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OS PIORES DESASTRES DI OS OST Doencas, enchentes, envenenamento em massa e incéndios que devastaram brutalmente a humanidade ae tees fat 0s 10 fendmenos 3s metecTOkOefeos que causaram mais mortes e prejuizos em todo o mundo desde 1500 a.C. STRUIC. TRAGEDIAS NATURAIS DA HISTORIA js FURACOES, CICLONES,> QUE ABALARAM O eT TSNUNAMIS E it ier ° NATUREZA EM ACAO Instituto Tecnolégico de Karlsruhe, na Alemanha, divulgou, em abril de 2016, um minucioso levantamento dos efeitos das catastrofes naturais em todo o planeta ao longo do século 20 e das duas primeiras décadas do século 21. Segundo o estudo, os desastres naturais mataram mais de oito milhdes de pessoas ao redor do mundo desde 1900 ~e esses 116 anos de desastres naturais tm como marco zero 0 furaco Galveston, nos Estados Unidos, em que 12 mil vidas foram perdidas por causa da forca dos ventos e do levante da maré na cidade do Texas, Estados Unidos. Desde entao, intimeros eventos climaticos aconteceram em varias partes do mundo e de maneira absolutamente democratica, jé que nenhum conti- nente foi poupado das intempéries da natureza Os desastres naturais s3o quase sempre seguidos por problemas sociais. Hoje, com as varias formas de comunicacSo que o homem tem & disposi¢o, os resultados dos fendmenos meteorolégicos chegam a qualquer parte do mundo em poucos minutos. Junto das imagens de destruicao, chegam também os rela- tos pessoais e os testemunhos de quem sobreviveu e trabalha para continuar a vida diante da perda de familiares, de amigos e de bens materiais. Alguns dos casos mais eloquentes de problemas sociais surgidos de catdstrofes naturais s80 0 tsunami ert Fukushima, nd Jap§q;.0:furacdo Katrina, em Nova Orleans, rios Estados Unidos; e'o terremoto no Haiti, que ainda hoje repercute no Brasil, com a chegada de imigrantes haitianos em busca de uma vida mais digna A verdade é que os desastres naturais so sempre desastres humanos. Um cataclismo em que no hé vitimas ou danos 8 propriedade nao é chamado desastre, mas sim, fendmeno. As tragédias naturais correspondem a 50 mil mortes ao ano, e seus prejuizos custaram, desde 1900, sete trilh&es de délares 0 equivalente a soma das economias do Japo e da Alemanha, que so, respectivamente, a terceira e a quarta maiores do mundo. Outros fendmenos que também mataram e prejudicaram milhares de pes- soas foram algumas doencas, incéndios florestais, envenenamento em massa acidental, cheias de rios, altas temperaturas, entre outros. Um dos mais marcantes nos tltimos tempos foi o desastre em Mariana, em Minas Gerais, que ocorreu em novembro de 2015. 0 rompimento da barragem de rejeito de minérios causou, pelo menos, 17 mortes. Além disso, 0 vazamento de cerca de 40 bilhdes de litros de lama destruiu a fauna e a flora das regides em que passou e contaminou praticamente todo 0 rio Doce, sendo considerada a maior tragédia ambiental da histéria brasileira 'Nas paginas a seguir, confira alguns dos maiores e inesqueciveis desastres naturais de todos os tempos. Boa leitura! Abracos, Os Editores ed = 05 As consequéncias dos fendmenos naturais para a humanidade e os tipos de eventos climaticos mais recorrentes em cada pais As principais catdstrofes da historia causadas por abalos sismicos que marcaram 0 mundo ‘Tempestades de ventos que fizeram estragos por todo o planeta desde os tempos em que a América era colénia Ondas gigantes que aconteceram de forma subita e devastaram regides litordneas 16 Doengas, incéndio florestal, envenenamento em massa, cheias de rios, deslizamentos e outras tragédias inesqueciveis esastres naturals s8o fenémenos de Jgrandes proporcées que resultam em verdadeiras tragédias. A maioria deles envolve muitas pessoas, mas as vezes a destruigo est relacionada principalmente a danos materiais. O ntimero de mortes e 0s prejuizos ‘econémicos esto diretamente relacionados & regidio em que esses desastres acontecem. Em uma drea de baixo agrupamento de pessoas, 6 natural que o nimero de atingidos seja menor. Por outro lado, locais de grande concentrac3o populacional tendem a sofrer catdstrofes avas- saladoras, como a China e a india ~ que so, respectivamente, as duas nagdes com 0 maior numero de habitantes do mundo. 340 Haiti é um caso a parte. Embora no esteja entre 0s paises mais populosos, tem um euramned agravante: além de contar com infraestrutura precéria, a regio é frequentemente atingida por furacées, terremotos e tsunamis. Por con- ta disso, qualquer intempérie que aconteca no territério resulta em um elevado nimero de mortes, destruicao e caos social HISTORICO DOS DESASTRES NATURAIS Os primeiros estudos concretos sobre ca- taclismos de diversas espécies surgiram entre 05 séculos 18 e 20, quando o pensamento cientifico ganhou mais notoriedade. Foram desenvolvidas as ciéncias da sismologia, da vulcanologia, da ecologia, entre outras, que se dedicaram a estudar no sé os eventos daque- a época em diante, mas também os passados. Ahistéria do nosso planeta é feita de desas- MUSE st ty 3 5 z F tres naturais. Alguns eventos transformaram a superficie da Terra, como a Erupcdo minoica, no século 22 a.C., quando 0 vulcgo Santor explodiu em uma das ihas de Creta, na Grécia, enterrando uma civilizacdo inteira e des- truindo a peninsula. Esse é, inclusive, um dos primeiros registros de tragédias naturais na historia humana. Porém, como a ciéncia ainda no era desenvolvida na época, este aconte- cimento foi retratado mais detalhadamente como um dos mitos gregos. utro desastre antigo, e um dos primeiros re- gistrados, foi o terremoto de Antioquia, na regio onde hoje fica a Turquia, que aconteceu em 526. Oestudo do Instituto Tecnolégico de Karlsruhe, na Alemanha, concluido em 2016, aponta que os niimeros de desastres natu cresceu ao longo do ultimo século, mas que a quantidade de vitimas se mantém equilibrada porque as tecnologias combatem os efeitos das tragédias. ‘A ciéncia ainda ndo arrisca apontar expli- cages sobre o aumento gradual na quantidade de catastrofes, porém, anslises prévias indicam que algumas manifestagdes da natureza, como furacées, ciclones e ondas de calor, estado rela~ cionadas as mudancas na temperatura global: No entanto, ha eventos que parecem sujeitos &s mudangas promovidas pelo homem, mas que de fato ndo apresentam relado: s0 05 casos das minieras Glaciais, que se instalaram no mundo nos séculos 62 e 16-e que podem vir a acontecer novamente daqui a trés déca- das. Esses fendmenos esto relacionados & atividade solar e, por enquanto, ndo ha nada que o homem possa fazer para evité-los. MEDICAO DAS CASTATROFES As tragédias da natureza tém diversas qua- lificagdes. As tempestades (furacées, ciclones e tufées), por exemplo, sdo medidas pela escala de furacdes Saffir-Simpson, que vai de 1a 5, sendo de grau 5 os eventos de maior potencial destruidor. Os terremotos séo mais comumente ava- liados pela escala Richter, na qual o topo é 10. O tremor mais forte que o mundo ja registrou alcangou 9,5 pontos. A escala Mercalli tam- bém avalia a poténcia desses abalos, mas ndo. € tao popular quanto a Richter. Os maremotos, ou tsunamis, sao medi- dos pelo tamanho das ondas que gerameo alcance que elas tém quando invadem terra firme. Grandes ondas est3o quase sempre relacionadas as longas distancias que o mar avanga sobre a terra, bem como a quantidade de vidas ceifadas e edificios destruidos. Ja as erupgées podem ser mensuradas pela ‘quantidade de lava ede cinza- que expelem tna atmosfera, bem como pela distancia que ‘esses materiais sdo langados. O perigo de um vulcdo costuma estar relacionado a altura dele e também a periodicidade com que ele entra em atividade. 10 MAIORES MORTES E DANOS CAUSADOS PELOS DESASTRES NATURAIS ANO _ LOCALIZACAO viTIMAS PREJUIZO FINANCEIRO ary cy 1931 | China Conese) iene No Inundago do 1887 China Rio Amarelo 900 mil a2 de mortos. \Ses_ Nao contabilizado Terres ASO ee Ciclone de Bhola 1970 Paquito 300 mila 500 mil US$ 86,4 milhdes mortos Seed BY tual Turquia 250 mil a300 mil | Nao contabilizado Ceuuert) Ee Sismo do Haiti Sera ary) veteran Terremotode Messina 1908 _Itélia ey Ete Furacio Katrina mortos a Ome 2005 Estados Unidos 1.300 mortos 240 milmortos US$ 7 bilhdes 230 mil mortos | USS 10 bilhdes 120 mila 200 mil Nao contabilizado (eee US$ 108 bilhdes DESASTRES NATURAIS RECORRENTES EM CADA PAIS erupedes terremotos podem ser causados por falhas geolégicas e por ati- \vidade vulcénica, mas, principalmente, pelo contato entre as placas tecténicas, aquelas sobre as quais esto localizados os continentes ¢ (95 oceanos. (Os motivos pelos quais a terra treme foram descobertos apenas na segun- da metade do século 20, depois que, em 1960, aconteceu o Terremoto de Valdivia, no Chile, Desde entdo, estudiosos passaram a pesquisar o episédio outros que vieram em seguida. Até aquele moment, a teoria das placas tecténicas nao era vista com muita seriedade pela comunidade cientifica A teoria da Deriva Continental, aceita hoje em dia, afirma que a crosta terrestre é feita por gigantescos blocos de racha fragmentados, que so chamados de placas litosféricas, ou placas tectonicas. Esses gigantescos blocos esto em constante movimento e, por conta disso, em alguns ‘momentos se distanciam; e eventualmente, se colidem. Esse “encontro” acontece nas chamadas zonas de convergéncias. Por vezes, as placas nao necessariamente tém uma coliséo direta e frontal, mas por subduccao — quando uma placa mais densa “mergulha” sob uma menos densa. Em ambos 0s casos, 0s efeitos sdo aciimulo de pressdo e descarga de energia, Isso é propagado sentido crosta terrestre por meio de ondas que, ‘quando chegam a superficie, causam 0 abalo sismico. Muitos dos terremotos acontecem em zona costeira, ou seja, no encon- tro entre uma placa oceanica e uma continental. O sismo que nasce dessa ““tfombada’: Hao-s¢-chaCoalha:o soloda regiao; como.é capardelevantar poderosas ondas, que acabam por invadir a terta firme: Por vezes, o movimento das 4guas acontece em direcSes diferentes, atingindo mais de um continente. Os terremotos sio classificados de acordo com a energia liberada na colisio ou na subduc¢So das placas. A quantidade de energia é chama- da magnitude e hoje em dia é classificada em duas escalas diferentes: ‘Mercalli e Richter. Nesta publicagdo, a escala Richter foi a escolhida para designar a poténcia de cada terremoto. Ela foi assim batizada em homena- gem a0 seu criador, o sismélogo norte-americano Charles Francis Richter. © ponto maximo da escala Richter ¢ 10 e esta relacionado ao deslocamen- to que um terremoto causa a partir do zero de um sismégrafo de torea0, 0 sismégrafo de Wood-Anderson. ‘Até hoje, 0 maior terremoto ja registrado chegou a 9,5 graus. Nem sem- pre a maior magnitude significa a maior tragédia. O terremoto no Chile, em 1960, deixou pouco mais de 1.600 mortos e foi o de maior magnitude registrada. J4 o sismo de Shaanxi, na China, em 1556, nao teve a poténcia do tremor chileno, mas alcangou um nimero de mortes aterrador: mais de 800 mi Ha outras questdes envolvidas em um terremoto que podem ampliar ou reduzir os efeitos do desastre. Relembre os principais fenémenos meteo- roldgicos que ja assolaram 0 mundo, bem como suas causas, numero de vitimas e demais particularidades de cada um deles. a a 8 a a DESASTRE DE ANTIOQUIA, TURQUIA (526 D.C.) A cidade de Antioquia-nos-Orontes é um dos centros do cristianismo da época do seu sur- ‘gimento. Ela foi a capital do Império Romano no Oriente e, por mais de uma vez, motivo de disputa entre cristos, persas e muculmanos. No século 62, a lendiria e biblica cidade re- .gistrou um forte terremoto em 526 d.C.,e relatos hist6ricos apontam que o Desastre de Antioquia, como ficou conhecido, aconteceu entre os dias 20€ 29 de maio daquele ano. Além de Antioquia, outros municipios da regido, onde hoje esto a ‘Turquia e a Siria, também foram afetados. Escritos da época relatam o nimero ex- traordinério de 250 mil a 300 mil mortos em. consequéncia do abalo sismico, que teria sido classificado como de 7 pontos na escala Richter, se houvesse a aferig0 na época. Nos tempos de maior populacdo, estima-se que a regio possuta 500 mil habitantes, ou seja, mais da metade morreu durante a tragédia. Apesar de o terremoto ndo ter a forga dos maiores do século 20, a arquitetura local, com sua rigidez e tecnologia precaria, potencia- lizou os danos e o numero de vitimas. A cidade foi construida por Constantino, o im- pperador queimplementou 9 cristianismo como religiao oficial do Império Romano. Também. foi ele quem construiu a Grande Igreja de Antioquia, que resistiu a0 tremor de terra. Os cidados antioquenses encaravam a resistén- cia do santudrio como algo sagrado. Porém, © tremor de terra foi sucedido por um grande incéndio, que tomou conta das dreas afetadas pelo terremoto e destruiu muitos edificios que haviam resistido até ento. A Grande Igreja de Antioquia desabou junto com a crenca de que se mantinha imaculada gracas ao poder divino. Boa parte da populacdo que sobreviveu ao desastre abandonou a cidade. Outros habi- tantes, porém, resolveram ficar para re- construila. No entanto, dois anos depois, um segundo terremoto voltou a atingir Antioquia, matando mais cinco mil pessoas. Fontes hist6ricas afirmam que a cidade - abandonada depois do segundo atentado da natureza contra suas estruturas e seus habi- tantes — foi totalmente posta no cho 12 anos apés o grande terremoto. Ela foi reconstruida no século seguinte, em 635. Hoje, chama-se Antagia e faz parte do territério turco, ficando préxima a fronteira com a Siria. Com 180 mil habitantes, hoje ela tem um tergo da populacao que ja teve antes do terremoto de 526. ira ‘SISMO DE SHAANXI, CHINA (1556) terremoto mais mortifero que ja foi re- gistrado em todos os tempos ficou conheci- do como Sismo de Shaanxi, ou Terremoto do Condado de Hua, e aconteceu no longinquo ano de 1556. Cerca de 830 mil pessoas mor- reram na catastrofe, segundo registros atuals baseados em estudos geoldgicos. O tremor atingiu oito provincias e 98 cidades da regio central da China. Oepicentro dese grande desastre foi o condado de Hua, perto do Monte Hua, em Shaanxi. O numero inacreditével de mortes se deu porque o abalo atingiu uma drea em que praticamente todos os habitantes moravam ‘embaixo da terra ~ em cavernas e esconde- rijos subterraneos — e foram soterrados pelo terremoto. Cientistas apontam que a magni- tude foi de 8 pontos na escala Richter, (O sismo derrubou grande parte das galerias de pedra, construidas dentro dos montes da regio, e as pessoas moravam dentro des- sas covas artificiais escavadas nas pedras do Monte Hua. Oterremoto destruiu 1.300 quilémetros quadrados de area e, em algumas cidades, chegou a matar 60% de sua populacao. A regio tinha todas as condicées para que © terremoto fosse o mais dramético possivel. O sedimento amarelado que formava as casas era 0 loesse, substéncia vastamente encon- trada no fundo dos rios da regio, inclusive no Rio Amarelo — assim chamado por causa da colorago que sua dgua tinha depois das tempestades de vento, que forravam o rio com essa rocha sedimentar pouco densa. Por ter essa composigao incipiente, os montes eram muito suscetiveis ao desmoronamento €, quando a terra se moveu, a estrutura das casas no ofereceu nenhuma resisténcia. Fs =] Fe ES = g = cy TERREMOTO DE CALCUTA. [NDIA (1737) Calcuté estd localizada na regiao do Delta do Rio Ganges, local suscetivel & movimentacdo das placas tectonicas e de sismos importantes. Em 11 de outubro de 1737, 300 mil pessoas morreram na cidade indiana, Aorigem da catastrofe gera disc6rdias entre 05 cientistas. Como os registros daquele tempo no eram confidvels, nao hd certeza se 0 cho tremeu por causa da movimentacio de placas tectOnicas ou se o desastre comecou de cima, com um ciclone. Além de 300 mil mortos, 20 mil barcos foram arremessados mar adentro, Uma das primeiras fontes a dar a noticia foi a London Magazine. A revista afirmava que o que havia acontecido era um terremoto. Porém, investigadores atuais desconfiam que no tenha havido nenhum tremor de terra, mas um. Ciclone. A prova mais clara nesse sentido é 0 registro de barcos no meio do oceano. Estudiosos também apontam relatos and- rnimos de marinheiros europeus da época que presenciaram 0 evento quando saiam de Bengala. Sea teoria do terremoto for verdadeira, o de Calcuta seria 0 segundo mais fatal da histéria Devido ao desastre, uma enorme quantidade de rinocerontes, tigres, crocodilos e gados foi dizimada. Dois navios de 500 toneladas foram ‘arremessados para uma vila que fica a 300 metros acima do leito do Rio Ganges. Registros oficiais de 1739 tentam resumir os efeitos do cataclismo na cidade. Os muros foram colocados no cho, muitos edificios cairam, bem. ‘como as pontes. A regio do cais foi a que mais sofreu, eas fébricas que se localizavam ao redor do porto, para facilitar o escoamento de merca- dorias, foram totalmente destrufdas. © campansrio da catedral caiu e uma epidemia de fome se instalou na regio, pois ‘a matriz inglesa passou a controlar a dis- tribuigo de arroz na cidade, que teve sua producio reduzida drasticamente porque 0 solo estava impenetrével. TERREMOTO EM MESSINA, ITALIA (1908) ‘cidade de Messina fica no sul da Italia. As ‘5h25 da manhé do dia 28 de dezembro de 1908, um terremoto teve naquela bela cidade seu epicentro, se espalhando para as regides da Siclia e da Calabria, de onde vieram alguns dos imigrantes italianos que chegaram ao Brasile em ‘outros paises da América no inicio do século 20. ‘Além de Messina, Reggio di Calabria, Cosenza Catania também foram afetadas. Em Messina ‘e em Reggio di Calabria, morreram 40 mil pes- 'soas. As duas cidades foram as mais atingidas pela tragédia. O restante morreu ao longo das outras regides afetadas. Os prédios foram despedacados pelo tre- mor. Os encanamentos de Messina se partiram e uma tempestade artificial se formou como consequéncia do terremoto de magnitude 7.1 nna escala Richter. O mar se revoltou e levantou ondas de até 12 metros de altura, ampliando 105 estragos no local e o nimero de mortos, que chegou a 120 mil. Outras fontes apontam que 200 mil pessoas perderam a vida. A grande maioria morreu ainda durante o terremoto, e estima-se que apenas 1% das mortes tenha sido em decorréncia do maremoto. Q.sulda Itslia estd localizado entre duas ‘enormes placas tectonicas continentais, a da Europa e a da Africa, além de outras micro- placas sob o mar Mediterraneo. Essa formacao ‘com duas enormes placas separadas por uma porcdo de outras pequenas chama-se “cinto”, € representa intensa atividade tect6nica e instabilidade para a regio. O menor movimen- to.em qualquer uma das varias placas, grandes ‘0u pequenas, gera atividade sismica de maior ‘0u menor impacto. Por estar 8 beira do conti- nente, a situacdo se torna mais dramatica, pois ‘0s grandes deslocamentos sempre sero suce- didos por maremotos. Hé ainda um complica- dor extra: a presenca de vulcdes ativos. Oestreito de Messina é uma pequena faixa de mar, de pouco mais de trés quilémetros de largura, que separa as ilhas da Sicilia da penin- sula italica, onde esta a regio da Calabria. 0 lo- ‘cal 6 famoso por abrigar o vuledo Etna e por ser uma drea em que a sociedade se desenvolveu no Mediterraneo, na regio da crescente fértil —chamada assim exatamente pela atividade de seus vulcées, pois, quando a lavas secam, 0 solo se torna extremamente nutritivo. ‘A primeira erupgio do Etna registrada é de 475 a.C.; a segunda, de 1169, quando um ter- remoto causou sua erupeso, matando 15 mil 4 7 cI ub Ts Leary 7 Cayo pessoas. Em 1908, porém, o terremoto nao foi capaz de despertar 0 vulcao. Caso contrétio, 0s danos poderiam ter sido ainda piores. O tremor de terra em 1908 durou de 30a ‘42-segundos, segunda informiagdes.da revit ta Scientific American, € destruiu uma area total de 300 quilémetros, que vai da cidade de Messina, na Sicilia, até a cidade de Reggio, nna Calabria, Relatos histéricos dizem que 90% da cidade de Messina foi destruida. Ainda segundo a publicac3o americana, cientistas apontam que a relacao do terremoto com 0 tsunami no foi igual ao registrado em outras ocasiées. Desta vez, as ondas alcancaram a terra 10 minutos depois do evento, tempo demais para relacionar 3 elevacao da maré com o movimento das placas tecthnicas. Os pesquisadores supdem que o verdadeiro cau- sador do maremoto foi um deslizamento de terra nas profundidades do oceano, Uma convulsao social se seguiu a tragéd Nao havia alimentagao, e saqueadores passaram a atormentar os sobreviventes. Relatos afirmam que russos e ingleses se un ram no resgate das vitimas e até criaram um tribunal para os saqueadores. No meio de toda essa destruic0, o mosaico ‘com a imagem de Cristo, na ciipula da Catedral do Duomo, construida em 1197, manteve-se ‘em pé e sem arranhdes, enquanto boa parte da construgao ruiu, Hoje, a catedral, localizada em Messina, foi completamente restaurada. SI 4 3 a SISMO EM GANSU, CHINA (1920) A provincia de Gansu fica no noroeste da China e tem, aproximadamente, o mesmo, tamanho da Califérnia, com uma érea total de 450 mil quilémetros quadrados. Hoje, a provincia tem uma populagio de 26 milhdes de pessoas, sendo a capital, Lanzhou, a cidade mais populosa. A regido abriga parte do deserto de Gobi, o Rio Amarelo e varias montanhas. A Muralha da China passa por |, assim como a Rota da Seda também cruzou 0 trecho. Com montanhas que vo de trés mil metros a 19 mil metros, local fascina pelo seu terreno extremamente acidentado, fruto da intensa atividade sismica Localizada no centro-norte da China, a regio situa-se entre o Planalto Tibetano e 0 Planalto de Loesse, onde ocorreu um dos maiores terremotos da histéria, no século 16. No século 20, Gansu experimentou 0 caminho do desenvolvimento com a ampla atividade mineral que se instalou ali, tornan- do-se um importante polo econdmico chinés muito antes de o pais registrar crescimentos de mais de 10% no PIB, como no inicio do século 21, Porém, um grande abalo interrom- peu a atividade econdmica eo desenvolvi- mento do local. Havia 280 anos que Gansu, na China, no registrava uma atividade sismica importante. No ano de 1920, porém, a cidade foi atingida ‘em cheio por um terremoto de 8,5 pontos na escala Richter, que alcancou uma drea de 67 quilémetros quadrados, destruiu dez cidadese deixou 200 mil mortos, segundo as contagens mais fidedignas. O evento aconte- eu em 16 de dezembro daquele ano, ‘Alguns rios foram barrados por causa dos obstdculos que se colocaram no seu curso, fru- to dos desmoronamentos que se estenderam por uma drea de 200 quilémetros. Outros mudaram seus cursos. O distrito tinha como fonte de subsisténcia o comércio e a agricultura. Apés 0 sismo, a drea rural ficou totalmente deformada e prejudicou muito o desempenho das atividades, arrasando ‘as enormes plantagdes de trigo, matéria-prima ‘que abundava na regio. Isso causou também um enorme problema social, que perdurou para além dos dias seguintes ao terremoto. TERREMOTO NO TURCOMENISTAO, IA CENTRAL (1948) Na noite de 5 de outubro de 1948, no ‘comeco da Guerra Fria, a cidade de Ashgabat antes chamada de Poltoratsk-, capital do TurcomenistZo, pais da antiga Unigo das Republicas Socialistas Sovieticas, sofreu um im- ppacto equivalente a 500 bombardeios. Um sismo de 7,3 pontos na escala Richter destruiu boa parte do distrito e da regio adjacente. ‘Algumas fontes histéricas indicam que, quan- do a terra se partiu sob 0 solo sovidtico, ja era madrugada do dia 6. A data exata pouco im- porta, 0 relevante é que quase 200 mil pessoas morreram vitimas do terremoto, o que equivale- ria a.um sétimo da populagao do Turcomenisto no fim da primeira década do século 21. (0 Turcomenistéo é um territério da Asia Central que pertenceu a Unido Soviética até 1991, quando o pais foi extinto, Em 1992, u, enfim, uma nago independente. Sua capital continuava sendo Ashgabat, construida ‘em 1881 para ser uma fortaleza russa ainda nna 6poca dos czares, antes das revolugSes ‘comunistas de 1905, que foram fracassadas, e de 1917, vitoriosas. A cidade ficou destrocada, emesmo com toda sua estruturarefor¢ada para ‘guentaros ataques de exércitos inimigos — que ndo eram poucos, pois a Russia se envol- Via rotineiramente em guerras e esteve nas principais batalhas do século 20. ‘Ashgabat resistiu & Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e @ Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Assim que Hitler morreue a ‘Alemanha ficou despedacada, se estabeleceu a Guerra Fria. Apesar de todos esses conflitos e 0 pperigo que a cidade corria, fol um evento natu- ral o responsével pela destruicdo da regio. Naquela noite, entre os dias Se 6 de ‘outubro, quando o terremoto emergiu de baixo do solo soviético, duas centenas de em- presas, dezenas de escolas, residéncias, hos- pitais, centros culturais e institui¢ées militares foram demolidos em menos de um minuto, segundo relatos da época. Entre os poucos edificios que resistiram, estavam 0 Comité Central do Partido Comunista, uma pequena mesquita e um monumento a Viadimir Lenin, © lider inicial da Revolugo Soviética. O epicentro do terremoto foi, na verdade, a 25 quilémetros do sudoeste de Ashgabat, em um pequeno vilarejo chamado Gara-Gaudan. O tremor péde ser sentido no vizinho do sudeste, 0 r3, na regido de Dargaz. A cidade passou por um proceso acelerado de reconstrugdo financiado pela URSS, que ‘comegava sua corrida armamentista com os Estados Unidos e precisava mostrar a forca do império soviético. Relatos indicam que, apesar da destruigo total, a tubulaco de agua ficou praticamente intacta. A eletricidade foi resta- belecida em apenas seis dias e, no terceiro dia depois do terremoto, a estagao ferrovidria de Ashgabat jé estava operando ~ ela foi funda- mental para levar suprimentos a populacso sobrevivente, prestar atendimento médico, além de recolher os feridos e os desabrigados. A circulago de informagdes era insuficiente por causa da tecnologia ainda precaria, mas principalmente pela censura soviética. AS autoridades anunciaram oficialmente ape- ‘nas quarenta mortes. Bem mais tarde, ainda durante 0 regime comunista, 0 pais resolveu relevar os nuimeros verdadeiros e contabilizou entre 176 mil e 198 mil mortes. Ashgabat possui um monumento as vitimas do terremoto de 1948. Um touro sacudindo ‘© mundo em seus chifres representa a furia da natureza e a delicadeza da vida humana em relago a ela. Em ceriménias, cidadaos de todo-o pais levam flores aos pésida estatuia em. homertagem aos atirigidos pelo abalo. ‘Além do magnifico touro, outra estétua chama a atengao e tem relacao com a histéria do terre- moto. O busto de Saparmurat Niyazov - primeiro presidente do pais depois de sua independéncia ~, que perdeu praticamente toda a familia na Segunda Guerra, sobrando apenas ele e sua me. Entretanto, em 1948, 0 menino que viraria presidente ficou 6rfgo depois de a mae perder a Vida debaixo dos escombros do terremoto. Fa a g Fs TERREMOTO EM KAMCHATKA, RUSSIA (1952) A populago russa saiu ilesa do pior ter- remoto jé registrado em todo seu amplo territério. Por ser um pais vasto, com pouca concentracao habitacional e regides enormes desabitadas por causa do clima indspito, a Rissia nao sofreu tanto com 0 cataclismo de 4 de novembro de 1952. 0 tremor de terra de 9 pontos na escala Richter afetou a peninsu- la de Kamchatka, no extremo leste, em uma regio pouco habitada, (© maremoto que se seguiu ao abalo sismico atingiu o Havai, ilha na costa oeste dos Estados Unidos, e deixou prejuizos de um milh3o de délares. Mas 0 grande desastre aconteceu na cidade russa de Severo-kurilsk, na ilha de Paramushir, a 130 quilémetros do epicentro. A itha faz parte do arquipélago de Curilas. ‘As ondas de quase 20 metros de altura invadiram a ilha e mataram quase metade da popula¢o. Dos cerca de seis mil habitantes locais, mais de 2.300 perderam a vida na tragédia. Os demais moradores foram evacua- dos até a parte continental da Russia, Alguns registros histéricos apontam que o total de vitimas no conjunto de ihas de Curilas chegou 220 mil-A cidade de'Severo-Kirlsk fo) ré> construida ‘em cima das Colinas, longe do alcance dos tsunamis. Segundo estudos realizados recentemente, mais precisamente a partir de 2012, 5% do territério russo esté sujeito a grandes tre- mores de terra, sendo que as regides mais instaveis esto no Céucaso, no Altai, na Sibéria Oriental e no Extremo Oriente, onde est a peninsula de Kamchatka. Tremores de magnitude préxima a 9 pontos na escala Richter, como os registrados em 1952, ocorrem ciclicamente na peninsula, mas os periodos entre eles s8o bem espacados. A cada mil anos ‘ocorrem cinco eventos parecidos a esse, cau- sando tsunamis e, as vezes, erupcdes de lavas. Os estudos foram realizados para recalcular 05 riscos de exploracao comercial da regiso do leste da Russia, pouco utilizada exatamente pela natureza indspita. Liderada pela profes- sora de geologia da Universidade do Estado de Washington (EUA), Joanne Bourgeois, a expe- digo & peninsula de Kamchatka, iniciada em 2012, teve como finalidade verificar 0s reais perigos do local. Até a chegada de Bourgeois € sua equipe, somente vulcandlogos e sismélo- {80 soviéticos haviam se estabelecido na regio por um tempo mais longo, ainda antes da queda do muro de Berlim. Escavando 0 solo da planicie congelada, foi preciso verifi- idade dos sedimentos, a frequéncia dos terremotos e a poténcia deles. ‘Apesar de os grandes abalos sismicos serem verificados em espagos to longos de tempo, outros tremores menores so muito frequentes. De dois em dois anos, Kamchatka registra terremotos de 7 pontos na escala Richter. Isso dificulta muito a navegacao pela regio, e por isso a rota do comércio mundial evita a todo custo a peninsula. Os eventos climaticos no leste da Russia afetam até mesmo 0 preco dos iméveis na costa oeste dos Estados Unidos. O projeto de edificios deve levar em conta toda a estrutu- ra para conter abalos sismicos originados na Riissia e os eventos que se seguem ao tre- mor de terra, como os tsunamis. O Haval, por ‘exemplo, é um dos lugares que mais sofre com 05 terremotos, apesar de nunca estar no epi- centro deles — as ondas que se levantam dos tremores de terra nas regides mais instaveis do mundo acabam por, naturalmente, se dirigit a ela. Todos os maiores terremotos apresentados até agora atingiram o Haval, ‘com maior ou menor poténcia. A ilha est a cinco mil quilémetros de distancia do epicen- tro do terremoto de Kamtchatka O Instituto Russo de Vulcanologia e ‘Sismologia é importante no sé pra evitar grandes catdstrofes na Rassia, mas no mundo todo. O érgio verificou o risco fatal que seria ‘a construgo de uma usina nuclear na regio, que chegou a ser cogitada pelos russos. Uma construcao nuclear na regio anteciparia ‘em muitos anos 0 desastre que foi verificado no Japo por causa da usina de Fukushima, ‘com todos os indicios de que as consequéncias seriam ainda mais sérias que as do desastre japonés. Um acidente do tipo poderia arrasar a costas leste russa e oeste americana, caus- ando transtornos imensurdvels a ecologia do Pacifico e 8 vida de milhdes de seres humanos. Embora a regio russa afetada nao seja 30 populosa, a costa leste americana tem grande densidade demografica. Um ponto de discordancia entre estudiosos do ramo da sismologia e autoridades piblicas e empresas do setor de construcao na Russia é a Viabilidade de implantacao de edificios nos lo- cais que registram constante atividade sismica. Os Jogos Olimpicos de Inverno em Sétchi, ‘na Russia, em 2014, foram realizados em uma regio onde podem acontecer terremotos de até 10 pontos. As normas russas apontam que, em zonas como essas, as construcdes ‘no podem ultrapassar 16 andares. Porém, em Sétchi, hd prédios de até 30 andares. Especialistas demonstram preocupacdo com © crescimento populacional em regides como essa. A cidade, que recebeu o evento es- portivo, teve um crescimento vertiginoso de grandes construcdes nos ultimos dez anos. A preocupacao em levantar edificios tio grandes em zonas de risco no é somente por temer que o prédio desabe, mas também por existir o risco de rompimento de seus sistemas de abastecimento de Sgua. A ruptura de um sistema hidrico de um prédio de 30 andares pode ser um enorme empecilho na hora de evacuar o local durante um terremoto. SI 4 3 a TERREMOTO DE VALDIVIA, CHILE (1960) Valdivia é uma cidade do Chile que fica a cerca de 740 quilémetros de Santiago. Capital da provincia que leva o mesmo nome, a cidade esta localizada na Regido dos Rios. Ponto turistico por causa de sua paisagem, que pode ser to bela quanto perigosa. Em 22 de maio de 1960, a Regido dos Rios mostrou o lado mais monstruo- so da natureza: um tremor de terra de incriveis 9,5 graus na escala Richter pegou a area er cheio e destruiu os pouco mais de mil quil6met- ros quadrados da cidade de Valdivia. Foram mais de 1.600 mortos e trés mil feridos, com dois milhdes de desabrigados e prejuizos financeiros superiores a 500 milhdes de délares. Entre todos as dreas atingidas pelo terremoto no sul do Chile, Valdivia foi a mais devastada. “A magnitude da catéstrofe nao tem precedentes na historia e nem admite com- paraces com 0 ocorrido em outras cidades”, estampava 0 jornal El Correo de Valdivia, do dia 26 de maio de 1960. Quatro dias depois do maior terremoto jé registrado na histéria, 0 ovo chileno comecava a ter ideia do tamanho do cataclismo que havia atingido o pals. evento nunca se repetiu nas mesmas proporcdes:nemng Chile-¢ emnenhum outed) lugar do mundo. Apesar de 0 pais sulamerica- no sofrer com frequentes tremores de terra — alguns dos quais sero citados mais adiante e {que fizeram mais vitimas -, nenhum deles foi to forte quanto o de Valdivia. O terremoto aconteceu devido ao encontro entre a placa tecténica de Nazca, que fica sub- mersa no Oceano Pacifico, e a placa sul-ame- ricana, onde fica o continente. O contato entre ambas € 0 que gera os constantes terremotos no Chile. As formaces aquiferas da Regio dos Rios foram afetadas de tal forma pelo ter- remoto que alguns rios e lagos mudaram seus cursos e outros nasceram. Houve alteragses até mesmo na geografia das montanhas, que mudaram de lugar e formato. Toda a pai- sagem da regio se modificou notavelmente. A Valdivia de antes de 1960 nunca mais seri vista, a nao ser par fotos. Um terremoto de 9,5 na escala Richter ine- vitavelmente desencadeia outras catdstrofes. Depois do abalo sismico, um tsunami se formou 2 partir da costa chilena e despertou no Oceano Pacifico uma furia que levantou ondas de dez metros de altura, alastrando terror por outros paises, chegando ao outro lado do mundo. O tsunami originado na costa chilena matou 138 pessoas no Japao e 32 nas Filipinas. A ilha do Havai, pertencente aos Estados Unidos, tam- ‘bém foi afetada e 61 pessoas morreram: Para efeito de comparacao, o terremoto da costa do Japao, em 2011, fez o caminho con- trério. Em trés horas, as ondas geradas na costa leste do Japio se locomoveram para a costa ‘este do Alasca, estado americano, e chegou ao Havai entre 6 e 8 horas depois. Dez horas. depois, jd sob aspecto de maré natural, as ‘ondas geradas pelo sismo no Jap3o chegaram a América Central e, 21 horas depois, estavam no Chile. Por outro lado, 0 maremoto causado pelo sismo em Valdivia chegou ao Japao com forca ainda destruidora, deixando quase 140 mortos. O terremoto de Vale mudou a cultura arquitet6nica ndo s6 da cidade, mas de todo 0 Chile, que se preparou ao longo das ultimas décadas para lidar da melhor maneira possivel, com os frequentes abalos que atingem toda sua extensio. Maior parte do prejuizo finan- ceiro contabilizado na época foi resultado da destruigSo das casas. Hoje, arquitetos e engenheiros civis desen- volvem construgdes de base para aparar as moradias em casos de tremores de terra. Além disso, 0 pais comegou um trabalho de extingo de moradias em areas de risco, que, a0 menor sinal de um terremoto, podem ser rapida- mente varridas do mapa. TERREMOTO DO ALASCA (1964) Os anos 1960 registraram um grande nime- ro de terremotos no mundo, sendo alguns dos mais impactantes registrados na histéria. O,estado-americano-do Alasca sofreui com, “um tremor de terra de 9,2 pontos na estata Richter no dia 28 de marco de 1964, que atin- giu 0 centro-sul do estado. Enquanto o Brasil sofria com um terremoto na politica, com o acirramento entre o governo de Jodo Goulart e os militares depois de anun- ciadas as reformas de base e a Marcha dos Cem mil, o noticidrio abriu espaco para um assunto que vinha da América do Norte: um terremoto: matara entre 125 e 131 pessoas no Alasca. No dia, houve o boato de que o tremor havia sido causado por uma bomba atémica, jé que eram os momentos mais tensos da Guerra Fria € da Crise dos Misseis entre Estados Unidos, Russia e Cuba. Assim como 0 evento em Valdivia, 0 terre- moto acordou 0 Oceano Pacifico e gerou um tsunami. Os prejulzos foram da ordem de 2,3 bilhdes de délares. Os efeitos do tremor no centro-sul do Alasca ‘em um fim de tarde foram fortemente sentidos ‘em varias cidades americanas. Segundo regis- tos, ele durou longos e horrorosos quatro minu- tos e 30 segundos, sendo, até hoje, o tremor de terra mais forte registrado na América do Norte ‘© 0 segundo do mundo, perdendo apenas para 0 de Valdivia, no Chile, ocorrido quatro anos antes. tremor teve uma importéncia cientifica nica, Em 1964, os estudos sobre sismologia eram muito incipientes ainda. A existéncia das placas tectdnicas era ainda uma teoria nova e de pouca credibilidade. A relagao das placas seus movimentos com terremotos passou a ser mais estudada a partir de entdo. Ela foi comprovada gracas ao trabalho do gedlogo George Plafker, do Servico Geoldgico dos EUA, alguns dias depois, com um terremoto ocorri- do no Chile no dia 12 de abril A época, uma estranha imagem no fundo do oceano chamou a atencao de cientistas levantou hipsteses de um choque entre placas tecténicas, que vieram a ser confirmadas com 98 terremotos do Alasca e do Chile naquele ano. Cientistas observaram que o fundo do mar estava se expandindo porque uma nova crosta tinha se formado no meio do oceano, ou seja, algum movimento inesperado havia levantado 0 fundo do mar e criado uma nova camada de terra. O maior numero de mortes aconteceu nas regibes litoraneas do Alasca. Cidades pequenas foram sacudidas pelas ondas causadas pelo terremoto. Em alguns lugares, 4 dgua consumiu boa parte dd continente’é ‘chegoua engolif éreas de 45 metros de altura. Especialistas que estudaram o fenémeno contam que, em dreas proximas & costa, as florestas estavam mais baixas que a linha da maré alta e que, com a movimentacao da placa tecténica para cima, as rochas que ficam sob o solo também se ergueram e ficaram ‘a mostra na beira da praia, pintando uma espécie de linha branca ao longo de toda faixa de areia das praias da costa. Eram as cracas (vegetacdo marinha) que haviam emergido do fundo do mar por causa da elevacdo da placa As illhas da Enseada do Principe William chega- ram a subir 12 metros de altura. J4 a Peninsula Kenai tha Kodiak, desceram 2,4 metros. Segundo o gedlogo George Plafker, 0 terremo- to aconteceu porque a placa sob 0 oceano fez um movimento de deslize em dirego & placa continental como se ambas estivessem procu- rando se encaixar. A placa que escorregava para baixo era a do Pacifico, a que est sob 0 ocea- no, enquanto a placa sobre a qual est toda a ‘América do Norte foi levantada. Além de o mov- imento ter sido bastante intenso, a érea atingida foi enorme. De acordo com Plafker,o desloca- mento foi muito mais horizontal que vertical, e or isso se prolongou continente adentro. Fa a g Fs TERREMOTO EM ANCASH, PERU (1970) A regio de Ancash, no Peru, parecia um cenério pés-guerra depois do terremoto de 1970. O porto estava destrocado, bem como a estrada de ferro e a rodovia. A indistria metaltirgica e a usina hidrelétrica sofreram grandes danos. Os principais pontos de acesso € 05 empreendimentos foram inutilizados, como se tivesse ocorrido um cruel e devas- tador ataque de guerra para acabar com a economia local e bloquear a drea, evitando uma tentativa-de recuperacdo do territorio e 0 salvamento da populacdo. Ultimo dia de maio de 1970 nunca seré esquecido pela populacao peruana. As 15h25 do dia 31, um terremoto de 7,8 graus na escala Richter emergiu do oceano Pacifico em diregdo a costa peruana e as cidades de Casma e Chimbote, em Ancash, norte do pais. Uma avalanche terrivel sucedeu o trem- or de terra, descendo as serras e atin- gindo os municipios de Yungay e Ranrahirca, © que resultou em 25 mil pessoas soterra- das. O sismo chegou a ser sentido na capital, Lima, mas sem a mesma forca registrada no litoral. Entretanto, 30 cidades sentiram 0 solo se mover, em diferentes graus. Acredita-se que o terremoto aconteceu porque a placa tectdnica do Pacifico se encon- trou com a placa continental, a 64 quildmetros de profundidade. 0 abalo sismico de Ancash, conhecido também como Terremoto de 70, 6 considerado 0 mais trégico jé registrado no pafs andino — no sé pela sua magnitude, mas também e, principalmente, pelo ntimero de mortes e de construgées destruidas. O solo foi rompido e chacoalhado ao longo de uma rea de 200 quilémetros de largura e mais 450 quilémetros de comprimento, partindo da costa em diregao ao centro do continente. Dados que relatam os efeitos da tragéc nos dias seguintes apontam 80 mil mortos. Mais tarde, a contagem foi elevada para cem mil, contabilizando as 20 mil pessoas que nun- ‘ca foram encontradas. Outras 140 mil pessoas ficaram feridas. Acidade de Huaraz teve 97% de suas construg6es derrubadas pela forca da movi- mentacao das placas tect6nicas e seus efeitos na superficie peruana. Porém, o monumento ‘historico da Plaza-de Armas manteve-se em, pé. Nessa cidade, dez mil pessoas morreram; em um colégio, foram recolhidos 400 corpos. ‘A regio que abrange as cidades de Recuay, Aija, Casma, Huarmey, Carhuaz e Chimbote contabilizou trés milhdes de pessoas afetadas, entre mortos, feridos, desaparecidos e desa- brigados. No litoral, 0 sismo despedacou a au- toestrada Panamericana, que ligava 0 porto de Chimbote a cidade de Trujillo, o que dificultou ‘© atendimento e o resgate dos sobreviventes e 2 retirada dos corpos. O abalo de terra desviou 0 caminho do rio Santa e, consequentemente, atingiu a usina hidrelétrica do Cénion do Pato, alimentada pelo curso de agua. A estrada de ferro da regiao também sofreu os efeitos colaterais e 60% do seu trajeto, que ligava 0 canion até a cidade de Chimbote, ficou inutilizavel. Por sorte, a zona que fica atrés de um con- junto de serras ficou protegida do desastre e xatamente porque a sequéncia de montanhas absorveu o impacto da destruic3o do solo. Em 31 de maio 1972, 0 governo peruano instituiu 0 Dia Nacional da Defesa Civil, com uma politica de preparagao e evacuagao da populaao em caso de terremotos e demais ‘eventos naturais de grandes proporcoes. TERREMOTO DE HAICHENG, CHINA (1975) Um tergo dos terremotos registrados em todo 0 mundo, e que realmente trazem danos as populagSes e a infraestrutura local, ‘acontecem na China. Segundo dados da CEA (Administrac0 Nacional de Terremotos da China), 0 pais ¢ 0 grande concentrador de abalos sismicos no mundo e todas as suas provincias esto sujeitas a esse tipo de evento, ainda que algumas sofram muito mais do que outras, Devido a isso, a nac3o vem tentando encontrar técnicas que permitam evitar danos originados por terremotos. O sismo de Haicheng, ao noroeste do pais, {oi previsto pela comunidade cientifica chinesa, ‘0 que permitiu salvar centenas de milhares de vida. O caso extremamente particular, pois & apontado por autoridades cientificas e his- toridlogos como 0 tinico que se tem noticia de que foi esperado e que as acbes de prevencio deram certo. Depois da previsdo acertada do terremoto de Haicheng, 0s sismologos acredita- vam que tinham resolvido o problema do poder sdbito que emergia do solo e que no permitia ‘que as pessoas reagissem a ele. Mas 0 resultado nna China em 1974 foi atipico e jamais repetido. No.dia de fevereiro de 1975,um-térre- moto de 7,3 graus na escala Richter atingiu Haincheng, destruindo quase totalmente as estruturas do municipio. Porém, antes de o ter- remoto varrer a cidade, as autoridades locas jé haviam emitido um alerta informando que uma catéstrofe estava prestes a acontecer. A maioria dos habitantes conseguiu sobreviver. Estudos feitos na regio antes do tremor apontaram alteracdes na condutividade elétri- ca do solo e na velocidade de propagacio das ondas, além de alteragSes nos niveis de gas radénio. Outro evento notado foi o aumento no nivel de dgua de pocos, porque, com o ‘comprimento das rochas, as pedras, que agem ‘como uma espécie de esponja, expeliram par- te do liquido que estava em seu interior. Outra mudanca que chamou a atencao foi no comportamento dos animais. Era 0 dpice do inverno no Hemisfério Norte, e alguns animats que se escondem durante essa parte do ano sairam de suas tocas, morrendo congelados. Porém, o alerta principal foram os pequenos tremores que antecederam o grande terre- moto. Na madrugada de 4 de fevereiro, horas antes do grande sismo, pequenos abalos afetaram a regio. O maior deles chegou a 5,1 pontos na escala Richter. ‘As 8h15 da manhi, autoridades se reuni- ram em emergéncia para discutir a situagao e avaliaram que todos os indicios de um grande terremoto foram deflagrados. O governo orga- nizou um esquema para evacuar a populacao. ‘Ao meio-dia, a operagao havia se concret- izado, com a retirada das pessoas tanto das zonas urbanas quanto da parte rural. Por volta desse horério, a atividade teliirica de baixa intensidade, que sucedia desde a madrugada, terminou. Os especialistas apontavam que a energia comecava a se acumuular embaixo da terra e que o abalo estava prestes a acontecer. ‘As 19h36 aconteceu o esperado terremoto, de magnitude 7,3 na escala Richter. Mesmo com todos os cuidados, duas mil pessoas morreram no desastre, de acordo com 0 noticiério da época. Porém, estima-se que o ntimero poderia ser de cem mil mortos, caso 0 alerta nao tivesse sido dado e o proced. imento de evacuacao ndo tivesse acontecido. Na verdade, o ntimero de vitimas poderia ser ainda superior, considerando a quantidade de atingidos registrada no sismo de Tangshan, que ocorreu no ano seguinte no pais e causou 250 mil mortes, segundo as anélises mais con- Servadoras. Na ocasiao, no, Houve alarme.. = 4 3 a ‘SISMO EM TANGSHAN, CHINA (1976) ‘As 3h42 da manha do dia 28 de julho de 1976, um terremoto de 7,5 pontos na escala Richter, com caracteristicas bem parecidas com o de Haicheng, aconteceu novamente na China. Mas, dessa vez, 0 resultado foi muito mais grave. Apesar de o sismo ter sido seme- Ihante a0 de 1975, ele no foi precedido pelos mesmos eventos, o que no possibilitou que as autoridades fizessem um novo trabalho de prevencdo. Inclusive, 0s especialistas faziam 0 mesmo tipo de acompanhamento das ativi- dades do solo que fizeram em Haicheng. Cerca de 240 mil pessoas morreram durante © terremoto em Tangshan, cidade litordnea da China, préxima de Pequim. Outras fontes apon- tam que o ntimero esta subestimado e que a quantidade de vidas perdidas pode ter sido trés vezes maior que a oficial, ou seja, cerca de 800 mil mortos. Caso esses nuimeros sejam os mais préximos da realidade, o sismo de Tangshan pode ser classificado como o segundo mais mortifero da historia, atrés apenas do terre- moto de Shanxi, também na China, em 1556, que matou 830 mil pessoas. Além das vitimas fatais, 160 mil pessoas ficaram feridas. A regiso sofretyainda,com umia:perda etondmica te dez bithoes de yuanes chineses (moeda local). Se em Haicheng pequenos tremores ante- cederam o cataclismo, em Tangshan aconteceu © inverso. Apés 15 horas do terremoto mais potente, houve uma réplica. Na segunda vez, ela foi um pouco mais fraca, mas ainda violen- ta: 7,1 na escala Richter. Depois disso, ainda aconteceram outros temores que variavam de intensidade, com magnitude entre 5 e555. Pequim, localizada a 150 quilémetros do epi- centro do terremoto, sentiu o tremor e algumas construgées da capital ficaram danificadas. No en- tanto, na regio do abalo sismico, a destruicdo foi total. Estimativas apontam que 78% dos edificios industria, 93% dos prédios residenciais, 80% das estagdes de bombeamento de dgua e 14 linhas de trem ficaram total ou parcialmente destruidos. Em 2006, quando o desastre completou 30 anos, veteranos de Tangshan e sobrevi- ventes do terremoto fizeram uma viagem de bicicleta chamada de "viagem de agradecimen- to", que teve como finalidade encontrar pes- soas que ajudaram no resgate apés a tragédia, ou seus parentes, e homenageé-las. Foram Visitadas 80 cidades em um percurso de 15 mil quilémetros. A época da catédstrofe, o governo chinés criou muitos orfanatos na regio para acolher as criangas sobreviventes e érfas de Tangshan. Elas foram encaminhadas para as cidades vizinhas de Shijiazhuang e Xingtai. Depois de crescidas, muitas delas, reconhecendo a propria historia e como forma de homenagear ‘0s parentes falecidos, participaram da re- ‘construco da cidade. 0 tremor causou sentimentos ambiguos na populaco. Hé na cidade uma sensa¢ao de respeito e de temor em relaco ao sismo, que € bem retratado ao final da Avenida Xinhua, ‘onde ainda so preservadas as ruinas de casas que cederam sob a forca da natureza. Aquele lugar foi apontado como o epicentro do ter- remoto, e os habitantes procuram conservar parte de sua historia, Na outra ponta da aveni- da, porém, o cenério ¢ totalmente diferente. Edificios altos, pracas, ruas pavimentadas outras construces, todas bem modernas, indicando a reconstrugo da cidade. A via tornou-se uma espécie de linha do tempo de Tangshan, onde ao sul estd o marco de 1976 e ‘a grande destruicao, e ao norte, o presente da reconstrucdo e o futuro, Por causa do empenho no levantamento da ‘idade-e também por sua localidade privilegiada, Tangshan virou um importante polo da industria imobiliaria. O setor automobilistico também tem tum papel fundamental. Hoje, 0 poder econémi- co da cidade € 40 vezes maior que 0 registrado em 1976, e ela é um dos maiores polos industri- ais da segunda maior economia do mundo. SISMO DA CIDADE DO MEXICO (1985) Um tremor embaixo do mar de Michoacén, lito- ral mexicano, 3s 7h20 da manhé de 19 de setem- bro de 1985, chegou a capital do pais, a Cidade do México, em 50 segundos e deixou um rastro de destruigo. Foi o mais violento terremoto em territério mexicano jd registrado na histéria Osismo derrubou 412 edificios na Cidade do México e outras 3.124 construgdes ficaram seria~ mente danificadas, entre elas, prédios de até 18 andares. O pais arcou com prejuizos que che- garam quatro bilhdes de délares.Aléin disso, 0 nlimero de mortes estimiado chega @.40 mil. O terremoto foi de 8,1 pontos na escala Richter e teve epicentro no Oceano Pacifico. Exatamente trés dias depois, o evento se repe- tiu, mas em poténcia menor. Um novo terre- moto de 7,3 graus atingiu a regio. A pequena diferenca, de pouco menos de um ponto na escala de magnitude, pode representar, na verdade, a diferenca entre um simples tremor de terra e uma grande catéstrofe. Foi o que aconteceu nesse caso. O terremoto que veio 36 horas depois da catdstrofe nao trouxe danos severos. Sismélogos apontam que um grau na escala Richter representa uma diferenca de dez vezes na poténcia dos tremores. ‘A Cidade do México, uma das maiores do mundo, tinha, a época, 18 milhdes de habi- tantes. Apesar do numero relativamente baixo de vitimas ~ considerando que em outros mo- mentos da histéria, terremotos dessa magni tude tiraram centenas de milhares de vida, a infraestrutura da cidade ficou bastante dani cada, Além dos prédios atingidos, o sistema de abastecimento de 4gua e as redes de energia e de comunicagées ficaram bastante compro- metidas. As tubulacdes de gés explodiram em algumas partes do municipio, causando severos incéndios que agravaram o quadro. Como em todo terremoto ocorrido dentro do mar, as dguas se revoltaram e atingiram a costa. Toda a Cidade do México, em seu amplo territério, sentiu 0 cho balangar, mas as zonas mais afetadas foram aquelas proximas a0 lendario lago de Texcoco, que era uma das. principais paisagens da antiga Tenochtitlan ~ cidade destruida pela invasdo espanhola du- rante a colonizacao e onde foi construida, de- ois, a capital mexicana. Mas néo foi somente tia Cidade do México que os abalos forair sentidos, As regides de Jalisco, Michoacan, Colima, Guerrero, Morelos e Veracruz também sentiram o impacto e tiveram, em diferentes niveis, construcdes destruidas e vitimas fatais. O sismo durou cerca de dois minutos. © tempo do tremor e a falta de estrutura para conter terremotos foram os responsaveis por tantas construges destruidas. Ao longo do territério mexicano, foram cem mil habitagBes derrubadas, além de edificios estatais, escolas € hospitais. O prédio da famosa rede de tele- visdo Televisa, uma das maiores do mundo, também foi derrubado por causa do tremor. Depois de 1985, a cidade comecou a ter uma preocupacdo muito mais séria com eventos sis- ‘micos e a planejar suas construgdes para amor- tizar impactos iguais aos daquele ano. Como os tremores que vieram mais tarde no pafs tiveram proporgées muito menores, ainda nao é possivel dizer se as técnicas arquiteténicas so realmente eficientes na reduco de impactos. ‘Além dos cerca de 40 mil mortos, outras 30 mil pessoas se feriram e mais cem mil ficaram desabrigadas. As equipes de socorro reuniram quatro mil homens para ajudar no resgate das vitimas, incluindo os recém-nascidos que estavam em um dos hospitais avariados. Fa a g Fs ‘SISMO DE SPITAK, ARMENIA (1988) Um tremor de 7,2 na escala Richter atingiu a Arménia, uma das repiblicas sovieticas na ocasiio. O epicentro do sismo foi na cidade de Leninakan (hoje chamada Guiumri), na regio de Spitak, norte do pais. 0 tremor foi sentido as 11h41, hordrio local, no dia 7 de dezem- bro de 1988. Estimativas dizem que cerca de 50 mil pessoas perderam a vida debaixo dos escombros deixados pelo terremoto. A regio de Spitak recebia muitos refu- giados da republica soviética vizinha, 0 Azerbaijo. Os mais de 20 mil arménios que moravam no pais tiveram de regressar & Armenia por causa dos conflitos étnicos. Em 1988, 0 numero de habitantes de Leninakan, a segunda maior cidade arménia, atrés ape- rnas da capital lerevan, era de 300 mil. sismo chegou até a provincia de Kars, na vizinha Turquia, onde cerca de mil pessoas perderam suas moradias na zona agraria. O noticiério local aponta que o numero de mortos foi pequeno entre turcos: quatro pessoas faleceram. Segundo algumas fontes histdricas, um novo terremoto atingiu a regido quatro minutos de- pois do primeira. O segundo trémor foi mals fraco; alcancando 5,8 graus na escala Richter, portanto, com danos muito menores. Como a Arménia era uma regio muito pobre e sua estrutura arquitetnica, precéria, todas as construcées cairam num raio de 50 quilémetros logo apés o sismo. O cuida- do aos feridos foi um dos grandes desafios, Porque 80% dos profissionais de satide morre- ram durante a queda dos edificios. ‘Além dos 50 mil mortos (ntimero ainda contestado, podendo chegar a cem mil), 0 abalo sismico deixou 15 mil feridos e 500 mil desabrigados. Os 40 quilémetros de linha férrea foram destruidos. A tragédia poderia ter sido pior se o sismo chegasse com forca a lerevan, j4 que nos arredores da capital arménia havia uma usina nuclear — que, por sorte, no sofreu abalos, Arelac3o do pais com 0 governo soviético, que, na época, era comandado por Mikhail Gorbatchey, era bastante conturbada. A Unido das Repiblicas Socialistas Soviéticas seria desfeita trés anos depois, mas, na casio, Moscou ainda tinha todos os paises do entorno sob seu poder. Depois do terre- moto, a Arménia teve que colocar sua relacdo estremecida com Gorbatchev de lado para receber ajuda humanitéria da capital russa. 0 comité central da URSS enviow, para a regido, uma comissao governamental para acompanhar o resgate das vitimas, e entre ‘05 membros estavam o primeiro-ministro, Nikolai Rishkov, e 0 ministro da Defesa, general Dmitri Yazov. Cerca de 12 mil trabalhadores, funciondrios e estudantes aforam levados a regio para ajudar 0s so- breviventes. Moscou disponibilizou 50 mil camas para os desabrigados. Outras repdblicas, como Bielornissia e Ucrénia, enviaram medicamentos, e 0 governo central resolveu colocar seus melhores médi- cos € cirurgides 3 disposicao dos sobreviventes de Leninakan. Cidadaos de muitas reptblicas socialistas se disponibilizaram a receber criancas 6rfas e 0s moradores de lerevan formaram enormes filas nos centros médicos locais para doar sangue. O trabalho de ajuda humanitéria entre as reptblicas foi tdo grande que comoveu até membros da industria musical inglesa, que re- uniu grandes nomes do rock para a produgo de um dlbum musical e de um documentario sobre 0 terremoto arménio, cujo retorno financeiro foi destinado a ajudar as vitimas. Participaram do Rock Aid Armenia, que é 0 nome do album, artistas como Black Sabbath, Rush, Deep Purple, Bon Jovi, Iron Maiden, Led Zeppelin, Pink Floyd, Queen, Yes, Whitesnake, entre outros. Mesmo com a ajuda recebida, a Arménia no conseguiu, 27 anos depois, se recuperar totalmente do episédio. As condi¢aes ainda so dificeis para muitos sobreviventes da tragédia e seus familiares. Muitos continu- am vivendo em alojamentos improvisados € precérios, com estruturas simples feitas de madeira e de metal. O pais sofre com a pobreza e com os conflitos étnicos na regidio, que parecem infindaveis. 2 z = z 3 al cy SISMO DE KOBE, JAPAO (1995) Um incéndio tomou conta da cidade por: tudria de Kobe, no Japo, no dia 17 de janeiro de 1995. Ele foi decorrente de um terremoto de 7,3 pontos na escala Richter, que atingiu © municipio e demoliu imensa parte de seus bairros. A regio era constituida de grandes comunidades que viviam em espécies de condominios estreitos, com casas feitas de madeira. Assim que as residéncias vieram a0 ‘cho, 0 fogo tomou conta de tudo. Especialistas apontam que 0 fogo tornou o ccenario ainda mais sombrio, mas que boa parte das pessoas jé estava morta antes do incéndio. Estima-se que 80% dos mortos foram soterrados pelas suas casas logo que o terremoto avangou sobre a cidade. Ao todo, o abalo fez 6.434 viti mas fatais, segundo a contagem oficial O grande terremoto de Hanshin, ou Terremoto de Kabe, como ficou conhecido, aconteceu as Sh46 da manhi e foi classificado ‘como o mais mortifero movimento de terra registrado na histéria japonesa no pés-guerra até 0 dia 11 de margo de 2011 - quando outro sismo de maior poténcia atingiu a regido cen- tral oriental do pais, causando tsunami e danos importantes & usina nuclear de Fukushima, O desastre foi determinante para que a ci dade mudasse sua cultura arquitetonica. Hoje, uma lei impde padres para as casas para que elas resistam a tremores de terra, © 79% das residéncias de Kobe jé seguem essa norma Entre as 31% que ainda no passaram pelas mudangas, esto as moradias de quem nao tem condiges de demolir suas casas e construir no- ‘vas (mesmo com os subsidios oferecidos pelo governo) ou das pessoas que simplesmnente nao querem se sujeitar 8 mudanga, Pela dificul dade logistica e financeira do projeto, o nimero de casas reconstruidas é considerado étimo e visto como suficiente para evitar uma tragédia ‘como a de 21 anos atrés. Um problema social acometeu Kobe depois do terremoto: onde seria abrigada a popu- lac30 desterrada? Os esforcos foram enormes nese sentido. Em um pais tao populoso e de pequena area, como 0 Japao, dificuldades como essa so ainda mais sérias. Porém, a cidade conseguiu montar alojamentos pro- vis6rios que foram totalmente removidos em cinco anos, com as familias conseguindo novos lugares para morar. Entretanto, como a populacdo japonesa é ‘composta de um grande nimero de idosos (a expectativa de vida do japonés é uma das mais altas do mundo), muitos ancifios que so- breviveram jé no tinham mais parentes que cuidassem deles. Nos anos seguintes, foram registrados mil casos de mortes de dbito de idosos que, doentes ou sem condigées de viver sozinhos, perderam a vida por doenca ‘ou acidentes domésticos — niimero que corresponde a um sexto das mortes causadas diretamente pelo terremoto. SISMO DE GUJARAT, INDIA (2001) ‘As pessoas ocupavam as ruas da India para ‘comemorar 0 512 Dia da Republica no dia 27 de janeiro de 2001. Havia meio século que 0 pais tinha se desligado da Inglaterra e alcancou sua soberania. A festa, sempre alegre, foi interrompida por um desastre natu- ral. Um sismo de 7,9 pontos na escala Richter atingiu 0 centro velho da cidade de Bhuj, sen- do o terremoto mais forte no pais desde 1950. O local mais atingido foi o estado de Gujarat, na fronteira com o Paquisto, onde havia um grande nimero de prédios e construcdes altas, que foram bastante afetadas pelo abalo sismico. 0 tremor passou pela capital, Nova Déli, e chegou até o Nepal. Apenas um hos- pital de Bhuj permaneceu intacto e capaz de receber os feridos. Estima-se que até 30 mil pessoas tenham morrido. ‘As Forcas Armadas do pais foram mobil zadas para atender os feridos e recolher os cadaveres. Cinco mil homens foram disponibi- lizados para a operacao. Dada a situacio de calamidade, até o vizinho-e rival histérico =, Paquistdo, ofereceu ajuda humanitaria, oferecendo barracas, cobertores e remédios. A Unido Europeia disponibilizou trés milhdes de délares, um valor baixo que pouco ajudou ‘na operagio. 0s danos financeiros causados a India a todas as cidades atingidas foram de cerca de 5,5 bilhdes de délares americanos. Além da queda de escolas, hospitais, empresas e um enorme numero de residéncias (40% das moradias cairam no distrito de Kutch), famo- 508 € histéricos monumentos arquiteténicos da regi8o foram parcialmente danificados, como o templo de Shri Swaminarayan Mandir € 05 paladcios de Prag Mahal e Aina Mahal. Pouco mais de um més depois do terremoto, ‘mais um tremor chacoalhou a regido e deixou os cidados sobreviventes apavorados, que temiam ‘mais uma grande catastrofe. Porém, 0 tremor do dia 4 de marco foi mais suave, com magnitude 5,1 na escala Richter, e no causou estragos. ‘Apesar de ser mais fraco em compara¢o a0 terremoto anterior e de durar apenas nove segundos, 0 abalo foi suficiente para alarmar toda a populagdo de Ahmedabad, capital comercial de Guajarat, que possuia, a época, 4,6 milhdes de habitantes. As pessoas aban- donaram suas casas temendo o pior. 2 E § a iS A & fs P a cy on ae : aes SET Te SISMO DO AFEGANISTAO (2002) Cito pessoas morreram no Paquistio por causa do terremoto que teve epicentro na India, no inicio de 2001. Mais uma vez, ur ano depois, 0 Paquist3o ficaria nos arredores de uma catastrofe natural. Um sismo de 7 Pontos na escala Richter atingiu 0 vizinho Afeganistdo, na Provincia de Baghlan, no norte do pais, nas proximidades das montanhas Hindu Kush. Uma sequéncia de tremores menores suce- deu essa primeira grande atividade sismica e durou um dia inteiro. Além da Nahrin, princi- pal cidade da provincia de Baghlan, outros 40 vilarejos sentiram o tremor. Aqueles iltimos meses foram muito tensos 1na regio por causa do recém-acontecido terremoto da india e, principalmente, por causa do atentado do dia 11 de setembro nos Estados Unidos. As tropas americanas invadi- ram 0 Afeganistio entre outubro e novembro de 2001, iniciando uma guerra que durou dez anos. O tremor de terra foi como um prdlogo da tragédia que se instalaria naquele pais na primeira década do novo milénio. soe csp neste aleae O terremoto aconteceu no dia 26 de margo de 2002 e tirou entre 1.500 a 4.800 vidas, deixando trés mil feridos e 30 mil desabriga- dos, segundo dados das autoridades locais e da Agencia de Coordenacao de Assuntos Humanitérios da ONU (Ocha). O Afeganistao tinha um governo interino or causa da guerra contra os Estados Unidos e da convulsio social que se instalara no pais desde 11 de setembro, 0 que se intensificou no fim de 2001. Por isso, o plano de resgate 0 atendimento aos sobreviventes foi muito conturbado. No inicio daquele més de marco, um terre- moto jé havia atingido 0 territério, deixando mais de cem pessoas soterradas em uma vila na remota provincia de Samangan. ‘A regio entre india, Afeganistdo e Paquistio é uma das mais sujeitas a tremores de terra no mundo por causa da confluéncia das placas tectonicas eurasidtica e indiana, Segundo da- dos do Instituto Geoldgico dos Estados Unidos (USGS), 0 local foi atingido por sete terremo- tos registrados com magnitude superior a 7 pontos na escala Richter. SISMO EM BAM, IRA (2003) Um terremoto de 6,3 pontos na escala Richter atingiu 0 sudeste do Ird no dia 26 de dezembro de 2003, deixando cerca de 20 mil vitimas fatais e outras 30 mil pessoas feridas. (Os ntimeros so de um balanco oficial, divul- gado pelo Ministério.do Interior do iré pouco ‘depois do acontecimento. Bam, uma das maiores cidades iranianas, com 12 milhdes de habitantes, foi uma das mais atingidas e contou com equipes de salvamento para oferecer ajuda aos sobrevi- ventes. Porém, 0 que mais fizeram foi recolher ‘corpo das vitimas fatais. ‘Apequena cidade de Bora, com cerca de 20 mil habitantes até aquele momento, foi pal co de cenas assustadoras. Os corpos eram co- locados lado a lado no resto de rua que sobrou do tremor. Dado o grande trabalho e a exausto da equipe de salvamento, 0 enterro das vitimas demorou para acontecer, Veiculos carregados de corps chegavam sem parar ao cemitério de Bora, e virios cadaveres foram depositados ainda descobertos em uma parte da necrépole. Mais tarde, avides militares comecaram a sair da capital Teer rumo & zona atingida. ‘Ambuldncias também foram encaminhadas, mas demoraram muito mais para chegar e receber os feridos. Grande parte do transporte {oi feita pelos avides militares, que levavam os feridos 8 capital para tratamento. O Ir resolveu aceitar a ajuda do seu rival, Estados Unidos. Porém, recusou qualquer apoio de Israel, cujos conflitos sao histéricos parecem insoltiveis. O pais requisitou ajuda humanitéria, médicos, remédios, cobertores, alimentos, cdes farejadores para ajudar na localizagdo de pessoas soterradas e, também, casas pré-fabricadas que pudessem abrigar os sobreviventes temporariamente. Sismdlogos jé haviam alertado sobre-o) perigo’de um tefremoto na regiao dizimar boa parte dos habitantes de Bam. A cidade, de populacao muito concentrada, estaria vulnerével a um abalo sismico potente, ea estrutura dos prédios ndo seria suficiente para redutir 0s efeitos. Depois do terremoto, o pais cogitou mudar a capital para longe de Teer, que fica préxi- ma de Bam ~ ja que, devido a conturbacdo, a cidade recebe boa parte dos habitantes que querem estar préximos da capital por causa dos negécios e das oportunidades de trabalho. Agrande densidade demografica e estrutura insuficiente traz preocupacao no caso de um novo terremoto atingir a regio. Especialistas apontam que se acontecer um terremoto em Teer@, igual ao de Bam, 700 mil pessoas devem morrer. No dia 12 de janeiro do ano seguinte, 0 Ir anunciou a reconstruggo da cidade e intensifi- cou trabalho de retirada do entulho e abertu- ra das ruas, faclitando 0 acesso de ambuléncia e atendimento aos feridos que permaneceram na regido. Eles ficaram abrigados em barracas improvisadas. € ainda nesta data, quase uma semana depois do tremor de terra, 11 pessoas foram retiradas com vida dos escombros. 2 z = z 3 al cy TERREMOTO DE SUMATRA-ANDRAMAN. INDONESIA (2004) Sumatra é uma das ilhas que pertencem 3 Indonésia. A 0h58 do dia 26 de dezembro de 2004, 0 solo da ilha foi revirado por um sismo de 9,1 pontos na escala Richter, O tsunami que veio na sequéncia atingiu 14 paises entre o sul da Asia e 0 nordeste da Africa. Apesar de ‘9 tremor ter sido mefior que o# registrados, Tio Chile & no Alasca em 1960, o ndmero de vitimas foi imensamente maior: foram 230 mil mortos ou desaparecidos e 1,7 milhao de desabrigados em 13 paises. Na tltima semana daquele ano, a terra tremeu a 10 quilémetros abaixo do nivel do Oceano Indico, a oeste da Ilha de Sumatra, € fez com que as ondas oscilassem dez metros, deslocando centenas de quilémetros cibicos de dgua. Alguns dos paises atingidos pelas ondas que vieram na sequéncia foram a prépria Indonésia, Bangladesh, India, Maldsia, Maldivas, Mianmar, Sri Lanka e Tallandia. 8 na Africa, Somalia, Madagascar, Quénia, Ilhas Mauricio e Seychelles também foram alcanca- dos pelas ondas gigantes, que se originaram do tremor de terra na lha de Sumatra e chegaram a alcancar incrivel velocidade de 800 quilémetros por hora. Os relatos depois do cataclismo sdo incriveis. Um trem com 1.700 pessoas no Sri Lanka foi atingido e todos os passageiros morreram. Na Indonésia, pais mais afetado, houve cerca de 167 mil mortos. A regio mais atingida do pais foi Banda Aceh, capital da Provincia de Aceh. Foram identificadas mais 35 mil mortes no Sri Lanka, 16 mil na india e oito mil na Tailandia. Nos paises africanos, morreram 300 pessoas. Nos dias apés 0 terremoto seguido do tsuna- mi, a contagem era de 150 mil mortos no to- tal, em todos os paises. Porém, meses depois, assim que a contagem foi dada por encerrada, as 70 mil pessoas jamais encontradas foram incluidas entre as vitimas fatais. Porter atingido-uma enorme quantidade de. paises exdticos, sem infraestruture adequada para eventos como esse, o numero de vitimas foi tragico. Especialistas dizem que algumas das tribos que viviam por todos esses territéri- 0s foram extintas. Como se nao bastassem terremoto e tsuna- imi, as regiGes afetadas sofreram ainda com a ‘epidemia de doencas transmitidas devido aos corpos em decomposicao, que, sob o sol ‘tropical, rapidamente apodreciam. Febre ti- foide, célera e maléria tiveram de ser contidas para que no se espalhassem e criassem uma nova tragédia originada pelo terremoto. A ONU (Organizacao das Nagdes Unidas), fundada em 1945, logo apés a Segunda Guerra Mundial, afirmou, 8 época, que o desastre natural da Indonésia e regido era um “desafio sem precedentes” na histéria da entidade. As perdas financeiras foram calculadas pela ONU em cerca de dez bilhdes de délares. Segundo dados da entidade, seis meses depois do desastre, cerca de 12 bilhdes de délares foram arrecadados pela comunidade interna- cional para reconstruir os paises e as vidas que venceram a tragédia. Além disso, depois do cataclismo, um sistema de alerta de tsunamis foi criado na regio. SISMO DE CAXEMIRA, PAQUISTAO (2005) Localizado em uma regiéo de zona de tremores frequentes, 0 Paquistdo sofreu 10 ecos de grandes desastres naturais nos inhos India e Afeganistdo, em 2001 e 2002, respectivamente. Entretanto, nas duas vezes, 0s abalos chegaram ao pais jd amenizados. Todavia, em 8 de outubro de 2005, 0 Paquistdo fol a principal vitima de um grande tremor de terra — avaliado em 7,6 na esca- la Richter pelas autoridades americanas do Instituto Geological Survey (USGS), e em 7,8 pela Japan Meteorological Agency. ‘As primeiras noticias davam conta de um pequeno niimero de mortes e algumas construgées destruidas. A agéncia Associated Press chegou a anunciar oito vitimas, entre fatais e feridas, e um prédio de 19 andares derrubado. Mais tarde, descobriu-se que os danos estavam muito além daqueles divulga- dos logo depois do acontecimento. ‘O epicentro ocorreu as 8h52 do horério local, a cerca de cem quilémetros do nordeste de Islamabad, capital do pais. A regido paquis- tanesa da Caxemira foi a que mais sofreu com © abalo sismico. 0 némero de mortos chegou 4 86-milsegundo oevantamento feito em Conjunto pelo Banco Mundial (BM) ¢ pelo Banco Asiatico do Desenvolvimento (BAD). As instituig6es bancérias disponibilizaram equi- pes para calcular todo tipo de perda, inclusive ‘a mais importante: a vida Os bancos envolvidos no célculo de prejuizos estimaram de trés bilhdes a quatro bilhdes de délares para recuperar as éreas afetadas. (© governo paquistanés fez sua propria conta- gem e calculou a recuperaco do pals em 12 16es de délares. No fim das contas, a nacdo recebeu a promessa de 6,2 bilhbes de délares ‘que seriam enviados via servicos de ONGs internacionais depois de arrecadados junto a paises, empresas e pessoas fisicas. Cerca de 3,6 milhdes de pessoas ficaram sem suas casas e cem mil ficaram feridas. 56 na regio da Caxemira, 3.680 escolas de primério e secundario foram destruidas, assim como 2.366 quilémetros de estrada. Na cidade, (05 tr€s principals bairros foram gravemente afetados, e Muzaffarabad, capital da regio, foi a mais atingida em termos de vitimas destruicgo. Estima-se que 70% das pessoas que morreram moravam em Muzaffarabad. Bagh fol o segundo distrito mais afetado, responsavel por 15% das mortes totais. tremor alcangou também pontos de Cabul, no Afeganistao, e Nova Déli, na India. Tajiquist3o, 0 oeste da China também sentiram o abalo. Marinha e helicépteros do Exército dos Estados Unidos foram disponibilizados para 2 operacao de salvamento de vidas, resgate de feridos e recolhimento de cadaveres em todas as partes afetadas. Os helicépteros pousavam no pais vizinho, Afeganisto, e depois voavam para a regiao atingida. Foram abertos caminhos entre os escombros na passagem entre india e Paquistdo para facilitar 0 fluxo de ajuda humanitéria e médica. Outros paises do mundo também disponibilizaram ajuda aos paquistaneses. resgate-das vitimas foi muito prejudicado, porque, segundo autoridades que trabalha- ram no resgate, muitos habitantes viviam em lugares em que o alcance ¢ muito prejudicado. Para dificultar, 0 acesso por pontes e estradas estava impossibilitado porque o terremoto detxou a infraestrutura local destruida. Paquisto esté localizado exatamente em cima do encontro de placas tecténicas. O atrito entre elas, que ocorre de tempos em tempos, sem uma periodicidade definida, foi responsavel pela formacio do pico mais alto do mundo, o Himalaia. Naquele 8 de outubro, © solo paquistanés parecia estar em estado convulsivo: mais 147 tremores de terra, de ‘menor intensidade, atingiram a regido depois do grande sismo. Fs =] Fe ES = g = cy SISMO DO HAITI (2010) Em 2010, 0 Haiti, um dos paises mais pobres do mundo, localizado na América Central, sofreu um terremoto de 7 pontos na escala Richter. Apesar de a magnitude no se equiparar com a dos piores tremores que a ocorreram em outras nacdes, o tremor trouxe os piores transtornos de ordem social que ecoam até hoje. Oepicentro foi na peninsula de Tiburon, a 25 quilémetros da capital, Porto Principe, e com profundidade de 10 quilémetros. Ot remor aconteceu as 16h53 do dia 12 de janeiro e foi seguido por mais de 30 tremores menores, que variavam entre 5 e 5,9 pontos. Autoridades de outros paises, que se esta- beleceram no local, perderam a vida durante © terremoto, como a brasileira filantropa, Zilda ‘Arns, € 0 Chefe da Missdo para a Estabiliza¢ao no Haiti, Hédi Annabi. Inclusive, 0 prédio da ONU desmoronou e outros varios membros da misao morreram. Zilda, porém, foi soterrada dentro de uma igreja. Todos os hospitais do pais desabaram ou sofreram danos severos, o que complicou a jé dificil situacdo dos sobreviventes que careciam de atendimento Em 21 de janeiro, as autoridades haitianas ‘anunciaram que 80 mil pessoas foram enter- radas em covas comuns e no contabilizaram, entre os mortos, aqueles que ainda estavam desaparecidos, Vias interditadas e comunicagées extra- viadas prejudicaram muito 0 atendimento & populacao e a entrega de suprimentos, 0 que originou problemas sociais na regido. Casos de furtos e violéncia eram constan- temente denunciados pelas equipes hu- manitarias de diferentes partes do mundo que jd trabalhavam na regio ou que chega- ram depois do terremoto. Duas semanas apés o sismo, 0 mar recuou tna vila piscatéria de Petit Paradis. Um tsuna- miatingiu aquela regigo, submergindo toda ‘a comunidade costeira. Nao se sabe ainda as relacdes entre o terremoto e o tsunami -e sequer se de fato hd alguma ligaco, j4 que houve um espaco de tempo muito grande entre os dois acontecimentos. Aha de Séo Domingos, onde esta localiza- do o pais, tem atividade sismica frequente. ‘Ao menos uma vez a cada século, um grande terremoto atinge a regiao. No século 18, dois tremores foram registrados: um em 1751, quando ainda estava sob dominio francés; © outro, em 1770. No século seguinte, em 1842, 0 tremor aconteceu e atingiu também a Republica Dominicana, destruindo total- mente o norte dos dois paises. Em 1946, outro sismo. Dessa ver, atingiu primeiro a Republica Dominicana e depois, o Haiti. ‘Sismdlogos identificaram que a regio possui um ciclo sismico que tem certa previsibilidade. Estudos intensivos, em 2008, indicaram que um grande tremor estava perto de acontecer. Naquele ano, o pais jé havia sofrido com dois furacées importantes e inundagées. O au- mento das tragédias naturais na regio nesse momento especifico ainda é um mistério, mas estudos apontam que podem ser fruto de ‘movimentos inesperados na placa do Caribe, em especial na falha 20 sul Sendo o territério mais pobre da América em uma regio cercada por outros paises sem grande potencial econdmico, o Haiti nada pOde fazer contra as grandes tragédias que o ‘massacraram nos tiltimos dez anos. Hoje, a contabilidade de vitimas é de 240 mil, trés vez- es maior que o nimero de mortos jogados em covas comuns nos primeiros dias da tragédia. Eo processo-de reconstrucgo do pais sim plesmente nao dconteceu. Euma conta que a humanidade nao quis assumir. Algumas aces no sentido de tentar resta- belecer a ordem na regiao foram tomadas, mas nao foram eficientes. Ainda hoje, a pop- ulagdo trafega no meio dos escombros e sofre com a falta de agua, de comida e de condicdes basicas para viver, Além disso, 0 caos social se estabeleceu, com uma violéncia endémica que voltou aos tempos da barbarie 0 Brasil foi escolhido pela ONU para liderar a ocupacdo militar no Haiti a fim de resta- belecer a ordem, mas as dentincias de abuso das Forcas Armadas Brasileiras contra os habi- tantes locais foram varias. Hoje, a nacéo brasileira recebe um grande rntimero de haitianos que fogem para escapar da fome e da violéncia. Muitos vém ao Pais para conseguir renda a fim de sustentar os parentes que continuam em sua terra natal. Pensando nisso, algumas cidades brasileiras desenvolveram programas de recep¢do aos haitianos, dando a eles cidadania e oportuni- dade de trabalho. Dessa forma, é possive! Pagar um pequeno pedaco da divida que o mundo tem ao largar o fragilizado territério @ prépria sorte. SI 4 3 a TERREMOTO DO CHILE (2010) Exatamente 50 anos apés 0 Terremoto de Valdivia, o mais forte jd registrado no mun- do, 0 Chile novamente sofreu com um sismo de grande magnitude. Em 27 de fevereiro de 2010, um terremoto chacoalhou 0 chao do pais em um tremor de 8,8 de magnitude 0,7 ponto abaixo do que foi registrado em Valdivia. Dessa vez, o tremor afetou a regio sul do territdrio, em Bio Bio, a 95 quilémetros de Concepcién, a segunda cidade mais populosa depois da capital, Santiago. O tremor durou cerca de um minuto e meio. A grande atividade sismica no Chile & decor- rente da convergéncia entre as placas tecténi cas de Nazca e a Sul-Americana. O histérico do pais fez com que 0 governo local criasse uma politica de evacuacdo e de construcdo civil que preparasse os edificios para amenizar 05 efeitos dos tremores. Por isso, 0 niimero de mortos foi consideravelmente menor que outros de magnitude semethante. Dados de autoridades chilenas apontam que 156 pessoas morreram e 25 desapareceram na casio, e que todas foram vitimas do tsunami decorrente do tremor de terra. Qepicentro do abalo.de 2010 fo; no- Oceano, Pacifico, a 35 quilmetros de profundidade; Por ser mais fundo que a maior parte dos tremores, a érea alcancada foi muito maior, alcancado inclusive algumas regides do Brasil. Cerca de 80% do territério chileno sentiu o tremor. 0 terremoto foi considerado 0 quinto mais forte no mundo e o segundo no Chile, ficando atrés apenas do Terremoto de Valdivia, em 1960. Entre 0 abalo de Valdivia e de Bio Bio, varios outros sismos foram registrados. Estudiosos americanos apontam que a costa chilena ja sofreu 13 tremores acima de 7 pontos na escala Richter desde 1973, quando os estudos foram iniciados. O Chile recebe 43% da movi- mentaco sismica do mundo. A populagdo jd se prepara para sismos importantes de dez em dez anos, mais ou menos. Apesar das ocorréncias frequentes, © povo no se acostuma, e nem poderia. Os abalos de menor intensidade 80 mais aceitos como algo natural, porém, eles também. podem ser o preniincio de algum grande e devastador estremecimento. CO terremoto de 2010 aconteceu as 3h34 da madrugada e chegou até a capital Santiago, que fica a 325 quilémetros de distancia do epicen- tro. Varios outros tremores de menor magni- tude se sucederam ao primeiro, com pontuacao que variava entre 5,2 e 6,9 na escala Richter. ‘Apesar de ser comum, na regio, acontecerem abalos apés um grande impacto, os sismos sucessérios em 2010 foram mais fortes do que o habitual. Estiveram a apenas 0,1 ponto de gerarem outro grande terremoto. As classifi- cages internacionais indicam sismos de 7 pontos na escala Richter como de grandes proporgies. E inevitdvel que o mar invada 0 continente depois de um abalo no fundo do oceano. Em Bio Bio no foi diferente. Uma enorme quantidade de dgua avangou terra adentro por 300 metros. O cientista Richard Gross, do JPL (Laboratério de Propulsio a Jato) da Nasa, disse que o terremoto foi capaz de alterar 0 exo imagindrio da terra e reduzir os dias em 1,26 microssegundos (um segundo por um milhdo). O tremor deslocou 0 eixo do planeta em cerca de oito centimetros. ‘Algo parecido havia sido registrado no Terremoto de Sumatra, em 2004. Apesar de ‘© tremor na Indonésia ter sido mais forte, © efeito no eixo da Terra causado pelo sismo do Chile foi maior por causa de sua localizagao 0 fato de pais andino'ficar-mais “tid ponte” do planeta possibilita que os tremores al registrados tenham um impacto maior no eixo terrestre. J8 A Ilha de Sumatra estd no meio da Terra e, por isso, os terremotos que aconte- ‘cem na regio alteram menos o exo, TERREMOTO DE HONSHU (2011) ‘As cenas que passavam na televisdo e na internet no dia 11 de marco de 2011, onde carros e pessoas eram arrastadas por uma corrente de 4gua para lugar nenhum, atraves- sando cercas, paredes e todo obstéculo que se colocasse na frente, reviveu na cabeca das pessoas pelo mundo todo a tragédia ocorrida sete anos antes, em Sumatra ‘Quase 16 mil pessoas foram mortas no ter- remoto de Honshu, no Japo, além dos 4.600 desaparecidos e 5.300 mil feridos. Mais uma vez, 0 evento foi sucedido de um maremoto que arrasou a costa leste de Honshu, a maior e mais populosa ilha do Japao. O terremoto alcangou 9 pontos na escala Richter ~ 0 maior registrado no pais e sétimo maior da historia, Os momentos apds a tragédia registraram efeitos por todo o pais: cerca de 4,4 milhdes de iméveis ficaram sem energia no norte do Japio e incéndios se precipitaram sobre casas e vegetagdo em pelo menos 80 lugares de todo 0 territdrio japonés. ‘Téquio também sofreu os efeitos do tremor, mas de maneira muito menos impactante. Edificios sacudiram com 0 abalo, linhas telefonices ficaram bloqueatas ¢ alarmes foram disparados, O trem-bala Shinkansen & dois aeroportos da cidade ficaram fechados. Apesar do estado de panico, nao houve viti- mas na capital. O trem-bala foi reaberto sé 45 dias depois do terremoto. Na regio costeira ao sul, porém, o cenério era de completa calamidade. Uma muralha de gua entrou quilémetros adentro pela costa da ilha de Honshu. Além das casas arrastadas, 05 portos foram totalmente destruidos pela forca da égua. No interior da ilha, as moradias feitas de madeira foram rapidamente tragadas pela dgua e centenas de hectares de plan- tagdes foram dizimados. Em uma praia de Sendai, uma das cidades japonesas mais afetadas pelo tsunami, entre 200 e 300 mortos foram encontrados pela ppolicia. Tratava-se da populacdo local, que foi atingida por uma onda de sete metros. No recuo do mar, os corpos foram levados 8 orla. ‘Ainda na regio de Sendai, um trem de pas- sageiros da East Japan Railway Co. desapareceu perto da estaco de Nobiru, no nordeste do pais, que liga a cidade a Ishinomaki. Mais tarde, ‘outro trem foi dado como desaparecido em Iwate. Um navio também sumiu das vistas apés © caos, levando consigo cerca de 80 pessoas. Dias depois, 300 mil casas foram contabili- zadas como destruidas pelo evento, deixando 130 mil pessoas desabrigadas. O prejuizo total foi de 309 bilhdes de ddlares. O valor repre- senta algo como 15% do PIB brasileiro. ‘As ondas que sucederam o terremoto alca- garam 38 metros de altura. A maior parte das ‘mortes ocorreu nas cidades de Iwate, Miyagi e Fukushima, na costa oeste do pais. Logo apés identificar o tsunami, o Centro de Alerta-deTsunamis'do Pacifico entrouem|op- eragdo e avisou as atitoridades que um mare~ moto com ondas de até 10 metros poderia entrar em contato com as nagdes do Pacifico. Alguns paises chegaram a tirar moradores das egies costeiras, mas nada se confirmou. A Indonésia, ailha de Guam eo estado americano do Haval levantaram o alerta, mas a tragédia ndo se aproximou da América. Mais tarde, a Casa Branca informaria que os Estados Unidos, principalmente o estado do Havai, escaparam do pior. ‘As ondas se locomoveram de maneira mais intensa em direcdo ao sudeste asiatico, alca- ncando as Filipinas cerca de trés horas depois do cismo e com muita poténcia. Trés horas mais tarde, chegou & Papua Nova Guiné. O abalo sismico teve seu epicentro no Oceano Pacifico, a 130 quilémetros da peninsu- lade Ojika, no JapSo. A movimentago acon- teceu a uma profundidade de 24 quilémetros, distancia considerada pequena para terremo- tos. Porém, 0 sismo principal foi seguido de ‘outros 70 fortes tremores de magnitude maior que 5 pontos, segundo o Servico Geoldgico dos EUA (USGS). Dois dias antes, um tremor de 7,3 pontos na escala Richter jé havia sido registrado, mas sem danos muito sérios. E a a 8 a a TERREMOTOS DO NEPAL (2015) Dois terremotos atingiram a capital do Nepal, Katmandu, entre abril e maio de 2015. Os dois eventos, juntos, somam a maior catdstrofe natural registrada naquele pals. € dificil separar os danos causados por cada um dos tremores, jd que a cidade sequer havia terminado de juntar os escombros e contar seus mortos quando ocorreu 0 segundo sismo. O primeiro tremor aconteceu no dia 25 de abril e sacudiu 0 solo com uma forca de 7,8 na escala Richter. O segundo, 12 de maio, teve magnitude de 7,3. s terremotos superaram o numero de vitimas que foram registradas no tremor de 1934, matou 8.519 pessoas s6 em territério nepalés. Houve, ainda, vitimas na vizinha india. Os tremores de 25 de abril e 12 de maio de 2015 deixaram um total de 8.792 mortos e 22.511 feridos. ‘As duas tragédias juntaram prejuizos de cin co bilhdes de délares ao pais. Meses depois, a ajuda internacional, que deveria cobrir os. Prejuizos, nao havia chegado ao Nepal. Da quantia necesséria para reconstruir o ter- ritério, foram prometidos apenas 1,33 bilho de délares —no entanto, somente 288 milhoes dedélares chegarart’ao destind. A capital do pais, Katmandu, foi severamente afetada. Seus templos histéricos foram destrui dos e os escombros cobriram as ruas da cidade. Praca Durbar, principal da regido, ficou de- vastada, e 0 centro da cultura do Nepal, varrido do mapa. Cerca de cem mil pessoas viviam nos arredores da praca. Além disso, 300 mil casas foram totalmente destruidas no pais inteiro, e 2,8 milhdes de pessoas ficaram sem teto. Calcula-se que oito milhdes de habitantes foram afetados pelos dois terremotos, con- tabilizando mortos, familiares de mortos, feri- dos, desabrigados e aqueles que tiveram suas casas parcialmente danificadas ou seus em- pregos perdidos. Isso representa mais de um terco da populacao total do pais, que é de 20 milhdes. A catastrofe agravou a jé problemati- ca situagio econémica da sociedade nepalesa, que tinha 40% da sua populacdo vivendo em condico de miséria antes dos terremotos. (0 famoso palicio de 55 janelas de Katmandu foi uma das poucas construgdes que se man- tiveram em pé depois do desastre. A fortaleza serviu de residéncia ao rei do Nepal e, apesar de nao ter desmoronado, teve de ser submeti- da ao trabalho de escoramento para evitar 0 risco de desmoronamento. O TERROR QUE Re im a ¢ 3 = z as . uuracdes so movimentos extremos de ar formados por um aglomerado de vérias tempestades. Eles acontecem somente nas dreas tropicais do planeta O fendmeno meteorologico € caracterizado pela formacso de sistemas de baixa press e grandes tempestades. Seus ventos s30 de, no minimo, 118 quilémetros por hora O tufdo é igual ao furacdo em termos técnicos, mas acon- tece em outro lugar do mundo, somente nas regides do Pacifico Oeste. Tanto 0 furacio quanto 0 tuffo so classificados como ciclones. Ambos apresentam baixa pressdo e ventos gi- rando em torno de seus centros. Mas hé outros ciclones além desses: os chamados ciclones extratropicais, como 05 que atingem o litoral sul do Brasil e que trazem as, frentes frias vindas do Polo Sul e da Patagénia. Todos os ciclones que acontecem fora das regides tropicais e do Pacifico Oeste sao classificados como extratropicais. tornado é um evento mais intenso que um ciclone, mas com menor durabilidade e tamanho inferior. A semelhanca entre todos é que formam uma coluna de ar giratéria, que se desloca em uma determinada veloci- dade em volta de um centro de baixa tensao. Os torna- dés duran até’ 15 Imiriutios e nfo costamam ter mais del dois quilémetros de diémetro, mas podem chegar a ter ventos de S00 quilémetros por hora. pior cataclismo de ventos de que se tem noticia atin. gu 0 Paquistéo. O pais ¢ famoso por estar em uma regio de grande instabilidade por causa da movimentacéo de placas tectonicas e dos decorrentes terremotos. Porém, foi um ciclone 0 culpado pela maior tragédia natural que o territério ja viu. Em 12 de novembro de 1970, morre- ram entre 300 mil e 500 mil pessoas na regido vitimadas pelos efeitos dos ventos que chegaram a 240 quilmetros por hora e que causaram um tsunami de 15 metros. Varios outros ciclones e tornados se tornaram devas- tadores ao longo da histéria e em diferentes lugares do mundo. As tempestades de vento sao registradas desde (0s tempos da América Colonial. A forte ventania chega- va a abater tropas inteiras dos paises europeus em suas epopeias na costa atlantica, e por isso as expedicdes passaram a incluir, entre os custos da viagem, a pos- sivel perda de parte da tropa em um eventual cataclis- mo desse tipo. Nas préximas paginas, saiba mais sobre a histéria dos mais devastadores ciclones e tornados 2 FS S i= Ea 3 = S a F S| Ee “THE GREAT HURRICANE”. PORTO RICO E OUTRAS CIDADES (1780) Ahistéria tem excentricidades que s3o dificeis de entender e relaciona eventos que parecem desconexos. Em 1776, os Estados Unidos estavam em guerra civil, e um massa- cre pintava de sangue o pais que seria, em 150 anos, 0 maior império da terra. As questdes sociais ¢ econdmicas que agitavam a América do Norte tambem movimentavam a regiao central do continente, afinal, os paises euro- ppeus, que perdiam suas colénias, passavam a acossar as regies mais ao sul. Na década seguinte, catdstrofes naturais, comecaram a se suceder e conturbar ainda mais a regio. A década de 1780 registrou ‘trés grandes furacdes entre o centro e o norte da América, na costa atlantica. Entre eles, 0 Grande Furac3o de Porto Rico, ou Furacéo ‘S80 Calisto II, 0 mais letal ciclone atlantico da histéria, que aconteceu exatamente em 1780, inaugurando o periodo de furacées. ‘O numero de mortes que o Grande Furacdo de Porto Rico causou foi equivalente ao que intensos tornados matam em uma década inteira no mundo. Em cerca de dez dias de ati- vidade, 0 pior furac&o do qual se tem noticia no Atlantico deixou um rastro de destruic¢ao, navios afundados ou encalhados, dezenas de milhares de mortes e cidades destruidas na faixa norte e central do continente. O evento aconteceu entre os dias 10 ¢ 16 de outubro ~ 0 registro de furacdes atlanticos comegou a ser feito somente em 1851 e, por i380, 0 dados histéricos sobre essa grande catdstrofe sJo imprecisos. As informagdes mais fidedignas apontam que o caminho trilhado pe- los ventos mortiferos teve inicio nas Pequenas Antilhas, atingindo com maior poténcia Porto Rico, mas causando um grande nuimero de viti- mas e destruicdo também nos paises proximos, ‘como Republica Dominicana, Bermudas e tam- bém os Estados Unidos, atingindo praticamente toda a Flérida e outros estados. Onumero de-mortes tia ocasiso foi entre 20 mil e 30 mil pessoas: Uma grande parte estava dentro de navios préximos a costa por- to-riquenha e de paises préximos. Os ventos chegaram a 320 quilémetros por hora. Todas as ilhas por onde o furacdo passou tiveram registro de mortes. Quando o furacdo de 1780 abateu a cos- ta oeste da América Central e sudoeste da América do Norte, frotas inglesas e francesas, que disputavam a regio, foram atingidas em cheio. Os franceses tiveram 40 navios destrut- dos, com mais de quatro mil soldados, préximo a Martinica. Os ingleses perderam seus carrega- mentos e homens de guerra, que foram afun- dados ou ficaram encalhados em Santa Lui Barbados. Muitos marujos morreram. O ciclone também surpreendeu a frota espanhola, que trafegava sentido Pensacola. A tropa se dispersoue 19 embarcagdes ~ das 58 ‘embarcagdes que se deslocavam pela regio — ‘afundaram. Os tiltimos registros de devastago remetem ao dia 20 de outubro. Na pior das hipéteses, 0 tuff se colocou sobre a regio du- rante longos e tragicos dez dias, se dissipando ao chegar a sudeste de Cape Race, no Canada. Depois dessa tragédia, para calcular os custos da opera¢o, os impérios tiveram que incluir a possibilidade de furacBes em suas campanhas militares na regido central da América. Entre os gastos possiveis nas expedigdes, estava a perda de parte da tropa para os cataclismos. Anos apés 0 evento, os governadores colo- niais continuamente usavam a devastagio das terras na América como pretexto para pedir ajuda financeira da coroa inglesa. Os colonos alegavam os varios impactos as suas financas e propriedades para uma intervenco na regio. (0 clamor da populacdo era levado até os reis para que mais dinheiro cruzasse o Atlantico. O segundo maior furacdo que atingiu o Atlantico foi o Mitch, mas seu poder mortifero no chegou nem perto ao do Sao Calisto Il. A década de 1780 registrou, ainda, outros dois grandes ciclones, que deixaram mais trés mil vitimas fatais. CICLONE DA INDIA (1839) Cerca de 300 mil pessoas perderam a vida em decorréncia de um ciclone na india no longinquo ano de 1839. Relatos historicos afirmam que o evento atingiu o territério no dia 25 de novembro, na aldeia portuéria de-Coringa, Jocalizada no estado-de Andhra, Pradesh € proxims a foz dotio Godavari, na costa sudoeste do pais. O lugarejo possui uma ilha adjacente, que foi chamada de Hope Island (\Iha da Esperanca) pelos colonos ingleses. Sabendo das carac- teristicas da regido e da posico muito exposta da iha a tragédias naturais, os briténicos re- solveram batizé-la com esse nome para afastar ‘05 maus agouros. Porém, nao foi suficiente. No foi sé a ago dos ventos que causou todas essas mortes. O lugar foi devastado pelo ciclone de 12 metros de altura, que, ao tocar (© mar, provocou um incrivel tsunami de 40 metros de altura, destruindo grande parte da aldeia e da Ilha da Esperanca, além da maioria dos navios perto da costa e das construgdes em terra firme. Cerca de 20 mil embarcacdes foram tragadas pela tempestade seguida do tsunami, € 0 porto local ficou completamente destruido. Ainda hé pessoas morando no vilarejo de Coringa hoje em dia, mesmo com todo o perigo que ronda area. Dados histéricos apontam que, 50 anos antes, outro ciclone semelhante havia atingido a regiio de Coringa e matado 20 mil pessoas. O local foi reconstruido e conseguiu se recuperar, até que o desastre se repetiu em 1839. Depois da segunda tragédia, a cidade nunca foi total- mente reerguida. Parece que os habitantes as autoridades resolveram aceitar a condicéo. instavel do territério e poupar esforgos. Ciclone da india, como ficou conhecida a tempestade, é responsdvel pela terceira maior catastrofe causada por um ciclone em todo ‘0 mundo ~ esté empatado com o evento de 1881, chamado Tuféo Haiphong, no Vietn’, que também deixou cerca de 300 mil mortos. Os registros nao informam a velocidade que o Vento atingiu no-vendaval indiane. Estudos indica que as tempestades na India so responsdveis por sete dos dez mais mortiferos furacdes que a humanidade j registrou. A regido do Golfo de Bengala, onde esto localizados 0 vilarejo de Coringa e a Ilha da Esperanga, é a que mais testemunha cata- clismos desse tipo no mundo. Muitos anos depois, em 1891, a india comegou a fazer um histérico de ciclones que abatiam o pais. Até 0 ano 2000, foram regis- trados 308 cataclismos desse tipo, sendo 103 de graves proporcdes. 5 = e g 3 2 s g ES = So omiasetenens FURACAO GALVESTON. TEXAS (1900) Em 1900, um forte vuledo varreu 0 estado do-Texas nos Estados Unidos, éspecialmente © municipio de Galveston ~ uma localidade abaixo do nivel do mar que, na época, es- tava em torno de 2,74 metros sob o nivel do Oceano atlantico. A cidade, fundada entre os séculos 16 € 17 por franceses e espanhéis, foi nomeada em homenagem ao governador espanhol de Luisiana, Bernardo de Galvez. Ela foi incorpo- rada em 1839 aos Estados Unidos e esté ligada 0 continente por meio de pontes e viadutos. Devido 8 sua posigao e ao clima, é uma area sujeita a intempéries violentas. As autoridades locais acreditavam que a topografia ajudaria a regio a se proteger de catdstrofes provocadas pelos ventos hostis, e nao levavam a sério a possibilidade de o Texas ser atingido por um furacio de grandes proporgies. As ilhas do Caribe, préximas ao sudeste dos Estados Unidos, eram conheci- das pelo histérico de tufdes, mas os texanos consideravam esses eventos excepcionais em seu territério—e de fato so, mas uma hora 0 inesperado pode acontecer. Ento, em 8 de setembro daquele ano, um fu- raco atingiu a costa texana e uma onda de cin- co metros invadiu Galveston. Os ventos regis- trados na ocasigo alcangaram 217 quilometros por hora, fazendo dele um furacdo tropical de ‘categoria 4 na escala Saffir-Simpson, O even- to ficou conhecide pelos moradorés|como A Grande Tempestade, ou'A Tempestade de 1900. Horas antes do desastre, um alerta geral foi feito 8 populagdo da cidade ~ mesmo sem grandes solugdes tecnolégicas disponiveis ara a comunicacdo no inicio do século 20-, dizendo que uma grande tempestade tropical tinha atingido Cuba e que se aproximava do pais. Muitos moradores e turistas que visita- vam o local ignoraram 0 anuincio das autori- dades. Porém, 0 que ndo se imaginava é que © furacdo ganharia forca ao chegar ao conti- nente e que a obediéncia poderia evitar um considerdvel némero de mortes. O furacdo de Galveston é 0 desastre natural mais mortal que ja atingiu os Estados Unidos. Dados da época relatam entre seis mil a 12 mil vidas perdidas. Por isso, 0 evento é classi- ficado como 0 terceiro mais mortifero furacdo atlintico da historia, atrés apenas do Grande Furacdo de 1780, em Porto Rico e Pequenas Antithas, e do furacdo Mitch, em 1998. (Os danos materiais excederam 20 milhdes de délares. Ainda assim, 0 Furacdo de Galveston nao é 0 mais custoso na histéria do pals. A tragédia de New Orleans, quando a cidade foi atingida pelo Furacdo Katrina, em 2005, deixou um prejuizo econémico maior. TUFAO VERA; JAPKO (1959): O tufao Vera, que atingiu 0 Japao em 1959, matou 5.098 pessoas e feriu mais de 40 mil. 0 evento teve inicio em 20 de setembro e alcancou sua forca mais devastadora trés dias depois, quando jé estava mais ao centro do pais. Apenas no dia 29 0 fendmeno meteo- roldgico desapareceu. O ciclone tropical comecou a ganhar forca ao norte e nordeste do territério e foi crescen- do de intensidade ao longo dos trés primeiros dias. Sua fase mais mortal foi a nordeste, no dia 23 de setembro. O aumento na velocidade dos ventos se deu por causa da divergéncia atmosférica combinada com a temperatura das aguas maritimas. Mais uma vez, 0 evento climatico viria a despertar a fiiria dos mares. Os ventos de 305 quilémetros por hora causaram graves inundagées, submergindo lavouras inteiras e interrompendo a comunicacao entre areas do Jap3o por causa do fechamento de estradas e de ferrovias. Embora tenha sido previsto, o Vera n3o pode ser contido e os processos de evacuago foram muito dificeis, deixando uma rota de destruicao por todo 0 territério nipdnico. O fda rt eloe de earn Ucag oes, tery sidade da tempestade e a densidade demogr fica da regido foram complicadores. Este foi 0 tufao mais forte a atingir a parte continental do pals em toda a historia, tendo sido classif- cado como de categoria 5. Quando o ciclone chegou, a economia japonesa estava em reabilitacdo e as familias ainda choravam os mortos causados pelo regime fascista e pela Segunda Guerra Mundial = que terminou havia 14 anos, mas deixou as mais severas sequelas no pais, principalmente por causa das bombas atmicas que os Estados Unidos jogaram sobre Hiroshima e Nagasaki. tufao causou danos equivalentes a 600 milhées de délares, e o numero de desabriga- dos chegou a cerca de 1,5 milh3o de pessoas. ‘Além de toda essa tragédia, aconteceram graves surtos de disenteria, gangrena e tétano por causa da falta de dgua potavel e dos fer rmentos no tratados. Depois do Vera, 0 lap30 se dedicou a construir um centro de previsio e combate as devastagies causadas pela forca dos ventos. Foi criado o Sistema de Radar Monte Fuji, no mitico monte japonés, que antecipa grandes tempestades. ey 4 S SF TUFAO SARAH, COREIA DO SUL (1959) Sarah foi chamado supertufao por causa da velocidade dos seus ventos, que atingiram um pico de 310 quilémetros por hora no Oceano Pacifico, na costa asiatica O cataclismo foi responsavel pela morte de 669 pessoas e destruigio de seis mil casas, além de causar prejuizos de milhdes de ddlares ao varrer plantacdes. A Asia sofreu muito com furacées 20 fim da década de 1950, em especial na regio do Pacifico, na regio de Guam, onde ocorreu © Sarah. Apesar de o tuffo ter se tornado realmente devastador no dia 17 de setembro, ele jd havia se estabelecido sobre a regido dois dias antes. Os ventos causaram inundagdes extremas 1na Coréia do Sul e também avangaram sobe 0 pais vizinho, Japo, deixando mais 24 mortos e milhares de casas destruidas ou danificadas. Em sua fase mais devastadora, atingiu a ilha japonesa de Miyako-jima, quando a presséo barométrica local caiu para 908,1 milibar~a segunda mais baixa registrada no pais nipéni co. A pressdo atmosférica é 159% menor no olho de um ciclone, tufgo ou furacdo do que do lado de fora ‘Ao voltar & Coreia, a ceste de Busan, os ven- tos perderam quase metade da intensidade, chegando a 185 quilmetros por hora, mas continuaram a atormentar a regido ao subir ‘em direcdo ao norte. O Sarah deixou de ser tuffio ao chegar & ilha nipénica de Hokkaido, passando a ser denominado ciclone extra- tropical. Tufdo é a tempestade de ventos que atingem o Pacifico, enquanto os ciclones extratropicais so aqueles que acontecem fora dessa regio e também fora do Atlantico. Estima-se que a tempestade tenha se disper- sado somente no dia 23 de setembro, oito dias depois de ter se precipitado sobre a regiso de Guam. Os ventos alcancaram o Extremo Oriente russo pouco antes de se dissipar. Os registros coreanos da época diziam que o su- pertufao Sarah tinha sido 0 mais violento dos tiltimos cinco anos. TUFAO NANCY, JAPAO (1961) 0 Tufao Nancy aconteceu em 12 de setem- bro de 1961, na regiao noroeste do Pacifico. Especialistas da época apontaram que o even- to foi o mais forte registrado na histéria, com ventos que chegavam a incriveis 343 quilémet- os por hora, sendo classificado como de cate- goria 5, portanto, um supertufao. Levando em conta 0s registros antigos, é possivel sustentar ‘que as rajadas de vento do Nancy chegaram a 470 quilémetros por hora ~ elas chegam a al- cangar 50% a mais que a velocidade do vento. Porém, essas velocidades registradas época sdo atualmente contestadas. Estudiosos de hoje dizer que muito dificilmente 0 tufso Nancy ultrapassou 0s 310 quilémetros por hora, velocidade registrada pelos ciclones mais violentos de todos os tempos. ‘Apesar das mudancas no entendimento sobre a poténcia do Nancy, a realidade é que ele causou enorme devastacao em todo 0 Japio, deixando 191 pessoas mortas, segun- do dados ofici Estudos afirmam que 0s ventos tiveram origem na Republica das IIhas Marshall, no Oceano Pacifico, a 3.200 quilémetros do Havaf. O comego da tempestade teria sido sobre os atdis de Kwajalein ~ um dos maiores aglomerados de coral do mundo -, € 0s ventos comegaram a girar nas ilhas de Ryukyu, proximo de Okinawa, a provincia mais ao sul do territério japonés. ‘A expectativa inicial era de que o tuffio passasse nas cercanias do pais, mas que n3o invadisse 0 solo japonés. Porém, uma mu- danga de direcao no cume da tempestade fez que 0 Nancy se virasse em direc3o ao apo, passando por cima de Muroto-zaki e Honshu, perto de Osaka O Nancy cruzou 0 local deixando um rastro de destruigo e, depois de cinco dias, se transformou em tempestade tropical, atravessando o Mar de Okhotsk e morrendo no Extremo Oriente russo, na regio da peninsula de Kamchatka.

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