa de pobre” “roupa da zona norte” ou roupa disso e daquilo
existe roupas que foram feitas para vestir e nos deixar confortável. Naquele momento
eu sentir que as duas moças queriam se sentirem melhores que os demais ao seu
redor, com palavras que machucam e diminuem, apareciam estar dentro de uma
bolha de egoísmo.
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Observação 02
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Local: Albergue, Rua Bernardino de Campos, São José do Rio Preto/SP
Data: 11/09/2020 Horário: 17h30- 19h (3horas)
Observador: Gabriela Vieira da Paixão RA: N324GD-6

Quando eu era criança, eu e meus amigos ficávamos imaginando como seria o


futuro. Nas aulas do primário os professores sempre contavam histórias maravilhosas
sobre a tecnologia, carros voadores, escola do futuro, robôs trabalhando para os
humanos, viagens a outros planetas, e outras coisas mais. Mas, ninguém nunca se
preocupou como seria o homem do futuro!
Homem anda sem tempo, sem cabeça e sem coração!
Olho para cima, para baixo, do lado e do outro, uma enorme fila se formando no
meio da calçada, carros que sobem a rua, Mercedes, BMW, carros grandes, carros
pequenos, motos, todos com pressa, afinal, sexta-feira 17h30, fim de semana, inúmeras
formas de descansar, viajar, beber e comer algo diferente, tomar aquele chopp gelado.
Ficar o final de semana com a família, visitar a mãe em outra cidade, estudar, ligar o ar
condicionado de casa e se refrescar assistindo um bom filme. Aquela feijoada de
sábado com os parentes não tem preço. Essa é a realidade de muitos que trabalharam
a semana toda e merecem um fim de semana de descanso, sobra e água fresca.
Rua Bernardino de Campos, centro de São José do Rio Preto, a fila só aumenta,
hora de descansar, hora de tentar conseguir um local para dormir. O amontoado de
homens e mulheres que ficam sobre as calçadas tentando se encaixar uns sobre os
outros como um lego, o mais interessante é que parece existir uma organização entre
eles, percebo que as pessoas mais velhas ficam nas filas, enquanto os mais novos
sentam pela sarjeta. Com sacola ou mochila nas costas, muitas vezes dentro das
sacolas e mochilas estão todos os seus pertences, toda a sua vida está ali dentro. Um
grupo maior de 5 homens comem pão com refrigerante na calçada, outros aproveitam
para tirar um cochilinhos com a cabeça encostada na mochila. Eles riem batem papo
brincam uns com os outros, se espalham, se juntam, todos ali, contei 72 pessoas.
O centro da cidade é um local onde ainda moram bastantes famílias, lembro que
no final do ano passado houve uma conversa, acho que até fizeram uma petição
solicitando ao Senhor Prefeito que tomasse providências quanto a essas pessoas em
situação de rua. A intenção é abrir um albergue longe, o mais longe possível para evitar
esse tipo de situação no centro da cidade.
19h, ainda restam algumas pessoas na frente do albergue, agora já não esperam
para entrar, mas a janta que é servida. A Avenida Bady Bassit já está tomada de gente
dormindo pelas calçadas, colchões, cabanas, carrinhos feitos de cobertura, homens
brancos, pretos, amarelos... A situação hoje em dia já não tem mais cor, hoje ela é
invisível.
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Observação 03
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Local: Filme Parasita
Data: 13/09/2020 Horário: 2h 12m (2horas)
Observador: Gabriela Vieira da Paixão RA: N324GD-6

A família de Taek composta por 4 membros vive em uma situação


deplorável, a casa muito apertada e suja, porém nota-se que a família é bem
unida, estão sempre juntos pensando em como será o dia de amanhã, todos
nessa família estão desempregados.
Em meio à baratas e caixas de papelão a família passa horas
trabalhando na montagem de caixas de pizza para uma pizzaria em troca de
algumas moedas. Apesar de toda essa situação, eu observei que todos os
membros dessa família são pessoas instruídas com algum grau de estudo,
experiências e habilidades, o que falta para eles são oportunidades de
trabalho. São pessoas que parecem desmotivadas a sair e procurar emprego,
as vezes a sociedade ou até mesmo a situação econômica da cidade parece
não estar legal. No bairro onde moram percebi-se a grande dificuldade da
comunidade me obter coisas básicas como saneamento básico, estrutura e
organização comunitária. As ruas estão sempre sujas e as casas parecem um
amontoamento de blocos, uma sociedade excluída da burguesia, talvez seja
essa visão que o diretor do filme quis trazer, uma realidade oculta dentro de
uma ilusão econômica, em meio a miséria da minoria. A situação não é muito
diferente da nossa que estamos do outro lado do país, a desigualdade no
nosso país é gritante, ainda mais agora no momento que estamos passando,
muita gente desempregada e muita gente passando ainda mais fome, por que
a fome não é um problema de agora é um problema de sempre. Há quem ache
que quem recebe os R$ 600,00 são uns verdadeiros parasitas.
O rapaz Ki-woo, filho do casal, tem um amigo que parece ser bem intimo
dele, esse amigo diz pra ela que tem uma família precisando de alguém para
que ajude a sua filha, Da-hye, com as aulas de inglês. Ele mais que depressa
mostra interesse e vai atrás dessa oportunidade, essa foi a chave da virada
para a mudança de vida.
Chegando na casa dessa família ele fica fascinado, uma casa que mais
parece um cenário de cinema, tudo muito grande, verde, espelhado, limpo e
organizado. A expressão de Ki-woo nos faz entender quão distante está
daquela realidade assim que entra na casa da família Park. Ambientes largos,
cores claras, muita luz e um jardim magnífico escancaram a diferença entre
uma família e outra. A diferença entre uma família que agradece por uma noite
de chuva e outra que chora com a perda de tudo o que se tem caso venha uma
enchente. Conversando com a dona da casa, uma jovem senhora mãe de dois
filhos, uma garota adolescente e uma criança menor que aparenta ter uns 6
anos, ele percebe a preocupação e a ingenuidade da família e logo pensa em
um meio de empregar a sua família.
Agora vamos falar um pouco dessa outra família, onde a única
preocupação é a educação dos seus filhos, um pai que não é presente e uma
mãe inexperiente, um tipo de família que vive de luxos e mordomias. Morando
em uma enorme mansão com um belíssimo jardim, o casal é pai de duas
crianças que vivem sobre imensa proteção. Na casa também tem uma
governanta que é tratada como escrava, porém se acha como se fosse da
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família. A família também com um motorista que trabalha com a família há


anos.
Com a chegada do novo professor de inglês na residência, a família rica
que vive isolada no seu mundinho, onde tudo é paz e tranquilidade passa a
problemas na sua rotina. O novo professor percebendo tudo isso faz de tudo
para infiltrar a sua família nessa nova realidade. A família rica acaba demitindo
seus dois funcionários, governanta e motorista, e contrata os pais do professor,
e a história acaba se tornando uma tragédia ainda pior.
O próprio título do filme nos faz pensar em quem são os verdadeiros
parasitas, a família excluída ou a família protegida? Parasita é quem suga de
quem?
O que mais me chamou atenção nesse filme é a questão da escravidão
voluntária. A governanta se acha um membro da família, ela mora no trabalho,
cuida das crianças como se fossem seus netos e da mãe da criança como se
fosse sua filha, tanto que quando é demitida não se sente mais pertencente ao
mundo lá fora, prefere viver no porão com o marido que escondia por anos
dentro da casa sem o conhecimento dos seus patrões. Ela trocou a sua vida
para viver a vida de luxo da família, pois sabia que lá fora o mundo já não era
bom para se viver.
O filme termina de forma trágica com mortes e muito
Observação 04

Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social

Local: Semáforos da cidade de São José do Rio Preto/SP

Data: 17/09/2020 Horário: 17h30min – 19h30min (3


horas)

Observador: Gabriela Vieira da Paixão RA: N324GD-6

São José do Rio Preto,16 de setembro de 2020.

Quem é de São José do Rio Preto sabe bem o quanto é comum encontrar
pessoas esmolando nos semáforos da cidade, principalmente nas avenidas
que dão acessos as principais rodovias de entrada e saída para outras cidades.

Na Avenida Bady Bassit com a Avenida Marginal Fernando Correa Pires a


situação é diferente, porém, é de chamar a atenção de quem passa ou fica
parado esperando o semáforo abrir. Durante anos é comum ver uma senhora,
idosa, com pouco mais de 60 anos, com dificuldades para andar arrastando um
carrinho com a famosa pipoca doce que todos nós amamos. Hoje quinta-feira
resolvi parar no posto de gasolina Shell que tem próximo onde ela fica para
observar um pouco como é o trabalho dessa senhora. Agora são 17h30min, as
avenidas estão super movimentadas, carros que sobem descem, viram,
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buzinam, param, enfim, um caos! Todos querem ir pra casa. A senhora está lá,
sentada, um lenço na cabeça, uma blusa de mangas compridas e uma saia
abaixo dos joelhos, ela fica ali esperando que alguém lhe chame para que ela
possa vender suas pipocas. Um carro branco para no semáforo e chama por
ela, ela levanta com dificuldades com duas pipocas na mão e entrega para a
moça que está no banco do motorista, a moça lhe dá 5 reais e não aceita o
troco. Um carro que está logo atrás também pede uma pipoca, a senhora vai
até o seu carrinho, quase se arrastando, e pega uma pipoca e entrega para
outra moça que está sozinha no carro, ela lhe dá 2 reais, a senhora volta e
senta. Acredito que essa senhora seja aposentada, porém o dinheiro que
ganha não é suficiente para se manter, levando-a a se sujeitar a todo tipo de
má sorte, um Sol de 40º, riscos de atropelamento e riscos de vida. Essa
senhora precisa de cuidados, precisa sair da rua e ter condições de uma
velhice com cuidados e atenção.

Saindo da Avenida Bady Bassit, e indo até a Avenida dos Estudantes com a
Avenida Engenheiro Rui Seixas, 18h30. Essa avenida do acesso aos bairros da
zona norte da cidade, o fluxo de carro é o dobro da Avenida Bady Bassit pois,
aqui temos a passagem de ônibus e isso deixa o trânsito ainda mais caótico.
Nesse cruzamento temos um Supermercado e do outro lado uma farmácia,
aqui são 4 pessoas esmolando, todos homens e negros, cada um num
semáforo. Todos com as roupas sujas, um sem calçado, outro com dois
cachorros, todos aparentam usar drogas. Eles parecem ter uma sincrônica na
hora de andar pelo meio dos carros, pois sabem a hora exata de entrar e sair
dos corredores. Eu estou para, dentro do carro, aqui na farmácia Droga Raia
que tem na esquina. O moço que está com os cachorros, sai correndo para
pegar umas moedas que uma moça que está no carro prata acenou para ele ir
buscar, os cachorros não acompanham ele, ficam sentados esperando ele
voltar, ele fica a maioria do tempo brincando com esses cachorros quando o
semáforo está aberto. Outro moço que fica pedindo ao lado do Supermercado,
esse eu o vejo sempre ali há mais ou manos uns 5 anos ele sempre na rua
pedindo dinheiro. Ele não espera as pessoas chamarem ele, ele quem vai até
os carros e bate nos vidros, vejo que muita gente fecha os vidros dos carros
quando ele encosta, dificilmente alguém dá alguma coisa para ele, ele é bem
magro e tem os cabelos compridos até o ombro, anda sempre apressado,
desconfiado.

O outro rapaz que fica no sentido contrário ao supermercado usa um boné


preto, camiseta e bermuda, é o mais bem vestido de todos. Ele fica pedindo de
longe, ao lado dos carros na passarela no meio das avenidas, na mão dele
parece ter algumas moedas, está sempre com a mão fechada. Algumas
pessoas dão algum dinheiro para ele.

O outro rapaz, esse é o mais senhor de todos eles, pelo menos de aparência,
muito sujo, roupas rasgadas, sem chinelo, uma situação que dá um aperto no
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peito. Esse é o mais lento deles, parece que está sob efeito de alguma bebida
ou droga, fala enrolado, olhos caídos, passos lentos e movimentos bem
devagar, pode ser esteja doente também. As pessoas só olham pra ele, de
longe percebo uns olhares de desprezo, outros de pena e outros de raiva.

Esses homens passam horas fazendo isso, é muito triste ver esse tipo de cena,
fiquei no local por 40 minutos, fui embora e eles ainda estão lá, os invisíveis da
sociedade, os preguiçosos, entre outros termos que usamos para defini-los.

Outro caso que me chama muita atenção é de um senhor de mais ou menos 55


anos que fica segurando uma placa de papelão entre as Avenidas Artur Nonato
e a José Munia. Esse homem está há anos nessa situação, a placa diz mais ou
menos assim: “Sou um pai de família desempregado, preciso de ajuda”. Ele sai
por entre os carros e motos levantando essa placa acima da cabeça, muita
gente ajuda, as pessoas parecem sentir pena dele, ele fica ali por horas e
horas, sempre que passo no local ele está lá. Hoje, fiquei dando voltas no
quarteirão para obsevar as reações, tanto dele quanto das pessoas que o
ajudam, em uma das minhas passadas eu ouvi ele falar para um senhor que
estava em um carro branco parado no semáforo que ele tinha experiência de
mais de 20 anos como segurança, e que estava muito difícil conseguir
emprego, que ele não gostaria de está passando por essa situação de
humilhação. O homem disse para ele que a vida é muito difícil e lhe deu 10
reais.

Hoje em dia está cada vez mais frequente encontrar pessoas em situação de
rua, sem um lar, sem um trabalho, sem esperança. São tantos olhares tristes
nas esquinas, dias e dias se passam e a situação é a mesma para essas
pessoas que se encontram invisíveis para a sociedade.
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Observação 05
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Local: Filme na quebrada
Data: 13/09/2020 Horário: 1h30min (2horas)
Observador: Gabriela Vieira da Paixão RA: N324GD-6

Inspirado em fatos reais, o filme conta a história de adolescentes que


vivem na comunidade de Capão Redondo, um dos locais mais pobres da
grande São Paulo.
Zeca é um garoto de família pobre, mora com o pai e a mãe em uma
casa simples, sempre que chove a casa de Zeca é alagada. Os pais de Zeca
se preocupam com o futuro do filho, acreditam que se ele trabalhar, mesmo
sendo um adolescente, ele terá um futuro diferente de muitos outros jovens que
ali vivem, porém, Zeca acredita na educação, quer fazer um curso para se
especializar e assim ajudar outras pessoas da comunidade.
Zeca é amigo do Gerson, esse é filho de pais negros, seu pai está preso,
é traficante de boca de fumo, sua mãe, também trafica, porém está em
liberdade. Gerson também sonha em um futuro melhor, seu pai apesar de ser
traficante e estar preso, quer que o filho tenha um futuro diferente do dele, quer
ver o filho estudando, quer que ele seja doutor.
Zeca e Gerson convivem com a mesma realidade na comunidade,
pobreza, desigualdade, falta de oportunidade, trafico, mortes diárias fazem
parte da vida desses garotos. Um dia em uma noite de chuva forte, Zeca vai
até um bar que fica na comunidade, lá ele compra um doce de abobora, e
poucos minutos depois dois homens entram de moto e atiram em todos, Zeca
leva um tiro na barriga, mas consegue sobreviver. Acredita-se que o alvo seria
o Gerson por conta de divida do seu pai no trafico.
Os meninos conhecem a OGN Instituto Criar, que tem como missão
promover o desenvolvimento profissional, sociocultural e pessoal de jovens por
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meio do audiovisual. Lá eles conhecem outros jovens como a o Júnior, Mônica


e Joana. Todos buscam uma vida melhor, fugir do crime.
Júnior é filho único de um pai solteiro que trabalha vendendo CD e DVD
na comunidade, um pai rigoroso que se preocupa com a conduta do filho, que
trabalha duro para o sustento da casa. Júnior tem a oportunidade de conhecer
o Sr. Mizael, dono de uma eletrônica. O Sr. Mizael vez em Júnior um filho que
perdeu, ele ajuda o garoto dando-lhe um trabalho na eletrônica.
Mônica é filha de pais cegos, vive num ambiente feliz e acolhedor, ela
quer ajudar pessoas da comunidade com as mesmas dificuldades de seus
pais, através da arte do cinema ele consegue passar um pouco sobre a vida e
história da sua mãe por quem tem tento amor.
Joana, assim como Gerson, é filha de traficantes, a mãe morreu quando
ela ainda era uma criança e por conta disso sua infância foi morar em abrigos,
orfanatos. O pai de Joana quer que a filha o ajude no crime, a garota até tenta
não entrar nessa vida, mas acaba sendo levada pelas circunstancia, participa
de vários assaltos e mortes.
Através desse filme tive a oportunidade de entender um pouco sobre a
importância das ONGs nas comunidades, vi que são as próprias pessoas de lá
que também viveram situações difíceis porém decidiram mudar a sua realidade
e a realidade de outras pessoas da comunidade, criando uma rede apoio com
políticas públicas dando voz e vez aos que ali habitam. Tem muita gente mal
intencionada neste mundo mas, também tem muita gente boa.
Gerson não teve a mesma sorte que seus amigos, acabou sendo preso
e ficou mais de 3 anos na cadeia, lá ele escreveu uma carta e enviou para
ONG, através dessa carta eles resolveram criar o filme.
Zeca, Júnior, Mônica e Joana tiveram a sorte de encontrar no cinema a
oportunidade de mudar seus futuros, eles trabalharam juntos na produção
deste filme.
Entre histórias de perdas e violência eles descobriram uma nova
maneira de expressar as suas ideias e suas emoções: O cinema,
O Filme transmitiu uma vontade de pegar a própria vida nas mãos. O
cinema é uma arte, mas também é uma poderosa ferramenta educativa.

Observação 06
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Filme Cidade de Deus
Data: 19/09/2020 Horário: 2horas
Observador: Gabriela Vieira da Paixão- N324GD-6

O filme é narrado por um dos seus personagens o Buscapé.


Buscapé começa falando de como a Cidade de Deus teve início, ele diz
que a Cidade fica longe dos cartões postais do Rio de Janeiro, que quem não
tem onde morar, eles mandam para a Cidade de Deus. Lá não tem luz, não
tem asfalto, não tem ônibus... uma cidade abandonada! A Cidade de Deus é
um conjunto habitacional dos anos 60, foi construída para abrigar famílias que
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sofreram perdas com os incêndios e as enchentes, não tinham onde morar o


Governo do Estado enviam essas pessoas para esse conjunto. As famílias
tinham a esperança de encontrar um paraíso, mas a realidade era diferente, lá
não tinha condições básicas como água, luz, asfalto, esgoto, o número de
habitantes ia sempre aumentando.
Lá a escola era o crime, as crianças começam fazendo entregas e
cometendo pequenos furtos até virarem traficantes, como aconteceu com o
Daninho, apelido de infância, que se tornou Zé pequeno, um dos maiores
traficantes do filme.
Todos começam quando crianças que muitas vezes não frequentam a
escola, não tem família, parente estar abandonado a própria sorte, com fome
sem objetivos e que convivem com a violência diária e gratuita.
Daninho começa no crime com 8 anos, junto com os adolescentes do
trio ternura, ele sempre sonhou em ser o dono do morro, em ter respeito dos
demais, ele dizia que para ser bandido não basta ter somente uma arma, tem
que ser inteligente. O trio ternura se desintegra, dois morrem e um resolve
abandonar o crime e entrar para igreja, mas Dadinho não desiste do seu sonho
e se junta a Bené, seu melhor amigo para matar e roubar. Com o tempo ele
percebe que o que dá muito dinheiro é se dono das bocas, é vender drogas.
Dadinho então muda de nome e passa a ser chamado de Zé pequeno,
conquista várias bocas, mata muita gente e põe ordem no morro, segundo ele,
deixar as coisas em ordem facilita a entrada de compradores na favela e afasta
os olhares da polícia, sem contar que a policia também recebe uma
porcentagem do valor das vendas das drogas.
Tem também os pequenos da caixa baixa, são crianças de até 10 anos
de idade que já assaltam a mão armada. Seus ídolos são os bandidos, aqueles
que tem dinheiro e que muitas vezes são suas únicas assistências. Assim o
crime e o tráfico são encarados como uma possibilidade de carreira, um jeito
de sobreviver na comunidade e de ganhar dinheiro. São crianças para quem o
crime foi a única saída.
Mas também existem aqueles que resolvem não se meter no crime,
como é o caso de Buscapé, que era irmão do Marreco, ex integrante do Trio
Ternura, assassinado por Dadinho. Buscapé tinha o sonho de ser fotografo,
mas nunca teve condições de comprar uma câmera fotográfica, com a ajuda de
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seus amigos, a turma dos cocotas, ele ganha uma de presente. A turma dos
cocotas é formada por ricos e brancos, mas como são usuários de drogas,
acabam se aproximando de Buscapé para quem tenham livre acesso ao morro
e também a compra de drogas.
Esse filme fala sobre preconceito e exclusão, em uma das cenas,
Buscapé consegue um emprego em um supermercado e acaba sendo demito
sem receber um centavo, em outra cena um policial mata um trabalhador por
confundi-lo com um traficante, para muitos, moradores das favelas são
traficantes. Como diz o Buscapé se correr o bicho pega e se ficar o bicho
come!
Sem nenhuma perspectiva a certo mesmo seria entrar para o crime,
como algumas vezes o Buscapé pensou e como aconteceu com Mané Galinha
que era homem trabalhador, mas, por vingança acabou se juntando com os
traficantes para matar e roubar. Existe muita dificuldade em encontrar a porta
de saída da favela.
O tráfico é extremamente rentável, tem fornecedores, linha de
montagem e até plano de carreira. Buscapé diz que se o tráfico fosse legal, Zé
Pequeno seria o Homem do Ano!
Cidade de Deus procura denunciar vários problemas sociais alarmantes:
Pobreza, a falta de recursos, de opções e de oportunidades que muitas cidades
brasileiras enfrentam.
O final do filme é repleto de mortes, Zé pequeno é assassinado pela
turma de crianças da caixa baixa, Mané galinha morre, também, atingido por
uma criança, um dos amigos do Buscapé integrante dos cocotas morre em
confronto com a polícia, por fim, a rua é vermelha.
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Observação 07
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Local: Avenida Cenobelino de Barros Serra- São José do Rio Preto/SP
Data: 10/10/2020 Horário: 22h45 às 23h50 3horas
Observador: Gabriela Vieira da Paixão- N324GD-6

Está observação foi feita tomando o máximo de cuidado por conta do


horário em uma avenida de grande movimentação de caminhões e carros
normais. Nesta avenida já houve vários assassinatos de pessoas vulneráveis,
de forma brutal.
É comum ver nas esquinas que cruzam esta avenida pessoas, a quem
eu chamarei de mulheres, pois é a forma como se vestem e acredito que se eu
parasse para conversar com elas seria assim que iam preferir que à chamasse,
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vestindo roupas chamativas, transparentes e mostrando as partes intimas, para


muitos que passam olhando essas pessoas não passam de vagabundas
desocupas que poderiam ganhar a vida de outra forma e trabalhar dignamente,
isso seria possível? Acredito que não.
Parei por alguns minutos dentro do carro para observar o
comportamento dessas meninas nas esquinas, muito são os carros que param
para conversar com elas, geralmente fica uma menina em cada esquina, a
maioria dos carros que param usam insulfilme muito escuro nos vidros, acredito
que por medo de serem reconhecido, são vários tipos de carros, inclusive de
luxo, há também os que parem de moto e pratiquem o ato sexual ali mesmo, a
vista de todos.
Na esquina da Avenida Cenobelino com a rua Silva Jardim tem uma
moça de boa aparência, ela usa uma bota vermelha e calcinha preta, um topo
roxo e tem os cabelos presos, por alguns instantes ela ficou ali dançando
esperando os seus clientes, roda para um lado e para o outro, encosta em um
poste que tem perto, sobe e desce, ela fica ali um bom tempo, até que para um
carro prata e acena para ela que inicia a conversa pelo lado de fora, pela porta
do passageiro, depois de algum tempo, ela entra no carro e saem, pelo tempo
que fiquei lá ela não retornou.
Na esquina da Rua Prudente de Morais tem duas meninas, uma em
cada ponta, elas conversam e riem, falam besteiras uma para outra, fumam, e
dança, carros passam e buzinam, um homem passa de moto e chama uma
delas, os dois saem mais afastados, depois somem rua acima. A outra colega
fica lá, sozinha, pulando e dançando no intuito de chamar atenção de quem
passa e assim conseguir ganhar uma grana no final da noite.
A sensação que tenho ao ver esse tipo de situação é constrangedora,
nenhuma dessas meninas faziam o uso de máscara fácil preventiva contra a
corona vírus, estão em total vulnerabilidade a favor de qualquer tipo de doença,
imagine se usam ao menos o preservativo. Essas meninas fazem parte da
grande massa dos excluídos e desprezadas pela nossa sociedade. Muitas
estão ali para sustentar suas famílias, que com a dificuldade de arrumar um
trabalho acabam indo para as ruas, muitas não sabem nem ler e nem escrever,
e por achar esse caminho o mais aceitável acabam se sujeitando a ele.
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Observação 08
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Filme Os Miseráveis
Data: 10/10/2020 Horário: 2horas
Observador: Gabriela Vieira da Paixão- N324GD-6

Este filme é um excelente musical que nos traz uma realidade sobre a
revolução Francesa, narra a situação política e social francesa no período da
insurreição democrática (5 de junho de 1832) através da história de Jean
Valjean. Depois de roubar um pão para alimentar sua irmã mais nova, Jean
Valjean acaba sendo condenado a 19 anos de prisão, neste período em que
esteve preso foi forçado a trabalhos pesados. Quando recebe, finalmente, sua
liberdade condicional, acaba sedo acolhido por um Bispo, que acaba lhe dado
comida e abrigo, mas como havia muita revolta dentro dele, Jean Valjean
acorda na madrugada e acaba roubando a prataria da igreja. Minutos depois
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ele é pego pela polícia que acaba levando o homem novamente a Igreja para
que possa devolver o que roubou, ele havia dito a polícia que tinha ganho toda
aquela prata do Bispo que confirma a história aos policiais e ainda lhe dá
alguns castiçais. O gesto do Bispo impressiona Valjean que se arrepende de
todo que havia cometido de errado na vida e decide dali em diante ser um
homem integro. Depois de um tempo ele se torna prefeito e o maior empresário
da cidade. Porém sua paz termina quando ele encontra Javert, um guarda da
prisão que segue a lei a risca e começa a suspeitar que o prefeito é o ex
prisioneiro foragido que nunca se apresentou para cumprir as exigências da
condicional. A penalidade seria a prisão perpetua, mas Valjean convence
Javert que ele não é a pessoa que ele procura. Uma das empregas da fabrica
de Valjean é despedida e se ver na obrigação de ir as ruas se prostituir e é
quase presa, quando de repente Valjean a salva da prisão e a acolhe em sua
casa, mesmo ela estando muito doente. Sentindo que ela pode morrer ele
promete cuidar da sua filha, mas antes disso ele quer resolver sua pendencia
com a Lei, pretende se entregar e livrar um inocente da forca no seu lugar. A
partir desse momento começa, novamente a perseguição de Javert ao prefeito
Valjean, a mãe da criança morre e sua filha é resgatada por Valjean que passa
anos fugido do guarda Javert.
O filme mostra que o homem não nasceu mau, ele é muitas vezes
levando a isso. Por não ter muitas escolhas a fazer, acabam sendo levados
pelo que acham mais fácil. O personagem de Jean Valjean foi levado ao crime
sem que fosse realmente um criminoso, mas apenas um miserável. O pobre
não pode ser excluído por não possuir patrimônio material ou cultural, porque o
indivíduo não é aquilo que ele possui, não é suficiente ser incriminado para ser
realmente criminoso. Assim o crime pode ser a própria vítima do meio social
onde vive.
O filme faz uma forte crítica social, contrariando muitos pensadores, conclui
que um homem não nasce necessariamente predestinado a ser mal, há assim
mais de uma possibilidade para que seja decretado marginal. Pode ser
incriminado sem que seja realmente criminoso, quando se comete um crime
real por não ter outra escolha e quando escolhe o crime como forma de vida.
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Observação 01
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Documentário: Explicando... a diferença de riqueza entre brancos e negros
Data: 12/09/2020 Horas atribuídas: 2 Horas
Observador: Renan Franco de Souza N282BF-1
Logo no começo do documentário, a narradora traz imagens e informações
valiosas e ao mesmo tempo chocantes sobre as notas de dólares há 150 anos nos
Estados Unidos. Nessas cédulas havia imagens de negros escravos colhendo
algodão e eles não apenas representava a riqueza do país, eles eram a riqueza.
Em outra cena, uma autora, um senador dos EUA e um sociólogo falam a
respeito da desigualdade entre negros e brancos no país. Em média, a renda
média de uma família branca de classe média é de 171.000 dólares, enquanto a
média da família negra é de 17.600 dólares e essa disparidade vem crescendo
cada vez mais. E a narradora no final da introdução nos pergunta “Por que?”.
Cenas de movimentos negros e entrevistas com figuras representantes
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aparecem ao decorrer da introdução e me faz arrepiar.


Na cena que sucede a introdução é falado sobre o término da guerra civil,
onde 20 líderes negros perguntaram as comunidades negras do que eles
precisavam para ter uma vida livre e a resposta foi clara: terras. Lincoln Assinou um
projeto que dizia que as famílias negras teriam o direito de posse de terras, mas
dias depois ele foi assassinado e seu sucessor voltou atrás com o projeto. Um ano
após o fim da escravidão, o presidente Jhonson reclamou sobre discriminação...
contra os brancos “a favor dos negros”. Mas os negros produziram riqueza para os
brancos durante 246 anos, e eles continuam com ela.
O interessante é que a riqueza, num país economicamente estável e
crescente como os Estados Unidos, cresce de geração para geração e um trecho
da musica de Jay-z é apresentada “comprei uma obra de arte por um milhão. Dois
anos depois aquela merda valia dois milhões. Alguns anos depois, já valia oito
milhões.” Como a musica diz, riqueza gera riqueza.
Logo após, uma pequena aula sobre juros compostos nos é apresentada e o
exemplo dado é surpreendente: se alguém investisse 100 dólares em 1863 e
deixasse correndo juros, esse valor se transformaria em 3.548.970 dólares no ano
de 2018. Uma pessoa adulta, cujos pais ou avós compraram uma casa no valor de
14 mil dólares há 50 anos, teria hoje meio milhão de dólares investidos em uma
propriedade. E aí está a maior parte da riqueza das famílias brancas de classe
média.
Depois da grande depressão, uma flexibilização de dividas veio com um
acordo chamado de “New Deal”, onde a pessoa poderia se beneficiar comprando
uma casa própria, mas a administração de habitação não concedia hipotecas em
áreas consideradas “de risco”. Essas áreas eram marcadas e chamadas de
redlines, indicando onde havia habitação de negros nos bairros. Em uma
entrevista, o jornalista pergunta a uma mulher branca que está no quintal de sua
casa sobre num gramado verde que aparenta estar num bairro de classe média, se
ela acha que afetaria a comunidade como um todo se uma família negra mudasse
para o bairro, e a resposta é clara e imediata: “Acho que o valor dos imóveis cairia
na hora, independente de quantos vivessem”. Nesse trecho fica claro: se a riqueza
está nas propriedades, que riqueza os negros teriam após o fim da escravidão se
aonde eles vão a queda do preço dos imóveis é inevitável?.
Uma cena de alunos do ensino superior em suas formaturas é mostrada e o
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sociólogo do inicio do documentário nos traz um estudo que surpreende. Alunos


brancos que acabam de se formar na faculdade têm um drástico aumento
patrimonial em cerca de 20 anos, como o que era de se esperar. Já, alunos negros,
com o mesmo período de tempo, o patrimônio diminui. A diferença não está na
quantidade de dinheiro que ganham, mas sim em como eles gastam. É muito mais
provável que um afro-americano graduado seja a pessoa mais bem sucedida de
sua família e, naturalmente, os parentes acabam pedindo mais ajuda.
Várias cenas são mostradas em debates e entrevistas a respeito do mesmo
problema: como resolver a disparidade de riqueza entre os brancos e negros.
Ninguém consegue responder.
O documentário se encerra com imagens de vídeo antigas de uma corrida,
onde o narrador cita uma frase de Martin Luther King “se um homem sai da linha de
partida de uma corrida 300 anos depois do outro, este homem precisaria de uma
façanha inacreditável para conseguir alcançar o colega”.

Observação 02
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Filme: Django Livre
Data: 13/09/2020 Horas atribuídas: 3 Horas
Observador: Renan Franco de Souza N282BF-1
O filme se inicia com a imagem de escravos negros andando em fila e
acorrentados, aparentemente muito cansados caminhando sob o sol de uma
região deserta. Logo atrás está um homem branco a cavalo e na frente outro
homem orientando o caminho a ser seguido.
Em seguida, a cena mostra o anoitecer no Texas, dois anos antes da
Guerra Civil. Um homem com uma carroça se aproxima se dizendo dentista e
querendo comprar um escravo que já trabalhou numa fazenda especifica com
três homens procurados. Os vendedores recusam a venda e o dentista mata
um deles e deixa o outro ferido, dando duas opções aos escravos: matar o
vendedor e fugir ou levá-lo ao hospital e continuar o caminho em seguida.
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Óbvio que os escravos mataram o homem e fugiram. O dentista e um escravo


chamado Django partiram juntos.
Em outra cena, mostra os dois seguindo caminho por dentro de uma
cidadezinha do Texas. Enquanto eles passam, todos ficam surpresos ao ver
um negro de casaco andando a cavalo. Ao entrarem numa taberna, o dono se
assusta e foge chamando pelo Xerife. Em quanto o Xerife não chega, o
dentista se apresenta a Django como caçador de recompensa e diz que está
atrás de três irmãos, os quais Django já conhecia. Se ele concordasse em
ajuda-lo, iria ganhar sua liberdade mais 25 dólares por cada irmão morto (eles
eram em 3 irmãos). O dentista diz não gostar da ideia de obrigar o Django a
fazer isso pois não gosta da escravidão, mas está precisando da sua ajuda.
Logo após, o Xerife entra na taberna expulsando os dois. No lado de fora está
praticamente a cidade inteira olhando o conflito. O Dentista atira no Xerife e
pede para a população chamar o delegado. Quando o delegado aparece, o
dentista se apresenta como Dr. King Schultz e caçador de recompensa,
dizendo que o Xerife estava sendo procurado por roubar gado há 3 anos.
Em seguida, mostra o Dr. King e Django sentados na sombra de rochas
no entardecer. O doutor pergunta o que Django vai fazer com um cavalo, 75
dólares e sua liberdade e ele responde que quer encontrar sua esposa e
comprá-la. Django diz também que sua esposa chama-se Brunilda e que seus
senhores eram alemães e que ela fala o idioma. Schultz se interessou, por
também ser alemão.
Em outra cena, o Dr. King está em uma loja de roupas e diz que Django
precisa fazer um papel de criado doméstico e que precisam visitar uma fazenda
de algodão. O Dr o deixa escolher as roupas que quer usar e ele se espanta.
Logo em seguida mostra os dois cavalgando em uma plantação indo em
direção a casa dos senhores. Django está vestido com uma roupa azul e
branca toda enfeitada. Essa cena me provoca risos ao ver a estranheza dos
senhores e escravos que ali trabalham. Todos se reúnem para ver um negro
com uma vestimenta chamativa em cima do seu próprio cavalo. O Dr. King
entra na casa com o senhor para fazer negócios enquanto um Django caminha
com uma escrava da casa para conhecer a fazenda. Essa é outra cena que
achei muito engraçada, pois a escrava não sabia como tratar o django ao ver
um negro que não era escravo, mas não podia ser tratado como se fosse
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branco. Seu senhor a orienta a trata-lo como se ele fosse um caipira (achei a
cena engraçada, porém muito preconceituosa. Tenho consciência de que
retrata a época naquele lugar). Logo após, Django ao passear encontra os
irmãos Brittle, que procuravam. Ele pede para a escrava chamar o Dr. e eles
matam os dois e vão embora carregando os corpos.
Durante a noite, Django e Dr. King estão jantando e o Dr. diz que é muito
arriscado para o Django ir até a feira de escravos no Mississipi e faz uma
proposta. Pergunta se ele quer se tornar caçador de recompensa até ganhar
dinheiro e o inverno passar, depois eles irão atrás de Brunilda. Django de
prontidão aceita a proposta para matar brancos por dinheiro. Em seguida são
mostradas cenas no inverno do Django treinando tiro com pistolas e rifles e,
logo após, ele e o Dr. indo atrás de foras da lei.
Após o inverno frio e lucrativo, Django e Schultz foram para o Mississipi.
Chegando lá, a cena é muito triste. Muitos escravos acorrentados pelos pés e
mãos, ferros em seus pescoços e focinheiras. Seria menos impactante a cena
se a escravidão não tivesse realmente acontecido. Entrando numa espécie de
cartório, eles descobrem que Brunilda foi vendida para a fazenda Candyland,
muito popular entre os escravos pelas torturas. Eles planejam uma estratégia
para entrar na fazenda e comprar a escrava. Schultz fará o papel de comprador
de mandingo e o Django, seu ajudante e entendedor do assunto. Django não
gosta da ideia de ser negociante de negros, mas aceita o papel para recuperar
sua esposa.
Na próxima cena, eles entram numa casa muito grande e todos bem
vestidos. Um homem se diz advogado irá mostrar a eles quem é o vendedor de
mandingo. Adentrando num cômodo, eles são convidados a assistir uma luta
entre os negros que está acontecendo. A luta segue muito sangrenta e, no
final, o vendedor e dono da Candyland joga um martelo para seu escravo matar
o outro. Todos dentro do cômodo parecem gostar de assistir essas lutas,
menos o Dr. Schultz e Django. Ao final da luta, o homem que teve seu escravo
morto testa Django para ver se ele é alfabetizado e ao ver que ele é, parte e vai
embora. O Mandingo vencedor é recompensado com uma garrafa de cerveja e
uma das escravas para passar a noite. Todos ali começam a falar sobre
negócios e Django diz que está disposta a pagar 12 mil dólares pelo negro
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certo. Isso chama atenção do Calvin (dono da fazenda).


Em outra cena, ao irem visitar a fazenda Candyland, eles viram o negro
mandingo vencedor tentando fugir e sendo encurralado pelos cães. Ao capturar
o negro, Calvin o humilha dizendo que ele gastou 500 dólares pagando por ele
e que devia pelo menos ganhar 5 lutas de morrer. Ao ser desafiado por Django,
Calvin manda os cães matarem o mandingo e continuam seu caminho.
Ao chegarem a fazenda Candieland, alguns escravos, em especial
Stephen, um escravo da casa, ficam revoltados ao ver um negro chegando a
cavalo. Stephen carrega o cenho e se recusa a servir a outro negro, mas por
ordem de seu senhor acaba sendo obrigador por fazê-lo.
Durante uma cena onde muitas escravas domésticas arrumam o jantar é
possível perceber o quanto elas se acostumaram com esse tipo de vida que já
virou uma rotina. Stephen também se acostumou tanto que demonstra raiva
pelos negros que ali trabalham.
Após o jantar, a mesa é desfeita e Calvin traz um crânio de um negro
escravo que serviu sua família durante duas gerações. Ao apresentar esse
crânio, ele traz um discurso pseudocientífico tirado da frenologia para dar base
à submissão dos negros aos brancos. Durante a sua fala, ele serra o crânio ao
meio e aponta para uma determinada região dizendo ter três protuberâncias
associadas à área da servidão. Já em figuras como Isaac Newton ou Galileu,
essas marcas estariam em regiões associadas à criatividade. Nessa cena é
possível notar como se monta um discurso baseado em pseudociências para
justificar o racismo ou qualquer outro tipo de preconceito.
Após um conflito na Casa Grande que resultou na morte de Calvin, Dr.
Kings e muitas pessoas da casa, Django é capturado e amarrado de cabeça
para baixo, nu e com uma espécie de focinheira de ferro. Mas após uma
reviravolta, o filme se encerra com todos os brancos da Casa Grande mortos,
Django e Brunilda juntos e uma musica de fundo alegre.
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Observação 03
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Documentário: Guerras do Brasil.Doc: Universidade do Crime
Data: 13/09/2020 Horas atribuídas: 2 Horas
Observador: Renan Franco de Souza N282BF-1
O documentário se inicia com homem em uma biblioteca dando um dado
muito surpreendente. A ONU considera uma guerra de baixa intensidade mata
até 15 mil pessoas no ano. No Brasil, o número de mortes é de 60 mil por ano
e o coloca em primeiro lugar no ranking de pais que mais mata.
O narrador começa por falar do inicio do crime organizado, onde alguns
presidiários de uma penitenciária no Rio de Janeiro em 1969 foram mandados
para uma Ilha, para ficarem isolados. Ali os presos se organizaram para se
protegerem e formaram as Falanges. Uma das falanges, a chamada Falange
Vermelha, começou a lutar contra a exploração do preso pelo preso.
Além de proteger os presos de todo tipo de violência e exploração dentro
da penitenciaria, os presos da falange vermelha montaram uma espécie de
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coletivização onde todos ali se ajudavam, chegando a montar até uma farmácia
dentro da cadeia, que na verdade não parecia muito bem com uma prisão, mas
sim galerias.
As condições do presidio eram horríveis, pois faltavam telhas no teto, as
paredes cheias de mofo, não tinham nenhuma condição de higiene e as
imagens da comida ali me fez sentir nojo. Segundo o narrador, foram essas
condições de resistência dos presos que fez surgir as organizações criminosas.
A imprensa chamou esse grupo de Comando Vermelho e, segundo o ex
secretario de segurança do Rio de Janeiro, ao saírem da ilha, eles se dividiram
em 3 grupos, o Comando Vermelho, Amigo dos Amigos e Terceiro comando
Puro. Esses grupos procuraram um lugar para se instalar e se protegerem, que
foi nos morros. Chegando ali, eles se armaram não só contra a policia, mas
também contra os rivais para proteger seus negócios.
Em São Paulo nos anos 60 a população começa a crescer muito rápido
e, com isso, aumenta a vulnerabilidade. Foi nesse momento que começam a
ver o homicídio como uma forma de proteger a cidade do caos e, as pessoas
veem a violência como uma forma de controle da desordem. Em 1968 surgem
os primeiro esquadrões da morte com o delegado Sergio Fleury e a rota.
Juntos eles atuavam nas periferias exterminando a população sob o discurso
de que matar bandidos seria uma forma de limpar a sociedade. Com isso é
possível ver que sob aquela ótica, apenas os negros e periféricos eram punidos
com a morte. Os grupos se formaram e se armaram para se defender, com isso
resultou num aumento de 900% na taxa de homicídio na cidade de São Paulo
entre 1960 e 1999.
Imagens muito fortes de sangue no massacre do Carandiru e de
superlotação nas penitenciárias elucidando o descaso do estado com a
dignidade do recluso. A meu ver, não acho que seja possível uma
ressocialização do preso nessas condições em que eram e ainda são deixados.
A violência institucional que ocorre desde 1960 não tem contribuído em nada
para melhorar a nossa sociedade, muito pelo contrario, apenas gerou mais
violência e organizações criminosas.
O surgimento do PCC em São Paulo acontece basicamente nas
mesmas condições do Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Politicas de
encarceramento que resultam na superlotação de cadeias onde o Estado não
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possui condições para gerir essa população prisional somada com violência
institucional e corrupção por parte dos agentes aparenta serem os ingredientes
para criar organizações criminosas. O Estado naquela época aparenta ser uma
máquina de criar violência e, ao tentar combatê-la, acaba gerando mais
violência, entrando num ciclo.
Após o PCC se mostrar pro Brasil, aconteceram 29 rebeliões
simultâneas no estado de São Paulo. Isso colocou em duvida sobre o poder e o
controle que o Estado tinha da segurança. Algumas imagens são mostradas
das rebeliões e dos presos jogando lençóis pelas janelas.
Segundo a socióloga, a hegemonia do PCC rompeu com o ciclo de
violência imposto pelo Estado e, a taxa de homicídios que havia crescido em
900%, agora diminui 76% entre 2000 e 2012.
O PCC e o CV começam a fazer negócios juntos e dividem por áreas
seus territórios de atuação. Durante uma tentativa da policia desestruturar o
PCC, a facção mostra sua força e faz o Estado querer resolver os problemas
por meio de uma negociação que, ate então, o Estado nega ter acontecido.
Numa tentativa de reduzir a violência em áreas tomadas pelo crime com
a implantação de UPP’s, entre 2011 e 2013 dobram o numero de homicídios
naquelas áreas. Nesse período ocorreu corte de verbas e aumentos dos casos
de corrupção policial.
Após o rompimento de relações entre PCC e CV, surgiu guerras entre
facções no Brasil todo.
No final do documentário é posto alguns dados sobre a população
carcerária. O Brasil possui mais de 752 mil presos, sendo a terceira maior
população carcerária do mundo onde cerca de 40% não possuem condenação
judicial e mais da metade são jovens de 18 a 29 anos.
34

Observação 04
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Filme: Dias Sem Fim
Data: 19/09/2020 Horas atribuídas: 2 Horas
Observador: Renan Franco de Souza N282BF-1
O filme se passa na cidade de Oakland no Estado da Califórnia nos
Estados Unidos. A noite está clara e com o clima fresco. Um homem negro
chega de carro num subúrbio, desce armado e vai adentrando no quintal das
casas. Uma família residente ali parece acabar de chegar de uma festa e entra
em sua casa. O homem armado espera sentado no quarto da menina e,
quando eles chegam, o homem mata os pais dela.
O homem vai pra julgamento e acaba caindo na cadeia. Chegando lá ele
se depara com rostos da sua infância. Eram homem que desapareceram
quando ele era criança e foram presos. Um fato me incomodou nessa cena.
Todos os homens presos que estão no pátio são negros. O homem que
acabara de ser preso, conta que adolescentes de seu bairro que foram presos
por conta de uma trouxa de maconha agora são “bandidões” dentro da cadeia.
Todas as gerações de homens que ele conhece repetem os mesmos ciclos de
acabarem sendo presos.
35

As cenas a seguir retomam sua infância. Quando era criança, um


menino mais velho roubou seu brinquedo e bateu no menino. Chegando em
casa machucado, o pai o espancou para ensinar-lhe nunca deixar que peguem
suas coisas e que a saída disso é reagir com agressões. No dia seguinte o
menino bateu com uma pedra na cabeça do garoto mais velho.
Na cadeia, Lincoln (o assassino) encontra seu pai e percebe que apesar
de prometer ser diferente dele, acaba seguindo os mesmos passos.
Antes de ser preso, Lincoln tem um filho e procura um emprego. No seu
trabalho como vendedor de roupas numa loja, ele sofre algumas
discriminações e seus amigos do bairro o chamam de idiota por tentar arrumar
emprego. No tráfico de drogas ele conseguiria mais dinheiro e de uma forma
mais rápida.
Em outra cena, Lincoln está andando de carro com seu amigo num
bairro mais desenvolvido e a policia os param e levam para a delegacia. Ao
interroga-lo, o policial apresenta sua ficha criminal e a de seu pai e o pergunta
se estar envolvido em drogas e crimes é genético. Essa cena me fez refletir
sobre muitas coisas, mas me concentrei em uma delas: Em como questões
sociais como a criminalidade e a exclusão social às vezes são vistas como um
fator biológico. Dependendo do discurso, simplesmente é apagado o fator
social do fenômeno e dão ênfase no biológico para culpabilizar o individuo.
Dentro do carro, JD (pai de Lincoln) faz um desabafo a seu filho ainda
criança. Ele reconhece seus erros e diz que a vida tem sido dura após a
primeira condenação. O Estado corta seus benefícios e ninguém mais que te
contratar para ter um trabalho digno. Penso que se após sua condenação e o
pagamento da pena, se a sociedade dessas oportunidades para JD, Lincoln
teria uma chance de não ser preso futuramente.
É revoltante ver que apesar das lutas para sair do contexto violento, os
jovens não conseguem se distanciar. As circunstancias o levam para o mesmo
destino: a morte ou a prisão. Consegui observar certa indignação do Lincoln ao
tentar não seguir os passos de seu pai e no final ter o mesmo destino.
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Observação 05
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Documentário: Bilionários
Data: 20/09/2020 Horas atribuídas: 1 Hora
Observador: Renan Franco de Souza N282BF-1
O documentário se inicia mostrando alguns dados sobre a quantidade de
bilionários existentes no mundo. Um fato que me deixou surpreso foi como
houve um crescimento do ano de 1987 até 2019. A quantidade de bilionários
aumentou em 15 vezes e suas riquezas juntas equivalem a quase 9 trilhões de
dólares. A meu ver, nas sociedades predominantemente capitalistas que
existem no mundo, ter dinheiro é ter poder. Isso explica o porquê essas elites
ocupam lugar de destaque ou certa influência no Estado. Cenas de protestos
contra a desigualdade social são mostradas durante a introdução e, segundo
um Senador dos Estados Unidos, as pessoas estão se sentindo desanimadas
em viver numa sociedade onde poucos têm muito e muitos tem pouco. A
introdução do documentário termina com a seguinte pergunta: os bilionários
são bons ou ruins para a nossa sociedade?
Segundo o documentário, as pessoas mais ricas na história viveram
durante a chamada “era dourada” nos Estados Unidos. Os três mais ricos
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tinham tanto dinheiro que atingiam a casa dos 300 bilhões de dólares. Eles
lucraram muito com politicas exploratórias do trabalhador e com grandes
corporações que atingiam a economia continentalmente. Hoje em dia, com uma
economia global, têm-se crescido a quantidade de bilionários no mundo e isso
fez com que os países em desenvolvimento melhorassem suas condições. A
china, por exemplo, era um país que tinha muitas pessoas vivendo na linha de
extrema pobreza, diferentemente de 2019 que quase não existe mais pessoas
vivendo nessa situação.
Achei uma fala muito interessante da neta de Roy Disney. Segundo ela,
é muito mais fácil multiplicar o dinheiro quando se tem capital do que com o
trabalho. Se uma pessoa tem 100 dólares, com o trabalho dela ela consegue
obter 110 dólares com o pagamento das despesas que ela precisa pra
sobreviver. Porém, com um acumulo de capital em propriedades, você pode
facilmente transformar 100 milhões de dólares em 110 milhões num curto
período de tempo. “ Transformar 100 dólares em 110 é trabalho. Transformar
100 milhões em 110 milhões é inevitável.
Segundo alguns bilionários, o sistema deveria aumentar a cobrança de
impostos sobre eles, já que essa cobrança é muito pequena. O paraíso fiscal
que acontece em alguns países contribui para a desigualdade social, além de
prejudicar a classe média.

Observação 06
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Filme: Avaeté: Semente da vingança
Data: 20/09/2020 Horas atribuídas: 02 Horas
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Observador: Renan Franco de Souza N282BF-1


O filme se passa na região noroeste do Mato Grosso em 1985 e conta
sobre o massacre dos índios Cinta-Largas em suas aldeias.
Homens brancos são contratados para irem caçar, mas sem saber o
quê. Chegando ao meio da mata, aviões sobrevoam a mata e bombardeiam
uma vila indígena. Achei uma cena, em especial, muito cruel. O avião sobrevoa
a tribo e joga mel. As crianças vão em direção ao mel para comer em quanto
um segundo avião sobrevoa e atira bombas na vila. De inicio eu não entendi o
propósito do massacre, mas não há como negar. As cenas dos índios mortos e
suas vilas queimadas são cruéis.
Os homens brancos que ficaram em terra se apresentam como
Bandeirantes e matam os índios restantes. Mais cenas aterrorizantes
aparecem. Dois bandeirantes estupram uma índia sobrevivente. É triste pensar
que essas coisas realmente aconteceram na história do Brasil. Um homem dos
bandeirantes não gosta do serviço que foi obrigado a fazer e foge na mata.
O foco da cena muda para uma madeireira dentro da mata. Ali, muito
terreno foi desmatado e há muitas toras de arvores empilhadas. Se antes eu
não estava entendendo o porquê dos massacres na tribo, agora eu comecei a
ter uma noção.
O homem branco que tinha fugido achou uma criança indígena
machucada e a levou embora junto com ele. Após muitos quilômetros fugindo,
esse homem não consegue se comunicar com a criança e a manda fugir. A
criança foge para o meio da mata tentando achar algum membro da sua tribo.
Algumas horas depois a criança se cansa de tentar achar e volta para o
homem que estava cuidando dela.
O homem parece ter problemas com álcool e durante uma noite quando
está bêbado, acaba procurando um padre e confessando o massacre que ele
tinha participado e deixou a criança para ele cuidar.
Dez anos depois, essa criança indígena já está quase adulta e ainda
com o padre. A denúncia de Ramiro para o padre Bruno acaba sendo levada
para o plenário em Brasilia. Uma pesquisadora vai até Bruno e diz que precisa
fazer uma pesquisa com o povo daquela região. Bruno parece fazer reuniões
de conscientização e de resistência com o povo dali. A pesquisadora quer
saber mais sobre o massacre que aconteceu na tribo dos Avaetés. Bruno é
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contra o que as companhias estão fazendo com o povo para conquistar terras.
Um delegado vai atrás de Bruno para perguntar sobre Ramiro. Ava (o
índio), querendo vingança de sua tribo, vai atrás do delegado Ribamar e leva-o
até Ramiro. Ramiro diz que o chefe deles era o Cabeça Branca, mas ele
cumpria ordens dos irmãos Machado, da companhia Machado.
A denúncia do massacre chega ate Brasilia e um deputado acaba
expondo algumas fitas de gravação. Machado vai até Brasilia resolver seus
problemas. Machado mostra seu poder e influencia e manda matar o padre
Bruno e o deputado que estava lhe denunciando. Ramiro foge para São Paulo.
Ava vai para São Paulo junto com a pesquisadora procurar seu amigo.
Ao chegar em São Paulo, Ava se perde e acaba se cansando de ficar
procurando Ramiro. Em uma cena onde ele deita no meio da calçada para
dormir me fez pensar na situação do índio que vai para a cidade grande. Ava
acha Ramiro internado no que parece ser um asilo ou hospital psiquiátrico. Ali
reside varias pessoas marginalizadas e com doenças físicas e mentais.
Depois de uma denuncia feita pela pesquisadora e jornalista, Ramiro
consegue sair do hospital psiquiátrico. Ramiro estava doente e falece ao ver o
mar. Ava vai até a casa do Cabeça Branca e o mata com um pedaço de
madeira para vingar sua tribo.

Observação 07
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Filme: No topo do poder
Data: 26/09/2020 Horas atribuídas: 02 Horas
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Observador: Renan Franco de Souza N282BF-1


O filme é passado em Londres nos anos 70. No começo, me parece um
filme de distopia. Liang está num edifício destruído com vários cadáveres e
muito sangue. Da forma que ele age naturalmente a esse cenário, me parece
que ele mora ali.
O filme passa para 3 meses antes da cena que fora descrevida. Nesse
tempo, o prédio está em perfeitas e há muitos moradores. Dr. Laing acaba de
se mudar para um apartamento no 25° andar e é convidado para uma festa que
vai ter no andar de cima. Ao que me parece, dentro do prédio tem mercado,
academia, piscina e Spa e tudo fica no 30° andar. Liang foi convocado pelo Sr.
Royal, o arquiteto e dono do prédio, para ir a seu “apartamento” no 40° andar
onde é a cobertura. Ali é muito luxuoso, tendo ate jardim, flores, arvore e ate
um cavalo para a esposa do Sr. Royal cavalgar. Eu tive a impressão de que
conforme os andares ficam mais altos, maior é a classe social e, por tanto,
mais ricas são as pessoas. Durante uma cena de sexo entre o Liang e
Charlotte (a moça do andar de cima que o chamou para festa), ela o diz que no
prédio há uma hierarquia social muito rígida, goste o Sr. Royal ou não.
Charlotte me parece ser uma pessoa muito influente no prédio conhecendo as
várias camadas sociais que existe ali.
Durante uma festa dada pela Sra. Royal, o Dr. Liang é alvo de muitas
piadas e zombarias por aparecer mal vestido (ele estava de terno). Aqui fica
muito evidente o fenômeno da diferenciação social. Todos estavam muito bem
vestidos com suas roupas caríssimas e bebendo seus drinks muito caros. Liang
apareceu com um vinho que comprou no 15° andar e ao ser chamado de
bastardo pão duro, foi retirado da festa
O prédio parece fazer uma analogia com as sociedades capitalistas
atuais. Quanto maior a altura do andar, mais são os privilégios e mais ricas são
as pessoas. Quanto menor foi a altura, mais pobres e desprovidas de seus
direitos são as pessoas. O filme não retrata a vida fora do prédio, pois parece
que ali dentro tem tudo o que as pessoas precisam para sobreviver. A questão
da diferenciação social aparece novamente durante uma cena onde na
cobertura estava tendo uma festa muito luxuosa, enquanto no 1° ao 12°
andares, faltava água, energia e uma mulher sendo estuprada por alguém dos
andares mais altos, enquanto ninguém ligava para esse fato no dia seguinte.
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Em uma noite de revolta, as pessoas que moram em baixo fazem uma


festa e quebram as regras do prédio, fazendo com que os ricos se incomodem.
Outra cena que retrata a diferenciação social é quando uma mulher moradora
dos andares de baixo diz ter inveja das condições em que os ricos vivem nos
andares de cima porque lá possui luz. Essa cena me faz refletir sobre as
condições em que os menos favorecidos vivem na sociedade, onde eles
invejam coisas que lhe são de direito, porém inacessíveis.
As classes mais baixas do prédio se revoltam e as elites dos andares de
cima revidam controlando o a energia, agua e alimentos. Pouco a pouco os
andares vão sendo destruídos ate chegar ao 30° andar. Sr. Royal perde o
controle do seu próprio prédio que agora está no completo caos. Até as elites
foram afetadas e passam os dias dando festas com muito sexo e drogas. As
cenas do completo caos me causam muita inquietação e intriga. Não entendo o
porquê das pessoas simplesmente não saírem do prédio para procurar outro
lugar para morar. Parece-me que as pessoas que restaram ali estão presas de
alguma forma pelas suas condições de vida ou algo do tipo que retrata a vida
na realidade. O prédio todo e, principalmente os andares de baixo, fica num
estado de natureza sem controle nenhum. Ali prevalece a lei do mais forte,
havendo muita violência, estupro e pessoas sendo utilizadas em trocas como
mercadoria.

Observação 08
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Podcast: Favelado Investidor: Flowpodcast
Data: 27/09/2020 Horas atribuídas: 03 Horas
Observador: Renan Franco de Souza N282BF-1
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O bate papo se inicia dentro de um estúdio de gravações em 11 de


julho de 2020 no Brasil. Dois jovens, um de 23 e outro de 24 anos, se
apresenta pelo nome do canal do youtube deles como sendo “Favelado
Investidor”. Trata-se de dois jovens que cresceram juntos dentro da favela e
conseguiram sair dessa situação por meio de pequenos investimentos. Achei
muito pertinente o trabalho deles sobre compartilhar suas visões do mercado
com uma linguagem mais acessível para as pessoas de sua comunidade.
Com uma linguagem mais acessível, eles dialogam em seus canais de
comunicação e tentam “passar a visão” para as pessoas que não possuem um
histórico acadêmico e, de forma bem didática, tentam aplicar a educação
financeira voltada para esse público.
Durante suas conversas eles quebram o paradigma de que investir é
uma coisa apenas para os ricos.
Eles utilizam suas vidas como exemplo para poder motivar as pessoas
de sua comunidade a procurar conhecimento para sair das condições
precárias. Os dois são filhos de mães solteiras, estudaram na mesma sala da
escola, fizeram estágio juntos e estudaram contabilidade na mesma sala da
faculdade. Um tema que eu acho pertinente destacar é sobre as diversas
críticas que eles fazem sobre o Estado e seu papel em dar uma educação de
qualidade. Segundo eles, a educação que eles tiveram na escola, assim como
a estrutura física da mesma era precária. A maior parte de seus conhecimentos
vinha de fontes que eles mesmos se propunham a buscar.
A exclusão se torna explicita quando o Estado não investe dinheiro nas
áreas mais necessárias de seus credores. Para eles, o imposto que a
“quebrada” paga está sendo investido em áreas que não são emergentes
naquele contexto e, por isso, falta educação, saúde e saneamento básico onde
eles moram.
O Objetivo deles é passar o conhecimento que eles têm sobre finanças
para as pessoas de sua comunidade para dar uma condição de vida melhor. A
meu ver, trazer esse conhecimento com essa linguagem da quebrada para as
pessoas é simplesmente revolucionário porque a comunicação se torna
possível e a aprendizagem viável.
Para eles, a educação no Brasil está muito defasada e isso abre
espaço para diversas ideologias entrarem na cabeça das pessoas sem elas
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conseguirem refletir a respeito. Desde a época da entrada do Lula para


presidente até os dias atuais, entraram e saíram presidentes, governadores,
senadores e deputados, mas as condições da favela permaneceram as
mesmas.
Os entrevistadores brincam com o estereótipo de “favelado” e reflete
sobre a quebra de expectativas que há ao assistir seus conteúdos. Ninguém
imaginaria que alguém vestido de boné, óculos espelhado, camiseta, bermuda
colorida e chinelo iria estar num vídeo falando sobre educação financeira. E é
exatamente aí onde a diferenciação social está, pois ao ver uma pessoa com
essas vestimentas em um vídeo na internet, provavelmente você acharia que
se trata de um clipe de funk e não sobre um vídeo de finanças. Para a pessoa
de quebrada que está assistindo os vídeos, ocorre uma espécie de
identificação, pois ele veio do mesmo lugar, veste as mesmas roupas e fala na
mesma linguagem. Os vídeos são filmados na laje do seu barraco mostrando a
realidade do pobre no Brasil, sem cortes, com barulhos no fundo de motos
passando e cachorro latindo.
Para eles, a desigualdade econômica não é má no capitalismo, mas
sim a situação que leva as pessoas a viverem na extrema pobreza. Ou seja,
tudo bem uma pessoa ganhar 1 milhão por mês enquanto outra ganha mil,
contanto que todos tivessem pleno acesso à seus direitos.
Eles contam sobre um acontecido que um homem morando em
Alphaville agrediu sua esposa e o policial foi atender o ocorrido. O Homem
tentou reduzir a autoridade do policial dizendo que ganhava 30 mil por mês,
enquanto o agente apenas mil. Disse também que o policial tinha poder apenas
nas periferias, que ali não era lugar dele querer se meter. O policial foi embora
e nada aconteceu com o homem e nenhum movimento acorreu a favor da
mulher agredida. Em paralelo, se um periférico diz isso para o policial,
provavelmente ele sofreria muitas agressões e seria preso. Isso mostra
bastante sobre a diferenciação social, pois numa sociedade baseada no
capitalismo ter dinheiro é ter poder. Se você possui muito dinheiro, algumas leis
não são aplicadas na pratica em você.
Eles apresentam outros ocorridos com eles próprios onde o estereotipo
contribuiu para ser alvo de opressão policial. O bate papo se encerra com
algumas pessoas que acompanham eles mandando mensagens de apoio e
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dúvidas a serem respondidas.

Observação 09
Grupo: Diferenciação Social, Cultural e Exclusão Social
Filme: Um estado de liberdade
Data: 27/09/2020 Horas atribuídas: 03 Horas
Observador: Renan Franco de Souza N282BF-1
O filme se passa no Sul dos Estados Unidos na cidade de Jones em
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Mississipi durante a Guerra Civil na década de 60 e 70 na tentativa dos


refugiados estabelecerem um estado inter-racial e é baseado em fatos reais.
O filme se inicia com dois exércitos batalhando um contra o outro.
Durante um ferimento na perna de um garoto, um enfermeiro o leva para a
base e retira uma peça de seu uniforme para que os médicos possam pensar
que ele é um oficial para ser atendido. Nessa cena vimos um pouco do
conceito de diferenciação social onde a hierarquia dentro do exercito é
marcada por conjecturas nas vestimentas para diferenciar um soldado de um
oficial. Logo após, um homem diz que vai embora da guerra por conta de uma
nova Lei que foi escrita, onde quem possui 20 negros podem voltar para suas
casas, em seguida ele diz “pobres lutam a guerra dos ricos”. Nessa guerra nos
Estados Confederados a luta é por algodão e, quanto mais rico a pessoa for,
mais ela e sua família se isenta da guerra.
Newt deserta da guerra para levar o corpo de seu sobrinho morto para
casa. Chegando lá, descobre que os soldados estão invadindo as casas das
mulheres para pegar toda sua comida e dinheiro e resolve defendê-las.
A cena é cortada para 1985, onde um homem branco está sendo
condenado por possuir um oitavo de sangue negro e ter se relacionado com
uma mulher branca e, por isso, ele violou uma lei que impede o relacionamento
inter-racial. No julgamento há muitas pessoas assistindo e nenhuma delas são
negras. Naquela época o negro não tinha voz em nenhum âmbito do Estado. A
exclusão social era muito explicita por conta da escravidão.
A cena volta em 1962 com Newt defendendo as mulheres dos coletores
de impostos e eles descobrem que ele é desertor. Nessa época os desertores
eram punidos com a morte, então Newt foge para o pântano acompanhado de
um negro que foi apenas para lhe mostrar o caminho. Ao chegar e uma
acampamento no meio do pântano, ele encontra vários fugitivos negros, alguns
marcados no rosto e um com uma espécie de gaiola presa no pescoço.
Em 1963 uma cidade vizinha é destruída pelo exercito da União e
aumenta o numero de desertores. Muitos deles se refugiam no pântano junto
aos negros fugitivos e começam a fazer pequenos assaltos aos cobradores de
impostos. Nessa cena possível fazer uma analogia às periferias nas cidades
grandes do Brasil, onde um aglomerado de pessoas “rejeitadas” pelo estado se
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junta e ali começam a produzir seus próprios meios de sobrevivência.


Newt começa a organizar movimentos contra a cobrança de impostos
de pobres e, juntos com a pequena população vai até a fazenda e recolhe os
milhos que lhes foram tomados. Esse movimento se torna muito grande, de 4
homens no inicio esse numero sobe para mais de 100. Mas dentro do próprio
movimento entre os refugiados parece haver certa diferenciação racial pois os
negros ficam separados dos brancos e algumas falas racistas aparecem em
algumas cenas.
Durante uma emboscada, o grupo de refugiados conseguem acabar com
uma companhia de homens e matar o coronel do exercito em vingança do
assassinato por enforcamento de 3 crianças do grupo.
Em março de 1964 o grupo juntou forças junto com as mulheres e
começaram a combater o exercito na cidade de Ellisville. Eles conseguem
expulsar o exercito junto com os fazendeiros ricos e tomam a cidade, erguendo
a bandeira dos Estados Unidos. Após isso, o movimento fica mais integrado e
os negros e mulheres começam a se misturarem com os brancos.
Em 1965 Abraham Lincoln criou uma lei onde os escravos seriam
libertos. Em junho deste mesmo ano, homens libertos cultivaram suas próprias
terras pela primeira vez. Um tempo depois o presidente Jhonson voltou atrás e
retirou as terras dadas à família dos negros. Com isso, o grupo de refugiados
fica sem lugar para ficar, enquanto os fazendeiros ricos retomam suas
propriedades sob juramento e fidelidade a constituição da União dos Estados.
Mesmo após a abolição, existiam leis de aprendizagem que faziam com que os
meninos negros ficassem sobre tutela de um mestre, normalmente donos de
fazendas, para que eles aprendam a trabalhar. Após alguns escândalos como
essa lei, os estados do Sul passam a ficar sob regimento da lei marcial.
Pela primeira vez os negros começam a ter participação politica
garantida. Vários movimentos começam a surgir para exigir direitos para os
negros como o direito de voto. Os libertos começam a se pronunciarem na
politica, mas alguns movimentos surgem como força reativa. Um sentimento de
esperança me aparece quando Moses começa a recolher dados pessoais dos
ex escravos para lhes dar o direito de voto e a oportunidade de atuar na
politica.
Mesmo com seu direito de voto, os negros ainda não conseguiam ter
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pleno acesso e nas eleições aconteceram muitas fraudes. Com as tropas


federais retiradas do Sul, os ataques da Ku Klux Klan matavam muitos negros
e suas atividades aumentaram em 1976 antes das eleições.
As cenas mudam novamente para 1985 onde o homem condenado se
mostra como filho de Newt e uma negra. Mesmo tendo a cor da pele branca lhe
é recomendado sair do estado de Mississipi, pois ele cometeu um crime em se
casar com uma mulher branca. Aqui da pra ver que o fenômeno da
diferenciação social é um fenômeno transgeracional que possui raízes na
história do lugar em que se vive. As cenas se alternam entre 1973 e 1985 cuja
a única solução de se viver em ambos períodos é se mudarem para o norte.
O filme termina com o filho de Newt sendo preso e alguns fatos
históricos que aconteceram.

Observação 01 – Obs. De Campo (3 horas)


Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Praça pública – São José do Rio Preto/SP
Data: 03/09/2020 Horário: 17:00 ás 20:00
Observador: Rikelly Alves Pereira Gois RA: N36124-7 Turma: PS5/P28
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A presente observação foi realizada numa praça pública no Bairro Vila


Itália localizada na cidade de São José do Rio Preto/SP. Este bairro é
conhecido por sua ambivalência social. Aqui há um exemplo claro de situação
de vulnerabilidade social e também de desigualdade social. Logo após a linha
do trem, dois quarteirões abaixo da praça onde realizo está observação, fica
uma comunidade periférica conhecida como “Favela do Vila Itália”. Nos últimos
anos, o bairro tem sido marcado por sua existência. A favela começou a ser
ocupada no começo de 2015. Os barracos foram construídos no terreno da
prefeitura e outro particular. Atualmente já são mais de 200 barracos que
abrigam cerca de 500 pessoas. Ali residem famílias de baixa ou nenhuma
renda que lutam na justiça pela regularização do terreno para garantia mínima
de seus barracos. A ambivalência social fica clara olhando ao meu redor. No
momento, estou sentada num banco da praça cercada por casas de padrão
médio, pequenos condomínios, prédios residenciais e comércio ativo à sua
volta. É impactante ver duas realidades sociais totalmente diferentes separadas
á poucos metros de distância.
No banco ao lado do meu, há uma mulher sentada apoiando entre suas
pernas uma bicicleta infantil, enquanto a criança que mais cedo vi
acompanhada dela, brinca e se diverte com outras crianças no parquinho. A
mesma cena é frequente por aqui. A praça por ser bem localizada, e ter um
espaço agradável e bem cuidado pela prefeitura, é natural que após às 17:00
horas esteja lotada de famílias, crianças brincando por toda parte, alguns
jovens reunidos em grupos e outros grupos de jovens e adultos se exercitando
na área dedicada à academia ao ar livre. Porém, outras cenas também é muito
frequente por aqui, principalmente durante a manhã entre 06:00 e 09:00 horas.
Nos horários matutinos é comum ver idosos caminhando pela praça e aos
redores, jovens se exercitando em grupos, enquanto um grande número de
crianças da favela acompanhadas muitas vezes de apenas um adulto e alguns
cachorros, atravessam a praça com passos longos indo em direção ao ponto
de ônibus escolar. Neste mesmo horário também é frequente observar
trabalhadores com mochilas nas costas se apresando para chegar ao ponto de
ônibus. As diferentes cenas acontecem com rotina, todos os dias, no mesmo
local.
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De forma geral, quero dizer que é comum nesses horários mencionados,


ver a praça sempre lotada de crianças bem vestidas, acompanhadas de seus
pais, carregando seus brinquedos, bicicletas, patins e skates, mas, é incomum
ver as crianças da favela desfrutando do mesmo espaço e se divertindo junto
destas crianças, como também dificilmente vejo adultos e jovens moradores da
favela desfrutando deste local público, que também é deles por direito, ou que
deveria ser. Aqui fica claro o que Sposati (1999) descreveu como “apartação
social”, que é o mesmo que isolamento social. Percebo que estes indivíduos
que vivem em extrema situação de carência e desprovidos de realizações de
suas necessidades básicas, não se beneficiam destes espaços públicos que
também são deles por direito e se excluem por si mesmos.

Observação 02 – Obs. De Campo (3 horas)


Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Rua Pedro Goes, Vila Itália – São José do Rio Preto/SP
Data: 08/09/2020 Horário: 07:00 às 10:00
Observador: Rikelly Alves Pereira Gois RA: N36124-7 Turma: PS5/P28
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A presente observação foi realizada na Rua Pedro Goes localizada no


Bairro Vila Itália em São José do Rio Preto/SP. Na observação 04 (observação
anterior) mencionei as características deste bairro e as diferentes situações de
vida sociais presentes aqui.
Escolhi está rua em especifico para realizar está observação, pois,
diariamente sou impactada pelas cenas que aqui presencio. São 07:27 da
manhã e estou sentada no chão da calçada frente a um condomínio residencial
fazendo estas anotações, quando vejo uma mulher jovem, com semblante
cansado, vestindo uma bermuda jeans, camiseta regata e calçando chinelos
nos pés vindo em minha direção. Ela vem carregando um carrinho de
supermercados com algumas caixas, sacos de lixos, garrafas pets e materiais
recicláveis dentro dele, acompanhada também de uma criança, uma menina,
de aparentemente 4/5 anos de idade. Logo atrás, vem um cachorrinho
acompanhando elas. A mulher passa por mim e caminha até o final da rua (que
é uma rua sem saída). Ali tem uma grande lixeira onde são depositados os
lixos residenciais dos moradores daquele local, para que a prefeitura faça a
coleta, e ao lado, há um bebedouro com água tratada que é disponibilizado
para o uso de toda a população, sem restrições apenas aos moradores do
condomínio. A mulher alinha seu carrinho de supermercados ao lado da lixeira
e começa a revirar o lixo, acredito que em busca de materiais recicláveis que
possam ser reutilizados e reaproveitados. Enquanto ela revira a lixeira, a
criança sentou-se na beira da calçada acompanhada do cachorro que deitou ao
seu lado. Alguns minutos depois, a mulher entrega 4 garrafas pets para a
criança e orienta que ela encha as garrafas de água, no bebedouro à sua
esquerda. A criança que deveria estar na escola ou fazendo alguma atividade
apropriada para a sua idade, está ali ajudando a mãe que revira a lixeira
enquanto enche as garrafas de água, como solicitado por ela.
Após a criança encher as garrafas de água e a mãe separar alguns
materiais recicláveis, elas saem dali e seguem em direção ao quarteirão de
baixo onde fica a linha do trem e logo em seguida, a comunidade carente.
Diariamente presencio está cena não só com está mãe acompanhada
desta criança, mas também com um idoso que diariamente recolhe esses lixos
da vizinhança. O sentimento que me toma é o de tristeza, por deduzir que
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aqueles lixos reciclados por eles podem ser sua única fonte de renda.
Já com base nos textos teóricos apresentados pela matéria e pelas
discussões e reflexões feitas em aula, é possível “linkar” está observação com
o conceito de “Exclusão Social” proposto por Dupas (1999) que diz: “exclusão
social é, em sua essência, multidimensional, incluindo uma ideia de falta de
acesso não só a bens e serviços, mas também à segurança, à justiça e à
cidadania”. Aquela mãe desprovida de segurança não pode proporcionar
segurança de qualidade à sua filha, à sujeitando possivelmente de forma
obrigatória (obrigatória no sentido de não ter onde e com quem deixar esta
criança), que a acompanhe para coletar lixo, que nesta idade, deveria estar na
escola e ter acesso à uma educação de qualidade para o seu desenvolvimento.

Observação 03 – Obs. De Campo (3 horas)


Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Riopreto Shopping
Data: 13/09/2020 Horário: 16:00 às 19:00
Observador: Rikelly Alves Pereira Gois RA: N36124-7 Turma: PS5/P28
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A presente observação foi realizada no Riopreto Shopping localizado na


avenida Brigadeiro de Faria Lima em São José do Rio Preto/SP. O Riopreto
Shopping Center é um dos maiores centros comerciais do interior
paulista, reunindo lojas e marcas que são referência no mercado
nacional e internacional. São mais de 250 lojas, duas praças de
alimentação, um espaço de lazer dedicado a toda a família, sete
salas de cinema da rede Multiplex e ampla área de estacionamento.
Uma estrutura responsável pela geração de mais de 3 mil empregos
diretos. Na cidade de São José do Rio Preto, existem mais outros 3
shoppings além deste onde foi realizado a observação. Fiz a escolha
por este local pois, desde que me mudei para a cidade de Rio Preto
(a cerca de 3 anos atrás), ouço dizer que cada um dos 4 shoppings
da cidade é direcionado para um público específico e que atende uma
determinada classe social. Vou citar aqui os motivos. O shopping
Iguatemi, por exemplo, é o maior shopping da cidade e o mais
luxuoso também. Sendo assim, o shopping Iguatemi atende a classe
alta da cidade. Já o shopping cidade norte, localizado na zona norte
da cidade, é um shopping menor, com uma estrutura inferior se
comparado ao shopping Iguatemi, e pelas suas características, é
frequente ouvir que o mesmo é o “shopping do povo”. Por este termo,
entendo que “shopping do povo” é aquele que atende a classe
trabalhadora e conhecida como minoria psicológica. E o que me
motivou a estar aqui hoje, foi para analisar se o que o senso comum
diz a seu respeito pode ser confirmado. Como mencionado no início
da observação, este shopping center reúne mais de 250 lojas que
reúne marcas que são referência nacional e internacional. E a seu
respeito, o senso comum diz que aqui é o shopping em que tanto “o
povo” frequenta como a classe alta também. Entretanto, estou aqui a
cerca de 40 minutos sentada próximo a entrada principal do shopping,
de frente para a loja Saraiva e minhas impressões são outras. Se o
compararmos com o público que frequenta o shopping Iguatemi, há
uma assimetria. E se fizermos a mesma comparação com o público do
shopping cidade norte, também há outra assimetria. Tenho observado
que as pessoas e grupos que entram e saem, e pude perceber que o seu
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público alvo indica ser a classe média. No shopping cidade norte, por exemplo,
é comum ver as pessoas usando chinelos havaianas, bermudas e roupas mais
confortáveis do dia a dia. Já no shopping Iguatemi, as pessoas que o
frequentam exibem luxuosidade, o que não é possível observar aqui. E a
conclusão que pude chegar é que o público que o shopping cidade norte
atende, não frequenta de forma notória o rio preto shopping e também o
público que frequenta o shopping Iguatemi não frequenta em grande escala
este shopping.. Com base nisso, passei a refletir sobre as questões de
apartação social. Estes shoppings de fato se direcionam para um público
específico e está já é uma estratégia comercial que acaba excluindo grupos
causando a seleção de grupos sociais e a sua divisão. Portanto, a questão da
exclusão social não ocorre somente na vertente de privação de bens e
serviços, mas também na própria seleção de classes feita pelo capitalismo, que
por sua vez, acaba por reforçar e manter a exclusão social.

Observação 04 – Obs. De Campo (3 horas)


Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social

Local: Semáforo
Data: 19/09/2020 Horário: 17:00 20:00
Observador: Rikelly Alves Pereira Gois RA: N36124-7 Turma: PS5/P28
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A presente observação foi realizada no cruzamento semafórico da


Avenida do Estudante com a Avenida Ernesto Vetorazzo em São José do Rio
Preto – SP.
Escolhi este ponto, pois aqui se concentra um certo número de
moradores de rua que pedem doações no semáforo, e outro número de
pessoas que vendem panos de chão, e guloseimas, com o propósito de
arrecadar uma grana.
Neste momento estou sentada numa farmácia de frente ao semáforo, ao
lado direito da Avenida do Estudante. A 50 metros de distância à esquerda, há
uma pequena praça pública. Está praça pública é bem movimentada por ali
existir um ponto de ônibus e também é marcada por “abrigar” a grande maioria
dos moradores de rua desta localização. Durante o dia, estes indivíduos
passam a maior parte do tempo pedindo caridade neste semáforo onde estou
agora, e também para as pessoas que passam por ali à espera do ônibus, e,
quando escurece, eles ajeitam seus papelões e lençóis no chão para se deitar
e dormir, acompanhados de seus bichinhos (gatos ou cachorros).
Estou sentada aqui à aproximadamente 30 minutos e assim que
cheguei, vi um rapaz de aparência muito jovem vendendo guloseimas. Ele
estava a minha frente á uma distância máxima de 10 metros. Percebi que
quando o semáforo abria, ele se dirigia para o canteiro de baixo de um
coqueiro e ali ficava sentado em cima de um par de tijolos e quando o mesmo
fechava novamente, ele então voltava a oferecer suas guloseimas para os
motoristas que ali aguardavam a abertura do semáforo para seguir em frente.
Ele repetiu isso dezenas de vezes, até escurecer e dali sair. Nessas dezenas
de vezes, foram poucas vezes que pude ver as pessoas comprando seus
docinhos. Muitas pessoas nem olhavam em sua direção e quando ele batia em
suas janelas, apenas faziam um sinal “não” com a cabeça ou com as mãos,
dizendo que não poderiam o ajudar. Já a grande maioria das pessoas que
pude ver o ajudando e comprando suas guloseimas, eram aquelas pessoas
que tinham crianças no carro. E o que me chamou muito atenção diante dessas
cenas, foi um grande outdoor localizado bem na esquina do cruzamento
dizendo “Não dê esmola. Dê oportunidade.” e isto me levou a refletir sobre a
orientação deste outdoor e relacionar com a vida deste rapaz jovem e com de
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tantas outras que vivem a mesma situação.


Penso que as faltas de oportunidades e de recursos que levaram este
jovem à necessidade de ganhar a vida desta forma. Se todos os cidadãos
tivessem garantidos os recursos básicos de educação, saúde e segurança
desde o nascimento, não teríamos tantos casos de jovens como este e de
moradores de ruas lutando para sobreviver dia após dia. E cabe ao Estado
promover recursos e políticas públicas para o acolhimento destas pessoas em
situações de vulnerabilidades, o que vejo que funciona na teoria e no papel,
mas que na prática ainda há muito o que aplicar e transformar para que estas
políticas publicas funcionem tão proporcionando um maior equilíbrio social.

Observação 05 – Obs. Domiciliar (2 horas)


Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Casa Filme: Entre os muros da escola
Data: 03/10/2020 Horário: 20:00 às 22:00
Observador: Rikelly Alves Pereira Gois RA: N36124-7 Turma: PS5/P28
O filme apesar de ser uma obra fictícia trata de assuntos reais,
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presentes no cotidiano escolar. O mesmo aborda diversos assuntos como


diversidade cultural, relacionamento entre professor e aluno, indisciplina,
autoritarismo, e fatores sociais e econômicos que acarreta também em um
desequilíbrio no aprendizado de alguns alunos. Com as observações feitas,
pude fazer uma ponte entre a obra fictícia e os problemas enfrentados por nós
brasileiros e concluí que não são exclusivos de nosso país. Embora a
organização burocrática do ensino, a estrutura das escolas e as realidades de
professores e de alunos sejam diferentes daquelas encontradas no Brasil, o
retrato feito por Laurent Cantet mostra que nosso país não está tão atrás no
que tange à educação mundial. Assim como retratado numa cena, o professor
François altera-se e ofende duas alunas comparando-as vagabundas pelo
comportamento na reunião do conselho, da qual também participavam
professores e pais. As alunas levam seu descontentamento à coordenadora,
que chama a atenção de François, o qual, deixando-se levar pela raiva, segue
as alunas no pátio e inicia uma discussão que envolve toda a turma. Dessa
maneira, as relações entre professores e alunos parecem depender de quem
tem mais razão, sendo o professor sempre defendido pela escola, não havendo
em momento nenhum uma discussão pacífica e sensata. É possível observar
outra semelhança com o Brasil quando o professor tem sua ação limitada
apenas pela própria escola, estando hierarquicamente abaixo da coordenadora
e do diretor, os quais, entretanto, não se sobrepuseram a ele no caso relatado
acima. Embora advertido e tendo de responder a um relatório sobre a questão,
ao professor François continua a ser creditado o controle sobre a turma.
Concomitantemente, a ação dos alunos está sob total controle da escola
representada diretamente pela figura do professor. Nesse ponto, percebemos
que a única liberdade que têm os alunos é a individualidade: eles não usam
farda, chegando a vestir-se de maneira inapropriada para o ambiente escolar, o
que não parece constituir problema. Essa realidade aparece mais claramente
no livro, embora possa ser percebida também no filme, e diverge bastante da
realidade enfrentada pelos brasileiros. Aqui no Brasil, mesmo os alunos de
escolas públicas usam farda, ainda que esta seja constituída apenas por uma
calça azul e uma blusa branca, tornando-os identificáveis e reduzindo sua
individualidade às capas dos cadernos e às cores das mochilas.
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Por último, notei que, segundo o que é mostrado no filme, o trabalho de


François ainda é bastante restrito ao sistema que parece irredutível quanto a
essas questões da relação ensino-aprendizagem. E tal sistema, como no
Brasil, não é formado pelas leis que o regem, mas pela prática de quem dele
participa. Ainda que tenhamos leis e diretrizes que deem base para que
mudemos nossa prática docente, parecemos sempre incorrer aos baixos
salários e às demais dificuldades da profissão tão exploradas pela mídia.

Observação 06 – Obs. Domiciliar (2 horas)


Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Casa Filme: Casa Grande
Data: 09/10/2020 Horário: 20:00 às 22:00
Observador: Rikelly Alves Pereira Gois RA: N36124-7 Turma: PS5/P28
O conteúdo e a trama deste filme, apesar de estar em uma produção
cinematográfica, é, sobre tudo, extremamente real. "Casa Grande", de 2014, dirigido e
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escrito por Fellipe Barbosa é um filme que enaltece uma discussão muito pertinente
em nossa sociedade, tornando-se uma obra que deve ser analisada criticamente com
atenção na tentativa de observar e depreender situações que ocorrem no filme e as
comparar com situações do nosso cotidiano. A trama gira em torno de uma família que
mora em uma zona nobre do Rio de Janeiro, formada por Hugo, Sônia, Jean e
Nathalie. As condições financeiras começam a desequilibrar, e eles passam a ter
dificuldades das quais não estavam acostumados a vivenciar. Jean que antes era
levado pelo motorista da casa, o mesmo que é despedido por Hugo, passa a ir de
ônibus para a escola. O patriarca Hugo tenta de todas as formas esconder a realidade
da casa para sua esposa. É interessante observar a diferença de tratamento de Hugo
com sua filha, Nathalie, em relação à Jean. A forma como a relação de poder do
homem é desempenhada também é uma das escolhas de representação no filme. O
exacerbamento é um signo muito presente na obra de Fellipe Barbosa, a
grandiosidade da casa com seus vários cômodos e luzes acesas no início do filme
acaba por se tornar um ícone de "Casa Grande". Com uma narrativa que busca
compreender realidades vivas em uma sociedade patriarcal, a qual a figura do homem
pai se torna a principal e responsável para sanar os problemas. Concomitantemente, a
obra tece uma série de duras críticas a respeito da classe rica e aristocrática,
constituída por atitudes preconceituosas Assim, a personagem Luiza se apresenta
como a garota que busca por uma vaga em uma universidade pública pelo sistema de
cotas, e sofre com isso, o racismo e o preconceito da classe rica branca. "Casa
Grande" nada mais é do que um retrato da sociedade brasileira. A cada cena podemos
perceber traços extremamente verossímeis que nos dizem muito. A maneira como
cada personagem se constitui em cena é um ponto positivo do roteiro de Barbosa.

Observação 07 – Obs. Domiciliar (2 horas)


Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Casa Filme: A garota dinamarquesa
Data: 10/10/2020 Horário: 20:00 às 22:00
Observador: Rikelly Alves Pereira Gois RA: N36124-7 Turma: PS5/P28
A Garota Dinamarquesa aborda a trajetória da vida profissional e
pessoal do pintor dinamarquês Einar Mogen Wegener, considerado o primeiro
transgênero a se submeter à cirurgia de redesignação sexual (CRS),
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assumindo o nome de Lili Elbe. O filme apresenta em detalhes sua descoberta,


aceitação e transição como uma mulher transexual. Einar Wegener –
identidade de batismo da moça – era um notório pintor dinamarquês que fez
certa fama pela Europa durante a década de 1910 e era casado com a bela e
também artista Gerda Gottlieb, sua parceira por toda a vida. A identificação de
Einar como mulher começou quando sua esposa, precisando finalizar um
quadro, pediu ao marido que vestisse as meias e os sapatos da modelo, que
não compareceria no dia em questão. Foi esse o momento chave em que Einar
percebeu que não era Einar, e sim, outra pessoa, e começou então a se vestir
como mulher e adotar o nome de Lili para, anos depois, submeter-se a uma
série de cirurgias que a tornariam, em suas própria palavras, “mulher por
completo”. Einar ama sua esposa e luta contra seus desejos, porém percebe
que eles são mais fortes que ele.
Em sua pintura, Einar dava forma e expressão às suas emoções, aos
seus conflitos. Na luta para assumir sua identidade sexual, Einar abandona a
pintura, dizendo que esta fazia parte da sua existência anterior a ser deixada
para trás. Gerda sugere que ele volte a pintar a paisagem que tanto gostava e
o absorvia, possivelmente traduzindo a necessidade dela de reencontrar Einar.
No entanto, ele não quer mais pintar. Quer ser uma mulher. Dessa forma,
parece que se livra de um passado que o mantinha preso, reprimido.
Há uma cena, à qual quero me referir e que tem estado quase que
diariamente na mídia, é a de Einar sendo surrado na rua por dois rapazes
preconceituosos e violentos. Se a questão ainda é delicada nos dias de hoje,
imaginemos isso há um século. Einar viveu numa época que a compreensão
do gênero e do sexo humano apenas nascia. Quero lembrar a campanha na
TV sobre a intolerância que diz: "Você pode não gostar, mas tem que
respeitar!". Quando Lili chega a Dresden, para a primeira cirurgia, batiza-se
com o sobrenome Elbe, inspirado no rio Elba.
Podemos pensar na simbologia, o rio que atravessou para chegar ao
hospital e se tornar verdadeiramente Lili. Na segunda cirurgia, Lili deseja ser
uma verdadeira mulher e poder engravidar, diz ao médico. Há aqui uma
referência simbólica entre
eminilidade e fertilidade.
Quando Gerda chega ao hospital, encontra Lili passando mal e chora
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muito. Entre outras tantas linguagens simbólicas, a cena de fundo é uma janela
que mostra a chuva caindo! Parece que o mundo também chorava a dor da
perda de Lili. No dia seguinte, Lili está morrendo. Gerda e o amigo Hans
perguntam como ela se sentia, e a resposta: "Completamente eu mesma, o que
eu fiz para merecer tanto Amor?". Pergunta para Gerda, sua sempre
companheira. Assistimos à dor e ao sofrimento, ao lado de muita realização,
satisfação pela possibilidade de Lili se tornar uma mulher. Lili pede que a leve
para o jardim, dizendo estar totalmente completa, conta o sonho que teve
naquela noite e considera o sonho mais lindo da sua vida. "Eu era um bebê nos
braços da minha mãe. Ela olhava para mim e me chamava de Lili." Através do
sonho, Lili realizava o seu desejo.
Depois da morte de Lili, Gerda viaja com Hans para Vejle e se
surpreende ao encontrar a paisagem que Einar desenhava. No alto da
montanha, a echarpe rosa de seda que Gerda estava usando e que Lili deixara
para ela, solta-se do seu pescoço. Hans quer segurá-la, mas Gerda a deixa
livre para voar na paisagem real, tal como uma representação do voo de Lili,
agora livre ao vento de Vejle ao assumir sua verdadeira identidade. Gerda
segue pintando Lili. No amor, o outro não morre, permanece vivo na vida
interior, nas lembranças de quem o amou. Penso que essas pessoas são
especiais e, portanto, deixam registros nos que amaram e nos que as amaram.

Observação 08 – Obs. Domiciliar (2 horas)


Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Casa Filme: Entre os muros da escola
Data: 18/10/2020 Horário: 20:00 às 22:00
Observador: Rikelly Alves Pereira Gois RA: N36124-7 Turma: PS5/P28
O Escafandro e a Borboleta é um drama denso, bonito, triste e intrigante
baseado em uma história real que mostra um pouco da vida de Jean
Dominique Bauby, um homem conceituado, talentoso, ativo e sedutor, que
encontrou forças inimagináveis para superar seus problemas diante de uma
doença estarrecedora. Bauby era um jornalista bem sucedido e redator chefe
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da revista francesa Elle. Era divorciado e pai de três filhos e vivia em um


mundo de ostentações, apreciando bons livros, bons pratos, carros luxuosos e
mulheres bonitas. Porém, em dezembro de 1995, aos 43 anos de idade,
enquanto passeava com seu filho mais velho, sofreu um Acidente Vascular
Cerebral (AVC) que resultando em uma rara síndrome que o deixa em estado
vegetativo em cima de uma cama, tendo como único meio de comunicação
com as demais pessoas, o movimento de seus olhos. O diretor mesclou bem a
filmagem convencional em 3ª pessoa com a em 1ª pessoa, onde a câmera
representava o modo de ver do protagonista. O filme desde a primeira cena
passa sensação de impotência muito grande e de angústia com o sofrimento
do personagem. Porém, mesmo neste estado, Bauby consegue ditar um livro
inteiro, contando não só sua vida, repleta de excessos e emoções, como
também discorrendo sobre esta nova condição, aprofundando-se nesta visão
de mundo até então inédita. O filme é mais do que uma aula de como superar
dificuldades, é uma verdadeira lição de vida cheia de motivação.

Observação 01 (3 horas)
Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Av. Bady Bassitt - São José do Rio Preto, SP
Data: 14/09/2020 Horário: 16:40 a 18:00
Observador: Vinicius Augusto de Matos RA: D4787i-5
Realizei esta observação dentro do carro, parado na esquina da rua
Siqueira Campos com a Av. Bady Bassitt, as pessoas na qual observei, eram
pessoas em situação de rua e estavam sentadas logo na esquina, encostadas no
muro de uma construção, tinha junto delas um carrinho de mercado com vários
papelões, havia um cachorro de cor preta, sem raça definida.
Eram um total de três pessoas, sendo uma mulher e dois homens. A
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mulher, de pele branca, aparenta ter aproximadamente 80 kg e em torno de 40


anos, tem cabelos crespos e amarrados em um coque mal feito, veste uma
bermuda preta e uma camiseta amarela, um dos homens, de pele negra, tem
aproximadamente 70 kg e cerca de 50 anos, é careca, veste uma bermuda azul e
está sem camisa, já o outro, de pele morena, com aproximadamente 55 kg e em
torno de 30 anos, tem cabelo curto, aparenta ter sido raspado há poucos dias,
veste somente uma bermuda preta.
Ao chegar no local, a mulher e um dos homens estavam sentados e o
outro homem estava em pé mexendo no carrinho, a mulher estava enrolando
algum cigarro em um papel de seda, eles estavam conversando entre si. A
primeiro momento eu foquei bastante neles, logo em seguida comecei notar as
pessoas que ali passavam, percebi que, em sua grande maioria, passavam e nem
sequer olhavam para essas pessoas, era como se elas nem estivessem ali, outras
olhavam com um olhar de julgamento e outras ao se aproximar desviavam um
pouco deles para não passar tão perto.
Ao voltar e focar nos três que ali estavam sentados, comecei a focar um
pouco em cada um, comecei pela mulher, ela estava fumando um cigarro, notei
que ela havia várias marcas de expressão no rosto, pele danificada, aparenta ser
uma mulher bem mais velha que a sua real idade, conversa e sorri bastante com
o outro homem que está em pé, algumas vezes tem uma expressão mais séria,
em um momento foi se levantar e fazer alguma coisa no carrinho, notei que ela
está com a perna enfaixada.
Quando comecei a focar no homem que estava sentado desde quando
cheguei, deu a impressão de o cachorro ser dele, pois o mesmo não saia do colo
dele e era alimentado com um pão pelo homem, o homem tem uma expressão um
pouco triste, com um olhar caído, assim como a mulher, aparenta ser mais velho
que a sua real idade, faz carinho incessantemente no cachorro, notei que o
cachorro está muito bem cuidado, com um peso bom, sem muitos machucados, é
notório que ele se preocupa demais com seu cachorro, até mais que com ele
mesmo, pois sua pele está bem machucada, repleta de marcas, ao seu lado tem
uma mochila e uma garrafa pet com um pouco de ração de cachorro e uma
garrafa pet com água.
Quando focado no terceiro homem, notei que este tinha uma expressão
mais descontraída, sua aparência, em comparação aos outros dois, é de ser mais
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cuidado, tem uma pele bonita, dentes brancos, notei que é uma pessoa mais
comunicativa, pois puxa bastante assunto com os outros dois, carrega consigo
uma mochila que em um momento consegui ver alguns tecidos, acredito que
sejam algumas peças de roupas.
Em momento algum eu vi eles dirigindo a palavra a alguma das pessoas
que ali estavam passando, apenas conversavam entre eles. Apenas uma vez, um
dos homens perguntou algo a uma mulher que estava passando, aparentemente
ele pediu alguma informação sobre a localização de algum lugar, pois a mulher
gesticulou com os braços e mãos dando a entender que estava explicando para
ele como chegar em determinado lugar. Após alguns minutos, esse mesmo
homem que pediu informação, saiu andando e subiu a rua, ficando então somente
a mulher e o outro homem, no qual estavam os dois sem conversar um com o
outro e o cachorro dormindo ao lado do homem.

Observação 02 (3 horas)
Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Av. Bady Bassitt - São José do Rio Preto, SP
Data: 15/09/2020 Horário: 16:40 a 18:00
Observador: Vinicius Augusto de Matos RA: D4787i-5

Realizei esta observação dentro do carro, parado na Rua Tiradentes na


esquina com a Av. Bady Bassitt, as pessoas em questão na qual observei, eram
pessoas em situação de rua, sendo dois homens, ambos estavam sentados na
mureta do canteiro central da avenida.
Um dos homens, de estrutura bem magra, aparenta ter aproximadamente
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50 kg e 35 anos de idade, veste uma bermuda preta com uma camiseta presa
nela, usa chinelos, tem o cabelo raspado e pele branca. Já o outro homem de
estrutura mediana, aparenta ter aproximadamente 65 kg e 40 anos de idade, usa
uma camiseta regata azul escuro e uma bermuda cinza, usava chinelos também.
Ao chegar no local e dar início à observação, o homem de estrutura mais
magra parecia estar alterado ou irritado com alguma coisa, pois conversava em
um tom alto com o outro e gesticulava bastante, estava inquieto pois ao mesmo
tempo que conversava ficava andando de um lado para o outro, em alguns
momentos se sentava mas logo em seguida ficava em pé novamente, tinha uma
expressão séria. Já o outro homem, por sua vez, tinha uma expressão mais
cansada, ficou sentado a todo momento, algumas horas apenas olhava para o
outro e concordava com a cabeça, sem dizer muitas palavras, carregava consigo
um saco que estava cheio de latinhas e garrafas.
Após alguns minutos que fiquei vendo ambos, chegou um outro homem,
este aparenta tem 70 kg e 40 anos, cabelo com dreads malfeitos e mal cuidados,
pele escura, barba por fazer e usar várias pulseiras nos braços, carregava
consigo uma mochila nas costas e uma sacola com alguma coisa de comer,
acredito que sejam conhecidos pois ao chegar cumprimentou os outros dois e
juntou-se a eles, deu um pedaço do alimento para cada um dos dois. Este tem
uma expressão mais descontraída que os outros dois.
No tempo que fiquei lá, poucas pessoas passavam perto deles, mas as
que passaram, nem olhavam para eles, teve uma que chegou a desviar do
caminho para não passar próximo aos três homens. Era como se não existissem
ou se apresentavam alguma ameaça à elas.
Em um momento, um dos homens que estava mais alterado e inquieto,
virou e saiu andando sentido centro, ficou apenas os outros dois que ficaram um
bom tempo sem conversar um com o outro, o homem de dreads mexia em sua
mochila, não consegui identificar no que estava mexendo lá dentro. Notei que
apenas um deles tinha máscara, apesar de que ele não estava usando ela da
forma adequada e ambos estavam sentados um do lado do outro, não
respeitando o distanciamento, acredito que falta muita informação sobre o que
está acontecendo atualmente. Após um período considerável de tempo que
estavam quietos, ambos começaram a conversar, agora o homem que a princípio
tinha uma expressão mais séria, estava com uma face um pouco mais relaxada,
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descontraída.

Observação 03 (3 horas)
Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Av. Bady Bassitt - São José do Rio Preto, SP
Data: 30/09/2020 Horário: 16:40 a 18:00
Observador: Vinicius Augusto de Matos RA: D4787i-5

Realizei esta observação dentro do carro, parado na esquina da rua


Siqueira Campos com a Av. Bady Bassitt, as pessoas na qual observei, eram
pessoas em situação de rua, são as mesmas três pessoas que observei há uns
dias atrás nesse mesmo mês, sendo uma mulher e dois homens.
Um dos homens estava deitado em cima de alguns papelões e estava
dormindo, a mulher e o outro homem estavam sentados e ambos conversavam
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entre si, notei que havia uma garrafa pet que dava a entender ser água, pois
continha um líquido transparente, uma única garrafa para três pessoas, no qual
não estava cheia e tampouco gelada, diante dos dias quentes em que estamos
vivendo.
No momento em que estava realizando a observação, o termômetro do
meu carro marcava 41°C, era nítido de ver a expressão deles de cansados e
exaustos, devido à elevada temperatura. Em um momento o homem levantou e
pegou uma sacola com uma marmita dentro de um carrinho de mercado que
estava ao lado dele, pegou alguma coisa de comer e dividiu com a mulher.
Durante todo o tempo que fiquei observando poucas pessoas passaram
por eles, acredito que seja em virtude do excesso de calor, onde as pessoas
preferem andar de uber, taxi e afins a andar nesse sol, o homem permaneceu
deitado e dormindo a todo momento, apenas uma vez ele acordou e bebeu um
pouco da água que estava na garrafa pet.
Em um determinado momento passou outro homem em situação de rua e
ficou alguns minutos em pé conversando com a mulher e o homem, este tinha
uma aparência bem desgastada, não deve ter a idade que aparenta, mas de
primeira impressão aparenta ter uns 60 anos, tem uma pele bem escura e
enrugada, com algumas cicatrizes na perna a várias marcas.
É desumano ver pessoas nessa situação e o governo não fazer nada, ver
a falta de acesso à saúde, educação que essas pessoas têm, não tem o básico de
sobrevivência. Preferem fingir que nada está acontecendo a promover as
necessidades e oportunidades básicas para a sobrevivência destes.
Após o homem ir embora, a mulher pegou uma mala bem velha e
começou a mexer, tirou uma cartela que parecia ser remédio e tomou um
comprimido, após isso, ficaram em torno de vinte minutos parados, sem nem
conversar um com o outro, os dois sentados encostado no muro, tentando ficar o
máximo na sombra possível e o outro deitado dormindo.
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Observação Filme: 12 anos de escravidão (2 horas)

Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social


Local: São José do Rio Preto, SP
Data: 20/09/2020 Horário: 15:30 a 17:54
Observador: Vinicius Augusto de Matos RA: D4787i-5

O filme se passa no ano de 1841 na época da escravidão. Aborda a


história real de Solomon Northup, um negro livre que vivia em Saratoga, New
York. Solomon era casado e tinha dois filhos e tinha um talento enorme em tocar
violino.
Em um dia, Solomon foi abordado por dois homens e recebeu o convite
para tocar violino em uma outra cidade, porém foi vítima de sequestro e foi levado
para ser escravo na Georgia. É aí que começa a luta de conseguir sua liberdade,
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que já havia, de volta.


Após ser capturado, Solomon é vendido e passa pelas mãos de dois
fazendeiros, no primeiro, logo há um desentendimento e ele é repassado para o
segundo, no qual logo dá início aos trabalhos escravistas, e ainda, é maltratado,
desprezado, tratado como um animal, além de ser açoitado e espancado.
Solomon luta desde o início para conseguir provar que é um negro liberto,
mas para não sofrer outras punições e ser morto, teve que esconder que sabia ler
e escrever e até seu verdadeiro nome.
Durante o filme era triste ver como eram tratadas as pessoas de pele
escura e as pessoas com menos poder aquisitivo, o desrespeito, crueldade em
que estes eram tratados chega a causar muito incômodo em quem está
assistindo, é comovente ver os sofrimentos que eles passavam.
Solomon viveu como escravo durante longos 12 anos, presenciou abuso
sexual com as mulheres escravas, vivenciou muitas injustiças, segregações
apenas pelo simples fato de serem negros. O filme todo causa muito desconforto,
ver como seres humanos eram tratados como animais.
Em um certo dia, Solomon conhece Bass, que é um canadense que não
concordava com a escravidão e tinha ideias abolicionistas, então ele ajuda
Solomon. Passado alguns dias, consegue sua liberdade novamente e apesar
Solomon ter ido atrás de justiça, na época nenhum dos benfeitores de sua
escravidou foi punido, a justiça ainda era falha nesse aspecto.
É triste de se pensar que esse legado que a escravidão deixou perpetua
até os dias atuais, onde os negros ainda sentem medo, vergonha e desconfiança,
esse passado sombrio ainda existe nos dias atuais, porém de formas mais
escondidas. E, também, diante disso tudo hoje em dia os negros continuam tendo
menos acesso a educaçao, saúde, desconhecem de seus direitos.
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Observação 04 (3 horas)
Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: R. Imperial, São - São José do Rio Preto, SP
Data: 01/10/2020 Horário: 16:40 a 18:00
Observador: Vinicius Augusto de Matos RA: D4787i-5

Esta observação foi realizada no final da tarde de quinta feira, o local


escolhido por mim dessa vez foi na Rua Imperial, esquina com a Rua
Independência, o local no qual onde as pessoas que observei estavam é a calçada
de um Centro Espírita, localizado ao lado do Albergue Noturno, as pessoas
estavam aproveitando uma sombra da árvore na calçada.
Ao chegar no local e parar o carro, tinha cinco pessoas, sendo todas elas
do sexo masculino. Todos eles são de pele escura e aparentam ter idades entre 40
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a 50 anos, acredito que alguns deles possam ser até mais novo, mas o desgaste
em suas peles por falta de cuidados acabam aparentando ser mais velhos.
Dois deles estava deitado com a cabeça apoiada ao portão e os outros três
estavam sentados na calçada, nenhum deles conversava entre si, aparentavam
estar esperando alguma coisa. Algumas pessoas que passavam pela calçada
desviava um pouco pela rua, mas acredito que tal atitude seja devido aos dois
homens que estão deitados ocupando quase a calçada inteira, outras pessoas
pulavam as pernas dos mesmo ao passar pelo local.
Após cerca de 10 minutos observando, chegou um outro homem com uma
mochila nas costas e um cachorro junto a ele, ao chegar no local sentou-se e
começou a mexer na mochila, pegou um vasilhame e logo em seguida pegou uma
garrafa pet com água e colocou no vasilhame, em seguida deu para o seu cachorro
beber. Este mesmo aparenta ser bem mais novo que os demais, em torno de 27
anos. Este por sua vez era bem mais comunicativo, logo começou a conversar com
os outros que estavam sentados. O cachorro, apesar de estar um pouco sujo,
estava muito bem cuidado. Notei que apenas três deles tinham máscaras visíveis,
porém todos usando de forma indevida, em baixo do queixo.
Ficaram um bom tempo conversando e nesse tempo fiquei observando eles
e pensando qual motivo os levaram a viver nas ruas e qual seria a história de cada
um deles, por quais coisas já passaram. Somente o mais novo tinha uma
expressão um pouco mais “descontraída” os mais velhos tinha uma expressão
mais cansada.
Depois de um tempo comecei a reparar nas pessoas que passavam por
eles, e algumas olhavam com olhares de julgamento, como se eles estivessem
naquela situação por livre e espontânea vontade, outras seguravam firme a mão
das crianças que estavam com elas, como se fossem fazer algo com a criança ou
com elas e algumas simplesmente passavam normal, sem olhar nem desviar o
caminho.
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Observação 05 (3 horas)
Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: R. Imperial, São - São José do Rio Preto, SP
Data: 06/10/2020 Horário: 16:40 a 18:00
Observador: Vinicius Augusto de Matos RA: D4787i-5

O local escolhido para realizar a observação de hoje foi o mesmo local no


qual vim há uns dias atrás, estacionei meu carro na rua imperial, esquina com a
rua independência, as pessoas no qual eu observei estavam todas sentadas na
calçada do Centro Espírita "O Consolador", no qual tem portão azul e as paredes
brancas.
São no total oito pessoas, sendo seis deles homens, dois deles tem a
aparência mais jovial, apesar de estarem com as peles com marcas, acredito que
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sejam mais novos do que aparentam ser, devem ter cerca de 27 a 30 anos, os
outros quatro aparentam ser mais velhos, um inclusive já é idoso, tem cabelos e
barba bem brancas, todos tem um pouco mais de melanina, uns morenos e outros
negro, as outras duas pessoas são duas mulheres, uma delas em situação de rua,
tem o cabelo raspado, quando a vi sorrir notei que faltam alguns dentes, aparenta
ter cerda de 45 anos, apesar da aparencia ser de uma pessoa mais velha e a
outra mulher acredito que seja membro do centro espirita, pois esta do lado de
dentro do portão e esta bem mais vestida e mais cuidada, aparenta ter 40 anos,
tem cabelos longos e pele bem cuidada.
Acredito que o Centro Espírita no qual estão na frente tenha algum projeto
que ajude pessoas em situação de rua, pois várias vezes já passei aqui em frente
e notei a grande movimentação de pessoas aguardando algo de alguém do centro
espírita, pode ser que eles façam doação de roupas e comidas para pessoas com
necessidades, principalmente em situação de rua.
Um dos homens conversa com a mulher que faz parte do centro espírita,
a maioria deles carregam consigo uma mochila e tem um carrinho de compras
com vários papelão, acredito que seja de um deles. As pessoas que estão
passando pela calçada acabam desviando um pouco deles, pelo fato de ser várias
pessoas ocupando o pequeno espaço da calçada, porém mesmo quando não
havia muita gente, na ultima vez que vim aqui, as pessoas desviavam deles, os
incubindo ainda mais em uma exclusão social.
Chegando no final da minha observação, as pessoas ainda continuam ali,
mas foi chegando mais algumas outras que também estão em situação de rua,
acredito que esteja chegando perto do horário em que irão receber alguma ajuda
do Centro Espírita.
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Observação 06 (3 horas)
Grupo: Diferenciação social, cultural e exclusão social
Local: Rua Siqueira Campos, São José do Rio Preto, SP
Data: 08/10/2020 Horário: 18:00 às 19:20
Observador: Vinicius Augusto de Matos RA: D4787i-5

O local escolhido para a observação de hoje foi na Rua Siqueira Campos,


esquina com a Av. Bady Bassitt, o local em que as pessoas estão é na calçada de
uma loja. São no total de quatro pessoas, sendo todos homens, dois deles
aparenta ter idade entre 30 a 35 anos, os outros dois não consigo definir pois
estão deitados.
Um dos que está deitado é acima do peso, tem uma estrutura corporal
grande, está deitado em um amontoado de panos com a cabeça apoiada em um
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travesseiro, o outro homem que está deitado está coberto por um cobertor e está
com a cabeça apoiada em um montante de cobertores, este está dormindo, já o
outro está somente deitado
Os outros dois homens estão sentados apoiados na parede da loja, ao
redor deles tem algumas mochilas e umas sacolas plásticas. Nenhum deles está
conversando entre si
Nos dias em que comecei realizar as observações em campo, pude notar
que o número de pessoas em situações de rua aumentaram, antigamente a
quantidade de pessoas moradoras de rua em que eu notava era menor em
relação agora. Acredito que esse aumento possa ser devido a pandemia, muitas
pessoas estão vivendo por meio de ajuda de outras pessoas, por meio de ações
sociais.
Percebi que nenhum deles estão usando máscara. As pessoas que estão
passando por perto nem sequer reparam neles, algumas olham com um olhar de
julgamento, como se eles quisessem estar naquela situação.
Logo após começar a escurecer, o trânsito de pessoas por onde eles
estão deitados diminuiu drasticamente, ficando somente eles, sozinhos. Até o final
da observação os mesmos permaneceram lá, preparando para mais um noite
dormindo nas ruas, sem o conforto de uma cama e sem laços familiares.
Ao começar a me preparar para finalizar a observação e ir embora, os
quatro homens encontravam-se deitados, dois deles já estavam dormindo. Logo
os outros dois também irão dormir, fico pensando se estão alimentados, quando
conseguiram tomar um banho, se cuidar, e também, o que os levou viver nas
ruas.

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