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 UNIDADE I

Como qualquer estudo de outra sociedade antiga, não temos documentos


que nos permitam dar uma data exata da origem das sociedades. Os indícios nos
levam a crer que os homens deixaram os aspectos tribais e começaram a estabe-
lecer-se em comunidades com organizações mais complexas por volta de 4000
a.C., isto é, sua história é tão longínqua, que coincide com a Idade do Bronze.
Também não é possível identicar com precisão os territórios que foram ocupa-
dos por essas cidades-estados. Kuhrt (2000) arma que os sítios arqueológicos
indicam que elas ocuparam as atuais regiões de Israel, do Líbano, da Jordânia, de
parte da Síria, do Iraque, da Turquia e do Irã, bem como parte do Golfo Pérsico

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e da Península Arábica, conforme exemplica o mapa abaixo:

Figura 1 – Mapa do Antigo Oriente Médio


Fonte: Wikipédia (2013, on-line)¹.

O ORIENTE PRÓXIMO ANTIGO: OS POVOS DO CRESCENTE FÉRTIL


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

Apesar dessas incertezas em relação aos antigos povos orientais que subsistiram
em tempo tão longínquo, podemos ainda obter informações e identicar aspec-
tos em comum entre eles. Dentre essas semelhanças, é possível identicar forças
produtivas muito parecidas e diálogo entre as cidades baseadas nessas ações.

AS PRÁTICAS ECONÔMICAS E ADMINISTRATIVAS DO ANTIGO


ORIENTE PRÓXIMO
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Quando nos referimos a qualquer sociedade da antiguidade – sejam orientais ou oci-


dentais – e suas forças produtivas, a expressão mais adequada para essas ações é “práticas
econômicas”, pois essas sociedades não eram organizadas com a nalidade de possuírem
economia, como foi imaginado no período da modernidade, isto é, como atividades
autônomas e independentes dos demais aspectos da comunidade. Isso signica que
as práticas econômicas antigas não estavam dissociadas da política, das crenças, da
ideologia ou da organização social, mas todos estes aspectos da vida se interligavam.
Não é possível compreender as práticas econômicas da Mesopotâmia sem
conhecer como era seu meio ambiente, que é, até hoje, muito especíco. Este
território pode ser dividido didaticamente em duas regiões: Alta Mesopotâmia
– montanhosa – e Baixa Mesopotâmia – com planícies. Como você já deve ter
observado no mapa, a palavra Mesopotâmia – “[terra] entre rios” – signica que
os solos cultiváveis eram localizados entre os rios Tigre e Eufrates. Kuhrt (2000)
arma que, inicialmente, as comunidades não haviam criado mecanismos para
controlar o avanço e o recuo das águas uviais, dessa forma, a princípio, elas se
sustentavam com o que os pântanos ofereciam – a caça e a coleta. As cheias dos
rios não eram tão regulares, o solo tinha a propensão de car muito úmido com
a vinda das águas dos rios e, em seguida, ressecar facilmente.
Somado a esses fatores, João (2013) arma que as correntezas dos rios não eram
calmas, pelo contrário, eram fortes e poderiam destruir os territórios produtivos, bem
como prejudicar o que havia sido plantado. É importante demarcar que os rios não
eram iguais, o rio Tigre era mais violento e a utilização de suas águas demandava mais
esforços; o Eufrates, apesar de fortes correntezas, era mais fácil de ser utilizado e o
avanço de suas águas sobre o solo era maior, isto é, a área fertilizada era mais extensa.

Estabelecimento dos Primeiros Povos do Oriente Próximo


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No entanto, esses mesmos rios, que dicultavam o cultivo da terra ini-


cialmente, tornaram-se primordiais para que a produtividade agrícola se
desenvolvesse. De acordo com Cardoso (2005), os homens passaram a observar
que essas cheias possuíam regularidades e construíram diques, canais, méto-
dos de irrigação e regos, a m de dominarem com mais propriedade o que essas
águas poderiam oferecer. Dentre as dominações impostas pelo homem ao meio
ambiente, foi observado que o avanço das águas se dava entre março e maio, e a
baixa entre junho e setembro. Esse movimento dos rios estava ligado ao degelo
dos picos das montanhas da Alta Mesopotâmia.

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“A agricultura intensiva era a base da vida econômica e da urbanização”
(CARDOSO, 2005, p. 38) dos povos orientais antigos. O cultivo de terras na
Mesopotâmia passou a ser dependente das cheias dos rios, pois, de acordo com
Rocha (2010), estes eram caudalosos. Isso signica que as águas eram enrique-
cidas com húmus, que era composto por substâncias orgânicas de animais e de
vegetais, fertilizando as terras que banhavam. Em consonância, João (2013) arma
que as civilizações da Mesopotâmia não existiriam sem os rios e suas regulari-
dades, visto que o restante do ambiente era árido e raramente chovia.
Os principais produtos a serem cul-
tivados eram os grãos, dentre os quais
podemos identicar cevada, trigo e ger-
gelim, produzidos em larga escala, e,
frequentemente, os excedentes eram usa-
dos como produtos de troca. Além desses,
legumes, raízes e pomares de frutas eram
existentes para completar a alimentação.
Diante do fato de o cultivo das terras
ser umas das principais atividades de caráter
econômico, as demais práticas desse cunho
eram complementares e poderiam depender
do calendário da agricultura. Nesse sentido,
uma das principais atividades complemen-
tares à agricultura foi a criação de animais.
Figura 2 – Cisterna de água da antiga cidade mesopotâmica de
Entre os gados criados podemos citar ovinos, Dara, localizada atualmente na Turquia

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caprinos, suínos, bovinos e muares. Poucos desses animais eram destinados à alimen-
tação com suas carnes e leite, mas eram relevantes para o transporte, para o auxílio
nos instrumentos da produção agrícola e a pelagem servia para a confecção de tecidos.
Diferente da agricultura, que detinha território estabelecido para a produção,
a criação de animais era itinerante, pois não existia território bem demarcado
para a atividade, mas havia os pastores, que cuidavam e direcionavam os ani-
mais para lugares em que não interfeririam na produção agrícola.
Além dessa atividade, Cardoso (2005) destaca outras práticas econômicas
secundárias: a pesca, a caça e a coleta. Evidentemente, a pesca estava ligada às
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águas dos rios Tigre e Eufrates, esta atividade funcionava como uma maneira de
completar a alimentação tanto das camadas mais abastadas da sociedade quanto
das mais pobres. A caça e a coleta possuíam o mesmo objetivo da pesca, mas era
realizada em territórios mais afastados e a busca era por animais ou por alimen-
tos que as comunidades não haviam criado ou plantado.
Apesar da produção local e dos produtos que os antigos orientais conseguiam
com seus próprios trabalhos e esforços, nem todos os materiais ou alimentos de
que necessitavam conseguiam em sua região, ou seja, essas civilizações não eram
autossucientes. Diante de uma produção de grãos excedentes, as civilizações da
Mesopotâmia também desenvolveram o comércio. Em conformidade com Mcintosh
(2005), na Mesopotâmia havia a troca de grãos por aquilo que eles não possuíam em
seus territórios, como a madeira, o cobre, o estanho, as pedras duras, assim como
por artigos de luxo, como o ouro, a prata, lápis-lazúli e tecidos nos. Esses mate-
riais eram utilizados na confecção de instrumentos para trabalhos mais resistentes,
assim como objetos de decoração e pompa dos estamentos sociais mais abastados.
A atividade comercial não se restringia as trocas entre as cidades-estados da
Mesopotâmia, mas também se dava com civilizações de outras regiões. Conforme
Kuhrt (2000), as civilizações do Oriente Próximo Antigo não eram isoladas, pois os
indícios arqueológicos nos indicam contato com os egípcios e com povos do Egeu.
Essas características sugerem que o comércio ocorria tanto por terra quanto pelo mar,
em curtas ou em longas distâncias. É importante demarcar que, apesar do comércio
bem desenvolvido e inclusive com povos de regiões distantes, o uso da moeda não
era frequente: a cevada e os demais grãos eram usados como unidades de valor de
trocas internas; e os lingotes de metal eram usados para as trocas externas.

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De acordo com João (2013), além dessas atividades expostas até o momento,
há indícios de que existia a produção artesanal bem desenvolvida. Os estudos
arqueológicos encontraram esculturas, ourivesaria, vestígios de carpintaria,
alfaiataria entre outras. O artesanato era atividade subordinada ao plantio, visto
que era empregada nos momentos em que o cultivo das terras não era possível
(os trabalhadores das terras eram direcionados a essas atividades nos momen-
tos das cheias), e estava ligada ao pagamento de dívidas dos homens que haviam
sofrido com a fome e deviam para os templos.

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As civilizações do Antigo Oriente Próximo estão separadas de nós por milha-
res de anos e, ainda assim, os estudos atuais comprovam a existência de prá-
ticas econômicas desenvolvidas e diversicadas. Você já parou para reetir
como essas atividades se organizavam? Será que estes homens e mulheres
conseguiam imaginar as práticas econômicas de forma autônoma?

Caro(a) aluno(a), você identicou diversas naturezas das práticas econômicas


no Antigo Oriente Próximo, mas a organização e a administração dessas ativi-
dades suscitou e suscita até hoje questionamentos e dúvidas de como ocorriam.
O que sabemos com mais clareza é que havia forte centralização da organiza-
ção, conforme exposto a seguir:
A instauração de uma máquina administrativa centralizada se vê reetida
na tipicação cada vez maior ao longo de todo período, da escrita, os sis-
temas de peso, calendário, os registros e arquivos. O governo das regiões
conquistadas estava nas mãos dos reis e dos governadores nomeados pelos
reis, mas alguns lugares contavam com um chefe militar local. Ainda em
algumas ocasiões quem recebia a nomeação de governador ou quem era
conrmado no cargo de príncipe local, só governaria com a permissão dos
reis [...] (KUHRT, 2000, p. 72 – adaptado e traduzido pela autora).

O excerto deixa claro que havia um sistema de práticas administrativas centrali-


zado, que poderia ser liderado pelos reis, pelos chefes locais ou por funcionários
reais. Essa centralização administrativa controlava as trocas, a organização

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dos pesos, registrava a produção agrí-


cola e artesanal, bem como controlava
o calendário. As descobertas sobre o
funcionamento da administração se
deram por volta da segunda metade
do século XX e essas características
administrativas são os principais vestí-
gios da existência de um tipo de Estado
local, o que signica que as cidades
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funcionavam como pequenos Estados


autônomos.
O centro organizador dessas cidades
eram os templos e eles desempenhavam
Figura 3 – Réplica do Portão do Templo da deusa Ishtar,
papel fundamental na sociedade: ruínas babilônicas na atual região do Iraque

Os templos devem ser imaginados como enormes complexos, com ter-


ras, reservas de pesca, rebanhos, ocinas artesanais e uma participação
direta e talvez predominante no comércio de longo curso e nos emprés-
timos usurários de prata e cereal (CARDOSO, 2005, p. 46).

Isso signica que além do comando religioso, esses complexos religiosos funciona-
vam como organismo regulador da vida desses homens nos aspectos econômicos,
sociais e políticos. Isso prova que as atividades não eram autônomas e que a
mentalidade humana nesse período era muito diferente da nossa forma de pen-
samento. Dialogando com a colocação de Cardoso (2005), Janson e Janson (2009)
armam que os templos não devem ser imaginados como simples construções
afastadas das cidades, mas sim como o centro das cidades, pois as casas, os arma-
zéns e as ocinas artesanais se desenvolviam ao redor deles.
Os templos eram detentores de terras, de riquezas e demandava trabalho, e,
de alguma forma, todos os habitantes de determinada comunidade respondiam
às autoridades desses lugares. Esses espaços possuíam, a princípio, uma assem-
bleia de anciãos, que funcionava como corpo jurídico e administrativo, e, no
decorrer das transformações das sociedades, os poderes se transferiram para as
mãos dos reis, de seus familiares e dos funcionários.

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Antes mesmo da aparição da escrita, por volta de 3000 a.C., as escavações


demonstram a existência de rituais religiosos na região do Antigo Oriente
Próximo. Essas cerimônias estavam abrigadas por construções mais simples,
que possuíam esculturas e oferendas.
Os indícios demonstram que, desde o princípio, os templos não foram cons-
truções isoladas. O templo da deusa Ishtar, por exemplo, possuía três edi-
fícios produzidos em tijolos cozidos, com espaços públicos e privados, que

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cavam sob os cuidados dos sacerdotes. O papel desses locais foi decisivo
na organização das civilizações orientais antigas.
Fonte: adaptado de Mcintosh (2005).

Cardoso (2005) arma que não devemos imaginar que somente os templos eram
os grandes proprietários e administradores das cidades-estados, pois havia outros
domínios e poderes concomitantes. No caso das terras, podemos armar que,
inicialmente, as propriedades eram comuns, isto é, pertenciam à comunidade.
No entanto, por volta do II milênio a.C. já existia uma divisão de propriedade:
I. Propriedades reais: que poderiam ser divididas entre trabalhadores que
deviam as corveias, lotes arrendados ou concedidos aos militares.

II. Propriedades dos templos: que poderiam ter empregos semelhantes às


propriedades reais, mas eram menos expressivas.

III. Propriedades privadas: geralmente lotes pequenos, porém numerosos.


Apesar dessa divisão, as fontes sobreviventes nos indicam que as terras reais e
dos templos eram as mais expressivas em tamanho e em produção. Esta carac-
terística demonstra a centralização e o poder administrativo dos templos, ao
mesmo tempo em que permite conhecer que o sistema administrativo também
se encontrava nas mãos da família real e dos homens enriquecidos.

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O Código de Hamurábi
Todas as relações sociais das civilizações do Antigo Oriente Próximo eram
complexas; além disso, não havia unicação política e de costumes. Isso sig-
nica que cada cidade-estado era independente uma da outra nas organi-
zações política, hierárquica, econômica e legislativa.
No campo legislativo, um dos códigos mais antigos da humanidade é o Có-
digo de Hamurábi. A reunião de leis é homônima ao rei que governou entre
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1792 a.C. e 1750 a.C. Esse código não foi tão inovador quanto a historiograa
tradicional costumava defender; atualmente sabemos que reuniu e transcre-
veu as práticas e as leis já existentes na sociedade. Entretanto, o fato de não
ser inovador não retira sua importância documental, pois revela elementos
signicativos da civilização, visto que as normas abrangem todos os aspectos
da vida em sociedade, como, por exemplo, as leis que regem o comércio de
escravos, as punições para roubo, os acordos de casamentos entre outros.
Fonte: adaptado de Pinsky (1994).

Podemos perceber que as civilizações do Antigo


Oriente Próximo tinham práticas econômicas
bem desenvolvidas, isto é, a atividade principal
era a agricultura, mas também havia a pecu-
ária, o comércio, a pesca, a caça, a coleta e o
artesanato, que complementavam a vida dessas
sociedades e as interligavam. Também é percep-
tível uma administração centralizada, na gura
real e nos templos, que se constituía de forma
ecaz para a época.

Figura 4 – Estela com o Código de Hamurábi

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A ORGANIZAÇÃO DAS SOCIEDADES

Caro(a) futuro(a) professor(a) de História, atualmente, vivemos em um con-


texto no qual as pessoas são vistas como iguais, não havendo aspectos físicos ou
providenciais que tornem um humano superior ao outro. No entanto, quando
voltamos nosso olhar para milhares de anos atrás, não era exatamente dessa
forma que os homens se enxergavam. As ideias, as crenças, a cultura, as insti-
tuições, a política, as leis, entre outros eram completamente diferentes do modo
como acontecem em nossos dias. Na questão social, em muitas das civilizações

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antigas havia hierarquia bem denida e respeitada quase sem questionamentos.

Quando lidamos com as populações do Oriente Próximo Antigo estamos nos


referindo a civilizações que existiram há milhares de anos a.C. Será que a visão
de mundo dessas sociedades permitia a percepção dos seus membros como
iguais uns aos outros?

No caso das civilizações do Antigo Oriente Próximo, havia divisões hierárqui-


cas sociais bem denidas e não questionadas. No entanto, vale lembrar que nem
todas as cidades-estados possuíam a mesma estrutura ou divisão entre as camadas
de forma tão denitiva. É importante salientar que trabalhamos com os pontos
em comum entre as sociedades e não com as divergências.
Em todas as antigas cidades mesopotâmicas, os habitantes livres pertenciam
à cidade e deveriam responder aos deuses locais. Nesse sentido, cada indivíduo
desempenhava papel bem denido e participava dos cultos e das homenagens
às divindades. Todos deveriam aceitar e executar a sua função, fazer oferendas
e homenagens aos deuses, a m de assegurar o bom funcionamento da cidade.
De acordo com Kramer (1990), a média de habitantes das cidades-estados
orientais antigas era de 15 a 30 mil habitantes, haja vista que os grandes centros
possuíam número maior. O menor volume de pessoas desses centros ocupava
as camadas mais abastadas e a maioria da população era formada por homens e

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mulheres pobres. Entretanto, apesar de os estamentos menos providos de riqueza


serem mais numerosos, os documentos sobreviventes do período estão quase
silenciados para eles, visto que nossas maiores informações são sobre os reis, a
sua família e os funcionários que ocupavam importantes funções. As fontes a
respeito de camponeses, de escravos ou de artesãos são indiretas, isto é, eles são
mencionados na descrição do feito de um rei ou em materiais arqueológicos.
Posto isso, podemos armar que a estrutura social do Antigo Oriente Próximo
levou séculos para constituir-se da forma como a conhecemos, pois os fatos histó-
ricos não acontecem sem precedentes, isso quer dizer que a humanidade vive em
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processo de constantes transformações e mudanças, que não são necessariamente


um progresso ou um regresso, mas respeitam as possibilidades de tempo e de espaço.
Nas sociedades orientais antigas, é possível perceber alguns estamentos sociais bem
denidos: rei, família real e funcionários, militares, camponeses e escravos.
A gura real esteve presente desde
os primórdios das civilizações orien-
tais, a princípio como um chefe de tribo,
mas, conforme a complexidade social
aumentava, as funções reais cavam mais
claras. Segundo Kuhrt (2000), as primei-
ras comunidades do Oriente Próximo
Antigo possuíam a gura de um Rei-
Sacerdote, a autora defende a hipótese de
que o surgimento desse poder se baseou
no desenvolvimento das relações huma-
nas, da produção e do comércio, isto é,
conforme a complexidade se intensi-
cava, a necessidade pela presença de um
líder para controlar e organizar a civili-
zação crescia. Sendo assim, Figura 5 – Rei Sargão II e Senaqueribe, reis da Assíria
Uma chave para começar a entender a estrutura político-social, seria ver no
monarca o protetor da comunidade que atuava em nome da divindade tutelar
da cidade, da construção e mantimento dos templos, funções que ocupavam
sua parcela no poder real.

A Organização das Sociedades

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