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História Antiga - Passei Direto18 A27
História Antiga - Passei Direto18 A27
UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e da Península Arábica, conforme exemplica o mapa abaixo:
Apesar dessas incertezas em relação aos antigos povos orientais que subsistiram
em tempo tão longínquo, podemos ainda obter informações e identicar aspec-
tos em comum entre eles. Dentre essas semelhanças, é possível identicar forças
produtivas muito parecidas e diálogo entre as cidades baseadas nessas ações.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“A agricultura intensiva era a base da vida econômica e da urbanização”
(CARDOSO, 2005, p. 38) dos povos orientais antigos. O cultivo de terras na
Mesopotâmia passou a ser dependente das cheias dos rios, pois, de acordo com
Rocha (2010), estes eram caudalosos. Isso signica que as águas eram enrique-
cidas com húmus, que era composto por substâncias orgânicas de animais e de
vegetais, fertilizando as terras que banhavam. Em consonância, João (2013) arma
que as civilizações da Mesopotâmia não existiriam sem os rios e suas regulari-
dades, visto que o restante do ambiente era árido e raramente chovia.
Os principais produtos a serem cul-
tivados eram os grãos, dentre os quais
podemos identicar cevada, trigo e ger-
gelim, produzidos em larga escala, e,
frequentemente, os excedentes eram usa-
dos como produtos de troca. Além desses,
legumes, raízes e pomares de frutas eram
existentes para completar a alimentação.
Diante do fato de o cultivo das terras
ser umas das principais atividades de caráter
econômico, as demais práticas desse cunho
eram complementares e poderiam depender
do calendário da agricultura. Nesse sentido,
uma das principais atividades complemen-
tares à agricultura foi a criação de animais.
Figura 2 – Cisterna de água da antiga cidade mesopotâmica de
Entre os gados criados podemos citar ovinos, Dara, localizada atualmente na Turquia
caprinos, suínos, bovinos e muares. Poucos desses animais eram destinados à alimen-
tação com suas carnes e leite, mas eram relevantes para o transporte, para o auxílio
nos instrumentos da produção agrícola e a pelagem servia para a confecção de tecidos.
Diferente da agricultura, que detinha território estabelecido para a produção,
a criação de animais era itinerante, pois não existia território bem demarcado
para a atividade, mas havia os pastores, que cuidavam e direcionavam os ani-
mais para lugares em que não interfeririam na produção agrícola.
Além dessa atividade, Cardoso (2005) destaca outras práticas econômicas
secundárias: a pesca, a caça e a coleta. Evidentemente, a pesca estava ligada às
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águas dos rios Tigre e Eufrates, esta atividade funcionava como uma maneira de
completar a alimentação tanto das camadas mais abastadas da sociedade quanto
das mais pobres. A caça e a coleta possuíam o mesmo objetivo da pesca, mas era
realizada em territórios mais afastados e a busca era por animais ou por alimen-
tos que as comunidades não haviam criado ou plantado.
Apesar da produção local e dos produtos que os antigos orientais conseguiam
com seus próprios trabalhos e esforços, nem todos os materiais ou alimentos de
que necessitavam conseguiam em sua região, ou seja, essas civilizações não eram
autossucientes. Diante de uma produção de grãos excedentes, as civilizações da
Mesopotâmia também desenvolveram o comércio. Em conformidade com Mcintosh
(2005), na Mesopotâmia havia a troca de grãos por aquilo que eles não possuíam em
seus territórios, como a madeira, o cobre, o estanho, as pedras duras, assim como
por artigos de luxo, como o ouro, a prata, lápis-lazúli e tecidos nos. Esses mate-
riais eram utilizados na confecção de instrumentos para trabalhos mais resistentes,
assim como objetos de decoração e pompa dos estamentos sociais mais abastados.
A atividade comercial não se restringia as trocas entre as cidades-estados da
Mesopotâmia, mas também se dava com civilizações de outras regiões. Conforme
Kuhrt (2000), as civilizações do Oriente Próximo Antigo não eram isoladas, pois os
indícios arqueológicos nos indicam contato com os egípcios e com povos do Egeu.
Essas características sugerem que o comércio ocorria tanto por terra quanto pelo mar,
em curtas ou em longas distâncias. É importante demarcar que, apesar do comércio
bem desenvolvido e inclusive com povos de regiões distantes, o uso da moeda não
era frequente: a cevada e os demais grãos eram usados como unidades de valor de
trocas internas; e os lingotes de metal eram usados para as trocas externas.
UNIDADE I
De acordo com João (2013), além dessas atividades expostas até o momento,
há indícios de que existia a produção artesanal bem desenvolvida. Os estudos
arqueológicos encontraram esculturas, ourivesaria, vestígios de carpintaria,
alfaiataria entre outras. O artesanato era atividade subordinada ao plantio, visto
que era empregada nos momentos em que o cultivo das terras não era possível
(os trabalhadores das terras eram direcionados a essas atividades nos momen-
tos das cheias), e estava ligada ao pagamento de dívidas dos homens que haviam
sofrido com a fome e deviam para os templos.
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As civilizações do Antigo Oriente Próximo estão separadas de nós por milha-
res de anos e, ainda assim, os estudos atuais comprovam a existência de prá-
ticas econômicas desenvolvidas e diversicadas. Você já parou para reetir
como essas atividades se organizavam? Será que estes homens e mulheres
conseguiam imaginar as práticas econômicas de forma autônoma?
Isso signica que além do comando religioso, esses complexos religiosos funciona-
vam como organismo regulador da vida desses homens nos aspectos econômicos,
sociais e políticos. Isso prova que as atividades não eram autônomas e que a
mentalidade humana nesse período era muito diferente da nossa forma de pen-
samento. Dialogando com a colocação de Cardoso (2005), Janson e Janson (2009)
armam que os templos não devem ser imaginados como simples construções
afastadas das cidades, mas sim como o centro das cidades, pois as casas, os arma-
zéns e as ocinas artesanais se desenvolviam ao redor deles.
Os templos eram detentores de terras, de riquezas e demandava trabalho, e,
de alguma forma, todos os habitantes de determinada comunidade respondiam
às autoridades desses lugares. Esses espaços possuíam, a princípio, uma assem-
bleia de anciãos, que funcionava como corpo jurídico e administrativo, e, no
decorrer das transformações das sociedades, os poderes se transferiram para as
mãos dos reis, de seus familiares e dos funcionários.
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cavam sob os cuidados dos sacerdotes. O papel desses locais foi decisivo
na organização das civilizações orientais antigas.
Fonte: adaptado de Mcintosh (2005).
Cardoso (2005) arma que não devemos imaginar que somente os templos eram
os grandes proprietários e administradores das cidades-estados, pois havia outros
domínios e poderes concomitantes. No caso das terras, podemos armar que,
inicialmente, as propriedades eram comuns, isto é, pertenciam à comunidade.
No entanto, por volta do II milênio a.C. já existia uma divisão de propriedade:
I. Propriedades reais: que poderiam ser divididas entre trabalhadores que
deviam as corveias, lotes arrendados ou concedidos aos militares.
O Código de Hamurábi
Todas as relações sociais das civilizações do Antigo Oriente Próximo eram
complexas; além disso, não havia unicação política e de costumes. Isso sig-
nica que cada cidade-estado era independente uma da outra nas organi-
zações política, hierárquica, econômica e legislativa.
No campo legislativo, um dos códigos mais antigos da humanidade é o Có-
digo de Hamurábi. A reunião de leis é homônima ao rei que governou entre
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1792 a.C. e 1750 a.C. Esse código não foi tão inovador quanto a historiograa
tradicional costumava defender; atualmente sabemos que reuniu e transcre-
veu as práticas e as leis já existentes na sociedade. Entretanto, o fato de não
ser inovador não retira sua importância documental, pois revela elementos
signicativos da civilização, visto que as normas abrangem todos os aspectos
da vida em sociedade, como, por exemplo, as leis que regem o comércio de
escravos, as punições para roubo, os acordos de casamentos entre outros.
Fonte: adaptado de Pinsky (1994).
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antigas havia hierarquia bem denida e respeitada quase sem questionamentos.