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POR UMA EDUCAÇÃO CIDADÃ, INTEGRAL E TRANSFORMADORA

O Brasil voltou a ser respeitado em todo o mundo. Tal impacto positivo


decorre do compromisso de Lula na reconstrução nacional. Acreditamos na
retomada de um projeto inclusivo, de escuta e diálogo com todos os setores
sociais. Viveremos tempos de pacificação nacional na construção de um projeto
de desenvolvimento sustentável, inclusivo e promotor da cidadania ativa,
participante do processo decisório público.

O nome escolhido para a união partidária que elegeu Lula foi “Brasil da
Esperança”. A construção de uma Educação Pública que garanta condições para
o exercício da autonomia, da criatividade e da emancipação social. Esses são
os pilares que sustentarão o fazer cotidiano do Esperançar freiriano.

É na Democracia, com liberdade e pluralidade de ideias, que nossas


crianças e jovens aprenderão sobre a divergência como construtora de ações. O
novo governo deve promover ações que garantam a sanidade emocional e
social, sentidos básicos para o bom debate público.

Essas motivações devem ser as bússolas para se pensar a educação


brasileira daqui por diante. Esta agenda que empolga o mundo deve ser o marco
referencial do projeto educacional.

A tradução educacional da inclusão social é a prioridade à educação


básica. São as escolas públicas que assumem essa tarefa. Quase 60% dos
tributos pagos no Brasil são oriundos de brasileiros e brasileiras que recebem
até dois salários-mínimos mensais. E essa população, que sustenta a política
pública, tem, na escola, um esteio e um caminho para um futuro melhor.

A inclusão se dá, também, pela promoção e cuidado com as mulheres


educadoras: 90% das pessoas que atuam na educação básica brasileira são
mulheres. É necessário projeto que apoie e amplie a participação das mulheres
na gestão educacional. É urgente desenvolvermos um programa do Cuidado
com quem Cuida.

O cuidado se estende para as mães e seus filhos, e filhas. A integração dos


bancos de dados das áreas de atuação social favorecerão a compreensão de
como a realidade familiar impacta no comportamento e desempenho escolar.
Dar luz à realidade concreta e não às metas quantificadas em que o cotidiano se
esvai em inúmeras tabelas. Somente assim será possível implantar um programa
intersetorial com foco nas pessoas, um programa de cuidado integral que
envolva do Pré-Natal ao Primeiro Emprego.

Já a tradução educacional da escuta e do diálogo tem relação com um


método de ensino. Pela promoção da troca de saberes, no próprio processo de
aprendizagem, favorece a autonomia dos educandos e das educandas e a
emancipação social. A concepção de Paulo Freire é o método mais reconhecido
mundialmente que se filia a esse projeto educacional.

Nos últimos anos, o Brasil enveredou pelo caminho neoliberal na


Educação. As ações foram apoiadas em metas quantitativas abstratas e
prescritivas que desconsideravam os educandos e educandas reais, suas vidas
e dificuldades. A pandemia trouxe, apresentou a crianças, adolescente e jovens,
os processos de dessocialização e exclusão que a escola brasileira
desconsiderou.

A pesquisa “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”, patrocinada pelo


Conselho Nacional da Juventude revelou que 30% dos nossos e nossas jovens
não sabiam se retornariam às aulas presenciais. Jovens passaram a ajudar na
composição da renda de sua família e se sentiram abandonados e abandonadas
pelas escolas quando eles e elas mais precisavam de apoio emocional. A escola
continuou na sua saga produtivista e desumanizada, enquanto nossos
educandos e educandas tentavam ver sentido no futuro que se desintegrava à
sua frente.

A pacificação nacional se traduz num projeto educacional adotando uma


postura humanista e inclusiva. Educação que integre a diversidade e promova a
igualdade de oportunidades. Que traga novamente a educação como centro de
um processo civilizatório marcado pela tolerância, a generosidade e a
fraternidade. Paulo Freire dizia que a superação da opressão se dá pela
solidariedade, pela percepção do outro como igual, como companheiro e
companheira de jornada. É assim que se constrói uma nação: pela paz e pela
solidariedade.
Precisamos olhar para nossas heranças coloniais. Devemos reafirmar o
antirracismo e o antipatriarcalismo. Só serão cicatrizadas com atitudes sociais e
reafirmações de políticas públicas. A continuidade da política de cotas
associadas a ampliação da representatividade étnica nas instituições do Estado,
aos afro-brasileiros e afro-brasileiras e todos os povos tradicionais são, também,
ação precípua para erradicar as desigualdades. Da mesma forma, a ruptura com
a lógica do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, deve essencializar as
escolas.

A verdadeira Liberdade será alcançada com o fortalecimento da


Autonomia, que se expressa nas relações humanas, na partilha de
responsabilidades, na ação solidária.

A educação traduz a construção de um projeto de desenvolvimento


sustentável que promova a cidadania ativa pela construção de um currículo
fundado no cuidado: no cuidado consigo, com os outros, com o patrimônio
público, com as regras de convivência e com o meio ambiente.

Um projeto nacional de educação terá sucesso ao criar uma rede de


proteção às mães; ao criar serviços de atendimento domiciliar integrado à escola.
Nas experiências brasileiras de educação municipal, em que se adotou tal
orientação, os índices de infrequência e evasão caíram drasticamente, assim
como os casos de agressão e violência escolar. A integração família-escola-
comunidade, através do atendimento domiciliar, elevou em mais de 40% as
médias de desempenho escolar dos educandos e educandas com maiores
dificuldades de aprendizagem.

A cidadania ativa se promove pela formação sistemática dos direitos sociais


e dos conhecimentos que criam controle da sociedade sobre os serviços
públicos. Há urgência para criarmos uma política estruturada nacionalmente
como uma rede de Escolas da Cidadania. Cidadania a partir da oferta de cursos
regulares sobre orçamento público, controle social e monitoramento e gestão de
serviços públicos. O poder tem sua origem pelo conhecimento e vivência, nas
escolas, dos programas governamentais.

É necessário ampliar a ação na Educação infantil e básica, com projeto de


Escolas de Tempo Integral. Consideramos que essa é uma política do Brasil da
Esperança. Sugerimos que a Educação Integral seja tratada por equipe
compromissada e com vasta experiência no cotidiano das escolas.

Consideramos a necessidade de construir a Educação Integral em níveis


complementares:

1. Como concepção orientadora das políticas de currículo, avaliação e


formação de professores e professoras, não apenas como uma
modalidade. Não podemos mais ter a educação integral restrita a
ampliação de jornada do tempo escolar. Tempo Integral escolar relaciona-
se a projetos de inclusão contextualizados e equitativos.

2. Retomar a ampliação da jornada para a educação infantil e o ensino


fundamental com prioridade para crianças e adolescentes em situação de
maior vulnerabilidade. Nos últimos anos houve um esvaziamento do
investimento nessas etapas, ficando quase inteiramente a cargo dos
municípios.

3. Revisar os modelos em curso. Em grande medida as políticas de tempo


integral no ensino médio vão à contramão do que propomos. Pesquisas
mostram que o modelo atual de escola de tempo integral, nessa etapa
formativa, promove processos de seleção social, atendendo a jovens com
melhores condições socioeconômicas. Favorecem a criação de “ilhas de
excelência” nos territórios, aprofundando as desigualdades sociais e
educacionais ao invés de enfrentá-las.

4. É fundamental formular as políticas educacionais de forma articulada às


demais políticas sociais. Diretos básicos como segurança alimentar,
social e habitacional são indissociáveis ao sucesso escolar. Ações
intersetoriais são estratégias fundamentais. Essa perspectiva deve estar
na matriz de todas as políticas educacionais.

Diante desses marcos referenciais de um projeto nacional de educação,


expressamos que o Ministério da Educação seja gerido por equipe que tenha
vivência do chão da escola. Uma equipe de comando do MEC
prioritariamente feminina e com representação étnico-racial.

Educadoras que tenham experiência com a educação básica;


Que valorizem a inovação, na perspectiva da educação integral e
transformadora, que defendemos, aqui e em todos os espaços escolares nos
quais atuamos;

Que tenham competência técnica e política, com acentuada capacidade de


dialogar e se articular politicamente, para construir políticas de gestão
democrática da Educação.

Educadoras que tenham experiência e conheçam o MEC, sua forma de


atuar, sua articulação federativa. Quatro anos passam muito rápido e temos
urgência para reconstruir uma educação destroçada por um governo de descaso
e desmandos nessa área. Conhecer o funcionamento do ministério, um dos
maiores do país, será um ganho de tempo para a nossa reconstrução.

A educação que nossas crianças e jovens podem e devem ter será


reconstruída e fortalecida a partir de:

1. Referenciais da inovação orientados pela educação integral.


2. Mapeamento e valorização da inovação na educação básica.
3. Políticas de fortalecimento da autonomia escolar.
4. Novos parâmetros para formação inicial dos profissionais: licenciaturas
interdisciplinares, revisão dos estágios, articulação das instituições de
ensino superior com as unidades da educação básica.
5. Políticas para a formação continuada, que valorizem os conhecimentos
produzidos pelas escolas.
6. Novos parâmetros para a avaliação da qualidade da educação:
indicadores e instrumentos que avaliem e prestem contas sobre a
Educação Integral.
7. Novos parâmetros para o Enem e exames de ingresso no nível superior,
que considerem as experiências dos e das estudantes com a atuação
socioambiental.
8. Escolas reconhecidas como centros de produção de tecnologia, com
acesso a recursos para a inovação.
9. Efetivação da prática da educação inclusiva, com base no respeito às
potencialidades e individualidades no processo de aprendizagem de cada
estudante.
10. Política de valorização dos e das profissionais da Educação. Há cada vez
menos procura, de jovens, por carreiras na docência; é necessário o
estímulo e captação de mentes, garantindo a formação das novas
gerações de educadores e educadoras brasileiras.

Brasília, 23 de novembro de 2022.

Articulação Brasileira do Pacto Educativo Global


CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
CONANE (Conferência Nacional de Alternativas para Outra Educação)
FONSANPOTMA (Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
dos Povos Tradicionais de Matriz Africana)
SINPRO MG (Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais)
SINDCEFET MG (Sindicato dos Docentes do CEFET-MG)
SINASEFE IFMG (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação
Básica, Profissional e Tecnológica - Seção IFMG)

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