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Capitulo | Leitura Apresentacao geral Contedos essenciais Relato de viagem . Exposicdo sobre um tema . Apreciacao critica }. Cartoon . Discurso politico auawno . Artigo de opiniao Sintese de conteddos Exercicios resolvidos 1 alta de vogem Apresentacdo geral Explora com otelemivel ‘Ativaocédigo Neste capitulo, serdo estudados os géneros de texto do dominio da Leitura, a saber: + Relato de viagem + Apreciagao critica + Discurso politico + Exposigfo sobreum tema + Cartoon + Artigo de opiniao A anidlise e a exploracéo destes textos serdo feitas tendo em conta a sua integracéo num determinado género, 20 qual correspondem caracteristicas (marcas) especificas ¢ uma deter- minada intengao comunicativa.” Para cada um dos géneros, serdo consideradas nao sé as marcas de género comuns, mas tam: dade bém as marcas especificas, sendo estas indicadas aquando da anélise dos exemplos selecionados. D Asmarcas de género comuns aos modelos textuais acima referidos sao: + tema - a ideia geral que é desenvolvida de diversas formas ao longo do texto; + informagao significativa - a existéncia de dados/factos pertinentes para o tema a ser explorado; + encadeamento ldgico dos tépicos tratados - coesao estabelecida por relagoes diversas (causa-efeito, tempor progressao e tessitura textual; + aspetos paratextuais - elementos verbais e gréficos que enquadram 0 texto, forne- cendo informagao itil que regula a leitura, como, por exemplo, nome do autor, do editor, da colecdo, titulo, subtitulo, epigrafe, prefacio, notas de rodapé e notas finais, bibliografia, {ndice, ilustragao, entre outros’. ) entre 0s factos apresentados, de modo a haver ConteUdos essenciais 1. Relato de viagem (10. ano) CO relato de viagem é um texto em que se narra uma viagem, em curso ou jé realizada, descrevendo os locals por onde o viajante passa (ou passou) e as suas vivéncias, Trata-se, assim, de registar uma experién- «ia pessoal, embora o tom possa ser mais emotivo ou mais informativo. Este relato pode ser feito com mais ‘ou menos pormenor, incluindo momentos de narragio, de descricéo ou mesmo de exposi¢ao e de dié- logo, Muitas vezes, inclui também imagem (fotografias, mapas ou outros documentos). Pode apresentar- se como um texto isolado (por exemplo, publicado num jornal ou numa revista) ou como uma obra de ‘maior folego, como um livro, Embora 0 relato de viagem possa ser também ficcional, é frequente o autor/viajante, ao dar a conhecer © destino da sua viagem, explicar por que razao a val realizar ou realizou, fornecer indicacées de ternpo de espaco que situam o leitor,relatar 0 que viu, ouvlu e presenciou, revelar as suas impressbes, sensagdes sobre 0 local onde esteve e as pessoas com quem contactou. Para além disso, pode ainda apresentarinfor- 'magoes de cariz histérico, geogréfico ou cultural que contribuem para dar um enquadramento e um certo olorido ao seu relato, No final, muitas vezes, sintetiza 0 impacto que esta experiéncia teve na sua vida Chama-se, porér, a atengto para o facto de os géreros de texto no serem Imutivels, ou se, apesar de ser possvelidentfiar marcas 2. sectfias, tal ndo significa que nfo estearn sujet oransformagdes ou acontaminagaes por outos géneros 2 in icondrio Terminolégico, hip/dt.dgideamin-edupt/ (consultado em 21-04-2015, adaptado) 3 «a cops L0nxo (gq) Exemplo de relato de viagem one 1" Chegada A Patagénia acaba, diz-se, a norte do rio Colorado. E uma opiniao. Na realidade, nunca se definiram 0s limites setentrionais da Patagénia. Para baixo é fécil: quando jé no houver mais terra, quando jé nao houver mais sul, termina a Patagénia. E para cima? [ A “minha” Patagénia termina em Temuco, ponto final dos apontamentos que ando a escrever. E um ponto final de grande dimensao literdria - nao pelo que escrevi, valha-nos Deus. Termino em ‘Temuco porque é a cidade de Pablo Neruda. Pouco se celebra o poeta Prémio Nobel, quer em Temuco quer no Chile, Mais que uma au- séncia material, é sobretudo um vazio na memoria coletiva dos Chilenos. A ditadura de Pinochet tratou de esconder o nome do poeta durante duas geragdes e 56 agora, com o regresso a essa de- mocracia nominal e suspeita que hoje governa o Chile, € que a poesia e a vida de Neruda voltam lentamente a ocupar o lugar que merecem no panteao do pals. ‘Temuco é uma cidade dura e triste. Tem ruas direitas e sempre iguais, ladeadas de fachadas mo- nétonas e monoctomaticas, Uma praca central quadrada e sombria, com arvores demasiado grandes para o espaco que a cidade Ihes oferece, dé o tinico toque distinto a um aglomerado urbano cuja tinica fungdo parece ser a de proporcionar um ponto de encontro para as trocas comerciais e mudangas de autocarro dos habitantes disseminadios pelas montanhas a pique sobre o mar do Sul do Chile. [..] Nao existe em Temuco um museu de Neruda, nem uma estétua ou sequer uma rua que Ihe rendam homenagem |...]. Ha no entanto um lugar que fala de Neruda, e que respeita a sua me- méria: 0 Hotel Continental, Era aqui que 0 poeta se hospedava sempre que regressava a cidade a sua infancia, e uma placa no seu quarto preferido, 0 n.°9, recorda as repetidas visitas. (..] Sereio tinico héspede deste hotel parado no tempo? Estendo-me na cama a escutar 0 siléncio do edificio, nao passam passos, nem ecoam vozes, nem se acendem luzes no corredor de ma- dejra empenada. £ sdbado a noite, a tiltima noite da minha errincia pela Patagénia, Amanha um autocarro para Santiago, depois um aviao para a Europa. Nao me apetece sair a enfrentar sozinho aalegria inoxidével e insidiosa dos sabados a noite de todas as cidades do mundo. Que tipo de tristeza ¢ a minha? A de estar sozinho sébado a noite no fundo do Chile? Ou ade estar a terminar a minha errincia pela Patagénia? Seré a tristeza de quem ja tem um pé no re- gresso e outro ainda na estrada? A tristeza da indefinigao, da vida na balanga, do momento de fazer o balango? Para que tem servido tudo isto que tenho andado a fazer? Batem & porta. A esta hora, quem sera? “Somos a Teresa e 0 Diogo’ respondem-me dois jovens de olhar curioso ¢ hesitante. Fico es- pantado com a coincidéncia: um casal de mochileiros portugueses no mesmo hotel, Mas ha mais coincidéncias: “Desculpe se o estamos a incomodar. Vimos 0 seu nome no registo de héspedes & nao resistimos a conhecé-Io’ explica a Teresa. “Estamos a dar uma volta ao mundo por causa das suas reportagens e dos seus livros. Obrigada" conch Esclareco logo duas coisas, emocionado: que nao me devem tratar por “voc “tu’; e que quem fica agradecido sou eu. Por me virem bater & porta, por me terem seguido 0 exemplo, e por me fazerem sentir que serviu para alguma coisa partilhar a vida que tenho vivido, aestrada que ando a percorter. ‘Vamos sair,jantar juntos, conversar, falar da minha volta 20 mundo e da deles. Vamos cele- brar a alegria inoxidavel das noites de sabado, celebrar a cidade de Neruda, celebrar também o final da minha viagem & Patag6nia. Final literdrio, final em companhia, final feliz " mas sim por Gongato Cadi, A Lua Pade Fsperar, Oficina do Lier, 2010 1 alta de vangern Estrutura + Titulo > Identificagéo da chegada ao destino, o"fim da Patagénia’, + Introdugio 1" parégro) » Apresentago do tema ~ chegada ao “fim” da Patagénia para o viajante — a ci- dade de Temuco, terra natal de Pablo Neruda + Desenvolvimento (3: pense pordarato: > Descrigéo da cidade de Temuco, destino derradeiro do narrador-viajante (’A ‘minha’ Patagénia termina em Temuco’, “porque é a cidade de Pablo de Neruda’, poeta que Cadilhe admira, contrariamente aos chilenos, que parecem ter apagado o prémio Nobel das suas memérias (é sobretudo um vazio na me- méria coletiva dos Chilenos') > Descrigao pormenorizada, pessoal e subjetiva da cidade - “uma cidade dura e triste’, de “ruas direitas e ‘sempre iquais, ladeadas de fachadas monétonas e monocrométicas’ € uma cidade cinzenta e que apre- senta, como tantas outras cidades, "Uma praca central quadrada e sombria, com drvores demasiado gran- des para o espaco que a cidade thes oferece’, “cuja nica fungio parece ser a de proporcionar um ponto de encontro para as trocas comerciais e mudangas de autocarro dos habitantes disseminados pelas monta rnhas a pique sobre o mar do Sul do Chile” > Referéncia ao desprezo a que Neruda é votado na sua cidade, na qual ndo hé sequer “um museu de Neruda, nem uma estdtua ou sequer uma rua que Ihe rendam homenagem’, embora seja identificado um Ultimo reduto que preserva a sua meméria, que o Hotel Continental, que albergava 0 poeta nas suas visitas & terra natal » Divagacées em 1.2 pessoa, que apontam para o cardcter pessoal desta experiéncia i 21-27, interrom- pida pelo casal portugués que bate a porta e que resgata o viajante da sua introspecao. + Conclusao (tino pote: > Referéncia a alegria resultante do encontro com a Teresa e 0 Diogo e sintese da ultima noite de errancia pela Patagénia (‘Final literdro, final em companhia, final feliz’). Marcas de género especificas Variedade | + O tema principal deste excerto 6 a chegada a Temuco, tltimo local da viagem de Cadithe de temas | pela Patagonia, eas impressoes que esta cidade causam no autor, embora haja lugar para ‘outros temas, como o esquecimento a que Neruda é votado pelos chilenos ou a alegria proporcionada por encontros inesperadios. et Discurso. + Formas verbais na 1.* pessoa do plural (‘Vamos sar |...). Vamos celebrar a alegria.....e na 1.* pessoal pessoa do singular (‘Termino”); formas pronominais na 1.* pessoa do singular (‘minha"; “me") = discurso subjetivo e pessoal Dimensao + Narragao de factos concretos, através de verbos com valor objetivo, no presente do narrativa indicative com valor intemporal ~ “Temuco é uma cidade dura e triste" @ do recurso 20 | discurso direto ("Somos a Teresa eo Diogo”; ‘Desculpe seo estamos a incomodar. Vimos 0 seu _omeroreitodespedesendorestnos aconbct) Dimensio + Descrigho da cidade de Temuco através do recurso a adjtivs ‘cidade dura ets ‘Tuas descr direitos e sempre iquas Tachadas menétonas e manocromdticas’)@3 recursos axpressivos (nao rettemo escnio a este sobveviventedo sculo XX" ~ personas) Multimodalidade + 0s lates de viagem podem incluir fotografias, mapas, documentos histoicos ou etnogrficos. Idiversidade de No livro citado, Goncalo Cadilhe recorre 4 fotografia. formatose discursos) Nota * Norelato de viagem analisado, é possivel destacar a importancia atribuida a visdo, bem como as impresses { _ Gausadas pelo local vsitado,referindo sitios espectficos e pessoas encontradas, locais ou visitantes. 15 Cape Letra 2. Exposicao sobre um tema (10.°¢ 11.° anos) A) Este género textual tem como finalidade apresentar de forma clara, concisa, objetiva e fundamentada 3 um determinado tema, fornecendo para tal informacdes, explicacées, exemplos, documentos. Este texto ‘tem essencialmente um cardcter demonstrativo, ja que se trata de expor, de analisar um topico. i Exemplo de exposigéo sobre um tema A Arte Medieval A Idade Média (séculos V a XV) foi, no territério portugues, um pe- riodo agitado e atribulado (por invasoes germanicas e mugulmanas, ata ques normandos, guerra da Reconquista, guerra de independéncia, con- solidagaio do povoamento e da economia...), ao longo do qual se formou o substrato étnico-cultural onde se enraiza a nacionalidade e se desenrola- ram as vicissitudes politico-militares que conduziram & formagao e poste. rior independéncia do Condado Portucalense, donde nasceu Portugal (1143.21179). [..] A Arquitetura No territério portugués ha noticia de comunidades cristas desde o sé- ve culo III, A arte paleocrista encontra-se documentada por um sarcéfago de ‘marmore do século VI, patente na S¢ de Braga, por uma placa sepuleral em ‘mosaico e por algumas pecas ornamentais como frisos, capitéis € bases de colunas, reutilizados em construgoes posteriotes. Tal é o caso de um capi- tel visigético aplicado na Igreja de Santo Amaro, em Beja. [..] Da dominagao arabe, restam no territério portugués a mesquita de Mértola, hoje templo cristao, as cubas do Alentejo (como a de Reguengos de Monsaraz) e alguma arquitetura militar, como parte dos castelos de Santa Maria da Feira e de S. Jorge de Lisboa, e as muralhas do de Silves. Do século Vil ao século X, apareceram no territério novas formas cons- » trutivas que refletem as miltiplas influéncias culturais que entretanto por aqui se iam cruzando: tardo-romanas, suevas, visig6ticas, arabes, bizanti- nas... 0 pouco que resta desse periodo de invasoes, guerras einstabllidade € formado, principalmente, por construgdes religiosas, So pequenas igre- jas e mausoléus.[..] Em Portugal, destaca-se o mausoléu de S. Frutuoso de 2» Montélios, em Braga [ Quanto as igrejas, conhecem-se, hoje, a Igreja de Sao Torcato, em Gui mardes, a Igreja de Sao Pedro de Balsemao, em Lamego |...) A arte destes tempos balangou entre diferentes polos dinamizadores ~ a influéncia do renascimento carolingio, a rusticidade dos visigodos, 0 co- » lorido dos bizantinos e o ecletismo da arte muculmana do Emirado de Cérdova -, fazendo com que estes monumentos, simbolos do pensamento e da atuagio das populagdes anteriores ao Ano Mil, espelhem enigmatica- mente todas estas vertentes. Ana Lidia Pinto, Fernanda Mireles Manuela Cernadas Cambotas, Arte Portuguesa, Porto Edita, 2006 (texto adaptado) 16 3 recog crea Estrutura + Titulo: identificagao clara do tema da exposigao. + Introdugao (8: breve apresentagao do tema - sendo o tema da exposicao a arte medieval, comeca-se, antes de mais, por fazer 0 enquadramento dessa arte em Portugal, ou seja, por caracterizar a dade Média em Portugal como sendo um ‘periodo agitado e atribulado", durante o qual, por varias raz6es, esta zona esteve sujeita a influéncia de varios povos. + Desenvolvimento 0. 9-27: apresentacao de dados ~ elucidagéo fundamentada, ¢ por meio de exemplos, de diferentes etapas da arte medieval portuguesa desde o paleocristio ao século X; para cada uma das etapas, séo apresentados exemplos concretos de monumentos (arte paleocrista —Igreja de Santo Amaro, em Beja; arte drabe — mesquita de Mértola, cubas do Alentejo e castelos de Santa Maria da Feira ¢ Lisboa; outras influéncias, como tardo-romanas, suevas, visigéticas - mausoléu de S, Frutuoso de Montélios) + Conclusio i.28-53: sintese das idelas ~ sistematizagao do que foi apresentado e das varias “vertentes” a que a arte medieval portuguese esteve submetida até a0 século X. Marcas de género especificas Caracter ‘+ Demonstragio de um facto: para provar que a arte medieval portuguesa é 0 cruzamento de demonstrative diferentes influencias, ¢tracado um percurso cronolégico desde o periodo paleocristao até 20 século X; assim, gradualmente, vai sendo fornecida inforrnagio sobre cada um dos periodos: a notagio de datas ajuda aestabelecer este percurso (*.. hd noticia de comunidades cists desde o século Il. ":"Em 711, também os Arabes entraram na Peninsula..";"Do século Vila0 séculoX apareceram no teriténio nova... Elucidacao + Comprovagio objetiva:o tema , desde o nicl, exposto deforma clara, exata e fundamentaca, evidente recortendo-se a exemplos ea explicagdes: uso de parénteses para esclarecer ou acrescentar dotema informagSo (‘séculos Va XV"; referéncia a varios monumentos, com indicagio precisa do local londe se encontram explicagdes fornecidas sobre a ate paleocrst 91, Concisaoe + AS frases sao declarativas,curtase incisvas ("No ternitorio portugues hd noticia de comunidades objetividade cists desde o século It) Valor expres + Otexto€ rico em conectores, que server para realcar um determinado aspeto das formas (principalmente" ou para exemplificar (‘60 caso de"; também sio utilizados deticos para linguisticas clemarcar coordenadas temporals e espacias ("que entretanto por aquise am cruzando... Apres a (10°, 11°e 12.° anos) G0 crit Um artigo de apreciagao critica é um texto em que um critico, ou alguém especialista num determi nado tema, apresenta a sua opiniao devidamente fundamentada. Tem, pois, uma natureza especifica, n30 86 pelo grau de informacao veiculada, mas também pela estrutura e pela linguagem utilizadas. Natureza e caracteristicas Uma apreciacao critica ~ geralmente designada por critica - enquadra-se no discurso jornalistico,inse- _tindo-se no dominio cultural, como as artes plasticas, o cinema, o teatro, 0s livros, a musica, a televisdo. # Trata-se de um texto que alia aspetos informativos a outros de amplo cardcter argumentativo e subjetivo, tendo como finalidade a valora¢ao (positiva ou negativa) da realidade sobre a qual octitico opina, O artigo de apreciagao critica é sempre assinado pelo seu autor, que é reconhecido como perito na materia, ”7 eee (qq) Exemplo de apreciagao critica Sy & 18 copiasot Leto Chaplin, 0 subversivo Tempos Modernos Modern Times De Charles Chaplin Com Charles Chaplin, Paulette Goddard, Henry Bergman ‘80 anos passados, nao perdeu nada do seu poder um dos mais belos filmes de todos as tempos, Luis Miguel Oliveira Dirfamos que é um dos titulos fundamentais de Charles Chaplin se 0s t- tulos de Charles Chaplin nao fossem todos fundamentais. Mas dentro desse superlativo contexto, Tempos Modernos é um filme especialmente signifi- cativo, como um fecho de ciclo (é 0 ultimo filme com 0 boneco de Charlot) ¢ passage para outro (as repercussoes politicas de Tempos Modernos se- ram amplificadas no seu projeto seguinte, O Grande Ditador, talvez 0 mais corajoso filme de todos os tempos). Significativo, também, do feroz humanismo de Chaplin, que em plena Grande Depressio assinava aqui ‘um manifesto contra a faceta desumanizante da industrializagdo, e contra areducao dos homens a meros elos de ligagéo no meio da grande engrena- gem capitalista. Sim, é contraditério: o entretenimento de massa, produto da industria- lizagao, usado como critica das suas origens; e um dos homens mais ricos do mundo a criticar 0 capitalismo e a p6r-se do lado dos mais humildes operarios. Mas nessa contradi¢ao (que seria usada contra Chaplin, mais tarde, durante os anos do mecarthyismo) esta também a grandeza deste homem, capaz de mesclar o belo € 0 feio, e encontrar a graga de um bai- lado na mais atroz submissao do humano aos imperativos da linha de pro- dugao industrial (alguns dos mais célebres gags de Chaplin esto aqui, na sua luta contra pregos, porcas, méquinas e roldanas). Subversao em grande escala, que hoje, 80 anos passados, nao perdew nada do seu poder - se 6 que nao ganhou. Em todo o caso, um dos maiores e mais belos filmes de todos os tempos. in pilor, 16 de dezembro de 2016 Estrutura 0 (apontando para o objeto e para o teor da critica). + Ficha técnica: » apresentacao do titulo original; > realizador; > atores. + Introdugao 1° parégrto: > apresentacao do objeto de critica como “um dos titulos fundamentais de Charles Chaplin’, apesar de todos serem fundamentais, o que ¢ bem revelador da opiniso valorativa do autor do artigo. Assim, este filme & “significativo" por dois motivos: por um lado, é “um fecho de ciclo"; por outro, é revelador do “feroz humanismo de Chaplin’, em plena Grande Depressao, «Desenvolvimento / corpo do texto 2 parorsiok » informagdes sobre o objeto da critica e descrigo sucinta do enredo do filme - um operério humilde como encarnagao da “mais atroz submissdo do humano aos imperativos da linha de produgdo industriat’ » comentario crtico com posicionamento subjetivo do autor e validagéo da posicdo assumida: “Masnessa contradigao |...) esté também a grandeza deste homem, capaz de mesclaro belo eo felo, eencontraragraga deum bailado na mais atraz submissdo do humano aos imperativos da linha de produgdo industrial”. + Concluséo (3° parégrook » apreciagao final, com reiterac8o da avaliacao extremamente positiva da pelicula de caracter subversivo: “hoje, 80 anos passados, ndo perdeu nada do seu poder ~ se é que ndo ganhou’; “um dos maiores e mais belos filmes de todos 0s tempos’ DNota + Acrganizacao dos textos de apreciagio critica no obedece a uma estruturafixa, pois esté condicionada por _aspetos particulares, como 0 estilo do autor do artigo ou 0 suparte fisico das publicacées (revista, oral, inter por exemplo). Normalmente, a apreciagao critica ¢ antecedida de um cabecalho no qual ha a identificagao do ‘objeto de andlise, a apresentacéo de uma curta ficha técnica ea classificacio atribuida por aquele critico, ‘raduzida, normalmente, em estrelas Marcas de género especificas Descricso, + Alinguagem do artigo de apreciacao critica, pela sua natureza alla caractersticas de rigor Sucinta do objeto, ede objetividade, relacionadas com o seu pendor factual, a outras reveladoras da acompanhada de _subjetividade e do posicionamento do enunciador.O exemple apresentado contém as marcas de género especificas anteriormente mencionadas, nomeadamente a descrics0 sucinta do objeto e o comentario citico, + Assim, conjugam-se dois tipos de linguagem: > linguagem clara erigorosa e, geralmente, sem ambiguidades, embora seja muito usada a Insinuacio; > linguagem valorativa (positiva ou negativa), concretizada através da utilizagdo de uma adjetivagao incisiva e expressiva, de palavras au expressoes reveladoras de um determinado ponto de vista e de recursos expressivos » recurso a uma inquagem subjetiva (apreciatva), marcada linguisticamente por adjetivos ualficativos e expressbes valorativas ~ “um dos titulo fundamentals’ “um dos maiores e ‘mais bel fimes de todos os tempos". + €revelado um conhecimento sobre a arte cinéfila, através das referéncias a outras obras do cineasta -“seriam amplificadas no seu projto seguinte, Grande Ditador” -, bem como sobre 0 contexto politica ~ "(que seria usada contra Choplin, mais tarde, durante os anos do ccarthyisma)’ 19 opines i rt 4. Cartoon (10° ano) = © cartoon consiste num desenho humoristico mais ou menos caricatural e que lanca um olhar muito 2 Video cyitico.a acontecimentos atuais. Tendo tido 0 seu inicio no século XIX, surgiu pela primeira vez para satirizar = assuntos politicos. Desde entio, este “estudo” ou “esbogo" de pendor irénico e cémico abrange temas de; diversas dreas da sociedade atval, marcando presenca na atualidade, nos mais diversos suportes, seja em = papel, como jornais e revistas, seja nos media digital, como redes sociais e blogues. Neste sentido, o cartoonista pode ser encarado enquanto um cronista social atento as circunstancies que o rodeiam e sobre as quais reflete recorrendo ao humor e & siti, 0 que relembra, por exemplo, o texto vicentino, de contornos moralizadores. Estrutura + Cardcter icénico > quando é constituide apenas por uma imagem ou sequéncia de imagens, sendo que as diferentes cenas podem estar divididas em vinhetas. + Carécter icénico-verbal > quando a imagem é reforgada com linguagem verbal, & qual podem estar associados baldes, onomatopeias... = Contexto de produgdo > motivo que esteve na base da producao do cartoon, + Carécter humoristico / irénico / satirico » utiliza o humor como forma de comunicagso da mensagem critica que pretende veicular, recorrendo a distor¢ao e/ou caricatura de uma personagem, de uma perso- ralidade ou de uma situago. + Intengo critica » andlise critica de um tema da esfera politica, social, cultural desportiva, etc. Exemplo de cartoon icénico-verbal 2043 £0 MNO DA MATEMATICA WO PLANETA TEREAIZ-HE PAMAZ, QUANTO F 1867 Hutt... QUE QuERES SE@ fe ‘Qund0 FORES GRANDE? euro Wo SE PERCEBE LOGO? ( a \ FCOUOMISTA, CLARO. ESE POSSIVEL, 1500. CHEGAR A MINISTRO DAS FINANGAS, ) 7 PARA FAZER ORCAMEWTOS FIXESI. ? 3 Las ans 20 Marcas de género especificas Caracter, "Nesta sequéncia deimagens, Luis Afonso apresenta um didlago humoristico entre duas icénico-verbal_ __personagens, nomeadamente um repérter e um jovem aluno, possivelmente, 4 porta de uma escola, Contexto de Este cartoon tem como contexto a comemoragao do ano da Matematica no Planeta Terra ~ producao MPT 2013 -, send de destacar 0 importante papel desta cidncia para enfrentar os desafios do nosso planeta, Caracter A propésito da comemorago do ano da Matematica, orepérter procurou auscultarjovens humoristico / alunos sobre os seus conhecimentos relativamente a esta disiplina que desencadela nos irénico//satirico _estudantes sentimentos bem dlspares. (© repérter,niciaimente entusiasmadio, comeca por colocar uma conta de dividir acessivel a0 Jovem; no entanto, perante a resposta t4o despropositada, 0 entusiasmo do jomalista acaba por esmorecer,o que o leva acolocar uma questdo de multiplicar, cujaresposta errada 0 deika ainda mais cabisbaixo. A derradeira questao, uma simples soma, que nao daria qualquer | margem para erro, desarma-o completamente, levando-0 a indagar ojovem sobre as suas expectativas de trabalho no futuro, Enna resposta do aluno que se cancretiza 0 caracter rénico deste cartoon, visto que, de forma displicente, este refere que o seu caminho profissional passaré pela economia, almejando 0 cargo de ministro das finangas, para fazer orcamentos fixes: Intencae critica __Através do cartoon, critca-se 6 conhecimento matemstico dos alunos no contexto da escolaridade obrigatoria, sendo preocupante a sua incapacidade de resolugdo de enunciados ‘mais ou menos simples sem a ajuda da calculadora, Neste sentido, a resposta inusitada do aluno provoca oriso, visto que o seu desejo de 3ndar as finangas do nosso pats, quanclo nem simples operacdes consegue realizar Fidiculariza 0 estado econdmico de Portugal eas més opséesfeitasaeste nivel até a0 momento. Exemplo de cartoon icénico Marcas de género especificas Caracter icénico Neste cartoon, Pawel Kuczynsk! retrata a massificacao dos jovens, incapazes de serem criativos nesta era tecnolégica Contexto de producto A partir da uilizacio massiva da tecnologia, neste caso dos smartphones, 0 autor pretende lancar um olhar reflexivo sobre 0 ‘tempo médio que os mals jovens dedicam a este aparelho eas reds Caracter humoristico/ irénico / satirico Tendio como pane de fundo um cenario campestre, Pawel apresenta ‘uma narrativa simples que tem como ponte de partida 0 ceifar dos ‘campos. Efetivamente, quer © homem no canto superior esquerdo ‘quer o homem no canto direto executam tarefas representativas do trabalho agrério, como a poda ea colheita. Todavia, esta itima atividade € algo inusitada, js que nao se trata de uma seara convencional, mas sim de uma seara constitulda por jovens absortos + na sua atividade de olhar para o ecr8 dos seus teleméveis, esquecidos dda sua individualidade, Os que tentam escapar a este cenario sero 4 Pawel Kuceynskl, Perfc garden “colhidos’ e consequentemente, eliminados deste jardin, 1 Intencao critica ‘Atiavés do cartoon, critica-se o comportamento dos jovens, que, embora capazes de dominar as novas tecnologias,estdo £6298 vez mais ensimesmados, cada vez mais incapazes de estabelecerrelagdes socials saudivels. Faia lem disso, o autor nao delxa de apontar 0 dedo & fata de pensamento original ecrtico, uma vez que, neste caso, sGlem ousor levantar a cabeca e deixar o mundo virtual, serd eliminado e deixard de fazer parte do’sistera! 2 lle —<(OSTT vdeo 2 copii x0 5. Discurso politico (11° ano) CO discurso politico, sendo um texto argumentativo, ¢fortemente persuasivo e alicercado em pontos de j vista de um emissor que mobiliza informacéo objetiva To antigo quanto a vida do ser humano em sociedade, 0 discurso politico tem a sua origem na ret6rica? (arte de bem argumentar) e na oratéria (arte da eloquéncia), tendo sido, desde o inicio, orientado paras convencer © povo. Exemple de discurso pol Sobre a Morte de Martin Luther King Tenho mas noticias a dar-vos, a todos os nossos concida jam a paz em todo o mundo: Martin Luther King foi morto a tiro esta noite. Martin Luther King dedicou a sua vida ao amor e a justiga entre seres humanos, e morreu por essa causa, Neste dia dificil, nestes tempos dificeis para os Estados Unidos, talvez faga sentido perguntar que tipo de nagao somos nés e que dire rnegros - tendo em conta as provas evidentes de que houve pessoas brancas que foram responsé- veis ~ podem estar cheios de amargura, de ddio‘e de um desejo de vinganga. Podemos seguir nessa diregao enquanto pais, a da grande polarizacao: negros entre negros e brancos entte bran. cos, cheios de édio uns pelos outros. ‘Ou entao podemos fazer um esforco, tal como fez Martin Luther King, por compreender € aceitar, ¢ por substituir essa violencia, esse derramamento de sangue que tem manchado a nossa s € a todas as pessoas que dese- queremos tomar, Aqueles de vés que sao terra, por um esforco para compreender com compaixio e com amor. Aqueles de vés que sao negros e que se sentem tentados a encher-se de ddio e de descon- flanca contra todos os brancos perante a injustica de tais atos, eu posso apenas dizer que tenho 0 mesmo sentimento no meu coragao. Um membro da minha familia foi morto, mas foi morto por um homem branco. Mas temos de fazer um esforgo nos Estados Unidos. Temos de fazer um es- forgo para compreender e para ultrapassar estes tempos realmente dific ‘O meu poeta preferido é Esquilo. Ele escreveu: "Durante 0 nosso sono, uma dor que nao se pode esquecer cai gota a gota sobre 0 coracdo, até que, no nosso proprio desespero, contra a nossa vontade, a sabedoria chega pela terrivel graga de Deu Aquilo de que precisamos nos Estados Unidos: Estados Unidos nao é de édio. Aquilo de que precisamos nos Estados Unidos nao é de violéncia e de criminalidade, mas de amor e de sabedoria, ede ter compaixao uns pelos outros, e de uma von- tade de justiga para com os que ainda sofrem dentro do nosso pais, sejam eles brancos ou negros. Por isso peco-vos que esta noite regressem a casa e que fagam uma oragao pela familia de Martin Luther King, sim, mas, mais do que isso, que fagam uma oracao pelo nosso pais, que todos ‘ns amamos; uma oragao pelo entendimento ¢ pela compaixao de que vos falei. Podemos sair-nos bem neste pais. Atravessaremos tempos dificeis; atravessimos tempos di- ficeis no passado; atravessaremos tempos dificeis no futuro, Este nao é 0 fim da violéncia, nao é 0 fim da criminalidade, nao ¢ o fim da desordem. Mas a grande maioria das pessoas brancas e a grande maioria das pessoas negras querer viver juntas, querem melhorar a qualidade de vida de todos nés, e querem justica para todos os seres humanos que habitam a nossa terra, ‘Vamos dedicar-nos a0 que 0s gregos escreveram ha tantos anos: a amansar a selvajaria do Homem ea tornar suave a vida neste mundo. ‘Vamos dedicar-nos a isso, e fazer uma oracdo pelo nosso pais e pelo nosso povo, 106 de divisio, Aquilo de que precisamos nos Robert Kennedy, “Sobre a Morte de Maria Luther King” (April, 1968, in Ripples of Hope: Gear American Col Rights Speeches (traducio de Amando Res), Basle Clrzas Books, 2003 Estrutura Aestrutura deste género textual é de natureza essencialmente argumentativa, + Introdugao: > Informagdo sobre a tragica morte de Martin Luther King, recordando a sua luta e mostrando que a sua morte pode levar & reflexao da na¢éo. + Desenvolvimento: > Apresentacdo dos argumentos a favor da rejeigao da violéncia, ultrapassando questées raciais. Para credibilizar 0 seu argumento, recorre ao exemplo do seu irmao, J. F. Kennedy, assassinado por um homem branco. Ao invés de usar um argumento de autoridade, 0 autor optou por se refer a0 assass nto de J. F. Kennedy como “Um membro da minha familia’, mostrando compaixo. 9 Recurso ao exemplo de Esquilo, enquanto prova viva da atualidade das suas palavras naquele contexto ‘em concreto, visto que o pais nao precisava de mais 6dio. » Exposigao, de forma credivel, dos seus argumentos, mobilizando exemplos que atestam a pertinéncia das suas palavras, envolvendo o piblico e convidando-o a partilhar das suas ideias. + Conclusio: » Reiteragao da sua convic¢ao de que é possivel alterar a consciéncia civica mediante o envolvimento de todos na luta contra o racismo e contra © édio, dai o recurso ao paralelismo nos paragrafos finais, como forma de vincar essa crenca na possibilidade de aprender com pasado ede construir um futuro melhor. Marcas de género especificas Caracter, + Defesa de um ponto de vista contra a violencia através de informacéo seletiva e percetivel, persuasivo com um certo grau de sofsticagao na mobilizacdo de dados historic e procedimentos retéricos complexos, apresentando dois caminhos (o do édio ou o da compaixéo), para Cconciuir que, afnal 36 hé um caminho possivel. A intencionalidade persuasiva ea diversidade de niveis de sentido sao eficazes no objetivo de provara dimensdo humanista da mensagem velculada Informagao + Selecao de dados abjetivos, que provam que hd motivos para que haja divisdo raclal nos EUA, seletiva ‘mas que um pais ndo sobrevive com esta tenséo racial Capacidade + Otexto revela uma estrutura cuidads, pardgrafos bem definidos e uma evidente progressao de expor expositive-argumentativa, com sequéncias bem delimitadas, nas quais éevidente o ‘eergumentar cruzamento de diferentes planos temporas e culturais, nomeadamente a leitura do presente com base nos l6sofos gregos. io mobilzados argumentos e contra-argumentos pertinentes Dimensao ética + Preocupacio evidentemente humanista, procurando desenvolvero sentido de cidadania social através da promogio da compaixso e do amor fraterno, de modo a que um pats que js enfrentou tempos cificels posse caminhar para umn future mais justo, Eloquéncia + Racurso a um vocabulirio expressivamente rico, embora acessivel, marcado por mecanismos de reiteragdo lexical (Atravessaremos",“atravessémos", ‘atravessaremos" que veiculama informacio com notéria fuéncia. DNota ‘Ap6s a analise deste discurso politico, conclul-se que apresenta as marcas especificas de género: possul um ‘aricter persuasivo na defesa de um ponto de vista, através de informacao seletiva eficaz, expondo uma argumentacao clara e objetiva, Adimensio ética e social esta em evidéncia na apologia humanistafeita com Fecurso a um tom eloquente que reforca a intencionalidade deste género textual. 23 viseo 24 Capito -Leturo 6. Artigo de opiniao (1).° ¢ 12° anos) O artigo de opiniao, tal como o texto de opiniao (que abordaremos mais especificamente no capitul seguinte, a propésito do dominio da Escrita), ¢ um texto de carécter argumentativo, em que o autor expoe = © seu ponto de vista sobre um determinado assunto de interesse atual, recorrendo a argumentos vélidos # para convencer 0 piblico-leitor da sua tese. H4, pois, uma selecdo pertinente e uma exposicao objetiva e: veridica da informacao, de forma a, coerentemente, validar uma determinada perspetiva. Este género textual aparece frequentemente na imprensa, em jornais e em revistas, em textos assina- dos pelo autor, daia necessidade de ser veiculada informacao fidedigna. Entre eles, encontramos a crénica, © editorial ou 0 artigo de opiniéo propriamente dito, que abordam assuntos diversificados como politica, ‘economia, sociedade, tecnologia, satide, ambiente, cultura, desporto, e que despertam a curiosidade do leitor em aprofundar o seu conhecimento sobre um destes temas, sem esquecer que se trata de um ponto de vista pessoal de alguém que interpreta de forma subjetiva a realidade. Exemplo de artigo de opiniao Opinido Capicua Rapper Acena toda Aprendi que o nosso caldo, o nosso so- 4. writers, mc’s, b-boys e dj's da cidade cabiam taque, a nossa linguagem quotidiana, as aj, Era um lugar de partilha de informacao, nossas referéncias locals ¢ as nossasvivén- um tempo em que era preciso trocar casse- clas individuals podiam ser matéria-prima tes, revistas, desenhos e dicas presencial- mente e em que a comunidade Hip Hop do Nasci no Porto em 1982 e 0 meu primeiro Porto comegava a consolidar-se numa cena. contacto com a miisica foi através dos discos Foi uma pequena e poderosa revolugao e, ‘que 0s meus pais ouviam. José Afonso, Fausto, nessa legitimagao identitéria, abriu-se diante Zé Mirio Branco, Sérgio Godinho fizeram —_ de mim.a possibilidade de escrever as minhas ‘com que, na minha concegao de mésica,apa-_préprias letras. Tinha encontrado a minha lavra fosse sempre indissociivel. Nao s6 do tribo. [..] onto de vista estético (no seu protagonismo e 0 Hip Hop ensinou-me muita coisa e foi a inventividade), mas sobretudo enquanto vei ele que dediquel quase todo o meu tempo livre. culo de mensagem, enquanto discurso e (por- Foi comele que escolhi rotular-me nos anos da \» que nao?) enquanto posicionamento. Talvez, minha adolescéncia, sobrepondo-me as classi por isso, tenha encontrado no Hip Hop (anos « ficagdes que extemamente se impunham. Foi ‘mais tarde) um sentido de identificacao, uma __com ele que criei uma relagdo estreita com a familiaridade. minha cidade e com a lingua portuguesa. Foi Fra adolescente no Portoem 19870 meu _com ele que aprendia ética da autossuperagao » primeito contacto com a cultura Hip Hop foie que estimulei o espirito de iniciativa, numa através do Graffiti. Comecei a prestar atengao = espécie de DIY militante que me anima até aos rabiscos nas paredese procurei saber mais hoje. E foi ele que deu sentido & minha escrita, sobre aquele misterioso cédigo estético. Fui que me impeliu a desenvolver a minha voca- * investigando, experimentando no caderno e _oe que (ultimamente) me tem permitido ga: » na parede e conhecendo cada vez mais gente _nharavida.[.) com o mesmo interesse. igo e repito sempre que posso, pergun- Foi assim que cheguei a um pequeno bar da ou nao, que tenho nos Dealema um na Rua de Cedofeita, em que todas as quin- _exemplo e uma inspiragao, Nao apenas por tas-feiras havia noite de Hip Hop. Todos 05 __terem sido fundadores da cena portuense, mas por terem ajudado a consolidé-la ano No palco do Rivoli tocaram na integra 0 © ap6s ano, “incentivando os putos como man-_ seu primeiro lbum e lembrei-me de mim, de dam asleis" Na perspetivade queomcétam- _discman na mao e phones nos ouvidos, ou- bém um mentor, servindo de fio de prumo » vindo-o pela primeira ver, impressionada. para o crescer do movimento, alimentando 0 Dei por mim, de novo com 20 anos, sendo fa espitito de coletivo, mantendo uma ética de como s6 um adolescente consegue, entoando » trabalho, eles tém estado sempre lie a tribo 0s refrdes em coletivo, de bragos no ar e sen. mostra reveréncia, tindo cada rima como se nos definisse. in Visdo,aps:/viso sap, pe/opinio/2016-06-06-4-cena-toda (consuado em 2-03-2017) Estrutura + Titulo: sugestivo ~ “A cena toda’, que remete para uma musica dos Dealema, com o mesmo titulo. + Resumo / destaque: explicitacao do titulo e antevisdo do tema do artigo de opiniao. «+ Introdugdo 1. porégrto: > apresentacao do tema do artigo - importancia da influéncia musical dos pais de cantora, dando-Ihe a conhecer muisicos nacionais que valorizam o poder da palavra, 0 que explica a sua preferéncia pelo hip hop. + Desenvolvimento (2° « antepenitime porégat > exposi¢ao dos argumentos e dos exemplos comprovativos da sua opinido ~ sumétio da sua relagio com o hip hop, através de argumentos que validam a importancia desse género na sua formagao mus: «al, recorrendo a exemplos pertinentes do seu contacto com artistas portuenses. € ainda de referir a importancia do hip hop enquanto ligao de vida. + Conclusio (dos timos pardgrofos: > reiteragao da opiniao veiculada ao longo do texto ~ importancia do hip hop no seu crescimento en: quanto pessoa e enquanto artista. Marcas de género especificas : Explicitasaode um ponto _| « Apresentacao da perspetiva pessoal da cantora sobre aimportancia dada & devista palavra nas misieas ouvidasna Infancia e najuventude, de José Afonso até Dealeme, que a marcaram profundamente. O assunte tem intressegerale tua ais especticamente no campo sociale musical Clareza e pertinéncia «+ Recurso a argumentos objetivos que justificam a opinio pessoal apresentada, da perspetiva adotada, ‘exemplificados com referéncias pertinentes que comprovam a credibilidade dosargumentos desenvolvidos | da opiniso veiculada, dos respetivos exemplos Discurso valorativo + Manifestaco de um juizo de valor expicito sobre a importancla do contact, | ne Porto, como hip hep. Neste exemplo, destacam-se os seguintes aspetos: * © Fecurso a uma linguagem valorativa, marcada por recursos com acentuado valor expressivo, como a ™Metéfora (‘Servindo de fio de prumo para o crescer do movimento") e por uma adjetivacao apreciativa ("Foi uma pequena e poderosa revolucao’}; © Fecurso, geralmente, & primeira pessoa ("Digo e repito sempre que posso, perguntada ou ndo, que tenho nos Dealema um exemplo e uma inspiracao’. 25 eee T Sintese de conteUdos Género | Contextode produséo | Estrutura. © Marcasdegénero = Marcas detexto | edetransmissio——possivel’ = _especcas linguisticos 1.Relato + Autor: viajante_ + Titulo, | + Variedade detemas | + 1.8 pessoa deviagem —(omalista escrtor..) | «itrodugdo Discutso pessoal | (Subjetidade) (nararuma | «Meio de ransmissio: |. Desenvolvimento | (Prevlénciada | «Formas verbals viagem) jomnalrevstaem papel || conciuesg 1 pessoa) na passado ‘ou online interne, Dimenséo naratva | (referencialmente) livro. ‘ Encadaamanto ‘ou no presente Veo de ide + Dimenséo : ogico de ideas (valor intemporal) descritiva Wak 2 * Multimodalidade pleases expressivos (excadjetivacs | | comporagio} + Expressoes temporsise | espacial 2 Exposigo + Autoralguémque «Titulo + Caricter | e3npessoa sobreum —estudou,qveconhece sinroducdo demonstrative (objetividade) tema otemaemavestio —“pecenvowvimento _* Eucidaceo Frases declarativas (darinformagdo | «Melo de tansmissio: | Coes evidentedotema | . verbos no incicatvo sobre um tema | lio jornal, revista fundomentacio |" gobretudo no deforma om papel ou onine, dasideas) presente, pretérito abjetvae Internet, «Concisio€ perfeito, futuro) fundamentada) objetividade ‘+ Hiperénimos e | + Valor expressivo holénimos. | lnguistcas decumsede consequencia B.Apreciagéo + Autor: critico + cabesatho sescrgdosucints | + Adjetvos critica |e Meiodetransmissio: «Titulo do objeto ualificatvos Cepreciarum | jornalrevistem papel | « invoducio + Comentario rico | (aprediacdo ou objeto de uoniinesimemet, |“ peremeaymento dlepreciacdo) atureza televisao, radio, livro. | + Advérbios + Conclusso + Oragbesrelatvas Recursos | crises | (ex: comparagao) 26 Género de texto 4.Cartoon (langarum colhareritico sobre um acontecimento atval) 5. Discurso politico (coftett sobre temiticas de e social) 6.Artigo de opiniao (apresentar um onto de vista pessoal sustentade emargumentos, eexemplos) | Contexto de producio ede transmissio + Autor: cartoonista (ormaista,lustrador...) + Meio de transmisséo: Jommais, revistas em papel ou online), blogue, internet | + Autor: pessoas/ centidades relacionadas coma protegao de valores politicos, relighosos e éticos, + Melo de transmisséo: televisdo, Internet, ioral. + Autor eitco, jornalista, Investigador? conhecedor do tema em questio + Melo de transmissio: livro,jornal, revista fem papel ou ontine, Internet, Estrutura possivel + Imagem ‘Imagem e texto + Estrutura predominantemente argumentativa + Introdugao + Desenvolvimento + Conclusio “Titulo + Resumo / destaque (opcional) + Introdugo + Desenvolvimento += Condlusio Marcas de género especificas + Apresentacio cntica de tema da atualidade + Carécter persuasive | + Informagao seletiva + Capacidade de expore de argumentar de argumentos, contra-argumentos ce provas validos) + Dimensao ética social [+ Eloquéncia (valor [expressive dos recursos usados) + Beplicitagdo de um onto de vista + Clarezae pertinencia da Perspetiva adotada, dos argumentos desenyolvidos e dos respetivos ‘exemplos + Discurso valorative Sines de ones Marcas | linguisticas Quando apresenta linguagem verbal: ‘Tom humoristico + Subjetividade + Valor expressive das formas linguisticas (x: jogos de palavras, trocadilhos) Recursos expressivos (Ex ironia) + Frases de tipo declarative e interragative + Uso do presente do indicativo com valor de universalidade + Eloquéncia selecso vocabular precisa + Recursos expressivos que conferem um tom discurso (ex: interrogagso ret6rca, anafora e paralelismo) +1 pessoa (subjetividade) + Linguagem valorativa + Recursos expressivos + Adjetivacio (apreciativa ou ddepreciativa) 27 28 Exercicio 1 Leia 0 seguinte texto. (Ohotel Yanggakdo fica na ilha Yanggak, no meio do rio Taedong, na zona sul de Pyongyang. Ailha 6 atravessada por uma ponte, mas os estrangeiros sao avisados com muita seriedade que nao devem, sob nenhum pretexto, pisé-la e, menos ainda, atravessé-la. Entenderam? + Bodiscurso sé avangava quando todos dissessem, um por um, que entenderam, Na Coreia do Norte, os estrangeiros nao podem andar sozinhos na rua. Esta é a primeira e mais importante regra que qualquer visitante tem de seguir. E uma regra de ferro, de pedra ou de qualquer outro material de rigidez sem apelo. ‘Um dos guias, menina Kim, falava bem a lingua estrangelra do grupo que acompanha, neste caso 1» a lingua inglesa, e sabia tudo o que tinha de dizer sobre os lugares a visitar; o outro guia, senhor Kim, falava com mais dificuldade a lingua estrangeira do grupo, apenas o suficiente para controlar aquilo que era dito, e sabia muito menos sobre os lugares ¢ 0s monumentos, nunca falava sobre isso. Ao fim, de pouco tempo, era muito ébvio que da mesma maneira que controlavam os visitantes, ambos os guias se controlavam mutuamente. %NaCoreia do Norte, entre os visitantes estrangeiras esta sempre latente o rec [Ninguém quer ir para lugares onde nao deva eficar sujeito aos castigos que imagina, Nailha de Yanggak, subentendia-se que nao deviamos sair do hotel. Havia Ié tudo 0 que po ‘mos precisar: uma loja com vestidos tradicionais, garrafas de dgua e pacotes de bolachas; uma livraria com as obras completas dos lideres; um salao de cabeleireiro, onde se podia fazer uma permanente » por doze euros, o equivalentea um telefonema de dois minutos para a Europa. Por curiosidade antro poldgica, gostava de ter conhecido uma dessas pessoas que aproveitam a estadia na Coreta do Norte de se afastarem. para fazer uma permanente, Havia também o restaurante n.* 1 e o restaurante n2 2, Com as portas lado a lado, com o nome anunciado em letreiros luminosos paralelos, Como irmaos gémeos, muito penteados e arranjados, ‘mas com um trago sinistro na expresso, geracdes de consanguinidade. Porque tinha interiorizado a proibigao de ir onde quer que fosse, fiquei muito surpreendido quando, antes, perguntei a menina Kim se podia correr. Respondeu-me logo que sim, claro que sim. Grande sorriso. Tentel perguntar-the até onde podia it. Sortiso a desvanecer-se. Nao respondeu con- cretamente, Fiquei com a sensagao de que podia correr até onde me parecesse razoavel. Essa era uma » resposta boa e md hotel tinha uma alameda larga diante da porta, Fol porai que safa correr, intrépido aventureiro. Corri durante 49 minutos e 12 segundos. José Luts Peixoto, Demo do Segredo - Uma viagem na Corea do Nove, Quetzal, 2012 Para responder a cada um dos itens de 1. 7,, selecione a nica opcio que permite obter uma afirmagso correta, 1. O texto apresentado pertence ao género (A) exposigao sobre um tema. (8) discurso politico. (©) relato de viagem. (0) apreciacdo critica 2. A viagem a Coreia do Norte é marcada {A) pela criacdo de pontes entre os turistas (8) pela repressao. (©) pelo mistério. (0) pelos servicos baratos. 3. Ainterrogacdo retérica usada no segundo paragrafo tem como intenc3o (A) citar uma figura de autoridade. (B) estabelecer um pacto com a autoridade. (6) alertaros leitores para a proibicao. (0) reiterar a ordem dada. 4. O discurso pessoal e as marcas de subjetividade sio evidenciados através {A) do uso das formas verbais e pronomes na primeira pessoa. (B) do uso da primeira pessoa e do relato do tempo da corrida. (©) da referéncia a0 inglés dos guias } {D) da referéncia a0 tempo da corride. 5. Orecurso a “mas”. 2625) realga uma ideia de (A) adicao, (B) alternancia. (©) contraste. (0) concesséo. 6. No segmento “€ uma regra de ferro"(.7) esta presente (A) uma metafora. (B) uma personificagéo. (C) uma antitese, {D) uma anafora, 7. 0 segmento “Na Coreia do Norte" (15) desempenha a funcao sintatica de {A) complemento obliquo. (8) modificador. {C) sujet. {D) modificador do nome apositivo, 8. Indique o antecedente do vocabulo sublinhado em “pisé-la e, menos ainda, atravessci-la 9. Classifique o sujeito da oragao “Ninguém quer ir para lugares onde ndo deva" J. 16. 10. indique o valor da oracao iniciada por “que” em “que acompanha"t.9). Solugio 1 1. (C1.2.(8).3. (0).4.(A).5.(C).6.(A).7.(8). 8. (uma) ponte 9. (Sujeito) simples. 1W.valor restive 29 eee copia stro Exercicio 2 Lela o seguinte texto, Geografia do Portugués 0 portugues ¢ 4 lingua que os portugueses, os brasileiros, muitos africanos € alguns asidticos aprendem no bergo, reconhecem como patriménio nacional ¢ utilizam como instrumento de comunicagéo, quer dentro da sua comunidade, quer no relacionamento com as outras comunidades lusofalantes. Esta lingua nao dispde de um territério continuo (mas de vastos territérios separados, em varios continentes) e nao € privativa de uma comunidade (mas & sentida como sua, por igual, em comunidades distanciadas). Por isso, apresenta grande diversidade interna, consoante as regides € 08 grupos que a usam. Mas, | também por isso, é uma das principais linguas internacionais do mundo. E possivel ter percecdes diferentes quanto a unidade ou diversidade internas do portugués, conforme a perspetiva do observadot. | Quem se concentrar na lingua dos escritores e da escola colherd uma sensa- gio de unidade. Quem comparar a lingua falada de duas regides (dialetos) ou grupos sociais (socioletos) nao escapard a uma sensagao de diversidade, até mesmo de divisao. Uma lingua de cultura como a nossa, portadora de longa histéria, que serve de matéria-prima e é produto de diversas literaturas, instrumento de afirmagio | mundial de diversas sociedades, nao se esgota na descrigao do seu sistema lin guistico: uma lingua como esta vive na hist6ria, na sociedade e no mundo. 2» Temumaexisténcia que é motivada e condicionada pelos grandes movimen. tos humanos e, imediatamente, pela existéncia dos grupos que @ falam. Significa isto que 0 portugues falado em Portugal, no Brasil e em Africa pode continuar a ser sentido como uma tinica lingua enquanto os povos dos viios patses lusofa lantes sentirem necessidade de lagos que os unam. A lingua é, porventura, 0 mais 5 poderoso desses Lagos. [..] A diversidade Linguistica que o portugues presenta através do seu enorme espaco pluricontinental 6, inevitavelmente, muito grande e certamente vai au: mentar com o tempo. Os linguistas acham-se divididos a esse respeito: alguns acham que, jé neste 2» momento, o portugues de Portugal (PE) e o portugués do Brasil (PB) séo linguas diferentes; outros acham que constituem variedades bastante distanciadas den. | Centro Virtual Cannes, bep//eveinstnto-camoes pt conhece/bases emacs | istora-a-linga- portuguesa tn (consulkado em 04-04-2017) { Para responder a cada um dos itens de 1. a 6., selecione a unica op¢do que permite obter uma afirmacao correta 1. Este texto pode ser classificado como (A) uma noticia. (B) uma exposicdo sobre um tema, (©) uma reportagem. an (0) uma apreciacao crtica 2. Otema deste texto é (A) a lingua portuguesa, (B) a lingua portuguesa ~ diversidade e unidade. (C) a diversidade da lingua portuguesa. (D) o portugues europeu e o portugues do Brasil 3. Na frase “A lingua é, porventura, o mais poderoso desses laos. 24-25), 0 conector sublinhado exprime um valor de (A) certeza, (B) condicao. (©) duvida, (0) concessao. 4, Através do recurso a locugéo “Por isso” 9.7, pretende-se evidenciar um nexo (A) conclusive. (B) causal. {C) condicional. (0) concessivo. 5, O proceso de formacao presente em “lusofalante” 23-24) & (A) aamaigama. {B) a composicao morfossintatica. {C) a composicéo morfolégica. (0) a derivacao. 6. Na frase “Mas, também por isso, € uma das principais linguas internacionais do mundo" (8-9), 0 segmento sublinhado desempenha a fungéo sintatica de {A) predicativo do sujeito. (B) predicativo do complement direto. {C) complemento direto. {D) complemento indireto, 7. Classifique a ora¢ao iniciada por “Quem se concentrar na lingua dos escritores eda escola’. 12. 8. Indique a classe ea subclasse a que pertence o vocabulo “que” na frase “O portugués éa lingua que”. 9. Identifique a funcao sintatica do segmento sublinhado em “nao se esgota na descri¢do do seu sistema linguistico” a. v9, Solugio 1. (8).2.(8).3. (0). 4.(A).5. (0.6. (A 7.Oragéo subordinada substantivarelatva Pronome reltivo, y 9.Compiemento obliquo. 3 Tr 32 Copinso Lone Exercicio 3 Leia o seguinte texto e responda as questées, A vida em busca do sonho Critica Ipsilon por: Jorge Mourinha O Mentor tc (© Mau % Mediocre 4k Razodvel #48 Bom {eto A Muito Bom soktrok Excelente 0 novo filme de Paul Thomas Anderson nao é 0 “Grande Filme Americano” que queriamos, antes wm grande filme sobre 0 lado escuro da América. Juntamente com 00430 a Hora Negra e Django Libertado, O Mentoré.o terceito grande filme igno- rado pelas principais nomeacoes aos Oscares (restringidas apenas aos seus trés atores principal: s Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams), Mas, enquanto Quentin Tarantino Kathryn Bigelow pagaram o prego da controvérsia temética, Paul Thomas Anderson pagou o preco da perplexidade com que O Mentor foi recebido ao longo dos iiltimos meses. E, no entanto, vistos em conjunto, 08 trés filmes formam um peculiar triptico sobre o “lado escuro" da América que pode explicar, em parte, o desconforto com que foram recebidos. ° _Dosiés, 0 Mentoré, contudo, o mais opaco e desconcertante dos tés, acompanhanclo uma déeada na vida de um veterano da II Guerra Mundial que, desajustado da “nova América’ se deixa seduzir pelas ideias de um guru carismatico ..). Paul Thomas Anderson ndo dé grandes pistas, espera que seja 0 es- pectaclor a unir os pontos-é, evidentemente, de propésito: se hé coisa que ele sempre foi é um cineasta cerebral, e tudo 0 que se passa sob a fachada gloriosa da América pés-ll Guerra Mundial, do we've never 's had itso good que Hollywood cristalizou, passa-se apenas na cabega das suas personagens. Sao gente que procura uma panaceia para se eintegrar, que tenta reencontrar a inocéncia desses anos dourados antes de a guerra ter tornado tudo sujo e doloroso. Essa panaceia pode bem ser a aster Dodd defende com a esperanga de encontrar a solugao ~e, mais do que o filme ologia que tanto se especulou ser, O Mentor torna-se entéio numa alegoria de uma rica cafda “em pecado’, procurando reencontrar a saida do labirinto em que se deixou fechar Freddie, o alcodlico psicético de joaquin Phoenix, ndo quer outra coisa que nao seja apagar ou esque- cer 0 pasado, mesmo que isso seja impossivel - busca a tal “segunda oportunidade” mitificada no “sonho americano” mas comega a perceber que talvez 0 mais que consiga encontrar seja 0 épio do Povo (Alcool, sexo, religido). Dodd, o guru carismético de Philip Seymour Hoffman, é o homem com 2% preensivo que acredita no que os outros nao querem sequer ver e que Ihe oferece uma possibilidade de redencao, Acteditard realmente Dodd em Freddie? [..] nesmo que dentro de um quadro especifico. Acreditara realmente Freddie na Causa? Eo que Anderson faz, puxando ao maximo o glamour, a perfeigao ideal dos anos da abundancia, 6 contrasté-1o com a angiistia existencial,talvez iresolivel, de uma sociedade que esconde a ansie- ve dade por trés da fachada. Dificilmente se poderia encontrar melhor ilustragao disso do que a musica dliscordante e sedutora de Jonny Greenwood dos Radiohead, perfeita transcrigao sensorial do carto- cel de emogées ¢ identidades de O Mentor. Que, desde jé, é um dos grandes filmes americanos dos ca existencial dos anos 1970 que 's esperavam. Apenas um grande filme sobre a América liltimos anos; um melodrama dos anos 1950 reencarnado numa bi nao é 0 “Grande Filme Americano” que mi De ontem, tal como de hoje. {in up, ww.publicopt/culturalpsilonnoticia/a-vda-em-busca-do-sonbo-1656182 (esto adaptadoe consultado em 19-042 1. Refira de que modo a frase em destaque que antecede o titulo antecipa o posicionamento do cttico. Sugestiio de resposta ‘frase encerra uma duaidade: nio é 0 “grande filme que se pretende sobre a América, mas sim um bom filme sobre aface negra dessa mesma América. Na verdade, com este destaque, oleitar fica alertado para aimagem que o critica pretende veicular~ ade uma América decadente,alheada dos valores quo estiveram na base da Sua constituigdo como nacio defensora da liberdade e da feliidade individuals. Assim, a expresso "lado escuro"f )seréreiterada 20 longo da critica evisive! em afitmagdes como “aida tm pecado”. 20), Percurso de resposta + Referéncia & dualdade presente na frase, + Explictago da itenconalidade dessa dualdede, + Conclusio e exemplfcacdo do anteormente exposto. . Transcreva duas expresses valorativas usadas no artigo que evidenciem 0 posicionamento subjetivo do jornalista Sugestio de resposta Duas express0es valorativas que evidenclam o posicionamento subjetivo do joralista podem seras sequintes: ...]se hd colsaque le sempre foié um cineasta cerebral e tudo o que se passa soba fachada gloriosa da América p6s-lIGuerra Mundial do we've never hadit so good que Hollywood crstalizou,passa-se openas na cabeca das suas personagens”Q. 18-18) "...Jatal segunda oportunidade mmiticada no ‘onho americano’ mas comesa aperceber quetalvez ‘0 mais que consiga encontrar sea o dpio do pove (alcool, sexo religdo) 22-24, Percurso de resposta, + Apreciacao valorativaresuitante da utlizagio de _adjtiv e do recursoa uma expressio ‘em inglés paradigmatica do cinema de Holywood, + Apreciagaovalorativaresultante da referéncia ‘a concetosextratetuais—‘sonho americana, \ulgatmentedesignado por‘omerican dream’ representandoa busca de uma felicidad que assenta em bens materais;"épio do pov, expressio da autora de Marx, que va na religi80 um fator de aienagio do pove, 3. Indique duas marcas de género especificas deste texto, justificando com expressdes textual. ‘Sugestao de resposta Na descrigdo do objeto, encontramas rigor e subjetividade, que, ‘enguanto sao apresentados facts concretos relativos 3 reallzacaoe 208 ators, também é revelada a posicio subjtiva do crtco, a considera, por exemplo, que dos tés filmes rferidos“O Mentor ‘contudo,o mais opacoedescorcertante dos tes” ‘No comentario rtico, recorre-se a uma linguagem valoratva— “Avenas um grande filme sobrea América” -, que mostra bem 0 ‘motivo pelo qual foram atrbuidas 4 em 5 estrelasa este filme Percurso de resposta + Desctgao do objeto apreciado —flme 0 Mentor, combinando a apresentacio objetiva defactos com uma opinio subjetva sobre os mesmos + Recurso a uma linguagem valratva 4. Identifique a funcao sintatica desempenhada pelo segmento sublinhado em “Dodd, o guru carismatico de Philip Seymour Hofiman, ¢ 0 homem compreensivol...)". 24-28) 5. Indique o referente do pronome pessoaal sublinhado em “é contrastd-lo"p.29) Classifique a oracao ‘mesmo que isso seja impossivel" 0.22) 7: Indique 0 valor do conector “contudo”f. 10. Solucio 4-Modificador aposit '5.(0} glamour 16: Ora¢30 subordinada adverbial concessva Talos de oposicao/contraste vo do nome, 33 SE ES 34 copii -Lstro Exercicio 4 1. Observe o cartoon apresentado. 1.1, Descreva a situacao representada no cartoon, explicitando a sua intencionalidade critica Rodrigo, Neligdncia ‘Sugestdo de resposta Neste cartoon de Rodkigo, épossivel abservar um mapa de Portugal, pas cuja rego central se encontra inundada devido 20 liquide derramado pela lata cujo rtulo dia*Negligéncatransportada por um campino, ‘Assim, este cartoon apresenta uma intencionalidade critica bem evidente, visto que representa o descuido e aindoléncia dos portugueses(representados por esta personagem tipca) perane o seu teritrio, Desta forma, sublinha-seodeslelio de todos nds para com o n9s80 terteio, quando, por exemplo, no verdo, 80 feitospiqueniques com 2 familia eos amigos no hd ocuidado de preservara natureza estando atentos a fogueiras devidamente extintas Neste sentido, 0 cartoon apresenta uma evidente critica & fata de cuidado dos portugueses na preservacio do seu territério,o que leva & destruigao das nossas belaspaisagens. Exercicio 5 1. Observe 0 cartoon. 1.1, Descreva a situagao representada no cartoon, explicitando a sua intencionalidade critica, enrique Monteiro, Lar, rdgico lar Sugestdo de resposta ste cartoon de Henrique Monteto tem como contexto as noticias surgidas no inicio do ano reativamente 3 morte de rove mulheres por voléncia domestica. Neste sentido, o autor retrata um casal cujosoriso paraaslfe€forcado. ‘Aforca sia do homer é demonstrada pela frmeza com que estrengula a mulher, apenas com uma mao, sendo vsives & aflgdo e a dor estampadas no rosto feminina, concuindo-se, assim, que esta & vtima de viléncia doméstca. A célebre sapressio"Lar, doce lré, enti, subvetida,sendo oadjtivo “doce” substituid por tragic’ de modo aenfatizar oambient> Ge soffimento que reina em muitos ares, em cue as mulheres s4o contoladas pelo marido tendo de estar submissas este, al ‘como a imagem compreva, na qual a mulher € forgada a sori, Desta forma, o cartoon pretende denunciar a situacéo de muitas mulheres que so obrigadas a oculta a violéncie que pauta a svas vidas, fngindo uma exstncia feliz, com a conivéncia das tecnologia, neste caso do smartphone, que no fovelagagresséo a que a mulher esta ase sujeita, Concise, pois, que éfita uma critica &vilénciadoméstica, mas também po poder da tecnologia, visto que asredes soclasreproduzem a uséo do real encobrindo teres situagdes como a etratada Exercicio 5 Leia o seguinte texto e responda as questies. Texto do discurso de José Mi na Cimeira Rio +20 -a, Presidente da RepUblica Oriental do Uruguai Conferéncia das Nacées Unidas sobre Desenvolvimento Sustentavel 20 de junho de 2012 Autoridades presentes de todas as latitudes e orga povo do Brasil e& sua Presidente, Dilma Rousself, Muito obrigado & boa-fé que tem, certamente, ma- mos, muito obrigado, Muito obrigado ao nifestado todos os oradores que me precederam. Como governantes, expressamos @ intima vontade de acompanhar todos os acordos que esta nossa pobre humanidade possa subscrever, No entanto, seja-nos permitido fazer algumas perguntas em voz alta, Durante toda a tarde tem-se falado de desenvolvimento sustentivel, de se erradicar a pobreza. |...) Estamos a governara globalizacdo ou a globalizagao é que nos governa? f possivel falar de solida~ riedade e de “estarmos todos juntos” numa economia baseada na concorréncia impiedosa? Até onde vai a nossa fraternidade? o Naoestoua dizer nada disto p mos pela frente é de colossal magnitude e a grande crise nao 6 ecoldgica, mas sim politica [..] Por exemplo, uma limpada elétrica nao pode durar mais de 1000 horas ligada, No entanto, exis- tem lampadas que podem durar 100 mil horas ligadas! Mas essas nao se podem produzir porque 0 problema é 0 mercado, porque nds temos de trabalhar e temos de sustentar uma civilizagao de “usar negar a importancia deste evento, Pelo contrério: o desé que 's e deitar fora ¢ assim permanecemos num circulo vicioso. Estes sao problemas de cardcter politico que nos lembram que é hora de comegar a lutar por uma outra cultura, Nao se pretende equacionar um regresso a época do homem das cavernas, ou de erguer numento ao atraso? Contudo, nao podemos continuar a ser, indefinidamente, governados pelo mer- cado. Pelo contririo, temos de ser nés a dominar o mercado. [...] ® _ Porisso, quero saudar os esforcos e acordos que esto a ser feltos. E, como governante, vou acom- Panhé-los. Eu sei que algumas coisas que estou a dizer “moem” Mas temos de perceber que a crise da ‘gua e da agressao ao meio ambiente nio € a causa. A causa é 0 modelo de civilizagio que temos or- ganizado, E 0 que temos de rever éa nossa forma de viver. [..] Os meus colegas trabalhadores lutaram muito pelas 8 horas de trabalho. E agora estio a conse- % guir as 6 horas de trabalho. Maso que tem seis horas, tenta ter dois empregos, portanto, trabalha mais do que antes. Porqui Porque tem de pagar uma série de prestagSes: da mota, do carro, e pagar pres- tages e mais prestagdes e, quando der conta, é um velho reumstico, como eu, a quem se lhe escapou avida. E, entio, fazemos esta pergunta: & este o objetivo da vida humana? O que quero dizer é muito ® bésico: o desenvolvimento nao pode ser um obstéculo a felicidade. Tem de estar a favor da felicidade aes. do amor na Terra, das relagdes humanas, dos cuidados para com as criangas, de ter amigos, le ter o essencial ndo lutamos Precisamente porque este ¢ 0 tesouro mais importante quetemos-a felcidade. Qu Belo meio ambiente, devemos lembrar-nos de que o primelro elemento do meio ambiente se chama i) fetcidace humana Muto obrigado, tn hu www-presidenciegub.uy/sala-de-medios/medios-prensa-urugusyo (consultado em 19-04-2017) 35. copii! -.eto 1. Explicite a originalidade da visio do orador acerca da problematica do desenvolvimento sustentivel Sugestéo de resposta Percurso de resposta : ) | um dscurso clare profundamente humanists 0 oradorsurpreende + ntoducio. ‘© audlitério com uma visdo que escapa ao cientificismo/tecnicismo de urn posicionamento sobre a tematica em questao, De facto, longe dese enredarem + Justificacdo da afimacao nical com justiticagdes de naturezacientifica, o orador admite que-a solucio para acrise cexemplficagioretirada dotexto, ambiental que planeta esta enftentar passa por revermos a nossa forma de estar no mundo "Eo que temos de reveré a nass forma de vverV. 23), + Sintese da vsBo orginal do orador. ! O orador assinala, na sua visdo, questdes de natureza cultural que implicam ‘mudanga de otinas préprias de cvilizacbes consumistas, que colocam 0 ser hhumano a ser governado pelo mercado e ndo.o contréro. 2. Identifique e comente a intencionalidade da pergunta retérica presente no antepenuiltimo pardgrafo. Sugestdo de resposta Percurso de resposta, A pergunta retérica "este o objetivo da vida humana?” 29} term uma + Identificacdo da pergunta retorca, funconaidade equivalente a um conector dscursiv, garantindo a coesio ea + Referencias concretas coeréncia textuals, 20 passo que anuncia a conclusio do discurso, imtencionaidade, relacionando-a Para além diss, este processo de retérca tem por finalidade interpelar oaucit6ro, com a posigSo do orador, consciencializando-o paraaimportancia da construgio de uma sociedade cujo pilar deve sera flicidade humana, 3. Refira 0 apelo contido na conclusao do discurso. Sugestdo de resposta Percurso de resposta, Para encerraro seu discurso, oorador recore, através de uma interrogacio + Intioducio. retGrca, a um apelo improvavel, quae inversimil, num contexto politica ~ a + Identificacdo do apelo. hhumanizacao das sociedades ea consequente construcao da flicidade do indlviduo “odesenvolvimento...|Tem deestera favor da elidade humanat...1"@.30-sn, | * Pemplficagio textual 4, Indique o antecedente do pronome pessoal presente na frase “E, como governante, vou acompanhd-los” 20-2, 5. Indique o tipo de coesao presente no segmento “No entanto, existem lampadas que podem durar 100 mil horas ligadas!"W. 12-3. 6. Classifique 2 oracéo “Quando lutamos pelo meio ambiente "Wl. 33-34) 7. Identifique a funcao sintatica desempenhada pelo constituinte “Autoridades presentes de todas as latitudes & organismos” 0. Solucdo 4. Oantecedente 60s esforgos eacordos’ 5.Coesto intertrasica 6. Oracdo subordinada adverbial temporal T.Vocativ. 36 Exercicio 6 Leia o seguinte texto. Instagramo? Ainda nao sei. Mas sei que hé algo de assustador na quantidade de fotografias que todos os dias so produzidas e partilhadas.. O escritor Edgar Allan Poe considerou a invengao do daguerrestipo (primeiro aparelho capaz de fazer fotografias) como “o mais importante, e talvez 0 mais extraordinaio, triunfo da ciéncia mo + derna” Nesse artigo publicado em 1840 na revista Alexander’s Weekly Messenger, conseguiut ver muito para lé do seu tempo prevendo que as consequiéncias dessa nova “invengao cientifica’ iriam “exceder, ‘em muito, as expectativas mais fantésticas dos mais imaginativos” Nao o poderia saber - imaginar ~ mas Edgar Allan Poe falava jé da fotografia digital, dos telefones portateis com maquina fotogratica, da partilha de imagens, do Instagram, Sou novo no Instagram. Quase sempre demoro a chegar. Fui das tiltimas pessoas da redacao da Visdo a comprar um telemével (fiquet convencido de um momento para outro quando precisei de fazer um telefonema com alguma urgéncia e nao consegui encontrar um sitio que vendesse Credifo- nes...), desconfiei do Facebook e até é provavel que tenha dito mal daquilo sem perceber bem como funcionava (descobri, depois, que ao contrario do que dizem muitos detratores das redes sociais é ‘5 mesmo um excelente instrumento para aproximar pessoas ¢ nos ligar ao mundo), s6 desisti do meu velhinho gravador de cassetes Sanyo quando uma entrevista importante ficou quase inaudivel... Mas nao fico parado. Demoro a chegar,s6 isso. Nos tempos da invengao da fotografia ninguém resistia a comparé-la com a pintura ailrmando, com orgulho no progresso da humanidade, que tinha sida descaberto um método de representar a » realidacie com exatidao. Uma méquina para chegar ao real, sem filtros. “As variagoes de sombra e as {gradacoes de perspetiva linear e aérea sao as da propria verdade na sua perfeigao suprema’ dizia, ainda, no mesmo artigo, um extasiado Poe. No jornalismo a invengio da fotografia foi, de facto, revo. lucionétia, vista como uma utopia torada realidade (“mostrar as coisas tal como elas so") e foi pre: «iso passar muito tempo para que se percebesse que a fotografia ¢ to, ou mais, manipuldvel do que % uma quantidade de palavras, preto no branco. Nao deixa de ser impressionante que essa grande men- tira da fotografia (a ilusio quanto & sua capacidade de representar a verdade) tenha feito 0 seu eami- tho até ao século XXI, & era do Instagram e do jornalismo digital. A fotografia continua a prometer tudo, a ser, muitas vezes, vista ou pensada como espelho do real, | ena verdade, nunca foi tao manipulivel: a um nivel teenico, claro, acessivel a qualquer erianga com |» um computador, mas, como sempre, etalvez sobretudo, na escolha do que mostramos e escondemos, do que consideramos digno de ser fotografado, mostrado, partilhado. © fluxo de imagens captadas e partilhadas no Instagram (e noutras plataformas similares) é tal ue quase podiamos acreditar na invengio de um permanente espelho das nossas vidas, dos nossos lugares, dos nossos dias. Um reflexo imparavel. No Instagram a fotografia (que os mais novos ja nao ¥ associam ao papel e& lentidao, como aconteceu durante décadas, mas sim & imaterialidade répida do Aigital) assume todas as suas potencials fungoes: é documento, é retrato, é paisagem, é arte. 6 irrele- Yante, é bela, ¢ ridicula, ¢ intima...; 6 tudo e nao é nada. E um fluxo de humanidade. Demasiada hu Manidade. Ainda nao sei se instagramo este presente.futuro Pedro Dias de Almeida (jornalista) In Visa, np /lsaosapo.pt/opinig higafone.pedro-dis-almeida/2015-12-10-Instagramo- (consultado ex 29-05-20 LL —ae opin! ei ara responder a cada um dos tens de 1.26. seleione a nica opcfo que permite ober uma afrmasao conreta.3 1. Este texto pertence ao género : {A) artigo de divulgagio cientifica (€) apreciagao critica (B) artigo de opiniao. (D) noticia, 2. Nas linhas 4-5 do texto, 0 recurso 8s aspas justifica-se (A) pelo relevo dado a citagao de um artigo de Poe (8) pela citacao de um estudo sobre a fotografia. (€) pela transcrigao das palavras do jornalist. (0) pela importancia da revista 3. No contexto em que ocorre, a palavra “detratores"f.4) é equivalente a (A) apologistas. (©) difamadores, (8) defensores, {0} acusadores. 4, Como marcas de género especificas, encontramos (A) aexposicéo de factos sobre um assunto atual. (B) 0 uso da 3 pessoa e expressdes valorativas. (C) o recurso a uma linguagem objetiva e sem riqueza expressiva. (0) a defesa de um ponto de vista pessoal sobre um assunto de interesse geral '5, Oprocesso de formacéo de palavras presente em “fotografia” “telemovel” é (A) composicao morfossintatica e morfolégica, respetivamente. (B) composicao morfolégica e morfossintatica, respetivamente, {C) composigao morfolégica, em ambas. (D) composicao morfossintatica, em ambas. «6, Na frase “um fluxo de humanidade,"&.37, 0 elemento sublinhado desempenha a fungao sintatica de {A) predicativo do sujeito. {C) complemento indireto, (B) complemento direto. (D) complemento obliquo. Solugdo 1. (B).24(A). 3. (C)-4.(D}.5+(0-66(A. 7, Sintetize os trés utimos parégrafos, constituidos por 321 palavras, num texto de 95 2 110 palavras Sugestio de resposta Segundo o autor, era inevitével 2 analogia estabelecida entre a pintura ea fotagrafa, aquando do aparecimento desta, {que permitiaa mimesis do real sem fikros. No entanto, e apesat de estainvenco te sido aclamada pelo jomalismo, nao deixa de ser evidente a sua fil manipulaco, tal como a era do digital assim 0 comprova ‘Averdade & que a fotografia é failmente adulterada, coma plataformas como o Instagram prover, levando a que haja uma ‘ertarealidade que se pretende parti. Assim, mals do que reflett a realidade, a fotografia nessas plataformas assume outras fungbes, mas ou men ‘mas também mats humanas (104 palavras) Percurso de resposto. « Manutengio da informagorelevante do textoronte analogia inevidvel entre a pinture ea fotografia, no rromento em que esta surge —captacéo da realidade sem filtos , — apesar desta uso de eaidade, a fotografia pode ser facilmente manipulada; ~olnstagram revela uma certarealidade, manipulada, ras também demasiada humanidade.

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