You are on page 1of 16
InTRoDUGKO Capitulo 1 A posigado da Geografia nas ciéncias marinhas Dieter Muehe Introdugéo ‘A segunda metade do século 20 apresentou enormes avangos nas geociéncias, em parte como resultado dos aperfeigoamentos feitos, durante a segunda guerra mundial, na eletronica, especialmente na ecobatimetria e nos métodos geofisicos, culminando, em 1966, com a confirmacao da hipétese da deriva continental, modificada para a deriva de placas, ou seja o estabelecimento do modelo de tecténica de placas. De um momento para outro surgiu uma explicagao logica para a origem do macro-relevo marinho e continental, a origem dos terremotos e uma interpretacao logica na localizacdo de recursos minerais. ‘A oceanografia era glamourizada nos relatos efilmes de Jacques Cousteau em seu famoso livro The silent world (Cousteau e Dumas, 1954) e sua contribuigao no desenvolvimento do aqualung. Invento que ampliou a fronteira também para os mergulhadores esportistas e aos que, assim motivados para estudar 0 mar, passaram a escolher suas profissdes nas diversas especialidades da Oceanografia. No Brasil, 0 curso de Oceanografia so passou a ser oferecido, em nivel de pos-graduacao, na Universidade de Sao Paulo a partir de 1973. Mas a disciplina fazia parte dos cursos de Biologia Marinha e Engenharia Costeira. Para um estudante de Geografia, no inicio deste periodo, a Oceanografia era abordada, de forma nao obrigatoria, nas disciplinas de Geografia Fisica ou, de forma restrita, na disciplina de Geomorfologia Costeira. = como crrar: MUEHE, D. A posicéo da Geografia nas ciéncias marinhas. In: MUEHE, D.; LINS-DE-BARROS, F. M.; PINHEIRO, LS. (orgs.) Geografia Marinha: oceanos e costas na perspectiva de gedgrafos. Rio de Janeiro: PGGM, 2020. p. 10-25. ISBN 978-65-992571-0-0 es © InTRoDUGKO Nao havia muita op¢io entre livros descritos por ge6grafos. Despontavam os classicos como Andre Guilcher (1954), Morphologie littorale et sous-marine e Cuchlane King (1962), Oceanography for geographers, ambos adotados nas disciplinas de geomorfologia costeira e oceanografia fisica na graduacao em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Se internacionalmente tinhamos um Jean Cousteau para divulgar a Oceanografia, no Brasil tinhamos 0 Almirante Paulo de Castro Moreira da Silva. Presidente do Instituto de Pesquisas da Marinha, realizava palestras fantasticas, publicou um livro de Oceanografia Fisica (Moreira da Silva, 1972), e promoveu uma série de levantamentos sistematicos ao longo da margem continental brasileira com a finalidade de produzir informagdes para a pesca. Eram realizadas estagées oceanogréficas ao longo de transectos perpendiculares a costa, com langamento de bati termografos para identificar a termoclina, e coleta de agua em varias profundidades para andlise de temperatura, salinidade, nutrientes, para a determinacao da fertilidade das aguas e do relevo dindmico. Os levantamentos eram feitos com onavio AlmiranteSaldanha, um veleiro transformado em propulsao a diesel, com amplo espaco para laboratérios e acomodacées e que permitia que as amostras fossem processadas a bordo, com os resultados prontos na finalizacio de cada campanha. do Almirante era desenvolver uma Oceanografia pratica com informagées que ajudassem na pesca, mas que também permitissem melhorar a alimentac3o de pessoas pobres através do adicionamento de uma farinha de peixe a biscoitos fornecendo assim um complemento de proteinas. Para isso desenvolveu, em Arraial do Cabo, 0 Projeto Cabo Frio, um sistema de bombeamento de agua de fundo associado @ produgio de gelo, que seria disponibilizado aos pescadores, e retorno da agua mais aquecida nesse processo que, enriquecida de nutrientes, se manteria préxima a superficie, favorecendo o desenvolvimento de plancton e, por conseguinte, aumentando a pesca local. Esse processo nao obteve o sucesso esperado, aparentemente devido a presenca de uma bacteria toxica, mas as instalagdes formaram a base para o Instituto de Pesquisas do Mar Almirante Paulo Moreira, atualmente dedicado a varias especialidades da pesquisa oceanica e militar, incluindo a formagao em nivel de pos-graduacéo. Jé no final da década de 1960, foi realizada a primeira expedi¢ao de Geologia Marinha na regio da foz do rio Amazonas, organizada pela Diretoria de Hidrografia e Navegacao (DHN) da Marinha do Brasil, que levou, a seguir, a criacdo de grupos de pesquisa em Geologia Marinha nos diversos Departamentos de Universidades costeiras ao longo do Brasil, inicialmente liderados pelo Laboratorio de Geologia Marinha (LAGEMAR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, posteriormente transferido para a Universidade Federal Fluminense e 0 Centro de Estudo de Costeira e Oceanica (CECO) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, resultando num programa de levantamento sistemético da plataforma continental e a introducao da disciplina de Geologia Marinha em alguns cursos de graduacdo em Geologia Apesar da patticipacdo de gedgrafos na producdo de livros e artigos cientificos no ambito da Oceanografia, ainclusdo da disciplina nos curriculos de graduago em Geografia era, com excecdes, timida quando nao ausente. Incompreensivel, considerando o objeto fundamental da Geografia, 0 estudo das formas e processos da superficie terrestre, da qual 71% é coberta pelos oceanos. A reduzida participagéo de gedgrafos em expedigdes oceanograficas, a complexidade das especializagdes das disciplinas individualizadas da Oceanografia e a auséncia de um paradigma de contribuigao propria da Geografia ¢ evidentemente a razao deste distanciamento, que se acentuou a partir no final do século 19 e inicio do século 20, justamente pela crescente especializacdo e consequente individualizacdo das diferentes disciplinas que compdem 0 conjunto de disciplinas consideradas como miicleo da Oceanografia, tais como a Oceanografia Fisica, a Biologia Marinha, a Geologia Marinha e a Oceanografia Quimica, Nas tiltimas décadas, em parte devido a um inicio de integracdo entre gedgrafos fisicos e humanos nos estudos de gestdo costeira e marinha, impulsionados pela obrigatoriedade de estudos de impacto ambiental e, ainda, como resultado da entrada em vigor da Convencdo das Nagdes Unidas sobre o Direito no Mar, e seus desdobramentos : InTRoDUGKO nna regulago dos espacos marinhos, a Geografia Marinha vem buscando se recolocar no ambito da Oceanografia como disciplina de integracao e regionalizacao e gestio. A Geografia e sua relacdo com a Oceanografia no final do século 19 e do século 20 Em resposta a uma demanda da Deutsche Forschungsgemeinschaft (Conselho de Pesquisa da Alemanha), 0 gedgrafo e Professor do Instituto Geografico da Universidade de Kiel, Karlheiz Paffen, publicou seu longo e detalhado artigo Maritime Geographie analisando, conforme diz o subtitulo, a posi¢ao da Geografia dos Oceanos e seu papel no ambito da pesquisa oceanogréfica, publicado na tradicional e prestigiada revista Erdkunde (1968), com a constatagdo de que, apés um periodo de ampla coleta de material em nivel global no século passado, iniciou-se, na virada do século, um periodo de pesquisa sistemética dos espacos marinhos. Desde entéo, e sem levar em conta as miltiplas observagées oceanogréficas de Alexander von Humboldt, existe uma {intima ligagdo entre Geografia e Oceanografia, que, meio século atrés, formava, ‘na Alemanha, uma disciplina académica tinica.” (Erdkunde, v. XVII, p. 41, 1964) A Geografia, apesar de ser conhecida e praticada desde varios séculos antes Cristo e estabelecida de modo mais formal a partir do livro de Eratéstenes de Cirene, Geografikd, trés séculos a.c,, sua inclusdo como disciplina académica ocorreu apenas no final do século XIX e inicio do século 20. Segundo Ron Johnston, num excelente resumo sobre a evolucéo da Geografia (https://www.britannica.com/science/geography/The-geography-of-contemporary-geography), suas caracteristicas originais foram definidas por um reduzido nimero de gedgrafos alemaes e franceses. Significativa influéncia veio de filésofos, como Immanuel Kant, que escreveu sobre Geografia em seu livro kritik der reinen Vernunft (Critica da razo pura, 1781), de gedgrafos alemaes, especialmente Alexander von Humboldt (1769-1859), Carl Ritter (1779-1859), e Friedrich Ratzel (1844-1904), efranceses como Paul Vital de la Blache (1845-1918) e Emmanuel de Martone (1873-1955) entre outros. Nessa fase inicial da pesquisa oceanografica com a patticipagao de gedgrafos, sobressaiu o geografo alemao Otto Kriimmel com sua carta das correntes do Atlantico (Figura 1.1) e do Mar deSargassos (Figura 1.2) Bai ae InTRoDUGKO CO ie te Patt fm Aegan: pa uc pan a Send, Fane ye Figura 1.1. As correntes oceénicas do Atlantico segundo Otto Krlimmel, 1883. Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index php2curid=28614943 InTRoDUGKO Figura 1.2. 0 Mar de Sargassos. Otto Kriimmel, 1881. Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index php2curid=42514695, £m 1879, publicou o livro Versuch einer vergleichenden Morphologie der Meeresraume - (Tentativa de uma morfologia comparada dos espagos marinhos) seguido, em 1886, com o livro Der Ozean - eine Einfuhrung in de Allgemeine Meereskunde (0 oceano - uma introdugo a Oceanografia Geral), culminando em 1907 com o Handbuch der Ozeanographie (Manual de Ocean ografia), com segunda edicao em 1911 (Figura 3). E, por isso, considerado um pioneiro da Oceanografia. INTRODUGAO BIBLIOTHEK HANDBUCH GBOGRAPHISCHER HANDBUCHER ee BeoeNDEY vos uO mae OZEANOGRAPITE ie, FTO KROMMEL pngstormen de Nowe De Pe Figura 1.3. Capa da segunda edicéo do livro Ozeanographie de Otto Krimmel. Fonte: https://archive.org/stream/handbuchderozean02bogutpage/nS/mode/2up A individualizagao entre a Geografia e Oceanografia comeca a se delinear, no final da década de 1920, se considerarmos a percepcao do meteorologista e oceandgrafo Albert Joseph Maria Defant, considerado um dos fundadores da Oceanografia Fisica, na época diretor do Instituto de Oceanografia, em Berlim, na sua introduco @ Dynamische Ozeanographie (Defant, 1930) a0 expressar, conforme ressaltado por Paffen (1964) que: “(Jo desenvolvimento da Oceanografia, gracas ao progresso dos métodos de medigGo e andlise, atingiu um ponto de inflexdo no qual pode se dar inicio & transigéio do método descritivo para um tratamento mais rigoroso das ocorréncias. ‘Nesse sentido a Oceanografia segue cada vez mais o caminho de sua disciplina irmG, a Meteorologia. " Paffen (1964 p. 41) A interpretacdo de priorizar uma abordagem essencialmente quantitativa para a compreensio dos fendmenos oceanograficos se defronta com os argumentos de Gerhard Schott em sua Geographie des Atlantischen Ozeans de 1912 (Figura 1.4) (na sua segunda edicdo revisada de 1942). Schott era um geégrafo e oceandgrafo, tendo participado da expedicdo “Valdivia” 1898-1899 nos oceanos Atlantico, Pacifico e no Oceano Antértico como responsavel pela Oceanografia. Sua formacio foi fortemente influenciada pela abordagem regional do seu orientador Ferdinand von Richthofen, gedlogo de formacao, mas geégrafo por atuacdo, e professor de Geografia com trabalhos sobre a China, cunhando, nesse contexto, a denominagdo “rota da seda”. A visio de integracdo e regionalizacao de Schott resultou dessa influéncia durante sua fase de formacao que, por sua vez, se refletiu na introdugo do referido livro ao ressaltar que: ee INTRODUGAO “A Oceanografia, como um dos mais jovens ramos da Geografia, tem se limitado, quase que exclusivamente, a categorizar os diferentes aspectos gerais da natureza sem se ater aos problemas de um oceano especificamente (..... Falta, pois, @ tentativa de desenvolver, com base nesses conhecimentos, uma viséo geografica integrada de um oceano considerado individualmente como uma unidade geografica. Se se quer evitar que a nova Oceanografia se limite a uma Fisica, Quimica ou Biologia dos oceanos, é necessério que, ao lado dos livros didéticos sobre Oceanografia Geral, obtenhamos descri¢des integradas sobre os oceanos considerados individualmente, da mesma forma com que, ao lado de uma Geografia Fisica Geral cresce a demanda de descrigées de dreas continentais na perspectiva da identificacdo de paisagens naturais, ou seja o desenvolvimento de uma Geografia da Paisagem.” (Schott, 1912 p. Vi) Schott, portanto, vé a participacao do metodo geografico de integracdo e regionalizacao como uma contribuiggo importante a ser mantida, contrastando assim com a viséo de Defant de uma desintegracdo e super especializacdo, como efetivamente vem ocorrendo. = ty Geographie eo be a i } i Atlantischen Ozeans : a gt Auf blauen Gefen des Mlantischon Ozeans i Figura 1.4. Oceanografia do Atlantico de Gerhard Schott (1912). Fonte: hnttps://1a600501 us archive.org/32/items/geographiedesatlO0scho/ geographiedesatlO0scho.pdf Esse gradual distanciamento entre a Oceanografia ea Geografia, mas também a compartimentacao da propria Oceanografia, foi também percebido, mais adiante, em 1923, pelo bidlogo e oceanografo escocés James Johnstone, ao externar em seu livro “An introduction to oceanography, with special InTRoDUGKO reference to geography and geophysics”, a necessidade de uma separacio entre a Oceanografia Fisica e a Hidrobiologia, ressaltando ainda que a quantificacZo das modernas teorias da maré e da hidrodinamica exigem conhecimento ao alcance de poucos cientistas. Esse argumento é utilizado como justificativa de apresentar, em seu livro, uma visao geral da Oceanografia para melhor atender as perspectivas dos estudantes de Geografia e Geologia. Indiretamente, reconhece a posico da Geografia entre as ciéncias marinhas, mas também percebe a individualizagao dentro da propria Oceanografia, que foi se cristalizando nos anos subsequentes. Em 1938, ainda era ampla a participago de trabalhos oceanograficos na seco de Oceanografia do Congreso Internacional de Geografia, em Amsterdam, mas o interesse dos proprios ge6grafos ja vinha se deslocando cada vez mais para questées ligadas as reas continentais, em resposta as demandas em relacdo aos novos espacos de colonizacao e influéncia na Africa, Asia, Oceania e ‘América do Sul. A participacao da Geografia na primeira metade do século 20 Importantes obras, tanto didéticas como de regionalizagéo dos oceanos, foram escritas por gedgrafos, com muitos dos livros se tormando obras de referéncia a ponto de serem ainda encontrados na internet como exemplares de segundo mao ou fac-simile, cuja reprodugao & justificada por se tratar de obras de referéncia permanente. Entre estes se destacam o “Manual de Oceanografia” de Otto Kriimmel (1911), “O Mar como Fonte de Grandeza dos Povos” de Friedrich Ratzel (1911), “A Geografia do Oceano Atlantico” (1926) “A Geografia do Oceano indico ePacifico” (1935) de Gerhard Schott), “Geopolitica do Oceano Pacifico” de Karl Haushofer (1925), “O Mar e A Economia Mundial de Max Eckert” (1928), “A Alteracdo do Transporte Maritimo no Oceano indico desde a Guerra Mundial de Spangenberg” (1930), “Os Oceanos na Politica e Formacao das Nagées de Marz” (1931), “Os Oceanos e seu significado na Geografia Economica e dos Transportes de Fels, E.” (1932), “A Geografia Geral” de Camille Vallaux (1933), “Os Mares da Terra’, de Zubov e Everling (1940), como apéndice do Grande Atlas Mundial Soviético, a “Regionalizacao Fisico-Geografica do Artico” de Panov (1949), 0 artigo “Ha Zonas Paisagisticas nos Oceanos?” de khromov (1950). Dominam, pois, as abordagens regionais, trabalhos sobre a pesca e, também, um trabalho sobre O “Homem ea Costa” de Marcel Herubel (1937), e a incorporacdo da orla costeira com a navegacio como no artigo de Brian Hoyle (2000) sobre a relacao porto-cidade. Ou seja, apesar do maior foco de geégrafos sobre os continentes, o tema oceano nunca deixou de fazer parte do interesse e dos estudos da Geografia. Mas, com uma abordagem geralmente prépria, muito focada na identificacdo de regides, e em aspectos econdmicos e geopoliticos dos oceanos, cristalizando desde cedo uma abordagem diferenciada e complementar as disciplinas niicleo da oceanografia A participacao da Geografia na segunda metade do século 20 Os principais focos das pesquisas geogréficos da primeira metade do século tiveram continuidade nas propostas de metodologias de regionalizaco, nos estudos sobre a pesca, sobre a morfologia costeira e processos de transporte sedimentar na plataforma continental, na formacéo de depésitos eélicos - dunas costeiras e, jé mais no final do periodo, na ampliago de enfoque com inclusdo de manguezais, e atividades econdmicas como turismo e economia. Propostas sobre regionalizac3o so encontrados, por exemplo, em Muromtsev (1951), numa tentativa de regionalizagdo dos oceanos, em Gakkel (1957) ao classificar o talude continental do Artico como uma zona geografica, em Bogorov (1960) ao discutir a zonalidade dos oceanos, em Bogdadov (1961) com um mapa de regides ou zonas fisograficas dos oceanos, em Freeman (1963), sobre a Geografia do Pacifico, em Markov et al. (1975) sobre a Geografia dos oceanos. TT - InTRoDUGKO ‘A Geomorfologia Costeira e Submarina comeca a despontar com o livro de André Guilcher (1954), com Zenkovich (1959) sobre espordes lagunares, com Jodo Dias da Silveira (1964) em morfologia do litoral, Eric Bird (1965) com uma introdug3o 4 Geomorfologia Costeira com exemplos da Australia, A.V. Zenkovich (1967), como editor de livro sobre evolugdo costeira, Cuchlaine King (1972) com seu livro sobre praias e costas, Xavier da Silva (1973) com sua tese sobre formas & processos do litoral da América do Sul, Jan René Vanney (1977) sobre a geomorfologia das plataformas continentais, Steven Ireland (1987) com uma reconstituicdo das lagunas do litoral do Rio de Janeiro e a indicagao da idade pleistocénica do cordéo litoraneo mais interiorizado, e também o livro de Bill Carter (1988) sobre ambientes costeiros e 0 manual sobre morfodinamica de praia e antepraia organizado por Andrew Short (1999). Nos Estados Unidos a formalizagéo de uma Geografia Marinha no ambito da Association of American Geographers (AAG) ocorreu com 0 primeiro Encontro de um Comité de Geografia Marinha (MGC) em Sao Francisco, seguido, em 1979, pela criagdo de Grupos de Trabalho ou Speciality Groups. Posteriormente, o Comité de Geografia Marinha foi dissolvido e transformado no Marine Speciality Group que, em 1981, foi rebatizado para Coastal and Marine Speciality Group (Coma). Uma reconstituicao da evolucéo da Geografia Marinha e Costeira nos Estados Unidos é encontrada em Psuty et al. (2004). No Brasil uma grande quantidade de artigos sobre Geomorfologia Costeira, e em especial, sobre morfodinamica de praias e dunas, comecam a aparecer num fluxo crescente, exponencial, incluindo gradativamente também a extenso submarina da praia, ou seja a antepraia, com inclusdo tambem da plataforma continental interna para a caracterizacgo do recobrimento sedimentar, dos processos de transporte sedimentar e da morfologia da plataforma continental interna. Uma analise mais detalhada dessa evoluco encontrada em Muehe (2003, 2018) A continuidade da participacao de gedgrafos nos diversos campos das ciéncias marinhas, incluindo ai, além do mundo marinho propriamente dito, também os estudos costeiros tanto sob 0 ponto de vista fisico (geografia fisica e geomorfologia) quanto da Geografia Humana, mostram que a Geografia continuou a ocupar e expandir seu nicho de participagao nos estudos marinhos. A participacao de gedgrafos em estudos ligados a costa e oceano resultou inicialmente em duas propostas, querefletem a percepcio da necessidade de formalizar essas abordagens ancorado num arcabouco metodologico. A primeira surgiu na Alemanha com um artigo de Karlheinz Paffen (1964) sobre Geografia Marinha e sua posico no ambito da pesquisa oceanografica. 0 outro, na antiga Unido Soviética, com um artigo de Markov (1970) sobre Geografia Marinha e Markov et al. (1975) Neste segundo artigo, Markov et al. (1975) classificam a Geografia Marinha como uma das especialidades da Geografia, que ndo deve se limitar a uma disciplina de pesquisa, mas ser tambem uma disciplina de aplicago pratica na solugo de problemas de desenvolvimento econdmico. 0 objetivo da disciplina é definido, segundo esses autores, como sendo ...@ sintese do conhecimento relacionado ao ambiente, @ populacéo e economia dos oceanos com 0 objetivo de melhorar o ambiente fisico visando um aumento da produtividade global e assegurar uma organizacéo espacial racional (geografica) da produgdio social no dmbito dos oceanos e suas partes.” (Markov et al., 1975) Com esta formulagao, @ incorporada a visio de desenvolvimento sustentavel, enfatizada mais tarde por Vallega et al. (1998). O isolamento entre cientistas da antiga cortina de ferro, associado as dificuldades linguisticas, fez com que o artigo de Paffen (/.c) ndo tenha sido citado, sendo a reciproca verdadeira em relaco a outros trabalhos publicados na Unio Soviética no ambito da Geografia Marinha, J4 no final do século 20, inicio do século 21, num contexto delineado pela entrada em vigor da Convengo das Nagées Unidas sobre o Direito no Mar (UNCLOS) em 1994, e 0 conceito de -° InTRoDUGKO desenvolvimento sustentavel da Rio 91, foi apresentado por Alberto Vallega (1998a) e por Vallega et al. (1998b) um arcabougo metodolégico com o titulo Geography, oceans and coasts toward sustainable development e, ainda Vallega (1999), sobre mudancas globais e desenvolvimento sustentavel. Mais tarde, ja no inicio do segundo milénio, ainda por Vallega (2002), sobre regides e regionalizago dos oceanos. Trata-se de uma proposta detalhada de atuacao da Geografia Marinha no ambito das ciéncias do mar, indicando o caminho para uma integracio entre Geografia Fisica Humana, dando assim contornos a uma tendéncia que comecava a se delinear nos estudos de vulnerabilidade e gesto costeira, que teria que se expandir para 0 oceano, e que se consolidaria a0 longo das primeiras décadas do século 21. Adalberto Vallega foi presidente da Comissdo de Geografia Marinha da Unido Geografica Internacional (IGU) e presidente da mesma entidade no periodo de 2000 a 2004, tendo falecido antes da concluso do mandato. ‘A Geografia Marinha nas duas primeiras décadas do século 21 Gracas ao aumento dos meios de publicacao e, também, pelo aumento do numero de cursos nas cigncias fisicas e humanas, com consequente aumento de pesquisadores, o nimero de publicagées continuou a aumentar de forma to rapida que deixou de ser possivel acompanhar a quantidade de temas disponiveis, apesar do facil acesso pela internet. Os diversos especialistas tambem deixaram de se limitar as suas publicagdes especificas, tendo acesso a publicagdes nas mais diversas especialidades, tanto no pais de origem quanto no exterior, ampliando assim seus horizontes de abordagem, levando a uma certa homogeneizaco em termos de concentracio sobre topicos especificos. Assim sendo, o que é pesquisado e publicado no Brasil é também um reflexo dos temas mais abordados no exterior. No Brasil, um olhar répido sobre os principais temas de investigaco em Geografia Marinha, indica uma consolidago das linhas de pesquisa do século anterior, com uma significativa concentracdo em temas como vulnerabilidade e gestéo costeira, Geomorfologia Costeira, incluindo morfodinamica de praias e dunas, turismo, relagdo cidade porto, morfologia e sedimentacdo da plataforma continental e pesca. Entre os diversas temas, as abordagens de gestao evulnerabilidade costeira ganharam mais visibilidade e representam uma consolidacao da tendéncia de integracéo entre ciéncias fisicas ambientais e ciéncias humanas ou, no ambito da Geografia, entre Geografia Fisica e Geografia Humana. ‘Assim, apenas para exemplificar por ordem de tema, e longe de ser exaustivo, temos no quesito gesto costeira o artigo de Nelson Gruber et al. (2003) sobre subsidios para a gestao integrada da zona costeira, Miossec (2004) sobre a costa entre a natureza e gestao, Polette e Vieira (2009) sobre avangos e recuos na gestao costeira integrada no Brasil, Egler et al. (2013) sobre governanca e desenvolvimento territorial, de Paula e Alveirinho Dias (2016) com um livro sobre ressacas e gestéo costeira, Lins-de-Barros (2017) com uma proposta de metodologia de gestao costeira integrada, Telles (2018) sobre planejamento espacial e gesto integrada, e Lins-de- Barros e Mansur (2018) sobre os principais desafios para a gesto costeira da Regiao dos Lagos (Rd), tendo como conceitos norteadores a vulnerabilidade costeira integrada e os servicos ecossistémicos da geodiversidade Na Geomorfologia Costeira, incluindo as especialidades como morfodinamica de praia e dunas, caracterizacZo ambiental de mangues, quatro temas que por si s6 ja merecem um tratamento individualizado, as contribuigdes por parte de geografos sao imimeras, refletindo uma tradi¢ao bem enraizada na Geografia Fisica. Alguns exemplos dessas abordagens so representados pelas publicagées de Karl F. Nordstrom (2000) sobre praias e dunas em paises desenvolvidos, Dieter Muehe (2003) sobre 0 estado da pesquisa sobre morfodinamica praial no Brasil, Masselink & Michael G. Hughes (2003), sobre processos costeiros e geomorfologia, Hesp et al. (2005) sobre cristas de praia, dunas frontais e transgressivas, Fernandez et al. (2017) sobre dunas costeiras no ° InTRoDUGKO litoral do Rio de Janeiro, Faria (2018) com uma classificacdo inovadora de costas rochosas aplicada a0 litoral do Estado do Rio de Janeiro, e Vale e Novelli (2019) sobre manguezais. No tema turismo, hé contribuicdo de grande variedade de especialistas ndo gedgrafos, de modo queas citages ficam aqui restritas a geografos conhecidos pelo autor, que oferecem um panorama dos tipos de abordagem geografica. Seguindo a ordem cronologica das publicagées, despontam de Paula et al. (2002) sobre o desenvolvimento do turismo de sol e praia em Fortaleza, Marcos Polette e Vianna (2004) com um plano de gestao costeira para 0 zoneamento do turismo nautico, Jim Butcher (2005), com uma critica ao turismo de massa, Telles (2013) sobre marinas e planejamento territorial do turismo e, em 2014, o livro pesca artesanal e produc3o do espaco organizado por Catia Antonia da Silva. Grande nimero de publicagdes trata da vulnerabilidade costeira, incluindo a erosdo costeira, esta tltima com uma linha bem consolidada, desde o primeiro grande levantamento em termos globais, entre 1976 e 1984, pela Commission on Coastal Environment da Unio Geografica Internacional, capitaneado pelo geégrafo Eric Bird. Muehe (2004), descreve um panorama geral da eroséo costeirano Brasil e, em 2010, sobre vulnerabilidade da zona costeira brasileira a mudanga do clima. Nicolodi e Petermann (2010) descrevem a vulnerabilidade potencial da zona costeira brasileira sob © aspecto ambiental, social e tecnolégico, Lins-de-Barros e Muehe (2013) aplicam o método de representacdo smartline de vulnerabilidade a um segmento do litoral do Rio de Janeiro, e Bonetti et al, (2018), apresentam uma avaliacao da suscetibilidade a erosdo, a partir de geoindicadores. Nas relagdes do porto com a cidade também ¢ dificil identificar trabalhos de gedgrafos entre os de outros profissionais, mas temos alguns exemplos como Hoyle (2002) sobre mudancas na relagdo porto-cidade em paises em desenvolvimento, Monié e Vidal (2006) sobre portos e cidades portuérias na era da integracao produtiva, Monié (2011) sobre globalizacao, modernizacao do sistema portuario e relagdes cidade/porto no Brasil, e Brian Hoyle (2008) sobre a aco de grupos comunitarios, mudancas urbanas ea orla porto-cidadeno Canada. No tema pesca é ainda mais dificil a identificagio de gedgrafos jé que ¢ elevada a variedade de profissionais que autuam nessa area. Naturalmente os gedgrafos tendem a considerar a espacializagao dessas atividades, tanta na pesca artesanal quanto industrial, e muitas vezes nos reflexos na organizacdo espacial resultante na zona costeira. Uma caracterizagio global dos tipos de pescado @ encontrada em Dieter Muehe e Danielle Garcez (2005) sobre as caracteristicas sedimentares da plataforma continental e a relaco com a pesca e a zona costeira, e uma relacéo entre as areas de pesca artesanal e a localizagao das diferentes comunidades em diferentes ambientes geomorfolégicos costeiros é encontrado na tese de doutorado de Danielle S. Garcez (2007). Oliveira et al, (2016) descrevem as atividades de pesca artesanal numa comunidade em conflito com atividades industriais em uma reserva de protecéo ambiental marinha, e Joelson Musiello-Fernandes et al. (2018) analisam os conflitos entre a pesca artesanal e a especulagéo imobilidria E daqui para a frente? Quais sdos desafios e as oportu {As discusses sobre regionalizacao parecem ter fechado um ciclo com o artigo de Adalberto Valleza (2002) sobre regiées oceanicas e regionalizacao. Mas ainda carecem de maior aplicagao pratica para fins de gesto. Nao éum objetivo facil considerando a falta de informagées, como bem assinala o artigo de Tiago Gandra et al. (2018) ao indagar onde se encontram os dados para o gerenciamento espacial marinho. Os delineamentos sobre o papel das atividades de gedgrafos na pesquisa oceanografica tambem parecem estar se encaminhando para uma finalizacdo com os artigos de Psuty et al. (2004), sobre Coastal and Marine Geography, nos Estados Unidos, e no Brasil, com o artigo de Lins-de-Barros e © InTRoDUGKO Muehe (2009), sobre a tradi¢ao da Geografia nos estudos costeiros, e Muehe (2006) afavor de uma Geografia Marinha (2016) e, em 2018, sobre a Geomorfologia Costeira e seu desdobramento para a Geografia Marinha. Em termos mais praticos, Philip E. Steinberg (1999), no artigo de abertura da Secéo Geography of ocean-space da revista Professional Geographer, ao discorrer sobre as diversas atividades de gedgrafos nos estudos marinhos, representa um estimulante guia para as opgdes que se abrem para os geégrafos marinhos. Uma vez consolidada a atuagao de gedgrafos nos diversos temas relacionados a zona costeira, & preciso ampliar a expansao das atividades para o oceano através de participaggo em cruzeiros oceanograficos. Muitos estudantes de geografia o fazem ao participar de programas de pos- graduacao, principalmente em Geologia Marinha, e outras especialidades da Oceanografia, quando ganham importante experiéncia pratica e tedrica. € curioso que, por exemplo, na Nova Zelandia, apesar de nao ter cursos de graduac3o em Geografia Marinha, todos os programas de Ciéncias Marinhas, nas mais diversas Universidades e nos mais diversos cursos, tanto de orientacao fisica quanto biologica, aceitam explicitamente candidatos gedgrafos. Significa que ha um reconhecimento da adequagio da formagdo basica de um gedgrafo para ser aceito numa ampla gama de especialidades. Sede um lado a experiéncia pratica em levantamentos a bordo de navios ¢ importante, as técnicas de sensoriamento eo emprego de sistemas de informaco geografica, ferramentas bem conhecidas pela maioria dos geégrafos, abrem uma oportunidade para estender a pesquisa geografica a0 espaco oceanico, como por exemplo nos estudos de conservacdo e gestao de ecossistemas costeiros e marinhos. A interpretacao de levantamentos batimétricos para a identificacao de feigdes geomorfologicas ¢ uma ferramenta poderosa para identificacao de habitat marinhos, tendo com resultado a geracdo de mapas de paisagens marinhas. A associagéo da ecobatimetria com outras técnicas de mapeamento da morfologia do fundo marinho, como o sonar de varredura ou de multifeixe, aumenta o detalhamento das feiges morfologicas que por si representam um importante elemento de caracterizagio do ecossistema, Uma dimensdo adicional pode ser incluida por meio da interpretaco de sistemas aciisticos outros que a batimetria, e que permitem uma interpretacdo da distribuigdo de organismos na coluna d’agua e a estimativa da ocorréncia de peixes e sua classificacao por tamanho. Dados de temperatura e salinidade, ao longo da coluna d agua, podem ser obtidos por medicéo em varias profundidades. 0 mapeamento da distribuicéo sedimentar pode ser feito a partir de amostragens e anélise laboratorial ou, apés obter um padréo do comportamento acistico do fundo, a partir da intensidade do retorno do sinal de acordo com a impedancia da composi¢ao do fundo. Os dados obtidos podem ser representados espacialmente empregando sistemas de informacao geografica Para isso, entretanto, é preciso ter acesso aos dados, geralmente de aquisicdo extremamente cara, tanto em termos de equipamento quanto do proprio navio. € fundamental, nesse sentido, trabalhar junto com oceandgrafos fisicos, biolégicos e gedlogos marinhos, engenheiros etc. e, usando suas proprias ferramentas na busca pela identificagdo de padrdes, relacioné-los a processos, mostrar novas maneiras de interpretar os dados, tornando-se assim parte de uma equipe na busca de soluges, ou de representaco de um problema comum. Para a Geografia Humana os oceanos desempenham papel importante, ndo so na Geografia Politica e Cultural, mas também na Geografia Econdmica. SegundoSteinberg (1999), & medida que aumenta © comércio transoceanico aumenta o papel dos oceanos na economia mundial, deforma que portos efluxos de transporte tém sido objeto de investigacao de geégrafos, assim com o a relacio entre turismo nautico e mudancas ambientais. Mais ainda, muitas das pesquisas na interface homem- meio ambiente analisam os impactos da intervencao do homem sobre a pesca ou 0 efeito da construgo de portos sobre o turismo e sobre a organizacao da cidade, assim como a atratividade da orla costeira e o turismo na transformaco do espaco e no desenvolvimento. ° InTRoDUGKO Ha muito a aprender e contribuir na delimitacao e gestao dos espacos marinhos, na identificagéo de regiées ocednicas, no estabelecimento de critérios na localizacdo e delimitagdo de reservas marinhas, eno uso racional dos espagos costeiros e oceanicos, O espaco existe, & imenso, e precisa ser ocupado. Referéncias bibliograficas BIRD E.CF. Coastal Landforms- An Introduction to Coastal Geomorphology with Australian Examples. The ‘Australian National University, 1965, BOGDADOV, D.V. A map of physical zonesin the ocean. Okeanologya, ni. 1961. BOGOROY, V.G. The problem of zonally in the world ocean. Sovietskaya geografiya systems of, Moscow, 1960. [Traduzido na Soviet Geography, NY. American Geographical Society, 1962.] BONETTI, J; RUDORFF, F.M.; CAMPOS, A. V.; SERAFIM, M. B. Geoindicator-based assessment of Santa Catarina (Brazil) sandy beaches susceptibility to erosion. Ocean & Coastal Management, v. 156, p. 198- 208, 2018. BUTCHER, J. The Moralisation of Tourism: Sun, Sand... and Saving the World (Contemporary Geographies of Leisure, Tourism and Mobility). Routledge, 2005, 176p. CARTER, R.W.G. Coastal Environments. An introduction to the physical, ecological and cultural systems of coastlines. Academic Press, 1988, 617p. COUSTEAU, J-V.; DUMAS, F. The silent world. Harper & Brothers. 1954. DEFANT, A. Dynamische Ozeanographie. In: Einfuhrung in die Geophysik.v.3, 1. Springer, Berlin, 1928. ECKERT, M. Meer und Weltwirtschaft. 1928. EGLER, C. A. G.; GUSMAO, P. P.; SANTOS, B. B. M. Governanga e desenvolvimento territorial: uma visio @ partir da zona costeira do sudeste brasileiro. In: Encontros Nacionais da ANPUR, 2013. Anais... 15, p. 4-18, 2013, FARIA, AP. Dindmica geomorfolégica da costa rochosa do Estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Geomorfologia, v.19, n.1, 2018. FELS, E. Das Weltmeer in seiner wirtschafts und verkehrsgeographischen Bedeutung. 1932 FERNANDEZ, G. B.; PEREIRA, T. G.; ROCHA, T. P.; MALUF, V.; MOULTON, M,; OLIVEIRA FILHO, S. R. Classificagéo morfolégica das dunas costeiras entre o Cabo Frio e o Cabo Buzios, litoral do estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 18, n. 3, p. 5995-622, 2017 FREEMAN, O.W. Geography of the Pacific. John Wiley, 1963, GANDRA, T.B.R; BONETTI, J; SCHERER, M.E.G. Onde esto os dados para o Planejamento Espacial Marinho (PEM)? Anélise de repositérios de dados marinhos e das lacunas de dados geoespaciais para a geracio de descritores para 0 PEM no Sul do Brasil. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v.44, Edicao especial: X Encontro Nacional de Gerenciamento Costeiro, p.405-421, 2018. GARCEZ, DS. Caracterizag3o da pesca artesanal auténoma em di suas reas de influéncia, no Estado do Rio d Janeiro. Tese de Doutorado, Programa de Pés-Graduacao em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2007, 125p GAKKEL, Yaa, The continental slope as a geographical zone in the Artic Ocean. Izv. VGO, n.6, 1957, GRUBER, N.LS; BARBOZA, E.; NICOLODI, LL. Geografia dos sistemas costeiros ¢ oceanogréficos: subsidios para gestio integrada da zona costeira. Gravel, Porto Alegre - COMAR, v. 1. 2003. GUILCHER, A. Morphologie littorale et sous-marine. Introduction aux études de Géographie. Presses Universitaires de France. 1954. LT ” InTRoDUGKO HAUSHOFER, K. Geopol des Patifischen Ozeans. 1925, HERUBEL, M. homme et la céte. Librairie Gallimard. 1937. HESP, P. A; DILLENBURG, S. R; BARBOZA, E. G.; TOMAZELLI, L. J; AYUP-ZOUAIN, R. N.; ESTEVES, L.S. ; GRUBER, N.L.S.;TOLDOJr.,E.; TABAJARA, L.L.C.A.; CLEROT, L. C.P. Beach ridges, foredunes or transgressive dune fields? definitions and an examination of the Torres to Tramandai barrier system, Southern Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciéncias, Rio de Janeiro RU, v. 77,n. 3, 2005, p. 493 508 HOYLE, B. Global and local change on the port-city waterfront. The Geographical Review v.90 n.3, p.395- 417. 2000. HOYLE, B. Port-city renewal in developing countries. The waterfront at Dar Es Salaam, Tanzania. Erdkunde, v.56, n.2p.114-129, 2002 HOYLE, B. Confrontation, consultation, cooperation? Community groups and urban change in Canadian port-city waterfronts. Canadian Geographer / Le Géographe Canadien, v.44 n.3 p.228 ~ 243, Jun 2008. IRELAND, S. The Holocene history of the coastal lagoons of Rio de Janeiro State, Brazil. In: Tooley, MJ; SHENNAN, I. (ed.) Sea level changes. The Institute of British Geographers Special Publication Series 20, p. 25-66, 1987. JOHNSTONE, J. An introduction to oceanography, with special reference to geography and geophysics, 1923. Liverpool, The University press of Liverpool; London, Hodder and Stoughton 1923. Republicado em 2015 em facsimile pela editora Ulan Press, 372 p. KING, CAM. Oceanography for geographers. Edward Arnold (Publ.). 1962 KING, A.M. Beaches and Coasts. Hodder & Stoughton Educational; 2nd ed. 1972. 580 p. KRUMMEL, 0. Versuch einer vergleichenden Morphologie der Meeresriume. Duncker & Humboldt (Publ), Leipzig, 1879, 110p KRUMMEL, 0. Der Ozean: eine Einfiihrung in die Allgemeine Meereskunde. 1902, 242 p. KRUMMEL, 0. Die Bewegungsformen des Meeres in: Handbuch der Ozeanographie, v.I. Bibliothek Geographischer Handbicher. Stuttgart, 1907. Segunda edico 1911. LINS-DE-BARROS, F. M. Integrated coastal vulnerability assessment: a methodology for coastal cities management integrating socioeconomic, physical and environmental dimensions- ca-se study of Regio dos Lagos, Rio de Janeiro, Brazil, Ocean & Coastal Management, v. 149, p. 1-11, 2017. LINS-de-BARROS, F.M.; MANSUR, K.L. Desafios da gestio costeira integrada da Regiao dos Lagos (RJ): uma analise baseada na vulnerabilidade costeira e nos servigos ecossistémicos da geodiversidade. Revista Brasileira de Geografia, v.63, n.1, p.73-97, 2018, LINS-DE-BARROS, F.M.; MUEHE, D. A tradico da Geografia nos estudos costeiros. Mercator (UFC), v.8, p. 77-102, 2008 LINS-de-BARROS, F.M.; MUEHE, D. The smartline approach to coastal vulnerability and social risk assessment applied to a segment of the east coast of Rio de Janeiro State, Brazil. Journal of Coastal Conservation, v.17, p. 211-223, 2013 MARKOV, K.K. Marine geography. Papers of the Fifth Congress of the Geographical Society, USSR, Leningrad, p. 37,1970. [Soviet Geography, v.12, n. 6, p.346-350, Junho 1971), MARKOV, K.K., TRESHNIKOV, AF.; SHEVEDE, Ye. Ye. The geography of oceans and its basic problems. 1975 [Traducao: Soviet Geography: Review and translation. American Geographical Society. Nov. 1976] MARZ, J. Die Ozeane in der Poli ik und Staatenbildung. 1931. MASSELINK, G.; HUGHES, M. (2003). Introduction to coastal processes and geomorphology. Arnold. 2003, 354p. MIOSSEC, A. Les littoraux entre nature et aménagement. Paris, Armand Colin, 3a Ed. 2004. 192p. > InTRoDUGKO MONIE, F; VIDALS. M.S. C. Cidades, portos e cidades portuarias na era da integracao produtiva. Revista de ‘AdministragZo Publica, Rio de Janeiro, v. 40, n. 6, p. 975-995, 2006, MONIE, F. Globalizaco, modernizacéo do sistema portuario e relacdes cidade/porto no Brasil. In: SILVEIRA, Marcio Rogério (org.): Geografia dos transportes, circulacio e logistica no Brasil. So Paulo: Outras Expresses, Col. Geografia em movimento, 2011. p.299-330. MOREIRA DA SILVA, P.C. Oceanografia Fisica. Fundaclo de Estudos do Mar. Rio de Janeiro, 259p. 1972. MUEHE, D. A Geomorfologia costeira e seu desdobramento para a Geografia Costeira e Marinha, Revista Brasileira de Geografia, (IBGE) v.63, p.29-59, 2018. MUEHE, D. Beach morphodynamic research in Brazil, Evolution and applicability. Journal of Coastal Research, S135, p.32-42, 2003. MUEHE, D. Erosion in the Brazilian Coastal Zone: An Overview. Journal of Coastal Research. S! 39, 2004 MUEHE, D. Brazilian coastal vulnerability to climate change. Pan-American Journal of Aquatic Sciences ,v.5 1.2, p173-183, 2010. MUEHE, D. Geografia Marinha- A retomada do espaco perdido. Revista da ANPEGE, v.12, p.185-210, 2016. MUEHE D. A Geomorfologia costeirae seu desdobramento para a geografia costeira e marinha. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v.63, n.1, p.29-59, 2018 MUEHE, D.; GARCEZ, DS. A plataforma continental brasileira e sua relagao com a zona costeira e a pesca. ‘Mercator, v.4, n.8, p.69-88, 2005. MUROMSEV, A.M. An attempt at regionalization of the world ocean. Tr. GOIN, n.10. 1951, MUSIELLO-FERNANDES, J; VIEIRA, F.V.; FLORES, R.M.; CABRAL, L; ZAPPES, CA. Pesca artesanal e as interferéncias sobre a atividade na mesorregiao central do Espirito Santo. Bol. Mus. Biol. Mello Leitio v. 40,n.4, p.1-21 2018 NICOLODI, JL; PETERMANN, R. M. Potential vulnerability of the Brazilian coastal zone in its environmental, social, and technological aspects. Pan-American Journal of Aquatie Sciences, v. 5,n. 2, p. 184-204, 2010 NORDSTROM, KF. Beaches and dunes nof developed countries. Cambridge University Press, 2000, 338p. OLIVEIRA, P.C; DI BENEDITTO, AP. M.; BULHOES, E.M.R.; ZAPPES, CA. Artisanal fishery versus port activity in southern Brazil. Ocean & Coastal Management, n.129, p. 49-57, 2016. PAFFEN, K. Maritime Geographie. Die Stellung der Geographie des Meeres und ihre Aufgaben im Rahmen der Meeresforschung. Erdkunde, v. XVIII p. 40-62. 1964, PANNOV, D.G. Physical-geographic regionalization of the Artic. Uch. Zap. LGU, ser Geogr. n.124, 1949, PAULA, D.P.; Davis Pereira; MORAIS, 1.0.; DIAS, J.V.A; FERREIRA, 6. A importancia da Praia do Futuro para 0 desenvolvimento do turismo de sol e praia em Fortaleza, Ceard, Brasil. Brazilian Geographical Journal, v.3,n.2, p. 299-316, 2012 PAULA, D.P.; DIAS, A. Ressacas do mar/temporais e gestao costeira, Premius editora. Fortaleza, 2015. 448p. POLETTE, M.; VIANNA, LF. An integrated coastal zone management plan for zoning marine touristic area. Journal of Coastal Research, v. 39, p. 1000-1002, 2004. POLETTE, M.; VIEIRA, P-F. The Strides and Gaps in Brazilian In 448p tegrated Coastal Zone Management: An undercover evaluation of the scientific community's perceptions and actions. Ocean Yearbook, v. 23, p. 670-685, 2008. PSUTY, N.P.; Steinberg, P.E.; Wright, DJ. Coastal and marine Geography. In: Gary L. Gaile, ¢ Cort J. Willmott (ed.) Geography in America at the dawn of the 21st century. Oxford University Press, p. 314-325. 2004. SCHOTT, 6. Geographie des Atlantischen Ozeans. 1926 segunda edicéo. SCHOTT, 6. Geographie des Indischen und Stillen Ozeans. 1935, SHEPARD, F-?. The earth beneath the sea. 1967. i * InTRoDUGKO SHORT, A.D. (Ed.). Handbook of beach and shoreface morphodynamics. Wiley, 1999. 392 p. SILVA, CA. Pesea artesanal e produc do espaco. Desafios para a reflexo geogréfica. Consequéncia Editora. 173p. SILVEIRA, J.D. Morfologia do litoral. In: Azevedo, A. Brasil aterra eo homem. As bases fisicas. Sao Paulo, Companhia Editora Nacional, v.1. p. 253-305, 1964 SPANGENBERG, H. Die Verdinderung des Seeverkehrs im Indischen Ozean seit dem Weltkrieg. 1930. STEINBERG, P-E, Navigating to multiple horizons: Toward a Geography of Ocean-Space. Professional Geographer, v.51, n.3, p 366-375, 1999. TELLES, D.H.Q. Abordagem territorial para a Geografia Marinha: reflexes a partir do planejamento espacial ea gestSo integrada, Desenvolvimento Meio Ambiente, v. 49, p. 336-354, dezembro 2018, TELLES, D. H. Q. Marinas e néutica no litoral brasileiro: aportes metodolégicos introdutérios para a pesquisa 0 planejamento territorial do turismo. El Periplo Sustentable, v. 25, p. 103-134, 2013. UNCLOS - United Nation Convention on the Law of the Sea with Index and excerpts from the final Act of the Third United Nation Conference on the Law of the Sea. Division for Ocean Affairs and the Law of the Sea. United Nations, New York, 1997. VALE, C; NOVELLL,V'S. Atlas de manguezais do Brasil. Brasilia, ICMbio, 2019, v.1, 176p. VALLAUX, C. Géographie Générale de mers. Librairie Félix Algan. 1933. VALLEGA, A. Agenda 21 of Ocean Geography. In: VALLEGA, A.; AUGUSTINUS, P.G.E.F.; SMITH, H. D. (Ed) Geography, oceans and coasts toward sustainable development. Fanco Agnelli, 1998b. 150 p. VALLEGA, A. Ocean geography vis-#-vis global change and sustainable development. Professional Geographer, v.5, n.3, p.400-414, 1999, VALLEGA, A. The regional approach to the ocean, the ocean regions, and ocean regionalization a post- modern dilemma. Ocean & Coastal Management. Elsevier Science Ltd. 45 p. 721-760, 2002. VALLEGA, A; AUGUSTINUS, P.G.E.F.; SMITH, H.D. (Ed.). Geography, oceans and coasts toward sustainable development. Fanco Agnelli, 19982. 150 p. VANNEY, J-R. Géomorphologie des plates-formes continentales. Doin Editeurs, 1977. 300 p. XAVIER da SILVA, J. Processes and landforms in the South American coast. Tese (PhD). Louisiana State University, 1973. 103p. ZENKOVICH, V.P. On the genesis of cuspate spits along lagoons. Journal of Geology, v.76, p. 169-177. 1959 ZENKOVICH, V.P. Processes of coastal development. Oliver & Boyd. 1967. ZUBOV, N.N.; EVERLING, A.V. Morya zemnogo shara. Prilozhenique k BSAM. [Os mares daTerra. Apéndice 20 grande atlas soviético da Terra] Mocow, 1940 Dieter Muehe é gedgrafo, Doutor em Ciéncias da Natureza pela Universidade de Kiel, Alemanha Professor Titular aposentado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Participa atualmente do projeto de monitoramento do impacto dos rejeitos de minério na zona costeira sob influéncia do Rio Doce, ES, (RENOVA), junto ao Programa de Pés Graduagao em Oceanografia Ambiental da Universidade Federal do Espirito Santo. E-mail dieter.muehe@ gmail.com. CV: http://lattes.cnpq.br/6017845 242163890.

You might also like