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AULA I
Conceito:
Ex: João entra com uma ação dizendo que Mario possui uma dívida de R$ 50 mil reais já
acrescido de juros e correção monetária, em sua peça de defesa, Mário afirma existir a dívida mas
que o valor correto seria de apenas R$ 30 mil reais, visto tratar-se de cobrança de juros
exorbitante. Em decisão judicial a Jurisdição (terceiro imparcial, nesse caso juiz) substitui a
pretensão das partes e afirma que em verdade a dívida de Mário está prescrita tornando-se uma
obrigação natural.
Imparcialidade: traduz-se em dois critérios, o primeiro de cunho objetivo, qual seja não ser parte
do conflito, e o segundo de caráter subjetivo, não haver interesse sobre a causa. Somente assim
estaremos diante de um terceiro imparcial.
OBS: Por essa razão é que será estudada as regras de impedimento e suspeição do Juiz, conforme
o Código de Processo Civil.
Ex: Um filho pode não ser parte em um processo em que o pai é um dos demandantes, contudo o
mesmo pode haver interesse na causa e desta forma não agir de forma imparcial.
“ O juiz não deve porém ter interesse no litígio, bem como deve tratar as partes com igualdade,
zelando pelo contraditório em paridade de armas, isso é ser imparcial” (Mauro Capelleti)
Como fazer para evitar que vivências pessoais possam influenciar nas decisões tomadas
pelo Magistrado?
O texto no QR code faz uma reflexão sobre a teoria da decisão e a segurança jurídica, baseado na
obra VERDADE E CONCENSO do professor Lênio Streck, que foi resumida em uma sinopse o
que é isso? Decido conforme minha consciência.
IMPERATIVIDADE: a jurisdição é a manifestação de um poder do Estado, e, portanto, impõe-
se imperativamente, reconstruindo e aplicando o Direito a situações concretas. Não trata-se de
uma recomendação, sua aplicabilidade deve ser respeitada pelas partes em conflitos.
EX: as decisões tomadas por um juiz no curso do processo e também na sentença, não é uma
carta de recomendação as partes, deve ser inteiramente respeitada, sob pena de crime de
desobediência e sanções processuais.
CRIATIVIDADE (CRIAR): a ideia de criatividade aqui, não se revela tão somente como fazer
algo inovador e que foge dos padrões convencionais, está muito mais ligada a ideia de CRIAR,
pois toda vez que o juiz analisa um caso em concreto ao deduzir da norma geral posta no direito
material, ao decidir ele acaba por CRIAR uma norma para aquele caso em concreto.
EX: Quando um juiz determina a pena de um acusado no crime de homicídio, aplicando-se todas
as agravantes e atenuantes do crime, o que o mesmo acaba por fazer é para aquele caso em
concreto CRIAR uma norma jurídica que deverá ser respeitada pela sociedade.
EX: Quando um juiz atribui um valor de pensão alimentícia a ser pago a um menor, ele está
CRIANDO uma norma para aquele caso em concreto.
OBS: Não se exclui aqui a atividade de criatividade do juiz ao conduzir o processo no exercício
da jurisdição, podendo o mesmo inovar, desde que por óbvio não venha fazer nada que seja
contrário a lei.
EX: Já existem alguns juízes que utilizam o QRcode em suas decisões para que as partes do
processo tenham acesso a um vídeo explicando os motivos da decisão.
Imagine que MÉVIO ingressa com uma ação alegando ter um Direito que não está previsto em
nenhuma Lei, princípio, decreto, portaria, resolução, ou qualquer tipo de norma, e você na
qualidade de Juiz recebe essa petição, e ao analisar os fatos, entende que mesmo sendo um
pedido sem fundamentação na lei o pedido possui um coerência e é razoável. O que fazer
enquanto Juiz? Como seria sua fundamentação? Como iria decidir?
SITUAÇÃO CONCRETA: A jurisdição trabalha por encomenda. Ela precisa ser provocada, e a
provocação via de regra partirá de um caso em concreto, de uma situação de fato conflituosa em
que se chamará a jurisdição para atuar substituindo a vontade das partes por meio de uma decisão
de um terceiro imparcial. A jurisdição não trabalha em situação hipotética, não trabalha com
utopias, é necessário uma situação real.
É possível a atuação de um processo sem que haja uma situação em concreto sendo analisada?
Um processo que trabalhe uma situação hipotética?
Processo Legislativo.
OBS 1: é o poder jurisdicional que dá a ultima palavra quando há conflito nos poderes
legislativos e executivo, contudo o mesmo não sofre esse controle dos mesmos, que se restringi
simplesmente a fiscalizá-lo por meio da teoria de freios e contra-pesos.
O recurso judicial dirigido a um Tribunal Superior (STJ) pode ser considerado uma espécie de
controle externo da jurisdição?
R: A jurisdição é uma.
Há alguma hipótese em que mesmo após o transito em julgado de uma decisão judicial, com
aptidão para tornar a coisa julgada, pode-se rediscutir o objeto daquela ação?
CONCEITO DE PROCESSO:
A palavra processo mesmo sobre a ótica jurídica pode ter várias acepções, desta maneira,
iremos trazer um conceito geral do qual iremos retirar 3 (três) subespécies, identifica-las e após
apontar qual iremos nos debruçar.
Conceito Processo Geral: O processo é antes de tudo sob uma concepção jurídica como um
método de criação de normas jurídicas, um ato jurídico complexo e uma relação jurídica.
Processo Legislativo: método pelo qual o poder legislativo obedece um procedimento definido
na constituição para elaborar leis, ou seja, criar normas jurídicas.
EX: processo legislativo para criação da lei de reforma da providencia
Processo legislativo para criação de ume Emenda Constitucional: aprovação de 3/5 em cada
casa do congresso nacional em 2 turnos de votação.
Processo Administrativo: método pelo qual o poder executivo, por intermédio de sua
administração pública produz normais individualizadas e gerais.
“Trata-se de um ato jurídico complexo, cujo o suporte fático é formado por vários atos
jurídicos de formação sucessiva que se difere no tempo, estabelecendo um feixe de relações
jurídicas capazes (parte-juiz-perito-advogado-MP-) de ao final criar uma norma jurídica.”
“NÃO EXISTE PROCESSO OCO: todo processo trás a afirmação de ao menos uma
situação jurídica de direito material carecedora de um tutela jurisdicional.”
O processo deve ser compreendido, estudado e estruturado tendo em vista a situação
jurídica material para a qual serve de instrumento de tutela. A essa abordagem metodológica o
processo dar-se o nome de instrumentalismo, cuja a principal virtude é estabelecer uma ponte
entre o direito material e processual.
É a partir do direito material a ser tutelado é que iremos saber qual é o tipo de instrumento
que iremos utilizar, como por exemplo, será um MANDADO DE SEGURANÇA? UMA
LIMINAR? PROCEDIMENTO COMUM? PROCEDIMENTO ESPECIAL?
Em outras palavras o processo é um instrumento do direito material que serve muitas
vezes para concretizar aquele direito material meramente estabelecido na Lei, é o processo um
instrumento procedimental capaz de efetivar um direito material.
Nesse diapasão, podemos afirmar que direito processual e o direito material tem uma
relação simbiótica, mutualista de modo que um serve ao outro. Ocorre, que a divisão em duas
disciplinas diferentes se revela importante tão somente para fins didáticos e acadêmicos para
facilitar a compreensão dos institutos.
Dispositivos Legais:
- Constituição Federal/88 - Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada
contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
OBS: Esse dispositivo foi incorporado em nosso ordenamento jurídico por quórum de emenda
constitucional, ou seja, 3/5 em 2 turnos em cada casa do congresso nacional, logo foi
recepcionada como norma constitucional.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-
lhe:
II - velar pela duração razoável do processo;
PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE:
Dispositivo Legal:
Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.