You are on page 1of 7

REPÚBLICA DE ANGOLA

ACADEMIA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E TECNOLOGIAS – ACITE


MESTRADO EM GLOBALIZAÇÃO E SEGURANÇA 2022/2023

IDENTIFICAÇÃO

SEMINÁRIO SOBRE ANÁLISE GEOPOLÍTCA E PROSPECTIVA

AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS COMO AMEAÇA SECURITÁRIA

O MESTRANDO

MIRANDA MANUEL FRANCISCO

LUANDA, JANEIRO/2023
INTRODUÇÃO

Os Estados surgem como entidades de poder legítimo com inúmeras funções, com
destaque a de satisfazer a necessidade de segurança colectiva, permitindo assim a evolução do
estado de natureza para o estado social. Desde aquela altura, as sociedades têm vindo a
demonstrar que quer no âmbito interno e internacional, elas não são estáticas, mas sim dinâmicas,
ou seja, estão sujeitas aos novos contextos que trazem consigo inúmeros desafios dirigidos
principalmente àquelas entidades que desde o princípio foram criados para garantir o bem-estar
da sociedade. Deste modo, fruto das novas ameaças e os novos medos, e tantos outros riscos,
qualquer governo que não satisfaça a necessidade de segurança humana, a sua sobrevivência
poderá ser colocada em risco. Nesta ordem de ideia, a pesquisa levantou a seguinte pergunta de
partida:

Quais são as implicações das alterações climáticas na segurança humana internacional?

Os riscos causados pelas alterações climáticas são reais, e os seus impactos já se fazem
sentir. Em 2007, o Conselho de Segurança da ONU realizou o seu primeiro debate sobre as
alterações climáticas e as suas implicações para a segurança internacional. O Conselho Europeu
chamou a atenção para o impacto das alterações climáticas na segurança internacional, e, em
Junho de 2007, convidou o Alto Representante e a Comissão Europeia a apresentarem um
relatório conjunto ao Conselho Europeu na Primavera de 2008. Começa-se agora a compreender
melhor a ciência das alterações climáticas.

As conclusões do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas demonstram


que, mesmo que até 2050 se consigam reduzir as emissões para menos de metade em relação aos
níveis de 1990, será difícil evitar um aumento da temperatura até 2.º C acima dos níveis pré-
industriais. Esse aumento de temperatura colocará sérios riscos de segurança, que aumentarão se
o aquecimento continuar. Se as alterações climáticas não forem mitigadas e o aumento da
temperatura ultrapassar os 2.ºC, estaremos perante cenários de segurança sem precedentes, já que
esse facto poderá desencadear uma série de "pontos de basculamento" que levarão a alterações
climáticas aceleradas, irreversíveis e amplamente imprevisíveis.
MATERIAS E MÉTODOS

O trabalho está constituído por um objectivo geral que consiste em analisar as questões
teóricas em torno dos Estados e, os conceitos de Segurança. Ao passo que, os objectivos
específicos visam caracterizar o Estado angolano, e por fim, avaliar a eficácia das políticas
destinadas a segurança humana no período entre 2018 a 2022. A elaboração de um quadro
metodológico que consiga situar o objeto do estudo e os seus objetivos operacionais corresponde
a um processo, normalmente incompleto, de reiterada avaliação de dados e conceitos. Ora, o
estudo da posição sobre as alterações climáticas como causa de insegurança pressupõe uma
pluralidade de abordagens teórico-metodológicas, numa perspectiva simultaneamente
multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar.

No que se refere à multidisciplinaridade, ela é encontrada, por um lado, no objecto de


estudo e, por outro, na pluralidade metodológica. Com efeito, o tratamento do objeto de estudo –
a definição da região do Golfo da Guiné como entidade geopolítica, e o papel e lugar dos Estados
integrantes no seu desenvolvimento integrado – obriga o concurso de várias perspectivas
disciplinares, que ultrapassam os quadros teóricos das ciências sociais. A parcialização analítica
deste fenómeno, que inclui processos sociais tão complexos como os que trata o objeto do estudo,
parece ser pouco apropriada para dar conta de dinâmicas que surgem e evoluem para além de
toda a tentativa de sua racionalização pelos atores envolvidos.

A segurança deriva do étimo latino securitas, securitatis, securus, podendo ser definida
como tranquilidade de espírito, ausência de perigo (Ferreira, 1983, p.1050), ou ainda como o
estado, qualidade ou condição de uma pessoa ou coisa que está livre de perigos, de incertezas,
assegurada de danos e riscos eventuais, afastada de todo o mal (Houaiss, 2002, p.3282).

Para Hobbes, a segurança estava para o indivíduo, apesar de o Estado ter de garantir ao
mesmo direito de autopreservação; Montesquieu, por sua vez, entendia que a segurança se
associava à liberdade política; enquanto Adam Smith, compreendia a segurança na perspectiva de
um ataque violento à pessoa ou sua propriedade (Weaver, 2004). Compreende-se na perspectiva
destes teóricos, e conforme foi dito acima, cada autor procura definir o conceito de segurança de
acordo com a sua inclinação académica e científica, porém, têm uma noção comum e social do
papel do Estado como o ente que garante tal liberdade para o indivíduo, sendo o primeiro dever
do soberano de proteger a sociedade da violência e invasão de outras sociedades autónomas.

Vários factores marcaram o processo de evolução histórica do conceito de segurança,


dentre eles destacamos a Revolução Francesa, que traz consigo a ideia do Estado como meio de
segurança, derivada da persistente visão crítica das propostas revolucionárias, em especial do
francês Condorcet, principal expoente da nova Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
de 1793, onde confere ao cidadão, sua propriedade e seus direitos a finalidade da segurança em
sociedade (Amaral, 2008, p.24). Outro destaque recai sobre o advento das guerras revolucionárias
e Napoleónicas na Europa, a ideia de segurança colectiva começa, ainda que timidamente, a
sobrepor a ideia de segurança individual: “se em Condorcet a segurança individual é requisito a
segurança da comunidade política, agora a segurança do Estado passaria a ser condição sine qua
non para que se garantisse a segurança individual” (Amaral, 2008, p. 52).

São vários os períodos que marcaram a evolução histórica e conceptual sobre a


segurança que não será possível descreve-los aqui de forma exaustiva, porém dentre os já citados
acima, não podemos deixar de destacar o advento das disputas coloniais entre as potências
europeias, e a eclosão da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, a instituição do sistema de
segurança colectiva, (Silva, 2009, p.4), e em seguida, o período da Guerra Fria representando um
mundo hostil, no qual a única opção racional parecia ser uma política externa voltada para o
temor da sobrevivência física, que deu lugar a priorização do indivíduo de forma a preserva-lo do
fragelo da guerra, (Amaral, 2008, p. 52).

Contudo, observa-se que o conceito de segurança tem evoluído e adaptando-se aos contextos
que se impõem interna e externamente. Mas apesar disso, ela pode ser entendida como uma forma de
relativa liberdade da guerra, bem como uma esperança, de certa forma elevada, de que a derrota não
será uma consequência de nenhuma guerra que possa ocorrer (Bellamy, 1981, p. 102). Ao passo que
na perspectiva de Wolfers, a segurança, de forma objectiva, mede a falta de ameaças a valores
adquiridos e, de forma subjectiva, a inexistência de sentimentos de medo que esses valores sejam
atacados (Wolfers, 1962, p.150).

Entretanto, dentre os vários, optamos pelo conceito de Mohammed Ayoob, que segundo o
qual a segurança deve ser definida em função de vulnerabilidades internas e externas que ameaçam
ou têm o potencial de destruir ou enfraquecer as estruturas territoriais e institucionais do Estado, bem
como, os regimes governamentais (Ayoob, 1995, p.9). O Estado, no quadro interno e internacional,
dentre as várias responsabilidades também assume o papel de garantir a preservação e o respeito pelas
instituições que permitem a convivência social pacífica e harmoniosa.

Após esses eventos de transformação histórica, muitos contestadores da visão


convencional dos estudos tradicionais de segurança passaram a contribuir para a diversificação na
percepção das ameaças e ampliação da agenda, com vistas a reposicionar o indivíduo como
objecto referente dos estudos de segurança.

Portando, o que podemos reter nesta primeira parte é a evolução institucional do Estado,
que passa dos impérios e dinastias para o Estado soberano, bem como a evolução do conceito de
segurança, que deixa de limitar-se as questões militares, e passa a abranger a segurança
ambiental, marítima, alimentar, enfim, a segurança humana. Na segunda parte, faremos uma
abordagem sobre o Estado angolano e o seu o governo.

RESULTADOS

O impacto das alterações climáticas na segurança internacional não é um problema do


futuro, mas já dos nossos dias, e continuará a acompanhar-nos. Mesmo que haja progressos em
termos de redução das emissões de gases com efeitos de estufa, as condições meteorológicas já se
alteraram, as temperaturas globais já subiram e, acima de tudo, as alterações climáticas fazem-se
já sentir em todo o globo. O papel activo desempenhado pela UE nas negociações internacionais
sobre as alterações climáticas é vital e deve prosseguir.
A capacidade de liderança tanto no plano das negociações internacionais, em que
nomeadamente defendeu a meta dos 2°C, como no da envergadura das decisões que adoptou no
domínio das políticas internas de clima e energia. Contudo, a UE não pode agir sozinha. Num
panorama político internacional em mutação, os principais emissores e as economias emergentes
terão também de se empenhar e de assumir compromissos que levem à celebração, no quadro das
Nações Unidas, de um ambicioso acordo global em matéria de clima. A resposta da UE deverá
atender em particular à posição dos Estados Unidos, da China e da Índia e às implicações que
poderá ter para as suas relações com a Rússia a longo prazo (SANTOS, 1995).
As recomendações que seguidamente se apresentam deverão ser complementadas por
novos estudos e acompanhadas da elaboração de planos de acção coerentes da UE, por forma a
que as diferentes dimensões das respostas necessárias para fazer face ao impacto das alterações
climáticas na segurança internacional sejam focadas de forma circunstanciada e eficaz. A
próxima análise da implementação da Estratégia Europeia de Segurança e das eventuais
propostas que venham complementá-la deverá ter em conta a dimensão da segurança associada às
alterações climáticas.
O investimento na mitigação para evitar esses cenários e a procura de formas de
adaptação ao inevitável deverão ir a par com a adopção de medidas para enfrentar as ameaças à
segurança internacional ocasionadas pelas alterações climáticas; estes dois aspectos devem ser
considerados parte integrante de uma política de segurança preventiva (MORINI, 2008).

CONCLUSÃO

O impacto das alterações climáticas na segurança internacional não é um problema do


futuro, mas já dos nossos dias, e continuará a acompanhar-nos. Mesmo que haja progressos em
termos de redução das emissões de gases com efeitos de estufa, as condições meteorológicas já se
alteraram, as temperaturas globais já subiram e, acima de tudo, as alterações climáticas fazem-se
já sentir em todo o globo. O papel activo desempenhado das Organizações Internacionais nas
negociações internacionais sobre as alterações climáticas é vital e deve prosseguir.
As Organizações Internacionais como actores importantes das relações internacionais,
devem continuar a demonstrar a sua capacidade de liderança tanto no plano das negociações
internacionais, em que defende-se a meta dos 2°C, como no da envergadura das decisões que
adoptam no domínio das políticas internas de clima e energia. Contudo, a UE não pode agir
sozinha. Num panorama político internacional em mutação, os principais emissores e as
economias emergentes terão também de se empenhar e de assumir compromissos que levem à
celebração, no quadro das Nações Unidas, de um ambicioso acordo global em matéria de clima.
A resposta da UE deverá atender em particular à posição dos Estados Unidos, da China e
da Índia e às implicações que poderá ter para as suas relações com a Rússia a longo prazo. As
recomendações que seguidamente se apresentam deverão ser complementadas por novos estudos
e acompanhadas da elaboração de planos de acção coerentes da UE, por forma a que as diferentes
dimensões das respostas necessárias para fazer face ao impacto das alterações climáticas na
segurança internacional sejam focadas de forma circunstanciada e eficaz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

Afonso, L. (2020). Introdução ao Estudo da Interacção, População e Ambiente. Aula proferida


no Curso de Mestrado em Globalização e Segurança. Academia de Ciências Sociais e
Tecnólogia, Luanda, Maio de 2022.
Alto Representante e da Comissão Europeia para as Alterações Climáticas e Segurança
Internacional. Documento do Conselho Europeu. 14 de Março de 2008.
Alves, A. C. (2010). Introdução à Segurança. Lisboa: Guarda Nacional Republicana.
Castro, F. R. de. & Costa, F. C. de S. A Segurança Humana e o Novo Conceito de Soberania.
Chinaglia, P. H. & Viana, W. C. Estado Westfaliano Versos Estado-Nação e seus Reflexos nas
Colônias da América Latina, PDF.
Freitas, L. M. de. (2017). Razão Política Securitária: A Arte de Governar por Razões de
Segurança. Belo Horizonte 2017, pdf.
Ministério do Ambiente. (2017). Estratégia Nacional para Alterações Climáticas. 2018-2030.
República de Angola. Agosto 2017.

You might also like