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Dimensionamento de Consolo de Concreto Armado
Dimensionamento de Consolo de Concreto Armado
Design of short reinforced concrete corbels and comparison of the dimensional limit
established by norm with results obtained by computational method
Hugo Medeiros de Oliveira (1); Lucas Teotônio de Souza (2), Jackson Souza Corrêa (3)
(1) Eng. Civil, Mestrando, Instituto COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
Brasil
(2) Eng. Civil, Mestrando, Instituto COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
Brasil
(3) Eng. Civil, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil
Resumo
Consolos de concreto armado são elementos estruturais amplamente utilizados na construção civil,
presentes em estruturas pré-moldadas e pré-fabricadas, nas ligações viga-pilar e viga-viga. Devido às
descontinuidades estática e geométrica, as tensões na região do consolo estão perturbadas, o que leva a
um dimensionamento não convencional, sendo necessária a utilização de outros métodos para o cálculo
deste tipo de estrutura. A NBR 6118/2014 recomenda e prescreve o Modelo de Bielas e Tirantes para o
cálculo do consolo curto, assim como de outras regiões chamadas especiais. O procedimento consiste em
representações discretas dos campos de tensões de um elemento estrutural. As tensões principais de
compressão são representadas pelas bielas, as tensões principais de tração são representadas por tirantes
e as regiões onde se cruzam dois ou mais campos de tensões são denominados nós. O presente trabalho
estuda o funcionamento dos consolos, com enfoque nos consolos curtos. Realiza-se uma comparação entre
o limite dimensional estabelecido por norma e as distribuições de tensões obtidas por software que utiliza o
Método de Elementos Finitos. São apresentados também, alguns métodos disponíveis na literatura para o
dimensionamento dos consolos curtos e, por fim, mostra-se resultados de exemplos práticos calculados por
um aplicativo em linguagem Visual Basic desenvolvido a partir dos métodos expostos.
Palavras-chave: Consolo, biela, tirante
Abstract
The reinforced concrete corbel is a structural element widely used in civil construction, structures of precast
concrete, beam-column or beam-beam connections. Its design is not done in a conventional way, since the
stresses in the region of the corbel are disturbed due to both static and geometric discontinuity. Therefore, it
is necessary to use other methods for the design of this type of structure. NBR6118 / 2014 recommends and
prescribes the Strut-and-Tie Model for the calculation of the short corbel, as well as other regions called
special. This method is given by discrete representations of the stress fields of a structural element. The
compressive stresses are represented by the strut, the tensile stresses are represented by tie and the
regions where two or more stress fields intersect are called nodes. The present work studies the operation of
the corbels, focusing on the short ones. A comparison will be made between the dimensional limit
established by standard for short corbels with the stress distributions obtained by software using the Finite
Element method. It will also be presented some methods available in the literature for the design of short
corbels and finally, will be developed software for calculating short corbels in Visual Basic language.
Keywords: Corbel, strut, tie
Figura 2 – Modelo de bielas e tirantes para uma viga parede: (a) a estrutura e suas cargas; (b) o fluxo de
forças no interior da estrutura; (c) o modelo de bielas e tirantes (FILHO (1996))
2 Metodologia
O presente trabalho busca avaliar o uso do Método de Bielas e Tirante para o
dimensionamento de consolos curtos e verificar o comportamento dos mesmos a partir de
um software fundamentado no Método de Elementos Finitos. Inicialmente são estudados
exemplos de consolos, modelados no programa SAP2000 versão 19, que, a partir de uma
análise elástica, irá gerar o traçado das trajetórias de tensões internas no concreto. Com
esses resultados, será possível avaliar os limites dimensionais estabelecidos na norma
brasileira NBR 6118/2014 para consolo curto. Serão apresentados, ainda, roteiros de
cálculos seguindo as especificações determinadas pelas normas brasileiras e por alguns
autores. Os exemplos serão dimensionados com auxílio de um aplicativo de cálculo de
consolos curtos desenvolvido para este fim.
Figura 4 – Esquema geral dos consolos utilizados como exemplo (AUTOR (2018))
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 5
Tabela 1: Geometria das estruturas modeladas
Modelos Tipo l (cm) d (cm) ac (cm) a/d a2 (cm)
1 Consolo Curto 55 45,5 36,6 0,8 8,4
2 Consolo Curto 65 45,5 45,5 1,0 9,6
3 Viga Balanço 75 45,5 54,9 1,2 10,1
4 Viga Balanço 90 45,5 68,6 1,5 12,5
Figura 5 – Distribuição de tensões (em kN/m²) na estrutura do modelo 1 – a/d = 0,8 (AUTOR (2018))
Figura 7 – Distribuição de tensões (em kN/m²) na estrutura do modelo 3 – a/d = 1,2 (AUTOR (2018))
Figura 9 – Modelo de bielas e tirantes para consolo curto (adaptado de SANTOS E STUCHI (2013))
Considerando que o nó “A” irá resistir até a tensão solicitante, ou seja, tensão aplicada
igual a resistência:
Fd (Equação 1)
a1
b f cd1
onde b é a largura do consolo, e fcd1 é a resistência do nó.
Para utilização desta consideração, Reineck (2005) propõe uma verificação da
capacidade de rotação do consolo similar ao apresentado na NBR 6118/2014, adotando
valor limite de x/d igual a 0,4.
Portanto, conhecendo o valor de a1, é possível obter o valor de y a partir da relação:
y a (Equação 2)
cotg θ
a1 y
d
2
A largura da biela é obtida a partir da dimensão da placa de apoio (a3) e a força atuando
na mesma depende da carga vertical. A tensão na biela é, portanto, calculada a partir da
equação:
Fbiela Fd (Equação 3)
biela
a biela b a 3 sen 2 θ b
A força atuante no tirante, que será utilizada no dimensionamento da armadura é
determinada por:
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 9
T1d Fd cotg θ H d (Equação 4)
Ressalta-se que esse modelo proposto por Santos e Stucchi é válido para valores de “a/z”
entre 0,4 e 2.
Figura 10 – Modelo de bielas e tirantes para consolo curto (adaptado de SILVA E GIONGO (2000))
As cargas na biela e no tirante são obtidas a partir do equilíbrio de forças, como mostrado
na Figura 10. A inclinação e largura da biela podem ser obtidas pelas equações 5 e 6,
onde t é a espessura da placa de apoio:
a3 (Equação 5)
a (h d) (H d /Fd )
tg β máx 2
d
a (Equação 6)
b máx 2 3 t tg θ cos β máx
2
Armadura no tirante:
a F H (Equação 7)
A stir 0,1 c d d
d f yd f yd
Armadura de costura:
Essa armadura é obrigatória e deve ser distribuída até 2/3 da altura útil, a partir do tirante,
com valor mínimo igual:
(Equação 8)
As A
cos t 0,4 st
s d
Armadura transversal:
Para consolos curtos e muito curtos sujeitos a cargas indiretas, se for construtivamente
necessário, a armadura transversal pode ser adotada como a mínima estabelecida na
NBR 6118/2014, indicada para uma viga de mesma largura e altura no engastamento
igual à do consolo.
Um modelo de detalhamento para consolos curtos, recomendado pela NBR6118/2014,
está apresentado na Figura 11.
Disposições construtivas:
O tirante deve ser localizado no quinto da altura do consolo junto à borda
tracionada;
As dimensões do aparelho de apoio e sua disposição deve ser dada de
maneira a permitir que o tirante abrace a biela;
Consideração de força horizontal quando não há o impedimento ao
movimento nessa direção (valores recomendados pela norma em função do
material da placa de apoio);
O espaçamento vertical da armadura de costura não deve ser maior 10 cm
ou a distância de aplicação da carga à face do apoio (ac).
Figura 12 – Aba inicial do programa MBTCC utilizada para inserir dados de entrada com valores do modelo
1 (AUTOR (2018))
A partir dos valores obtidos, plotou-se o gráfico “As (tirantes) x ‘a/d’” para comparar as
respostas em cada método, Figura 14. Além disso, calculou-se a armadura do tirante
recomendada pela NBR 9062/2017 para consolos curtos e por método seccional para
viga em balanço.
Percebe-se que apesar das diferenças entre os modelos baseados no MBT, os valores de
armadura encontrados para o tirante não se distanciaram muito, ficando ambos acima da
armadura recomendada pela NBR 9062/2017, para consolos curtos. A armadura
necessária encontrada pelo método seccional é maior que a armadura calculada pelo
MBT.
6 Conclusões
Neste trabalho foi estudado o comportamento dos consolos de concreto armado, com
enfoque nos consolos curtos. O intuito era avaliar o uso do Método de Bielas e Tirantes
para o dimensionamento dos consolos curtos e verificar o funcionamento dos mesmos
com auxílio de uma ferramenta computacional fundamentada no Método dos Elementos
Finitos, com o qual foi possível observar a distribuição das tensões em seu interior, via
análise elástica. Os resultados mostram que, para consolos curtos, existe a formação de
uma biela inclinada, confirmando os modelos adotados na literatura. À medida que a
relação “a/d” aumenta, a biela não mais se caracteriza, havendo uma uniformização das
tensões no interior da estrutura, mostrando que os limites estabelecidos por norma para
consolos curtos estão coerentes com os resultados apresentados pelo programa.
O dimensionamento dos consolos utilizando o programa MBTCC permite que seja
verificada a resistência da biela e dos nós e determinada a área de aço do tirante,
fornecendo especificações de seu detalhamento e ancoragem. As armaduras calculadas
para os quatro modelos apresentados ficaram próximas e acima da recomendada pela
NBR 9062/2017. Já a armadura encontrada pelo método seccional ficou acima das
armaduras calculadas pelo MBT, o que, de certa forma, traz certa segurança ao projetista,
caso não seja utilizado recomendações da norma para consolos com a/d < 1. Porém, o
fato de se utilizar uma armadura superior à necessária no tirante aliada a não verificação
da biela comprimida pode ser um grande risco. Como já foi dito, procura-se sempre que a
ruptura do consolo se dê no tirante, evitando a ruptura por esmagamento do concreto que
geralmente ocorre de forma abrupta, ou seja, sem aviso prévio.
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7 Referências
ALVES, J. A. M. Determinação de armaduras em elementos laminares (paredes) carregadas
no seu próprio plano. 2008. 132 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil,
Estruturas, Universidade do Porto, Porto, 2008.
FILHO, A. C. Detalhamento das estruturas de concreto pelo método das bielas e dos
tirantes. Cadernos de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
1996
HAGBERG, T. Design of concrete brackets: on the aplication of truss analogy. ACI Structural
Journal, v.80, n.1, p.3-11, 1983
REINECK, K. H. Modellierung der D-bereich von Fertigteilen. Beton Kalender, Teil II. Berlin:
Ernst & Sohn, 2005, p. 243-296.