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AO JUÍZO DA _VARA CIVIL DA COMARCA DE SÃO LUÍS, ESTADO DO

MARANHÃO.

CONDOMÍNIO RESIDENCIAL ECOSPACE III , pessoa jurídica de direito privado, CNPJ:


00.000.000/0000-00, sediado à Endereço, através de seu advogado que a está subscreve, vem,
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, através de seu advogado com procuração
em anexo (doc. 1), propor AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA , em face da DIMENSÃO ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO LTDA , pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ nº 00.000.000/0000-00, com endereço sito na Endereço, pelas
razões de fato e direito a seguir expostas:

I - PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Inicialmente, com amparo no art. 4º da Lei 1060/50, Requer que seja deferida a Assistência
Judiciária Gratuita , em virtude de o requerente não pode arcar com à custa processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo de sua própria existência, uma vez que trata- se de
condomínio residencial sem fins lucrativo com uma enorme inadimplência e com dificuldades
de pagamento de sua obrigações legais, conforme declaração anexa. Indicam para defesa de
seus interesses os subscritores desta, outorgados na procuração em anexo, os quais já
aceitaram tal incumbência, mesmo sabendo das limitações financeiras do outorgante.

II - DOS FATOS

O REQUERENTE possui vínculo de empreitada com o REQUERIDO, tendo em vista que as obras
referentes à construção do Condomínio, bem como sua representação foram realizadas pela
Construtora.

Ocorre que desde a entrega até a presente tem aparecidos vários vícios de obras que foram
apontados a construtora, tendo alguns sido resolvidos e outros não.

Mesmo com esses problemas outros vícios foram aparecendo, o que motivou o condomínio a
contratar uma empresa de engenharia para emitir um laudo sobre todos os problemas
apresentados, sendo identificados inúmeros problemas por vícios de construção .

Conforme relatório apresentado em anexo, podemos observar diversos problemas apontados


que prejudicam a moradia saudável tais como infiltrações; lajotas soltas e rachadas em vários
blocos do condomínio; posicionamento incorreto da janela no BL 06; tela da quadra com
ferrugem e buracos; rachaduras no muro da quadra; falta de reboco e pintura na área externa;
posicionamento incorreto do cano de escoamento da água; muros rachados.
Além dos vícios já narrados, após vencimento do alvará dos bombeiros, emitido em
24/06/2016, foi realizado nova vistoria em 2017, pois o antigo alvará possuia validade de 12
meses, foi verificado uma dificuldade no acesso de veículos de grande porte do Corpo de
Bombeiros no condomínio, pois a entrada possui um curto ângulo para manobra, o qual
inviabilizou a emissão de novo certificado de aprovação (ANEXO). Por isso, é necessário
também, a reforma na entrada do condomínio.

Desta forma, Excelência, não resta outra opção ao REQUERENTE senão bater as portas do
judiciário pedindo via antecipação de tutela o conserto e a melhoria de todos os vícios e
avarias apresentados no condomínio cuja responsabilidade é da REQUERIDA.

III - DO DIREITO

Inicialmente, cumpre assinalar que a responsabilidade do construtor decorre do contrato de


empreitada, onde uma das partes, denominado empreiteiro se obriga a realizar uma obra por
intermédio de terceiros ou pessoalmente, recebendo uma remuneração que é fornecida pelo
proprietário da obra.

A obrigação derivada de tal contrato é a de resultado, onde a obrigação principal é executar a


obra, como contratualmente pactuada. Assim, deve ser certo e determinado o resultado, onde
do contrário, gera o inadimplemento ou mora contratual.

"A responsabilidade do construtor é de resultado, como já assinalado, porque se obriga pela


boa execução da obra, de modo a garantir sua solidez e capacidade para atender ao objetivo
para qual foi encomendada. Defeitos na obra, aparentes ou ocultos que importem sua ruína
total ou parcial configuram violação do dever de segurança do construtor, verdadeira
obrigação de garantis (ele é o garante da obra), ensejando-lhe o dever de indenizar
independentemente de culpa. Essa responsabilidade só poderá ser afastada se o construtor
provar que os danos resultaram de uma causa estranha- força maior, fato exclusivo da vítima
ou de terceiro, não tendo aqui, relevância o fortuito interno." (CAVALIERI FILHO, p.334)

Ademais, a maioria dos defeitos estavam ocultos e somente aparecerem agora, não seria
razoável que a responsabilidade do construtor cessasse com a entrega desta. Por sua vez,
estabelece o artigo 618 do CC/02:

Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o


empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos,
pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser
a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou
defeito."

Consoante ao entendimento legal, a jurisprudência anda em conjunto com o legislador,


realizando julgados neste sentido, in verbis :

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - REPAROS EM EDIFÍCIO PELA CONSTRUTORA - PROPOSTA DE


CUMPRIMENTO VOLUNTÁRIO PARCIAL - INAFASTABILIDADE DO INTERESSE DE AGIR - FIXAÇÃO
DA ASTREINTE - FACULDADE DO JULGADOR - PEDIDOS DIVERSOS - AUSÊNCIA DE
LITISPENDÊNCIA - PRAZO - GARANTIA - CINCO ANOS - INOCORRÊNCIA DE DECADÊNCIA -
UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS PARA LIMPEZA DA CERÂMICA - RESPONSABILIDADE
PELOS DANOS CAUSADOS - FECHAMENTO DE CÔMODO PREVISTO EM PROJETO -
CUMPRIMENTO OBRIGATÓRIO - INFILTRAÇÕES -

AUSÊNCIA DE IMPERMEABILIZAÇÃO - RISCO - PERDA DA CAPACIDADE ESTRUTURAL. - A


proposta de cumprimento voluntário pela construtora de alguns dos reparos que lhe cabem no
imóvel, não afasta o interesse processual dos adquirentes, que decorre do descumprimento da
íntegra das obrigações contratuais assumidas. - A fixação de astreinte independe de qualquer
requerimento da parte nesse sentido, pois é instrumento concedido ao próprio magistrado
para fazer valer sua decisão. É o que decorre da simples leitura dos §§ 4º e 5º do artigo 461 do
Código de Processo Civil, com a redação dada pela Lei 10.444/02, que regula a aplicação da
multa diária destinada a garantir a efetivação da tutela específica da obrigação. - Não havendo
identidade de pedido entre ação indenizatória e lide cominatória entre as mesmas partes, não
há que se falar em litispendência, mesmo que parcial. - O artigo 1245 do Código Civil de 1916
dispunha que"nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o
empreiteiro de materiais e execução responderá, durante cinco anos, pela solidez e segurança
do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo, exceto quanto a este, se, não o
achando firme, preveniu em tempo o dono da obra". Esse é o prazo de garantia pelo qual
responde a construtora, por expressa disposição legal, não havendo que se falar em
decadência ou prescrição enquanto não transcorrido. - É notória a utilização

de produtos químicos mais agressivos para a realização de limpezas ma (TJ-MG


100240268129900011 MG 1.0024.00000-00/001 (1), Relator: ELIAS CAMILO, Data de
Julgamento: 25/05/2006, Data de Publicação: 13/06/2006)

DEFEITOS DE CONSTRUÇÃO - RESPONSABILIDADE DA CONSTRUTORA - GARANTIA PELO PRAZO


DE CINCO ANOS -

INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 1.245 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916. De acordo com o artigo 1.245 do
antigo Código Civil, nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante 5 (cinco) anos, pela
solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo, exceto, quanto a
este, se, não o achando firme, preveniu em tempo o dono da obra. Durante este período,
portanto, milita contra o empreiteiro uma presunção de culpa em relação aos defeitos
surgidos na obra, a qual só será elidida mediante a prova de alguma das causas excludentes na
lei civil, a exemplo do caso fortuito e força maior, ressaltando-se que tal prazo funciona como
garantia, e não como regulador da prescrição do exercício da ação contra o empreiteiro. (TJ-
MG 200000040923190001 MG 2.0000.00000-00/000 (1), Relator: ALVIMAR DE ÁVILA, Data de
Julgamento: 15/10/2003, Data de Publicação: 25/10/2003)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS - PRESCRIÇÃO - INOCORRÊNCIA -


DEFEITOS EM IMÓVEL - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA CONSTRUTORA. - Durante o prazo
de cinco anos, o construtor fica responsável em assegurar a solidez da obra, mas o proprietário
poderá demandar o construtor durante o prazo de vinte anos, pelos prejuízos que lhe
advieram da imperfeição da obra constatada no período da garantia. - Conforme disposto no
art. 12, do CDC, a construtora responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de construção. -
Devidamente comprovados os danos materiais e morais devem responder a construtora e a
incorporadora solidariamente. (TJ-MG - AC: 10024074264706001 MG , Relator: Cabral da Silva,
Data de Julgamento: 18/03/2014,

Câmaras Cíveis / 10a CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 02/04/2014)

Tratando-se de danos pelo fato da obra, surge a responsabilidade independente da


comprovação de culpa, bastando que se comprove o dano e o nexo causal. Saliente-se que há
a possibilidade de inversão do ônus da prova, como será analisado mais adiante.

Urge frisar que diante do dano ocorrido, torna-se imperiosa a responsabilidade solidária do
incorporador e do construtor, sendo a responsabilidade do construtor abalizada pelo art. 618
do CC/02 e a do incorporador no art. 937 CC/02.

IV - DA TUTELA DE URGÊNCIA

No que tange a concessão da tutela, adverte o processualista Elpidio Donizete, in Curso


Didático de Direiro Processual Civil. 19 ed. São Paulo: Atlas, p. 501:

" reafirmamos também que a concessão de qualquer tutela provisória leva em conta o
binômio "probabilidade" e "perigo" de dano ao direito substancial "

No presente caso em pauta, são os requisitos para a concessão da medida: Prova inequivocada
verossimilhança das alegações devendo ser demonstrada
claramente com as fotos do laudo em anexo, tendo em vista que as imagens mostram com
clareza todos os vícios e avarias no Condomínio.

Fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, tendo em vista que os moradores
estão sujeitos a qualquer dano contra a própria saúde, visto que existem vícios existentes que
podem gerar danos, conforme relatório em anexo.

Assim, deverá o REQUERIDO providenciar urgentemente os reparos nas avarias apontadas que
estão expondo o direito a vida e a integridade física dos residentes do Condomínio autor.

Dessa forma, evitar-se-á a ocorrência de mais danos de difícil reparação ou irreparáveis na vida
dos adquirentes.

V - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Determina o Código de Defesa do Consumidor no artigo 6º que:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor

(...)

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo cível, quando, a critério do juiz, for verossímel a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências"

A denominada inversão do ônus probatório, no Código Consumerista, está no contexto da


própria facilitação da defesa dos direitos do consumidor. Roga-lhe assim, a inversão, por
também se tratar a causa em debate de fruto de relação de consumo.

Outrossim, as alegações aqui expostas são verossímeis, tendo por base os documentos que se
acostam aos autos e por ser o Requerente hipossuficiente, estando em posição de extrema
inferioridade diante da requerida no intento de provar o nexo causal entre o dano e o mau
serviço produzido.

Além do mais, o pedido cabe acolhida por ser mais fácil à Requerida a produção da prova.
A doutrina mais abalizada ratifica esse entendimento, segundo a publicação da Revista do TST
vol.65, n.º 1 1999, pág. 148 que:

O legislador comum parece suficientemente convencido do acerto da idéia enunciada, tanto


que, para facilitar a tutela judicial dos direitos emergentes das relações de consumo,
equilibrando a desigualdade existente entre os sujeitos nessas relações envolvidos, dispôs, no
art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, constituir prerrogativa do consumidor
"a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímel a alegação ou quando for
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência". Os fundamentos dessa
regraestão bem evidenciados na seguinte passagem de Eduardo Gabriel Saad: "se de um lado
todos reconhecem que o consumidor, em face de uma situação litigiosa, acha-se inferiorizado
diante do fornecedor, de outro se tem de aceitar a inversão do ônus da prova como um meio
de pôr em equilíbrio a posição das partes no conflito".

VI - DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto Excelência, e mais o que o seu notório

conhecimento certamente suprirá, respeitosamente requer:

a) a citação da Requerida para que responda aos termos da presente demanda e para
comparecer às audiências de conciliação e de instrução e julgamento a serem designadas por
V.Exa., nesta oferecendo, se quiser, contestação, sob pena de revelia;

b) a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do CDC), bem como a produção de todos os meios
de provas em direito admitidas, especialmente documental, depoimento das partes e de
testemunhas, com ampla produção para fiel comprovação dos fatos aqui narrados;

c) A antecipação dos efeitos da tutela para que a REQUERIDA realize todos os reparos
relatados conforme relatório em anexo, sob pena de multa diária de R$ 00.000,00.

d) No mérito, a PROCEDÊNCIA DO PEDIDO, afim de que

a REQUERIDA repare todos os danos, vícios e avarias apontados no relatório;

e) A condenação da Requerida nas custas processuais bem como


honorários advocatícios, esse no valor de 20% sobre o valor da condenação, na hipótese de
eventual recurso interposto;

f) assistência judiciária gratuita;

g) Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em

direito admitidos, notadamente pelo depoimento pessoal das partes, juntada de

novos documentos, bem com exames periciais e oitiva testemunhal.

Dá-se à causa o valor de R$ 00.000,00para efeitos meramente fiscais.

Termos que,

Pede, deferimento.

São Luís - MA, 19 de novembro de 2020.

Nome

Advogado

00.000 OAB/UF

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