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; Se A SOCIEDADE HUMANA xmeatsBfoavis A SOCIEDADE aS: a _ Nao € com facilidade que se encon- HUM N | tra um estudo de Sociologia to detalhado A A a como 0 gue, nesta obra, nos apresenta 0 | erudito professor Kingsley Davis. Poucas vézes se tem conseguido encarar com tanta exatidio 0s problemas sociologicos que atormentam a maioria das comunidades hhumanas KINGSLEY DAVIS Uma populagio, ou um aglomerade luniveRsiape pe coLUMLA social, jamais se estende com regularidade sSbre uma regio. Existem sempre grupos esparsos de sesidéncias e, naturalmente, os moradores de um désses grupos t#m mais facilidade em contatar entre si do que com (0s moradores de outros grupos vizinhos. Podem comerciar ¢ ter relagoes de amizade com 05 elementos dos grupos estranhos, mas é sem divida com os componentes do seu préprio grupo que mantém maior afini- dade, Quanto mais escassos so os meios de contato com o exterior e quanto mais limitada € a Area que habitam, tanto mais j intimas sero as suas relagdes de convi- Siar es zi vencia. & Néo é por simples acaso que of indi- || —viduos, desde os tempos primarios da } | | hiistéria, tm procurado viver em comuni- | dades, construindo suas habitagbes _perto ") — umas das outras, nem € por coincidéncia | que surgem os pequenos néicleos habita- ES) cionais que mais tarde dio origem aos { povoades e depois as grandes cidades i © autor expoe com inexcedivel reali- EDITORA FUNDO DE CULTURA ©) dade todas as flutuagées que tem sofrido east |). a8 metamorfoses sociais dos stres humanos € dos enimais, estudando em detalhe a ae I Primeiea ediio brasileira: jonho de 196 PLANO DA OBRA ‘Teadusida. de HUMAN SOCIETY ‘The Macoillan Company, New York Fourteenth Printing, 1961 Vouume Pristeizo Panwriea Pare — NATUREZA DA SOCIEDADE HUMANA 1. © Estudo da Sociedade Humana Sociedade Humana versus Sociedade Aniinal Nozmas Socials ‘Status © Funcio Elementos da Agia Secial Formas de Tnteragio Secunoa Parte ~ O INDIVIDUO E A SOCIEDADE 7. Citime © Proprtedade Sexual: um exemplo 8) Socializagéo 5. Integragao da Personalidads 10. Desorganizagao da. Personalidade Copyright, 1948 © 1949 © by ‘The Mac an Company Vouuse Secunpo ‘Terctima Parte — PRINCIPAIS GRUPOS 11, Grupos Priméria © Secundario 12, Comunidedes Rurais « Urbanas 13. A Multidio © o Publica TH. Casta, Classe © Estentfleacio 15. 0 Casanento © a Familia Quanta Parte ~ PRINCIPAIS INSTITUICOES 16. Ciencta, Tecnologia © Suciedade 17. Institwigaes: Eeondmicas 18° Instiulgoes Politens 19. Teatiuigoes Religiosas Contaidos todos os dictos de publato Senge ergs Seal ou eat a Quis Past ~ POPULAGAO E SOCIEDADE Hote BURBS" De cen N se : we = POPULA fice ing a Ghetto arb ¢ 2. A Heuseto Denoarsca Sko Pato, Rua Agostinho Caoti, 73, que se A Popitlagio ‘Mundial em ‘Transigto Feserva’n propriednde adbve esta trades. Sexra Part — A TRANSFORMACAQ SOCIAL 22, Sigoificado da Transformagéo Social ‘Tercera PaRve Tradusio de M. P. Morema Fino PRINCIPAIS GRUPOS nhl GRUPOS PRIMARIO E SECUNDARIO CCLASSIEIEAGKO DOS grupos humanos, uma das maiores € mais fundamentais distingdes @ a que existe entre ‘0s grupos pequenos e intimos, de um lado, © os grandes ¢ impessoais, de outro. Na formulagéo dessa dicotomia, a teotia sociolégica norte-americana seguiu de modo geral 2 distingio estabelecida por Charles H. Cooley entre os grupos primario e secundario, tal como expressa, em 1909, na sua obra Social Organization. A teoria européia_adotow_ uma distingio algo idéntica, formulada em 1887 por Ferdinand Ténnies entre Ge- meinschoft (relacdes comunais intimas) ¢ Gesellschaft {relacoes impessoais organizadas).? Outros autores sustentaram a mesma dicotomia de uma forma ou de outra, nfo somente por se tratar de um fato dbvio, como também por ter-se tornado fundamental A lassica definigao de Cooley diz 0 seguinte: Por grupos primérios entendo ot gue aio caracterizados por uuma intima cooperagie ¢ asocingso Hente a frente. Sio_ prima sob varios aspectos, sobretuda porque, fundamentais na formagéo hatuleza social «no idesie do Individvo. © renultade da assoutego Intima... "Cuma ‘certa lusso ‘das. individvalidades num toda. com, dle modo que o prSprio ego individual, pelo menos no tocante a virios fobjetives. ¢ 2 vide comum #0 objetivo do grupo.” Possivelmente, forma mais simples de descrever essa totalidade consiste em presenti Ta. como, orgue envolve a especie de stmpatia « identificagso mutua para as’ uals 9 “nos expressdo. natural. ‘Gemiinechoft ond Gear CLsivsins Poe's Verlag), Ye Nessa descriséo, duas coisas sfo dignas de nota: primeito, 6 fato de que o autor pensa em designar uma classe de grupos concretos (na qual inclui as familias, os grupos de folguedos, os de vizinhanga e outros); segundo, que emprega a frase “associa «do vis-a-vis", mas acentua as qualidades especificas das relacbes, fais como “a simpatia e a identificagao matuas". Ambos 0s pontos deram otigem a certa confusio, Reconhece-se, em geral, que fodes os grupos tendem até certo ponto @ possuit as mesmas opiniges e provocar um sentimento de "nds" entre seus membros. fato foi imphicitamente reconhecido pelo proprio Cooley no set esttido subsegiiente sobre a necessatia extensfio dos “ideais primarios” aos grupos maiores, Sem o sentimento do “ads, @sses grandes grupos nfo podem reter a sua coeséo.! Se a associagao primaria ¢, pois, concebida como qualidade inerente fa todos os grupos, nao constitui um meio de separar os grupos concretos em dois tipos chamados, respectivamente, de primario fe secundério, Ademais, tal qualidade particular néo pode ser apresentada como apenas limitada 20s grupos “frente a frente” Existem relaces de natureza amistosa e intima mas que envelvem contatos indiretos (como a amizade entre dois estudiosos que se mantém separados, ou as ligagSes amorosas iniciadas entre soldados ¢ mégas por correspondéncia), da mesma forma que existem outras relagées formais e impessoais envolvendo contatos pessoais (como a continéncia dos militares, ou a prostituigéio).* Conseqiientemente, um exame detalhado da descricao de Cooley parece revelar ceria ambigiiidade. A fim de esclarecer a natureza dos grupos primétios, nossa argumentagio acentuara os seguintes pontos: 1) Existe wm tipo de relagdo primaria, ou gemeinschaftliche. 2) Base de relagéo caracteriza-se por numerosas qualidades inter-relacio- nadas. 3) Com as suas qualidades diferenciais, tal tipo & mais comumente encontrado em certos grupos concretos que nos demais. 4) Os grupos particulares em que 0 referido tipo de relagéo € encontrado com mais abundancia so 03 gue se baseiam em determinadas condigdes fisicas. Comecemos. pois, por este ‘iltimo © caminhemos em sentido contedtio. spake ELssGONTN tos, Plo Metre of Haman sate (Sora Yorks eGo eKUPOS PRIMARIO 1 SRCUNDANIO i” As condigses fisicas dos grupos primarios A idéia de Cooley sdbre 0 contato pessoal “frente a frente” exprimiu. um fato importante, no entanto 0 autor nao 0 analisou suficientemente para verificar tanto a sua mais ampla deducdo como a sua mais estzeita limitacdo. Devia ter compreendido que existem nfo apenas uma, mas trés condigées essenciais que, quando presentes, tendem a produzir os grupos primatios. A primeica dessas condigées € a proximidade fisica (ou vis-a-vis) dos membros do grupo: a segunda, € a exigiidade do grupo; e a terceira, a durabilidade dos lacos. Todas essas trés condigdes — proximidade, exigtiidade e continuidade — parecem igual- mente indispensaveis tanto quanto mutuamente relacionadas. Note-se, porém, que sto condigées fisicas, Constituem, apenas, © cenarfo externo no gual é bastante provavel o aparecimento de certo tipo de meio social. Nao se segue, entretanto, que tal meio deva surgir inevitavelmente sob tais condicées, ou que nao 0 faga sob outras. Muito fregiientemente ocorre 0 aparecimento de uma rela- 80 priméaria, estando presente apenas uma ou duas daquelas condigdes, Assim, “amizades histéricas como as de Emerson © Carlyle nao repousam na presenga fisica”,é mas, sim, no limita dissimo mimero de pessoas envolvidas ¢ na longa duracdo do conhecimento. © essencial nao reside tanto nas condicoes fisicas, como os valéres, a consideracio reciproca, que unem essas pessoas apesar da separagio Fisica. E preciso manter as condicdes tem- porais ¢ espaciais da associagao primaria separadas analiticamente da sua natureza social. O motivo pelo qual cada uma dessas condigdes esti tio intimamente relacionada as caracteristicas sociais tornar-se-a claro somente apés o estudo de tais caracteris- ticas, ‘Todavie, a esta altura convem dizer alguma coisa sobre cada condicéo. A PROXIMIDADE FISICA Para que possa surgir a intimidade @ necessério que as Pessoas se mantenham em contato bastante esireito, ¢ nada Proporciona melhor um contato dessa espécie que a associacio 6 Fame on at, ig 28 us priverars expos Vis-A-vis, isto € pessoal. Ver ¢ falar a outras pessoas facilita a troca sutil de ideias, opinides ¢ sentimentos, © torna possivel a “conversa de gestos” a que se refere Mead. Isso é téo certo que 0 contato intimo ehegou a simbolizar os bons senti- mentos ¢ a identidade entre as pessoas. A troca de carinhos, de beijos ¢ a uniao sexual; o comer e o morar em conjunto; disteait-se, viajac e estudar juntos — tudo isso pode ser encarado como simbolos externos de uma estreita solidatiedade. De fato, tais simbolos podem ser formalizados, como acontece com apérto de mao de um desconhecido, ou com o beijo de um general francés, mas mesmo ésses habitos formais implicam num certo elemento de consideracéo mitua que, em iiltima andlise, provem do papel desempenhado pelo contato pessoal nos grupos. prima rigs. “Parte do nosso horror & prostituigéo procede, aparente- mente, da habitual ligagéo que estabelecemos do contato sexual com a afeicio, eo significado do “beijo de Judas” desaparecetia por completo sem a mesma ligag&o do beljo com a afeigao. Assim, a proximidade fisica proporciona uma oportunidade pata o desenvolvimento dos grupos primarios, dependendo da situagao definida pela cultura © faio de essa oportunidade vie a ser utilizada ou néo. Em primeiro lugar, a otdem normativa regula as condigdes em que ocorre 0 contato fisico. Da mesma forma que entre individuos de condigées diferentes existem geralmente certas barreiras — como se da entre membros de diferentes classes © castas, diferentes religiSes e prolissdes, ow quando se registra identica diferenga de sexo ¢ dade, Essas barreiras impedem que a proximidade fisica fornesa a oportunt dade necesséria ao desenvolvimento da intimidade; assim, mantém a distincdo entre os diferentes estratos © os diferentes grupos. Em segundo lugar, a existéncia de tais barreiras serve paca acentuar 0 fato de que a intimidade fisica em outras relaghes € prescrita peles normas. Por exemplo, a costumeita proibigo do intimo contato fisico entre os sexos serve pata salientar a necessidade © a importéncia désse contato no casamento, Por ésses_dois modes — proscrevendo e presctevendo segundo a ocasiio —, um sistema social consegue controlar a proximidade fisica no interésse da organizagéo social existente. " Nos casos em que o contato fisico & necessirio, mas nao socialmente pres- crito, passa a ser tratado com certa tolerdncia, embora sem qualquer encorajamento, A proximidade fisica num vagao supet- lotado, num restaurante apinhado de clientes ou mum lavatério GRUPOS PRINARIO Es piblico pode ser maior que o considerado correto nas situacdes comuns, embora se reconhesa que as citcunsténcias © tornam necessétio. As vézes, essa proximidade fisica tolerada transfor~ ma-se numa relagio social, 0 que, entretanto, nao ocorre muitas vézes. O efeito da proximidade fisica nas relagGes sociais depende, em altima anélise, da definigao cultural da situacdo. EXIGUIDADE DO GRUPO Um grupo do tipo vis-a-vis deve ser igualmente pequeno, porque @ impossivel estar simultémeamente em contato sens6rio com muitas pessoas. © orador pode dirigit-se a uma audisndia composta de milhares de pessoas, mas isso se da em condigoes especiais © serve para ilustrar perfeitamente a necessidade da exigtidade aliada a proximidade como condigéio favordvel a0 desenvolvimento da intimidade. Sendo iguais os outros fatoces (como a natureza da ocasiao — quer se trate de um espetaculo, de uma conferéncia ou de um entérro), quanto menor 9 grupo maior a intimidade. Indiscutivelmente, 0 cardter do grupo tende a modificar-se segundo as suas proporgoes, ja tendo sido realizadas varias ¢ lnteressantes tentativas para demonstrar a relagéo entre ambos.’ A medida que 0 grupo aumenta, cada pessoa passa a contar menos come personalidade ‘nica ¢ mais como simples algarismo, ou unidade; © grupo tende @ adquirir uma organizagio mais complexa ¢ formal; surgem com mais abundancia organismos re- presentativos € substitutos: as regras da associagdo. tornam-se mais explicitas ¢ os meios de contréle mais oficiaisi e 0 gtupo adquire cada vez mais uma caracteristica propria e separada da dos seus membros especificos. Tratando-se de grupos dema- stadamente exiguos, até mesmo a adigio de mais um membro fez diferenca, Assim, um grupo de tres € notoriamente diferente de outro de dois, © um de quatro igualmente distinto de um de trés, No entanto, quando 0 grupo conta cinco out seis mem- bros, a adigo de mais um nao modifica necessariamente o seu carter, © gue se daria, entretanto, pela adigao de varios outros. 10 € natural, em se tratando dos grupos consideravelmente Vide Grows, Sisst, “The Nomber of Beners a4 Decemining the. Sisal Grey, bende gol utnurion Jonvaa of Seregay, WHE tiuke ES, 28519" How htexch'e "Kom “Hs, Cetra 8 Siiogal "amlgte cals my scien Soto! Revie NIT Cheerciny 1919), fae 12 at peixctPars GnUrOs humerosos, torna-se_necessiria uma adicéo igualmente conside- Ravel para a_modificag’o do seu carater, Nao existe muita diferenga entre uma cidade de 100 000 e outra de 125 000 habi- antes, mas tal diferenga passa a ser enorme entre qualquer uma dessas cidades € outra de 500.000 almas. Num grupo de pequenas proporgdes os membros podem-se conhecer pessoalmente € participar diretamente das suas decisdes. demais, podem desenvolver um cardter ¢ uma intimidade de Grupo com facilidade muito maior (como no caso de uma pequena Sbarcagdo), Se o grupo € maior, é preciso muito mais tempo para o estabelecimento de um completo conhecimento entre seus Peembros. Entretanto, quando as pessoas vivem juntas durante teda a vida, como numa aldeia de camponeses, é possivel que todos se conhecam intimamente, mesmo tratando-se de 200 pessoas ot mais, [sso conduz-nos ao fator tempo como condigao para a associagao de um grupo primatio. DURAGAO DA RELAGAO A intimidade @, sobretudo, uma questio de freqiiéncia ¢ intensidade de associagio. Da mesma forma, quanto mais pro- Tongadamente 0 grupo permanecet unido mais numerosos € pro- fundos so 0s contatos entre seus membros. Os lagos sociais aumentam com o tempo através do desenvolvimento gradativo dos habitos comuns, Uma associacéo continua, da mesma forma {gee qualquer outra experiéncia, transforma-se em parte integrante Yo modo de vida pessoal, Embora marido e mulher possam ter discutido durante dez anos, 0 simples fato de viverem em comum toma-lhes dificil a vida sem a companhia do outro, A nacho é uma entidade duradoura, embora ndo seja pequena nem intima. ‘Assim, parece claro que a proximidade fisiea, a exigtidade ¢ a duragio prolongada séo as condigSes mais favoravels para 0 desenvolvimento dos lagos de intimidade. & possivel que uma dessas condigées se faga presente sem as outras duas, mas a Situagio mais favordvel pasa 0 desenvolvimento de um grupo primario ocotre quando as trés se apresentam em grande propor- Gio. Agora, examinemos mais detalhadamente as qualidades de Associagio que essas trés condigées tendem a desenvolver. Grupos PRIMGMO & sRCUNDAHIO a © carater das relagdes primarias Antes de tudo, wana relagao priméria envolve ama identidads de fins, tal como se da entre as partes, Entre os mesmos fins singe @ prdpria relagSo, como € natural, que nao é enearade pelos participantes como meio para aleancar determinade fim, mas como perleitamente correta om si mesma, Isso signifi que a relacio ado-contratual, nfo-econémica, ndo-politica e nao-especializada, Hm wee de, pessoal. eapenen, seinen ede. seni geral. Uma ligeia explicagao de cada um désses {12:08 prin fetes indicate aun lpoeanias ne Pee ENTIDADE DOS FINS Nama relacéo pris 0 primaia perfeita registra-se uma interpretacao ior een dou ceumlas deters, Dacctoments, on pomee a desejos ¢ atitudes semelhantes de modo a lutar pelas mesmas coisas ¢ a se manterem unidas € de acordo, Encaram o mundo con os mesnos lho, Duis snigos unidos por vi intetase inelectual comm constituem um bom exemph zn exemplo désse fato. Em segundo lugar, registraese uma interpenetracao em sentide mais profundo: cada nia das partes deseja, como um dos seus ebje- tes, o bem-estar da ous. “Pode azontecer que, de shod spe fia € em dada conexfo, uma dese partes pode detins 0 bemvestar da outra de forma diversa da. considerada por esta Stina, mas, em hina andlse, deve acsitar os descos © fins fsicos da outta como sendo seus também. Assim, o individuo gue prgcira distndie om amigo de prossegue com cot Hinhe onduta fé-lo apenas na suposiqao de que aquilo que o amigo pace desejar presentenente ago & @ meso que desea a arde, Pode explicar-lhe, por exemplo, que abandonar 0 emprégo gue oeupa devid a wna desintligencia como chete pov cob te Futuramente, apenas mdgoa. Bsa funcho ~ a de ausilir algae auintrpreiee compreeaeso opi benssas = rapecentsur los grandes valéres da amizade, e implica, no fundo, que por ie mento os fins de um transfoomam-se, também, nos de ute. Ouito exemplo ¢ 0 compostamento da mde que prsjudiea a propr ide pelos ciidados com a saide do filo. Para ele, # saide do filho represeista no sdmente um objetivo supremo como passa avencarar como suas as alegrias © magoas do filho por férca da Compreensdio © simpatia que a une & criansa, E muito raro que a identidade dos fins seja completa, Um hhomem pode desconfiar de seu amigo © mostrar-se ressentido com le: uma ctianga pode contrariar os pais. Ademais, raramente 4 relagdo & absolutamente reciproca; em geral é apenas unilateral, fom uma das partes oferecendo uma contribuigao muito maior que f outta, ‘Todavia, podemos visualizar pelo menos uma assintota fedrica — uma identidade de fins completa e mitua —, que as relagoes primarias procuram aleangar sem, porém, consegui-lo. A identificagao dos fins esté ligada a uma certa fusio das personalidades dentro do grupo, de modo que as experiéncias de tum tendem a estender-se ao outro. Essa fusio pode ser observada, por exemplo, no caso do nervosismo experimentado pelos que nao participam realmente do espetéculo, mas que sé patentes proxi- ‘mos do ator. Bsses, muitas vézes sentem a prova de maneira tio vivida como se estivessem em cena, ou até mesmo mais. Como se passou com a mie de uma estudante que participava de uma representacao teatral estudantil e que, 20 The perguntarem se apreciara 0 espeticulo, respondeu que no Ihe prestara nenhuma Atencio, pois se sentica demasiadamene apreensiva ao ver a filha no palco. Essa fusio de personalidade constitui uma parte impor- tante do sentimento do "nds" descrito por Cooley, ‘Transmite um cariter altruistico a relago, pelo menos em certo sentido do vocabulo, Isso, porém, nao quer dizer que uma das partes sacri- Fique os prdprios interésses em beneficio da outra, mas. apenas, {que os interésses dessa outra so também os seus. Quando a mae sacrifica a propria saiide por bem cuidar de seu filho, nao contraria os proprios fins; pelo contrario, esta apenas evitando a desgésto que teria ao ver o filho softer. Assim, as necessidades da crianca transformam-se nos seus fins. A RELACAO & UM FIM EM SI MESMA Uma relagio priméria, encarada do ponto de vista ideal, nao pode ser aceita pelas partes interessadas como simples meio de atingir a um fim, mas, ao contrario, como um valor ou um fim em simesmo, &, a seus olhos, a propria desculpa de st-io, Quando se cria uma amizade destinada & conquista de um objetivo Gucros PRIEKRIO RB SRCUNDARIO Ey ~ como para efetuar uma operagéo de venda — nfo a encaramos como uma verdadeira amizade. Se um casamento efetuado com objetivos puramente econdmicos, falta-lhe certa qualidade que, na nossa opiniao, deve existir em todos 0s casamentos. valor intrinseco atribuido a relagio primaria ajuda a expl car senso de espontaneidade ¢ liberdade experimentado pelas partes. A relacdo néo é compuls6ria, nfo € um meio para alcancar uum fim superior, mas ¢ intrinsecamente agradavel. Do ponto de ‘a objetivo, tal relacdo pode parecer uma prisio sutil para as partes interessadas. Temos o habito de nos referic a um casal tao unido a ponto de se esquecer de tudo: falamos de “fascinio” de “paixao", de “enrédo”, etc. No entanto, do ponto de vista subjetivo, a relagéo parece espontanea porque puramente volunta- ria. Somente quando uma relacdo intima ¢ imposta a alguém, ou simulada por um motivo ulterior, é que se torna opressiva; nesse caso, dificilmente se encontrar prisio maior. Um caso amotoso, por exemplo, ro qual um dos amantes deixou de sentir qualquer afeto pelo outro, mas que, entretanto, néo pode ser encercado, torna-se extraordinariamente insuportavel. A RELAGAO # PESSOAL No grupo primario o interésse de cada um esta centralizado nos ouitros como pessoas ~ isto é, como objetos de valor. A relagdo desaparece quando dela se afasta determinada pessoa. Para o amante nfo ha ofeasa maior que esta: a de que deve fwatar’@ seu amor deforma “impessoal’... A distingso entre as relagBes' pestoals ¢ impessoats € de imporincia vital noe negocios hhumanos.” As relagdos pessoai, sejam ae de amigo para amigo de marido para mujhe, motivadas pelo amor ou pelo adio, transits fu permantntes, permenecem classficadas 2 parle por si mesmas. ‘mais Obvia c inevitavel qualidade da relagSo pessoal consiste no fato cle ser intransferivel. Aplica-se a determinados individuos que Go podem ser duplicados ‘nem. substitiidos. EB possivel estabelecer linia mova relago. pessoal, abndonar uma antiga, talve> porque a ‘rea propulsora que dew inicio a ima coda lugar ‘cutee, mes & Iinpossivel substituir-um individuo por outro dentro da mesaia’elacho, Se" Helena abandona Merelau e foge com Paris, ¢ absurdo descrover | nova situago como prolongamento da ligaio pessoal de Menelau fe Helena, ‘com Parle fazenco as vézes ‘de substitute, A ligacao pessoal entre Helesa e Menelau prostegue, com o amor transformade cm receio ¢ ressentimento, A ligagio de Helena e Pils € uma nova entidade, una nova relagto, PRINCIPALS GRUPOS Por outro lado, uma relacio capes de sor tramferida de um falivicvo “pars eutto & portanto, ‘mpesoal, Quando 98 cisadaos Secitamt © cepois shandenam. 3. fdelidace devido n0. Estado, quando fs trabalhadores.acetam e depois deixam © service. de uma Fabrica, fguando. os homens se suplontam em tOdas as, diferentes funcoes da Mociedade organizade, as respectivas personalidades si apenas aciden- {ale no tocamte aos iagos politicos, econdmicos cit socials oie neeitam fu evitam. Julgamos que cssas rclogécs existem continuaments fuer que, sejam as pessoas anteressadas.® A relagao primaria @ uma questo de pessoas: existe devido a pessoa, e nao apesar dela. Os cigarros podem ser comprados de qualquer um. Nossa atengao prende-se ao fato de compra-los @ no a pessoa que os vende. Quanto menor a intromissio da petsonalidade do vendedor nesse ato, melhor para 0 comprador. Uma méquina automatica faria o mesmo trabalho, exceto no diz espeito a concedes um abatimento no pr determinado homem ou determinada maquina no nos. quis vender cigarros, outros 0 fare; ¢ nfo tem a menor importéncia © saber quem o Fé, A natureza pessoal da relacdo primaria oferece, ainda, outta conseqiigncia — a saber, gue muitas coisas inteicamente triviais sob outros aspectos podem-se transformar em importantes a seu respeito. “Como sabem os amantes cuidadosos, nfo ha nenhuma distingio externa entre coisas grandes e pequenas no terreno do amor."® Isso porque, uma vez que a relagio € pessoal, tudo aquilo que uma das partes resolva encarar como importante torna-se necessdriamente importante. © essencial ¢ a atitude de cada um para com 0 outro; e tudo o que revele tal atitude, pequeno ou grande passa a ter consideravel significagéo. Um gesto impen- sado, uma observacio idiota bastam para provocar uma discussio. Os acontecimentos nfo sio importantes por si mesmos, mas, sin, passam a representar os simbolos das atitudes subjetivas que cada ‘um assume para com 0 outro. A RELACAO & COMPLETA Numa relacdo pessoal, a pessoa propriamente dita nao é uma abstsacdo, Nao é meramente wma entidade legal, uma cifra econi mica ou um dado tecnolégico. & uma pessoa absolutamente con- ereta ¢ a relacdo envolve-a na sua totalidade, estendendo-se a S. Rosias © ieiuey © Fauers WW, linokeny, Wlat Fr Rpts sh Mansaper cog YET aniaee oy, enh carvros PRIMARIO E SECUNDAIIO todo o seu ser, Seus valéres absangem na as angen no apenas seus aspectos ou atividades particulates, como também todo 0 seu set. Bsse © motive pelo qual 0 conhecitnento prolongade eo contato intime sfo to essenciais na relagio priméria. Cada um chega a conhecer todos os detalhes da vida do outro. Nesse particular, a relagao Primaria listingue-se de tdas as outras relagoes sociais porgite estas ndo envolvem as personalidades em t6da a sua extensio 4 RELAGAO & ESPONTANEA A relacéo puramente primaria ¢ vohmtaria. Nesse particular ndo se distingue da relagdo puramente contratual, ja que, num contrato, as condigées sfio explicitamente estabelecidas ¢ outta parte deve submeter-se a elas, Aclemais, 0 contrato existe por ferca de um objetivo altetior e nao consti uaa fim em si mesmo, ‘omo conseqiiéncia da relagdo pessoal, que sempre depende da vontade de qualquer das partes em qualquer ponto da interacao, € volintario num sentido mais complete: e como alirmamos ante: tiormente, implica, portanto, numa espontaneidade muito mais consideravel dos seus participantes. Como é natural, nos grupos genvinos a prépria totalidade ¢ intimidade da relacdo primaria exercem um grande contréle sSbre 4 pessoa, © contréle da vizinhanca e da familia é total, e muitas vézes © individuo procuta eviti-lo langando-se & vida andnima e muito mais impessoal de um grande centro, como uma grande cidade, A verdade, porém, & que tais grupos genuinos retnem apenas imperfeitamente as relacdes primarias. Exigem grande dose de lealdade © possuem um elemento de status, de institucio- nalizagéio, que os tornam menos espontaneos menos. livres Mesmo assim, porém, © contréle & geralmente aceito pelos seus nenbros. “Ninguém encara as relagdes matrimoniais como dema- siadamenie onerosas, mesmo quando impSem intineras. Timitagses, Quando alguém passa a encard-las como tal, é sinal de que a relacéo involuntitia e, porianto, de natureza nao inteiramente primézia, Grupos concretos relagdes primatias Descrevemos, até agora, algumas qualidades essenciais das relacSes primdrias ~ a identidade dos fins, 0 valor intrinseco € seu carater pessoal, completo e espontaneo. Expusemos. ainda, as condigdes fisicas que favorecem a manifestacdo dessas relagies. Entretanto, tornou-se cada vez mais claro que as relacdes prima- rias, tal como as descrevemos, nao existem em forma concrete. Representam meramente o pélo oposto, a assintota, para o qual se dirigem certas formas de interacdo social que, entre(anto, nunca © alcangam. ‘Tornou-se igualmente bastante claro, como sugere © paragrafo anterior, que nos grupos gentinos do tipo mais intimo @ possivel encontrar certas caracteristicas de um tipo oposto 20s que descrevemos, Assim, 0 grupo exiguo e duravel pode ser caracterizado pelo édio e pelo conflito, de preferéncia ao amor fe & harmonia, Obviamente, pois, subsistem certos probl tedricos que exigem explicagio. Os grupos que reinem de forma mais completa as caracte sisticas da relagio priméria so os mais libertos de guaisquer ligagoes com a organizagio social. Néo implicam em maiores compromissos, em condigio fixa, nem no elemento involuntar ‘Assim, por exemplo, é a relacio entre dois amigos que se mant umidos’ simpiesmente porque 0 quezem, e que nao tém qualquer obrigagio de prosseguir com essa uniao se a mesma perder o inte- résse para um déles. Mesmo em tal caso registra-se inevitavel- mente uma nogdo rudimentar de obrigacdo e nota-se certa estan- dardizagio cultural da relagio, Nas sociedades primitivas, as amizades sto muitas vézes seladas por uma ceriménia, esperando-se a sia duracio por t6da a vida. Na nossa sociedade, porém, so extraordindriamente livses, Quando aumenta 0 numero de amigos, aumenta igualmente o elemento de contrdle e obrigagao; todavia, (05 grupos infantis, gue tém por base a mesma idade e os mesos interésses, corporificam as relacées primérias no mais alto grav. Da mesma forma que a amizade, as relagdes amorosas existentes entre homem e mulher fora dos lagos matitais ou de parentesco possuem um forte carter primario; messe case. porém, a ligacio potencial com o sistema familiar da sociedade coloca tals reluyoes fem situacao. precatia, A vesdade € que tédas as sociedades sto necessiriamente inimigas da plena expressio da associagao primaria, Pata. con- trolar os individuos, precisa controlar as suas relagées. Mesmo nos assuntos de natureza absolutamente pessoal deve definir as obrigacées mittuas. Deve aproveitar-se da afeicao pessoal. do senso de espontaneidade ¢ da identidade de fins para prover uma organizacdo capaz de executar as fungies sociais. Nao pode ppecmitir a associacao individual baseada na simples atracio pes soal ou organizada em bases puramente voluntarias. Ao contrat, deve Jangar mio da [orga propulsora que posstiem €, 20 usi-les, estara inevitavelmente destruindo-as em parte, Assim, e de iniime. ras _maneiras diferentes, limita os contatos de tal forma que a amizade passara a desenvolver-se segundo as linhas funcionais gue estejam de acérdo com a organizacio total. Procura limitan, ou, pelo menos. controlar, os grupos infantis, porque néles reconkece uma f6rga andrquiea. Da mesma forma, limita e controla o amor sexual entre komem e mulher no interésse da reprodusao, da educagao dos lilhos e da continuidade do sistema de estratificagi Reconhece na ligagdo voluntéria desorganizada uma [Orga endr- No entanto, se a sociedade organizada ¢ inimiga da plena manifestacao das relagoes primérias, 6, também, simpatica & sua expresso parcial, "No fundo da sociedade hiiana subsiste 0 ato do contato comunicativo entre uma pessoa e outta, O ego no pode decenveiver-se baseado apenas nos contatos secundéios: pois exige os contatos pessoais, mais estreites, mais intimos. -Requer f seguranca proporcionada por um grupo familiar © esfavel. 0 senso de identidade com os demais, o interésse simpatico © a opiniao pessoal que os outros demonstzam. Endo, 0 complicedo processo da socializacio ¢ manipulado nesses grupos concretos — sobretndo pela familia e pelos grupos de folguedos ~, que acentuam as condigées ¢ as qualidades da associaezo primavia, Tais grupos séo institucionaKzados e organizados, dando a seus membros direitos e obrigagées mituas definidos pela cultura e, como tal, ndo so exclusivamente espontaneos e voluntarios; toda via, dentro do possivel, féz-se uma tentativa no sentido de propor- Gonarlies wna ideatidade de fins, uma avaliacao intinsece do grupo como tal, um sentido de aproximacgo pessoal e um desco- mletimeato’ da ‘vielagio dos contrdes vous _m iltima andlise, a sociedade fase considerivelmente nas condigSes fisicas da formagio do grupo primacio ~ a proximidade a exiidade ea Tonga dutagéo ~ para proporcions sigur das gualidades da associagéo priméria apesar do seu cardter sociale mente organizado. A ésse sespeito, a familia ea vitinhanca (0 grupo territorial local) fornecem o% arquétipos do que pode ser chamado de geupos primarios organizados." Ocorre, porem, que através da maior parte da sua histéria os séres humanos tem vivido sobretudo em grupos caracterizados pela proximidade, pela Rad A tatters da, foilig nomona ¢ mais, smplamente decrta ne Can 18 Roane Lion set bie (sofa oa” pret Cantar 2a a i een rope primis, "recente aromas es exigiiddade ¢ pels durabilidade, Mas, exatamente por terem passado a majo: parte de sua existéncia nesses grupos, éstes dcabaram perfeitanente organizades do ponto de vista social. Por tal motive, as relagSes familiares e, de fato, tdas as. relacdes peasoais parecem mais formalizadas entre os grupos primitivos que Enere nés.-B apenas na sociedade moderna que os contatos secun- aries chegaram a desempenhar um papel importante e que. conseqiientemente, os pequenos grupos primarios foram libertados ide certos encargos da organizagéo social e, assim, ganharam em espontaneidade e informalidade. Grupos secundarios Os grupos secundarios podem ser definidos de certa forma como 0 oposto a iudo que ja foi dito sdbre os grupos primasios, Em primeiro lugar, as condicées necessérias & sua existéncia sio, principalmente, contrarias em carater. O grupo secundavio abrange luma area tao extensa que nenhum de seus membros precisa viver préximo do outro, e € tio grande que se torna impossivel todos ‘05 seus membros se conhecerem pessoalmente. Embora possa ter consideravel duzagéo, as relagées pessoais désses membros podem ser as mais breves possiveis. Em segundo lugar, suas caracteristicas surgem geralmente no exttemo oposto das tegis- tradas no grupo primirio, Envolvem relagées que nao constituem fins em si mesmas, pois so relacdes impessoais e incompletas. Entretanto, essa forma de definicdo dos grupos secundarios nao € inteiramente satisfatéria. Para que um grupo organizado possa existir, deve possuie alguns dos elementos que citamos no caso do grupo primario, Deve possuir certo grau de identidade dos fins por parte dos seus membros: deve ser considerado por éstes como um valor, um fim de si mesmo; e deve ter duracio prolongada, A naco moderna, com milhées de cidadaos, mostra fa necessidade das caracteristicas désses grupos primatios: entre tanto, és a encaramos como um grupo secundario. O mesmo & verdade no tocante a um poderoso sindicato trabalhista, a um exército, a uma associagdo cientifica e a qualquer outro grupo em desenvolvimento, independentemente das svas proporgoes. B menos verdade, porém, no que diz respeito a vma cidade, j4 que por forca das atuais condigées de vida a populacao de uma cidade constitui um grupo de natureza bastante indefinida. Desde que © CRUPOS PrIMGRIO B sacUNDAnIO grupo secundario seja verdadeiramente organizado © nio repre- senfe uma simples categoria estatistica, possui alguns dos elementos gue jé designamos como inerentes a0 grupo primério. ‘Lemos, pois, uma distincao sem uma diferenga? Nao, porque a verdadeira diferenca entre uma associagao primaria e outra secun- daria diz respeito no aos grupos propriamente ditos. mas aos tipos de relagées que constituem a sua estrutura. A nacko ¢ chamada de grupo seeundario porque seus membros, como tal ‘nip tém relacoes intimas, pessoais, calorosas, Tém-nas a outros, respeitos — como membros das familias, das aldeias, das frater- nidades, ete. — mas no apenas por serem cidadios da mesma nao, Sémente quando duas pessoas se encontram em terra estrangeira, e muitas vézes nem mesmo assim, € que o cidadao comum se vé privado do ambiente necessétio 4 associagao intima Todavia, de um modo qualquer, a nacio deve ser personalizada, simbolizada, representada e dirigida pasa poder operar como grupo. Precisa contar com a lealdade dos seus cidadaes. E isso significa a existéncia de um trago comum, embora impessoal, entre éles. Devem-se sentir membros de um grupa maior e dispostos @ s sacrificar pelo seu bem-estar. Como é natural, no centro nervoso désse grupo hé que existir uma pequena unidade integrada pelos lidetes politicos e pelas autoridades que se conhecem entre si por forca das respectivas posicdes que ocupam na estrutura do grupo. Entretanto, como entre as grandes massas de cidados a expressao do laco comum née repousa sBbre a intima interacio pessoal, mas. sim, na comunicacéo impessoal e indireta realizada através do jornal e do radio, a representagio formal pelo voto € a devocdo aos lideres sio conhecidas apenas a disténcia. © crescimento désses grupos enormes e impessoais constitui um dos mais fasci- nantes capitulos da histéria da sociedade humana. A muitos respeitos chega a ser um capitulo inteiramente novo, porque a proporcéo em que a vida atualmente controlada pelo grupo impessoal jamais foi igualada. E bia a natureza dos contatos secundatios. Podem set pessoais (vis-a-vis), mas, se 0 forem, pertencem ao tipo pegue-e- argue. © contato com © motomeiro de bonde, com © garcom ‘ou com o caixa do banco, ilustra perfeitamente a tese. Muitos contatos sio completamente indiretos, conduzidos através das comunicacées a longa dist€ncia, nas quais as duas partes jamais, se véem. Assim, o agente de seguros pode chamar ao telefone tum cliente ext perspectiva e resolver todo 0 negécio pelo telégeafo, pelo correo ou por meio ce um cheque: ou o estudioso que vive a mmilhares de quilometros de distancia pode pedir por escrito a remessa de uma obra cientilica sobre a qual leu algumas referéncias. Na realidade, grande parte dos negécios essenciais do mundo moderno € conduzida através de contatos impessoais, quer se trate dos de tipo vis-a-v da variedade indizeta. Tais contatos nao implicam necessariamente em qualquer identidade de fins, como se dé entre as partes interessadas, nenhum inferésse outea parte como um fim prépriamente dito, nenhuma eoncepcio da relagio como um fim em si mesma, nem em qualquer especie de sentimento atribuido ao contato, Nao exigem que as partes se conhecam enire si de modo completo, mas apenas de forma bastante especial, e quando caso modifica a natureza da relagio © fato néo fem 0 menor significado. Uma das partes pode ser substituida pela outra sem afetar a relacéo. © contato & encarado simplesmenie como meio para atingir a um fim e abandonado ime- diatamente ap6s a modificacso dese fim. E juntamente com a outta parte, € tratado de forma racional, Em outras palavras, © contato ‘secundario entrou para 0 espirito do calculismo: racional — no tocante sua manipulagio tecnolégica, econdmica e politica. Um dos melhores exemplos da relacio secundaria ¢ 0 do contrato. (De fato, fodes os contatos secundarios paderiam ser encarados como de natureza contratual, alguns sendo apenas informais e efémeros.) Cada uma das partes contratantes entra ng acérdo com um objetivo definido, que pede ter pouca rela com o da outra, Pretende conseguir as maiores vantagens possi veis do contrato, e néle poe apenas a parte exigida dos préprios interésses; assim, sua cesponsabilidade é limitada. Todos os pormenores sio explicitamente expostos ~ a contribuicia de cada ‘uma das pattes, seu Iucro, duracio do contrat ¢ circunstancias gue o cercam. “Em caso dle desacordo entre as partes, a lei garante apenas os termos do contrat, O que néo fér declarado expressa- mente nfo faz parte do contrato, Sentimentos e motivos nao so considerados. As pattes poclem-se odiar ou querer bem; podem-se conhecer ou no; podem professar ou néo a mesma eligiao, ow Pettencer & mesina classe social. Em suma, a relagio contrattal € wm instrument racional. Nem ela, nem a outra parte, oferece qualquer interésse intrinseco para quem faz um contrato; ésse interésse reside apenas no objetivo a ser alcangado cujos meios omupos PRIARIO B SECUNDARIO Obviamente, nenhum grupo organizado pode viver na depen déncia exclusiva das atitudes secundérias ou contratuais registradas cnise seus membros. Quer se trate de um sindicato ou de um exército, de uma paréquia ou universidade, precisa receber dos respectivos membros uma certa dose de lealdade e devocao para (© grupo como um todo, e certo apégo aos padrées institucionais ‘que formam a sua estrutura. Mesmo uma emprésa comercial, estruturada de tal modo que, virtualmente, tédas as relacoes sio pretensamente contratuais, néo podera ft identidade dos seus membros com a organizacao como um to Qualquer que seja 0 grupo, deve possuir alguma base de fidelide € identidade que contribuirdo para apoiar os dispositivos que tornam possiveis as relagdes secundrias ¢ contratuais, Os con- tratos que nao forem executados perdem todo o valor, e s6 podem si-lo pela vontade das pessoas interessadas manifestada perante os tribunais. Se o contato urbano diario com estrangeitos néo 1: de certa forma submetido a uma regra, se no for regido por consideragges de honestidade, lealdade, costesia e conveniencia. dai Fesultaré 0 caos; e € em nome da coletividade ¢ tomando por base 0 sentimento que essas regras si0 apoiadas, As atitudes de lealdade ¢ identidade néo se desenvolvem automaticamente. Surgem como resultado da comunicacio de tum jndividuo para com outro, sobretudo do tipo de comunicagao registrada nas relagées pessoais intimas. Por ése motivo, os grupos primarios sio essenciais existéncia dos grandes grupos secundatios. E mo geupo primario que © individuo, em seus estidios de formacio, se identifica com os outros adota as suas atitudes. Néle adquire os sentimentos de amor, liberdade, justica ¢ de propriedade posteriormente atribuidos ao grupo secundario; néle, nas relagGes pessoais ¢ duraveis, tais sentimentos so conti- nuamente_renovados e fortalecidos: ¢ néle, ainda, é conseguida 1 expressio do ego no “nés” do todo. Esse lato explica por que motivo a familia & tho freqiientemente chamada de base da socic- dade € 0 grupo infantil de folguedos a melhor escola para o futuro cidado, '! Sem ésses grupos psimarios, os grandes grupos ios seriam como arvores sem raizes: cairiam a0 préprio Por isso, 0 grupo secundério, independentemente de suas proporcées e da sua impersonalidade, deve articular-se com 0 Primatio, Seus membros precisam associar-se nfo somente nos 1 Gh Goousy, op. it, pa, 3250 PRINGEAIS GRUPOS contextos secundatios, como também nos primatios, ¢ ambos devem-se integrar estruturalmente. Dai verificamos’ que todos os grupos primérios contém os elementos da organizecao social segundo as formas estabelecidas, justamente como ocorre com todos os grupos secundrios (pelo menos no tocante a atitudes e sentimentes) que contém os elementos da associagio primaria, Os dois tipos de grupos sio simbisticos ¢ intespenettados. Entretanto, 0 grupo maior nao depende exclusivamente dos contatos primérios para manter a fidelidade e garantic a coesio, Serve-se dos contréles impessoais, da comunicagdo indireta e da organizagéo burocratica. Enquanto que no grupo primario o indi viduo é controlado principalmente pela manifestacao informal das atitudes alheias — intrigas, ostracismo, retitada da afeicio, discus. sto franca, etc. — no grupo maior passa a sé-lo em parte pela lei e pela competicéo econémica. Vé-se préso a uma rtde cujo funcionamento é sobretudo impessoal, tocando-o apenas nos con textos especializados mas de modo a permitir que éstes sejam afirmados de maneira explicita ¢ medidos quantitativamente. As regeas so aplicadas a todos os do grupo, ¢ tima vez se apliquem a grandes quantidades nao podem Ievar em conta 0 homem com- pleto. Tratam-no como um niimeso, uma entidade esfatistica e legal, mas dificilmente humana, Consegue informat-se sobre o grupo como um todo através de fontes impessoais — o jornal, 0 radio, a conferéncia, os ruméres inconseqtientes. De fato, tal informacio muitas vézes diz respeito a determinadas pessoas, as autoridades ou a elite do grupo; ¢ freqiientemente faz-se um esférco no sentido de personalizar © mais pessivel os meios popu lares de comunicagéo por intermédio de entrevistas polo radio, das colunas sociais, das palestras e das campanhas populares. etc Qs simbolos do grupo sao apresentados da forma mais concteta € colorida possivel e caleuladamente manipulades de modo a stingir os sentimentos da massa. Além disso, em altima analise 8 comunicacao ¢ ditigida a um niimero tio elevado de pessoas que no pode deixar de ser impessoal. Mesmo quando a voz e a fisionomia do lider entram nos lares através do radio, da televisio € da rotogravura, mesmo quando as colunas sociais narram diaria- mente seus feitos, éle continua afastado: ser-Ihe-ia impossivel conhecer ‘um dos seus adiiradores se 0 enconteasse na rua © Certamente nao podia ter qualquer intimidade tanto com éle como GRUPOS PRILRIO EB sECUNDARTO com os seus semelhantes. O grupo sceundirio tenta por todos os meios vencer o senso de impersonalidade, retendo, ao mesmo tempo, a eficitncia oferecida pela organizacéo impessoal. O sucesso conseguiido nesse terreno pode ser medido pela vitalidade dos grupos secundérios observada no mundo moderno. Embora fracassem ocasionalmente, éles representam, como uina d da organizacio social, um sucesso extraordinasio dos tempos mo- demos. Conclusio A distingio estabelecida entre os grupos primario e secun- dario corre o risco de ser confundida. Um "grupo", em sentido literal, designa um aglomerado fisico de pessoas, como a multidae que assiste a um jogo de futebol. Por outro lado, o térmo ¢ freqiientemente usado para significar um grande nimero de pessoas envolvidas ¢ uma ou mais espécie de interagio social padronizada; consegiientemente, os membros de uma associacao juridica estatal constituem wm grupo. A diftculdade reside em verificar que, nesse sentido, o mesmo individuo pode pertencer a varios grupos diferentes, e, portanto, precisamos desprezar a idéia de pensar em grupos como entidades fisicas. Na argumen- Iago anterior verificamos que mem sequer em seu sentido nio- fisico os grupos podem ser classificados como inteiramente primarios ou secundarios. & muito mais facil classificar os contatos € as relagées especificas como integrados numa ou noutta dessas duas categorias, e foi sobretudo isso 0 que fizemos. Entretanto. em filtima andlise, verificamos que as condicbes ¢ as caracteristicas da chamada associac&o priméria ou secundaria variam indepen dentemente até certo geau. Relagao inteiramente primaria € a que combina todas as condicées e caracteristicas contidas no fim primatio da escala. Tal relacao pertence ao tipo ideal que ado existe na atualidade. © mesmo & exato no que diz respeito a uma relacdo secundaria completa. Portanto, os grupos a que chamamos de primatios sto simplesmente aquéles ligados entre si por relacdes que demonstram uma preponderancia das condicoes fe caracteristicas primérias; © os que chamamos de secundarios sfo os que se acham igualmente ligados entre si por relacées que exibem_idéntica preponderancia das condigées e caracteristicas secundarias. RELAGOES PRIMARIA B SECUNDARIA 1s de Grupos lo de Relarses Con Grupo de f z é i 2.7 3 a gaa: 4222 ie i tis: $s 4 3 3 3 dade. Funcionanento dos contrles informais, Sent 3 é aa vriviniaa Corporatio Nasi, do, Vendedor-fegus, rangmento externo, Of pessoa, de con Conthecimento expecta ae Disparidade dos fins 2 25 ao6gé vrayannoas ancros PRDY Para conveniéncia do leitor, na recapitulagéo dos pontos ventilados neste capitulo, anexamos um quadro que fornece as prineipais condicSes e caracteristicas dos dois tipos de associagao, através de exemplos dos grupos incluidos em ambos os lados da dicotomia, Referéncias RC. Angell, The Integration of American Society (Nova York: Me- Graw-Hill, 1941) Estudo dos efeitos da multiplicagio © da evescente difeeenciagio dos ‘grupos na sociedade norte-americana, Como fal. dicito em detalke 08 geupos Sets. Albert Blumenthal, Smaff Town Stuff (Chicago: University of Chicago Press, 1933} Com a maior parte dos nocte-americanos vivendo preseatomente na: Jireas urbanas, as pequsnas cidades dos Estados Unidos, t30 caractristica do passado, correm 0. risco do. esquocimento, A deserigao de Blumenthal de ma desscs cldadectnhas € {G0 soctologica como impressionists. Registea oieadaneate 0 sabor da. pequena comunidadle como sendo wn grupo pre Charles H. Cooley, Socia! Organization (Nowa York: Scxiboers, 1920) Pane 1, “Beinary Aspects of Organization’: Cap. 20, "Formalism and Disorganizatian Estado clissico relatieo a natureza dos grupos primécios Ellowort Faris, The Nature of Human Nature (Nova York: McGraw. Hil 1937). Cap. 4, “The Primary Group: Essence or Accident Ji citado no texto, dese Stim ensaio sustenta que um gripo & primieio dovido Ge rslaydee dos sees membros, e nod proximidade espacial ou & pprloridads temporal Earle E. Eubank, The Concepts of Soctology (Nova York: Heath 1032), especialmente pigs. 135-156, ‘A natureza dos grupos (human plurels) © os problemas da sua classificacio, Richard T. LaPlere, Colfeesive Behavior (Nova York: McGraw-Hill 1938), Cap. 5, “Conventional Behavior": Cap. 6, "Regimental Behavior’ Cap."7, “Formal Behavior"; Cap. 8, "Congenial Behavior Interessantes obserecoss bre. tipox de inferaydo. do exteemamente Focmal ao extremamente informal ‘Robert M. Maclver, Society (Nova York: Rinshart, 1937), Cap. 12 “The Primary Group and the Large-Seale Ascoclasion”. Um dos. melhores tratodos: tobert Redfield, Folk Culture of Yucatan (Chicago: University of 70 Press, 1941), especialmente 0 Cap. 12 nauanto todo 0 Livro dis respoito 30. pr sao da sociedade do Iveats, 0 Capttulo 12 > ‘estudo, indicando 0 gra do seculerlzasao @ individualizagio. © sas orespondontes caaeteristeas Robert Redfield, “The Folk Soviety", publicado no American Journal of Sociology, Vol. 52 (Janciro, 1947), pigs. 29 seiko (Fe Scott © George aos, 278.257,0° " Amesican fe Widens trando 0 oper da eli bre 2 dao Frederic 8. ‘Thrasher, 7 muta Press, 1936), Y Thesher, The Gong (Chicago: Universe bandon [i SOME std de piney tan Whicheag Fe dees ty at 8208, Chicay, sity Press, 1936) in @ Beee Society (Camtyidg mento do ate aS 2 e460 pend - feat dee ey aan na tia 138 grandes tcessidade Cope ee Maga, Berane racy M6: tradusido por Hp SSOOHY (Nova Yorks craey ido por HH. Genial of Wilt Bi) EO, Unter Utne mate na Louis Wirth, © Fen Sectoid Be OI SOS Commune ‘ssertae3o convincente oh td flevercire 1948) ner Wile??HOr eas reagses etre Bastante. on™ oo ee mth kt Harvard nein ao en Max’ Weber, Bursa NEESGHE a natresa de burctrecin. cap Universtiy of Hotana 90868 de ame pac imboll "Young ciety ap love Reece Be SOIC: A Sindy of ‘1 Ay ueiety nd Cltace (Ne yh American Boge Gao! Ph Con. Te beget (Nova mary Comms coment, ited sibre a visahan endo eleréncs escothidas M6 FUEAl Ome una com Midade print © popular, inet: Se Tid’. jumeas 12 COMUNIDADES RURAIS E URBANAS Vouristo-vos acora para um tipo especial de grupo tersi- torial ~ a comunidade — onde a participagao € deter- eriormente, no que minada pela diviséo de um local imediato. Pos concerne ao estado, os grandes grupos tettitoriais serio consile- rados em outro ponto em conexio com a familia e 08 grupos afins, Agora, porém, 0 grupo territorial local, de importancia universal na sociedade humana, exige uma analise. Que constitui uma comunidade? Uma tentativa de definicao capaz de abranger idas as comu nidades humanas enfrenta o mesmo problema que se apresentou no caso dos grupos primario © secundario. Pode-se lancar mao de um eritésio fisico (neste caso, a proximidade territorial) e de E uma vez que nenhum dos dois pode, isoladamente, um social. preciso considerar a auibos. dofinie a comunidade, PROXIMIDADE TERRITORIAL Uma populacio jamais se estende com regulatidade sobre uma regio. Existem, sempre, grupos esparsos de residéncias e, inevitavelmente, os motadores de um désses grupos acham mais facil entrar em contato entre si que com os moradores dos outros Podem comerciar com os estranhos, mas fazem mais Julgain mais conveniente visitar, orar, grupos. negécios entre si tir-se, trabalhar ¢ palestrar entre gles que com qualquer estranho. want mais escassos os meios de comunicacéo € mais exigua a primatio. Por outzo lado, quanto mais rapidos os meios de inte: facie, maior o tamanho potencial da comunidade e de natureza mais secundéria sua estrutura social. Essas pessoas pertencem 2 determinada cominidade porque vivem mais préximas do seu grupo central que de qualquer outro Nao € acidentalmente que os individuos residem juntos. A. proximidade facilita o contato, oferece protegao e torna mais facil fa organizagdo e a integracio do grupo. Dentro do agrupamento, Eriam-se e desenvolvem-se padroes de distribuicao espacial que servem paca simbolizar e tornar mais eficiente a estrutura do grupo. Entre os Serentes, povo primitivo da Amazonia, a sede Ga comunidade é trocada de tempos em tempos, mas tédas as Vézes que isso ocorre cada maloca recebe a mesma localizacio espacial com referencia as outras (segundo o proprio cla ¢ ligacoes muituas). Idéntico uso da padronizacdo espacial fot observado em Outtas. sociedades primitivas. Malinowski diz o seguinte sobre uma aldeia Trobriande: ravessanos © hosgue € encontramo-nos entre dias fileiras de casoa eonstrucng em eiveulos coneentrcos em (Geno de un grande vie tous a al fede residsaclas © 0 inde de iahame 9s forma a alimentagso bislea dae natives, « guarded entre uma cofhela Tams surpresos como” acabamento, com 2 cOnsrusio ue ditingse ces jae com a garrdice. da decoracd das cares de reste ‘Bmbse as contragoes © Voltadas para ov centro... Um grande armazém pertencente a0 chele Erguese ho sieio do. espaco central. Proxim 20 circulo, mas ainés fo centro, cleva-se utra grande coustructo, a cabana do chet TEaca’ diporigio singularments simeivien da nldein 2. dosportante porque representa um esquema.sociologico defile. A parte terior Serve de paleo vida publica e festiva, Dela fazent parte 0 antigo emitéslo dos aldeses, enum dos extremes fica o local destinado as flangas, teatro. das celebragbes festivas ecerimoniais.... O eirculo Internode armazéas (que cercam 0 espavo eeutral) desfruta. de um Cordier quase sngrado, com os umeroeos tabue ealocados sabre cles. Arua que core entre as. duns filsizas de construgbes € 0 censrio a vide domestica cdot acontecimentos da vida dideia... A praga Central pode ser descriin como # parte masculina da aideta, sendo fa rua reservada as mulheres. Trowansw Marrow ntl (avons Yorks Hatcost Bese, i COMUNIDADES RURAIS B URDANAS s Nas cidades norte-americanas, a competi¢ao econémica & social cria padrdes tipicos de segregacdo dos grupos étnicos e dos estratos de classe. Em suma, muito embora a forma da comu- nidade possa variar de uma sociedade para outra, sempre existe uma que utiliza em sua estrutura social as possibilidades oferecidas pela proximidade territorial. Existe sempre um centro, um local onde so celebrados os acontecimentos de grande importancia interésse da comunidade. ali que 0 aldedo, sem plena compre- ensio do fato, homenageia tudo aquilo que afeta a comunidade. Finalmente, a comunidade € sempre o centro de uma regido muito mais ampla de exploracio. Essa regido maior, ou interior, pode ser colonizada ou nfo. Em caso afirmativo, seus habitantes podem ser membros afastados da comunidade, ou membros de outras comunidades menos rigidas. O grau de contato esfuma-se impereeptivelmente & medida que a distancia e outras barceicas afastam interior da comunidade propriamente dita. Quanto maior 0 nicleo central e maiores outros elementos, maior também deve ser o interior. PERFEIGAO SOCTAL A comunidade & 0 menor grupo tervitorial capaz de abranger todos os aspectos da vida social, Embora o lar seja um grupo contiguo menor, possui, também, objetivos mais limitados. Por outro lado, a comunidade € um grupo local suficientemente amplo para incluir t6das as principais instituicdes, todas as condigdes € Interésses que constituem uma sociedade. Eo menor grupo local possivel, e muitas vézes é uma sociedade completa. ‘A comunidade nfo exige, como o cli, a gang. a massa, os negécios ou a igreja, a existéncia de outros grupos extemos c independentes. Em muitos casos, integra uma organizagio mais ampla, como a iribo e a nagéo, 0 que, porém, nao € necessario; ©, mesmo assim, a verdade é que a maior parte da vida social do individio decorze dentro da sua comunidade. Da mesma forma, a rea comum da residéncia implica numa vida comutn. Conseqiientemente, os fins da comunidade sio mais defini- tivos que os da maioria de outros grupos, pois abrangem e trans cendem os fins dos grupos especificos existentes no set seio. A comunidade nao pode ser parcial, nao pode ser identificada com qualquer outra instituigdo ou grupo particular gue a constituem, porque consiste exatamente nas ligagbes interinstitucionais ¢ inter- pos que dio corso a0 tode. Sens fins silo os padres pelos Srp. Sajustam oo dteitos de compete dos grupos componente, Iso da transcenccacia aos fins da comunidade e falos imediata- mente mais distantes, mais nebulosos, ¢ mais difusos que os fins dio grupo especifico com o qual © individuo comum se encontra fem contac mais intimo. Tipos de comunidades Na classificagio das comunidades, & preciso langar mao de quatro critérios inter-relacionados, a saber: 1) 0 miimero da popu- lagdo; 2) a extens&o, riqueza ¢ densidade demografica do inte- rior; 3) as fungdes especializadas da comunidade dentro da sociedade; e 4) 0 tipo de organizago da propria comunidade. Esses critérios permitem distinguir entre as diversas espécies de comunidades primitivas, entre as primitivas e as civilizadas, e entre as rurais e urbana BANDOS E ALDELAS PRIMITIVAS © que estabelece o primitivisme do grupo local em contraste com a sociedade civilizada ¢ a sua exigiiidade, seu interior esparsa- mente habitado e inculto, sua separacao das outras comunidades sua organizagao social comparativamente simples. A exigitidade da comunidade e 0 carater inculto do interior esto, ambos, ligados & tecnologia antiga. As dificuldades de transporte limitam a extensio, © as técnicas rudimentares empregadas na caca ¢ no amanho da terra limitam igualmente a intensidade da sua explo- racio. Geralmente se admite que as populagées que se dedicam a colheita, & pesca © & caga devem ter naturalmente aldeiae meno: res que as dedicadas & criagio e & agricultura, mas so tantos os fatores que além da tecnologia entram em causa que as generali- zagdes feitas sdmente nessa base sic corretas apenas em certo sentido, As aldeias de pesca proximas de aguas piscosas podem abrigar maior nimero de habitantes que as aldeias agricolas loca- lizadas em solo pobre. Entretanto, tendo em mente que a tecno- ogia empregada na producao de alimentos € facilmente relacionada a outros fotéres, podemos concordar com a seguinte descrigio de inton Onde nao ha confianca no coméreio ¢ na indistia, o Iinite maximo para os grupos agricolas parece variar de 350 2-40) alma. Mesmo isso exige um solo partieularmente frtil © emprigo de téenieas agricolas bem desenvolvides, © ese proporséo, raramente € atingida. Encarando 0 mundo como um todo, de proporyio Fegistada para os aéeleos agricolns situase provivelmecte entee 100 © 15D. pessoas. Os criadores, que diepdem de iatlos de transporte mals desenvolvidos, podem, gragas a sua freqiate movimenta viver em quase to cofsiderdveis como a dos agrcultore, Os bandos de cacadores so. geralmente mito menoces, Nas regides dle escassas proviedes de alimentos podem-se limitar apenas a. dez joa qulnze individuos, a0 passe que em condicdes consideradas “coma Guimas rarantente Uiapassam de 100 3150.2 A zona interior do bando primitive pode oferecer grande espaco para cada pessoa. A populagio aborigine da Calilérnia foi calctlada em apenas 150000 almas (isto é, um habitante por mie Jha quadrada), e da Australia em 250000 (cérca de um habitante para 12 milhas quadradas).* O nomadismo permite a um pequeno gnipo estender-se sobre um grande territério, Geralmente os poves némades nao vagueiam eternamente e a ésmo numa Gnica diego, perfazendo de preferéncia um cirewito regular. A comu- nidade ‘move-se pela respectiva zona interior, estabelecendo-se de cada vez em pontos diferentes. Isso permite ao pegueno bando explorar um vasto territério, apesar da escassez de meios de comunicagao e transporte. As matores aldeias primitivas so as que praticam a agricultura nos ricos vales aluviais possuidores de solo inexaurivel. Todavia, as comunidades agricolas menos felizes so obrigadas, pelas pré- prias condigées do solo, a se transferir apés certo niimero de anos, praticando, assim, cerla forma de nomadismo agricola. O fato ecorreu, por exemiplo, com os indios do vale amazénico e com os Vedas, da Cilio. Deyido ac préprio isolamento, a comunidade primitiva ¢ mais auto-suficiente que a cidade moderna, grande ou pequena, € mais uma sociedade em si mesma, motivo pelo qual constitui o tipo mais, puro de comunidade, Suas fontes principais de contato interco- munidade sio 0 casamento, 0 parentesco e 0 comércio. Exceto através do casamento, € bastante limitada a mudanca de residentes (Rar Tixton, S. Rove I Loves, fnrodation to Coltaral Avdiopolgy (Sova Novks Risser 2p gi BD, th Tha sal denials demastiey da B.S- Ade, pens Study of Mon (Sova York: ArpltonCenuey, 1996, pRiveirais GRUPOS 8 fe uma aldeia para outra, E, embora nas ocasides cerimoniais de ma alge Pi ete, posto seuninae, prevalece, aide, © Principio da vida quase cxchusivemente restrita & esfera local Enquanto vigora ésse localismo, cada bando ou aldeia tende ‘a possuir uma cultura ligeiramente diversa das outras, E, uma vez que raramente o individuo deixa o bando, absorve essa cultura Dprincipalmente através do contato intimo © constante com seus Inembros, Seus sentimentos de lealdade e interésse esto ligados dos do grupo local onde so encontradas quase tédas as suas mais intimas ligagdes, inclusive as de parentesco. E nao é raro que ‘os membros da mesma aldeia experimentem um vago sentimento de parentesco entre si, ¢, de fato, muitas vézes so realmente aparentados, como, em casos extremos, & acentuado pelos tabus do “incesto de aldeia Um dos primeiros passos verificados com 0 desenvolvimento da civilizagéo € 0 desaparecimento do localismo ¢ 0 crescimento do contato intercomunidades. Muitas das coisas desprezadas ou presentes de modo apenas rudimentar na comunidade primitiva ‘sfo as leis, a escrita, a cigncia e um sistema especial de educacao = todas fundamentais na vida civilizada, As instituicoes da comunidade primitiva possvem carater pouco diferenciavel, entre- tecidas nos mesmos padrées coneretos e dando comunidade uma corporatividade organica que falta a muitas das cidades modernas. Por isso, o estudo dessas comunidades @ mais facil que 0 das comunidades modernas como um todo funcional organico. A comunidade moderna, que é mais que uma parte eepecializada de um todo mais amplo, ndo pode ser compreendida quando encarada apenas através de sous préprios térmos, Cada segmento pode estar mais intimamente ligada aos segmentos idéaticos de outras comunidades que os dessemelhantes da mesma comunidade. Nas cidades colegiais, por exemple, uma das principais raz6es para os conflitos que ali se registram reside na preocupagao muito maior da faculdade com a opinigo académica nacional que, mesmo, com a local. Da mesina forma, 0 subirbio da classe media sofre pelo fato de que a maioria dos seus habitantes tem um interésse apenas residencial, ¢ no ocupacional, pela comunidade. © bando ou aldeia primitives possuem natureza funcional muito mais ampla e de direito proprio. Pequenos, isolados ¢ ndo-especializados, consti- ftuem grupos primarios em todos os sentidos. COMUNIDADES RURAIS E URBANAS 8 RURAL VE! gSUS URBANO Na sociedade modera, uma das maiores distingdes & a segis- trada entre o rural e 0 usbano, entre o campo e a cidade. _B uma distingdo que quase nada tem a ver com as comunidades primi- tivas que acabamos de discutir porque, na nossa sociedade, a aldeia ou o lugarejo, independente das suas proporcoes, ainda esto Sujeitos a intimeras influéncias urbanas. Enquanto a sociedade estritamente primitiva € uma sociedade rural absoluta, isenta de téda influéncia ucbana, a sociedade civilizada sofre continuamente uma influéncia urbana parcial. Portanto, o diferencial rural-wrbano € um declive (embora importante), cuja extremidade rural da escala jainais consegue aproximar-se da ruralidade absoluta, Muita tinta tem sido gasta para definir 0 que é “urbano”, A dificuldade nesse terreno reside no fato de que, como sempre, tuma condigéo fisica (neste caso, a concentragio demografica) inclina-se a produzir um fenémeno social (o urbanismo) com 0 qual no esta invariavelmente correlacionada, Pode-se supor que todos os lagos que apresentam uma alta densidade demografica sejam do tipo urbano, 0 que nao é exato. Moitas das aldeias agvicolas da India, onde o prego da terra & tao clevado gue somente o minimo possivel € usado para fins residenciais, abrigam uma média de habitantes, por aposento, tio grande como a das grandes cidades indianas. No entanto, ninguém se lembraria de chamar essas aldeias de urbanas simplesmente devido & sua densidade. Porque posstem uma populacio absoluta demasiadamente exigua, e uma area habitacional igualmente infima, Por outro lado, uma area extremamente ampla néo pode ser chamada de comunidade, ou “lugar”. Ninguém ousaria chamar fa Austrélia de "cidade", embora a maforia dos seus habitantes resida em cidades, A distingdo demografica entre rural ¢ urbano deve, portanto, levar em conta nfo smente a média entre a populagdo © a terra (densidade), como também a da populacio ¢ area absolutes. Desa forma, a proporgio em que determinado local € ou nao considerado usbano pode ser definida do seguinte modo: P f (- P, ») A onde U=urbaniemo, P = populagio ¢ A= Area, A questio da consideracio dos (rés fatores € arbiteévia, ¢ estabelecida de modo diverso nos diferentes paises, A pratica usual consiste em raci cinar sobretudo em témos da populacdo absoluta, com as suposi- goes tacitas sébre densidade ¢ Area tomadas explicitas somente quando necessarias. Assim, 0 érgao de recenseamento dos Estados Unidos estabelece um limite sébre a populacio como linha divisécia entte urbano e rural. Encara todos os lugares incorporados com 2.500 habitantes ou mais como ubanos. sob a alegagdo de que um lugar incorpozado possui area restria, © assim, seus habitantes vivem em conjunto, Entretanto, é ébvio que nem todos os “lugares” de 2500 almas, ou mais, so incor porados; dessa forma, 0 censo classifica como urbanos os lugares ‘ulo-incorporados dotados de apreciavel populacio.* Dentro da categoria urbana sto feitas outras distinedes adicionais, sobretudo tomando-se por base a populacio absoluta, Assim, falamos de cidades que t8m de 100 000 a 500 000 habitantes, das que possuem de 500000 para cima, ete, Entreianto, embora as areas urbanas contenham inevitavelmente pequenas parcelas de terra desabitada, admite-se gue a area abrangida deve ser, em geral, de grande © continua densidade. Com a expanse das populagoes citadinas para além das fronteicas municipais, torna-se necessirio redefinit as areas em témos apoliticos — dai o distrito metropolitano, $ © fator de densidade é claramente demonstrado pelo fato de que, em 1930, os 96 distritos metropolitanos (todos com 160 000 habi. fantes, ou mais) abrangiam quase a metade da populacio total do pais e apenas 1,2% da sua area, Em 1940, a cidade de Nova York, com 774 quilémetros quadrados, oferecia uma taxa de densidade de 9611 habitantes por quildmetro quadrado — mais de 56 véres superior & taxa de densidade de todo 0 pais. Onis “Reser ee ol ae tte ‘etroplien ‘Desrtst Popts ro Waa ioe Valles, Metropole, FF. Miuicon, Stee de Ancram Demoonapi (taen’ Cornell Uaive Entretanto, a base do que ¢ considerado urbano nao 6 unifor- me em todos os paises, Varia de 1000 na Argentina para 10 000 aa Italia © Espanha, O mesmo se da relativamente a0 total da rea inchiida. A cidades hiingaras, por exemplo, abrangem uma area agricola enorme. Os municipios da América Latina (algo semelhante aos distritos da Nova Inglaterra) confundem-se muitas vézes com as pequenas e grandes cidades dum ponto de vista mais estrito, embora incluam grandes tratos de territério rural. Alem disso, as estatisticas relativas as cidades pettencentes a. classes de proporcées diversas ndo sio padronizadas. Entretanto, e em geral, quanto maior a populagio das cidades, mais faceis as infor magbes e a comparagio dos dados internacionais, Socialmente falando, a cidade é um modo de vida. O adje- tivo “urbano” sugere muito claramente tal fato; indica um amplo conhecimento com coisas e povo, uma certa tolerancia nascida désse conhecimento © modos algo suaves e polides produzides pela assotiagéo registrada num meio cosmopolita, © citadino conse- guiu dominar a arte do conformismo externo, da polides super- ficial, que oculta, ao invés de revelar, a motivacéo intema e 0 estado de espirito. Aprendeu a viver de forma diferente a muitos espeites, a aproveitar-se do anonimato e das amizades especiais zROS momentos oportunos. Fo produto de um ambiente peculiar, © agtupamento urbano, Agora. surge a pergunta: até onde o modo de vida usbano € limitado & sua populagéo? Até onde coy fisica e social do que ¢ urbano? A existén- cia de uma conexio causal entre an fo uma cia _reciproca. A cidade, como if pee acdo, inevitavelmente produz c fos isvionce Se € déles depende que as encarem det, vpn date ES CODE Bepye a individualizacao em alto grau, Gs@fula a ji is, mo} Social, a seeulrizagio, ete. Mogg UME Aevengeedgh an Complexo sistema economico que Negi gost! 2 Tae pres: fevencia de mercadonias e services, a agbQyel © uma grande dose de iniciativa raciot Aa das todas essay coisas, ej gue —dispomos de. verdadeTae eilades, sua Influgneia pode estender-se muito além dos pr6prios nites, assim caracterizar os individuos que nao vivem realmente nelas. Dessa forma, as areas rurais podem-se tornar altamente urbanizadas. fato de s cidade fazer sentir seus efeitos muito além dos espostios limites significa que devemos falar mao somente de fidades, como também de sociedades e regides urbanizadas. Toda- Mia, guando o térmo “urbenizado” € empregado dessa forma set significado passa a ser ambiguo. Reflete simplesmente 0 grav em que 2 populacko da regiio habita as cidades, independente- mente de outros tracos sociais, ou refere-se & difusio das atitudes turbanas no seio da populagao. Nota-se, geralmente, uma cor respondéncia entre ambas as coisas, embora um pais possa ser demogrMficamente mais urbano ¢ socialmente mais rural que outro. © Chile, por exemplo, tem uma percentagem muito maior da sua populagdo vivendo em cidades que a registrada no Canadé,” e, no entanto, sea povo, julgado por quase todos os indices, € menos ‘ucbano. Origens da cidade © problema da origem da vida citadina é mais simples que muitos outros problemas de “origem”. porque as primeiras cidades surgiram numa época demasiadamente recente para deixat provas de sva existéncia, Entretanto, 0 arquedlogo nao esta seguro de fer descoberto as primeiras cidades. Nem mesmo, admitindo- que ja 0 tenha feito, esta em condigses de fornecer-nos uima con- pleta descrigdo social porque as provas de que dispée limitam-se 03 materiais colhidos mas suas escavacées. Todavia, pode pro- porcionar Uma vez que as cidades no podem existic sem carrear um excedente econdmico do interior, seu sparecimento precisou espe- rar pelo desenvolvimento da tecnologia até gue se tornot possivel a criagio e 0 transporte désse excedente. Essa fase s6 foi atin- gida com a agricultura devidamente estabelecida jt em fins do periodo neolitico, ha uns sete ou oito mil anos passados. Os Pontos mais favoraveis ecam os de clima suficientemente séco © saudavel, bastante cflide © ensolarado, onde a vegetacio natural fesse bastante escassa para ser desbastada, a precipitacio pluvio- rica no 140 forte a ponto de encharcar 0 solo, e este sufi- cientemente espésso ¢ fértil de modo a suportar colheitas suce: sivas sem perder 0 necessario hiimus. ‘Tais condicdes eram cons- fantemente encontradas nos ricos vales aluviais onde as chuvas 6. Urtovcaise in atin merice (Nora York COMUNIDADES RURAIS B URBANAS " ram escassas, mas que dispunham das aguas sibeirinhas paca fornecer a irrigasio necessasia.® Consegilentemente, 0 que parece terem sido as primeiras cidades surgiu nos vales do Nilo, do Tigre, do Eulrates¢ do Indu, No Névo Mundo, as primeiras cidades, aparentemente livres de qualquer influgncia das suas congéneres, do Velho Mundo, susgiram ao longo dos vales dos rios situados entre os Andes ¢ 0 Pacifico, nas chapadas da Guatemala e no vale do México. A agricultura, porém, nao era o suficiente, Fazia-se mister um adequado sistema de transportes para que os excedentes pudessem ser levados & cidade. A essa altura, a invengo da toda e a domesticacio dos animais proporcionaram um grande ausilio to homem. Pela domesticacao, foi possivel nao somente usar juntas de animais e veiculos de sodas, como também, aplicada agricultura, aumentou a média de producao das colheitas para © trabalho humano. Na auséncia da toda, como ocorria no Novo Mundo, as juntas de animais podiam ser empregadas ou, entao, se por outro lado o sistema econdmico ja se mostrasse suficiente- mente bem organizado para dispensa-las (como entre os Incas), podia-se langar mao da tracio humana. Os vales aluviais relati- vamente secos ofereciam poucos obstaculos para as comunicagves terrestres, e os préprios rios proporcionavam 0 transporte econd- Entretanto, a fim de levar os excedentes a cidade, faria-se necessario algo mais que os simples meios de transporte. A cidade, de ceria forma, precisava oferecer servicos ou dominar a popu- ago rural, Conseguiu-o pelo comércio dos artigos manufatu- rados (dai a intensa divisio do trabalho urbano), pela oferta de protecio militar (estabelecendo a conscricéo sobre a concen- tragdo do potencial humano ¢ empregando poderosas fortificaces) pelo fornecimento de servicos religiosos (proporcionados pelo sacerdécio profissional) ¢ pela oferta de recreacao ¢ divertimen- tos. Em todos asses casos, a cidade achava-se admiravelmente preparada para oferecer tais coisas. Todavia, sua necessidade nao se limitava apenas a atrair; precisava pedir, também, Com uma alta concentracio numérica, achava-se estratégicamente bem situada para atacar e dominar qualquer extensdo especial da zona The tage ond Pha ici Pace Keaton, “Mnie ie at rics Selec Conners Proveningn Vol 2 Sere Antonlagen Cashin Depart GSI 1515, 0178 Davy, "apse ie Seats rural, mesmo quesdo a, populagéo total do interior excedia de muitas vézes a sua, Gracas 4 elaborada divisio do trabalho, podia equipar perfeitamente os seus soldados. Consegiientemente, ‘@ cidade estava em posicae de impor seu tributo a0 interior; ou, fem outras palavras, qualquer um que se achasse em condicdes de tributar wma vasta area estava fadado a criar uma cidade e, assim, conquistar 0 poder. Atualmente, podem-se encontrar registros escritos relatives as cidades primitives do Velho e do Novo Mundos, No caso do primeiro, existem segistros escritos pelos seus préprios habi- fantes: e no do Nevo Mundo, tais registeos foram redigidos pelos europeus. Assim, podemos lancar um golpe de vista sobre al mas das mais velhas cidades do mundo. Cuzco, nos Andes, aleangou uma populagio de 200000 habitantes.” ‘Tenochtitlan (Cidade do México), localizada no vale da México, contava aproximadamente 60000 casas ¢ uma populagio calculada em 300000 alias quando os espanhéis ali chegaram.} Os conquis- tadores esponhdis confessavam que muitas cidades maias eram “maiores que Sevitha’.! Para gue 0 homem pud nesses grandes agregados, deviam ser bastante desenvolvidas as condigoes de vida necessarias a uma urbe. Tédas as descrigdes da vida nessas cidades ~ com seus esportes, j8go, distingdes de classes, templos, festas, mercados, prostitutas ¢ gitia — t&m um sabor de modernismo, Atestam a existéncia de uma atmosfera social comum a iGdas as cidades. em tGda a parte e em todos os tempos. se existie Avancando através dos iltimos tempos da periodo neolitics € dos primérdios da idade do bronze, 08 registios, pelo menos no tocante @ Europa e & bacia do Mediterraneo, tornam-se cada vee mais detalludos, Revela-se, entéo, © progresso gradual da tecnologia, principalmente quanto ao uso dos metais e a0 attesa- nato em geral. As maiores conquistas foram realizadas, talver no terreno das invengoes simbélicas, das quais a mais extraordic naria fot a da escrita. Tudo o que concorre para melhorar as comunicagdes ¢ 0 armazenamento da cultura facilita, também, 0 wie aes cm Onr Pree Contempararce (Noxu Yorks Moin, 1936), 1. Eoms Haunts, Tadions of the Avevcts (Bsson: Honcho Mili, 198), 1, Pesx Mow, The Congnest of Yacslee (Boston: Honghion Mifin, 1936), conustoapes crescimento das cidades. © historiador nfo sdmente encontca nos seus materiais o registro do crescimento das cidades ~ Atenas, Cartago, Alexandria, Roma, Constantinopla ~, como também os que narram 0 sew declinio. © tipo mais interessante de decli- nio no € 0 que diz respeito a determinadas cidades, como Ur, ° mas 0 que se refere ao declinio da vida urbana em téda uma regiso. De fato, 0 declinio regional ¢ © maximo que se pode encontrar porgue, uma vez criadas as invengdes fundamentais para a vida sitadina, nunca mais se perderam por completo. E as cidades, tendo surgido no cenario humano, jamais desapareceram, exceto em certas areas especiais, A cidade moderna ¢ a sociedade urbanizada (© grande impulso dado ao desenvolvimento das cidades surgiu com a revolugéo industrial. A aplicacdo da Orca mecinica as indistrias téxtil e metalirgica, registrada nos derradeiros anos do século XVIII ¢ nos prineiros do século XIX, avmentou enor memente os excedentes econdmicos disponiveis para o sustento das populagées urbanas. A nova férca podia ser uti muito melhor nas grandes méquinas ¢ mas grandes fabri forma, a fabrica, exigindo 0 trabalho de numerosos oper as cidades industriais, grandes e pequenas. Ao mesmo tempo, 0 sistema agricola, estimulado pelo desenvolvimento do mercado urbano, tratou de melhorar constantemente as prdprias técnices. Ea aplicagio da forea mecanica aos transportes terrestres e mari timos permitiu aos produtos agricolas alcancar as cidades de forma mais rapida e econdmica. A melhoria des transportes facilitou também, a citculacto dos individuos e a troca de iaformacoes. A intodugdo das impress6es mecdnicas e das mAquinas produtoras de papel tornow possivel um considerivel aumento da materia impressa, facilitando, assim, a educacio técnica, 0 progresso ientifico ¢ inimeras invocacdes em todos os terrenos. O desen- isada de forma icas; dessa imcelont Priaceon ‘Univeshy. Press, Sop) 0 tesinig dan eles mais do chan se Gani e Fase Fowrseny The Hisura of We'htowe tora Yo tee chet. Wenn Rain davvon, oft 2 Sim Laoxeno Wootisy. Ur of fe Chadecr (semoniswniths Pengain, 1959) Prixerrass @nvros volvimento dos produtos enlatados e da refrigeracio: do telégsalo, Yo telefone e do cadio; das ferrovias elétricas, dos automéveis © Guides — t6das essas, além de indmeras outras invengdes, aumen- taram cnormemente 0 niimero e © tamanko potencial das’ cidades. Por téda a parte, a populacio urbana cresceu mais ripidamente gue a rural; por t6da a parte, a cidade passou a estabelecer um modo de vida e transformou-se no principal centro de difusio eno berso da nova era mecéinica, Com ésse rapido desenvolvimento das cidades manifestou-se na vida humana algo de névo e importante — a sociedade urba- nizada. Enguanto a maioria da populacao permaneceu vivendo sob condigées curais, 0 modo de vida utbano ndo era tnico. Apenas recentemente as atitudes urbanas conseguiram penetcar mais profundamente pelo pais a dentro. A modificacio, embora répida, esta apenas no inicio, Quando o mundo inteiro estiver urbanizado, como parece que o seré com t6da a certeza, a sccie- dade humana tera sofrido uma grande transformacio. ‘0 Qua- pro I mostra a porporcio registrada na populagio citadina de alguns paises escolhidos. Em muitos déles, mais de metade da respectiva populagio vive atualmente nas zonas urbanas. © crescimento urbano nos Estados Unidos Nos Estados Unidos, o crescimento das cidades é um fend- meno notdvel, Cuando o pais tocnos-se uma nagao independents, em 1790, nao possuia nenhuma cidade de 50000 habitantes ¢ apenas 5 por cento da sua populacio vivia em agrupamentos de mais de 2500 almas. Por velta de 1920, porém, mais de metade dos seus habitantes vivia nos centros urbanos, e em 1946 essa Proporsio subiea para 60 por cento {Quaoso 2). Nada menos 4e 53 por centa da popslacio urbena, ow seje, 30 pos cento da Populagio total, sesidia, em 1930, em grandes cidades de mais de 100 000 habitantes. O fenémeno € melhor descrito da seguinte forma: em 1946, existia nos Estados Unidos uma populagao rural 15 vezes superior & de 1790, ao passo que a populagio urbana era 420 wézes maior que a registrada aduela época Com a répida concentragio demografica nas cidades regis- trou-se verdadeira redugio da populacdo rural-agricola, "Em 1920, a populago rural-agricola atingia 31 milhdes de slmas representava 29,7 por cento da popwlacio total. Por volta de 1940 caira para _pouco mais de 30 milhdes, isto ¢ 22:9 por cento da populasio total. Em fins de 1944, ésse declinio tornara- se ainda mais pronunciado, caindo para apenas 20 por cento do total nacional." A crescente racionalizagio da agricultura QUADRO 1 PERCENTAGEM DA POPULAGAO POR CIDADES. EM DIVERSOS PAISES Pais Data* Nas Cidades Nas Cidacos 3000" + 10 000 + Gra-Beotanha ¢ 1931 i Tapio E1035 6 Alenanba € 193 = 2 Uraguat 52 sends Unidos 33 as Argentina 2 7 Chie 5 a 3 38 a 38 9 36 36 3 36 S x = 2 % 35 28 2 Porto Rico 26 a Polonia a Ey Venezusla 2 18 Braal 2 18 Coldmbia is 5 Tria 2 0 Hacaex ¢ Covnay Tatvose, “The Changing Pupsaion of the isoaoe Anta of fhe merison cade of Peal ond Soot! seit, 1983), peg prixcrras anvPos QUADRO 2 CIMENTO DA POPULAGAO URBANA NOS ESTADOS UNIDOS DE 1790 a 1946 ** ccentagens Porcentagen a Phone Aumento na Percontager Usbana soporgio cada vez menor da populacéo pude: re it oaahtentc'necessvioe para o fate. Em 1870, 53 por cento da populagio empregava as suas atvidades na agri- caltuee, 20 paago que em 1940 gpenas 17 por cento efetuavn Seee trabalho. & claro, pois, que “em pouco menos de wn sécu nosso pais alierou profundamente 0 proprio modo de vida, trans formando-se de um estabelecimento rural de fronteiras numa sociedade inteiramente urbana e industrial. Deve-se notar, observando-se 0 Quapro 2, 0 declinio do indice de urbanizagio no pais. Bese indice foi mais rapido no periado compreendido entre 1840 a 1870, ¢, dai para cé, com flutuacdes menores, conseqiientes das condigGes econdmiens, ver diminuindo gradativamente. 16. National Rewarees Committe, Our Citiey (Washington: Government Prins COMUNIDADES RURAIS B URRANAS uw QUADRO 3 PROJECOES DA _POPULACAO URBANA COMO PERCENTAGEM DA POPULACAO TOTAL, 1950 — 2000**** Percentagem Urbana da Populasiia Total Ano Baixa Atta 1950 ©. 2 22 1960 03 683 BL 1970 es or 746 1980 oul 703 816 1990 old m5 a9 2000 our 782 o78 * Havste © Faamioas, oh ety pis. 65 No entanto, h poucas razées para crer que a urbanizacdo podera terminar brevemente. Pelo contrario, os Estados Unidos estio ainda menos urbanizados que diversos outtos paises, € as tendéncias basicas sociais e econdmicas inclinam-se para uma con centragéo citadina ainda maior. Hauser e Eldridge prepararam rojegdes_para a futuca populacso urbana mostradas no QuA- oxo 3. Tomando por base as mais altas dessas projecées, veri- ficaram que 98 por cento da populacao total estartio localizados hos agrupamentos urbanos por volta do ano 2000. Baseando-se na média do seu célculo, a percentagem seré de 78, 20 paso pela mais baixa atingira 62.1 Futuromente, 0 crescimento nos Estados Unidos, “processar-se-é indiscutivelmente através de um indice menos rapido que o registrado no pasado. A média anual de crescimento da populaséo urbana, de 1900 a 1930, foi de aproximadamente 3,2 por cento (e mais elevada nas lilimas décadas), ao passo que entre 1930 e 1940 aleancou apenas 08 por cento ao ano". A partir de 1940, a populagio urbana yem aumentando c&rca de 0,25 por cento anvalmente. "As para deexéscimo do indice de erescimento reside no declinio da fertilidade, no dectinio do indice de melhoria da mortalidade €.no declinio da imigracdo, Entretanto, a populagéo urbana tem todas as probabilidades de continuar aumentando mais ripida- mente que a rural. ® Existe, ainda, um mimero de trabalhadores agricolas muito superior 20 exigido para o cultivo da tetra. Aven J appa *P Amerton atten. of By privetrars onupos QUADRO 4 PERCENTAGEM DA POPULAGAO NAS CIDADES DE 100000 OU MAIS 1820 ~ 2000 ***** Ano Percentagen Peseentagein nas. Cidedes Aumento. a Percentager ‘nas Cidalos Recenseamento 1820 13 1830 ie 231 840 30 as 1850) Bu 700 1860 84 ar 1370, 107 74 1880 124 159 1890) 154 2 1900 187 24 1910 21 182 1920 259 72 1930 296 143 1940 289 24 Projepses Medias 1950 sid 37 1960 332 57 1970 350 5a 1980 370 37 1399) 330 54 000 412 58 crt ataveas e Buonmes, op ei, ples, 170471 Da mesma forma que entre as diversas eategarias de cidades, © indice do crescimento urbano, nos Estados Unidos, tem-se apresentado particularmente uniforme. “A proporcio da popu- lagio residente em lugares de 100.000 habitantes. ou mais, aumen- fou quase do mesmo modo que a residente nas reas urbanas. Durante muitas décadas 0 aumento proporcional da populacio das grandes cidades processou-se num indice mais rapide que o da proporgo urbana (vide Quapzo 4). A grande excecio diz Tespeito a decada de 1930 a 1940, quando a proporcéo nas gran- des cidades sofreu verdadeiro decréscimo, ao passo que a urbana COMUNIDADES RURAIS EZ URBANAS ai demonstrava um pequeno aumento.” No Quapro 4, as proje- goes médias para a proporgéo da populacéo total residente nas cidades de 100000 habitantes, ow mais, sio fornecidas até o ano 2000. Segundo ésses calculos, “mais de 67 milhées de pes- soas, ou 41,2 por cento da populacdo total, estario vivendo em cidades dessa proporco no ano 2000, em comparacio com os 38 milhdes, ou 28,9 por cento, registrados em 1940, # Entretanto, registrou-se certa confusio nos debates sobre a descentralizaggo urbana nos Estados Unidos. 1 um fato que as reas adjacentes as grandes cidades vém crescendo em populacio mais rapidamente que as proprias cidades. Em 85 distritos metropolitanos, por exemplo, os indices médios anuais de cresci- mento foram os seguintes: 2! 1920-30 1930-40 Gidades. csntrais 19 03 Areas adjacentes as cidades centrais 39 13 Todavia, essa espécie de “descentralizagio” ¢ apenas natural. A medida que as grandes aglomeracées urbanas continuam a crescer, no se limitam a reunir em seu centro uma densidade cada vez maior, mas, ao contrario, acrescentam mais gente em mo da periferia, Esta representa uma rea muito maior e. com a melhoria dos transportes, os residentes urbanos podem viver mais afastados e, assim, evitar as desvantagens da concen- tragio cada vez maior do centro, Entretanto, essa descentraliza- 40 nao significa a queda da urbanizagio. Pelo contrério, signi- fica que um mimeto de pessoas cada vez maior esta-se congre- gando nas areas urbanas. O fato ¢ demonstrado pelos seguintes indices médios anuais de crescimento registrados em 137 areas metropolitanas: 2 1590-1900 190010. 1910-20 1920.50 1930-40 137 Aceas_metropelienes 2.9 14272608. Balango nacional 16 3307, 19, Pune M. Haven © Horr T. Ripaiex, of ety ngs, 170471 21, heen ob ty hes 2. len s grandes *olomeragBes ucbanas so como os montes de ares, qinnto mals arcia se. pOe wo allo, mais les se estendem fara of lados, A nossa chamada descentralizagio urbana é, de Fato, uma acomodagao por meio da qual se atinge uma urbani- qagio cada ver maior, © crescimento urbano prossegue, 0 que jgnifiea que nem 0 comércio nem a indiistria se esto transferindo para o titerior As fontes da populacéo urbana A rapide: e 0 objetivo da urbanizagio, nos Estados Unidos. por mais notavel que pareca. nao sio de forma alguma um caso nico. Praticamente por todo o mundo sempre existia, e con- tinua existindo, um aumento marcante no niimero € nas proporgdes das cidades, Essa tendéacia experimentou um certo declinio durante a grande depressio, todavia, ainda prossegue. Durante © periodo entre as duas iiltimas guerras, em todo 08 paises euro- peus a populacdo urbana atmentou muito mais rapidamente que a rural.) Na india, a percentagem da populacdo residente em lugares de 5000 ow mais habitantes era de 93 em 188l. € j& de 12.8 em 194], Na América Latina, em que pese a falta da indistria pesada, as cidades estdo-se desenvolvendo rapidamente. ©, quanto maiores, mais rapido 0 seu crescimento.°? Em resumo, a rapidez da urbanizacio 6 um fendmeno mundial Para a compreensao dessa tendéneia mundial para a urba- nizagéo, € preciso conkecer a fonte de onde as cidades retiram fs seus habitantes, Sabemos, por exemplo, que, quase sem exce- cio, a fertilidade dos citadinos € mais baixa que a dos provin- cianos.#5 Sabemos, também, que o indice de mortalidade é geral- mente mais elevado nos centros urbanos que no campo. Segue- se que as cidades experimentam um aumento natural inferior 20 "e Pepnaion én the Entetor Youre (Gonebea: Tan tse ‘creda te os pole tt scan Srorvgratenen, Sit and Besivomment (Nota. Yorks Mera til io UL Se Hares af the Conan taralty by, laa Stine Ty) Mee sid Sey etn Sn "Roa 940%, Pita) States Spotl opr. Seteled LA. Matncet, Uvbow Sacity” (Nova Yorks Ceowell, 1992), on ™ do campo e gue, consegiientemente, seu crescimento mais rapido 36 pode ser devido a migragio urbano-rural. A. cortida dos provincianos para as cidades modernas representa, provavelmente, a maior migracio humana jamais registrada. Significa que 0 mundo urbano € mais habitado por pessoas que nao nasceram nese mundo, mas, ao contrario, foram ctiadas numa atmosfera rural. Significa, ainda, que o crescimento urbano deve terminar definitivamente porque as proporgdes macicas dos aglomerados turbanos acabaréo evitando a absorcio de emigrantes, vindos do interior abandonado, a fim de manter seu indice de crescimento. Uma vez que @ populagio rural se vai tornando numa proporgao cada vez menor da populagio total, e ja que o padrio da baixa fectilidade se difunde da cidade para as regives rurais, a fonte de receutamento para aquelas acabara secando. A essa altura, as cidades ver-se-4o defrontadas com um dilema: ou deixam de crescer, 0% terfo que aumentar consideravelmente a propria fertilidade. Efeitos sociais da cidade A questée dos efeitos sociais da cidade tornou-se alvo de consideravel especulagéio, na sua maior parte descontrolada. Nota- se certa impressio de que a vida citadina 6 algo de névo, talvez pouco natural, embora de natureza dominadora, e que, conse- Gientemente, deve ter efeitos tremendos sobre a civilizacao. 7 Todavia, conceitos tais como pouco natural e anormal, quando aplicados & sociedade humana, tendem a se tornar normativos fou metafisicos © no cientificos. Com téda a certeza, durante alguns milhdes de anos apés o aparecimento da cultura, 08 grupos humanos viveram smente um agrupamento rural. Na sua maior parte ainda vivem dessa forma, apesar do progeesso da ubani- zacio mundial. A esse respeito, as cidades sao anormais, mas muito menos que numerosos outros desenvolvimentos culturais — como a agricultura ea metalurgia — originados no decorrer dos ‘ltimes milhares de anos, O problema dos efeitos da cidade precisa de uma formulagéo cuidadosa antes do exame on da pesquisa. Em primeiro lugar, o variavel ("cidade") € dificil de isolar. Depois, os “efeitos” sio diferentes, segundo nos referimos aos que residem no interior Bi. Whatea ‘, Pesensow, Citic re Abnormal (Noemane Uaverty of Ob Dyess 194d) Rati Lawton, he OF Bhan, Sn Te Wend Cre ora York CGolatais‘Uslveriy Pree, 134), pi S186 servos Privcrrais enuPos a cidade prdpriaiveate dita, ou fora dela, Nao € preciso viver da cidade pire para ser afetado por ela.” A cidade ¢ um centro Ge difusdo. desenvolvendo tracos que, embora pudessem surgir em (elguer cutra parte, podem set estendidos as areas externas. Ikso significa que o efeito total da vida citadina nao pode see medido pelas difecencas urbano-turais registradas na sociedade Contemporanea, porgue ambos os lados da comparagio refletem f inf uencia da cidade, Uma medigio mais completa da influén- Gia urbana exigicia a comparacdo entre uma cidade modema ¢ ima sociedade ‘isolada primitiva. No entante, nem mesmo isso mostraria o que, na cidade, deve ser atribuido a ela propria. B muito facil simplesmente porque as cidades sfo tangivels, atribulr- hes efeitos socials quie, na realidade, sio uma fungio de outros fatoces (© que parece serem os efeitos da cidade sdbre uma Area rmuitas Vezes se revels, pela analise de outra, devido a outro motive. Assim, nos Estados Unidos, atribuimos repetidamente A cidade efeitos que. na realidade, sio devidos as inovagoes da nossa ordem social, 20. infhixo dos emigrantes estrangeiros, & diversidade dos grupos, ete, Observando a Inglaterra, area mais fntiga e mois urbanizada. descobrimos que muitos désses pretensos efeitos io sfo verdadeiros. Assim, por exemplo, a associacio comumente admitida do urbanismo cont os altos indices do divor- cio e do crime nao € veridica ma Inglaterra como nos Estados Unidos. Mais uma vez, a identificacio freqtiente da grande urbanizagio com # industrializacio pesada nfo € confirmada na ‘América Latina; nem a associagdo enter alfabetizagio ¢ webs nizagao € inteiramente confirmada por uma comparagio do Egito ‘1 do Chile com a. Noruega Nao € possivel atribuis @ elevagio dos padraes de vida, a ocorréncia da revalugio industrial e 0 progresso da ciéncia inte samente a cidade, porque esta € consequente de tudo isso, Mas, & menos que nos observeros cuidadosamente, sentimo-nos Facil mente inclinados a atribuir a cidade os efeitos dessas transforma- ses bisicas. Lewis Munford culpa a metrépole moderna pelos ciclos econémicos, pelas guettas imperialistas, pela burocracia, pelo desequilibrio mental e, de fato, “pela paralisacio das atividades socials superiores”, Para gue seja evitado ium raciocinio vago désse tipo. & preciso deseobrit 0 modo de isolar 0 variavel esitl- famente urbano, E © modo mais satisfatério de consegui-lo 28) The Catture of Cen (Now ork: Waycourt, Urace, 1918), pigs, 27 COMUSIDADES RURAIS B URDANAS parece ser o de deduzie as principais caractesisticas sociais da cidade da sua singularidade demografica ~ isto é, 0 tamanho & a densidade da sua populagio ~ e compari-las com os dados empiricos. E 0 que faremos na seco subseqiiente. A ESTRUTURA SOCIAL URBANA (1) Heterogeneidade social. A concentracao de uma grande populagdo numa pequena area exige a heterogeneidade pelos seguintes motivos: a densidade aumenta a competicéo pelo espago e€ pela vantagem comparativa, forcando, assim, um maior empenho da especializacio. A populacio nao pode sustentar-se pela agricultura, mas somente pela manufatura e pelo comércio, que Hlorescem com a especializagio. O fato de ser preciso transportar as mercadorias de uma grande rea representa cantato com a diversidade regional. Uma vez que a competicio faz diminuir © indice de natalidade e, portanto, exige o recrutamento continuo da populacdo vinda do interior, a diversidade das diferentes regides @ incorporada a verdadeira contextura da cidade. Con- seqiientemente, a cidade sempre se mostrou mais heterogénea que a comunidade rural. Tem sido “o erisol de racas, povos e cul- turas, e 0 mais favordvel campo de criacio de novos hibridos biologicos e culturais. Nao somente tem tolerado, como recom- pensado as diferencas individuais. Reuniu povos vindos dos confins da terra porque sio diferentes e, assim, reciprocamente liteis, e ndo por serem homogéneos ¢ posstiidores da mesma men- falidade”. De fato, “quanto maior 0 nimero de individuos que participam de um proceso de interagio, maior a diferenciagao potencial entre éles. As caracteristicas pessoais, as ocupacées, a vida cultural e as idéias dos membros de uma comunidade urbana podem, portanto, variar entre dois polos mais separados que os registrados entre os habitantes das areas rurais. *° (2) Assoctaro secundéria. Em virtude do seu tamanho, a cidade nao pode ser um grupo primario. Em lugar disso, deve ser secundatio. As pessoas precisam associar-se constantemente e de perto com estranhos. Por isso, a reagio puramente rural a éstes — reacio de hostilidade ou hospitalidade — deve ser subs- 0, Tavis Ware, *Uchoxim a5 a. Way of Lif, pleads pep Amercen Tour of seit, eth, 1830), pig 100. lzureagig que faeme pe

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